20
Olhares para o futuro XV Fórum Presença ANAMT reúne Médicos do Trabalho e outras especialidades para discur a SST Págs. 10 a 13 Impresso Especial 9912341424/2014-DR/GO ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO CORREIOS Associação Nacional de Medicina do Trabalho ANAMT Ano XXVIII • Dezembro • 2016 www.anamt.org.br

ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Olhares para o futuroXV Fórum Presença ANAMT reúne Médicos do Trabalho e outras especialidades para discutir a SST

Págs. 10 a 13

Impresso Especial

9912341424/2014-DR/GO

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO

CORREIOS

Associação Nacional de Medicina do Trabalho

ANAMTAno XXVIII • Dezembro • 2016

www.anamt.org.br

Page 2: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT

Expediente

O Jornal da ANAMT é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da ANAMT, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade

dos autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da ANAMT.

Presidente: Dra. Marcia Bandini • Diretor de Divulgação: Dr. Gualter Nunes Maia

Produção: Cajá Comunicação (www.caja.com.br)Jornalista Responsável: Annaclara Velasco (MTb/RJ 35.307/RJ)

• Reportagens: Luiza Ribeiro e Vinícius Damazio• Diagramação: Felipe Nogueira

Fotos: Capa: Josemar Alves, p. 9: Wilson Dias/Agência Brasil e Free Images/Karol Pilch, p. 12 e 13: Josemar Alves, p. 15: Clodoaldo Caetité/Fundacentro/SRI, p. 16 e 17: Marcelo Camargo/Agência Brasil • Impressão: Folha Gráfica Editora Ltda

Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho Jornal da ANAMT

Celebrando a Medicina do TrabalhoO Jornal da ANAMT encerra 2016 com muitas coisas para com-

partilhar. Em novembro, estivemos reunidos em São Paulo durante o XV Fórum Presença ANAMT. Transmitido pela primeira vez pela internet, o evento reuniu Médicos do Trabalho de todo o Brasil, ao lado de especialistas de diferentes áreas, para discutir as principais mudanças na área de Saúde e Segurança do Trabalho de 2016 e as perspectivas para 2017. A rica e intensa programação científica já está disponível em nosso site para todos os associados.

Na ocasião, ocorreu também a votação e o anúncio da cidade--sede do Congresso ANAMT 2019. Após um processo que envol-veu as Vice-Presidências Regionais e Nacional, as Federadas, o Nú-cleo Executivo e a nossa Diretoria, Brasília foi a cidade mais votada e receberá todos de braços abertos no próximo congresso.

E as inovações não pararam por aí. Pela primeira vez, aplica-mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo deste Jornal, pelo diretor de Título de Especialista, Dr. Alfredo Cherem.

A todos que participaram do Fórum e da Prova do Título, ma-nifesto meus sinceros agradecimentos. Ocasiões como essa são essenciais para trocar experiência, aproximar especialistas e forta-lecer a ANAMT. Juntos somos mais fortes e podemos levar a Medi-cina do Trabalho ainda mais longe no Brasil.

Em uma merecida homenagem, a ANAMT publicou artigo ce-lebrando os 50 anos da Fundacentro, além de renovar seu com-promisso com essa parceria histórica e estratégica para a Saúde

dos Trabalhadores. Além de participarmos dos eventos comemo-rativos e homenagearmos a entidade no Fórum, entrevistamos o seu novo presidente, Paulo Ricardo Arsego, sobre suas expectati-vas à frente da instituição.

A exposição a substâncias que prejudicam a saúde dos tra-balhadores e as mudanças normativas para diminuir os riscos de adoecimento relacionado ao trabalho são tratados neste número. O Anexo 2 da NR 9, aprovado em setembro, reforça as medidas para proteger trabalhadores expostos ao benzeno. Em outubro, as ações voltadas para o banimento do amianto foram tema de um seminário internacional ocorrido na cidade de Campinas. Ubirani Otero, do INCA, e Peter Poschen, diretor do Departamento de Em-presas da OIT, debateram as consequências da exposição à fibra mineral para a saúde dos trabalhadores, suas comunidades e as medidas para o banimento definitivo de seu uso.

Como se pode ver, nossa equipe caprichou no encerramento do ano. E eu não poderia terminar esta mensagem sem enviar meus votos de saúde e felicidades para as festas que se aproxi-mam. Que todos nós possamos compartilhar bons momentos com a família e os amigos. E que possamos começar 2017 com esperança renovada.

Boa leitura!

m e n s a g e m d a p r e s i d e n t e

Jornal da ANAMT2 Dezembro 2016

Page 3: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT

f e d e r a d a s

Formação MédicaEstamos desejando e lutando por novos tempos, em que

o Brasil melhore seus indicadores, principalmente relaciona-dos a educação e saúde. Não está fácil, mesmo com a mu-dança do governo, pois ainda há muitas pessoas com velhos hábitos e práticas caducas, de pensar em benefício próprio, de um grupo, no partido ou na patota.

Perseguimos a qualidade no atendimento e a segurança do paciente. Não podemos nos desviar disso e, para conse-guirmos, importa muito a qualidade na formação, quer na graduação, quanto na pós-graduação, além de incentivarmos a educação médica permanente. Não acreditamos em quali-dade no atendimento feito por quem não se atualiza profis-sionalmente. A ciência evolui muito rapidamente, a medicina mais notadamente. São muitas novas técnicas para diagnós-tico e tratamento, novos medicamentos, novos equipamen-tos médicos, “devices”.

A Associação Médica Brasileira (AMB) participa ativamen-te das discussões com a Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) nesse momento sobre o “Fator de Qualidade”. Temos defendido que o Título de Especialista deve ser “pon-to de corte” e que deverá pontuar melhor a atualização pro-fissional (CNA – Comissão Nacional de Acreditação) da AMB. Não desviemos do mérito, daquele que faz o melhor pelo paciente, notadamente atualizando e reciclando conheci-mentos. Temos sim médicos melhores que outros, temos sim médicos que atuam no estado da arte, temos sim médicos que estudam no cotidiano, que se atualizam e outros não.

Pensamos ser muito importante trabalharmos juntos, to-das as entidades médicas focadas no coletivo, na qualidade, e oferecendo sempre o melhor e mais seguro para os pacientes, preferencialmente com fortes evidências científicas. Não pode-mos, nem devemos aceitar passivamente tudo que é novo, sem questionarmos várias análises: custo-eficácia, custo-efetividade, custo-benefício. Serve para quê? Para quem? O que muda em relação ao existente? A que custo? Tem evidência científica forte?

Fizemos muito em 2016, apesar das graves ameaças e agressões que sofremos. Torçamos para que 2017 seja um ano de muitas conquistas, e que essas tragam benefícios aos nossos pacientes. Estejamos juntos, unidos e irmanados nas boas causas.

Um Natal harmonioso e 2017 pleno de realizações, paz, saúde e felicidades!

Florentino CardosoPresidente da AMB

*Esse artigo é assinado pela AMB e não reflete necessariam

ente a opinião da ANAM

T.

30ª JORNADA DA AMIMT

A Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMIMT) realizou em Belo Horizonte entre 27 e 29 de outubro a 30º Jornada da AMIMT. No primeiro dia, ocorreram cursos pré-congresso e, nos dias seguintes, o Fórum AMIMT, com palestras, debates e exposições sobre temas relacionados ao dia a dia da Medicina do Trabalho. No dia 28, também foi promovido um jantar de confraternização em comemoração ao Dia do Médico do Trabalho.

SST NO PARANÁ

Conhecimento, Habilidades e Atitudes para Médicos do Trabalho foi o tema principal da Jornada Paranaense de Saúde Ocupacional, promovida pela Associação Paranaense de Medicina do Trabalho (APAMT) entre 24 e 26 de novembro. O evento, que foi realizado juntamente com o II Encontro Iberoamericano e o II Simpósio Paranaense de Higiene Ocupacional, reuniu palestras sobre assuntos como Sistemas de Acreditação em Medicina do Trabalho, Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho e Avaliação de Aptidão de Motoristas Profissionais.

IX JORNADA CEARENSE DE MEDICINA DO TRABALHO

A Associação Cearense de Medicina do Trabalho (ACEMT) realizou entre os dias 19 e 21 de outubro a IX Jornada Cearense de Medicina do Trabalho. O evento, em Fortaleza (CE), teve a participação da presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini, que abordou o tema Competências Necessárias ao Exercício de Medicina de Trabalho. O assunto principal da Jornada foi Cenário Atual da Gestão e da Segurança no Trabalho.

SOGAMT PROMOVE JORNADA

Entre os dias 20 e 22 de outubro, a Sociedade Gaúcha de Medicina do Trabalho (SOGAMT) realizou a 23ª Jornada Gaúcha de Medicina do Trabalho, que abordou assuntos do cotidiano dos médicos do trabalho, como Estresse no Ambiente de Trabalho, Trabalhos em Turno e Noturno e o Desafio do Médico do Trabalho como Gestor e Líder. O evento também homenageou Dr. Antônio Mário Guimarães, ex-presidente e conselheiro da entidade, falecido em 2016.

SP ABORDA EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS EM MEDICINA DO TRABALHO

A Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT-SP) promoveu em 22 de outubro a Jornada Científica de Medicina do Trabalho na capital paulista. Na ocasião, ocorreram três palestras sobre experiências práticas na área de SST de diversos setores.

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 3

Page 4: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Consulte o texto dessas e de outras portarias no site www.anamt.org.br

10/05/2016Estabelece que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deverá convocar para a realização de perícia médica os segurados que estavam em gozo de benefício por incapacidade mantidos há mais de dois anos. A convocação de que trata o caput não inclui os aposentados por invalidez que já tenham completado sessenta anos de idade.

Congresso Nacional: http://www.planalto.gov.br/legislacao

Diário Oficial da União: http://portal.in.gov.br/

Conselho Federal de Medicina: http://www.portal.cfm.org.br

Portaria IM nº 127- 04/08/2016

Portaria IM nº 127-

04/08/2016

Portaria MT nº 1109- 22/09/2016

Aprova o Anexo 2 (Exposição Ocupacional ao Benzeno em Postos de Revendedores de Combustíveis) da NR 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).

Exposição ao benzenoA Portaria nº 1.109/2016, do Ministério do Trabalho, foi publicada no D.O.U. no dia 22 de setembro e aprovou o

Anexo 2 (Exposição Ocupacional ao Benzeno em Postos de Revendedores de Combustíveis) da NR 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). A principal inovação estabeleceu requisitos para o funcionamento das bombas de combustíveis, como a obrigatoriedade da instalação de sistema de recuperação de vapores. As novas medidas refor-çam o uso de EPIs e sinalizações, como a fixação junto às bombas de cartaz que conscientize dos riscos de contami-nação pelo benzeno contido na gasolina. Entre outras medidas, o texto obriga a realização de hemograma completo com contagem de plaquetas e reticulócitos com frequência mínima semestral.

Dra. Rosylane RochaDiretora de Legislação da ANAMT

Institui que o INSS deverá convo-car os segurados que recebiam o benefí-cio por incapacidade há mais de dois anos para perícia médica.

l e g i s l a ç ã o

Principais destaques:

Principais mudanças:

Jornal da ANAMT4 Dezembro 2016

Page 5: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT

S S T n a m í d i a

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 5

Lei do MotoristaA Lei nº 13.103/2015, conhecida como Lei do Motorista, e a proposta de reforma trabalhista foram tema de matéria

do CNT Jornal de 15 de novembro. A reportagem, gravada durante o XV Fórum Presença ANAMT, reúne depoimentos da presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini; a diretora de Legislação, Dra. Rosylane Rocha; e o diretor de Relações Inter-nacionais, Dr. João Silvestre da Silva-Junior.

“O que defendemos é que haja um programa de prevenção de dependência química, de álcool e outras drogas de uma forma contínua”, observa Dr. Rosylane Rocha na matéria em relação à obrigatoriedade de exame toxicológico esta-belecida pela Lei.

Trabalho em altura e ambulatórios médicos nas empresasNa edição de setembro da Revista Cipa, a presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini,

foi uma das entrevistadas na matéria de capa, que abordou o trabalho em altura e a apli-cação da NR 35 para evitar acidentes nessa situação. Em sua participação, ela alertou para a importância do planejamento do trabalho em altura e reconheceu os riscos existentes da realização da atividade.

“É preciso também que haja medidas de prevenção contra quedas com plataformas de proteção, andaimes, escadas, rampas e passarelas. As jornadas de trabalho devem permitir a recuperação física, evitando a fadiga, bem como que haja boa relação entre trabalhadores e supervisores, para que diariamente sejam avaliadas as condições gerais de trabalho”, pontou Dra. Marcia Bandini à publicação.

Em outra matéria da revista, sobre a manutenção de ambulatórios médicos para reduzir o absenteísmo, o diretor administrativo adjunto da ANAMT, Dr. Fernando Mariya, abordou a obrigatoriedade de ambulatórios na indústria da construção, conforme determinado na NR 18, o que desobriga a existência dessa estrutura em outras empresas. “Não há norma em âmbito federal que obrigue a existência de uma unidade de pronto atendimento. O que pode haver é uma convenção coletiva ou legislação estadual ou municipal”, explicou Dr. Fernando.

Saúde e estresseA presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini, foi entrevistada

em matéria da edição de 11 de novembro do telejornal Bom Dia Brasil, da TV Globo. A reportagem abordou a influência do estres-se na saúde dos trabalhadores no Brasil e no mundo. “Algumas doenças são transtornos mentais, como transtornos depressivos e de ansiedade, e outras são bem concretas, como doenças car-diovasculares”, pontuou Dra. Marcia.

Page 6: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

e m d e s t a q u e

Jornal da ANAMT6 Dezembro 2016

Pela primeira vez, em uma iniciativa inovado-ra e transparente, os associados da ANAMT pude-ram votar na cidade que sediará o Congresso Na-cional da Associação. O evento, que vai acontecer em 2019, será realizado em Brasília. Concorreu com a capital federal o Rio de Janeiro. O local foi decidido por meio de uma votação realizada no dia 15 de novembro, durante o XV Fórum Presen-ça ANAMT, na qual os associados puderam votar presencial e virtualmente.

A seleção das concorrentes teve a participa-ção direta das Federadas, por meio da definição de um prazo de inscrição e critérios para seleção, como apoio das instituições, custos, atratividade, etc. A comissão julgadora foi formada pelo Núcleo Executivo e pela Diretoria Científica da ANAMT.

“No momento em que permite a participação dos Associados na escolha da cidade-sede e a livre participação das Federadas por meio da apresen-tação de suas propostas, a ANAMT oportuniza uma escolha democrática”, declarou a vice-presidente da Região Centro-Oeste, Dra. Angélle Jácomo.

“Brasília é a capital do país e já recebeu con-gressos de diversas sociedades de especialidades. Sua estrutura atrai o público pelo conforto, preço e opções de lazer, sem custar caro. Estamos com grandes parcerias com o governo, restaurantes e uma rede de hoteis, o que permitirá um grande evento com muitos benefícios para a ANAMT e para os participantes”, defendeu.

Em 21 de outubro, a Fundacentro comemorou 50 anos de funda-ção e a ANAMT marcou presença em um evento de palestras gratui-tas, em São Paulo (SP). A Associação foi representada pelo editor da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho (RBMT), Prof. René Men-des, e pelo diretor administrativo adjunto, Dr. Fernando Mariya.

A Fundacentro nasceu com a missão de formar profissionais qua-lificados e produzir conhecimento aplicado e construiu a maior biblio-teca sobre Saúde e Segurança da América Latina. Além das apresenta-ções, seus 50 anos foram celebrados com um selo comemorativo, uma placa comemorativa e a apresentação do livro “Fundacentro: Meio século de segurança e saúde no trabalho”, elaborado pelo Grupo de Resgate Histórico da entidade.

Prof. René iniciou sua carreira como Médico do Trabalho na insti-tuição, onde trabalhou de 1972 a 1976 e foi o responsável pela criação do Ambulatório de Moléstias Profissionais, fruto de um convênio com a então Escola Paulista de Medicina. O ambulatório foi uma referência para os estudos de doenças profissionais.

“Fiquei honrado e feliz por haver sido convidado para o evento de co-memoração em um misto de protagonista e batalhador em prol da mes-ma causa e por poder contribuir com uma breve avaliação histórica de sua razão de ser, cotejando-a com a história da SST na América Latina e no mundo. A Fundacentro tornou-se grande protagonista da promoção da SST no Brasil, o que trouxe muitos frutos, inclusive para expansão e con-solidação da ANAMT, criada em 1969. Vivi esse bom momento expansio-nista e pioneiro e me considero parte dessa história vitoriosa”, declarou.

A presidente da ANAMT, Dra. Marcia Bandini, publicou um artigo sobre o cinquentenário, no qual enfatizou a vocação da instituição para formar pessoas e o pioneirismo do mestrado acadêmico com programa específico e exclusivo de SST.

“Mais do que celebrar a história e o legado da Fundacentro, a ANAMT manifesta seu apoio ao futuro da instituição. A realidade dos mundos do trabalho no Brasil, em sintonia com o que acontece no restante do mundo, impõe desafios e problemas múltiplos – novos e velhos – que, para serem superados, exigem mais do que a participação, mas a ação cooperativa de todas as forças sociais”, disse.

Prof. René Mendes realiza palestra no evento

comemorativo pelos 50 anos da Fundacento

Congresso ANAMT 2019 define cidade-sede

Bodas de ouro

Page 7: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 7

Novas Comissões Técnicas e Grupos de Trabalho aprimoram debate científico na ANAMT

Cumprir a missão de ser referência técnico-científica para os médicos do trabalho e contribuir para a elaboração e a implementação de políti-cas para a saúde do trabalhador. Nesse sentido, o Conselho Técnico da ANAMT - board científico da atual gestão - tem discutido e implementado estratégias de ação, por meio da elaboração de documentos técnicos, pa-receres, relatórios e da organização de eventos destinados a atualização profissional, educação continuada e suporte técnico dos associados e de outras instâncias sociais, pontuados pela diretora Científica da ANAMT, Dra. Elizabeth Dias.

Inicialmente, foram confirmadas as Comissões Técnicas de Promo-ção da Saúde no Trabalho e de Inclusão e Diversidade e criadas as de Perícia Médica, Gestão em Saúde e História da Medicina do Trabalho, esta última comprometida com a organização das celebrações dos 50 anos da ANAMT, em 2018.

Também foram estabelecidas as CTs de Educação Continuada e de Ensi-no e Formação, esta última formada pelos presidentes dos três Grupos de Trabalho (GTs) respectivamente, de Ensino nos cursos de Graduação Médi-ca, Residência em Medicina do Trabalho e Cursos de Especialização em Me-dicina do Trabalho. A expectativa é de que o GT Graduação Médica faça um inventário sobre a situação do ensino da Medicina do Trabalho nos cursos médicos, defina conteúdos básicos e estratégias pedagógicas, em sintonia com as competências requeridas para o exercício da especialidade e as Di-retrizes Curriculares Nacionais (DCN) elaboradas pelo Ministério da Educa-ção, o CFM e a AMB. Os GTs de Residência Médica e dos Cursos de Especia-lização devem contribuir para o diagnóstico da situação atual de formação na especialidade no Brasil e facilitar o intercâmbio entre os programas.

A Comissão Técnica de Educação Continuada tem por objetivo orga-nizar e implementar a capacitação e o suporte profissional, de modo ar-ticulado com as demais CTs e diretorias da ANAMT, as sociedades de es-pecialidade médicas afins e com outros setores sociais envolvidos com o tema. Espera-se que os trabalhos desenvolvidos, além de subsidiar as boas práticas da especialidade, sejam divulgados na Revista Brasileira de Medicina do Trabalho (RBMT).

ComissõesA criação de novos grupos de trabalho está aberta a especialistas e

associados da ANAMT de acordo com o edital publicado no site, no link migre.me/vz2Pb, e se encerra em 30 de janeiro de 2017. A composição das Comissões Técnicas pode ser visualizada na seção “Conselho Técni-co” do site da ANAMT.

“Espera-se que as CTs e o Conselho Técnico-Científico da ANAMT te-nham presença ativa e enriquecedora para a vida associativa, aproximando a instituição de suas bases, incorporando saberes e metodologias desenvol-vidas no cotidiano de trabalho pelos profissionais”, ressalta Dra. Elizabeth.

Parceria internacional

A ANAMT fará a adaptação de três ins-trumentos do Center for Work, Health and Well-Being da Harvard T.H. Chan School of Public Health, dos EUA. O projeto ocorre-rá por meio do presidente do Conselho Técnico de Promoção da Saúde no Traba-lho da Associação, Dr. Rodrigo Demarch, que conheceu pesquisadores do Instituto em 2012.

“Fui à Escola fazer um curso de gestão integrada de saúde ocupacional, seguran-ça e qualidade de vida e mantemos con-tato desde então. Com a criação do Con-selho Técnico de Promoção da Saúde no Trabalho da ANAMT, entendemos que se-ria uma boa oportunidade para trabalhar na adaptação dessas valiosas ferramentas e disseminá-las para a comunidade médi-ca e de profissionais de saúde do trabalho do Brasil”, explica Dr. Rodrigo Demarch.

“Indicators of Integration Scorecard”, “Dimensions of Corporate Well-Being Scorecard” e “Dimensions of Corporate Safety Scorecard” são os títulos a serem adaptados. A troca de informações trazi-da pela parceria da ANAMT com institui-ções internacionais de excelência científi-ca é um dos aspectos ressaltados por Dr. Demarch em relação ao projeto.

“Isso gera valor para o associado da ANAMT e para a comunidade científica bra-sileira. Também nos permite disponibilizar, para profissionais de medicina do trabalho, instrumentos que possibilitarão a compara-ção de nossas práticas com organizações de outros países. Além disso, reforça nossa po-sição como comunidade médica e científica interessada e engajada nas melhores e mais atuais práticas existentes”.

Page 8: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT

d e b a t e

8 Dezembro 2016

Ainda usado na fabricação de telhas de fibra onduladas, tubos, e outros mate-riais, o amianto é uma fibra mineral que põe em risco a saúde dos trabalhadores e de outras pessoas que têm contato com a substância desde a fabricação até o uso final ao inalarem as fibras suspensas no ar. Em consequência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 125 milhões de pessoas estejam expostas aos efeitos e 100 mil mortes sejam causadas pelo material todos os anos.

Doenças como mesotelioma, cân-ceres de pulmão, laringe e ovário estão entre as ocorrências associadas à expo-sição da substância, que também afeta as famílias dos trabalhadores que trans-portam as fibras presas às roupas, assim como vizinhos e moradores de prédios em que as telhas são manipuladas. O intervalo entre a exposição e o desen-

volvimento das doenças é entre 20 e 40 anos, o que, para o representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Peter Poschen, atrasa a tomada de consciência e a continuidade de iniciativas relacionadas ao banimento da substância.

De acordo com Ubirani Otero, epi-demiologista responsável pela Unidade Técnica de Exposição Ocupacional Am-biental e Câncer do INCA, ainda que o Brasil seja o terceiro maior exportador de amianto do mundo, os casos registrados ainda podem ser considerados poucos. As estatísticas, porém, não captam a to-talidade da situação.

“Acreditamos que os sistemas de informações de morbidade e morta-lidade ainda não conseguiram captar todo o quantitativo dos casos e dos óbitos por doenças associadas ao

amianto. Registros hospitalares e de Mortalidade por Câncer conseguiram captar entre 2004 e 2013, cerca de 370 casos e 800 óbitos entre indivíduos de 30 anos ou mais. Esse número discre-pante entre casos diagnosticados e óbitos já são um indicativo importante de que os números que temos não ex-pressam a realidade devido a erros de diagnóstico e sub-registro apontados em vários estudos sobre o tema”.

Ainda que os trabalhadores utilizem EPIs no contato com o amianto, Ubirani Otero ressalta que isso não neutraliza os riscos à saúde e à segurança das pesso-as: “Não existe uso seguro do amianto, mesmo que as empresas invistam em medidas de controle. Os produtos des-cartados são considerados igualmente perigosos e podem gerar grandes pro-blemas ambientais”.

Fabricado e utilizado no Brasil, amianto apresenta risco à saúde dos trabalhadores e outras populações

Risco a ser eliminado

Banimento do amianto é tema de seminário internacionalNos dias 6 e 7 de outubro, o Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com o Departamento Intersin-

dical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT), realizou em Campinas (SP) o seminá-rio internacional Amianto: uma abordagem sócio-jurídica. Além do Brasil, autoridades de Itália, Portugal, Estados Unidos e Reino Unido abordaram os aspectos econômicos, jurídicos, sociais e ambientais relacionados à produção e ao uso da fibra, banida em 58 países.

Entre os dados abordados pelos palestrantes, o amianto é consumido em 28 países, entre os quais cinco usam mais de 100 mil toneladas anualmente. Além disso, 300 toneladas do mineral foram exportadas pelo Brasil em 2015 e pode ser encontrado em brinquedos, eletrodomésticos e peças automobilísticas. Na ocasião, o procurador-chefe do MPT de Campinas, Eduardo Luís Amgarten, afirmou que duas empresas locais se comprometeram a parar de produzir materiais com amianto até janeiro de 2017 em acordo firmado com o Ministério Público, o que resultará em pagamento de inde-nização de R$ 1,6 milhão, mas tornará São Paulo o primeiro estado do Brasil a efetivamente banir o amianto.

Page 9: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Dezembro 2016 9

Risco a ser eliminadoPara diminuir a incidência das doenças, a substituição da

fibra por outros compostos alternativos seria a solução mais adequada. Entretanto, segundo Peter Poschen, somente cinco estados brasileiros (Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo) têm legislações proibitivas e atu-almente há um julgamento no Superior Tribunal Federal (STF) sobre essas legislações e a possibilidade de banimento em ní-vel nacional em tramitação. A situação mais crítica é na região de Minaçu (GO), cidade que abriga a única fábrica extratora de amianto em atividade no Brasil.

“Lá, um grupo de 3 a 4 mil trabalhadores depende direta-mente do amianto. Deveria ser aplicado um plano de transição econômica e social justa para o local. A OIT adotou orientações para isso em outubro de 2015. É impensável aceitar o risco e as consequências econômicas e de saúde para a sociedade no geral”, analisa Peter Poschen, que acrescenta: "A posição da OIT é clara, na Conferência Internacional do Trabalho de 2006, governos, em-pregadores e trabalhadores de todos os países adotaram uma re-solução pedindo o fim do amianto. Essa posição é compartilhada pela OMS e pelo Banco Mundial ".

Outras possibilidadesEntre as alternativas existentes ao amianto, há produtos como

cimento sintético e fibras de celulose. Poschen menciona um estu-do da Unicamp sobre materiais alternativos em que o custo é 10% maior na produção, mas que não se estende ao resto da cadeia produtiva: “Considerando todo o processo, fora o preço da saúde, as incidências de câncer aos trabalhadores e moradores dos pré-dios, só em custos econômicos diretos, o custo é marginal”.

Além de outros materiais, o reconhecimento aos riscos nas esferas sociais, políticas e econômicas é outro desafio para o ba-nimento no país. Ubirani Otero também pontua a necessidade de trabalho multidisciplinar articulado entre instituições gover-namentais para obter informações relevantes de aspectos como morbidade, mortalidade, afastamento por doença e quantifica-ção da exposição.

“Estamos avançando muito lentamente, mas de forma um pouco mais organizada. Acredito que a médio, longo prazo, o Brasil vote favoravelmente pelo banimento do amianto. Que o interesse na saúde e bem-estar das pessoas prevaleça”, conclui a epidemiologista.

Cidade do amiantoLocalizada a 500 km de Goiânia, Minaçu tem

cerca de 31 mil habitantes e abriga a mina de Cana Brava, da qual é extraído o amianto crisotila, uma das atividades que mais impactam na arrecadação e na economia local. Em matéria publicada no jornal O Globo em 2012, além dos relatos de moradores cujos parentes morreram em decorrência da exposição ao amianto, o plano do município era estabelecer um cronograma de banimento do mesmo, caso o a mi-neração se tornasse inviável.

Entre as iniciativas da mineradora em relação aos ex-empregados doentes na época, estava a proposi-ção de Instrumentos Particulares de Transação (IPT), no qual as vítimas abriam mão de processos judiciais, além de concessão de plano de saúde e indenizações.

Além das telhas, amianto é utilizado na fabricação de caixas d´água

Jornal da ANAMT

Page 10: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

c a p a

Jornal da ANAMT10 Dezembro 2016

Análise do presente e olhares para o futuroCom participações presenciais e transmissão pela internet, XV Fórum Presença ANAMT aborda temas relevantes da área de SST

O XV Fórum Presença ANAMT reu-niu 170 Médicos do Trabalho em São Paulo, no dia 15 de novembro, e mais de 300 profissionais da saúde que acom-panharam a transmissão ao vivo pela Internet em uma iniciativa inédita da Associação. A programação foi dividida em blocos e classificada por assunto, se-guindo o tema principal: Destaques de 2016 e Olhares para 2017.

O presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, abriu o dia de debates com uma discussão sobre os impactos das transfor-

mações políticas, econômicas e sociais no Brasil neste ano e as perspectivas para 2017. Ele classificou o modelo de desen-volvimento atual como insustentável, im-pactante ambiental e socialmente. Para ele, a humanidade desenvolveu muito a habilidade de fazer e pouco a capacidade de compreender.

“Precisamos trabalhar as questões sociais, ambientais e éticas para de-senvolver uma agenda mais susten-tável. O aspecto econômico prepon-derou durante muito tempo, depois

vieram as preocupações sociais e am-bientais e agora existe a preocupação com a integridade e a ética. As empre-sas são responsáveis por dois terços da geração de riqueza no mundo e, dentro desse contexto, o Médico do Trabalho pode ter um papel estraté-gico fundamental para avançar nessa agenda”, afirmou o presidente.

Legislações de destaqueO radar de Legislação, coordenado

pela diretora de Legislação da ANAMT Dra. Rosylane Rocha, abordou as leis

Page 11: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 11

da Gestante, do Motorista e o Projeto de Lei dos Agrotóxicos, textos que têm impacto direto na prática diária dos Mé-dicos do Trabalho. Na área da gestão, foram discutidos os temas Retorno de Investimento e Valor de Investimento, eSocial e programas de inclusão, tema abordado pelo presidente da Consulto-ria Txai, Reinaldo Bulgarelli.

Ele ressaltou que não basta dizer não à discriminação, é preciso dizer sim para a diversidade, e valorizar o ambiente onde as pessoas possam ser quem são, se expressar e interagir com todos.

“Isso tem impactos para o negócio e para a sociedade. A humanidade é muito mais do que métricas da normalidade. O horizonte positivo avesso à discriminação é a valorização da diversidade”, disse.

Radar científico À tarde, o radar científico contou com

a participação do Dr. Sebastião Geraldo de Oliveira, desembargador do TRT-MG, que falou sobre o Programa Trabalho Seguro, cuja agenda será em torno dos transtor-nos mentais relacionados ao trabalho até 2017. Segundo ele, os magistrados têm interesse em se aprofundar nesse tema para que se possa fazer justiça.

“Para nós juízes, ainda é um tema muito nebuloso. Nosso desafio é trans-formar mistérios em problemas, pois problemas podem ter solução. É preci-so que o perito compreenda mais sobre dano moral e o juiz entenda mais sobre dano”, sugeriu ele, que incentivou a tro-ca de conhecimento entre as áreas e um diálogo mais próximo em prol da saúde e da justiça para com os trabalhadores.

A Dra. Alexandrina Meleiro, da As-sociação Brasileira de Psiquiatria (ABP), alertou sobre os casos de suicídio no lo-cal de trabalho. Ela fez algumas provo-cações sobre os problemas existentes no ambiente de trabalho que podem levar o trabalhador ao suicídio e apre-sentou dados como o Brasil ser o oitavo país no mundo e número um na Amé-

Assessoria jurídicaA partir de 2017, os associa-

dos da ANAMT terão apoio jurí-dico em questões relacionadas ao exercício da especialidade por meio do Programa de Assis-tência Jurídica aos Associados. Trata-se de mais um benefício oferecido pela diretoria e subsi-diado pela Associação.

O coordenador jurídico es-pecialista em Direito Médico da ANAMT, Carlos Michaelis Jr., ex-plica que a consultoria especia-lizada em Medicina do Trabalho será gratuita e que os associados arcarão apenas com as despesas naturais do próprio processo:

“Vamos trabalhar sempre com escoramento legal da AMB nas questões ligadas à defesa profissional. Todo associado que tiver dúvida, precisar de parecer, orientação jurídica com relação ao Ministério do Trabalho e Previ-dência Social, CFM, AMB e outros meandros da especialidade da me-dicina do trabalho terá como acio-nar o departamento jurídico da ANAMT e endereçar essas ques-tões ao jurídico, que responderá com apoio também da diretoria”. O serviço estará disponível para sócios adimplentes da ANAMT a partir de janeiro de 2017, por e-mail ([email protected]).

rica Latina em números de suicídios, onde 32 pessoas tiram suas vidas todos os dias. Ainda nesse radar, a ANAMT entregou uma placa comemorativa dos 50 anos da Fundacentro ao diretor téc-nico da entidade, o físico Robson Spi-nelli Gomes, que falou sobre a falta de investimento na instituição e atentou para alguns problemas da atualidade.

“Atualmente, o orçamento da Funda-centro representa 0,15% do orçamento do Ministério do Trabalho e essa preca-riedade limita nossa atuação”, criticou. Sobre o tema do radar, Robson analisou: “O medo é a única sensação que faz o tra-balhador repensar um comportamento que possa levá-lo a perder a vida”.

A programação seguiu com palestras sobre o núcleo de diretrizes técnicas da ANAMT, apresentada pelo Coordenador Dr. José Domingos Neto, e sobre a dire-triz técnica de Rastreamento de Álcool e Outras Drogas entre Trabalhadores, apresentada pelo diretor de Relações Internacionais da ANAMT, Dr. João Sil-vestre da Silva-Junior. O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Dr. Carlos Vital, foi o convidado especial do radar Ética e Defesa Profissional, no qual falou sobre a revisão do Código de Ética Médica. Sua expectativa é que a revisão torne o material cada vez mais benigno e humanitário, como vem acontecendo desde 1988.

“Carl Jung falou: ‘Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas ou-tra alma humana’. Os médicos, ao tocar uma alma humana, o fazem com diálo-gos francos e humanamente igualitários. O ético desempenho da Medicina nada mais é do que o exercício da cidadania em tempo integral”, declarou o presiden-te do CFM.

No bloco reservado para o Título de Especialista, o diretor de Título de Espe-cialista da ANAMT, Dr. Alfredo Cherem, explicou as mudanças pelas quais o exa-me passou. A prova informatizada apli-

Page 12: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT12 Dezembro 2016

cada na última segunda-feira (14) foi a primeira com o novo modelo e contou com 301 candidatos. Já Dr. Alexandre Fogaça, da Sociedade Brasileira de Orto-pedia e Traumatologia (SBOT), mostrou como é a prova de título de especialista da entidade e destacou a importância da avaliação de habilidades e atitudes, além dos conhecimentos específicos.

Dr. Antonio Jorge Salomão, secretá-rio-geral da AMB, falou sobre a diferen-ça entre os cursos de pós-graduação e a residência médica, que classificou como o “padrão ouro” para os profissionais que desejam a especialização em Me-dicina do Trabalho. O médico apresen-tou as dificuldades encaradas pela AMB acerca dos profissionais que realizam a especialização lato sensu e enfrentam a entidade judicialmente para realizar a prova de título, mesmo não tendo o curso reconhecido.

“Os alunos saem da universidade precisando da residência médica, por-que o ensino não abrange todo o co-nhecimento científico. O programa de residência médica, cumprido integral-mente, confere ao médico o título de especialista. Nossa especialidade está

sendo invadida por cursos de 360 horas que oferecem diplomas, mas não são reconhecidos pelo CFM para comprovar título de especialista”, alertou.

EncerramentoEm sua fala, a Dra. Marcia Bandini,

presidente da ANAMT, agradeceu ao coordenador do Fórum, Dr. Hudson de Oliveira, e enalteceu a programação científica do evento. Ela aproveitou para destacar as principais conquistas dos pri-meiros seis meses de sua gestão, como o aumento de 13% no quadro associa-tivo, as mudanças na Prova de Título de Especialista, a criação do Programa de Educação Continuada e o investimento na Revista Brasileira de Medicina do Tra-balho (RBMT).

“A gestão eficiente e sustentável é um compromisso para dentro da ANAMT e para os associados. Se a ANAMT tiver processos mais eficientes, o associado será mais bem atendido. Buscamos mais transparência na prestação de contas, a representação internacional para fortale-cer a especialidade no nosso continente, oferecer um programa de benefício mais robusto para o associado, entre outras bandeiras”, lembrou a presidente.

Responsabilidade social

O Instituto Adus, que apóia refugiados e solicitantes de re-fúgio em processo de integração no Brasil, foi convidado para di-vulgar seu trabalho no evento. Ao longo do dia, o Instituto pôde sensibilizar os participantes so-bre a questão do refúgio e seus representantes falaram sobre o projeto, que há seis anos dá su-porte a essa população por meio de aulas de português, cursos de qualificação profissional, ajuda na inserção no mercado de traba-lho e apoio psicológico. Além dis-so, os refugiados complementam sua renda dando aulas de inglês, francês e árabe e conduzindo workshops de gastronomia.

"Nosso foco é gerar renda e empoderar essas pessoas. Nossa proposta hoje foi dar visibilidade a esse trabalho, fazer as pessoas entenderem e conhecerem mais sobre esse tema que está ganhan-do cada vez mais relevância no Brasil. A saúde é uma das áreas fundamentais nesse processo de integração", disse Marcelo Haydu, um dos fundadores do instituto.

O Adus também vendeu ca-misas e livros sobre o tema e arrecadou mais de R$ 4 mil para a causa.

c a p a

01

02 03

04

05

Page 13: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 13

Durante o Fórum, a presidente da Comissão Técnica de Educação Continu-ada, Dra. Raquel Bonesana, apresentou o programa da área proposto para 2017. Essa nova Comissão Técnica da ANAMT será uma oportunidade de dialogar com as demais Comissões, com o Conselho Técnico, com as demais diretorias, com os Médicos do Trabalho e com profissio-nais da área de Saúde do Trabalhador. O objetivo é construir uma proposta que harmonize os interesses e que possa acrescentar conhecimento técnico, le-gal e científico, além de desenvolver um trabalho alinhado com as competências requeridas para a formação do Médico do Trabalho.

Dra. Raquel explicou que a proposta se fundamenta em três eixos de diálogo: dialogar com as demais especialidades médicas e com os saberes necessários para o exercício da Medicina do Tra-balho; dialogar com o conhecimento

acerca da legislação nacional e interna-cional em Saúde e Segurança; e dialogar com o desenvolvimento das compe-tências transversais, como atitudes da liderança, desenvolvimento de pessoas, orientação para resultados, trabalho em equipe, gestão da diversidade, gestão de projetos.

“Dessa forma, o projeto harmoniza-rá os interesses e as necessidades para o desenvolvimento das competências e habilidades requeridas para o exercício da especialidade. O programa será de-senvolvido com imaginação e criativida-de por meio de workshops, aulas, fóruns de discussão, além de uma plataforma virtual, na qual os interessados poderão selecionar suas opções de interesse de maneira dinâmica e sinérgica. Vamos trabalhar com inovação, usando concei-tos de coworking, inovação aberta, mí-dia social e crowdsourcing (a sabedoria das multidões)” , afirmou Dra. Raquel.

Educação continuada

06

07

08 09

10 11

12 13

01. Durante o Fórum Presença ANAMT, o Instituto Adus vendeu produtos para arrecadar fundos para a causa da reintegração de refugiados no Brasil; 02. Dra. Raquel Bonesama, Dr. Thiago Pavin, Prof. Reinaldo Bugarelli e Dr. Cláudio de Campus Bello, que abordaram temas da área de gestão; 03. A president da ANAMT, Dra. Marcia Bandini, na abertura do Fórum; 04. Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, abordou os impactos das transformações políticas, econômicas e sociais no Brasil em 2016 e as perspectivas para 2017; 05. O director de Relações Internacionais da ANAMT, Dr. João Silvestre da Silva-Junior, fala sobre a Diretriz da ANAMT sobre Rastreamento de Álcool e Outras Drogas entre Trabalhadores; 06. Dr. Hudson Couto, coordenador do Fórum Presença ANAMT, com Dr. Mario Bonciani, Dr. Ricardo Hegele, Dra. Rosylane Rocha e Luiz Cláudio Meirelles no radar de Legislação; 07. O vice-presidente da ANAMT, Dr. Paulo Rebelo (de pé), com os participantes do painel Radar Científico: Robson Spinelli Gomes, Dra. Alexandrina Meleiro e Dr. Sebastião de Oliveira; 08. Dr. José Domingos Neto fala sobre o Núcleo Diretrizes da ANAMT; 09. Dr. Antonio Jorge Salomão, secretário-geral da AMB, no Painel Título de Especialista; 10. Dr. Alfredo Cherem fala sobre as inovações na Prova de Título de Especialista da ANAMT; 11. Dra. Joyce Ferro e Dra. Angélle Jácomo agradecem a escolha de Brasília como sede do Congresso ANAMT 2019; 12. Dra. Marcia Bandini entrega homenagem aos 50 anos da Fundacentro a Robson Spinelli Gomes; 13. Entre os dois turnos do evento, a Sanofi realizou uma apresentação

Page 14: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT14 Dezembro 2016

e n t r e v i s t a

Conte um pouco sua trajetória profissional até a presidên-cia da Fundacentro.

Fui vereador em Carazinho (RS) de 2001 a 2004. Na épo-ca, fui colega do ministro Ronaldo Nogueira. Depois, não concorri a uma nova eleição e voltei para a iniciativa priva-da. Depois, em 2008, Ronaldo Nogueira assumiu a Funda-ção Gaúcha do Trabalho e Ação Social, que cuida da empre-gabilidade do Rio Grande do Sul através das agências Sine. Fui convidado por ele para ser coordenador da agência de Carazinho e atender à regional. De lá para cá, continuamos a trabalhar juntos.

Quando ele se elegeu deputado federal suplente em 2010, fui trabalhar na Câmara como seu chefe de gabinete. Depois, quando se reelegeu titular, em 2014, voltei à Câ-mara, também como seu chefe de gabinete. Quando ele foi convidado pelo partido e pelo presidente Michel Temer para assumir o Ministério do Trabalho, fomos juntos. Saí de lá para concorrer à Prefeitura de Carazinho, mas não logra-mos êxito. Depois disso, em vez de retornar ao ministério, ele me perguntou se não gostaria de assumir a Fundacen-tro. Como já conhecia o tamanho do desafio, aceitei na hora e aqui estou.

O senhor foi por dois meses chefe de gabinete do ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira. Quais foram os principais aprendizados nesse período?

Aprendemos como funciona o Executivo. O Ministé-rio do Trabalho tem uma importância fundamental para auxiliar na empregabilidade do país, principalmente ao fazer com que os setores, do empregador e dos empre-gados, através dos sindicatos e das confederações, con-versem entre si. Esses dois meses foram riquíssimos para

o meu conhecimento e me capacitaram ainda mais para assumir esse desafio.

Como encarou o convite para ser presidente da Fundacentro?Me senti lisonjeado. Quem milita no setor público

conhece a Fundação e sua importância para o Brasil em termos de saúde e segurança do trabalhador e o seu am-biente de trabalho. Temos uma grande missão de torná--la conhecida no país inteiro. Encaro isso como a minha grande missão: fazer com que ela não seja reconhecida apenas pelas pessoas envolvidas em saúde e segurança do trabalhador, mas em todo o Brasil, porque nós cui-damos de todos os trabalhadores do país. Nosso corpo técnico-científico é fantástico, excelente. Por isso, temos muito a contribuir.

Qual é a sua expectativa para esse novo desafio?Não posso negar que o nosso primeiro grande pro-

blema são recursos. O primeiro passo é tratar de par-cerias. Temos grandes universidades parceiras da insti-tuição e o Ministério Público do Trabalho, parceiro em todas as unidades da federação. Estamos fazendo essas aproximações para minimizar as faltas e a carência que temos, principalmente oportunizando a profissionaliza-ção das instituições.

Dentro das comemorações dos 50 anos da Fundacentro, tenho um projeto pessoal a partir de 2017, que é instituir o Programa Jovem Cientista para o Brasil. Em parceira com as universidades, pretendo regionalizar as parcerias para al-cançarmos todo o país nesse grande programa, que entrará na escola permanente. O corpo técnico da Fundacentro já está trabalhando em um pré-projeto e pretendo finalizá-lo e lançá-lo até março de 2017.

Conhecimento em prol dos trabalhadores

Page 15: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 15

O novo presidente da Fundacentro, Paulo Ricardo Arsego, fala sobre as expectativas para o cargo e os próximos anos da entidade

A Fundacentro nasceu com a missão de formar profissio-nais qualificados e produzir conhecimento aplicado. Como o senhor avalia a importância da Fundacentro no Brasil?

A Fundacentro é fundamental. Se tivéssemos um qua-dro de colaboradores maior, poderíamos dar respostas ain-da maiores. Hoje temos essa dificuldade, mas nunca per-demos o foco. Precisamos trabalhar de forma institucional para que as ações comecem a acontecer e assumamos o protagonismo que sempre foi da Fundação. Hoje há uma situação em que percebo em alguns setores que perdemos isso que é nosso. Vou batalhar para retomarmos.

Neste ano, a Fundacentro completa 50 anos de história. Que conquistas o senhor destacaria nessa história?

Acredito que, dentro dos setores, a preocupação nossa em proteger o trabalhador em seu ambiente de trabalho, através da segurança e do meio ambiente legal, é a maior vitória da Fundação. E se cada vez mais pudermos contri-buir para isso, melhor ainda, porque auxiliaremos direta-mente na retomada da empregabilidade do Brasil, porque aí teríamos trabalhadores com menos doenças e acidentes.

Infelizmente, de 2010 para cá, os índices de acidentes de trabalho aumentaram e precisamos tratar isso de forma cada vez mais eficaz, auxiliando o Ministério do Trabalho, dando mais materiais para que os fiscais consigam contri-buir com esse projeto e o desenvolvimento do país.

Qual a perspectiva para os próximos 50 anos da Fundacentro?Estamos focados no desenvolvimento desses projetos

e cada vez mais oferecer novas tecnologias e conheci-mentos através do nosso corpo técnico, para que o tra-balhador seja protegido no seu ambiente e o empregador também esteja contente com o que ocorre. Se o traba-

lhador está feliz, o empresário também está e esses dois precisam conversar cada vez mais entre si. Quem sabe nós possamos ser o elo de ligação entre os dois polos? Um não vive sem o outro, se isso ocorrer, já estarei com a minha missão cumprida.

A Fundacentro tornou-se grande protagonista da promo-ção da SST no Brasil. Quais são os principais desafios para o país nessa área?

O principal desafio é ter condições de ter uma visibi-lidade maior, principalmente no campo, para que possa-mos levar até às pessoas o risco que elas estão correndo ou não. Esse é o nosso principal desafio: fazer com que a tecnologia, a pesquisa científica e o conhecimento cheguem à ponta, já que algumas ações executadas hoje incorrem em um risco grande aos trabalhadores, e que-remos evitar que isso aconteça. E assim, diminuamos os acidentes de trabalho no Brasil, porque hoje infelizmen-te, temos mais acidentes de trabalho do que acidentes de trânsito.

A Fundacentro foi pioneira no mestrado acadêmico com programa específico e exclusivo de SST. Como a Funda-centro vai tratar essa questão da formação profissional? Quais são os planos?

Estamos tratando isso de forma muito responsável. Me lisonjeei quando recebi o título de reitor do nosso curso e estamos focados. Tivemos reuniões recentes para desen-volvermos ações voltadas para o aumento do nosso pro-grama. O nosso curso é fantástico e precisamos cada vez mais enfocar nele porque essa também é uma das nossas missões: produzir o conhecimento e levá-lo ao maior nú-mero de pessoas.

O presidente da Fundacentro, Paulo Ricardo Arsego

Page 16: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

p o l í t i c a s p ú b l i c a s

Jornal da ANAMT16 Dezembro 2016

Trabalhadores de postos de gasolina e a comunidade no entorno convivem diariamente com um inimigo invisível: o benzeno, produto químico e cancerígeno contido na gasoli-na. Em setembro, Portaria nº 1.109 do Ministério do Traba-lho aprovou o Anexo 2 (Exposição Ocupacional ao Benzeno em Postos de Revendedores de Combustíveis) da Norma Re-gulamentadora nº 9 (Programa de Prevenção de Riscos Am-bientais - PPRA). As novas medidas reforçam o uso de Equi-pamentos de Proteção Individual e a sinalização nos postos de combustível.

Entre as principais mudanças, está o estabelecimento de re-quisitos para o funcionamento das bombas de combustíveis. O Anexo também prevê que os postos não poderão mais abaste-cer os carros após ser acionada a trava automática de segurança da bomba e também ficarão responsáveis pela higienização dos uniformes dos funcionários, que deverá ser realizada ao menos uma vez por semana.

“Os postos terão que afixar, junto às bombas de com-bustível, cartaz com os dizeres: ‘A gasolina contém benzeno, substância cancerígena. Risco à saúde.’ A medida visa cons-cientizar o trabalhador e a sociedade dos riscos de contami-nação. Além disso, os trabalhadores expostos a essa subs-tância terão que realizar, com frequência mínima semestral,

hemograma completo com contagem de plaquetas e reticu-lócitos, independentemente de outros exames previstos no PCMSO. Todos os exames terão quer ser catalogados em for-ma de planilha com todos os resultados e entregues ao tra-balhador em caso de rescisão de contrato”, explica a diretora de Legislação da ANAMT, Dra. Rosylane Rocha.

O benzeno é o quinto produto químico orgânico mais produzido no mundo e, além de cancerígeno, provoca efei-tos tóxicos para o sistema nervoso central. Em altas con-centrações, é uma substância irritante para as mucosas e, quando aspirado, pode provocar edema pulmonar e he-morragia nas áreas de contato. Os casos de intoxicação crô-nica podem variar desde a diminuição da quantidade das células do sangue até a ocorrência de leucemia ou anemia aplástica. Segundo Dra. Rosylane, a exposição aos vapores do benzeno é danosa à saúde e não existe limite seguro para essa exposição. Entretanto, políticas internas de segu-rança e práticas de saúde no trabalho podem neutralizar os danos, como treinamento especializado e vigilância das práticas inseguras dos trabalhadores:

“A legislação existe, mas o treinamento dos trabalhadores em SST é muito precário. Os hábitos afrontam as normas de segurança em relação à exposição à substância e têm sido rela-

Anexo na NR 9 reforça medidas para proteger trabalhadores de postos de gasolina da exposição ao vapor de benzeno

Veneno no ar

Medidas visam proteger os trabalhadores de postos de gasolina da exposição ao benzeno, produto químico contido na gasolina

Page 17: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 17

Anexo II da NR 9 estabelece mudanças como requisitos para o funcionamento das bombas e acionamento da trava de segurança do equipamento

tados como condições potencialmente associadas ao aumento do risco de danos à saúde. A exposição ao benzeno e a outros hidrocarbonetos aromáticos é uma condição quase universal entre trabalhadores de postos de gasolina. Os frentistas, em sua maioria, ignoram ou não foram bem informados sobre os graves danos à saúde provocados pela exposição e mantêm práticas proibidas que aumentam o risco. É preciso trabalhar melhor o treinamento para minimizar a exposição aos vapores do benzeno e realizar os exames de rotina”.

Acordo Nacional do BenzenoEm 1995, no Brasil, diversas entidades repre-

sentativas de classe, os Ministérios do Trabalho, da Saúde e da Previdência e Assistência Social e Fun-dacentro firmaram o Acordo Nacional do Benzeno, que abriu caminho para regulamentar o controle da exposição de trabalhadores a essa substância. As negociações que levaram a esse Acordo come-çaram por força dos trabalhadores da Baixada San-tista, em São Paulo, onde eram registrados diversos casos de benzeísmo.

A assinatura do acordo foi um divisor de águas, pois transformou os locais de trabalho onde havia risco de exposição e trouxe modificações em equipa-mentos, regramentos e procedimentos. Na ocasião, foi criada a Comissão Nacional Permanente do Ben-zeno, que passou a funcionar como um fórum tripar-tite de discussão e acompanhamento do acordo.

Apesar desse trabalho, a diretora de Legisla-ção da ANAMT enxerga alguns desafios relativos à questão no Brasil:

“É preciso sensibilizar os trabalhadores sobre o perigo real à saúde; fazê-los usar os EPIs e ado-tar as medidas de segurança, além de fiscalizar a aplicação da NR por parte dos empregadores, com destaque para compra dos EPIs adequados e realização de exames de ocupacionais. Outra me-dida importante, mas mais de longo prazo é que fontes renováveis de combustível sejam adotadas em nosso país em lugar dos combustíveis fósseis”.

Alguns dos hábitos perigosos dos trabalhadores de postos de combustível:

• Cheirar a tampa do tanque para saber o tipo do combustível em vez de perguntar ao motorista;

• Aproximar o rosto do tanque para perceber se o tanque está cheio, no lugar de usar a válvula au-tomática existente em quase todas as bombas;

• Não usar o EPI;• Usar panos e estopas sujas de combustível e óleo.

Saúde da mulherA exposição ao bezeno representa risco à saúde

reprodutiva da mulher. As gestantes devem ser afasta-das dessa exposição, pois o benzeno é conhecido por alcançar o feto por via transplacentária em concen-trações sanguíneas iguais ou maiores do que as das mães. Em grávidas, a exposição ao ambiente contendo benzeno está associada à maior prevalência de defei-tos do tubo neural e é relacionada com a prevalência de espinha bífida em recém-nascidos.

Page 18: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Jornal da ANAMT

a r t i g o

18 Dezembro 2016

A valorização do Título de Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT tem sido prioridade de todas as suas gestões. Desde 1968, ano de fundação da ANAMT, a Associação Médica Brasileira (AMB) reconheceu a Medi-cina do Trabalho como especialidade e, considerando-se o compromisso da ANAMT com relação às exigências e às competências necessárias para a atuação do Médico do Trabalho, foi expresso em documento especifico (Comis-são Mista de Especialidades - ANAMT 2002).

O Título de Especialista ganhou maior notoriedade e relevância a partir da obrigatoriedade “de ser especialis-ta em Medicina do Trabalho todo o Médico do Trabalho que exerça a função de médico coordenador do PCMSO” (Ministério do Trabalho - Portaria nº 590 de 28 de abril de 2014). Assim, para concessão do Título de Especia-lista em Medicina do Trabalho conferido pela AMB, a comissão de Título de Especialista da ANAMT elabora o edital e os requisitos que incluem tempo de formado e experiência do médico do trabalho, análise do curricu-lum e prova especifica.

Considerando-se o contexto histórico, desde sua pri-meira realização, em 1977, a prova para obtenção do Tí-tulo de Especialista vem passando por modificações para atender às transformações do mundo do trabalho nestes 40 anos, das doenças profissionais para as doenças do tra-balho e da segmentação de identificação e controle de ris-cos para o cuidado integral do trabalhador.

Sempre atenta à evolução de saberes necessários ao Médico do Trabalho no trabalho contemporâneo, a ANAMT publicou em 2016 uma atualização das competências e das habilidades que consiste em uma referência a ser alcançada pelos cursos de especialização e residência em Medicina do Trabalho. Em relação às novas tecnologias disponíveis para aplicação das provas e, seguindo a tendência das principais especialidades, a atual Diretoria inovou. A prova em estações de trabalho computadorizadas possibilita realizar uma avalia-ção mais dinâmica e objetiva. O sistema utilizado na prova de novembro de 2016 trouxe vários benefícios, como por exem-plo, a estratificação por cada resposta com gráficos de per-centual de acertos; correlação das respostas com o perfil dos

candidatos. Além disso, esse processo facilita a correção, agiliza a divul-gação dos resultados e aumenta a confiabilida-de da prova, o que reduz erros decorrentes de processos manuais.

Como em qualquer mudança, a inovação do edital que fez refe-rência às novas compe-tências e às mudanças para o novo formato de aplicação da prova gerou certa apreensão dos candidatos. Entretanto, a aparente apreensão foi de-vidamente contornada com esclarecedoras informações fornecidas pelo site da ANAMT por esta diretoria, em es-pecial com a Mensagem da Presidente, e verbalmente em todas as oportunidades e eventos presenciais com a par-ticipação da diretoria e da presidência da ANAMT.

Essas inovações oneraram o valor da prova e conse-quentemente se refletiram no valor da inscrição. A atual gestão da ANAMT, caracterizada pela transparência na gestão, decidiu que se houver resultado econômico po-sitivo, o excedente será revertido exclusivamente para o aprimoramento dessa nova formatação de avaliação.

Estamos convencidos de que essas mudanças aten-dem aos objetivos da atual Diretoria da ANAMT de va-lorização da Medicina do Trabalho e qualificação pro-fissional, pautadas nas Competências Requeridas para o exercício da especialidade e permitem ofertar ao mercado profissionais devidamente capacitados para as atividades que envolvam a Medicina do Trabalho e a preservação da saúde dos trabalhadores.

Comissão de Título de Especialista da ANAMT

Título de Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT

Dr. Alfredo Cherem, diretor de Título de Especialista da ANAMT

Page 19: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

Revista Brasileira de Saúde OcupacionalA Fundacentro disponibilizou em seu site todas as 132 edi-ções da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO), cujo primeiro número foi publicado em 1973. Além do his-tórico da própria publicação, a divulgação de todas as edi-ções deixa à disposição da comunidade acadêmica a histó-ria da revista, da Fundacentro, do movimento pela saúde dos trabalhadores no Brasil e o registro da evolução dos te-mas ao longo das décadas. Acesse http://fundacentro.gov.br/rbso/edicoes-completas-1 para ver todos os números.

A n a m t r e c o m e n d a

2016

1966

FUN

DA

CE

NT

RO FU

ND

AC

EN

TR

O

50ANOS50ANOS

Olhar para a dorNascido a partir do 1º Encontro com a Sociedade – Medicina contra a exclusão social, reali-zado em São Paulo em 2010, o livro homônimo aborda o papel do profissional da área médi-ca no campo da relação saúde e trabalho e o olhar para o sofrimento humano nos sistemas em que está inserido. A publicação, coordenada pelas especialistas da Fundacentro Dra. Maria Maeno, Cristiane Queiroz e Daniela Sanches, traz aspectos discutidos na atualidade e que podem contribuir para mudanças necessárias na relação ética, profissional e humana.

Segundo as autoras, a chamada gestão profissional tem levado o Estado a cometer irra-cionalidades, como contrariar seus princípios e a própria razão de existir, que é organizar a sociedade, compensar desigualdades e garantir direitos fundamentais. Por isso, a obra pretende provocar dúvidas e discussões em busca de mudanças. Acesse o link http://migre.me/vrW9U para fazer o download gratuito da versão eletrônica.

Comunicação e saúdeA edição de setembro da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Ino-vação em Saúde, periódico multidisciplinar trimestral publicado pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, já está disponível para acesso. Na publicação, estão artigos sobre Mortalidade infantil por causas evitáveis na Bahia, Produção científica indexada na área de Neurociências e Comportamento, Evolução Histórico-conceitual da Cooperação Técnica Internacio-nal Brasileira em Saúde, entre outros assuntos.

Além disso, traz um relato de experiência sobre a construção da autonomia femi-nina em uma Unidade Básica de Saúde no Ceará. Acesse a revista pela internet (no link http://migre.me/vs0ky).

Jornal da ANAMT Dezembro 2016 19

Page 20: ANAMT · mos uma Prova de Título de Especialista totalmente informatizada. O desafio foi grande, mas os esforços valeram a pena. As principais mudanças são abordadas no artigo

espaço do associado

Seu questionamento pode ser enviado para [email protected] e será respondido por e-mail.

a g e n d a

"Existe alguma sugestão de condu-ta a ser adotada frente a um exame toxicológico positivo, nos admissionais para motoristas?"

Conforme a Recomendação Técnica nº 01/2016 da ANAMT, que dispõe sobre a solicitação de exames toxicológicos de larga escala para os motoristas profissionais regulamentada pela Portaria MTPS nº 116/2015, a conduta do médico do trabalho deve ser a conclusão da aptidão ou inaptidão no admissional com base na avaliação da saúde física e mental do trabalhador, conforme previsto pela Norma Regulamentadora 07 (NR 07), independentemente do resultado do teste toxicológico.

Não é recomendável a incorporação dos testes toxicológicos no PCMSO e nem no ASO, e não cabe ao médico do trabalho solicitar o teste toxicológico na admissão. Fica definido que o encaminhamento para o laboratório credenciado pode ser feito diretamente pelo empregador ou pelo acesso direto do trabalhador, para cumprir a Lei nº 13.103/2015.

Cabe relembrar que o Parecer CFM nº 26/2012 considera que a solicitação de exames de monitoramento de drogas ilícitas em sangue e urina para permitir acesso ao trabalho contraria os postulados éticos. Além disso, a Diretriz Técnica nº 02 da ANAMT não recomenda a realização de testes toxicológicos como medida isolada no rastreamento do uso de álcool e/ou drogas entre trabalhadores.

Dr. João Silvestre da Silva-JuniorDiretor de Relações Internacionais da ANAMT

SST em PortugalEm abril de 2017, nos dias 10 e 11, a Sociedade Portuguesa de Se-gurança e Higiene Ocupacionais (SPOSHO) realizará o International Symposium on Occupational Safety and Hygiene. O evento será realizado na Universidade do Minho, em Braga (Portugal).

Mais informações:

http://www.sposho.pt/sho-2017/

ICOH realiza simpósio na AustráliaO ICOH realizará na Austrália, no Território do Norte, o 23rd Simposium on Shiftwork and Working Time, entre os dias 19 e 23 de junho. Entre os temas a serem abordados, a promoção da pesquisa sobre a relação entre o tempo de trabalho e a saúde dos trabalhadores.

Mais informações:

http://www.icohweb.org/site/events.asp#event3

ISMA-BR promove curso sobre estresse no RSA International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR) promoverá em 18 e 19 de junho de 2017, em Porto Alegre (RS), o 13º Curso de Gerenciamento do Stress com certificado internacional.

Mais informações:

www.ismabrasil.com.br/curso

International Joint Conference Radio 2017Após 30 anos do vazamento radioativo com Césio-137 em Goiânia (GO), a cidade sediará o International Joint Conference Radio 2017, organizado pela Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR). O evento será entre os dias 10 e 15 setembro, no qual os participantes poderão trocar experiências sobre o tema.

Mais informações:

http://www2.sbpr.org.br/