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A Educação Popular: desafios e possibilidades nas áreas de assentamentos rurais Autor: Ernandes de Queiroz Pereira Resumo O presente trabalho propõe uma análise sobre as experiências em educação popular nas áreas de assentamentos rurais conquistadas pela luta do MST, no que tange a uma concepção educativa alicerçado nas matrizes pedagógicas de pensamento crítico/emancipatório. Esta concepção inspirada na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire busca realizar processos educativos através da ação dialógica, como princípio gerador do processo de ensino-aprendizagem significativo. Este fazer educativo fundamentado nas práticas de educação popular decorrentes das próprias situações existenciais dos sujeitos estimula ações políticas de organização, de luta e emancipação dos setores populares da sociedade. Nesse processo, a ação educativa se articula entre o saber elaborado e a realidade, favorecendo experiências educativas libertadoras. Diante dos desafios, das contradições e dos limites que envolvem as práticas em educação popular e a realidade constata-se a necessidade de avançar na articulação da teoria com a prática como condição fundante para efetivamente concretizar um movimento contra-hegemônico no espaço da sociedade civil. Este trabalho faz parte da nossa pesquisa do curso de doutorado em educação, que teve como universo de pesquisa os assentamentos Mandacaru e Assentamento Zé Marcolino nos municípios de Amparo, Prata e Sumé no região do Cariri da Paraíba. Adotamos como metodologia, a pesquisa qualitativa, realizada através de entrevistas semi-estruturadas e observação participante, tendo como sujeitos de pesquisa moradores dos assentamentos rurais acima mencionados. Palavras – chave: Consciência Crítica - Educação Popular- MST Educação Popular: revisitando suas veredas A educação popular até os anos 40 era concebida numa perspectiva extensionista da educação formal para todos,

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A Educao Popular: desafios e possibilidades nas reas de assentamentos ruraisAutor: Ernandes de Queiroz PereiraResumoO presente trabalho prope uma anlise sobre as experincias em educao popular nas reas de assentamentos rurais conquistadas pela luta do MST, no que tange a uma concepo educativa alicerado nas matrizes pedaggicas de pensamento crtico/emancipatrio. Esta concepo inspirada na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire busca realizar processos educativos atravs da ao dialgica, como princpio gerador do processo de ensino-aprendizagem significativo. Este fazer educativo fundamentado nas prticas de educao popular decorrentes das prprias situaes existenciais dos sujeitos estimula aes polticas de organizao, de luta e emancipao dos setores populares da sociedade. Nesse processo, a ao educativa se articula entre o saber elaborado e a realidade, favorecendo experincias educativas libertadoras. Diante dos desafios, das contradies e dos limites que envolvem as prticas em educao popular e a realidade constata-se a necessidade de avanar na articulao da teoria com a prtica como condio fundante para efetivamente concretizar um movimento contra-hegemnico no espao da sociedade civil. Este trabalho faz parte da nossa pesquisa do curso de doutorado em educao, que teve como universo de pesquisa os assentamentos Mandacaru e Assentamento Z Marcolino nos municpios de Amparo, Prata e Sum no regio do Cariri da Paraba. Adotamos como metodologia, a pesquisa qualitativa, realizada atravs de entrevistas semi-estruturadas e observao participante, tendo como sujeitos de pesquisa moradores dos assentamentos rurais acima mencionados. Palavras chave: Conscincia Crtica - Educao Popular- MSTEducao Popular: revisitando suas veredas

A educao popular at os anos 40 era concebida numa perspectiva extensionista da educao formal para todos, especialmente para parcelas da populao localizadas nas periferias das cidades e/ou para a populao da zona rural. No final da dcada de 1940 comeou a surgir os primeiros embries que contemplaram as questes relacionadas educao de base. O ps segunda guerra mundial ascendeu os princpios democrticos, cuja estrutura internacional interferiu nas mobilizaes nacional da poca que enfatizavam o movimento de educao voltado para o povo. Ao mesmo tempo em que buscava-se o desenvolvimento social e econmico do pais, evidenciava-se a necessidade de criar e implementar polticas de educao de base, que no se limitasse a alfabetizao da populao pobre, mas que tambm estivessem a servio do ajustamento social no mundo moderno. (PEREIRA; PEREIRA, 2010).

Nesta verso, a proposta educativa, sobretudo, focava a populao rural, que na poca, restringia s suas experincias ao prprio contexto social em que se encontravam. O desenvolvimento da escrita, da leitura e do convvio social, era considerado exigncias fundamentais para participar da vida moderna. Por tanto, a poltica de educao de base buscou exatamente a adaptao e o ajuste ao modelo de sociedade, de modo que atravs destes mecanismos de controle social, a educao tinha a funo de difundir contedos das idias dominantes.

Segundo Beisiegel (2008, p. 28) a partir de 1947, a campanha de educao de adultos promovida pelo ministrio da educao e sade:

Proponha a necessidade de uma determinada educao para todos os habitantes; considerava que esta educao devia estender-se todos, mesmo quando nem todos tivessem conscincia da necessidade individual e social de serem educados; deduziam e justificavam os contedos de um projeto de aperfeioamento da sociedade.

Neste sentido, Beisiegel ainda destaca aspectos considerados essenciais pelos responsveis pela campanha educativa, tais como:

O ajustamento social, as possibilidades de melhoria de vida individual para as massas marginalizadas, a elevao dos nveis educacionais e culturais da coletividade, a integrao dos favorecidos nas condies de vida do mundo moderno, o progresso social e econmico da nao. (BEISIEGEL, 2008, p. 29).

Mas a partir da dcada de 1950 comeou a se questionar sobre esse modelo de educao oferecido s classes populares. O debate passou a ganhar evidncia medida que educadores questionavam a prtica de educao de adultos EJA, como transmissora de contedos. Esse olhar mais atento acerca das campanhas educativas adquiriu novos contornos, preocupados com uma educao voltada para a formao da conscincia crtica dos educandos.

De acordo com o relato de Paiva (1987, apud, PEREIRA; PEREIRA, 2010) no II Congresso nacional de educao de adultos que aconteceu no final da dcada de 1950,[...] educadores manifestaram diferentes posies relacionadas nova perspectiva de educao. Dentre as concepes, encontramos o pensamento de Paulo Freire, o qual atrai vrios adeptos, como educadores, intelectuais, estudantes, lderes comunitrios de todo o pas em prol de uma educao popular (PEREIRA; PEREIRA, 2010, p. 02).

Este momento de renovao do debate e de proposies de uma educao autntica e comprometida com a formao da conscincia crtica, especialmente, encontra nas idias e na prtica de Paulo Freire referncias para o desenvolvimento de um processo educativo voltado para o protagonismo do homem como construtor da sua existncia no mundo. Beisiegel (2008) comenta que as idias de Freire enfatizam a necessidade da participao responsvel do educando nos planos individual e social. Por isso:O processo educativo estaria favorecendo a formao de disposies mentais democrticas, criando hbitos de participao e ingerncia na construo da vida coletiva, comprometendo o homem com a sua circunstancia, levando-o, em outras palavras, plena realizao enquanto homem e enquanto membro de uma coletividade nacional potencialmente democrtica, desenvolvida e senhora de seus destinos (2008, p. 138).As experincias educativas desenvolvidas por Paulo Freire a partir de 1955 em Recife no SESI (Servio Social da Indstria), no MCP (Movimento de Cultura Popular) e no Servio de Extenso Cultural da Universidade do Recife contriburam de forma significativa para o desenvolvimento das suas formulaes tericas acerca da concepo da prtica educativa servio da libertao dos oprimidos. A sua atuao no SESI consistiu num trabalho de integrao entre pais, dirigentes e alunos da instituio. Estas experincias provocaram questionamentos em relao prtica educativa e a preocupao em construir estratgias de ao que possibilitassem o dilogo entre o conhecimento sistematizado e as experincias do contexto scio-histrico e cultural das classes populares.No movimento de cultura popular do Recife, Freire vivenciou experincias educativas articuladas cultura do povo. O movimento foi criado em 1960 e era vinculado a prefeitura do Recife na gesto do ento prefeito Miguel Arraes, mas sob iniciativas de artistas, intelectuais e estudantes universitrios. Fundamentalmente, tinha como objetivo a conscientizao do povo atravs da alfabetizao e da educao de base atrelada cultura popular.Esta perspectiva crtica, criativa e participativa do povo buscou na prpria realidade elementos constitutivos da prtica educativa como elemento de expresso e de luta dos setores populares. Este perodo frtil de cultura e de educao popular tambm foi o tempo de construo e consolidao do mtodo de alfabetizao de Paulo Freire, que consistiu na elaborao de uma proposta de alfabetizao a ser realizada em curto perodo de tempo, inovadora e barata, voltada para adultos das classes populares.

Educao Popular: pista para seu entendimentoA educao popular como teoria do conhecimento tem como caracterstica fundante a oposio ao modelo de educao conservador da burguesia. Ela exige compromisso pela libertao dos oprimidos medida que busca nos seus fundamentos a elaborao terica na realidade, cujos princpios propem a instaurao de um processo contra-hegemnico, no qual os homens se reconhecem num processo educativo que possibilita pensar e construir as suas relaes scio-histricas e culturais diferentes do modelo dominante.

A educao popular, que tambm pode ser um modelo educativo desenvolvido nas instituies formais de ensino, especialmente produzida pelas prprias classes populares. Segundo Wanderley (1986, p.64) esta modalidade:

uma forma de educao menos oficial e menos enquadrada nos programas de tipo professor-alunos. , por exemplo, a educao que o operrio recebe, fora da fbrica e fora da escola, dentro do sindicato, que ele recebe da sua agncia de classe e atravs de sua participao pessoal em processos e momentos de trabalho de classe.

Contudo, as experincias em educao popular podem ir, e vo alm dos espaos informais, dado que a educao de classe uma modalidade possvel de ser desenvolvida em todos os nveis de ensino, da educao infantil ps-graduao. Neste sentido, Melo Neto (2003, p. 18) assevera que para o seu exerccio, preciso desenvolver princpios indispensveis, por exemplo, deve manifestar-se por: Meio do insistente desejo de criao de conhecimentos que busquem fazer histria; o indivduo deve sair de si mesmo e modelar a prpria realidade expressa pelas suas atividades; deve exercitar a crtica e a organizao geral de entes humanos em suas classes. Deve cultivar valores ticos promotores de atitudes democrticas, direcionadas para a igualdade e a liberdade.

O processo de sistematizao das experincias populares constitui uma matriz pedaggica a servio da formao da conscincia critica. Trata-se de uma concepo terica que diverge das idias burguesas, pois, os princpios que norteiam a educao popular defendem que a elaborao terica baseada na realidade do povo um resgate da sua cultura e das suas relaes sociais e de trabalho. Estas orientaes pautam-se nas proposies freireanas que ao defender a prtica educativa como uma ao dialgica, entende que o dilogo entre educador e educandos comunicao e no comunicados. Por isso, troca de saberes. Princpios fundamentais para a elaborao orgnica da cultura da classe popular.

O popular est associado ao povo, s maiorias desassistidas e marginalizadas. Assim, os princpios tericos que orientam s praticas de educao popular encontra na realidade do povo o ponto de partida para a teoria. Melo Neto enfatiza que popular sinnimo de oprimido, conceito difundido por Paulo Freire. Segundo o autor, o significado de oprimido vem: daquele que vive sem condies elementares para o exerccio da cidadania, considerando que tambm est fora da posse e uso de bens materiais produzidos socialmente (MELO NETO, 2003, p. 44).

O cerne da educao direcionada as classes populares reside na possibilidade de fomentar experincias educativas formadoras de pessoas crticas e participativas na sociedade. Orienta para a ao poltica dos sujeitos na realidade em que esto inseridos medida que cria condies para que os educandos tambm sejam sujeitos de organizao e construo de conhecimento. Alm de ser uma proposta que favorece e incentiva o exerccio das diversas potencialidades do ser humano, como coordenar, sistematizar, expressar opinies, que no sentido de Freire (2005) significa o direito que os sujeitos tm de dizer a sua palavra, de pronunciar o seu mundo.Com esta perspectiva, a sua constituio se torna a prpria expresso da cultura do povo. A intencionalidade da educao popular busca sistematizar a unidade entre o modo de pensar e de agir do povo. A esse respeito, Gadotti (1998, p. 03) comenta que:Um dos princpios originrios da educao popular tem sido a criao de uma nova epistemologia baseada no profundo respeito pelo senso comum que trazem os setores populares em sua prtica cotidiana, problematizando-o, tratando de descobrir a teoria presente na prtica popular, teoria ainda no conhecida pelo povo, problematizando-a, incorporando-lhe um raciocnio mais rigoroso, cientfico e unitrio.

Como se v, a educao popular exige reconhecer o potencial dialgico dos sujeitos envolvidos no processo de produo do conhecimento, cujos princpios ticos devem se sustentar na relao de reconhecimento e de respeito aos diferentes saberes. O dilogo proporciona metodologias instigantes no processo de ensino-aprendizagem, que estimula a capacidade de criao e participao, pois, na relao dialgica, o educador tambm aprende com os educandos. A metodologia desenvolvida neste processo exige uma reciprocidade pedaggica em que o educador facilita a aprendizagem, mas, problematiza e investiga a realidade junto com os educandos para a construo coletiva do conhecimento.

O educador precisa aprender sobre o contexto dos educandos, cuja insero na cultura da comunidade possibilita compreender as experincias vivenciadas por estes sujeitos, que resulta na formao do seu lugar social. A compreenso da realidade forma mecanismos de aes coletivas e solidrias entre educandos e aprendizes, os quais podem construir estratgias de resistncia aos imperativos opressores e excludentes.Refletindo sobre a perspectiva estimuladora da educao popular, Wanderley (2010) se refere aos anos 1960 como uma poca fecunda para o exerccio desta dimenso educativa, especialmente atravs do Movimento de Educao de Base, de alfabetizao pelo rdio, criado em 1961 pela igreja catlica e com o apoio do governo federal. As suas reflexes revelam que neste movimento:As orientaes se situavam nos processos de conscientizao e politizao. Pelos testemunhos dos educadores e monitores, que vivenciavam aquela conjuntura, muitos alunos, durante a realizao de seminrios e aulas, diziam que aps o ensino ministrado eles haviam mudado sua viso de mundo. E que isso lhe trazia um questionamento de fundo, pois conscientizados e politizados, irrompia a necessidade de agir (WANDERLEY, 2010, p. 67).

Contudo, uma ao educativa que exige reflexo acerca do movimento da realidade e da prpria ao pedaggica do educador e dos educandos, buscando estratgias para enfrentar os desafios a partir das prprias necessidades locais. Nesta perspectiva, Wanderley (2010, p. 67) expe como o MEB atuava diante das situaes limites:Na situao precria da maioria que ali estava, havia a questo: agir como e para onde. Foi, ento, que o MEB desenvolveu uma orientao suplementar, denominada de animador popular. Ela compreendia diversas atividades locais, na linha de formao desejada.

Foi a partir dai, que o MEB passou a estimular os alfabetizandos a participar do cooperativismo e do sindicalismo. Pela limitada presena do cooperativismo em algumas regies do pas e pelo conhecimento sobre suas vantagens e desvantagens, priorizou-se o sindicalismo rural como instrumento que potencializou o aprender a fazer. Assim, a participao ativa e rpida de setores da igreja catlica, possibilitou a mobilizao e organizao de dezenas de sindicatos rurais. Com esta perspectiva, uma ala do MEB dinamizou a educao sindicalista, difundindo seu significado histrico, a institucionalidade em outros pases, conhecimento da sua natureza, preparar futuros sindicalistas para mobilizar, organizar assemblias de fundao, etc. e logo que os sindicatos estivessem reconhecidos, procurar assegurar a sua continuidade, articular com outros sindicatos, elaborar programa de ao e realizar presso poltica para reformas (WANDERLEY, 2010).

E mais, neste sentido, Wanderley (1986) reconhece a importncia de aprender com as experincias de movimentos de educao popular do passado, especialmente vivenciadas na dcada de 1960.H que se recuperar toda a experincia acumulada pelas experincias de educao popular do passado por exemplo, Sistema Paulo Freire, Movimento de Educao de Base (1961 1965), Centros Populares de Cultura e Movimento de Cultura Popular e de pequenos grupos e entidades educativas que trabalham sistematicamente com as classes populares no presente (WANDERLEY, 1986, p.73).

O sentido permanente de busca, como condio necessria para o exerccio da educao popular implica na ruptura da domesticao presente em processos educativos feitos de cima para baixo, sem a participao dos educandos como sujeitos de conhecimentos e potencialmente capazes de problematizar o cotidiano e construir novos conhecimentos a partir do mesmo. Por isso, a teoria pedaggica da educao popular se contrape as teorias educacionais neoliberais, tendo em vista a preocupao com a formao humana, crtica, solidria, e que de fato faz a opo pelas causas do povo.

Evidentemente, o acesso ao conhecimento sistematizado aponta possibilidades de transio do nvel ingnuo ao nvel critico da conscincia. Entretanto, o cerne da constituio terica que orienta determinadas prticas educativas revela a sua intencionalidade, ora, para manuteno, ora, para transformao. No caso, das orientaes tericas que inspiram as prticas de educao popular interessa um conhecimento que problematize a realidade e sirva de estimulo a construo da contra-hegemonia. Freire (1988) enfatiza com coerncia a impossibilidade de neutralidade na prtica educativa, para ele, seria negar a natureza poltica do processo educativo, de modo que esta prtica implica em fazer escolhas:Isto significa ser impossvel, de um lado uma educao neutra, que se diga a servio da humanidade, dos seres humanos em geral; de outro, uma prtica poltica esvaziada de significado educativo. Neste sentido, que todo partido poltico sempre educador e, como tal, sua proposta poltica vai ganhando carne ou no na relao entre os atos de denuncia e de anunciar. Mas neste sentido tambm que, tanto no caso do processo educativo quanto no do ato poltico, uma das questes fundamentais seja a clareza em torno de a favor de quem e do que, portanto contra quem e contra o que, fazemos a educao (FREIRE, 1988, p. 23-24).

Esta concepo consiste na defesa de uma educao revolucionria, em que reivindica e prope estrategicamente fomentar meios que possam superar condies histricas de opresso ao preconizar processos pedaggicos que levem a outra realidade social atravs da reflexo e de aes permanentes na luta por uma sociedade igualitria.

A abordagem de Brando (2006) sobre a educao, seja ela, dirigida s camadas populares ou classe dominante revela que nas relaes poltico-educativas as possibilidades de variaes e de contradies esto sempre abertas. O dinamismo da coexistncia de modelos educativas na sociedade gera contestao, disputa de idias e de poder. Para ele:Modelos educativos so produtos de grupos sociais e, assim, so campos simblicos e polticos de poder do saber. Eles so constitudos contra, emergem para ocupar espaos, realizam prticas que reforam umas e destroem outras, disseminam idias que so a negao de idias antecedentes, produzem efeitos, transforma-se estabelecem alianas, produz conflitos, desaparecem e ressurgem. (BRANDO, 2006, p. 96).

O movimento em que se encontra a educao, pensando o sentido amplo como ela se manifesta, principalmente no contexto atual, que se apresenta complexo e escorregadio diante do acelerado ritmo de mudanas, o exerccio da prtica educativa voltada para as camadas populares parece desafiador. Sobretudo, porque a educao popular exige a ruptura epistemolgica de orientao burguesa e prope a sistematizao do conhecimento popular, e como tal, a elaborao terica sobre o cerne do povo, aponta caminhos para romper com a organizao social secularmente opressora e dominadora. No livro A Importncia do Ato de Ler, Freire (1988) aponta os princpios norteadores desta possibilidade educativa:Uma educao pelo trabalho, que estimule a colaborao e no a competio. Uma educao que d valor a ajuda mtua e no ao individualismo, que desenvolva o esprito crtico e a criatividade, e no a passividade. Uma educao que se fundamente na unidade entre prtica e teoria, entre trabalho manual e o trabalho intelectual e que, por isso, incentive os educandos a pensar certo. Uma educao poltica, to poltica quanto qualquer outra, mas que no tenta passar por neutra. Ao proclamar que no neutra, que a neutralidade impossvel, afirma que a sua poltica, dos interesses do nosso povo (1988, p. 79-80).

A matriz terica que orienta a vida em sociedade a partir da viso capitalista acena para a manuteno e supervalorizao do consumismo, da competitividade, do individualismo e da negao do ser humano. Estrutura-se sobre a base do pensamento nico, que alimenta o discurso da inferioridade e da discriminao acerca do que de interesse das classes subalternas. A ideologia disseminada pelos correios de transmisso da ordem burguesa se manifesta amplamente em todas as esferas sociais, especialmente porque suas intencionalidades consistem em manter o controle das dimenses sociais, culturais, humanas. Parece bvio que o projeto burgus consiste na dominao plena do planeta.

A construo coletiva do conhecimento atravs da problematizao do universo concreto, que tem como propsito um modo diferente de enxergar as dimenses da vida em sociedade e construir caminhos de enfrentamento em direo sociabilidade alternativa, encontra em Paulo Freire dimenses que orientam reflexes sobre o poder da classe dominante e possibilidades de enfrentamento.A Pedagogia do oprimido: inspirao para a luta do MSTO processo construtivo da matriz pedaggica que defende relaes de trabalho e sociais coletivas e que tambm prope uma formao contra-hegemnica desafiadora da ordem capitalista depara-se com uma estrutura ideolgica e econmica poderosa e contrria aos princpios da educao popular. Os aparelhos privados de hegemonia a servio da classe dominante pulverizam ideias corrosivas nos setores populares, inclusive nos espaos que so resultados de intensas lutas populares.

Para a matriz pedaggica libertadora, um desafio permanente criar estratgias de contestao e combate ao padro social estabelecido pelo sistema capitalista. Obviamente, todo o processo de dominao, imposio e explorao do capitalismo ainda no foi totalmente compreendido e refletido criticamente pelas pessoas que fazem parte do movimento nem por toda a sociedade. Os limites de compreenso e reflexo crtica sobre o sistema so obstculos para adeso das pessoas a um projeto coletivo e que prope o rompimento dessa ordem.

Entretanto, a articulao da luta especifica com questes macroestruturais da sociedade evidenciou novos sujeitos histricos, que embora apresentem valores humanos e princpios coletivos tambm apresentavam valores da cultura dominante arraigados no seu modo de pensar e agir. A nossa pesquisa notou avanos significativos com a atuao do MST no Cariri da Paraba, pois, com o engajamento no movimento social, esses sujeitos enraizaram princpios humansticos e ideais libertrios. A expresso destes princpios e ideais apareceu na maioria dos depoimentos. Depois que eu vim para c eu me capacitei, me tornei tcnico de desenvolvimentos social e a partir dessas capacitaes, tanto melhorou meu nvel de conscincia, de capacitao, quanto a parte financeira e o meu envolvimento com as questes coletivas tambm. Fizemos projetos, desenvolvemos e sem dvida est bem melhor do que antes. Acredito que se nos organizarmos mais e fizermos mais trabalho de conscientizao vamos obter melhores condies no s para minha famlia, como tambm para todos os assentados. Pois a pratica coletiva a melhor forma de unir as pessoas e trazer novas conquistas. (Morador do Assentamento Mandacaru).

Neste depoimento, o morador reconhece a importncia do movimento para o processo de formao de uma nova conscincia, onde os princpios educativos do MST orientam as relaes sociais e de trabalho, possibilitando melhores condies de vida para as pessoas. uma perspectiva de repensar as relaes individuais, propondo a organizao do trabalho coletivo como estratgia de organizao que se pautam em novas formas de atuar nos assentamentos. Observam-se limites e avanos nestes lugares, pois, ao mesmo tempo em que se reproduzem a individualidade, a competitividade que so caractersticas marcantes do sistema capitalistas tambm so sinalizadas novas configuraes na organizao dos trabalhadores que se baseiam em princpios coletivos e solidrios e materializam experincias de organizaes coletivas para o trabalho e para as relaes sociais.

Nesse contexto, os assentamentos so formados por pessoas com histricos de vida e de trabalho predominantemente individuais, o que aponta mais desafios no processo de construo do trabalho coletivo, sobretudo porque as condies de produo e comercializao so impostas pela lgica capitalista. Assim, a luta pela sobrevivncia individual se torna mais urgente de que a coletividade em movimento, pois, dentro da estrutura social vigente e das condies de trabalho o tempo de organizao e a reproduo da ideologia capitalista so elementos que fragmentam a luta e fragilizam experincias educativas com projetos coletivos.

Contudo, a pesquisa de campo revelou possibilidades e experincias de carter solidrio e compromisso coletivo, em que princpios educativos da educao popular so vivenciados nas experincias de ensino/aprendizagem tecidas na realidade dos trabalhadores. A participao na dinmica de organizao parece construir um sentimento de satisfao medida que as pessoas se reconhecem como sujeitos participativos e aprendizes das prprias relaes com as pessoas e a realidade. H claramente expresso deste sentimento no depoimento dessa liderana.

Primeiro, preciso ter muita pacincia, ser persistente e tambm uma forma de querer sempre estar ajudando. s vezes preciso deixar as prprias coisas para ir em busca de outras coisas que favoream a comunidade. Para mim foi um aprendizado. Antes do assentamento eu me sentia uma pessoa muito parada e eu aprendi muito com o assentamento. Pra mim foi uma aprendizagem ir em busca das coisas, estar sempre buscando, isso serviu muito pra mim, porque aprendi muito. (Moradora do Assentamento Z Marcolino).Assim, detectamos o movimento contnuo das pessoas, da realidade e das ideias, que so resultados de um processo educativo que conduz a organizao e prticas coletivas para melhorar as condies materiais de existncia. O processo transitrio das relaes sociais e de trabalho tambm favorece a mudana de concepo de mundo, havendo possibilidade de reinveno de um saber existente e de construo de novos saberes, conforme as experincias concretas vivenciadas no contexto em que esto inseridos. Pressupe-se que a transio para a conscincia crtica instrumentaliza os homens para a prxis social. Marx reflete acerca da dimenso histrica e transitria dos homens, da realidade e das ideias que so construdas sobre essa base. Para ele: Os mesmos homens que estabelecem relaes sociais em conformidade com sua produtividade material produzem tambm os princpios, as ideias, as categorias, em conformidade com suas relaes sociais. Assim, essas ideias, essas categorias so to pouco eternas quanto s relaes que exprimem. So produtos histricos e transitrios. Existe um movimento contnuo de crescimento nas foras produtivas, de destruio nas relaes sociais, de formao nas ideias; de imutvel s existe a abstrao do movimento. (MARX, 2007, p. 100-101). Neste sentido, adotando como ponto de partida para reflexo, a realidade concreta dos trabalhadores do campo nas reas de assentamentos rurais e as experincias educativas construdas no cotidiano destes espaos, possvel identificar significativos processos transitrios, tanto da dimenso objetiva quanto da subjetividade. A semente plantada pelo movimento social despertou a dimenso histrica dos camponeses, possibilitando o melhor entendimento sobre a realidade com suas contradies e o sentido da aprendizagem em todas as dimenses da vida para a ao poltica, clarificando a perspectiva pedaggica e esperanosa da luta.

Ora, torna-se evidente, que embora, por um lado os trabalhadores ainda cultivem traos de resistncia em relao ao projeto coletivo, por outro lado se materializam novas experincias nas relaes sociais e de trabalho e um novo jeito de pensar, que ressignifica as suas relaes concretas. No h ruptura nem negao da sua cultura e dos seus saberes, h sim, um novo olhar atravs de uma lente mais crtica, que impulsiona novas estratgias de aes coletivas.

A presena ativa do movimento social como sujeito pedaggico rompeu com uma estrutura agrria e de trabalho baseada no grande proprietrio rural. A pedagogia do movimento possibilitou aos sujeitos em condies histricas de subalternidade o direito de dizer a sua palavra, contribuiu para a reestruturao do territrio do Cariri Paraibano com a distribuio de terras, ressignificou as relaes de trabalho, presas ao individualismo, acenando para novas possibilidades coletivas e solidrias. E mais, despertou a concepo dialtica da realidade e dos homens em processos ativos sobre si e sobre o seu contexto scio-histrico, no qual pode ser sujeito de criao cultural e histrica. Conforme a dinmica da nossa pesquisa identificou, os trabalhadores construram o entendimento de que o processo de superao das condies opressoras no dado, mas resultado da interao entre os prprios homens em processo permanente de libertao, mediados pela realidade.

A importncia da educao no processo de formao das pessoas para a organizao do trabalho, das relaes e para a ao poltica frequentemente destacada nos depoimentos. Na concepo dos assentados, a educao assume papel essencial para o processo de conscientizao e organizao nos assentamentos.Quando ns queremos mesmo, podemos mudar uma realidade que no a que gostaria e a educao muito importante para isso. Por isso, eu estou estudando e sempre incentivando as pessoas a estudar, a aprender, a se informar, buscar conhecimento, que uma base essencial para qualquer ser humano e sem dvida ajuda muito na nossa organizao. Mas as coisas esto caminhando de forma gradativa, sendo difcil, mas fico feliz por ver que algumas coisas esto acontecendo. (Morador do Assentamento Mandacaru). Outro depoimento aponta a dimenso pedaggica das prticas coletivas: Aqui todas as cercas foram melhoradas atravs da forma coletiva entre os agricultores. Aprendemos muito com isso, a educao popular nos ajuda muito a crescer. (Moradora do Assentamento Z Marcolino). Encontramos nestas experincias indcios da pedagogia de Paulo Freire, que se manifesta nos espaos coletivos atravs de aes solidrias para prticas eventuais, como mutires ou para aes de contestao e de luta contra a estrutura dominante. possvel compreender que a educao popular orienta diversas experincias ligadas s relaes sociais, de produo e processos de conscientizao dos setores populares. E ainda, reconhecemos indcios das preocupaes freireanas nas relaes opressoras, na resistncia a coletividade, na necessidade de construir de forma permanente e esperanosa possibilidade de superao diante de toda da estrutura social e dos dilemas da realidade, e que indissociavelmente a teoria precisa refletir a prtica como condio para um agir consciente e transformador. Com base nesses pressupostos, os assentamentos rurais se tornaram espaos facilitadores de diferentes prticas educativas nos mbitos formais e informais, sejam elas, no espao escolar, na relao da escola com a comunidade, nas relaes sociais e de trabalho, nos cursos de formao e nos processos de organizao para contestao da estrutura social.

Na nossa concepo, as experincias educativas vivenciadas pelos trabalhadores do campo, especialmente nos assentamentos rurais, que se formaram sobre a base organizativa do MST tem impulsionado o desenvolvimento de ideias para o processo de elaborao da contra-hegemonia. Essas prticas ao mesmo em que lanam olhar crtico sobre a realidade tambm tm estimulado as pessoas a desenvolver aes para mudar a sua realidade e cultivar a esperana de novas mudanas, porque esto em processo conscientes de que a realidade no est pronta nem a resoluo dos problemas ser uma tarefa doada pelos que esto fora do contexto, mas uma construo dos prprios sujeitos do universo concreto.

um processo que no oculta as reais condies de vida do povo, como tambm no encara essa situao como fatalidade, mas como uma ao consciente dos limites e das possibilidades de transformar. Assim, o sonho passa a ser o impulso para passos futuros, mas em processo de construo, no qual a esperana se cultiva nas aes sobre a realidade. Esta perspectiva evidenciada neste depoimento: Ainda temos muitos desafios pela frente, precisando de mais pessoas trabalhando no coletivo, porque tem muita gente que no quer, precisamos de mais apoio para desenvolver projetos no assentamento, os rgos pblicos so ausentes. Outros sonhos que cada vez mais as coisas venham acontecendo como, por exemplo: o posto de sade que est quase terminando. O nosso desejo que seja concludo e que tenham pessoas nos dando assistncia que merecemos. E tambm gua encanada que tambm est chegando. Tudo isso muito bom, mas s vem custa de luta, por isso, tem que continuar na luta. (Moradora do Assentamento Mandacaru).

Neste sentido, a denncia dos aspectos desumanizadores da realidade tem a ver como o anncio de possibilidades, cujo olhar crtico e utpico sobre a realidade vivida busca caminhos de superao dos desafios, rumo realidade sonhada. Manter o sonho vivo condio para denunciar a realidade injusta e anunciar novos caminhos. So traos que encontram orientao na pedagogia do oprimido de Paulo Freire que cultiva sonhos e utopias. Para ele: Se o sonho morreu e a utopia tambm, a prtica educativa nada mais tem que ver com a denncia da realidade malvada e o anncio da realidade menos feia, mais humana (FREIRE, 2000, p. 56).

A perspectiva do sonho e da utopia presente nas prticas de educao popular concebida por Paulo Freire como indito vivel. Wanderley analisa essa categoria de Freire associada ao conceito de realismo utpico. Segundo ele: Determinadas elocues de Paulo Freire configuram cenrios ricos para a sua compreenso do conhecido indito vivel. Para ele, todas as lutas pela transformao exigem utopia, esperana, criao e desenvolvimento de possibilidades que as concretizem. (WANDERLEY, 2010, p. 117).

E mais: Unindo ao e reflexo, para transpor a fronteira entre o ser e o ser-mais na perspectiva freireana, o indito vivel pode ser considerado como algo que o sonho utpico sabe que existe, mas que s ser conseguido pela prxis libertadora que pode passar pela teoria da ao dialgica de Freire. (WANDERLEY, 2010, p. 117-118). A trajetria das classes subalternas marcada por opresses, lutas, transformaes, sonhos e utopias. So dimenses que descortinam diversas facetas do cotidiano e do ser humano que, ora reproduz a ideologia dominante, ora critica, e ora critica e anuncia possibilidades transformadoras. De fato, a condio mutvel do ser humano pode construir olhar crtico sobre a ideologia dominante, pode elaborar hegemonia popular, e pode organizar os oprimidos para aes polticas no espao da sociedade civil. E ainda mais, h possibilidade de transformar o possvel de hoje sem perder a esperana de transformar no futuro o que ainda no foi possvel transformar no presente.Consideraes finaisNo raro identificamos diversas prticas de educao popular, especialmente no movimentos sociais, visto que o exerccio desta concepo educativa assume uma dimenso significativa e no se limita apenas a um movimento de construo ideolgica, mas, sobretudo orienta relaes sociais e de trabalho e aes polticas na realidade concreta, principalmente para reivindicar polticas pblicas e servios voltados para a realidade do povo, como reivindicao por educao, transporte escolar, assistncia tcnica, financiamentos de crditos. um elemento essencial para orientar aes coletivas e solidrias presentes nos movimentos sociais, nas associaes de trabalhadores, nas organizaes no-governamentais. Nesse caso, no so aes simplesmente espontneas, pois tem sentido orgnico na medida em que as pessoas identificam e discutem suas necessidades. Por isso, a educao popular assume papel significativo na orientao de aes coletivas para organizar os setores menos favorecidos da sociedade e concretizar interesses da classe popular, de modo que essa concepo educativa defende a produo do conhecimento, convertendo o saber popular em conhecimento cientfico voltado para a transformao social. A partir dos dados apresentados nossa pesquisa possvel perceber a importncia da educao popular como instrumento de organizao para a luta social, sobretudo, identificamos essas experincia presentes na ao dos trabalhares dos assentamentos rurais sobre a orientao da matriz pedaggico do MST.Referncias Bibliogrficas BEISIEGEL, Celso Rui. Poltica e educao popular: a teoria e a prtica de Paulo Freire. 4 ed. Braslia: Lder livros, 2008.BRANO, Carlos Rodrigues. O que educao popular. So Paulo: Brasiliense, 2006.

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