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Um novo olhar sobre as “funcionalidades matadoras” Paulo Floriano (texto publicado no Webinsider i ) Funcionalidade matadora (do inglês “killer feature”, ou ainda “killer application”) já foi um termo muito mais comum no mundo dos profissionais de internet. Fossem startups ou tubarões, praticamente todas as empresas de desenvolvimento de produtos digitais gastavam boa parte do tempo de concepção dos projetos pensando em qual seria essa funcionalidade matadora e como ela seria viabilizada. Naquele tempo (não muito remoto), as funcionalidades matadoras serviam como maneira de viabilizar o conceito de diferencial competitivo – ou seja, qual seria o atributo a fazer com que o produto fosse o mais comprado, acessado ou lembrado. Nesse contexto, grande parte esforços da equipe de desenvolvimento era dedicada a fazer essa feature funcionar da melhor forma possível. Isso representaria um ganho em relação aos concorrentes, pois esses, provavelmente, demorariam a incorporar este atributo nas próximas versões de seus produtos. Essa abordagem, amplamente utilizada, já não faz tanto sentido assim se olharmos o contexto atual do mercado. Por dois motivos: 1) Muitas vezes, dedicar tempo àquela funcionalidade matadora significa deixar um pouco de lado outros aspectos também importantes do produto – features triviais, mas que devem funcionar de maneira transparente e sem falhas em questões como usabilidade e desenho da interface, organização do conteúdo, entre outras coisas. Algumas funcionalidades eram privilegiadas em termos de tempo e orçamento em um projeto, em detrimento da experiência como um todo no uso do produto. 2) Muitos produtos hoje não são fechados e funcionam como plataforma com a qual terceiros podem incrementar e melhorar a experiência geral. Alguns exemplos deste tipo de produto são os sistemas operacionais móveis e seus aplicativos (iOS, Android), navegadores e suas extensões (Firefox, Chrome, Safari), publicadores de conteúdo e seus plugins (Wordpress, Plone, Joomla). Nesse contexto, o universo de potenciais features matadoras é muito maior e a transformação ocorre rapidamente. Os ciclos de desenvolvimento, antes extensos (talvez não, se comparados com produtos físicos), tiveram seu tempo reduzido drasticamente. Se você tem um dispositivo iOS ou Android, é pensar: quantas atualizações de aplicativos você faz em algumas semanas? Ou mesmo o número de novos aplicativos que abastecem as lojas todos os dias. Isso não quer dizer (embora algumas pessoas falem por aí) que o conceito de funcionalidade matadora irá acabar. Ele é um conceito muito importante em qualquer projeto. Só precisa ser levemente adaptado a um novo contexto. Experiência do usuário é importante Todo projeto possui um limite de tempo e orçamento, por isso é sempre necessário priorizar. Ao definir uma ou um pequeno conjunto de funcionalidades matadoras, você define em grandes linhas o que é mais importante para o sucesso da implementação e garante um montante de esforço adequado para o cumprimento da meta. O conceito de funcionalidade matadora mantém a equipe toda focada. É preciso adequarse a este conceito. E alguns aspectos do produto não devem ser negociáveis em detrimento de uma determinada funcionalidade. Estes aspectos podem variar de projeto para projeto, mas é necessário que a equipe os defina logo no início do processo. Um deles – super importante – é a experiência do usuário. Outros podem ser qualidade e organização do

Um novo olhar sobre as “funcionalidades matadoras”

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Artigo escrito por Paulo Floriano, co-founder da Neue Labs, sobre as "funcionalidades matadoras" e a necessidade de adaptá-las á um novo contexto de desenvolvimento de produtos digitais. Este artigo foi originalmente publicado no Portal Webinsider

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Um novo olhar sobre as “funcionalidades matadoras”

Paulo Floriano (texto publicado no Webinsideri)

Funcionalidade   matadora   (do   inglês   “killer   feature”,  ou  ainda  “killer  application”)  já  foi  um  termo  muito  mais  comum  no  mundo  dos  profissionais  de  internet.  Fossem  startups   ou   tubarões,   praticamente   todas   as   empresas  de  desenvolvimento  de  produtos  digitais  gastavam  boa  parte  do  tempo  de  concepção  dos  projetos  pensando  em  qual   seria   essa   funcionalidade   matadora   e   como   ela  seria  viabilizada.  

Naquele   tempo  (não  muito  remoto),  as   funcionalidades  matadoras   serviam   como   maneira   de   viabilizar   o  conceito  de  diferencial  competitivo  –  ou  seja,  qual  seria  o   atributo   a   fazer   com   que   o   produto   fosse   o   mais  comprado,  acessado  ou  lembrado.  

Nesse   contexto,   grande   parte   esforços   da   equipe   de  desenvolvimento   era   dedicada   a   fazer   essa   feature  funcionar  da  melhor   forma  possível.   Isso   representaria  um   ganho   em   relação   aos   concorrentes,   pois   esses,  provavelmente,   demorariam   a   incorporar   este   atributo  nas  próximas  versões  de  seus  produtos.  

Essa  abordagem,  amplamente  utilizada,  já  não  faz  tanto  sentido  assim  se  olharmos  o  contexto  atual  do  mercado.  Por  dois  motivos:  

 

1)   Muitas   vezes,   dedicar   tempo   àquela   funcionalidade  matadora   significa   deixar   um   pouco   de   lado   outros  aspectos   também   importantes   do   produto   –   features  triviais,   mas   que   devem   funcionar   de   maneira  transparente   e   sem   falhas   em   questões   como  usabilidade   e   desenho   da   interface,   organização   do  conteúdo,  entre  outras  coisas.  

Algumas  funcionalidades  eram  privilegiadas  em  termos  de  tempo  e  orçamento  em  um  projeto,  em  detrimento  da  experiência  como  um  todo  no  uso  do  produto.  

2)  Muitos  produtos  hoje  não  são   fechados  e   funcionam  como   plataforma   com   a   qual   terceiros   podem  incrementar   e   melhorar   a   experiência   geral.   Alguns  

exemplos   deste   tipo   de   produto   são   os   sistemas  operacionais   móveis   e   seus   aplicativos   (iOS,   Android),  navegadores  e  suas  extensões  (Firefox,  Chrome,  Safari),  publicadores   de   conteúdo   e   seus   plugins   (Wordpress,  Plone,  Joomla).  Nesse  contexto,  o  universo  de  potenciais  features   matadoras   é   muito   maior   e   a   transformação  ocorre  rapidamente.  

Os   ciclos   de   desenvolvimento,   antes   extensos   (talvez  não,   se   comparados   com  produtos   físicos),   tiveram  seu  tempo   reduzido   drasticamente.   Se   você   tem   um  dispositivo   iOS   ou   Android,   é   só   pensar:   quantas  atualizações   de   aplicativos   você   faz   em   algumas  semanas?  Ou  mesmo  o  número  de  novos  aplicativos  que  abastecem  as  lojas  todos  os  dias.  

Isso  não  quer  dizer  (embora  algumas  pessoas  falem  por  aí)   que   o   conceito   de   funcionalidade   matadora   irá  acabar.   Ele   é   um   conceito   muito   importante   em  qualquer   projeto.   Só   precisa   ser   levemente   adaptado   a  um  novo  contexto.  

 

Experiência  do  usuário  é  importante  

Todo   projeto   possui   um   limite   de   tempo   e   orçamento,  por   isso   é   sempre  necessário  priorizar.  Ao  definir   uma  ou  um  pequeno  conjunto  de  funcionalidades  matadoras,  você  define  em  grandes  linhas  o  que  é  mais  importante  para   o   sucesso   da   implementação   e   garante   um  montante  de  esforço  adequado  para  o  cumprimento  da  meta.  O  conceito  de  funcionalidade  matadora  mantém  a  equipe  toda  focada.  

É  preciso  adequar-­‐se  a  este  conceito.  E  alguns  aspectos  do   produto   não   devem   ser   negociáveis   em   detrimento  de   uma   determinada   funcionalidade.   Estes   aspectos  podem  variar  de  projeto  para  projeto,  mas  é  necessário  que  a  equipe  os  defina  logo  no  início  do  processo.  

Um   deles   –   super   importante   –   é   a   experiência   do  usuário.   Outros   podem   ser   qualidade   e   organização   do  

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conteúdo,  look  and  feel,  acessibilidade,  encontrabilidade  ou  mesmo  disponibilidade.  

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i   http://webinsider.uol.com.br/2011/08/01/funcionalidades-­‐matadoras-­‐sob-­‐um-­‐novo-­‐olhar/