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This paper investigated the cultural adaptation made in the dubbing and subtitles of the movie Shrek 2.
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UNIVERSIDADE GAMA FILHO
VICE-REITORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
PÓS-GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO DO INGLÊS
ADAPTAÇÕES CULTURAIS PRESENTES NA LEGENDAGEM E DUBLAGEM DO FILME SHREK 2
PorAriene Cristina Della Libera dos Santos
São Paulo2012
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
VICE-REITORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
PÓS-GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO DO INGLÊS
ADAPTAÇÕES CULTURAIS PRESENTES NA LEGENDAGEM E DUBLAGEM DO FILME SHREK 2
Monografia apresentada à UGF comoRequisito parcial para conclusão doCurso de pós-graduação latu sensu
Em Tradução do Inglês
PorAriene Cristina Della Libera dos Santos
Professora orientadoraMaritxell Almarza
São Paulo2012
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM TRADUÇÃO DE INGLÊS-PORTUGUÊS E PORTUGUÊS-INGLÊS
ADAPTAÇÕES CULTURAIS PRESENTES NA LEGENDAGEM E DUBLAGEM DO FILME SHREK 2
Ariene Cristina Della Libera dos Santos - R.A: 41340 __________________
AVALIAÇÃO
1. CONCEITO
Nota_____________ Conceito_______________Carlos Nougué ____________________________________
Nota_____________ Conceito_______________Meritxell Almarza ____________________________________
NOTA FINAL:_____________CONCEITO:________________
São Paulo,______de _________________de 2012.
________________________________________________________José Luis Sánchez
Ao meu marido, Adriano,
Meu filho, Thyerry,
Minha filha, Aymê,
E a minha mãe, Ceile.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças e vontade para
continuar minha vida acadêmica.
Agradeço imensamente ao meu marido, Adriano, por ter me dado forças, pelo
apoio, tanto financeiro quanto psicológico, e pelo incentivo para fazer este estudo
acadêmico.
Agradeço à minha mãe pelo apoio sempre que precisei, tanto financeiro,
como psicológico.
Agradeço ao meu filho, Thyerry, que, por ter assistido junto comigo inúmeras
vezes ao filme Shrek, tenha me dado o incentivo necessário que precisei para iniciar
e terminar esse projeto acadêmico.
Agradeço também, a minha filha, Aymê, por estar me dando uma das razões
para eu completar essa minha fase acadêmica.
Agradeço aos professores da Gama Filho por terem contribuído para meu
crescimento acadêmico, com todos seus ensinamentos e pensamentos que
dividiram durante as aulas por esses meses de estudo.
Agradeço, igualmente, aos meus colegas de classe que também contribuíram
para o meu desenvolvimento acadêmico, com os trabalhos feitos em sala e os
pensamentos divididos durante as aulas.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente me ajudaram para que eu me
tornasse uma tradutora melhor do que quanto ingressei neste curso de pós
graduação.
Muito obrigada.
Toda a graça está em
como você diz alguma coisa
Robert Frost
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade analisar as instâncias de adaptação cultural
escolhidas pelo tradutor das linhas da dublagem e legendagem do filme Shrek 2. O
objetivo deste trabalho acadêmico é contribuir para a pesquisa de adaptação
cultural, legendagem e dublagem de textos originais em Inglês com a tradução para
português. A fundamentação teórica do trabalho consiste em adaptações culturais
sofridas nas traduções, assim como o processo de legendagem e dublagem de
filmes no Brasil. O método utilizado na elaboração deste trabalho consiste na coleta
de dados manual, referente a seleção de trechos e instâncias nas quais as
adaptações culturais são encontradas no texto original, assim cverificar como essas
passagens foram traduzidas na legenda e dublagem para o português. Na analise
dos dados, as opções do tradutor para cada uma destas passagens na dublagem e
legendagem para o português foi discutida. Este trabalho foi motivado pela minha
atenção às ocorrências de referências tipicamente brasileiras na dublagem do filme
Shrek. A partir desta observação, busquei identificar e analisar como as instâncias
de referências culturais dos Estados Unidos, país onde o filme foi produzido, foram
traduzidas tanto na dublagem como nas legendas do filme Shrek 2. Os resultados
obtidos foi que na dublagem, a maioria das passagens onde referências culturais foi
citada em inglês, estas foram substituídas por alguma referência da cultura do Brasil.
Ao contrário, na legendagem, as referências culturais americanas foram mantidas na
tradução.
ABSTRACT
This paper aims at eliciting and analyzing the instances of cultural reference was
present in the original text of the movie Shrek 2, and observe how this passages
were translated into Portuguese in dubbing and subtitling. The main goal of this
academic paper is to contribute to the field of cultural adaptation research, as well as
to the field which studies dubbing and subtitling from English to Portuguese. The
review of literature consists of how cultural adaptations are delt in translation, as well
as the process of dubbing and subtitling of the foreign movies presented in Brazil.
The data collection was done by selecting the passages which presente cultural
references of the American culture, as well verifying how these passages were
translated into portuguese, in dubbing and subtitling. This paper was motivated by
my attention to the passages translated in the dubbed version, which contained a lot
of Brazilian references. From this observation, I checked what references were
present in the original. Results showed that in dubbing, most original references were
replaced by a Brazilian reference, which did not occured in the subtitled verson,
which mantained, in mosto f its instances, the original references.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................12
3. ANÁLISE DE DADOS – A DUBLAGEM E LEGENDAS PARA O PORTUGUÊS DO
FILME SHREK 2........................................................................................................16
4. CONCLUSÃO............................................................................................................24
5. BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................26
10
1. INTRODUÇÃO
Como em grande maioria dos desenhos de longa metragem produzidos nos
Estados Unidos, o filme Shrek 2, objeto de estudo deste trabalho, é vasto o uso de
expressões e referenciais culturais tipicamente americanas. Referências a lugares,
pessoas, assim como costumes são correntemente usados nas falas dos
personagens. Não bastante, as referências culturais são frequentemente usadas no
filme em questão com finalidade humorística, usando assim paródias, ironias,
alusões, sarcasmo ou mesmo jogo de palavras.
Segundo Toury (1978), “A tradução é um tipo de atividade que,
inevitavelmente, envolve, pelo menos, duas línguas e duas tradições culturais”
(p.200, tradução livre). Então, uma vez que o humor criado pelo autor do filme é
subjetivo ao telespectador, considerando que a cultura do país onde o filme foi
criado (EUA) e a do país para qual este foi traduzido (Brasil) seja distinta, a tradução
destas instâncias de humor é de grande questionamento pelos tradutores.
No Brasil, os filmes estrangeiros são submetidos a duas técnicas para que
os falantes nativos da língua portuguesa possam entendê-los: dublagem e
legendagem. A dublagem é bastante usada em filmes direcionados a crianças, o que
é compreensível, uma vez que as crianças ainda não saibam ler ou ainda não
tenham fluência na leitura suficiente para conseguirem prestar atenção ao filme e
acompanharem a legenda ao mesmo tempo, a qual disponibiliza pouco tempo para
ser lida por crianças que acabaram de aprender a ler. A legenda, ao contrário, é
mais direcionada ao público adulto ou adolescente, que algumas vezes entendem
um pouco de inglês, mas não o suficiente para assistirem ao filme sem legendas.
Como o filme Shrek 2 é direcionado tanto para crianças como para adultos, as duas
versões, com legenda e dublagem estão disponíveis no DVD.
O filme Shrek 2 é uma animação computadorizada, produzida nos Estados
Unidos, em 2004, pela DreamWorks LLC, dirigido por Andrew Adamson, Kelly
Asbury e Conrad Vernon. Este filme foi uma adaptação do conto “Shrek!”, escrito por
William Steig, publicado em 1990, o qual conta a história de Shrek, um ogro, casado
com fiona, uma princesa que, ao anoitecer transformava-se em ogro. Eles casaram-
se no primeiro filme de Shrek e em Shrek 2, eles visitam os pais de Fiona no reino
de Tão, Tão Distante.
11
No filme há uma grande quantidade de humor verbal e visual, fazendo
referências sarcásticas aos tradicionais contos de fada. Embora Shrek 2 seja
destinado ao público infantil, adultos também são atraídos pelo filme, devido ao fato
de haver uma vasta alusão e paródias de filmes destinados a adultos, como, por
exemplo, Matrix, Missão Impossível, A Máscara do Zorro, entre outros. A linguagem
usada no filme é humorística tanto para as crianças como para os adultos.
Entretanto, as instâncias que os adultos acham graça não são necessariamente as
mesmas que são engraçadas para as crianças.
Sendo assim, uma vez que Shrek 2 tem suas versões legendadas e
dubladas, além de conter grande quantidade de instâncias humorísticas com
alusões a cultura do país onde foi criado (Estados Unidos), este torna-se
interessante para ser estudado do ponto de vista da escolha do tradutor para sua
legenda assim como para sua dublagem.
O campo de estudo deste trabalho consiste em estudos da tradução, assim
como dublagem, legendagem e aspectos de adaptação cultural.
A coleta de dados foi feita através das elicitações em que ocorre alguma
referência cultural em inglês e então, a análise de como esta referência foi traduzida
para o português, tanto na legenda como na dublagem do filme.
O presente estudo será concluído com a discussão da análise que foi feita
sobre as instâncias onde ocorrem referências culturais no filme Shrek 2.
12
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – ADAPTAÇÃO CULTURAL, DUBLAGEM
E LEGENDAGEM
Tratando-se, primeiramente, de tradução, principal assunto discutido neste
trabalho, há várias teorias da tradução, as quais, todas abordam um assunto com
especial relevância neste trabalho: (1) tradução é possível? E quando consideramos
que sim, a questão é: como essa deve ser feita?
Segundo CamposDevemos manter a forma e a escolha das palavras do
texto original, ou devemos traduzir o sentido que foi proposto no original? Neste
estudo, presumimos que a tradução é possível, mas a questão que será analisada é
sobre a conduta do tradutor ao deparar-se com termos de referências culturais da
língua inglesa para serem traduzidos para a língua portuguesa – especificamente,
sobre o filme Shrek 2, a tradução da legenda e da dublagem são feitas a partir do
conceito de traduzir e manter as palavras do original, ou manter principalmente o
conceito que o autor buscou passar no texto original?
Considerando as adaptações culturais quando mencionadas por tradutores,
uma das primordiais questões que são trazidas a discussão é sobre a “fidelidade” do
tradutor. Se considerarmos como verdadeira e coerente a citação de Aubert, a qual
ele afirma que “é preciso haver não uma, mas duas fidelidades – com a mensagem
em si e com o destinatário, ou seja, quem vai ler sua tradução (AUBERT, 1993, p.
76), o assunto fica, então, mais relevante tratando-se de legendagem e dublagem de
filmes.
Porém, antes de discutirmos as opções dos tradutores, devo discursar
primeiramente sobre o processo de legendagem e dublagem no Brasil. De acordo
com Carvalho (2005), no Brasil, não há predominância de uma modalidade sobre a
outra.
Ainda seguindo Carvalho (2005), a dublagem consiste em substituir o áudio
do filme original por um áudio gravado por atores, na língua oficial em que o filme
será transmitido. Estes atores interpretam as linhas da dublagem feita por um
tradutor. Esta interpretação deve ser feita de forma que haja uma sincronia dos
instantes em que os lábios dos atores do filme se movimentam com a voz gravada
para esta fala. Como o som original é substituído pelo som gravado em estúdio para
o filme, o telespectador não tem referências do texto original.
13
Sendo assim, na dublagem, o tradutor tem que “preencher” os espaços
criados para a fala dos personagens no filme original. Desta forma, acréscimos de
conteúdo, assim como redução dos mesmos é uma técnica frequentemente utilizada
neste processo. Em relação as referências culturais, o tradutor também tem
vantagens ao produzir o texto, uma vez que as adaptações não podem ser
comparadas com o texto original. O tradutor, então, tem mais liberdade ao criar as
linhas do texto da dublagem.
A legendagem é feita através da tradução do script do filme original, a qual
deve da mesma forma que a dublagem, ter sincronia com o texto original. O
telespectador espera que apareça uma legenda enquanto o ator do filme tem uma
fala e que esta legenda desapareça quando esta fala termina.
Outro assunto pertinente a legendagem é que, segundo Gorovitz,
A legendagem, submetida a imposições técnicas, é um texto ‘deficiente’ e, embora possibilite a apreensão geral do diálogo, fazendo-se ponte indispensável, constitui-se numa transposição da linguagem oral, com todos os elementos que ela carrega para uma expressão escrita econômica e restrita. (GOROVITZ, 2006, p.10)
Sendo assim, devido às imposições de regras que os tradutores de legenda
têm que seguir, como, por exemplo, o número restrito de caracteres por legenda (2
linhas, com 35 caracteres em cada linha), o tradutor é obrigado a, frequentemente,
fazer escolhas por uma palavra, que, mesmo não sendo as mais apropriadas para a
tradução daquela linha, é a palavra que cabe na quantidade de caracteres
destinados a legenda daquela cena.
Ao contrário da dublagem, o telespectador tem acesso ao conteúdo original
do filme, e, com isto, pode comparar o que foi dito no original com a legenda
mostrando a tradução do trecho. Tratando-se das referências culturais, o tradutor
tem, desta vez, desvantagens, se compararmos a legendagem com a dublagem.
Uma vez que nomes ou referências de lugares são facilmente reconhecidos pelo
telespectador, o tradutor obriga-se a ater-se mais aos termos e nomes mencionados
no texto original.
Como citado por Alarcón,
A legenda nos obriga, além de ver a imagem, ler o que está escrito por sobre esta imagem e nos remete, de certa forma, ao texto literário. Ela é uma interferência na tela, um auxílio, um artifício utilizado para que se possa compreender a sequêcia de imagens que se sucedem na tela de cinema ou TV (ALARCÓN, 2008, p.7)
14
Concluindo, o tradutor, ao fazer a linha da dublagem, tem muito mais
liberdade para usar referências culturais do país da língua de chegada, do que o
tradutor que faz as linhas das legendas, uma vez que este tem acesso ao conteúdo
de áudio original do filme.
Como citado na introdução (Capítulo 1), o filme Shrek 2, objeto de estudo
deste trabalho, é destinado tanto para crianças como para adultos. Tratando-se da
legendagem e dublagem deste filme, consideramos que crianças menores, antes
dos 6 ou 7 anos, assistirão ao filme dublado, uma vez que ainda não aprenderam a
ler fluentemente, o que é requerido por telespectadores que usarão a legenda para
compreenderem o filme, enquanto que crianças maiores e adultos são o público alvo
das legendas feitas para este filme.
Tratando-se das referências culturais recorrentes no filme, observamos que
este utiliza-se de sátiras em sua linguagem, assim como utiliza-se desta sátira em
aspectos não linguísticos, como é o caso dos nomes das lojas no reino de Tão, Tão
Distante, por exemplo, que fazem alusão as lojas encontradas na “Rodeo Drive”, em
Hollywood. Entretanto, neste trabalho, somente as referências culturais linguísticas
serão analisadas.
Tratando-se de tradução, as referências culturais são frequentemente
tratadas como um problema central e arbitrário com relação à opinião dos
tradutores. A questão é a ser tratada é sobre até que ponto as referências do original
devem sem mantidas ou substituídas por alguma referência similar na tradução.
Em um contexto de tradução, onde a invisibilidade do tradutor, criticada por
autores com Lawrence Venuti, é frequentemente questionada, este assunto fica
então, ainda mais delicado, pois, como citei no parágrafo acima, em um texto que
tenham várias referências culturais do país em que a legenda ou qualquer outro
texto seja traduzido, começamos a notar a presença deste tradutor, pois
imediatamente notamos que este texto, o traduzido, teve que sofrer várias
interferências do tradutor para que esteja mais perto da cultura do país para onde
este texto foi traduzido.
Sendo assim, da mesma forma que ajuda o texto a fluir mais naturalmente
do que se referencias a produtos e nomes americanos, no caso do longa Shrek 2,
fossem mantidos, este recurso pode causar uma certa estranheza por parte do
telespectador ao se deparar com tantas referências culturais do Brasil.
15
Com relação a essas referências, cabe ao tradutor a escolha entre duas
possibilidades: a de manter o aspecto estrangeiro do texto ou nacionaliza-lo, ou
domesticá-lo, adaptando, assim, nomes de personagens e ocorrências que
aparecem no original para correspondências similares na língua de chegada, ou até
mesmo a omissão dos termos que fazem referência ao país de origem do filme, para
que estes não causem estranhamento quando lido ou ouvido pelo telespectador. Se
a segunda opção foi feita pelo tradutor, uma possível correspondência do termo na
cultura da língua de chegada é encontrada, para que ela possa substituir o elemento
citado na língua de partida.
Além desta observação, se esta última opção for a escolhida pelo tradutor, a
questão da invisibilidade do mesmo será completamente desvanecida. Sendo assim,
podemos concluir que, de acordo com a escolha do tradutor, o texto a ser traduzido
pode sofrer tanto apagamento ou ênfase às citações referentes às questões
culturais mencionadas no original.
Embora haja vários métodos que podem ser usados tratando-se de
referências culturais, tais como omissão, exclusão, equivalência, nacionalização, e
adaptação, entre outros, neste trabalho, somente as referências culturais serão
analisadas e discutidas com relação a nacionalização ou não das mesmas.
Segundo Lawrence Venuti, “as traduções, em outras palavras,
inevitavelmente realizam um trabalho de domesticação (p. 17)”.
16
3. ANÁLISE DOS DADOS – AS LEGENDAS E DUBLAGEM PARA O
PORTUGUÊS DO FILME SHREK 2.
Sendo assim, este trabalho tem como principal objetivo elicitar as instâncias
de referências culturais americanas no filme e analisar se estas referências sofreram
alguma adaptação cultural para aproximar-se do público alvo. Tenho também como
finalidade comparar a linha da legenda com a dublagem destas referências e
verificar se há uma maior tentência em manter a tradução mais próxima ao original
na legenda do que na dublagem, uma vez que na legenda, o espectador tem o texto
original ao alcance, o que não ocorre na dublagem.
Como mencionado anteriormente, o principal objeto deste trabalho é levantar
os momentos em que o texto original do filme Shrek 2 sofreu adaptação para
aproximar-se do público alvo, tanto na legenda quanto na dublagem deste para o
português. Sendo assim, neste capítulo, os momentos em que alguma referência
cultural no original foi feita será analisada e a tradução desta será comparada entre
a legenda e a dublagem da mesma.
Paródia, ironia e sarcasmo estão presentes em várias partes do filme, assim
como alusões ou mesmo o jogo de palavras, como no caso de Wheels of Torture,
referêcia a Wheels of Fortune, um programa de grande audiência nos Estados
Unidos que está no ar desde 1975, que é claramente criticado pelo personagem
“Bolacha”.
No primeiro texto do filme que aparece uma referência cultural, Shrek e
Fiona, os principais personagens do filme, estão voltando de sua lua de mel quando
deparam-se com o Burro, outro personagem, melhor amigo de Shrek em sua casa.
Shrek quer que o Burro saia, e o Burro está tentando convercer Shrek que ele deve
ficar. Então, ele faz ao Shrek para jogarem o jogo Parcheesi, um jogo de tabuleiro.
No Brasil, nós temos o Ludo, um jogo que muito se assemelha ao Parcheesi,
mencionado no texto original. Entretanto, o tradutor optou pelo jogo “buraco”, na
dublagem, e excluiu o termo Parcheesi na legenda.
O texto original é: (ex:1) Or how about a game of Parcheesi? Na
dublagem, ficou: Que tal um joguinho de buraco? E na legenda: Ou fazer um
joguinho?
Creio que na dublagem o tradutor tenha optado pelo jogo de “buraco” por
fazer mais parte da nossa cultura do que o Ludo, o qual para as crianças que
17
estariam assistindo ao filme, provavelmente não fariam nenhum sentido, pois estaria
muito distante de seu cotidiano. Acredito que o tradutor preferiu preservar o sentido
da frase (um jogo comum), ao invés de ater-se ao nome do jogo mencionado pelo
personagem Burro Falante. Como citado por Rónai, o que se deve é “traduzir não as
palavras, mas a ideia do autor, procurando reproduzir-lhe naturalmente com toda a
exatidão possível os ingredientes lógicos e sentimentais” (RÓNAI, 1987, P.44).
Já na legenda, o tradutor poderia ter substituído pelo nome do jogo similar
em português, uma vez que os telespectadores poderiam ter uma melhor referência
do que foi dito pelo personagem, ao invés de ter eliminado completamente o nome
do jogo e ter traduzido como “joguinho”. Mais uma vez, acredito que isso se deve ao
fato do tradutor ter preferido manter o sentido, um jogo comum, idéia que está
implícita no termo “”joguinho” do que ter a possibilidade de causar alguma
estranheza no telespectador quando lesse Ludo, o qual não é popular há muito
tempo.
Na segunda instância em que aparece uma referência cultura é quando os
soldados e mensageiros da corte do reino de Tão, Tão Distante levam à Fiona e
Shrek um anúncio dos pais de Fiona convidando-os para visitarem o reino e para
que seus pais conheçam seu “príncipe encantado”.
Então, quando Shrek está se recusando a fazer a visita ao reino, e Fiona diz
que seus pais não são como Shrek pensa que são, ele faz o seguinte comentário:
(ex:2) How do you explain Sergeant Pompous and the Fancy Pants Club Band?
Na dublagem: Então como é que você explica esse bando de mauricinhos de
saia? E na legenda: E essa “Banda de Sargento Pompa de Calça Esquisita”?
Nesta cena, Shrek refere-se ao álbum dos Beatles Sgt. Pepper’s Lonely
Hearts Club Band, o qual não foi mantido nem na legenda nem na dublagem. A
crítica de Shrek nesta fala foi ao modo rude e arrogante que os guardas deram a
mensagem a Shrek e Fiona, e, sarcasticamente, com música de fundo. O tradutor,
neste caso, preferiu ater-se a palavra “mauricinhos de saia”, termo em que está
implícito a crítica às pessoas mais afortunadas e esnobes da era moderna. Já na
legenda, o tradutor preferiu manter a referência, a qual não ficou clara ao nome do
álbum dos Beatles. Sendo assim, perdeu-se a referência, mas manteve a tradução
mais literária.
A próxima cena analisada é quando, Shrek e Burro perdidos na floresta,
tocaia que o pai da Fiona programou para que o Gato de Botas, matador de aluguel,
18
matasse Shrek, eles se veem perdidos na floresta. Após passarem várias vezes pelo
mesmo lugar, o Burro comenta: (ex:3)The bush shaped like Shirley Bassey! Na
dublagem: E esse arbusto aqui, que é a cara da Fafá de Belém? E na legenda:...
até o arbusto Shirley Bassey.
O Burro faz referência a uma famosa cantora nos Estados, de seios fartos,
nascida no país de Gales, que teve como uns dos principais sucessos temas do
filme “James Bond”. Na dublagem, o tradutor preferiu, mais uma vez, manter a
mensagem da fala do Burro ao invés de ater-se ao nome da cantora. A idéia da
referência manteve-se de uma maneira muito eficiente, uma vez que as duas
referências são cantoras de seios fartos; o que provavelmente não aconteceria se o
tradutor tivesse optado por manter o nome original. Na dublagem, entretanto, como
esta é destinada ao público adulto e que pode ou não ter conhecimento desta
referência, o tradutor optou por manter o nome na tradução da legenda. Outro
provável motivo é que, como na legenda o telespectador tem acesso ao conteúdo
original, poderia causar certa estranheza se ele reconhecesse o nome (Shirley
Basse) e este fosse substituído por Fafá de Belém escrito na legenda.
No próximo exemplo de referência cultural, nesta mesma cena em que o
Burro e o Shrek estão perdidos na floresta, o Gato de Botas, matador contratado
pelo pai de Fiona, aparece para matar Shrek. Entretanto, quando ele daria seu golpe
fatal em Shrek, ele engasga com uma bola de pelos e não consegue fazer o ataque.
Neste momento, Shrek, zangado, pega o Gato pelo cangote e pergunta ao Burro o
que devem fazer com ele. Então, o Burro responde: (ex:4) Take the sword and
neuter him. Give him the Bob Barker treatment. Na dublagem: A gente devia
pegar essa espada e acabar com ele aqui mesmo. Cortar o mal pela raiz.
E na legenda: Usamos a espada aqui mesmo. Tratamento a Bob Barker!
A referência a Bob Barker, apresentador de um programa dos Estados
Unidos, que fala claramente sobre sua visão contra a superpopulação de animais,
não faria nenhum sentido se fizesse parte da tradução para a dublagem, uma vez
que este fato não é de conhecimento geral do público alvo do filme. Como no
primeiro exemplo discutido anteriormente, nenhuma alusão ao nome foi mantido na
dublagem pois o tradutor provavelmente preferiu manter a mensagem do texto e não
ateu-se as referências originais. Já na legenda, como citado no exemplo anterior,
uma vez que é destinada ao público adulto e que pode ou não ter conhecimento
desta referência, o tradutor optou por manter o nome na tradução da legenda, além
19
dato do telespectador ter acesso ao conteúdo original, o que poderia causar uma
certa estranheza se ele reconhecesse o nome (Bob Barker) e este não estivesse
escrito na legenda.
Concluindo, na versão legendada, o tradutor tem menos possibilidade de
usar termos e expressões que são claras ao telespectador no original, como, por
exemplo, o reconhecimento de um nome, enquanto na dublagem, o significado real
da idéia pode ser substituído pela tradução literal, pois o telespectador não tem
como comparar esta versão com o original.
A próxima cena em que ocorre referência cultural acontece quando, depois
de uma discussão com o pai de Fiona, e depois, com Fiona, Shrek decide procurar
ajuda da Fada Madrinha, a qual havia visitado Fiona antes de sua briga com Shrek.
Ao chegar na fábrica de poções da Fada Madrinha, Burro exclama: (ex:5) Oh, no.
That’s the old Keebler’s place. Na dublagem: Essa não, parece a casa da Mãe
Joana. E na legenda: É a casa dos duendes “Keebler”.
Quando Burro menciona, no texto original a casa de Keebler, ele faz
referência a maior marca de bolachas e biscoitos dos Estados Unidos, Keebler
Company, a qual tem um duende como mascote da marca. Como este contexto está
muito longe do cotidiano dos brasileiros, o tradutor, na dublagem, opta pela
expressão “a casa da mãe Joana”. Entretanto, neste caso, não há uma relação
direta entre o texto original e a referência feita pelo tradutor na legenda, pois quando
ouvimos “casa da mãe Joana”, pensamos em algo bagunçado, o que,
provavelmente, não foi o principal conceito que queria ser passado pelo autor.
Na legenda, como visto nos outros exemplos anteriores, o tradutor preferiu
manter o termo de referência do texto original, e citar Keebler. Além do nome,
entretanto, o tradutor adicionou a palavra “duendes”, provavelmente para inserir o
contexto do texto original. Entretanto, para os telespectadores do Brasil, esta marca
de biscoito, ou mesmo o mascote na marca não são conhecidos. Então, assim como
em outros exemplos anteriores, manteve-se o termo, mas não a mensagem
expressada pelo autor.
O próximo exemplo ocorre na cena em que, ao recepcionista da Fábrica de
Poções dizer a Shrek, Burro, e o Gato de Botas, que agora acompanha a dupla, que
a Fada Madrinha não está, ela pede, pelo interfone de sua sala um lanche: (ex:6)
Coffee and a Monte Cristo. Na Dublagem: Me traz um café com um bauru. E na
Legenda: um café e um sanduiche Monte Cristo!
20
O sanduiche Monte Cristo é um sanduiche de pão com presunto e queijo.
Apesar de haver variações, o original é feito com queijo Emmental or Gruyère . A
opção do tradutor, no caso da dublagem, foi substituir este pelo conhecido Bauru no
Brasil. Entretanto, temos um sanduiche que é mais similar ao Monte Cristo, que
seria um misto quente, do que o Bauru. Seria uma opção válida, uma vez que este
também está inserido em nosso cotidiano, e assemelha-se mais ao sanduiche citado
pelo autor. Outro fato que causa estranheza por parte do telespectador é de tomar
“café” com bauru. Não faz parte da nossa cultura o “café” acompanhar um
sanduíche.
Na versão com legenda, o tradutor optou, mais uma vez, por manter a
referência original do autor, citando o sanduiche Monte Cristo. Como discutido nos
exemplos anteriores, o tradutor ateou-se ao termo do texto original e, desta forma, o
sentido da frase pode ficado prejudicado, uma vez que o sanduiche Monte Cristo
não é um sanduiche popular para os telespectadores do filme no Brasil.
O próximo exemplo acontece após Shrek e companheiros, após mentirem
para o recepcionista que eram do “Sindicato de Magia”, e entrarem na fábrica,
encontrarem com a Fada Madrinha em sua sala de fabricar poções. Enquanto ela
está terminando de fazer uma poção, avista Shrek e exclama: (ex:7) What in
Grimm’s name are you doing here? Na dublagem: Por La Fontaine! O que você
está fazendo aqui? E na legenda: Em nome de Grimm! O que faz aqui?
Neste exemplo, a referência da Fada Madrinha no original é aos Irmãos
Grim, que foram dois alemães que se dedicaram ao registro de várias fábulas
infantis, e ganharam grande notoriedade. Na dublagem, o tradutor escolheu outra
referência a literatura, La Fontaine (Jean de La Fontaine), que foi membro da
Academia Francesa, escritor de obras literárias, como fábulas e poemas, entre
outros. Esta referência é intrigante, uma vez que, no Brasil, os irmãos Grimm não
são menos conhecidos que La Fontaine.
Na legenda, como ocorreu nos exemplos anteriores, o tradutor preferiu
manter o original e fazer referência aos Grimm. Como sabemos que existe restrição
ao número de caracteres permitidos nas linhas de cada legenda, este deve ser o
motivo pelo qual o tradutor não acrescentou a palavra “irmãos”, o que provavelmente
ajudaria os telespectadores a remeterem ao sobrenome Grimm.
No exemplo a seguir, Shrek, Burro e o Gato de Botas, depois de saírem da
sala da Fada Madrinha, resolvem entrarem em uma sala onde estão estocadas as
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poções feitas por ela. Shrek, então, pede ajuda ao Gato para subir nas prateleiras e
pegar uma poção que faça a Fiona ficar mais feliz. O Gato, em cima das prateleiras,
começa a ler os nomes das poções para que Shrek escolha a mais apropriada.
Então, o Gato lê: (ex:8) Elfa Seltzer? Na dublagem: Feitiço sumiço? E na legenda:
“Algas Seltzer”
O autor, ao citar Elfa Seltzer faz referência ao remédio “Alka Seltzer”, um
efervescente indicado para dores de cabeça, indigestão, gazes, dores estomacais e
azia. No Brasil, como não temos conhecimento deste medicamento, o tradutor optou
por substituir o nome e manter a rima entre as duas palavras. Entretanto, o sentido
do texto perdeu-se, pois, como telespectadores, não conseguimos estabelecer uma
relação direta entre o sentido e alusão do texto original de um medicamento para
indigestão, e o termo escolhido pelo tradutor “feitiço sumiço”.
Na legenda, a opção do tradutor causa um pouco mais estranheza, quando
ele substitui o termo original por “Algas Seltzer”. Novamente, acredito que o
telespectador encontre dificuldade em relacionar este termo escolhido pelo tradutor
a qualquer sentido que remete o texto original – o remédio.
No exemplo que segue, a cena acontece quando, antes de beber a poção,
Burro adverte Shrek para que não beba, pois ele pode passar mal. Então, Burro,
advertindo, diz ao Shrek: (ex:9) And if you think that I’ll be smearing Vapo Rub
over your chest, think again! Na dublagem: E se vc acha que eu vou ficar aqui
fazendo massagem no seu peito, pode tirar o burrinho da chuva.
E na legenda: Se acha que vou esfregar Vick no seu peito, esqueça!
Na dublagem, embora o produto Vick Vapo Rub seja popular pelos
brasileiros, o tradutor opta por excluir este termo, mantendo somente o verbo “fazer
massagem”. Na legenda, ao contrário, o produto é citado, mas no termo que o
produto encontra-se disponível no Brasil – Vick, e não Vapo Rub, uma vez que o
termo Vick não causa estranheza alguma este termo pelos telespectadores, ao
contário do termo Vapo Rub sem o termo Vick.
No próximo exemplo, os personagens Bolacha, Pinóquio, Os Três
Porquinhos, o Lobo Mal e Os Três Ratinhos Cegos estão assistindo televisão. Então,
a Bolacha diz: (ex:10) Flip over to Wheel of Torture! Na dublagem: Muda pra
Roda da Tortura! Na legenda: Mude para a “Roda da Tortura”!
Neste episódio, o autor refere-se a “Roda da Fortuna”, programa de grande
audiência nos Estados Unidos. No Brasil, tivemos um programa similar, apresentado
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por Silvio Santos, no canal SBT, também chamado Roda da Fortuna, o qual os
participantes tinham que acertar, através de algumas dicas, uma palavra. Como o
programa foi ao ar no Brasil, o tradutor, tanto na legenda como na dublagem, optou
por manter a referência do original, uma vez que, quando o telespectador lê ou ouve
“Roda da Tortura”, ele consegue, naturalmente, relacionar este termo ao programa
de TV “Roda da Fortuna”. Mesmo que o telespectador não tenha assistido a esse
programa no Brasil, este programa nos Estados Unidos é frequentemente citado na
televisão e filmes passados no Brasil. Sendo assim, de uma forma ou outra, o
telespectador não terá problemas para identificar a alusão ao programa americano e
ao termo usado pela Bolacha.
O penúltimo exemplo é sobre a cena em que Shrek e seus amigos acabam
de escapar da prisão, com a ajuda dos outros amigos, que os viram pela televisão.
Shrek, ao ver o Biscoito e, ao fundo, a cidade, visualiza o Biscoito como um gigante,
e tem a ideia de salvar a Fiona, que está prestes a casar-se com o Príncipe
Encantado, filho da Fada Madrinha. Nesta cena, Shrek pergunta ao Biscoito: (ex:11)
Do you still know the Muffin Man? Na dublagem: Você ainda conhece o
padeiro? Na Legenda: Ainda conhece o padeiro?
O termo usado pela Bolacha é referência à cantiga de origem inglesa “The
Muffin Man”, a qual segue:
Do [or "Oh, do"] you know the muffin man,The muffin man, the muffin man,Do you know the muffin man,Who lives in Drury Lane?
Yes [or "Oh, yes"], I know the muffin man,The muffin man, the muffin man,Yes, I know the muffin man,Who lives in Drury Lane
A opção do tradutor, tanto na dublagem como na legenda, foi substituir o
termo por “padeiro”, pois, embora o Muffin aos poucos tenha sido incorporado na
cultura brasileira, não faria sentido algum ao telespectador ouvir ou ler “Homem
Muffin”, ou algo parecido. Sendo assim, o tradutor optou pela exclusão do termo
para que este não causasse estranheza por parte dos telespectadores.
Uma questão a ser levantada é a opção que o tradutor teria em manter o
termo em inglês, Muffin Man, na legenda, uma vez que este foi o procedimento
adotado por ele em outras instâncias em que apareciam referências culturais. Como
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ele manteve, por muitas vezes, os termos originais nas legendas por,
provavelmente, supor que o telespectador que assiste a versão do filme com
legenda seja adulto e tenha um conhecimento cultural geral suficiente para entender
as referências mantidas por ele, seria coerente que ele mantivesse também este
termo.
A última referência cultural discutida neste trabalho refere-se ainda a mesma
cena anterior. Depois que Shrek pergunta a Bolacha “Do you still know the Muffin
Man?”, esta responde: (ex:12) Well, sure! He’s down on Drury Lane. Na
dublagem: É claro que sim! Ele é um velho amigo meu. Na legenda: Claro! Mora
em Drury Lane. Por quê?
Desta vez, a tradução da legenda e da dublagem tiveram duas conclusões
distintas. Na dublagem, seguindo o mesmo raciocínio, o tradutor modificou
completamente a frase, retirando qualquer referência ao termo original “Drury Lane”,
o qual não faria sentido, pois refere-se a música do “Muffin Man”, apresentada
acima. Drury Lane, citado na cantiga, é referente a uma viela de Londres.
Em oposição a opção feita pelo tradução na dublagem, desta vez, o
tradução na legenda manteve a referência original do termo “Drury Lane”, causando
estranheza por parte dos telespectadores, que não conseguiram fazer qualquer
alusão do termo “Drury Lane”, da música Muffin Man, já que este não foi citado na
legenda anterior.
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4. CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo a análise das opções escolhidas pelos
tradutores nas legendas e dublagem do filme Shrek 2. As considerações por mim
tomadas foram baseadas na intensão do tradutor em manter as referências culturais
originais propostas pelo autor, ou fazer adaptações para que estas referências
fiquem mais próximas a realidade do telespectador brasileiro.
Assim sendo, de acordo com a análise dos dados discutidas no
capítulo anterior, podemos verificar que houve várias instâncias de domesticação
para a língua portuguesa e para o cotidiano dos telespectadores brasileiros, na
versão dublada do filme. Das frases analisadas, somente a referência a “Roda da
Tortura”, que no texto original aparece como “Wheels of Torture”, é mantida. Os
outros onze casos analisados sofreram adaptação para os termos, na visão do
tradutor, mais próximos ao cotidiano dos brasileiros. Um dos principais fatos que
contribuem para esse resultado é que, como na versão dublada o telespectador não
tem acesso ao texto original, o tradutor tem mais liberdade para fazer as adaptações
sem que causem estranheza por parte dos telespectadores, uma vez que estes não
tem acesso aos termos originais para comparar a tradução com o texto fonte.
Enquanto em alguns casos o tradutor substituiu o termo original por outro
correspondente em português (ex.:Fafá de Belém, La Fontaine, entre outros),
outrora ele preferiu eliminar as referências, trocando as frases por conceitos
completamente distintos do original (ex.: Drury Lane, dublado em “Ele é um velho
amigo meu”).
Entretanto, na grande maioria das instâncias analisadas, o tradutor da
dublagem preferiu manter o sentido da frase proposta pelo autor a manter o termo
original e prejudicar o sentido do termo proposto pelo autor.
Por outro lado, quando observamos a versão legendada do filme, notamos
que as referências originais tendem a ser mantidas nas legendas, como é o caso de
dez entre os doze exemplos analisado no capítulo anterior. Das instâncias
analisadas, as únicas palavras que sofreram adaptação para o português, sem
nenhuma referência ao que foi dito no texto original foram as palavras “Parcheesi”,
traduzida por “joguinho”, e a palavra “Muffin Man”, traduzida por “padeiro”. Todas as
outras referências originais foram mantidas na legenda.
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Contrária a posição das traduções da dublagem, o tradutor preferiu ater-se
aos termos originais a fazer adaptações que fossem mais próximas do vocabulário
cotidiano dos telespectadores brasileiros.
Concluindo, como veremos na análise das instâncias onde aparecem as
referências culturais, verificamos que a substituição por uma referência tipicamente
brasileira é muito mais comum na dublagem, a qual o telespectador não tem
nenhuma base de qual foi o texto original, do que na legenda, onde o telespectador
pode comparar o que foi dito com o que foi traduzido.
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BIBLIOGRAFIA
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