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Blog Loucos por Trabalho Concursos Públicos – Carreiras Trabalhistas http://loucosportrabalho.blogspot.com.br Autora: Theanna de Alencar Borges. Elaborado em 27/02/2013. 1 RESUMO Artigo: A morte da negociação coletiva provocada pela nova redação da Súmula n. 277 do TST Autor: Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga LTr Outubro/2012 (Revista LTr 76-10/1172 a 1176) Resumo elaborado por Theanna de Alencar Borges, em 27/02/2013, publicado no blog Loucos por Trabalho (http://loucosportrabalho.blogspot.com.br), em 28/02/2013. Observação: o resumo não indica a opinião desta autora, havendo a escolha do artigo recaído sobre tema com probabilidade de ser cobrado nas provas dos concursos da Magistratura e Ministério Público do Trabalho. O artigo de Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga pretende analisar a nova redação da Súmula 277, do C. TST, que se deu por ocasião da 2ª Semana do TST, realizada em setembro de 2012. Ele provoca o debate, afirmando que a “de uma hora para outra o entendimento jurisprudencial sofreu uma guinada de 180 graus, sem que tivesse havido qualquer sinalização indicativa da radical mudança” (p. 1172). É que a jurisprudência do TST vinha entendendo de há muito que a sentença normativa, a convenção e o acordo coletivos vigoravam apenas pelo prazo de vigência, não aderindo ao contrato de trabalho obreiro, fazendo-se necessário conhecer a antiga redação da Súmula 277, TST: “Súmula Nº 277 Sentença normativa. Convenção ou acordo coletivos. Vigência. Repercussão nos contratos de trabalho

03 - Resumo - Sumula 277 - Ltr Outubro 2012

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Blog Loucos por Trabalho

Concursos Públicos – Carreiras Trabalhistas

http://loucosportrabalho.blogspot.com.br

Autora: Theanna de Alencar Borges. Elaborado em 27/02/2013.

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RESUMO

Artigo: A morte da negociação coletiva provocada pela nova redação da Súmula n. 277 do TST

Autor: Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga

LTr Outubro/2012 (Revista LTr 76-10/1172 a 1176)

Resumo elaborado por Theanna de Alencar Borges, em 27/02/2013, publicado no blog Loucos por

Trabalho (http://loucosportrabalho.blogspot.com.br), em 28/02/2013.

Observação: o resumo não indica a opinião desta autora, havendo a escolha do artigo recaído sobre tema com probabilidade de ser cobrado nas provas dos concursos da Magistratura e Ministério Público do Trabalho.

O artigo de Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga pretende analisar a nova redação da Súmula 277, do C. TST, que se deu por ocasião da 2ª Semana do TST, realizada em setembro de 2012.

Ele provoca o debate, afirmando que a “de uma hora para outra o entendimento jurisprudencial sofreu uma guinada de 180 graus, sem que tivesse havido qualquer sinalização indicativa da radical mudança” (p. 1172).

É que a jurisprudência do TST vinha entendendo de há muito que a sentença normativa, a convenção e o acordo coletivos vigoravam apenas pelo prazo de vigência, não aderindo ao contrato de trabalho obreiro, fazendo-se necessário conhecer a antiga redação da Súmula 277, TST:

“Súmula Nº 277 Sentença normativa. Convenção ou acordo coletivos. Vigência. Repercussão nos contratos de trabalho

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I - As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa, convenção ou acordos

coletivos vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos individuais de

trabalho.

II - Ressalva-se da regra enunciado no item I o período compreendido entre 23.12.1992 e 28.07.1995,

em que vigorou a Lei nº 8.542, revogada pela Medida Provisória nº 1.709, convertida na Lei nº 10.192,

de 14.02.2001.”

O autor lembra que referida posição sempre foi essa, encontrando consonância com a previsão legal,

ainda hoje mantida, de que sentenças normativas e acordos/convenções coletiva vigem, respectivamente, por no

máximo 4 anos (art. 868, parágrafo único, CLT) e 2 anos (art. 613, II e 614, §3º, CLT).

Ele cita arestos e doutrina, devendo ser destacado seguinte trecho, da lavra de Francisco Antônio de

Oliveira:

“Em se cuidando de convenção ou acordo coletivo, nada impede que as partes convenentes avencem de

que determinada cláusula se amalgamará ao contrato de trabalho da categoria. Ter-se-ia aí a aplicação da

cláusula pacta sunt servanda. Todavia, a regra é de que extinguindo-se a convenção ou o acordo coletivo,

as suas cláusulas também perdem a eficácia normativa e se extinguem” (p. 1173).

Colaciona, ainda, excerto de Thiago Chohfi, argumentando que não há ofensa à regra do art 468, CLT, que

veda alterações contratuais lesivas aos empregados:

”há de se ter cautela em tais conclusões precipitada, pois a norma coletiva não gera direito adquirido para

os empregados, sendo que, esgotada sua cigência, não mais deverá, como regra, produzir efeitos nos

contratos individuais de trabalho” (p. 1173).

Ele destaca que a alteração jurisprudencial ocorrida foi radical, não sendo fruto da sedimentação de

anteriores decisões judiciais, uma vez que não havia precedentes a embasar a nova redação da Súmula 277, TST,

que se transcreve:

“SUM-277 CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais

de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de

trabalho.”

Segundo o autor, as consequências da alteração seriam nefastas para o Direito Coletivo brasileiro, sendo

as principais delas: a) a resistência das empresas em conceder benefícios, temendo que se incorporem aos

contratos de trabalho; b) punição para o bom empregador que “flexibilizou” em favor do empregado; c) ausência

de compatibilidade com a realidade econômica e social existente à época da celebração; d) fim da utilidade social

das acordos e convenções coletivas; e) onda de desemprego; f) desestabilização das relações trabalhistas; g)

aumento das demandas do Poder Judiciário.

Ele ratifica sua posição dizendo: “a nova construção jurisprudencial pode até ter tido a intenção de

fomentar a negociação coletiva, mas na prática irá provocar sua extinção, tendo em vista que o empresário estará

sempre com ‘faca em seu pescoço’” (p. 1175).

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Por fim, Mauricio defende a possibilidade de ajuizamento de ADPF perante o STF, ao argumento de que

não havia precedentes jurisprudenciais que ensejassem a nova redação da súmula, tal como deveria haver

ocorrido; em que pese o STF já haver se manifestado pela impossibilidade do manejo da ADPF para impugnar

orientações jurisprudenciais, uma vez que não consubstanciariam atos do poder público (v. ADPF 80 e 229).

E conclui pela necessidade de alterações jurisprudenciais para fazer face às mudanças sociais, entretanto

salienta a imprescindibilidade de haver:

“(...) uma sinalização de mudança, pois a alteração brusca e repentina provoca consequências

desastrosas, principalmente quando se trata de uma alteração de posicionamento jurisprudencial sem

que o tema fosse debatido e sem a existência de precedentes que pudessem respaldar tal mudança”.