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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR
FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
ROSA APARECIDA NOGUEIRA MOREIRA
DIAGNSTICOS DE ENFERMAGEM DA CLASSE RESPOSTAS
CARDIOVASCULARES/PULMONARES EM CLIENTES SUBMETIDOS
CIRURGIA BARITRICA
FORTALEZA
2012
http://www.ufc.br/
ROSA APARECIDA NOGUEIRA MOREIRA
DIAGNSTICOS DE ENFERMAGEM DA CLASSE RESPOSTAS
CARDIOVASCULARES/PULMONARES EM CLIENTES SUBMETIDOS
CIRURGIA BARITRICA
Dissertao submetida Coordenao do Curso de
Ps-Graduao em Enfermagem, da Universidade
Federal do Cear, como requisito parcial para
obteno do grau de Mestre em Enfermagem.
rea de concentrao: Enfermagem na Promoo da
Sade.
Linha de Pesquisa: Enfermagem no processo de
cuidar na promoo da sade.
Orientadora: Dra. Joselany Afio Caetano
FORTALEZA
2012
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao
Universidade Federal do Cear
Biblioteca de Cincias da Sade
M839d Moreira, Rosa Aparecida Nogueira.
Diagnsticos de enfermagem da classe respostas cardiovasculares/pulmonares em clientes
submetidos cirurgia baritrica/ Rosa Aparecida Nogueira Moreira. 2012.
132 f.
Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal do Cear, Faculdade de Farmcia, Odontologia
e Enfermagem, Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, Fortaleza, 2012.
rea de concentrao: Enfermagem na Promoo da Sade.
Orientao: Profa. Dra. Joselany Afio Caetano
1. Diagnstico de Enfermagem 2. Cirurgia Baritrica 3. Obesidade I.Ttulo.
CDD:610.73
ROSA APARECIDA NOGUEIRA MOREIRA
DIAGNSTICOS DE ENFERMAGEM DA CLASSE RESPOSTAS
CARDIOVASCULARES/PULMONARES EM CLIENTES SUBMETIDOS
CIRURGIA BARITRICA
Dissertao submetida Coordenao do Curso de
Ps-Graduao em Enfermagem, da Universidade
Federal do Cear, como requisito parcial para
obteno do grau de Mestre em Enfermagem.
Aprovada em:____/____/_____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Prof. Dr. Joselany Afio Caetano (Presidente)
Universidade Federal do Cear - UFC
_____________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Csar de Almeida (1 Examinador)
Universidade Estadual do Cear - UECE
_____________________________________________________
Prof. Dra. Francisca Elizngela Teixeira (2
a Examinadora)
Universidade Federal do Cear - UFC
______________________________________________________
Prof. Dr. Lcia de Ftima da Silva (3a Examinadora)
Universidade Estadual do Cear - UECE
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela oportunidade de buscar os meus sonhos. Obrigada pela minha vida!
Ao meu pai, Pedro Kleber, que estar sempre em meu corao e ser sempre meu referencial
de vida. Obrigada pela determinao!
minha me, Celma, pelo eterno carinho e companheirismo. Obrigada pelo apoio!
Ao Vitor, meu amor e minha vida. Cresceu comigo nesta jornada de dois anos.
Ao Pricles, meu Companheiro, meu Amigo. Est comigo em todos os momentos. Obrigada
por estar ao meu lado!
minha famlia, sempre presente. Meus laos eternos.
Profa. Dra. Joselany, pelo conhecimento, obrigada pelo meu crescimento e pela
oportunidade!
Lvia, obrigada pelo grande apoio!
Aos pacientes que participaram do estudo.
Aos profissionais que contriburam com a pesquisa. Obrigada pela ateno!
banca, pela troca de conhecimentos. Obrigada!
RESUMO
Na complexidade do tratamento da obesidade, inclui-se a cirurgia baritrica. Ento, conhecer
os fatores relacionados e caractersticas definidoras dos diagnsticos da classe
cardiopulmonar associados no perodo ps-operatrio imediato de cirurgia baritrica torna-se
essencial para o desenvolvimento da assistncia de enfermagem, j que, a partir dos
diagnsticos de enfermagem mais prevalentes, intervenes sero institudas. Assim, o estudo
teve por objetivo avaliar o perfil de diagnstico de enfermagem da classe respostas
cardiovasculares/pulmonares de acordo com a taxonomia II da NANDA dos pacientes no ps-
operatrio de cirurgia baritrica. Um estudo transversal foi desenvolvido com 59 pacientes
internados em um hospital de referncia de cirurgia baritrica no Municpio de Fortaleza/CE,
cuja coleta de dados ocorreu no perodo de junho de 2010 a junho de 2011. As informaes
foram coletadas por meio de entrevista e exame fsico; posteriormente trs juzes realizaram a
inferncia dos diagnsticos de enfermagem na classe respostas cardiovasculares/pulmonares
segundo a Taxonomia da NANDA verso 2009-2011. Os dados foram compilados em
planilha Excel e a anlise estatstica realizou-se no STATA verso 8.0. O nvel de
significncia adotado no estudo foi 5%. Observou-se o predomnio do sexo feminino, com
mdia de idade 35,3 anos. A maior parte dos pacientes apresentou diagnstico de obesidade
mrbida com IMC > 40 Kg/m2. Os diagnsticos reais de maior concordncia entre os juzes
foram Perfuso Tissular Perifrica Ineficaz (78%), Dbito Cardaco Diminudo (76,3%),
Intolerncia Atividade e Padro Respiratrio Ineficaz (47,5%). Pulsos perifricos
diminudos, edema, fadiga ps-carga alterada e pr-carga alterada foram proporcionalmente
associados ao diagnstico Dbito Cardaco Diminudo. Alteraes na profundidade
respiratria, dispneia, ortopneia, uso da musculatura acessria para respirar, ansiedade, dor,
fadiga, fadiga da musculatura respiratria foram proporcionalmente associados a Padro
Respiratrio Ineficaz. Desconforto aos esforos, relato verbal de fadiga, relato verbal de
fraqueza, resposta anormal da presso sangunea atividade, estilo de vida sedentrio,
imobilidade e repouso no leito foram proporcionalmente associados a Intolerncia
Atividade. Edema, parestesia, pulsos diminudos, hipertenso e tabagismo foram
proporcionalmente associados Perfuso Tissular Perifrica Ineficaz. Este estudo contribuir
para a construo da Sistematizao da Assistncia de Enfermagem frente aos diagnsticos de
enfermagem da classe respostas cardiovasculares/pulmonares, como descrito nos resultados
apresentados, e na fundamentao cientfica para cada diagnstico. Alm da importante
contribuio para identificar as reais necessidades e facilitar a utilizao de intervenes
adequadas nessa populao, est a capacidade de o profissional usufruir dessas informaes,
vista a escassez de pesquisas realizadas com diagnsticos de enfermagem em pacientes
submetidos cirurgia baritrica.
Palavras-chave: Diagnstico de enfermagem. Cirurgia baritrica. Enfermagem. Ps-
operatrio. Obesidade.
ABSTRACT
The bariatric surgery is included in the complexity of the treatment of obesity. Then, knowing
the related factors and defining characteristics of cardiopulmonary diagnostic associated with
the immediate postoperative period of bariatric surgery becomes essential for the development
of nursing care, since, from the most prevalent nursing diagnoses, interventions will be
instituted. Thus, the study aimed to evaluate the profile of nursing diagnosis of the class
cardiovascular/pulmonary answers according to NANDA Taxonomy II of the patients after
bariatric surgery. A cross-sectional study was conducted with 59 patients hospitalized in a
referral hospital for bariatric surgery in the city of Fortaleza, state of Cear, which data
collection occurred from June 2010 to June 2011. Information was collected through
interviews and physical examinations; then three judges made the inference of nursing
diagnoses in the class cardiovascular/pulmonary answers according to the NANDA-I
Taxonomy 2009-2011. The data were compiled in an Excel spreadsheet and the statistical
analysis was carried out in the STATA version 8.0. The significance level in this study was
5%. There was a predominance of females, mean age of 35.3 years. Most patients had a
diagnosis of morbid obesity with BMI>40kg/m2. The actual diagnoses of greater agreement
among the judges were Ineffective Peripheral Tissue Perfusion (78%), Decreased Cardiac
Output (76.3%), and Activity Intolerance and Ineffective Breathing Pattern (47.5%).
Decreased peripheral pulses, edema, altered preload and afterload fatigue were proportionally
associated with the diagnosis Decreased Cardiac Output. Changes in respiratory depth,
dyspnoea, orthopnoea, use of accessory muscles for breathing, anxiety, pain, fatigue,
respiratory muscle fatigue were proportionally associated with Ineffective Breathing Patterns.
Discomfort in efforts, verbal report of fatigue, verbal report of weakness, abnormal blood
pressure response to activity, sedentary lifestyle, immobility and bed rest were proportionally
associated with Activity Intolerance. Edema, paresthesia, decreased pulses, hypertension and
smoking were proportionally associated with Ineffective Peripheral Tissue Perfusion. This
study will contribute to the construction of the Systematization of Nursing Care regarding
nursing diagnoses of the class cardiovascular/pulmonary answers, as described in the results
presented, and in the scientific basis for each diagnosis. Besides the important contribution to
identifying the real needs and facilitating the use of appropriate interventions in this
population, it is the ability of the professionals in taking advantage of this information, in
view of the scarcity of researches related to nursing diagnoses in patients undergoing bariatric
surgery.
Keywords: Nursing diagnosis. Bariatric surgery. Nursing. Postoperative. Obesity.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caractersticas clnico-epidemiolgicas dos pacientes submetidos cirurgia
baritrica no Hospital Geral Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, perodo de junho
de 2010 a junho de 2011 ...................................................................................................... 47
Tabela 2 - Distribuio dos diagnsticos de enfermagem da classe respostas
cardiovasculares/pulmonares identificados em pacientes submetidos cirurgia
baritrica no Hospital Geral Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de
junho de 2010 a junho de 2011 ............................................................................................ 48
Tabela 3 - Distribuio percentual dos diagnsticos identificados pelos avaliadores,
percentual de concordncia e o coeficiente Kappa obtidos entre os avaliadores 1 e 2, dos
pacientes submetidos cirurgia baritrica no Hospital Geral Doutor Csar Cals.
Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a junho de 2011 ........................................... 49
Tabela 4 - Distribuio percentual dos diagnsticos identificados pelos avaliadores,
percentual de concordncia e o coeficiente Kappa obtidos entre os avaliadores 1 e 3, dos
pacientes submetidos cirurgia baritrica no Hospital Geral Doutor Csar Cals.
Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a junho de 2011 ........................................... 51
Tabela 5 - Associao entre o Dbito Cardaco Diminudo e as caractersticas
definidoras e os fatores relacionados dos pacientes submetidos cirurgia baritrica no
Hospital Geral Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a
junho de 2011 ........................................................................................................................ 53
Tabela 6 - Associao entre o Padro Respiratrio Ineficaz e as caractersticas
definidoras e os fatores relacionados dos pacientes submetidos cirurgia baritrica no
Hospital Geral Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a
junho de 2011 ........................................................................................................................ 55
Tabela 7 - Associao entre a Intolerncia Atividade e as caractersticas definidoras e
os fatores relacionados dos pacientes submetidos cirurgia baritrica no Hospital Geral
Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a junho de 2011
................................................................................................................................................. 56
Tabela 8 - Associao entre o Risco de Perfuso Tissular Cardaca Diminuda e os
fatores de risco dos pacientes submetidos cirurgia baritrica no Hospital Geral
Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a junho de 2011
.................................................................................................................................................57
Tabela 9 - Associao entre o Risco de Perfuso Tissular Cerebral Ineficaz e os fatores
de risco dos pacientes submetidos cirurgia baritrica no Hospital Geral Doutor Csar
Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a junho de 2011
................................................................................................................................................ 58
Tabela 10 - Associao entre o Risco de Perfuso Renal Ineficaz e os fatores de risco dos
pacientes submetidos cirurgia baritrica no Hospital Geral Doutor Csar Cals (n=59).
Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a junho de 2011 ........................................... 59
Tabela 11 - Associao entre a Perfuso Tissular Perifrica Ineficaz e as caractersticas
definidoras e os fatores relacionados dos pacientes submetidos cirurgia baritrica no
Hospital Geral Doutor Csar Cals (n=59). Fortaleza/CE, no perodo de junho de 2010 a
junho de 2011 ........................................................................................................................ 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAA - Cirurgia Abdominal Alta
CC - Centro Cirrgico
CEP - Comit de tica em Pesquisa do Hospital Geral Cesar Cals
CO2 - Gs Carbnico
CPP - Complicaes Pulmonares Ps-Operatrias
DC - Dbito Cardaco
DE - Diagnstico de Enfermagem
DM - Diabetes Mellitus
DVC - Resposta Disfuncional ao Desmame Ventilatrio
HAS - Hipertenso Arterial Sistmica
HGCC Hospital Geral Dr. Cesar Cals
IAC - Intolerncia a Atividade
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IC Intervalo de Confiana
IMC - ndice de Massa Corprea
Lilacs - Literatura Latino-Americana de Cincias da Sade
MedLine - Index Medicus
MG - Minas Gerais
NANDA - Classificao da Associao Norte-Americana de Diagnsticos de Enfermagem
PUBMED - Bases de Dados National Library of Medicine
PVC - Presso Venosa Central
RP - Razo de Prevalncia
SAE - Sistematizao da Assistncia de Enfermagem
SUS - Sistema nico de Sade
UTI - Unidade de Terapia Intensiva
SUMRIO
APRESENTAO ................................................................................................................ 14
CAPTULO 1: INTRODUO .......................................................................................... 13
CAPTULO 2: OBJETIVOS ............................................................................................... 20
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 20
2.2 Objetivos Especficos ...................................................................................................... 20
CAPTULO 3: CONTEXTUALIZANDO A TEMTICA DO ESTUDO .................... 21
3.1 Definio dos Diagnsticos de Enfermagem da Classe Resposta Cardiovascular
/Pulmonar e das Caractersticas Definidoras e Fatores de Risco ..................................... 30
CAPTULO 4: MATERIAL E MTODOS ..................................................................... 37
4.1 Delineamento do Estudo ................................................................................................ 37
4.2 Local e Perodo do Estudo ............................................................................................. 37
4.3 Trajetria do Paciente Cirrgico ................................................................................. 38
4.4 Populao e Amostra ..................................................................................................... 39
4.5 Elaborao de Instrumentos e Procedimento Operacional Padro ......................... 40
4.6 Piloto ............................................................................................................................. 40
4.7 Coleta dos Dados .......................................................................................................... 41
4.8 Validao dos Diagnsticos de Enfermagem .............................................................. 42
4.9 Anlise dos Dados ........................................................................................................ 43
4.10 Aspectos ticos ............................................................................................................. 44
CAPTULO 5: RESULTADOS ......................................................................................... 46
5.1 Perfil Clnico-epidemiolgico dos Pacientes no Perodo Ps-operatrio
Imediato de Cirurgia Baritrica ......................................................................................... 46
5.2 Diagnsticos de Enfermagem Identificados da Classe Respostas
Cardiovasculares/Pulmonares em Pacientes no Perodo Ps-Operatrio
Imediato de Cirurgia Baritrica ......................................................................................... 48
5.3 Validao pelos Juzes dos Diagnsticos de Enfermagem Identificados
da Classe Respostas Cardiovasculares/Pulmonares em Pacientes no Perodo
Ps-Operatrio Imediato de Cirurgia Baritrica .............................................................. 49
5.4 Associao entre os Diagnsticos Validados e os Fatores Relacionados
e as Caractersticas Definidoras dos Diagnsticos de Enfermagem no
Ps-Operatrio de Cirurgia Baritrica .............................................................................. 52
CAPTULO 6: DISCUSSO DOS RESULTADOS .......................................................... 61
CAPTULO 7: CONCLUSES ......................................................................................... 74
REFERNCIAS ................................................................................................................... 76
APNDICE A - Formulrio para Coleta de Dados ......................................................... 98
APNDICE B - Instrumento de Coleta de Dados: Instrumento de Elaborao
dos Diagnsticos de Enfermagem ..................................................................................... 100
APNDICE C Procedimento Operacional Padro ...................................................... 104
APNDICE D - Instrumento de Registro dos Juzes ...................................................... 107
APNDICE E - Resumo e Informaes Gerais do Projeto e Instrues para
Avaliaodos Juzes .......................................................................................................... 116
APNDICE F - Diagnsticos de Enfermagem do Consenso dos Juzes ......................... 120
APNDICE G - Termo de Esclarecimento sobre a Pesquisa Diagnsticos de
Enfermagem da Classe Respostas Cardiovasculares/Pulmonares em
Clientes Submetidos Cirurgia Baritrica ...................................................................... 122
ANEXO A - Rotina da Unidade de Cirurgia Baritrica e Metablica Hospital
Geral Csar Cals Governo do Estado do Cear ............................................................ 123
ANEXO B Carta-Convite Juzes ................................................................................. 130
ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Juzes ............................ 131
ANEXO D Comit de tica em Pesquisa........................................................................133
11
APRESENTAO
Na complexidade do tratamento da obesidade inclui-se a cirurgia baritrica.
Conhecer os fatores relacionados e as caractersticas definidoras dos diagnsticos da classe
cardiopulmonar associados ao perodo ps-operatrio imediato de cirurgia baritrica torna-se
essencial para o desenvolvimento da assistncia de enfermagem, uma vez que o enfermeiro
deve estar atento a esse novo campo de atuao, buscando formao especfica para, assim,
concretizar uma atuao com base cientfica na equipe interdisciplinar, pois esse tipo de
assistncia tende a ser cada vez mais presente em nosso meio.
Os cuidados requeridos por indivduos submetidos cirurgia baritrica reportam
necessidade de atuao da enfermagem no perodo perioperatrio (pr, trans e ps-
operatrio), uma vez que o momento do ato cirrgico considerado um perodo crtico para o
paciente, devido ao porte da cirurgia e dos procedimentos a ela inerentes, e tambm ao quadro
clnico do paciente. Sendo obeso, ele normalmente apresenta comorbidades que podem levar
a complicaes ps-operatrias, especialmente associadas ao sistema cardiovascular e
pulmonar.
Enfermagem perioperatria uma expresso utilizada para descrever uma
variedade de funes do enfermeiro associadas experincia cirrgica do paciente, incluindo
os perodos pr-operatrio, intraoperatrio e ps-operatrio. O enfermeiro elabora o
levantamento de dados sobre o paciente; coleta, organiza e prioriza os dados do paciente;
estabelece o diagnstico de enfermagem; desenvolve e implementa um plano de cuidados de
enfermagem; e avalia esses cuidados em termos dos resultados alcanados pelo paciente. Em
outras palavras, o enfermeiro utiliza o processo de enfermagem como metodologia
assistencial para o planejamento e implementao dos cuidados no perodo perioperatrio.
(GALVO; SAWADA; ROSSI, 2012).
Diante das caractersticas especficas do paciente cirrgico, entende-se que a
Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE) perioperatria possibilita a melhoria da
qualidade da assistncia, pois um processo individualizado, planejado, avaliado e,
principalmente, contnuo. E, no desenvolvimento do processo, a etapa do diagnstico de
enfermagem tem se destacado. Estudos a esse respeito tm sido aprofundados, a fim de
identificar os diagnsticos de enfermagem precisos para cada situao especfica e
consequentemente traar um plano de interveno, e, assim. melhor atender as necessidades
dos pacientes, contribuindo para a construo do conhecimento e engrandecimento da
enfermagem.
12
O trabalho encontra-se dividido em sete captulos. No primeiro e segundo
captulos, busco apresentar a importncia do estudo junto ao paciente no ps-operatrio de
cirurgia baritrica, bem como justificar a sua relevncia. Apresento as questes que nortearam
o estudo e os seus objetivos.
No terceiro captulo, tendo em vista que o foco de ateno o paciente obeso
submetido cirurgia baritrica, apresento alguns conceitos e teo algumas consideraes
sobre a magnitude da obesidade no mundo, explicitando o diagnstico e o tratamento. J, no
captulo quatro, descrevo a metodologia utilizada.
O captulo cinco foi dedicado apresentao dos resultados e o captulo seguinte
s discusses. As concluses foram apresentadas no captulo sete, no qual fao algumas
reflexes acerca do estudo. A seguir, apresento as referncias.
13
CAPTULO 1: INTRODUO
Pacientes submetidos cirurgia baritrica necessitam de um preparo meticuloso
no pr, trans e ps-operatrio, pois seu grande corpo e suas comorbidades os fazem
candidatos de alto risco cirrgico, o que exige um atendimento de uma equipe
multidisciplinar, incluindo psiclogo, anestesista, enfermeiro, nutricionista e assistente social.
Assim, o enfermeiro no deve se descuidar do seu papel na assistncia e educao para a
promoo da sade.
Diante do crescimento desse tipo de cirurgia, o enfermeiro precisa estar
consciente da importncia da sua atuao e mostrar conhecimento e capacidade no manejo do
paciente baritrico. Essa atuao vai desde a consulta ambulatorial e cuidados
transoperatrios at a recuperao, com manuteno do peso adequado.
Mesmo sendo um tema atual e que afeta todo o mundo, inegvel a hegemonia
dos Estados Unidos no desenvolvimento de investigaes acerca do paciente baritrico. O
Brasil, por sua vez, realiza modestas pesquisas nessa rea. Entre os enfermeiros, essa escassez
ainda maior, evidenciando que a assistncia de enfermagem nessa modalidade teraputica
uma reproduo de recomendaes estrangeiras. (NEGRO, 2006).
Entretanto, a cincia da enfermagem j sinaliza preocupao com as questes que
circundam a cirurgia baritrica. Nos Estados Unidos, por exemplo, surgiu uma nova
modalidade de enfermagem: bariatric nurse, destacando-se tambm os grupos de pesquisa
inseridos em renomadas universidades, como The Bariatric Nursing Consortium e o National
Association of Bariatric Nurses, alm de peridicos como Bariatric Nursing and Surgical
Patient Care, todos direcionados ao estudo da cirurgia baritrica e suas repercusses clnicas,
sociais e psicolgicas sob a tica da pesquisa em enfermagem. (THOMAS; RICKABAUGH,
2008).
A National Association of Bariatric Nurses ressalta que importante que
enfermeiros, especialistas ou no, desenvolvam pesquisas com clientes baritricos e as
propaguem entre os enfermeiros de todo o mundo.
Um momento de grande atuao por parte dos enfermeiros o perodo
transoperatrio, que corresponde desde o momento em que o paciente recebido no Centro
Cirrgico (CC) at o momento de sua transferncia para a unidade de recuperao anestsica,
que considerado um perodo crtico. Especialmente no caso de pacientes submetidos
cirurgia baritrica, devido complexidade cirrgica e caracterstica do paciente (obeso
14
mrbido), o que pode levar a vrias complicaes no ps-operatrio, principalmente
cardiopulmonares.
No ps-operatrio de Cirurgia Abdominal Alta (CAA) de doentes no obesos
ocorrem alteraes da mecnica respiratria, padro respiratrio, trocas gasosas e mecanismos
de defesa pulmonar. (PAISANI; CHIAVEGATO; FARESIN, 2005). Parece razovel esperar
que estas possam ser mais intensas no doente obeso mrbido submetido cirurgia baritrica,
favorecendo uma incidncia maior de Complicaes Pulmonares Ps-Operatrias (CPP) e
problemas cardiovasculares.
A prevalncia de complicaes pulmonares ps-operatrias varia de 5% a 70%.
Essa ampla faixa de variao pode ser atribuda ausncia de consenso capaz de distinguir
uma alterao fisiopatolgica esperada daquilo que pode ser considerado complicao
pulmonar. A restrio pulmonar do ps-operatrio no paciente obeso persiste por at duas
semanas, o que aumenta o nmero de complicaes pulmonares, como reteno de CO2,
atelectasia e infiltrado broncopulmonar.
Alm dessas, merece destacar as complicaes que afetam o sistema
cardiovascular, tais como insuficincia cardaca, fibrilao atrial, disfuno ventricular,
endotelial, sistlica e diastlica. A obesidade est associada ao desenvolvimento de fatores de
risco cardiovascular, como resistncia insulina e diabetes melitus tipo 2, hipertenso e
dislipidemia. (DORNER; RIEDER, 2012).
Waitzeberg (2000) enfatiza a presena de diabetes e hipertenso numa frequncia
2,5 vezes maior em indivduos obesos, embora no possamos afirmar uma associao
absolutamente confirmada entre obesidade e doenas cardiovasculares. Pode-se considerar
que o indivduo obeso tem 1,5 vezes mais chance de apresentar alterao sangunea nos
marcadores de colesterol e triglicerdeos. As complicaes decorrentes das doenas
cardiovasculares so causas importantes de morbidade e mortalidade em pacientes cirrgicos,
correspondendo a uma incidncia de 1% a 5% globalmente. (FERNANDES et al., 2010;
SANCHZ et al., 2007).
Assim, complicaes cardiopulmonares nos pacientes em ps-operatrio de
cirurgia baritrica exigem, por parte da equipe de sade, uma avaliao eficiente e segura,
visando determinao de condutas baseadas nas melhores evidncias. Atrelado a esse fato,
h o consenso da necessidade do enfermeiro implementar o processo de enfermagem, que
um mtodo til para organizar a assistncia de enfermagem.
Uma ferramenta clssica para o enfermeiro o processo de enfermagem, que
capaz de individualizar o cuidado mais adequado para este grupo, pois a partir da anamnese e
15
exame fsico, e sua interpretao contempornea (diagnstico de Enfermagem), se podem
identificar com razovel confiabilidade pacientes com alteraes na presso arterial, arritmias
ou dificuldade de expanso pulmonar, complicaes capazes de ser detectadas precocemente
no ps-operatrio imediato.
O Processo de Enfermagem (PE) o mtodo que direciona as aes do enfermeiro
no cotidiano, tambm entendido como a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem
(SAE), que foi desenvolvida nos anos de 1950, no intento de padronizar aes e unificar a
linguagem profissional. um mtodo sistemtico e dinmico de prestar cuidados de
enfermagem atravs de etapas, que recebem denominaes diversas, dependendo dos
diferentes autores. Sua operacionalizao, dentre outros fatores, est na dependncia dessas
etapas. Cita-se o modelo brasileiro desenvolvido por Horta (1979), o qual prope seis passos
para o PE, quais sejam: histrico de enfermagem, diagnstico de enfermagem (DE), plano
assistencial, prescrio de enfermagem, evoluo e prognstico de enfermagem.
O PE orienta a prtica da enfermagem, pois fundamentado em conhecimento
cientfico. permitindo ao enfermeiro, a partir da avaliao das necessidades identificadas junto
ao paciente, fazer julgamentos, estabelecer prioridades, planejar, implementar e avaliar os
cuidados necessrios para alcanar os objetivos traados.
O presente estudo tem como foco os DEs, sendo uma das etapas do PE que
merece destaque, por se tratar de uma etapa dinmica, sistemtica, organizada e complexa,
significando no apenas uma simples listagem de problemas, mas uma fase que envolve
avaliao crtica e tomada de deciso. (JESUS, 2000). O conceito de DE foi aprovado no ano
de 1990 na 9 Conferncia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA),
sendo definido como uma deciso clnica sobre as respostas do indivduo, da famlia ou da
comunidade a problemas de sade/processos vitais reais ou potenciais. Isso constitui a base
para a escolha de intervenes de enfermagem adequadas para a obteno de resultados pelos
quais o enfermeiro responsvel.
Carpenito-Moyet (2008) afirma que a enfermagem necessita de um sistema de
classificao, para descrever e desenvolver um fundamento cientfico confivel para o
preenchimento dos critrios de profissionalizao. Assim, a Associao Norte-Americana de
Diagnstico de Enfermagem North American Nursing Diagnosis Association (NANDA),
visando uma padronizao internacional, apresenta uma taxonomia dos DEs, que j se
encontra em sua 2 verso (Taxonomia II). A estruturao dos DEs propostos por essa
associao compreende o ttulo e sua definio, fatores relacionados, fatores de risco e
caractersticas definidoras.
16
Para sustentar a escolha de DEs adequados a cada situao clnica, necessrio
que as bases para essa deciso estejam fortemente ligadas s Caractersticas Definidoras
(CDs). Essas podem ser definidas como um conjunto de padres clnicos/sinais e sintomas,
que so agrupados em inferncia para assegurar a presena da categoria diagnstica. As CDs
dos diagnsticos da NANDA so usadas pelos enfermeiros para identificar diagnsticos
acurados.
Helland (1995) considera que os principais propsitos do uso dos diagnsticos de
enfermagem so: melhorar a oferta de cuidados de enfermagem ao cliente, por meio da
individualizao do cuidado; facilitar a comunicao intraprofissional, provendo uma
linguagem padronizada para informar os problemas de sade do cliente; validar as funes de
enfermagem, estabelecendo ligao entre a problemtica das respostas humanas ao
tratamento; e contribuir para definio das necessidades de pessoal de enfermagem e melhorar
a autonomia profissional, provendo uma linguagem especfica para diferenciar a prtica da
enfermagem daquelas de outros profissionais de sade.
Segundo Marin; Messias e Ostroski (2004), uma das etapas do PE que mais tem
recebido ateno dos enfermeiros o diagnstico, e, embora possa ser observado um
movimento crescente na sua utilizao, seu desenvolvimento no Brasil ainda pouco aplicado
no trabalho dos enfermeiros na prtica, o que representa um desafio para a enfermagem.
No Brasil, houve uma pesquisa envolvendo diagnsticos de enfermagem em
clientes submetidos cirurgia baritrica, na cidade de Belo Horizonte/Minas Gerais (MG),
onde 51 pacientes, entre outubro de 2002 e janeiro de 2003, em Nova Lima/MG,
evidenciaram sete domnios, 11 classes e 20 diagnsticos de enfermagem, a saber: dor
relacionada inciso cirrgica; risco de eliminao traqueobrnquica ineficaz relacionado
depresso das funes respiratrias, dor e repouso no leito; Intolerncia Atividade
relacionada dor e a fraqueza secundrio cirurgia; Dficit de Autocuidado relacionado a
fadiga e a dor ps-operatria; Integridade da Pele Prejudicada relacionada inciso e ao local
de drenagem; Risco de Infeco de ferida relacionado susceptibilidade infeco
bacteriana; Risco de Nutrio Alterada relacionada a diminuio da ingesta e aumento das
necessidades de nutrientes secundrios a cirurgia; Risco de Constipao Colnica relacionado
a efeitos dos medicamentos, cirurgia, alteraes na dieta e imobilidade; Risco de
Gerenciamento Ineficaz do Regime Teraputico relacionado a conhecimentos deficientes
sobre cuidados da ferida, restries dietticas, recomendaes a atividade, medicamentos,
cuidados de acompanhamento, sinais e sintomas das complicaes; baixa autoestima crnica
17
relacionada a sentimentos de autodegradao e reao dos outros da condio. (SILVA,
2003).
H diversos DEs que podem ser aplicados a pessoas no ps-operatrio de cirurgia
baritrica. A exemplo, temos o estudo realizado por Ortega et al. (2012) sobre a aplicao da
sistematizao da assistncia de enfermagem aos pacientes submetidos cirurgia baritrica,
onde foram elencados os seguintes diagnsticos de enfermagem mais prevalentes: a) perodo
pr-operatrio: Nutrio desequilibrada: mais do que as necessidades corporais; Padro de
sono prejudicado; Deambulao prejudicada; Ansiedade; Risco de disfuno neurovascular
perifrica; Risco de Perfuso Tissular Cardaca Diminuda; Resilincia individual
prejudicada; Intolerncia a Atividade. b) perodo intraoperatrio: Padro respiratrio ineficaz;
Risco de aspirao; Troca de Gases Prejudicada; Ventilao Espontnea Prejudicada;
Integridade Tissular Prejudicada. c) perodo ps-operatrio: Mobilidade no leito prejudicada;
Padro respiratrio ineficaz; Fadiga; Risco de infeco; Dor aguda; Disposio para controle
aumentado do regime teraputico. Os autores concluram, ainda, que a participao do
enfermeiro em todo o processo perioperatrio no se restringe apenas a observar, mas est em
intervir juntamente com toda a equipe nos cuidados inerentes ao paciente, em todas as fases
de seu atendimento dentro da instituio, de forma sistematizada e integrada equipe
multiprofissional. Na cirurgia baritrica detectou-se esta necessidade pela vulnerabilidade dos
pacientes e o tratamento complexo a estes pacientes, demandando continuidade no processo.
A SAE, obrigatria em qualquer instituio de sade, seja ela pblica ou privada, garante ao
enfermeiro uma assistncia planejada, organizada e individualizada, promovendo uma
assistncia diferenciada e tambm a autonomia do enfermeiro.
Assim, tendo como base os estudos acerca dos DEs, a necessidade da implantao
do PE na assistncia ao paciente cirrgico e o aumento de cirurgias baritricas, urge
identificar os DEs no ps-operatrio de cirurgia baritrica, a fim de promover uma assistncia
direcionada e mais bem organizada, pois a implantao do PE vai permitir um conhecimento
mais completo e detalhado das reais necessidades e condies do candidato a um
procedimento de grande porte, como o ato cirrgico.
Na nossa prtica assistencial junto a paciente candidato cirurgia baritrica na
fase ps-operatria, nos deparamos com uma dificuldade no sanada pela literatura especfica,
que ausncia de um perfil diagnstico de enfermagem em pacientes submetidos a cirurgia
baritrica.
Alm dessa lacuna no conhecimento, a assistncia a esses pacientes no hospital
referncia no Cear est subsidiada apenas pelo plano de cuidados e evoluo de enfermagem.
18
Podemos afirmar que a metodologia assistencial no constitui um processo, pela ausncia de
um elo importante que o DE, consequentemente, a definio de prioridades de aes e a
prescrio de cuidados no ps-operatrio de cirurgia baritrica podem no corresponder s
reais necessidades. E, se essas necessidades especficas no forem identificadas pelo
enfermeiro, certamente a qualidade da assistncia de enfermagem ficar comprometida.
Outro ponto importante a frequente observao de complicaes
cardiopulmonares nessa clientela, o que invariavelmente leva ao aumento do tempo de
internao hospitalar, inclusive em unidades de terapia intensiva.
Considerando que o PE desenvolvido com foco nas condies identificadas que
requerem interveno profissional, mister visualizar claramente a frequncia de DEs da
classe resposta cardiovascular/pulmonar, haja vista que os pacientes so obesos e apresentam
diversas comorbidades relacionadas a esse sistema, a saber: coronariopatias, hipertenso
arterial, alteraes da bomba cardaca, diabetes mellitus precoce e embolia pulmonar. E,
tambm a maioria dos cuidados de enfermagem no perodo ps-operatrio est voltada para
os cuidados das vias areas, respirao e circulao. Nesse contexto, conhecer o perfil dos
diagnsticos de enfermagem da classe de respostas cardiovasculares/pulmonares poder
direcionar o planejamento das intervenes de enfermagem.
Ressalta-se ainda que foi realizado um levantamento nos bancos de dados
PUBMED e LILACS, sobre as publicaes com os seguintes descritores: assistncia de
enfermagem; nursing care e cirurgia baritrica/bariatric surgery. Como resultados, foram
encontrados oito artigos na ntegra, porm nenhum artigo listado evidenciou o levantamento
dos DEs na classe resposta cardiovascular/pulmonar.
Dos artigos encontrados, pudemos perceber que seis artigos referiram acerca dos
cuidados de enfermagem no transoperatrio em pacientes obesos, enfatizando a necessidade
do conhecimento das comorbidades comuns ao obeso mrbido e as provveis complicaes
no ps-operatrio imediato. Destes, quatro pesquisas discutiram acerca da importncia de
identificar os padres de cuidados de enfermagem no ps-operatrio de cirurgia baritrica,
favorecendo uma assistncia de qualidade, abreviando a internao hospitalar e gerando uma
assistncia de enfermagem capaz de proteger e gerar sade ao paciente, reduzindo os custos.
(ALKHAMESI et al., 2008; AUGUST et al., 2008; LEE et al., 2005; MULLIGAN et al.,
2009).
Nesse sentido, alguns questionamentos tm emergido: Quais os diagnsticos de
enfermagem da classe respostas cardiovasculares/pulmonares esto presentes no paciente em
ps-operatrio de cirurgia baritrica? Com que frequncia, os diagnsticos de enfermagem da
19
classe respostas cardiovasculares/pulmonares se apresentam no ps-operatrio de cirurgia
baritrica? Quais as caractersticas definidoras e fatores de risco mais prevalentes?
O presente estudo justifica-se tendo em vista o quanto imperioso, na atualidade,
implementar a sistematizao da assistncia de enfermagem para essa clientela. O
conhecimento dos diagnsticos de enfermagem da classe resposta cardiopulmonar mais
frequentes dar subsdios para um planejamento de enfermagem mais efetivo e especfico
para os pacientes durante o ps-operatrio nos servios de sade que realizam esse
procedimento.
Os resultados podero ainda estimular o desenvolvimento do conhecimento, da
habilidade e da competncia do enfermeiro atuante nessa rea. Com isso, espera-se contribuir
para melhorar a qualidade da assistncia prestada a pacientes submetidos a cirurgia baritrica,
fornecendo, ainda, o perfil dessa clientela e a uniformizao da linguagem da enfermagem. E,
a pesquisa poder contribuir para a elaborao de protocolos de intervenes de enfermagem,
e tambm colaborar para o planejamento de programas de educao permanente, com o
objetivo de desenvolver competncias e habilidades nos profissionais de enfermagem de
forma a tornar as intervenes de enfermagem mais resolutivas.
20
CAPTULO 2: OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar o perfil de diagnsticos de enfermagem da classe respostas
cardiovasculares/pulmonares de acordo com a taxonomia II da NANDA dos pacientes
no ps-operatrio de cirurgia baritrica.
2.2 Objetivos Especficos
Identificar as caractersticas definidoras, os fatores relacionados e os fatores de risco
dos diagnsticos de enfermagem da classe cardiovascular e pulmonar dos pacientes no
ps-operatrio de cirurgia baritrica que se configurem como diagnstico de
enfermagem da classe cardiovascular e pulmonar.
Verificar a associao das caractersticas definidoras, fatores relacionados e fatores de
risco com os diagnsticos de enfermagem da classe resposta cardiovascular/pulmonar
identificados.
21
CAPTULO 3: CONTEXTUALIZANDO A TEMTICA DO ESTUDO
O atual estilo de vida globalizado trouxe aos pases em desenvolvimento uma
inverso epidemiolgica: a decadncia das deficincias nutricionais e doenas infecciosas, e a
ascenso de doenas crnico-degenerativas, especialmente as cardiovasculares, o que pode
estar relacionado s alteraes da dieta e com o aumento de casos de sobrepeso e obesidade
na populao. (BATISTA; RISSIN, 2003).
Segundo WHO (2009), afirma-se que o sculo XX se caracteriza por mudanas na
dieta e estilo de vida que facilitam o aparecimento de doenas no transmissveis. As dietas
desequilibradas, a obesidade e o sedentarismo contribuem para a prevalncia de cardiopatias.
Para o favorecimento das doenas cardiovasculares podemos citar fatores comportamentais de
risco: alimentao inadequada, atividade fsica insuficiente e o maior consumo de cigarro. O
excesso de peso, a obesidade central, a hipertenso, as dislipidemias, o diabetes so os fatores
biolgicos que mais contribuem para o aumento do risco.
Considera-se a obesidade como uma enfermidade crnica, representando,
atualmente, o principal distrbio nutricional; e tambm pode ser encarada como sndrome,
algo com mltiplas facetas, causada por diversos fatores, como meio ambiente, aspectos
emocionais, culturais, econmicos e sociais, ingesto de alimentos de alto valor calrico,
sedentarismo e estrutura familiar. (SPANA et al., 2010). Assim, a obesidade tem-se traduzido
em um problema de sade pblica que afeta todas as idades e grupos socioeconmicos. uma
doena crnica, progressiva, fatal, geneticamente relacionada ao desenvolvimento de outras
doenas. (LIMA; SAMPAIO, 2007).
A crescente elevao do nmero de casos da obesidade na sociedade est
relacionada ao desenvolvimento econmico mundial, levando a alteraes nos hbitos e
estilos de vida, com consumo excessivo de alimentos ricos em gordura saturada associado
inatividade fsica, aumentando o risco de doenas cardacas e cerebrovasculares, hipertenso,
diabetes, cncer e desordens musculoesquelticas. (BRASIL, 2011; MALTA et al., 2006;
WHO, 2011).
Em funo da evoluo da obesidade e da velocidade do aumento dos casos em
vrios pases do mundo, esse agravo tem sido definido como uma pandemia, atingindo tanto
pases desenvolvidos como em desenvolvimento. A obesidade no mundo dobrou desde 1980.
Em 2008, 1,6 bilhes de pessoas apresentavam excesso de peso, sendo mais de 200 milhes
de homens e quase 300 milhes de mulheres obesas. Constata-se que 65% da populao
mundial vivem em pases onde a obesidade mata mais do que outras enfermidades. Quase 43
22
milhes de crianas menores de cinco anos estavam acima do peso, em 2010 (WHO, 2010). A
previso de que, em 2015, esses valores cheguem a 3,3 bilhes e 700 milhes,
respectivamente. Nos Estados Unidos, os nmeros j atingiram propores epidmicas, com
20% de obesos e 30% com sobrepeso. (MONTENEGRO JR; FERNANDES, 2009).
A prevalncia de obesos mrbidos vem aumentando drasticamente no Brasil, onde
houve um crescimento da populao de, aproximadamente, 90% de obesos nos ltimos 30
anos (OLIVEIRA et al., 2009). No Brasil, os obesos so estimados em 15% do total da
populao, e 1% a 2% da populao adulta apresenta obesidade mrbida, ou seja, 1,5 milhes
de pessoas, o que responde por cerca de 10% dos gastos da sade pblica. (GELONEZE;
PAREJA, 2006).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), so mais de 609
mil brasileiros com obesidade mrbida. Comparando-se dados das regies brasileiras,
concluiu-se que o Nordeste apresentou o maior crescimento relativo (760%) entre os perodos
de 1974 e 2003. J o Sul teve o menor aumento (120%). Apesar de o crescimento ter sido
maior no Nordeste, a regio apresenta o menor ndice nacional, de 0,43%. O maior percentual
de cidados portadores de obesidade mrbida o da Regio Sudeste, com 0,77%. H dois
dados que so comuns a todas as regies: a ocorrncia mais frequente entre a populao de
baixa renda e a alta incidncia entre as mulheres, com mdia nacional de 0,95%. Nos homens,
a porcentagem de 0,32%. (RODRIGUES, 2010).
A ltima pesquisa publicada pelo IBGE de Oramentos Familiares, referentes aos
anos de 2008 e 2009, acerca da antropometria e do estado nutricional de crianas (entre 5 e 9
anos), adolescentes (entre 10 e 19 anos) e adultos (com 20 anos ou mais), revelou que, do
total de 188.461 participantes da amostra, 34,8% de crianas do sexo masculino apresentaram
excesso de peso, e 16,6%, obesidade; 32% das pessoas do sexo feminino apresentaram
excesso de peso, e 11,8%, obesidade; 21,7% dos adolescentes do sexo masculino
apresentaram excesso de peso, e 5,9%, obesidade; 19,4% de adolescentes do sexo feminino
apresentaram excesso de peso, e 4%, obesidade. Dentre os adultos, 50,1% das pessoas do sexo
masculino apresentaram excesso de peso, e 12,4%, obesidade; e no sexo feminino 48%
apresentaram excesso de peso, e 16,9%, obesidade. (IBGE, 2009).
O diagnstico de obesidade clnico, baseado na histria de vida do paciente, no
exame fsico geral, alm destas avaliaes: ndice de Massa Corprea (IMC), gordura corporal,
pregas cutneas, relao da medida cintura-quadril e gordura visceral. O IMC, por no
determinar a percentagem de gordura no corpo, no deve ser considerado isoladamente. Os
exames subsidirios podem ser utilizados para obteno de dados mais precisos sobre a
23
composio corporal, para investigao de possveis causas secundrias e o diagnstico das
repercusses metablicas mais comuns da obesidade. (MONTENEGRO JNIOR;
FERNANDES, 2009).
Outra medida para avaliar a obesidade a da circunferncia abdominal, tomada no
ponto mdio entre o ltimo arco costal e a crista ilaca, que se correlaciona com a quantidade
de gordura intra-abdominal. Essa medida serve para avaliao indireta da gordura visceral e
outras alteraes metablicas. A medida da circunferncia abdominal em adultos aceita
como ferramenta importante para avaliao de risco de doenas, especialmente da
aterosclerose. (SANTOS, B, 2010).
O ndice de Massa Corprea (IMC) o mais empregado para o diagnstico da
obesidade, e definido pelo peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em
metros. Esse ndice calculado para medir o grau de obesidade (SOUZA; CHIANCA;
SALGADO, 2010), que, segundo a Sociedade Americana de Cirurgia Baritrica e o Consenso
Latino-Americano de Obesidade, refere-se s seguintes denominaes: obesidade pequena,
com IMC entre 27 e 30 kg/m2; obesidade moderada, com IMC entre 30 e 35 kg/m
2; obesidade
grave, entre 35 e 40 kg/m2; obesidade mrbida, de 40 a 50 kg/m
2; superobesidade, com IMC
entre 50 e 60 kg/m2; e super/superobesidade com IMC maior de 60 kg/m
2. (LIMA;
SAMPAIO, 2007).
Conceitualmente, a obesidade se caracteriza pelo acmulo de tecido adiposo,
regionalizado ou generalizado no tecido subcutneo corpreo. Pode ser causada por doenas
endcrino-metablicas (obesidade endgena) ou alteraes nutricionais (obesidade exgena),
sendo esta ltima a mais prevalente. A obesidade est diretamente relacionada a problemas de
sade, a saber: hipertenso arterial, diabetes mellitus (DM), dislipidemia, alguns tipos de
cnceres e doenas cardiovasculares. (ARAJO et al., 2006).
Kause et al. (2009) afirmam que o principal fator relacionado origem da
hipertenso o aumento do tecido adiposo, conhecido como hipertenso da obesidade. A
obesidade central acarreta o aumento de risco para hipertenso, doena cardiovascular e
mortalidade.
A obesidade um importante fator de risco para o diabetes tipo 2, sendo que sua
frequncia trs vezes maior para o desenvolvimento dessa doena. O risco relativo de
desenvolver DM2 aumenta exponencialmente com o aumento do IMC, o que pde ser
evidenciado nos ltimos 20 anos por um aumento paralelo da prevalncia de obesidade e
incidncia de DM2 em crianas. (MORAES et al., 2012).
24
Displipidemia um quadro clnico caracterizado por concentraes anormais de
lipdeos e secundrio obesidade, existindo uma associao positiva entre a incidncia de
obesidade e dislipidemia. O elevado nvel de colesterol est relacionado maior incidncia de
hipertenso e doena aterosclertica. (PEREIRA et al., 2010).
Hoje em dia o cncer uma das principais causas de mortalidade em todo o
mundo e est relacionado urbanizao. Estima-se que 30% dos casos estejam ligados a
fatores alimentares, nos pases industrializados. Calcula-se que o peso corporal e a inatividade
fsica so responsveis pelos tipos de cnceres mais comuns, como: mama, colo do tero,
endomtrio, rim e esfago. Depois do cigarro, o sobrepeso e a obesidade parecem ser as
causas evitveis de cncer mais importantes que conhecemos. (WHO, 2010).
Estratgias de preveno e de gesto da obesidade exigem uma abordagem
integrada, envolvendo aes em todos os setores da sociedade. O primeiro passo para a
preveno da obesidade a identificao dos fatores de risco, como condies fetais e de
nutrio infantil; nvel educacional; condies socioeconmicas; mudanas no padro
diettico; histria familiar de obesidade e atividade sedentria.
Assim, o tratamento da obesidade deve incluir alteraes gerais na postura
familiar e individual em relao aos hbitos alimentares, ao tipo de vida, atividade fsica e
correo alimentar. Isso deve levar em conta a potencialidade individual e de todo o
comportamento obesognico. (ALVES et al., 2011).
O indivduo obeso necessita de acompanhamento multidisciplinar para a reduo
de peso, reeducao alimentar, da atividade fsica, bem como das suas condies emocionais.
Os casos de excesso de peso e de obesidade moderada devem ser tratados com terapias
comportamentais, ou seja, com a alimentao e atividade fsica. Em casos graves, deve haver
o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, de forma a serem utilizados outros
recursos, como medicamentos, acompanhamento emocional ou at cirurgias.
Aproximadamente de 10% a 40% dos indivduos com IMC de 30 a 39 kg/m reduzem acima
de 10% do peso com tratamentos clnicos, incluindo medicaes, dietas e exerccios, porm a
dificuldade est em manter o peso. Em relao obesidade mrbida, o tratamento clnico
geralmente ineficaz, sendo indicada a cirurgia baritrica. (BUCHWALD et al., 2004a).
A dieta um fator muito importante no desencadeamento da obesidade, e na
prtica clnica existe um arsenal de dietas para emagrecimento disponvel. Almeida et al.
(2009) listam as dietas da moda (Vigilantes do Peso, dieta da protena, baixo teor de
gorduras), que alteram o comportamento diettico, mas o indivduo no consegue aderir
dieta por muito tempo e, consequentemente, recupera, logo em seguida, o peso anterior.
25
Embora muitas dietas para emagrecimento sejam eficazes na reduo ponderal em
curto prazo, a avaliao qualitativa dessas dietas muitas vezes no conhecida. De fato, a
anlise mais detalhada da composio nutricional dos planos alimentares propostos por dietas
populares mostrou que nenhum deles alcana um adequado ndice de alimentao saudvel.
(ALMEIDA et al., 2009). necessrio um movimento de conscientizao da populao sobre
a importncia de uma qualidade melhor na alimentao e na atividade fsica diria, para a
manuteno da sade. Essa postura no pode ser apenas individual, mas social. As pessoas
precisam saber que comer uma atividade saudvel e prazerosa, mas no isenta de riscos.
(VALDELAMAR et al., 2007).
Melhores resultados na reduo de peso so obtidos quando se associa atividade
fsica dieta. O exerccio fsico facilita a adeso dieta hipocalrica e vice-versa, alterando a
proporo de gordura e carboidratos utilizados tanto durante a atividade fsica como em
repouso, e acrescentando maior perda de gordura corporal durante o tratamento. O exerccio
fsico melhora a fora muscular, o equilbrio, a agilidade e o condicionamento cardiovascular,
no apenas no momento do exerccio, mas durante o dia inteiro. (SUPLICY, 2007).
Alm da dieta e da atividade fsica, identificam-se outros meios de diminuio do
peso corpreo: o tratamento farmacolgico, que tem o princpio de inverter o balano
energtico positivo responsvel pelo acmulo excessivo de triglicerdeos no tecido adiposo,
resultando em diminuio da massa corporal. Embora parea simples, o objetivo no apenas
a busca do peso ideal, mas tambm a sua manuteno. (VADELAMAR et al., 2007). Outro
ponto importante quanto ao uso de medicamento auxiliar no processo de alterao do estilo
de vida e facilitar a adaptao s mudanas dietticas. (BORGES; BORGES; SANTOS,
2006). Existem vrias drogas antiobesidade: sibutramina, topiramato, rimonabant, orlistat e
efedrina, alm de suplementos dietticos e produtos fitoterpicos. (CUEVAS; REYS, 2005).
O tratamento medicamentoso indicado para indivduos com ndice de massa
corprea superior a 30 kg/m2 ou entre 25 e 30 kg/m
2, com comorbidades. Agentes
antiobesidade podem ajudar alguns pacientes a alcanar e manter uma perda de peso
significativa, mas, ainda assim, os agentes farmacolgicos no so efetivos, considerando-se a
magnitude do problema. Portanto, dietas e mudanas no estilo de vida continuam sendo
fatores-chave no tratamento da obesidade, embora a perda de peso resultante seja geralmente
pequena e o sucesso em longo prazo costume ser incomum e frustrante. (ZANELLA;
RIBEIRO FILHO, 2009). Vrios so os avanos alcanados no tratamento farmacolgico da
obesidade, conforme afirma Buchwald et al. (2004a), porm, frequentemente, esse tipo de
26
tratamento tem demonstrado resultado insatisfatrio, com reduo no s da qualidade, mas
tambm da expectativa de vida. (VALESI et al., 2004).
O entendimento de alguns conceitos-chave crucial em qualquer discusso sobre
a lgica de medicamentos antiobesidade: 1) O tratamento farmacolgico pode ser justificado
apenas quando combinando a mudana da dieta e do estilo de vida, j que a eficcia de todos
os agentes depende da adeso dos pacientes a mudanas nutricionais e comportamentais; 2) O
tratamento farmacolgico no cura a obesidade quando descontinuado, ocorrendo ganho de
peso; 3) Os medicamentos antiobesidade devem ser utilizados sob superviso mdica contnua
e os riscos associados ao uso de um medicamento devem ser avaliados frequentemente; 4) O
tratamento e a medicao dependem da adaptao do paciente; 5) O tratamento deve ser
mantido apenas quando considerado seguro e eficaz para o paciente. (GUIMARES et al.,
2006).
Em indivduos com diagnstico de obesidade mrbida, a abordagem clnica no
apresenta bons resultados, assim, diante desse panorama, surgiu, em 1952, nos EUA, uma
proposta de tratamento cirrgico e uma especialidade mdica denominada cirurgia baritrica
(do grego barus: peso, e intrake: tratamento. A inteno dessa especialidade emagrecer com
sade e evitar a reengorda. (VASCONCELOS; COSTA NETO, 2008; RIZZI; RIZZI, 2010;
LEMOS, 2006). Na obesidade mrbida, a cirurgia baritrica considerada mais eficaz para
esses pacientes, pois capaz de resolver boa parte das comorbidades, j que os custos com a
terapia da prpria doena e das patologias a ela associadas so elevados e requerem
investimentos amplos dentro do sistema de sade. No entanto, a cirurgia baritrica s se torna
efetiva quando h perda de mais da metade do excesso de peso por perodo igual ou superior a
cinco anos. (SANCHEZ et al., 2007; GARRIDO JR, 2002).
A cirurgia baritrica proporciona a reduo significativa de peso por um perodo
prolongado e diminui as doenas associadas obesidade, trazendo melhoria na qualidade de
vida, bem-estar psicolgico, oportunidade de trabalho, melhores condies econmicas e,
consequentemente, melhora na integrao social. (SJSTRM et al., 2007; GARRIDO JR,
2002).
As principais condies melhoradas aps a cirurgia baritrica so as
cardiopulmonares, ginecolgicas, no diabetes, dislipidemias, tromboembolismo, esofagite,
fibrose e cirrose heptica, risco cirrgico, podendo, ainda, ocasionar melhora dos problemas
psiquitricos e emocionais. (PIERACCI; BARRIE; POMPEU, 2006; TANAKA, 2006;
SANCHEZ et al., 2007).
27
Entretanto, alguns critrios foram estabelecidos para selecionar candidatos
cirurgia: IMC de 40 kg/m2 ou mais caracteriza obesidade clinicamente severa ou mrbida,
com indicao de teraputica cirrgica; IMC entre 35 e 40 kg/m2 deve ser considerado para o
tratamento cirrgico se a pessoa for portadora de doena clnica (hipertenso arterial
sistmica, diabetes mellitus, etc.), cujo controle seja facilitado pela perda ponderal de peso.
Alm do IMC, so avaliados insucesso na perda de peso por outros meios, como dietas
repetidas; risco operatrio aceitvel; compreenso da cirurgia e dos seus riscos; ausncia do
uso de drogas e lcool; condies psicolgicas controladas; e disponibilidade para mudar o
estilo de vida. (WILIASSON, 1993; FERRAZ et al., 2003).
A primeira cirurgia para reduo de peso foi o by-pass (desvio) do intestino
delgado, em 1954, ocasionando uma m absoro intestinal, levando o paciente a evacuar
fezes com altos ndices de gordura. Vrias adaptaes de tcnicas cirrgicas foram
empregadas, tendo em vista as complicaes graves que estavam acontecendo, principalmente
com as tcnicas disabsortivas. (ICTO, 2010; GARRIDO JR, 2000).
Nessa mesma poca, entre 1940 e 1954, a atuao do enfermeiro na assistncia
perioperatria era restrita ao instrumental cirrgico, s solicitaes da equipe mdica e s
aes de previso e proviso do desenvolvimento do ato anestsico-cirrgico. (BENEDET,
2002; TANAKA, 2006).
Em 1974, o pioneiro Salomo Chaib iniciou, no Brasil, a cirurgia da obesidade,
realizando derivaes jejuno-ileais do tipo Payne, primeiro procedimento baritrico aplicado
em grande escala internacionalmente. A magnitude das sequelas dessas operaes acarretou
no apenas seu abandono ao fim daquela dcada, mas tambm um grande descrdito na
abordagem operatria a pacientes obesos. O aprimoramento de diversas tcnicas foi realizado,
culminando em resultados mais consistentes em mdio e longo prazo. Porm, somente a partir
de 1999, ela foi regulamentada no Brasil, e cada vez mais esse procedimento vem sendo
realizado pelo Sistema nico de Sade (SUS). (SILVA et al., 2005; SEGAL; FANDINO,
2002; NEGRO, 2006; PIERACCI; BARRIE; POMPEU, 2006; TANAKA, 2006;
SANCHEZ et al., 2007; COUTO; ANDRADE; TOPZIO, 2007).
Desde 1999, a cirurgia baritrica est inserida na tabela de procedimentos do
Sistema nico de Sade (SUS), quando foi instituda a rede de atendimento ao paciente
portador de obesidade mrbida, com a criao dos centros nacionais de referncia para
cirurgia baritrica/gastroplastia. Em 2007, o SUS lanou a Portaria SAS n 492, que define
unidade de assistncia de alta complexidade ao portador de obesidade grave, como hospital
que oferea assistncia diagnstica e teraputica especializada, de mdia e alta complexidade,
28
condies tcnicas, instalaes fsicas, equipamentos e recursos humanos adequados.
(OLIVEIRA et al., 2009).
No Brasil, a Secretaria de Ateno Sade, junto ao Ministrio da Sade, atravs
da Portaria no 390, de 6 de julho de 2005, em seu artigo n
o 10, anexo V Aes de Ateno ao
Paciente com Obesidade Grave, item V-D Diretrizes para Cirurgia Baritrica, reconhece
e/ou autoriza no Sistema nico de Sade a Gastroplastia Redutora que a cirurgia a Fobi-
Capella. (BRASIL, 2006).
As tcnicas da cirurgia baritrica esto divididas em tcnicas restritivas (Banda
gstrica ajustvel laparoscpica e a gastroplastia vertical com bandagem), tcnica
disabsortiva, tcnicas mistas predominantemente restritivas (By-pass gstrico em Y de Roux
ou Cirurgia Fobi-Capella), tcnicas mistas predominantemente disabsortivas (Tcnica de
Scopinaro) e o marcapasso gstrico. (SERPA; SODR 2010).
A cirurgia By-pass gstrico em Y de Roux ou cirurgia Fobi-Capella a mais
utilizada nos Estados Unidos da Amrica, pas onde realizado o maior nmero de cirurgias
baritricas no mundo. Ela produz restrio alimentar e m absoro relativa. efetiva,
confivel, apresenta baixos ndices de reinterveno e resulta em rpida perda de peso. O
componente restritivo criado com as sees transversal e longitudinal do estmago no
sentido cranial, a 10 cm da juno esfago-gstrica (gastroplastia vertical). Aps a colocao
de um anel de silicone entre 6,2 cm e 6,5 cm de dimetro, a capacidade final do novo
reservatrio gstrico deve ser, aproximadamente, de 5 ml. A ala jejunal deve ser seccionada
distando 50 cm do ngulo de Treitz. A anastomose jejunojejunal deve ser feita a cerca de 1m
a 1,5 m do nvel da mencionada seco (variando de acordo com o IMC do paciente). Ao
trmino do procedimento, encontram-se configuradas a ala alimentar, que recebe os
alimentos, e distal de 1 m a 1,5 m da anastomose gastrojejunal, a ala biliopancretica, que
recebe as secrees gstricas, intestinais e biliopancrticas desde o estmago excludo at a
anastomose jejunojejunal e deve medir de 50 cm at um metro nos pacientes diabticos, e a
ala comum, que recebe conjuntamente os alimentos e as secrees digestivas aps a ltima
anastomose citada. (ARAUJO, 2010; CENEVIVA et al., 2006; GARRIDO JR, 2000).
A tcnica restritiva diminui a ingesto alimentar, permitindo a saciedade precoce
favorecida pela reduo da capacidade gstrica. As disabsortivas promovem uma pequena
reduo dos alimentos ao fazer com que eles deixem de passar pela primeira poro do
intestino delgado, dificultando a absoro dos alimentos ingeridos. A tcnica mista combina
ambas as tcnicas. (ARAJO, 2010; GUEDES et al., 2009; GARRIDO JR, 2002; BENEDET,
2002).
29
A derivao de Scopinaro (derivao biliopancretica) um dos procedimentos
mais utilizados na Europa. Neste caso, o paciente tem liberdade de comer maior quantidade
de alimentos, j que no h grande diminuio do estmago, que fica com 2/3 do seu
tamanho, porm ocorre um grande desvio do alimento, que vai para o intestino grosso sem ser
absorvido. Nesse mtodo operatrio, no so retirados pedaos das estruturas abdominais,
permitindo total reversibilidade desse tipo de operao. (GUEDES et al., 2009; CENEVIVA
et al., 2006).
No preparo para a realizao da cirurgia, o paciente dever ser informado sobre as
tcnicas cirrgicas indicadas ao seu tratamento, bem como seus riscos e benefcios. Para todas
as cirurgias, h um perodo de adaptao do organismo nova forma de absoro de
alimentos, permitindo que o indivduo desenvolva uma reeducao alimentar, garantindo uma
perda de peso de acordo com o esperado. Essa perda de peso varia tambm com inmeros
fatores: idade, sexo, peso antes da operao, capacidade de se exercitar, tipo de operao
realizada, condies clnicas gerais do indivduo, compromisso com a manuteno das
orientaes dietticas e outros cuidados ps-cirrgicos, motivao do paciente, cooperao
dos familiares e amigos. (GUEDES et al., 2009).
Para ser integrante da equipe multidisciplinar de cirurgia baritrica, o enfermeiro
precisa ter conhecimentos em cirurgia baritrica no que diz respeito ao funcionamento das
operaes bsicas, avaliao dos pacientes e aos cuidados perioperatrios. Esse
conhecimento permite ao enfermeiro saber identificar uma possvel complicao, precoce ou
tardia. (PEREIRA, 2007).
Nesse contexto, o enfermeiro responsvel em promover e garantir o bem-estar
do paciente no perodo transoperatrio, observar o quadro clnico (monitorizar sinais vitais,
controle da dor ps-operatria, avaliar sinais de hemorragia e balano hdrico, promover
expanso pulmonar atravs da respirao profunda e deambulao precoce, realizar controle
de infeco, orientar o paciente e o acompanhante nos cuidados de higiene e manuteno da
dieta, respeitando o perodo ps-operatrio), organizar, administrar e controlar a equipe de
enfermagem, desenvolver atividades multidisciplinares, orientar e supervisionar os cuidados
de enfermagem. (SILVA; MAGALHES; BRASILEIRO, 2011).
O enfermeiro, na assistncia ao paciente de cirurgia baritrica, consciente das
provveis complicaes e deve estar apto a prevenir e atuar junto a essas alteraes.
Entretanto, so necessrios conhecimento e rpida interveno quando ocorrem mudanas nas
condies do paciente, uma vez que a cirurgia com anestesia geral frequentemente mais
instvel. (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003). Assim, necessria uma criteriosa avaliao
30
do paciente e das possveis complicaes que possam advir, de modo a colaborar numa
melhor recuperao.
O enfermeiro tem a capacidade de detectar complicaes ps-operatrias
imediatas e intervir de maneira a otimizar o estado geral do paciente. O paciente de cirurgia
baritrica traz consigo risco cirrgico elevado pelo seu excesso de peso, necessitando de
maior vigilncia da funo cardiopulmonar, muitos obesos apresentam doena pulmonar
restritiva devido ao maior volume de sangue pulmonar e espessura da parede torcica. Alm
disso, o diafragma encontra-se em posio anormal, h resistncia nas vias areas superiores e
aumento na produo de gs carbnico (CO2). A obesidade tambm um fator de risco
independente para sndrome coronariana aguda, Diabete Mellitus, hipertenso e infarto agudo
do miocrdio. (SANCHEZ et al., 2007).
3.1 Definio dos Diagnsticos de Enfermagem da Classe Resposta
Cardiovascular/Pulmonar e das Caractersticas Definidoras e Fatores de Risco
Os diagnsticos de enfermagem representam a sntese do levantamento e anlise
dos dados e denominam as condies clnicas que requerem intervenes de enfermagem.
Dessa forma, expressam as necessidades de cuidados do indivduo que assistido pelo
enfermeiro.
H vrias taxonomias/classificaes dos diagnsticos de enfermagem disponveis.
Em nosso meio, a Classificao da Associao Norte-Americana de Diagnsticos de
Enfermagem (NANDA) a mais difundida e utilizada. Os diagnsticos foram agrupados em
nove categorias denominadas padres de respostas humanas, a saber: trocar, comunicar,
mover, relacionar, valorar, perceber, sentir, conhecer e escolher. (NANDA, 2010).
A cada dois anos a taxonomia revisada. A edio atual, 2009-2011, teve a
incluso de 21 novos diagnsticos. Nove foram revisados e dois retirados, totalizando 206
diagnsticos de enfermagem.
O diagnstico de enfermagem pode ser compreendido a partir de trs definies:
contextual, estrutural e conceitual. (CORRA; SILVA; CRUZ, 2008). A definio contextual
a segunda fase do processo de enfermagem. Portanto, a concluso da etapa inicial do
processo (coleta de dados) e faz o elo com a fase seguinte (planejamento da assistncia e
escolha das intervenes). (CORRA; SILVA; CRUZ, 2008).
A definio estrutural refere-se aos elementos que compem os diagnsticos de
enfermagem, conforme descrito (NANDA, 2010):
31
Ttulo: um termo conciso ou uma frase que expressa o tipo e a rea onde est
ocorrendo a alterao, isto , d um nome ao diagnstico.
Definio: fornece uma descrio clara e precisa do diagnstico de
enfermagem, delineando seu significado e auxiliando na diferenciao entre os diagnsticos.
Caractersticas definidoras: so indcios ou inferncias observveis que se
agrupam como manifestao de um diagnstico de enfermagem.
Fatores relacionados: so situaes ou condies que evidenciam algum tipo de
relao padronizada com o diagnstico de enfermagem.
Fatores de risco: so os fatores ambientais e os elementos fisiolgicos,
psicolgicos, genticos ou qumicos que aumentam a vulnerabilidade de um indivduo,
famlia ou comunidade a um evento insalubre.
A definio conceitual refere-se ao significado do termo. O termo diagnstico de
enfermagem surgiu no incio do sculo XX e ganhou consistncia na dcada de 50, quando
McManus descreveu a identificao ou o diagnstico dos problemas de enfermagem como
funo do enfermeiro. A partir de ento, foi crescente o interesse pelo tema, intensificando-se
a necessidade de um sistema de classificao. Em 1973, ocorreu a Primeira Conferncia do
Grupo Norte-Americano para Classificao dos Diagnsticos de Enfermagem. Anos mais
tarde, em 1982, foi criada a NANDA, que, atualmente, a organizao que lidera a agregao
e o desenvolvimento da classificao de diagnsticos de enfermagem em todo o mundo.
A definio conceitual do termo foi aprovada em 1990, durante a Nona
Conferncia da NANDA:
um julgamento clnico sobre a resposta do indivduo, da famlia ou da comunidade
a problemas de sade reais ou potenciais ou a processos de vida. O diagnstico de
enfermagem proporciona a base para a seleo de intervenes de enfermagem
visando atingir resultados pelos quais o enfermeiro responsvel. (NANDA, 2010).
Na classificao da NANDA os diagnsticos referentes classe respostas
cardiovasculares/pulmonares so 13, a saber: Dbito Cardaco Diminudo, Ventilao
Espontnea Prejudicada, Padro Respiratrio Ineficaz, Intolerncia Atividade, Risco de
Intolerncia Atividade, Resposta Disfuncional ao Desmame Ventilatrio, Perfuso Tissular
Perifrica Ineficaz, Risco de Perfuso Tissular Cardaca Diminuda, Risco de Perfuso
Tissular Cerebral Ineficaz, Risco de Perfuso Gastrintestinal Ineficaz, Risco de Perfuso
Renal Ineficaz, Risco de Choque e Risco de Sangramento.
32
Dbito Cardaco Diminudo se refere quantidade insuficiente de sangue
bombeado pelo corao para atender s demandas metablicas corporais. Caracterizado por
aspectos comportamentais/emocionais: agitao, ansiedade; contratilidade alterada:
crepitaes, dbito cardaco diminudo, dispneia paroxstica noturna, frao de ejeo
diminuda, ndice do trabalho sistlico do ventrculo esquerdo diminudo, ndice do volume
sistlico diminudo, ortopneia, sons B3, sons B4, tosse; frequncia/ritmo cardacos alterados:
alteraes no ECG, arritmias, bradicardia, palpitaes, taquicardia; ps-carga alterada:
dispneia, mudanas na cor da pele, oliguria, pele fria e pegajosa, perfuso capilar perifrica
prolongada, pulsos perifricos diminudos, resistncia vascular pulmonar aumentada,
resistncia vascular sistmica aumentada, resistncia vascular sistmica diminuda, variaes
nas leituras de presso arterial; pr-carga alterada: distenso de veia jugular, edema, fadiga,
ganho de peso, murmrios, presso de capilar pulmonar diminuda, presso de capilar
pulmonar aumentada, presso venosa central aumentada, presso venosa central diminuda.
Alm das caractersticas definidoras, a NANDA (2010) inclui os seguintes fatores
relacionados para o diagnstico Dbito Cardaco Diminudo: contratilidade alterada,
frequncia cardaca alterada, ps-carga alterada, pr-carga alterada, ritmo alterado, volume de
ejeo alterado.
Esse diagnstico comumente encontrado em pacientes em estado crtico
internados em Unidade de Terapia Intensiva e requer um julgamento especfico e intervenes
de enfermagem imediatas. (VANESSA; ZEITOUN; BARROS, 2011).
A Ventilao Espontnea Prejudicada significa reservas de energia diminudas,
resultando em uma incapacidade do indivduo de manter a respirao adequada para
sustentao da vida. (NANDA, 2010). E se caracteriza por agitao aumentada, apreenso,
cooperao diminuda, dispneia, frequncia cardaca aumentada, PCO2 aumentada, PO2
diminuda, SaO2 diminuda, taxa metablica aumentada, uso aumentado da musculatura
acessria, volume corrente diminudo. Seus fatores relacionados so: fadiga da musculatura
respiratria e fatores metablicos. (NANDA, 2010).
Sabemos que o paciente obeso candidato potencial para o desenvolvimento de
alteraes na mecnica respiratria, cabendo ao enfermeiro o papel fundamental na avaliao
desses pacientes e identificao precoce de possveis alteraes. O julgamento e
conhecimento clnico do enfermeiro, tendo por base uma ao fundamentada cientificamente,
realizada e prevista em benefcio do paciente e em reposta identificao a um diagnstico de
enfermagem, necessita de uma competncia tcnica e interpessoal. (SANTOS;
FIGUEIREDO, 2010).
33
O Padro Respiratrio Ineficaz definido como inspirao e/ou expirao que no
proporciona ventilao adequada. (NANDA, 2010). caracterizado por: alteraes na
profundidade respiratria, assumir uma posio de trs postos, batimentos de asa do nariz,
bradipneia, capacidade vital diminuda, dimetro ntero-posterior aumentado, dispneia,
excurso torcica alterada, fase de expirao prolongada, ortopneia, presso expiratria
diminuda, presso inspiratria diminuda, respirao com os lbios franzidos, taquipneia, uso
da musculatura acessria para respirar, ventilao-minuto diminuda. Os fatores relacionados
so: ansiedade, dano cognitivo, dano de percepo, dano musculoesqueltico, deformidade da
parede do trax, deformidade ssea, disfuno neuromuscular, dor, fadiga, fadiga da
musculatura respiratria, hiperventilao, imaturidade neurolgica, leso da medula espinal,
obesidade, posio do corpo, sndrome da hipoventilao. (NANDA, 2010).
Em relao ao diagnstico de Intolerncia Atividade, ele se refere energia
fisiolgica ou psicolgica insuficiente para suportar ou complementar as atividades dirias
requeridas ou desejadas. caracterizado por: alteraes eletrocardiogrficas refletindo
isquemia, alteraes eletrocardiogrficas refletindo arritmias, desconforto aos esforos,
dispneia aos esforos, relato verbal de fadiga, relato verbal de fraqueza, resposta anormal da
frequncia cardaca atividade, resposta anormal da presso sangunea atividade. Os fatores
relacionados so: desequilbrio entre a oferta e a demanda de oxignio, estilo de vida
sedentrio, fraqueza generalizada, imobilidade e repouso no leito. (NANDA, 2010).
J o diagnstico Risco de Intolerncia Atividade refere-se ao risco de ter energia
fisiolgica ou psicolgica insuficiente para suportar ou completar as atividades dirias
requeridas ou desejadas. E os fatores relacionados so: estado de no condicionamento fsico,
histria prvia de intolerncia, inexperincia com a atividade, presena de problemas
circulatrios e presena de problemas respiratrios. (NANDA, 2010).
Quanto Resposta Disfuncional ao Desmame Ventilatrio, significa incapacidade
de ajustar-se a nveis diminudos de suporte ventilatrio mecnico, o que interrompe e
prolonga o processo de desmame. (NANDA, 2010). As caractersticas definidoras podem ser
graves, leves e moderadas. As graves so: frequncia respiratria aumentada de forma
significativa em relao aos parmetros basais, agitao, aumento da frequncia cardaca em
relao aos parmetros basais ( 20 batimentos/min), aumento da presso sangunea em
relao aos parmetros basais ( 20 mmHg), cianose, deteriorizao nos gases sanguneos
arteriais em relao aos parmetros basais, diaforese profusa, nvel de conscincia diminudo,
respirao abdominal paradoxal, respirao descoordenada em relao ao ventilador,
respirao ofegante, respirao superficial, rudos adventcios na respirao, secrees
34
audveis nas vias areas, uso total da musculatura acessria da respirao. As leves so:
aumento da concentrao na respirao, aumento moderado da frequncia respiratria em
relao linha de base, desconforto ao respirar, fadiga, inquietao, perguntas sobre possvel
funcionamento inadequado do aparelho, sensao de calor, sensao expressa de necessidade
de oxignio aumentada. E as caractersticas moderadas: apreenso, aumento da frequncia
respiratria em relao aos parmetros basais (< 5 respiraes/min), aumento moderado da
frequncia cardaca em relao aos parmetros basais (< 20 batimentos/min), aumento
moderado da presso sangunea em relao aos parmetros basais (< 20 mmHg), diaforese,
entrada de ar diminuda ausculta, hipervigilncia das atividades, incapacidade de cooperar,
incapacidade de responder a orientaes, leve cianose, mudanas na colorao, olhos
arregalados, palidez, uso moderado da musculatura acessria da respirao. (NANDA, 2010).
Os fatores relacionados so fisiolgicos: desobstruo ineficaz das vias areas,
dor sem controle, nutrio inadequada, padro de sono perturbado; ou psicolgicos:
ansiedade, autoestima diminuda, confiana insuficiente no enfermeiro, dficit de
conhecimento sobre o processo de desmame, desesperana, ineficcia percebida do paciente
quanto capacidade de desmame, medo, motivao diminuda, sentimento de impotncia; ou
situacionais: ambiente adverso (p. ex., ambiente agitado e barulhento, eventos negativos no
quarto, baixa proporo enfermeiro/pacientes, ausncia prolongada do enfermeiro beira do
leito, equipe de enfermagem no familiar), demandas de energia episdicas e no controladas,
histria de dependncia do ventilador por mais de quatro dias, histria de mltiplas tentativas
de desmame malsucedidas, ritmo imprprio na diminuio do suporte ventilatrio, suporte
social inadequado. (NANDA, 2010).
Esse diagnstico se relaciona incapacidade do indivduo de estabelecer uma
troca gasosa independente do ventilador mecnico, sendo necessria a realizao de
exerccios respiratrios que tornem o paciente apto ao controle de sua respirao, tornando-o
independente do suporte ventilatrio.
Quanto ao diagnstico Perfuso Tissular Perifrica Ineficaz, refere-se reduo
na circulao sangunea para a periferia, capaz de comprometer a sade. As caractersticas
definidoras so: a cor no volta perna quando esta baixada, caracterstica da pele alterada,
cicatrizao de ferida perifrica retardada, claudicao, cor da pele clara com elevao, dor
em extremidade, edema, funo motora alterada, mudanas na presso sangunea nas
extremidades, parestesia, pulsos ausentes, pulsos diminudos. E os fatores relacionados:
conhecimento deficiente do processo da doena, conhecimento deficiente dos fatores
35
agravantes, diabete melito, estilo de vida sedentrio, hipertenso, tabagismo. (NANDA,
2010).
O diagnstico Risco de Perfuso Tissular Cardaca Diminuda definido como
risco de reduo na circulao cardaca, e os fatores de risco so: abuso de drogas,
anticoncepcionais, cirurgia cardaca, diabete melito, espasmo da artria coronria, falta de
conhecimento sobre os fatores de risco passveis de modificao, hiperlipidemia, hipertenso,
hipovolemia, hipoxemia, hipxia, histria familiar de doena da artria coronria, protena C
reativa elevada e tamponamento cardaco. (NANDA, 2010).
J o diagnstico Risco de Perfuso Tissular Cerebral Ineficaz refere-se ao risco de
reduo na circulao do tecido cerebral e tem como fatores de risco: abuso de substncia,
aneurisma cerebral, aterosclerose artica, cardiomiopatia dilatada, coagulao intravascular
disseminada, coagulopatia, disseco artica, efeitos secundrios relativos ao tratamento
(bypass cardiopulmonar, medicamentos), embolia, endocardite infecciosa, estenose da
cartida, estenose mitral, fibrilao artica, hipercolesterolemia, hipertenso, infarto recente
do miocrdio, mixoma atrial, neoplasma cerebral, segmento ventricular esquerdo acintico,
sndrome do n sinusal, tempo anormal da protrombina, tempo anormal da tromboplastina,
terapia tromboemboltica, trauma enceflico, trombose do trio esquerdo, tumor cerebral e
vlvula de prtese mecnica.
Quanto ao diagnstico Risco de Perfuso Gastrointestinal Ineficaz, este definido
como risco de reduo na circulao gastrintestinal, e os fatores de risco so: acidente
vascular cerebral, anemia, aneurisma artico abdominal, coagulao intravascular
disseminada, coagulopatia, desempenho insatisfatrio do ventrculo esquerdo, diabete melito,
disfuno heptica, doena gastrintestinal, doena vascular, efeitos secundrios ao tratamento,
hemorragia gastrintestinal aguda, idade > 60 anos, infarto do miocrdio, instabilidade
hemodinmica, insuficincia renal, paresia gstrica, sangramento gastrintestinal agudo, sexo
feminino, sndrome compartimental abdominal, tabagismo, tempo anormal da protrombina,
tempo anormal da tromboplastina, trauma e varizes gastroesofgicas. (NANDA, 2010).
O diagnstico Risco de Perfuso Renal Ineficaz refere-se reduo da circulao
sangunea para os rins, capaz de comprometer a sade, e tem como fatores de risco: acidose
metablica, bypass cardiopulmonar, cirurgia cardaca, diabete melito, doena renal, efeitos
secundrios ao tratamento, estenose da artria renal, exposio a toxinas, glomerulonefrite
feminina, hiperlipidemia, hipertenso, hipertenso maligna, hipovolemia, hipoxemia, hipoxia,
idade avanada, infeco, malignidade, multitrauma, necrose cortical bilateral, polinefrite,
36
queimaduras, sndrome compartimental abdominal, sndrome da resposta inflamatria
sistmica, tabagismo e vasculite de embolia vascular. (NANDA, 2010).
Risco de Choque refere-se ao risco de fluxo sanguneo inadequado aos tecidos do
corpo capaz de levar a disfuno celular, com risco vida. (NANDA, 2010). Tem como
fatores de risco: hipotenso, hipovolemia, hipoxemia, hipxia, infeco, sepse, sndrome da
resposta inflamatria sistmica. (NANDA, 2010). Esse diagnstico pode ser consequente a
um processo hemorrgico intenso.
O diagnstico Risco de Sangramento est no rol dos diagnsticos recm-
publicados, o qual definido como o risco de reduo de volume de sangue capaz de
comprometer a sade. (NANDA, 2010). Os fatores de risco so: aneurisma, circunciso,
coagulopatia intravascular disseminada, coagulopatias inerentes, complicaes ps-parto,
complicaes relativas gravidez, conhecimento deficiente, distrbios gastrintestinais, efeitos
secundrios relacionados ao tratamento, funo heptica prejudicada, histria de quedas,
trauma. (NANDA, 2010). Esse diagnstico se relaciona realizao de algum procedimento
invasivo. No caso, o paciente se encontra no perodo ps-operatrio de cirurgia aberta ou
laparoscpica, ocasionando o risco de sangramento, sendo assim devem ser adotadas
atividades de precauo contra sangramento. (OLIVEIRA; SILVA, 2010).
crucial que o enfermeiro na assistncia perioperatria ao paciente baritrico seja
capaz de reconhecer os diagnsticos de enfermagem da classe cardiovascular/pulmonar,
estando atento s suas manifestaes, pois estas podem resultar em um plano teraputico
malsucedido. Da ser importante fazer uma boa acurcia diagnstica e para isto torna-se
necessrio um bom entendimento das caractersticas definidoras e fatores relacionados dos
diagnsticos de enfermagem.
37
CAPTULO 4: MATERIAL E MTODOS
Este captulo informa a caracterizao do estudo e os passos que conduziram a sua
concretizao.
4.1 Delineamento do Estudo
Trata-se de um estudo descritivo, transversal, realizado durante o perodo de julho
de 2010 a junho de 2011, no Servio da Cirurgia Baritrica do Hospital Geral Dr. Cesar Cals
(HGCC), em Fortaleza/CE.
Esse modelo de pesquisa possibilita ao investigador analisar as informaes
desconhecidas ou pouco conhecidas, ou, ainda, associadas ao fenmeno estudado. Nos
delineamentos transversais, os fenmenos sobre o estudo so obtidos durante o perodo de
coleta de dados e servem para descrever a situao ou o fenmeno, o status do fenmeno ou a
relao entre esses fenmenos em um ponto fixo do tempo. (POLIT; BECK; HUNGLER,
2004).
4.2 Local e Perodo do Estudo
No contexto do Sistema nico de Sade (SUS), apenas dois servios em Fortaleza
so cadastrados e habilitados pelo Ministrio da Sade para realizar cirurgia baritrica: o
Hospital das Clnicas Doutor Walter Cantdio e o Hospital Geral Doutor Csar Cals. Este foi
escolhido por ser o nico hospital da rede estadu
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