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Caracterização e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria Hélio Marques Página 1 1 Revisão de conhecimentos 1.1 Sistema construtivos em alvenaria 1.1.1 Conceitos e estado de arte A alvenaria como elemento estrutural foi utilizada durante muito tempo para a construção de edifícios de pequeno e grande porte. As vantagens inerentes na concepção de estruturas provêm da conjugação de funções que um simples bloco de alvenaria tem, sendo estas: Estruturais Durabilidade Protecção ao fogo Isolamento sonoro Isolamento térmico Divisão de espaços O acumular de funções num só elemento resulta numa construção económica e de relativa simplicidade (Hendry, A. W. e Khalaf, F.M., 2001). Os primeiros blocos de alvenaria utilizados eram de pedra natural, caracterizados por serem elementos pesados e com faces irregulares que prejudicavam o assentamento e o isolamento das próprias construções (Hendry, A. W. e Khalaf, F.M., 2001), Figura 1.1 a) a c). Em Portugal utilizou-se muito a pedra natural para a construções de pequenas habitações, nomeadamente no norte e interior no país, Figura 1.1 d).

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Caracterização e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria

Hélio Marques Página 1

1 Revisão de conhecimentos

1.1 Sistema construtivos em alvenaria

1.1.1 Conceitos e estado de arte

A alvenaria como elemento estrutural foi utilizada durante muito tempo para a construção de edifícios de pequeno e grande porte.

As vantagens inerentes na concepção de estruturas provêm da conjugação de funções que um simples bloco de alvenaria tem, sendo estas:

• Estruturais

• Durabilidade

• Protecção ao fogo

• Isolamento sonoro

• Isolamento térmico

• Divisão de espaços

O acumular de funções num só elemento resulta numa construção económica e de relativa simplicidade (Hendry, A. W. e Khalaf, F.M., 2001).

Os primeiros blocos de alvenaria utilizados eram de pedra natural, caracterizados por serem elementos pesados e com faces irregulares que prejudicavam o assentamento e o isolamento das próprias construções (Hendry, A. W. e Khalaf, F.M., 2001), Figura 1.1 a) a c).

Em Portugal utilizou-se muito a pedra natural para a construções de pequenas habitações, nomeadamente no norte e interior no país, Figura 1.1 d).

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a) Skara Brae (panorama factory,2008)

b) Pirâmides do Egipto (infoescola,2008)

c) Taj Mahal (iloveindia)

d) Casa de pedra em Portugal (Portugalemfotos, 2010)

Figura 1.1 – Construções realizadas em pedra natural

Com o passar dos anos e com o melhoramento das tecnologias, surgiram os blocos em adobe que foram concebidos para terem as mesmas funções que os blocos em pedra natural, e asseguravam maior facilidade no seu manuseamento devido ao seu menor peso e menores dimensões, Figura 1.2.

Para a produção dos blocos adobe era necessário terra, palha e água, que formariam uma mistura, posteriormente seria colocada dentro de um molde para compactação (ecosasaportuguesa, 2011).

a) Mesquita de Djénne, Mali (mw, 2006)

b) Casa em adobe, Portugal

(ecosasaportuguesa, 2011) Figura 1.2 – Construções em adobe

Os blocos de adobe foram sendo melhorados, modificando a sua textura, cor e composição. Esta evolução dos materiais deu origem a blocos com formas diversificada e posteriormente perfuradas de modo a facilitar o seu manuseamento.

Após anos em que a alvenaria era muito utilizada na construção, devido ao surgimento do da tecnologia do betão armado e das estruturais metálica, o seu uso foi decrescendo. Desde que apareceram estas duas tecnologias, as construções que têm vindo a ser realizadas são mais esbeltas e com grande altura.

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Por forma a introduzir, a alvenaria como solução estrutural, novamente no mercado têm sido desenvolvidos processos e técnicas de produção de materiais, de forma mecanizada e controlada, com vista a ter um produto final de grande qualidade capaz de cumprir os requisitos que lhe são exigidos, mesmo assim, a uso de blocos com funções estruturais têm sido colocada a parte, sendo utilizados nomeadamente para a compartição dos espaços nas construções.

1.1.2 Tipologia e soluções técnicas

A alvenaria estrutural foi muito utilizada em Portugal, nomeadamente até ao ano de 1930, sendo gradualmente substituídos por edifícios construídos em betão armado,Figura 1.3.

Figura 1.3 – Evoluções tipológicas em Portugal (NESDE1, 2005)

As soluções construtivas utilizadas em Portugal podem ser caracterizadas consoante o período em que foram realizadas, a região do país, dos materiais disponíveis e das técnicas utilizadas.

Até 1755 foram realizadas muitas construções em alvenaria estrutural, mas só os edifícios que resistiram ao sismo daquele ano é que foram consideradas como exemplos deste tipo de estrutura (NESDE2, 2005), Quadro 1.1.

Tendo em conta o aspecto visual, estes foram divididos em 3 tipos:

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a) Edifícios de qualidade elevada

Rua do Terreirinho, 102, 104-108,

Calçada de Agostinho de Carvalho

• Paredes bem cuidadas • Pedra aparelhada pelo menos nos cunhais • Possuía elementos de travamento

• Edifícios de qualidade inferior • Paredes de alvenaria pobre • Alvenaria em taipa mal conservada • Deformações permanentes • Ausência de elementos de travamento

• Edifícios com andar de ressalto

Largo do Chafariz de Dentro, 32, 33

• Rés-de-chão em alvenaria de pedra • Paredes efectuadas em alvenaria mista

em enxadrezado • Pavimento em arco que serve de suporte

a um ou dois pisos da estrutura

Quadro 1.1 – Tipo de edifícios até 1755 (NESDE2, 2005)

Após o sismo ocorrido em 1755, no processo de reconstrução de Lisboa, surgem as construções Pombalinas, que caracterizam o tipo do edificado entre 1755 e 1880. Eram caracterizadas por terem uma estrutura em gaiola, que consistia num sistema de pórticos tridimensionais contraventados de madeira, perpendiculares entre si.

A estrutura em gaiola, Figura 1.4, aumentou a capacidade de resistência dos edifícios quando sujeitos a forças horizontais.

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a) (oaborges, 2009)

b) (planirest, 2012)

Figura 1.4 – Construções Pombalinas

De 1880 a 1930 houve um crescimento na construção civil, devido à expansão da cidade de Lisboa. Os edifícios tinham uma estrutura denominada por gaioleiro, no qual traduzia a simplificação e as alterações existentes ao nível dos sistemas estruturais e construtivos. Os materiais e a mão-de-obra utilizados eram de qualidade inferior, comparativamente ao período de 1755-1880 (NESDE2, 2005). Esta prática originou problemas graves neste tipo de construção, que colapsavam durante a sua construção ou em pior dos casos, quando já estavam ocupados.

A norma NP EN 1996-1 define os termos relativos às paredes de alvenaria, o seu tipo e que funções devem desempenhar num edifício.

Os termos relativos as parede de alvenaria são:

• Alvenaria: Associação de unidades de alvenaria dispostas segundo um padrão especificado e ligadas para formação de um material monolítico através de argamassa.

• Alvenaria não armada: Alvenaria que não apresenta uma quantidade suficiente de armadura para ser considerada como alvenaria armada.

• Alvenaria armada: Alvenaria na qual varões ou redes são envolvidos por argamassa ou por betão de enchimento, por forma a que todos os materiais atuam em conjunto para a resistência a acções.

• Alvenaria pré-esforçada: Alvenaria na qual tensões internas de compressão foram intencionalmente induzidas através de armaduras traccionadas.

• Alvenaria confinada: Alvenaria incorporando elementos de confinamento em betão armado ou pouco armado envolvendo o pano de alvenaria, podendo este ser armado ou não armado nas direcções horizontal e vertical.

• Aparelho de alvenaria : Disposição das unidades na alvenaria de uma forma regular, de modo a obter um comportamento monolítico.

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Os tipos de paredes e as suas funções no edifício são:

• Parede resistente: Parede calculada para resistir a acções verticais e acções horizontais.

• Parede simples: Parede constituídas por um único pano.

• Parede dupla: Parede constituída por dois panos simples paralelos, eficazmente ligados

entre si através de ligadores ou por armaduras colocadas nas juntas de assentamento.

• Parede composta: Parede constituída por dois panos paralelos, cuja junta longitudinal

intermédia é totalmente preenchida com argamassa.

• Parede dupla com enchimento de betão: Parede constituída por dois panos paralelos,

cujo espaço intermédio é preenchido com betão ou com calda.

• Parede face à vista: Parede no qual o bloco fica a vista, não sendo revistido, e com

capacidade de resistir às itemperies e ligada a uma outra parede do lado interior.

• Parede com juntas descontínuas: Parede na qual as unidades de alvenaria são assentes

sobre duas ou mais faixas de argamassa, duas das quais dispostas ao longo dos bordos

exteriores das faces de assentamento e não ligadas entre si.

• Parede cortina: Parede utilizada como um paramento mas desligada ou não

contribuindo para a resistência da parede de apoio ou da estrutura.

• Parede de contraventamento ou de travamento: Parede destinada a resistir a forças

laterais no seu plano, ou colocada perpendicularmente a outra para lhe conferir um apoio

a forças laterais ou para resistir à encurvadura dessa parede e, também, para contribuir

para a estabilidade da construção.

• Parede não resistente: Parede não considerada na resistência a esforços, de tal forma que

pode ser suprimida sem prejudicar a integridade do resto da estrutura.

A tipologia dos edifícios foi mudando com os anos, Figura 1.3.

Até 1880, os edifícios construídos tinham 2 ou 3 pisos, no máximo 4 pisos. Após 1880, devido à expansão de Lisboa, começaram a construir-se edifícios com 5 e 6 andares.

Presentemente, as estruturas de alvenaria têm de cumprir o que está estipulado no NP EN 1998-1 relativamente ao número de pisos.

Para construções em alvenaria simples o número de máximo de pisos deve ser 1, enquanto se for alvenaria armada ou confinada o número máximo de pisos é de 2. Se para estas duas técnicas construtivas, a construção se situar numa zona com sismicidade baixa, o número máximo de piso de um edifício pode ser de 3 (NP EN 1998-1, 2010).

1.1.3 Identificação de materiais para aplicação em estruturas de alvenaria

Os diversos tipos de materiais utilizados em estruturas de alvenaria são caracterizados na norma europeia EN 1996-1.

As unidades de alvenaria têm tipos e classificação diferentes, devem pertencer aos seguintes tipos:

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• Unidades cerâmicas de acordo com a EN 771-1

• Unidades sílico-calcárias de acordo com a EN 771-2

• Unidades de betão de acordo com a EN 771-3

• Unidades de betão celular autoclavado de acordo com a EN 771-4

• Unidades de pedra artificial de acordo com a EN 771-5

• Unidades aparelhadas de pedra natural de acordo com a prEN 771-6

As argamassas de assentamento estão classificadas, de acordo com os seus constituintes, como argamassa corrente, argamassa para juntas pouco espessas ou argamassa leve, estas podem ser argamassas calculas ou de composição estuda, tendo em conta a definição da sua composição. Tendo em conta o seu processo de fabrico as argamassas podem ser designadas por argamassa industrial (pré-doseada ou pré-misturada), industrial semi-acabada ou realizada em obra.

O tipo de betão a ser utilizado tem que estar de acordo com a norma portuguesa EN206.

Na norma estão diferenciados três tipos de betão, sendo eles:

• Betão de comportamento especificado - as suas caraterísticas e propriedades são especificados ao produtor

• Betão de composição prescrita – a composição do betão e os seus materiais são especificados ao produtor

• Betão de composição prescrita em norma – composição estabelecida numa norma válida no local de utilização do betão

O aço utilizado no betão armado, geralmente é aço em carbono e que deve estar de acordo com a norma prEN 10080. No mercado, existe mais dois tipos de aço, o aço inoxidável e os varões com revestimento especial, devendo ser objecto de uma especificação distinta dos aços de carbono.

As armaduras pré-fabricadas para as juntas de assentamento são armaduras já com uma malha própria variando entre cada tipo de fornecedor, estas devem estar de acordo com a EN 845-3.

Para além dos componentes principais, existe outros acessórios que melhoram o comportamento da estrutura em geral, tais como:

• Barreiras de estanquidade

• Ligadores de parede

• Grampos de amarração, pendurais e cachorros de apoio

• Lintéis pré-fabricados

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2 Produção industrial, controlo de qualidade e certificação de produtos

2.1 Procedimentos de fabrico de unidades de alvenaria

2.1.1 Descrição do sistema de produção

Realizaram-se visitas à empresa Costa&Almeida, produtora dos blocos de betão utilizados, situada perto de Coimbra, para conhecer o seu procedimento de recepção dos materiais, do sistema de produção, controlo de qualidade seguido, bem como o processo de normalização e certificação dos blocos.

Para obtenção do produto final, a produção divide-se em várias etapas:

• Recepção e armazenamento da matéria prima

• Preparação da mistura de betão

• Produção da mistura de betão

• Colocação, vibração do betão em moldes e posterior desmoldagem

• Processo de cura

• Paletização e armazenamento dos blocos de betão

As matérias primas utilizadas na produção dos blocos de betão são agregados, cimento e cinzas.

A matéria-prima é armazenada separadamente. O cimento e as cinzas são armazenados em silos, Figura 2.2, enquanto os agregados são armazenados tendo em conta as suas dimensões em local designado para este efeito, Figura 2.1.

Figura 2.1 - Armazenamento de agregados

Figura 2.2 - Armazenamento de cimento e Cinzas

Na fase da preparação da mistura, cada agregado é depositado e pesado, em diferentes

intervalos de tempo, numa passadeira. Após ter a quantidade total pretendida, a mistura de agregados é depositada na betoneira através de um tabuleiro rolante, Figura 2.3

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Figura 2.3 – Transporte de agregados

A empresa possuiu nas instalações duas betoneiras utilizadas na produção de produtos com

diferentes acabamentos. Na betoneira da Figura 2.4 realiza-se as misturas convencionais utilizadas na produção dos blocos de betão, enquanto a betoneira da Figura 2.5 pode realizar mistura com agregados mais finos permitindo a produção de produtos com acabamentos melhorados podendo estes serem utilizados como acabamentos finais em obras de construção.

Figura 2.4 - Betoneira para mistura

convencional

Figura 2.5 - Betoneira para mistura de

agregados finos Após a mistura, o betão é colocado nos moldes com o formato do bloco num compactador

vibratório, método de vibro-compactação, Figura 2.6

Figura 2.6 - Vibro-Compactador

Estando o processo de vibro-compactação finalizado, os blocos são transportados e armazenados numa estufa durante cinco dias, Figura 2.7 e Figura 2.8.

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Figura 2.7 - Transportador ( Charriot)

Figura 2.8 - Estufa

Após o período de cura os blocos são paletizados e cintados, prontos para ser armazenados numa área específica da fábrica, Figura 2. 9, Figura 2. 10 e Figura 2. 11.

Figura 2. 9 - Pinças de

paletização

Figura 2. 10 - Suporte de

paletes e transporte

Figura 2. 11 - Palete cintada

Os blocos ficam armazenados na fábrica pelo menos durante 48 dias, procedimento interno da empresa, até serem comercializados.

2.1.2 Controlo da qualidade em fábrica

O controlo de qualidade aos produtos e matérias primas utilizados é feito através de processos certificados por uma empresa externa acreditada para esse efeito.

Este controlo de qualidade passa pelas seguintes fases:

• Documentar os procedimentos através de fichas técnicas e tendo por base as normas europeias em vigor

• Realizar os procedimentos tendo em conta o que está documentado

• Registar os resultados obtidos

• Comparar os resultados obtidos com os resultados de ensaios anteriores e com os valores afirmados na ficha técnica do produto

Na recepção dos agregados para a produção dos blocos, são realizados estudos da granulometria de cada tipo de agregados, Figura 2.12, de modo a serem separados correctamente, por forma a garantir que tem as dimensões pretendidas. Para optimizar o processo da recepção dos agregados, através de comparação visual em futuras encomendas ou

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entregas de matéria prima, deve ser guardado em frascos separados os diferentes tipos de agregados, Figura 2.13.

Figura 2.12 - Peneiros para estudo de

granulometria

Figura 2.13 - Agregados separados em

Frascos Na fábrica existem fichas técnicas onde se definem as regras de produção, as quantidades e

o tipo dos agregados em função do tipo de produto que se pretende.

O processo de mistura é controlado em duas fases e monitorizado por um funcionário habilitado. A primeira é a selecção e comando de entrada com pesagem do material da mistura e a segunda é o controlo de humidade, através de uma sonda, na misturadora e consequente acerto de água na mistura. Estes dois processos são realizados por duas centrais que se situam na sala de controlo, Figura 2.14 e Figura 2.15.

Figura 2.14 - Controlador de agregados

Figura 2.15 - Controlador de humidade e ajuste de

água

Após a produção de novos blocos é retirado 1/3 das unidades de uma palete, de cada lote, para a realização de ensaios de qualidade.

A empresa tem um arquivo de amostras de blocos antigos de boa qualidade, comprovada por ensaios, Figura 2.16. Com este arquivo é possível, com comparação visual, detectar anomalias em blocos novos, sendo comprovado por ensaios realizados.

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Figura 2.16 - Arquivo de amostras

Se o lote não estiver em conformidade, o lote deve ser identificado e colocado separado dos produtos aprovados ou pode ser vendido como material não conforme.

2.2 Desenvolvimento de estudos de composição em laboratório para blocos de betão

2.2.1 Análise granulométrica de materiais

A análise granulométrica dos materiais tem por base a norma EN 933-1 usando a peneiração que deverá estar de acordo com a norma EN 933-2.

As curvas granulométricas dos materiais utilizados para a realização dos blocos foram realizadas no Laboratório de Materiais do DEC sendo apresentadas na Figura 2.17.

Figura 2.17 – Curva granulométrica da mistura (Costa, Hugo,2012)

Foram estudadas três composições para a definição das características físicas e mecânicas do bloco de betão, tendo como objectivo fixar o valor da massa volúmica adequado para o fácil manuseamento e assegurando a resistência mecânica exigida. O estudo teve como base a composição para betão normal, de massa volúmica de 2300kg/m3, e introduzindo na mistura argila expandida em substituição de brita obteve-se betões com as massas volúmicas de 1800kg/m3 e de 1600kg/m3.

Na Quadro 2.1 apresentam-se os constituintes de cada composição para a produção de 1m3 de betão, utilizadas no estudo efectuado.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0625

0,12

5

0,25

0

0,50

0

1,0

2,0

4,0

5,6

8,0

11,

2

16,

0

22,

4

Dimensão da malha (mm)

Pass

ad

os

(%)

Dimensão da malha (mm)

Pass

ad

os

(%)

areia finaareia médiabago calc.br. calc. 0/5br. calc. 5/11

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0

625

0,125

0,250

0,500 1,0

2,0

4,0

5,6

8,0

11,2

16,0

22,4

Dimensão da malha (mm)

Pass

ad

os

(%)

Dimensão da malha (mm)

Pass

ad

os

(%)

argex 2/4

argex 3/8F

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Constituintes BA2.3 BA1.8 BA1.6

Massa Volume Massa Volume Massa Volume (kg/m3) (Lit./m3) (kg/m3) (Lit./m3) (kg/m3) (Lit./m3)

cimento 42.5R

95 30 125 40 150 48

fíler 38 15 63 24 75 29 água efectiva 120 120 125 125 125 125

água absorção

0 - 0 - 4 -

ar da pasta - 55 - 50 - 50 areia fina 576 219 518 197 410 156

areia média 384 146 345 131 274 104 bago calc. - - - - 129 49 br. calc 0/5 329 125 229 87 - - br. calc 5/11 757 291 - - - -

argex 2/4 - - 393 346 277 244 argex 3/8F - - - - 150 195

Quadro 2.1 - Massa e volumes dos materiais que compõem a mistura (Costa, Hugo,2012)

2.2.2 Estudos prévios de resistência mecânica

As especificações e exigências para os blocos utilizados em alvenaria estrutural são designadas na EN 1998-1 e no seu anexo nacional, especificando que a resistência mínima à compressão exigida dos blocos deve ser 5MPa.

Procedeu-se a realização de ensaios de compressão em provete cúbicos 15x15x15 e em blocos com a mesma mistura de modo a ser determinada a relação entre a resistência do bloco e do provete cubico bem como avaliar os valores previstos e preconizados. Conclui-se que a relação é de 0,7, Quadro 2.2.

Assim sendo, a composição foi estudada de modo a ter uma previsão de resistência à compressão em cubos de 9,0 e 10,0 MPa (Costa, Hugo, 2012), para os 7 e 28 dias, respetivamente.

Betão BA 2,3 (2300kg/m3) BA 1,6 (1600kg/m3)

fcm,7 (MPa) Cubo 9,3 9,6

Bloco 6,5 6,9 fck,bloco,7 (MPa) Bloco 4,5 4,9 Quadro 2.2 – Resultados da resistência à compressão (Costa, Hugo, 2012)

Em que:

fcm,7 é a resistência média à compressão dos blocos aos 7 dias em MPa

fck,bloco,7 é a resistência característica à compressão dos blocos aos 7 dias em MPa

2.3 Procedimentos de certificação e controlo de qualidade

A caracterização das unidades de alvenaria é realizado através de ensaios laboratoriais que devem seguir as orientações existentes nas normas europeias, Quadro 2.3. Estes documentos

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servem de base para a certificação de produto de uma empresa de pré-fabricação por parte de uma entidade com competências para o efeito.

Norma Determinação/classificação EN 772-1 (2000) Resistência mecânica à compressão EN 772-2 (1998) Percentagem de furação EN 772-6 (2001) Resistência à flexão EN 772-8 (1992) Absorção de água por imersão EN 772-10 (1999) Conteúdo de humidade EN 772-11 (2000) Absorção de água por capilaridade EN 772-13 (2000) Massa volúmica EN 772-14 (2001) Capacidade de expansão e retracção EN 772-16 (2000) Dimensões e tolerâncias EN 772-20 (2000) Regularidade das faces dos blocos (planeza) EN 1052-3 (2003) Resistência inicial ao corte na ligação bloco/argamassa EN 1745 (2002) Valores de resistência térmica EN 13501-1 (2002) Classificação ao fogo de produtos da construção EN ISO 12572 (2001) Permeabilidade ao vapor de água

Quadro 2.3 - Blocos de betão: Métodos de ensaio segundo EN 771-3

A certificação permite que os fabricantes comprovarem a qualidade do seu produto, através de um símbolo atribuído para instituição certificadora, Figura 2.18.

Figura 2.18 – Marcação CE

Qualquer produto certificado cumpre os requisitos nacionais que são exigidos, tendo em conta a sua utilidade definida pelo produtor (Directiva nº 89/106/CEE, 1998).

A instituição que realiza os ensaios para a certificação de produtos para a construção civil deve cumprir os requisitos da Directiva nº 89/106/CEE, 1998:

• Disponibilidade em pessoal, meios e equipamentos necessários;

• Competência técnica e integridade profissional de pessoal;

• Imparcialidade, no que diz respeito à execução dos testes, elaboração dos relatórios, concessão de certificados e realização de vigilância na directiva, da parte dos quadros e pessoal técnico em relação a todos os meios, agrupamentos ou pessoas, directa ou indirectamente interessadas nos produtos de construção;

• Respeito do segredo profissional pelo pessoal.

A instituição visitada certifica diversos produtos para a construção possuindo laboratórios com os equipamentos e pessoal técnico obrigatórios para a realização dos diferentes ensaios.

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Caracterização e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria

Hélio Marques Página 15

Assim sendo, as etapas necessárias para realizar a certificação dos produtos são:

1. Receção do material;

2. Preparação dos blocos para ensaios e das folhas de registo de ensaios;

3. Realização dos ensaios necessários para a certificação e registo dos valores;

4. Determinação dos valores caraterísticos para cada ensaio;

5. Validação dos resultados dos ensaios;

6. Certificação do produto.

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Hélio Marques Página 16

3 Projecto de execução

3.1 Concepção estrutural da arquitetura em estruturas de alvenaria

A concepção das estruturas de alvenaria começa pela definição da arquitectura, que deve ter em conta as orientações principais e regras definidas na regulamentação actualmente aplicável, nomeadamente as normas europeias:

• Simplicidade estrutural

• Uniformidade, simetria e redundância da estrutura

• Resistência e rigidez nas duas direcções

• Resistência e rigidez à torção

• Acção de diafragma ao nível dos pisos (elementos horizontais sujeitos a esforços têm de ser capaz de os transmitir aos elementos verticais

• Fundação adequada

Considera-se que através destas orientações regras e orientações de cálculo, o edifício projectado tenha uma volumetria adequada quando sujeita aos vários tipos esforços, com particular recomendação para a concepção em planta e altura, Figura 3.1

Figura 3.1 – Tipo de configuração da estrutura (Vasconcelos, Graça, Gouveia, João P., Lourenço, Paulo B. e Haach, Vladimir, 2007)

A simplicidade do edifício, não se resume simplesmente ao seu comportamento estrutural. A distribuição da massa e de rigidez deve ser equilibrada em toda a sua área de implementação, procurando assegurar o equilíbrio entre o centro de gravidade com o seu centro de rotação para, assim, evitar excentricidades elevadas que atinjam normalmente a um desfasamento exagerado dos esforços que serão transmitidos aos vários elementos e paredes com funções estruturais, Figura 3.2.

Alçado complexo

Alçado simples

Planta complexa Planta simples

Plano horizontal

Plano Vertical

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Figura 3.2 – Regras para obter Gouveia, João P., Lourenço, Paulo B. e Haach, Vladimir, 2007)

Figura 3.2.1 Edifício de planta complexa.Para assegurar a simplicidade geométrica de construção que divide o edifício em duas partes com planta regular (rectangular).Devido à existência desta junta de construção, o edifício quando sujeito a forças horizontais comportadiminuído os esforços de torção

Figura 3.2.2 Figura 3.2.3 Figura 3.2.4

Uma distribuição regular da massaconstituem, por piso, previne a existência de pontos de torção obrigam a discrepâncias acentuadas de esforços

Figura 3.2.5 Conceber uma planta sem reentrâncias de modo a prevenir pontos de torção. Quando houver necessidade deutilizadas juntas de construção para dividir o edifício. Assim obtêmuma planta simples, e cada parte do edifício sísmico e a sua própria análise estrutural

Relativamente à concepção de paredes em cada piso é feita a definiçãomerece o seu próprio estudo,depende do bloco preconizado para o dimensionamento do edifícioparedes devem ser modulares,

1. juntas sísmicas (de construção)

3. planta da resistência e da rigidez

e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria

Regras para obter uma estrutura simples em planta (VasconcelosGouveia, João P., Lourenço, Paulo B. e Haach, Vladimir, 2007)

Edifício de planta complexa. Para assegurar a simplicidade geométrica recorre-se ao uso de uma junta de construção que divide o edifício em duas partes com planta regular (rectangular). Devido à existência desta junta de construção, o edifício quando sujeito a forças horizontais comporta-se como dois elementos separados,

inuído os esforços de torção Uma distribuição regular da massa e da rigidez dos elementos que o

, por piso, previne a existência de pontos de torção obrigam a discrepâncias acentuadas de esforços entre as várias paredes.

uma planta sem reentrâncias de modo a prevenir pontos de

houver necessidade de reentrâncias na plantajuntas de construção para dividir o edifício. Assim obtêm

lanta simples, e cada parte do edifício tem o seu comportamento sísmico e a sua própria análise estrutural.

Quadro 3.1 – Comentários às figuras 3.2

Relativamente à concepção de paredes em cada piso é feita a definiçãomerece o seu próprio estudo, consoante o tipo de bloco escolhido. Por este via, a

preconizado para o dimensionamento do edifício, já que as dimensões das paredes devem ser modulares, Figura 3.3.

Figura 3.3 – Modulação de paredes

2. Regularidade em planta na distribuição da massa e da rigidez.

4. Os elementos estruturais devem ser colocados na periferia de forma simétrica

5. Evitar reentrâncias significativas, optar pela realização de juntas sísmicas ou pela reformulação da arquitectura.

1. Simplicidade geométrica por recurso a juntas sísmicas (de construção).

3. Assegurar a distribuição bidireccional em planta da resistência e da rigidez.

lintel em alvenaria

Página 17

simples em planta (Vasconcelos, Graça, Gouveia, João P., Lourenço, Paulo B. e Haach, Vladimir, 2007)

se ao uso de uma junta de construção que divide o edifício em duas partes com planta regular

Devido à existência desta junta de construção, o edifício quando sujeito se como dois elementos separados,

e da rigidez dos elementos que o , por piso, previne a existência de pontos de torção que

entre as várias paredes. uma planta sem reentrâncias de modo a prevenir pontos de

reentrâncias na planta, devem ser juntas de construção para dividir o edifício. Assim obtêm-se

tem o seu comportamento

Relativamente à concepção de paredes em cada piso é feita a definição das fiadas, que Por este via, a arquitectura , já que as dimensões das

Regularidade em planta na distribuição

Os elementos estruturais devem ser colocados na periferia de forma simétrica.

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Na concepção estrutural paredes especificadas nas normas 3.2, e do RGEU.

Tipo de alvenaria Alvenaria Simples

Alvenaria Confinada Alvenaria Armada

(1) A determinar consoante a definição da parede(2) Em zonas de baixa sismicidade a espessura mínima é de 170mm

Quadro 3.

O RGEU define a espessu

• Paredes exteriores 25cm

• Paredes divisórias entre fracções externas 25 cm

• Paredes interiores 15 cm

Como procedimento de ajuste entre a arquitectura e as paredes de função estrutural,definição da 1ª fiada em todos os pisosplantas. Desta forma, permitenecessárias dimensões das paredes. Estando estas estreitamente ligadas à dimensão das unidades de alvenaria.

Neste estudo de concepção, deve haver uma análise de pré dimensionamento, no sentido de averiguar a área suficiente de parede em planta para assegurar a resistências aos esforços instalados.

Figura 3.

Na Figura 3.4 demonstraarquitectura em função da unidade de alvenaria proposta para esta soluçãodefinida não foi realizada de acordo com as dimensões do bloco e das paredes não correspondemser redefinida.

e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria

Na concepção estrutural devem ser cumpridos os requisitos relativos às espessuras das as normas NP EN 1998-1, NP EN 1996-1 e apresentados no

NP EN 1998-1 240 mm (2)

240 mm 240 mm

(1) A determinar consoante a definição da parede (2) Em zonas de baixa sismicidade a espessura mínima é de 170mm

Quadro 3.2 – Exigências de dimensões de paredes

O RGEU define a espessura mínima das paredes consoante a sua localização:

Paredes exteriores 25cm

Paredes divisórias entre fracções externas 25 cm

Paredes interiores 15 cm

o procedimento de ajuste entre a arquitectura e as paredes de função estrutural,m todos os pisos da construção deve ser feita a sobreposição das

plantas. Desta forma, permite-se ajustar as dimensões definidas na arquitectura com as necessárias dimensões das paredes. Estando estas estreitamente ligadas à dimensão das

Neste estudo de concepção, deve haver uma análise de pré dimensionamento, no sentido de averiguar a área suficiente de parede em planta para assegurar a resistências aos esforços

Figura 3.4 – Definição da espessura da parede em projeto

demonstra-se a necessidade de ajuste das espessuras das paredes na da unidade de alvenaria proposta para esta solução

definida não foi realizada de acordo com as dimensões do bloco e as linhas representativas das paredes não correspondem ao alinhamento dos blocos. Para este caso a arquitectura deve

lintel em alvenaria

Página 18

relativos às espessuras das 1 e apresentados no Quadro

EN 1996-1 150 mm

(1) 150

Exigências de dimensões de paredes

sua localização:

o procedimento de ajuste entre a arquitectura e as paredes de função estrutural, na feita a sobreposição das

se ajustar as dimensões definidas na arquitectura com as necessárias dimensões das paredes. Estando estas estreitamente ligadas à dimensão das

Neste estudo de concepção, deve haver uma análise de pré dimensionamento, no sentido de averiguar a área suficiente de parede em planta para assegurar a resistências aos esforços

Definição da espessura da parede em projeto

a necessidade de ajuste das espessuras das paredes na da unidade de alvenaria proposta para esta solução. A arquitectura

as linhas representativas . Para este caso a arquitectura deve

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De acordo com a norma NP EN 1998-1, os blocos que podem ser utilizados em zonas sísmicas devem pertencer ao grupo I e II, e a resistência mínima perpendicular às faces de assentamento é de 5 MPa.

A escolha da argamassa depende das normas NP EN 1996-1 e NP EN 1998-1. De acordo com a NP EN1996-1, a argamassa deve ter uma resistência à compressão mínima de 2 MPa, quando aplicada em juntas de assentamento, e de 4 MPa se for utilizada para execução de juntas de assentamento e preenchimento de vazios com armadura vertical.

A NP EN 1998-1 caracteriza a resistência mínima exigida à argamassa, tendo em conta o tipo de parede, assim sendo, para alvenaria simples ou confinada, a resistência à compressão mínima exigida é de 5 MPa e para alvenaria armada é de 10 MPa.

As armaduras utilizadas na construção podem ser armaduras ordinárias, lisa e nervurada ou armadura de junta em aço inoxidável, e a resistência mínima à rotura da aderência deve ser:

Classe de resist. Argamassa M2-M5 M5-M9 M10-M14 M15-M19 M20

Betão ---- C12/15 C16/20 C20/25 ≥C25/30

fbok para varões de aço carbono

(N/mm2) 0,5 0,7 1,2 1,4 1,4

Fbok para varões de aço

carbono de alta aderência e

de aço inoxidável (N/mm2)

0,5 1,0 1,5 2,0 3,4

Quadro 3.3 – Exigências de resistência do aço (NP EN 1996-1, 2008)

Para o estudo que foi realizado foram escolhidos blocos de betão com as dimensões de 400x200x185mm, duas armaduras pré-fabricadas com largura de 150 e 180mm e uma argamassa pré-fabricada.

3.2 Projecto estrutural de execução

3.2.1 Aplicação a casos de estudo

O caso de estudo, no âmbito do projecto Alvest, é uma moradia germinada de uma urbanização situada em Bragança

A moradia projetada é um T4, possuindo 3 pisos, cave, R/c e 1º andar. Foram definidos a localização dos quartos, cozinhas e casas de banho, das coretes e das tubagens para a eletricidade e da canalização. Neste tipo de construção, estas especialidades são relevantes, porque em paredes com função estrutural não se deve abrir roços para a passagens de tubagem.

No caso da parte eléctrica do edifício, deve ser definido a localização das tomadas, interruptores e todos os outros tipos de instalações que sejam colocados nas paredes. Os furos

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podem ser localizados e realizados com equipamentos específicos. A furação não deve danificar os septos verticais para não prejudicar a resistência do bloco, Figura 3.5.

Figura 3.5 – Local de furação no bloco

A tubagem do projecto hidráulico tem uma dimensão superior à tubagem para a instalação eléctrica, sendo em muitos casos inviável a sua passagem pelo interior dos blocos em paredes estruturais. No ponto 3.3.2, dão-se alguns exemplos de aplicação da canalização.

A arquitectura definida para as moradias é de geometria simples, tendo o formato rectângular.

Figura 3.6 – Vistas em 3D da moradia

Entre cada piso, a distribuição da massa, em cada uma das direcções, deve ser idêntica, tentando que a rigidez seja equilibrada.

No desenho da arquitectura existe a necessidade de diferenciar as paredes de acordo com a função que vão desempenhar, Figura 3.7

Lintel

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PD- Paredes divisórias Cr- Couretes PE – Paredes Estruturais

Figura 3.7 – Localização de paredes divisórias e estruturais

3.2.2 Sugestão de soluções para o projecto de alvenaria estrutural

O projecto de urbanização e infraestruturas foi feito por gabinete técnico especializado bem como a definição dos edifícios da urbanização.

O projecto dos edifícios foi iniciado pelo estudo da respectiva arquitectura. Para a concepção estrutural da respectiva planta arquitectónica, o estudo da estrutura em alvenaria deve ter por base o tipo de bloco, a argamassa e o tipo de armadura a utilizar. As características mecânicas destes três materiais devem cumprir as exigências das normas em vigor.

Para escolher a armadura que cumpre as regras da norma NP EN 1996-1, simulou-se a colocação das duas armaduras no bloco. Chegou-se à conclusão de a armadura com 150mm cumpria o recobrimento mínimo de 20mm exigido na norma NP EN 1996-1 mas não ficava totalmente embebida na junta de argamassa não se podendo assegurar a correcta ligação entre os dois materiais. A simulação realizada com a armadura de 180mm permite observa que fica totalmente embebida dentro da argamassa mas não cumpre o recobrimento mínimo exigido.

PD

Cr

PD

PE

PE

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a) Bloco com armadura de 15cm

b) Bloco com armadura de 18cm

Figura 3.8 – Propostas para o tipo de armadura

Em fase de projecto, deve ser analisado a entrega da laje na parede.

Foram estudadas 3 propostas para a execução deste pormenor. Elemento comum entre as propostas é a execução de uma viga lintel, recorrendo a blocos canalete, que será preenchido com betão com formato em U.

Apresentam-se três tipos de entrega que se podem realizar, tendo como objetivo melhorar a interseção entre a parede e a laje, Figura 3.9.

a)

a) Vigotas b) Abobadilhas c) Armadura d) Betão e) Lintél

b)

c)

Figura 3.9 – Propostas para entrega da laje na parede

3 cm

2 cm

3 cm

1 cm

c)

d)

a)

a)

b)

b)

c)

e)

e)

a)

b)

c)

e)

a) b) c)

e)

a) a)

b) b)

c)

c)

e) e)

d)

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Na Figura 3.9 a) a ligação da laje à parede é repartida por estribos com dois tamanhos diferentes, onde a espaçamento entre eles é igual em todo o comprimento da viga lintel. Nas zonas onde a vigota é entregue na laje o estribo utilizado tem as dimensões de 12x12cm, enquanto nas zonas onde não existe a entrega da laje, o estribo utilizado tem as dimensões de 12x30cm.

Na Figura 3.9 b) a ligação da laje é realizada através de estribos colocados nas zonas onde não existe entrega da laje. A armadura utilizada vai abraçar as vigotas.

Na Figura 3.9 c) a ligação da laje à parede é feita através de um varão de aço em formato de grampo colocado na direcção da viga lintel. O varão de aço vai ligar as vigotas à armadura colocada dentro do lintel.

Estas armaduras não se contabilizam para o cálculo de dimensionamento, são meramente construtivas embora aumentem a resistência da ligação entre a laje e a parede.

Em zona de padieiras, Figura 3.10 – Propostas para realização de padieiras, propôs-se a realização da viga lintel com bloco canalete ou só com blocos e armadura. São propostos três tipos de viga, sendo objecto de estudo neste trabalho, no capítulo 4 – análise experimental.

a) b) c) Figura 3.10 – Propostas para realização de padieiras

A viga proposta na Figura 3.10 a) é constituída por uma primeira fiada como viga lintel, e duas fiadas superiores constituídas por blocos. A armadura utilizada é uma armadura convencional constituída por 4 varões longitudinais e estribos transversais.

A viga padieira proposta na Figura 3.10 b) é idêntica à viga da Figura 3.10 a) excepto no tipo de armadura utilizada. Nesta proposta a viga é realizada através da amarração de 4 armaduras pré-fabricadas (Murfor) utilizando arame queimado para o processo.

A viga padieira da Figura 3.10 c) é constituída por 3 fiadas de blocos, tendo em elas, armadura na face de baixo e de cima do bloco da primeira fiada. Os blocos não são preenchidos, e o elemento que assegura uma ligação dos blocos à armadura á a argamassa colocada no comprimento dos seus septos longitudinais.

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Na construção de edifícios, são realizadas aberturas nas paredes para a colocação de portas e janelas. Em alguns casos, é necessário a utilização de caixilhos para a

Na Figura 3.11 apresenta

a) ) (Eurostar, 2007)

Figura 3.11

A proposta da Figura 3.11largura é maior que o bloco escolhido e implica uma correcção no alinhamento da parede, através da aplicação de placas de isolamento térmico de diferentes espessuras, para receber o acabamento final.

Na Figura 3.11 b) (Eurostar, 2007)a do bloco, a correcção no alinhamento da parede, para executar o revestimento, é pontual (zonas com caixilhos).

A proposta estudada Figura 3.maior que a largura do bloco utilizado. Esta dimensão é apropriada para parepelo menos 30 cm de espessura. Para esta moradia, as paredes são constituídas por blocos com 20 cm de largura e o apoio para este tipo caixa de estores

3.2.3 Esquemas de pormenorização e detalhe técnico

A construção de um ediacordo com o que está estipulado no projeto. A construção de cada parede estrutural segue uma modulação definida e que deve ser respeitada mediante o estudo realizado.

O projeto deve complementar desenhos no qual está definido a posição de cada tendo em conta a sua fiada.cada desenho qual a fiada representada.

e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria

Na construção de edifícios, são realizadas aberturas nas paredes para a colocação de portas e janelas. Em alguns casos, é necessário a utilização de caixilhos para a

apresentam-se algumas propostas estudadas:

) (Eurostar, 2007)

b) ) (Eurostar, 2007) c)

11 – Propostas para execução dos caixilhos para janelas

11 a) (Eurostar, 2007), a caixa de estores utilizado é em pvlargura é maior que o bloco escolhido e implica uma correcção no alinhamento da parede, através da aplicação de placas de isolamento térmico de diferentes espessuras, para receber o

(Eurostar, 2007), a caixa de estores é de pvc e a sua largura a do bloco, a correcção no alinhamento da parede, para executar o revestimento, é pontual

Figura 3.11 c),a caixa de estores é de betão, a suamaior que a largura do bloco utilizado. Esta dimensão é apropriada para parepelo menos 30 cm de espessura. Para esta moradia, as paredes são constituídas por blocos com 20 cm de largura e o apoio para este tipo caixa de estores é impraticável.

3.2.3 Esquemas de pormenorização e detalhe técnico

A construção de um edifício utilizando blocos com função resistente deve ser feita de estipulado no projeto. A construção de cada parede estrutural segue

inida e que deve ser respeitada mediante o estudo realizado.

O projeto deve complementar desenhos no qual está definido a posição de cada tendo em conta a sua fiada. Existem fiadas que se repetem, deve ser referido nas legendas de cada desenho qual a fiada representada.

lintel em alvenaria

Página 24

Na construção de edifícios, são realizadas aberturas nas paredes para a colocação de portas colocação de estores.

c)

os caixilhos para janelas

utilizado é em pvc. A sua largura é maior que o bloco escolhido e implica uma correcção no alinhamento da parede, através da aplicação de placas de isolamento térmico de diferentes espessuras, para receber o

a sua largura é menor que a do bloco, a correcção no alinhamento da parede, para executar o revestimento, é pontual

a sua largura é de 30 cm maior que a largura do bloco utilizado. Esta dimensão é apropriada para paredes duplas com pelo menos 30 cm de espessura. Para esta moradia, as paredes são constituídas por blocos

impraticável.

fício utilizando blocos com função resistente deve ser feita de estipulado no projeto. A construção de cada parede estrutural segue

inida e que deve ser respeitada mediante o estudo realizado.

O projeto deve complementar desenhos no qual está definido a posição de cada bloco xistem fiadas que se repetem, deve ser referido nas legendas de

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A elevação de cada parede deve seguir os passos (ABCI, 1998) representados na Figura 3.12:

1. Colocação dos blocos nas interseções de paredes ou aberturas de portas;

2. Construção da primeira fiada de blocos;

3. Elevação nas zonas de interseção de paredes ou de aberturas de fendas até à 5 fiada;

4. Elevação total da parede

1. Marcação de fiadas

2. Construção da 1ª fiada

3. Elevação das fiadas nas interseções

4. Elevação total da parede

Figura 3.12 – Etapas da elevação de uma parede

A elevação das paredes que inicia-se nos cantos (intersecções de paredes ou locais de aberturas), Figura 3.12 - 3, devendo ser limitado a 6 fiadas para que a argamassa tenha tempo de cura e ganhe capacidade de resistência à carga que vai ser submetida (peso dos blocos). A argamassa deve também ser comprimida já que esta acção contribui também para a sua capacidade resistente, Figura 3.13

Figura 3.13 - Tipo de juntas de argamassa (Stuart and Francis Group, 2001)

A aplicação de armadura em juntas horizontais é obrigatória devendo existir um pormenor a definir quais são as fiadas onde se vão aplicar, Figura 3.14.

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Figura 3.14 – Aplicação de juntas nas fiadas horizontais

No caso em que utiliza armadura vertical, deve ser representado na parede a sua localização. A dimensão máxima da armadura vertical está condicionada pela dimensão interior do bloco.

Tendo em conta o tipo de estrutura que se utiliza, as sapatas que se vão construir são sapatas continuas, Figura 3.15.

Figura 3.15 – Pormenor de localização das sapatas

A construção das sapatas é no alinhamento das paredes, visto serem a sua base de assentamento e de transmissão de esforços para o solo.

A opção construtiva apresentada na Figura 3.16, a sapata tem uma base em betão armado e duas fiadas de blocos até atingir a cota do primeiro piso.

1) Laje do r/chão 2) Sapata 3) Fiadas de blocos

Figura 3.16 – Pormenor de execução da sapata e número de fiadas até à fiada do piso

1)

2)

3)

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3.3 Projecto técnico de execução

3.3.1 Esquemas de pormenorização de carácter térmico para a execução

A térmica dos edifícios tem vindo a ganhar muita importância nos tempos que correm, nomeadamente, por permitir os utentes pouparem com gastos de energia, seja para aquecimento durante o inverno ou de arrefecimento durante o verão.

Existem diversas maneiras de executar um isolamento térmico de um edifício, podendo ser utilizado pelo interior do edifício como pelo exterior. O problema com o uso do isolamento térmico pelo interior do edifício é a existência de pontes térmicas ao nível das lajes.

Em projecto deve ser definido as situações de ponte térmica do edifício, Figura 3.17, e apresentados pormenores de ligações entre (RCCTE, 2004):

• Fachada com pavimentos térreos

• Fachada com pavimentos locais não úteis ou exteriores

• Fachada com pavimentos intermédios

• Fachada com cobertura inclinada ou terraço

• Fachada com varanda

• Entre duas paredes verticais

• Fachada com caixa de estore

• Fachada com padieira, ombreira ou peitoril

A – Figura 3.19.a) B – Figura 3.19. f) C – Figura 3.19.c) D – Figura 3.19.b) E – Figura 3.19.e) F – Figura 3.19.d)

Figura 3.17 – Identificação de pontes térmicas

A

B

C

D

E

F

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De uso mais corrente e mais eficiente é aplicação do isolamento térmico pelo exterior, tendo como principal vantagem a correção das pontes térmicas existentes relativamente à opção anterior, Figura 3.18.

1) Argamassa de colagem 2) Placa de isolamento térmico 3) Argamassa mais rede de fibra de

vidro 4) Camada de regularização 5) Acabamento final

Figura 3.18 – Pormenor de execução de revestimento de uma parede

De seguida apresentam-se alguns pormenores que têm o objetivo de corrigir as pontes térmicas que existem ao nível do solo, varandas ou terraços, remates com peitoril de janela, remate em padieira, remates de ombreiras de janelas, remate de topo de parede (beirado) e remate de esquina, Figura 3.19, em anexo apresentam-se os desenhos completos.

a) Nível do solo

b) Arranque sobre terraço

c) Remate com ombreiras de janelas

d) Remate com peitoril de janelas

e) Remate em padieira de janelas

f) Remate de esquina

Figura 3.19 – Pormenores de isolamento térmico (Weber, Manual Técnico)

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3.3.2 Esquemas de pormenorização e detalhe técnico para a execução das instalações

• Instalações Eléctricas

Os constituintes das instalações eléctricas são tomadas, interruptores, tubagem, cabos eléctricos e quadro geral.

A colocação das tomadas e dos interruptores nas paredes de alvenaria devem ser analisadas em fase de projeto e na fase de obra devem ser colocadas nos respetivos lugares, Figura 3.20

Figura 3.20 – Pormenor para passagem de instalação elétrica

A instalação de uma tomada começa pela furação dos orifícios no bloco, recorrendo ao uso de equipamento adequado, uma berbequim e uma caroteadora. O bloco é furado antes de ser aplicado e a tubagem eléctrica é executada durante o levantamento da parede, havendo duas especialidades da construção civil a trabalhar em equipa durante esta fase, os pedreiros e os electricistas.

Para a instalação de tomadas ou interruptores, é necessário realizar furações em dois blocos, sendo um deles a entrada da tubagem eléctrica e o segundo no local da colocação da tomada ou interruptor. A Figura 3.20 representa a instalação de uma tomada eléctrica a 50cm da cota do pavimento.

O quadro eléctrico é um elemento com dimensões consideráveis, não devendo ser colocado na parede de alvenaria estrutural, Figura 3.21. Deve ser construída uma parede não estrutural onde possa ser instalado o quadro e assim podem realizar-se as furações necessárias para passar a tubagem elétrica.

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1) Quadro elétrico 2) Parede de alvenaria cerâmica

Figura 3.21 – Pormenor de instalação de quadro elétrico

• Instalações Hidráulicas

Na instalação hidráulica é recorrente o uso de tubagem e acessórios de diâmetros consideráveis, sendo a sua aplicação em paredes resistentes é impraticável. Uma solução passa por executar uma parede paralela, em bloco convencional e sem função estrutural, para instalar a tubagem.

O tubo de queda caracteriza-se por ter um diâmetro maior comparativamente à restante instalação hidraúlica e por passar em todos os pisos da habitação. A sua instalação pode ser prevista na fase de betonagem das lajes, com a aplicação de negativos, ou então, após a cura do betão realiza-se uma furação com o diâmetro do tudo de queda.

A figura 3.22 demonstra uma proposta para o revestimento do tubo de queda com a construção de duas paredes em blocos cerâmicos sem função estrutural.

figura 3.22 – Pormenor para embutir o tubo de queda

A rede de esgotos e rede de águas para os equipamentos sanitário ou de cozinha, utilizam-se tubagens com menor diâmetro comparativamente ao tubo de queda. Na Figura 3.23 mostra-se duas alternativas em como realizar estes trabalhos.

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a) Parede com rebaixos para encaixe de kit

hidráulico b) Parede tipo sandwich

Figura 3.23 – Pormenores para realizar rede de águas

Na Figura 3.23 a) é utilizado uma parede auxiliar com rebaixo (zonas sem blocos) por onde passa a tubagem hidráulica para os equipamentos. A espessura da parede de alvenaria auxiliar deve ser no mínimo a largura do tubo com maior diâmetro que passa na parede, para não haver imperfeições no acabamento final.

A Figura 3.23 b) mostra uma parede de alvenaria (tipo parede dupla) que fica afastada da parede com uma distância mínima igual ao maior diâmetro de tubo que passagem naquela parede.

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4 Análise experimental

4.1 Estudos experimentais em materiais para estruturas de alvenaria

4.1.1 Unidades de alvenaria

• Caraterização geométrica

Os requisitos para a caracterização geométricas dos blocos é definido na norma EN 722-16.

Para a determinação das dimensões do bloco, recorre-se a utensílios tais como fita métrica e paquímetro. No Quadro 4.1 apresenta-se o erro máximo que o utensílio utilizado pode ter para este ensaio de acordo com os requisitos definidos na norma de ensaio EN 772-16.

Tolerância em relação à dimensão a ser medido (especificado na EN771) (mm)

Máximo Erro admissível (mm)

≤ 1 0,2 ≥ 1 0,5

Quadro 4.1 – Tolerâncias de erro (EN 722-16, 2000)

De acordo com a norma EN 772-16, a amostra deve ser composta de, pelo menos, 6 provetes excepto quando for especificado um número maior.

Cada provete deve ser retificado de modo a eliminar quaisquer materiais supérfluos aderentes ao bloco ou corrigir algumas irregularidades existentes.

O ensaio consiste na determinação do comprimento (��), a largura (��) e a altura (ℎ�) usando o procedimento definido na norma EN 772-16 de acordo com o esquema da Figura 4.1.

Figura 4.1 – Pontos de medição

Após a realização do procedimento definido acima são determinados os valores para a caracterização geométrica, obtendo as dimensões da unidade de alvenaria através de valores médios.

A determinação das dimensões foi realizada em nove amostras, sendo os resultados apresentados no Quadro 4.2.

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UN �� �� ℎ�

1 400,5 201,3 186,5

2 400,7 199,3 185

3 401,0 200,0 184,5

4 401,0 200,5 185

5 401,3 200,0 186,5

6 401,5 200,3 186,5

7 400,7 200,0 184,5

8 401,0 200,0 185

9 401,5 200,3 186,5

Méda 401,0 200,2 185,6

Quadro 4.2 – Dimensões do bloco

Sendo :

- �� o valor médio do comprimento;

- �� o valor médio da largura;

- ℎ�o valor médio da altura.

Através do estudo realizado determinou-se que, com um grau de confiança de 95%, as dimensões dos blocos estarão dentro dos intervalos apresentados no Quadro 4.3

L ( em mm) W ( em mm) h ( em mm) Interconfi. 95% [401-0,22 ; 401+0,22] [200,2-0,27 ; 200,2+0,27] [185,6-0,60 ; 185,6+0,6]

Quadro 4.3 – Intervalo de confiança

De acordo com a norma EN 772-16, a caraterização geométrica deste bloco contempla a determinação das dimensões dos septos existentes. Os pontos de medição estão representados na Figura 4.2.

a) Septos inferiores

b) Septos superiores

Figura 4.2– Pontos de medição dos setos

A determinação da largura dos septos é calculada pelas médias dos septos inferiores e dos

septos superiores e de forma aproximada, consideram-se as dimensões dos septos (��) determinada como sendo a média entre as dimensões dos septos inferiores e superiores.

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UN tssup tssinf ��

1 39,38 27,00 33,19

2 38,63 27,00 32,81

3 37,63 27,13 32,38

4 39,25 27,00 33,13

5 39,00 27,00 33,00

6 39,25 27,00 33,13

7 38,25 27,00 32,63

8 37,75 26,75 32,25

9 38,50 27,50 33,00

Média 38,60 27,00 32,80 Quadro 4.4 – Medidas dos septos

Em que:

- �� é o valor médio da espessura dos septos.

Determinou-se que, com um grau de confiança de 95%, a dimensão dos septos dos blocos estão dentro do intervalo conforme se apresenta no Quadro 4.5.

t (mm) Int. de confi.95% [32,8-0,22;32,8+0,22]

Quadro 4.5 – Intervalo de confiança relativo às dimensões dos septos

De acordo com a tolerância definida pela norma EN771-3 e que deve ser referida pelo fabricante, e o bloco em estudo e classificado com sendo da categoria D3. Esta é caraterizada pelos menores valores definidos no intervalo conforme se apresenta no Quadro 4.6.

Tolerância Categoria

D1 (mm) D2 (mm) D3 (mm)

Comprimento -5/+3 -3/+1 -3/+1 Largura -5/+3 -3/+1 -3/+1 Altura -5/+3 ±2 ±1,5

Quadro 4.6 – Tolerância de dimensões ( NP EN 1996 - 1,2008)

A norma EN 772-2 descreve o ensaio para a determinação do volume de vazios do bloco. Este ensaio consiste em pressionar um bloco contra uma folha, com uma força de 3 KN, deixando as marcas dos seus contornos. De seguida, determina-se as áreas dos vazios existentes e calcula-se a percentagem de furação do bloco

Neste estudo, a determinação dos vazios do bloco foi realizada através de dois processos, determinação através de cálculo de volumes e ensaios experimental.

O primeiro processo é através do cálculo, tendo em conta os valores médios das dimensões do bloco já determinados, pode-se calcular a percentagem de vazios recorrendo à expressão 1.

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���çã� =

�� − 4 ∗ ��) ∗ �� − 2 ∗ ��)) ∗ ℎ��� ∗ �� ∗ ℎ�

expressão 1

Em que:

- �� o valor médio do comprimento;

- �� o valor médio da largura;

- ℎ�o valor médio da altura;

- �� o valor médio da espessura dos septos.

O segundo processo realizado, através de ensaios, consiste na pesagem do bloco com os vazios preenchidos com areia, de densidade graduada conhecida, comparativamente à massa do bloco, Figura 4.3.

a) Pesagem do bloco em estado seco b) Pesagem do bloco preenchido com areia Figura 4.3– Pesagem do blocos

O cálculo da percentagem de recorrendo a este método é através da expressão 2.

���çã� =

��������� −���������

expressão 2

Em que:

- ��������� é a massa do bloco preenchido com areia;

- ������ é a massa do bloco;

- ��� é a densidade da areia em estado seco.

Através do segundo processo, foram determinados os parâmetros volumétricos para a caraterização do bloco apresentados no Quadro 4.7.

Designação Vapar (m3) Vfuração (m3) % furação

1 1,49E-2 6,71E-3 45,14

2 1,44E-2 6,60E-3 45,75

3 1,48E-2 6,89E-3 46,56

4 1,48E-2 6,66E-3 44,87

5 1,48E-2 6,58E-3 44,22

6 1,48E-2 6,65E-3 44,80

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Média 1,48E-2 6,68E-3 45,23

Quadro 4.7 – Volumes e percentagem de furação

Em que:

- Vapar é o volume aparente do bloco;

- Vfuração é o volume de vazios do bloco;

- % furação é a percentagem de furação do bloco.

A planeza definida pela norma EN 772-20 é uma característica que permite avaliar a regularidade e a perpendicularidade entre as várias faces do bloco. As medidas retiradas do

ensaio não devem ser maior que 2mm ou 0,1��� mm onde ld é o comprimento da diagonal do

bloco.

Para a realização deste ensaio é necessário uma régua, um papa-folgas, Figura 4.4, e um paquímetro.

Figura 4.4 – Papa-folgas (bike it)

A determinação da folga é realizada através da colocação de uma régua nas diagonais de cada face e passando com o papa folgas nas zonas em que seja visível a existência de um vazio entre a régua e o bloco permitindo avaliar concavidades das faces. São registados 4 valores, dois em cada uma das faces.

O valor de ld determina-se colocando um paquímetro nas diagonais das faces do bloco. Em cada uma das faces regista-se duas medidas da diagonal. Na Figura 4.5 apresenta-se as diagonais que devem ser medidas em cada face do bloco.

Figura 4.5– Medição de diagonais

Ld1

Ld2

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Na determinação da planeza dos blocos foram utilizados 6 provetes, na qual foram medidas as duas diagonais em cada uma das faces e a folga existente entre a régua e a face do bloco.

O Quadro 4.8 apresenta os valores medidos, através do papa-folgas, das folgas existentes nos blocos.

Face A Face B

Provete Ld1(mm) Ld2(mm) média Ld1(mm) Ld2(mm) média

1 0,2 0,4 0,3 0,05 0,8 0,425

2 0,2 0,55 0,375 0,3 0,05 0,175

3 0,2 0,35 0,275 0,15 0,6 0,375

4 0,4 0,45 0,425 0,35 0,95 0,65

5 0,55 0,75 0,65 0,2 0,2 0,2

6 0,25 0,3 0,275 0,2 0,95 0,575 Quadro 4.8 – Determinação de medidas para ensaio de planeza

O valor médio para ld é de 442mm, sendo que pode ser medido ou calculado através das medições lu e de hu, recorrendo à expressão 3.

��� = ��

� + ℎ�� expressão 3

Assim sendo determinou-se que 0,1��� é igual a 2,1mm. O valor máximo medido nos

blocos foi de 0,65. Desta forma, de acordo com a norma EN771-3, a amostra de blocos pode ser declarado como tendo as suas faces planas.

• Caraterização física

A caraterização física dos blocos é feita por uma série de ensaios normalizados, sendo eles, ensaios de absorção por capilaridade, ensaio de absorção e caraterização da massa volúmica do bloco.

I. Caracterização da massa volúmica

A determinação da densidade exigida pela norma EN 772-13, do bloco consiste em realizar uma secagem do bloco até ter uma massa constante e determinar o seu volume líquido e bruto, após estes passos realizados pode ser calculada a densidade líquida e bruta dos blocos.

O procedimento para o cálculo da densidade dos blocos consiste em realizar os seguintes ensaios:

1. Secar o provete a uma temperatura de 70ºC±5ºC numa estufa ventilada até ter um peso

constante. O peso constante é determinado quando a realização de pesagem

consecutivas num periodo de 24 horas, a diferença de perda de peso do bloco entre as

pesagens não é superior a 0,2% do peso total. Após a última pesagem regista o valor

para o peso seco do bloco (mdry)

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2. Para o cálculo da densidade seca, recorre-se a expressão 4, onde mdry é o valor da

massa constante do bloco e Vg,u é o volume do bloco. A este volume tem que ser

retirado o valor dos vazios.

�!,� =#$%&

'(,)× 10- .//12) expressão 4

Sendo �!,� = �� ∗ �� ∗ ℎ� ∗ 1 −%456789)(mm3)

Para a determinação da massa volúmica dos blocos utilizaram-se 6 provetes, que foram pesados no seu estado seco, estando os valores registados no Quadro 4.9.

Provete mdry,u (Kg) Vapar (m3) % furação �!,�(Kg/m3)

1 13,367 1,49E-2 45,14 1638,24 2 13,660 1,44E-2 45,75 1745,82 3 13,453 1,48E-2 46,56 1700,97 4 13,481 1,48E-2 44,87 1648,18 5 13,612 1,49E-2 44,22 1640,80 6 13,497 1,48E-2 44,80 1648,04

Quadro 4.9 – Determinação da massa volúmica aparente

Tendo em conta os valores apresentados no Quadro 4.9, a massa volúmica representativa deste tipo de bloco é de 1670,34 Kg/m3.

II. Absorção por capilaridade

O ensaio de absorção por capilaridade, norma EN 772-11, consiste na pesagem dos blocos de betão no seu estado seco e no estado húmido após a sua imersão em água, com uma determinada altura de água de 5±1mm, durante 10 minutos.

Inicialmente pesa-se os blocos no seu estado seco (mdry), com uma balança, Figura 4.6.

Figura 4.6 - Pesagem de bloco em estado seco

De seguida os blocos são colocados, tendo em conta a sua face de assentamento, num recipiente com água, Figura 4.7, onde o nível da água é de 5±1mm acima da base de assentamento do bloco, sendo que o nível da água tem que permanecer constante durante o tempo do ensaio.

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Figura 4.7- Bloco durante o ensaio

Após o tempo de imersão, os blocos são retirados do recipiente e as suas faces são limpas com um pano seco, para a remover a água em excesso presente nos vazios abertos do bloco, Figura 4.8.

Figura 4.8- Bloco após a realização do ensaio

De seguida, o bloco é pesado, sendo que esta pesagem designada por mso.

Após a realização do ensaio, determina-se o coeficiente de absorção de água por capilaridade pela expressão 5.

:;,< =1<� −1�=>< × ��<

× 10- expressão 5

Em que:

- 1<� Massa do bloco saturado;

- 1�= Massa do bloco em estado seco;

- >< Área saturada;

- �< Tempo de ensaio (10 minutos).

A determinação da absorção de água por capilaridade inicial é realizada pela expressão 6.

:;�,< =1<�,< −1�=>< × �<�

× 10- expressão 6

Na qual tso é 1 minuto.

Foram realizados ensaios em nove blocos para a determinação da absorção de água por capilaridade.

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Os valores registados no ensaio são apresentados no Quadro 4.10.

Designação As (mm2) tso (s) mdry (g) mso (g) 1 43980,31 600 12785 12950 2 43980,31 600 12736 12954 3 43980,31 600 12492 12548 4 43980,31 600 12695 12910 5 43980,31 600 12805 12859 6 43980,31 600 12791 12907 7 43980,31 600 12423 12547 8 43980,31 600 13055 13157 9 43980,31 600 12624 12750

Quadro 4.10 – Medidas para determinação do ensaio de absorção por capilaridade

Tendo em conta os valores registados, foi possível a determinação do valor da absorção por capilaridade inicial e no final do ensaio, Quadro 4.11, recorrendo à expressão 5.

Designação cwi,s (kg/m2xs0,5) cw,s (g/m2xs0,5) 1 3,8 153,2 2 5,0 202,4 3 1,3 52,0 4 4,9 199,6 5 1,2 50,1 6 2,6 107,7 7 2,8 115,1 8 2,3 94,7 9 2,9 117,0

Quadro 4.11 - Resultados dos ensaios de capilaridade

O valor médio determinado para absorção de água por capilaridade no final do ensaio é de 121,3 (g/m2xs0,5), enquanto o valor médio para absorção de água inicial é de 3,0 (kg/m2xs0,5).

• Caracterização mecânica a acções de compressão

A norma EN 772-1 define os procedimentos dos ensaios de compressão a blocos. Para o ensaio, os blocos são rectificados de modo a remover material superficial. Para garantir a planeza e paralelismo entre as faces do bloco, usa-se uma argamassa fluída, de modo a preencher todos os poros da superfície do bloco, resultando numa “capa de argamassa” de acordo com a norma EN 772-1, Figura 4.9.

Figura 4.9 – Rectificaçao dos blocos

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Para este estudo utilizaram-se diferentes meios de regularização, obrigando a uma diferenciação por tipo de ensaios. Desta forma pretende-se avaliar se a regularização preconizada pela norma poderá ser substituída por outra solução de utilização mais simples e rápida. Assim, consideram-se os quatro processos de regularização utilizados na realização dos ensaios:

• Ensaios com regularização das faces de contacto dos blocos com os pratos da prensa através da colocação de borrachas de neoprene de 10mm;

• Ensaios com regularização das faces de contacto dos blocos com os pratos da prensa através da colocação de placas de 3mm de espessura em cartão com as faces de superfície em pvc;

• Ensaios com regularização das faces de contacto dos blocos com os pratos da prensa através da colocação de placas de cartão prensado de elevada densidade com 3mm de espessura.

• Ensaios com a regularização preconizada pelo sistema normativo, feita através da execução de capa em argamassa ao traço 1:1, com espessuras de cerca de 10mm em cada face de contacto com os pratos da prensa;

Antes de iniciar o ensaio de compressão, a velocidade de ensaio da prensa tem que ser configurada de acordo com a norma. Inicialmente testou-se um bloco à compressão com uma velocidade não especificada durante ±5 minutos para saber a força de resistência expectável. Tendo em conta que o bloco resistiu mais do que 200KN, sem aparecer nenhuma fissura, adoptou-se a velocidade de ensaio de 1N/mm2/s.

Estando a prensa configurada para o ensaio, coloca-se o bloco entre os pratos da prensa, devendo estar centrado com os pratos da prensa, e estes devidamente alinhados com o eixo de actuação da força (êmbolo), Figura 4.10.

a) Máquina de compressão

b) Bloco posicionado na máquina de compressão

Figura 4.10- Bloco posicionado para realização de ensaio

Os valores da força de compressão são medidos pelo aparelho da prensa, que no fim do ensaio regista os valores máximos obtidos para posterior análise de dados, Figura 4.11.

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Figura 4.11- Aparelho de medição da força aplicada no bloco

Com os valores da força de compressão, calculam-se os valores para a força de ruptura (?) do bloco pela expressão 7.

? = ?8@ç5@8�.

�� ∗ �� ∗ 1 −%��çã�) expressão 7

De acordo com a norma EN 772-1, o valor de média da compressão calculado, tem que ser normalizado através da multiplicação da força de ruptura por um factor de forma (δ), expressão 8.

?� = B ∗ ?

expressão 8

A força de compressão normalizada (?�) é a resultante da multiplicação do factor de forma com o valor da força de ruptura.

O valor do fator de forma (δ) pode ser consultado no Quadro 4.12 e depende da altura e largura. Para o caso em estudo o factor de forma é de 1,15.

Largura 50 100 150 200 ≥250 Altura

40 0,80 0,70 50 0,85 0,75 0,70 65 0,95 0,85 0,75 0,70 0,65 100 1,15 1,00 0,90 0,80 0,75 150 1,30 1,20 1,10 1,00 0,95 200 1,45 1,35 1,25 1,15 1,10 ≥250 1,55 1,45 1,35 1,25 1,15

Quadro 4.12 - Factor de forma (EN 772-1 2000)

Para este conjunto de unidades que compõem a amostra utilizou-se como material de regularização das faces do bloco um cartão prensado com densidade de 1,048g/cm3. No Quadro 4.13 apresentam-se os valores registados dos ensaios realizados para determinação da resistência à compressão do bloco.

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Designação Mat. reg. Força de rot. (Kn) f (Mpa) 1 cartão prensado 539,55 12,27 2 cartão prensado 496,41 11,29 3 cartão prensado 479,41 10,90 4 cartão prensado 459,79 10,45 5 cartão prensado 520,17 11,83 6 cartão prensado 495,49 11,27 7 cartão prensado 545,98 12,41 8 cartão prensado 486,16 11,05 9 cartão prensado 474,92 10,80

Média 499,76 11,36 Desv. Pad. 29,54 0,67 Coef. Vari. 0,06 0,06

Inter. Conf. 95% [499,76±29,54] Quadro 4.13 – Determinação da força de compressão rectificado com cartão prensado

Designação Mat. reg. Força de rot. (Kn) f (Mpa) JPG18.U12 recti. c/ argamassa 617,63 14,04 JPG18.U07 recti. c/ argamassa 614,52 13,97 JPG18.U11 recti. c/ argamassa 531,57 12,09 JPG18.U10 recti. c/ argamassa 598,31 13,60 JPG18.U06 recti. c/ argamassa 611,53 13,90 JPG18.U05 recti. c/ argamassa 537,93 12,23

Média 585,25 13,31 Desvio Pad. 39,72 0,90 Coef.Varia. 0,07 0,07

Int.Conf. 95% [585,25±22,47] Quadro 4.14 – Determinação da força de compressão rectificado com argamassa

No Quadro 4.15 apresenta-se o número de ensaios realizados tendo em conta a superfície de regularização utilizada.

JPG18 Mat. Reg. Nº Unidades Forç. Rot. (Kn) F(MPa) δ fb(MPa)

Cartão (ρ=1,048g/cm3) 10 483,79 11,36 1,15 13,07 Borracha 3 236,50 5,38 1,15 6,18

Rect. c/ argamassa 6 585,25 13,31 1,15 15,30 Car.branco (ρ=0,605g/cm3) 2 416,60 9,47 1,15 10,89

Quadro 4.15 – Médias da força de compressão

Comparando os resultados obtidos do ensaio de compressão aos blocos JPG18 entre a regularização com argamassa e a regularização com cartão de densidade 1,048g/cm3, verifica-se que a resistência do bloco é superior a 10MPa, sendo este o valor estimado pelo estudo de prévio da resistência. Pode-se dizer que o cartão adoptado neste estudo substitui a argamassa eficazmente já que se obteu os valores pretendidos da resistência do bloco.

Nos ensaios realizados nos blocos à compressão, foi possível verificar que o bloco quando sujeito à compressão fissura pelos seus elementos de menor resistência ao corte, argamassa e leca (argila expandida), Figura 4.12.

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a) Tipo de fissura1 b) Tipo de fissura 2

Figura 4.12 – Ensaio de compressão em blocos

4.1.2 Argamassa de assentamento

• Caraterização mecânica

A escolha da argamassa utilizada incidiu numa argamassa pré-doseada devido ao benefício inerentes ao seu uso, rapidez de produção e regularidade da mistura.

No estudo da argamassa pré-doseada utilizada para a realização dos ensaios, é essencial efectuar a caraterização mecânica. De acordo com as exigências normativas, a argamassa deve ter uma resistência mecânica à compressão superior a 5MPa para o caso de aplicação em alvenaria simples ou confinada e superior a 10MPa em caso de aplicação em alvenaria armada.

Os ensaios que se realizaram foram ensaios de flexão e de compressão aos 7, 14 e 28 dias. Em cada dia, foi ensaiado 3 provetes à flexão e 6 à compressão.

Para a realização dos ensaios a compressão e flexão, a argamassa foi colocada num molde com as dimensões 40mm x 40mm x 160mm. Após a mistura ser colocada e compactada no molde, este foi colocado numa câmara húmida durante 24 horas. Após essas 24 horas o molde era retirado da câmara e os provetes desmoldados e imersos dentro de água até a realização dos ensaios.

Nos ensaios de flexão, os provetes foram colocados num sistema, na qual os apoios estão distanciados 2/3 de 160mm e a carga é aplicada no centro do provete, Figura 4.13.

Figura 4.13 – Ensaio de provete de argamassa à flexão

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Após a realização dos ensaios de flexão, são feitos os ensaios de compressão. Os provetes a utilizar neste ensaio são as metades resultantes do ensaio de flexão, Figura 4.13.

Estas metades são colocadas no equipamento de ensaio sendo ensaiados até à rotura, Figura 4.14.

Figura 4.14 – Ensaio à compressão do provete de argamassa

Após a realização dos ensaios de compressão registaram-se os valores e determinou-se a tensão de rotura apresentada no Quadro 4.16.

14 Dias Flexão

Compressão

P Carga de

rotura (kN) σrotura (MPa)

P Carga de

rotura (kN)

σrotura (MPa)

A 1,00 2,50 A1 8,81 5,51 A2 8,24 5,15

B 0,96 2,40 B1 7,40 4,63 B2 9,18 5,74

C 0,99 2,48 C1 7,98 4,99 C2 7,32 4,58

Média 0,98 2,46 8,16 5,10 Quadro 4.16 – Resistência à compressão e flexão da argamassa

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Gráfico 4.1– Resultados dos ensaios realizados aos provetes de argamassa

Verificou-se que os resultados comprovam que argamassa utilizada não cumpre o exigido pela NP EN 1996-1 para a sua utilização em alvenaria armada.

4.2 Estudos experimentais em provetes de alvenaria

4.2.1 Avaliação de tensões de corte através de ensaios em provetes de 3 blocos

As estruturas de alvenaria tal como as estruturas em betão, metálicas, estão sujeitas a acções verticais e horizontais. Quando sujeita a cargas horizontais, as estruturas em alvenaria apresentam uma resistência à tracção reduzida (Haach, V., Vasconcelos, G., Lourenço, P.B., 2010).

Para estudar a interação argamassa-bloco foram realizados 9 ensaios de provetes prismáticos ao corte, com o intuito de obter a sua resistência ao corte, variando a força de pré- compressão desta forma é viável obter valores que permitam definir a rotura localizada da alvenaria submetida a esforços combinados de compressão e de corte, ou previsão de valores que representam o espaçamento localizado da alvenaria.

A resistência à compressão a que os provetes foram submetidos, foi estimada pela expressão 9 definida na NP EN 1996-1.

?C = . ∗ ?�∝ ∗ ?#E expressão 9

em que:

• ?C resistência caraterística à compressão da alvenaria, em N/mm2;

• . é uma constante tendo em conta o tipo de bloco e argamassa utilizados na realização dos provetes;

• F, G constantes;

4,04

5,51

7,48

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

0 5 10 15 20 25 30

Fo

rça

de

Co

mp

ress

ão

Dias

7 dias

14 dias

28 dias

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• ?� resistência à compressão normalizada das unidades para alvenaria, na direção do efeito da ação aplicada, em N/mm2;

• ?# resistência à compressão da argamassa, N/mm2.

Para este tipo de bloco, o valor de K é de 0,45, uma vez que pertence ao grupo 2, tendo em conta as suas caraterísticas e as definições apresentadas no NP EN 1996-1. Os valores das constantes α e β são 0,7 e 0,3 respetivamente. Estes são definidos pelo NP EN 1996-1 tendo em conta ao tipo de argamassa utilizada para a realização das juntas de assentamento, que neste caso a argamassa pré-doseada foi considerada como uma argamassa corrente.

Relativamente às caraterísticas da argamassa e do bloco, valores determinados no ponto 4.1 do presente relatório. Para cálculo da pré-compressão, os valores considerados foram de

?# e de ?� igual a 5 MPa e de 12,44 MPa respetivamente.

Assim sendo estima-se que a resistência caraterística da alvenaria à compressão seja de 4,24 MPa.

Os valores da força de pré-compressão que foi calculada para a realização deste ensaio é o equivalente a 30%,20% e 10% da resistência caraterística da alvenaria. Esses valores estão apresentados no Quadro 4.17 – Valores de pré-compressão

30% ?C 20%?C 10%?C бd (MPa) 1,27 0,85 0,42

?��#H�<<ã�(Kn) 94,66 63,11 31,55 Quadro 4.17 – Valores de pré-compressão

A resistência ao corte caraterística da alvenaria é calculada através da expressão 10 apresentada na NP EN 1996 - 1.

?IC = ?ICJ + 0,4 ∗ K� expressão 10 em que:

• ?4L0 resistência ao corte inicial caraterística, sob compressão nula em N/mm2;

• KM valor de cálculo da tensão de compressão perpendicular ao plano de corte no elemento ao nível considerado, em MPa.

O valor da resistência ao corte inicial deve ser determinado a partir de ensaio realizados de acordo com as normas NP EN1052-3 ou com a EN1052-4, mas pode ser retirado da norma NP EN 1996-1.

Tendo em conta o bloco e o tipo de argamassa utilizados, o valor de ?4L0 considerado para

o cálculo teórico da resistência ao corte é de 0,20 MPa (NP EN 1996-1, 1996).

Assim o valor teórico da resistência ao corte caraterística da alvenaria é apresentado no Quadro 4.18:

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30% ?C 20%?C 10%?C

?IC (MPa) 0,57 0,40 0,24

?��N� (Kn) 15,25 10,75 6,25

Quadro 4.18 - Resistência ao corte

Os ensaios para avaliar a resistência ao corte de provetes de alvenaria foram realizados de acordo com a norma NP EN 1052-3. Os provetes constituídos por 3 blocos foram executados de acordo com o esquema apresentado na Figura 4.15.

Figura 4.15 - Esquema dos ensaios (EN NP 1052-3)

Assegura-se que os ensaios de corte foram realizados 28 dias ou em datas superiores após a realização dos provetes. Começou-se pela colocação dos provetes no pórtico e colar os lvdt´s ao provete para se retirar os valores dos deslocamentos.

a) LVDT´s Horizontais b) LVDT´s verticais

Figura 4.16 – Colocação dos LVDT´s

Os lvdt 10 e 5 medem a abertura de cada uma das juntas de argamassa do bloco, enquanto o TML 1 e 3 mede o deslocamento entre o bloco central e os restantes dois blocos. O TML 2 mede o deslocamento vertical do bloco central.

Para avaliação da resistência ao corte dos provetes de 3 blocos, foi aplicado o valor da força no bloco central. De notar que, tendo em conta a pré-compressão realizada através de um actuador colocado na direcção axial do provete, a força de corte aplicada vai aumentado para cada nível de pré-compressão.

Lvdt 10 Lvdt 5

TML 1

TML2

TML 3

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No Quadro 4.19 estão apresentados os valores das forças registadas no ensaio e as tensões obtidas nos provetes após a análise de resultados, sendo designados por:

• Fpi força de compressão aplicada no provete (N);

• M. Fpi média das forças aplicadas em cada intervalo de percentagem de pré-compressão (N);

• A i área efetiva de aplicação da força de compressão (mm2);

• fpi tensão de compressão do provete (N/mm2);

• Fi,máx força de corte aplicada no provete (N);

• M. Fi,máx média das forças de corte em cada intervalo de percentagem de pré-compressão (N);

• fvoi resistência ao corte inicial do provete (N/mm2);

• fvok resistência ao corte característico do provete (N/mm2).

%Pré-comp Fpi M. Fpi Ai fpi Fi,máx M. Fi,máx fvoi fvok 0 8,259

0% 0 0 0 11,985 11,24 0,13 0,10 0 13,476

7% 22751 22751 0,52 46,023 46,02 0,52 0,42 10% 31374 31212 44110 0,71 58,668 59,03 0,67 0,54

31049 59,382 20% 63008 62436 1,42 107,409 102,97 1,17 0,93

61864 98,538 30% 94072 94072 2,13 122,535 122,54 1,39 1,11

Quadro 4.19 – Valores registados dos ensaios

Sendo que:

fpi = O.PQRSR

expressão 11

fvoi=O.PR,TáV∗WJJJ

�∗SR expressão 12

fvok = 0,8 ∗fvoi expressão 13

Tendo em conta os resultados obtidos e determinados pela análise, apresenta-se o Gráfico 4.2. Este relaciona todos os valores, sendo possível determinar o valor da resistência inicial ao corte dos provetes e os valores para a resistência corte para qualquer valor de pré-compressão.

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Gráfico 4.2- Força de corte relacionado com força de pré compressão

O valor da resistência inicial ao corte registado nos ensaios realizados é valor muito aproximado ao valor existente das expressões do NP EN 19960,20.

Do Gráfico 4.2 retira-se também o valoblocos e a argamassa, sendo determinado pela

em que:

• α é o ângulo da reta da resistência ao corte com a horizontal.

O valor do ângulo da recta da resistência ao cortecaracterístico do coeficiente de atrito de em blocos com 3 células e os resultados

Figura 4.

0,13

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

0 0,5

fvo

(N

/mm

2)

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Força de corte relacionado com força de pré compressão

O valor da resistência inicial ao corte registado nos ensaios realizados é valor muito aproximado ao valor existente no NP EN 1996-1, ou seja, por cálculo analítico por aplicação das expressões do NP EN 1996-1 o valor é de 0,13, e por análise experimental o valor é de

se também o valor caraterístico do coeficiente de atrito entre os blocos e a argamassa, sendo determinado pela expressão 14.

∝C� 0,8 * tan ∝

é o ângulo da reta da resistência ao corte com a horizontal.

da recta da resistência ao corte é de 0,54rad ou 31característico do coeficiente de atrito de 0,48. Em 2009 (Haach) realizou

locos com 3 células e os resultados, Figura 4.17, que foram obtidos são diferentes

Figura 4.17 – Ensaio de corte em blocos (Haach, 2009)

0,52

0,67

1,17

1,39

0,42

y = 0,6002x + 0,2021

R² = 0,9712

y = 0,4802x + 0,1617

R² = 0,9712

0,5 1 1,5 2

fpi (N/mm2)

lintel em alvenaria

Página 50

Força de corte relacionado com força de pré compressão

O valor da resistência inicial ao corte registado nos ensaios realizados é valor muito cálculo analítico por aplicação

1 o valor é de 0,13, e por análise experimental o valor é de

r caraterístico do coeficiente de atrito entre os

expressão 14

é de 0,54rad ou 31º, sendo o valor Em 2009 (Haach) realizou-se ensaios ao corte

que foram obtidos são diferentes.

Ensaio de corte em blocos (Haach, 2009)

2,5

Força de corte

vs pré-

compressão

Força de corte

caraterística vs

força de pré-

compressão

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Hélio Marques Página 51

De acordo com a norma EN 1052-3, o tipo de roturas que podem acontecer quanto um prismas de blocos está sujeito a uma força de corte são:

a) Rotura na ligação bloco-argamassa b) Rotura da argamassa c) Rotura do bloco d) Esmagamento ou separação das unidades

O que se verificou é que o tipo de rotura depende da força de pré-compressão existente, Quadro 4.20.

Força de pré-compressão Tipo de rotura

0% Separação das unidades e rotura na ligação bloco-argamassa devido à rotação dos apoios (a)

10% Rotura na ligação bloco-argamassa (b) 20% Rotura da argamassa e do bloco devido a esmagamento (c) 30% Rotura da argamassa e do bloco devido a esmagamento (d)

Quadro 4.20 – Tipos de rotura

Na Figura 4.18 apresentam-se os tipos de fissura registados os ensaios ao corte.

a) 0% pré-compressão

b) 10% pré-compressão

c) 20 e 30% pré-compressão

Figura 4.18 – Tipos de fissuras nos ensaio de corte em provetes prismáticos

Nos ensaios de corte realizados com pré-compressão. Durante o ensaio, os blocos foram confinados pela força de compressão impedindo rotação da base do provete, resultando num aumento da resistência ao corte do provete. Após a rotura do provete verificou-se que a força aplicada diminui e estabilizou-se num certo patamar. Esta particularidade já foi observada por outros autores que ensaiaram blocos de betão (Vasconcelos,2005;Abdoul et al., 2006).

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a) Gráfico 4.3 – Resultados dos ensaios ao corte em prismas de blocos de betão

4.2.2 Avaliação da resistência à compressão

O ensaio de compressão, realizado em 3 provetes, procedimento de carga e descarga durante aproximadamente 30 minutos0,15KN/s durante os cicloselasticidade e de 0,002µmm/s durante a aplicação da carga constanteforça de rotura à compressão

Gráfico 4.4– Procedimento para o ensaio de compressão em prismas de 3 blocos

Nos provetes foram colocados dois lvdt´s com o objetivo de medir os deslocamentos durante o ensaio, Figura 4.horizontal para medir a expans

Fo

rça

Deslocamento

e certificação de blocos e análise experimental de vigas-lintel em alvenaria

b) (Vasconcelos,2005;Abdoul et al., 2006)Resultados dos ensaios ao corte em prismas de blocos de betão

Avaliação da resistência à compressão através de ensaios em provetes de 3 blocos

de compressão, realizado em 3 provetes, constituído por 3 blocos procedimento de carga e descarga durante aproximadamente 30 minutos

durante os ciclos, para a determinação do módulo de poisson e do coeficiente de mm/s durante a aplicação da carga constante para a determinação da

força de rotura à compressão, Gráfico 4.4.

Procedimento para o ensaio de compressão em prismas de 3 blocos

foram colocados dois lvdt´s com o objetivo de medir os deslocamentos Figura 4.19. Um vertical para medir o deslocamento vertical e outro

horizontal para medir a expansão quando o protevete está sujeito a cargas de

Deslocamento

lintel em alvenaria

Página 52

(Vasconcelos,2005;Abdoul et al., 2006)

Resultados dos ensaios ao corte em prismas de blocos de betão

através de ensaios em provetes de 3 blocos

constituído por 3 blocos consistiu num procedimento de carga e descarga durante aproximadamente 30 minutos, a uma velocidade de

determinação do módulo de poisson e do coeficiente de para a determinação da

Procedimento para o ensaio de compressão em prismas de 3 blocos

foram colocados dois lvdt´s com o objetivo de medir os deslocamentos Um vertical para medir o deslocamento vertical e outro

sujeito a cargas de compressão.

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a) LVDT vertical b) LVDT horizontal Figura 4.19 – Posição dos LVDT´S

Dos 3 ensaios realizados, determinaram-se os valores de resistência à compressão e a deformabilidade do provete, através da análise de resultados da força de compressão e das dimensões etre os pontos de leitura de deslocamentos através dos lvdt´s, Quadro 4.21.

Ensaio Fi,máx (KN) ext. Vertical

(mm) ext. Horizontal

(mm) Poisson

I 256,11 3,58E-03 5,63E-04 0,16

II 200,922 5,11E-04 4,89E-05 0,10

III 199,584 4,97E-04 7,13E-05 0,14

Quadro 4.21 – Determinação do módulo de Poisson

O coeficiente de poisson, calculado através da relação entre a deformação vertical e a deformação horizontal, para o betão varia entre 0,15 a 0,25. Os valores registados estão abaixo da média, 0,20.

O módulo de elasticidade do provete pode ser determinado experimentalmente de acordo com a EN 1052-1, mas caso não seja possível, pode ser determinado pelo NP EN 1996-1, em que:

\ � .] * ?C expressão 15 Sendo:

• E módulo de elasticidade

• KE igual a 1000

• ?L resistência caraterística à compressão da alvenaria, em N/mm2

Para o caso em estudo os blocos apresentam uma resistência caraterística à compressão da alvenaria de 4,24 MPa, então o módulo de elasticidade, calculado através do NP EN 1996-1 é de 4240 MPa.

Durante a realização dos ensaios à compressão, o provete rompia com forças acima dos 200 KN, mas a primeira fissura aparecia aos 100 KN, Figura 4.20, devido à existência de tensões de corte na base de cada bloco.

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Hélio Marques Página 54

Figura 4.20 – Ensaios de compressão em provetes prismáticos

Após a fissura que aparecia aos 100 KN, o provete dividia-se em duas partes, cada uma contribuindo para a resistência do provete.

Com o aumento da força aplicada, as juntas de argamassa começavam a fissurar, enquanto nos blocos apareciam fissuram nas faces longitudinais, Figura 4.21.

a) Ensaios à compressão (ISEC 2012)

Figura 4.21 – Tipos de fissuras nos ensaios de compressão

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4.2.3 Avaliação da resistência mecânica de vigas-padieira para aberturas de pequeno vão

Para avaliação da resistência mecânica de vigas-padieira realizaram-se 3 tipos de vigas diferentes, para se poderem comparar valores entre elas. Os diversos tipos de vigas são constituídos conforme as fotografias da Figura 4.22.

a) Viga lintel mais duas fiadas de blocos utilizando armadura pré-fabricada (VB)

b) Viga com 3 fiadas de blocos utilizando armadura pré-fabricada (V2A)

c) Viga com 3 fiadas de blocos utilizando armadura ordinária (VO)

Figura 4.22 - Tipos vigas-padieira

No caso a) da Figura 4.22 a realização das vigas começou pela execução da viga lintel, constituída por uma fiada de bloco-lintel (formato em U), sendo colocada uma armadura pré-

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fabricada no seu interior e preenchido com argamassa pré-doseada. Esta armadura foi realizada atando 4 armaduras, formando um retângulo de acordo com a Figura 4.23.a)

A viga a) da Figura 4.22 é constituída por 3 fiadas, sendo 2 das fiadas realizadas com blocos de betão. A colocação destas duas fiadas assentes em argamassa, foram niveladas e prumadas em três direções, Figura 4.24.

a) Armadura utilizada na viga da Figura 4.22 a)

b) Armadura utilizada na figura Figura 4.22 c) c) Armadura utilizada na

figura Figura 4.22 b)

Figura 4.23 – Tipo de armadura utilizada nas vigas

Figura 4.24 - Nivelamento das fiadas de blocos

A viga b) da Figura 4.22 à semelhança da viga a) da Figura 4.22 é constituída por 3 fiadas de blocos não possuindo uma fiada com bloco canalete. A execução desta começou pela realização de uma camada de argamassa e com aplicação de uma armadura para posterior aplicação da primeira fiada de blocos, Figura 4.25.

Figura 4.25 - Colocação da primeira fiada de blocos

Na colocação da armadura, deve ter-se o cuidado de a colocar de forma com os septos do bloco, procurando garantir o recobrimento mínimo de 20mm exigido pela NP EN 1996-1.

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Após a realização da primeira fiada de blocos, repetiu-se o processo para a segunda fiada, já que a junta de argamassa levou também uma armadura.

A viga VO da Figura 4.22 é semelhante à viga VB, senda a única diferença entre elas, o tipo de armadura utilizada. Em vez de utilizar a armadura pré-fabricada, foi utilizada uma armadura convencional, constituída por 4 varões longitudinais Ø8 e estribos Ø6 espaçados 20 em 20cm, formando um retângulo com uma seção 10x10.

Para a realização do ensaio de flexão foram colocados 5 lvdt´s em cada viga para registar os deslocamentos verticais, compressão no topo da viga (lvdt 10) e abertura da viga (lvdt 25) e nos apoios foram colocadas células de carga para medir a força de reacção à força do actuador, Figura 4.26.

Figura 4.26 – Posição de LVDT´s nas vigas

Os LVDT´s de 100mm e 50mm servem para medir os deslocamentos verticais da viga e para saber qual a deformação da viga em cada instante durante o ensaio. O LVDT de 25mm vai medir abertura da fenda, logo o afastamento dos blocos durante o ensaio e o LVDT de 10mm mede a compressão da fiada superior. O par de lvdt 1 e2 permite evaliar a deformação da viga e o raio de curvatura.

As velocidades utilizadas nos ensaios foram de 5 µm/seg (Haach, 2009) para as vigas VB e VO e de 2 µm/seg para a viga V2A da Figura 4.22. A diferença de velocidades utilizadas nos ensaios devem-se à constituição das vigas, uma vez que a viga V2A não tem lintel, teoricamente, possuí menor resistência à flexão do que as vigas do tipo VB e VO, sendo assim necessário definir uma velocidade de ensaio menor.

LVDt 10

LVDt 25

LVDt 100

LVDt 50 LVDt 50

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De seguida apresentam-se os gráficos dos ensaios realizados para cada tipo de viga.

Gráfico 4.5 – Resultados dos ensaios

0,00E+00

1,00E-02

2,00E-02

3,00E-02

4,00E-02

5,00E-02

6,00E-02

7,00E-02

8,00E-02

9,00E-02

1,00E-01

0,0

0E

+0

0

1,0

0E

-02

2,0

0E

-02

3,0

0E

-02

4,0

0E

-02

5,0

0E

-02

6,0

0E

-02

7,0

0E

-02

8,0

0E

-02

9,0

0E

-02

Te

nsã

o (

MP

a)

Extensão

V2A1

V2A2

0,00E+00

2,00E-02

4,00E-02

6,00E-02

8,00E-02

1,00E-01

1,20E-01

1,40E-01

1,60E-01

1,80E-01

2,00E-01

0,0

0E

+0

0

2,0

0E

-02

4,0

0E

-02

6,0

0E

-02

8,0

0E

-02

1,0

0E

-01

1,2

0E

-01

1,4

0E

-01

1,6

0E

-01

Te

nsã

o (

MP

a)

Extensão

VB1

VB2

0,00E+00

2,00E-02

4,00E-02

6,00E-02

8,00E-02

1,00E-01

1,20E-01

1,40E-01

1,60E-01

1,80E-01

0,0

0E

+0

0

2,0

0E

-02

4,0

0E

-02

6,0

0E

-02

8,0

0E

-02

1,0

0E

-01

1,2

0E

-01

1,4

0E

-01

Te

nsã

o (

MP

a)

Extensão

VO1

VO2

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Nos ensaios realizados na viga V2A, existe uma diferença substancial da resistência à flexão entre a V2A1 e a V2A2, o valor da resistência à flexão é de cerca de metade. Este valor deve-se ao facto da colocação do viga no sistema de ensaio não ter sido o adequado, já que se registou uma excentricidade na V2A2 relativamente ao ponto de aplicação da força, resultando na existência de força fora do plano da viga.

Pode concluir-se que é fundamental o nivelamento e o alinhamento das fiadas com a força aplicada por forma a não diminuir a resistência da sua capacidade real.

Nos ensaios realizados nas vigas do tipo VB, reparou-se que a força de rotura das vigas foi aproximadamente de 55 KN, sendo que a flecha máxima entre 10mm e 12mm. Após a viga ter esta deformação, a força aplicada pelo actuador diminuí nos dois casos para valores de 25 KN. A força aplicada de 25 KN foi suportada somente pelo lintel existente, já que os blocos estavam todos descolados entre si e sem capacidade resistente.

Nas vigas do tipo VO, após a realização do ensaio, reparou-se que o seu comportamento era idêntico ao comportamento das vigas do tipo VB. No ensaio deste tipo de viga, as forças de rotura máximas são de 49 KN e de 40 KN, para a viga VO1 e VO2 respetivamente.

Verificou-se que dois casos em estudo, as primeiras fissuras apareceram nos blocos aos 30 KN, sendo que após a rotura, a viga apresentou uma resistência de 25 KN, tal como as vigas do tipo VB.

Independentemente do tipo de viga ensaiado, as fissuras que apareceram nos ensaios são comuns entre todas as 6 vigas.

Figura 4.27 – Tipos de fissuras em vigas ensaiadas à flexão

Na Figura 4.27 está representado as várias deformações que ocorreram nos ensaios. A linha vermelha representa o destaque verificado nos blocos, consequência de forças tração que surgiram naquelas zonas. As linhas azuis representam as fissuras que apareceram nos ensaios, consequência de forças de compressão que se instalaram naquelas zonas.

A Figura 4.28 mostra o que aconteceu a uma viga ensaiada, mas é um exemplo do que aconteceu nas outras 5 vigas.

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Figura 4.28 – Fissuras após o ensaio em vigas

Em 2009, outro investigador (Haach, 2009) realizou ensaio em vigas constituídas por blocos de betão similares aos utilizados neste trabalho. Nesses ensaios utilizaram armadura horizontal e armadura vertical, enquanto para este trabalho foi utilizado somente armadura horizontal. A utilização de armadura vertical e horizontal confere à viga maior resistência às ações que está sujeita, porque a armadura na vertical impede o deslocamento na horizontal dos blocos, conferindo algum confinamento na viga.

O que é semelhante entre os dois ensaios é as roturas que foram verificadas. As fissuras que apareceram num estudo realizado (Haach, 2009), foram:

• Fissura inclinadas desde o ponto de aplicação da carga até aos apoios

• Esmagamento dos blocos juntos ao ponto de aplicação da carga

• Destacamento dos blocos das margens das vigas

Na Figura 4.29 mostra-se o que aconteceu a uma viga após o ensaio de flexão estar realizado.

Figura 4.29 – Outros ensaios realizados em vigas (Haach, 2009)

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4.3 Conclusões de âmbito experimental

O dimensionamento em estados últimos majora as cargas permanentes e as sobre cargas em 1,5. Através dos cálculos apresentados no Quadro 4.22, procurou-se determinar a soma das cargas permanentes e sobrecargas máxima admissível para as vigas em estudo.

Tipo de viga

F.Máx. (KN)

C. dist.máx. (KN/m)

E.L.U. (KN/m)

Carga Adm. (KN/m)

V2A1 29,12 18,20 12,13 ------

V2A2 15,43 9,64 6,43

VB1 56,43 35,27 23,51 22,51

VB2 54,03 33,77 22,51

VO1 49,15 30,72 20,48 16,83

VO2 40,39 25,25 16,83

Quadro 4.22 – Cargas Máximas admissiveis

Em que:

C.dist.máx = F.Máx

1,6m expressão 16

E.L.U = c.��<N.#ád

W,e expressão 17

O valor da carga admissível é o menor valor determinado para cada tipo de viga.

As aberturas realizadas no edifício devem ser fechadas com produtos capazes de se acomodar às deformações das vigas. Através do Gráfico 4.6, verifica-se que um produto com capacidade de deformação de 3mm é capaz de prevenir danos nos envidraçados.

Gráfico 4.6 – Gráfico de deslocamento das vigas

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

0 2 4 6 8 10 12 14

Fo

rça

(K

N)

Deslocamento (mm)

V2A1

V2A2

VB1

VB2

VO1

VO2

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34. RSECE – Regulamento dos sistemas energéticos de climatização dos edifícios. Decreto-lei nº 118/98 de 7 de Maio

35. RCCTE – Regulamento das caraterísticas de comportamento térmico dos edificios.Decreto-lei nº 40/90 de 6 de Fevereiro

36. RRAE – Regulamento dos requisitos acústicos ds edificios. Decreto-lei nº 129/2002 de 11 de Maio

37. Stuart and Francis Group (2001) – Masonry constructions and form. 38. Vasconcelos, Graça, Gouveia, João P., Lourenço, Paulo B., Haach, Vladimir (2007).

Alvenaria Armada: Soluções inovadoras em Portugal. Seminário sobre paredes De Alvenaria

39. Weber – Manual técnico

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Anexos

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Ensaio realizado por: Hélio Marques Tipo de Ensaio : Ensaio de viga à flexão - 1

Designação do Provete : V2A1 Data : 12/03/2012 Notas :

Registo de ensaio a viga V2A1

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Ensaio realizado por: Hélio Marques Tipo de Ensaio : Ensaio de viga à flexão - 2 Designação do Provete : VB1 Data : 13/03/2012 Notas :

Registo de ensaio a viga VB1

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Ensaio realizado por: Hélio Marques Tipo de Ensaio : Ensaio de viga à flexão - 3 Designação do Provete : VO2 Data : 12/04/2012 Notas : As primeiras fissuras nas juntas apareceram aos 30 KN.

Registo de ensaio a viga VO2

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Ensaio realizado por: Hélio Marques Tipo de Ensaio : Ensaio de viga à flexão – 4 Designação do Provete : VO1 Data : 12/04/2012 Notas : Durante o ensaio o LVDT 10 que mede a compressão dos blocos no topo da viga caiu.

Registo de ensaio a viga VO1

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Ensaio realizado por: Hélio Marques Tipo de Ensaio : Ensaio de viga à flexão - 5 Designação do Provete : VB2 Data : 13/04/2012 Notas :

Registo de ensaio a viga VB2

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Ensaio realizado por: Hélio Marques Tipo de Ensaio : Ensaio de viga à flexão - 6 Designação do Provete : V2A2 Data : 16/04/2012 Notas :

Registo de ensaio a viga V2A2

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CATÁLOGO WEBER (FIGURA 3.19 DO PRESENTE RELATÓRIO)

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CATÁLOGO WEBER (FIGURA 3.19 DO PRESENTE RELATÓRIO)

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