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Arritmais cardíacas na infância e adolescência Autor: Rogério Braga Andalaft* * Cardiologista Pediátrico pelo Instituto do Coração – Incor HC FMUSP Médico Assistente da seção médica de Eletrofisiologia Clínica e Arritmias Cardíacas do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Médico Assistente do Hospital do Coração – responsável pelo ambulatório de Arritmias na Infância e Cardiopatias Congênitas - Associação Sanatórinho Sírio Médico da Cardio Dinâmica Introdução Para compreendermos e tratarmos as arritmias cardíacas na infância é fundamental o diagnóstico eletrocardiográfico correto que possibilita na maioria das vezes não só fornecer um nome à doença, mas também possibilita o tratamento adequado a curto e longo prazo. Na população pediátrica as variações anatômicas que podem ser oriundas das diversas cardiopatias congênitas possíveis, assim como as arritmias que ocorrem no pós operatório, fornecem uma condição especial a este grupo de pacientes. Neste capitulo iniciaremos de maneira geral os princípios do diagnostico correto, passando na sequência a descrição das principais arritmias que acometem a criança enfocando seu diagnóstico e tratamento. Por fim elucidaremos condições especiais fruto do pós operatório ou mesmo da evolução natural de algumas cardiopatias, enfocando as nuances do tratamento que proporciona melhor suporte clínico a estas crianças. Princípios do diagnóstico e tratamento das arritmias Desta forma clássica podemos dividir as arritmias cardíacas em taquicardias e bradicardias, baseado na análise da freqüência cardíaca. As taquicardias por sua vez podem ser subdivididas de acordo com a duração dos complexos QRS em taquicardias de complexos QRS largo ou estreito. Neste momento devemos lembrar que as crianças de forma geral apresentam complexos QRS mais estreitos que os adultos de forma que em algumas situações durações superiores a 100 ou 110 ms podem ser consideradas de complexos QRS alargados. As taquicardias de complexos QRS alargados envolvem na infância 5 diagnósticos possíveis: taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Arritmais cardíacas na infância e adolescência

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Arritmias cardíacas na infância e adolescencia

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Arritmais cardíacas na infância e adolescência Autor: Rogério Braga Andalaft* * Cardiologista Pediátrico pelo Instituto do Coração – Incor HC FMUSP

Médico Assistente da seção médica de Eletrofisiologia Clínica e Arritmias Cardíacas do

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

Médico Assistente do Hospital do Coração – responsável pelo ambulatório de Arritmias na

Infância e Cardiopatias Congênitas - Associação Sanatórinho Sírio

Médico da Cardio Dinâmica

Introdução

Para compreendermos e tratarmos as arritmias cardíacas na infância é fundamental o

diagnóstico eletrocardiográfico correto que possibilita na maioria das vezes não só

fornecer um nome à doença, mas também possibilita o tratamento adequado a curto e

longo prazo. Na população pediátrica as variações anatômicas que podem ser oriundas

das diversas cardiopatias congênitas possíveis, assim como as arritmias que ocorrem no

pós operatório, fornecem uma condição especial a este grupo de pacientes. Neste

capitulo iniciaremos de maneira geral os princípios do diagnostico correto, passando na

sequência a descrição das principais arritmias que acometem a criança enfocando seu

diagnóstico e tratamento. Por fim elucidaremos condições especiais fruto do pós

operatório ou mesmo da evolução natural de algumas cardiopatias, enfocando as

nuances do tratamento que proporciona melhor suporte clínico a estas crianças.

Princípios do diagnóstico e tratamento das arritmias

Desta forma clássica podemos dividir as arritmias cardíacas em taquicardias e

bradicardias, baseado na análise da freqüência cardíaca. As taquicardias por sua vez

podem ser subdivididas de acordo com a duração dos complexos QRS em taquicardias

de complexos QRS largo ou estreito. Neste momento devemos lembrar que as crianças

de forma geral apresentam complexos QRS mais estreitos que os adultos de forma que

em algumas situações durações superiores a 100 ou 110 ms podem ser consideradas de

complexos QRS alargados. As taquicardias de complexos QRS alargados envolvem na

infância 5 diagnósticos possíveis: taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular

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aberrante, taquicardia supraventricular com bloqueio de ramo pré existente, taquicardia

por reentrada AV antidrômica e fibrilação atrial associado à síndrome de WPW. Já as

taquicardias de complexos QRS estreitos envolvem as taquicardias supraventriculares

em sua forma clássica e uma forma especifica de taquicardia ventricular denominada

taquicardia ventricular fascicular. As taquicardias fasciculares mais freqüentes possuem

morfologia tipo BRD e hiper desvio a esquerda (tipo BDAS) e são responsivas ao

tratamento com bloqueadores de canal de cálcio. As taquicardias supraventriculares

devem ser investigadas quanto a sua regularidade de forma mais profunda,

principalmente quando o médico se depara a um paciente em crise na sala de

emergência. Quando dizemos que uma arritmia é irregular estamos analisando que o nó

atrioventricular não participa do circuito da arritmia estando apenas recebendo

estímulos que vem de um território superior, Nestas formas de arritmias o nó

atrioventricular (NAV) pode ser chamado de expectador da arritmia, o que em outras

palavras significa que para tratar esta arritmia posso controlar o ritmo retornando o

paciente ao ritmo sinusal ou controlar a resposta ventricular reduzindo a freqüência

cardíaca. Quando nos deparamos com uma taquicardia de complexos QRS estreitos e

regular a duvida que naturalmente surge é “ela realmente é regular”? Assim nestas

taquicardias podemos lançar mão de manobras ou fármacos como a adenosina na

tentativa de irregularizar a taquicardia. Quando realizamos uma manobra vagal ou

utilizamos adenosina e interrompemos a taquicardia retornando o paciente ao ritmo

sinusal, então sabemos que esta arritmia era “estritamente regular” e então poderíamos

dizer que o nó atrioventricular participava do circuito. Nos casos onde o nó AV

participa do circuito só nos resta cardioverter o paciente ao ritmo sinusal por manobras

mecânicas, químicas ou elétrica. Em algumas situações nas taquicardias de complexos

QRS estreitos e regulares, a aplicação de manobras vagais ou mesmo adenosina,

irregulariza a taquicardia, porem não a interrompe. Neste caso a irregularização da

taquicardia nos informa que o nó AV é um expectador da arritmia, isto é não participa

do circuito arritmogênico. Nestes casos a irregularização da arritmia, permite que

visualizemos o território supraventricular com maior facilidade possibilitando o

diagnóstico. Como o nó AV também não participa do circuito nesta arritmia, do ponto

de vista terapêutico, podemos controlar o ritmo retornando o paciente ao ritmo sinusal

ou controlar a freqüência ou resposta ventricular utilizando fármacos que aumentem o

grau de bloqueio do NAV (figura 1 e figura 2)

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Figura 1 – Esquema dos possíveis diagnósticos das taquicardias na infância

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Figura 2 – Esquema diagnóstico na sala de emergência que auxilia na identificação

das taquicardias de complexos QRs estreitos

Taquicardias de complexos QRS estreitos

Neste tópico será dado enfoque às diversas possibilidades de taquicardias de complexos

QRS estreito, analisando seu diagnóstico e tratamento. Iniciaremos para fins didáticos a

descrição de arritmias onde o NAV não participa do circuito, o que tecnicamente

significa que para o tratamento podemos controlar o ritmo ou controlar a freqüência

cardíaca. A origem fisiopatológica destas arritmias, estão baseadas na presença de um

foco hiperautomático, na presença de atividade debflagrada no território

supraventricular ou mesmo circuitos únicos ou múltiplos de reentrada no território

atrial.

Taquicardia sinusal

É a forma mais freqüente e comum de taquicardia na infância. Caracteriza-se pela

presença do ritmo sinusal (ondas P positivas em D1 e V6 e negativas em aVR). Esta

forma de taquicardia cujo ponto de corte varia com a idade do paciente é quase sempre

secundário à presença de um problema clinico: febre, infecção, uso de drogas vasoativas

desidratação, choque entre outros. De maneira geral o controle da causa de base gera a

normalização da freqüência cardíaca. Particular atenção deve ser dada às taquicardias

sinusais inapropriadas que geram freqüências cardíacas superiores a freqüência limite

para a idade e não são condizentes com a situação clinica do paciente para aquele

momento. Nos casos onde a FC é persistentemente elevada ou naqueles casos onde

ocorre a presença de sintomas, a utilização de medicamentos que ajam nas células do nó

sinusal pode ser necessária. Para controlar a resposta anormal da taquicardia sinusal

inapropriada podemos utilizar betabloqueadores (atenolol 1 a 2 mg/kg/dia ou diltiazem

1 a 2 mg/kg/dia, lembrando que não devemos utilizar bloqueadores de canais de cálcio

para paciente com idade inferior a um ano).

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Figura 3 - Traçado de Holter de uma criança com taquicardia sinusal. Nesta

taquivcardia não existe inicio e término súbito e a onda P tem morfologia da onda P

sinusal

Outro aspecto importante quando se analisa as taquicardias sinusais utilizando métodos

como o Holter, é que esta forma de taquicardia não se apresenta de forma paroxística,

isto é, não possui inicio ou término súbito.

Taquicardia atrial

Diferente da taquicardia sinusal esta forma de arritmia tem geralmente comportamento

paroxístico. Seu mecanismo de origem pode ser hiperautomatismo, atividade deflagrada

ou reentrada intra atrial única. Na análise do eletrocardiograma observamos a presença

de uma onda P gerando um complexo QRS de morfologia diferente da onda P sinusal

acima descrita. Geralmente são assintomáticas e frequentemente observadas no Holter

principalmente durante o período neonatal e em paciente portadores de cardiopatias

congênitas com distensão ou manipulação atrial durante procedimentos cirúrgicos.

Estão entre seus riscos principais o desenvolvimento de disfunção ventricular, nos casos

onde a freqüência cardíaca se mantém persistentemente elevada – taquicardiomiopatia.

Quando sustentadas ou associadas a cardiopatias congênitas costumam ser de difícil

controle. Muitas vezes, devido a esta dificuldade em controlar o ritmo, pode fazer o

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médico então optar por aumentar o grau de bloqueio atrioventricular e controlar a

resposta ventricular, visto que o NAV é expectador da arritmia que está ocorrendo no

território atrial. Para controlar o ritmo em pacientes com arritmias sustentadas ou com

repercussão clínica, podemos lançar mão de estratégias farmacológicas e não

farmacológicas, sendo que esta ultima envolve a cardioversão elétrica e as terapias por

cateter. Para controle do ritmo de forma química podemos utilizar fármacos conhecidos

na prática pediátrica como a amiodarona isoladamente ou em combinação com

betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio sempre respeitando os riscos e as

limitações de cada fármaco e associação. Nos últimos anos no ambulatório de arritmias

do Instituto Dante Pazzanese, utilizamos também outras classes de fármacos tais como a

propafenona e o sotalol com o intuito de que, em casos de uso prolongado possamos

evitar os efeitos colaterais indesejados da amiodarona. Outra possibilidade para

cardioversão destes pacientes ao ritmo sinusal envolve a utilização de métodos não

farmacológicos tais como a cardioversão elétrica externa ou a ablação por

radiofreqüência. Quanto à ablação por radiofreqüência sua utilização na infância ainda é

limitada, como também é limitado o sucesso na população adulta para arritmias atriais

(taquicardia atrial e fibrilação atrial). No entanto o uso dos métodos de ablação do foco

arritmogênico com radiofreqüência ou crioablação são muito promissores e nos

próximos anos se tornarão importantes armas do arsenal terapêutico na infância.

A localização adequada da origem da taquicardia atrial analisando o eixo da onda P no

ECG de 12 derivações pode nos auxiliar também a melhor forma de controle do ritmo

seja químico ou não farmacológico por ablação. Importante salientar que quando

utilizamos a cardioversão elétrica para retornar o paciente ao ritmo sinusal a

manutenção de um fármaco antiarrítmico é quase sempre necessária, de forma que nos

casos de recorrências a utilização de múltiplas cardioversões elétricas tem um efeito

deletério sobre o miocárdio e deve ser sempre evitada.

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Page 7: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 4 - Traçado de Holter demonstrando o início súbito de uma taquicardia

atrial. Observe a mudança morfológica da onda T evidenciando a presença também

de uma onda P

Figura 4b – Traçado de Holter demonstrando saída súbita de uma taquicardia atrial

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Figura 5 – registro de uma taquicardia atrial durante o Holter. Observe o início

súbito e a presença de uma onda P “encravada” na onda T mudando sua morfologia

em relação a onda T de uma batimento normal

Figura 5b- – Taquicardia atrial durante um exame de Holter. Observe no segundo

canal a morfologia da onda P atrial diferente da onda P sinusal

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Page 9: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Durante o período perinatal o aumento da instabilidade elétrica do miocárdio atrial

combinado a elevada pressão arterial pulmonar proporciona condição ideal ao

surgimento de arritmias atriais (flutter ou taquicardia atrial por exemplo). Em algumas

circunstancias a prematuridade dos batimentos atriais é tão grande que encontra a

junção atrioventricular em seu período refratário o que impossibilita o aparecimento do

batimento ventricular. Nesta situação podemos encontrar freqüências cardíacas baixas,

ou intensa irregularidade dos batimentos ventriculares. Os exemplos abaixo

demonstram as diversas faces da mesma doença em um recém nascido encaminhado ao

setor de eletrofisiologia para avaliação de uma bradiarritmia, que na realidade era a

expressão de um bigeminismo atrial bloqueado. Nos casos com repercussão clínica da

bradicardia, a utilização de antiarrítmicos para suprimir o foco atrial precoce

isoladamente ou associada à proteção de um marcapasso provisório, pode ser necessária

(figuras 6 e 7).

Figura 6 – ECG de 12 derivações evidenciando a presença de bigeminismo atrial

bloqueado. Diagnóstico diferencial de BAV 2:1 com arritmia ventrículo fásica.

Observe a mudança morfológica da onda P bloqueada em V3 e V4 confirmando o

diagnóstico de bigeminismo atrial bloqueado

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Figura 7- Evolução do quadro após a introdução de antiarrítmicos em um RN de 4

dias. Observe que as extras sístoles atriais aintes bloqueadas se tornam mais tardias e

dão lugar a batimentos ectópicos e taquicardias conduzidas com aberrância

Muitas vezes, frente a uma taquicardia atrial refratária o controle do ritmo não é

possível, então nos beneficiando do fato de o NAV ser um expectador da arritmia

apenas recebendo os estímulos que provem de um território superior, podemos impedir

a passagem destes estímulos para o território ventricular aumentando o grau de bloqueio

atrioventricular. Para isto, também podemos utilizar medidas farmacológicas e não

farmacológicas. O uso de fármacos que aumentam o grau de bloqueio atrioventricular

são úteis para o controle da resposta ventricular de forma isolada ou combinada. Dentre

os fármacos mais utilizados estão os betabloqueadores, os bloqueadores de canais de

cálcio não dihidropiridinicos (diltiazem e verapamil) e os digitálicos. As combinações

mais freqüentes para o controle da resposta ventricular envolvem betabloqueadores com

digital. A utilização de bloqueadores de canais de cálcio e betabloqueadores aumenta de

forma significativa o risco de bloqueios avançados, e a combinação entre digitais e

bloqueadores de canal de cálcio incrementa o risco de intoxicação digitálica. Para

avaliarmos a eficácia das terapêuticas instituídas, o controle da FC ou do ritmo com

holter de 24 horas ou por períodos até mais prolongados (Holter de 7 dias) pode

fornecer subsídios importantes (análise da freqüência e número de taquicardias assim

como avaliação de pausas e da freqüência cardíaca média) para o ajuste dos fármacos

utilizados. O uso do ecocardiograma para monitorização da função ventricular também

é de extrema importância.

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Flutter atrial

Trata-se de uma arritmia de origem no território atrial devido a um circuito de macro

reentrada que pode se estabelecer circundando territórios anatômicos naturais (cava

superior e inferior, seio coronariano valva tricúspide) ou mesmo circundar uma cicatriz

ou uma valva manipulada cirurgicamente. No flutter atrial o NAV não participa do

circuito arritmogênico, sendo um expectador da arritmia abrindo então a possibilidade

de controlarmos o ritmo ou a resposta ventricular da arritmia. De incidência rara em

crianças e adolescentes com coração estruturalmente normal, torna-se a arritmia

supraventricular mais freqüente juntamente as taquicardias mediadas por feixes

acessórios (taquicardias por reentrada atrioventricular) no período perinatal. A condução

mais freqüente desta arritmia para os ventrículos é do tipo 2:1 gerando uma freqüência

ventricular ao redor de 300 bpm. Porem no período perinatal a resposta ventricular 1:1,

devido à imaturidade do NAV, facilitando a condução dos estímulos para os ventrículos

é freqüente. Quanto a freqüência da atividade elétrica atrial (naquelas arritmias com

circuito anti horário no átrio que se traduz pela negatividade das ondas F em D2 D3 e

aVF) encontramos FC ao redor de 300 bpm. Nos casos onde o circuito de

macrorrentrada atrial ocorre ao redor de cicatrizes cirúrgicas, por exemplo, a presença

de um circuito com sentido horário gera ondas F positivas nas derivações inferiores e

freqüências mais elevadas de atividade atrial. Do ponto de vista eletrocardiográfico,

podemos diferenciar uma taquicardia atrial de um flutter atrial analisando a presença de

linha isoelétrica entre duas ondas atriais. A ausência de linha isoelétrica nas derivações

do ECG denota a presença do circuito de macrorrentrada e consequentemente o

diagnóstico de flutter atrial.

Diferentemente da taquicardia atrial, em pacientes com coração estruturalmente normal,

principalmente no período neonatal, a reversão do flutter está associado a baixo índice

de recorrência sendo que muitas vezes podemos não utilizar fármacos para a

manutenção do ritmo. Nos casos recorrentes a associação de um fármaco antiarrítmicos,

betabloqueador ou digital pode ser necessária aguardando as condições de estabilização

do tecido miocárdio e a queda da pressão pulmonar ocorrerem.

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Figura 8 – Taquicardia supraventricular com FC de 300 bpm. Diagnóstico

diferencial entre taquicardia por reentrada atrioventricular e flutter atrial. Ambas

podem estar presentes no período perinatal

Para a reversão do flutter atrial ao ritmo sinusal utilizamos principalmente a

cardioversão elétrica com baixas dosagens (vide tabela de fármacos e doses), sendo que

a reversão química apresenta baixos índices de sucesso.

Em pacientes cardiopatas ou naqueles fora do período perinatal, a reversão para o ritmo

sinusal deve obedecer às mesmas regras da reversão de pacientes que apresentam flutter

na idade adulta. Pacientes com história pouco clara quanto ao início da taquicardia ou

em pacientes de evolução há mais de 48h a anticoagulação ,com cumarínicos e INR na

faixa (entre 2 e 3,5 ) por de 3 semanas, se faz necessário antes da CVE. Abaixo o

esquema clássico de preparo para reversão de uma fibrilação atrial/flutter atrial

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Figura 9– Esquema pra reversão da Fibrilação atrial baseada no uso prévio da

anticoagulação oral. A= Amiodarona, P= Propafenona, S= Sotalol, Q= Quinidina,

D= Disopiramida. Esquema clássico – retirado do acervo didático do Prof. Dr. Dalmo

Antonio Ribeiro Moreira e adaptado para uso na infância

A utilização do ecocardiograma transesofágico combinado ao uso de heparina não

fracionada ou de baixo peso molecular há mais de 12-24h pode dispensar a

anticoagulação previa à cardioversão elétrica. Neste ínterim, o controle da resposta

ventricular deve ser realizado para controle clínico do paciente. Pacientes cardiovertidos

devem permanecer anticoagulados por mais 4 semanas nos casos de coração

estruturalmente normal e CHADS2 menor que 2 . Nos casos de score maior que 2 ou

valvopatia, a anticoagulação deve persistir e os critérios para sua retirada ainda

permanecem incertos. Para pacientes onde a anticoagulação não é possível, mas o risco

de fenômenos tromboembólicos existem devido a score elevado, o uso de AAS ou

mesmo a combinação AAS e clopidrogrel (ACTIVE) é possível, mas esta ultima com

quase nenhuma experiência em crianças.

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Figura 10 - Flutter atrial com condução atrioventricular 2:1 – apresentação mais

comum em todas as faixas etárias

Figura 11 – Traçado de Holter em paciente portador de Tetralogia de Fallot

evidenciando flutter atrial com condução atrioventricular variável. Observe a

ausência de linha isoelétrica entre duas ondas F o que faz diagnóstico diferencial

com taquicardia sinusal

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Figura 12- Flutter atrial com alto grau de bloqueio atrioventricular e escape

ventricular por efeito de fármacos que bloqueiam o NAV para controle da resposta

ventricular

Fibrilação atrial

Esta arritmia é caracterizada por múltiplos micros circuitos de reentrada intra atrial.

Neste tipo de arritmia como no flutter atrial o NAV não participa do circuito

arritmogênico então podemos controlar o ritmo retornando ao ritmo sinusal ou apenas

controlar a resposta ventricular aumentando o grau de bloqueio da junção

atrioventricular. Raramente ocorre em pacientes pediátricos com coração

estruturalmente normal, ocorrendo apenas com maior incidência em pacientes

portadores de WPW na adolescência (nestes casos, responsável pelo risco de

mortalidade súbita devido a fibrilação atrial pré excitada). Em pacientes portadores de

cardiopatia congênita principalmente aqueles com manipulação atrial durante a correção

cirúrgica e pacientes portadores de cirurgias paliativas do tipo cavopulmonar, o

surgimento de fibrilação atrial no pós operatório tardio pode instabilizar o quadro

clínico e deteriorar a função miocárdica. Com o intuito de rastrear episódios

paroxísticos, o uso do Holter pode identificar precocemente mudanças do quadro, e a

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Page 16: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

instituição precoce do tratamento antiarrítmico pode prevenir o remodelamento elétrico

que ajuda a manter a arritmia. Os cuidados para cardioversão elétrica ou quimica são os

mesmos do flutter atrial. Indícios em pacientes adultos demonstram que a propafenona

pode ser utilizado para reversão de quadros agudos com menos de 48h de evolução com

índice elevado de reversão. Casos com mais de 48 horas de evolução, ou pacientes

portadores de cardiopatia congênitas valvar ou com historia de inicio incerta, devem ser

anticoagulados previamente por 3 semanas (ou cardioversao guiada pelo ECO

transesofágico) antes de se tentar a cardioversão.

Figura 13- Traçado de Holter demonstrando fibrilação atrial de alta resposta

ventricular no pós operatório tardio de cirurgia tipo cavopulmonar

Pacientes cardiopatas valvares ou CHADS2 maior ou igual a 2 devem ser submetidos a

anticoagulação por longa data após a reversão ao ritmo sinusal.

Lembramos que muitas vezes em pacientes portadores de cardiopatias congênitas,

principalmente pacientes portadores de cirurgias paliativas para coração univentricular,

se torna necessária a profilaxia da instabilidade elétrica atrial que pode preceder o

surgimento da fibrilação atrial. Nestes paciented a supressão dos gatilhos por meio de

fármacos antiarrítmicos pode evitar o surgimento de episódios de fibrilação atrial que

podem ser fato limitante por exemplo, para indicação de cirurgia tipo cavopulmonar

total.

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Page 17: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 14 – Presença de extra sístole supraventricular desencadeando

desorganização da atividade elétrica atrial para flutter atrial

Taquicardia Juncional

As taquicardias juncionais hiperautomáticas ocorrem com freqüência elevada no pós-

operatório de cirurgias com manipulação ventricular. Trata-se da arritmia mais

freqüente no pós-operatório de cardiopatias congênitas, ocorrendo nas primeiras horas

do pós operatório e podendo comprometer o estado hemodinâmico rapidamente devido

a elevada freqüência cardíaca, devido perda do sincronismo atrioventricular e a

refratariedade às medidas terapêuticas. Atualmente acredita-se que tempos de CEC

prolongados podem desencadear este tipo de arritmia. O diagnóstico desta forma de

taquicardia no pós-operatório envolve a documentação da dissociação atrioventricular

em uma taquicardia de complexos QRS estreitos. No entanto este achado

eletrocardiográfico pode desaparecer com estabelecimento da captura atrial retrograda,

podendo a onda P vir antes durante ou depois do complexo QRS.

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Page 18: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 15 – Paciente de 6 anos de idade no POI de ventriculosseptoplastia evoluindo

com extra sístoles ventriculares freqüentes

Figura 16 – Taquicardia juncional JET no pós operatório de ventriculosseptoplastia

após o “warm-up” da taquicardia

Assim que estabelecemos o diagnóstico de uma taquicardia juncional de mecanismo

automático, como ocorre no pós-operatório, o tratamento deve ser instituído nos casos

mais graves ou naqueles onde existe possibilidade de deterioração do estado

hemodinâmico. As taquicardias juncionais não respondem bem às manobras de

cardioversão elétrica e habitualmente também não respondem a adenosina. Outra

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Page 19: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

característica deste tipo de taquicardia é que conforme vai evoluindo o pós-operatório

nos casos estáveis hemodinâmica mente, existe uma grande possibilidade de reversão

espontânea. O diagnóstico e tratamento desta forma de arritmia no pós-operatório é

facilitada pela presença do eletrodo de marcapasso atrial que possibilita a clara

identificação da dissociação atrioventricular, e também possibilita o overdrive atrial da

arritmia e a utilização segura de fármacos antiaaritmicos sem a perda do sincronismo

atrioventricular. Para o tratamento da taquicardia juncional do período pós-operatório,

devemos se possível instituir a ventilação adequada do paciente e sedação quando estes

estiverem sob ventilação mecânica. Correção dos distúrbios metabólicos e ácido

básicos, infusão de sulfato de magnésio a 10% na dos de 0,5 a 0,7 ml/kg em bolus

também podem ser utilizados. Outra estratégia eficaz é manter hipotermia com

temperaturas entre 34 e 35 graus no intuito de diminuir o metabolismo. Quanto aos

fármacos antiarrítmicos podemos utilizar amiodarona na dose de 5 a 20mg/kg/dia no

entanto doses elevadas também estão associados a maior incidência de efeitos colaterais

e comprometimento da função ventricular. No instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

habitualmente, suspendemos as medicações antiarrítmicas no pós-operatório de

cardiopatias congênitas (pacientes sem arritmias prévias a cirurgia) entre 30 e 60 dias de

pós-operatório

Taquicardias mantidas por reentrada com participação da junção

atrioventricular

Neste grupo encontramos as arritmias onde a junção atrioventricular participa do

circuito. Nestes casos a tentativa de irregularizar a arritmia seja com manobra vagal ou

adenosina interrompe a taquicardia, pois interrompe a taquicardia por bloquear o nó

atrioventricular.

Neste tipo de taquicardia podemos encontrar mecanismos de macroreentrada ou

mecanismos de microreentrada. As macroreentradas com a participação da junção

atrioventricular, denominadas taquicardias por reentrada atrioventricular. Os circuitos

de microreentrada dependem da presença de uma dupla via nodal e são denominadas

taquicardias por reentrada nodal

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Taquicardia por renntrada nodal

São menos freqüentes na infância e se estabelecem devido presença de uma dupla via

nodal. Nesta situação existem duas vias eletrofisiológicas para passagem do estimulo

pelo NAV. Nestes casos existe uma via alfa que conduz o estimulo lentamente e se

recupera rapidamente. Uma segunda via chamada beta que conduz o estimulo

rapidamente, porém se recupera lentamente. Em ritmo sinusal o batimento

habitualmente conduz pela via rápida. No entanto quando ocorre um batimento ectópico

precoce este estimulo pode encontrar a via rápida ainda no seu período refratário e

conduzir lentamente pela via lenta. Isto se reflete no ECG de superfície pelo

alargamento abrupto do intervalo PR fenômeno denominado duplo salto ou

comportamento dual da junção atrioventricular. Nesta situação se estímulo atende a

porção distal da via lenta e encontra a via rápida já recuperada, pode o estímulo

ascender de forma retrograda iniciando uma taquicardia onde na maioria das vezes a

onda P retrograda se insere dentro do complexo QRS ou no máximo no ponto J, se

apresentando no ECG como um falso R em V1 ou falso S em D2. Estas ondas são

chamadas de falsas, pois desaparecem quando o paciente retorna ao ritmo sinusal.

Figura 17- ECG de 12 derivações evidenciando taquicardia por reentrada nodal. Note

que não se visualiza a onda P (situação habitual)

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Figura 17 b – Reversão da taquicardia por reentrada nodal com adenosina

Figura 18 – ECG de 12 derivações em um garoto de 8 anos na vigência de

taquicardia por reentrada nodal. Observe a presença de r’ em V1 que desaparecerá

após a reversão configurando uma falsa onda R em V1 caracteristica da taquicardia

por reentrada nodal

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Figura 18b – ECG de 12 derivações após reversão para o ritmo sinusal. Note o

desaparecimento da r’ em V1 – (não houve modificação dos eletrodos entre os

exemplos 18 e 18b)

Taquicardias por reentrada atrioventricular

Estas taquicardias se estabelecem devido presença de um feixe acessório. Classicamente

podemos determinar dois grupos dentro desta arritmia. No primeiro grupo as vias

acessórias são aparerentes ao eletrocardiograma durante o ritmo sinusal cujo modelo

clássico e a presença de onda Delta na síndrome de pré-excitação ventricular. Quando

esta pré-excitação está associada a taquicardias, denominamos síndrome de Wolf

Parkinson White. Nesta síndrome mediada por vias acessórias podemos encontrar

taquicardias ortodrômicas (aquelas que descem para despolarizar a musculatura

ventricular via NAV e sobem novamente para os átrios pela via acessória estabelecendo

um circuito de reentrada) que são taquicardias de complexos QRS estreito. Podem

apresentar também taquicardias antidrômicas que são taquicardias de complexos QRS

largo e entram no diagnóstico diferencial com taquicardias ventriculares. Nas

taquicardias antidrômicas o estímulo desce para os ventrículos pelo feixe acessório, logo

o despolariza pela musculatura não especializada gerando complexos QRS alargados.

Outra forma mais rara de arritmia associada à síndrome de WPW é a fibrilação atrial

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Page 23: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

pré- excitada que pode levar a fibrilação ventricular e morte súbita. Vale lembrar que

paciente portador de pré-excitação ventricular tem uma incidência aumentada de

fibrilação atrial em relação à população geral. O segundo grupo de taquicardias no

grupo dos feixes acessórios pertencem àqueles pacientes onde a analise da

eletrocardiografia de superfície (ECG e Holter) não demonstram pré-excitação

ventricular. Neste grupo só é possível o desenvolvimento de taquicardias ortodromicas,

visto que os feixes acessórios destes pacientes, têm condução no sentido ventrículo

atrial exclusivamente, o que no passado era conhecido por feixe anômalo oculto (i.e.

oculto no ECG em ritmo sinusal).

Quanto ao diagnóstico, é essencial o registro do traçado eletrocardiográfico da crise por

meio de Holter looper ou ECG de 12 derivações no pronto atendimento. Nos casos

portadores de pré-excitação a suspeita do mecanismo da taquicardia é em muito

facilitado. Para reversão da crise de taquicardia para ritmo sinusal podemos lançar Mão

de manobras vagais ou mesmo adenosina nas formas ortodrômicas. Nas taquicardias

antidrômicas a interrupção da taquicardia deve ser feita pela via acessória utilizando

drogas do grupo I ou drogas do grupo III. Não se deve utilizar adenosina para reversão

de taquicardias antidrômicas pelo risco relativo de fibrilação atrial pré-excitada.

Devemos lembrar que a adenosina baixa o limiar do átrio para fibrilação atrial e sua

infusão pode desencadear fibrilação atrial. Nos casos com instabilidade hemodinâmica a

cardioversão elétrica sincronizada deve ser imediatamente realizada.

No instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizamos as seguinte estratégia

terapêutica: pacientes com idade inferior a 6 meses optamos por utilizar fármacos que

bloqueiem os feixes acessórios combinados ou não aos betabloqueadores quando

pacientes são portadores de WPW. Nos pacientes que não apresentam pré excitação

devemos realizar a profilaxia com medicações que atuem no NAV (betabloqueadores ou

bloqueadores de canais de cálcio - para pacientes acima de 1 ano). Pacientes acima de 6

meses e abaixo de 10 anos independente da presença de pré excitação optamos por

utilizar betabloqueadpores ou bloqueadores de canais de cálcio (acima de 1 ano) visto

que, estes pacientes com coração estruturalmente normal não apresenta risco aumentado

de FA e consequentemente morte súbita. Após os 10 anos caso não exista indicação

formal para ablação, ou nos casos onde a família rejeite a ablação por radiofreqüência

realizamos a profilaxia das taquicardias utilizando preferencialmente propafenona na

dose de 10 a 15mg/kg dia, no entanto a utilização de amiodarona e sotalol também é

possível.

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Page 24: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Nos pacientes portadores de pré-excitação ventricular a indicação de ablação por

radiofreqüência deve ser indicada nos casos de síncope, arritmias de difícil controle que

são interpretadas como falha terapêutica, fibrilação atrial associada à pré-excitação

(principalmente com intervalo de acoplamento inferior a 270 ms). Também deve ser

indicada em pacientes que desejam praticar atividade física intensa, e em pacientes que

desejem atuar em profissões de risco (motoristas profissionais, pilotos entre outras).

Famílias que após receberem as orientações sobre riscos e benefícios do procedimento e

desejarem a ablação, também devem ser encaminhadas. A utilização de métodos para

estratificação de risco da síndrome de WPW, englobam a avaliação do comportamento

da via acessória com Holter (na pesquisa de intermitência), teste ergométrico para

avaliação do comportamento da via acessória no esforço (buscando desaparecimento

abrupto da pré-excitação), cardioestimulação transesofágica e estudo eletrofisiológico

(para estimar o período refratário da via acessória). No Instituto Dante Pazzanese de

Cardiologia, optamos por utilizar na infância a cardioestimulação transesofágica como

opção ao estudo eletrofisiológico.

Figura 19 – ECG de 12 derivações em paciente de 6 anos em crise de TPSV por

reentrada atrioventricular. Observe FC elevada, infradesnivelamento > 2mm em V5 e

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Page 25: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

V6, alternância elétrica visível neste ECG em D2 e onda P retrograda a mais de 70ms

do início do complexo QRS

Figura 20 – ECG com derivação esofágica (visível na derivação V1) evidenciando

RP’ de 120ms em uma taquicardia por reentrada atrioventricular

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Page 26: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 21- Traçado de Holter em um adolescente evidenciando a presença de pré

excitação ventricular intermitente

Figura 22 – Taquicardia por reentrada atrioventricular antidrômica em paciente

portador de via anômala a direita

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Page 27: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 23 – ECG de uma fibrilação atrial associada a WPW em um adolescente com

história de síncope. Observe a intensa irregularidade dos intervalos RR e complexos

QRS com diferentes durações

Figura 24 - Menina de 12 anos submetida a cardioestimulação transesofágica no

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia para investigação de taquicardia de início e

término súbito ainda sem diagnóstico

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Page 28: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 24- Esquema de indicação de ablação por radiofreqüência na infância e

adolescência utilizado no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

Arritmia ventriicular e taquicardia ventricular

Podemos classificar as arritmias ventriculares quanto a localização em arritmias de

ventrículo direito e arritmias de ventrículo esquerdo. De forma geral nas arritmias do

ventrículo direito observamos complexos QRS negativos em V1 (morfologia tipo BRE

e nas arritmias originadas do ventrículo esquerdo observamos complexos QRS positivos

em V1 (morfologia tipo BRE).

Nas arritmias do ventrículo esquerdo na infância (taquicardias ventriculares fasciculares

encontramos taquicardias com complexos QRS relativamente estreitos e morfologia tipo

BRD associado a hiperdesvio para esquerda(BDAS) – vide exemplo abaixo

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Page 29: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura evidenciando a presença de taquicardia ventricular fascicular em adolescente

de 14 anos com coração estruturalmente normal. Observe os complexos relativamente

estreitos e BRD associado a BDAS

Na infância as arritmias idiopáticas do ventrículo direito principalmente as originadas

da via de saída do ventrículo direito ganham importância. Sua benignidade quanto ao

risco de morte súbita leva o médico a utilizar predominantemente medicações

betabloqueadoras apenas para o tratamento dos sintomas. A ablação por radiofreqüência

pode ser realizada nos casos de desejo do paciente ou nas situações de risco expostas na

análise da síndrome de WPW. Casos que se apresentarem como taquicardias

ventriculares (diagnóstico diferencial feito utilizando os critérios de Brugada

modificados que apresentarem instabilidade hemodinâmica devem ser tratados com

cardioversão elétrica sincronizada de 2 a 4 J por Kg. No entanto é de suma importância

a diferenciação entre arritmia idiopática de ventrículo direito e displasia arritmogênica

do ventrículo direito o que veremos na evolução do capítulo

O papel das síndromes elétricas determinadas geneticamente

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Page 30: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Podemos determinar entre as crianças um grupo especifico de pacientes,que, a principio

,não apresentam doenças cardíacas estruturais mas, por condições genéticas especificas,

apresentam um risco maior de morte súbita devido a alterações canaliculares

(canaliculopatias). Da mesma forma existem condições onde modificações estruturais na

estrutura miocárdica, como na displasia arritmogênica de ventrículo direito, onde a

substituição progressiva do miocárdio por áreas de fibrose e ou gordura determinarão na

maioria das vezes eventos arrítmicos ventriculares graves na adolescência e principalmente

na idade adulta.

Nestas condições, o conhecimento destas entidades pelo pediatra pode determinar a

diferença entre a vida e a morte possibilitando o tratamento e a intervenção precoce,

minimizando assim os efeitos e riscos que podem levar a criança à morte

Pertencem ao grupo de doenças canaliculares a Síndrome do QT longo, a Síndrome de

Brugada, a taquicardia ventricular catecolaminérgica e a nova condição de Síndrome do

QT curto. Também nos deteremos na pesquisa da displasia arritmogênica de ventrículo

direito (situação que depende da busca ativa dos casos em fase inicial), em pacientes

portadores de arritmias ventriculares originadas do ventrículo direito .

Síndrome do QT longo congênito

Descrita inicialmente no inicio da década de 50, podemos determinar dois grandes grupos

baseados na sua forma genética de herança. Uma primeira forma autossômica recessiva,

também chamada pelo nome de seus descritores Jerve Lange Nilsen (JLN), e outra

autossômica dominante conhecida como Síndrome de Romano Ward. De maneira geral a

forma autossômica recessiva tem incidência que varia entre 1,6 a 6 casos por milhão de

habitantes, sendo caracterizada por pior evolução e associação com doenças extra

cardíacas particularmente casos de surdez congênita. A forma autossômica dominante

encontra incidência variando entre 1 caso para 5000 a 10000 habitantes, dados estes

provavelmente subestimados devido à falta de diagnóstico.

Quanto à mortalidade podemos encontrar índices elevados de eventos fatais alcançando

até 70% na evolução natural133-134

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Page 31: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Na era pré genômica já era possível o diagnóstico de duas formas autossômicas recessivas

e 7 formas autossômicas dominantes envolvendo comprometimento de diversos genes e

acometendo diferentes correntes iônicas. Hoje se acredita existir mais de 10 variações

genotípicas para a forma autossômica dominante. Os genes acometidos e as correntes

iônicas envolvidas nas 7 formas autossômicas dominantes principais encontram-se

demonstradas na figura abaixo:

Figura 25 – Figura do potencial de ação clássico e as principais alterações genéticas e de correntes iônicas envolvidas na síndrome do QT longo congênito. Ikr - canais rápidos de K, Ikr- canais lentos de K; INa- canais de sódio. Entre parênteses a descrição do gene acometido O diagnóstico da síndrome do QT longo congênito é baseado na análise do intervalo QT

(no eletrocardiograma) e na pesquisa de sinais e sintomas associados ao quadro clínico.

Assim podemos, na prática clínica, estabelecer um score de probabilidade diagnóstica

mais preciso e estabelecer as medidas terapêuticas.

A avaliação do intervalo QT pode ser feita no ECG de 12 derivações utilizando a

derivação onde o QT se mais facilmente visível (principalmente seu termino) e onde

possamos encontrar o intervalo mais longo o que geralmente ocorre nas derivações

precordiais. Devemos realizar a média de 3 a 5 batimentos para maior fidedignidade da

medida.

Alterações morfológicas da onda T, tipo alternância ou dismorfismos na onda T, tem

importância assim como a medida da dispersão do intervalo QT (diferença entre o maior

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Page 32: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

e o menor QT de um eletrocardiograma de 12 derivações – valor limite 100 ms). Como na

infância, a FC varia conforme a idade o cálculo do intervalo QT corrigido pela fórmula

de Bazzet se torna mais importante. No entanto, a correção dos valores foi estabelecida

para FC variando entre 60 e 100 bpm o que muitas vezes é insuficiente.

Como limite superior da normalidade encontramos intervalo QT corrigido de 440ms.

Lembramos que para que os cálculos sejam precisos os intervalos devem ser médicos em

segundos antes de aplicarmos a Formula de Bazzet

Figura 26 – ECG de 12 derivações de um adolescente portador de síndrome de QT longo congênito. Observe os maiores intervalos QT encontram-se nas precordiais direitas

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Page 33: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 27 – Formula de Bazzet observe que quando a onda U se funde a onda T a medida do intervalo QTU é necessária. Se a onda T e a onda U estiverem distintas no traçado eletrocardiográfico não se faz necessária a inclusão da onda U A manifestação arrítmica clássica da síndrome do QT longo é uma taquicardia ventricular

polimórfica chamada Torsade de pointes. Do ponto de vista eletrocardiográfico esta

arritmia se caracteriza pela presença de uma taquicardia rápida com mudanças

freqüentes no eixo dos complexos QRS podendo ser auto limitada ou degenerar para

fibrilação ventricular.

Raramente o paciente com Torsade de pointes refere algum sintoma mesmo na

adolescência ou idade adulta. A principal manifestação clínica são episódios de sincope.

Nas forma autossômica dominante tipo I e II o estresse adrenérgico seja físico (LQT1) ou

auditivo/ emocional (LQT2) constitui o gatilho para os eventos,. Na síndrome do QT longo

tipo 3 a bradicardia é o gatilho principal para a arritmia se assemelhando muitas vezes à

Síndrome de Brugada (os eventos geralmente ocorrem no repouso).

A sequência clássica do torsade pointes envolve um batimento ectópico precoce seguido

de uma pequena pausa compensatória. Na sequência um batimento normal com uma onda

T bizarra é novamente seguido batimento precoce que gera o Torsade de pointes

“sequência curto-longo- curto”.

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Page 34: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Exames como o teste ergométrico e o Holter de 24 horas podem auxiliar no diagnóstico

diferencial demonstrando prolongamento do intervalo QT no esforço ou durante a noite

respectivamente.

Figura 28 – Holter demonstrando evolução auto limitada de um Torsade de pointes. Observe a sequência “curto–longo-curto” gerando a taquicardia

Figura 29 – Detalhe do traçado eletrocardiográfico de um Holter demonstrando o início de um Torsade de pointes. Observe a sequência “curto–longo-curto” gerando a taquicardia.

Aos dados da análise do ECG devemos acrescentar dados clínicos da história do paciente

tais como: presença de Torsade pointes, alternância de onda T, baixa freqüência

cardíaca, história e tipo de síncope, historia familiar de QT longo ou morte súbita entre

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Page 35: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

jovens.

Tabela 1 – Score diagnóstico para Síndrome do QT longo (<1 = baixa probabilidade; 2-3 = probabilidade intermediária; >4 alta probabilidade)

O tratamento adequado da síndrome do QT longo congênito passa pela estratificação de

risco para morte súbita identificando os principais fatores de risco de acordo com a forma

de apresentação clínica. O combate aos gatilhos deflagradores do Torsade de pointes,

assim como a profilaxia primaria e secundária de morte súbita com desfibriladores

implantáveis e marca-passos fazem parte do arsenal terapêutico. Podemos identificar

grupos de maior risco para morte súbita analisando as medidas do intervalo QT, as formas

de apresentação, o sexo , a presença de eventos prévios (síncope ou arritmias

ventriculares). Assim, pacientes com intervalos QT acima de 600 ms, história prévia de

síncope, forma LQT3,por exemplo, apresentam-se no grupo de alto risco e a terapia mais

agressiva com fármacos e desfibriladores implantáveis se faz necessária. O estudo genético

identificando formas de alto risco para morte súbita é uma possibilidade real para o futuro,

mas no momento encontram-se muito distantes dos consultórios cardiológicos.

Estudo recente com 3015 casos de QT longo observou que pacientes portadores de

LQT3, sexo masculino, história prévia de síncope e intervalos QT acima de 500 ms

encontram-se mais expostos a eventos súbitos e morte.140

Quanto à abordagem medicamentosa objetivamos principalmente diminuir o estresse

adrenérgico sobre o coração. O aumento do tônus simpático constitui a principal forma

de gatilho nas formas autossômicas dominantes 1 e 2. O uso de betabloqueadores em

altas doses, combinadas ou não com a terapia com marca-passo ou desfibriladores,

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Page 36: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

reduzem de maneira significativa a mortalidade. Os fármacos utilizados são os

betabloqueadores que envolvem o propranolol (1 a 4 mg/kg/dia) , o nadolol (1 a 5

mg/Kg/dia –max 240mg) ou atenolol (1 a 2 mg/Kg/dia) facilmente encontrados em

nosso meio. Outras opções menos utilizadas para controle do estresse adrenérgico são a

denervação cardíaca e a ressecção do gânglio estrelado

Estudo recente tem demonstrado alta eficácia do tratamento com betabloqueadores no

tratamento de formas adrenérgico dependentes. Isto serviria como opção ao tratamento

primário com desfibriladores.

Tabela 2 – Estratificadores de risco e formas de profilaxia primária e secundária Síndrome do QT longo ((Europace 2002; 4:3-18)

Síndrome de Brugada Descrita inicialmente em 1992 pelos irmãos Brugada esta canaliculopatia que afeta os

canais de sódio e pode ter padrão familiar é causada por mutações no gene SCN5A. esta

mutação gera alterações eletrofisiológicas complexas e modificações clássicas no ECG

de superfície, especialmente nas derivações precordiais direitas.

Suas manifestações são raras no período neonatal, porém pode estar envolvida em casos

de morte súbita no berço.

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Page 37: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Podemos identificar além do eletrocardiograma típico da Síndrome de Brugada

(morfologia tipo bloqueio de ramo direito visível apenas de V1 a V3 e

supradesnivelamento do segmento ST com característica descendente e ondas T

negativas em V1 e V2 e supra desnivelamento de V3 – “padrão coved type”) outros dois

tipos de padrões eletrocardiográficos que devem ser investigados em pacientes com

quadros de síncope. Nestes casos testes farmacológicos com drogas do grupo I

(procainamida 10mg/kg, ajmalina 10 mg/kg ou flecainida 2 mg/kg) podem converter

estes traçados eletrocardiográficos no eletrocardiograma típico da síndrome com o

padrão “coved type”. Em nosso, meio pela escassez destes medicamentos no mercado

nacional, indícios indicam que o uso da propafenona também pode desmascarar o

eletrocardiograma típico.

Atualmente, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizamos 1,5 mg/Kg de

propafenona infundida em 20 minutos na tentativa de evidenciar o ECG típico da

Síndrome.

Figura 30 – Amostra de três tipos de ECG nas derivações precordiais V1,V2 e V3 de cima para baixo respectivamente. Os pacientes com ECG tipo 2 e tipo 3 na vigência de síncope necessitam de investigação com teste farmacológico

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Page 38: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Existem casos onde os achados típicos da síndrome assumem características

intermitentes. Desta forma, o aparecimento espontâneo das alterações elétricas denota

maior gravidade e seu desaparecimento de forma intermitente não tem valor prognóstico

de benignidade.

Figura 31 – ECG de 12 derivações de um paciente de 9 anos com história de síncope. Observe as alterações típicas da Síndrome de Brugada em V1,V2 e V3

Figura 32 – ECG em V1,V2 e V3 de um adolescente com Síndrome de Brugada e ECG “coved type” Dentre os marcadores de pior prognóstico estão: sexo masculino, presença de síncope

prévia e padrão eletrocardiográfico espontâneo. Pacientes portadores de Síndrome de

Brugada associado à eventos arrítmicos documentados e ou síncope devem ser

encaminhados para implante de desfibrilador implantável. Os casos que se apresentam

com ECG tipo 1, porém sem histórico prévio de síncope, devem ser encaminhados para

o estudo eletrofisiológico com a finalidade de se desencadear arritmias ventriculares

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Page 39: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

malignas (taquicardia ventricular sustentada e fibrilação ventricular) que sustentem a

implantação de um cardiodesfibrilador implantável (CDI).

As opções de tratamento clínico farmacológico não estão totalmente comprovadas.

Ataulmente se restringem ao uso de quinidina em baixas doses durante as tempestades

elétricas e ao uso de cilostozol (sem doses estipuladas na infância) em relatos

esporádicos.

Figura 33 – Pirâmide de risco dos pacientes com síndrome de Brugada . À esquerda observamos risco relativo de morte súbita em comparação à população geral. Taquicardia ventricular catecolaminérgica

Descrita inicialmente por Coumel em 1978 e mais extensivamente por Leenhardt em

1995, manifesta-se principalmente como um quadro de síncope recorrente relacionada

ao esforço físico e estresse emocional em crianças e jovens sem cardiopatia estrutural. O

estresse adrenérgico combinado a mutações no gene da rianodina (RyR2) ou da

calsequestrina desencadeiam episódios de taquicardia ventricular polimórfica ou

bidirecional, que podem culminar com fibrilação ventricular e morte.

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Page 40: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

As taquicardias ventriculares catecolaminérgicas possuem uma alta mortalidade , em

torno de 30% a 50%, entre 20 e 30 anos de idade. Os fatores de pior prognóstico são: o

sexo masculino, a presença de alteração do RyR2 e manifestação clínica precoce 146-8.

A terapia com betabloqueadores, visa primordialmente agir na situação deflagradora

evitando os episódios malignos. No entanto, nos pacientes onde a terapia anti

adrenérgica (que pode envolver também denervação cardíaca e ressecção do gânglio

estrelado) falha, a combinação com implante de desfibrilador implantável se faz

necessária.

Dentre os métodos diagnósticos utilizados no diagnóstico o Holter e principalmente o

teste ergométrico (que pode ser realizado em mãos experientes já abaixo dos 4 anos)

possibilita o diagnóstico dos mecanismos deflagradores, evidenciando padrões de

taquicardia ventricular polimórfica desencadeada pelo esforço. Nestes casos, o teste

ergomátrico serve não só para o diagnóstico, mas também para o controle terapêutico

comparativo após a terapia anti adrenérgica.

O cardiodesfibrilador implantável torna-se mandatório nos pacientes com resposta

ausente ou incompleta as medidas clínicas.

A avaliação genética familiar torna-se interessante à medida que pode identificar

portadores assintomáticos que se beneficiam de terapia como betabloqueador mais

precocemente. Também tem sido sugerido que a doença deve ser investigada em casos

de eventos cardíacos deflagrados durante a prática esportiva.

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Page 41: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 34 e 35 – Teste ergométrico de criança de 3 anos e 11 meses evidenciando taquicardia ventricular polimórfica induzida por esforço durante a investigação de quadro de síncope.

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Page 42: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Displasia arritmogênica do ventrículo direito

De rara apresentação no período neonatal,esta anormalidade genética caracteriza-se pela

progressiva substituição da musculatura cardíaca por áreas de infiltração gordurosa e

fibrose. Este fato gera o substrato anatômico para o desenvolvimento de arritmias

ventriculares mantidas por circuitos de reentrada.

Como se trata de uma doença progressiva, raramente as manifestações ocorrem nos

primeiros anos de vida, porém quando isto acontece denota a gravidade do caso.

A principal manifestação clínica são arritmias ventriculares originadas do ventrículo

direito geralmente em sua via de saída (extra sístoles ventriculares negativas em V1 e

positivas na parede inferior –D2, D3 e aVF).

A investigação dos casos deve ser ativa e intensa, com a finalidade de identificar

precocemente os casos e instituir a terapêutica.

Seu diagnóstico diferencial principal é feito com arritmias idiopáticas da via de saída

do ventrículo direito que tem conotação benigna, sendo tratadas apenas quando

sintomáticas.

Para a investigação diagnóstica,que deve ser evolutiva e repetida em diversos momentos

da vida da criança e do adolescente, podemos lançar mão do eletrocardiograma de

superfície, do eletrocardiograma de alta resolução, do teste ergométrico e do Holter

além dos exames de imagem tais como a ecocardiografia bi e

tridimensional e a ressonância magnética do coração.

Desta forma, buscamos na análise laboratorial sinais sensíveis, tais como a presença de

ondas T negativas de V1 a V3 fora da infância e empastamento da porção terminal dos

complexos QRS (nadir do S final do QRS superior a 55ms – presente em 95% dos casos

adultos de displasia arritmogênica do VD) ou sinais específicos.

A presença de onda Épsilon (tradução eletrocardiográfica de superfície dos potenciais

tardios do ECGAR) é considerada um sinal específico de grande importância clínica .

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Page 43: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Alterações de magnitude nas câmaras direitas nos exames de imagem (dilatação ou

disfunção importantes do ventrículo direito) constituem sinais clínicos de peso no

diagnóstico desta doença. Raramente existe acometimento do ventrículo esquerdo, mas

quando isto ocorre esta associado a pior evolução. A detecção de infiltração gordurosa

nos exames de imagem como a RNM são característicos, mas nem sempre referidos. Da

mesma forma pacientes portadores de grande número de arritmias ventriculares

submetidos particularmente a RNM, pode receber falsos diagnósticos 152-54.

Figura 36 – ECG demonstrando arritmia ventricular de via de saída do ventrículo direito

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Page 44: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 37 – ECG de uma adolescente de 14 anos portadora de displasia arritmogênica de ventrículo direito. Presença de onda épsilon – Observe em V1 a onda positiva juntamente ao final do complexo QRS

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Page 45: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 38 – ECG de uma adolescente de 14 anos portadora de displasia arritmogênica de ventrículo direito. Taquicardia ventricular originada do ventrículo direito (negativa em V1). Observe a presença de dissociação atrioventricular em V1

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Page 46: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Figura 39 – RNM do coração eixo curto evidenciando grande dilatação da via de saída do ventrículo direito em adolescente portadora de displasia arritmogênica de ventrículo direito Quanto à abordagem terapêutica, pacientes com eventos cardíacos (taquicardia

ventricular sustentada e fibrilação ventricular) devem ser encaminhados para profilaxia

secundária com desfibriladores implantáveis sempre associado à terapia antiarrítmica

(com sotalol ou amiodarona combinados ou não ao uso de betabloqueadores). Pacientes

que não apresentaram eventos, que os encaixem na profilaxia secundária, devem ser

tratados com medicação antiarrítmica e eventualmente ablação do foco arritmogênico,

com o intuito de modular a resposta aos fármacos. Também devemos estratificar o risco

destes pacientes encaminhando-os para o estudo eletrofisiológico com a intenção de

desencadear arritmias malignas e implantar o CDI como forma de profilaxia primária.

Miocárdio não compactado

A não compactação do miocárdio durante a vida fetal pode gerar graus variáveis de

disfunção miocárdica mecânica e elétrica.

A síndrome do miocárdio não compactado caracteriza-se pela presença de trabeculações

profundas no ventrículo esquerdo e relação ecocardiográfica do miocárdio não

compactado/miocárdio compacto maior que 2.

Os casos podem variar desde o simples diagnóstico ecocardiográfico ate casos de

disfunção ventricular e arritmias cardíacas severas que podem levar o paciente a morte.

Figura 40 – ECG 12 derivações evidenciando bloqueio de ramo esquerdo em criança de 2 anos portadora de miocárdio não compactado

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Page 47: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Aproximadamente 75% dos casos apresentam alguma alteração eletrocardiográfica. As

manifestações mais freqüentes são sobrecarga ventricular, bloqueios de ramo, síndrome

de WPW e alterações da repolarização ventricular. As arritmias ventriculares são

complicações graves e podem levar a morte súbita. Apenas casos extremamente severos

se manifestam no período neonatal, no entanto 56% dos diagnósticos se estabelecem no

primeiro ano de vida. Outra complicação temida são os fenômenos tromboembólicos.

A incidência de arritmias variam nas diversas séries. Para arritmias ventriculares

encontramos incidência que caria entre 18 e 47%. Para arritmias supraventriculares a

incidência varia entre 13 e 29%

Figura 41 – ECG 12 derivações evidenciando taquicardia ventricular de complexos QRS relativamente estreitos. O diagnóstico ficou facilitado pelo conhecimento da presença de bloqueio de ramo esquerdo prévio – figura 40 O tratamento para as arritmias supraventriculares e ventriculares devem seguir os

preceitos gerais dependendo do diagnóstico e a profilaxia primária com desfibriladores

implantáveis para as arritmias malignas ainda não está totalmente estabelecida.

Arritmias Após Correção Cirúrgica de Cardiopatias Congênitas

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Page 48: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

O período pós-operatório é contemplado por diversas formas de arritmias. Para fins

diagnósticos dividir as taquicardias em taquicardias de complexos QRS estreitos e

taquicardias de c omplexos QRS alargados. Quando no ECG visualizamos taquicardias

de complexos QRS largos na infância geralmente são de origem ventricular. No entanto a

presença de bloqueio no pos operatório pode dificultar o diagnostico. No entanto,

taquicardia supraventricular com aberrância de condução, ao contrário dos adultos, ocorre

em apenas 2% das crianças sem bloqueio de ramo pré existente. Na análise do ECG

devemos observar os limites da FC para as diferentes faixas etárias.

Tabela 3 - Freqüência cardíaca para as diferentes idades

Idade Min 5% Média 95% Max DP

0-24 h 85 94 119 145 145 16,1

1-7 dias 100 100 133 175 175 22,3

8-30 dias 115 115 163 190 190 19,9

1-3 meses 115 124 154 190 205 18,6

3-6 meses 115 111 140 179 205 21,0

6-12 meses 115 112 140 177 175 18,7

1-3 anos 100 98 126 163 190 19,8

3-5 anos 55 65 98 132 145 18,0

5-8 anos 70 70 96 115 145 16,1

8-12 anos 55 55 79 107 115 15,0

12-16 anos 55 55 75 102 115 13,5

Do ponto de vista temporal as arritmias podem ocorrer no período pós-operatório

precoce (onde a criança ainda esta no ambiente hospitalar) ou no período pós alta

hospitalar. Devido à grande variedade de cardiopatias congênitas podemos dividir as

cirurgias em cirurgias com manipulação atrial, cirurgias com manipulação ventricular,

cirurgias paliativas para a correção de coração univentricular (Cirurgias cavopulmonar)

e cirurgias que envolvem cardiopatias associadas à presença de isomerismo atrial.

Durante o período de internação

A incidência de arritmias no pós operatório varia de forma significativa nos diversos

estudo estando muito provavelmente subestimadas em nosso meio girando ao redor de

8% em uma série de 610 cirurgias cardíacas congênitas

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Page 49: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Tabela 4 – Correlação entre tipo de cardiopatia congênita e possíveis arritmias

Condição clínica Substrato Arritmias pré ou pós operatórias Comentários

Comunicação interatrial Dilatação do átrio direito (pré operatório) Atriotomia e manipulação atrial (pós operatório)

Taquicardia atrial (pré e pós) Flutter atrial (pré e pós) Fibrilação atrial (pré e pós) Lesão mecânica pós operatória do sistema elétrico do coração (pós)

Fibrilação, flutter atrial e taquicardia atrial geralmente surgem na evolução tardia

Comunicação interventricular

Lesão cirúrgica do sistema de condução ou processo inflamatório pós CEC

Bloqueios atrioventriculares (pós) Taquicardia juncional (pós) Taquicardias ventriculares (pré e pós com disfunção miocárdica)

Episódios de taquicardia juncional ocorrem predominantemente nos primeiros dias de pós operatório

Transposição corrigida de grandes artérias (L-TGA)

Distorção do sistema de condução pela inversão ventricular, lesão cirúrgica

Bloqueios atrioventriculares até BAVT Pode ocorrer espontaneamente ou no pós operatório de ventrículosseptoplastia, por exemplo

Isomerismo atrial Esquerdo: ausência de nodo sinusal; Direito: Dois nodos sinusais; Presença de dois nodo atrioventricular (possível)

Arritmias atriais (ritmos atriais ectópicos, taquicardia atrial multifocal) Taquicardia por reentrada atrioventricular por feixes acessórios ou por dois NAV

Pode ter diversas arritmias atriais primarias ou secundárias a procedimentos cirurgicos

Tetralogia de Fallot Disfunção e dilatação do VD Lesão pós operatória

Arritmias ventriculares (simples ou complexas) Maior risco quanto mais tardio o pós operatório e maior idade na correção cirúrgica

Risco de morte súbita e arritmias malignas quando QRS maior que 180ms, insuficiência pulmonar importante e disfunção de VD

Anomalia de Ebstein Dilatação atrial e feixes anômalos Arritmias atriais (Flutter e FA) WPW

Maior incidência de feixes anômalos que a população geral. Normalmente feixes a direita

Miocardiopatia hipertrófica

Feixes acessórios Mecanismos de reentrada na musculatura ventricular

TPSV por macrorrentrada atrioventricular Arritmias ventriculares (simples ou complexas)

Septo maior que 30mm, síncope, TVNS, TVS e história familiar de morte súbita são critérios de gravidade

Durante a internação no pós-operatório de cirurgia cardíaca congênita o simples

eletrocardiograma acompanhado ou não de derivações especiais (com uso de foi de

marca-passo atrial, cateter de derivação esofágica ou derivações modificadas como

derivações de Lewis) é o principal método diagnostico, visto a intensa vigilância das

equipes de saúde.

A presença dos fios de marca-passo, principalmente os implantados no átrio constitui

uma arma poderosa para o diagnóstico preciso das arritmias de pós-operatório. As

cirurgias com manipulação dos átrios e das valvas atrioventriculares ficam propensas às

arritmias atriais (taquicardia atrial, fibrilação atrial ou flutter atrial) e a presença do fio

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Page 50: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

de marca-passo atrial propicia uma derivação univentricular (V1) com nítida

visualização da onda P ou F (se estas existirem). Taquicardias atriais podem se

confundir com o flutter atrial devido à freqüência atrial rápida e não são raras freqüências

acima de 250 batimentos por minuto.3 Nos casos onde não é possível determinar com

clareza a forma de arritmia atrial, a utilização de manobras vagais ou mesmo adenosina

permite no ambiente hospitalar o registro da atividade elétrica supraventricular. A

presença ou ausência de fase isoelétrica entre duas ondas F determina o diagnóstico. Em

cirurgias com manipulação ventricular o processo inflamatório ou a circulação extra-

corpórea (principalmente quando prolongada) geram taquicardias juncionais (JET) ou

taquicardias de complexos QRS alargados que muitas vezes causam dificuldade

diagnóstica (entre as taquicardias ventriculares ou taquicardias associadas a bloqueios

de ramo permanentes ou aberrância de condução). Ocorre preferencialmente crianças

com menos de 1 ano de vida sendo na forma não paroxística que esta arritmia ganha

importância no pós operatorio (mais comum) fruto da CEC, hipóxia, desequilíbrio

eletrolítico ou trauma cirúrgico que lesa as células na região do feixe de His e raramente é

encontrada em crianças com coração normal8.

Para taquicardias de complexos alargados nem sempre a aplicação dos critérios de

Brugada mesmo que agregados aos novos critérios para taquicardias de complexos

alargados são uteis. A pesquisa da dissociação atrioventricular nesta fase é muito útil ao

diagnóstico. O mesmo se aplica às taquicardias juncionais. Nos pacientes com

taquicardias juncionais ou nos pacientes portadores de taquicardias de complexos QRS

alargados a presença dos fios de marca-passo no átrio conectados a uma derivação

unipolar permite o registro da dissociação atrioventricular em até 50% dos casos de

taquicardia ventricular. Na ausência dos fios de marca-passo atrial, o registro do ECG

de superfície fornece em 12 derivações permite a analise do traçado da crise

diferenciando taquicardias de complexos QRS estreito das taquicardias de complexos

QRS largo (taquicardias ventriculares, taquicardias supraventriculares com aberrância,

taquicardias supraventriculares com condução aberrante ou com bloqueio de ramo pré

existente, taquicardia por reentrada atrioventriculares antidrômicas e fibrilação atrial pré

excitada) das taquicardias de complexos QRS estreitos (taquicardias supraventriculares

ou taquicardias ventriculares fasciculares – raras no pós operatório).

Na investigação da dissociação atrioventricular, ou ainda na pesquisa de da relação

entre ondas P e complexos QRS, o registro da onda P com derivação transesofágica ou

derivação de Lewis pode ser útil.

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Page 51: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

No período intra hospitalar podemos esperar na evolução pos operatória de cirurgias

com manipulação atrial arritmias atriais como fibrilação atrial, taquicardia atrial, flutter

atrial. Neste grupo de cirurgias encontraremos os fechamentos de CIA, correção das

drenagens anômalas parciais e totais, as plastias valvares da anomalia de Ebstein e dos

defeitos do septo atrioventricular e a plastias de valva mitral. Com evolução da idade do

paciente submetido à cirurgia as arritmias atriais tipo fibrilação atrial e flutter no pos

operatório vão se tornando mais freqüentes ficando as taquicardias atriais mais

freqüentes no período da infância. Nas cirurgias com manipulação ventricular (correção

de comunicação interventricular, por exemplo) ou nos casos onde a circulação

extracorpórea foi capaz de deixar a junção atrioventricular hiper reativa a principal

complicação arrítmica são as taquicardias juncionais. Nestes casos o registro do ECG de

12 derivações é fundamental fazendo com que possamos estabelecer o diagnostico

correto da arritmia. Este método pode ser auxiliado pelo registro da derivação

intracardíaca com o fio de marca-passo atrial ou mesmo pela utilização da derivação

esofágica. Nesta arritmia a utilização da manobra vagal para o diagnóstico, no geral,

resulta infrutífera.

As taquicardias por reentrada com participação da junção atrioventricular são facilmente

elucidadas pelo ECG e confirmadas pela interrupção da taquicardia com manobra vagal

ou adenosina.

Nas taquicardias por reentrada nodal na maioria dos casos não é possível a visualização

da onda P podendo vir acompanhadas de pulsações cervicais e ganha importância entre

pacientes portadores de cardiopatia congênita operados na idade adulta.

As taquicardias por reentrada atrioventriculares (com pré excitação- síndrome de WPW

ou naquelas onde a presença do feixe só pode ser feita durante a taquicardia – vias de

condução retrograda exclusiva) ocorrem com maior freqüência em pacientes portadores

de anomalia de Ebstein, miocardiopatia hipertrófica e miocárdio não compactado. Nos

casos de pré-excitação ventricular o simples ECG de 12 derivações pode fornecer o

diagnóstico e ainda informar de forma mais precisa a localização da via acessória.

Quando o paciente apresenta queixa de taquicardia deve ser prontamente realizado. A

presença de fios de marca-passo atrial possibilita o registro perfeito das ondas P

retrogradas o que auxilia em muito a diferenciação dos circuitos de micro e macro

reentrada pela análise do intervalo RP´. Nos casos de registro da crise devemos sempre

tentar o registro da saída da taquicardia mantendo o ECG conectado e ligado durante a

reversão em derivações isoladas ou simultâneas.

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Page 52: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

Nos casos onde o NAV é um expectador da arritmia (taquicardia

sinusal/atrial/flutter/fibrilação atrial) a diminuição da resposta ventricular permite a

análise detalhada do que ocorre no território supraventricular.

Quanto às bradicardias que ocorrem no período intra hospitalar o registro do ECG de

12 derivações permite a análise das bradicardias por alteração na formação do estimulo

(bradicardias sinusais, bloqueios sinoatriais de segundo grau ou mesmo pausas

sinusais), a presença de alterações na condução do estimulo aos ventrículos manifestado

pelos bloqueios atrioventriculares de primeiro segundo e terceiro grau assim como suas

variantes.

As bradicardias podem ocorrer em quase todos os pacientes submetidos a

procedimentos cirúrgicos ou por edema local próximo ao nó sinusal ou devido a

mecanismos inflamatórios ou mecânicos que danifiquem o sistema de condução em

qualquer dos seus níveis. Raramente durante o período de internação para o diagnostico

lançamos mão de outros métodos diagnósticos não invasivos para a pesquisa dos

eventos arrítmicos ou mesmo na estratificação de risco para morte súbita. No entanto o

Holter de 24 horas pode auxiliar a quantificar as arritmias e buscar com mais facilidade

períodos de bloqueios ou batimentos bloqueados que podem ser fugazes e passar

despercebidos da equipe de assistência.

Arritmias e estratificação de risco no período extra Hospitalar e no pós operatório

tardio

Neste período ganham importância as manifestações clinicas (palpitações, por exemplo)

e o conhecimento do cardiologista pediátrico sobre os métodos que podem ser utilizados

para a triagem destes pacientes. Pacientes com queixas de palpitação devem ser

inquiridos sobre as suas características, forma de inicio, fatores desencadeantes,

freqüência de surgimento e duração total dos sintomas. Queixas duradouras que

permitam o tempo para acesso ao serviço de saúde devem ser encaminhados para

registro do ECG de “crise” possibilitando assim a correlação clinico eletrocardiográfica

precisa. Pacientes portadores de cirurgia tipo cavopulmonar e adultos podem evoluir

com fibrilação atrial paroxística assintomática ficando o diagnóstico critério da busca

ativa com Holter ou a utilização de monitorização mais prolongada como o Holter de

sete dias. Num relato de 22 anos de experiência no seguimento clínico de 35 casos de

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Page 53: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

fibrilação atrial em crianças com idade variando entre 1 dia e 19 anos (idade média 8

anos), Radford e Izukawa demonstraram que a arritmia ocorreu em diversas condições

clínicas, mas principalmente associada à correção cirúrgica de cardiopatias. A grande

questão da investigação ocorre quando os sintomas não são freqüentes o bastante para

serem flagrados com o Holter ou quando não duram tempo o suficiente que permita ao

paciente procurar a assistência médica para registro da arritmia. Nestes casos a

utilização do monitor de eventos externo por até 30 dias possibilita o registro da

correlação clinico eletrocardiográfica e elucidação do quadro varia entre 50 a 70% dos

casos. Nestes casos aproximadamente 10% dos casos necessitam de intervenção médica

rápida após transmissão dos eventos .Outra maneira de investigar pacientes com

taquicardias de inicio e termino súbito onde exista a possibilidade da presença de

taquicardias mantidas por reentrada pela junção atrioventricular é a cardioestimulação

transesofágica (CETE). O CETE também permite na síndrome de pré excitação a

avaliação do período refratário da via acessória. Outra utilidade do Holter é a detecção

de pré excitação ventricular intermitente durante principalmente os episódios de

bradicardia.

A abordagem das arritmias ,no pos operatório tardio da tetralogia de Fallot, combinado

aos métodos de imagens (principalmente o ecocardiograma) podem fornecer fatores

preditores do risco de morte súbita. A análise do ECG na tetralogia de Fallot em ritmo

sinusal permite a avaliação da duração dos complexos QRS e de maneira seqüencial ao

longo dos anos permite calcular a velocidade do alargamento destes complexos como

fatores independentes para o risco de morte súbita. Duração dos complexos QRS maior

que 180 ms e alargamentos superiores a 4ms ao ano permite identificar um grupo mais

propenso a desenvolver arritmias ventriculares malignas. A utilização do Holter para

monitorizar o surgimento de arritmias ventriculares complexas (taquicardias

ventriculares) também permite a análise da variabilidade da freqüência cardíaca de

papel na infância e adolescência ainda não esta determinado18. O eletrocardiograma de

alta resolução para pesquisa de potenciais tardios pode ser utilizado na população com

tetralogia de Fallot com valores preditivos negativos giram entre 92 e 100% .

A investigação das taquicardias sintomáticas ou palpitações na tetralogia de Fallot deve

seguir do ponto de vista não invasivo a busca ativa dos eventos arrítmicos com Holter,

monitor de eventos sintomáticos e tentativa de eletrocardiograma de 12 derivações

durante a presença dos sintomas. Nos pacientes portadores de cardiopatia congênita

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Page 54: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

graves a investigação dos quadros de sincope devem ser realizada sempre no intuito da

avaliação de potenciais eventos arrítmicos deixando a documentação de episódios de

sincope neuromediada como ultima alternativa parra evitar resultados falso positivos

que podem confundir o diagnostico. Para quadros associados ao esforço físico o teste

ergométrico fornece dados do comportamento de focos arrítmicos sob efeito de

catecolaminas.

Nos casos de isomerismos podemos encontrar crises de taquicardia de origem atrial ou

por reentrada atrioventricular que podem ser registradas com o auxilio do ECG durante

a crise quando este for possível. Nos casos onde as crises são de curta duração a busca

do traçado da crise pode ser feita com o Holter para crises com periodicidade inferior a

uma semana ou ainda com monitor de eventos sintomáticos que permite a correlação

clinico ECG perfeita nos casos que apresentam sintomas na vigência do exame. Na

pesquisa de fibrilação atrial pode ser útil a monitorização por sete dias visto que parte

dos episódios de FA podem ser assintomáticos. A utilização do CETE propicia o

fornecimento de gatilhos para o registro de taquicardias por reentrada.

Para investigação das bradicardias que podem ocorrer no pós operatório tardio o do

eletrocardiograma fornece dados quanto a possíveis lesões do sistema de condução.

Defeitos no automatismo sinusal vistos no ECG como bradicardias ou pausas

representam falhas no automatismo sinusal ou a presença de bloqueio sinoatrial de

segundo grau. Ritmos de suplência podem ser avaliados com o ECG de 12 derivações

assim como a presença de marca-passos ectópicos ou migratórios. O Holter permite

avaliar bradicardias inapropriadas e também permite a avaliação precisa da freqüência

cardíaca média, mínima e correlação com eventuais sintomas. Para avaliação da função

sinusal é útil a avaliação do comportamento da FC no esforço. A presença de déficits

cronotrópicos ou sintomas fornecem dados importantes sobre a disfunção sinusal. O

CETE pode ser utilizado para calcular o tempo de recuperação do no sinusal e o tempo

de recuperação do no sinusal corrigido. A pesquisa da frequência cardíaca intrínseca

pode ser realizada com a infusão de atropina e beta bloqueador conjuntamente para

bloqueio autonômico.

Casos negativos no estudo eletrofisiológico(para sincope com bloqueio de ramo) que

apresentam sintomas com periodicidade até mensal podem se beneficiar da

monitorização de eventos. Aqueles com periodicidade superior a isto só se

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Page 55: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

beneficiariam do monitor de eventos implantável. O Holter auxilia no diagnostico dos

bloqueios atrioventriculares de primeiro grau intermitentes, bloqueios de segundo grau e

bloqueios de terceiro grau de características intermitentes ou persistentes. Outro dado

importante na análise do Holter de 24 horas é a presença de pausas que podem ser

geradas por extras sístoles atriais bloqueadas. Nos casos de isomerismo atrial

principalmente no isomerismo atrial esquerdo a análise do Holter de 24 horas pode

determinar a estabilidade do marca-passo atrial além de fornecer dados sobre a

freqüência cardíaca mínima e média.

.

Arritmias Próprias da Criança

Existe um grupo de arritmias que acometem as crianças com cardiopatias congênitas

mesmo antes de se submeterem aos procedimentos cirúrgicos.(tabela 4) .

Tabela 5 – Taquicardias na infância – diagnóstico e mecanismos21

Arritmia Mecanismo Local Eletrocardiograma Comportamento do nó atrioventricular na arritmia

PR<RP

Sinusal A ou R Nó sinusal Onda P positiva em D1, V6 e negativa em aVR

expectador sim

Atrial A ou R átrio Morfologia diferente da P sinusal

expectador sim

Juncional A ou R Junção atrioventricular

Ausência de P ou pseudo R em V1 e pseudo S D2. Na JET pode

haver dissociação AV

Participante do circuito Não ou dissoc.

TRAV R Via acessória P retrograda a mais de 70ms do início do QRS

Participante do circuito Não

Flutter atrial Macro R intra atrial

átrio Ondas F negativas ou positivas parede inferior. Ausência de

linha isoelétrica

expectador não se aplica

Fibrilação Atrial Múltiplas micro R intra atriais

átrio Atividade elétrica desorganizada e RR irregular

expectador não se aplica

Taquicardia ventricular

R ou A ventricular

ventrículo Critérios de Brugada podem falhar na infância.

Dissociação AV 50% dos casos

não se aplica

As taquicardias atriais podem ocorrer frequentemente em pacientes portadores de

anomalia de Ebstein, portadores de dilatações atriais secundarias a comunicação inter

atrial ou mesmo drenagens anômalas pulmonares. Também podem ocorrer em pacientes

portadores de dilatação atrial secundária a atresias ou estenoses das valvas direitas e

esquerdas. Nestes casos a maioria das formas pode passar assintomática sendo flagradas

em exames de rotina e durante a realização de Holter 24 horas. Casos sintomáticos

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Page 56: Arritmais cardíacas na infância e adolescência

podem ser pesquisados de acordo com a duração dos sintomas ou freqüência dos

episódios, com ECG no setor de emergência ou com monitor de eventos sintomáticos

quando os sintomas forem mais escassos.

Pacientes portadores de miocardiopatia hipertrófica, anomalia de Ebstein e miocárdio

não compactado ou isomerismos atriais ficam expostos à arritmias por reentrada com

participação da junção atrioventricular. O registro do ECG de 12 derivações nos

paciente portadores de pré excitação ventricular persistente pode fazer o diagnóstico.

Nos casos de pré excitação intermitente o ECG de repouso pode falhar em registrar a

pré excitação. Nestes casos para evidenciar a via acessória utilizamos manobras vagais

ou mesmo infusão de adenosina. Nos casos de vias acessórias de condução retrograda

exclusiva existe a necessidade de registro do ECG da crise de taquicardia, o que pode

ser tentado de acordo com sua freqüência com monitor de eventos sintomáticos. O

Holter de 24h geralmente falha em registrar crises de taquicardia. Outra opção quando a

investigação de rotina falhou em registrar a crise é o CETE que também permite a

estratificação de risco e calculo do período refratário da via acessória de forma pouco

invasiva.

A taquicardia juncional, já descrita acima, que ocorre no pos operatório tem sua

etiologia multifatorial. A utilização da derivação unipolar com fio de marcapasso atrial

facilita o diagnóstico e deve ser utilizada.

Quanto à bradicardias merecem destaque a investigação de disfunção do marca-passo

atrial nos isomerismos e o risco de bloqueios átrio ventriculares nas transposições

congenitamente corrigidas. Neste ultimo a evolução para bloqueios atrioventriculares

pode ser investigada por meio da eletrocardiografia de superfície e incrementada pelo

Holter de 24 horas que pode flagrar bloqueios paroxísticos.

Outra forma de bradicardia que ocorre nas cardiopatias congênitas na infância são

episódios de bigeminismo ou extra-sístoles atriais bloqueadas que são diagnosticadas

pelo ECG 12 derivações e pelo Holter

Leitura Sugerida

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