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Virologia Básica Ricardo Brilhante de Medeiros

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Título: Virologia Básica Autor: Ricardo Brilhante de Medeiros Editora: CopyMarket.com, 2000

1. Vírus Fitopatogênicos Ricardo Brilhante de Medeiros

1.1. Características Gerais dos Vírus

São agentes submicroscópicos que não podem ser visualizados com microscópio ótico, apenas através de microscopia eletrônica, pois seu tamanho varia na ordem de nanômetros (1nm = 10-3 µm = 10-3 mm; portanto na escala de milionésimos de milímetros).

Possuem como material genético DNA ou RNA. Em organismos celulares, o DNA é sempre o material genético (que armazena a informação genética - os genes) e o RNA é o principal componente da maquinária biossintética da célula (na forma de ribossomos, mRNA e tRNA).

As proteínas codificadas por seus genes são produzidas através do uso desta maquinária biossintética (além dos ribossomos, tRNAs, também usa os aminoácidos, ATP, e outros elementos disponíveis na célula); são portanto parasitas do metabolismo celular.

Possuem composição orgânica simples, com poucas proteínas estruturais.

DNA ou RNA de fita simples ou dupla.

Capa proteica ou capsídeo: invólucro proteico do material genético, formada por centenas ou milhares de cópias de uma ou mais proteínas, em geral uma única proteína.

Possuem proteínas estruturais (presente na partícula) e não-estruturais (as codificadas pelo vírus mas encontradas apenas na célula infectada, ausentes na partícula).

Alguns vírus (chamados envelopados) possuem membrana (envelope): composta de fosfolipídios e polissacarídeos, sequestrada da célula hospedeira.

Morfologia do nucleocapsídeo: icosaédrica (isométrica), helicoidal ou elongada (bastonete).

Parasitas intra-celulares obrigatórios, inertes fora das células.

Progenia formada por montagem de novas partículas a partir das subunidades produzidas pela célula.

Quase totalidade dos vírus de DNA são de fita dupla (exceções: os parvovírus e geminivírus); para os de RNA, quase todos são de fita simples (exceções: reovírus e birnavírus); ss = sigla em inglês para fita simples; ds = fita dupla.

Membranas, quando existem, contém glicoproteínas codificadas pelo vírus e necessárias para entrada nas células animais (hospedeiro principal ou inseto vetor).

Vírus de plantas possuem um gene sem homólogo entre os vírus animais: o gene responsável pelo movimento na planta.

Alguns vírus contém enzimas na partícula viral, como polimerases, proteases, etc.

O genoma viral contém toda a informação genética necessária para o vírus iniciar e completar o ciclo infeccioso numa célula suscetível.

O ciclo infeccioso inclui: ligação (animais), entrada, desmontagem (para os que possuem membrana)/decapsidação, replicação, transcrição/tradução, montagem, brotamento (para aqueles com membrtana) e liberação das novas partículas.

Diferentes componentes das partículas virais podem ser sintetizados em diferentes compartimentos celulares (proteínas no retículo endoplasmático-RE, genoma no núcleo ou livre no citoplasma, etc); e o acúmulo de cada proteína também pode dar-se em diferentes compartimentos (Golgi, RE, membrana plasmática).

A montagem das partículas ocorre no chamado viroplasma e a partícula do vírus completa é chamada vírion.

Vírus são exemplos elegantes de arquitetura em escala molecular; o icosaedro é o volume geométrico de maior relação volume/tamanho.

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1.2. Origem e Evolução dos Vírus Várias hipóteses têm sido levantadas para a origem dos vírus, entretanto ainda não há um consenso visto que o tema envolve a origem da própria vida, ou a origem das moléculas que deram origem aos organismos vivos (DNA e RNA); portanto são hipóteses de origem dos vírus são ainda especulativas, difíceis de serem comprovadas. Alguns pontos são alvo de polêmica:

a) Seriam os vírus organismos vivos ou apenas pedaços de ácido nucleico envoltos por estruturas protetoras? Esta questão é semântica (depende da definição de organismo vivo).

b) Os vírus surgiram antes ou depois das células? Alguns virologistas acreditam que teria sido depois, visto que vírus dependem de células para existir, outros acreditam ter sido antes, visto a simplicidade de alguns ácidos nucleicos virais. Muitos acreditam ter sido concumitantemente com o aparecimento das células.

c) O mundo pré-biótico parece ter sido formado, preponderantemente, de móléculas de RNA (teoria do “RNA World”, largamente aceita), o que poderia explicar a grande versatilidade das moléculas de RNA, que podem funcionar como enzimas (ribozimas), estruturas (ribossomos) e armazenadoras de informação genética de como em muitos vírus), como o DNA é das células; assim alguns acreditam que os vírus de RNA teriam surgido primeiro.

As hipóteses de origem dos vírus são portanto:

(i) teriam sido originalmente pedaços de RNA que adquiriram capacidade replicativa e que teriam antecedido a célula (“RNA World”);

(ii) teriam se originado da alteração de estruturas celulares normais (mRNAs, plasmídeos, transposons,etc); (iii) teriam se originado da célula, como subprodutos celulares, que adquiriram a capacidade de enrtar e sair de

células hospedeiras.

É interessante notar também que os vírus são as únicas entidades biológicas a codificarem RNA-dependente-RNA-polimerases, uma enzima inexistente em sistemas celulares. Ao lado disso, a falta de “fósseis” de vírus e a habilidade que estes possuem de mutarem muito rapidamente, devido ao seu genoma reduzido, dificulta o estudo da origem dos vírus. Contudo, o acúmulo de dados moleculares obtido na última década jogou uma luz na área da evolução dos vírus.

Análises comparativas das sequências de DNA e RNA dos genomas virais mostrou grandes similaridades na organização dos genomas e na estratégia de replicação e expressão de vírus completamente diferentes em termos de gama de hospedeiras e morfologia das partículas.

Por exemplo, os potyvírus, que possuem partículas em forma de bastonete e atacam plantas, e rhinovírus, que possuem partícula isométrica e causam gripe em seres humanos, mostram a mesma organização genômica e a mesma estratégia de replicação e expressão (o genoma de ambos os grupos codifica para uma poliproteína única, com a mesma organização gênica e certa homologia de sequência, que é clivada em várias proteínas após a tradução). Isso indica uma mesma origem, ou seja, a partir de um ancestral comum. Inúmeros outros exemplos similares são encontrados quando comparamos bacteriófagos, vírus humanos, animais e de plantas.

Os vírus de RNA de senso negativo (não traduzíveis diretamente pelos ribossomos) parecem possuir alguns mecanismos diferentes de evolução, embora em linhas gerais pareçam ser os mesmos dos vírus de RNA positivo. Para ambos a recombinação de pedaços de RNA/DNA parece ter um papel primordial na evolução dos genomas virais.

1.3. Principais Vírus de Plantas e sua Classificação Nota: ao contrário dos organismos celulares, que seguem a nomenclatura em latim binomial, as espécies de vírus, por convenção, são nomeadas em inglês e a sigla é usada na linguagem coloquial (HIV por exemplo, que é a sigla para human immunodeficiency virus). A lista a seguir está organizada de acordo com o tipo de ácido nucleico, morfologia da partícula, os gêneros de vírus e as espécies.

DNA FITA DUPLA: Caulimovírus: genoma circular, descontínuo, de 8 kb, usa RNA intermediário na replicação, que ocorre no núcleo; genes expressados de um transcrito completo, usa transcriptase reversa como polimerase, tRNAs como primers, oito genes; partículas isométricas montadas no citoplasma; vírions encontrados no plasmodesma; primeiro vírus de DNA reportado em plantas (Shepherd, R.J., 1968) e primeiro vírus de planta a ser clonado; transmitidos por afídeos de maneira bimodal; fator de transmissão coficado pelo vírus; forma inclusão citoplasmática.

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Espécies: cauliflower mosaic virus (CaMV, vírus do mosaico da couve-flor), strawberry vein banding, soybean chlorotic mottle, cassava vein mosaic, dahlia mosaic virus.

Badnavírus: recentemente descobertos, não-envelopados, baciliformes, genoma de dsDNA descontínuo, circular, um dos genes possui homologia com transcriptase reversas, transmitido por cigarrinha. Espécies: rice tungro baciliform virus (um dos vírus causadores do tungro do arroz).

DNA FITA SIMPLES: Geminivírus: genoma circular, mono e bipartido, semelhantes a plasmídeos, o que pode ter sido sua origem, partícula geminada formada por dois icosaedros, ssDNA (R. Goodman, 1970), replicação ocorre no núcleo por mecanismo de “círculo rolante”.

Grupo A: transmitidos em geral por cigarrinha, monopartido. Espécies: maize streak, wheat dwarf, beet curly top, tomato yellow leaf curl (TYLCV, grande importância econômica no mundo).

Grupo B: em geral por mosca branca (Bemisia tabaci), genoma bipartido (DNA-A e DNA-B). Espécies: African cassava mosaic, bean golden mosaic (BGMV, mosaico dourado do feijoeiro, grande importância econômica), tomato golden mosaic.

RNA FITA DUPLA: Fitoreovírus: isométrico, transmitidos por cigarrinhas (Agallia constricta, Nephotettix spp.), replicam no vetor, RNA multisegmentado, capa proteica com dupla camada; gênero faz parte de família que inclui vírus animais (Reoviridae); possuem receptores nos insetos vetores;

Phytoreo: 12 segmentos (rice dwarf, wound tumor).

Fiji: 10 segmentos (Fiji disease virus em cana-de-açúcar, pangola stunt, mal do rio quarto virus, maize rough dwarf).

RNA FITA SIMPLES, SENSO NEGATIVO: 1. Com Membrana: Fitorhabdovírus: uma única fita de RNA de senso negativo, transmitido por afídios, cigarrinhas e ácaros; uma única glicoproteína formando o envelope, proteína matriz responsável pela montagem das partículas; também parte de família de vírus animais (Rhabdoviridae). Espécies: maize mosaic (faixa necrótica das nervuras do milho), coffea ringspot (mancha anelar do cafeeiro, transmitido por ácaro), lettuce necrotic yellow, sonchus yellow vein.

Tospovírus: 3 segmentos de RNA, 1 de senso negativo e 2 ambissensos; 4 proteínas estruturais e 2 não-estruturais, duas glicoproteínas no envelope; montagem no Golgi, transmissão por diversas espécies de tripes (Frankliniella spp.; Thrips spp.) de maneira circulativa-propagativa, associação das glicoproteínas com receptores no vetor; parte da família de vírus animais Bunyaviridae. Espécies: tomato spotted wilt (TSWV, vira-cabeça do tomateiro), tomato chlrotic spot, groundnut ringspot, Impatiens necrotic spot (todos de grande importância econômica).

2. Sem Membrana: Tenuivírus: filamentosos, multisegmentado (4 RNAs), transmitidos por cigarrinhas, infectam gramíneas, aparentemente codificam para proteínas de membrana, apesar de membranas não serem encontradas nas partículas purificadas, similares a tospovírus na estrutura genômica. Espécies: rice stripe, rice hoja blanca, maize stripe.

RNA FITA SIMPLES, SENSO POSITIVO: Genoma Monopartido:

a) Isométrico: Luteovírus: transmitidos por afídeos de maneira circulativa não-propagativa, restritos ao floema, estabilidade no vetor associada à uma proteína (Gro-El) de uma bactéria endossimbionte (Buchnera sp.). Espécies: barley yellow dwarf, potato leaf roll (vírus do enrolamento da folha, importante economicamente).

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Tymovírus: transmitidos por coleópteros, formam vesículas no cloroplasto. Espécies: turnip yellow mosaic, eggplant mosaic, passion fruit yellow mosaic.

b) Bastonetes: Tobamovírus: bastonete rígido, rtansmitido mecanicamente com muita facilidade, grande persistência no ambiente, importância histórica e como vírus-modelo.

Espécies: tobbaco mosaic (vírus do mosaico do fumo), tomato mosaic.

Potexvírus: alongados, flexíveis, sem vetor.

Espécies: potato virus X, papaya mosaic.

Potyvírus: partículas flexíveis, transmitidos por pulgão, fungo, ácaro e mosca branca; produzem inclusões lamelares do tipo "cataventos" na célula, mais de 300 membros no grupo, grande importância econômica pelo elevado número de espécies.

Espécies: agropyron mosaic (ácaro), sweet potato mild mottle (mosca branca), barley yellow mosaic (Spongospora), potato virus Y (afídeo), bean common mosaic (semente), beet mosaic, lettuce mosaic (semente), papaya ringspot, soybean mosaic (mancha-café), potato virus A, sugarcane mosaic, tobacco echt, watermelon mosaic.

Carlavírus: partículas longas e rígidas, transmitidos por pulgão e mosca branca.

Espécies: carnation latent virus.

Closterovírus: bastante elongados, 600 - 2000 nm de comprimento, afídeos vetores, restritos ao floema.

Espécies: citrus tristeza (vírus da tristeza dos citrus), beet yellows.

2. Genoma Bipartido:

a) Isométrico: Comovírus: transmitidos por coleópteros.

Espécies: cowpea mosaic, cowpea severe mosaic.

Nepovírus: transmitidos por nematóides (Xiphinema e Longidorus).

Espécies: tobacco ringspot, grapevine fan leaf, potato black ringspot, tomato ringspot.

b) Bastonetes: Tobravírus: elongado, vetorados por nematóides dos gêneros Trichodorus e Paratrichodorus, formam camadas em volta da mitocôndria.

Espécies: tobacco rattle virus, pepper ringspot.

3. Genoma Multipartido:

a) Isométrico: Ilarvírus: tripartido, transmitido por nematóide e ácaro. Espécies: tobacco streak (necrose branca do fumo).

Cucumovírus: tripartido, afídeos. Espécies: cucumber mosaic.

Bromovírus: tripartido, transmissão mecânica. Espécies: brome mosaic, broad bean mottle, cowpea chlorotic mottle.

b) Baciliforme:

Alfafa Mosaic: também faz parte da família Bromoviridae, apesar da morfologia diferente; 4 partículas, em forma de bastonete e esférica, 3 são infectivas e 1 não é necessária a infecção, afídeos.

Hordeivírus: elongado, vetor desconhecido. Espécies: barley stripe mosaic.

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1.4. Critérios Utilizados na Classificação dos Vírus a) Morfologia das partículas (isométrica, bastonete, baciliforme) b) Modo de transmissão: afídeos, coleópteros, nematóides, ácaros, fungos, semente, etc. c) Tipo de ácido nucleico: DNA ou RNA. d) Número de fitas: simples ou dupla. e) Peso molecular do ácido nucleico. f) Porcentagem do ácido nucleico na partícula. g) Formato do capsídio: esférico, elongado. h) Hospedeira: planta, bactéria, fungo, inseto, vertebrado. i) Presença de envelope. j) Sintomatologia k) Citopatologia l) Sorologia (relacionamento sorológico, homologia de epitopos). m) Homologia de sequências de ácidos nucleicos e outras características moleculares, que são hoje as

principais características taxonômicas.

Observações complementares: i) Classificação: o arranjo das entidades biológicas em categorias taxonômicas, baseando-se em similaridades e

relacionamentos. ii) Nomenclatura: a designação de nomes para os taxa (categorias taxonômicas), de acordo com regras

internacionais (estabelecidas pelo ICTV para os vírus). iii) ICTV: International Committee for Taxonomy of Viruses. Sub-dividido em subcomitês: vertebrados,

invertebrados, fungos, bactérias e plantas. Propôs o estabelecimento de uma taxonomia universal para todos os vírus. Grupos de estudo, formados por pesquisadores renomados em cada grupo de vírus, foi estabelecido para ditar as regras e “validar” as espécies de vírus publicadas.

iv) International Congress of Microbiology, Moscou, 1966: foi estabelecido o primeiro código "rudimentar" para vírus.

v) Objeções surgiram à nomenclatura "latinizada" (sistema binomial), visto que vírus não são organismos celulares, e alguns nem os consideram organismos.

vi) Seguiram-se os congressos de Sendai, Japão (1984); Edmonton, Canadá (1987); Berlin, Alemanha (1990); Glasgow, Escócia (1994); Sydney, Australia (1998).

vii) Famílias, gêneros e espécies de vírus podem ser encontrados na página Index Virum, uma versão do último relatório do ICTV on-line com serviço de busca: http://life.anu.edu.au/viruses/ictv/index.html

viii) Famílias e gêneros devem ser grafados em itálico, o nome das espécies deve iniciar-se com letra minúscula, etc.

1.5. Alguns Conceitos de Valor Taxonômico

a) Vírus: a palavra significa “veneno” em latim; várias definições podem ser formuladas, alguns exemplos: a.1) Entidade biológica que consiste de um tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA), envolto por capa proteica,

às vezes por membrana de origem celular, e que se multiplica somente em células vivas. a.2) Agente biológico submicroscópico, parasita intracelular obrigatório que explora a maquinaria biosintética

da célula para reproduzir; genoma formado de DNA ou RNA, progenia formada por montagem de novas partículas, sem sistema de geração de energia, ácido nucleico envolto por capa proteica, e às vezes, por membrana de origem celular, e sem sistema de tradução proteica.

b) Espécie de vírus: grupo de isolados com grande similaridade nas sequências de ácido nucleico e proteína, e nas propriedades antigênicas.

c) Gênero: grupo de espécies com semelhante sorologia, morfologia e estratégia de replicação, além de mesma origem.

d) Família: gêneros com mesma composição do genoma, no. de fitas, no. de partículas. e) Ordem: exemplo – Mononegavirales (que são vírus com membrana, ss RNA, monopartite, senso negativo).

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1.6. Sintomas Causados por Vírus de Plantas Tipos de sintomas: macroscópicos, microscópicos ou citológicos, fisiológicos.

Macroscópicos: lesões locais (clorótica, necrótica), nanismo, mosaico, amarelos, lesão em anel, queima, enação, tumores, cordão-de-sapato, “breaking”.

Sintomas similares podem ser causados por: toxinas de insetos, deficiências nutricionais, poluentes do ar, pesticidas, altas temperaturas, anormalidades genéticas, outros agentes submicroscópicos como micoplasmas, espiroplasmas e viróides.

Microscópicos: no âmbito celular, como a proliferação de membranas, anormalidades nas organelas, inclusões citoplasmáticas, cristais, etc.

Fatores que podem afetar os sintomas: estirpe do vírus, variedade da planta, ambiente (temperatura, umidade, fotoperíodo).

Alguns sintomas de vírus (poucos) possuem valor diagnóstico.

1.7. Replicação e Expressão Gênica

Vírus de RNA de Senso Positivo: tobamovírus, potyvírus, bromovírus, etc.

Chamados positivos por funcionarem como mRNAs (serem traduzíveis diretamente pelos ribossomos celulares). Consequentemente não precisam carregar sua polimerase na partícula. Clones infecciosos podem ser obtidos a partir do RNA genômico com relativa facilidade, através da produção de clones de cDNA a partir dos RNA virais, usando a enzima transcriptase reversa, e a partir destes cDNAs, transcritos infecciosos são produzidos por transcrição in vitro usando a RNA polimerase II. Diferentes domínios da polimerase e diferentes proteínas estão envolvidas conjuntamente no processo replicativo: helicase, metiltransferase, protease e a própria polimerase. Para picornavírus, por exemplo, há ainda uma proteína viral adicional, aparentemente envolvida na replicação: VPg. Para os potyvírus a proteína da inclusão citoplasmática também está envolvida na replicação. Para os vírus de RNA(+) a decapsidação é co-traducional e a capa proteica não participa de processos enzimáticos. Fatores in cis (na própria molécula de RNA) e in trans (outras moléculas) estão envolvidos na replicação. O RNA viral (+) é molde para os seguintes processos: encapsidação e decapsidação, tradução e síntese da fita negativa. O RNA complementar (-) é o molde para transcrição e síntese da fita positiva (genoma do vírus). Todos esses processos são regulados criteriosamente, qualquer desbalanço pode provocar interrupção da replicação e infecção. Por exemplo, tradução e síntese da fita negativa tem que ocorrer separadamente, senão haveria choque dos complexos enzimáticos (ribossomo e polimerase), já que ocorrem em sentido contrário no RNA(+). Replicação é altamente específica, RNAs celulares não são reconhecidos pelas polimerases virais e vice-versa; está sempre associada à membranas celulares. Existe um excesso de moldes (+) na razão de 50-100 mais que moldes (-). Complexos enzimáticos de replicação viral contendo até dez diferentes proteínas tem sido extraídos de células infectadas com BMV, destas apenas 2 são virais. Taxas de mutações causadas pela falta de capacidade de correção das polimerases virais tem sido calculadas em 10-3 a 10-5, enquanto que na célula esta taxa é 1000 a 100.000 vezes menor; acarretando implicações evolutivas e em termos do limite do tamanho do genoma dos vírus de RNA.

Vírus de RNA de senso negativo: rhabdovírus, tenuivírus e tospovírus.

Não são traduzíveis diretamente pelos ribossomos, precisam ser inicialmente copiados para a fita positiva, que é complementar, para então serem transcritos e traduzidos. Células não possuem maquinaria necessária para sintetizar RNA a partir de RNA. Da mesma forma o genoma do vírus é complementar à menssagem (mRNA) e precisa ser transcrito antes que a tradução possa ocorrer. Assim esses vírus precisam carregar suas RNA-dependentes RNA-polimerases na partícula, para que possam infectar a célula.

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Além da polimerase viral, a capa proteica é necessária ao processo de replicação (apenas para os RNA negativo). mRNAs são encontrados nas células infectadas para todos os genes virais. As proteínas L (polimerase) e N (capsídeo) são associadas ao RNA genômico formando o complexo ribonucleoproteico (RNPs). No caso dos rhabdovírus, há uma terceira proteína NS (fosfoproteína) também requerida para a atividade polimerase. RNPs também são necessários para o processo de transcrição; mRNAs possuem estrutura “cap” (tampa) e são poliadenilados, estas estruturas estão relacionadas com a iniciação da tradução e estabilidade do mRNA. Fatores da hospedeira são necessários à replicação. N provavelmente regula o mecanismo de troca de transcrição para replicação, através da ligação aos promotores. Cópia de RNA a partir de RNA é um processo único de vírus de RNA. RNAs não são infecciosos.

Características da Polimerase Viral: O termo replicase ou polimerase referese à enzima responsável pela atividade de replicação (síntese de nova fita de RNA ou DNA) e transcriptase à atividade de transcrição (síntese de mRNA). A polimerase viral, assim como as celulares, é composta de vários polipeptídeos com diferentes funções (enzima multifuncional). São encontradas associadas à membranas celulares. Sequenciamento levou à identificação de sequências típicas (motivos) e assim à identificação de outras prováveis polimerases. Iniciação e terminação ocorrem em sítios específicos e requerem fatores da hospedeira. Exemplo da eficiência: 1 cópia de RNA de poliovírus gera 50.000 cópias em apenas 8 horas. Polimerases requerem um cofator iônico para atividade (exemplo Mg+2). Entendimento do processo replicativo pode levar ao desenvolvimento de novas estratégias de controle, baseadas em técnicas biomoleculares.

1.8. Movimento do Vírus na Planta O movimento do vírus na planta (assim como nos tecido de animais e humanos) não é passivo, envolve proteínas codificadas pelo vírus (proteínas de movimento), que se associam de forma específica com componentes da hospedeira; no caso da planta esses componentes estão nos plasmodesma. O movimento tem duas fases: de célula-a-célula e o movimento vascular (sistêmico), em geral via floema. O vírus pode se mover como uma partícula completa ou apenas seu genoma. Para alguns vírus (bromo e tobamo) esse movimento requer apenas a proteína do movimento (para o TMV é uma proteína de 30 kDa, para BMV é a proteína 3a), mas a ausência da capa proteica reduz a eficiência do transporte celular; para comovírus a capa proteica é essencial. Tem sido mostrado que a maioria dos vírus ssRNA (+) podem infectar protoplastos de qualquer planta, de onde se conclui que a especificidade pela hospedeira é função da habilidade do vírus mover-se no tecido da planta. Os plamodesmata possuem tamanho limitado e algumas vezes o vírus usa de proteínas cuja interação faz com que aumente-se o diâmetro do plasmodesma (como mostrado para TMV). É possível que vírus limitados ao floema, como os luteovírus, não possuam esta capacidade de interagir com plasmodesmata, daí sua localização limitada. A proteína de 30 kDa do TMV interage com o citoesqueleto celular, provavelmente par transportar o complexo RNA-30 kDa até o plasmodesma. Para o movimento a longa distância (sistêmico), muitas vezes a capa proteica é essencial (BMV, TMV).

1.9. Transmissão de Vírus de Planta a Planta Os vírus de plantas não conseguem penetrar a cutícula e a parede celular que protegem as células vegetais; para driblar esta limitação os vírus tem que encontrar maneiras de ultrapassar tais barreiras; o que ocorre através de: (a) trasmissão pela semente infectada ou órgãos vegetativos, (b) ou através da penetração direta via ferimentos ou ainda pela (c) penetração com o auxílio de vetores (organismo que carrega o vírus através da interação e reconhecimento específicos com o vírus).

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A transmissão de vírus de plantas por vetores não é um processo passivo, ao contrário é um processo dinâmico e específico (apenas determinados vetores transmitem determinados vírus), que depende de genes específicos do vírus e do vetor. Os principais grupos de vetores são: insetos (99% dos artrópodes vetores), sendo que dentre estes os afídeos (pulgões) e as cigarrinhas são os mais comuns; temos ainda nematóides (ordem Dorylaimida); fungos (Spongospora, por exemplo) e ácaros.

Tipos de relação vírus-inseto vetor:

Circulativa (persistente): vírus é adquirido através do canal alimentar e translocado para outras partes do corpo do inseto vetor; segue-se um período de latência,onde o inseto não consegue transmitir; e então o vírus é injetado na planta através da glândula salivar; dividida em dois sub-tipos:

Propagativa: vírus multiplica-se no vetor (o que pode ser medido por ELISA), às vezes chega a infectar os ovos do inseto (transmissão transovariana), às vezes acarreta em aumento na mortalidade do inseto vetor; ou seja, neste caso, o inseto é mais um hospedeiro do vírus. Exemplos: Fitorhabdovírus, Tospovírus, Fitoreovírus e provavelmente, Geminivírus. Não-propagativa: vírus não multiplica-se no vetor. Exemplo: Luteovírus (PRLV).

Não-circulativa: vírus não circula no corpo do inseto; fica retido nas estruturas alimentares (estilete, canal alimentar, intestino anterior); não há período de latência; o inseto perde a capacidade de transmitir (não é mais virulífero) após a ecdise; vírus não é encontrado na hemolinfa ou na glândula salivar; subdivida em:

Não-persistente: inseto permanece virulífero (retém inoculatividade) por alguns minutos após alimentar-se na planta infectada; período de fome aumenta capacidade de inocular o vírus; tempo necessário para aquisição e inoculação dura segundos (picadas-de-prova); períodos de aquisição maiores que um minuto diminuem taxas de transmissão. Exemplos: potyvírus, AMV, carlavírus. Semi-persistente: intermediário entre não-persistente e circulativo; inseto permanece horas inoculativo, tempo de aquisição e inoculação é de minutos; período de fome não produz efeitos; períodos de aquisição maiores que um minuto aumentam taxas de transmissão; em geral são vírus de floema. Exemplos: closterovírus (Tristeza dos citrus), CaMV (bimodal, características de não-persistente e semi-persistente).

Tipos de vetor versus tipo de vírus:

Artrópodes: - Afídeos: potyvírus, caulimovírus, luteovírus. - Cigarrinhas: alguns geminivírus, fitoreovírus, fitorhabdovírus. - Mosca-branca: alguns geminivírus (BGMV). - Tripes: tospovírus. - Besouros: comovírus. - Ácaros: wheat streak mosaic virus, alguns fitorhabdovírus.

Nematóides: Longidorus e Xiphinema (nepovírus) e Trichodorus (tobravírus); características de relação não-persistente. Fungos: tobacco necrosis virus, soil-borne wheat mosaic, potato mop-top. Outros modos de transmissão:

- Semente e pólen: TMV em tomate (tegumento), AMV (embrião), potyvírus (embrião), nepovírus (pólen). - Cuscuta e enxertia.

Especificidade da trasmissão de vírus por insetos é determinada no plano molecular: proteínas HC de potyvírus é essencial para transmissão, assim como glicoproteínas de tospovírus e receptores virais em tripes; capa proteica de geminivírus, cucumovírus, potyvírus e fitoreovírus.

Aspectos Moleculares da Interação Vírus-Vetor: Receptores Celulares e Ligantes Virais

A entrada na célula é o primeiro evento necessário à infecção viral. Vírus de animais e humanos utilizam receptores celulares (fator celular reconhecido pelo vírus que permite mudança de conformação da membrana plasmática e consequente abertura de um canal para entrada do vírus na célula) não só para entrarem na célula hospedeira como também para se moverem de célula-a-célula.

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Dada a existência da parede celular circundando a membrana plasmática na célula vegetal e o fato destas células serem diretamente conectadas através de plasmodema, os vírus de planta, ao contrário dos de animais, não podem e não utilizam receptores para sua entrada ou movimento celular. Para se movimentar os vírus de planta utilizam suas próprias proteínas de movimento, provavelmente através da interação com componentes da planta hospedeira presentes nos plasmodesma; além da interação com outros componentes da planta para o movimento sistêmico; tais componentes poderiam ser chamados fatores de movimento. Vírus de plantas são diretamente introduzidos em suas hospedeiras através da re-alimentação por vetores (grande maioria insetos), que introduzem o vírus pela saliva infectada, ou por ação mecânica, ambos envolvendo a destruição parcial da parede celular e perfuração da membrana plasmática. Alguns vírus de planta, entretanto, infectam, replicam e circulam em seus insetos vetores (os de relação circulativa-propagativa), e consequentemente, como os vírus de animais e humanos, precisam interagir com receptores celulares nas células do inseto vetor para que possam infectá-los e serem transmitidos à suas plantas hospedeiras. Esses vírus possuem a capacidade de infectar células vegetais e animais, provavelmente pelo fato de serem patógenos de insetos fitófagos que posteriormente adquiriram a capacidade de mover-se em tecidos vegetais (teoria). Exemplos incluem fitorhabdovírus, fitoreovírus, tospovírus e, provavelmente, geminivírus. Os três primeiros grupos, aliás, fazem parte de famílias de vírus de animais e humanos, o que reforça a teoria postulada acima. Para o rice dwarf phytoreovirus (RDV) tem sido mostrado que isolados defectivos quanto à transmissibilidade (obtidos através da sucessiva passagem em plantas hospedeiras por inoculação mecânica) perdem a proteína da capa P2 ou partes dela e que P2 está envolvida na adsorção do vírus à células de cigarrinhas vetoras. P2 seria então o ligante viral (proteína codificada pelo vírus que reconhece o receptor celular). Similarmente, mostrou-se que as proteínas da capa do bean golden mosaic e do African cassava mosaic virus (ambos geminivírus) são fatores determinantes da aquisição desses vírus por suas moscas-brancas vetoras, como esperado, visto que as capas proteicas são as proteínas mais externas na partícula viral. Adicionalmente, efeitos citopáticos em Bemisia tabasci têm sido observados, indicando replicação do vírus no vetor. {©- Para luteovírus, que não replicam mas circulam em seus afídeos vetores (relação circulativa não-propagativa), existem inúmeras evidências de aquisição mediada pela interação com receptores vinda de estudos de imunocitoquímica. Adicionalmente mostrou-se que diferentes luteovírus ligam-se especificamente a GroEL, uma proteína produzida por uma bactéria endosimbionte (Buchnera sp.) no intestino de afídeos vetores, que tem sido proposta como o fator que determina a persistência de luteovírus na hemolimfa de afídeos vetores. GroEL foi co-purificada com partículas virais via imunoprecipitação, isolada, microsequenciada e identificada por homologia com GroEL de Escherichia coli . O clone obtido foi usado para expressão heteróloga e a afinidade por partículas virais foi demonstrada in vitro, assim como alguns aminoácidos importantes na interação com a capa proteica foram identificados. Potyvírus e Caulimovírus, que possuem relação não-circulativa com seus afídeos vetores, dependem da capa proteica e de uma proteína não-estrutural, denominada helper factor (HF), para a trasmissão via vetor. Tem sido hipotetizado que há uma interação entre os HF desses vírus e fatores celulares, que é necessária para a aquisição do vírus pelos vetores. Para tospovírus foi demonstrado que uma proteína clonada de uma biblioteca de cDNA de Frankliniella occidendalis (o principal tripes vetor), identificada por homologia como um receptor de arylforina (uma proteína envolvida no sistema imune de insetos), liga-se especificamente a TSWV, está localizada no intestino médio (mesênteron) do inseto, que é o sítio primário de infecção, e que anticorpos produzidos contra esta proteína bloqueiam a infecção de células de F. occidentalis em cultura. Todos esses dados indicam o receptor de arylforina como o provável receptor de TSWV no vetor. Também mostrou-se que o receptor de arylforina possui homologia significativa com receptores celulares de hantavírus (pertencentes à mesma família dos tospovírus, Bunyaviridae), as beta-integrinas (envolvidas na adesão celular e no sistema imune), o que pode indicar como esse grupo de vírus evoluiu até invadir o reino vegetal (através do reconhecimento de receptores similares em tripes). Adicionalmente, várias evidências experimentais indicam a glycoproteína G1 de TSWV como o ligante viral. A identificação de receptores para vírus de plantas, animais ou humanos em seus insetos vetores e a identificação e estudo de seus respectivos ligantes virais pode levar ao desenvolvimento de novas estratégias de controle mais eficientes não só das viroses mas também dos vetores, basedas em técnicas de biologia molecular. Um exemplo é o uso de plantas transgênicas expressando:

(a) toxinas que reconheçam especificamente os vetores virais (quimera do ligante e a toxina Bt); (b) o ligante viral ou partes dele (“inundação” do receptor).

Esse estudo também pode levar ao entendimento dos mecanismos de evolução desses grupos de vírus e lançar novas áreas de pesquisa em virologia animal e vegetal.

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1.10. Epidemiologia de Vírus Monitoramento de vetores: uso de armadilhas

a) Vírus transmitidos por pulgões de maneira não-persistente:

O monitoramento das espécies presentes na lavoura pode indicar se espécies de pulgões de grande eficiência de transmissão estão presentes.

Se afídeos vetores estão presentes, a ocorrência de vírus como PVY é inevitável e variedades resistentes podem ser escolhidas.

O monitoramento também é importante para estabelecimento das taxas de crescimento e disseminação dos vetores, as taxas de disseminação dos vetores pode algumas vezes indicar o início de uma epidemia, como tem sido mostrado com o barley yellow dwarf virus (BYDV).

Os fatores ambientais influenciam fortemente a dinâmica populacional dos vetores.

b) Vírus transmitidos de maneira circulativa:

Monitoramento pode indicar o melhor momento para a aplicação de inseticidas.

Monitoramento também pode levar à previsão de epidemias, como no caso acima.

1.11. Importância Econômica dos Vírus de Plantas Perdas causadas por vírus de plantas são responsáveis, em média, por cerca de 10 a 20% das perdas causadas por fatores bióticos (patógenos) nas lavouras no mundo; no entanto, este é um valor médio, é comum encontrar-se lavuras 100% destruídas por vírus e em muitas regiões as doenças causadas por vírus representam a maior ameaça à produção.

Adicionalmente, a diagnose das viroses é em geral difícil, em comparação com outros patógenos, e a presença comum de infecções latentes, provavelmente faz-se com que hajam estimativas subestimadas.

Tipos de danos causados por vírus:

redução na produção através da redução no crescimento, incluindo as infecções assintomáticas. aumento na sensibilidade à geadas ou na pré-disposição à outros patógenos ou pragas. defeitos no aspecto visual (forma e cor). redução da qualidade (gosto, textura, composição química). redução da capacidade regenerativa da planta. aumento dos custos de produção.

Alguns exemplos de grandes perdas reportadas na literatura:

100% de perda no arroz causada pelo rice tungro (Indonésia, 1969-1971). 50-90% no alface e até 100% no tomate causadas pelo TSWV (Havaí). 80% no algodão causada pelo cotton leaf crumple virus (Arizona, EUA). 70% na mandioca causada pelo African cassava virus (Africa). 60% no trigo causada pelo barley yellow dwarf (Nova Zelândia e Chile). Até 100% em tomate causados por geminivírus (Caribe e América Central). Até 100% em diversas culturas, como tomate e feijão, causados por tospovírus e geminivírus (Brasil).

Além dos danos diretos sobre a produção, as tentativas sem sucesso de controle dos vetores usando inseticidas tem causado o acúmulo de produtos nocivos à saúde humana na natureza.

1.12. Diagnose de vírus de plantas Testes biológicos: podem permitir a identificação do grupo de vírus, dificilmente permitirá a identificação da espécie. - Uso de plantas indicadoras (Nicotiana, Solanum, Chenopodium, Phaseolus, Brassica, etc): inoculação mecânica em

determinadas plantas que apresentam sintomas característicos para determinados vírus ou grupos de vírus já foi um dos métodos mais utilizados, até os anos 60 e 70, hoje é usado como apoio diagnóstico apenas já que o número de espécies de vírus aumentou logaritmicamente, impedindo sua diferenciação por este método, em geral.

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- Inoculação mecânica: abrasivo, tampão. - Uso de vetores: quando a inoculação mecânica não é possível. - Gama de hospedeiras: listas publicadas pelo CMI.

Microscopia eletrônica: leaf dips, ISEM (immuno-sorbent electron microscopy). Testes sorológicos: anticorpo, epitopo, soro, antígeno, adjuvante, IgG. - Dupla difusão em ágar, teste de aglutinação. - ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay: ensaio imunológico com enzima conjugada).

Testes biomoleculares:

- Western blotting (transferência e análise de proteínas). - PCR (polimerase chain reaction: reação de polimerase em cadeia). - Eletroforese de dsRNA. - Hibridização de ácidos nucleicos:

- Dot-blot - Northern blotting (transferência e análise de RNA). - Southern blotting (transferência e análise de DNA).

Tabela 1. Comparação relativa entre algumas das técnicas de diagnose usadas para vírus de plantas. Técnica Preço Praticidade Tempo Especificidade Sensibilidade

Plantas indicadoras + + ++++ + + ELISA ++ +++++ ++ +++ +++ Western blotting +++ +++ ++ ++++ ++++ PCR ++++ +++++ + ++++ +++++ Dot-blot ++++ +++ ++ +++++ +++++

Valores relativos representados por : + = muito baixo ou muito pouco; ++ = baixo ou pouco; +++ = mediano; ++++ = alto ou muito; +++++ = altíssimo.

1.13. Controle – conceitos gerais e medidas específicas para vírus Conceito de Doença: alteração no processo fisiológico de obtenção de energia, resultando em perda desta energia pela hospedeira.

Causas: parasitárias e não-parasitárias.

Aspectos epidemiológicos: o modo de disseminação do patógeno tem papel fundamental no estabelecimento de medidas de controle.

Práticas culturais também influenciam pois determinam o estado fisiológico e nutricional da hospedeira, além de determinar as condições microambientais da cultura (por exemplo, espaçamento de linhas detemina a umidade no dossel da planta).

Princípios de Controle: estabelecidos por Whetzel (1929).

a) Escape. b) Exclusão. c) Erradicação. d) Proteção. e) Terapia. f) Resistência.

a) Escape: Evitar condições favoráveis à doença. Exemplos:

Escolha da área ou região: nível de doenças pode ser menor se o plantio for feito em áreas com baixa incidência do vetor.

Escolha do local: para escapar de solos infectados (por fungos ou nematóides vetores) ou de locais com alta infestação de ervas daninhas infectadas.

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Escolha da data de plantio: condições (temperatura e umidade relativa) desfavoráveis ao vetor ou ausência esporádica do vetor (BGMV, tungro).

Uso de materiais propagativos sadios (sementes e mudas): importante para potyvírus, nepo, ilar, como, carla, cucumo, rhabdo, sobemo, carmo, potex, tobamo, tymo, bromo, furo, hordei, tobra, tospo, tombus, rymo, bymo, enamo, machlo, faba, capillo, alfamo, num total de cerca de 10% das espécies de vírus.

Modificação das práticas culturais: se possível, manipular o espaçamento (que pode afetar a população do vetor), controle de ervas daninhas, e outros que diminuam o risco de infecções.

b) Exclusão: Impedir a entrada do vírus (inóculo) em uma área isenta. Exemplos:

Medidas estabelecidas através da legislação fitossanitária.

a) Proibição, certificado de sanidade, inspeção, interdição.

b) Comissão de Defesa Sanitária Vegetal.

No plano do agricultor: sementes e mudas sadias, tratos culturais.

Quarentena: níveis - importação proibida, restrição condicional, livre importação.

Eliminação do inseto vetor (em geral, inviável).

c) Erradicação: Eliminação do inóculo na fonte. Exemplos:

Controle biológico: efeito biocida ou biostático (inibidor) sobre o vetor, tentativas têm sido feitas com o pulgão vetor de BYDV utilizando-se insetos predadores.

Rotação de culturas: quando hospedeiras e não-hospedeiras são utilizadas de maneira rotativa, que acabe reduzindo a população do vírus.

Remoção ou destruição de plantas suscetíveis ou doentes:

i) Arranquio: remover a fonte de inóculo no início do processo de infecção (TMV, TSWV, etc); ii) Eliminação de hospedeiros alternativos: ervas daninhas (TSWV, tungro); iii) Sanitação: eliminação de resíduos (TMV).

Eliminação por cultura de meristemas: vírus podem ser eliminados de meristemas, provavelmente pelos altos níveis metabólicos, altas concentrações de auxina, competição por nutrientes durante alto metabolismo, processos de oxidação-redução. Esta técnica é muita usada na produção de batata-smente livre de vírus (PVY, PRLV, PVA, PSTVd, PVS, PVX, PVM) e em ornamentais como crisântemo, dália, cravo, gladíolo, além de couve-flor (CaMV), morango (vários vírus), soja (SMV), mandioca (ACMV), banana (CMV), cana-de-açúcar (SuMV), uva (vários).

d) Proteção: Tornar o inóculo não-infectivo no sítio de infecção. Exemplos:

Pulverização com fungicidas protetores, no caso dos vírus transmitidos por fungos, e nematicidas, para os transmitidos por nematóides.

Controle do inseto vetor: pode não ser efetivo para o estabelecimento da doença, mas pode inibir a disseminação, de qualqer forma só é efetivo para aqueles vírus de relação circulativa, pois nesse caso a transmissão leva algumas horas para se realizar, durante a alimentação do vetor na planta hospedeira. No caso dos de relação não-circulativa, a transmissão dá-se rapidamente, não dando chance para que o inseticida atue eficientemente, já que o vírus pode ser transmitido até na picada-de-prova (exemplo: PVY por pulgões). Uso de pesticidas tem sido uma das principais medidas de controle de geminivírus, tospovírus, tungro, rice stripe virus, vírus do mosaico da cana-de-açúcar, vírus do mosaico do pepino, etc.

Óleo mineral tem sido usado, em baixa escala, para o controle de vírus como o PVY, pois impede a introdução do estilete do inseto.

Modificação do ambiente: circulação de ar / umidade no dossel (para controle do vetor).

Proteção cruzada (pré-imunização): estirpes avirulentas ou de baixa virulência são usadas para a obtenção de variedades “imunizadas”. Exemplos: vírus da Tristeza dos citrus (cerca de 50 milhões de mudas pré-imunizadas foram produzidas em 1987); vírus do mosaico da soja; vírus da manha anelar do mamoeiro.

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Modificação na nutrição: excesso de nitrogênio pode levar a maior suscetibilidade, deficiência de potássio e cálcio também podem afetar.

e) Terapia: Cura da infecção nas plantas doentes. Exemplos:

Tratamento térmico em sementes e bulbos (usado para diversas espécies florestais; batata para PVS, fumo para AMV e CMV).

Eliminação de partes da planta com infeções através de desbrota e poda.

Viricidas ?

f) Resistência: A resistência pode ser de natureza fisiológica, mecânica, funcional; pode ser baseada por exemplo no uso de inibidores, na incompatibilidade metabólica, cutícula mais resistente, etc.

Resistência sistêmica induzida, tolerância.

Resistência vertical (altos níveis) e horizontal.

Resistência monogênica e poligênica (menos pronunciada, mais durável).

Em alguns casos, diversos estirpes precisam ser usadas nos programas de melhoramento para evitar-se a obtenção de variedades resistentes a uma única estirpe.

Resistência da planta ao vetor é uma possibilidade, e pode ser dos tipos não-preferência, antibiose, tolerância. Exemplos: a incidência de cucumber mosaic virus diminuiu em diversas cucurbitáceas após a introdução de variedades resistentes à Aphis gossypii, o principal afídeo vetor; o mesmo para arroz e o rice hoja blanca virus. O uso de plantas transgênicas expressando a toxina Bt (que age contra insetos) reduziu a incidência de algumas viroses no algodão e milho.

Alguns exemplos de genes de resistência a vírus encontrados em espécies de plantas selvagens, reportados na literatura: Tm-22 (em tomate contra TMV), Sw5 (em tomate contra TSWV), N (em fumo contra TMV), Ry (em batata contra PVY).

Uso de plantas transgênicas resistentes aos vírus: em geral leva menos tempo que o melhoramento tradicional; no entanto requer o domínio prévio da clonagem do gene a ser transposto, e da transformação da planta, encarecendo o produto.

Plantas transgênicas resistentes a vírus estão divididas em três classes:

a) Expressando genes de resistência previamente clonados de outras plantas (resistência derivada da planta):

A resistência é um resultado da ação direta ou indireta do gene que confere resistência, como no melhoramento tradicional, porém resultante de um só gene. Vantagem: variedades resitentes podem ser obtidas mais rapidamente. Desvantagem: resistência teoricamente pode ser quebrada mais rapidamente.

b) Expressando componentes do próprio vírus previamente clonados (resistência patógeno-derivada):

A resistência é resultado da interferência da proteína viral, expressada em altos níveis na planta transgênica, na replicação do vírus, impedindo os processos de decapsidação (quando a capa proteica é usada) ou síntese de genoma viral (quando a replicase é usada). Vantagem: mesma da anterior. Desvantagem: em teoria pode forçar o aparecimento de estirpes mutantes do vírus.

c) Expressando outros genes: inibidores de proteases, interferons e anticorpos, por exemplo.

Observações: Clonagem: pré-requisito para a produção da planta transgênica; através do uso de técnicas como PCR ou de bibliotecas de genes.

Transformação de plantas: agroinoculação com Agrobacterium tumefasciens, onde a região chamada T-DNA do plasmídeo Ti da bactéria é integrado no genoma da planta (usam-se vetores binários); outros métodos são bombardeamento de células ou tecidos vegetais com DNA recombinante; eletroporação.

Uso de marcadores moleculares: antibióticos como neomicina fosfotransferase II (NPT II) e proteínas que inativam antibióticos como gentamicina e higromicina B, herbicidas.

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A indústria biotecnológica é a que mais cresce no mundo, é a que menos fere o ambiente e é das que possui os mais altos índices de competição interna. Exemplos de algumas variedades transgênicas atualmente em uso comercial nos EUA: abóbora resistente a três viroses, CMV (cucumber mosaic), zucchini yellow mosaic (ZYMV) e watermelon mosaic II (WMVII), que foi a primeira variedade comercial resistente a vírus; mamão resistente ao TSWV e papaya ringspot.

Riscos associados à plantas transgênicas: recombinação de genomas de vírus diferentes ou similares pode levar ao aparecimento de estirpes mais virulentas e/ou com diferente gama de hospedeiras; encapsidação heteróloga pode levar à mudanças na epidemiologia dos vírus; marcadores moleculares podem ter efeitos secundários, como antibióticos.

Mecanismos de resistência:

- No movimento do vírus na planta: interferência com proteínas que se associam aos vírus e ao plasmodesma (movimento célula-a-célula) e aos fatores que auxiliam o vírus no movimento a longa distância (movimento sistêmico).

- Interferência com os fatores celulares que auxiliam as polimerases virais na replicação viral ou com as próprias polimerases, obstruindo os mecanismos de regulação da replicação (exemplos são plantas expressando a proteína de 54 kDa de TMV e PEBV, e as polimerases de geminivírus, cucumovírus, BMV, PVX, PVY).

- Inibidores dos fatores de patogenicidade do vírus.

- Silenciamento gênico: mecanismo proposto onde RNAses da hospedeira detectariam um nível elevado do mRNA transgênico e ativariam um mecanismo de degradação que acabaria por atingir os RNAs virais, tornando a planta assim resistente; foi proposto quando se constatou que mRNAs não-traduzíveis conferiam resistência.

- Antissenso: RNAs antissensos bloqueiariam a tradução do gene viral via complementaridade.

- Interferência com o processo de desencapsidação viral, essencial para a replicação do vírus; ocorre quando a capa proteica é expressa e inibe a decapsidação, de modo estereoquímico, pela alta concentração obtida através de promotores fortes, como o CaMV 35S.

- Uso de ribozimas: sequências de RNA com capacidade de cortar RNA.

- Uso de RNA satélite: interferência da replicação do vírus (CMV).

- Uso de RNAs defectivos: mesma anterior.

1.14. Histórico da virologia (animal, humana e vegetal) 1500 BC: sintomas do vírus da polio (poliovirus) desenhados em hieroglifos egípcios; acredita-se que a

domesticação de animais, aliada ao aumento populacional, aparecimento de grandes cidades e o comércio entre povos diferentes foram os fatores que levaram ao aparecimento das primeiras epidemias e pandemias causadas por vírus.

1500’s: Varíola (smallpox virus) trazida por espanhóis ajuda a dizimar povos ameríndios (Incas, Mayas e Aztecas). 1600’s: “breaking” da Tulipa é reportado, embora não se soubesse que se tratava de um vírus, mas é de fato o

primeiro vírus de uso benéfico (plantas infectadas valiam mais no mercado). 1790: o médico inglês E. Jenner realiza a primeira vacinação usando pústulas de varíola bovina (cowpox virus)

em humanos. 1880: transmissão do vírus da febre amarela por mosquitos é provada (Finlay); a partir de então outros insetos

vetores são encontrados. 1885: Pasteur produz a primeira vacina de vírus atenuado (rhabdovírus) após várias passagens em coelhos. 1886-1898: Mayer, Iwanovsky e Beijerinck “descobrem” o TMV, o primeiro vírus (de planta ou animal) descrito;

“contagium vivum fluidum”. 1929: Holmes, testes biológicos, lesões locais como teste quantitativo. 1930’s: Stanley cristaliza o TMV, Rosalind Franklin visualiza-o por difração de raios X (1935) ; vacinas da febre

amarela (1935) e influenza (1936) são produzidas. 1940-50: década da microscopia eletrônica, crescimento de vírus humanos em cultura (poliovirus) e do

sequenciamento de proteínas (Sanger). 1951: Brakke, purificação via gradiente de sacarose; em 1955-56 Fraenkel-Conrad e outros demonstram que a

capa proteica tem função protetora e o ácido nucleico é infeccioso; 1958, Hewitt & Grogan, fungos e nematóides vetores.

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1960-70: protoplastos (Takebe), cristalografia, replicação in vitro, estudos com fagos que levaram à inúmeras descobertas de funções celulares (Delbruck,Luria, Lederberg, Lwoff, Avery, Heshey & Chase); sequência completa da capa do TMV.

1970’s: Diener, viroids; Shepherd & Goodman, vírus de planta com DNA; Temin & Baltimore, transcriptase reversa; teste ELISA (Clark & Adams).

1980’s: mutagênese oligo-direcionada (Smith); anticorpos monoclonais (Jerne); sequenciamento de DNA (Gilbert, Sanger); surge o HIV (AIDS); receptores virais.

1981: Zacaniello & Baltimore, primeiro cDNA infeccioso (polio). 1984: Ahlquist, clone infeccioso de BMV (primeiro de planta). 1986: Powell-Abel et al., planta transgênica resistente a vírus (TMV). 1990s: clonagem de genes de resistência de plantas a vírus; primeiras plantas transgênicas ersistentes a vírus

passam a ser comercializadas 2000s: substituição das antigas práticas de controle pelas novas estratégias criadas pela biotecnologia?

1.15. Outros Agentes Fitopatogênicos Similares a Vírus

Viróides: − Descobertos por Diener (1971). − Não possuem capsídeo, genoma composto apenas por RNA, aparentemente não codificam nenhum

polipeptídeo, tamanho reduzido. − Usam RNA polimerase da célula hospedeira para sua replicação; por isso localizam-se no núcleo ou em

organelas. − RNA circular com cerca de 250 a 400 nucleotídeos (pequenos). − Constituem os menores agentes infecciosos de plantas. − Causa cerca de 20 doenças em plantas; nenhum descrito em animais. − Resistência do RNA no ambiente relacionada à estruturas secundárias formadas na molécula. − Difícil visualização em microscopia eletrônica; diagnose por dot blot e PCR. − Também não funcionam como mRNAs in vitro, apesar de serem de senso positivo. − Replicação por mecanismo do tipo “círculo rolante”. − Transmitidos mecanicamente (práticas culturais) e por propagação vegetativa. − Exemplos: Exocortis do Citrus (CEV), potato spindle tuber viroid (PSTVd), Cadang-Cadang do Coqueiro

(Filipinas), Avocado Sunblotch Viroid (ASVd), tomato planta macho (TPMVd).

RNAs Satélites e Vírus satélites: − Os vírus satélites codificam capsídeos como os vírus mas não codificam replicases ou outra proteína, usam as

replicases dos vírus para sua replicação; os RNA satélites não codificam proteínas. − Constituem-se de fitas simples de RNA. − Não causam dano à replicação dos vírus. − São específicos a determinados tipos de vírus. − Não apresentam homologia com os genes virais. − Exemplo: RNA satélite do CMV.

Virusóides: − Apresentam RNA como os viróides: pequeno tamanho, circulares, fechados, fita simples. − Porém são dependentes do vírus para replicação e são encapsidados pela capa proteica do vírus, como os

RNA satélites. − Exemplo: Velvet tobacco mottle virus (VTMoV). Prions: − Ainda não encontrados em plantas.

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− Aparentemente constituem-se de pequenos polipeptídeos com capacidade replicativa, não associados à ácidos nucleicos; no entanto, é possível que sejam codificados por pequenas sequências de RNA ou DNA que ainda não foram purificadas por limitações experimentais (vírus “filtráveis”).

− Exemplo: Encefalite causada pela doença da “vaca louca” (Inglaterra).

Tabela 2. Algumas características diferenciadoras de tipos patógenos de plantas.

Caract. Fungo Bactéria Nemat Rickétsia Fitoplasma Vírus RNA sat. Viróide Virusóide

Tipo Eukar. Prokar. Eukar. Prokar. Prokar. partícula partícula. Partíc. Partícula

Número de células multi uni multi uni uni NA NA NA NA

Parede celular + + + +

(ondulada) - NA - NA NA

Morfologia micelial elipsóide verme elipsóide pleomórfico variada bastonete Baston. bastoneteCrescimento em meio + + + +/- - - - - -

Metabolismo sim sim sim sim sim não não não não Tipo de Genoma DNA DNA DNA DNA DNA DNA ou

RNA RNA RNA RNA

Sensibilid. Penicilina + + - + - - - - -

Sensibilid. Tetraciclina - + - + +

(remissão) - - - -

Número de genes ~4000 ~2000 ~5000 ~1000 ~1000 ~4 a 20 1 0 1

Reprodução Sex./ Assex.

Fissão binária

Sex./ Assex.

Fissão binária Fissão binária Montagem Mont. Mont. Mont.

Replicação NA NA NA NA NA Independ Depen. Depen. Depen. Capsídeo NA NA NA NA NA sim NA não sim

NA = não se aplica. Depen. = dependente do vírus

1.16. Paralelo entre Virologia Animal e Vegetal A virologia moderna é dividida didaticamente em virologia animal (que estuda os vírus que infectam animais e humanos) e virologia vegetal; do ponto-de-vista prático, esta subdivisão inexiste. As técnicas de pesquisa nas duas áreas são, praticamente, as mesmas, assim como as estratégias experimentais de modo geral, e os objetivos e as linhas de pesquisa estão ganhando, a cada dia, maior similaridade.

Tamanha similaridade entre vírus com hospedeiros tão diversos (plantas, animais, humanos) surgiu, principalmente, após a obtenção sistemática de dados moleculares no estudo de vírus.

A dissecação molecular dos vírus mostrou que os vírus que infectam o ser humano, uma bactéria ou uma planta, eram muito mais similares do que se imaginava, com diferenças menores do que as supostas anteriormente, pelo simples de fato que os genomas virais são diminutos e não há muito espaço para grandes variabilidades. Exemplos: estratégias de replicação idênticas, genes com homologia altamente significativa, mecanismos de patogênese similares, etc.

É possível que a virologia, dentro das ciências microbiológicas, seja a com maior interação entre as áreas médicas, agronômicas e puramente biológica, tamanha é a similaridade dos vírus em termos gerais.

Esta similaridade levou, por exemplo, à criação de duas superfamílias de vírus (tipo-picornavírus e tipo-alfavírus), que englobam vírus animais, vegetais e humanos.

Assim, este subtópico visa mostrar alguns dados bastante relevantes obtidos com vírus humanos e animais que tiveram repercussão direta ou indireta na virologia de plantas, técnicas que foram desenvolvidas em virologia animal e que depois foram adaptadas à virologia vegetal e as similaridades gerais entre alguns vírus animais e vegetais.

a) Retrovírus: Representantes: HIV-1 e 2 (AIDS), HTLV, RSV e outros oncovírus (envolvidos em processos carcinogênicos).

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Características do genoma: dímero de ssRNA(+), 8-10 kb.

Similares a elementos genéticos celulares móveis: retrotransposons.

Grupo similar em plantas: Caulimovírus (também codifica uma trancriptase reversa, sendo portanto um pararetrovírus, com mecanismo de replicação bastante similar; porém não é envelopado e possui genoma de DNA).

Estrutura genômica simplificada dos retrovírus:

5’cap poli (A) 3’

pol: transcriptase reversa, RNase H, integrase, protease. gag: CA e NC (proteínas do capsídeo), matriz (MA). env: glicoproteínas [SU(gp120), TM(gp40)]. rev: exportação dos mRNAs para o citoplasma. nef: envolvida na replicação e regulação negativa de CD4. vif: aumenta infectividade. tat: envolvida na replicação de maneira ainda não completamente elu-

cidada, vai para o núcleo, interage com proteínas da célula hospedeira.

- Ciclo celular:

O receptor do HIV (CD4) foi um dos primeiros a serem identificados (Gallo & Montagnier, 1984).

Desencadeou a procura pelo receptor de outros vírus, desde que logo se percebeu a possibilidade de desenvolvimento de estratégias para bloquear a entrada do vírus na célula; o que ainda não se confirmou na prática visto que o receptor desempenha funções essenciais para a célula hospedeira.

pol tat rev

gag vif env nef

brotamento

(progênie)

CD4 CXCR

penetração

célula hospedeira: macrófagos, células T

integração

transcrição reversa

núcleo

transcrição

encapsidação e montagem

glicoproteínas acumuladas na membrana plasmática

nucleocapsídeo

tradução

Produtos e funções dos genes virais:

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Mais de uma década depois foi identificado o co-receptor (CXCR4):

- Feng et al. (1996. Science 272: 872-877) encontraram um co-receptor a partir da hipótese de que outro receptor deveria existir visto que alguns tipos de células que expressam CD4 são não-permissivas. Descrição da estratégia experimental:

- 2 grupos de células NIH-3T3 (não-permissivas) foram transformadas com: (a) CD4, polimerase T7 e uma bib-lioteca de cDNAs de linfócitos T (permissivas) e (b) vetores contendo lacZ (sob o controle do promotor T7) e env.

- Os dois grupos foram incubados num mesmo meio contendo X-gal (substrato da lacZ) e a seleção foi realizada pela identificação de células fundidas (azuis devido ao reconhecimento do promotor T7 pela pol T7 e consequente expressão de �-galactosidase e hidrólise de X-gal).

- A fusão de duas células implica na expressão do co-receptor que foi identificado como uma proteína do tipo quimiocinina (p.e. CXCR4) que estão envolvidas no recrutamento de componentes do sistema imune para células em processo de inflamação.

- Controles experimentais utilizados: env- resultou em fusão negativa; outras células não-permissivas também tornaram-se infectadas.

Possível aplicação terapêutica dos receptores:

- Construção de VSV recombinante expressando CD4 e CXCR4. - Infecção em células previamente infectadas com HIV. - Levou à destruição das células infectadas. - Schnell et al. 1997. Cell 90: 849-857.

Descoberta da transcriptase reversa (Temin & Baltimore, 1970) em retrovírus possibilitou o estudo de drogas inibidoras da replicação desses vírus, o que, anos depois levou à produção comercial de AZT, zidovudina, saquinavir (inibidor de protease), etc (complexo de drogas hoje usado terapeuticamente).

Paralelo com o estudo de caulimovírus:

- Transformação de células hospedeiras de caulimovírus (protoplastos) extremamente dificultada (baixíssima eficiência devido a restos da parede celular).

- Vírus animais são comumente tecido-específicos o que acarreta numa grande variedade de tipos de células que podem ser utilizadas, ao contrário de vírus de plantas.

- Caulimovírus são bons modelos para o estudo da atividade de transcrição reversa, visto que não existem empedimentos éticos para a realização de experimentos com organismos hospedeiros vivos do vírus (planta), ao contrário do HIV.

b) Picornavírus: Representates: poliovírus (poliomielite), rhinovírus (gripe), hepatite A; todos possuem 1 RNA e são isométricos.

Similares em plantas: comovírus (2 RNAs), nepovírus (2 RNAs), potyvírus (1 RNA, bastonete).

Características do genoma e da estratégia de expressão que são idênticas nos picornavírus animais e seus similares em plantas: - ssRNA(+). - VPg (replicação) e cauda de poli(A) (estabilidade) associados ao RNA. - formação de poliproteína precursora a partir de um único ORF. - clivagem pós-traducional por proteases virais. - Não possuem CAP como estrutura de proteção do RNA, região 5’ UTR supre essa deficiência. Essas características em comum levaram ao estabelecimento da superfamília dos vírus “tipo-picornavírus”.

Os genomas também possuem uma organização dos genes extremamente similar e domínios (regiões das proteínas especializadas em determinadas funções) homólogos, indicando uma evolução monofilética da super-família; ou seja, um provável ancestral comum.

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Ciclo Celular do Poliovírus:

Curva de crescimento em único passo: Técnica desenvolvida inicialmente com poliovírus, extremamente difundida para outros vírus; permite o estudo da dinâmica de replicação do vírus e assim pode ser usada numa grande variedade de experimentos, com infinitas aplicações. Exemplos de aplicações: estudo de drogas antivírus e seu modo de ação, estudo de anticorpos antivirais e sua eficiência. Como se obtém a curva: Células em cultura são incubadas com vírus purificado por um período breve para ligação das partículas às células. Concentração suficiente de vírus é adicionada de modo que haja excesso de vírus em relação ao número de células, para que todas as células sejam infectadas. Células são lavadas para remoção do excesso (partículas não ligadas) através de sedimentação e resuspensão em novo meio de cultura. Alíquotas são então removidas a um determinado intervalo de tempo: células são rompidas (lisadas) por tratamento com detergente de modo que todos as partículas virais presentes na alíquota (as que estejam dentro e as que já estejam fora das células) possam ser contadas. Amostras tratadas com albumina para diminuir o efeito do detergente nos passos subsequentes. Alíquotas tratadas são então usadas em ensaios de placa, que é um ensaio simples de infecção de monocamadas de células em meio sólido. É possível para vírus que sobrevivem a tratamentos com detergentes, o que não acontece com vírus com membranas, por exemplo. Existem diversos tipos de curvas de crescimento, dependentes das características próprias do experimento e do vírus.

Exemplo:

No.

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)

Tempo (horas)

ICAM-1

replicação no citoplasma

tradução/ replicação/montagem

montagem no retículo endoplasmático ou em vesículas saída via lise da célula

deterioração

elevação

lag

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Saída da célula: lise ocorre após o aumento da permeabilidade da membrana celular ocasionada pelo vírus (no caso do poliovirus, especificamente pela proteína viral 2B).

Foi mensurada pela utilização de corante específico a íons de cálcio (Ca+2): mostrou aumento do influxo de Ca+2 no citoplasma após infecção viral.

Picornavírus inibem a síntese de RNA celular: caracerística provavelmente comum a muitos vírus.

Mecanismo (Clark et al. 1993. Mol. Cell Biol. 13: 1232-1237): - Todo promotor celular contém uma sequência denominada caixa TATAA, reconhecida no DNA celular pela

RNA pol II para que haja transcrição. - Há um complexo de proteínas, denominado TFIID, que associa-se a todos os mRNAs celulares, para que

estes possam ser transcritos. - Uma proteína denominada TBP é uma das participantes do complexo. - Descobriu-se que a protease 3C de poliovírus (clonada, expressa e purificada de E. coli) cliva TBP in vitro. O

mesmo foi verificado quando se purificou TBP de células previamente infectadas (controle: célula não infectada). - Transcrição de uma sequência de DNA contendo um promotor de adenovírus foi inibida pela incubação com

3C purificada (controle: mutante de 3C).

Paralelo com vírus de plantas: (i) a curva de crescimento em único passo pode ser construída (com menor eficiência) utilizando-se

hospedeiras de lesão local, onde cada lesão representará uma partícula viral viável em determinado momento;

(ii) as descobertas feitas com picornavírus abrem um leque de possibilidades experimentais com os seus similares em plantas;

(iii) por exemplo a inibição da transcrição celular deve ocorrer também em plantas, o que não foi ainda comprovado.

c) Togavírus: - Representantes: vírus da rubéola (rubella virus), diversos vírus que causam encefalites (Sindbis virus, Eastern encephalitis virus).

São envelopados, transmitidos por insetos em geral, com uma molécula de ssRNA(+).

Similares em planta: bromovírus, cocumo, ilar (todos sem evelope e com 3 RNAs), tobamo, potex, (ambos sem envelope e formato bastonete).

Todos esses vírus fazem parte da superfamília dos “alfavírus”.

Foram os primeiros clones infecciosos obtidos, a partir de cDNA transcritos in vitro que geraram RNAs infecciosos.

Descobriu-se que os nucleocapsídeos são decapsidados por ribossomos (decapsidação é portanto um evento paralelo à tradução).

Descobriu-se que usam a estratégia da leitura contínua (“readthrough”) para maximizar o número de genes (teoria da Economia Genética):

Um códon de terminação fraco (UGA) é encontrado entre os dois genes envolvidos na replicação; os ribossomos continuam a traduzir em 20% das vezes que encontram UGA.

O códon imediatamente adjacente a UGA também participa neste processo; para o Sindbis virus mostrou-se que quando o próximo códon é CUA a leitura continua, se a citosina é modificada a leitura pára.

Assim, uma região do genoma que codificaria apenas um gene, codifica dois.

O mesmo já havia sido descoberto para o bacteriófago Q� (na síntese de sua proteína A1), mostrando novamente como vírus completamente diferentes podem possuir mecanismos extremamente similares de expressão dos seus genes.

Os mRNAs subgenômicos são feitos a partir de um promotor interno na fita de RNA(-) ou complementar.

Sequências adjacentes aos terminais 5’e 3’, com comprimentos de 51 e 19 nt respectivamente, são conservadas dentro de um mesmo gênero e são importantes na síntese de RNA.

O processo de encapsidação começa numa região específica.

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Saída da célula: por brotamento através da interação entre as glicoproteínas e o nucleocapsídeo; deleção de um ou outro levou ao bloqueio na produção de novas partículas completas. Paralelo com vírus de plantas: todos esse dados, gerais e extremamente importantes em termos de replicação e expressão gênica, começaram a ser pesquisados então para alguns vírus de plantas, e alguns já foram confirmados, como exemplos: já foi encontrada em brome mosaic virus (BMV) e em TMV a região específica de início do processo de encapsidação (cis e trans), o mesmo para promotores internos em rhabdovírus e outros; a estratégia de leitura contínua; assim como já foi possível o desenvolvimento de clones infecciosos de BMV e outros.

d) Papovavírus: Representantes: human papilloma virus (diferentes espécies causam diversos tipos de verrugas e alguns carcinomas), SV40 (vírus modelo); são dsDNA, circular. Similar em plantas: geminivírus (ssDNA circular).

Infectam células epiteliais, estão presentes na maioria dos indivíduos na população.

A maioria das estirpes não causa doenças, mas alguns são oncogênicos (nesses casos o genoma viral é integrado no humano). Possuem genoma do tipo dsDNA, replicam e montam sua partícula no núcleo, o dsDNA forma um minicromossomo com histonas celulares.

SV40 (simian virus 40) é um vírus-modelo em vários tipos de estudos de replicação e patogênese por se tratar de um vírus de fácil propagação in vitro e infectar um hospedeiro muito similar ao ser humano (portanto importante nos estudos de patogênese).

Produz uma proteína chamada antígeno T, a qual foi demonstrada a capacidade de estimular a divisão celular, e portanto viral, através da ligação à duas proteínas celulares envolvidas no ciclo celular.

Estas proteínas estão presentes no núcleo, são chamadas p53 e Rb, e sua função exata na ativação da divisão celular ainda não está elucidada.

Cultura de fibroblastos tem sido extensivamente usada com esses vírus e são sistemas de culturas de células bem avançados e formam monocamadas com extrema eficiência.

Paralelo com vírus de plantas: culturas de células em monocamadas ainda não são possíveis com protoplastos, que são cultivados em suspensão, o que se torna limitante em ensaios quantitativos; geminivírus também possuem fase da replicação no núcleo; estímulo à divisão celular deve ocorrer com alguns vírus de plantas.

e) Rhabdovírus: Representantes em animais: vírus da raiva, VSV.

Similares em plantas: rhabdovírus de plantas (fitorhabdovírus).

Outros vírus similares em animais: paramyxovírus [viroses do sarampo, (measles virus) e da caxumba (mumps virus)], orthomyxo (8 RNAs, Influenza, causador da gripe espanhola).

Estrutura genômica:

Genoma produz 5 distintos mRNAs monocistrônicos, que são transcritos sucessivamente com 70% de eficiência a cada “parada” da polimerase. Virions são liberados no citoplasma por endossomos: pH baixo expõe uma região hidrofóbica da proteína G que resulta na fusão. Necessidade de glicosilação: descobriu-se ser necessária para o transporte de proteínas transmembrânicas no sistema de membranas na célula. Genes e funções:

a) P: fosfoproteína necessária à replicação e transcrição. b) N: nucleocapsídeo, também necessário à replicação e transcrição e à proteção contra RNases celulares. c) M: proteína matriz, responsável pela montagem da partícula. d) G: glicoproteína, ligação ao receptor. e) L: replicase e transcriptase.

N P M G L

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Há uma atenuação na razão de transcrição de cada promotor no sentido N > P > M > G > L.

Descobriu-se com VSV que tubulina (proteína que faz parte do citoesqueleto) age como fator de transcrição positivo.

mRNAs “capeados” (cap = mGpppmA) e com poli(A), como os RNAs celulares.

Produção de partículas infecciosas completas: experimento feito com VSV (vesicular stomatitis virus, também um vírus-modelo) descrito a seguir.

- infecção de cultura de células com vetor de expressão vaccinia-polimerase T7 (provavelmente o vetor viral mais utilizado).

- transfecção com (5) clones contendo os genes de VSV (controle): novas partículas virais podem ser obtidas a partir de cDNA.

- Substituição de G de VSV por outra glicoproteína: G de Influenza, levou à obtenção de VSV recombinante (com G heterólogo na partícula); tornou-se uma ferramenta importante no estudo das glicoproteínas virais.

- Mostra a flexibilidade da formação da partícula de VSV. - Requer o uso de lipofectina para transfecção (ação similar a de um detergente, porém sem natureza cáustica),

ou outro químico similar que forme “bolhas”.

Características importantes do VSV que tornaram possível seu uso como vetor de expressão: - Pode crescer em altos títulos na maioria das células de mamíferos e é facilmente purificado em altas

quantidades. - Permite a introdução de genes externos devido à simetria bilateral do nucleocapsídeo, que permite o aumento

do tamanho do genoma sem a perda da viabilidade (partícula pode crescer de tamanho). - Facilidade com que partículas recombinantes são formadas (não possui mecanismo de exclusão de proteínas

da membrana). - Eventos de recombinação são aparentemente raros ou não acontecem. Influenza: mostrou-se que o vírus sequestra estruturas “cap” de mRNAs celulares para os seus mRNAs e que a polimerase forma as caudas de poli(A) a partir de um mecanismo de “escorregamento”, usando pequenas sequências de UUU como molde.

Paralelo com vírus de plantas: vetores virais também foram desenvolvidos (TMV, PVX) e são usados para a expressão transiente de genes heterólogos em plantas.

1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS VÍRUS .............................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.2. ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS VÍRUS.....................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.3. PRINCIPAIS VÍRUS DE PLANTAS E SUA CLASSIFICAÇÃO ....................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.4. CRITÉRIOS UTILIZADOS NA CLASSIFICAÇÃO DOS VÍRUS...................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.5. ALGUNS CONCEITOS DE VALOR TAXONÔMICO.................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.6. SINTOMAS CAUSADOS POR VÍRUS DE PLANTAS ................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.7. REPLICAÇÃO E EXPRESSÃO GÊNICA..................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.8. MOVIMENTO DO VÍRUS NA PLANTA..................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.9. TRANSMISSÃO DE VÍRUS DE PLANTA A PLANTA ...............................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.10. EPIDEMIOLOGIA DE VÍRUS ..............................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.11. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DOS VÍRUS DE PLANTAS ......................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.12. DIAGNOSE DE VÍRUS DE PLANTAS ...................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.13. CONTROLE – CONCEITOS GERAIS E MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA VÍRUS ..........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.14. HISTÓRICO DA VIROLOGIA (ANIMAL, HUMANA E VEGETAL)............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.15. OUTROS AGENTES FITOPATOGÊNICOS SIMILARES A VÍRUS ............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.16. PARALELO ENTRE VIROLOGIA ANIMAL E VEGETAL........................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.