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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2014.0000348567 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo n" 2062122-30.2014.8.26.0000/50000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante CLAUDIO MARTINS CABRERA, é agravado JOSÉ ROBERTO PASSOS CANDEIAS. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 14 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores LÍGIA ARAÚJO BISOGNI (Presidente), CARLOS ABRÃO E MELO COLOMBI. São Paulo, 10 de junho de 2014. Lígia Araújo Bisogni relator Assinatura Eletrônica fls. 7 N ~ "<t O'l o Ol '6 '0 o o (J) o o o ~ co N ~ "<t .- o ~ o C") I N N .- N co o N s VJ .(J) Z g (!) ..... 00. Cf) o - (J) co E Q.e ::::> .S C2 'ro" «~ W'i::: 0.0 «~ z·...,.. i=S} Cf) = Ei:'C& ü VJ «~ a Ui _ o. ...J:t:: ..... ..c: 8.2 (J) 'tn c o (J) (J) ..ê ~ co (J) .-::o Olro '6 ro o '(3 "O C co '(J) .~ ~ VJ c co o ._ ü .E ~ o ro co. (J) - E g :::J VJ Ü (J) .go_ (J) ,~ ~<!?

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2014.0000348567

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo n"2062122-30.2014.8.26.0000/50000, da Comarca de São Paulo, em que é agravanteCLAUDIO MARTINS CABRERA, é agravado JOSÉ ROBERTO PASSOSCANDEIAS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 14a Câmara de DireitoPrivado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:Negaramprovimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integraeste acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores LÍGIA ARAÚJOBISOGNI (Presidente), CARLOS ABRÃO E MELO COLOMBI.

São Paulo, 10 de junho de 2014.

Lígia Araújo Bisognirelator

Assinatura Eletrônica

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO N° 20463AGRV.REGIMENTAL N°: 2062122-30.2014.8.26.0000/50000COMARCA: SÃO PAULOAGVTE. : CLÁUDIO MARTINS CABRERAAGVDO. : JOSÉ ROBERTO PASSOS CANDEIAS

AGRAVO REGIMENTAL - Recurso tirado contra decisãoda Relatora que, com fundamento no art. 557, parágrafo10A, do CPC, deu provimento ao recurso do ora agravado _Monitória - Bem de Família - Impenhorabilidade - Matériade ordem pública - Imóvel objeto da penhora que serve deresidência ao executado e seus familiares - Precedentes -Regimental não provido.

1. Trata-se de agravo regimental tirado por Cláudio Martins

Cabrera contra decisão monocrática da Relatora que, com fundamento no

art. 557, parágrafo 1°A, do Código de Processo Civil, deu provimento ao

recurso de agravo de instrumento do ora agravado.

2. Sustenta o aqui agravante, em síntese, que o juiz natural

do recurso é o órgão colegiado, e não o Relator, decidindo de forma

monocrática, razão pela qual pretende seja intimado para responder ao

agravo, sob pena de desrespeito aos princípios do contraditório e devidoprocesso legal.

Todavia, ao contrário do sustentado, era mesmo caso de se

negar seguimento ao recurso, porque, como deixei expresso no despacho:

"(...) a matéria atinente à impenhorabilidade, prevista na Lei nO8.009/90, por

ser de ordem pública, já que visa assegurar ao devedor a dignidade de sua

família, pode e deve ser apreciada de ofício pelo juízo. Ressalte-se que

essa lei esta em consonância com o disposto no art. 226, da Constituição

Federal, que garante à pessoa um patrimônio mínimo, impedindo-se que o

imóvel que constitua sua residência venha a ser penhorado. Ate porque, o

art. 1°, da Lei 8.009/90 estabelece que: "O imóvel residencial próprio do

casal. ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por

qualquer tipo de dívida civil. comercial, fiscal, previdenciária ou de outra

natureza. contraídas pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus

proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei (grifei)".

Agravo n" 2062122-30.2014.8.26.0000/50000 _2

fls. 8

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A jurisprudência não discrepa: "EMBARGOS DO DEVEDOR - PRAZO

PARA INTERPOSiÇÃO - JUNTADA DA COMPROVAÇÃO DA INTIMAÇÃO

DA PENHORA - INTELIGÊNCIA DO ART. 738, I, DO CPC - BEM DE

FAMíLIA - IMPENHORABILIDADE DO IMÓVEL PRÓPRIO DO CASAL OU

DA ENTIDADE FAMILIAR - MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. A finalidade

da Lei n° 8.009/90, norma de ordem pública e de elevado cunho social,

pode ser invocada em qualquer fase do processo, seja na execução ou nos

embargos, através de simples petição, é assegurar uma residência digna ao

devedor e sua família, tornando-se impenhorável o imóvel residencial

próprio do casal ou entidade familiar ou a parte residencial de um imóvel

que tenha também destinação comercial, considerando como residência o

único imóvel utilizado como moradia permanente (grifei)" (TJMG - Apelação

Cível n° 0435044-9 - 18/08/2004 - ReI. Juiz. SALDANHA DA FONSECA _

Cfr. Informa Jurídico, CD-ROM nO38 - abril-junho/2005). E, no caso dos

autos, o imóvel objeto da penhora serve de residência ao agravante e sua

esposa, conforme comprovação clara dos documentos juntados aos

autos (fls. 37 e seguintes - dados SAJ), portanto, coberto pelo manto da

impenhorabilidade. E, ao que parece, esse é o único bem do agravante e

sua família, que foi dado como garantia hipotecária junto ao IPESP,

conforme documentação acostada ao instrumento. Neste sentido,

"PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL AGRAVO DE

INSTRUMENTO - EXECUÇÃO - FIANÇA PRESTADA EM CONTRATO DE

LOCAÇÃO - BEM DE FAMíLIA - EC N° 26/2000. A impenhorabilidade do

bem de família. nos termos da Lei nO8.009/90, constitui matéria de ordem

pública, podendo ser alegada em qualquer momento processual, sem que

ocorra a preclusão (grifei) (...)". (STJ - REsp n° 925749 - Ministro GILSON

DIPP - Data da Publicação: 26/06/2007). Ainda, "EXECUÇÃO - EXCEÇÃO

DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DE

BEM DE FAMíLIA - QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA - CABIMENTO - A

exceção de pré-executividade diz com a argüição de fatos relevantes para a

imediata extinção da execução, tais como ausência de pressupostos para a

constituição válida e regular do processo, condições da ação ou vício

Agravo n" 2062122-30.20 J 4.8.26.0000/50000 _3

fls. 9

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intrínseco ao título executivo sendo deduzida, normalmente, antes mesmo

de eventual constrição, a tornar aparentemente inadequada a medida para

afastar penhora que recaiu sobre imóvel. Todavia, fulcrado o pedido em

impenhorabilidade de bem de família, questão de ordem pública que,

portanto, além, comportar enfrentamento "ex officio", pode ser deduzida por

simples petição em sede executiva, de rigor enfrentamento da matéria de

fundo da exceção, observada a instrumentalidade sem risco de formalismo

ímpar". (Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo - AGI n?

783.138-00/3 - 18/03/2003 - ReI. Juiz Francisco Casconi - Cfr. Informa

Jurídico - CD_ROM n? 38 - abril-junho/2005). Registre-se, por fim, que não

restou demonstrado nos autos que o agravante seja proprietário de qualquer

outro imóvel, providência que cabia ao agravado, bem como os documentos

carreados aos autos demonstram claramente que o agravante reside com

sua esposa no imóvel, objeto da constrição" (fls. 92/95, dados SAJ).

Registre-se que, conforme disposição do art. 527, "ceput',

do Código de Processo Civil, "Recebido o agravo de instrumento no tribunal,

e distribuído incontinenti, o relator: I - negar-Ihe-á seguimento, liminarmente,nos casos do art. 557 (grifei)".

Ainda, "A negativa de seguimento (ou trancamento) do

remédio processual ocorre quando o relator conclui que o recurso é

manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou se encontra em

confronto com a súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo

tribunal, do STF ou de Tribunal Superior" (Misael Montenegro Filho - Código

de Processo Civil Comentado e Interpretado - Ed. Atlas - 2008. pág. 588).

E mesmo que assim não fosse, levado ao órgão colegiado o

recurso tirado da decisão monocrática, resta suprida eventual inobservânciado disposto no art. 557, do Cód. Proc. Civil.

Registre-se, ainda, que ao Relator é perfeitamente lícito dar

provimento ao recurso quando a decisão recorrida estiver em confronto com

a jurisprudência dominante dos Tribunais, conforme disposição do §1°_A, doart. 557, do CPC.

Nesse sentido, vv.. arestos do STJ: liA questão decidida de

Agravo n" 2062122-30.2014.8.26.0000/50000_4

fls. 10

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

forma monocrática pelo Relator do processo, se devidamente apreciada em

sede de Agravo Regimental pelo órgão colegiado do Tribunal de origem,

afasta suposta ofensa a regra do art. 557 do CPC" (REsp 728.293 - 2a

Turma - ReI. Min. CASTRO MEIRA).

"O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a

confirmação de decisão monocrática de relator pelo órgão colegiado sana

eventual violação ao art. 557 do CPC. Hipótese em que a negativa de

seguimento do agravo de instrumento passa a subsistir por decisão

colegiada, não monocrática" (REsp 326.117 - 5a Turma - ReI. Min.

ARNALDO ESTEVES LIMA).

Pelo exposto, nega-se provimento ao regimental.

LíGIA ARAÚJO BISOGNIRelatora

Agravo n'' 2062122-30.2014.8.26.0000/50000_5

fls. 11

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