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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA SUMÁRIO 1. PROGRAMA DESEMPREGO E ABONO SALARIAL .................................................................02 2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................19

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

SUMÁRIO

1. PROGRAMA DESEMPREGO E ABONO SALARIAL .................................................................02

2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................19

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11 PROGRAMA DESEMPREGO PROGRAMA DESEMPREGO E ABONO SALARIALE ABONO SALARIAL

A Lei nº 7.998/90 regulamenta o programa que restringiu a concessão do pagamento deste seguro aos casos de dispensa sem justa causa (art.2º,I). Depois, a lei nº 8.900/94 acres-centou a despedida indireta como outra hipótese de acesso ao seguro desemprego. Por último, a Lei 10.608/02 (art. 1º) estendeu o benefício ao trabalhador resgatado em situação de trabalho escravo.

Ainda assim, o desemprego involuntário, reduzido aos casos de rescisão do contrato sem justa causa, agride o alcance da norma constitucional.

Além das situações garantidas pela lei, nos casos de extin-ção contratual por factun principis, força maior e falência do empregador, também ocorrem de forma alheia à vonta-de do trabalhador. Também, nos casos de contrato de prazo determinado, mesmo com o prévio conhecimento acerca do encerramento do contrato, expressando, em tese, a vontade das partes, não logrando, o trabalhador, o êxito desejado na consecução de novo emprego, estaria também na situação caracterizada por desemprego involuntário. Isto é mais ca-racterístico em atividades que por sua natureza são sazonais, impondo aos trabalhadores determinados períodos anuais de situação real de desemprego involuntário.

LEI Nº 7.998, DE 11 DE JANEIRO DE 1990

Regula o Programa do Seguro-Desemprego, o Abono Salarial, institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Esta Lei regula o Programa do Seguro-Desemprego e o abono de que tratam o inciso II do art. 7º, o inciso IV do art. 201 e o art. 239, da Constituição Federal, bem como institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

DO PROGRAMA DE SEGURO-DESEMPREGO

Art. 2º O Programa de Seguro-Desemprego tem por fi nali-dade:I - prover assistência fi nanceira temporária ao trabalhador de-sempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusi-ve a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; (Redação dada pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002)II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do em-prego, promovendo, para tanto, ações integradas de orienta-ção, recolocação e qualifi cação profi ssional. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 2º-A. Para efeito do disposto no inciso II do art. 2º, fi ca instituída a bolsa de qualifi cação profi ssional, a ser custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, à qual fará jus o trabalhador que estiver com o contrato de trabalho sus-

penso em virtude de participação em curso ou programa de qualifi cação profi ssional oferecido pelo empregador, em con-formidade com o disposto em convenção ou acordo coletivo celebrado para este fi m. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 2º-B. Em caráter excepcional e pelo prazo de seis me-ses, os trabalhadores que estejam em situação de desempre-go involuntário pelo período compreendido entre doze e de-zoito meses, ininterruptos, e que já tenham sido benefi ciados com o recebimento do Seguro-Desemprego, farão jus a três parcelas do benefício, correspondente cada uma a R$ 100,00 (cem reais). (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)§ 1º O período de doze a dezoito meses de que trata o ca-put será contado a partir do recebimento da primeira parcela do Seguro-Desemprego. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)§ 2º O benefício poderá estar integrado a ações de qualifi ca-ção profi ssional e articulado com ações de emprego a serem executadas nas localidades de domicílio do benefi ciado. (In-cluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)§ 3º Caberá ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT o estabelecimento, mediante reso-lução, das demais condições indispensáveis ao recebimento do benefício de que trata este artigo, inclusive quanto à idade e domicílio do empregador ao qual o trabalhador estava vin-culado, bem como os respectivos limites de comprometimen-to dos recursos do FAT. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 2º-C O trabalhador que vier a ser identifi cado como sub-metido a regime de trabalho forçado ou reduzido a condição análoga à de escravo, em decorrência de ação de fi scalização do Ministério do Trabalho e Emprego, será dessa situação res-gatado e terá direito à percepção de três parcelas de seguro--desemprego no valor de um salário-mínimo cada, conforme o disposto no § 2º deste artigo.(Artigo incluído pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002)§ 1º O trabalhador resgatado nos termos do caput deste arti-go será encaminhado, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, para qualifi cação profi ssional e recolocação no mercado de trabalho, por meio do Sistema Nacional de Emprego - SINE, na forma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002)§ 2º Caberá ao CODEFAT, por proposta do Ministro de Estado do Trabalho e Emprego, estabelecer os procedimentos neces-sários ao recebimento do benefício previsto no caput deste artigo, observados os respectivos limites de comprometimen-to dos recursos do FAT, fi cando vedado ao mesmo trabalhador o recebimento do benefício, em circunstâncias similares, nos doze meses seguintes à percepção da última parcela.(Pará-grafo incluído pela Lei nº 10.608, de 20.12.2002)

Art. 3º Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove:I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, relativos a cada um dos 6 (seis) meses ime-diatamente anteriores à data da dispensa;

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II - ter sido empregado de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada ou ter exercido atividade legalmente reconhe-cida como autônoma, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses;III - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento dos Bene-fícios da Previdência Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outu-bro de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973;IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; eV - não possuir renda própria de qualquer natureza sufi ciente à sua manutenção e de sua família.§ 1º A União poderá condicionar o recebimento da assistência fi nanceira do Programa de Seguro-Desemprego à comprova-ção da matrícula e da frequência do trabalhador segurado em curso de formação inicial e continuada ou qualifi cação profi s-sional, com carga horária mínima de 160 (cento e sessenta) horas. (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011)§ 2º O Poder Executivo regulamentará os critérios e requi-sitos para a concessão da assistência fi nanceira do Programa de Seguro-Desemprego nos casos previstos no § 1º, consi-derando a disponibilidade de bolsas-formação no âmbito do Pronatec ou de vagas gratuitas na rede de educação profi s-sional e tecnológica para o cumprimento da condicionalidade pelos respectivos benefi ciários. (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011)§ 3º A oferta de bolsa para formação dos trabalhadores de que trata este artigo considerará, entre outros critérios, a capacidade de oferta, a reincidência no recebimento do bene-fício, o nível de escolaridade e a faixa etária do trabalhador. (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011)

Art. 3º-A. A periodicidade, os valores, o cálculo do núme-ro de parcelas e os demais procedimentos operacionais de pagamento da bolsa de qualifi cação profi ssional, nos termos do art. 2º-A desta Lei, bem como os pré-requisitos para ha-bilitação serão os mesmos adotados em relação ao benefício do Seguro-Desemprego, exceto quanto à dispensa sem justa causa. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 4º. O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador desempregado, por um período máximo de 4 (quatro) meses, de forma contínua ou alternada, a cada perí-odo aquisitivo de 16 (dezesseis) meses, contados da data de dispensa que deu origem à primeira habilitação.Parágrafo único. O benefício do seguro-desemprego poderá ser retomado a cada novo período aquisitivo, satisfeitas as condições arroladas no art. 3º desta Lei, à exceção do seu inciso II.

Art. 5º. O valor do benefício será fi xado em Bônus do Tesou-ro Nacional (BTN), devendo ser calculado segundo 3 (três) faixas salariais, observados os seguintes critérios:I - até 300 (trezentos) BTN, multiplicar-se-á o salário médio dos últimos 3 (três) meses pelo fator 0,8 (oito décimos);II - de 300 (trezentos) a 500 (quinhentos) BTN aplicar-se-á, até o limite do inciso anterior, a regra nele contida e, no que exceder, o fator 0,5 (cinco décimos);III - acima de 500 (quinhentos) BTN, o valor do benefício será igual a 340 (trezentos e quarenta) BTN.§ 1º Para fi ns de apuração do benefício, será considerada a média dos salários dos últimos 3 (três) meses anteriores à dispensa, devidamente convertidos em BTN pelo valor vigente nos respectivos meses trabalhados.§ 2º O valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do salário-mínimo.

§ 3º No pagamento dos benefícios, considerar-se-á:I - o valor do BTN ou do salário-mínimo do mês imediatamen-te anterior, para benefícios colocados à disposição do benefi -ciário até o dia 10 (dez) do mês;II - o valor do BTN ou do salário-mínimo do próprio mês, para benefícios colocados à disposição do benefi ciário após o dia 10 (dez) do mês.

Art. 6º. O seguro-desemprego é direito pessoal e intransferí-vel do trabalhador, podendo ser requerido a partir do sétimo dia subsequente à rescisão do contrato de trabalho.

Art. 7º. O pagamento do benefício do seguro-desemprego será suspenso nas seguintes situações:I - admissão do trabalhador em novo emprego;II - início de percepção de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto o auxílio-acidente, o auxílio su-plementar e o abono de permanência em serviço;III - início de percepção de auxílio-desemprego.

Art. 7º-A. O pagamento da bolsa de qualifi cação profi ssional será suspenso se ocorrer a rescisão do contrato de trabalho. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 8º. O benefício do seguro-desemprego será cancelado: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011)I - pela recusa por parte do trabalhador desempregado de outro emprego condizente com sua qualifi cação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior; (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011)II - por comprovação de falsidade na prestação das informa-ções necessárias à habilitação; (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011)III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do seguro-desemprego; ou (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011)IV - por morte do segurado. (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011)§ 1º Nos casos previstos nos incisos I a III deste artigo, será suspenso por um período de 2 (dois) anos, ressalvado o prazo de carência, o direito do trabalhador à percepção do seguro-desemprego, dobrando-se este período em caso de reincidência. (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011)§ 2º O benefício poderá ser cancelado na hipótese de o be-nefi ciário deixar de cumprir a condicionalidade de que trata o § 1º do art. 3º desta Lei, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011)

Art. 8º-A. O benefício da bolsa de qualifi cação profi ssional será cancelado nas seguintes situações: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)I - fi m da suspensão contratual e retorno ao trabalho; (Incluí-do pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)II - por comprovação de falsidade na prestação das informa-ções necessárias à habilitação; (Incluído pela Medida Provisó-ria nº 2.164-41, de 2001)III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida da bolsa de qualifi cação profi ssional; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)IV - por morte do benefi ciário. (Incluído pela Medida Provisó-ria nº 2.164-41, de 2001)

Art. 8º-B. Na hipótese prevista no § 5º do art. 476-A da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, as parcelas da bolsa de qualifi cação profi ssional que o empregado tiver recebido

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serão descontadas das parcelas do benefício do Seguro-De-semprego a que fi zer jus, sendo-lhe garantido, no mínimo, o recebimento de uma parcela do Seguro-Desemprego. (Incluí-do pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 8º-C. Para efeito de habilitação ao Seguro-Desemprego, desconsiderar-se-á o período de suspensão contratual de que trata o art. 476-A da CLT, para o cálculo dos períodos de que tratam os incisos I e II do art. 3º desta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

DO ABONO SALARIAL

Art. 9º. É assegurado o recebimento de abono salarial no valor de um salário-mínimo vigente na data do respectivo pa-gamento, aos empregados que:I - tenham percebido, de empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social (PIS) ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), até 2 (dois) salários-mínimos médios de remuneração mensal no período trabalhado e que tenham exercido atividade remune-rada pelo menos durante 30 (trinta) dias no ano-base;II - estejam cadastrados há pelo menos 5 (cinco) anos no Fundo de Participação PIS-Pasep ou no Cadastro Nacional do Trabalhador.Parágrafo único. No caso de benefi ciários integrantes do Fun-do de Participação PIS-Pasep, serão computados no valor do abono salarial os rendimentos proporcionados pelas respecti-vas contas individuais.

DO FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR

Art. 10. É instituído o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, desti-nado ao custeio do Programa de Seguro-Desemprego, ao pa-gamento do abono salarial e ao fi nanciamento de programas de educação profi ssional e tecnológica e de desenvolvimento econômico. (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011)Parágrafo único. O FAT é um fundo contábil, de natureza fi -nanceira, subordinando-se, no que couber, à legislação vigen-te.

Art. 11. Constituem recursos do FAT:I - o produto da arrecadação das contribuições devidas ao PIS e ao Pasep;II - o produto dos encargos devidos pelos contribuintes, em decorrência da inobservância de suas obrigações;III - a correção monetária e os juros devidos pelo agente aplicador dos recursos do fundo, bem como pelos agentes pagadores, incidentes sobre o saldo dos repasses recebidos;IV - o produto da arrecadação da contribuição adicional pelo índice de rotatividade, de que trata o § 4º do art. 239 da Constituição Federal.V - outros recursos que lhe sejam destinados.

Art. 12. (Vetado).

Art. 13. (Vetado).

Art. 14. (Vetado).

Art. 15. Compete aos Bancos Ofi ciais Federais o pagamento das despesas relativas ao Programa do Seguro-Desemprego e ao abono salarial conforme normas a serem defi nidas pelos gestores do FAT. (Vide lei nº 8.019, de 12.5.1990)

Parágrafo único. Sobre o saldo de recursos não desembol-sados, os agentes pagadores remunerarão o FAT, no mínimo com correção monetária.

Art. 16. (Revogado pela Lei nº 8.019, de 11/04/90)

Art. 17. (Revogado pela Lei nº 8.019, de 11/04/90)

GESTÃO

Art. 18. É instituído o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT, composto por represen-tação de trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais, na forma estabelecida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 200’) § 1º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001) § 2º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)I - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)II - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)§ 3º Os representantes dos trabalhadores serão indicados pelas centrais sindicais e confederações de trabalhadores; e os representantes dos empregadores, pelas respectivas con-federações.§ 4º Compete ao Ministro do Trabalho a nomeação dos mem-bros do Codefat.§ 5º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)§ 6º Pela atividade exercida no Codefat seus membros não serão remunerados.

Art. 19. Compete ao Codefat gerir o FAT e deliberar sobre as seguintes matérias:I - (Vetado).II - aprovar e acompanhar a execução do Plano de Trabalho Anual do Programa do Seguro-Desemprego e do abono sala-rial e os respectivos orçamentos;III - deliberar sobre a prestação de conta e os relatórios de execução orçamentária e fi nanceira do FAT;IV - elaborar a proposta orçamentária do FAT, bem como suas alterações;V - propor o aperfeiçoamento da legislação relativa ao seguro--desemprego e ao abono salarial e regulamentar os dispositi-vos desta Lei no âmbito de sua competência;VI - decidir sobre sua própria organização, elaborando seu regimento interno;VII - analisar relatórios do agente aplicador quanto à forma, prazo e natureza dos investimentos realizados;VIII - fi scalizar a administração do fundo, podendo solicitar informações sobre contratos celebrados ou em vias de cele-bração e quaisquer outros atos;IX - defi nir indexadores sucedâneos no caso de extinção ou alteração daqueles referidos nesta Lei;X - baixar instruções necessárias à devolução de parcelas do benefício do seguro-desemprego, indevidamente recebidas;XI - propor alteração das alíquotas referentes às contribuições a que alude o art. 239 da Constituição Federal, com vistas a assegurar a viabilidade econômico-fi nanceira do FAT;XII - (Vetado);XIII - (Vetado);XIV - fi xar prazos para processamento e envio ao trabalhador da requisição do benefício do seguro-desemprego, em fun-ção das possibilidades técnicas existentes, estabelecendo-se como objetivo o prazo de 30 (trinta) dias;XV - (Vetado);XIV - (Vetado);XVII - deliberar sobre outros assuntos de interesses do FAT.

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Art. 20. A Secretaria-Executiva do Conselho Deliberativo será exercida pelo Ministério do Trabalho, e a ela caberão as tare-fas técnico-administrativas relativas ao seguro-desemprego e abono salarial.

Art. 21. As despesas com a implantação, administração e operação do Programa do Seguro-Desemprego e do abono salarial, exceto as de pessoal, correrão por conta do FAT.

Art. 22. Os recursos do FAT integrarão o orçamento da segu-ridade social na forma da legislação pertinente.

DA FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES

Art. 23. Compete ao Ministério do Trabalho a fi scalização do cumprimento do Programa de Seguro-Desemprego e do abo-no salarial.

Art. 24. Os trabalhadores e empregadores prestarão as in-formações necessárias, bem como atenderão às exigências para a concessão do seguro-desemprego e o pagamento do abono salarial, nos termos e prazos fi xados pelo Ministério do Trabalho.

Art. 25. O empregador que infringir os dispositivos desta Lei estará sujeito a multas de 400 (quatrocentos) a 40.000 (qua-renta mil) BTN, segundo a natureza da infração, sua extensão e intenção do infrator, a serem aplicadas em dobro, no caso de reincidência, oposição à fi scalização ou desacato à autoridade.§ 1º Serão competentes para impor as penalidades as De-legacias Regionais do Trabalho, nos termos do Título VII da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).§ 2º Além das penalidades administrativas já referidas, os responsáveis por meios fraudulentos na habilitação ou na per-cepção do seguro-desemprego serão punidos civil e criminal-mente, nos termos desta Lei.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 26. (Vetado).

Art. 27. A primeira investidura do Codefat dar-se-á no prazo de 30 (trinta) dias da publicação desta Lei.

Art. 28. No prazo de trinta dias, as contribuições ao PIS e ao Pasep, arrecadadas a partir de 5 de outubro de 1988 e não utilizadas nas fi nalidades previstas no art. 239 da Constituição Federal, serão recolhidas como receita do FAT. (Redação dada pela Lei nº 8.019, de 11/04/90)Parágrafo único. (Vetado).

Art. 29. (Revogado pela Lei nº 8.019, de 11/04/90)

Art. 30. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 90 (noventa) dias e apresentará projeto lei regulamentan-do a contribuição adicional pelo índice de rotatividade, de que trata o § 4º do art. 239 da Constituição Federal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.

Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 32. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 11 de janeiro de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

JOSÉ SARNEY Mailson Ferreira da Nóbrega

Dorothea Werneck Jáder Fontenelle Barbalho

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 12.1.1990

FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é uma con-ta bancária vinculada a depósitos efetuados pelo empregador em um fundo social que o trabalhador pode utilizar nas situ-ações tipifi cadas em lei. Consiste em uma reserva em favor do empregado, para que esse efetue o saque no momento de sua dispensa, ou diante de outras situações previstas em lei. Um dos propósitos do FGTS foi incrementar os investimentos governamentais nos programas de casa própria, por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

A indenização por tempo de serviço era uma garantia prevista no antigo texto da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT de 1943. Ela funcionava da seguinte maneira: o empregado que era contratado por prazo indeterminado, após o cômputo do primeiro ano contratual, ao completar dez anos de serviço junto ao mesmo empregador adquiria estabilidade decenal, que consistia em uma proteção jurídica de seu emprego.

Se o empregado celetista fosse demitido sem justa causa, recebia uma indenização referente ao valor de um mês de sua maior remuneração por cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de serviço. Dessa forma, caso o empregado re-cebesse salário equivalente a R$ 1.000,00 à época e contasse com 12 anos e 10 meses de serviço no momento da rescisão contratual, para a qual não deu causa, receberia o correspon-dente a R$ 13.000,00.

Os empresários eram claramente contra a estabilidade dece-nal, por demais onerosa, alegando, inclusive, que se tratava de uma medida contra-produtiva. No contexto político eco-nômico de cunho neoliberal trazido pelo regime autoritário instaurado no Brasil em 1964, é criado o FGTS em 1966 pela Lei 5.107, hoje regulado pela Lei 8.036 de 1990.

O FGTS foi uma alternativa ao regime celetista, o qual depen-dia de uma opção expressa, por escrito, no momento da ce-lebração do contrato de trabalho. O empregado teria direito a depósitos mensais em sua conta vinculada ao correspondente a 8% sobre o salário mensal.

Assim, o obreiro tinha o direito de optar pelo regime do FGTS ou pela estabilidade decenal. Ao optar pelo FGTS, ele perdia a estabilidade adquirida após dez anos no serviço, porém, adquiria o direito de receber o montante depositado em sua conta do FGTS e mais um acréscimo de 10% sobre este valor (a partir da Constituição Federal de 1988 este valor passou para 40%).

Na prática, após a sua instituição, as empresas não mais ad-mitiam empregados se ele não optasse pelo FGTS. O que se passou foi que o FGTS foi amplamente generalizado, em con-traponto ao desuso da estabilidade decenal, principalmente porque existia a possibilidade de opção retroativa pelo sis-tema do FGTS. Além disso, o empregado e o empregador podiam negociar o período anterior à opção, desde que a in-denização paga pelo empregador não fosse inferior a 60% da verba prevista.

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A Lei permitiu que os trabalhadores optassem pelo FGTS, a qualquer tempo, com efeito retroativo até 01/01/1967, que corresponde ao início da vigência do FGTS. Importante res-saltar que os rurais, como não tinham direito ao FGTS antes da CF/88, não puderam fazer essa opção.

A Constituição Federal de 1988 unifi cou a anterior dualidade de regimes de garantias de tempo de serviço. O FGTS foi universalizado e deixou de existir a possibilidade de opção pelo sistema de estabilidade e indenização até então existen-te. Dessa forma, a CF/88 eliminou a necessidade de opção expressa pelo regime fundiário, tornando o sistema único e obrigatório tanto para os empregados urbanos como para os rurais. Os empregados domésticos fi caram de fora do referido sistema. Somente foi incluída a possibilidade de inserção do doméstico no FGTS anos depois por meio da Medida Provi-sória 1986, de 13/12/1999, e Lei de Conversão 10.208, de 23/03/2001.

A eliminação do sistema indenizatório não desconstituiu as si-tuações jurídicas já consolidadas até 5/10/1988. Assim, quem tinha direito adquirido à estabilidade, por ter alcançado os 10 anos de serviço até 04/10/1988, isto é, antes da promulgação da CF/1988, não foi prejudicado com o novo sistema do FGTS.O RECOLHIMENTO

O FGTS é formado por recolhimentos mensais pelo emprega-dor em favor de conta bancária vinculada em nome do em-pregado. Os recolhimentos, via de regra, são imperativos, isto é, compulsórios, obrigatórios. Todavia, existem casos legais de relatividade, como no caso dos domésticos e dos diretores não empregados. Veja que se trata de casos de exceção, já que a regra é a compulsoriedade dos depósitos.

Os recolhimentos devem ser feitos até o dia 7 de cada mês, e não no 7º dia útil, em conta bancária vinculada na Caixa Eco-nômica Federal - CEF, que é o agente centralizador e operador do FGTS (Lei 8.036/90, artigos 4º, 7º, 11 e 12).

Art. 4º A gestão da aplicação do FGTS será efetuada pelo Ministério da Ação Social, cabendo à Caixa Econômica Federal (CEF) o papel de agente operador.

Art. 7º À Caixa Econômica Federal, na qualidade de agente operador, cabe: I - centralizar os recursos do FGTS, manter e controlar as contas vinculadas, e emitir regularmente os extratos individu-ais correspondentes às contas vinculadas e participar da rede arrecadadora dos recursos do FGTS; II - expedir atos normativos referentes aos procedimentos adiministrativo-operacionais dos bancos depositários, dos agentes fi nanceiros, dos empregadores e dos trabalhadores, integrantes do sistema do FGTS; III - defi nir os procedimentos operacionais necessários à execução dos programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, estabelecidos pelo Conselho Curador com base nas normas e diretrizes de aplicação elabo-radas pelo Ministério da Ação Social; IV - elaborar as análises jurídica e econômico-fi nanceira dos projetos de habitação popular, infraestrutura urbana e sane-amento básico a serem fi nanciados com recursos do FGTS; V - emitir Certifi cado de Regularidade do FGTS; VI - elaborar as contas do FGTS, encaminhando-as ao Minis-tério da Ação Social; VII - implementar os atos emanados do Ministério da Ação So-cial relativos à alocação e aplicação dos recursos do FGTS, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Curador.

VIII - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997)IX - garantir aos recursos alocados ao FI-FGTS, em cotas de titularidade do FGTS, a remuneração aplicável às contas vin-culadas, na forma do caput do art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)Parágrafo único. O Ministério da Ação Social e a Caixa Econô-mica Federal deverão dar pleno cumprimento aos programas anuais em andamento, aprovados pelo Conselho Curador, sendo que eventuais alterações somente poderão ser proces-sadas mediante prévia anuência daquele colegiado.

Art. 11. Os depósitos feitos na rede bancária, a partir de 1º de outubro de 1989, relativos ao FGTS, serão transferidos à Caixa Econômica Federal no segundo dia útil subsequente à data em que tenham sido efetuados.

Art. 12. No prazo de um ano, a contar da promulgação desta lei, a Caixa Econômica Federal assumirá o controle de todas as contas vinculadas, nos termos do item I do art. 7º, passan-do os demais estabelecimentos bancários, fi ndo esse prazo, à condição de agentes recebedores e pagadores do FGTS, mediante recebimento de tarifa, a ser fi xada pelo Conselho Curador. § 1º Enquanto não ocorrer a centralização prevista no caput deste artigo, o depósito efetuado no decorrer do mês será contabilizado no saldo da conta vinculada do trabalhador, no primeiro dia útil do mês subsequente. § 2º Até que a Caixa Econômica Federal implemente as dispo-sições do caput deste artigo, as contas vinculadas continuarão sendo abertas em estabelecimento bancário escolhido pelo empregador, dentre os para tanto autorizados pelo Banco Central do Brasil, em nome do trabalhador. § 3º Verifi cando-se mudança de emprego, até que venha a ser implementada a centralização no caput deste artigo, a conta vinculada será transferida para o estabelecimento ban-cário da escolha do novo empregador. § 4º Os resultados fi nanceiros auferidos pela Caixa Econô-mica Federal no período entre o repasse dos bancos e o de-pósito nas contas vinculadas dos trabalhadores destinar-se--ão à cobertura das despesas de administração do FGTS e ao pagamento da tarifa aos bancos depositários, devendo os eventuais saldos ser incorporados ao patrimônio do Fundo nos termos do art. 2º, § 1º. § 5º Após a centralização das contas vinculadas, na Caixa Econômica Federal, o depósito realizado no prazo regulamen-tar passa a integrar o saldo da conta vinculada do trabalhador a partir do dia 10 (dez) do mês de sua ocorrência. O depósito realizado fora do prazo será contabilizado no saldo no dia 10 (dez) subsequente após atualização monetária e capitalização de juros.

A conta deve ser aberta na CEF e o montante devido deve ser depositado na mesma, não sendo válida a entrega diretamen-te ao trabalhador. A CEF deve remeter periodicamente aos trabalhadores extratos dos depósitos efetuados pelos empre-gadores e prestar as informações solicitadas pelos trabalha-dores sobre sua conta vinculada.

É importante que o empregado confi ra sempre o extrato de sua conta vinculada, comparando-o com os recibos de pa-gamento dos salários, a fi m de verifi car se foram realmente realizados os depósitos dos valores constantes dos recibos.

Os empregadores devem comunicar mensalmente aos traba-lhadores os valores recolhidos referentes ao FGTS bem como deixá-los a par de quaisquer informes recebidos da CEF sobre as respectivas contas vinculadas.

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O valor a ser recolhido corresponde a 8% da remuneração mensal paga ao empregado, inclusive com as gorjetas habi-tualmente recebidas, se houver. Nos contratos de aprendiza-gem, a alíquota do FGTS é de 2%.

O FGTS incide sobre todos os pagamentos de natureza sa-larial, ou seja, sua base de cálculo abrange os valores cor-respondentes a abonos salariais, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicional noturno, comissões, gratifi cações habituais, décimo terceiro salário, gorjetas, prê-mios, salário em utilidades, horas extras, repouso semanal re-munerado, terço de férias, aviso prévio (trabalhado ou não), o 13º salário, etc. Não integram a base de cálculo do FGTS verbas de caráter indenizatório, não salarial.

A Lei Complementar 110, de 29/06/2001, criou uma Contri-buição Social de 0,5% sobre a remuneração devida. Assim, são devidos no total 8,5% do complexo salarial mensal do empregado pelo empregador, embora este 0,5% não se refi ra a um direito estritamente trabalhista, mas a uma contribuição social devida à União. Esta contribuição é provisória, sendo devida pelo prazo de sessenta meses, a contar da data de início da sua exigibilidade, isto é, a partir da remuneração relativa ao mês de janeiro de 2002 até dezembro de 2007.

Outra Contribuição Social instituída pela LC 110/01 é devida pelos empregadores em caso de despedida de empregado sem justa causa, e corresponde à alíquota de 10% sobre o montante total dos depósitos do FGTS, durante a vigência do contrato de trabalho, acrescido das remunerações aplicáveis às contas vinculadas. Como se trata de um tributo, há que se falar em fato gerador, base de cálculo e sujeito passivo. Assim, o fato gerador dessa contribuição é a despedida de empregado sem justa causa. A base de cálculo é o montante dos depósitos do FGTS devidos durante a vigência do contrato de trabalho, acrescido das remunerações aplicáveis às contas vinculadas. O sujeito passivo de ambas as contribuições é o empregador.

O que ocorre na prática é que o empregador, por ocasião da dispensa sem justa causa, deve pagar 50% sobre o montante dos depósitos do FGTS efetuados durante a vigência do con-trato de trabalho: 40% em favor do empregado e 10% a título de contribuição social, espécie tributária de competência da União.

Os empregadores domésticos estão isentos do pagamento dessa contribuições sociais, bem como as micro e pequenas empresas inscritas no SIMPLES, desde que o faturamento anual não ultrapasse o limite de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e as pessoas físicas, em relação à remu-neração de empregados rurais, desde que sua receita bruta anual não ultrapasse o limite de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

Quanto às duas contribuições, não confunda, pois elas não são um direito do trabalhador, mas sim uma obrigação tri-butária devida pelos empregadores, nas situações previstas na referida Lei Complementar. Assim, os valores recolhidos confi guram receita tributária da União e não um benefício em favor do trabalhador.

OS BENEFICIÁRIOS

Mas quem são os benefi ciários obrigatórios do FGTS?

Os trabalhadores regidos pela CLT, os trabalhadores avulsos, os empregados rurais, o trabalhador temporário.

Não são benefi ciários do FGTS os trabalhadores autônomos, os trabalhadores eventuais e os servidores públicos civis e militares.

Quem são os benefi ciários facultativos?

Os diretores não empregados, isto é, aqueles que exercem cargo de administração previsto em lei, estatuto ou contrato social, independentemente da denominação do cargo, e os domésticos.

Como se dá a inclusão do doméstico no FGTS?

A partir da competência março de 2000, foi criada a possibili-dade de o FGTS ser estendido ao empregado doméstico, des-de que requerido pelo seu empregador. Assim, fi que sempre atento! Para o empregado doméstico a inclusão no FGTS pelo empregador é facultativa. À medida em que ocorrer o primei-ro depósito pelo empregador na conta vinculada, a inclusão do empregado doméstico é automática, e, após a inclusão, não pode o empregador voltar atrás em relação àquele víncu-lo de emprego. Assim, opção pela inclusão do doméstico no sistema do FGTS é facultativa, porém, irretratável.

Enfi m, como demonstrado acima, o empregador doméstico poderá incluir seu empregado no FGTS. Como se trata de uma faculdade do empregador, ele pode ou não fazê-lo. Caso o faça, todas as regras estabelecidas na legislação do FGTS são um direito do trabalhador doméstico. Deve ser recolhido 8% sobre a remuneração do doméstico bem como a multa resci-sória de 40% sobre o montante do FGTS recolhido com todos os acréscimos devidos no caso de dispensa sem justa causa.

POSSIBILIDADES DO SAQUE

Os artigos 18 a 21 da Lei 8.036/90 enumeram as hipóteses em que o titular da conta poderá sacar o montante deposita-do no FGTS.

Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por par-te do empregador, fi cará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos de-pósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)§ 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)§ 2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual de que trata o § 1º será de 20 (vinte) por cento. § 3° As importâncias de que trata este artigo deverão constar da documentação comprobatória do recolhimento dos valores devidos a título de rescisão do contrato de trabalho, obser-vado o disposto no art. 477 da CLT, eximindo o empregador, exclusivamente, quanto aos valores discriminados. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)

Art. 19. No caso de extinção do contrato de trabalho prevista no art. 14 desta lei, serão observados os seguintes critérios: I - havendo indenização a ser paga, o empregador, mediante comprovação do pagamento daquela, poderá sacar o saldo dos valores por ele depositados na conta individualizada do trabalhador; II - não havendo indenização a ser paga, ou decorrido o prazo prescricional para a reclamação de direitos por parte do tra-

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balhador, o empregador poderá levantar em seu favor o saldo da respectiva conta individualizada, mediante comprovação perante o órgão competente do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previstas no art. 37, § 2º, da Constituição Fede-ral, quando mantido o direito ao salário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)Parágrafo único. O saldo existente em conta vinculada, oriun-do de contrato declarado nulo até 28 de julho de 2001, nas condições do caput, que não tenha sido levantado até essa data, será liberado ao trabalhador a partir do mês de agosto de 2002. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações: I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior; (Redação dada pela Medida Provi-sória nº 2.197-43, de 2001)II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, fi liais ou agências, supressão de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrên-cias implique rescisão de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada em julgado; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fi m habilitados perante a Previdên-cia Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento; V - pagamento de parte das prestações decorrentes de fi -nanciamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que: a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de traba-lho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empre-sas diferentes; b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o pra-zo de 12 (doze) meses; c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por cento do montante da prestação; VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo de-vedor de fi nanciamento imobiliário, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o fi nanciamento seja concedido no âmbito do SFH e haja inters-tício mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação; VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construído, observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 11.977, de 2009)a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou empresas diferentes; b) seja a operação fi nanciável nas condições vigentes para o SFH; VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterrup-tos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS,

podendo o saque, neste caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta. (Redação dada pela Lei nº 8.678, de 1993)IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos tra-balhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974; X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo da categoria profi ssional. XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependen-tes for acometido de neoplasia maligna. (Incluído pela Lei nº 8.922, de 1994)XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permi-tida a utilização máxima de 50 % (cinquenta por cento) do saldo existente e disponível em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) (Vide Decreto nº 2.430, 1997)XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do vírus HIV; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos termos do regulamento; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decor-ra de desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprova-damente atingidas de Município ou do Distrito Federal em si-tuação de emergência ou em estado de calamidade pública, formalmente reconhecidos pelo Governo Federal; (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será admitida até 90 (noventa) dias após a publicação do ato de reconhecimento, pelo Governo Federal, da situação de emer-gência ou de estado de calamidade pública; e (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)c) o valor máximo do saque da conta vinculada será defi nido na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o dis-posto na alínea i do inciso XIII do art. 5º desta Lei, permitida a utilização máxima de 30% (trinta por cento) do saldo exis-tente e disponível na data em que exercer a opção. (Redação dada pela Lei nº 12.087, de 2009)§ 1º A regulamentação das situações previstas nos incisos I e II assegurar que a retirada a que faz jus o trabalhador corres-ponda aos depósitos efetuados na conta vinculada durante o período de vigência do último contrato de trabalho, acrescida de juros e atualização monetária, deduzidos os saques. § 2º O Conselho Curador disciplinará o disposto no inciso V, visando benefi ciar os trabalhadores de baixa renda e preser-var o equilíbrio fi nanceiro do FGTS. § 3º O direito de adquirir moradia com recursos do FGTS, pelo trabalhador, só poderá ser exercido para um único imóvel. § 4º O imóvel objeto de utilização do FGTS somente poderá ser objeto de outra transação com recursos do fundo, na for-ma que vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador. § 5º O pagamento da retirada após o período previsto em

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regulamento, implicará atualização monetária dos valores de-vidos. § 6º Os recursos aplicados em cotas de fundos Mútuos de Privatização, referidos no inciso XII, serão destinados, nas condições aprovadas pelo CND, a aquisições de valores mo-biliários, no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, de que trata a Lei nº 9.491, de 1997, e de programas esta-duais de desestatização, desde que, em ambos os casos, tais destinações sejam aprovadas pelo CND. (Redação dada pela Lei nº 9.635, de 1998)§ 7º Ressalvadas as alienações decorrentes das hipóteses de que trata o § 8º, os valores mobiliários a que se refere o parágrafo anterior só poderão ser integralmente vendidos, pelos respectivos Fundos, seis meses após a sua aquisição, podendo ser alienada em prazo inferior parcela equivalente a 10% (dez por cento) do valor adquirido, autorizada a livre aplicação do produto dessa alienação, nos termos da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. (Redação dada pela Lei nº 9.635, de 1998)§ 8º As aplicações em Fundos Mútuos de Privatização e no FI-FGTS são nominativas, impenhoráveis e, salvo as hipóteses previstas nos incisos I a XI e XIII a XVI do caput deste arti-go, indisponíveis por seus titulares.(Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007)§ 9° Decorrido o prazo mínimo de doze meses, contados da efetiva transferência das quotas para os Fundos Mútuos de Privatização, os titulares poderão optar pelo retorno para sua conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997)§ 10. A cada período de seis meses, os titulares das aplica-ções em Fundos Mútuos de Privatização poderão transferi-las para outro fundo de mesma natureza. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997)§ 11. O montante das aplicações de que trata o § 6° deste artigo fi cará limitado ao valor dos créditos contra o Tesouro Nacional de que seja titular o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997)§ 12. Desde que preservada a participação individual dos quotistas, será permitida a constituição de clubes de investi-mento, visando a aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997)§ 13. A garantia a que alude o § 4º do art. 13 desta Lei não compreende as aplicações a que se referem os incisos XII e XVII do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007)§ 14. Ficam isentos do imposto de renda: (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007)I - a parcela dos ganhos nos Fundos Mútuos de Privatização até o limite da remuneração das contas vinculadas de que trata o art. 13 desta Lei, no mesmo período; e (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)II - os ganhos do FI-FGTS e do Fundo de Investimento em Cotas - FIC, de que trata o § 19 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)§ 15. A transferência de recursos da conta do titular no Fun-do de Garantia do Tempo de Serviço em razão da aquisição de ações, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, ou de cotas do FI-FGTS não afetará a base de cálculo da multa rescisória de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 18 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007)§ 16. Os clubes de investimento a que se refere o § 12 pode-rão resgatar, durante os seis primeiros meses da sua consti-tuição, parcela equivalente a 5% (cinco por cento) das cotas adquiridas, para atendimento de seus desembolsos, autoriza-da a livre aplicação do produto dessa venda, nos termos da

Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. (Incluído pela Lei nº 9.635, de 1998)§ 17. Fica vedada a movimentação da conta vinculada do FGTS nas modalidades previstas nos incisos V, VI e VII deste artigo, nas operações fi rmadas, a partir de 25 de junho de 1998, no caso em que o adquirente já seja proprietário ou promitente comprador de imóvel localizado no Município onde resida, bem como no caso em que o adquirente já detenha, em qualquer parte do País, pelo menos um fi nanciamento nas condições do SFH. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)§ 18. É indispensável o comparecimento pessoal do titular da conta vinculada para o pagamento da retirada nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III, VIII, IX e X deste artigo, salvo em caso de grave moléstia comprovada por perícia médica, quando será paga a procurador especialmente constituído para esse fi m. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)§ 19. A integralização das cotas previstas no inciso XVII do caput deste artigo será realizada por meio de Fundo de In-vestimento em Cotas - FIC, constituído pela Caixa Econômica Federal especifi camente para essa fi nalidade. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)§ 20. A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá os re-quisitos para a integralização das cotas referidas no § 19 des-te artigo, devendo condicioná-la pelo menos ao atendimento das seguintes exigências: (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)I - elaboração e entrega de prospecto ao trabalhador; e (In-cluído pela Lei nº 11.491, de 2007)II - declaração por escrito, individual e específi ca, pelo traba-lhador de sua ciência quanto aos riscos do investimento que está realizando. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)§ 21 As movimentações autorizadas nos incisos V e VI do ca-put serão estendidas aos contratos de participação de grupo de consórcio para aquisição de imóvel residencial, cujo bem já tenha sido adquirido pelo consorciado, na forma a ser re-gulamentada pelo Conselho Curador do FGTS. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)

Art. 21. Os saldos das contas não individualizadas e das con-tas vinculadas que se conservem ininterruptamente sem cré-ditos de depósitos por mais de cinco anos, a partir de 1º de junho de 1990, em razão de o seu titular ter estado fora do regime do FGTS, serão incorporados ao patrimônio do fun-do, resguardado o direito do benefi ciário reclamar, a qualquer tempo, a reposição do valor transferido. (Redação dada pela Lei nº 8.678, de 1993)Parágrafo único. O valor, quando reclamado, será pago ao trabalhador acrescido da remuneração prevista no § 2º do art. 13 desta lei. (Incluído pela Lei nº 8.678, de 1993)

Veja que a fruição do FGTS não é totalmente condicionada ao tipo de término de contrato. Claro que nos casos em que o empregado pede demissão ou é despedido por justa causa ele perde o direito de sacar o FGTS, porém não perde o direito ao seu patrimônio, inclusive à correção monetária e juros legais. Isso signifi ca que quando ocorrer uma das hipóteses legais de saque do valor depositado, ele poderá retirar esse valor com adição dos acréscimos devidos.

A MULTA RESCISÓRIA

Caso o fi m do contrato de trabalho tenha sido originado por dispensa sem justa causa, ou rupturas equiparadas, como a extinção do estabelecimento, por exemplo, na rescisão indi-reta, cabe um acréscimo de 40% sobre o montante total do

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FGTS depositado durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos ju-ros (artigo 18, caput e parágrafo primeiro da Lei 8.036/90). Nos casos de ruptura por culpa recíproca ou força maior, ju-dicialmente reconhecidos, o acréscimo é reduzido à metade, ou seja, 20%, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.

A base de cálculo da indenização deve ser calculada sobre todos os depósitos, inclusive sobre os valores já sacados. Por exemplo, se os depósitos efetuados na conta vinculada ao longo da vigência do contrato de trabalho, ou dele decorren-tes, totalizaram R$ 30.000,00, mas o trabalhador já efetuou o saque de R$ 10.000,00, por motivo de doença na família, opercentual da indenização deverá incidir sobre o valor de R$ 30.000,00, independentemente do saque efetuado.

A multa rescisória é depositada na conta vinculada da mes-ma forma que os recolhimentos mensais. Ela é calculada com base no montante global de depósitos, corrigidos monetaria-mente e acrescidos de juros, independente de eventuais sa-ques ocorridos ao longo do contrato.

NATUREZA JURÍDICA

Quanto à natureza jurídica do FGTS, Maurício Godinho ressal-ta seu caráter multidirecional. Embora preserve sua natureza trabalhista, trata-se de um fundo social, formado por diversas fontes, que não apenas dos recolhimentos mensais dos em-pregadores, o qual destina-se a viabilizar fi nanceiramente a execução de programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana.

GESTÃO E FISCALIZAÇÃO

A gestão do FGTS é exercida pela CEF, segundo normas do Conselho Curador, e a fi scalização nas empresas compete aos Auditores Fiscais do Trabalho.

PRESCRIÇÃO

Conforme a súmula 362 do TST é trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não recolhimento do FGTS, ob-servado o prazo de dois anos após o término do contrato.

CERTIFICADO DE REGULARIDADE DO FGTS

A Regularidade para com o FGTS é a situação própria do em-pregador que está regular com suas obrigações para com o FGTS, tanto no que se refere às contribuições devidas, inclu-ídas aquelas instituídas pela Lei Complementar nº 110, de 29/06/2001, quanto a empréstimos lastreados com recursos originários desse Fundo.

O Certifi cado de Regularidade do FGTS - CRF é o único docu-mento que comprova a regularidade do empregador perante o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, sendo emi-tido exclusivamente pela CAIXA.

CIRCULAR CAIXA 229/2001, 21 DE NOVEMBRO DE 2001

(Publicada no DOU de 21/11/2001)

Disciplina os procedimentos para a verifi cação da regularida-de dos empregadores junto ao Fundo de Garantia do Tempo

de Serviço - FGTS e para a concessão do Certifi cado de Regu-laridade do FGTS - CRF.

A Caixa Econômica Federal, na qualidade de Agente Operador do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 7º, inciso II, da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1.990 e de acordo com o Regulamento Consolidado do FGTS, aprovado pelo Decreto nº 99.684, de 08 de novembro de 1.990, e alterado pelo De-creto nº 1.522, de 13 de junho de 1.995, e em consonância com a Lei nº 9.012/95, de 30 de março de 1.995, e com a Lei Complementar nº 110/2001, de 29 de junho de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 3.914, de 11 de setembro de 2001, baixa a presente instrução disciplinando procedimentos para a verifi cação da regularidade dos empregadores junto ao FGTS e para a concessão do CRF.

1 DEFINIÇÕES1.1 Regularidade com o FGTS1.1.1 Situação própria do empregador que está regular com suas obrigações junto ao FGTS, tanto no que se refere às contribuições devidas, quanto a empréstimos lastreados com recursos originários desse Fundo.1.2 Certifi cado de Regularidade do FGTS – CRF 1.2.1 O CRF, emitido exclusivamente pela CAIXA, é o único documento que comprova a regularidade do empregador pe-rante o FGTS.

2 UTILIZAÇÕES OBRIGATÓRIAS DO CRF2.1 A apresentação do CRF é obrigatória nas seguintes situ-ações:a) habilitação em licitação promovida por órgãos da Adminis-tração Pública Direta, Indireta ou Fundacional e por empresas controladas direta ou indiretamente pela União, pelos Esta-dos, pelo Distrito Federal e pelos Municípios;b) obtenção de empréstimos ou fi nanciamentos junto a quais-quer instituições fi nanceiras públicas, por parte de órgãos e entidades da Administração Pública Direta, Indireta ou Fun-dacional, bem assim empresas controladas direta ou indireta-mente pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios;c) obtenção de favores creditícios, isenções, subsídios, auxí-lios, outorga ou concessão de serviços ou quaisquer outros benefícios concedidos por órgão da Administração Pública Fe-deral, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, salvo quando destinados a saldar débitos para com o FGTS;d) transferência de domicílio do empregador para o exterior;e) registro ou arquivamento, nos órgãos competentes, de alteração ou distrato de contrato social, de estatuto, ou de qualquer documento que implique modifi cação na estrutura jurídica do empregador ou na extinção da empresa.2.2 É vedado às instituições ofi ciais de crédito conceder em-préstimos, fi nanciamentos, dispensa de juros, multa e corre-ção monetária ou qualquer outro benefício a pessoas jurídicas em débito com as contribuições para o FGTS.2.2.1 Os parcelamentos de débitos com as instituições ofi ciais de crédito somente serão concedidos mediante a comprova-ção da regularidade com o FGTS.2.3 As pessoas jurídicas em débito com o FGTS não poderão celebrar contratos de prestação de serviços ou realizar tran-sação comercial de compra e venda com qualquer órgão da administração direta, indireta, autárquica e fundacional, bem como participar de concorrência pública.

3 CONFIRMAÇÃO DA AUTENTICIDADE DO CRF3.1 Na utilização do CRF, para as fi nalidades legais, os órgãos

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Legislação Específi ca

e instituições interessadas deverão obrigatoriamente confi r-mar a autenticidade do certifi cado mediante consulta à CAI-XA, via Internet ou em qualquer de suas agências.3.1.1 Os dados dos CRF emitidos para o empregador serão armazenados pela CAIXA, sendo disponibilizado na Internet histórico referente aos últimos 24 meses, para consulta e con-fi rmação de autenticidade.3.1.1.1 Esse histórico também contemplará a situação de re-gularidade apurada na vigência da Circular Caixa 204/2001, respeitado o limite estabelecido no subitem anterior.3.1.2 Nesse sentido, pode ser celebrado convênio junto à CAI-XA, para o fornecimento das informações do CRF vigente por meio de consulta direta ao Sistema do FGTS pelo órgão ou instituição que necessite realizar a verifi cação da autenticida-de desse documento.

4 CONDIÇÕES PARA A REGULARIDADE4.1 Para estar regular perante o FGTS, o empregador deverá encontrar-se em dia:a) com as obrigações com o FGTS, considerando os aspectos fi nanceiro, cadastral e operacional;b) com o pagamento das contribuições sociais instituídas pela Lei Complementar nº 110, de 29 de junho de 2001; ec) com o pagamento de empréstimos lastreados com recursos do FGTS.4.2 A verifi cação da regularidade do FGTS é procedida pela CAIXA somente para empregadores cadastrados no Sistema do FGTS, identifi cados a partir de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes – CGC ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ ou no Cadastro Específi co do INSS – CEI.4.3 A regularidade das empresas com fi liais está condicionada à regularidade de todos os seus estabelecimentos.4.3.1 A regularidade da fi lial está condicionada à regularidade da matriz e dos demais estabelecimentos da empresa.4.3.2 No caso de empresas instituídas por lei, autônomas no que se refere à administração de seus serviços, gestão dos seus recursos, regime de trabalho e relações empregatícias, a regularidade de cada estabelecimento pode ser verifi cada individualmente.4.3.3 A regularidade da União, Estados/Distrito Federal ou Municípios, está condicionada à regularidade de todos os ór-gãos da administração direta por eles mantidos e à da Câmara Federal, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, respectivamente.4.3.3.1 A regularidade do órgão da administração direta está condicionada à sua regularidade e à do Poder ao qual esteja vinculado.4.3.3.2 Em se tratando de órgão da administração indireta ou direta com autonomia econômico-fi nanceira, a regularidade será verifi cada individualmente, não sendo condicionada à do Poder ao qual esteja vinculado.4.4 A regularidade para empregador com acordo de parcela-mento ou reparcelamento em vigor fi ca também condicionada à adimplência desse em relação ao acordo e ao pagamento da primeira parcela, quando esta não estiver vencida.4.4.1 A antecipação do pagamento da primeira parcela não se aplica aos acordos cujo prazo de carência esteja em vigor.

5 IMPEDIMENTOS À REGULARIDADE5.1 São fatores impeditivos à regularidade perante o FGTS:a) a ausência de recolhimento da contribuição regular;b) confi ssão ou declaração de débitos de contribuições não regularizados por pagamento ou parcelamento;c) Notifi cação para Depósito do FGTS - NDFG e/ou de No-tifi cação para Recolhimento Rescisório – NDRF, cujo débito

apurado tenha sido julgado procedente ou parcialmente pro-cedente ou cuja defesa tenha sido intempestiva por parte do empregador;d) parcelamento de débitos do FGTS em atraso ou valores remanescentes de parcelamento rescindido;e) diferenças de recolhimento relativas à remuneração infor-mada;f) diferenças no recolhimento de contribuições ao FGTS, quando realizado em atraso;g) falta de individualização de valores nas contas dos respec-tivos trabalhadores;h) inconsistências fi nanceiras decorrentes do preenchimento de guia de recolhimento do FGTS, seja por omissão de dados ou por erro nas informações apresentadas;i) inconsistências no cadastro do empregador ou nos dados de seus empregados;j) inconsistências fi nanceiras ou cadastrais decorrentes de er-ros nos procedimentos dos recolhimentos efetivados;l) ausência parcial ou integral das contribuições sociais, insti-tuídas pela Lei Complementar nº 110/2001, nos recolhimen-tos mensais regulares ou nos rescisórios;m) diferenças no recolhimento de contribuições sociais, quan-do realizado em atraso;n) a existência de pagamentos de contribuições sociais sem a quitação do recolhimento devidos aos trabalhadores para a remuneração informada;o) dívidas ou parcelas vencidas e não pagas relativas a em-préstimos lastreados com recursos do FGTS.5.2 Débitos notifi cados nas situações abaixo não serão consi-derados na verifi cação da regularidade do empregador:a) sob defesa administrativa tempestiva;b) sendo discutido em ação anulatória garantida por caução; ouc) sob cobrança judicial com embargos, estando o débito ga-rantido por penhora ou depósito judicial.5.3 Na impossibilidade de individualização nas contas vincu-ladas dos trabalhadores, em razão de caso fortuito ou força maior, fi ca a regularidade condicionada a apresentação por parte do empregador de justifi cativa formal, acompanhada de cópia de edital de convocação dos trabalhadores que com ele mantiveram vínculo empregatício no período pendente de individualização, publicado no jornal de grande circulação no Estado.5.4 Os impedimentos à regularidade serão registrados nos sistemas do FGTS à medida em que forem apurados, fi cando disponíveis para consulta pelo empregador junto às agências da CAIXA.5.4.1 O empregador pode, preventivamente e a qualquer tempo, consultar a existência de impedimentos à sua regu-laridade e promover os acertos, se for o caso, de forma a garantir sua condição de regularidade.

6 VERIFICAÇÃO DE REGULARIDADE E CONCESSÃO DE CRF6.1 A verifi cação da situação do empregador perante o FGTS será realizada pela CAIXA a partir de consulta via Internet, mediante leitura dos dados disponíveis nos Sistemas do Fun-do de Garantia, no momento da consulta, sendo, se for o caso, a regularidade da empresa disponibilizada para fi ns de certifi cação.6.1.1 O empregador em situação regular poderá obter o cer-tifi cado, a qualquer tempo, via Internet.6.1.2 O empregador que não tiver acesso à Internet poderá dirigir-se a uma agência da CAIXA para a verifi cação da re-gularidade e obtenção do correspondente CRF, se for o caso.

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6.2 Para o empregador não certifi cado e em situação regular, na consulta realizada por conveniado junto à CAIXA, confor-me subitem 3.1.2 desta Circular, será emitido o CRF automa-ticamente.6.3 O empregador cujas informações disponíveis não sejam sufi cientes para a apuração da regularidade, não terá CRF emitido via Internet, devendo dirigir-se a qualquer agência da CAIXA para obter esclarecimentos e orientações necessárias.6.3.1 Nesta situação, em se tratando de consulta realizada por força de convênio será emitida mensagem informando a inexistência de certifi cado em vigor.6.4 Havendo impedimentos à regularidade, após a apresenta-ção pelo empregador dos comprovantes das regularizações, a CAIXA, no prazo de até 2 dias úteis, avaliará os acertos proce-didos e atualizará os sistemas do FGTS no que for pertinente.

7 PRAZO DE VALIDADE7.1 O CRF é válido em todo o território nacional pelo prazo de 30 dias contados da data de sua emissão.7.2 O CRF poderá ser renovado a partir do décimo dia anterior ao seu vencimento, desde que atenda as condições necessá-rias à regularidade perante o FGTS.7.2.1 Nesse caso, o empregador poderá ter dois certifi cados vigentes, sendo que o anterior e ainda vigente será apresen-tado no histórico na Internet, para consulta e verifi cação de autenticidade, a qualquer tempo, porém não disponível para impressão, mantidos todos os seus efeitos legais.7.3 O CRF emitido por força de instrumento judicial terá vali-dade de até 30 dias contados de sua emissão ou a determi-nada no documento judicial, prevalecendo a que for menor.7.3.1 Caso o instrumento judicial determine validade maior que 30 dias, o CRF poderá ser renovado mensal e sucessi-vamente até o prazo defi nido no correspondente documento judicial.7.3.2 No CRF emitido nessa condição constará a informação “Emitido em atendimento à determinação judicial”.7.3.3 O CRF será imediatamente cancelado, no caso de cassa-ção do instrumento judicial que o determinou.7.3.3.1 O cancelamento do CRF de qualquer estabelecimento da empresa implica o cancelamento do CRF de seus demais estabelecimentos.

8 Não serão utilizados formulários específi cos para a impres-são de CRF, devendo ser cumprido o disposto no item 3 e respectivos subitem desta circular quanto à confi rmação de autenticidade quando do uso das informações do CRF para as fi nalidades legais.

9 Fica revogada a Circular CAIXA nº 213/2001, de 20 de abril de 2001 (D.O. 23 de abril de 2001).

10 Esta Circular entra em vigor a partir de sua publicação.

JOSÉ RENATO CORRÊA DE LIMADiretor

GFIP

ORIENTAÇÕES GERAIS

É um conjunto de informações para o INSS, relativas aos va-lores pagos, retidos e recolhidos pela empresa, atribuídos aos trabalhadores que lhe prestaram serviços no mês.

A lei nº 9.528/97 introduziu a obrigatoriedade de apresen-tação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP.

Desde a competência janeiro de 1999, todas as pessoas físi-cas ou jurídicas sujeitas ao recolhimento do FGTS, conforme estabelece a lei nº 8.036/90 e legislação posterior, bem como às contribuições e/ou informações à Previdência Social, con-forme disposto nas leis nº 8.212/91 e 8.213/91 e legislação posterior, estão obrigadas ao cumprimento desta obrigação.

Deverão ser informados os dados da empresa e dos traba-lhadores, os fatos geradores de contribuições previdenciárias e valores devidos ao INSS, bem como as remunerações dos trabalhadores e valor a ser recolhido ao FGTS.

A empresa está obrigada à entrega da GFIP ainda que não haja recolhimento para o FGTS, caso em que esta GFIP será declaratória, contendo todas as informações cadastrais e fi -nanceiras de interesse da Previdência Social.

OBJETIVOS

Viabilizar o recolhimento/individualização de valores do FGTS e permitir à Previdência Social: • tornar mais ágil o acesso e aumentar a confi abilidade das informações referentes à vida laboral do segurado possibili-tando melhor atendimento nos postos do INSS; • desobrigar o segurado, gradativamente, do ônus de com-provar o tempo de contribuição, a remuneração e a exposi-ção a agentes nocivos, no momento em que requerer seus benefícios; • melhorar o controle da arrecadação das contribuições pre-videnciárias; • distinguir o sonegador do inadimplente e tratá-los de forma diferenciada.

ENTREGA

A GFIP deverá ser entregue/recolhida até o dia 7 do mês se-guinte àquele em que a remuneração foi paga, creditada ou se tornou devida ao trabalhador e/ou tenha ocorrido outro fato gerador de contribuição à Previdência Social. Caso não haja expediente bancário no dia 7, a entrega deverá ser an-tecipada para o dia de expediente bancário imediatamente anterior.

DESOBRIGADOS DE ENTREGAR A GFIP

Estão desobrigados de entregar a GFIP:- O contribuinte individual sem segurado que lhe preste ser-viço; - O segurado especial; - Os órgãos públicos em relação aos servidores estatutários fi liados a regime próprio de previdência social;- O empregador doméstico que não recolher o FGTS para o empregado doméstico; - O segurado facultativo.

PENALIDADES

Deixar de apresentar a GFIP, apresentá-la com dados não cor-respondentes aos fatos geradores, bem como apresentá-la com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores, sujeitarão os responsáveis às multas previs-tas na lei nº 8.212/91 e alterações posteriores, e às sanções previstas na lei nº 8.036/90.

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Legislação Específi ca

Nos casos acima, a correção da falta, antes de qualquer pro-cedimento administrativo ou fi scal por parte do INSS, carac-teriza a denúncia espontânea, afastando a aplicação das pe-nalidades previstas.

O pagamento da multa pela ausência de entrega da GFIP não supre a falta deste documento, permanecendo o impedimen-to para obtenção de Certidão Negativa de Débito - CND.

RETIFICAÇÕES

As informações prestadas incorretamente devem ser corrigi-das por meio do próprio SEFIP a partir de 01/12/2005, confor-me estabelecido no Capítulo V do Manual da GFIP aprovado pela Instrução Normativa MPS/SRP 09/2005 e pela Circular Caixa 370/2005.

Os fatos geradores omitidos devem ser informados mediante a transmissão de novo arquivo SEFIPCR.SFP, contendo todos os fatos geradores, inclusive os já informados, com as respec-tivas correções e confi rmações.

Para a retifi cação de informações, observar as orientações so-bre chave de GFIP/SEFIP e modalidades, nos subitens 7.1 e 7.2 no Capítulo I do Manual da GFIP.

NOTA:No movimento com retifi cação de informações, será gerada uma GPS - Guia da Previdência Social com base na totalidade dos fatos geradores e demais informações. Caso tenham sido recolhidos anteriormente valores devidos à Previdência, no todo ou em parte, esta GPS não deverá ser utilizada.

CARTÃO CIDADÃO

O Cartão Cidadão é um serviço prestado pela Caixa Econômi-ca Federal e foi instituído em 2002. Ele veio para substituir o antigo cartão do trabalhador, facilitando a movimentação de benefícios e consultas.

O Cartão Cidadão serve você efetuar saques dos benefícios, seja o saque do FGTS, saque do Abono Salarial referente ao PIS/PASEP, além de outros benefícios trabalhistas ao qual o trabalhador tem direito.

Para você ter um Cartão do Cidadão são necessários alguns pré-requisitos que todo trabalhador com carteira assinada tem, tais como estar cadastrado no PIS/PASEP, no Número de Inscrição Social, dados como endereço devem estar atualiza-dos e válidos perante a Caixa Econômica Federal.

Você poderá solicitar o Cartão de Cidadão da Caixa em qual-quer local de atendimento disponível no país, independente-mente do local da sua residência; poderá também levantar o Cartão de Cidadão no local que lhe for mais conveniente, bastando para tal indicar esse local no momento do pedido do Cartão de Cidadão.

O Cartão cidadão se destina a todos os trabalhadores brasi-leiros. O cartão oferece segurança, pelo uso de senha pessoal para identifi cação, e a conveniência de ser utilizado em todas as agências da CAIXA, terminais de autoatendimento, unida-des lotéricas e correspondentes CAIXA Aqui.

Com o Cartão Cidadão podem ser feitas as seguintes ope-rações: - Consultar saldo e extrato do FGTS, bem como saldo de quo-tas do PIS;

- Efetuar saque da conta vinculada ao FGTS; - Receber, se tiver direito, benefícios referentes aos progra-mas de transferência de renda (Bolsa Família, Bolsa Escola, por exemplo), abono salarial, rendimentos do PIS e seguro--desemprego; - Consultar saldo e extrato dos recursos do FGTS.

PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL

O Programa de Integração Social, mais conhecido como PIS/PASEP ou PIS, é uma contribuição social de natureza tribu-tária, devida pelas pessoas jurídicas, com objetivo de fi nan-ciar o pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois salários-mínimos.

O PIS foi instituído com a justifi cativa de promover a integra-ção do empregado na vida e no desenvolvimento das empre-sas. Na prática consiste num programa de transferência de renda, possibilitando melhor distribuição da renda nacional.

Atualmente o abono do PASEP (funcionários públicos) é pago no Banco do Brasil, enquanto que o abono do PIS (funcionários de empresas privadas) é feito na Caixa Econômica Federal.

HISTÓRIA

O PIS foi criado pela Lei Complementar 07/70 (para benefi -ciar os empregados da iniciativa privada), enquanto o PASEP foi criado pela Lei Complementar 08/70 (para benefi ciar os funcionários públicos). O primeiro agente arrecadador do PIS foi a Caixa Econômica Federal. Inicialmente havia 4 (quatro) modalidades de cobrança do PIS:• PIS sobre Faturamento, defi nido posteriormente pelo CMN como as Receitas Brutas ditadas pela legislação do Imposto de Renda;• PIS sobre Prestação de Serviços, que não era considerado Faturamento, embora houvesse a duplicata de serviços;• PIS Repique, que era calculado com base no imposto de renda, devido também pelos prestadores de serviço;• PIS sobre folha de pagamentos, para as entidades sem fi ns lucrativos, mas que eram empregadoras.

Mais tarde o PIS passou a ser arrecadado pela Secretaria da Receita Federal e passou por várias reformas legais: em 1988, por intermédio de Decretos-lei foi eliminado o PIS Repique, mas em compensação passou-se a incluir no faturamento ou-tras receitas operacionais, procurando tributar as empresas que possuíam grandes ganhos fi nanceiros em função da hipe-rinfl ação brasileira. Essa mudança acarretou reação dos con-tribuintes, pois na mesma época havia sido criado o Finsocial (atual COFINS), que também tinha como base as Receitas. Além disso, o Decreto-lei não era o instrumento legislativo adequado para se legislar sobre tributos. Houve uma série de ações na Justiça que culminaram com a declaração de incons-titucionalidade da citada reforma. Após esse fato, o Governo editou medida provisória tentando continuar com a cobrança sobre as receitas operacionais, o que também gerou protes-tos, sob a tese de que medida provisória não poderia alterar a lei complementar de 1970. Muitas empresas voltaram a re-colher o PIS sem faturamento, serviços e o PIS Repique, com base na LC 07/70, via ação judicial, até que fosse aprovada uma lei complementar que resolvesse a questão, dentro da nova ordem constitucional instaurada em 1988.

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Legislação Específi ca

LEI COMPLEMENTAR Nº 7, DE 7 DE SETEMBRO DE 1970

Vide constituição de 1988

Institui o Programa de Integração Social, e dá outras provi-dências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Art. 1.º - É instituído, na forma prevista nesta Lei, o Progra-ma de Integração Social, destinado a promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas.§ 1º - Para os fi ns desta Lei, entende-se por empresa a pes-soa jurídica, nos termos da legislação do Imposto de Renda, e por empregado todo aquele assim defi nido pela Legislação Trabalhista. § 2º - A participação dos trabalhadores avulsos, assim defi ni-dos os que prestam serviços a diversas empresas, sem rela-ção empregatícia, no Programa de Integração Social, far-se-á nos termos do Regulamento a ser baixado, de acordo com o art. 11 desta Lei.

Art. 2º. O Programa de que trata o artigo anterior será exe-cutado mediante Fundo de Participação, constituído por depó-sitos efetuados pelas empresas na Caixa Econômica Federal.Parágrafo único - A Caixa Econômica Federal poderá celebrar convênios com estabelecimentos da rede bancária nacional, para o fi m de receber os depósitos a que se refere este artigo.

Art. 3º. O Fundo de Participação será constituído por duas parcelas:a) a primeira, mediante dedução do Imposto de Renda devido, na forma estabelecida no § 1º deste artigo, processando-se o seu recolhimento ao Fundo juntamente com o pagamento do Imposto de Renda;b) a segunda, com recursos próprios da empresa, calculados com base no faturamento, como segue: (Vide Lei Comple-mentar nº 17, de 1973)1) no exercício de 1971, 0,15%;2) no exercício de 1972, 0,25%;3) no exercício de 1973, 0,40%;4) no exercício de 1974 e subsequentes, 0,50%.§ 1º - A dedução a que se refere a alínea a deste artigo será feita sem prejuízo do direito de utilização dos incentivos fi s-cais previstos na legislação em vigor e calculada com base no valor do Imposto de Renda devido, nas seguintes proporções:a) no exercício de 1971 -> 2%;b) no exercício de 1972 - 3%;c) no exercício de 1973 e subsequentes - 5%.§ 2º - As instituições fi nanceiras, sociedades seguradoras e outras empresas que não realizam operações de vendas de mercadorias participarão do Programa de Integração Social com uma contribuição ao Fundo de Participação de, recursos próprios de valor idêntico do que for apurado na forma do parágrafo anterior.§ 3º- As empresas que a título de incentivos fi scais estejam isentas, ou venham a ser isentadas, do pagamento do Impos-to de Renda, contribuirão para o Fundo de Participação, na base de cálculo como se aquele tributo fosse devido, obedeci-das as percentagens previstas neste artigo.§ 4º - As entidades de fi ns não lucrativos, que tenham empre-gados assim defi nidos pela legislação trabalhista, contribuirão para o Fundo na forma da lei.

§ 5º - A Caixa Econômica Federal resolverá os casos omissos, de acordo com os critérios fi xados pelo Conselho Monetário Nacional.

Art. 4º. O Conselho Nacional poderá alterar, até 50% (cin-quenta por cento), para mais ou para menos, os percentuais de contribuição de que trata o § 2º do art. 3º, tendo em vista a proporcionalidade das contribuições.

Art. 5º. A Caixa Econômica Federal emitirá, em nome de cada empregado, uma Caderneta de Participação - Programa de Integração Social - movimentável na forma dos arts. 8º e 9º desta Lei.

Art. 6º. A efetivação dos depósitos no Fundo correspondente à contribuição referida na alínea b do art. 3º será processada mensalmente a partir de 1º de julho de 1971.Parágrafo único - A contribuição de julho será calculada com base no faturamento de janeiro; a de agosto, com base no faturamento de fevereiro; e assim sucessivamente.

Art. 7º. A participação do empregado no Fundo far-se-á me-diante depósitos efetuados em contas individuais abertas em nome de cada empregado, obedecidos os seguintes critérios:a) 50% (cinquenta por cento) do valor destinado ao Fundo será dividido em partes proporcionais ao montante de salários recebidos no período;b) os 50% (cinquenta por cento) restantes serão divididos em partes proporcionais aos quinquênios de serviços prestados pelo empregado.§ 1º - Para os fi ns deste artigo, a Caixa Econômica Federal, com base nas Informações fornecidas pelas empresas, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da publicação desta Lei, organizará um Cadastro - Geral dos participantes do Fundo, na forma que for estabelecida em regulamento.§ 2º - A omissão dolosa de nome de empregado entre os par-ticipantes do Fundo sujeitará a empresa a multa, em benefício do Fundo, no valor de 10 (dez) meses de salários, devidos ao empregado cujo nome houver sido omitido.§ 3º - Igual penalidade será aplicada em caso de declaração falsa sobre o valor do salário e do tempo de serviço do em-pregado na empresa.

Art. 8º. (Revogado pela Lei Complementar nº 26, de 1975)

Art. 9º. As importâncias creditadas aos empregados nas ca-dernetas de participação são inalienáveis e impenhoráveís, destinando-se, primordialmente, à formação de patrimônio do trabalhador.§ 1º - Por ocasião de casamento, aposentadoria ou invalidez do empregado titular da conta poderá o mesmo receber os valores depositados, mediante comprovação da ocorrência, nos termos do regulamento; ocorrendo a morte, os valores do depósito serão atribuídos aos dependentes e, em sua falta, aos sucessores, na forma da lei.§ 2º - A pedido do interessado, o saldo dos depósitos poderá ser também utilizado como parte do pagamento destinado à aquisição da casa própria, obedecidas as disposições regula-mentares previstas no art. 11.

Art. 10. As obrigações das empresas, decorrentes desta Lei, são de caráter exclusivamente fi scal, não gerando direitos de natureza trabalhista nem incidência de qualquer contribuição previdencíária em relação a quaisquer prestações devidas, por lei ou por sentença judicial, ao empregado.Parágrafo único - As importâncias incorporadas ao Fundo não se classifi cam como rendimento do trabalho, para qualquer efeito da legislação trabalhista, de Previdência Social ou Fiscal e não se

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Legislação Específi ca

incorporam aos salários ou gratifi cações, nem estão sujeitas ao imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza.

Art. 11. Dentro de 120 (cento e vinte) dias, a contar da vigência desta Lei, a Caixa Econômica Federal submeterá à aprovação do Conselho Monetário Nacional o regulamento do Fundo, fi xando as normas para o recolhimento e a distribuição dos recursos, assim como as diretrizes e os critérios para a sua aplicação.Parágrafo único - O Conselho Monetário Nacional pronunciar--se-á, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar do seu recebi-mento, sobre o projeto de regulamento do Fundo.

Art. 12. As disposições desta Lei não se aplicam a quaisquer entidades integrantes da Administração Pública federal, esta-dual ou municipal, dos Territórios e do Distrito Federal, Direta ou Indireta adotando-se, em todos os níveis, para efeito de conceituação, como entidades da Administração Indireta, os critérios constantes dos Decretos - Leis nos 200, de 25 de fe-vereiro de 1967, e 900, de 29 de setembro de 1969.

Art. 13. Esta Lei Complementar entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 14. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 7 de setembro de 1970; 149º da Independência e 82º da República.

EMILIO G. MÉDICI Alfredo Buzaid

Adalberto de Barros Nunes Orlando Geisel

Mário Gibson Barboza Antônio Delfi m Netto

Mário David Andreazza L. F. Cirne Lima

Jarbas G. Passarinho Júlio Barata

Márcio de Souza e Mello F. Rocha Lagoa

Marcus Vinícius Pratini de Moraes Antônio Dias Leite Júnior

João Paulo dos Reis Velloso José Costa Cavalcanti Hygino C. Corsetti.

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8 de se-tembro de 1970.

LEI Nº 10.836, DE 9 DE JANEIRO DE 2004

REGULAMENTO

Conversão da MPv nº 132, de 2003

Cria o Programa Bolsa Família e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.Parágrafo único. O Programa de que trata o caput tem por fi nalidade a unifi cação dos procedimentos de gestão e exe-cução das ações de transferência de renda do Governo Fede-

ral, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Pro-grama Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Fede-ral, instituído pelo Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001.

Art. 2 Constituem benefícios fi nanceiros do Programa, obser-vado o disposto em regulamento:I - o benefício básico, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de extrema pobreza;II - o benefício variável, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes até 15 (quin-ze) anos, sendo pago até o limite de 5 (cinco) benefícios por família; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)III - o benefício variável, vinculado ao adolescente, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de po-breza ou extrema pobreza e que tenham em sua composição adolescentes com idade entre 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos, sendo pago até o limite de 2 (dois) benefícios por famí-lia. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)§ 1º Para fi ns do disposto nesta Lei, considera-se: I - família, a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivíduos que com ela possuam laços de parentesco ou de afi nidade, que forme um grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto e que se mantém pela contribuição de seus membros;II - (Revogado pela Medida Provisória nº 411, de 2007).III - renda familiar mensal, a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pela totalidade dos membros da fa-mília, excluindo-se os rendimentos concedidos por programas ofi ciais de transferência de renda, nos termos do regulamen-to.§ 2º O valor do benefício básico será de R$ 58,00 (cinqüenta e oito reais) por mês, concedido a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 60,00 (sessentareais). (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)§ 3º Serão concedidos a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 120,00 (cento e vinte reais), dependendo de sua composição: (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)I - o benefício variável no valor de R$ 18,00 (dezoito reais); e (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)II - o benefício variável, vinculado ao adolescente, no valor de R$ 30,00 (trinta reais). (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)§ 4º Os benefícios fi nanceiros previstos nos incisos I, II e III do caput deste artigo poderão ser pagos cumulativamen-te às famílias benefi ciárias, observados os limites fi xados nos citados incisos II e III. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)§ 5º A família cuja renda familiar mensal per capita esteja compreendida entre os valores estabelecidos no § 2º e no § 3º deste artigo receberá exclusivamente os benefícios a que se referem os incisos II e III do caput deste artigo, respeita-dos os limites fi xados nesses incisos. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)

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§ 6º Os valores dos benefícios e os valores referenciais para caracterização de situação de pobreza ou extrema pobreza de que tratam os §§ 2º e 3º poderão ser majorados pelo Poder Executivo, em razão da dinâmica socioeconômica do País e de estudos técnicos sobre o tema, atendido o disposto no pará-grafo único do art. 6º.§ 7º Os atuais benefi ciários dos programas a que se refere o parágrafo único do art. 1º , à medida que passarem a receber os benefícios do Programa Bolsa Família, deixarão de receber os benefícios daqueles programas.§ 8º Considera-se benefício variável de caráter extraordinário a parcela do valor dos benefícios em manutenção das famílias benefi ciárias dos Programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, PNAA e Auxílio-Gás que, na data de ingresso dessas famílias no Programa Bolsa Família, exceda o limite máximo fi xado neste artigo.§ 9º O benefício a que se refere o § 8º será mantido até a cessação das condições de elegibilidade de cada um dos be-nefi ciários que lhe deram origem.§ 10. O Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família poderá excepcionalizar o cumprimento dos critérios de que trata o § 2º , nos casos de calamidade pública ou de situ-ação de emergência reconhecidos pelo Governo Federal, para fi ns de concessão do benefício básico em caráter temporário, respeitados os limites orçamentários e fi nanceiros.§ 11. Os benefícios a que se referem os incisos I, II e III do caput deste artigo serão pagos, mensalmente, por meio de cartão magnético bancário fornecido pela Caixa Econômica Federal, com a respectiva identifi cação do responsável, me-diante o Número de Identifi cação Social - NIS, de uso do Go-verno Federal. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)§ 12. Os benefícios poderão ser pagos por meio das seguin-tes modalidades de contas, nos termos de resoluções adota-das pelo Banco Central do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008)I – contas-correntes de depósito à vista; (Incluído pela Lei nº 11.692, de 2008)II - contas especiais de depósito à vista; (Incluído pela Lei nº 11.692, de 2008)III - contas contábeis; e (Incluído pela Lei nº 11.692, de 2008)IV - outras espécies de contas que venham a ser criadas. (Incluído pela Lei nº 11.692, de 2008)§ 13. No caso de créditos de benefícios disponibilizados in-devidamente ou com prescrição do prazo de movimentação defi nido em regulamento, os créditos reverterão automatica-mente ao Programa Bolsa Família.§ 14. O pagamento dos benefícios previstos nesta Lei será feito preferencialmente à mulher, na forma do regulamento.

Art. 3º A concessão dos benefícios dependerá do cumpri-mento, no que couber, de condicionalidades relativas ao exa-me pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompa-nhamento de saúde, à freqüência escolar de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento. Parágrafo único. O acompanhamento da freqüência escolar relacionada ao benefício previsto no inciso III do caput do art. 2º desta Lei considerará 75% (setenta e cinco por cento) de freqüência, em conformidade com o previsto no inciso VI do caput do art. 24 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.692, de 2008)

Art. 4º Fica criado, como órgão de assessoramento imediato do Presidente da República, o Conselho Gestor Interministe-rial do Programa Bolsa Família, com a fi nalidade de formu-

lar e integrar políticas públicas, defi nir diretrizes, normas e procedimentos sobre o desenvolvimento e implementação do Programa Bolsa Família, bem como apoiar iniciativas para instituição de políticas públicas sociais visando promover a emancipação das famílias benefi ciadas pelo Programa nas es-feras federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, tendo as competências, composição e funcionamento estabelecidos em ato do Poder Executivo.

Art. 5º O Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família contará com uma Secretaria-Executiva, com a fi nali-dade de coordenar, supervisionar, controlar e avaliar a opera-cionalização do Programa, compreendendo o cadastramento único, a supervisão do cumprimento das condicionalidades, o estabelecimento de sistema de monitoramento, avaliação, gestão orçamentária e fi nanceira, a defi nição das formas de participação e controle social e a interlocução com as respec-tivas instâncias, bem como a articulação entre o Programa e as políticas públicas sociais de iniciativa dos governos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal.

Art. 6º As despesas do Programa Bolsa Família correrão à conta das dotações alocadas nos programas federais de trans-ferência de renda e no Cadastramento Único a que se refere o parágrafo único do art. 1º , bem como de outras dotações do Orçamento da Seguridade Social da União que vierem a ser consignadas ao Programa.Parágrafo único. O Poder Executivo deverá compatibilizar a quantidade de benefi ciários do Programa Bolsa Família com as dotações orçamentárias existentes.

Art. 7º Compete à Secretaria-Executiva do Programa Bolsa Família promover os atos administrativos e de gestão ne-cessários à execução orçamentária e fi nanceira dos recursos originalmente destinados aos programas federais de transfe-rência de renda e ao Cadastramento Único mencionados no parágrafo único do art. 1º .§ 1º Excepcionalmente, no exercício de 2003, os atos admi-nistrativos e de gestão necessários à execução orçamentá-ria e fi nanceira, em caráter obrigatório, para pagamento dos benefícios e dos serviços prestados pelo agente operador e, em caráter facultativo, para o gerenciamento do Programa Bolsa Família, serão realizados pelos Ministérios da Educação, da Saúde, de Minas e Energia e pelo Gabinete do Ministro Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, observada orientação emanada da Secretaria-Executiva do Programa Bolsa Família quanto aos benefi ciários e respectivos benefícios. § 2º No exercício de 2003, as despesas relacionadas à exe-cução dos Programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, PNAA e Auxílio-Gás continuarão a ser executadas orçamentária e fi nanceiramente pelos respectivos Ministérios e órgãos res-ponsáveis.§ 3º No exercício de 2004, as dotações relativas aos progra-mas federais de transferência de renda e ao Cadastramento Único, referidos no parágrafo único do art. 1º , serão descen-tralizadas para o órgão responsável pela execução do Progra-ma Bolsa Família.

Art. 8º A execução e a gestão do Programa Bolsa Família são públicas e governamentais e dar-se-ão de forma descen-tralizada, por meio da conjugação de esforços entre os entes federados, observada a intersetorialidade, a participação co-munitária e o controle social.

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§ 1º A execução e a gestão descentralizadas referidas no caput serão implementadas mediante adesão voluntária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ao Programa Bolsa Família. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)§ 2º Fica instituído o Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família - IGD, para utilização em âmbito esta-dual, distrital e municipal, cujos parâmetros serão regulamen-tados pelo Poder Executivo, e destinado a: (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)I - medir os resultados da gestão descentralizada, com base na atuação do gestor estadual, distrital ou municipal na exe-cução dos procedimentos de cadastramento, na gestão de benefícios e de condicionalidades, na articulação intersetorial, na implementação das ações de desenvolvimento das famílias benefi ciárias e no acompanhamento e execução de procedi-mentos de controle; (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na gestão estadual, distrital e municipal do Programa; e (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)III - calcular o montante de recursos a ser transferido aos entes federados a título de apoio fi nanceiro. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)§ 3º A União transferirá, obrigatoriamente, aos entes fede-rados que aderirem ao Programa Bolsa Família recursos para apoio fi nanceiro às ações de gestão e execução descentrali-zada do Programa, desde que alcancem índices mínimos no IGD. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)§ 4º Para a execução do previsto neste artigo, o Poder Exe-cutivo Federal regulamentará: (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)I - os procedimentos e as condições necessárias para adesão ao Programa Bolsa Família, incluindo as obrigações dos entes respectivos; (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)II - os instrumentos, parâmetros e procedimentos de avaliação de resultados e da qualidade de gestão em âmbito estadual, distrital e municipal; e (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)III - os procedimentos e instrumentos de controle e acompa-nhamento da execução do Programa Bolsa Família pelos entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)§ 5º Os resultados alcançados pelo ente federado na gestão do Programa Bolsa Família, aferidos na forma do inciso I do § 2º serão considerados como prestação de contas dos recursos transferidos. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)§ 6º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios subme-terão suas prestações de contas às respectivas instâncias de controle social, previstas no art. 9º, e, em caso de não apro-vação, os recursos fi nanceiros transferidos na forma do § 3º deverão ser restituídos pelo ente federado ao respectivo Fun-do de Assistência Social, na forma regulamentada pelo Poder Executivo Federal. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)§ 7º O montante total dos recursos de que trata o § 3º não poderá exceder a 3% (três por cento) da previsão orçamen-tária total relativa ao pagamento de benefícios do Programa Bolsa Família, devendo o Poder Executivo fi xar os limites e os parâmetros mínimos para a transferência de recursos para cada ente federado. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)

Art. 9º O controle e a participação social do Programa Bolsa Família serão realizados, em âmbito local, por um conselho ou por um comitê instalado pelo Poder Público municipal, na forma do regulamento.Parágrafo único. A função dos membros do comitê ou do con-selho a que se refere o caput é considerada serviço público relevante e não será de nenhuma forma remunerada.

Art. 10. O art. 5º da Lei nº 10.689, de 13 de junho de 2003, passa a vigorar com a seguinte alteração:“Art. 5º As despesas com o Programa Nacional de Acesso à Alimentação correrão à conta das dotações orçamentárias consignadas na Lei Orçamentária Anual, inclusive oriundas do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, instituído pelo art. 79 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.” (NR)

Art. 11. Ficam vedadas as concessões de novos benefícios no âmbito de cada um dos programas a que se refere o parágra-fo único do art. 1º .Parágrafo único. A validade dos benefícios concedidos no âm-bito do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA - “Cartão Alimentação” encerra-se em 31 de dezembro de 2011. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)

Art. 12. Fica atribuída à Caixa Econômica Federal a função de Agente Operador do Programa Bolsa Família, mediante re-muneração e condições a serem pactuadas com o Governo Federal, obedecidas as formalidades legais.

Art. 13. Será de acesso público a relação dos benefi ciários e dos respectivos benefícios do Programa a que se refere o caput do art. 1º .Parágrafo único. A relação a que se refere o caput terá divul-gação em meios eletrônicos de acesso público e em outros meios previstos em regulamento.

Art. 14. Sem prejuízo das responsabilidades civil, penal e administrativa, o servidor público ou o agente da entidade conveniada ou contratada responsável pela organização e manutenção do cadastro de que trata o art. 1º será respon-sabilizado quando, dolosamente: (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)I - inserir ou fi zer inserir dados ou informações falsas ou di-versas das que deveriam ser inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadúnico; ou (In-cluído pela Lei nº 12.512, de 2011)II - contribuir para que pessoa diversa do benefi ciário fi nal receba o benefício. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)§ 2º O servidor público ou agente da entidade contratada que cometer qualquer das infrações de que trata o caput fi ca obrigado a ressarcir integralmente o dano, aplicando-se-lhe multa nunca inferior ao dobro e superior ao quádruplo da quantia paga indevidamente. (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)

Art. 14-A. Sem prejuízo da sanção penal, será obrigado a efetuar o ressarcimento da importância recebida o benefi ci-ário que dolosamente tenha prestado informações falsas ou utilizado qualquer outro meio ilícito, a fi m de indevidamente ingressar ou se manter como benefi ciário do Programa Bolsa Família. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)§ 1º O valor apurado para o ressarcimento previsto no caput será atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)§ 2º Apurado o valor a ser ressarcido, mediante processo ad-ministrativo, e não tendo sido pago pelo benefi ciário, ao débi-to serão aplicados os procedimentos de cobrança dos créditos da União, na forma da legislação de regência. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)

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Art. 15. Fica criado no Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família um cargo, código DAS 101.6, de Se-cretário-Executivo do Programa Bolsa Família.

Art. 16. Na gestão do Programa Bolsa Família, aplicarse-á, no que couber, a legislação mencionada no parágrafo único do art. 1º, observadas as diretrizes do Programa.

ANOTAÇÕES

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Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2004; 183º da Independência e 116º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAJosé Dirceu de Oliveira e Silva

Este texto não substitui o publicado no DOU. de 12.1.2004

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Legislação Específi ca

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICADA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 22

Administração Pública é, em sentido formal, o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Gover-no e, em sentido material, o conjunto das funções necessá-rias aos serviços públicos em geral. No que toca à acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços do próprio Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade e, numa visão global, é todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas.

A CF/88, no caput do art. 37, dispõe sobre os princípios ine-rentes à Administração Pública:

“Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impes-soalidade, moralidade, publicidade e efi ciência”.

Assevere-se que o dispositivo mencionado não se resume tão somente aos órgãos que integram a estrutura central do Es-tado, incluindo-se aqui os pertencentes aos três Poderes de Montesquieu, mas também açambarca os entes que integram a chamada Administração Indireta, quais sejam autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e funda-ções governamentais ou estatais.

Antonio Henrique Lindembergwww.editoraferreira.com.br

Cumpre ressaltar, por oportuno, que esses princípios não são os únicos apontados pela doutrina administrativista, fi xando os publicistas inúmeros deles. Ademais, o próprio texto cons-titucional faz referência, no inciso XXI e nos §§ 5° e 6° do art. 37, a outros princípios da Administração Pública (licitação pública, prescritibilidade dos ilícitos administrativos, respon-sabilidade civil da Administração) além do célebre princípio da razoabilidade, também denominado de proporcionalidade.

1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade encontra fundamento constitucional no art. 5º, II, prescrevendo que “ninguém será obrigado a fa-zer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.Esclarece Hely Lopes Meirelles que,

“a legalidade, como princípio de administração, signifi ca que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à respon-sabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”.1

Em decorrência do princípio da legalidade, é costumeira a afi rmação de que a Administração Pública não pode agir con-tra a lei (contra legem) ou além da lei (praeter legem), só podendo agir nos estritos limites da lei (secundum legem).

Neste sentido afi rma o professor Kildare Gonçalves, Diferente-mente do indivíduo, que é livre para agir, podendo fazer tudo o que a lei não proíbe, a administração, somente poderá fazer

1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, p. 67.

o que a lei manda ou permite.2

Essa é a principal diferença do princípio da legalidade para os particulares e para a Administração Pública, pois aqueles podem fazer tudo que a lei não proíba, enquanto esta só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.

Consoante com a doutrina, o Supremo Tribunal Federal, des-de muito, editou duas importantes súmulas corroboradoras do princípio da legalidade,

SÚMULA 346 STF “A Administração Pública pode declarar anu-lidade dos seus próprios atos.”

SÚMULA 473 STF “ A A dministração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogálos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui-ridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

2 PRINCÍPIO DA MORALIDADE

A moralidade administrativa como princípio, segundo escreve Hely Lopes Meirelles, “constitui hoje pressuposto da validade de todo ato da Administração Pública”. Conforme assentado na doutrina, não se trata da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de con-duta tiradas da disciplina interior da Administração”. Assim, o administrador, ao agir, deverá decidir não só entre o legal e o ilegal, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o ino-portuno, mas também entre o honesto e o desonesto. A dou-trina enfatiza que a noção de moral administrativa não está vinculada às convicções íntimas do agente público, mas sim à noção de atuação adequada e ética existente no grupo social. Pode-se pensar na difi culdade que haveria em desfazer um ato, produzido conforme a lei, sob o fundamento do vício da imoralidade. No entanto, a lei pode ser cumprida moralmente ou imoralmente. Quando sua execução é feita, por exemplo, com o intuito de prejudicar alguém deliberadamente, ou com o intuito de favorecer alguém, por certo que se está produzin-do um ato formalmente legal, mas materialmente comprome-tido com a moralidade administrativa.

Apenas a título de ilustração, imaginemos a hipótese em que um administrador público, com poderes de chefi a, para se ver longe de um desafeto, o transfere para um outro Estado, fun-damentado no relevante interesse público. Ninguém infi rma a possibilidade de transferência de localidade do servidor públi-co em razões de interesse público, no entanto, embora nestecaso o ato seja formalmente válido, será materialmente proi-bido, pois ofende o princípio da moralidade administrativa.Neste sentido, decisão do Supremo Tribunal Federal,

“A atividade estatal, qualquer que seja o domínio insti-tucional de sua incidência, está necessariamente subor-dinada à observância de parâmetros éticojurídicos que se refl etem na consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação do P oder P úblico, confere substância

2 GONÇALVES, Kildare. Direito Constitucional Didático, p 301.

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Legislação Específi ca

e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado. O princípio constitucional da moralidade administrativa, ao impor li-mitações ao exercício do poder estatal, legitima o con-trole jurisdicional de todos os atos do P oder P úblico que transgridam os valores éticos que devem pautar o comportamento dos agentes e órgãos governamentais.”

(ADI 2.661M C, Rel. M in. Celso de M ello, DJ 23/08/02)

Por fi m, cabe relembrar que a ação popular é meio idôneo de controle da moralidade administrativa, pois, conforme ve-rifi camos anteriormente, “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, fi cando o autor, salvo comprovada máfé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

3 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Podemos analisar o princípio da impessoalidade sob dupla perspectiva, primeiramente, como desdobramento do princí-pio da igualdade (CF, art. 5º, I), no qual se estabelece que o administrador público deve objetivar o interesse público, sendo, em consequência, inadmitido o tratamento privilegia-do aos amigos e o tratamento recrudescido aos inimigos, não devendo imperar na Administração Pública a vigência do dito popular de que aos inimigos ofertaremos a lei e aos amigos as benesses da lei.

Segundo o administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello, a impessoalidade fundamentase no postulado da isonomia e tem desdobramentos explícitos em variados dispositivos cons-titucionais como o art. 37, II, que exige concurso público para ingresso em cargo ou emprego público, ou no art. 37, XXI, que exige que as licitações públicas assegurem igualdade de condições a todos os concorrentes.

Neste sentido, decisão do Supremo Tribunal Federal,

“(...) é consentânea com a Carta da República previsão normativa asseguradora, ao militar e ao dependente es-tudante, do acesso a instituição de ensino na localidade para onde é removido. Todavia, a transferência do local do serviço não pode se mostrar verdadeiro mecanismo para lograr-se a transposição da seara particular para a pública, sob pena de se colocar em plano secundário a isonomia — artigo 5º, cabeça e inciso I —, a impessoali-dade, a moralidade na Administração Pública, a igualda-de de condições para o acesso e permanência na escola superior, prevista no inciso I do artigo 206, bem como a viabilidade de chegar-se a níveis mais elevados do ensi-no, no que o inciso V do artigo 208 vincula o fenômeno à capacidade de cada qual.”

(ADI 3.324, voto do M in. M arco Aurélio, DJ 05/ 08/ 05)

Por outro lado, a impessoalidade estabelece que Administra-ção Pública não deve conter a marca pessoal do administra-dor, ou seja, os atos públicos não são praticados pelo servidor, e sim pela Administração a que ele pertence.Deste modo, estabelece o § 1º do art. 37 da Constituição que,

“a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O princípio da publicidade vem a concretizar os postulados básicos do princípio republicano, a saber, a possibilidade de fi scalização das atividades administrativas pelo povo, haja vis-ta que todo o poder emana do povo, sendo toda a res (coisa) pública.

Assim, o princípio da publicidade tem como desiderato asse-gurar transparência na gestão pública, pois o administrador público não é dono do patrimônio de que ele cuida, sendo mero delegatário a gestão dos bens da coletividade, devendo possibilitar aos administrados o conhecimento pleno de suas condutas administrativas.

Nesta esteira de pensamento, o constituinte originário dispôs no art. 5º, XXXIII, da Carta Republicana o direito de certidão, o qual assegura ao indivíduo o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de inte-resse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Por fi m, a publicação em órgão ofi cial é requisito de efi cácia dos atos administrativos que devam produzir efeitos externos ou impliquem oneração do patrimônio público. Ou seja, en-quanto não for publicado, levado ao conhecimento de todos, o ato administrativo não produzirá efeitos.

Neste sentido, decisão do Supremo Tribunal Federal,

“Constitucional. Administrativo. Concurso público. Prova física.Alteração no edital. Princípios da razoabilidade e da pu-blicidade.Alterações no edital do concurso para agente penitenciá-rio, na parte que disciplinou o exercício abdominal, para sanar erro material, mediante uma ‘errata’ publicada dias antes da realização da prova física no Diário Ofi cial do Es-tado. Desnecessária a sua veiculação em jornais de gran-de circulação. A divulgação no Diário Ofi cial é sufi ciente para dar publicidade a um ato administrativo. A Admi-nistração pode, a qualquer tempo, corrigir seus atos e, no presente caso, garantiu aos candidatos prazo razoável para o conhecimento prévio do exercício a ser realizado.”

(RE 390.939, Rel. M in. Ellen Gracie, DJ 09/09/05)

5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

Conforme lição lapidar de Kildare Gonçalves, O princípio da efi ciência foi introduzido pela Emenda Constitucional n° 19/ 98. Relaciona se com as normas da boa administração no sentido de que a Administração Pública, em todos os seus setores, deve concretizar suas atividades com vistas a extrair o maior número possível de efeitos positivos ao administrado, sopesando a relação custo benefício, buscando a excelência de recursos, enfi m, dotando de maior efi cácia possível as ações do Estado. 1Consoante a lição da irreparável professora Maria Sylvia Di Pietro, o princípio da efi ciência apresenta du-pla necessidade:

1. Relativamente à forma de atuação do agente público, es-pera se o melhor desempenho possível de suas atribuições, a fi m de obter os melhores resultados;

2. Quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, exigese que este seja o mais racional

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possível, no intuito de alcançar melhores resultados na pres-tação dos serviços públicos. 2Cumpre ressaltar que a própria Emenda Constitucional n° 19/1998 tenta concretizar o princí-pioda efi ciência, pois estabeleceu valiosas inovações de afe-rição de desempenho e capacitação dos servidores públicos.

Assim, conforme estabelecido no art. 41 da Constituição Fe-deral, para a aquisição da estabilidade o servidor público de-verá realizar três anos de exercício efetivo, podendo perdêla mediante procedimento de avaliação periódica de desempe-nho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

No art. 39, § 2º, da Constituição Federal há previsão de ca-pacitação dos administradores públicos, “ A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a for-mação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, consti-tuindose a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.”

EXERCÍCIOS01. Sobre os princípios constitucionais da administração pú-blica, podese afi rmar que:I. o princípio da legalidade pode ser visto como incentivador do ócio, haja vista que, segundo esse princípio, a prática de um ato concreto exige norma expressa que o autorize, mes-mo que seja inerente às funções do agente público;II. o princípio da publicidade visa a dar transparência aos atos da administração pública e contribuir para a concretização do princípio da moralidade administrativa;III. a exigência de concurso público para ingresso nos cargos públicos refl ete uma aplicação constitucional do princípio da impessoalidade;IV. o princípio da impessoalidade é violado quando se utiliza na publicidade ofi cial de obras e de serviços públicos o nome ou a imagem do governante, de modo a caracterizar promo-ção pessoal do mesmo;V. a aplicação do princípio da moralidade administrativa de-manda a compreensão do conceito de “moral administrativa”, o qual comporta juízos de valor bastante elásticos;VI. o princípio da efi ciência não pode ser exigido enquanto não for editada a lei federal que deve defi ni-lo e estabelecer os seus contornos.Estão CORRETAS as afi rmativas:a) I, II, III e IV.b) II, III, IV e V.c) I, II, IV e VI.d) II, III, IV e VI.e) III, IV, V e VI.

02. Tratando-se de poder de polícia, sabe-se que podem ocor-rer excessos na sua execução material, por meio de intensi-dade da medida maior que a necessária para a compulsão do obrigado ou pela extensão da medida ser maior que a neces-sária para a obtenção dos resultados licitamente desejados. Para limitar tais excessos, impõe-se observar, especialmente, o seguinte princípio:a) legalidade.b) fi nalidade.c) proporcionalidade.d) moralidade.e) contraditório.

03. O princípio constitucional da efi ciência vincula- se à noção de administração:

a) patrimonialista.b) gerencial.c) descentralizada.d) burocrática.e) informatizada.

04. A fi nalidade, como elemento essencial de validade do ato administrativo, corresponde na prática e mais propriamente àobservância do princípio fundamental de:a) economicidade.b) publicidade.c) legalidade.d) moralidade.e) impessoalidade.

05. Assinale a opção CORRETA, relativamente ao princípio da legalidade.a) Tal princípio é de observância obrigatória apenas para a Administração direta, em vista do caráter eminentemente privatístico das atividades desenvolvidas pela Administração indireta.b) Não se pode dizer que todos os servidores públicos estejam sujeitos ao princípio da legalidade, na medida em que, para alguns, sua conduta profi ssional é regida precipuamente por regulamentos, editados pelo Poder Executivo.c) A inobservância ao princípio da legalidade, uma vez veri-fi cada, cria para o administrador o dever – e não a simples faculdade – de revogar o ato.d) Tal princípio não autoriza o gestor público a, nessa qualida-de, praticar todos os atos que não estejam proibidos em lei.e) O princípio da legalidade é característico da atividade ad-ministrativa, não se estendendo à atividade legislativa, pois esta tem como característica primordial a criação de leis, e não sua execução.

06. No que tange aos princípios do Direito Administrativo,assinale a opção CORRETA.a) O princípio da moralidade administrativa se vincula a uma noção de moral jurídica, que não se confunde com a moral comum. Por isso, é pacífi co que a ofensa à moral comum não implica também ofensa ao princípio da moralidade adminis-trativa.b) O princípio da autotutela faculta a Administração Pública que realize policiamento dos atos administrativos que pratica.c) O princípio da impessoalidade relaciona-se ao fi m legal pre-visto para o ato administrativo.d) A inobservância ao princípio da proporcionalidade pelo ato administrativo, por dizer respeito ao mérito do ato, não auto-riza o Poder Judiciário a sobre ele se manifestar.e) O princípio da continuidade do serviço público impediu que ocorresse um abrandamento com relação à proibição de gre-ve nos serviços públicos.

07. Pode-se afi rmar que:I. O nepotismo é uma das formas de ofensa ao princípio da impessoalidade na administração pública.II. A moralidade administrativa é o princípio segundo o qual o Estado defi ne o desempenho da função administrativa segun-do uma ordem ética acordada com os valores sociais preva-lentes e voltada à realização de seus fi ns.III. Nos termos do § 4º do art. 37 da Constituição Federal, a suspensão dos direitos políticos e a perda da função pública são penas alternativas, não sendo lícita a aplicação cumulati-va delas, em caso de ato de improbidade administrativa.IV. A legalidade meramente formal não é sufi ciente para legiti-mar os atos da administração pública; é necessária, também, a realização efetiva e efi ciente do interesse público.

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V. A exigência constitucional de concurso público para provi-mento de cargos públicos refl ete a aplicação efetiva do princí-pio da impessoalidade.

Estão CORRETAS as afi rmativas:a) I, II, III, IV e V.b) apenas I, II, III e IV.c) apenas I, III, IV e V.d) apenas I, II, IV e V.e) apenas II, III, IV e V.

08. (Técnico judiciário – TRT 11ª – FCC – 2005) - Demóste-nes, servidor público federal, no desempenho de suas fun-ções, somente poderá fazer o que estiver expressamente au-torizado em lei e demais espécies normativas em virtude do princípio da:a) moralidade.b) impessoalidade.c) legalidade.d) publicidade.e) efi ciência.

09. (TRT 9ª) - A alíquota do depósito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) devida ao empregado aprendiz é de:a) 8% da remuneração.b) 6% da remuneração.c) 4% da remuneração.d) 3% da remuneração.e) 2% da remuneração.

10. São princípios da administração pública explicitados no texto constitucional:a) supremacia do interesse público, razoabilidade, legalidade,igualdade e efi ciência.b) especialidade, proporcionalidade, motivação, impessoali-dade e efi ciência.c) efi ciência, impessoalidade, legalidade, moralidade e publi-cidade.d) impessoalidade, fi nalidade, continuidade, interesse público e efi ciência.

11. O Prefeito Municipal passou a exibir nas placas de todas as obras públicas a indicação “GOVERNO TOTONHO FILHO”. Assim agindo, o governante ofendeu o princípio da adminis-tração pública conhecido como:a) moralidade.b) impessoalidade.c) autotutela.d) razoabilidade.

12. Sobre os princípios constitucionais da Administração Pú-blica, é INCORRETO afi rmar:a) O da impessoalidade e o da legalidade são expressos na Constituição Federal.b) O da publicidade e o da efi ciência estão expressos no art. 37 da Constituição Federal.c) O da indisponibilidade e o da razoabilidade não estão ex-pressos na Constituição Federal.

d) O da legalidade e o da igualdade estão expressos no caput do art. 37 da Constituição Federal.

13. A previsão contida no art. 37, § 1.º, da Constituição Fede-ral, de que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educa-tivo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem pro-moção pessoal de autoridades ou servidores públicos, decorre do princípio da:a) Efi ciência.b) Impessoalidade.c) Legalidade.d) Pessoalidade.

14. Afi rmando que “as competências administrativas só po-dem ser validamente exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao que seja realmente demandado para cum-primento da fi nalidade de interesse público a que são atrela-das”, referimo-nos ao princípio do(a):a) Proporcionalidade.b) Interesse público.c) Finalidade.d) Razoabilidade.

15. A atividade desenvolvida pela Administração Pública deve ser atribuída aos órgãos e entidades em nome das quais fo-ram praticadas e não à pessoa do administrador. Trata-se do princípio da:a) legalidade.b) moralidade.c) publicidade.d) impessoalidade.

16. A atuação da Administração Pública é informada por prin-cípios, em relação aos quais se pode afi rmar que:a) os princípios aplicáveis são exclusivamente aqueles cons-tantes do artigo 37 da Constituição Federal, quais sejam, le-galidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publici-dade e efi ciência.b) o princípio da legalidade é princípio fundamental, que so-mente pode ser excepcionado quando da utilização do poder discricionário.c) o princípio da legalidade é princípio fundamental, somente podendo ser excepcionado pela aplicação do princípio da su-premacia do interesse público.d) o princípio da efi ciência destina-se a garantir o alcance dos melhores resultados na prestação do serviço público, mas não pode, para tanto, se sobrepor ao princípio da legalidade.

GABARITO01. b 02. c 03. b 04. e 05. d

06. c 07. d 08. c 09. e 10. c

11. b 12. d 13. b 14. a 15. d

16. d