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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ André Sbardelini Arthur Pereira Neto Danilo Cisotto INSPEÇÃO, MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO DE MARQUISES E SACADAS CURITIBA 2008

111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

André Sbardelini

Arthur Pereira Neto

Danilo Cisotto

INSPEÇÃO, MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO

DE MARQUISES E SACADAS

CURITIBA

2008

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André Sbardelini

Arthur Pereira Neto

Danilo Cisotto

INSPEÇÃO, MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO

DE MARQUISES E SACADAS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao

Curso de Pós-graduação em Patologia nas Obras

Civis da Faculdade de Ciências Exatas e de

Tecnologia da Universidade Tuiuti do Paraná,

como requisito parcial para a obtenção do título de

Especialista.

Orientador: Msc. Luis César S. De Luca

CURITIBA

2008

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III

TERMO DE APROVAÇÃO

André Sbardelini

Arthur Pereira Neto

Danilo Cisotto

INSPEÇÃO, MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO

DE MARQUISES E SACADAS

Este trabalho de conclusão foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Especialista em Patologias na Obras Civis no Curso de Pós-Graduação Especialização em Patologias nas Obras Civis da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 14 de Agosto de 2008.

____________________________________________________________

Curso de Pós-Graduação Especialização em Patologias nas Obras Civis

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. M.Sc. Luís César Siqueira De Luca

Prof. César Henrique Sato Daher,

Esp.;Thomas Carmona, M.Sc.;

Armando Edson Garcia, Dr.;

Universidade Tuiuti do Paraná – Departamento de Engenharia Civil

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IV

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a nossas famílias, ao nosso mais novo amigo, o

professor e mestre Luis César S. De Luca, e toda a comunidade acadêmica, dedicada

ao desenvolvimento e evolução da tecnologia.

Mesmo que eu ande pelo vale da

sombra da morte, nada temerei,

pois tenho Deus ao meu lado.

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V

Salmo 23.4

AGRADECIMENTOS

Aos nossos pais, que com constante e amorosa assistência e dedicação, permitiu o nosso crescer intelectual e humano, proporcionando amor, compreensão, incentivo e equilíbrio, sem os quais não estaríamos hoje nos dedicando com tanto esforço e determinação a este curso de graduação.

Nosso agradecimento a todo o corpo docente do curso de Patologias nas Obras Civis e em especial ao professor Luis César S. De Luca, que sempre teve a preocupação de indicar a melhor forma de organizar o contexto desse trabalho, e também pelas suas palavras de conforto, e auto-estima, naquelas horas em que, elas eram sempre necessárias.

Ao Engenheiro César Sato Daher, coordenador do curso de Engenharia Civil, que sempre trabalhou para contribuir com a excelência do curso, e que nos propiciou a possibilidade de facilmente ingressar no mercado de trabalho com êxito.

Às pessoas amadas, e amigas de todas as horas, agradecemos por toda a compreensão e apoio, que souberam com o passar do tempo nos dividir com nossa outra paixão, a Engenharia.

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VI

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................... IX

LISTA DE TABELAS..................................................................................... XI

LISTA DE SÍMBOLOS E NOTAÇÕES QUÍMICAS.................................. XII

RESUMO.......................................................................................................... XIII

1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 1

1.1. OBJETIVO GERAL......................................................................... 1

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................... 2

1.3. JUSTIFICATIVA............................................................................. 2

1.4. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO......................................... 4

2. ESTRUTURAS EM BALANÇO – SACADAS E MARQUISES............. 5

2.1. TIPOS DE SACADAS E MARQUISES.......................................... 5

2.2. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE SACADAS E

MARQUISES EM BALANÇO............................................................ 7

2.2.1. Carregamentos atuantes em lajes em balanço..................... 7

2.3.PROBLEMAS E ACIDENTES ESTRUTURAIS COM

SACADAS E MARQUISES.............................................................. 8

2.3.1 Problema com fissuras nas sacadas do edifício Anice

Daher................................................................................... 8

2.3.2 Acidentes estruturais com marquises.................................. 10

2.3.3 Proibição da construção de marquises na cidade do

Rio de Janeiro...................................................................... 13

3. PRINCIPAIS AGENTES CAUSADORES DE COLAPSO....................... 14

3.1. ERROS DE PROJETO....................................................................... 14

3.2. ERROS DE EXECUÇÃO.................................................................. 16

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VII

3.2.1. Disposição incorreta das armaduras..................................... 16

3.2.2. Escoramento incorreto.......................................................... 18

3.3. CORROSÃO NAS ARMADURAS................................................... 19

3.3.1. Tipos de corrosão.................................................................. 20

3.3.2. Corrosão das armaduras por cloretos................................... 21

3.3.3. Corrosão das armaduras por carbonatação.......................... 22

3.3.4. Fissuração do concreto devido à corrosão........................... 23

3.4. FISSURAÇÃO.................................................................................... 24

3.5. SOBRECARGA.................................................................................. 27

4. PATOLOGIA DE MARQUISES E SACADAS.......................................... 30

4.1. MÉTODO DE INSPEÇÃO DE SACADAS E MARQUISES........... 30

4.1.1. Dados cadastrais da edificação............................................. 30

4.1.2. Informações gerais................................................................ 31

4.1.3. Planta de situação da marquise ou sacada............................ 31

4.1.4. Levantamento geométrico dos elementos estruturais

de uma marquise ou sacada.................................................. 32

4.1.5. Verificação do sistema de drenagem e impermeabilização.. 34

4.1.6. Ensaio de esclerometria no concreto.................................... 35

4.1.7. Avaliação das armaduras com respeito as suas condições

mecânicas e corrosão........................................................... 35

4.1.8. Determinação das alturas relativas....................................... 36

4.1.9. Quadro de Análise de Diferenças de Alturas....................... 37

4.1.10. Avaliação do teor de cloretos............................................. 37

4.1.11. Avaliação da corrosão por potencial elétrico de

Semipilhas.......................................................................... 38

4.1.12. Avaliação da carbonatação................................................. 40

4.1.13. Verificação da estabilidade segundo NBR 6118 em

função de cargas existentes................................................ 41

4.2. MANUTENÇÃO DE MARQUISES E SACADAS........................... 42

Page 8: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

VIII

5. TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO E REFORÇO DE MARQUISES

E SACADAS................................................................................................... 42

5.1. INTERVENÇÕES DEVIDO A ERROS DE PROJETO................... 42

5.1.1. Demolição da estrutura........................................................ 43

5.2. INTERVENÇÕES DEVIDO A CORROSÃO NAS

ARMADURAS.................................................................................. 43

5.2.1. Inibidores de corrosão.......................................................... 43

5.2.2. Emendas nas armaduras corroídas...................................... 45

5.3. INTERVENÇÕES DEVIDO A FISSURAÇÃO DO CONCRETO.. 45

5.3.1. A técnica de injeção de fissuras........................................... 46

5.3.2. A técnica de selagem de fissuras.......................................... 47

5.3.3. Costura das fissuras (grampeamento).................................. 47

5.4. INTERVENÇÕES DEVIDO A SOBRECARGA NA

ESTRUTURA.................................................................................... 48

5.5. INTERVENÇÕES NA SUPERFÍCIE DE CONCRETO.................. 49

5.5.1. Polimento............................................................................. 49

5.5.2. Lavagem............................................................................... 50

5.6. REFORÇO ESTRUTURAL............................................................... 52

5.6.1. Reforço estrutural em lajes em balanço................................ 53

5.6.2. Reforço de viga submetida à torção...................................... 55

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS

TRABALHOS........................................................................................................ 57

6.1. Considerações finais ............................................................................... 57

6.1. Recomendações para novos trabalhos .................................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 60

Page 9: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

IX

LISTA DE FIGURAS

Figura Pg.

1.1. Queda da marquise do Hotel Canadá no RJ (GOLDFARD, 2007).......... 3

1.2. Colapso de uma sacada na cidade de Curitiba (PEREIRA, 2007)............ 3

2.1. Tipos de sacadas apropriadas para edifícios em alvenaria estrutural

(RAUBER, 2005)...................................................................................... 5

2.2. Formas de introdução de sacadas em balanço (RAUBER, 2005)............. 6

2.3. Dois tipos de sistemas estruturais de marquises: (a) laje diretamente

engastada e (b) laje apoiada sobre vigas engastadas(MEDEIROS

e GROCHOSKI, 2007).............................................................................. 6

2.4. Carregamentos em lajes em balanço (CAMACHO, 2004)....................... 8

2.5. Fachada do Edifício Anita Daher.............................................................. 9

2.6. Fissuras na sacada do 1º andar do edifício................................................ 9

2.7. Rotacionamento da laje da sacada em relação à viga de engaste.............. 10

2.8. Marquise da UEL após o colapso.............................................................. 11

3.1. Origens de problemas patológicos das edificações

(Motteu e Cnudde, 1989 apud. Melhado, 1994......................................... 15

3.2. Espaçamento irregular em armaduras de lajes (SOUZA e RIPPER, 1998) 17

3.3. Armadura negativa da laje fora de posição (SOUZA e RIPPER, 1998).... 17

3.4. Escala de momento sem escoramento (MEDEIROS e GROCHOSKI,

2007)........................................................................................................... 18

3.5 Tipos de escoramento em estruturas em balanço (MEDEIROS

e GROCHOSKI, 2007)............................................................................... 19

3.6. Processo de corrosão................................................................................... 20

Page 10: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

X

3.7. Mapeamento de fissuras (GOMES et al., 2007)......................................... 24

3.8. Exemplo de camadas de sistemas de impermeabilização sobrepostas

sobre laje de marquise (MEDEIROS e GROCHOSKI, 2007).................... 27

3.9. Marquise deformada pela sobrecarga de painel publicitário (RIZZO,

2007)............................................................................................................ 29

4.1. Situação e elementos estruturais de uma marquise (JORDY e MENDES,

2007)........................................................................................................... 31

4.2. Geometria dos elementos estruturais (JORDY e MENDES, 2007)........... 32

4.3. Medição da seção transversal de armadura em viga de marquise

(JORDY e MENDES, 2007)....................................................................... 33

4.4. Posição de armaduras em planta referida às peças em concreto (JORD

e MENDES, 2007)...................................................................................... 33

4.5. Posição de armaduras em corte referido às peças em concreto (JORDY

e MENDES, 2007)...................................................................................... 34

4.6. Obstruções no sistema de drenagem de marquises em centros urbanos..... 34

4.7. Verificação da integridade estrutural do aço dentro de viga de

marquise (JORDY e MENDES, 2007)....................................................... 36

4.8. Medida da profundidade de carbonatação com paquímetro (DUGATTO,

2006)........................................................................................................... 40

5.1. Exemplo da técnica de injeção de fissuras (SALES, 2005)....................... 47

5.2. Esquema típico do grampeamento de uma laje (VEDACIT, 2007)........... 48

5.3. Superfície antes e depois do polimento (ABREU, 2007)........................... 50

5.4. Reforço na parte superior da laje (adaptada de PIANCASTELLI, 2004)... 54

5.5. Reforço por embutimento na armadura (PIANCASTELLI, 2004)............. 54

5.6. Exemplo de reforço da viga submetida à torção (PIANCASTELLI, 2004) 55

5.7. Artifício estrutural para eliminar ou reduzir o esforço de torção em vigas

(PIANCASTELLI, 2004)............................................................................ 56

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XI

LISTA DE TABELAS

Tabela Pg.

1. Levantamento de casos de desabamento de marquise e estruturas

similares no Brasil (Medeiros e Grochoski, 2007)...................................... 11

2. Sobrecargas e ações a serem tomadas......................................................... 49

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XII

LISTA DE SÍMBOLOS E NOTAÇÕES QUÍMICAS

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland

ASTM - American Society for Testing and Materials

Ca2+ - Íon de cálcio

Ca(OH)2 - Hidróxido de cálcio

CESA - Centro de Estudos Sociais Aplicados

CO2 - Gás carbônico

CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

H - Carga horizontal

H2O - Óxido de hidrogênio (água)

H2S - Gás sulfídrico

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

MPa - Mega Pascal

Na+ - Íon de sódio

NBR - Norma Brasileira

pH - Potencial hidrogeniônico

q - Carga acidental

RAA - Reação álcali-agregado

RJ - Rio de Janeiro

SO2 - Dióxido de enxofre

UEL - Universidade Estadual de Londrina

V - Carga vertical mínima

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XIII

RESUMO

Este trabalho apresenta mecanismos causadores de manifestações patológicas e colapso, de marquises e sacadas, assim como as técnicas de recuperação, aplicáveis aos vários casos. Os principais agentes causadores de colapsos abordados são erros de projeto, erros de execução (disposição incorreta das armaduras e escoramento incorreto durante a execução), corrosão nas armaduras, fissuração, sobrecarga e reação álcali-agregado. Além disso, são apresentados casos de manifestações patológicas em marquises e sacadas, também são abordados ensaios para determinação das origens das manifestações patológicas e resistência das marquises e sacadas. Os ensaios abordados são esclerometria, avaliação do teor de cloretos pela titulação potenciométrica, avaliação da corrosão por potencial elétrico de semipilhas, avaliação da carbonatação utilizando a fenolftaleína. Outras verificações também são abordadas. Além disso, criou-se um método de inspeção de marquises e sacadas, o qual foi obtido a partir de métodos existentes, e por fim, são descritas técnicas de recuperação e reforço, como inibidores de corrosão, técnicas para o tratamento de fissuras e outras intervenções na estrutura da marquise ou sacada. As técnicas de reforço estrutural apresentadas para lajes em balanço são: o reforço das armaduras negativas e o reforço da armadura por embutimento. Para o reforço estrutural de vigas submetidas à torção é mostrada uma técnica de acréscimo de estribos e de barras longitudinais e, um artifício estrutural com contra peso, capaz de reduzir ou acabar com os esforços de torção. Palavras-chave: Marquises, sacadas, estruturas em balanço, fissuras.

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1. INTRODUÇÃO

A temática deste trabalho é desenvolver um estudo sobre sacadas e marquises,

onde serão abordadas as principais causas para o surgimento de manifestações

patológicas e colapsos nestas estruturas, bem como, a inspeção e o tratamento a ser

aplicado em cada caso.

E para o desenvolvimento deste trabalho, foram abordados os seguintes tópicos.

Inicialmente foi desenvolvido um estudo sobre o tipo de sacadas e marquises, visando

determinar qual o comportamento estrutural dos mesmos. A seguir foi realizado um

levantamento de casos ocorridos recentemente, com estas estruturas. Neste

levantamento encontra-se um descritivo dos casos estudados, bem como, seus locais

de acontecimento, causas determinadas pelos responsáveis pela inspeção e também

dados referentes à obra, como idade das edificações, etc. E também é apresentado

neste levantamento um caso mais detalhado, onde foi possível o acesso ao local do

incidente, inclusive com a possibilidade de fazer uma inspeção superficial.

Depois de finalizado o levantamento de casos ocorridos recentemente, deu-se

início a um estudo das possíveis causas de manifestações patológicas e colapsos em

sacadas e marquises, e então foi desenvolvido um método de inspeção e manutenção

de sacadas e marquises baseado no método de Jordy e Mendes (2007), Gomes et al.

(2003) e Souza e Ferrari (2007).

E para finalizar este estudo, foram abordadas técnicas de recuperação e reforço

de marquises e sacadas, a fim de determinar qual método deve ser utilizado em cada

caso.

1.1 OBJETIVO GERAL

• Identificar os mecanismos causadores de manifestações patológicas e

colapsos, de marquises e sacadas, assim como as técnicas de recuperação

aplicáveis a cada caso.

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2

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Abordar os mecanismos causadores mais freqüentes do colapso de

sacadas e marquises e suas respectivas causas;

• Abordar técnicas de reparo ou reforço de marquises e sacadas;

• Apresentar casos de colapso ou problemas patológicos de marquises e

sacadas;

• Identificar ensaios e métodos para determinação das origens das

patologias, assim como resistência, das marquises e sacadas;

• Apresentar um método para inspeção e manutenção de marquises e

sacadas, obtido a partir de métodos existentes.

1.3 JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas acidentes estruturais com sacadas, e principalmente

marquises de edifícios, tem aparecido com certa freqüência nos jornais. A queda de

uma sacada ou marquise pode gerar, além de gastos com reconstrução, a perda de

vidas.

Uma marquise ou sacada é uma estrutura em balanço, ou seja, apoiadas em

apenas uma extremidade. Essas estruturas normalmente são feitas de concreto. O

concreto é um material frágil, pois tem pouca deformação antes de romper. Concretos

convencionais têm boa resistência à compressão, porém pouca resistência à tração.

Estruturas em balanço são muito solicitadas, tracionadas na parte superior, com isso,

utilizam-se armaduras na parte superior para aumentar a resistência da estrutura à

tração. Problemas com a armadura superior de sacadas são um dos principais fatores

que levam esta estrutura ao colapso, como: sub-dimensionamento das armaduras, erro

na execução destas, corrosão das armaduras e sobrecarga na estrutura.

Como exemplo de colapso de marquise, cita-se, o Hotel Canadá no Rio de

Janeiro, que ruiu no início do ano de 2007, onde houve duas mortes e quatorze feridos.

Na época o edifício tinha 40 anos, e a marquise de 3 m ruiu causando um grande

estrago. As causas identificadas deste colapso foram a corrosão das armaduras, além

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3

de uma sobrecarga na marquise. O Hotel estava com a fachada reformada, e neste

caso, segundo as leis da cidade do Rio de Janeiro, a marquise também deveria ser

reformada. Dias após a queda, o prefeito da cidade, Cézar Maia, decretou uma lei que

proíbe a construção de marquises nesta cidade. A Figura 1.1 apresenta a marquise,

após o colapso.

Figura 1.1. Queda da marquise do Hotel Canadá no RJ (GOLDFARD, 2007).

Cita-se como exemplo a queda de uma sacada do Edifício Champagnat (Figura

1.2) em uma área nobre de Curitiba, ocorrida no dia 03/04/2007. Por sorte não houve

feridos e apenas uma caminhonete que estava estacionada na rua foi danificada. As

causas deste acidente ainda estão sendo investigadas, porém a principal causa pode ter

sido a sobrecarga na sacada.

Figura 1.2. Colapso de uma sacada na cidade de Curitiba (PEREIRA, 2007).

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4

Por isso, verifica-se a importância de aprofundar os conhecimentos nas causas e

mecanismos causadores do colapso de sacadas e marquises, assim como as patologias

aplicáveis a cada caso. Também se verifica a importância de identificar os métodos

preventivos aplicáveis a cada caso.

1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Neste estudo foram desenvolvidos os seguintes passos metodológicos descritos

a seguir de maneira sintética.

• Estudo das estruturas em balanço (sacadas e marquises);

• Levantamento dos casos de colapsos com estruturas em balanço ocorridos

recentemente;

• Estudo dos principais agentes causadores de colapsos e manifestações

patológicas em sacadas e marquises;

• Desenvolvimento do método de inspeção de marquises e sacadas;

• Estudo das técnicas de recuperação e reforço de sacadas e marquises.

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5

2. ESTRUTURAS EM BALANÇO – SACADAS E MARQUISES

Neste capítulo foi desenvolvido um estudo dos tipos de sacadas e marquises, a

fim de determinar o seu comportamento estrutural, e também foram abordados

problemas e acidentes estruturais com estes tipos de estruturas.

2.1 TIPOS DE SACADAS E MARQUISES

Ao contrário do que muitos pensam, edifícios em alvenaria estrutural podem

apresentar elementos em balanço nas fachadas, projetados para fora da projeção da

edificação, como sacadas e marquises. Contudo, estes devem ser estudados, pois

podem introduzir cargas concentradas em áreas relativamente pequenas, elevando

consideravelmente as tensões de compressão, induzindo a formação de fissuras. Em

termos de desempenho, sacadas internas à projeção do edifício (nichos) ou com apenas

uma parte avançando, em balanço, em relação à projeção da fachada são mais

aconselhadas (Figura 2.1). Porém, as sacadas em balanço podem ser resolvidas com as

soluções apresentadas na Figura 2.2, aplicadas correntemente com bons resultados.

Logicamente, todas as vigas e transpasses devem ser dimensionados por cálculo

adequado (RAUBER, 2005).

(a) (b)

Figura 2.1. Tipos de sacadas apropriadas para edifícios em alvenaria estrutural

(RAUBER, 2005).

Page 19: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

6

Figura 2.2. Formas de introdução de sacadas em balanço (RAUBER, 2005).

Já, as marquises se destacam por estarem sempre à frente das edificações, sendo

estas responsáveis pela proteção de transeuntes e cobertura contra as ações de

intempéries (sol e chuva) e quedas de objetos. São em sua maioria de concreto armado,

estas possuem normalmente uma forma retangular e são tratadas como lajes em

balanço em relação à fachada, integrante de projeto aprovado (MAGALHÃES et al.,

2001).

A Figura 2.3, a seguir, apresenta dois tipos de sistemas estruturais de marquises:

a laje diretamente engastada e a laje apoiada sobre vigas engastadas.

(a) (b)

Figura 2.3. Dois tipos de sistemas estruturais de marquises: (a) laje diretamente

engastada e (b) laje apoiada sobre vigas engastadas (MEDEIROS e

GROCHOSKI, 2007).

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7

2.2 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE SACADAS E MARQUISES EM

BALANÇO

As sacadas e marquises são consideradas uma laje em balanço da estrutura, ou

seja, há pelo menos uma borda livre. Normalmente tem-se uma ou três bordas livres.

Em geral, o esquema estrutural das marquises pode ser dividido em

longitudinal, com lajes vinculadas a vigas contínuas de bordo e de torção e, em

transversal, com lajes e vigas vinculadas a vigas em balanços ou a vigas engastadas e

apoiadas em tirantes.

Devido ao esquema estrutural principal, geralmente nas suas direções

transversais, as marquises apresentam pouca vinculação ao restante da estrutura,

configurando estruturas isostáticas ou, em alguns casos, estruturas com baixo grau de

hiperestaticidade. Assim, a perda de uma vinculação por fortuito que seja, pode ser

condição suficiente para sua instabilidade (JORDY e MENDES, 2007).

O concreto é considerado um material frágil, porém, no concreto armado, com

as armaduras, que é um material dúctil, o concreto armado passa a ser considerado um

material intermediário, ou seja, é dúctil e frágil. Em outras palavras, o concreto sofre

um pouco de deformação antes de romper-se.

Segundo Medeiros e Grochoski (2007) a marquise é uma exceção a esta regra

(tende a sofrer ruptura brusca, tipo frágil, sem aviso) e, por isso, é um componente

estrutural que, mais do que nunca, precisa ser perfeito no seu projeto, na sua execução

e na sua utilização.

Portanto, uma manutenção periódica pode-se evitar tragédias e também gerar

economia quando comparada com uma reforma emergencial. Assim, torna-se

necessário investir em vistorias e reparos para obter-se segurança.

2.2.1. Carregamentos atuantes em lajes em balanço

Segundo a NBR 6120/1980, nas lajes em balanço, que podem destinar-se a

sacadas ou marquises, além das cargas permanentes e acidentais, devem ser

considerados os seguintes carregamentos:

Page 21: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

8

Figura 2.4. Carregamentos em lajes em balanço (CAMACHO, 2004).

onde:

• q = carga acidental do compartimento que lhe dá acesso;

• H = 0,8 kN/m, (carga horizontal);

• V = 2,0 kN/m (carga vertical mínima).

2.3 PROBLEMAS E ACIDENTES ESTRUTURAIS COM SACADAS E

MARQUISES

2.3.1 Problema com fissuras nas sacadas do edifício Anice Daher

O edifício Anice Daher, está localizado na Rua Princesa Izabel nº 210, bairro

São Francisco, e tem 15 anos de idade. Este edifício possui seis pavimentos, contando

com um andar subsolo, um térreo e quatro andares superiores.

Como alegado por alguns moradores no prédio, existem fissuras nas lajes das

sacadas, em praticamente todos os pavimentos. Então, um dos moradores acionou o

serviço de engenheiros (autores do trabalho), que em visita ao local, encontraram

situações de fissuração, em praticamente todas as lajes de sacada do edifício, o que

gerou a necessidade da realização de um diagnóstico, para possíveis intervenções. A

Figura 2.5 apresenta a fachada do edifício Anice Daher.

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9

Figura 2.5. Fachada do Edifício Anice Daher.

Foram detectados dois problemas nas sacadas do edifício: um foi a fissuração

entre as laje da sacada e a vigas de apoio, como mostra a Figura 2.6.

Figura 2.6. Fissuras na sacada do 1º andar do edifício.

Page 23: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

10

O outro problema encontrado foi o rotacionamento da laje da sacada em relação

à viga de apoio, como mostra a Figura 2.7. As causas destas manifestações patológicas

estão sendo estudadas para que se possa chegar a um diagnóstico.

Figura 2.7. Rotacionamento da laje da sacada em relação à viga de engaste.

2.3.2 Acidentes estruturais com marquises

a) Marquise do anfiteatro da Universidade Estadual de Londrina

Segundo Londrix (2006), de acordo com o relatório da Comissão no que se

referem ao projeto estrutural, os principais fatores que levaram ao desabamento da

marquise do Anfiteatro do CESA foram falhas de detalhamento em peças estruturais

da obra. Além disso, não foram consideradas corretamente todas as forças atuantes na

estrutura e também houve falhas de dimensionamento em peças estruturais.

Em relação à execução da obra, houve posicionamento incorreto e ausência de

ancoragem em armaduras; algumas peças foram executadas em desconformidade com

o projeto e o concreto utilizado nas peças apresentava resistência inferior à

especificada e foram detectadas falhas de concretagem em algumas peças estruturais.

Para a Comissão de Sindicância o colapso da marquise ocorreu devido à

somatória desses fatores. Com relação à manutenção da obra, a Comissão não detectou

falhas que pudessem provocar o desabamento. Foi constatada a existência de acúmulo

Page 24: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

11

de água, porém o volume armazenado na marquise não representava uma carga

significativa para o desabamento da marquise do anfiteatro. A Figura 2.8 mostra a

marquise após o colapso.

Figura 2.8. Marquise da UEL após o colapso.

b) Resumo de casos do colapso de marquises no Brasil

A Tabela 1 apresenta um levantamento de casos de desabamento de marquises e

estruturas similares no Brasil.

Tabela 1. Levantamento de casos de desabamento de marquise e estruturas similares

no Brasil (Medeiros e Grochoski, 2007).

Edificação Ano do

Acidente

Idade da

Edificação Vítimas Tipo Estrutural Agentes causadores

Comp. do

balanço

Ed. Mercúrio - RJ 1990 ND 1 morto Laje sobre viga

engastada

Corrosão de

armadura agravada

por cobrimento

insuficiente

ND

Ed. Términus -RJ 1992 ND 1 morto e 2

feridos

Laje sobre viga

engastada

Corrosão das

armaduras,

sobrecarga devido a

impermeabilizações

superpostas

3 m

Page 25: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

12

Tabela 1 (cont.). Levantamento de casos de desabamento de marquise e estruturas

similares no Brasil (Medeiros e Grochoski, 2007).

Restaurante

Tijuca - RJ 1992 37 anos nenhuma

Laje sobre

viga engastada

Dimensionamento

incorreto e

corrosão de

armaduras

1 m

Prédio da

BANDERN -

RN

1993 > 50 anos nenhuma

Laje engastada

em parede de

alvenaria

maciça

Corrosão de

armaduras ND

Ed. Tavares –

RJ 1995 ND 1 ferido Laje engastada

Excesso de água

por falta de

drenagem e

sobrecarga de

letreiro apoiado

sobre a marquise

2 m

Hospital

Municipal

Barata Ribeiro

– RJ

1996 48 anos nenhuma Laje engastada

Mal

posicionamento da

armadura

negativa,

sobrecarga devido

a sucessivas

camadas de

impermeabilização

superpostas

2,4 m

Hotel Palace –

BA 200 66 anos

1 morto e 2

feridos Não declarado ND

Ed. M.

D’Almeida 2001 ND

1 morto e 7

feridos Não declarado

Corrosão de

armaduras e

sobrecarga

ND

Ed. Granville 2004 24 anos nenhuma Laje engastada

Mal

posicionamento da

armadura negativa

ND

Anfiteatro do

CESA da UEL

– PR

2006 7 anos 2 mortos e 21

feridos

Laje sobre

viga engastada

Excesso de água

não drenada e

corrosão de

armaduras

5 m

Bar Parada

Obrigatória –

RJ

2006 50 anos 3 mortos e 4

feridos Não declarado

Corrosão de

armaduras ND

Hotel Canadá 2007 40 anos 2 mortos e 14

feridos Não declarado

Corrosão de

armaduras e

sobrecarga

3 m

Page 26: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

13

2.3.3 Proibição da construção de marquises na cidade do Rio de Janeiro

No dia 9 de março de 2007 foi estabelecido o Decreto nº 27.663/07, que proíbe

a construção de marquises na cidade do Rio de Janeiro. Esta medida foi estabelecida

após a queda do Hotel Canadá, em Copacabana. Segundo Alencar (2007) a decisão da

Prefeitura ocorreu sem qualquer consulta aos órgãos de representação dos engenheiros

e arquitetos.

De acordo com Alencar (2007), as marquises são criadas para proteger o

transeunte do sol e da chuva tanto quanto da eventual queda de objetos dos andares

superiores, portanto são parte relevante da arquitetura dos edifícios e ao contrário do

que parece ao executivo municipal são elementos de segurança da edificação estando

presentes nas construções ao longo da história das cidades.

Nota-se na Tabela 1 que a maioria da ruína de marquises, como o Edifício

Canadá, são edifícios considerados “velhos”. Estes edifícios precisam de maior

freqüência de fiscalização da prefeitura, para analisar a estrutura, e maior freqüência

de manutenção, pois quanto mais velhos, são mais susceptíveis a problemas

estruturais.

Além da proibição da construção de marquises, o artigo 2º do Decreto nº

27.663/07 trata que: “No licenciamento de obras de reformas, modificação e

acréscimos nas edificações existentes que possuam marquises construídas sobre

logradouros e áreas de afastamento frontal deverá ser exigida a demolição das

mesmas”.

De acordo com Junqueira (2007) a redação do Art. 2° é inadequada, tendo em

vista que pune a os proprietários, engenheiros e arquitetos por uma falha da

administração pública, que não promoveu uma vistoria adequada na marquise no hotel

em Copacabana.

Page 27: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

14

3. PRINCIPAIS AGENTES CAUSADORES DE COLAPSO

Neste capítulo foi realizado um estudo a fim de determinar quais são os

principais agentes causadores de colapsos e manifestações patológicas em sacadas e

marquises.

Durante a etapa de concepção da estrutura de uma sacada ou marquise, muitas

são as falhas possíveis de ocorrer. Elas podem originar-se durante o estudo preliminar

(concepção e lançamento da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a

elaboração do projeto de execução.

Na execução, podem ocorrer falhas das mais diversas naturezas, associadas às

causas tão variadas como a falta de condições locais de trabalho (cuidados e

motivação), não capacitação profissional da mão-de-obra, inexistência de controle de

qualidade de execução, má qualidade de materiais e componentes, irresponsabilidade

técnica e até mesmo sabotagem (MATTJE, 2002).

Quando terminada a etapa de execução da sacada ou marquise, mesmo que

tenham sido executadas com qualidade adequada, estas estruturas podem ter durante a

sua vida útil, problemas patológicos por falta de manutenção adequada ou pela

utilização errônea. Por exemplo, uma marquise pode ser projetada apenas para

proteger os transeuntes e cobertura contra as ações de intempéries (sol e chuva) e

quedas de objetos. Porém, esta marquise pode ser utilizada incorretamente em um

carnaval, onde pessoas ficam em cima dela e “pulam”, o que pode acarretar em um

colapso devido à sobrecarga, não considerada durante o projeto.

3.1. ERROS DE PROJETO

Segundo Helene (1988) a maior parte dos problemas patológicos na Construção

Civil tem origem na etapa de projeto - variando de 36% a 49%, conforme o caso.

Segundo Motteu e Cnudde (1989) apud. Melhado (1994) também apontam a

ligação entre erros de projeto e problemas patológicos (Figura 3.1). Segundo os

autores, a fase de concepção e projeto é a principal origem de defeitos das construções,

Page 28: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

15

participando com 46% do total das falhas. Outra colocação feita por eles destaca o fato

de que apenas 22% dos problemas ligam-se à fase de execução.

Figura 3.1. Origens de problemas patológicos das edificações (Motteu e Cnudde, 1989

apud. Melhado, 1994.

Constata-se que as falhas originadas ante-projeto equivocado, são responsáveis,

pelo encarecimento do processo de construção, ou por transtornos relacionados à

utilização da obra, enquanto as falhas geradas durante a realização do projeto

geralmente são as responsáveis pela implantação de problemas patológicos sérios. Os

problemas destas fases podem ser tão diversos como (PIANCASTELLI, 2004;

DAIHA, 2004):

• Lançamento inadequado à solução estrutural pretendida quer por balanços

excessivamente grandes, quer por regiões com esforços elevados;

• elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou das

combinações mais desfavoráveis das mesmas, não consideração de cargas que

surgem em função do processo executivo; escolha infeliz do modelo analítico,

etc.);

• falta de uma drenagem eficiente nas estruturas de sacadas e marquises,

Page 29: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

16

• ausência de impermeabilização nas estruturas de sacadas e marquises, as quais

podem ficar predispostas a patologias de corrosão;

• falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como com os

demais projetos civis;

• especificação inadequada de materiais;

• detalhamento insuficiente ou errado, por exemplo, má distribuição da armadura

(congestionamento);

• detalhes construtivos inexeqüíveis;

• falta de padronização das representações (convenções);

• erros de modelagem, carregamento e dimensionamento;

• falta de controle da fissuração e,

• falta de controle das deformações.

Vale salientar que um dos pontos que mais podem afetar a durabilidade das

estruturas de sacadas e marquises é o detalhamento das barras. O projetista deve ter em

conta que o bom adensamento do concreto, em especial do cobrimento, depende

diretamente de bons afastamentos horizontais e verticais entre as barras.

Segundo Helene (1988), as falhas de planejamento ou de projeto são, em geral,

mais graves que as falhas de qualidade dos materiais ou de má execução, motivo pelo

qual é sempre preferível investir mais tempo no detalhamento e estudo da estrutura

que, por falta de previsão, tomar decisões apressadas a ou adaptadas durante a

execução.

3.2. ERROS DE EXECUÇÃO

3.2.1. Disposição incorreta das armaduras

Uma sacada ou uma marquise são estruturas em balanço, ou seja, apoiados em

uma extremidade e outra extremidade livre. Portanto, sujeita a momentos negativos e,

conseqüentemente, as armaduras devem estar dispostas na parte superior da laje e viga.

Estas armaduras devem ser executadas com cuidado especial.

Page 30: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

17

O posicionamento incorreto das armaduras, que se pode traduzir na não

observância do correto espaçamento entre as barras (em lajes isto é muito comum),

como se vê na Figura 3.2, ou no deslocamento das barras de aço de suas posições

originais, muitas vezes motivado pelo trânsito de operários e carrinhos de mão, por

cima da malha de aço, durante as operações de concretagem – o que é praticamente

comum nas armaduras negativas das lajes (Figura 3.3) e poderá ser crítico nos casos de

balanço. O recurso a dispositivos adequados (espaçadores, pastilhas, caranguejos) é

fundamental para garantir o correto posicionamento das barras da armadura (LIMA e

PACHA, 2000).

Figura 3.2. Espaçamento irregular em armaduras de lajes (SOUZA e RIPPER, 1998).

Figura 3.3. Armadura negativa da laje fora de posição (SOUZA e RIPPER, 1998).

Page 31: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

18

3.2.2. Escoramento incorreto

Muito cuidado precisa ser tomado quando se resolve escorar uma marquise.

Para isso, não se pode esquecer como uma marquise é armada e quais os esforços

atuantes na mesma. O escoramento isolado da ponta de uma marquise promove uma

mudança no comportamento estrutural da peça que, neste caso, passaria a trabalhar

como uma estrutura engastada em uma extremidade e apoiada na outra.

Essa mudança de comportamento pode levar a modificações consideráveis nos

diagramas de esforços solicitantes na marquise, como mostra a Figura 3.4 e 3.5. Desse

modo, na ausência de cálculos e/ou verificações que provem o contrário, a forma mais

correta de se realizar o escoramento de uma marquise é introduzir apoios ao longo de

toda a sua extensão com escoras desde sua extremidade até o engaste (MEDEIROS e

GROCHOSKI, 2007).

Obviamente, não se podem retirar prematuramente os escoramentos, o que pode

resultar em deformações indesejáveis na estrutura e, em muitos casos, em acentuada

fissuração. Segundo Lima e Pacha (2000), a remoção incorreta dos escoramentos

(especialmente em balanços, casos em que as escoras devem ser sempre retiradas da

ponta do balanço para o apoio), o que provoca o surgimento de trincas nas peças,

como conseqüência da imposição de comportamento estático não previsto em projeto

(esforços não dimensionados).

Figura 3.4. Escala de momento sem escoramento (MEDEIROS e GROCHOSKI,

2007).

Page 32: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

19

Figura 3.5. Tipos de escoramento em estruturas em balanço (MEDEIROS e

GROCHOSKI, 2007).

3.3. CORROSÃO NAS ARMADURAS

O concreto, devido à sua natural alcalinidade, proporciona ao aço além da

proteção química (pH > 12), a física, proveniente do recobrimento da armadura.

Talvez, por esse motivo, acreditava-se que as obras construídas em concreto seriam

eternas. Porém, o aço submerso no concreto está sujeito ao ataque de agentes

agressivos, causando problemas de corrosão (NÓBREGA e SILVA, 2002).

Segundo Gentil (2003) et al. Freire (2005), de uma forma geral, a corrosão é

definida como sendo a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação

química ou eletroquímica do meio ambiente, aliada ou não a esforços mecânicos. Em

Page 33: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

20

alguns casos, a corrosão pode ser admitida como sendo o inverso do processo

metalúrgico, conforme mostra a Figura 3.6, cujo principal objetivo é a extração do

metal a partir dos seus minérios ou de outros compostos.

Figura 3.6. Processo de corrosão.

3.3.1. Tipos de corrosão

A corrosão pode classificar-se segundo a natureza do processo e segundo sua

morfologia. Segundo a natureza do processo, classifica-se a corrosão em química e

eletroquímica.

A corrosão química, também chamada de corrosão seca, pois ocorre sem a

presença de água e ocorre por uma reação gás-metal e resulta em uma película de

óxido. Este processo ocorre em temperaturas elevadas, é um processo extremamente

lento e não provocam deterioração substancial das superfícies metálicas, exceto se

existirem gases extremamente agressivos na atmosfera.

Segundo Helene (1986), este fenômeno ocorre preponderantemente, durante a

fabricação das barras. Ocorre a formação sobre a superfície de uma película compacta,

uniforme e pouco permeável, podendo até servir de proteção relativa contra a corrosão

de natureza eletroquímica.

De acordo com Polito (2006), a corrosão eletroquímica ou em meio aquoso

resulta-se da formação de uma célula de corrosão, com eletrólito e diferença de

potencial entre pontos da superfície. Se qualquer um destes elementos for retirado, ou

se não houver a entrada de oxigênio o processo é paralisado.

Na corrosão eletroquímica, os elétrons movimentam-se no metal, partindo das

regiões anódicas para as catódicas, completando-se o circuito elétrico através do

eletrólito, que é uma solução iônica (FREIRE, 2005).

Page 34: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

21

Segundo Gentil (2003) et al. Freire (2005), a corrosão eletroquímica da

armadura pode ter as seguintes formas:

• corrosão uniforme: corrosão em toda a extensão da armadura quando

fica exposta ao meio agressivo;

• corrosão puntiforme ou por pite: os desgastes são localizados sob a

forma de pequenas cavidades, também chamados alvéolos;

• corrosão intragranular: processa-se entre os grãos dos cristais do

metal e quando os vergalhões sofrem, principalmente, tensões de

tração, podem fissurar ou fraturar perdendo a estabilidade;

• corrosão transgranular: realiza-se intragrãos da rede cristalina,

podendo levar à fratura da estrutura, quando houver esforços

mecânicos; e

• fragilização pelo hidrogênio: corrosão originada pela ação do

hidrogênio atômico na sua difusão pelos vergalhões da armadura,

propiciando a sua fragilização e, em conseqüência, a fratura.

A corrosão uniforme não é tão prejudicial à estrutura, pois ela ocorre em toda a

extensão da barra. Já as quatro últimas formas podem ser extremamente prejudiciais à

estrutura de concreto quando existem ações conjuntas de solicitação mecânica e meio

corrosivo, pois ocasionam a corrosão sob tensão fraturante, podendo provocar a

ruptura da armadura.

3.3.2. Corrosão das armaduras por cloretos

Al-AMoudi e Maslehuddin (1993) apud. Dal Ri (2002) afirmam que a corrosão

das armaduras é devida, principalmente aos íons cloretos, e que as condições

agressivas do meio-ambiente, caracterizadas por elevadas temperaturas, variação de

umidade e presença de íons agressivos como sais de cloreto e sulfato, são entendidos

como principais fatores contribuintes na deterioração da estrutura de concreto.

Page 35: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

22

Os cloretos podem ser encontrados nos concretos de duas formas: como cloreto

livre, solúvel ou dissociável, na forma de íon na água dos poros, ou como cloreto

combinado, formando parte das fases hidratadas do cimento. O primeiro trata-se do

cloreto realmente agressivo à armadura e, o segundo, geralmente se encontra

combinado na forma de cloroaluminato conhecido como sal de Friedel (DAL RI,

2002).

Delagrave et al. (1996) apud. Dal Ri (2002) descreve que os íons cloreto

normalmente penetram no concreto por capilaridade ou difusão. Eles migram para o

aço, destruindo a camada passivadora e podendo desencadear o processo corrosivo,

podendo interagir com alguns hidratos da pasta de cimento.

As corrosões devido aos íons de cloreto ocorrem principalmente em áreas em

torno do mar, devido à presença de cloreto de sódio na atmosfera, mas podem ocorrer

em regiões continentais devido à contaminação de agregados ou pela utilização de

águas salobras.

Segundo Fortes (1995) apud. Dal Ri (2002), um valor médio aceito para o teor

de cloreto é de 0,4% em relação à massa de cimento ou 0,05% a 0,1% em relação à

massa do concreto. Na América do Norte, segundo Neville (1997), o teor de cloreto no

concreto armado é fixado em 0,15% da massa de cimento.

A NBR 6118 (2003) não especifica o teor máximo de cloreto admissível de

concreto, apenas especifica que “quando o risco de contaminação por cloretos for alto,

deve-se enquadrar esse trecho da estrutura na classe IV. É o caso da zona de respingos

de maré”. A NBR 6118 não permite o uso de aditivos contendo cloreto na sua

composição em estruturas de concreto armado ou protendido.

3.3.3. Corrosão das armaduras por carbonatação

Segundo Polito (2006), normalmente a carbonatação é condição essencial para

o início da corrosão da armadura no interior do concreto. A alcalinidade do concreto é

obtida principalmente pela presença de Ca(OH)2 (hidróxido de cálcio), liberado das

reações do cimento e pode ser reduzida com o tempo.

Page 36: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

23

Os constituintes presentes na atmosfera que podem causar a redução do pH são

o CO2 (gás carbônico), o SO2 (dióxido de enxofre), e o H2S (gás sulfídrico), sendo que

o principal é o primeiro, daí o nome de carbonatação (POLITO, 2006).

Segundo Freire (2005) a conseqüência da carbonatação é a redução da

alcanilidade do concreto, devido à lixiviação dos compostos cimentícios, que reagem

com os componentes ácidos da atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2),

resultando na formação de carbonatos e H2O.

Pelo fato do concreto ser um material poroso, o CO2 presente no ar penetra,

com certa facilidade, através dos poros do concreto até o seu interior. Com isso

acontece a reação do CO2 com o hidróxido de cálcio, provocando a carbonatação

(FREIRE, 2005).

3.3.4. Fissuração do concreto devido à corrosão

A corrosão das armaduras é um processo eletroquímico que provoca a

degradação (oxidação) do aço do concreto. Os fatores que afetam este fenômeno estão

associados essencialmente às características do concreto, ao meio ambiente e à

disposição das armaduras nos componentes estruturais afetados.

Os danos causados pela corrosão de armaduras geralmente manifestam-se

através de fissuras no concreto paralelas à direção do reforço, delaminação e/ou

lascamento do cobrimento. Em componentes estruturais que apresentam um elevado

teor de umidade, os primeiros sintomas de corrosão evidenciam-se por meio de

manchas de óxidos na superfície de concreto.

Os danos por corrosão podem afetar a capacidade portante dos componentes

estruturais, em função da perda de seção transversal das armaduras, da perda de

aderência entre o aço e o concreto e da fissuração deste. Mesmo assim, a

deteriorização progressiva das estruturas por corrosão provoca lascamentos de

material, que podem comprometer a segurança das pessoas.

A corrosão é um processo que ocorre na fase aquosa; no caso de concreto armado, o

fenômeno ocorre na solução existente nos poros internos.

Page 37: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

24

O fenômeno é observado com freqüência em concretos de baixa qualidade,

elaborados com altas relações água/cimento e, por conseguinte que apresenta elevada

porosidade, assim como em componentes estruturais afetados por umidade ou ciclos

de molhagem (Husni, Benítz, Manzelli, Macchi, Charreau, Risetto, Luco, Guitelman,

Morris, 2003)

3.4. FISSURAÇÃO

As fissuras podem ser consideradas como manifestações patológicas

característica das estruturas de concreto. Para que se consiga identificar com precisão

causa(s) e efeito, é necessário desenvolver análises consistentes, que incluam a mais

correta determinação da configuração das fissuras, bem como da abertura da extensão

e da profundidade das mesmas.

Ao se analisar uma estrutura de concreto que esteja fissurada, os primeiros

passos a serem dados consistem na elaboração do mapeamento das fissuras e em sua

classificação, que vem a ser definição da atividade ou não das mesmas. Classificadas

as fissuras e de posse do mapeamento (Figura 3.7), pode-se dar início ao processo de

determinação de suas causas, de forma a estabelecer as metodologias e proceder aos

trabalhos de recuperação ou de reforço (GOMES et al., 2007).

Figura 3.7. Mapeamento de fissuras (GOMES et al., 2007).

Page 38: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

25

a) Deficiências de projeto

As falhas acontecidas em projetos estruturais podem ser as mais diversas,

assumindo correspondentes fissuras a configuração própria ao tipo de esforço a que

estão submetidas.

Também nos casos em que o esforço predominante é compressivo, seja em

situação de compressão simples ou de flexão composta, poderão ser desenvolvidos

quadros de fissuração de alguma importância.

b) Contração plástica

Este processo de fissuramento é mais comum em superfícies extensas com as

fissuras sendo normalmente paralelas entre si fazendo ângulo de aproximação de 45º

com os cantos, sendo superficiais, na grande maioria dos casos (GOMES et al., 2003).

c) Assentamento do concreto - Perda de aderência da armadura

A fissuração por assentamento do concreto ocorre sempre que este movimento

da massa é impedido pela presença de fôrmas ou de barras

da armadura, sendo tanto maior quanto mais espessa for a camada de concreto.

As fissuras formadas pelo assentamento do concreto acompanham o desenvolvimento

das armaduras, e provocam a criação do chamado efeito de parede, que consistem na

formação de um vazio por baixo da barra, que reduz a aderência desta ao concreto

Gomes et al. (2003).

d) Movimentação de fôrmas e escoramentos

Segundo Gomes et al. (2003), o movimento de formas e escoramentos pode

acarretar em:

Page 39: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

26

• Deformação acentuada da peça, gerando alteração de sua geometria, com perda

de sua resistência e desenvolvimento de um quadro de fissuração;

• Deformação das fôrmas, por mau posicionamento, por falta de fixação

adequada, pela existência de juntas mal vedadas ou de fendas, ou por absorção

da água do concreto, permitindo a criação de juntas de concretagem não

previstas, o que leva a fissuração.

e) Retração plástica do concreto

Logo após o adensamento do concreto e acabamento da superfície do concreto

pode-se observar o aparecimento de fissuras na sua superfície. Essa retração plástica é

devida à perda rápida de água de amassamento, seja por evaporação, seja por absorção

Dal Molin (1988).

f) Reações expansivas

As reações álcali-agregado podem originar fissuras devido à formação de um

gel expansivo dentro do concreto (PAULON, 1981 apud, SABBAG, 2003).

g) Outras causas

Há muitas outras causas que podem causar fissuras no concreto como:

• Retração térmica;

• Retração hidráulica;

• Deformidade excessiva do concreto armado;

• Movimentação higroscópica;

• Atuação de sobrecargas;

• Recalque de fundação;

• Alterações químicas dos materiais de construção;

• Corrosão nas armaduras (item 3.3 deste trabalho)

Page 40: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

27

• Desagregação do concreto;

• Carbonatação do concreto;

• Desgaste do concreto;

• Outras causas;

3.5. SOBRECARGA

A aplicação de cargas não previstas em projeto é muito comum em lajes de

sacadas ou marquises antigas, e pode ser tanto um fator prejudicial a sua durabilidade

como o próprio agente causador isolado da ruína da estrutura (MEDEIROS e

GROCHOSKI, 2007).

Anomalias relacionadas às instalações de drenagem de águas pluviais são

prejudiciais ao desempenho das estruturas de sacadas ou marquises, uma vez que

através delas podem ocorrer em situações específicas, o acúmulo de água sobre as lajes

das marquises e, como conseqüência, introdução de sobrecarga excessiva (JORDY e

MENDES, 2007). Este acúmulo de água pode ocorrer quando o sistema de drenagem

está sub-dimensionado ou quando as tubulações estão obstruídas.

Outra sobrecarga freqüente acontece quando muitas empresas do ramo tendem a

tomar o caminho mais fácil para a renovação dos sistemas de impermeabilização

vencidos das marquises. Ao invés de remover todo o sistema antigo juntamente com

sua argamassa de proteção para só então aplicar a nova impermeabilização, instala-se

o sistema novo sobre o antigo como exemplificado na Figura 3.8.

Figura 3.8. Exemplo de camadas de sistemas de impermeabilização sobrepostas sobre

laje de marquise (MEDEIROS e GROCHOSKI, 2007).

Page 41: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

28

O caso mais crítico que Medeiros e Grochoski (2007) observaram foi uma

marquise com laje de 7 cm de espessura com inúmeras camadas de impermeabilização

superpostas totalizando 56 cm.

Este tipo de ocorrência se não foi a única causa, mas foi um dos agravantes nos

casos do desabamento das marquises do edifício Términus em 1992 e do Hospital

Municipal Barata Ribeiro em 1996, ambos no Rio de Janeiro.

De acordo com Gonçalves (2006), uma marquise normalmente é dimensionada

para suportar, além de seu próprio peso e do sistema de impermeabilização, e

sobrecargas leves, decorrentes de serviços de manutenção de sua superfície. Não

podem, em absoluto, servir como área de estocagem do entulho de demolição de

fachadas, a menos que esteja adequadamente escorada.

Segundo Medeiros e Grochoski (2007), outra fonte de sobrecargas em

marquises é a instalação de equipamentos como ar-condicionado entre outros e de

estruturas secundárias como letreiros, uma vez que muitas lojas têm marquises em sua

fachada. Esta foi umas das causas do desabamento da marquise do edifício Tavares, no

Rio de Janeiro, em 1995.

Ainda sobre este aspecto é importante salientar que os esforços do vento sobre

estes letreiros são transmitidos à marquise que pode ter sua estabilidade ameaçada,

podendo vir a ruir. Portanto, não se trata simplesmente de suporte ao peso da estrutura

do painel.

Segundo Rizzo (2007) a instalação de painéis publicitários impõe uma carga

vertical decorrente do peso e um esforço de flexão decorrente da força do vento

incidindo sobre o painel. Via de regra, esse último aspecto é desprezado. Mas veleiros

impulsionados pela força do vento. Essa mesma força que move uma embarcação pode

derrubar uma marquise. A Figura 3.9 mostra uma marquise deformada pela sobrecarga

de painel publicitário.

Page 42: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

29

Figura 3.9. Marquise deformada pela sobrecarga de painel publicitário (RIZZO, 2007).

Outro tipo de sobrecarga em marquises, freqüente em épocas de festa, como o

carnaval, é a utilização das marquises como “camarote”. De acordo com Medeiros e

Grochoski (2007), as marquises não são projetadas para absorver o peso e o impacto

provocado por dezenas de pessoas pulando e dançando sobre ela. Em Recife e

Salvador, o poder municipal tem um programa de inspeção e interdição das marquises

da cidade na época do carnaval, como ilustrado pelos trechos das matérias

apresentados a seguir:

Outro caso que pode levar a sobrecarga é a falta de limpeza e de aplicação de

desmoldantes nas fôrmas antes da concretagem, o que acaba por ocasionar distorções e

"embarrigamentos" natos nos elementos estruturais (o que leva à necessidade de

enchimentos de argamassa maiores dos que os usuais e, consequentemente, à

sobrecarga da estrutura) (LIMA E PACHA, 2000).

Além disso, essas sobrecargas descritas podem não levar a estrutura ao colapso,

mas podem causar trincas e fissuras nas marquises, o que pode favorecer a penetração

de água e agentes agressivos, o que pode causar corrosão das armaduras, e, por

conseguinte, levar a estrutura à ruína.

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30

4. MÉTODO DE INSPEÇÃO DE SACADAS E MARQUISES

Neste capítulo foi desenvolvido um método de inspeção de sacadas e marquises,

baseado em métodos já existentes.

4.1. MÉTODO DE INSPEÇÃO DE SACADAS E MARQUISES

Devido ao cenário de desastres recentes ocorridos com marquises e sacadas no

Brasil, como exposto anteriormente, é de suma importância o estabelecimento de

medidas com vistas à análise das reais condições de funcionamento das marquises

existentes. Tais medidas visam o estabelecimento de um plano de manutenção

preventiva e de providências imediatas como a recuperação e/ou reforço da marquise

(SOUZA e FERRARI, 2007).

O método de inspeção de marquises e sacadas proposto abaixo, foi elaborado

utilizando como base os métodos de inspeção sugeridos por Jordy e Mendes (2007),

Gomes et al. (2003) e Souza e Ferrari (2007).

4.1.1. Dados cadastrais da edificação

Primeiramente, deverão ser obtidos os dados cadastrais da edificação, os quais

são:

• Nome da edificação;

• Tipo de Edificação (comercial, público, residencial ou religioso);

• Endereço;

• Data da construção;

• Nome do síndico ou órgão responsável pela obra;

• Agressividade do ambiente.

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31

4.1.2. Informações gerais

Também deverão ser obtidas informações gerais, como:

• Identificação da construtora;

• Identificação dos projetistas estruturais (os mesmos deverão ser comunicados

sobre a inspeção da marquise);

• CREA do Responsável Técnico da Marquise;

• Utilização da edificação versus concepção de projeto;

• Caracterização da edificação;

• Registros de intervenções anteriores na marquise em avaliação;

• Análise dos projetos da edificação (projeto versus utilização da marquise).

4.1.3. Planta de situação da marquise ou sacada

A marquise ou sacada em análise deve ser localizada em relação à edificação e

aos logradouros por meio da elaboração de planta de situação. Nessa planta devem ser

identificados os posicionamentos de todos os seus elementos estruturais conforme é

mostrado na Figura 4.1 (JORDY e MENDES, 2007). Também deve ser apresentado na

planta o índice cadastral da Prefeitura Municipal.

Figura 4.1. Situação e elementos estruturais de uma marquise (JORDY e MENDES,

2007).

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32

4.1.4. Levantamento geométrico dos elementos estruturais de uma marquise ou sacada

Deverá ser obtida “in loco”, a espessura e a largura da marquise ou sacada com

o uso de trenas, por se tratar de um equipamento de fácil manuseio e barato, podendo

também ser utilizado o teodolito, caso se tenha a disponibilidade do mesmo. Em

seguida, deve-se realizar o mapeamento da armação que consiste na obtenção da bitola

das barras de aço existentes e o respectivo espaçamento entre elas (GOMES et al.

2003). A obtenção destes dados é de extrema importância para verificações estruturais.

A representação geométrica das peças em concreto deve ser registrada em

desenhos em planta e cortes específicos, como mostrado na Figura 4.2.

Figura 4.2. Geometria dos elementos estruturais (JORDY e MENDES, 2007).

Para determinação da malha de armadura, diâmetro das barras e cobrimento de

concreto das barras de concreto; pode-se utilizar um método não-destrutivo, para isso

utiliza-se o aparelho “Profometer 5+” (PROCEQ, 2008). Segundo Gomes et al.

(2003), o funcionamento deste aparelho consiste em percorrer manualmente toda a

área da marquise ou sacada a ser estudada com um sensor que emite ondas disparando

um sinal sonoro ao detectar o início e o final de barras de aço existentes.

Há um programa de computador da empresa PROCEQ, fabricante do aparelho

“Profometer 5+”, que permite ao operador visualizar os resultados recebidos da

unidade de leitura de dados em formato gráfico ou numérico, dessa forma permitindo

que eles sejam editados para preparação de relatórios ou para execução de análises, ou

armazenados para utilização posterior.

Page 46: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

33

Muitas vezes são inexistentes os projetos, especificações e as plantas de formas

ou de armaduras, ou dificuldade financeira em fazer um ensaio não-destrutivo, então

se verifica a necessidade a execução de cortes no concreto para elucidação e

levantamento das seções de aço, assim como para verificação de suas integridades e

estados de conservação. A Figura 4.3. mostra a medição da seção transversal de

armadura em viga de marquise

Figura 4.3. Medição da seção transversal de armadura em viga de marquise (JORDY e

MENDES, 2007).

Após isso, as posições de aços em relação às peças estruturais de concreto

devem ser registradas em plantas e cortes (Figuras 4.4 e 4.5), sendo subsídios para

verificação da estabilidade estrutural (JORDY e MENDES, 2007).

Figura 4.4. Posição de armaduras em planta referida às peças em concreto (JORDY e

MENDES, 2007).

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34

Figura 4.5. Posição de armaduras em corte referido às peças em concreto (JORDY e

MENDES, 2007).

4.1.5. Verificação do sistema de drenagem e impermeabilização

Deverá ser verificada a impermeabilização nas marquises, as anomalias que

podem ocorrer são a ausência de impermeabilização na parte superior da marquise ou

então a sobreposição de sistemas de impermeabilização, que podem acarretar em uma

sobrecarga. Nas sacadas devem ser verificados as condições do piso, normalmente

cerâmico, e também as juntas destes.

Segundo a NBR 9575/2003, a situação do sistema de drenagem de águas

pluviais deve ser verificada não somente em face da capacidade de atendimento ao

dimensionamento hidráulico, mas, também, considerando as obstruções causadas por

sobreposições nas impermeabilizações junto aos ralos, ou seja, obstruções destes como

mostrada na Figura 4.6 devem ser coibidas.

Figura 4.6. Obstruções no sistema de drenagem de marquises em centros urbanos.

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35

4.1.6. Ensaio de esclerometria no concreto

Segundo a NBR 7584/1995, o ensaio de esclerométrico é um ensaio que mede a

dureza superficial do concreto, fornecendo elementos para a avaliação da qualidade do

concreto endurecido.

Gomes et al. (2003) propõe para detecção das áreas de reboco ou emboço que

apresentem patologias (descolamento, esboroamento, perda de aderência, etc.) devem-

se realizar ensaios com um esclerômetro pendular. São escolhidos pontos aleatórios na

marquise e realizadas três medições para cada ponto, tomando-se como valor de

medição a média ponderada destes valores obtidos.

Valores situados numa faixa fornecida pelo fabricante indicam perda de

aderência do emboço/reboco com o substrato e/ou a presença de alguma patologia do

gênero, necessitando-se de uma análise visual detalhada e, dos resultados obtidos

quanto à corrosão das armaduras para se obter o diagnóstico preciso da patologia

existente.

Com base nos dados obtidos anteriormente, os mesmos são lançados na

Planilha de Cálculo de Armação da Marquise em anexo, onde a partir dos dados de

saída desta será verificado se a marquise executada atende ou não as especificações de

cálculo de armação.

4.1.7. Avaliação das armaduras com respeito as suas condições mecânicas e corrosão

Após a execução dos cortes no concreto devem ser verificadas as armaduras

expostas quanto as suas integridades estruturais, isto é, danos por diminuição de seção

resistente causados por processos corrosivos, como é mostrado na Figura 4.7.

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36

Figura 4.7. Verificação da integridade estrutural do aço dentro de viga de marquise

(JORDY e MENDES, 2007).

4.1.8. Determinação das alturas relativas

Gomes et al. (2003) propôs para a determinação das alturas relativas, quando

primeiramente, realiza-se um reconhecimento do objeto de estudo e, procede-se a

definição dos pontos a serem avaliados. Sendo que o número de pontos a serem

avaliados é no mínimo de seis pontos e fica a critério do responsável pela medição

acrescentar outros pontos que sejam relevantes para a avaliação.

Primeiramente define-se o ponto de referência, que deve ser o primeiro ponto

da esquerda próximo ao engaste da marquise ou sacada, tendo como referência o

operador estando de frente para a marquise. Em seguida, passe-se para a fase de

nivelamento do nível de bolha do tripé. Depois, loca-se este ponto com relação a

distância até a parede de engaste da marquise ou sacada e a extremidade da mesma.

Tendo estes procedimentos anteriores sidos executados, procede-se para a realização

da obtenção da leitura vertical com relação à base do tripé situado no ponto de

referência até a superfície inferior da marquise.

Tendo terminado o procedimento quanto ao ponto de referência, parte-se para a

realização das medições dos demais pontos previamente estabelecidos, sendo que o

tripé do ponto de referência permanece inalterado até o término do trabalho e, utiliza-

se o segundo tripé para a obtenção de dados dos outros pontos. Nos outros pontos,

deve-se inicialmente realizar o nivelamento do nível de bolha do tripé.

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37

Em seguida, coloca-se o nível de três eixos perpendiculares a laser para o

nivelamento da base do segundo tripé. Tal nivelamento é auxiliado por uma mira

(acessório do nivelador), onde o laser que se encontra instalado no tripé de referência

que será projetado sobre a mesma. Depois, loca-se este ponto com relação a distância

até a parede de engaste da marquise ou sacada e a extremidade da mesma. Tendo estes

procedimentos anteriores sidos executados, procede-se para a realização da obtenção

da leitura vertical com relação à base do tripé até a superfície inferior da marquise ou

sacada.

4.1.9. Quadro de Análise de Diferenças de Alturas

Através das leituras das alturas realizadas no item anterior, obtêm-se as

diferenças de desnível de todos os pontos em relação ao ponto de referência.

Tal leitura é importante para avaliar as diferenças de nível entre os pontos na

marquise, tendo como um limite máximo de desnível a flecha admissível calculada. É

possível verificar se a deformação da marquise ou sacada está ocorrendo, com maior

ou menor intensidade, em relação ao sentido perpendicular ao engaste ou paralelo a

este e, ainda num sentido inclinado ao engaste (GOMES et al, 2003). Por conseguinte,

analisa-se a origem da deformação da estrutura.

4.1.10. Avaliação do teor de cloretos

Sabe-se que em zonas costeiras, normalmente tem-se maior intensidade de

ataque de cloretos do que em zonas distantes do mar, devido à presença de uma

concentração grande de sais na atmosfera, e isto, favorece a corrosão nas armaduras de

concreto. Segundo Neville (1997) apud Silva et al. (2006), os cloretos também podem

ser incorporados ao concreto através de agregados contaminados, uso de água do mar

ou água salobra ou por aditivos de cloretos, acelerando assim, o processo de corrosão

das armaduras. Portanto, a avaliação do teor de cloretos pode ser indispensável em

cidades litorâneas como o Rio de Janeiro, onde houve muitos colapsos com marquises.

Page 51: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

38

Existem vários métodos para determinação do teor de cloretos no concreto

como a gravimetria, a titulometria, a potenciometria e métodos microanalíticos, como

a cromatografia de íons. Abaixo será descrito o método da titulação potenciométrica

que é abordado por PEREIRA e CINCOTTO (2001). Este método foi comprovado

com eficiência e confiabilidade por diversos autores, para a determinação do teor de

cloretos no concreto.

A titulação potenciométrica é o método adotado pela ASTM para a

determinação de cloreto total em concreto, segundo a norma ASTM C 1152 (1999), e

do cloreto solúvel em água, para cimento, mas também aplicável para concreto. Vale

salientar que este método é utilizado pela ABCP - Associação Brasileira de Cimento

Portland e o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

Dispondo-se de um potenciômetro, a determinação é feita com um único

eletrodo, indicador, o qual depende do tipo de reação envolvida. Para a determinação

do cloreto o eletrodo empregado é o de prata-cloreto de prata (BASSETT et al., 1981

apud. PEREIRA e CINCOTTO, 2001).

Este eletrodo constitui-se em um fio de prata, ou de platina prateado por

depósito eletrolítico, recoberto com uma fina película de cloreto de prata, imerso em

uma solução de cloreto de potássio de concentração conhecida, cujo potencial lido

depende da concentração de cloreto da solução, permitindo o seu acompanhamento ao

longo da titulação (BASSETT et al., 1981 apud. PEREIRA e CINCOTTO, 2001).

4.1.11. Avaliação da corrosão por potencial elétrico de semipilhas

A avaliação da corrosão por potencial elétrico de semipilhas poderá ser

realizado, caso haja indícios/comprovações de corrosão nas armaduras, para

determinar as causas e, por conseguinte aplicar o tratamento necessário nestas

armaduras. Casa D’Água (2006) descreve o método de avaliação da corrosão por

potencial elétrico de semipilhas, os quais deverão ser atendidos algumas

particularidades:

Page 52: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

39

• a superfície do concreto, nas regiões onde será feito o teste, não deverá

apresentar desplacamentos ou trincas;

• é necessário que haja continuidade elétrica entre as barras das armaduras das

estruturas;

• o teste deverá ser executado em um dia considerado típico. Por exemplo, evitar-

se-á a situação de estruturas molhadas ou úmidas, devido a chuvas que tenham

caído na véspera.

A análise com a semi-pilha nos dá uma indicação momentânea do equilíbrio

existente no estado de corrosão ao longo das armaduras, que muda, efetivamente, à

medida que a umidade e outros fatores são alterados. Todo e qualquer processo de

corrosão deflagrado ao longo das armaduras será detectado pelos potenciais da semi-

pilha, a não ser que este processo seja ainda muito incipiente. Em certos casos, as

carepas de corrosão formadas, tanto de magnetita quanto hematita (pois possuem

estrutura de poros semelhantes) formarão um escudo ao circuito existente, impedindo a

medição dos potenciais. Neste caso, está se medindo os potenciais da magnetita, que é

um óxido estável, iludindo o operador da semi-pilha já que os potenciais deste metal

não sugerem corrosão. Esta situação não é fácil de ser observada. Logo, torna-se

importante abrir ”janelas”, de modo a checar o produto da corrosão. Naturalmente, os

potenciais levantados variam de estrutura para estrutura e devem ser avaliados

individualmente.

Quando se avalia os efeitos da corrosão, torna-se importante analisar sua

relação produção/quantidade dos produtos de corrosão formados. A umidade do

concreto e a possibilidade haver surgimento de corrosão por pites ou mesmo

generalizada, ao longo da superfície da armadura, poderão ser parcialmente

determinadas tanto pela análise das barras afetadas quanto pela resistência elétrica do

concreto (resistividade). Se estivesse analisando a condição de surgimento de corrosão

por pites, dever-se-á considerar o histórico as condições do ambiente, o que poderá ser

feito tanto investigando a possível fonte de cloretos (ou o maior local de evidência) e

de outros contaminantes, como o nível de molhagem do concreto.

Page 53: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

40

4.1.12. Avaliação da carbonatação

Caso haja indícios de carbonatação, pode-se avaliar a profundidade de

carbonatação. Dugatto (2006) descreve um ensaio químico com a utilização de

fenolftaleína para determinar a profundidade de carbonatação.

Para se ter a medida de profundidade de carbonatação, deve-se extrair da laje da

marquise ou sacada uma amostra. Os testemunhos extraídos devem ser conservados

rapidamente em recipientes estanques, com o menor conteúdo possível de ar.

Após isso, rompe-se o corpo de prova e em seguida efetuar a medida sobre a

fratura fresca o mais rápido possível, pois as superfícies expostas se carbonatam

rapidamente.

Conseguida uma fratura recente e ortogonal a superfície do componente de

concreto, pulveriza-se uma solução de fenolftaleína a 1% e esperara-se por dois

minutos até ser alterada a sua cor.

Logo alterada a cor, efetuar a medida com um paquímetro com precisão de

milímetros, e efetuar no mínimo 5 medidas em pontos diferentes e calcular a média

aritmética, para poder obter um resultado mais preciso.

De posse, as profundidades de carbonatação e os respectivos cobrimentos,

pode-se fazer um gráfico com estes resultados. A Figura 4.8 apresenta um exemplo de

medida da profundidade de carbonatação com paquímetro.

Figura 4.8. Medida da profundidade de carbonatação com paquímetro (DUGATTO,

2006).

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41

4.1.13. Verificação da estabilidade segundo NBR 6118 em função de cargas existentes Na análise estrutural da estabilidade de marquises ou sacadas devem ser

seguidos os preceitos da NBR 6118 (2003), englobando as condições ambientais,

carregamentos atuantes, esquema estrutural, geometria dos elementos estruturais,

posicionamento e densidade das armaduras, análise de seções resistentes, avaliação de

deformações e, conforme o caso, análise dinâmica (JORDY e MENDES, 2007).

4.2. MANUTENÇÃO DE MARQUISES E SACADAS

Segundo Gomes et al. (2003), as marquises devem ser projetadas, calculadas,

detalhadas e construídas sob a consideração do ambiente que as envolve,

considerando-se sempre que devam tornar possível, durante a sua vida útil, o

desenvolvimento da mais apropriada manutenção, o que implica poderem ser

comodamente inspecionáveis.

Por outro lado, os pontos mais vulneráveis desta estrutura devem sempre estar

perfeitamente identificados, tanto na fase de projeto quanto na de construção, para que

seja possível estabelecer, para estes pontos, um programa mais intensivo de inspeções

e um sistema de manutenção particular (GOMES et al., 2003).

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42

5. TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO E REFORÇO DE MARQUISES E

SACADAS

Neste capítulo foram estudadas as técnicas de recuperação e reforço de

marquises e sacadas utilizadas atualmente, a fim de se determinar qual a técnica a ser

empregada em cada caso de manifestação patológica.

Após a inspeção, é realizado o parecer técnico de uma marquise ou uma sacada.

Com isso são fornecidos subsídios para avaliação, determinação das causas e

diagnósticos que, por conseguinte, será realizada a tomada de decisão quanto às

soluções, que poderão ser a recuperação, o reforço ou a demolição da estrutura de

marquise ou sacada em análise.

Segundo Jordy e Mendes (2007) a recuperação será indicada no caso de perda

de desempenho por diminuição da seção de aço ou de concreto (além de limites

considerados) motivados por anomalias, para restauração da capacidade resistente da

estrutura. O reforço estrutural será indicado quando as sobrecargas permanentes ou

acidentais atuantes estiverem além da capacidade resistente da estrutura.

A decisão por demolição deve ser considerada levando-se em conta custos para

recuperação ou reforço versus custos para demolição ou aspectos arquitetônicos ou

aspectos legais. No caso de demolição da marquise é indicada a verificação da

estrutura na região de influência da estrutura demolida (JORDY e MENDES, 2007).

5.1. INTERVENÇÕES DEVIDO A ERROS DE PROJETO

Sabe-se que a maior parte dos problemas patológicos provém de erros de

concepção e projeto. Diagnosticar a manifestação patológica deve-se tomar uma

decisão no que fazer. Devido a erros de projeto podem ser realizadas algumas

intervenções como:

• Limitações do uso da estrutura;

• Reparo estrutural;

• Reforço estrutural;

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43

• Demolição da estrutura.

A seguir é descrito uma abordagem da necessidade de demolição da estrutura

em certos casos. Reparos e reforços estruturais estão descritos nos próximos tópicos

deste trabalho, pois certos reparos e reforços devido a erros de projeto são semelhantes

a reparos e reforços devido a patologias geradas na execução ou durante a vida útil da

marquise ou sacada.

5.1.1. Demolição da estrutura

Segundo Gomes et al. (2003), em muitas situações, uma obra de recuperação ou

reforço exige que parte da estrutura, ou mesmo que a estrutura como um todo, seja

demolida, normalmente por notória incapacidade de reaproveitamento, ou, por outro

lado, ainda que esteja sã, por não estar integrada num futuro processo de reconstrução

ou de melhoramento.

A demolição mais tradicional é a executada por martelos demolidores pesados,

normalmente pneumáticos, sendo muito comum a situação de existirem vários

martelos trabalhando em conjunto, recebendo ar de um mesmo compressor, que para

tanto deve ser convenientemente dimensionado (GOMES et al., 2003).

5.2. INTERVENÇÕES DEVIDO A CORROSÃO NAS ARMADURAS

5.2.1. Inibidores de corrosão

Inibidores de corrosão vêm sendo usados como método complementar de

proteção. São adicionados na água de amassamento dos concretos e argamassas de

cimento Portland, durante a execução da estrutura (LIMA et al., 2001). Segundo

Maeder (1996) apud Lima et al. (2001) estes também podem ser usados em

argamassas de reparo para estruturas em ambientes de alta agressividade, como em

regiões litorâneas, ou áreas industriais.

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44

As argamassas de reparo exercem uma proteção indireta sobre o aço,

restabelecendo sua película passivadora. São geralmente constituídas por uma mistura

de agregados finos selecionados e um aglomerante cimentante que pode ser orgânico

(acrílico, epóxicos, poliuretano) ou a base de cimento Portland (TROCÓNIS et al.,

1997 apud LIMA et al. 2001).

Os inibidores de corrosão da armadura de concreto mais utilizados

comercialmente são à base de nitrito de cálcio e nitrito de sódio e os orgânicos

principalmente a base de aminas (FREIRE, 2005). Os principais tipos de inibidores de

corrosão são:

• inibidores anódicos, atuam retardando ou impedindo a reação no ânodo.

Reagem com o produto de corrosão formado inicialmente, produzindo uma

camada aderente e insolúvel na superfície do metal. Ex.: hidróxidos,

carbonatos, silicatos, boratos e fosfatos terciários de metais alcalinos;

• inibidores catódicos, que atuam reprimindo as reações catódicas. Mais

propriamente, atuam impedindo a difusão do oxigênio e a condução de elétrons,

inibindo o processo catódico. Ex.: Sulfatos de zinco, de magnésio e de níquel;

• inibidores de adsorção (mistos), funcionam como películas protetoras de

regiões catódicas e anódicas, interferindo na ação eletroquímica. Ex.: colóides,

aldeídos, aminas, compostos heterocíclicos nitrogenados, polifosfatos e uréia.

Nitrito de cálcio

O nitrito de cálcio é um inibidor de caráter anódico, que modifica as

propriedades químicas nas superfícies do aço. De forma geral, pode-se dizer que o

nitrito de cálcio auxilia a película passivadora a não se dissolver para formação de íons

complexos com os íons agressivos.

De acordo com Heleba e Weil (1991) apud. Freire (2005) o nitrito de cálcio age

quimicamente de três maneiras:

• oxidando os óxidos ferrosos a óxidos férricos (passivação);

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45

• o ânion nitrito adsorve-se quimicamente à superfície do aço, fortalecendo a

camada de passivação; e

• defeitos na camada de passivação são revestidos com íons nitrito, existindo,

então, uma menor suscetibilidade ao ataque por íons agressivos.

5.2.2. Emendas nas armaduras corroídas

Um modo a corrigir certos tipos de corrosões, é executar emendas nas

armaduras corroídas. Segundo Gomes et al. (2003), para isto é necessário que o

comprimento de emenda seja suficiente para garantir que sejam transferidos para a

barra de complementação os esforços que solicitam a barra corroída, de forma que o

trabalho solidário das duas efetivamente se consolide.

5.3. INTERVENÇÕES DEVIDO A FISSURAÇÃO DO CONCRETO

A fissura se caracteriza por uma abertura em linha irregular que contorna os

agregados graúdos e tem como parâmetros de qualificação a sua abertura média,

profundidade, extensão e distribuição (DER-SP, 2006).

Segundo Gomes et al. (2003), o tratamento de peças fissuradas está diretamente

ligado à perfeita identificação da causa da fissuração, ou, dito de outra forma, do tipo

de fissura com que está a lidar, particularmente no que diz respeito à atividade

(variação de espessura) ou não da mesma, e da necessidade ou não de se executar

reforços estruturais.

No tratamento de fissuras passivas, a injeção de resinas de epóxi deve ser

executada quando existe um problema estrutural, onde a principal demanda é a

recuperação da correta e eficiente distribuição das forças dinâmicas e a conseqüente

proteção da armadura contra a corrosão recuperando a condição de rigidez e estática

da estrutura (CALDAS, 2007). Vale salientar que as resinas epóxi, normalmente são

mais resistentes que o concreto, além de serem aderentes ao concreto.

No tratamento de fissuras ativas deve-se promover a vedação, cobrindo os

bordos externos das mesmas e, eventualmente, preenchendo-as com material elástico e

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46

não resistente (GOMES et al. 2003). Para tratar este tipo de fissuras podem ser

utilizada a resina poliuretânica ou a resina acrílica.

5.3.1. A técnica de injeção de fissuras

É a técnica que garante o preenchimento do espaço entre as faces da fissura para

restabelecer o monolitismo da peça, ou simplesmente, vedar a penetração de

substâncias presentes no meio externo.

Segundo Gomes et al.(2003), o processo de injeção deve observar os seguintes

passos :

• abertura dos furos ao longo do desenvolvimento da fissura, com diâmetro da

ordem dos 10 mm e não muito profundos (30 mm), e espaçamento entre 50 e

300 mm;

• exaustiva e consciente limpeza da fenda e dos furos, com jatos de ar

comprimido e posterior aspiração;

• os furos, são fixados tubinhos plásticos, de diâmetro menor que o da furação,

através dos quais serão injetados os produtos;

• a selagem entre os furos e dos tubinhos, é feita pela aplicação de uma cola

epoxídica bicomponente, em geral aplicada com espátula ou colher de pedreiro;

• antes de iniciar a injeção, a eficiência do sistema deve ser testada, pela

aplicação de ar comprimido. Se houver obstrução de um ou mais tubos, será

indício de que haverá necessidade de reduzir o espaçamento entre os furos;

• testado o sistema e escolhido o material, a injeção pode iniciar, tubo a tubo,

sempre com pressão crescente, escolhendo-se normalmente como primeiros

pontos aqueles situados em cotas mais baixas.

A Figura 5.1 mostra um exemplo de aplicação da técnica de injeção de fissuras.

A fissura possuía abertura de 1 mm, mas para facilitar a injeção, foi feito um furo de

14 mm. O material utilizado foi a resina epoxídica.

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47

Figura 5.1. Exemplo da técnica de injeção de fissuras (SALES, 2005).

5.3.2. A técnica de selagem de fissuras

A técnica de selagem de fissuras é utilizada para a vedação dos bordos das

fissuras ativas, com material deformável. O tratamento depende do tamanho da fissura,

porém, é necessário um material resistente mecanicamente e quimicamente e ainda

aderente ao concreto. Para fissuras até 30 mm, faz-se o enchimento da fenda com grout

e depois é realizada a selagem das bordas com resina epóxi (SALES, 2005).

Para fissuras acima de 30 mm, a selagem passa a ser encarada como se fosse

uma vedação de uma junta de movimento e que prevê a inserção de um cordão em

poliestireno extrudado, para apoio e isolamento do selante do fundo da fenda (GOMES

et al., 2003).

5.3.3. Costura das fissuras (grampeamento)

A costura das fissuras (grampeamento) é indicada quando a laje de concreto

possuir deficiências isoladas de capacidade de resistência à tração. Este método

funciona como uma armadura adicional a laje.

As etapas de execução da técnica de costura de fissuras são (Gomes et al.,

2003):

Page 61: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

48

• sempre que possível, descarregamento da estrutura, pois o processo em questão

não deixa de ser um reforço;

• execução de berços na superfície do concreto, para assentamento das barras de

costura, incluindo, se a opção for ancoragem mecânica, a execução de furação

no concreto para amarração das extremidades dos grampos;

• se a opção for esta, injeção da fenda com resinas epoxídicas ou cimentícias,

fazendo a selagem a um nível inferior ao berço executado;

• colocação dos grampos e complementação dos berços executados com o mesmo

adesivo utilizado para selagem;

• as fendas devem ser costuradas nos dois lados das peças, se for o caso de se

estar lidando com peças tracionadas.

A Figura 5.2 mostra um esquema típico do grampeamento de uma laje.

Figura 5.2. Esquema típico do grampeamento de uma laje.

5.4. INTERVENÇÕES DEVIDO A SOBRECARGA NA ESTRUTURA

A atuação de sobrecargas em lajes de marquises e sacadas é muito comum,

como o descrito no Capítulo 3.5 deste trabalho. A Tabela 2 apresenta as principais

sobrecargas e as atitudes a serem tomadas aos respectivos casos. Deve salientar que

quando estas sobrecargas agem na estrutura, as estruturas devem ser analisadas para

verificar se houve algum problema na estrutura, seja de trincas ou corrosão, ou a até

um sério problema estrutural.

Page 62: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

49

Tabela 2. Sobrecargas e ações a serem tomadas.

Sobrecarga Ação a ser tomada

Acúmulo de água – sistema de

drenagem subdimensionado Refazer o sistema de drenagem

Acúmulo de água – obstrução do

sistema de drenagem Limpeza do sistema de drenagem

Sistemas de impermeabilização

sobrepostos

Retirada dos sistemas de

impermeabilização e instalação de um

único sistema

Equipamentos instalados

(ar-condicionado, letreiros, etc.)

Retirada destes equipamentos ou reforço

da estrutura

Pessoas utilizando indevidamente as

estruturas

Retirada destas pessoas e verificação da

estrutura

5.5. INTERVENÇÕES NA SUPERFÍCIE DE CONCRETO

5.5.1. Polimento

Quando a superfície do concreto está muito áspera, devido a problemas

executivos ou ao desgaste de utilização, o polimento da superfície é necessário, tanto

em marquises como em sacadas.

No caso das marquises, o polimento se faz necessário para deixar a superfície

lisa. Já nas sacadas, o polimento pode ser necessário para garantir um desempenho do

sistema de revestimento.

Para polir a superfície do concreto, normalmente são utilizadas lixadeiras

portáteis ou politrizes. A Figura 5.3. apresenta uma superfície antes e depois do

polimento.

Page 63: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

50

Figura 5.3. Superfície antes e depois do polimento (ABREU, 2007).

5.5.2. Lavagem

Gomes et al. (2003) apresenta vários tipos de lavagens da superfície de

concreto, aplicadas aos vários casos, principalmente na recuperação de marquises, as

quais estão descritas abaixo:

• Pela aplicação de soluções ácidas: A lavagem de superfícies por soluções ácidas

tem por objetivo a remoção de tintas, ferrugem, graxas, carbonatos, resíduos e

manchas de cimento. Preliminarmente, a superfície deve ser abundantemente

molhada, para prevenir a penetração do ácido no concreto sadio. Após tal

procedimento, pode-se aplicar a solução de ácido muriático (ácido clorídrico

comercial) e água, na proporção de 1:6. A lavagem final deve ser abundante,

primeiramente com a utilização de uma solução neutralizadora de amônia em

água (1:4), e depois com jatos de água natural.

• Com jatos de água: A lavagem pela aplicação de jatos de água sob pressão

controlada é largamente utilizada como técnica de limpeza e preparação do

substrato para a futura recepção do material de reparação da laje.

• Jatos de areia: Pode ser considerada como a principal tarefa na preparação das

superfícies para a recepção dos materiais de recuperação, sendo utilizada

Page 64: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

51

posteriormente aos trabalhos de corte e apicoamento do concreto. A aplicação

do jato de areia pode ser suficiente, também, para garantir a retirada de todos os

resíduos de corrosão do concreto e das barras da armadura.

• Escovação manual: Uma técnica a ser aplicada exclusivamente em pequenas

superfícies e, muito particularmente, no caso de pequenas extensões de barras

de aço que estejam com evidência de corrosão ou mesmo que simplesmente

careçam de limpeza para implementação de suas capacidades aderentes. Em

qualquer situação, depois deste trabalho dever-se-á passar à aplicação de

limpeza por jatos de ar comprimido sobre as superfícies tratadas.

• Apicoamento: É a retirada da camada mais externa do concreto, normalmente

com o intuito de potencializá-la para a complementação com uma camada

adicional de revestimento, em concreto ou argamassa, para aumento da

espessura de cobrimento das armaduras. Assim, as espessuras de apicoamento

são, em geral, de até 10 mm. O apicoamento pode ser realizado mecanicamente,

através do uso de martelos pneumáticos ou elétricos, e manualmente, com a

utilização de ponteiros. A estes trabalhos deve seguir-se a limpeza pela

aplicação de jatos de ar comprimido ou de água.

• Saturação: Trata-se de um processo exclusivamente preparatório de superfícies

e que visa garantir melhor aderência das mesmas aos concertos ou às

argamassas de base cimentícia que sobre elas serão aplicadas. O tempo de

saturação deve ser em média de 12 horas.

• Corte: O corte pode ser definido como sendo a remoção profunda de concreto

degradado. Tal tarefa tem como razão de eliminar qualquer processo nocivo à

boa saúde das armaduras. Assim, o corte de concreto justifica-se sempre que

houver corrosão do aço das armaduras, já implantada ou com possibilidade de

vir a acontecer, como no caso de concreto segregado, e deve garantir não só a

remoção integral do concreto degradado, como também a futura imersão das

Page 65: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

52

barras em meio alcalino. Para tanto, o corte deverá ir além das armaduras, em

profundidade, pelo menos superior a dois cm. O equipamento tradicional

utilizado no corte do concreto é o martelo demolidor (de 6 a 10 kg), com

ponteiro terminando em ponta viva. Após os trabalhos de corte,

necessariamente a limpeza incluirá jatos de areia, ar comprimido, e água, nesta

seqüência.

5.6. REFORÇO ESTRUTURAL

O procedimento de reforço estrutural visa aumentar a resistência dos elementos

estruturais envolvidos e utiliza-se o menor número possível de intervenções. A escolha

reforço estrutural depende do diagnóstico da patologia. Faz-se então, necessário um

projeto de reforço informando materiais e metodologia dos trabalhos a seguir, já se

pressupondo que os trabalhos de recuperação são inaplicáveis ou foram aplicados sem

resultados satisfatórios.

O reforço estrutural pode ser necessário em decorrência de inúmeros fatores:

erros de projeto ou execução, deterioração resultante do envelhecimento natural, da

ação de agentes agressivos ou devido a acidentes como choques e incêndio, mudança

no tipo de utilização original, ou através do aumento dos carregamentos incidentes ou

por alterações na geometria (SOUTO FILHO, 2002).

Segundo Holtz (2007), os procedimentos necessários para instalação de reforço

são:

• diagnosticar o problema adotando-se medidas emergenciais quando necessário;

• analisar a viabilidade de aplicação de reforço;

• investigar o estado da estrutura com o auxílio de ensaios não destrutivos,

considerando-se sua rigidez e redistribuição de cargas;

• selecionar o material e a melhor técnica a ser utilizada;

• elaborar um projeto detalhado;

• executar o projeto com rigoroso controle de qualidade.

Page 66: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

53

Os cálculos de reforço são realizados seguindo a NBR 6118 (2003). Deve-se

tomar atenção especial à aderência entre concreto original e o concreto de reforço, para

que não haja problemas de funcionalidade concomitante. Ainda vale salientar, que no

caso de pilares e vigas devem ser considerados os estados iniciais de tensão e

deformação, já no caso de lajes, são menos significativos, pois parcela da carga

permanente em relação à carga total é normalmente menor do que nos casos de pilares

e vigas.

5.6.1. Reforço estrutural em lajes em balanço

Gomes et al. (2003) sugere que o reforço pode ser efetuado através do aumento

do número de armaduras, casos em que se pretende adequar ou ampliar a capacidade

resistente da peça, ou como recuperação, quando, por corrosão, geralmente as barras

existentes perdem parte de sua seção original e necessitam de complementação para

que as condições de segurança e de desempenho sejam restabelecidas. Esse reforço

pode ser realizado, devido:

• reforço das armaduras negativas, em que se faz inicialmente, os trabalhos de

ranhura na laje, seguido de limpeza, colocando as novas barras na posição

necessária. Então, aplica-se resina epóxi e recobrem-se as barras com

argamassa de base mineral ou grout, dependendo da necessidade ou não de a

estrutura entrar rapidamente em serviço, e utilizando o artifício da contra-flexa

antes do fechamento das ranhuras, para que a cara seja transferida à nova

armadura;

• reforço das armaduras positivas, que para sua execução, retira-se o

revestimento, apicoa-se toda a face inferior da laje, colocam-se as novas

armaduras em posição (preferencialmente telas soldadas) fixadas com grampos

e arames ou pinos aplicados com pistolas, e recobrem-se as armaduras, usando-

se epóxi e argamassa de base mineral ou grout, ou então concreto ou argamassa

projetada, conforme citados nos tópicos anteriores.

Page 67: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

54

Nas lajes em balanço, como marquises e sacadas, os reforços comumente

utilizados são devidos a esforços de flexão. Segundo Piancastelli (2004), o reforço à

flexão das estruturas em balanço de marquises e sacadas podem ser obtidas pelo

acréscimo de armadura na zona de tração, como mostra a Figura 5.4.

Figura 5.4. Reforço na parte superior da laje (adaptada de PIANCASTELLI, 2004).

Outra solução para os momentos negativos (que tracionam a face superior da

laje), é o reforço da estrutura de marquise ou sacada pelo acréscimo da seção de

concreto da zona comprimida.

Ainda segundo Piancastelli (2004), uma solução alternativa para reforço da

região de momentos negativos, pode ser obtida através da abertura de sulcos e

posterior fixação da armadura com argamassa polimérica ou de resina, mais ponte de

aderência, como mostra a Figura 5.5.

Figura 5.5. Reforço por embutimento na armadura (PIANCASTELLI, 2004).

Page 68: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

55

Adição de chapas e perfis metálicos

Quando se trata de adicionar capacidade resistente, uma opção muito eficiente e

de rápida execução, recomendada principalmente para situações que requerem

emergência ou não permitem grandes alterações na geometria das peças, é a de reforço

exterior por colagem - ou chumbamento - de chapas metálicas, com a ajuda de resinas

injetadas (GOMES et al., 2003).

A colagem de chapas metálicas ao concreto requer a utilização de resinas com

altas capacidades de aderência e resistência mecânica. A superfície de chapa metálica

que ficará em contato com a resina também deve ser objeto de cuidadoso tratamento,

para que possa potencializar o máximo de capacidade aderente (GOMES et al., 2003).

5.6.2. Reforço de viga submetida à torção

O reforço à torção é normalmente obtido com o acréscimo de estribos e de

barras longitudinais, implicando num encamisamento total da peça reforçada. De

forma diferente do cisalhamento, o reforço à torção exige que as armaduras

longitudinais sejam ancoradas no pilar. Isso pode ser feito por colagem com adesivos

estruturais (PIANCASTELLI, 2004).

A Figura 5.6 apresenta um exemplo de reforço da viga submetida à torção.

Figura 5.6. Exemplo de reforço da viga submetida à torção (PIANCASTELLI, 2004).

Page 69: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

56

Também se pode executar artifícios estruturais capazes de reduzir ou anular o

momento de torção que exige o reforço. São vários os artifícios estruturais que podem

ser executados, variando com o caso estudado. Obviamente, a materialização desses

artifícios implica em intervenções, às vezes, semelhantes às de reforço, mas de maior

facilidade executiva (PIANCASTELLI, 2004). A Figura 5.7 apresenta exemplo de um

desses artifícios estruturais, onde se executa um contra-peso na estrutura.

Figura 5.7. Artifício estrutural para eliminar ou reduzir o esforço de torção em vigas

(PIANCASTELLI, 2004).

Page 70: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

57

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS

TRABALHOS

6.1. Considerações finais

Primeiramente, coloca-se como fator relevante a concepção e projeto de

marquises e sacadas, pois se sabe que a maior parte dos problemas estruturais são

originados nesta fase. Deve-se fazer um projeto com critério rigoroso, pois estas

estruturas em balanço comportam-se diferentemente de outras e são mais passíveis a

problemas estruturais.

O projeto (detalhamento) e execução das armaduras, devem ser realizadas com

critérios extremamente rigorosos, pois no caso de detalhamento, o bom adensamento

do concreto, em especial o cobrimento, depende diretamente de bons afastamentos das

armaduras verticais e horizontais. Além disso, o detalhamento insuficiente ou errado

pode levar a estrutura a ter manifestações patológicas.

O escoramento das estruturas em balanço deve ser realizado com muito

cuidado. A forma mais correta de se realizar o escoramento de uma marquise ou

sacada em balanço é introduzir apoios ao longo de toda a sua extensão com escoras

desde sua extremidade até o engaste. A retirada dos escoramentos no tempo certo deve

ser realizada, da extremidade ao engaste.

Para evitar a corrosão das armaduras, dois fatores são relevantes: o concreto da

estrutura tem que ter um cobrimento adequado, e uma impermeabilização em perfeito

estado, para que não haja penetração de água e agentes agressivos. No projeto de

marquises devem-se evitar grandes balanços e, no projeto de sacadas devem-se evitar

balanços, projetando as sacadas internamente à projeção do edifício ou com apenas

uma parte avançando, em balanço, em relação à projeção da fachada. Também devem

ser considerados todos os carregamentos e combinações desfavoráveis que atuarão e

poderão atuar na estrutura, além disso, não pode-se esquecer dos carregamentos (carga

acidental, carga horizontal e vertical mínima).

Page 71: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

58

Outro motivo para haver critérios rigorosos no projeto e execução destas

estruturas é que as estruturas em balanço tendem a sofrer ruptura brusca, tipo frágil,

sem aviso.

Portanto, um projeto rigoroso, uma boa execução e manutenções periódicas

podem-se evitar tragédias e também gerar economia quando comparada com uma

reforma emergencial. Assim, torna-se necessário investir em vistorias e reparos para

obter-se segurança.

A ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural),

enviou no dia 28 de junho de 2007, ao vereador Domingos Dissei - vice-presidente da

Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal

de São Paulo -, uma minuta de projeto de lei, que pretende tornar obrigatória a vistoria

técnica estrutural para a avaliação das condições de uso e manutenção de marquises e

sacadas construídas em todos os edifícios da cidade.

6.2. Recomendação para novos trabalhos

Como sugestão para futuros trabalhos, vale apena citar um estudo importante a

ser realizado a fim de descobrir qual é a eficácia de normas e regulamentações

existentes quanto a inspeção e manutenção de sacadas e marquises, pois com o

aparecimento de recentes colapsos de marquises e sacadas é de extrema importância a

inspeção técnica destas, principalmente de marquises. As edificações consideradas

“velhas”, com mais de 30 anos, tendem a ser mais susceptíveis a problemas estruturais,

e estas anomalias se não inspecionadas, podem levar a estrutura a ruína.

Além disso, é importante a adequação de uma norma para inspeção de

marquises como ação preventiva de acidentes, sendo instrumento essencial para a

garantia de durabilidade da construção, com a finalidade de registrar danos e

anomalias e de avaliar a importância que os mesmos possam ter do ponto de vista do

comportamento e da segurança estrutural.

Inúmeros são os edifícios nas metrópoles que sofrem ou sofrerão de algum tipo

de manifestação patológica durante a sua vida útil. Tais manifestações são geralmente

oriundas de projetos inadequados ou impraticáveis, do emprego de métodos

Page 72: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

59

deficientes de execução, de cargas excessivas, e das condições de exposição e

inexistência de manutenção preventiva.

Page 73: 111611776 Trabalho de Pos Graduacao Tuitui Pr Muito Bom

60

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