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1 Conhecimentos Específicos MAPA Noções de biologia, anatomia, fisiologia e patologias dos animais de abate (Bovinos, Suínos, Ovinos, Caprinos, Aves, Pescados, etc). Noções sobre sistemas de criação de animais de abate. Noções de instalações e equipamentos. Bovinos Pág. 2 Suínos Pág. 11 Aves Pág. 27 Ovinos Pág. 32 Caprinos Pág. 39 Pescados Pág. 44

1.3 Conhecimentos Especificos - Animais de Abate (2)

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Conhecimentos Específicos MAPA Noções de biologia, anatomia, fisiologia e patologias dos animais de abate (Bovinos, Suínos, Ovinos, Caprinos, Aves, Pescados, etc). Noções sobre sistemas de criação de animais de abate. Noções de instalações e equipamentos. Bovinos Pág. 2 Suínos Pág. 11 Aves Pág. 27 Ovinos Pág. 32 Caprinos Pág. 39 Pescados Pág. 44

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Criação de Bovinos de Corte Introdução Dentre os principais fatores inibidores da produção de carne bovina no Brasil, estão aqueles inerentes ao processo produtivo, ligados a alimentação, sanidade, manejo e potencial genético. Os sistemas de criação, normalmente extensivos em regime de pastagens, sujeitam os animais à escassez periódica de forragem, comprometendo seu desenvolvimento e sua eficiência reprodutiva, e concentrando a oferta de carne em determinada época do ano. A falta de adequação do potencial genético dos rebanhos ao ambiente e ao manejo, ou vice-versa, também é um dos principais entraves do setor produtivo. Esses problemas culminam em subutilização dos recursos disponíveis, resultando em baixa produtividade, sazonalidade de produção e, conseqüentemente, baixa disponibilidade de proteínas de origem animal para o consumo humano. Nas condições atuais, com o alto custo do frete, a instabilidade da oferta durante o ano e a concorrência de outras atividades, principalmente em determinadas regiões do País, a competitividade tornou-se elemento fundamental no setor pecuário de corte e, com ela, a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos de qualidade a um preço acessível. Produzir de forma eficiente e eficaz tornou-se sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio. Outro aspecto de extrema importância e que tem influência direta nos sistemas produtivos é a preocupação com a sustentabilidade. Deve-se mencionar a possibilidade de o Brasil, nos próximos anos, se fortalecer como fornecedor mundial de carnes, com reflexos positivos na captação de divisas para o País, além do potencial de incremento de consumo de carne bovina no mercado interno. Quanto ao mercado externo, é importante ressaltar as exigências de controle ambiental colocadas pelos países ricos, que se traduzem em imposição de padrões de requerimentos semelhantes para as importações. Nesse contexto, torna-se fundamental, entre outros fatores, que se atendam às exigências sanitárias, envolvendo tanto a questão de saúde do rebanho como da saúde pública. A inserção definitiva da carne bovina brasileira na economia mundial e o seu fortalecimento interno, nas próximas décadas, dependem da capacidade que os sistemas de produção e os demais segmentos da cadeia de produção tenham de disponibilizar produtos saudáveis; de utilizar de forma conservadora os recursos não-renováveis; de garantir o bem-estar social; de aumentar a participação no mercado externo; e de contribuir para a melhoria da eqüidade social. A pecuária de corte intensiva pode contribuir de maneira significativa na promoção do desenvolvimento do setor de produção de carne bovina no País, uma vez que favorece a utilização racional dos fatores de produção e do potencial e da diversidade genética animal e vegetal. Nesta publicação, são fornecidas informações úteis àqueles que desejarem intensificar seu sistema de produção de carne bovina. Aspectos Agro e Zooecológicos Clima

A região Sudeste está localizada entre as latitudes 14o e 25o sul, estando assim com praticamente toda sua área na zona tropical. O Sudeste brasileiro é uma região que apresenta grande diversidade no regime térmico e pluvial, em virtude de sua posição latitudinal, que lhe confere a média de incidência de

radiação solar de 0,37 a 0,39 cal/cm2/min (em ondas curtas) e 0,30

cal/cm2/min (em ondas longas), e de sua proximidade ao oceano Atlântico, o que alimenta intenso processo de evaporação e condensação, ativado pela elevada quantidade de calorias disponíveis. A energia solar disponível na superfície do solo, para a produção de matéria seca vegetal, varia entre 9.022

e 19.608 calorias/cm2/mês, significando potencial de produção mensal entre 2,3 e 4,9 t/ha de matéria seca de forragem, ou de 9,0 a 19,6 t/ha de matéria fresca, considerando forragem com 25% de matéria seca, desde que não falte água. Além desses fatores, o relevo da região Sudeste apresenta os maiores contrastes morfológicos do Brasil, com numerosas serras intercaladas por vales, com o maior contraste ocorrendo nas bordas litorâneas, o que aumenta a turbulência do ar pela ascensão orográfica, em especial durante a passagem das correntes perturbadas do Sul, Oeste e Leste, mais freqüentes no inverno e no outono. Na zona tropical, o ritmo do clima é definido por duas estações: a chuvosa e a seca. O que mais define o clima é a variação de temperatura durante o ano,

cuja variabilidade gera verões mais ou menos quentes ou invernos mais ou menos frios, influindo mais sobre as atividades do homem do que a variabilidade das chuvas.

A média da temperatura anual é de aproximadamente 21oC (Figura 3.1 - Vide

anexos), a média dos meses mais quentes (dezembro a fevereiro), de 24oC (Figura 3.2 - Vide anexos) e a média dos meses mais frios (maio a agosto),

inferior a 18oC (Figura 3.3 - Vide anexos). Existe grande variabilidade entre regiões, porém, ocorrem duas regiões distintas com médias anuais mais elevadas: o interior mais ocidental (vale do São Francisco, Triângulo Mineiro e vale do Paraná) e o litoral (Figura 3.1 - Vide anexos). As temperaturas mínimas ocorrem predominantemente nas regiões mais montanhosas, chegando a ser muito menores do que as normalmente ocorrentes em outras regiões intertropicais do País, cobrindo 32,3% do Estado de Minas Gerais e 21,2% do Estado de São Paulo. Nas regiões mais próximas do mar há atenuação das temperaturas máximas, porém, não das mínimas. As chuvas (Figura 3.4 - Vide anexos) concentram-se em mais de 70% de outubro a março, com média de 1.300 mm anuais, e ocorrência média de 300 mm no período seco. O déficit hídrico dos 3 a 5 meses mais secos (Figura 3.5 - Vide anexos) pode chegar a 166 mm mensais. A evaporação do tanque de classe A varia de 4 a 9 mm no mês mais seco, com média diária entre 3,6 e 4,5 mm ao longo do ano. A média anual da umidade relativa do ar está em torno de 75%. A baixa distribuição de chuvas durante o período frio e de baixa luminosidade reduz drasticamente a produção de matéria seca e, consequentemente, influencia no ganho diário de peso animal. Essa redução na produção de matéria seca de forragem das pastagens obriga o produtor a usar suplementação energética, a fim de evitar quebra na produção, mas onera o custo de produção. Solos A região, com relevo modelado sobre rochas sedimentares (Figura 3.7 - Vide anexos), caracteriza-se por presença de colinas com topos aplainados, tabulares, e declividade dominante entre 10 e 20%, predominando os Latossolos Vermelho-Amarelo e Vermelho-Escuro de baixa fertilidade natural, distróficos ou álicos, formados a partir de arenito sobre basalto assentado sobre arenito, o que lhe confere fragilidade potencial para erosão hídrica de muito baixa a muito alta. O teor de argila varia de 25% a 32%. Esses solos são representativos da região Sudeste, embora metade da região esteja assentada sobre rochas do complexo cristalino, onde o relevo é bastante movimentado com presença de montanhas. Vegetação A vegetação nativa varia entre a de Cerrado e a de Floresta subcaducifólia tropical ou mata mesófila semidecídua, predominantes na região Sudeste (Figura 3.8 - Vide anexos), com grande diversidade de flora e fauna. As gramíneas predominantes, implantadas após a derrubada da vegetação florestal, são as braquiárias, em especial Brachiaria decumbens. Existe, porém, grande variabilidade climática adequada para diferentes grupos de espécies de forrageiras, e que já foram classificadas para o Estado de São Paulo (Figura 3.9 - Vide anexos), utilizando a média de temperatura anual, a média das mínimas mensais e a deficiência hídrica, podendo servir de referência para os outros Estados. Nas áreas em que se utiliza o pastejo rotacionado, as gramíneas tropicais adubadas podem também estar representadas por capim-marandu, capim-coastcross, capim-tanzânia e capim-napier. Adubação A capacidade de suporte de 0,5 UA (UA = 450 kg de peso vivo) por hectare não permite produção sustentável de bovinos em regiões com custo elevado da terra. Assim, o estímulo ao maior desenvolvimento vegetal com o fornecimento especialmente de nitrogênio, na base de 50 a 70 kg/ha de N por período de pastejo, logo após a retirada dos animais, permite elevar a capacidade de suporte no período das águas para até 10 UA/ha, com até 1 UA/ha na seca. Suplementação da dieta animal com volumoso no período seco, utilizando silagem de capim ou cana picada + uréia, possibilita manter média de lotação anual de 6 UA/ha, evitando-se que os animais passem fome e percam peso, podendo-se reduzir a idade de abate de 4 ou 6 anos para 2 anos. A adubação nitrogenada pode ocorrer na forma mineral ou na forma de resíduos orgânicos. A adubação nitrogenada das pastagens permite mantê-la verde durante todo o ano, produzindo forragem por mais tempo após o final do período das chuvas e possibilita iniciar o desenvolvimento vegetal no início das chuvas. Isso ocorre porque as áreas adubadas desenvolvem o sistema radicular em

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profundidade, o que facilita a obtenção de água, e reduz o risco de incêndio das pastagens. Os princípios ecológicos de manejo das pastagens A legislação ambiental brasileira é embasada em princípios ecológicos, que, quando respeitados, permitem aumentar a capacidade de suporte biológico dos recursos naturais, a eficiência dos insumos externos utilizados (adubos e água) e a produtividade de forma sustentável. A água residente é um dos elementos mais importantes para a produção vegetal nos trópicos e somente pode ser implementada por manejo e conservação de solo e vegetação permanente, constituindo o tripé indissociável do sucesso agrícola: água residente + solo permeável + vegetação diversificada. A manutenção da permeabilidade do solo, mediante pastejo adequado ou descanso, para que as plantas forrageiras possam recuperar-se, por exemplo, por meio da vedação, além das práticas que aumentam o retorno de resíduos vegetais para a superfície do solo, como a suspensão das queimadas, permite a reposição de água do lençol freático e a manutenção da vazão das nascentes, bem como reduz o escoamento superficial das águas. A proteção permanente da superfície do solo pela vegetação evita seu sobreaquecimento e seu ressecamento, além de diminuir sua compactação superficial e seu arrastamento por águas pluviais. A vegetação arbórea, estrategicamente disposta na paisagem, atuando como bomba vaporizadora e hidrotermorreguladora, que consegue bombear água do lençol freático, aumenta a umidade relativa do ar, reduz a temperatura e, assim, aumenta o conforto animal e permite melhores condições de desenvolvimento das pastagens, e conforme as espécies utilizadas, podem servir como fonte de alimento no período seco do ano, além de fonte de nutrientes para as gramíneas forrageiras. O estabelecimento dos sistemas silvo-pastoris tem esse objetivo. Sua implementação é recomendável, em especial nas regiões com mais de dois meses de seca. As árvores estabelecidas como quebra-ventos reduzem as perdas de água residente. Todas essas práticas e as árvores protegendo os mananciais e os corpos de água permitem maior disponibilidade de água para o estabelecimento rural, reduzindo a necessidade de irrigação, de energia elétrica e de captação de água, além de valorizar a terra e de aumentar a produtividade e a lucratividade. A sustentabilidade econômica passa pela recuperação e pela conservação dos recursos naturais água-solo-biodiversidade, e pela sustentabilidade ambiental, na qual está embutida a segurança social. Considerando que a agricultura, em especial a pecuária extensiva, contribui para a mudança climática, em conseqüência do desmatamento de extensas áreas, além de constituir-se em produtora de gases de efeito estufa, causas da elevação da temperatura e do agravamento de falta de água no período seco, ter-se-ia, com a suspensão das queimadas, aumento da produtividade vegetal sob pastejo rotacionado e redução da idade de abate (evitando que os animais percam peso no inverno), técnicas de impacto ambiental positivo, já que permitem que ocorram menor produção de gases de efeito estufa (gás carbônico pelas queimadas e gás metano pelos ruminantes) e maior seqüestro ou imobilização de gases de efeito estufa, pelas árvores em crescimento e pelo sistema radicular das forrageiras nos ciclos de pastejo em que ocorre morte-renovação consecutiva. Para a recuperação rápida do componente arbóreo, deve-se dar preferência às leguminosas fixadoras de nitrogênio e de desenvolvimento mais rápido, sob as quais podem-se estabelecer espécies

nativas de maior valor econômico. Evitando o acesso dos animais aos corpos de água, em especial em terrenos amorrados, com estabelecimento de bebedouros, previne-se a formação de trilhas de escoamento superficial de água e a formação de vossorocas, bem como a contaminação e o assoreamento dos corpos de água, além da contaminação da água com coliformes fecais e vermes, que podem reinfestar os animais, além de prejudicar a saúde das populações ribeirinhas, ou encarecer o tratamento da água para abastecimento urbano a jusante. Assim, verifica-se que o atendimento aos princípios ecológicos, que aumentam a produtividade, o valor da propriedade e a lucratividade, automaticamente coloca o proprietário rural de acordo com a lei ambiental, evitando-se o pagamento de multas ambientais. Aconselha-se ao proprietário rural contatar os escritórios do Ibama e do Departamento de Recursos Naturais ou a Polícia Ambiental e o Departamento Estadual de Águas ou o órgão de Assistência Técnica Agrícola mais próximos, para melhor orientação quanto ao manejo e à conservação de solo e água, à outorga de uso de água, à construção de barragem ou ponte, à captação de água limpa, ao lançamento de águas servidas, à necessidade mínima de reposição e manejo florestal legal, à reposição de mata ciliar e à recuperação das áreas de proteção permanente. Alimentação Alimentação de bezerros na fase de cria Efeito da alimentação no desenvolvimento funcional do rúmen Ao nascer, os bezerros são considerados pré-ruminantes, com o estômago apresentando características diferentes do ruminante adulto, não sendo capazes de utilizar alimentos sólidos. Nessa fase inicial da vida, o leite é um importante alimento para os bezerros. As mudanças anatômicas, fisiológicas e metabólicas que ocorrem no sistema digestivo dos bezerros são caracterizadas pela transição de digestão semelhante à de um monogástrico (essencialmente enzimático) para digestão de ruminante. Isto ocorre geralmente no período entre o nascimento e o terceiro ou o quarto mês de idade. A extensão dessas modificações é função do tipo de dieta ingerida. Assim, a diminuição da ingestão de leite (que passa diretamente para o abomaso, através da goteira esofágica) e o início da ingestão de forragem e/ou concentrado (que permanecem no rúmen-retículo) estimulam a atividade celulolítica e, conseqüentemente, a absorção de ácidos graxos voláteis (AGV), principal fonte energética dos ruminantes. Efeito da produção de leite das vacas sobre o peso de bezerros à desmama A produção de leite das vacas de corte é importante para a alimentação dos bezerros na fase de cria, pois a maior parte dos nutrientes ingeridos pelos bezerros nos primeiros meses de vida é suprida pelo leite materno. A desmama tradicional realizada aos 6 a 8 meses de idade segue a curva de lactação da vaca de corte. Vacas da raça Nelore atingem seu máximo de produção (4,7 litros/dia) nos primeiros 30 dias de lactação, permanecendo a produção mais ou menos estável até os 90 dias, quando declina rapidamente até atingir a média diária de 2,7 litros aos 5 meses. Vacas de origem européia e seus mestiços apresentam maior produção de leite do que vacas nelores, conforme pode ser verificado na Tabela 6.1. Além de raça ou grupo genético, a produção de leite de vacas em pastejo é dependente tanto da quantidade e da qualidade da forragem disponível, quanto da reserva de nutrientes que a vaca armazena antes do parto, e influenciará no peso à desmama dos bezerros.

Tabela 6.1. Produção de leite das vacas e média de ganho diário dos bezerros.

Produção de leite (kg)

Autor Raça Total Média Diária

GMD (kg/d)

Albuquerque et al. (1993) Caracu 1077 5,1 0,64

Nelore 631 3,0 0,40

Alencar et al. (1996) Canchim 1190 5,6 0,85

½ CN 766 3,6 0,72

½ CN = ½ Canchim + ½ Nelore Existe relação linear positiva entre a produção de leite da vaca e o peso do bezerro à desmama. Embora o aumento da produção de leite permita aumentar o ganho de peso e o peso à desmama dos bezerros, não se pode

esquecer que o nível nutricional, na maioria dos sistemas baseados em pastejo, é limitante para dar suporte a níveis elevados de produção de leite. Por outro lado, à medida que o bezerro cresce, sua dependência do leite

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materno vai diminuindo, sua capacidade de pastar aumenta e, conseqüentemente, reduz a quantidade de leite necessária para determinado ganho de peso. Tem sido observado que o consumo de matéria seca de forragem aumenta com a idade e observou-se que esse consumo representa 0,62; 1,46; 1,51; 1,75 e 2,20% do peso do bezerro aos dois, três, quatro, cinco e seis meses de vida, respectivamente. Suplementação para bezerros em aleitamento À idade de aproximadamente 3 meses, mais da metade da energia necessária ao bezerro de corte provém de outras fontes alimentares que não o leite da mãe. A suplementação dos bezerros em pastagens é necessária quando se

objetiva maior taxa de ganho de peso ou maior peso à desmama. Pode-se observar, na Tabela 6.2, que para um animal ser desmamado com 150 kg de peso vivo aos 7 meses de idade, a média diária de ganho de peso será de 0,57 kg, ganho possível de ser alcançado somente com leite e pastagem. Para desmamar um bezerro com 200 kg de peso vivo, seria necessário ganho de peso vivo diário de 0,80 kg, o que pode ser conseguido sem suplementação somente em situações em que se utilizem animais com bom potencial genético e bom manejo da pastagem. Para obtenção de média de ganho diário superior a 0,80 kg até a desmama, é necessário algum tipo de suplementação de boa qualidade.

Tabela 6.2. Média de ganho diário de acordo com o peso à desmama aos 7 meses de idade.

Peso ao nascimento (kg) Peso à desmama (kg)

Ganho de peso no período (kg)

Média de ganho diário (kg)

30 150 120 0,571

30 200 170 0,809

30 250 210 1,000

Quando os bezerros se aproximam da desmama, suas exigências nutricionais aumentam. O aumento das exigências é maior em bezerros com potencial maior de ganho de peso (por exemplo, machos cruzados). Se as exigências nutricionais do bezerro são maiores do que os nutrientes supridos pelo leite e pelo pasto, obviamente o ganho de peso será restrito. A produção de leite da vaca decresce no final da estação chuvosa, assim como a disponibilidade e a qualidade do pasto. Então, a diferença entre as exigências nutricionais do bezerro e a quantidade de nutrientes supridos pelo pasto e pelo leite tendem a aumentar. Como opções para evitar que deficiências nutricionais influenciem o desempenho dos bezerros, existem dois tipos de suplementação que podem ser utilizados para suplementar a dieta dos bezerros na fase pré-desmama, conhecidas como creep feeding e creep grazing. Creep feeding O creep feeding é a suplementação alimentar para os bezerros durante a fase que eles mamam nas vacas. A suplementação tem sido feita geralmente com concentrado em cocho privativo, ao qual só os bezerros têm acesso. A estrutura para esse sistema de alimentação exclusivo para os bezerros é bastante simples. Compõe-se basicamente de um pequeno cercado, onde ficam os cochos e aos quais apenas os bezerros têm acesso. A vantagem dessa técnica é permitir a desmama de bezerros mais pesados e proporcionar

redução no tempo de abate dos animais. Recomenda-se fornecer diariamente de 0,5 a 1,0% do peso vivo do bezerro em concentrado. A média do consumo durante o período de fornecimento será de 0,6 a 1,2 kg de concentrado/animal/dia. A sugestão dos teores de nutrientes é de 75 a 80% de NDT e de 18 a 20% de proteína bruta. Como exemplo, a composição pode conter aproximadamente 78% de milho, 20% de farelo de soja, 2% de calcário calcítico e 1% de mistura mineral. É importante lembrar que a recomendação da composição e dos teores de nutrientes do concentrado para diferentes propriedades pode variar em função da taxa de ganho, da quantidade de leite produzida pelas mães e, principalmente, da quantidade de forragem disponível e da qualidade da forragem, lembrando que os bezerros possuem hábito de pastejo seletivo e que, portanto, na amostragem deve-se procurar colher amostras representativas da forragem que está sendo pastejada. O aumento no peso à desmama com a utilização desse sistema é variável. Os fatores que influenciam a resposta são a quantidade e a qualidade do pasto, a produção de leite das mães, o potencial genético do bezerro, o sexo, a idade dos bezerros à desmama, o tempo de administração, o consumo e o tipo de suplemento. Alguns trabalhos mostram variação de 13 a 40 kg, conforme pode ser visto na Tabela 6.3.

Tabela 6.3. Efeito do "creep feeding" no desempenho de bezerros.

Autores Raça Consumo (kg/dia)

Fórmula Creep Feeding

Peso à desmama (kg)

Diferença (kg)

1 Guzerá 1,157 80% rolão de milho + 20% farelo algodão

Com Sem

171,6 144,8

26,8

2 Santa Gertrudes 1,300 80% de milho + 20% farelo de soja

Com Sem

180,0 139,5

40,5

3 Nelore 0,328 80% de milho + 20% farelo de algodão

Com Sem

193,8 180,8

13,0

4 Angus ----- 2/3 milho e 1/3 aveia Com Sem

200,0 180,0

20,0

5 Angus e Hereford 3,400 12,4% PB Com Sem

235,4 199,8

35,6

1 = Pacola et al. (1977); 2 = Cunha et al. (1983); 3 = Pacola et al. (1989); 4 = Martin et al. (1981);5 = Tarr et al. (1994). Na maioria dos programas de cruzamento utilizam-se matrizes da raça Nelore, cujos produtos ½ sangue europeu apresentam maiores exigências nutricionais. Quando essas exigências são atendidas, os bezerros cruzados expressam o maior potencial de ganho de peso que possuem, em comparação ao dos animais nelores puros. Para suprir as deficiências, o emprego da suplementação pelo método creep feeding tem proporcionado bons resultados no desempenho de bezerros ½ europeu + ½ Nelore , com pesos à desmama acima dos 230 kg para os machos. Creep grazing

O creep grazing pode ser empregado de duas formas. Uma opção é utilizar uma área de pasto de acesso exclusivo dos bezerros. Outra alternativa é a utilização de sistema rotacionado, em que os bezerros têm acesso ao pasto antes das vacas. O objetivo é que os bezerros pastem as pontas tenras ou as partes mais nutritivas das plantas, em vez dos colmos ou folhas velhas (senescentes), que serão usadas pelas vacas no restante do pastejo. Trabalho realizado nos Estados Unidos (Harvey & Burns, 1988) mostra aumento significativo no ganho de peso vivo por hectare com a utilização do creep grazing em milheto. Trabalhos com a utilização do creep grazing precisam ser realizados no Brasil para verificar a viabilidade dessa técnica

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nas diferentes condições edafoclimáticas. Alimentação de novilhas na fase de recria Dentre os fatores que contribuem para o baixo desfrute da bovinocultura de corte no Brasil, destaca-se a idade elevada de acasalamento das novilhas. Essa idade está associada com a fase de recria, que envolve o desenvolvimento do animal da desmama ao início do processo produtivo, ou seja, o estágio em que este atinge o peso ideal para manifestar a puberdade. Em virtude de o desenvolvimento ponderal entre o desmame e o início da vida produtiva ser vagaroso, a fase de recria nas regiões tropicais reúne o maior contingente populacional. Ademais, a fase de recria retém os bovinos, especialmente os zebuínos, por longo tempo, entre 12 e 36 meses. Essas duas características combinadas, ou seja, grande contingente populacional e prolongada duração da fase de recria, contribuem para reduzir a eficiência do processo produtivo nos trópicos. Face aos grandes investimentos (terra, instalações, animais, etc.) e aos altos custos de manutenção (alimentação, trabalho, produtos veterinários, etc.) que acompanham um rebanho de recria, torna-se desejável que os animais entrem em produção o mais precocemente possível e haja melhora da eficiência reprodutiva principalmente das fêmeas primíparas. Assim, torna-se necessário encurtar o tempo de permanência dos animais na fase de recria e para que isso seja possível é necessário o conhecimento das alternativas que propiciarão melhor aproveitamento dos recursos produtivos visando a maximizar o retorno econômico. A idade à puberdade é de extrema importância quando o sistema de produção prevê acasalamento de novilhas para possibilitar o primeiro parto em idade mais precoce. A puberdade e, conseqüentemente, a idade ao primeiro parto são reflexo direto da taxa de crescimento, que é determinado pelo consumo de alimentos. As novilhas que concebem cedo na estação de monta desmamam bezerros maiores e têm maior produtividade durante a vida. Novilhas com puberdade inerentemente precoce podem acasalar a custo menor do que novilhas com idade inerentemente tardia à puberdade. As novilhas devem manter-se crescendo durante todo o ano para que alta porcentagem delas apresente ciclo estral e taxa de concepção normal. Períodos de irregularidade na distribuição de alimentos ocasionam severos efeitos no retardamento da concepção. Variações no consumo de alimento, com nível restrito durante a seca, exercem influência negativa sobre a idade à puberdade e a idade à primeira fecundação. A taxa de fertilidade de novilhas cobertas em seu primeiro cio é menor do que a obtida no terceiro estro e, conseqüentemente, seria ideal que as novilhas atingissem a puberdade cerca de dois meses antes da estação de monta. Isto evitaria que novilhas concebam ao final da estação de monta e, conseqüentemente, tenham ainda menores possibilidades de conceber durante a estação de monta seguinte como primíparas. A utilização de pastagens melhoradas, com espécies de maior qualidade e adequada disponibilidade, é uma garantia para índices reprodutivos altos e consistentes entre os anos, especialmente para vacas jovens, sendo fundamental em sistemas intensivos de pecuária. Embora a fase de recria seja menos complexa do que a fase de cria, ela requer muita atenção do produtor, pois os requerimentos nutricionais do animal em crescimento estão constantemente mudando, em função de alterações na composição de seu corpo. À medida que a idade do animal vai avançando, reduz-se a taxa de formação de ossos e proteína, com aumento acentuado na deposição de gordura. Do início dessa fase até a puberdade, o monitoramento do ganho de peso diário é fundamental, não devendo ultrapassar a média de 900 gramas por dia. Este procedimento evita a má formação da glândula mamária (acúmulo de gordura e menor quantidade de tecido secretor de leite) resultando em menor produção de leite para o bezerro e, conseqüentemente, menor desempenho de sua progênie.

A idade à primeira cobrição determinará a alimentação das novilhas nessa fase. Idades à primeira cobrição mais precoces (15 - 16 meses) exigirão planos mais elevados de alimentação do que aqueles para idades mais avançadas para a primeira cobrição (24 - 26 meses). Embora a idade cronológica da novilha seja importante, geralmente a puberdade ou a idade ao primeiro cio para a maioria das raças européias ou cruzamentos é reflexo da idade fisiológica (tamanho ou peso). Desse modo, o plano de alimentação a ser adotado para as novilhas cruzadas será aquele que, de forma mais econômica, permita que elas atinjam o peso para cobrição o mais cedo possível. O peso vivo para cobrição das novilhas varia de acordo com a raça ou o grupo genético e também com o nível de alimentação que poderá ser fornecido após a cobrição, mas tem sido sugerido de modo geral o peso de 300 kg para as fêmeas cruzadas e de 280 kg para as fêmeas da raça Nelore. Recria de novilhas em pastagem Pastos de excelente qualidade e bem manejados podem suprir os nutrientes para o crescimento das novilhas durante o período das águas, desde que uma mistura mineral esteja sempre à disposição. A suplementação volumosa na seca pode ser feita com forragens verdes picadas, cana-de-açúcar adicionada de 1% de uréia, silagens ou fenos. Para o fornecimento de volumosos em cochos, é necessário minimizar a competição por alimento entre os animais manejados em grupos e, para isso, é importante propiciar aos animais área suficiente de cocho, permitindo que todos tenham chance de se alimentar. O fornecimento de concentrado às novilhas depende da idade, da qualidade do alimento volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado. A suplementação da dieta de novilhas cruzadas Angus x Nelore, Simental x Nelore, Canchim x Nelore e Nelore, com aproximadamente 12 meses de idade, na Embrapa Pecuária Sudeste, com cana, 0,9% de uréia, 0,1% de sulfato de amônio e 1,5 kg de concentrado contendo 18% de proteína bruta, mantidas em pastagem na seca, resultou em média de ganho diário de aproximadamente 0,4 kg por animal por dia. Em outro trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste, utilizando fêmeas desmamadas com sete meses mantidas em pastagem e recebendo cana-de-açúcar e 1,5 kg de concentrado com 70% de farelo de soja, 17% de milho, 4,5% uréia, 0,5% de sulfato de amônio, 2,0% de calcário calcítico, 6,0% de mistura mineral e 48% de proteína bruta, observou-se média diária de ganho de 0,63 kg por animal por dia nos animais cruzados de Angus x Nelore e Simental x Nelore. Recria de novilhas em confinamento Nesse sistema, os alimentos são levados às novilhas que permanecem confinadas durante todo o tempo, sem acesso ao pasto. Elas podem receber, no cocho, forragem verde picada, silagem e/ou feno. Mistura mineral deverá estar sempre à disposição, em cochos separados, independentemente do volumoso utilizado. Ao se fornecer rações à base de silagem de milho para novilhas, deve-se observar a necessidade de suplementação protéica, se não houve utilização de uréia ou outra fonte de nitrogênio não-protéico na ensilagem. Às vezes, é necessário limitar o consumo da silagem de milho, para evitar que as novilhas fiquem obesas. O fornecimento de concentrado vai depender do ganho de peso desejado durante essa fase. É importante ter sempre em mente que os extremos, subalimentação ou superalimentação, devem ser evitados. Resultados de consumo diário de matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar obtidos em trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste (Rodrigues et al., 2002) com novilhas da raça Canchim, confinadas na fase de recria, alimentadas com variedades de cana-de-açúcar, são mostrados nas Tabelas 6.4 e 6.5. Todas as novilhas foram suplementadas com 1,3 kg de concentrado com 77% de farelo de soja, 12,5% de uréia, 1,4% de sulfato de amônio, 1,5 de calcário calcítico e 7,6% de suplemento mineral.

Tabela 6.4. Teores de matéria seca (MS) de quatro variedades de cana-de-açúcar e média diária de consumo de matéria seca (CDMS) de dietas com essas variedades.

Variedades

Parâmetros IAC86-2480 IAC87-3184 RB72-454 RB83-5486

Teor de MS (%) 28,13 31,36 30,69 31,01

CDMS (kg) 6,84 6,60 7,08 7,18

CDMS (% PV) 2,70 2,71 2,79 2,79

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Tabela 6.5. Peso vivo inicial, média diária de ganho de peso vivo (GDPV) e conversão alimentar (CA) de novilhas alimentadas com dietas contendo quatro variedades de cana-de-açúcar.

Variedades

Parâmetros IAC86-2480 IAC87-3184 RB72-454 RB83-5486

Peso vivo inicial (kg) 215,5 216,3 221,8 222,8

GDPV (kg/animal/dia) 0,89a 0,65c 0,76b 0,82ab

CA (kg MS/kg de ganho) 7,64 10,18 9,32 8,70

a, b, c Médias na mesma linha seguidas de letras diferentes diferem entre si (P<0,05) pelo teste SNK. Alimentação de vacas de corte em gestação Pode-se considerar a nutrição da vaca gestante como sendo o primeiro passo na produção de bovinos e, como em qualquer outra atividade, o sucesso vai depender de como esse primeiro passo é dado. A Tabela 6.6 evidencia a importância da alimentação pré-parto nos problemas referentes a mortalidade, peso ao nascer e incidência de diarréia nos bezerros. Qualquer tentativa de produção eficiente de bovinos está diretamente ligada à melhoria de condições de alimentação, notadamente no período de seca. Ênfase deve ser dispensada especialmente ao fornecimento adequado de

energia, proteína, cálcio e fósforo, bem como para deficiências regionais de microelementos. A produção animal pode ser expressa como uma função de consumo e utilização de alimentos, como se segue: produção animal = consumo de alimentos x teor de nutrientes x digestibilidade dos nutrientes. Os nutrientes podem ser obtidos de diferentes fontes alimentares, sendo que fatores econômicos locais e momentâneos determinarão a decisão sobre as fontes recomendadas.

Tabela 6.6. Efeito do nível de energia digestível (ED) da dieta de vacas da raça Hereford em gestação (últimos 30 dias) sobre o desempenho de seus bezerros.

Nível alto Nível baixo

Consumo de energia digestível (Mcal/dia)

- 100 a 30 dias pré-parto 8,4 8,4

- últimos 30 dias pré-parto 19,3 8,4

- pós-parto 28,8 28,8

Peso dos bezerros ao nascimento (kg) 34,4 26,7

Mortalidade (%)

- ao nascimento 0 10,0

- até a desmama 0 29,0

Incidência de diarréia (%) 33,0 52,0

Fonte: Corah et al. (1975). O custo dos alimentos deve ser baixo, considerando-se que a atividade como um todo deve ser lucrativa. A razão disso é o fato de que alta porcentagem dos nutrientes necessários pelos animais é utilizada para satisfazer as exigências de mantença da vaca (Rodrigues, 2002) e somente uma parte bem menor dos nutrientes necessários na atividade de produção de bovinos de corte é recuperada pela venda de animais para abate. Em condições normais de preço, isto significa que a vaca deve ser mantida em pastagens durante o verão, e no inverno ou na seca deve ser suplementada com outro tipo de forragem de baixo custo ou mantida em pastagens reservadas especialmente para essa categoria, podendo a dieta, caso seja necessário, ser corrigida com pequena quantidade (por exemplo, 0,5 kg a 0,7 kg) de farelos protéicos, como, por exemplo, farelo de algodão ou farelo de soja. Caso a opção utilizada seja cana-de-açúcar deve-se também incluir uréia. Os requerimentos da vaca de corte nos primeiros meses de gestação são menores do que nos últimos meses de gestação. Os requerimentos de

nutrientes da vaca de corte com 6 a 9 meses de gestação são mostrados nas Tabelas 6.7 e 6.8. Nessas tabelas são mostrados os requerimentos de proteína, energia, cálcio e fósforo. Contudo, outros nutrientes podem ser críticos, dependendo do teor na forragem, ou em outros alimentos que estão sendo consumidos, principalmente na seca. Os microelementos também podem estar deficientes. Como exemplo, cobre, cobalto e zinco podem ser deficientes em algumas áreas geográficas. Os valores constantes das Tabelas 6.7 e 6.8 servem como guia, mas o leitor que não está bem familiarizado com o assunto não deve concluir que os requerimentos de nutrientes de vacas de corte em gestação são fixos conforme indicado nas tabelas. Existe grande variedade de fatores que podem influenciar as necessidades de um animal ou rebanho individualmente, como, por exemplo, deficiência de nutrientes, condição corporal da vaca, condições climáticas, idade da vaca, raça, etc.

Tabela 6.7. Exigências nutricionais diárias de vacas de corte com 6 a 9 meses de gestação.

Peso vivo (kg)

Proteína bruta (kg) Energia Metabolizável (Mcal) NDT (kg)

Cálcio (g)

Fósforo (g)

350 0,41 13,2 3,6 12 12

400 0,44 14,3 4,0 14 14

450 0,48 15,4 4,2 15 15

500 0,51 16,4 4,5 15 15

550 0,54 17,5 4,8 16 16

600 0,57 18,5 5,1 17 17

650 0,60 19,6 5,4 18 18

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Tabela 6.8. Exigências nutricionais de vacas de corte com 6 a 9 meses de gestação, expressas em termos de concentração de nutrientes na matéria seca.

Peso vivo (kg)

Proteína bruta (%) Energia Metabolizável (Mcal/kg) NDT (%)

Cálcio (%)

Fósforo (%)

350 5,9 1,9 52 0,18 0,18

400 5,9 1,9 52 0,18 0,18

450 5,9 1,9 52 0,18 0,18

500 5,9 1,9 52 0,18 0,18

550 5,9 1,9 52 0,18 0,18

600 5,9 1,9 52 0,18 0,18

650 5,9 1,9 52 0,18 0,18

Deve ser lembrado que a habilidade dos microrganismos do rúmen para utilizar forragem de baixa qualidade está relacionada a suprimento adequado de nitrogênio e minerais. Entre os macroelementos necessários para os microrganismos do rúmen, podem ser destacados o fósforo, o enxofre e o magnésio. Durante a gestação, as necessidades de proteína na dieta são relativamente baixas. O teor de proteína na dieta para vacas em gestação pode ser suprido pelas forragens tropicais. Somente nos casos em que a forragem apresentar teor de proteína muito baixo, ou então quando se estiver usando alimentos como palhadas, sabugo, cana-de-açúcar e raiz de mandioca, haverá necessidade de suplementação protéica. Com relação a esse aspecto, e considerando a fase de gestação, é importante lembrar que normalmente o animal recicla parte da uréia sangüínea para o rúmen durante um período de baixo consumo de proteína, reduzindo, parcialmente, a quantidade necessária de suplemento nitrogenado. Nos animais zebuínos, a reciclagem da uréia sangüínea para o rúmen é maior do que em raças de gado de corte européias e, conseqüentemente, a resposta à suplementação com uréia será menor nas

raças zebuínas. Os efeitos da alimentação pré e pós-parto sobre a função reprodutiva de vacas de corte são marcantes. Na Tabela 6.9, é mostrado que animais bem alimentados antes do parto apresentam menor intervalo do parto ao primeiro cio do que aqueles submetidos a um plano nutricional baixo no período pré-parto, independentemente do nível nutricional pós-parto. O nível de alimentação pós-parto tem pouco efeito na atividade reprodutiva das vacas com boa condição corporal ao parto, mas tem influência marcante quando o nível nutricional pré-parto é baixo, particularmente na percentagem de vacas que exibem cio até 90 dias pós-parto. A literatura relata que a condição corporal ao parto é relativamente mais importante do que o nível de nutrição pós-parto. Assim, vacas que apresentavam baixa condição corporal ao parto, mas alimentadas para ganhar peso após o parto, tiveram média de intervalo à primeira ovulação de aproximadamente 76 dias. As vacas que pariram em boa condição corporal tiveram média de intervalo de 38 dias, embora tenham sido alimentadas após o parto apenas para manter o peso.

Tabela 6.9. Efeito do nível de alimentação pré-parto e pós-parto sobre a atividade reprodutiva de bovinos.

Nível de Alimentação Condição corporal ao parto *

Vacas exibindo cio até os 90 dias pós-parto (%)

Intervalo parto-10 cio (dias) **

pré-parto pós-parto

Alto Alto 6,8 95 48

Alto Baixo 6,5 86 43

Baixo Alto 4,4 85 65

Baixo Baixo 4,5 22 52

Adaptado de Rodrigues (2002). *Baseado na escala de 1 (vaca muito magra) a 9 (vaca muito gorda). ** Aplica-se somente para as vacas que apresentaram cio até os 90 dias pós-parto. No período pré-parto, novilhas e vacas gestantes com condição corporal abaixo do ideal, principalmente quando estão magras, tem de ganhar peso para apresentar boa condição corporal ao parto. Parte do aumento de peso, que normalmente se observa no terço final da gestação e que pode atingir de 40 a 50 kg, é resultado do crescimento do feto, das membranas e do acúmulo de líquidos fetais, bem como do aumento do próprio útero. Portanto, o animal pode ter apresentado aumento de peso sem ter melhorado a sua condição corporal ou mesmo pode ter tido perda de condição corporal, o que não é ideal, considerando que o desejado é que as vacas, principalmente as de primeira cria, voltem a ciclar o mais rapidamente possível após o parto. As vacas de primeira cria geralmente têm o período do parto ao primeiro cio maior do que as vacas com duas ou mais crias. Por essa razão, deve-se ter maiores cuidados com a alimentação das novilhas gestantes. Uma técnica que pode ser utilizada para melhorar a alimentação das novilhas gestantes é permitir que essa categoria de animais realize o pastejo de ponta, ou seja, consuma as pontas do capim antes das vacas adultas. Tem sido observado que vacas magras não têm boa taxa de gestação e levam mais tempo para apresentar cio dentro da estação de monta. Vacas com condição corporal moderada têm boa taxa de gestação, porém um pouco inferior àquela das vacas em boa condição corporal. Assim, deve-se procurar fazer com que todas as vacas tenham pelo menos condição corporal moderada

ao parto. Para isso, deve haver avaliação dos animais três a quatro meses antes do parto e manejo diferenciado para os animais que apresentarem condição corporal abaixo da desejada, para que possam chegar ao parto em condições corporais adequadas. É importante lembrar que vacas adultas consomem maior quantidade de matéria seca do que novilhas, conseqüentemente, a ingestão de energia por essas duas categorias de animais na mesma pastagem será diferente. Novilhas gestantes magras devem ter manejo diferenciado de vacas gestantes magras, visto que a demanda nutricional da novilha gestante é maior, por se encontrar em fase de crescimento. Portanto, o manejo nutricional de animais de diferentes categorias em gestação deve ser diferenciado, para que os animais tenham as condições adequadas de alimentação que satisfaçam os seus requisitos nutricionais. Recria e terminação de bovinos para produção de carne A recria é geralmente realizada em pastagem, com suplementação de mistura mineral durante o ano todo e com ou sem suplementação de concentrados nos períodos críticos de produção de forragem. Alguns autores, principalmente nos Estados Unidos, sugerem o uso de concentrados durante o verão, para aumentar a taxa de lotação das pastagens ou em pequenas quantidades para explorar o efeito aditivo de volumoso e concentrado no aumento do ganho

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diário de peso vivo (Owensby et al., 1995). Quando a quantidade de concentrados é elevada (>0,4% do peso vivo) ou a qualidade da forragem (pasto) é adequada, pode ocorrer redução do consumo de pasto (efeito substitutivo) (Pordomingo et al., 1991). Como o desejado é o consumo máximo de forragem durante a recria em pastagens de verão, o fornecimento de concentrados deve ser limitado a 0,4% do peso vivo dos animais. A terminação de bovinos para produção de carne pode ser realizada das seguintes maneiras: 1) no pasto; 2) no pasto com suplementação no verão; 3) no pasto com suplementação na seca (semiconfinamento); e 4) em confinamento. Nos sistemas extensivos de produção, a terminação dos bovinos geralmente é realizada no pasto, com suplementação de mistura mineral. Em conseqüência das limitações de produção de forragem, em quantidade e qualidade, os animais apresentam desempenho inadequado na seca, idade de abate elevada (acima de 36 meses), carcaça com baixo peso e terminação inadequada, resultando em baixa produtividade por unidade de área. Nos sistemas que utilizam a suplementação com mistura de concentrados na seca (semiconfinamento), há necessidade de vedar áreas de pastagem para utilização durante a seca. Nesses sistemas, ocorre melhor distribuição (redução da sazonalidade) da produção de carne em relação aos sistemas de produção unicamente em pastagem, porém, a produtividade da propriedade ganha pequenos incrementos. Esses sistemas são atrativos pela simplicidade, isto é, requerem investimentos apenas na compra de cochos e concentrados, que são fornecidos na proporção de 1% do peso vivo dos animais, na própria pastagem (Almeida & Azevedo, 1996). A tomada de decisão de fazer semiconfinamento ou confinamento depende do tipo de animal que o criador possui, do ganho de peso desejado ou necessário para produzir bovinos prontos para abate e do planejamento antecipado na produção de alimentos volumosos, entre outros fatores. O baixo ganho de peso vivo, entre 0,34 a 0,64 kg/animal/dia, dependendo do peso vivo inicial (Almeida et al., 1994), obtido com animais nelorados em sistema de semiconfinamento, pode ser considerado como uma desvantagem deste

sistema de criação, em relação aos sistemas que utilizam o confinamento para a terminação de bovinos para abate, como mostrado a seguir. Nos sistemas mais intensificados, a recria e ou a terminação pode ocorrer em pastos com diferentes graus de correção e fertilização dos solos. A correção e a adubação das pastagens aumenta a produção e a qualidade da forragem disponível para os bovinos. Dessa maneira, é possível aumentar a taxa de lotação e o ganho diário de peso vivo, resultando em maiores produções por unidade de área. Os sistemas de produção de carne bovina da região Sudeste, que utilizam mais intensivamente o fator terra, fazem uso do confinamento de bovinos como técnica para reduzir a idade de abate, liberar áreas de pastagens para outras categorias de animais, reduzir a taxa de lotação das pastagens nos períodos críticos (seca), obtendo, dessa maneira, melhor taxa de abate, carcaças mais pesadas na entressafra e maior produção de carne por unidade de área. O confinamento de bovinos na década de 1990 era realizado com o objetivo de "estocar boi em pé", isto é, obter lucro com a variação de preço de safra-entressafra do boi gordo. O diferencial de preço em moeda americana (dólar) foi de 15,3%, em média, de 1992 a 1997. Atualmente, o confinamento tem de ser realizado com planejamento de tipo ou grupo genético de animais, disponibilidade de alimentos volumosos e concentrados, formulação da dieta adequada para os animais, instalações, época do ano mais apropriada e idade dos animais, entre outros fatores. Diversos estudos mostram que animais que entraram em confinamento acima de 20 meses de idade apresentaram eficiência de conversão alimentar (ECA) de 8,7, enquanto que aqueles que possuíam idade entre 7 e 17 meses apresentaram ECA de 6,3 kg de matéria seca ingerida por quilograma de ganho de peso vivo, mostrando vantagem de 27% em favor do confinamento de animais mais jovens. Por outro lado, animais de alto potencial para ganho de peso que foram recriados em pastagens podem apresentar elevado ganho de peso compensatório por períodos de até 60 dias, sendo então adequados para os sistemas que produzem carne para mercados pouco exigentes quanto à terminação dos bovinos, como pode ser observando na Tabela 6.10.

Tabela 6.10. Ganho diário de peso vivo (GDP), consumo de alimentos e eficiência de conversão alimentar (ECA) em diversos períodos do confinamento1.

Parâmetros Período (dias) Média

0-21 21-42 42-63 63-84 84-112 0-112

GDP, kg 1,95 1,91 2,05 1,33 1,12 1,67

Consumo – Silagem, kg 17,0 21,7 22,3 20,3 21,4 20,6

Consumo – Concentrado 4,6 5,9 6,0 5,5 5,8 5,6

ECA, kg MS/kg GDP 4,72 6,13 5,85 8,27 10,35 6,72

1 Adaptado de Cruz (2000). Média dos valores de 72 animais (32 Canchim; 16 Canchim x Nelore, 16 Gelbvieh x Nelore e 8 mestiços leiteiros) distribuídos em 4 baias. Médias mais adequadas de eficiência de conversão alimentar em confinamento, por períodos mais prolongados do que aqueles apresentados na Tabela 6.10, podem ser observados com diversos grupos genéticos mostrados na Tabela 6.11. A principal razão das diferenças observadas na eficiência de conversão alimentar (ECA) está relacionada à idade mais jovem de entrada dos animais em confinamento. É importante observar também que animais de diferentes tamanhos de estrutura corporal podem permanecer no confinamento por mais tempo, apresentando alta ECA, em razão da deposição de gordura na carcaça ser mais tardia.

Na região Sudeste, a época mais apropriada para a realização da terminação de bovinos em confinamento é durante o período seco do ano, como forma de amenizar os efeitos adversos de alta umidade (lama) e altas temperaturas sobre o desempenho dos animais e para não competir com a produção de carne exclusivamente em pastagem durante o verão, que possui custos de produção mais baixos. O confinamento a céu aberto é o mais recomendado para o período seco na região Sudeste, por apresentar custo mais baixo do que os outros tipos de instalações.

Tabela 6.11. Eficiência de conversão alimentar em diversos períodos do confinamento (kg de matéria seca/kg de ganho de peso vivo)1.

Grupo Genético Período de confinamento (dias)

0-31 31-59 59-74 74-87 87-108 108-129

Blonde d’Aquitaine x Nelore 4,5 6,2 5,9 6,2 7,4 10,2

Limousin x Nelore 4,9 6,4 5,6 6,1 6,9 9,7

Canchim 5,9 5,6 5,5 6,6 9,1 10,8

Canchim x Nelore 4,7 6,2 6,3 7,2 10,8 10,6

1 Adaptado de Cruz (2000). Média dos valores de 3 baias, de cada grupo genético.

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O desempenho de bezerros de seis grupos genéticos confinados aos 12 meses de idade pode ser observado nas Tabelas 6.12 e 6.13. O ganho diário de peso vivo e o consumo diário de matéria seca, expresso em percentagem do peso vivo, sofreram reduções com o aumento do peso vivo de abate. A conversão alimentar aumentou (piorou) de 5,92 para 6,26 ou 6,49 kg de matéria seca por quilograma de ganho diário de peso vivo à medida que os pesos de abate tiveram acréscimos de 400 para 440 ou 480 kg. Dois fatores devem ter contribuído para a redução do ganho de peso e a piora na conversão alimentar, quais sejam, a redução na ingestão de nutrientes e a mudança na composição do ganho de peso (aumento da deposição de gordura) com o aumento do peso vivo de abate. A vantagem do animal cruzado em relação ao

Nelore comercial quanto ao potencial para ganho de peso vivo (Tabela 6.4) é evidente quando os animais receberam ração com 13% de proteína bruta e 70% de nutrientes digestíveis totais (50% de silagem de milho, 28,3% de milho em grão moído, 9,2% de farelo de soja, 10,8% de farelo de trigo, 0,7% de calcário calcítico e 1% de mistura mineral, na base seca). O ponto ideal de abate de bovinos machos não-castrados depende do peso mínimo exigido pelo mercado, que é de aproximadamente 240 kg de carcaça quente (16 @), à idade máxima de aproximadamente 18 meses, para evitar problemas de manejo e obter proporções equilibradas de quartos dianteiro e traseiro na carcaça e terminação adequada de no mínimo 3 mm de gordura externa, para proporcionar a qualidade desejada no produto final.

Tabela 6.12. Média estimada de ganho de peso vivo, consumo de matéria seca e eficiência de conversão alimentar de machos de seis grupos genéticos não-

castrados em confinamento, de acordo com o peso de abate1.

Peso vivo de abate (kg) Erro padrão

400 (I) 440 (II) 480 (III)

Ganho diário de peso (GDP), kg 1,56a 1,49ab 1,44b 0,03

Cons. Diário de matéria seca (CMS)2, kg 9,01a 9,01a 9,21a 0,13

CMS2, % peso vivo 2,58a 2,49ab 2,44b 0,04

Efic. de conversão alimentar2, CMS/GDP 5,92b 6,26ab 6,49a 0,12

1 O peso previsto para abate dos animais da raça Nelore foi de 380, 410 e 440 kg. 2 Média de baias com 6 animais cada uma. abc Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem (P>0,05) pelo teste SNK Tabela 6.13. Média estimada de ganho diário de peso de machos não-castrados em confinamento, por grupo genético, de acordo com o peso de abate.

Peso vivo de abate (kg)

Grupo genético 400 (I) 440 (II) 480 (III) Erro Padrão

Blonde d’Aquitaine x Nelore 1,57a 1,53a 1,54a 0,06

Canchim 1,83a 1,60a 1,55a 0,10

Canchim x Nelore 1,64a 1,38a 1,40a 0,08

Limousin x Nelore 1,70ab 1,80a 1,58b 0,06

Piemontês x Nelore 1,47a 1,48a 1,49a 0,05

Nelore1 1,13a 1,12a 1,11a 0,06

1 Pesos previstos para abate foram de 380, 410 e 440 kg. abc Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem (P > 0,05) pelo teste SNK. A castração de bovinos destinados ao abate é tradicionalmente realizada no Brasil por motivos econômicos e de aceitação do consumidor. Na pecuária extensiva brasileira, os bovinos são colocados em pastagens com baixa disponibilidade de forragem e de baixa qualidade nutricional por longos períodos, ocasionando idade de abate tardia. Nessas condições, é imperativo que se faça a castração para tornar os animais mais dóceis (facilitar o manejo), produzir carne de melhor qualidade e evitar o deságio praticado pelos frigoríficos. Nos sistemas intensivos de produção, com pastagens de melhor qualidade em combinação e uso de confinamento, quando necessário, o abate dos bovinos deve ocorrer entre 14 e 20 meses de idade. A decisão da castração ou não dos bovinos jovens é dependente da política dos frigoríficos em cada região. Geralmente não há restrição para machos não-castrados com dentição de leite intacta, peso mínimo de 240 kg de carcaça quente e terminação adequada. Saúde Doenças e Parasitos mais comuns Na pecuária de corte, pretere-se a clínica curativa em favor da clínica profilática. Isto se deve ao tamanho do rebanho e o seu manejo diferenciado.

No rebanho criado a campo, torna-se difícil a observação de animal por animal, como acontece na pecuária de leite. Atualmente, com a facilidade de transporte, tornou-se muito intensa a movimentação de animais de uma região para outra. Com isto, houve grande disseminação de doenças entre os bovinos, principalmente as doenças viróticas. Para controle dessas doenças, utilizam-se as vacinações como forma preventiva. No Brasil, existem vacinas obrigatórias por lei, como é o caso da vacina contra a febre aftosa e, mais recentemente, a da brucelose em alguns Estados. Outras tornam-se obrigatórias não por lei, mas pelo fato de que sem elas fica quase impossível a criação de bovinos em certas regiões, a exemplo da vacinação contra a raiva bovina e o carbúnculo sintomático. Para obter sucesso na pecuária de corte, faz-se necessário elaborar um calendário profilático, esquematizando as épocas de vacinações. Há vacinas que são aplicadas no rebanho todo, outras são aplicadas somente em certas categorias de animais, selecionando idade e até mesmo o sexo, como é o caso das vacinações contra o carbúnculo sintomático e a brucelose. Uma das práticas para bom manejo sanitário na pecuária de corte é a implantação de uma estação de monta, para concentrar os nascimentos dos bezerros na mesma época do ano. O manejo profilático inicia-se com a cura do umbigo do bezerro, para evitar a onfalite (inflamação do umbigo). Em seguida, é

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recomendável a aplicação de l mL de avermectina, para evitar as miíases (bicheiras por larvas de moscas). As doenças e as vacinações mais comuns na pecuária de corte são: Febre aftosa: É uma doença aguda que acomete os animais fissípedes (que têm os cascos partidos), extremamente contagiosa e causada por um vírus. É caracterizada por febre alta e feridas na boca e nos cascos. Essa doença é de grande interesse para o Brasil, por ser um fator limitante na exportação de carne para outros países onde ela já foi erradicada. Atualmente, a vacina é oleosa, que dá imunidade mais duradoura. É uma vacina de caráter obrigatório e feita em todo rebanho, independentemente de idade. O seu calendário é determinado pela secretaria de agricultura de cada Estado. Brucelose: É uma doença bacteriana, que interfere na reprodução, provocando aborto. Essa doença, além do prejuízo econômico, pode ser transmitida ao homem. A vacinação contra ela está se tornando obrigatória em vários Estados brasileiros. Ela é feita em dose única e somente em fêmeas de 3 a 8 meses de idade. É recomendável que se faça um teste de soro aglutinação anualmente em todos os animais em idade reprodutiva. Tuberculose: Embora a tuberculose em bovinos de corte tenha menor incidência do que no gado de leite, ela não deixa de ser preocupante. Foi criado recentemente um programa nacional para erradicação da brucelose e da tuberculose no rebanho bovino brasileiro. Considerando que a vacinação contra a tuberculose é de pouca eficácia, faz-se o controle dessa doença em bovinos por meio do teste de tuberculinização. Em bovinos de corte, o teste é feito com a aplicação de tuberculina PPD bovina em animais de idade igual ou superior a seis semanas de vida. A aplicação é feita na prega caudal, fazendo-se a leitura 72 horas após. Os animais positivos são eliminados do rebanho. Animais reagentes positivos deverão ser isolados de todo o rebanho e sacrificados no prazo máximo de 30 dias após o diagnóstico, em estabelecimento sob serviço de inspeção oficial, indicado pelo serviço de defesa oficial federal e estadual. Na impossibilidade de sacrifício em estabelecimento sob serviço de inspeção oficial, indicado pelo serviço de defesa oficial federal e estadual, os animais serão destruídos no estabelecimento de criação, sob fiscalização direta da unidade local do serviço de defesa oficial, respeitando procedimentos estabelecidos pelo Departamento de Defesa Animal. Raiva bovina: É uma doença causada por um vírus e transmitida por morcegos hematófagos. A vacinação contra essa doença só é feita em regiões onde existem colônias permanentes de morcegos sugadores de sangue. A vacinação se torna obrigatória quando aparecem focos esporádicos da doença em certas regiões. A aplicação da vacina é anual e feita em todo o rebanho, independentemente de idade. Clostridiose: Das clostridioses que acometem os bovinos, a mais importante no Brasil é o carbúnculo sintomático. É uma doença típica de animais jovens (até 2 anos). Para sua prevenção, utilizam-se as vacinas polivalentes, isto é, que dão imunidade também contra outros tipos de clostrídios. Quando se utiliza a vacina polivalente, a aplicação é feita no pré-parto, ao nascimento, à desmama e aos 12 meses de idade. Nos animais adultos ela é aplicada uma vez ao ano. Botulismo: É causada por uma toxina de uma espécie de Clostridium e que ataca o sistema nervoso dos animais. Essa toxina pode estar presente na medula de ossos de carcaças nas pastagens, em águas estagnadas e em cama de aves. A vacinação contra essa doença é feita quando ocorrem surtos na região. É uma vacina aplicada somente em animais acima de um ano de idade. De uma forma geral, recomenda-se o uso de duas doses iniciais com 4 a 6 semanas de intervalo e a seguir uma dose anual em todo o rebanho. Leptospirose: É uma doença de distribuição mundial, sendo mais freqüente em áreas de clima quente e úmido. Essa doença é uma zoonose, isto é, pode ser transmitida ao homem. No bovino, a importância da doença é mais de ordem econômica, por influenciar o potencial reprodutivo do rebanho. No homem, porém, ela pode ser fatal. Essa doença nos bovinos pode ser controlada por vacinação, sendo a primeira dose aplicada entre 4 a 6 meses de idade, com reforço quatro semanas após. Todo o rebanho deve ser vacinado

semestralmente. Salmonelose: Essa doença, também chamada de paratifo, é mais comum em animais jovens. Ela provoca enterite (inflamação intestinal), acompanhada de diarréia, febre alta, descoordenação nervosa e morte em 24 a 48 horas. Embora os animais doentes respondam bem ao tratamento com antibióticos, a doença pode ser evitada com vacinação. A vacina é aplicada na vaca no pré-

parto (8o mês de gestação) e no bezerro entre 15 e 30 dias após o nascimento. Pasteurelose: É uma doença infecciosa aguda, que causa febre, perda do apetite, diarréia sanguinolenta e prostração. Os animais enfermos respondem bem ao tratamento com sulfas. Essa doença pode ser evitada por vacinação, que é feita juntamente com a do paratifo (vacina polivalente). Sua aplicação se faz também no pré-parto e no bezerro entre 15 e 30 dias de vida. IBR, BVD, PI3 e BRSV: São viroses comumente associadas com doenças respiratórias e perdas reprodutivas em bovinos. A prevenção contra essas doenças é feita com vacinas polivalentes, ou seja, existem vacinas para todas elas em conjunto. A vacinação é feita aos três meses de idade, com reforço 30 dias após, com revacinação anual em dose única. Combate a ectoparasitos e endoparasitos: Os principais ectoparasitos de bovinos no Brasil são os carrapatos, os bernes e a mosca-dos-chifres. Só é recomendável combater esses parasitos quando as infestações forem altas. Isso ocorre mais nos meses de verão. Eles podem ser combatidos com produtos cujas vias de aplicação podem ser: pulverização, "pour-on" (sobre o dorso do animal), em banheiros de aspersão ou imersão e injetáveis. Quanto aos parasitos internos (vermes em geral), a preocupação maior é com os animais jovens, visto que os animais adultos são mais resistentes. Portanto, o combate à verminose deve estar mais voltado aos animais com menos de três anos. A melhor época para everminação deve abranger o período das secas. Calendário profilático para bovinos de corte Febre aftosa: É feita em todo rebanho, sendo o calendário de aplicação determinado pela secretaria de agricultura de cada Estado. Brucelose: A vacina é aplicada somente em fêmeas de 3 a 4 meses de idade, acompanhada da marcação com um V seguido do último número do ano de nascimento, no lado esquerdo da cara. Deve-se fazer teste de soro aglutinação em todos os animais em idade reprodutiva uma vez ao ano. Tuberculose: Fazer o teste de tuberculinização com PPD bovino na prega caudal, seguindo orientação do PNCEBT (Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose). Raiva bovina: Vacinar todo rebanho, nas regiões endêmicas uma vez por ano, E nas regiões livres, somente quando determinada pelas secretarias de agricultura. Clostridioses: - Pré-parto - Nascimento - Desmama - Aos 12 meses - Todo o rebanho uma vez por ano Botulismo: Proceder vacinações quando ocorrer surto da doença. De uma forma geral, recomenda-se o uso de 2 doses iniciais, com 4 a 6 semanas de intervalo e a seguir uma dose anual em todo o rebanho. Leptospirose: Vacinar os animais de 4 a 6 meses de idade, com reforço quatro semanas após. Vacinação em todo rebanho semestralmente.

Salmonelose e pasteurelose: Vacas pré-parto (8o mês de gestação) e bezerros de 15 a 30 dias de vida. IBR, BVD, PI3 e BRSV: Vacinar aos 3 meses de idade, com reforço 30 dias após. Revacinação anual com dose única. Combate a carrapatos, bernes e mosca-dos-chifres: Combate conforme a necessidade. Everminação: - Ao nascimento, 1ml de avermectina - Em maio e julho, todos os animais até 24 meses - Em outubro, todo o rebanho.

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Produção Suínos Introdução. O presente sistema de produção está direcionado para a criação de suínos em ciclo completo, confinado, desenvolvido em um único sítio e contemplando um plantel de 160 a 320 matrizes. Todas as etapas de produção a partir da maternidade estão previstas para serem desenvolvidas seguindo o princípio do sistema "todos dentro todos fora" (all-in all-out), onde os animais de cada lote ocupam ou desocupam uma sala num mesmo momento. Este manejo possibilita a limpeza e desinfecção completa das salas e a realização do vazio sanitário. Pelo fato de contemplar todas as etapas da produção, desde a aquisição do material genético até a entrega dos suínos de abate na plataforma do frigorífico, as orientações descritas neste documento aplicam-se também a sistemas de produção que executam apenas parte das etapas de produção de suínos, como a Unidade de Produção de Leitões (UPL) que produz leitões até a saída da creche e a Unidade de Terminação (UT) que recebe os leitões de uma UPL e executa as fases de crescimento e terminação. Outros sistemas de produção de suínos, como o Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL), o agroecológico, o orgânico e outros, precisam ser tratados separadamente em razão de suas particularidades. Mesmo assim, grande parte dos conceitos sobre a criação de suínos, caracterizados neste sistema, podem ser considerados com as devidas adaptações. A criação de suínos sobre cama, que está ganhando espaço considerável entre os suinocultores, principalmente por facilitar o manejo dos dejetos, também apresenta peculiaridades que merecem e precisam ser tratadas de forma específica. Informações sobre a produção de suínos sobre cama poderão ser obtidas em várias publicações da Embrapa Suínos e Aves. Importância Econômica A produção mundial de carne suína em 2001 foi de 83.608 mil toneladas e, segundo a FAO, o crescimento anual de consumo de carnes no mundo até o ano 2015 deve ficar em torno de 2%. Considerando ser a carne suína a mais produzida no mundo, uma parcela significativa deste percentual deverá ser atendida via expansão da produção de suínos. A posição dos principais países produtores de carne suína, (China, União Européia e Estados Unidos não deve ser alterada pelo menos no curto e médio prazos, uma vez que a diferença entre eles, no volume produzido em 2001, é significativa, 42.400; 17.419 e 8.545 mil toneladas respectivamente. O Brasil ocupa atualmente a 4ª posição com 2.240 mil t. e concorre diretamente com o Canadá para manter essa classificação. As previsões para 2002 indicam que o Brasil deverá crescer cerca de 5,81% com relação a 2001, enquanto a produção de carne suína no Canadá crescerá apenas 1,74% no mesmo período. Tais níveis de produção solidificam a posição brasileira no ranking mundial. Com relação ao abate brasileiro de suínos, no período entre 1990 e 2001, verificou-se um crescimento de cerca de 45%, passando de 19,7 para 28,5 milhões de cabeças/ano. A expansão da produção voltou-se para algumas áreas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, sem no entanto caracterizar migração ou mesmo redução da

atividade na Região Sul. Os dados de desempenho da suinocultura nacional mostram que em 1990 a Região Sul participava com 45,07% do abate total de suínos no Brasil e, em 2001, sua participação cresceu para 53,74%. Com base na análise dos problemas e potencialidades dos grandes produtores mundiais, fica claro que o Brasil apresenta amplas possibilidade de se firmar como grande fornecedor de proteína animal. Estudos recentes mostram que o Brasil apresenta o menor custo de produção mundial, cerca de US$0,55/kg, e produz carcaças de qualidade comparada a dos grandes exportadores. Dessa forma, pode-se dizer que o mercado internacional sinaliza para o crescimento das exportações brasileiras, com possibilidades de abertura de novos mercados como o do NAFTA, China, África do Sul, Chile e Taiwan. A abertura do Mercado Europeu para a carne suína brasileira deverá merecer atenção especial, assim como também o ingresso no Japão que é o maior importador mundial. O Canadá é o atual líder mundial na exportação de carne suína com 710 mil t. em 2001. O Brasil, graças a abertura do mercado russo, vem apresentando cifras cada vez maiores, passando a ocupar a quarta posição no ranking dos exportadores, com 265 mil t. em 2001, com expectativa de crescer mais 32% em 2002. No mercado interno espera-se que, uma crescente recuperação da economia com o conseqüente aumento no poder aquisitivo da população, o consumo per capita atual de 12 kg/habitante/ano volte a crescer, estimulando o setor produtivo e exercendo pressão sobre os preços pagos por quilo de suíno vivo. Observando o consumo de carne suína no Estado de Santa Catarina, com cerca de 23 kg/habitante/ano, percebe-se que há espaço para o aumento do consumo em nível nacional. Proteção Ambiental Além da produtividade e competitividade econômica, qualquer sistema de produção deve primar pela proteção ambiental, não somente pela exigência legal, mas também por proporcionar maior qualidade de vida a população rural e urbana. Com relação a proteção ambiental o produtor deve implantar um sistema de gestão ambiental integrado contemplando as seguintes etapas:

Avaliação dos riscos de impacto ambiental Manejo voltado para a proteção ambiental

Manejo Nutricional Manejo de água na propriedade

Avaliação dos riscos de impacto ambiental

• Proceder o diagnóstico da situação ambiental local antes de iniciar a construir. • Delinear um plano com dimensionamento do projeto em função do volume de resíduos gerados na produção de suínos. • Planejar as obras a partir das exigências da legislação ambiental federal, estadual e municipal, que determinam, por exemplo, as distâncias mínimas de corpos d´água (fontes, rios, córregos, açudes, lagos etc.), estradas, residências, divisas do terreno, a proteção das áreas de preservação permanente, 20% da área de reserva legal e outras.

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Figura 1. Croqui das distâncias de acordo com a Legislação da FATMA (SC).

(Obs: Estas distâncias podem sofrer variações nos diferentes estados da federação, para tanto, sugere-se consultar o órgão estadual de proteção ambiental). Quadro 1. Legislação pertinente ao licenciamento ambiental. - Constituição Federal Brasileira - 1998 - Art. 225. - Decreto Federal nº 0750/93 - Mata Atlântica. - Lei Federal nº 9.605/98 - Lei dos Crimes Ambientais - Art. 60. - Código das Águas - Decreto Federal nº 24.645 de 10/07/34 e alterações. - Código Florestal Federal - Lei 4.771/65 e alterações. - Lei Federal nº 6.766/79 - Disciplinamento do solo urbano. - Legislações e Códigos Sanitários Estaduais e Municipais. • Planejar a propriedade tendo em vista a bacia hidrográfica como um todo, respeitando a disponibilidade de recursos naturais. • Minimizar o uso da água nas instalações através de: a)- Desvio das águas pluviais com o uso de calhas, aumento dos beirais e drenagem; b)- Adequação da rede hidráulica e escolha dos bebedouros; c)- Dimensionar o sistema hidráulico de forma a manter a velocidade e a pressão da água uniforme em todos os bebedouros (Tabela 1). Tabela 1. Estimativa de consumo de água (litros/dia), de acordo com o tipo de bebedouro para a produção de um suíno de 100 kg de peso vivo.

Peso Corporal, kg Bebedouro

Bom Ruim

Desperdício

Consumo diário de água (l) 5-10

0,91 1,59 0,68

11-100 4,98 8,32

13

3,34

Consumo total de água(l) 5-10

11,11 25,39 14,28

11-100 542,82 906,88 364,06

Economia - -

378,34 Fonte: (Referência n° 32) Penz et.al. (1995). • Avaliar as áreas de maior risco de poluição em caso de acidentes. • Atender as Legislações Estaduais e Municipais que normalmente exigem: • a)- LP (Licença Prévia) que determina a possibilidade de instalação

do empreendimento em determinado local; b)- LI (Licença de Instalação) que faz a análise do projeto quanto a conformidade com a legislação ambiental; c)- LO (Licença de Operação) que concede a licença de funcionamento após conferência do projeto executado com base na LI e prevê um plano de monitoramento. • Estabelecer um programa de nutrição e manejo das rações que minimize a excreção de nutrientes e de resíduos na propriedade, escolhendo o que for mais adequado a sua área (tratamento, reaproveitamento dos resíduos, exportação para vizinhos e etc) • Monitorar e avaliar a adequação do dimensionamento do projeto. • Considerar e avaliar as ampliações futuras em função da legislação, do licenciamento e de mudanças no plano de nutrição. Manejo voltado para a proteção ambiental

Reduzir a geração de resíduos através do manejo nutricional eficiente e do manejo da água na propriedade, diminuindo o potencial poluente dos resíduos (Tabela 2).

Tabela 2. Características químicas e físicas dos dejetos (mg/l) produzidos em uma unidade de crescimento e terminação manejada em fossa de retenção, obtidos no Sistema de Produção de Suínos da Embrapa Suínos e Aves.

Parâmetro Mínimo Máximo Média

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

11530 38448 25543

Sólidos Totais 12697 49432 22399

Sólidos Voláteis 8429 39024 16389

Sólidos Fixos 4268 10408 6010

Sólidos Sedimentares 220 850 429

Nitrogênio Total 1660 3710 2374

Fósforo Total 320 1180 578

Potássio Total 260 1140 536

Fonte: (Referência n° 36) Silva F.C.M. (1996).

Manejo Nutricional

Para promover a melhora do desempenho e das carcaças, reduzindo o poder poluente dos dejetos e o custo de produção dos suínos, o produtor deve: • Buscar o aumento da eficiência alimentar e da produtividade por matriz. • Usar rações formuladas com base nos valores de disponibilidade de nutrientes dos alimentos, utilizando informações específicas dos suínos que estão sendo produzidos, especialmente quanto ao genótipo, sexo e consumo de ração. • Utilizar dietas formuladas com maior precisão, evitando o acréscimo de mais nutrientes ("margens de segurança") do que os animais necessitam. • Empregar o conceito de alimentação em múltiplas fases e sexos separados.

• Evitar o uso de cobre como promotor de crescimento e reduzir ao máximo o uso de zinco no controle da diarréia. • Aumentar o uso de fontes de nutrientes com maior disponibilidade. • Utilizar enzimas nas dietas. • Utilizar a restrição alimentar em suínos na fase de terminação. Manejo de água na propriedade

O manejo da água na propriedade deve contemplar: • Evitar a utilização de lâmina d'água. • Remoção do dejeto via raspagem. • Realizar manutenção periódica do sistema hidráulico. • Reduzir a demanda de água no sistema através do reaproveitamento da água, servida aos suinos, para limpeza das instalações, evitando o contato com os animais.

Tabela 3. Produção média diária de dejetos nas diferentes fases produtivas dos suínos.

Categoria de Suínos Esterco* (kg/animal/dia) Esterco (+ urina kg/

animal/dia) Dejetos líquidos (l/

animal/dia)

Suínos de 25-100 kg 2,30 4,90 7,00

Porcas em Gestação 3,60 11,00 16,00

Porcas em Lactação 6,40 18,00 27,00

Machos 3,00 6,00 9,00

Leitões desmamados 0,35 0,95 1,40

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Média 2,35 5,80 8,60

*Considerando esterco com cerca de 40% de matéria seca. Fonte: (Referência n° 29) Oliveira et al. (1993).

Planejamento da Produção Na suinocultura moderna e intensiva, um dos aspectos mais importantes na prevenção de doenças é o correto manejo das instalações, visando reduzir a pressão infectiva e a transmissão de agentes patogênicos entre animais de diferentes idades e racionalizar o uso da mão de obra nas atividades de manejo. Isto é possível através da utilização do sistema de produção "todos dentro todos fora" com vazio sanitário entre cada lote, pelo menos nas fases de maternidade, creche e crescimento/terminação. Para poder adotar esse sistema é necessário planejar as instalações estabelecendo o número de salas que atendem um determinado fluxo de produção (intervalo entre lotes). Para calcular o número de salas necessárias em cada fase de produção deve-se definir algumas variáveis conforme segue: • Intervalo entre lotes: os intervalos entre lotes de 7 ou 21 dias são os mais utilizados para facilitar as atividades de manejo, mas, teoricamente, pode-se utilizar qualquer período com menos de 22 dias. A opção de 7 ou 21 dias de intervalo entre lotes, depende de uma análise das vantagens e desvantagens de cada um (Quadro 2) e de algumas características do rebanho e instalações onde pretende-se utiliza-lo. • Idade ao desmame: para fins de cálculo das instalações e para realizar o desmame sempre no mesmo dia da semana, usar 21 ou 28 dias. • Idade de saída dos leitões da creche: geralmente é de 63 a 70 dias. • Idade de venda dos suínos: deve ser definida em função das características do mercado que se pretende atender. • Intervalo desmama/cio: normalmente utiliza-se como média 7 dias. • Duração da gestação: essa variável é fixa de 114 dias. • Duração do vazio sanitário entre cada lote: para esse período recomenda-se 7 dias (1 dia para lavagem + 1 dia para desinfecção + 5 dias de descanso). Definidas estas variáveis é possível fazer os cálculos do número de salas necessárias em cada fase de produção e o número de lotes de matrizes necessários para atender o fluxo de produção. A seguir serão dados exemplos de cálculos para atender os intervalos entre lotes de 7 e 21 dias.

Cálculo do número de salas em cada fase de produção, para um intervalo entre lotes de 7 dias e desmame com 21 dias.

Cálculo do número de salas em cada fase de produção para um intervalo entre

lotes de 21 dias e desmame com 28 dias

Cálculo do número de lotes de fêmeas na granja

Cálculo do número de salas em cada fase de produção, para um intervalo entre lotes de 7 dias e desmame com 21 dias Número de salas = Período de ocupação + vazio sanitário/Intervalo entre lotes Exemplo 1 - Cálculo do número de salas de maternidade Alojamento das fêmeas antes do parto = 7 dias Período de aleitamento = 21 dias Período de ocupação (7+21) = 28 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 7 dias N.º de salas de maternidade = 28 + 7 / 7 = 5 salas Exemplo 2 - Cálculo do número de salas de creche Idade de desmame = 21 dias Idade de saída de creche = 63 dias Período de ocupação = 63 dias (saída da creche) menos 21 dias (idade ao desmame) = 42 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 7 dias Número de salas de creche = 42 + 7 / 7 = 7 salas Exemplo 3 - Cálculo do número de salas de crescimento-terminação (C/T) Idade de saída da creche = 63 dias Idade de venda dos suínos = 168 dias Período de ocupação = 168 dias (idade de venda) menos 63 dias (idade saída de creche) = 105 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 7 dias Número de salas de C/T = 105 + 7 / 7 = 16 salas

Quadro 2. Vantagens e inconvenientes no sistema de manejo em lotes com intervalo de 7 dias.

Desmame com 21 dias e intervalo entre lotes de 7 dias Vantagens

Inconvenientes 1. Facilidade de introdução de leitoas. 2. Pouca variação na idade dos leitões do mesmo lote. 3. Melhor utilização dos machos. 4. Fácil reciclagem do retorno ao cio. 5. Maior otimização da mão de obra. 6. Maior uso das instalações. 7. Preserva o estado nutricional das porcas. 1. Custo elevado para rebanho pequeno ou médio devido ao grande número de salas. 2. Todas as semanas repetem-se as atividades como lavagens e desinfecção de salas, partos, aplicação de ferro, castração, desmame, vendas, cobrições etc. Cálculo do número de salas em cada fase de produção para um intervalo entre lotes de 21 dias e desmame com 28 dias Exemplo 1 - Cálculo do número de salas de maternidade Alojamento das fêmeas antes do parto = 7 dias Período de aleitamento = 28 dias Período de ocupação (7+28) = 35 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 21 dias N.º de salas de maternidade = 35 + 7 / 21 = 2 salas Exemplo 2 - Cálculo do número de salas de creche Idade de desmame = 28 dias Idade saída de creche = 70 dias Período de ocupação = 70 dias (saída da creche) menos 28 dias (idade ao desmame) = 42 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 21 dias N.º de salas de creche = 42 + 7 / 21 = 2 salas Exemplo 3 - Cálculo do número de salas de crescimento-terminação (C/T) Idade de saída da creche = 70 dias Idade de venda dos suínos = 168 dias Período de ocupação = 168 dias (idade de venda) menos 70 dias (idade saída de creche) = 98 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 21 dias Número de salas de C/T = 98 + 7 / 21 = 5 salas Quadro 3. Vantagens e inconvenientes no sistema de manejo em lotes com intervalo de 21 dias.

Desmame com 28 dias e intervalo entre lotes de 21 dias Vantagens

Inconvenientes 1. Adequado para rebanhos médios e pequenos devido ao pequeno número de salas. 2. Organização das atividades definidas semana por semana. 3. Maior número de suínos/lotes facilitando o transporte e concentrando as atividades de manejo. 4. Possibilidade de realização do vazio sanitário em rebanhos menores. 5. Retornos ao cio coincidem com o intervalo entre lotes 6. Concentração das coberturas permitindo melhor uso da IA. 1. Dificuldade na introdução de leitoas nos lotes. 2. Uso irregular dos machos. 3. Maior variação na idade dos leitões do mesmo lote (geralmente até 10 dias). 4. Menor uso das instalações. 5. Maior desgaste das porcas devido ao desmame estimado em 28 dias de idade, e que, na prática, a média fica em torno de 26 dias. Cálculo do número de lotes de fêmeas na granja Número de lotes de porcas = Intervalo entre partos / Intervalo entre lotes Exemplo 1 - Número de lotes para o intervalo entre lotes de 7 dias

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Intervalo desmama cio = 7 dias Duração da gestação = 114 dias Duração média do aleitamento = 21 dias Intervalo entre lotes = 7 dias Número de lotes de porcas = 7 + 114 + 21 / 7 = 20,28 (20 lotes) Exemplo 2 - Número de lotes para o intervalo entre lotes de 21 dias Intervalo desmama/cio = 7 dias Duração da gestação = 114 dias Duração média do aleitamento = 28 dias Intervalo entre lotes = 21 dias Número de lotes de porcas = 7 + 114 + 28 / 21 = 7,09 (7 lotes) O número de matrizes por lote depende do tamanho do rebanho. Para uma granja de 200 matrizes com intervalo entre lotes de 7 dias e 20 lotes de porcas, teremos a seguinte situação (200 matrizes ÷ 20 lotes = 10 fêmeas por lote). Neste caso necessita-se de 5 salas de maternidade para alojar 10 fêmeas cada, 7 salas de creche e 16 salas de crescimento/terminação com capacidade para alojar os leitões desmamados de um lote de 10 fêmeas (cerca de 100 leitões). É importante prever cerca de 10% a mais de fêmeas para cada lote semanal em função dos retornos ao cio. Dessa forma deve-se prever a cobertura de 11 porcas por lote a cada 7 dias. Para uma granja de 70 matrizes com intervalo entre lotes de 21 dias e 7 lotes de porcas, teremos a seguinte situação (70 matrizes ÷ 7 lotes = 10 fêmeas cada lote). Neste caso necessita-se de 2 salas de maternidade para alojar 10 fêmeas cada, 2 salas de creche e 5 salas de crescimento/terminação com capacidade para alojar os leitões desmamados de um lote de 10 fêmeas. Como no caso anterior, deve-se prever 10% a mais de fêmeas para cada lote, o que implica em prever a cobertura de 11 porcas por lote a cada 21 dias. Na construção das edificações as diferentes salas não poderão ter comunicação direta entre elas para maior eficiência do vazio sanitário. A construção de corredor central com portas de acesso às salas não é recomendado. As portas de entradas devem ser previstas pelas laterais da instalação, exceto nas instalações com apenas duas salas em que as portas de entrada podem ser pelas extremidades. Construções .

O tipo ideal de edificação deve ser definido fazendo-se um estudo detalhado do clima da região e(ou) do local onde será implantada a exploração, determinando as mais altas e baixas temperaturas ocorridas, a umidade do ar, a direção e a intensidade do vento. Assim, é possível projetar instalações com características construtivas capazes de minimizar os efeitos adversos do clima sobre os suínos.

Homeotermia Princípios básicos

Localização Orientação Largura Pé direito

Comprimento Cobertura

Áreas circundantes Sombreamento

Instalações por fase Pré-cobrição e gestação

Maternidade Creche

Crescimento e Terminação Características dos pisos ripados

Homeotermia Os suínos são animais homeotérmicos, capazes de regular a temperatura corporal. No entanto, o mecanismo de homeostase, é eficiente somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos limites. Portanto é importante que as instalações tenham temperaturas ambientais próximas às das condições de conforto dos suínos. Nesse sentido, o aperfeiçoamento das instalações com adoção de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando alcançar bom desempenho produtivo dos animais.

Tabela 4. Temperatura de conforto para diferentes categorias de suínos.

Categoria Temperatura de conforto (°C)

Temperatura crítica inferior (°C)

Temperatura crítica superior (°C)

Recém-nascidos 32-34 - -

Leitões até a desmama 29-31 21 36

Leitões desmamados 22-26 17 27

Leitões em crescimento 18-20 15 26

Suínos em terminação 12-21 12 26

Fêmeas gestantes 16-19 10 24

Fêmeas em lactação 12-16 7 23

Fêmeas vazias e machos 17-21 10 25

Fonte: (Referência n° 33) Perdomo et.al. (1985).

Princípios básicos Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico dos animais, aproveitando as condições naturais do clima, alguns aspectos básicos devem ser observados, como: localização, orientação e dimensões das instalações, cobertura, área circundante e sombreamento. Localização A área selecionada deve permitir a locação da instalação e de sua possível expansão, de acordo com as exigências do projeto, de biossegurança e daquelas descritas na proteção ambiental. O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras naturais ou artificiais. A instalação deve ser situada em relação à principal direção do vento. Caso isto não ocorra, a localização da instalação,

para diminuir os efeitos da radiação solar em seu interior, prevalece sobre a direção do vento dominante. Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejável para boa ventilação. No entanto, os ventos dominantes locais, devem ser levados em conta, principalmente no período de inverno, devendo-se prever barreiras naturais. É recomendável dentro do possível, que sejam situadas em locais de topografia plana ou levemente ondulada, contudo é interessante observar o comportamento da corrente de ar, por entre vales e planícies, nestes locais é comum o vento ganhar grandes velocidades e causar danos nas construções. O afastamento entre instalações, deve ser suficiente para que uma não atue como barreira à ventilação natural da outra. Assim, recomenda-se

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afastamento de 10 vezes a altura da instalação, entre as duas primeiras a barlavento, sendo que da segunda instalação em diante o afastamento deverá

ser de 20 à 25 vezes esta altura, como representado na Figura 2.

Figura 2. Esquema da distância mínima entre instalações.

Orientação O sol não é imprescindível à suinocultura. Se possível, o melhor é evitá-lo dentro das instalações. Assim, devem ser construídas com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nesta posição nas horas mais quentes do dia a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga calorífica recebida pela instalação será a menor possível. A temperatura do topo da cobertura se eleva, por isso é de grande importância a escolha do material para evitar que esta se torne um coletor solar. Na época da construção da instalação deve ser levada em consideração a trajetória do sol, para que a orientação leste-oeste seja correta para as condições mais críticas de verão. Por mais que se oriente adequadamente a instalação em relação ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia na face norte, no período de inverno. Providenciar nesta face dispositivos para evitar esta radiação.

Figura 3. Orientação da instalação em relação à trajetória do sol.

Largura A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento térmico interior, bem como em seu custo. A largura do instalação está relacionada com o clima da região onde a mesma será construída, com o número de animais alojados e com as dimensões e disposições das baias. Normalmente recomenda-se largura de até 10 m para clima quente e úmido e largura de 10 até 14 m para clima quente e seco. Pé direito O pé direito da instalação é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre os animais. Estando os suínos mais distantes da superfície inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Desta forma, quanto maior o pé direito da instalação, menor é a carga térmica recebida pelos

animais. Recomenda-se como regra geral pé-direito de 3 a 3,5 m. Comprimento O comprimento da instalação deve ser estabelecido com base no Planejamento da Produção, assim como também para evitar problemas com terraplanagem e sistema de distribuição de água (Referência n° 01). Cobertura O telhado recebe a radiação do sol emitindo-a, tanto para cima, como para o interior da instalação. O mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência térmica, como a telha cerâmica. Pode-se utilizar estrutura de madeira, metálica ou pré-fabricada de concreto. Sugere-se a pintura da parte superior da cobertura na cor branca e na face inferior na cor preta. Antes da pintura deve ser feita lavagem do telhado para retirar o limo ou crostas que estiverem aderidos à telha e facilitar assim, a

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fixação da tinta. A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura para o interior da instalação, pode ser feita com uso de forro. Este atua como segunda barreira física, permitindo a formação de camada de ar junto à cobertura e contribuindo na redução da transferência de calor para o interior da construção. Outras técnicas para melhorar o desempenho das coberturas e condicionar ótima proteção contra a radiação solar, tem sido o uso de isolantes sobre as telhas (poliuretano), sob as telhas (poliuretano, poliestireno extrusado, lã de

vidro ou similares), ou mesmo forro à altura do pé-direito. O lanternim, abertura na parte superior do telhado, é altamente recomendável para se conseguir adequada ventilação, pois, permite a renovação contínua do ar pelo processo de termossifão resultando em ambiente confortável. Deve ser em duas águas, disposto longitudinalmente na cobertura. Este deve permitir abertura mínima de 10% da largura (L) da instalação, com sobreposição de telhados com afastamento de 5% da largura da instalação ou 40 cm no mínimo. Deve ser equipado, com sistema que permita fácil fechamento e com tela de arame nas aberturas para evitar a entrada de pássaros.

Figura 4. Esquema para determinação das dimensões do lanternim.

Tabela 5. Largura, pé-direito e beiral em função do clima para telhas de barro.

Clima Largura (m) Pé-direito (m) Beiral (m)

Quente seco 10,0 -14,0 2,8 - 3,0 1,2 - 1,5

Quente úmido 6,0 - 8,0 2,5 - 2,8 1,2 - 1,5

Obs: O uso da telha fibro-cimento está sendo limitado em alguns Estados.

Áreas circundantes A qualidade das áreas circundantes afetam a radiosidade. É comum o plantio de grama em toda a área delimitada das instalações pois reduz a quantidade de luz refletida e o calor que penetra nos mesmos, além de evitar erosão em taludes aterros e cortes. Esta grama deve ser de crescimento rápido que feche bem o solo não permitindo a propagação de plantas invasoras. Deverá ser constantemente aparada para evitar a proliferação de insetos. Para receber as águas provenientes do telhado, construir uma canaleta ao longo da instalação de 0,40 m de largura com declividade de 1%, revestida de alvenaria de tijolos ou de concreto pré-fabricado. A rede de esgoto deve ser em manilhas ou tubos de PVC, sendo recomendado diâmetro mínimo de 0,30 para as linhas principais e de 0,20 m para as secundárias. Sombreamento O emprego de árvores altas produz micro clima ameno nas instalações, devido a projeção de sombra sobre o telhado. Para as regiões onde o inverno é mais intenso as árvores devem ser caducifólias. Assim, durante o inverno as folhas caem permitindo o aquecimento da cobertura e no verão a copa das árvores torna-se compacta sombreando a cobertura e diminuindo a carga térmica radiante para o interior da instalação. Devem ser plantadas nas faces norte e oeste da instalação e mantidas desgalhadas na região do tronco, preservando a copa superior. Desta forma a ventilação natural não fica prejudicada. Fazer verificação constante das calhas para evitar entupimento com folhas.

Figura 5. Uso de árvores como sombreiro. Instalações por fase O sistema de produção de suínos compreende as fases de pré-cobrição e gestação, maternidade, creche, crescimento e terminação. Os aspectos construtivos das instalações diferem em cada fase de criação e devem se adequar às características físicas, fisiológicas e térmicas do animal. Pré-cobrição e gestação Nessas instalações ficarão alojadas em baias coletivas, as fêmeas de reposição até o primeiro parto e as porcas a partir de 28 dias de gestação. Em boxes individuais, ficarão as fêmeas desmamadas até 28 dias de gestação. Os machos ficarão em baias individuais. As instalações para essa fase são abertas, com controle da ventilação por meio de cortinas, contendo baias para as fêmeas reprodutoras em frente ou ao lado das baias para os machos (cachaços). As baias das porcas em gestação podem ter acesso a piquetes para o exercício. Aconselha-se o uso de paredes laterais externas e internas, ripadas com placas pré-fabricadas em cimento ou outro material para obter-se boa ventilação natural no interior dos prédios. Fundação direta descontínua sob os pilares e direta contínua sob as alvenarias, ambas em concreto 1:4:8 (cimento, areia e brita). Nos boxes individuais de gestação, o piso deve ser parcialmente ripado e nos boxes dos machos e de reposição, pode-se adotar o piso compacto ou parcialmente ripado. Piso compacto de 6 a 8 cm de espessura em concreto 1:4:8 com revestimento de argamassa 1:3 ou 1:4 (areia média) com declividade de 2% no sentido das canaletas de drenagem. Piso áspero danifica o casco do animal e piso excessivamente liso dificulta o ato de levantar e deitar. Os comedouros e bebedouros são instalados na parte frontal. Na parte traseira das baias é construído um canal coletor de dejetos. A canaleta de drenagem pode ser externa à baia com largura de 30 a 40 cm, ou na parte interna da baia com largura de aproximadamente 30% do comprimento da baia e com declividade suficiente para não permanecer dejetos dentro da mesma. O fechamento da canaleta poderá ser de ferro ou de concreto.

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Nas baias coletivas pode-se usar o piso compacto ou 2/3 compacto e 1/3 ripado, bebedouro tipo concha e comedouro com divisórias para cada animal. Tabela 6. Recomendações para orientação de projetos para as fases de gestação, pré-cobrição e de macho.

Baias Área recomendada (m2/animal)

Gestação individual (Box/gaiola) 1,32

Leitoas em baias coletivas 2

Leitoas em baias coletivas 3

Macho 6

Número de animais por baia

Gestação coletiva/reposição/pré-cobrição 6 a 10

Área de piquete por fêmea 200 m2

Maternidade É a instalação utilizada para o parto e fase de lactação das porcas que, por ser a fase mais sensível da produção de suínos, deve ser construída atentando com muito cuidado para os detalhes. Qualquer erro na construção poderá trazer graves problemas, como de umidade (empoçamento de fezes e urina), esmagamento de leitões e calor ou frio em excesso que provocam, como conseqüência, alta mortalidade de leitões. Na maternidade deve-se prever dois ambientes distintos, um para as porcas e outro para os leitões. Como a faixa de temperatura de conforto das porcas é diferente daquela dos leitões, torna-se obrigatório o uso do escamoteador para os leitões. • Maternidade em salas de parto múltiplas com parições escalonadas Conforme já mencionado no Capítulo 3, as salas não podem ter comunicação direta entre si, recomendando-se o acesso a cada uma delas por meio de portas localizadas na lateral da instalação. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto. As celas parideiras devem ser instaladas ao nível do piso . O piso da gaiola de parição é dividido em 3 partes distintas, que são: 1)– local onde fica alojada a porca - parte dianteira com 1,30 m em piso compacto de concreto no traço 1:3:5 ou 1:4:8 de cimento areia grossa e brita 1, com 6 cm de espessura e, sobre esse é feita uma cimentação no traço 1:3 de cimento e áreia média na espessura de 1,5 a 2,5 cm, e parte de traseira com 90 cm, em ripado de concreto ou metal. Altura de 1,10 m e largura de 0,60 m. 2)– local onde ficam alojados os leitões, denominado escamoteador - construído em concreto como o anterior, localizado entre duas baias na parte frontal, com largura de 0,60 m e comprimento de 1,20 m. 3)– Laterais da baia onde os leitões ficam para se amamentar - um lado construído em concreto e o outro em ripado de concreto ou metal com 0,60 m de largura. • Área de parição A área de parição pode ser em baias convencionais ou em celas parideiras. Nas baias convencionais há necessidade de dispor de maior espaço que, por outro lado, contribui para um maior conforto (bem estar animal) para as porcas. Essas baias devem ter, nas laterais, um protetor contra o esmagamento dos leitões e numa das laterais o escamoteador. Nas gaiolas metálicas as divisórias podem ser de ferro redondo de construção de 6,3 mm de diâmetro e chapas de 2,5 x 6,3 mm ou em uma estrutura de chapa de 2,5 x 6,3 mm e tela de 5 cm de malha. O escamoteador deve, em ambos os casos, ser dotado de uma fonte de

aquecimento baseada em energia elétrica, biogás ou lenha. As dimensões recomendadas para a área de parição em baias convencionais e celas parideiras são apresentadas na Tabela 7. Tabela 7. Coeficientes técnicos indicados para as áreas de parição.

- Cela Parideira: Área da cela parideira Espaço para a porca Espaço para os leitões Altura da cela parideira Altura das divisórias

Superior a 3,96 m2 0,60 m x 2,20 m 0,60 m de cada lado x 2,20 m de comprimento 1,10 m 0,40 m a 0,50 m

- Baia convencional Área mínima do piso Altura do protetor contra esmagamento Distância do protetor da parede

6 m2 (2,0 m x 3,0 m) 0,20 m 0,12 m

- Escamoteador Área mínima do piso 0,70 m2

- Largura mínima do corredor de serviço

1,0 m

Creche Creche é a edificação destinada aos leitões desmamados. Deve-se prever a instalação de cortinas nas laterais para permitir o manejo adequado da ventilação. As baias devem ser de piso ripado ou parcialmente ripado. Pisos parcialmente ripados devem ter aproximadamente 2/3 da baia com piso compacto e o restante (1/3) com piso ripado, onde os leitões irão defecar, urinar e beber água. É necessário dispor de um sistema de aquecimento, que pode ser elétrico, a gás ou a lenha, para manter a temperatura ambiente ideal para os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o desmame. Em regiões frias é recomendado o uso de abafadores sobre as baias, com o objetivo de criar um microclima confortável. Além do agrupamento correto dos leitões e da adequação de espaço para os animais, é importante que nesta fase inicial de crescimento, o leitão tenha condições de temperatura e renovação de ar compatíveis com as suas exigências. Sabe-se que um leitão desmamado precocemente necessita de um ambiente protegido e que um número excessivo de animais em pequenas salas causam problemas de concentração de gases nocivos e odores desagradáveis. Recomenda-se a construção de baias para 4 a 5 leitegadas, respeitando-se a uniformidade dos leitões nas baias, em salas com um sistema de renovação de ar, preferentemente com ventilação natural. As instalações podem ser abertas, com cortinas para permitir uma boa ventilação amenizando o estresse calórico. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto. Tabela 8. Coeficientes técnicos indicados para a creche.

Área recomendada por leitão: - Piso totalmente ripado - Piso parcialmente ripado

0,30 m2

0,35 m2

Altura das paredes das baias 0,50 m a 0,70 m

Declividade do piso 5%

Crescimento e Terminação Essa edificação destina-se ao crescimento e terminação dos animais desde a fase que vai da saída da creche até a comercialização. O piso das baias pode ser totalmente ripado ou 2/3 compacto e 1/3 ripado. O piso totalmente ripado é o mais indicado para regiões quentes, porém, é o de custo mais elevado. O piso parcialmente ripado, isto é, constituído de 30% da área do piso da baia em ripado sobre fosso, é construído em vigotas de concreto e o restante da área do piso (70%) compacto em concreto. O manejo dos dejetos deve ser do lado de fora da edificação e por sala para possibilitar maior higiene e limpeza. A declividade do piso da baia deve situar-se entre 3% e 5%.

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As paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou outro material, para facilitar a ventilação natural. As instalações nesta fase necessitam de pouca proteção contra o frio (exceto correntes prejudiciais que podem ser controladas por meio de cortinas), e de grande proteção contra o excessivo calor, razão pela qual devem ser bem ventiladas, levando em consideração a densidade e o tamanho dos animais. Nesta fase há uma formação de grande quantidade de calor, gases e dejeções que poderão prejudicar o ambiente. Para se ter uma ventilação natural apropriada, as instalações devem possuir área por animal de 0,70, 0,80 e 1,00 m² para piso totalmente ripado, parcialmente ripado e compacto, respectivamente. Para o sistema de ventilação mecânica pode ser adotada a exaustão ou pressurização (ventilação negativa ou positiva). O correto dimensionamento do equipamento de ventilação deve atender à demanda máxima de renovação de ar nos períodos mais quentes. Pode-se também adotar o sistema de resfriamento evaporativo por nebulização em alta pressão (> 200 psi) para evitar estresse térmico em dias quentes. Características dos pisos ripados Para a construção de pisos ripados em concreto, são utilizadas vigas pré-moldadas cujas dimensões estão especificadas na Tabela 9. Estas vigas são apenas assentadas e encaixadas nas reentrâncias das paredes laterais do fosso, mantendo-se afastadas umas das outras com um chanfro de argamassa de cimento e areia que define a largura das frestas. Tabela 9. Dimensões das vigas de concreto em centímetros, construídas na forma de trapézio, projetadas para uma carga atuante de 150 kg/m.

Comprimento da viga

Base maior (parte

superior)

Altura Base menor (parte

inferior)

Barra de ferro de reforço

122,00 10,16 8,89 7,62 3/8"

183,00 10,16 12,70 7,62 3/8"

244,00 12,70 13,97 10,16 1/2"

305,00 12,70 12,70 10,16 5/8"

366,00 12,70 10,05 10,16 5/8"

Biossegurança Refere-se ao conjunto de normas e procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) no rebanho, bem como controlar sua disseminação entre os diferentes setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção. Nesse capítulo serão abordados apenas os procedimentos para evitar a entrada dos agentes no rebanho. Isolamento Localização da granja Acesso Embarcadouro/desembarcadouro de suínos Transporte de animais Transporte de rações e insumos Introdução de animais na granja Origem dos animais Quarentena Adaptação Controle de Vetores Roedores Insetos Destino de animais mortos Isolamento Do ponto de vista sanitário é indispensável que o sistema de produção esteja

o mais isolado possível, principalmente de outros criatórios ou aglomerados de suínos, de maneira a evitar ao máximo a propagação de doenças. Localização da granja Escolher um local que esteja distante em pelo menos 500m de qualquer outra criação ou abatedouro de suínos e pelo menos 100m de estradas por onde transitam caminhões com suínos. Isto é importante, principalmente, para prevenir a transmissão de agentes infecciosos por via aérea e através de vetores como: roedores, moscas, cães, gatos, aves e animais selvagens. Acesso Não permitir o trânsito de pessoas e/ou veículos no local sem prévia autorização. Colocar placa indicativa da existência da granja no caminho de acesso e no portão a indicação "Entrada Proibida". A granja deve ser cercada e a entrada de veículos deve ser proibida, exceto para reformas da granja, e nestes casos os veículos devem ser desinfetados com produto não corrosivo. · Portaria Utilizar a portaria como único local de acesso de pessoas à granja. Construir a portaria, com escritório e banheiro junto à cerca que contorna a granja, numa posição que permita controlar a circulação de pessoas e veículos. O banheiro deve possuir uma área suja, chuveiro e uma área limpa, onde devem ficar as roupas e botas da granja, para que o fluxo entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro. Dependendo do tamanho da granja torna-se necessário a construção de uma cantina, anexo a portaria, para refeições dos funcionários. · Cercas Cercar a área que abriga a granja, com tela de pelo menos 1,5 metros de altura para evitar o livre acesso de pessoas, veículos e outros animais. Essa cerca deve estar afastada a pelo menos 20 ou 30 metros das instalações. · Barreira vegetal Fazer um cinturão verde (reflorestamento ou mata nativa), a partir da cerca de isolamento, com uma largura de aproximadamente 50 m. Podem ser utilizadas espécies de crescimento rápido (pinus ou eucaliptos) plantadas em linhas desencontradas formando um quebra-vento. · Introdução de equipamentos Avaliar previamente qualquer produto ou equipamento que necessite ser introduzido na granja, em relação a possível presença de agentes contaminantes. Em caso de suspeita de riscos de contaminação, proceder uma desinfecção antes de ser introduzido na granja. Para isso deve-se construír um sistema de fumigação junto à portaria. · Entrada de pessoas Os funcionários devem tomar banho e trocar a roupa todos os dias na entrada da granja, e serem esclarecidos sobre os princípios de controle de doenças para não visitarem outras criações de suínos. Restringir ao máximo as visitas ao sistema de produção. Não permitir que pessoas entrem na granja antes de transcorrer um período mínimo de 24 horas após visitarem outros rebanhos suínos, abatedouros ou laboratórios. Exigir banho e troca de roupas e manter um livro de registro de visita, informando nome, endereço, objetivo da visita e data em que visitou a última criação, abatedouro ou laboratórios. · Veículos Os veículos utilizados dentro da granja (ex.: tratores) devem ser exclusivos. Os caminhões de transporte de ração, insumos e animais não podem ter acesso ao complexo interno da granja, sendo proibida a entrada de motoristas. Para evitar a entrada de veículos para transporte de dejetos, o sistema de tratamento e armazenamento dos dejetos deve ser construído externamente à cerca de isolamento. Embarcadouro/desembarcadouro de suínos Deve ser construído junto a cerca de isolamento a pelo menos 20 m das pocilgas. O deslocamento dos suínos entre as instalações, e das instalações até o embarcadouro (e vice-versa) deve ser feito por corredores de manejo. Transporte de animais O transporte de animais deve ser feito em veículos apropriados, preferencialmente de uso exclusivo. Os caminhões devem ser lavados e desinfetados após cada desembarque de animais. Transporte de rações e insumos O transporte de insumos e rações deve ser feito com caminhões específicos, preferencialmente do tipo graneleiro. Não usar caminhões que transportam suínos. O descarregamento de rações ou insumos deve ser feito sem entrar no perímetro interno da granja. Caso exista fábrica de rações, esta deve estar localizada junto a cerca de isolamento. Sempre que os silos forem esvaziados

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devem ser limpos e desinfetados. Introdução de animais na granja Os cuidados na introdução de animais no sistema de produção representam, juntamente com o isolamento, as barreiras mais importantes para a prevenção do surgimento de problemas de ordem sanitária no rebanho. A introdução de uma doença no rebanho geralmente ocorre por meio da introdução de animais portadores sadios, no processo normal de reposição do plantel. Portanto, deve-se ter cuidados especiais na aquisição desses animais. Origem dos animais Adquirir animais e sêmen, para formação do plantel e para reposição somente de granjas com Certificado GRSC (Granja de Reprodutores Suídeos Certificada), conforme legislação (Instrução Normativa 19 de 15 de fevereiro de 2002) da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que define que toda granja de suídeos certificada deverá ser livre de peste suína clássica, doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e livre ou controlada para leptospirose. Define, também as doenças de certificação opcional que são: rinite atrófica progressiva, pneumonia micoplásmica, e disenteria suína. Na compra de animais para povoamento ou reposição do plantel, exigir do fornecedor cópia do Certificado de granja GRSC e verificar a data de validade do mesmo (Referência n° 11). Preferencialmente, adquirir animais procedentes de uma única origem sempre no sentido granja núcleo -> multiplicadora -> granja comercial. A aquisição de animais de mais de uma origem aumenta as chances de introdução de novos problemas sanitários. Quarentena O objetivo da quarentena é evitar a introdução de agentes patogênicos na granja. É realizada através da permanência dos animais em instalação segregada por um período de pelo menos 28 dias antes de introduzi-los no rebanho. O ideal é que a instalação seja longe (mínimo de 500 m) do sistema de produção e separada por barreira física (vegetal). Como a forma mais comum de entrada de doenças nas granjas é através de animais portadores assintomáticos, este período serve para realização de exames laboratoriais e também para o acompanhamento clínico no caso de incubação de alguma doença. Durante a quarentena os animais e as instalações devem ser submetidos a tratamento contra ecto e endo parasitas, independente do resultado dos exames. Este período pode ser distendido no caso de necessidade de vacinação ou por outro motivo específico. As instalações do quarentenário devem permitir limpeza, desinfecção e vazio sanitário entre os lotes, mantendo equipamentos e, quando possível, funcionários exclusivos. Adaptação Este período serve para adaptar os animais ao novo sistema de manejo e a microbiota da granja. A falta de imunidade contra os agentes presentes na granja pode levar os animais a adoecerem. A primeira providência é abrir uma ficha de controle dos procedimentos de adaptação, vacinação e anotação de cio para cada lote de fêmeas. Após, introduzir os animais no galpão de reposição e adotar os procedimentos para adaptação aos microorganismos do rebanho geralmente a partir de 5,5 a 6,0 meses de idade. · Adaptação dos animais aos microorganismos Colocar uma ou duas pás de fezes de porcas pluríparas por dia, em cada baia, durante 20 dias consecutivos. Colocar fetos mumificados (pretos) nas baias das leitoas até 15 dias antes de iniciaram a fase de cobrição. Iniciar a imunização dos animais logo após sua acomodação na granja. · Espaço de alojamento

Propiciar espaço mínimo de 2 m2 por animal, alojando as leitoas em baias com 6 a 10 animais. Alojar os machos recém chegados na granja em baias

individuais com espaço mínimo de 6 m2. Controle de Vetores A transmissão de doenças por vetores como roedores, moscas, pássaros e mamíferos silvestres e domésticos deve ser evitada ao máximo. Entre as medidas gerais de controle estão: a cerca de isolamento; destino adequado do lixo, dos animais mortos, de restos de parição e de dejetos; a limpeza e organização da fábrica e depósito de rações e insumos e dos galpões e arredores.

Roedores O primeiro passo para evitar roedores é criar um ambiente impróprio para a proliferação dos mesmos, ou seja, limpeza e organização, eliminando os resíduos e acondicionando bem a ração e os ingredientes. O combate direto pode ser realizado através de meios mecânicos como a utilização de armadilhas e ratoeiras ou através de produtos químicos (raticidas), os quais devem ser empregados com cuidado (dispositivos apropriados) para evitar intoxicação dos animais e operadores. Esta desratização deve ser repetida a cada seis meses para evitar a superpopulação de roedores. Insetos Para o controle de moscas, recomenda-se o "controle integrado" que envolve medidas mecânicas direcionadas ao destino e tratamento de dejetos, o qual deve ser realizado permanentemente, somado ao controle químico ou biológico que eliminam o inseto em alguma fase do seu ciclo de vida. Sempre que houver aumento da população de insetos na granja, em especial de moscas, deve-se procurar e eliminar os focos de procriação (Referência n° 30). Destino de animais mortos Todo sistema de produção acumula carcaças de animais mortos e restos de placentas, abortos, umbigos e testículos que precisam ter um destino adequado, para evitar a transmissão de agentes patogênicos, a atração de outros animais, a proliferação de moscas, a contaminação ambiental e o mau cheiro, além de preservar a saúde pública. A quantidade destes resíduos depende do tamanho da criação e da sua taxa de mortalidade, portanto, deve ser estimada individualmente, para cada rebanho. Existem várias formas de destino para este material como: a) a compostagem que é um método eficiente, resultado da ação de bactérias termofílicas aeróbias sobre componentes orgânicos (carcaças e restos) misturados a componentes ricos em carbono (maravalha, serragem ou palha), portanto, a mais recomendada; b) a fossa anaeróbia que apresenta problemas de operacionalização e odor forte e c) a incineração, que é sanitariamente adequado, mas com alto custo ambiental e custo financeiro incompatível com a suinocultura (Referência n° 31). Vacinação. Adotar um programa mínimo de aplicação de vacinas, para prevenção das doenças mais importantes da suinocultura, respeitando as instruções oficiais (MAPA) para doenças especificas, como é o caso da vacina contra a Peste Suína Clássica e Doença de Aujeszky, que somente poderão ser utilizadas com autorização do órgão oficial de defesa sanitária. Conservação das vacinas Cuidados na aplicação Programa de vacinação

Conservação das vacinas Manter todas as vacinas em geladeira em temperatura entre 4 a 8°C. Jamais deixar congelar as vacinas. Cuidados na aplicação • Ao vacinar um grupo de porcas ou leitões usar uma caixa de isopor com gelo para manter os frascos de vacina refrigerados. • Para evitar a contaminação da vacina que fica no frasco, usar uma agulha para retirar a vacina do frasco e outras para aplicação nos animais. • Desinfetar o local antes da aplicação. • Usar agulhas adequadas para cada tipo de animal e para cada via de aplicação conforme recomendação do quadro abaixo: Quadro 4. Tipo de agulha e via de aplicação nas diferentes categorias de animais.

Tipo de agulha

50/15 45/15

30/15 25/15

25/08 25/07

15/15 15/10

15/09

Via de aplicação

Intra muscular

Intra muscular

Intra venosa

Sub cutânea

Intra muscular

Categorias de animais

Adultos Crescimento Terminação

Crescimento Terminação Adultos

Crescimento Terminação Adultos

Leitões

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• Aplicar a vacina corretamente, atentando para a via de aplicação (intramuscular ou subcutânea), de acordo com recomendação do fabricante. • Não aplicar a vacina com a agulha acoplada diretamente na seringa e sem imobilizar a porca, pois a vacina poderá ser depositada fora do local desejado. • Caso não deseje imobilizar a porca usar prolongamento flexível com a agulha numa das extremidades e a seringa na outra. • Desinfetar a tampa de frascos contendo sobras de vacina e retorná-los imediatamente para a geladeira. • Aplicar as vacinas com calma, seguindo as orientações técnicas,

para evitar falhas na vacinação e formação de abcessos no local da aplicação. Programa de vacinação Existem muitas vacinas disponíveis no mercado para atender a suinocultura. A decisão de quais vacinas utilizar depende de uma avaliação individual da granja e dos riscos e perdas econômicas que representam as doenças que se deseja prevenir. Um programa básico de vacinação inclui as vacinas contra parvovirose, colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica conforme Quadro 5.

Quadro 5. Programa mínimo de vacinação para um rebanho suíno.

Doenças

Categoria Período Parvovirose Colibacilose Rinite atrófica

Pneumonia enzoótica

Quarentena ou chegada na granja 1a dose - - -

20 a 30 dias após 2a dose - - -

70 dias de gestação - 1a dose 1adose 1a dose

Leitoas

90 dias de gestação - 2a dose 2a dose 2a dose

90 dias de gestação - Uma dose Uma dose Uma dose Porcas

10-15 dias após o parto Uma dose - - -

Quarentena ou chegada na granja

Uma dose - Uma dose -

Semestralmente - - Uma dose - Cachaços

Anualmente Uma dose - - -

Leitões Depende do fabricante ou recomendação veterinária

- - - Uma ou duas

doses

Para um programa mais completo ver Referência n° 07.

Limpeza e Desinfecção O sistema de manejo "todos dentro, todos fora", possibilita a limpeza e desinfecção completa das salas e a realização do vazio sanitário. Nas fases de cobrição e gestação, normalmente utiliza-se o sistema contínuo, sem realização de vazio sanitário. Por esta razão, para reduzir a contaminação do ambiente, deve-se lavar e desinfetar as baias ou boxes sempre que um lote de fêmeas for retirado. A limpeza seca, com pá e vassoura na presença dos animais, deve ser feita diariamente de 1 a 3 vezes ao dia, dependendo do tipo de instalação. Passos para realização da limpeza e desinfeção das salas após a saída dos animais (Referência n° 35) • Iniciar a limpeza seca, com pá e vassoura, imediatamente após a retirada dos animais. • Esvaziar as calhas ou fossas existentes. • Desmontar e lavar todos os equipamentos da sala. • Iniciar a limpeza úmida no máximo 3 horas após a saída dos animais. • Umedecer previamente a instalação com água contendo um detergente para facilitar a remoção de toda a matéria orgânica aderida nas paredes e pisos. • Fazer a limpeza úmida com lava jato de alta pressão (1000 a 2000 libras). • Aplicar o desinfetante no dia seguinte ao da lavagem, com a

instalação totalmente seca, usando cerca de 400ml da solução/m2 de

superfície. • Observar com cuidado a correta diluição do desinfetante, seguindo sempre a recomendação do fabricante. • Desinfetar todas as superfícies da sala e todos os equipamentos. • Nos meses de inverno, usar água pré aquecida a 37°C para diluir o desinfetante. • Opcionalmente pode ser feita uma segunda desinfeção, usando pulverização ou nebulização, cerca de duas horas antes do alojamento do próximo lote animais. • No caso de sala de maternidade, fazer essa segunda desinfeção com vassoura de fogo (lança chamas), como medida auxiliar no controle da coccidiose. • Aguardar vazio sanitário mínimo de 5 dias, deixando nesse período a sala fechada. • Montar os equipamentos e alojar os animais na sala limpa e desinfetada. Monitorias Sanitárias A monitoria sanitária é uma maneira sistemática e organizada de acompanhar no tempo e no espaço a saúde de um rebanho. Pode ser realizada com vários objetivos, como a certificação da granja livre de algumas doenças (GRSC), o diagnóstico e a avaliação de medidas de controle e de programas de vacinação. O Quadro 6 apresenta os tipos de monitorias aplicadas na produção de suínos.

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Quadro 6. Tipos de monitorias sanitárias aplicadas em produção de suínos com seus respectivos métodos e suas vantagens e desvantagens.

Tipos de monitoria Métodos Vantagens Desvantagens

Clínico-patológica Exame clínico e necropsia Praticidade Subjetividade

Laboratorial Sorológico, bacteriológico, virológico, parasitológico,

histopatológico

Sensibilidade, especificidade, objetividade

Alto custo, demora

Abatedouro Anatomopatológico

Baixo custo, avaliação de maior número de animais,

avaliação de várias enfermidades em um mesmo

momento

Pouco preciso

Fonte: (Referência n° 38) Soncini e Madureira Júnior (1998). Monitorias clínicas Monitorias laboratoriais Monitorias no abatedouro

Monitorias clínicas É importante que sejam realizadas pelo mesmo avaliador para diminuir risco de erro. Tais monitorias podem ser feitas a cada 15 dias ou uma vez por mês dependendo do objetivo e do tamanho do rebanho. • Diarréia em leitões na maternidade e creche: Avalia-se a consistência das fezes, classificando-as em normais=1; pastosas=2 e líquidas=3. Uma leitegada é considerada com diarréia quando dois ou mais leitões apresentarem fezes líquidas. Após faz-se uma classificação quanto a severidade em: insignificante = sem registro de diarréia; pouca = diarréia com duração de um a cinco dias; muita = diarréia por mais de cinco dias (Referência n° 23). • Avaliar os lotes de creche, crescimento e terminação, periodicamente, por determinado número de dias no mesmo horário. Quando mais de 20% dos animais estão com diarréia, considerar o lote como afetado, classificar quanto a intensidade da seguinte forma: nenhum dia com diarréia por semana = lote sem diarréia; um a três dias por semana com diarréia = lote com pouca diarréia; quatro ou mais dias com diarréia = lote com bastante diarréia. • Tosse e Espirro: Esta avaliação é realizada para se estimar a ocorrência de rinite atrófica e de pneumonias em lotes de suínos nas fases de creche ou crescimento/terminação. Um índice é estabelecido para tosse e outro para espirro, em três contagens consecutivas de dois minutos cada realizadas da seguinte forma: a)- movimentar os animais durante um minuto; b)- aguardar por um minuto; c)- realizar a contagem de tosse e espirro simultaneamente; d)- movimentar os animais; e)- contar novamente; f)- movimentar os animais; g)- contar novamente. A freqüência é determinada pela seguinte fórmula: Média das três contagens / Número de animais no lote x 100 Freqüência de espirro menor que 10% indica pouco problema de rinite atrófica e freqüência de tosse menor que 2% indica pouco problema de pneumonias (Referência n° 26). • Onfalite: reflete a qualidade do manejo do recém nascido e do programa de limpeza e desinfecção da maternidade. Examinar no mínimo cinco leitegadas, entre 15 e 20 dias de idade, por sala de maternidade, quanto a presença de nódulo ou má cicatrização umbilical por inspeção e palpação (leitão em decúbito dorsal). A seguir calcula-se a freqüência pela seguinte fórmula: Número de leitões com onfalite / Número de leitões examinados x 100 A freqüência de leitões com esse tipo de alteração não deve ser superior a 10%. Monitorias laboratoriais A monitoria de doenças usando recursos laboratoriais como testes

sorológicos, microbiológicos, parasitológicos e histopatológicos possibilita o acompanhamento mais preciso da saúde do rebanho. Existe uma variedade de testes disponíveis no mercado para atender as diferentes doenças. A decisão de qual teste usar e para qual doença, deve ser tomada pelo veterinário responsável pela granja. O acompanhamento clínico do rebanho, uso de vacinações e/ou medicações devem ser considerados na interpretação dos resultados. Os testes podem ser diretos como a identificação e caracterização do agente, muito úteis no diagnóstico e acompanhamento do rebanho, ou indiretos. Entre os indiretos, os mais comuns são os testes sorológicos que medem a presença de anticorpos contra determinado agente e são utilizados no auxílio ao diagnóstico, na avaliação de efeito da vacinação e no acompanhamento de duração de anticorpos maternos. A prova da tuberculina pareada, é um teste indireto imuno-alérgico utilizado para classificar o rebanho quanto a infecção por microbactérias (Referência n° 28). Monitorias no abatedouro A forma vertical da organização dos sistemas de produção de suínos, prevalente na região sul do Brasil, facilita a visita aos abatedouros para acompanhamento do abate de lotes de interesse. Desta forma pode-se estabelecer um programa de monitoria de doenças através da determinação da prevalência e gravidade de lesões observadas ao abate. Embora as lesões observadas no abate dizem respeito a infecções crônicas e sua evolução depende das condições sob as quais os animais foram submetidos, continua sendo uma prática muito útil pelo seu baixo custo e praticidade, mas necessita de pessoa treinada para executa-la (Referência n° 21). . Tratamentos Nenhum rebanho suíno deve utilizar medicamentos sem a recomendação técnica de um Médico Veterinário, a exceção dos mencionados nesta publicação. Cabe ao Veterinário indicar a formação e manutenção de um estoque mínimo de medicamentos na granja para serem usados em caso de emergência, seguindo a sua recomendação. Também, é indispensável manter um sistema de registros de todas as medicações aplicadas aos animais. O uso de antimicrobianos nas rações, especialmente na fase de creche, é uma prática corrente na moderna suinocultura intensiva. Esses produtos, no entanto, só poderão ser utilizados sob orientação técnica baseada no "Regulamento de Inspeção e Fiscalização Obrigatória dos Produtos Destinados a Alimentação Animal" (Referência n° 10). Um ponto chave na recuperação de suínos doentes é a imediata medicação e remoção para uma baia "hospital" simples, mas que deve ser particularmente confortável. Então, na construção da granja deve-se prever baias "hospital", para recuperação de suínos que adoecem nas fases de creche e

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crescimento/terminação. A necessidade de baias "hospital" é para cerca de 35 suínos para uma granja de 200 porcas. Estas baias devem ser pequenas (2 a 3 suínos por baia) e com piso compacto para possibilitar o uso de espessa camada de maravalha com o objetivo de oferecer o melhor conforto possível aos animais em recuperação. Fatores de Risco Na suinocultura moderna, as doenças que afetam os animais podem ser alocadas em dois grandes grupos: 1) Doenças epizoóticas, causadas por agentes infecciosos específicos que se caracterizam por apresentar alta contagiosidade e altas taxas de morbidade e mortalidade; 2) Doenças multifatoriais de etiologia complexa, em que um ou mais agentes infecciosos exercem seu efeito patogênico em animais ou rebanhos submetidos a situações de risco (Doenças de rebanho). Estas doenças tendem a permanecer nos rebanhos de forma enzoótica, afetando muitos animais, com baixa taxa de mortalidade, mas com impacto econômico acentuado, devido a seu efeito negativo sobre os índices produtivos do rebanho. Estudos epidemiológicos têm identificado fatores de risco que favorecem a ocorrência de doenças multifatoriais nas diferentes fases de criação dos suínos. O conhecimento desses fatores de risco é importante no estabelecimento de medidas para evitá-los ou corrigi-los. Fator de risco representa uma característica do indivíduo ou do seu ambiente que quando presente aumenta a probabilidade de aparecimento e/ou agravamento de doenças. A seguir serão relacionadas as principais doenças complexas que ocorrem, por fase de produção, cujo controle envolve a identificação e correção dos fatores de risco associados. Fase de maternidade Fase de creche Fase de crescimento e terminação Fase de reprodução

Fase de maternidade O aspecto negativo mais importante na produção de suínos na fase de maternidade é a mortalidade de leitões, cujas causas principais são o esmagamento e a inanição. Além disso, as diarréias, principalmente a coccidiose e colibacilose neonatal, são importantes por prejudicar o desenvolvimento dos leitões e, as vezes, também provocar mortes como é o caso da colibacilose. Os principais fatores a serem considerados para reduzir ou evitar a ocorrência desses problemas podem ser encontrados na Referência n° 23. Fase de creche Nessa fase, as diarréias, a doença do edema e a infecção por estreptococos são os principais problemas. Os fatores de risco que favorecem a ocorrência dessas patologias foram identificados e podem ser corrigidos, conforme descrito na Referência n° 24. O vício de sucção é uma alteração psíquica que leva os leitões ao hábito de sugar o umbigo, a vulva ou a prega das orelhas logo após o desmame, sendo considerada uma doença multifatorial. Sua ocorrência causa prejuízo para o desempenho dos animais, podendo ocorrer em alguns rebanhos, onde os leitões são submetidos a situações de risco. Os fatores de risco associados a ocorrência desse vício estão descritos na Referência n° 04. Fase de crescimento e terminação Os problemas sanitários mais importantes nessas fases são as doenças respiratórias (rinite atrófica e pneumonias) e as infecões por estreptococos, porém, as diarréias como a ileite e as colítes também merecem atenção. Para prevenir essas doenças deve-se evitar os fatores de risco já identificados e caracterizados na Referência n° 13. Outro problema sanitário, observado no abate, considerado de origem multifatorial, é a linfadenite granulomatosa. Na prevenção e controle dessa infecção é importante evitar ou corrigir os fatores de risco que podem ocorrer

tanto na fase de creche (Referência n° 27) como na fase de crescimento (Referência n° 06). Fase de reprodução Os principais problemas sanitários que afetam a reprodução da fêmea suína são as infecções inespecíficas do aparelho genital e urinário e a parvovirose. Os fatores importantes a serem observados na prevenção dessas infecções e no aumento do tamanho das leitegadas podem ser encontrados na Referência n° 02. Um dos problemas que interfere diretamente no desempenho e sobrevivência dos leitões recém nascidos é a saúde da porca. Os principais fatores de risco identificados que favorecem a ocorrência de problemas com a porca no parto e puerpério estão relacionados na Referência n° 03. Manejo da Produção O manejo da produção compreende todo o processo reprodutivo e produtivo do sistema, devendo ser conduzido com toda a atenção, pois dele depende o atingimento de melhores índices produtivos e o retorno econômico da atividade. Machos Procedimentos para a detecção do cio Pré-Cobrição em Leitoas Pré-Cobrição em Porcas Cobrição Protocolo de cobrição para monta natural Protocolo para Inseminação Articial Gestação Maternidade Características ideais da Maternidade Cuidados com os leitões ao nascer Medidas para evitar perdas na maternidade Prevenção da agalaxia Castração dos leitões Descarte de Fêmeas Creche Crescimento e terminação

Machos • Não permitir contato direto ou indireto do macho com as leitoas antes de completar 5 meses de idade; • Fornecer aos machos de 2 a 2,5 kg de ração de crescimento por dia, dependendo do seu estado corporal, até iniciarem a vida reprodutiva. • Passar por um período de adaptação de no mínimo 4 semanas antes de realizar a primeira cobrição; • Iniciar o treinamento do macho em coberturas aos 7 meses, levando-o várias vezes à baia de cobrição antes de fazer a primeira cobertura; • Utilizar uma fêmea que esteja com perfeito reflexo de imobilidade para fazer a primeira cobertura, observando uma igualdade no tamanho do macho e a fêmea; • Realizar a cobertura na baia de cobrição, com piso não escorregadio. Recomenda-se o uso de maravalha sobre o piso; • Antes da cobertura, realize a limpeza e esgotamento do prepúcio (após secar com papel limpo), bem como, observe se não existe nenhuma alteração no cachaço (orquite, sinal de infecção, etc.); • Supervisionar a monta. Retire a fêmea se a mesma for agressiva. Se o macho montar incorretamente, gentilmente coloque-o na posição correta; • Realizar no máximo 2 montas por semana (1 fêmea coberta) entre 7 e 9 meses de idade, no máximo 4 montas por semana (2 fêmeas cobertas ) entre 10 e 12 meses de idade e até 6 montas por semana com idade acima de 1 ano; • Conduzir com calma os machos e as fêmeas para a baia de cobrição, usando tábua de manejo e nenhum tipo de mau trato; • Fazer as cobrições sempre após o arraçoamento dos animais e nas horas mais frescas do dia, início e fim da jornada de trabalho; • Fornecer diariamente aos machos, após iniciarem a vida reprodutiva, ração de gestação de acordo com seu peso (Tabela 12);

Tabela 12. Arraçoamento de cachaços adultos.

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Peso vivo dos cachaços (kg)

Arraçoamento diário

120 a 150 150 a 200 200 a 250 250 a 300

Quantidade fornecida (kg)

2,1 2,4 2,8 3,0

Procedimentos para a detecção do cio É importante o estabelecer um procedimento padrão para a atividade de diagnóstico de cio, obedecendo uma rotina diária. O contato físico direto pela introdução do macho na baia das fêmeas, pelo menos durante 10 minutos a cada dia garante a melhor estimulação para detectar o estro e é útil para checar porcas que não exibem o reflexo de tolerância. Para fêmeas alojadas em gaiolas, a utilização de um cachaço em combinação com o teste da pressão lombar é o método mais acurado de identificação de fêmeas em estro. Idealmente o diagnóstico de cio deve ser realizado duas vezes ao dia com intervalo ótimo de 12 horas. • Levar a fêmea na presença do macho (baia) ou colocá-la frente a frente com o cachaço (em gaiolas); • Utilizar um cachaço com idade acima de 10 meses. Também é aconselhável a prática do rodízio de cachaços para e detecção de cio; • Iniciar a tarefa de detecção de cio cerca de uma hora após a alimentação. Se ao invés de baias, a granja alojar as fêmeas em gaiolas individuais, um intenso contato "cabeça com cabeça" passando o macho pelo corredor obterá bons resultados. • Realizar o teste de pressão lombar imediatamente após mostrar o cachaço para a porca. • Gentilmente massagear o flanco e pressionar (com as mãos ou cavalgando) as costas da fêmea. A fêmea em cio para rigidamente, treme as orelhas e mostra interesse pelo macho; • Evitar movimentos rudes ou bruscos. O teste é menos efetivo se a fêmea tiver medo do tratador; • Procurar alongar a exposição do cachaço quando estiver checando cio em leitoas, uma vez que as mesmas tendem a ser mais nervosas e inquietas. Caso o cio estiver sendo checado em uma baia, não utilizar um cachaço muito agressivo; • Após detectar o cio deve-se respeitar um período mínimo para realizar a monta natural ou inseminar. O reflexo de imobilidade normalmente é apresentado em períodos de 8-12 minutos, seguido por períodos refratários de uma hora ou mais, devido a fadiga provocada pelas contrações musculares. Pré-Cobrição em Leitoas • A maturidade sexual das leitoas ocorre entre 5,5 a 6,5 meses de idade, com algumas variações em função da genética, da nutrição, do manejo e do ambiente onde estão alojadas. Considerando que as leitoas, geralmente, chegam na propriedade, em média, com 160 dias de idade e manifestam o primeiro cio dentro de 10 dias, recomenda-se iniciar o diagnóstico do cio, uma vez ao dia, a partir do segundo dia da chegada das leitoas; • Evitar que as fêmeas se acostumem com a exposição ao macho por excesso de contato, isto dificulta a estimulação da puberdade e a detecção do cio. Alojar os cachaços de forma que as fêmeas desmamadas e leitoas em idade de cobrição possam vê-los e sentirem seu cheiro. Períodos de exposição direta de 10 a 20 minutos pelo menos uma vez são ao dia, são suficientes; • Para iniciar o estímulo da puberdade deve-se utilizar um cachaço com bom apetite sexual, acima de 10 meses de idade, dócil e não muito pesado. Fazer o rodízio de cachaços para o estimulo e detecção de cio; • Abrir uma ficha de anotações e controle de cio para cada lote de fêmeas; • Se a leitoa entrar em cio e não apresentar idade ou peso para cobrir, mantenha o registro para utilização desta leitoa dentro de 21 dias; • Fornecer diariamente às leitoas 2,5 kg de ração de crescimento até duas semanas antes da cobrição. A ração diária deve ser em duas refeições, pela manhã e à tarde; • Duas semanas antes da data provável de cobrição fornecer às leitoas ração de lactação à vontade;

• Realizar a 1ª cobrição no 2° ou 3º cio, com idade mínima de 7 meses e 130 kg de peso; • As leitoas que não demonstrarem o 1º cio até 45 dias após o início do manejo para indução da puberdade devem ser descartadas. Pré-Cobrição em Porcas • Período ótimo de duração da lactação é de 21-23 dias permitindo uma perfeita involução uterina e um desgaste não excessivo no aleitamento. Em regra geral as porcas retornam ao cio 4 ou 5 dias após o desmame e se não ficarem cobertas voltarão a repetir o cio aos 21 dias. • Agrupar as porcas desmamadas em lotes de 5 a 10 animais, em baias de pré cobrição, localizadas próximas às dos machos; • Agrupar as porcas por tamanho, seguido de banho com água e creolina para reduzir o estresse e as agressões. Manter um espaço ideal de 3

m2 por porca; • Fornecer ração de lactação às porcas, à vontade ou pelo menos 3 kg/dia, do desmame até a cobrição; • Estimular e observar o cio das porcas no mínimo duas vezes ao dia, com intervalo mínimo de 8 horas, colocando-as em contato direto com o macho a partir do segundo dia após o desmame. Cobrição A duração controlada de uma monta varia de 5 à 10 minutos. Qualquer cobertura que demorar menos de 3 minutos deve ser considerada uma cobertura duvidosa. É conveniente a adequação do tamanho da porca ao cachaço (tronco de monta se necessário). A fêmea deve estar perfeitamente em cio (imóvel), com a vulva higienizada. O cachaço não deve apresentar problemas de aprumos, sendo recomendado a realização de desinfecção do prepúcio 4 à 5 vezes por ano. A baia de cobertura não deve ter cantos e nem pontos que possam causar lesões nos animais. O piso não pode ser escorregadio, sendo recomendado o uso de maravalha. O lado mais estreito da baia não pode ser inferior a 2,5 m. A limpeza da baia deve ser diária e a desinfecção realizada semanalmente. • Realizar a inseminação artificial na presença do macho, tendo-se o cuidado para que o sêmen seja depositado naturalmente na fêmea e não forçado. O tempo de uma inseminação deve ser de no mínimo 4 minutos; • Adotar duas montas ou inseminações por porca e uma terceira monta ou inseminação somente para porcas com cio novamente testado e confirmado na terceira cobertura. Manter intervalo de 24 horas entre montas naturais e de 12 à 24h entre inseminações artificiais, de acordo com o protocolo recomendado para cada categoria de animal ou de Intervalo desmame-cio. Protocolo de cobrição para monta natural Observando-se a detecção de cio com o auxílio do cachaço, duas vezes ao dia, a prática de monta natural com duas cobrições é recomendada dentro das seguintes condições: • Porcas com intervalo desmama-cio com 5 ou mais dias e Leitoas: Realizar a primeira cobrição no momento em que a porca ou leitoa inicia a aceitação do cachaço. A segunda cobrição deverá ser no máximo 24 horas após. • Porcas com intervalo desmama-cio até 4 dias: Realizar a primeira cobrição 12 horas após ter demonstrado imobilidade ao cachaço. A segunda cobrição deverá ser feita 24 horas após a primeira. Protocolo para Inseminação Artificial Quando as fêmeas são inseminadas deve-se observar o momento da inseminação segundo o estabelecido no Quadro 7.

Quadro 7. Protocolo de inseminação artificial.

IDC* Detecção Cio 1º DIA 2º DIA 3º DIA

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Manhã Cio 3ª IA Porcas com IDC até 4 dias

Tarde 1ª IA 2ª IA

Manhã Cio Porcas com IDC de 5 a 6 dias

Tarde 1ª IA 2ª IA

Manhã Cio 2ª IA Leitoas

Tarde 1ª IA

* Intervalo desmama-cio

Obs: Realizar a 3a IA se a porca aceitar.

Gestação • Preferencialmente alojar as porcas e leitoas em boxes nos primeiros 30 dias de gestação. Os deslocamentos são claramente desaconselhados entre o dia 7 e o dia 18 de gestação. O ambiente deve ser calmo. Evitar o estresse; • Manter as instalações em boas condições de higiene e limpeza.

Quando alojadas em baias coletivas a área para leitoas deve ser de 2,0 m2 e

porcas de 3,0 m2; • Tanto as porcas do início da gestação (até 4 ou 5 semanas pós cobertura) como aquelas do final da gestação (1-2 semanas pré-parto) necessitam especial atenção quanto a temperatura ambiental. Temperaturas elevadas causam efeitos negativos com perdas embrionárias mais evidentes, especialmente entre os dias 8-16 pós-cobrição; • Após a cobrição até cinco dias de gestação fornecer às fêmeas de 1,8 à 2,0 Kg de ração por dia; • Entre o dia seis e o dia 56 alimentar as porcas em função do seu estado ao desmame (Referência n° 22); • Entre os dias 56 e 85 de gestação, fazer ajuste na quantidade de ração (2,0 a 2,5 kg/dia/porca) de forma que a porca esteja em uma boa condição corporal; • Dos 86 dias de gestação até transferência para a maternidade deve ser fornecido até 3,0 Kg diários de ração; • A ração deve ser fornecida em duas refeições, pela manhã e à tarde. A oferta de água deve ser à vontade, de boa qualidade e com temperatura inferior a 20°C (consumo diário de 18 à 20 litros). • Do dia 18 à 24 passar o cachaço em frente às porcas pela manhã e pela tarde, após os horários de arraçoamento para verificar retornos de cio; • Fazer diagnóstico de gestação entre 30 - 50 dias com a utilização de ultra-som; • Fazer diagnóstico de gestação visual após 90 dias; • Aplicar as vacinas previstas para a fase de gestação e para a segunda semana pós-parto; • Movimentar as fêmeas no mínimo quatro vezes por dia (duas por ocasião da alimentação) para estimular o consumo de água e a micção. Supervisionar e anotar os corrimentos vulvares durante este período; • Identificar os animais com problema, anotar os sinais de inquietação e controlar a temperatura corporal, tratando com antitérmicos se for superior a 39,8°C. Observar e registrar os abortos e retornos tardios; • Fornecer alimentação mais fibrosa na última semana de gestação. Lavar as fêmeas antes de irem para a maternidade. Tabela 13. Valores críticos e metas na fase de cobrição e gestação.

Indicador Valor Crítico(1) Meta

Taxa de partos (%) <80 >86

Taxa de retorno ao cio (%) >13 <10

Intervalo médio desmame cio (dias) >10 <7

Taxa de reposição anual de matrizes - 1° ano (%) <12 15

Taxa de reposição anual de matrizes - 2° ano (%) <20 25

Taxa de reposição anual de matrizes - 3° ano (%) <30 40

Taxa de reposição anual de machos (%) <50 >80

Relação fêmeas por macho 18:1 20:1

(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.

Maternidade • Fazer a transferência das porcas para a maternidade sete dias antes do parto previsto. Conduzir os animais com calma e sem estresse, sempre com o auxilio de corredores e da tábua de manejo. Transferir as fêmeas nas horas quentes do dia durante o inverno e nas horas frescas do dia no verão; • Manter a temperatura interna da sala de maternidade próxima de 18º-20ºC. Instalar um termômetro na parte central da sala a uma altura aproximada de 1,50m para facilitar a leitura; • Privar as porcas de ração no dia do parto, mantendo somente água a sua disposição (15-20 litros/dia). Acompanhar o parto dando toda a atenção possível à porca e aos recém nascidos. O objetivo no manejo alimentar é evitar a constipação e conservar os aportes de energia; Evitar interferência no parto a não ser nos seguintes casos: a)- Porcas sem contração: aplicar ocitocina e massagear o aparelho mamário; b)- Porcas com contração, sem iniciar o nascimento após 20 minutos, usar mão enluvada para tentar a retirada dos leitões. • Manter, para cada porca, uma ficha individual de anotações relativas ao parto e aos leitões, e em especial as medicações individuais ou coletivas. • As porcas em lactação devem receber ração à vontade. Nos períodos quentes deve-se fornecer ração molhada, distribuída várias vezes ao dia, para estimular o consumo. Nestes períodos também é muito importante o fornecimento de ração à noite (esta pode ser seca), pois nas horas mais frescas o consumo é maior. • Fornecer aos leitões ração pré-inicial 1 a partir dos 7 dias de vida até o desmame. Características ideais da Maternidade • Acesso fácil pelo traseiro da porca para facilitar o manejo (porca e leitões); • Cela parideira com barra de proteção, para evitar esmagamentos; • Fonte de aquecimento com regulagem; • Piso com capacidade isolante para evitar perda de calor por contato pelo leitão; • Piso confortável para a porca e leitões evitando lesões de casco e articulações; • Manter até um máximo de 24°C para a porca e um mínimo de 32°C para o leitão recém nascido; • Limpeza diária com retirada dos excrementos no mínimo uma vez

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pela manhã e outra pela tarde. Cuidados com os leitões ao nascer Antes de iniciar o trabalho de parto é necessário ter a disposição os seguintes equipamentos, materiais e medicamentos: • Papel toalha ou panos limpos e desinfetados; • Barbante em solução desinfetante a base de iodo (iodo 5 a 7% ou iodo glicerinado); • Frasco de iodo glicerinado para desinfeção do umbigo; • Seringa e agulha; • Aparelho de desgaste ou alicate para corte de dentes; • Tesoura para corte do umbigo; • Rolo de esparadrapo largo; • Luvas descartáveis; • Dispositivo para contenção dos leitões; • Medicamentos (ocitocina, antitérmico, tranqüilizante e antibiótico); • Balde plástico para lixo (papel toalha e outros); • Balde plástico para receber a placenta os leitões mortos e os mumificados. Na medida em que os leitões forem nascendo, adotar os seguintes procedimentos: • Limpar e secar as narinas e a boca dos leitões; massagear os leitões na região lombar, amarrar o umbigo no comprimento de 4-5 cm, cortar 1 cm abaixo da amarração e desinfetar com iodo glicerinado; • Orientar os leitões nas mamadas dando atenção especial para os menores que devem ser colocados nas tetas dianteiras; • Práticas dolorosas como o corte dos dentes e cauda dos leitões não devem ser realizadas durante a parição, mas após sua finalização. Medidas para evitar perdas na maternidade • Assegurar um local quente (26º a 32ºC) e seco para os leitões, evitando o choque térmico do leitão e a conseqüente hipotermia dos recém nascidos; • Habilidade para fazer o remanejo de leitões logo ao nascer, inclusive estimulando os leitões menores a consumir o colostro; • Estimular o consumo de ração para as porcas com grandes leitegadas; • Obter parições eficientes diminuindo o número de natimortos e melhorando a viabilidade dos recém nascidos (uma parição normal dura em geral 2h 30m); • Cuidado especial deverá ser dado para as porcas velhas, pois tendem a ter maiores problemas com parições muito longas (acima de 4h). Prever uma supervisão intensiva do parto; • Estimular mamadas regulares e suficientes; • Cuidado com esmagamentos. Prevenção da agalaxia • Observar a falta de apetite e empedramento do úbere; • Observar o comportamento de leitões (inquietos e com perda de peso); • Observar atentamente os corrimentos vaginais da porca, pela manhã e pela tarde durante 48h, através da abertura dos lábios vulvares; • Anotar a temperatura retal nos primeiros 3 dias após o parto das porcas; • Para as porcas que apresentarem temperaturas altas (> 39,8°C) entrar imediatamente com medicação (antitérmico e antibiótico) e se necessário com ocitocina (1-2 ml). Para todas as porcas é possível injetar uma dose de prostaglandina F2 α, 36 h após o parto para melhorar o esvaziamento uterino (Referência n° 05). Castração dos leitões Os leitões devem ser castrados antes de completar os 12 dias de idade, seguindo os passos abaixo (Referência n° 14): • Preparar o bisturi, fio e desinfetante a base de iodo em um balde. • Fechar os leitões no escamoteador para facilitar a captura dos mesmos. • Castração de leitões normais: a) Um auxiliar segura o leitão na tábua de castração ou o leitão é imobilizado usando equipamento apropriado; b) Desinfetar a região do escroto com pano embebido no desinfetante: c) Realizar a castração fazendo um ou dois cortes sobre os testículos e retira-los por tração;

d) Desinfetar novamente o local da incisão e liberar o leitão. • Castração de leitões com hérnia escrotal (herniados) pelo método inguinal. Este método exige treinamento antes de coloca-lo em prática. a) Uma pessoa deve segurar o leitão pelas pernas traseiras com a barriga voltada para o castrador; b) Desinfetar a região inguinal e fazer um corte de mais ou menos 2 cm entre o último par de tetas. Em machos a incisão deve ser feita um pouco afastada da linha média para não atingir o pênis. c) Introduzir o dedo minguinho no corte, forçar para liberar o testículo e tracioná-lo envolto na capa; d) Tracionar bem o testículo, verificar se o intestino desceu e dar 2 voltas; e) Amarrar com barbante desinfetado; f) Cortar o testículo, desinfetar o local e liberar o leitão. Tabela 14. Valores críticos e metas na fase de maternidade.

Indicador Valor Crítico(1) Meta

Nº leitões nascidos vivos/parto <10,0 >10,8

Peso médio dos leitões ao nascer (kg) <1,4 >1,5

Taxa de leitões nascidos mortos (%) >5,0 <3,0

Taxa de mortalidade de leitões (%) >8,0 <7,0

Leitões desmamados/parto <9,2 >10,0

Média leitões desmamados/porca/ano <19,3 >23,0

Ganho médio de peso diário dos leitões (g) <200 >250

Peso dos leitões aos 21 dias (kg) <5,6 >6,7

(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.

Descarte de Fêmeas • Evitar o acúmulo de porcas muito velhas na granja, mantendo sempre a recomendação de reposição anual de 30 a 40%; • As porcas que apresentarem qualquer um dos problemas abaixo relacionados devem ser descartadas: - Não retornarem ao cio até 15 dias após o desmame; - Com danos severos nos aprumos; - Com falha de fecundação; - Com duas repetições seguidas de cio; - Que apresentaram dificuldades no parto; - Qualquer ocorrência de doença; - Com baixa produtividade; - Com problemas de Metrite, Mastite e Agalaxia (MMA); - Que apresentaram aborto ou falsa gestação. Creche A saída da maternidade para a creche representa um choque para os leitões, pois deixam a companhia da porca e, em substituição ao leite materno, passam a se alimentar exclusivamente de ração. Por essa razão, os cuidados dedicados aos leitões, principalmente nos primeiros dias de creche, são importantes para evitar perdas e queda no desempenho, em função de problemas alimentares e ambientais que, via de regra, resultam na ocorrência de diarréias. • Alojar os leitões na creche no dia do desmame, formando grupos de acordo com a idade e o sexo. • Fornecer suficiente espaço para os leitões, considerando o tipo de baia. • Manter a temperatura interna próxima de 26°C durante os primeiros 14 dias e próxima de 24°C até a saída dos leitões da creche, controlando através de termômetro. • Fornecer à vontade aos leitões, ração pré-inicial 2 do desmame até os 42 dias e ração inicial até a saída da creche, com peso médio mínimo dos

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leitões de 20 kg. • Fornecer ração diariamente, não deixando nos comedouros ração úmida, velha ou estragada. • O consumo diário de ração por leitão entre 5 e 10 kg de peso vivo é, em média, de 460 gramas Entre 10 e 20 kg de peso vivo deve ser estimulado o consumo de ração que em média é de 950 gramas por animal ao dia. • No caso de eventuais surtos de diarréia ou doença do edema, retirar imediatamente a ração do comedouro e iniciar um programa de fornecimento gradual de ração até controlar o problema. Buscar auxílio técnico se persistirem os sintomas. • Dispor de bebedouros de fácil acesso para os leitões, com altura, vazão e pressão corretamente regulados. • Vacinar os leitões na saída da creche de acordo com a recomendação do programa. • Monitorar cada sala de creche pelo menos 3 vezes pela manhã e 3 vezes pela tarde para observar as condições dos leitões, bebedouros, comedouros, ração e temperatura ambiente. • Limpar as salas de creche, diariamente, com pá e vassoura. • Lavar as salas de creche com baias suspensas, esguichando água, com lava jato de alta pressão e baixa vazão, no mínimo a cada 3 dias no inverno e a cada 2 dias nas demais estações do ano. • Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitários. Pesar e transferir para as baias de crescimento os leitões com idade entre 56 e 63 dias. Tabela 15. Valores críticos e metas na fase de creche.

Indicador Valor Crítico(1) Meta

Taxa de mortalidade de leitões (%) >2,5 <1,5

Conversão alimentar (kg ração/kg de ganho) >2,2 <2,0

Peso médio de referência dos leitões na saída da creche (kg)

Aos 56 dias <18,5 >20,0

Aos 58 dias <19,5 >21,0

Aos 60 dias <20,5 >22,0

Aos 63 dias <22,0 >23,5

(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.

Crescimento e terminação São as fases menos preocupantes dos suínos, desde que ao iniciarem as mesmas apresentem um peso compatível com a idade e boas condições

sanitárias. Assim sendo, pode-se dizer que o sucesso nessas fases depende de um bom desempenho na maternidade e na creche. • Manejar as salas de crescimento e terminação segundo o sistema "todos dentro todos fora", ou seja, entrada e saída de lotes fechados de leitões. • Alojar os leitões nas baias de crescimento e terminação no dia da saída da creche, mantendo os mesmos grupos formados na creche ou refazer os lotes por tamanho e sexo. • Manter a temperatura das salas entre 16°C e 18°C, de acordo com a fase de desenvolvimento dos animais, controlando com o uso de termômetro. • Fornecer aos animais à vontade, ração de crescimento até os 50 kg de peso vivo e ração de terminação até o abate. • Dispor de bebedouros de fácil acesso para os animais, com altura, vazão e pressão corretamente regulados. • Monitorar cada sala de crescimento e terminação pelo menos 2 vezes pela manhã e 2 vezes pela tarde para observar as condições dos animais, bebedouros, comedouros, ração e temperatura ambiente. • Limpar as baias de crescimento e terminação diariamente com pá e vassoura. • Esvaziar e lavar semanalmente as calhas coletoras de dejetos, mantendo no fundo das mesmas, após a lavagem, uma lâmina de 5 cm de água, de preferência reciclada. • Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitários. • Fazer a venda dos animais para o abate por lote, de acordo com o peso exigido pelo mercado. • Não deixar eventuais animais refugo nas instalações. Tabela 16. Valores críticos e metas nas fases de crescimento e terminação.

Indicador Valor Crítico(1) Meta

Taxa de mortalidade de animais (%) >1,0 <0,6

Conversão alimentar (kg ração/kg de ganho) >2,8 <2,6

Peso médio de referência dos animais na saída para o abate (kg)

Aos 133 dias <78,0 >83,0

Aos 140 dias <85,0 >90,0

Aos 147 dias <92,0 >97,0

Aos 154 dias <98,0 >103,0

(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.

AVES Introdução O presente sistema de produção está direcionado para a criação de frangos de corte confinado em aviários não climatizados. O sistema foi desenvolvido visando sua utilização em aviários a partir de 50 metros até 100 metros de comprimento e 10 a 12 metros de largura, podendo alojar em torno de 12 frangos/m2. Todavia é possível sua utilização em aviários menores. A densidade de alojamento pode variar de acordo com a estação do ano, clima da região, condições de ambiência interna do aviário e idade do abate. A produção de frangos deve respeitar os princípios de biosseguridade entre os quais a prática de alojamento “todos dentro todos fora” (all-in all-out), em que as instalações são ocupadas por aves do mesmo lote no momento do alojamento e desocupada totalmente no momento do abate. Essa prática

permite a higienização do aviário e o respectivo vazio que deve antecipar a entrada do próximo lote. Nesse período se recomenda ainda a recuperação das instalações e dos equipamentos. Se as recomendações sugeridas forem aplicadas é possível em sistema misto de criação(macho + fêmeas), obter frangos aos 42 dias de idade com peso vivo de 2.400g, conversão alimentar de 1,82 e índice médio de eficiência produtiva de 300. Muitos conceitos definidos neste material podem ser utilizados em outros sistemas de produção de aves, mas apresentam peculiaridades que merecem e devem ser tratados separadamente. Nutrição e Alimentação A nutrição adequada dos frangos de corte depende de conhecimento técnico sobre nutrientes, energia, aminoácidos, minerais, vitaminas, ácidos graxos e

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água. É importante anotar o consumo diário de água, pois uma flutuação repentina no consumo pode indicar o início de problema. Os nutrientes que são usados em pequenas quantidades são chamados de micro-ingredientes e são adicionados à ração através de pré-misturas vitamínicas e minerais (Premix). As dietas devem ter especificações de qualidade de ingredientes para entrarem na fabricação de rações. Entre as especificações devem ser atendidas as exigências dos frangos de acordo com o peso ou fases produtivas, a qualidade e preços dos ingredientes. Para fabricar rações, além do conhecimento técnico, a estrutura deve atender as necessidades para a fabricação de rações e que o processo de fabricação de rações seja entendido para qual finalidade está sendo aplicado. Alguns exemplos de fórmulas são apresentadas para atender casos gerais, as quais deverão ser recalculadas caso existam ingredientes alternativos. Sempre que se considerar a alternativa de ingredientes (e.g. trigo, triticale, triguilho, sorgo, farinhas animais, subprodutos do milho, cevada, etc.) devemos estar atentos a disponibilidade comercial, qualidade e preços relativos aos ingredientes tradicionais, buscando a vantagem no preço, sem nunca desconsiderar a qualidade. Um princípio básico na substituição do milho por ingredientes alternativos é manter equilibrado os nutrientes e energia, produzindo uma dieta mais barata que a convencional. Os alimentos a serem fornecidos devem também atender a alguns princípios de manejo da alimentação e da água para que sejam bem aproveitados e gerem eficácia no desempenho dos frangos. Para facilidade de entendimento alguns pontos a seguir são ressaltados, visando melhor esclarecimento do assunto. Manejo da produção Duas a três horas antes do recebimento dos pintos é necessário verificar se as campânulas estão funcionando e os bebedouros e comedouros abastecidos. Os pintos devem ser colocados no círculo de proteção ou área para o alojamento, molhando-se o bico de alguns deles para servir de orientação da fonte d´água para os demais. Todos os pintinhos devem ter acesso à ração e água logo após o seu alojamento. O aquecimento deve ser iniciado pelo menos três horas antes da chegada dos pintos. No inverno deve-se manter o aquecimento nas horas mais frias do dia, pelo menos a 15-20 dias de idade, podendo variar em função do clima. No verão pode ser dispensado a partir da segunda semana, sendo usado apenas nas horas mais frias, normalmente à noite. No momento da chegada dos pintos as cortinas devem estar em perfeito funcionamento. O manejo das cortinas é determinado conforme a temperatura ambiente, umidade e, principalmente, de acordo com a idade das aves. Fornecer, por meio de lâmpada com energia de 2 a 3 watts/m2, o número de horas de iluminação correspondente a idade do pinto e utilizar programas de iluminação específicos, de acordo com a região e época do ano, visando melhorar o desempenho das aves. Na fase inicial é essencial garantir que os bebedouros e comedouros estejam bem distribuídos nos círculos de proteção ou na área para alojamento das aves. Da mesma forma, à medida que os círculos de proteção são abertos os bebedouros e comedouros também devem ser movimentados, buscando sempre obter uma distribuição uniforme por todo o galpão. A cama deve ser homogeneamente distribuída com uma profundidade de 8-10 cm e então compactada. Distribuição irregular da cama causará problemas com disponibilidade de água e ração. No manejo pré-abate a programação da retirada do lote tem a responsabilidade de estabelecer o calendário e proporcionar a logística para a retirada das aves nas granjas. O jejum pré-abate compreende o período antes da apanha em que as aves não devem ter acesso à ração. Essa prática é necessária para reduzir o conteúdo gastro-intestinal das aves, diminuindo a possibilidade de contaminação da carcaça na evisceração decorrente do rompimento do inglúvio e ou intestino. Na preparação do aviário e apanha deve-se estabelecer um método padrão para a divisão dos aviários na granja, de acordo com as características de cada uma. A divisão das aves em grupos, além de auxiliar na apanha, reduz o impacto da movimentação das demais aves. A apanha manual das aves é um método utilizado universalmente. Esse trabalho implica em sérios riscos para a integridade da carcaça, em especial o

peito, as pernas e as asas, devido ao manejo inadequado das aves, sendo a causa mais provável de danos. Utilizar a razão de 25 kg/m2 de aves por caixa. No carregamento e transporte o número de aves colocadas em cada caixa transportadora deve receber atenção especial. A decisão para essa variável deve considerar o sexo e o peso das aves, além de fatores como clima e distância do aviário ao abatedouro. No processo de carregamento é desejável que o caminhão possa entrar no aviário e chegar perto de onde está sendo feita a apanha. O transporte das aves no período noturno é vantajoso por evitar temperaturas elevadas, favorecendo o bem estar das aves, o que reduz as perdas por mortalidade e resulta em carne de melhor qualidade. Entretanto, no inverno podem ocorrer problemas relacionados à qualidade da carne, devido à baixa eficiência da sangria quando as aves ficam expostas a temperaturas baixas. Ao chegar no abatedouro, as aves devem permanecer na plataforma de espera. Esse local deve ser preparado para proteger as aves, propiciando um microclima favorável a sua sobrevivência, possibilitando o acesso à sombra, ventiladores e umidificadores . O tempo transcorrido entre a chegada do caminhão ao abatedouro e o início do abate é crítico, podendo interferir negativamente nos índices de mortalidade. Saúde Saúde dos frangos Garantir a saúde do plantel é fundamental para que as características produtivas das aves, tanto o potencial genético quanto o aproveitamento nutricional, sejam expressos na sua totalidade. Para a obtenção de um desenvolvimento competitivo devem ser adotadas medidas que possibilitem a identificação e redução de riscos à saúde das aves e, por conseguinte, a do homem. Tais medidas baseiam-se nas boas práticas de produção, dando condições de rastreabilidade dos insumos e dos procedimentos adotados durante todo o ciclo produtivo. O programa de biosseguridade é uma ferramenta indispensável para proteger a saúde dos plantéis, reduzindo os riscos de contaminação através de ações preventivas que agreguem qualidade ao produto final e restrinjam os custos de produção. O sucesso do programa está diretamente relacionado com o grau de conscientização e a adesão de todos os funcionários à filosofia, princípios e normas que regem a biosseguridade. Nesse programa são determinadas normas de procedimentos quanto a localização do aviário, a aquisição dos pintos, o manejo sanitário durante o período de produção, incluindo o sistema de criação, critérios de acesso ao aviário, a limpeza diária e a higienização do aviário, após a retirada dos frangos. A imunização dos frangos é feita através da vacinação contra as principais enfermidades, atendendo às condições endêmicas regionais, desde que esteja em conformidade com as recomendações dos órgãos oficiais. Aspectos importantes como a qualidade microbiológica da água e das rações fornecidas às aves e o correto destino das carcaças também são considerados. O Brasil, grande produtor e exportador de frangos, freqüentemente é solicitado a demonstrar a qualidade da saúde dos plantéis, o que demanda constante adequação do setor produtivo à programas que preservem a saúde na avicultura. A ocorrência de uma doença grave pode ser utilizada como barreira nas exportações e inviabilizar a produção nas regiões adjacentes ao foco. A adoção de programas de biosseguridade se reflete nos vários níveis do setor produtivo. Cada programa, individual, de biosseguridade colabora para o fortalecimento e controle da saúde do setor avícola, que invariavelmente depende da participação e o esforço de todos os segmentos. Saúde Cuidados na localização da granja A granja deve estar instalada em local tranqüilo, circunscrita por cercas de segurança para evitar o livre acesso. Deve estar rodeada por árvores não frutíferas, as quais servem de barreira de proteção às dependências do aviário. Na Instrução Normativa n.º 04, do MAPA, estão citadas as distâncias mínimas a serem respeitadas para a localização das granjas produtoras de frangos de corte (denominadas de estabelecimentos avícolas de controle eventual). A recomendação da distância mínima entre granjas é de 2.000 metros. A distância recomendada entre um aviário e outro é de no mínimo,

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100, metros e entre o aviário e um abatedouro é de 5.000 metros. A critério do médico veterinário oficial, responsável pela produção, essas distâncias mínimas podem ser alteradas em função da topografia e da existência de barreiras naturais, tais como reflorestamentos e matas naturais nas proximidades da granja. Na construção do aviário deve ser observado que as superfícies interiores dos galpões permitam limpeza e desinfecção adequadas e que as aberturas, como calhas e lanternins, sejam providas de telas para evitar o acesso de outros animais como pássaros, animais silvestres e roedores. Instalar a portaria junto à cerca que contorna a granja, em uma posição que permita controlar a circulação de pessoas e veículos, assim como o embarque dos animais. Utilizar a portaria como único local de acesso de pessoas à granja. Junto à portaria deve ser instalado o escritório para controlar todos os dados gerados na granja, que servirá para dar suporte administrativo. Nesse local deve existir pelo menos um banheiro para a higiene e troca de roupas da(s) pessoa(s) que entrar(em) na granja. Saúde Higienização É imprescindível proceder a higienização do aviário e equipamentos entre um alojamento e outro. Após a retirada do lote fazer limpeza completa do aviário adotando os seguintes procedimentos:

- retirar todos os utensílios utilizados no aviário; - passar vassoura de fogo sobre a cama para reduzir o número de penas; - remover a cama. A reutilização da cama só poderá ser feita se nenhum problema infeccioso tenha acometido o plantel anteriormente. Nesse caso recomenda-se que, após passar vassoura de fogo, a cama seja enleirada e coberta com plástico ou lona por 07 dias, a uma umidade relativa de 37%, para que sofra fermentação. Jamais usá-la nos círculos de proteção ou pinteiros; - lavar com água sob pressão todos os equipamentos do aviário; - lavar paredes, teto, vigas e cortinas com água sob pressão (jato em movimentos de cima para baixo) e deixar secar antes de fazer a desinfecção; - redistribuir a cama no aviário; - proceder a desinfecção do aviário. Os princípios ativos dos desinfetantes mais utilizados são: amônia quaternária, formol, cloro, iodo, cresol e fenol. É importante fazer rodízio periódico do princípio ativo do desinfetante utilizado; - após a desinfecção manter o aviário fechado, sem a presença de aves ou outros animais, em vazio sanitário por pelo menos 10 dias até o alojamento dos frangos; - lavar caixa d'água e tubulações; - aparar a grama e limpar calçadas externas e os arredores do aviário; - os resíduos de produção (aves mortas, estercos e embalagens) devem ser descartados adequadamente (trabalhados em compostagem, enterrados em fossas sépticas ou incinerados, de acordo com a contaminação do material a ser descartado).

Princípio ativo dos desinfetantes comerciais mais comuns e sua recomendação

Locais Formol Iodo Amônia quaternária Fenóis e Cresóis Cloro

Caixas de água e encanamento - + + - ++

Piso + + + + -

Paredes + + + + -

Telhados + + + + -

Telas + - + + -

Equipam. + (+-) + (+-) +

Pedilúvio - + + + -

Mat. Orgânica - - (+-) + -

++ muito recomendado; + recomendado; +- pouco recomendado; - não recomendado; Saúde Vacinação Programas de vacinação para frangos de corte não são utilizados com freqüência, uma vez que o ciclo de vida de um lote é curto. No entanto, todas as aves devem ser vacinadas contra a doença de Marek no primeiro dia de vida. Cabe ao médico veterinário responsável pelo plantel determinar a necessidade de vacinar as aves contra outras enfermidades infecciosas que eventualmente estejam acometendo os plantéis circunvizinhos à criação. Para estabelecer o programa de vacinação deve ser considerando o desafio sanitário na região e estar de acordo com as normas oficiais vigentes. Em frangos de corte as principais viroses que podem ser controladas através de vacinação são: a doença de Marek, a doença de Gumboro, doença de Newcastle, bronquite infecciosa das aves e varíola aviária. O controle da coccidiose deve ser feito pela vacinação na primeira semana de vida das aves ou pela adição de quimioterápicos na ração durante o período de cria e recria. A vacinação incorreta ou inadequada pode ser tão prejudicial quanto não vacinar. Para que seja realizada com sucesso é necessário planeja-la com antecedência, observar o prazo de validade das vacinas, maneja-las corretamente quanto à via de aplicação, diluição, conservação (conservá-las a 4ºC) e evitar a incidência direta do sol na vacina. Recomenda-se vacinar em horários com temperaturas amenas, evitando estressar excessivamente as aves. Aves doentes não devem ser vacinadas. Todos os aviários devem ter uma ficha de controle com o histórico do lote, que conste informações sobre as vacinações. Cuidados com a ração e a água É necessário conhecer a procedência e a qualidade tanto nutricional quanto

microbiológica dos ingredientes das rações. Uma alimentação pobre causará deficiências que consequentemente serão refletidas no desempenho, podendo interferir na capacidade imunológica dos frangos. A qualidade microbiológica tanto da ração quanto da água deve ser monitorada, pois, se contaminados, esses são importantes veículos para a introdução de agentes patogênicos no plantel. A ração deve ser livre de agentes patogênicos, especialmente salmonelas. O armazenamento das rações deve ser feito em local limpo, arejado, abrigado da umidade (evitando o mofo) e sobre plataformas para facilitar a limpeza do local. A peletização contribui para reduzir a contaminação das rações. A água da granja deve ser captada numa caixa d´água central para posterior distribuição. Precisa ser abundante, limpa, fresca e isenta de patógenos. Deve ser monitorada para verificação das condições químicas, físicas e microbiológicas. O tratamento da água para beber deve ser realizado quando a presença de coliformes fecais for detectada ou quando a presença de coliformes totais estiver acima de 3/100ml. A cloração é feita pela adição de 3 (três) ppm de Cloro (hipoclorito de sódio) na água de bebida. É importante ressaltar que a água usada para vacinações das aves não pode ser clorada. Destino das carcaças descartadas Não menos importante que os demais cuidados, a remoção das carcaças é fundamental para evitar a multiplicação e disseminação de microorganismos patogênicos dentro do aviário. A retirada das aves descartadas ou mortas deve ser feita rotineiramente, removendo-as para fossas sépticas, incinerando-as ou trabalhando-as em compostagem. A incineração depende de equipamentos adequados e é indicada quando

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ocorrer um problema sanitário grave. As fossas sépticas são eficazes para as remoções diárias das carcaças, desde que devidamente edificadas. Devem ser construídas em local seco, longe de lençóis freáticos, com distância mínima de 200 metros do aviário, providas de um telhado e tampa de encaixe. A compostagem é um processo eficiente para o descarte dos resíduos da produção e requer um investimento baixo para a construção da composteira. Essa deve ser construída perto do aviário, evitando grande deslocamento de dejetos e aves mortas. No processo de compostagem são utilizados,

principalmente cama de aviário, carcaças, uma fonte de carbono e água. Requer cuidados na adequações de temperatura e umidade durante o processo. O programa de biosseguridade requer constante aperfeiçoamento. Proteger a saúde do plantel melhora os resultados de produção e colabora para o equilíbrio e segurança de todo o setor produtivo. Os benefícios individuais da adoção do programa de biosseguridade são multiplicados quando todo o setor produtivo está envolvido.

Anatomia da Ave

Aves dados de interesse clínico

Características gerais das aves: Têm o corpo coberto por penas, que protegem o corpo da perda de calor e auxiliam o vôo. A boca é um bico, sem dentes que pode variar de forma e de tamanho conforme a espécie, sendo estas adaptações ao tipo de alimentação. Têm dois pares de membros: anteriores as asas e posteriores as pernas ou patas. As patas também são adaptadas ao tipo de ambiente em que vive a ave. Cada pé geralmente com quatro dedos, canela e dedos envolvidos por pele cornificada. Seu esqueleto é delicado e forte, totalmente ossificado, têm ossos muito leves e às vezes são cheios de ar, ossos pneumáticos, que facilitam o vôo. O esterno é modificado em quilha, facilitando o corte do ar e fixando a musculatura peitoral. Respiração por pulmões compactos muito eficientes, presos às costelas e ligados aos sacos aéreos de paredes finas que se estendem entre os órgãos internos, apresentam um órgão especial a siringe, na base da traquéia, adaptada ao canto. O sistema circulatório é composto de coração e vasos sangüíneos. O coração tem quatro cavidades no coração, o sangue venoso não se mistura ao sangue arterial. Persiste apenas o arco aórtico direito, glóbulos vermelhos, ovais e biconvexos. O seu tubo digestivo é completo, composto: boca, faringe, esôfago, papo, estômago químico (proventrículo), estômago mecânico (moela), intestino, cloaca e órgãos anexos como o fígado e o pâncreas. Existe ainda a adição de sucos digestivos no proventrículo. As aves não têm bexiga urinária, mas seu sistema urinário é composto pelos rins e ureteres, por este motivo elas não conseguem acumular a

urina, que se mistura com as fezes e é eliminada pela cloaca, como uma secreção semi-sólida. Apresentam dimorfismo sexual, isto é, o macho e a fêmea são muito diferentes.Têm sexos separados e são ovíparas. A sua fecundação é interna e ocorre no oviduto, antes da formação da casca calcária, são então eliminados pela cloaca. Seus ovos apresentam âmnio, cório, saco vitelino e alantóide e ao eclodir os filhotes são alimentados e vigiados pelos pais. As aves têm a audição e a visão muito desenvolvidas. A visão é muito aguçada e conseguem visualizar objetos a longa distância, seus ouvidos são melhores que os dos répteis. Algumas ainda apresentam um bom olfato. São homeotermas, isto é têm sangue quente, que se mantém com a queima dos alimentos e com auxílio das penas, que servem como isolante térmico. São chamadas de endotérmicas, pois a temperatura do corpo essencialmente é constante. Sua pele é recoberta por penas e com glândulas, as aves aquáticas apresentam na cauda a glândula uropigiana para impermeabilizar as penas. Seu cerebelo é bastante desenvolvido, pois este órgão está relacionado ao equilíbrio durante o vôo. São capazes de voar longas distâncias e retornar ao ponto de partida. Apresentam doze pares de nervos cranianos. O movimento das asas durante o vôo é devido principalmente aos grandes músculos peitorais. Em cada lado do grande peitoral origina-se da parte externa da quilha do osso esterno e insere-se na cabeça do úmero.

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As aves que voam têm o corpo muito leve, inclusive porque seus ossos são ocos. Em algumas partes internas os ossos possuem nervuras, como as de uma asa de avião, para torná-los mais fortes. O esqueleto de uma Águia calva, por exemplo, não pesa mais do que 300 gramas. Alguns ossos são soldados, isto é, ligados uns aos outros, de maneira a dar uma estrutura mais compacta a ave. O osso do peito é adaptado em forma de quilha, como a de um barco, e é chamado de carena, servindo com suporte para a musculatura peitoral.

Na boca das aves não há dentes, mas um bico que é adaptado ao tipo de alimentação mais comum de cada espécie. À boca, segue-se a faringe e no esôfago é encontrada uma bolsa chamada papo. Nele o alimento vai sendo amolecido para depois avançar até o estômago químico, que solta enzimas digestivas para que se inicie o processo de digestão. Depois, o alimento passa para o estômago mecânico, chamado moela, que tem uma forte musculatura para amassar o alimento. Seu tubo digestivo termina então na cloaca, que além de ser órgão digestivo, é também órgão reprodutivo das aves.

Sistema Esquelético O esqueleto das aves é peculiar. Os ossos são leves nas aves voadoras, sendo que os maiores apresentam cavidades pneumáticas conectadas ao sistema respiratório. Toda esta adaptação diminui o peso específico das aves, facilitando o vôo. A maioria dos ossos do crânio estão fundidos e as maxilas estão alongadas, sustentando o bico córneo. O crânio articula-se com a primeira vértebra cervical por um único côndilo occiptal, e a coluna vertebral apresenta um número de vértebras cervicais muito maior do que em qualquer outro grupo. Estas vértebras são muito flexíveis pois suas superfícies de articulação são em forma de sela (vértebras heterocélicas). O esterno na maioria das aves alarga-se e forma uma quilha aumentando a superfície para a fixação dos músculos necessários ao vôo. O esqueleto é leve. O crânio articula-se por um único côndilo occipital com a primeira vértebra cervical. Extensões dos pulmões formam sacos aéreos, que penetram nos ossos das asas e nos outros ossos compactos e entre os diversos órgãos do corpo. O número de vértebras cervicais varia de 8, nas aves canoras, a 23, nos cisnes. A pelve é achatada. O esterno (exceto nas ratites) encontra-se munido de uma potente crista em forma de quilha (carena), onde se inserem os músculos das asas. Os coracoideus são muito desenvolvidos. As clavículas, unidas pela interclavícula, formam a fúrcula ou toracal. Os dedos I a III fazem parte da asa, mas o I, ou polegar, encontra-se separado dos outros dedos e constitui a asa bastarda. O metatarso e os elementos distais do tarso formam o tarso-metatarso. Todas as aves têm em comum características que tornam possível o vôo, mesmo as aves que já perderam a capacidade de voar (os

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únicos pássaros que não voam são os pingüins, avestruzes, emas, casuares e quivis). A habilidade para o vôo está refletida nas características típicas dos pássaros: - corpo aerodinâmico; - membros anteriores modificados em asas; - cavidades dos ossos preenchidas com ar; - ausência de mandíbulas e dentes, sendo a mastigação realizada pela moela, situada atrás do estômago; - digestão rápida, sem armazenamento de alimento; - penas leves, que são estruturas mortas e impermeáveis. Assim, não é preciso haver vasos sanguíneos pesados para nutrí-las. Os ossos das aves são, em sua maioria, ocos. As asas são controladas por poderosos músculos presos a quilha, uma projeção existente no osso esterno. O ESQUELETO DE UMA AVE A evolução no sentido de um vôo poderoso deu às aves esqueletos muito diferentes dos dos outros animais. O aspecto mais evidente numa ave voadora como o corvo é a grande quilha, projeção do esterno onde se inserem os músculos das asas. As aves não têm dentes nem têm verdadeiras caudas; as penas da cauda prendem-se no extremo da coluna vertebral - o pigóstilo. Os membros anteriores estão totalmente adaptados ao vôo, enquanto as mandíbulas sem dentes se transformaram num leve mas forte bico que a ave pode usar para se alimentar e executar tarefas delicadas, como por exemplo «pentear» as penas.

1. Mandíbula inferior do bico

2. Mandíbula superior do bico

3. Narina

4. Órbita

5. Crânio resultante de ossos soldados

6. Ouvido

7. Coluna vertebral constituída por pequenos ossos chamados "vértebras"; pode flectir-se nos sítios onde as vértebras estão afastadas mas é rígida nos pontos onde elas estão soldadas

8. Úmero, osso alongado da asa que corresponde ao osso do braço humano

9. Rádio, osso da asa que corresponde a um dos ossos do antebraço humano

10. Cúbito, osso da asa que corresponde a um dos outros ossos do antebraço humano

11. Pélvis, que é um suporte para as pernas e um prolongamento ósseo para a inserção dos músculos das pernas

12. Pigóstilo, extremidade da coluna vertebral onde se inserem as penas da cauda

13. Fêmur, osso da coxa

14. Articulação do joelho (oculta pelas penas na ave viva)

15. Tornozelo ou falso joelho (embora possa parecer que é o joelho que se dobra para a frente, esta parte corresponde realmente ao tornozelo e não ao joelho)

16. Metatarso

17. Dedo posterior

18. Garra (na ave viva recoberta por uma bainha córnea)

19. Tíbia, osso da perna

20. Metacarpo, correspondente aos ossos do pulso humano

21. Quilha, onde se inserem os músculos das asas das aves voadoras

22. Fúrcula, osso resultante de duas clavículas unidas que ajuda a manter a articulação da asa em posição quando os músculos a puxam para baixo

23. Caracóide

Ovinos Sistemas de criação A nomenclatura "intensiva" e "extensiva" não se aplica à criação de ovinos. O que se considera é que existem as criações menores, desde as domésticas até as de tamanho médio, e aquelas de larga escala com sólida infra-estrutura de manejo, estas são, consideradas criações extensivas. Recentemente tem sido incentivados o sistema de confinamento, com a criação em cabanhas e fornecimento de ração balanceada. Nesse sistema, semelhante ao que ocorre no confinamento de bovinos, o custo é maior mas permite a produção de animais precoces e livres de verminoses, com abate entre 60 e 120 dias, com peso médio entre 30 e 35 kg.

Criações Domésticas Lotes pequenos (7 a 10 ovelhas x 1 macho), utilizando os animais para capinar pomares ou para acompanhar outras criações (como bovinos e eqüinos) e culturas (café, citrus). Para o pasto, com até 10 animais em um hectare, sem baixadas úmidas e com árvores para sombreamento, é suficiente para um ano (Capim Pangola, Quiquio, CoastCross, Seda). Se não tiver pasto suficiente, forneça alimentação no cocho. Os piquetes devem ser de arame liso com 1,24 m de altura, com espaçamento menor na parte inferior, e ter unia fonte de água (natural ou bebedouro) e cocho de sal mineral. O melhor é dividir uma área de até dois hectares em quatro piquetes e fazer rodízio a cada 10 dias (1 mês de descanso/piquete).

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Pequena criação comercial A partir de 30 animais, a criação já pode ser considerada comercial e a escolha da raça depende das proximidades do mercado para lã, carne ou leite e derivados. Utilizar 1 carneiro com idade acima de um ano e meio para cada 30 ovelhas. Nesse tipo de criação, além da alimentação mencionada para a criação doméstica, é recomendável um reforço diário à base de grãos, especialmente para ovelhas que pariram gêmeos. Na época da seca, complementar com fenos, silagens ou ração. Adicionar farelo de soja com uréia pecuária ao cocho de sal mineral (fonte de proteína suplementar). Se a criação for para corte, o desmame dos cordeiros deve ocorrer aos 3 meses; para leite, aos 10 dias, fornecendo leite de vaca com (250 ml/dia com 1 colher de sopa de óleo de soja por litro). Criação de tamanho médio Recomenda-se que a criação seja mista (lã e cordeiros para o abate), com uni rebanho de 100 a 150 cabeças e algumas das raças recomendadas são a Corriedale, Ideal e Romney Marsh A escolha de bons machos reprodutores é fundamental para o sucesso da criação, que devera contar com boa infra-estrutura (cercas, divisões para separar os animais de acordo com sexo e idade, pastagens, abrigos, aguadas etc.). E possível fazer consorciamento com gado, alternando os rebanhos bovino e ovino, mas deixando pastar somente bovinos adultos para evitar contaminação exagerada dos piquetes com verminoses comuns às duas espécies. Criação em larga escala Para grandes extensões de terra, são criações que comportam de 200 a 1000 cabeças, calculando 3 cabeças por hectare; são utilizadas principalmente as raças Merino, Ideal, Corriedale, Romney Marsh, para as regiões mais úmidas (Sudeste); e as deslanada e Somalis, em regiões mais quentes e secas (Nordeste). Instalações Infra-estrutura De acordo com o tamanho do rebanho será necessário formar bons pastos, que devem ser suficientes para poder dispensar suplementação; recomenda-se fazer uma análise do solo para correção de deficiências (calagem). O pasto deverá ser preferencialmente em terras altas, divididos em piquetes para fêmeas gestantes e recém-paridas, borregos e borregas, reprodutores, cordeiros de 2 a 6 meses, capões e ovelhas solteiras. Se não houver aguada natural no local de pastagem, providenciar bebedouro~ higiênicos, que deverão ser mantidos sempre limpos. Se não existirem abrigos naturais, como árvores de boa copa ou bosques, construir abrigo rústico de sapé, com capacidade compatível com o tamanho do rebanho; sob o abrigo, providenciar cocho para sal mineral. As cercas entre piquetes deverão ser construídas com mourões a cada 10 m, intercalados com 4 ou 5 balancins; formada com seis a sete fios de arame liso, e recomenda-se que o primeiro, de baixo parass cima, esteja a 10 cm do solo e a seguir o espaçamento entre eles seja, consecutivamente: 18, 22 e 28 cm para os demais, numa altura total de 1,24 m. Quando em consórcio com bovinos, recomenda-se o espaçamento 10, 15, 20, 25, 30 e 30 cm, com altura total de 1, 30m. Se necessário, construir uni aprisco (cabanha) para proteção, próximo às pastagens, em terreno seco e ensolarado. A construção poderá ser rústica, com piso ripado (1,5 cm de espaçamento), elevado a 1 metro do solo, pé direito de 2,5 m para uma boa aeração e com

paredes de 1,50 m de altura. A área recomendada por cabeça e de 1,5 m2. A cabanha é recomendada quando a criação for para produção de matrizes e reprodutores e deve ter divisões internas (boxes) medindo 2 x 2m a 2 x 3m cada um, com comedouro e bebedouro. É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em mangueiras e bretes, para os trabalhos de vacinação, marcação, descola, vermifugação etc., de acordo com o tamanho do rebanho (recomenda-se 1 m2/cabeça). Para contenção, seringa em área coberta, com tronco de 90cm de altura x 50cm de largura no alto e 30cm em baixo; pedilúvio de 10 cm, e banheira anti-sárnica profunda, para imersão, com curral para escoamento contíguo para evitar desperdício do produto. Todo o corredor lateral da seringa deve ter piso à 50cm do solo, para facilitar os trabalhos. Para rebanhos grandes, é necessário um galpão de tosquia. O pasto é o principal alimento dos ovinos e quando este é de boa qualidade a suplementação pode ser mínima É preferível fornecer pastagens mistas, formadas por gramíneas e leguminosas. Devido ao sistema de criação adotado (extensivo larga escala), deve-se providenciar piquetes para as diversas categorias: ovelhas de cria e seus cordeiros; ovelhas velhas e falhadas, capões, borregos (as), ovelhas terço final da gestação, etc. As ovelhas de cria são separadas, segundo a qualidade de suas lãs ou por seu grau de sangue. Quando o plantel possui "pedigree" destinar piquetes de melhor qualidade e de fácil vigilância. Os carneiros reprodutores, fora da época de monta, são postos em boxes separados ou outras construções. Utilizar a construção de abrigos nos piquetes para a proteção dos animais contra chuvas e ventos fortes. É indispensável a construção de banheiro sarnífugo para o combate da sarna. Deve possuir escorredouro, currais e bretes para separação e mangas de contenção. As mangas e os bretes devem ser aparelhados de modo a permitirem a aplicação de vacinas, vermifugações e demais tratamentos e operações que se fazem no rebanho. A construção de um galpão apropriado para a tosquia ou tosa, é necessário, devendo o mesmo ser feito nas proximidades dos currais e bretes, para evitar movimentação e despesas ao criador. Nas grandes propriedades deve-se prever a construção de bretes giratórios, destinados à inseminação artificial. Implementos para manejo do rebanho - tesoura/alicate para aparar os cascos - pistola de vermifugação - tesoura - martelo para tosquia (ou tosquiador elétrico) - elastrador e anéis de borracha para descola (e castração) - torquês de Burdizzo para castração - tintas pata marcação - material para identificação (alicate, brincos) - balança - calha para apara de cascos - pinças, agulhas e seringas hipodérmicas - se necessário, material para inseminação artificial: vaginoscópio, seringa de micro-doses e tronco para coleta de sêmen. Ficha zootécnica Manter livro/ficha de registros gerais do rebanho e individual dos animais do rebanho; cobertura, nascimentos, óbitos, doenças, vacinações, vermifugação etc.; Registro contábil de despesas com veterinário, medicamentos, vacinas, vermífugos etc.; e de receitas com a venda dos produtos.

Manejo alimentar Planejamento alimentar

Reprodutor: Volumoso

Concentrado - antes e durante a estação de monta

0,300 - 0,500 kg/an/dia

Ovelha: Volumoso

Concentrado: Flushing reprodutivo

0,300 - 0,500 kg/an/dia

Gestação: Volumoso

Melhor pastagem 60 dias pré-parto

Feno (500gr)

Silagem (3 a 4 kg)

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ou 1 kg de feno e 2 ou 3 kg de silagem

Concentrado: 300gr/an/dia

Lactação: Volumoso

Concentrado : 400 a 500 gr/an/dia

Cordeiro: Aleitamento

A partir dos 2 meses: Volumoso à vontade

Concentrado: 200 a 300 g/an/dia;elevando 100g/m até alcançar 1 kg/dia, em regra, 3% do p.v. de matéria seca e 10% de matéria verde.

6 Semanas: 1,5 a 2 kg feno/dia de concentrado

Fornecimento de água e sal mineral a todas as categorias, à vontade. Observação: - Alimentação para gestação: é responsável pelo crescimento do feto e formação dos folículos responsáveis pela produção de lã; - Cordeiro - aleitamento: responsável pelo desenvolvimento dos folículos existentes; - Ovelhas em lactação: produção de leite e lã (Proteína) Considerando que os requerimentos nutricionais dos animais e as disponibilidades dos pastos variarem consideravelmente durante o ano, um bom esquema de manejo é aquele que é adequado aos períodos de maior necessidade alimentar dos animais (prenhez, lactação, crescimento) com os períodos de maior disponibilidade de pastos, todavia, isto depende das condições climáticas que varia muito a cada ano. Entretanto, o emprego de normas adequadas permite melhorar os principais parâmetros que caracterizam uma produção deficiente: - alta mortalidade dos cordeiros nascidos em relação ao número de ovelhas acasaladas; - pouco desenvolvimento dos animais na fase de crescimento; - baixa quantidade de lã produzida por animal e - alta porcentagem de lã de categoria inferior. Ao programar suas atividades, o produtor deve ter claros os seguintes aspectos que incidem diretamente na sua produção: - o momento de acasalar, sinalar e desmamar os cordeiros; - o momento de tosquiar; - o momento de dosificar, vacinar, banhar os animais e - quando selecionar os animais. Tem-se observado que a falta de conhecimento sobre alimentação, entre a maioria dos criadores, é um dos fatores que mais contribui para a baixa produtividade das diferentes espécies e pelo manejo inadequado dos rebanhos em diferentes épocas e em determinadas circunstâncias. Os nutrientes reconhecidos como essenciais são, geralmente, classificados de acordo com as propriedades químicas, físicas e biológicas em 6 grupos: água, hidratos de carbono, proteínas, gorduras, minerais e vitaminas. Necessidades nutricionais - Água: auxilia na dissolução ou suspensão de outros nutrientes; responsável pela conservação da forma do corpo e é vital no controle da temperatura corporal. Ela representa ao redor de 70% da composição do corpo do cordeiro, O ovino consome 1 -6 l/d. - Hidratos de carbono ou glicídios: os açúcares, o amido e a celulose são hidratos de carbono que apresentam quase a mesma composição química, mas difere no processo de digestão pelo organismo animal. O hidrato de carbono não contém N, que é o elemento característico das proteínas, por isso, são encontrados como E.N.N. (açúcares, amido, hemicelulose) a outra parte dos hidratos de carbono são chamados de fibra bruta (celulose e outros glicídios). O valor destas duas frações para os ovinos se apresenta sob dois aspectos: 1º- a parte fibrosa dá volume à ração, fator importante na alimentsação dos herbívoros; 2º- a fração dos hidratos de carbono solúveis funciona como fonte de energia de utilização imediata. - Proteínas: são formadas nas plantas pelo nitrogênio, fosfatos e outros sais obtidos do solo e combinadas com o carbono, oxigênio e hidrogênio. As proteínas que o ovino consome são quase exclusivamente de origem vegetal. As folhas e as sementes das plantas são fontes ricas em proteínas. A qualidade da proteína, nos ruminantes é sintetizada desde que receba materiais necessários, os diferentes aminoácidos, que são por sua vez formadores de proteínas. A principal função das proteínas é construir ou reparar os tecidos, que constituem os músculos, pele, órgãos internos, parte do tecido ósseo e nervoso. A lã é constituída por um composto protéico, a queratina. Os ovinos necessitam da proteína para o crescimento, reprodução, crescimento de 11, além da reposição de tecidos e fluidos do organismo. - Gorduras: possuem os mesmos elementos químicos que os hidratos de carbono, porém, com menor proporção de oxigênio. Nos vegetais, pastos,

fenos e silagens, o termo gordura, não diz respeito a gordura, propriamente dita, mas também outras substâncias esteróis, ceras, fosfolipídios, clorofilas, carotenos e outros pigmentos vegetais. Nas sementes, porém, o seu conteúdo em gordura, representa gordura verdadeira. A função da gordura é destinada a produção de calor e energia. - Minerais: são indispensáveis para o animal e aumentam grandemente o valor da forragem. Os elementos minerais mais importantes geralmente contidos nos alimentos são; cálcio, fósforo, potássio, magnésio, sódio, ferro, cobre, enxofre, iodo, zinco, cloro e cobalto. Destinam-se, no organismo animal a atender às seguintes finalidades: - formar os ossos e dar-lhes a necessária rigidez; - constituir uma parte dos músculos, células do sangue e lã; - integrar as substâncias solúveis que compõem a parte líquida do corpo; - estimular a absorção dos alimentos e preservar de decomposição os princípios orgânicos consumidos; - tonificar todos os sistemas do organismo animal, reforçando a resistência as doenças. A quantidade de minerais contidos nas plantas forrageiras será diretamente proporcional ao teor desses alimentos contidos no solo. - Vitaminas: importante para perfeito estado de saúde dos animais. Vitamina "A" - sintetizada pelo animal à partir do caroteno das plantas: deficiência; cegueira noturna, perda de apetite, aborto, natimorto, infecções respiratórias é importante na reprodução; fonte;- forragens verdes, principalmente fenos; Vitamina "K" - anti-hemorrágica, função: garantir a saúde dos vasos capilares. Os ruminantes a sintetizam no rúmen; Vitamina "D" - regula a assimilação do Ca e P, evitando o raquitismo. É sintetizada pela presença do sol; Vitamina "E" - importante na reprodução, está presente na maioria das forragens. A doença muscular branca em cordeiros é resultante de uma deficiência de vitamina E. Vitamina "C" - é sintetizada pela maioria dos animais, sua inclusão é necessária para os cordeiros recém-nascidos. Vitamina "B" - é sintetizado pelo rúmen do animaL O complexo B estimula o apetite, protege contra distúrbios nervosos e gastrointestinais e é essencial para a reprodução e lactação. Alimentos: Pastagens, Fenos e silagens, Palhadas e Concentrados Introdução Planejamento na forma de pastagens e preparo de alimentos complementares (rações e [ ] - concentrados); cuidados especiais com a sanidade do rebanho (vacinas, vermifugação e banhos sanitários), acompanhamento da cobertura, gestação e parto dos animais (assim como a sua desmama) e os preparativos para a tosquia e abate são os principais itens de manejo na ovinocultura. Alimentação: Os ovinos possuem a capacidade de aproveitar alimentos fibrosos e grosseiros como capins, ramos e palhas. Isto se deve à constituição do aparelho digestivo - características dos ruminantes quando apresentam o estômago muito desenvolvido e dividido em retículo, rúmen, omaso e abomaso. A capacidade de digestão e o aproveitamento de forragem, dependerão da eficiência de seu desempenho e da qualidade nutricional das forragens ou outros materiais fibrosos oferecidos como parte maior da dieta. Pesquisas realizadas em várias espécies ruminantes mostram que o ideal é o fornecimento mínimo de 50 a 70% da MS da dieta na forma de volumoso. Portanto, a alimentação dos ovinos deve ser feita basicamente à pasto, havendo necessidade de suplementação somente em situações especiais. O fornecimento excessivo de concentrado, também pode favorecer a ocorrência de problemas fisiopatológicos nos animais, tais como, timpanismo, cetose, enterotoxemia e diarréias. Hábito de pastejo: pasteja de preferência gramíneas, realizando corte uniforme e baixo nos vegetais, a medida que andam pela pastagem, já as

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raças deslanadas tendem a apresentar um comportamento semelhante ao dos caprinos, ingerindo uma quantia considerável de ramos e folhas fazendo um pastejo mais seletivo e menos uniforme. Outro aspecto importante do comportamento dos ovinos em pastagem é o fato de evitarem pasto alto (acima de sua altura). Nessa situação, o plantel tende a permanecer na periferia do posto, penetrando na pastagem somente após o rebaixamento do mesmo, através do pastejo ou pisoteio por bovinos ou roçadeiras. Forrageiras adequadas: Se for considerado o hábito de pastejo do ovino, de pastejo baixo, ou seja, colhe as forragens bem próximas ao solo, as forrageiras mais indicadas são; Pangola (Digitaria decumbens c. v. Pangola) , Estrela Africana (Cynodon plectastachyns), Pensacola (Paspalum notatum), Coast-Cross (Cynodon dactdon), e Quiquio (Penninsetun Clandestinum). Outras forrageiras podem ser utilizadas, desde que manejadas baixas, como; Capim de Rhodes (Chlorys Gayanus), Andropogon (Andropogon Gayanus) e algumas variedades de Panicum (Centauro, Tanzânia). Estas forrageiras são muito bem aceitas pelos ovinos e apresentam bom valor nutricional. Em regiões de clima ameno, pode-se fazer uso de forrageiras de inverno como a Aveia Preta (Avena Strígosa) ou o Azevém (Lolium Multzflorum), quando são anuais. A escolha das forrageiras utilizadas nos pastos se baseará nas características de clima e solo da região onde se localiza a propriedade, sendo interessante utilizar mais de uma espécie, este método garantirá maior variedade de nutrientes oferecidos, além de representar uma garantia adicional quanto á diminuição da ocorrência de pragas, doenças, intempéries climáticas, já que diversas forrageiras se comportam de maneira diferente diante das condições ambientais. O consórcio gramínea/leguminosa em pastagem para ovinos é um procedimento aconselhável, não só no âmbito da nutrição (eleva o nível de proteína da dieta) como também melhora a produtividade da pastagem, devido à capacidade das leguminosas, em fixar N atmosférico pelas bactérias (Rhizobium) que vivem em simbiose com suas raízes. Pastos-vegetação Sem uma boa alimentação, é inútil pensar-se em raças especializadas. Esta é necessária para a economia e o aperfeiçoamento de um rebanho, pois é sabido que as raças especializadas são conseguidas em boa parte, com os cuidados com a alimentação. Os ovinos preferem pastos rasteiros, vegetais baixos, forragens finas, macias, leguminosas, arbustos. Preferem lugares altos, descampados, secos e permeáveis. Fogem às umidades das baixadas, os campos de carrapichos. Escolhem campos abrigados dos fortes ventos por eucaliptos e outros arvoredos que lhes servem de proteção. Os ovinos produziram mais, recebendo boa alimentação. Daí ser necessário cultivar forrageiras de alto valor nutritivo. As pastagens devem ser racionalmente divididas, e o emprego de arame liso.Algumas forrageiras recomendadas: - Capim de Rhodes: muito utilizado na formação de pastagens; é bem aceito pelos ovinos tem bom valor nutritivo. - Trevo Branco: ótimo para a formação de pastagem, consorciado com outras forrageiras. Prefere solos argilosos, mas adapta-se a qualquer qualidade de terreno. - Grama Bermuda: a sua utilização para ovinos é grande, capim de crescimento rápido, boa cobertura do terreno, resistente ao pisoteio e a seca, muito rústica. Boa palatabilidade e valor nutricional. - Capim Quiquio: forma densos gramados, de folhas estreitas, colmos finos, enraíza com facilidade, resiste ao pisoteio, ao fogo e ao frio. - Aveia Perene: gramínea muito precoce, produtiva, resistente ao frio, adapta-se a diversos tipos de solos, não muito exigentes. E utilizada como forragem de inverno, podendo ser pastejo direto ou cortada para feno ou forragem verde. - Azevém: gramínea não exigente em solo, vegeta bem em locais de boa umidade (sem água estagnada). É bem aceita tanto no pastejo como fenada. Pode ser consorciada com frevo, alfafa. - Setária Anceps: resistente á seca, pouca exigência em solos, tolerante á geada (menor teor de oxalato), usada para pastejo ou fenação. - Centrozema pubescen; leguminosa, trepadeira, pouca resistência ao frio, geada, vegeta bem tanto em solos pobres como férteis, resistente à seca. Usada principalmente para pastoreio. Lotação e Manejo dos pastos: um dos aspectos mais importantes no manejo das pastagens é a determinação da carga animal que permanecerá no pasto. Considera-se a produtividade da forrageira utilizada em MS e o consumo médio diário de um animal adulto 3% PV em MS. A lotação pode ser estimada de 8 a 10 an./ha., sendo que este número poderá ser maior ou menor, conforme as condições ambientais.

Aguadas: permanentes correntes; na ausência há necessidade de construção de bebedouros. Tranqüilidade: não é necessário recolhe-las à noite em abrigos, podendo ficar solta no campo. Deve ter abrigos para os ovinos se protegerem das grandes chuvas e ventos fortes (pode-se empregar bosques de eucaliptos). Evitar presença de cães, que são inimigos naturais. Sistema de pastejo Contínuo: diminui a necessidade de cerca e bebedouros e como desvantagem é o menor aproveitamento da forragem disponível; Rotacionado: melhor aproveitamento da forragem (controla a intensidade e a uniformidade de pastoreio), facilita o controle de verminose (o período de descanso diminui o nível de infestação de larvas sob a ação radiação solar e ventos). Períodos de descanso 35 a 42 dias. Sazonalidade de produção de pastagens: dependendo das condições climáticas de cada região estas determinarão duas estações definidas - chuva ou calor e seca com temperaturas baixas. Essas duas estações provocam, nas espécies forrageiras, um ritmo de crescimento bastante intenso na estação das águas em confronto com baixas taxas de crescimento no período seco. Esse problema poderá ser contornado com a utilização de fenos e silagens ou produção das forrageiras de inverno (como aveia, azevém ou centeio). Exigências Nutricionais As exigências nutricionais dos ovinos, em proteína, energia, minerais e vitaminas, variam em função de: Raça: as mais precoces e de grande porte, como as especializadas na produção de carne, em geral apresentam maior exigência nutricional que as produtoras de lã ou mistas. Já as raças deslanadas tendem a serem ainda menos exigentes; Idade: os animais mais jovens apresentam maiores exigências nutricionais , em razão do maior ritmo de crescimento; Categoria ou situação fisiológica: as exigências nutricionais variam significativamente conforme o estado fisiológico apresentado pelo animal. A gestação, particularmente, em seu 1/3 final, e a lactação, levam a um aumento dessas exigências. Animais doentes, em fase de tratamento e recuperação, exigem maiores cuidados nutricionais; Em criações extensivas onde os animais têm que percorrer grandes distâncias entre áreas de pastejo, cocho de sal ou bebedouros, as necessidades nutricionais, principalmente energéticas, tendem a ser maiores que as de animais em pastagens menores e mais produtivas. Em geral, os ovinos podem ser mantidos exclusivamente em regime de pasto, tendo sempre à disposição água e sal mineral à vontade. Em determinadas épocas do ano pode ser necessário o fornecimento de forragem conservada como complemento alimentar. Também são recomendáveis suplementares algumas categorias, como ovelhas no 1/3 final de gestação, e lactação, cordeiros desmamados e reprodutores em serviço. Alimentação de animais de Cabanha: a instalação é adotada para reprodutores e matrizes de alta linhagem, bem como animais que estão sendo preparados para exposição ou cordeiros (machos e fêmeas) destinados à venda para reprodução. Estes animais são mantidos na cabanha para que se possa dar uma alimentação mais adequada de modo que estas categorias manifestem todo o seu potencial genético. A alimentação destes animais pode ser feita basicamente de 2 formas; a primeira, com ração completa, ou seja, já com o volumoso incluído, ou fornecendo separadamente, o volumoso (capineira/feno) mais o concentrado. Na segunda opção, fornecimento de volumoso e concentrado, o volumoso (feno, capineiras ou silagem), deve estar sempre à disposição do animal e apresentar boa qualidade. Manejo dos cordeiros Aleitamento artificial para cordeiros fracos: (nascidos de partos múltiplos) com o fornecimento de colostro nos primeiros dias, leite de ovelha até o 300 dia e após leite de vaca (fazer adaptação prévia) e óleo de soja (01 colher sopa/500 ml de leite) até o desmame (média de 02 meses); desmame tardio de 03 a 04 meses. Fornecer a partir do 7º dia feno e ração à vontade de boa qualidade. Os cordeiros poderão ser confinados a partir do 2º mês de idade (evitando-se a exposição à verminose). Para a engorda mais rápida, pode-se oferecer ração 150 g/an./dia, sal mineral e água devem ser fornecidos à vontade. Obs.: Aborto é muito freqüente nas ovelhas, sendo as causas mais comuns as pancadas, os apertões nas porteiras. Para um bom aleitamento é preciso que as ovelhas sejam bem alimentadas, tenha bom pasto e suplementação com ração, aveia, alfafa, silagem. Nem sempre a ovelha aceita com facilidade o seu cordeiro, sendo forçoso habituá-la com a sua presença, o que se consegue colocando a cria em pequeno curral, obrigando a mãe a deixá-lo mamar, até que fique acostumada

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a isso. Esse fato é freqüente na raça Merina, que requer maior vigilância que as outras. Práticas com os cordeiros Desmama - 3 a 4 meses: gradualmente com fornecimento de ração, os animais são liberados algumas horas com a mão e aumentar gradativamente o número de horas de separação, levado somente à noite para mamadas; - após 03 dias, separação total das mães. 2 meses (vantagens): menor infestação verminótica nos cordeiros separados das mães; - uma vez separados os cordeiros comem mais pasto, apresentam um maior crescimento, pois não dependem do leite materno; - sem o cordeiro a ovelha produz mais lã e chega em melhor estado ao próximo encarneiramento; - marcação sobre a lã no costado com tinta removível na lavagem industrial (Bayer, Cooper), tatuagens, brincos. Castração - do 15º ao 30º dia: aumenta a qualidade da carne, ou 5º ao 15º dia; observar os cuidados necessários com a higiene e a desinfecção da área operada. - Métodos: faca/pinça ou torquês, sendo este o mais indicado pois evita hemorragia e infecção. Promove o esmagamento dos cordões espermáticos obstruindo a irrigação sanguínea nos testículos, que perdem suas qualidades e degeneram ou anel de borracha. Descola: método dos anéis nas primeiras 30 horas de vida, ou cirúrgica até o 100 dia para evitar hemorragia grave. Assinalamento: utilizam-se tatuagens, chapas de pressão ou brincos. Marcação: para classificar o rebanho segundo a idade, grau de sangue, parentesco, etc. Realizadas na região do lombo e paleta. Geralmente com ferro de marcação de bovinos, molhando-se em tinta e aplicando sobre a lã. Deve ser remarcado sempre que a marca inicial for dissolvida ou enfraquecida pela ação do sol. Derrabagem: seu objetivo é favorecer a estética e higiene dos animais (evitar acúmulo de fezes e terra). Feita na primavera (setembro), na mesma ocasião em que são assinalados e castrados. - Procedimento: cauda é cortada próximo à base, com medidas diferenciadas para macho e fêmeas, o que facilita a identificação dos sexos. Utiliza-se faca em forma de cunha (aquecida em brasa) ou anel de borracha. Confinamento Os melhores resultados para terminação de cordeiros para abate ou recria de machos são obtidos com cordeiros confinados. As principais vantagens são: - Menor taxa de mortalidade, pois, quando confinados os cordeiros, praticamente elimina-se o problema de verminose, a principal causa de morte de cordeiros durante a recria; - Máximo aproveitamento da área disponível, pois não haverá necessidade de reservar uma área para desmame dos cordeiros. Esta área (25% da área ocupada pelas matrizes) pode ser utilizada para elevar o número de fêmeas produzindo cordeiro. Sua desvantagem está no elevado custo, principalmente com alimentação e mão-de-obra que deve ser mais bem preparada. Optando-se pelo confinamento dos cordeiros, estes devem ser recém-desmamados (45 a 90 dias) e estar em bom estado físico e sanitário. Os melhores animais para confinamento são os provenientes de cruzamento industrial, pois devido à heterose, apresentam excelente ganho de peso. Com relação às instalações, pode-se utilizar mangueiras, barracões, cercados ou mesmo a própria cabanha. O piso pode ser ripado, cimentado ou de terra, evitando-se, no entanto, a existência de locais onde a água fique empossada e onde nasçam gramíneas. As coberturas totais são desnecessárias. Estas podem cobrir somente a linha de cochos e fornecer alguma sombra aos animais. A área a ser considerada para cordeiros até 30 kg é de 0,60 m2/an., em instalações totalmente cobertas e 5,0 m2/an. quando somente a linha de cocho é coberta. Cuidados a serem tomados: - Consumo de alimento: 3 a 4% P.V. - Deve-se programar sempre a mais, para evitar mudanças de ingredientes da ração, bem como dos níveis, de energéticos, e proteína, que poderão causar atrasos e perdas de peso; - Sal mineral deve estar sempre à vontade; - A castração e a descola são necessárias aos cordeiros confinados, executando-se machos e fêmeas que seriam recriados para reprodução; - A tosquia no início do confinamento poderá aumentar o consumo de alimentos e conseqüentemente o ganho de peso; - Deve-se formar lotes com idade e tamanho homogêneos, para diminuir o efeito da dominância; - No caso de usar feno como volumoso na ração, aconselha-se picar e mistura-lo ao concentrado, a fim de evitar perdas e aumentar o consumo deste ingrediente; - Deve-se vermifugar os cordeiros antes de entrarem no confinamento;

- Quinze dias antes do desmame, os cordeiros devem ser vacinados contra enterotoxemia, carbúnculo sintomático e gangrena gasosa (Sintomatina polivalente) com uma dose de reforço 15 a 21 dias após a primeira.

Lã É o mais importante produto da exploração extensiva de ovinos. Pode ser classificada de acordo com as características das fibras e a qualidade do velo. Um ovino passa a dar boa lã a partir dos dois anos de idade. A época da tosquia varia de acordo com a raça, o clima da região e com o amadurecimento de certos vegetais, como as leguminosas, cujas sementes aderem ao velo, desvalorizando a lã. De modo geral, é feita uma vez por ano, no início da estação seca, evitando se assim o aparecimento de doenças pela exposição dos animais à chuva. A tosquia manual é feita com tesoura -martelo e a mecânica com maquina de tosquiar. Uma pessoa hábil tosquia manualmente 30 animais em oito horas de trabalho (1 animal/16 min). Com a máquina de tosquiar de uma ovelha pode ser feita em cerca de 6 minutos, de modo que é possível tosquiar 80 a 100 cabeças/dia. Após a tosquia o animal fica muito cansado e em estresse e deve descansar em bom pasto até que esteja recuperado. Carne A carne de ovino tem, em média 274 cal/100 g - ou o mesmo que a carne bovina, mas é mais digestível que a carne de bovina e suína. A utilização vai dos 30 aos 18 meses de idade. Os ovinos destinados ao corte são divididos em classes de acordo com a idade e sexo, bem como em tipos, conforme a conformação, qualidade e acabamento. Classes - Cordeiro: até 7 meses de idade, de ambos os sexos; peso vivo 15 a 25 Kg, carne rosada e lisa. - Borrego: ente 7 e 15 meses de idade; peso vivo 30 a 45Kg, carne mais vermelha que a do cordeiro. - Capão: macho com mais de 15 meses, castrado ainda quando cordeiro; coloração vermelha intensa. - Ovelha: fêmea adulta com idade acima de 15 meses; P.V. acima de 35 Kg, carne vermelha escura. - Carneiro: macho adulto, não castrado, com idade superior a dois anos; carne pouco atraente pelo aspecto, consistência e sabor. A carne de ovelhas e carneiros são mais utilizadas para o preparo de embutidos. Peles Produzidas por raças especializadas, como a Carakul e obtida de peles de cordeiros nonatos (sacrifica a ovelha antes do parto para retirada do cordeiro, para aproveitar a sua pele especial, denominada no comércio de Breitschawanz), recém-nascidos (Astracã) ou com mais de três semanas (Persianas). No Brasil, a raça produtora de peles resistentes e flexíveis é a deslanada do Nordeste. Podem ser comercializadas verdes, secas ou salgadas. As verdes são as de extração recente, que não sofrem nenhum tipo de tratamento; as secas são secas naturalmente, ao ar, as salgadas, são submetidas a com sal comum A classificação das peles ovinas está sujeita ao Decreto No. 6.921 de 05/03/41. Leite e derivados O leite é rico em extrato seco, gordura e matérias albuminóides, indicados para a produção de queijos; a produção chega a 2,5 litros diários (nas raças não - leiteiras 0,5 a 1,0 litro), por 3 a 4 meses. O leite de ovelha se presta a produção dos queijos tipo Cuartirolo, Canestrato e Pecorino (de massa mole, semidura e dura, respectivamente); Roquefort, Gorgonzola e Ricotta. Esterco Rico em matéria orgânica e elementos minerais, utilizados depois de curtido (perda de 1/3 do peso) Tripas Além de ser utilizada para envolver alimentos, principalmente na fabricação de salsichas e lingüiças, a tripa de carneiro é empregada para a confecção do categute - fio empregado na medicina para suturas. Cobaias Utilizados para experimentação na área de cirurgia e para obtenção de sangue, utilizado para pesquisas na área de imunologia e como complemento para testes com finalidade diagnostica na área de patologia clinica (hemáceas de carneiro) Tosquia Introdução Durante a tosquia, o criador obtém o resultado de 1 ano de cuidados. A tosquia, que deve ser feita pelo menos uma vez por ano (preferencialmente nos meses de outubro/novembro e dezembro) por pessoa treinada, com tesoura manual ou mecânica. O produtor deve dedicar-se aos cuidados da

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tosquia, desde alguns dias que antecede seu inicio, até sua conclusão. Da eficiência deste serviço, dependerá, sensivelmente , a valorização comercial a ser obtida pelo produto. Com exceção dos deslanados, mesmo nos rebanhos comerciais para carne, a tosquia é prática indispensável. A época da tosquia deve ser relacionada às condições do clima e período de maturação das plantas cujas sementes podem aderir a lã. O inicio da primavera (mudam de região para região) é, portanto, o motivo para se planejar o serviço e adotar medidas prévias para a obtenção de um preço mais remunerativo da lã. Cuidados Preliminares - A lã não deve ser tosada molhada ou úmida, pois isto favorece o aparecimento de fungos e bactérias. Deixar um lote de animais encerrados durante a noite para que o serviço no dia seguinte seja iniciado com estes animais, enquanto os outros sejam ao sol. - O piso sobre o qual será realizada a tosquia deve ser mantido limpo, para que a lã não seja contaminada e desvalorizada por sujeira no momento da classificação. - Os animais encerrados durante a noite não devem ficar muito apertados, de modo a não sujarem de fezes uns aos outros (evitar a superlotação). - Com vistas à adequada ordenação do serviço previamente ao inicio da tosquia deve ser realizada a classificação do rebanho em categorias: borrega (os), capões, carneiros e ovelhas. - Deve-se evitar que os animais corram pelas mangueiras, para que a lã não seja contaminada pela poeira. - Proceder à última limpeza do rebanho, de modo a deixar os animais aptos a tosquia, isto é, livres das sujeiras e cascarrias. Retirar e separar toda a lã manchada pelas fezes e urina. Cuidados durante a tosquia - Orientar os tosadores para não realizarem "recortes" na lã. Isto é extremamente prejudicial por reduzir o comprimento normal das fibras, o que pode desvalorizar substancialmente o produto. - As lãs de pata e barriga devem ser separadas das lãs do velo, de modo a evitar a realização do desborde é conseqüentemente a desvalorização da lã no momento da classificação. - Deve ser iniciada pelas borregas(os), capões e carneiros. As ovelhas de cria devem ser tosadas por último. - A tosquia deve ser realizada em piso de concreto ou madeira, para evitar que a lã seja contaminada pela terra. - Os ovinos pretos devem ser tosados separadamente após os demais. Cuidados pós-tosquia - Para evitar contaminação e conseqüente desvalorização das lãs de maior valor, toda a lã preta ou portadora de fibras pretas entremeadas no velo deve ser embolsada em separado das lãs normais. O mesmo procedimento deve ser aplicado no caso das lãs amarelas. - Visando a correta classificação e valorização da lã, é essencial que o levantador de veios seja orientado para sempre colocar a lã da região da paleta, para o lado de fora. Assim o velo, ao ser atado, deixa exposta a primeira vista, a lã de melhor qualidade e preço. - Os velos devem ser atados com "fio de papel". Os plásticos ou sintéticos contaminam a lã. - O "fio de papel" deve ser utilizado, também para fechar as bolsas. Não costurar com fio de nylon, ou de polipropileno. - As bolsas utilizadas para acondicionar a lã devem ser de juta. Não utilizar sacos de adubo ou de fios sintéticos (nylon). - Nunca as bolsas de lã devem conter excesso de peso. Se isto acontecer é provável que o embolsador tenha rebentado parte dos velos, o que desvaloriza a lã na classificação. Sendo a tosquia a finalização do processo de criação dos animais destinados a produção de lã, este é o momento do criador avaliar o progresso de sua experiência, selecionando os ovinos que apresentam melhores velos em peso e qualidade e evitando a reprodução dos animais inferiores em qualidade e rendimento. Preparação dos velos Segundo o método australiano, após o processo da tosquia, os velos são colocados sobre uma mesa para serem desembaraçados as lãs de barriga e perna, que são lãs de qualidade inferior, separando-as das demais. Em seguida o velo é dobrado longitudinalmente pelas bordas laterais e enrolado partindo da região da cauda para a cabeça, sendo então amarradas no fio especial de papel. Podem ser atada com a própria lã, que é retorcida em forma de corda e depois de passada em sua volta, mantém bem atadas as lãs que compõem o velo. Não devem ser colocadas juntas com os velos as lãs manchadas de recortes, de pelego, pretas, com detritos ou sementes, para evitar que a produção seja desvalorizada. São enfardados separadamente.

Observações: Os animais depois de tosquiados devem ter seus ferimentos tratados a fim de evitar bicheiros; Devem ser soltos em local sombreado, para evitar a exposição ao sol e provocar "stress térmico"; Trinta dias após a tosquia, quando os ferimentos estiverem cicatrizados, deve-se fazer o banho de imersão, prática preventiva contra parasitas externos repetindo o banho, 14 dias depois. Na ausência da banheira anti-sárnica, deve-se fazer a pulverização, tomando cuidado para não deixar nenhuma parta dó corpo sem ser atingida pela solução. Manejo sanitário Os principais mecanismos no controle sanitário são as vacinas, dosificações, banhos e normas de manejo. Todavia, o método mais efetivo para um bom controle sanitário é iniciar-se com ovinos sadios, assegurar-se que todo o animal que entra na propriedade esteja livre de doenças, (os animais adquiridos devem ser vacinados, banhados e dosificados antes de serem incorporados ao rebanho), e, finalmente, manter um programa sanitário. Vermifugação A verminose pode ser considerada um dos principais problemas que afetam ovinos, sendo mais critica nos animais em crescimento. Dependendo do grau de infestação, os parasitas provocam perda corporal, e no crescimento e qualidade da lã, chegando a causar mortalidade; nos animais em crescimento, pode também comprometer a produção futura. Devemos considerar 2 tipos de populações de parasitas ovos e larvas nas pastagens, e larvas infectantes e parasitas adultos no animal. As dosificações devem ser acompanhadas com normas de manejo tanto do animal como das pastagens. De uma maneira geral, o objetivo principal de um controle parasitológico deve ser o de reduzir ou eliminar os efeitos adversos dos parasitas através de métodos práticos e econômicos. Os principais métodos de controle da verminose são as dosificações estratégicas e as baseadas em exames de fezes. Exemplo: antes do acasalamento, após a parição, após o período de chuvas com temperatura elevada, na incorporação de novos animais, na troca de piquetes, na entrada de pastagens cultivadas, na sinalação, após a tosquia e ao desmame. Banho Uma vez ao ano os ovinos devem ser banhados para mantê-los livres de piolhos e sarna. Os rebanhos previamente afetados devem receber dois banhos seguidos, com intervalos de 10 a 12 dias. É fundamental banhar todos os animais ao mesmo tempo. Teoricamente a melhor época para banhar os animais e entre 4 a 6 semanas após a tosquia. Considera-se que nesse tempo as feridas decorrentes dos cortes durante a tosquia estejam cicatrizadas, evitando-se assim a possibilidade de contaminação durante o banho e também, porque o conteúdo graxo que recobre a fibra de lã tende a secar, permitindo uma melhor penetração do inseticida. Aspectos a serem considerados: Preparar o banho 2 a 3 dias de antecedência, limpando o banheiro, checando os boxes de secagem e o sistema de drenagem e medindo corretamente a quantidade de água a ser usada; Seguir as recomendações técnicas do fabricante do produto; Deixar presos os animais na noite anterior, com suficiente água, para reduzir a contaminação do banheiro pelas fezes e evitar a ingestão do produto pelo consumo de água; Banhar com tempo bom, iniciando e terminando cedo para assegurar que todos os animais banhados estejam secos ao anoitecer; Banhar todos os animais, pois bastam poucos parasitas num animal não banhado para provocar uma infestação em todo rebanho; Banhar primeiro os carneiros. Cordeiros não desmamados devem ser banhados separados das ovelhas; Cada animal deve permanecer entre 20 a 40 segundos, dependendo da quantidade da lã, devendo a cabeça ser submersa 2 vezes; Manter os animais após o banho nos boxes de drenagem até o termino do escorrimento da água, deixando-os secar completamente antes de levá-los aos

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poineiros; Recarregar adequadamente o banheiro segundo as instruções do fabricante; Na "descarga" do banheiro, evitar a contaminação de cursos de água ou alimentos passíveis a serem usados pelo homem ou animais. Observação dos animais Para que a criação de ovinos tenha sucesso, alguns cuidados essenciais não podem ser esquecidos. O criador deve correr diariamente a criação para verificar nascimentos, óbitos e doenças; deve também observar os cascos periodicamente, corta-los e trata-los se necessário. Ferimentos devem ser desinfetados e tratados com medicamento repelente de insetos para evitar o aparecimento de miiases, problema comum em ovinos. As principais causas de mortalidade entre os cordeiros são a hipotermia logo após o nascimento e as verminoses, principalmente a haemonchose; entre os adultos, a podridão do casco (foot-rot). Todas podem ser, evitadas Com manejo higiênico sanitário correto. Efetuar manejo dirigido à prevenção conta verminoses (rodízio de pasto/espécie), febre aftosa e carbúnculo (vacinações), além dos cuidados básicos de higiene sempre que forem realizadas intervenções como castração, descola e até mesmo tosquia, desolhe ou cascarreio. Higienizar instalações, pastos e piquetes. Vacinar as ovelhas prenhes contra enterotoxemia e tétano no terceiro mês de gestação e os filhotes contra aftosa no terceiro mês de vida (revacinações a cada 4 meses). Fazer exame de fezes e vermifugar o rebanho periodicamente. Não descuidar da alimentação, procurando oferecer pasto de boa qualidade, suplementando, se necessário, com feno; fornecer ração e sais minerais. Examinar a fonte de água (natural ou artificial) e manter bebedouros limpos. Descartar animais fracos ou doentes, pois comem mais do que produzem; e evitar a presença de gatos pois podem transmitir doenças aos ovinos. Principais doenças e profilaxia Infecciosas Aftosa - causada por vírus (A, O e C), afeta ovinos de todas as idades, provocando aftas na mucosa bucal, úbere, coroa e unha; as lesões transformam-se em porta de entrada para infecções bacterianas secundárias, resultando em manqueira. A prevenção é feita por meio de vacinação do rebanho a cada 4 meses (primeira aos 3 meses) e isolamento dos animais doentes. Carbúnculo hemático: (antrax) - causado pelo Bactilus anthracis, esporulado, resistente, presente em tecidos, sangue, secreções de animais; solo, forragens e água; contaminação por ingestão ou inalação, causando febre hemorrágica, fatal na forma aguda. Carbúnculo sintomático: causado pelo Clostridium chauvei, esporulado, resistente, que penetra no organismo através de feridas em mucosas; afeta ovinos jovens, provocando o aparecimento de tumores no pescoço e quartos posteriores e a manifestação de febre, inapetência, apatia e freqüentemente a morte entre 12 e 16 horas; para prevenção, vacinação dos cordeiros com 4 meses, repetindo-se após um ano. Diarréia dos cordeiros: causa por coliformes, produz debilidade, depressão, cólicas e fezes líquidas; a mortalidade é alta quando não é feito tratamento; profilaxia por meio de alimentação controlada, higiene, proteção dos filhotes e separação dos doentes. Ectima contagioso (dermatite pústular): causada por vírus dermotrópico, afeta ovinos de todas as idades e também o homem (zoonose), provocando pequenas bolhas nos lábios dos cordeiros ou na coroa do casco, vulva ou prepúcio dos adultos, evoluindo para pústulas e depois crostas como verrugas. A profilaxia é feita pela vacinação dos cordeiros aos dois meses e do rebanho uma vez, pois a imunidade é duradoura. Brucelose ovina: causada pela bactéria Brucela ovis, afeta ovinos de todas as idades provocando aborto e epididimite; pode ser transmitida ao homem através do leite. Não existe tratamento e a prevenção é impedir a entrada de animais positivos em um rebanho sadio; animais positivos devem ser eliminados. Tétano: toxemia causada pelo Clostridium tetani, anaeróbio esporulado, resistente, causando rigidez muscular de membros posteriores, cabeça mastigação demorada, deglutição difícil resultando freqüentemente na morte do animal. Para prevenção, vacinar as fêmeas prenhes 2 meses antes do parto e os cordeiros aos 3 meses; revacinar em caso de ferimento.

Pododermatite (foot-rot, manqueira): causada pelo bacilo Sphaerophorus necrophorus, produz inicialmente inflamação e congestão dos tecidos e a seguir descola do estojo córneo, com necrose do tecido, formação de grandes coleções purulentas, impedindo o aprumo normal e provocando a manqueira. Para evitar o aparecimento da doença, manter os animais em terreno seco, observar os cascos a cada 3 meses e aparar o excesso caso necessário, evitar pastos contaminados e isolar os doentes. Pneumonia: geralmente secundária, pode ser causada por vírus, bactérias, fungos, vermes e corpos estranhos; provoca febre, inapetência prostração, respiração difícil (membros anteriores abertos). A doença pode ser evitada se os animais forem mantidos em locais secos, sem correntes de ar, especialmente após a tosquia ou banhos terapêuticos. Enterotoxemia: causada pelo bacilo anaeróbico Clostridium perfringens, que é encontrado normalmente no solo e no trato intestinal dos ovinos; em animais superalimentados pode haver uma multiplicação exagerada, com produção de exotoxina, que atua nos intestinos provocando cólicas, diarréia fétida, sintomatologia nervosa, com excitabilidade até convulsão, ranger de dentes, movimentos de pedalar, podendo provocar morte súbita. A profilaxia é feita por meio da vacinação das ovelhas 3 semanas antes do parto e dos jovens 15 dias antes da desmama. Oftalmia contagiosa (peste de chorar): causada por microorganismos, do gênero Moraxella caracteriza-se por fotofobia, conjuntivite e alteração da córnea, a propagação da doença é favorecida pela presença de moscas e quando os animais são submetidos a stress alimentar ou ambiental e a profilaxia depende do isolamento e tratamento dos doentes. Doenças parasitárias Sarna (psoríase): causada principalmente por ácaros do gênero Psoroptes equi v. ovis, forma lesões externas, formando placas e crostas, com prurido e queda da lã com menos freqüência, pode ser causada pelo Chortoptes bovis. Piolho: infestação por insetos da ordem Anoplura, principalmente pelos grupos chamados sifunculados e malófagos; com perda de peso, coceira, lã empastada e com falhas. Bicheiras ou miiases: infestações por larvas de moscas, principalmente da espécie Callitroga americana, que depositam ovos em feridas e crostas de sangue; as larvas penetram na carne, causando inquietação, e coceiras; as pontas de lã puxadas podem ser um sinal da ocorrência da doença. Oestrose (rinite parasitária): bicheira casa por larvas da mosca Oestrus ovis, que se localizam nas fossas nasais e seios frontais dos ovinos; os sintomas mais comuns são espirro e agitação. Carrapatos: a espécie Boophtlus microplus é a mais comum em ovinos e parasitam principalmente animais recém tosquiados ou deslanados; provoca irritação e emagrecimento. Verminose: é a mais freqüente causa de mortalidade entre os ovinos, especialmente dos cordeiros. O principal parasita é o nematóide Haemonchus contortus, que se aloja no estômago, causando anemia, prostração, inapetência, diarréia, lã áspera pela falta de lanolina. Eimeriose: causada principalmente pelo protozoário Elmeria arloingi, provoca depressão, emagrecimento e diarréia sanguinolenta em cordeiros. Broncopneumonia verminótica: pneumonia causada a principalmente pelo helminto Distyocaulus fylaria; provoca tosse seca, respiração difícil, fadiga e emagrecimento até a caquexia. Fasciolose (baratinha-do-fígado): causada pela Fasciola hepática, que em uma fase de vida se multiplica em caramujos e na fase adulta parasita o fígado dos ovinos. Distúrbios Metabólicos Hipotermia: afecção que ataca cordeiros recém nascidos expostos a baixas temperaturas ao nascer ou que são abandonados pelas mães; também pode afetar os cordeiros que tiveram dificuldade para mamar o colostro; pode ser evitada com vigilância dos piquetes maternidade para assistência aos cordeiros. Toxemia da prenhez: afeta ovelhas prenhes com fetos duplos ou triplos, que foram sub ou super alimentadas, provocando depressão nervosa com apatia,

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incoordenação e cegueira na fase final. A alimentação adequada evita o aparecimento da doença. Cálculos: podem ocorrer na uretra em ovinos alimentados com pouco verde e ração muito rica em fosfato, causando retenção de urina e morte por uremia. Amostras para exame laboratorial - Fezes: resfriadas ou mergulhadas em formol a 10 % - Suspeita de doença infecciosa: osso longo (canela), limpo, em lata bem fechada, mantido em refrigeração até a remessa; - Exame bacteriológico: fragmentos de órgãos mergulhados em glicerina e água (em frasco esterilizado); - Suspeita de tumores: fragmentos de órgãos em formol a 10 %. - Identificação de parasitas: vermes em solução salina com formol e ácido ascético. Caprinos Validação do Sistema Alternativo de Criação de Caprinos A caprinocultura é uma atividade desenvolvida em todos os municípios do Piauí, principalmente por pequenos criadores. É uma atividade que desempenha importante função socioeconômica, como geradora de renda (comercialização de animais, carne e peles) e como fonte de proteína de alto valor biológico para as populações de baixa renda (consumo de animais nas propriedades). Apesar das potencialidades da caprinocultura para auxiliar no desenvolvimento do Piauí e, especialmente, para a melhoria das condições de vida das populações de baixa renda, inexistem, na maioria dos sistemas de criação, os procedimentos básicos relacionados com o uso de instalações, manejo reprodutivo, alimentar e, principalmente, sanitário. Instalações e Fases de Criação dos caprinos O chiqueiro recomendado para a criação de caprinos deve ser rústico, destinado ao abrigo e manejo dos caprinos. Deve ser construído utilizando materiais existentes na propriedade, tais como madeira redonda e palha de babaçu ou carnaúba para a cobertura, com piso de chão batido (Figura 16).

Figura 16. Modelo de chiqueiro de chão batido, recomendado para o sistema alternativo de criação de caprinos. O tamanho do chiqueiro deve ser definido de acordo com a dimensão do rebanho, recomendando-se uma área útil de 0,8 m2 a 1,0 m2, para cada animal adulto. É importante que o chiqueiro apresente, internamente, pelo menos quatro divisões (Figura 17), destinadas para lotes de animais nas seguintes fases de desenvolvimento.

Figura 17. Planta baixa do modelo de chiqueiro para o sistema alternativo de criação de caprinos, com capacidade para 100 animais.

• Cabras em estado avançado de gestação (próximas à parição) e cabras recém-paridas.

• Animais em fase de reprodução (matrizes e reprodutores).

• Cabriteiro (animais em lactação).

• Cabritos desmamados. A primeira divisão deve dar acesso a um piquete com pastagem nativa ou cultivada. Esta área permite manejar adequadamente as cabras próximas à parição e as cabras recém-paridas, evitando a ação de predadores e a ocorrência de miíases (bicheiras) nos animais recém-nascidos. Em cada uma das divisões reservadas tanto aos lotes de cabras próximas à parição e as recém-paridas, quanto para os animais em reprodução e desmamados, devem ser colocados cochos para sal mineral para a suplementação dos animais. Os cochos podem ser feitos de pneus, de tábuas ou de troncos ocos encontrados na propriedade e devem ficar posicionados a uma altura de 0,50 m do solo, podendo, sobre eles, ser colocado um protetor, constituído por ripa ou arame, a uma altura de cerca de 0,30 m acima da altura do cocho, para evitar a entrada de animais. Manejo Sanitário

Verminose, Linfadenite caseosa ou mal-do-caroço, Ectima contagioso ou boqueira, Pododermatite ou frieira, Pediculose (piolhos), Miíases ou

bicheiras, Sarna Os caprinos são acometidos por várias doenças, entre as quais, a linfadenite caseosa (mal-do-caroço), o ectima contagioso (boqueira), a pododermatite (frieira), além das doenças causadas por ectoparasitas, como piolhos, miíases (bicheiras) e sarnas e, principalmente, aquelas causadas por endoparasitas (verminose). Verminose A verminose é uma doença causada por helmintos ou vermes que vivem, principalmente, no abomaso (coalho) e intestinos dos animais, podendo atacar todo o rebanho. Quando acometidos pelos vermes, os caprinos se tornam fracos, magros, com pêlos arrepiados, apresentando diarréia, edema submandibular (papada) e anemia. A verminose é a doença que mais mata caprinos, sobretudo, os animais mais jovens. Os seus principais prejuízos são:

• Diminuição dos índices de parição.

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• Diminuição do crescimento dos animais.

• Diminuição da produção de leite.

• Aumento do número de mortes no rebanho. Recomenda-se vermifugar periodicamente todos os caprinos da propriedade, a fim de evitar que animais não medicados venham a contaminar os pastos com os ovos dos vermes presentes nas suas fezes. Pesquisas realizadas sobre o controle da verminose no Estado do Piauí ressaltam a necessidade de se realizar cinco vermifugações por ano, sendo três no período seco e duas no período chuvoso. Na época seca há poucas condições de sobrevivência das larvas dos vermes nas pastagens. A vermifugação, nesse período, reduz a infecção no animal e evita que o mesmo fique com uma carga muito grande de vermes na época das chuvas. Verificar na embalagem do produto, a quantidade de dias que o produtor deve esperar para utilizar o leite e a carne dos animais vermifugados (carência), se o produto é indicado para o rebanho caprino e qual a quantidade que deve ser aplicada em cada animal. É importante observar, no momento da compra do vermífugo, a validade ao produto. A dose do vermífugo depende do peso de cada animal. Se o criador estimar o peso do animal de modo empírico (no olho), ele deve ter o cuidado de calcular a dose do produto para um peso superior ao estimado, já que uma dose abaixo das necessidades do animal, além de não controlar os vermes, causa também a resistência destes ao produto. Os produtos utilizados no controle da verminose dos caprinos são anti-helmínticos com vários princípios ativos (Tabela 17). Recomenda-se mudar o princípio ativo a cada ano, a fim de evitar que os vermes adquiram resistência. O criador poderá optar por produtos que apresentem preços menores ou por produtos que sejam encontrados mais facilmente nos locais de venda. Tabela 17. Principais anti-helmínticos utilizados no controle da verminose dos caprinos.

A melhor maneira de aplicar vermífugos nos caprinos é por via oral, porque é mais prático e evita o uso de injeções, que podem ajudar a espalhar o "mal-do-caroço" ou outras doenças (Figura 19). Além disso, o vermífugo administrado por via injetável pode provocar intoxicação e matar o animal, se a dose aplicada for maior do que a recomendada.

Figura 19. Forma de aplicação de vermífugo por via oral. No sistema modelo conduzido na comunidade Boi Manso, a implementação do programa de vermifugação estratégica, com vermifugações nos meses de janeiro, abril, junho, agosto e outubro resultou em redução significativa da carga parasitária nos caprinos, estimada pelo número de ovos por grama de fezes (OPG), obtido antes e após o início das vermifugações (Figura 20).

Figura 20. Representação do ciclo de vida dos principais vermes dos caprinos. Dentre as medidas que auxiliam no controle da verminose, destacou-se:

• Limpeza das instalações diariamente (Figura 21)

• Desinfecção das instalações uma vez por mês, utilizando produtos como: formol comercial a 5%, cal virgem a 40%, Iodophor a 1% e hipoclorito de sódio a 2%.

• Remoção e manutenção das fezes acumuladas em locais distantes.

• Vermifugação do rebanho ao trocar de área.

• Rotação de pastagens.

• Controle da superlotação nas pastagens.

• Incorporação ao rebanho de animais adquiridos em outros locais, somente após a sua vermifugação.

Figura 21. Higiene das instalações. Linfadenite caseosa ou mal-do-caroço É uma doença contagiosa, causada por uma bactéria que se localiza nos linfonodos ou landras, produzindo abscessos ou caroços. Os caroços podem aparecer em vários locais e sua presença causa desvalorização da pele e também da carne. É importante evitar que os abscessos se rompam naturalmente. Portanto, quando o caroço estiver mole, ou maduro, o criador deve fazer o seguinte:

• Cortar os pêlos e desinfectar a pele, no local do caroço, com solução de iodo a 10%.

• Abrir o abscesso para a retirada do pus.

• Aplicar a tintura de iodo a 10% dentro do caroço.

• Aplicar o mata-bicheiras para evitar varejeiras.

• Queimar o pus retirado e limpar os instrumentos utilizados.

• Isolar os animais doentes. Além do corte do caroço, deve-se examinar os animais no momento da compra, tendo o cuidado para não adquirir aqueles que apresentem tal

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problema. Quando animais do rebanho apresentarem caroço por duas ou três vezes seguidas, devem ser descartados. Ectima contagioso ou boqueira É uma doença contagiosa causada por vírus, que ocorre com mais freqüência nos animais jovens podendo, entretanto, atingir também os adultos. Inicialmente, aparecem pequenos pontos avermelhados nos lábios. Posteriormente, há formação de pústulas que se rompem, secam e se transformam em crostas, semelhantes a verrugas. Além dos lábios, pode haver formação de pústulas na gengiva, narinas, úbere e em outras partes do corpo. Os lábios ficam engrossados, sensíveis e os cabritos têm dificuldade de se alimentar, vindo a emagrecer rapidamente. Para evitar que os animais atingidos por essa doença venham a contaminar o rebanho, os seguintes cuidados devem ser tomados:

• Isolamento dos animais doentes.

• Retirada das crostas com cuidado.

• Uso de glicerina iodada:

• Iodo a 10% - 1 parte

• Glicerina - 1 parte

• Uso de pomadas cicatrizantes. Pododermatite ou frieira É uma doença contagiosa, causada por bactérias. Provoca uma inflamação na parte inferior do casco e entre as unhas. Ocorre com maior freqüência no período chuvoso, quando os animais são mantidos em áreas encharcadas. O sinal mais evidente da doença é a manqueira. Os animais têm dificuldade para andar, permanecem quase sempre deitados, se alimentam mal e emagrecem, podendo vir a morrer. Para o tratamento da frieira, são recomendados os seguintes procedimentos:

• Separação dos animais doentes do restante do rebanho.

• Realização da limpeza dos cascos afetados.

• Tratamento das lesões com alguns desinfetantes.

• Solução de tintura de iodo a 10%.

• Solução de sulfato de cobre a 15%.

• Solução de ácido pícrico (cascofen). Nos casos graves, recomenda-se a aplicação de antibióticos. Entretanto, existem meios para prevenir a ocorrência de frieiras, tais como:

• Manutenção das criações em lugares secos e limpos.

• Aparação periódica dos cascos deformados.

• Construção de pedilúvio na entrada dos chiqueiros, devendo abastecê-lo uma vez por semana, com desinfetantes específicos. O pedilúvio deve ser construído e localizado de modo a forçar os animais a pisarem nesses materiais quando de sua entrada nos chiqueiros. O volume da solução a ser utilizado com qualquer dos produtos deve ser suficiente para cobrir os cascos dos animais.

O pedilúvio consiste em um tanque feito de tijolos e argamassa de cimento, que deve ser construído na entrada do curral, aprisco ou chiqueiro. Tem a finalidade de fazer a desinfecção dos pés dos animais. Dimensões do pedilúvio:

• 2,0 m de comprimento.

• 0,10 m de profundidade.

• Largura: correspondente à largura da porteira.

• Proteção lateral com cerca de arame liso ou ripas de madeira de 1,20 a 1,40 m de altura.

Os seguintes desinfetantes podem ser utilizados no pedilúvio:

• Solução de formol comercial a 10%.

• Sulfato de cobre a 10%.

• Cal virgem diluída em água a 40% (alternativo de criação de caprinos).

Pediculose (piolhos) As criações de caprinos que não possuem as condições higiênicas satisfatórias, geralmente apresentam-se infestadas por piolhos. Existem dois tipos de piolhos: mastigador (Malófago) e sugador (Anoplura). Os piolhos ocorrem durante todos os meses do ano, porém, com maior intensidade na época seca. A presença dos piolhos em um rebanho pode ser facilmente detectada pelo exame dos pêlos dos animais, preferencialmente, na

linha dorso lombar e na garupa. No entanto, os piolhos podem se localizar em outras regiões do animal, causando coceira e irritação da pele, inquietação e emagrecimento, podendo levar os animais à morte. Os piolhos podem ser controlados mediante pulverização ou banho dos animais com produtos a base de piretróides (produtos de baixa toxicidade). Também pode ser utilizada uma calda a base de Melão-de-São-Caetano. Essa calda deve ser bem forte, podendo ser obtida a partir de um quilo de folhas verdes de Melão-de-São-Caetano para cada 10 litros de água. As folhas devem ser maceradas ou trituradas e misturadas à água. Após esse processo, a mistura deve ser filtrada (coada) com pano e utilizada para banhar os animais. Quando da aplicação de produto químico para controle dos piolhos, os seguintes cuidados devem ser tomados:

• Aplicar o produto de preferência pela manhã.

• Misturar o produto com água, de acordo com a recomendação do fabricante.

• Repetir o tratamento após dez dias. Para evitar a ocorrência de piolhos nos caprinos, devem ser realizadas inspeções periódicas do rebanho, para detectar a possível ocorrência do parasita. Além disso, deve-se evitar a entrada de animais com piolhos na propriedade. Miíases ou bicheiras As miíases ou bicheiras são causadas por larvas de moscas conhecidas como varejeiras. As bicheiras podem causar problemas sérios, como a destruição do úbere e dos testículos, além de causar otites e outras complicações, desvalorizando a pele do animal. A mais importante causadora de miíases é a mosca Cochliomyia hominivorax, de coloração verde-metálica (mosca varejeira). Os animais com bicheiras ficam sem apetite, inquietos e magros. Se não forem tratados podem morrer. As bicheiras devem ser tratadas com substância larvicida, limpeza da ferida, retirada das larvas e aplicação de repelentes e cicatrizantes no local afetado, diariamente, até a cicatrização. Entretanto, estas podem também ser evitadas pelo tratamento do umbigo dos animais recém-nascidos com tintura de iodo a 10% e mediante o controle das moscas, através da limpeza nas instalações. Devem-se tratar todas as feridas que forem vistas nos animais, principalmente na época chuvosa. A tintura de iodo a 10% pode ser obtida através dos seguintes ingredientes:

• Iodo em pó 10 g

• Iodeto de Potássio 6 g

• Álcool 95 ml

• Água destilada 5 ml Caso o criador não disponha dos ingredientes necessários à confecção da tintura, pode adquirir o produto já pronto nas farmácias. Sarna A sarna é uma parasitose causada por ácaros, que são parasitas muito pequenos, medindo menos de 1 mm. Os caprinos, geralmente, são acometidos pela sarna auricular, conhecida como caspa do ouvido, e sarna demodécica, conhecida como bexiga, que danifica o couro do animal. a) Caspa do ouvido

• Realizar a limpeza do ouvido, retirando as crostas com algodão embebido em uma solução de iodo a 10%.

• Usar sarnicida no local.

• Usar repelentes para evitar bicheiras. b) Bexiga

• Não comprar animais com bexiga.

• Controlar a superlotação nos apriscos.

• Tratar os animais doentes com ivermectin, aplicado por via subcutânea, a uma dose de 0,2 mg por quilograma de peso vivo, em uma única dose.

Os animais doentes devem ser separados e tratados com sarnicida de uso tópico ou geral. Aqueles animais que, porventura, não melhorarem com a aplicação do remédio devem ser descartados do rebanho. Manejo Alimentar

Fabricação de feno de feijão-guandu, leucena e rama de mandioca, Mineralização, Mistura múltipla, Fornecimento de água

Os caprinos são animais capazes de sobreviver em condições de alimentação

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escassa e de baixa qualidade, entretanto, nessas condições, o seu desempenho é pouco satisfatório, ficando comprometido. É necessário, portanto, que os caprinos disponham de alimento de boa qualidade e em quantidades que satisfaçam suas necessidades durante o ano, resultando em aumento da produção e gerando mais lucros à atividade. Normalmente, a fonte principal de alimentos advém da própria vegetação nativa da região, cujas folhas e ramos são bastante apreciados pelos caprinos. Assim, na escolha de uma propriedade para criação desses animais, deve ser dada preferência àquelas cuja vegetação nativa seja do tipo caatinga, ou matas onde existam Unha-de-Gato, Mororó, Jurema Preta, Camaratuba, Maria Preta, Pau Ferro, etc., que são excelentes fontes de alimento. Já as regiões de chapadas, que possuem capim agreste, não são adequadas para a criação de caprinos. Dentre as espécies com potencial para alimentação de caprinos, destacam-se as seguintes: Mororó - Também conhecida como Pata-de-vaca. Os animais ingerem as folhas verdes ou secas. Jurema - Existem a branca e a preta. Os caprinos dão preferência aos brotos novos e às vagens. Sabiá - Também é conhecida como Unha-de-Gato. É uma das plantas preferidas pelos caprinos. Na época das chuvas, eles comem as brotações novas e no verão, as folhas secas e vagens caídas. Camaratuba - Planta nativa que existe, principalmente, na região semi-árida. Apresenta grande valor para a alimentação dos caprinos e permanece verde durante todo o ano. Calopogônio - Suas ramificações e sementes são peludas. Produz grande quantidade de sementes e ramas, que são apreciadas pelos caprinos na época seca, na forma de feno natural. Pau-Ferro - Também conhecido como Jucá, fornece folhas e vagens para alimentação dos caprinos. Jitirana - É um cipó que produz muitas ramas e floresce no final da estação chuvosa. Os animais apreciam suas ramas no período das chuvas e as folhas fenadas naturalmente no período seco. Feijão bravo do piauí - Os animais comem sua folhagem, tanto no período das chuvas como na seca. Faveira-de-bolota - Produz vagens com grande valor na alimentação dos rebanhos, no período mais seco do ano. Os animais ingerem as vagens e as flores. Além das plantas citadas, outras espécies nativas da região podem apresentar potencial para a alimentação de caprinos, como o Mofumbo (Figura 22).

Figura 22. Planta de mofumbo, espécie nativa com potencial para alimentação de caprinos, encontrada na Comunidade Boi Manso, Regeneração, PI. Apesar da disponibilidade de alimentos oriundos da vegetação nativa, é possível realizar o seu melhoramento. As pastagens nativas podem ser melhoradas de várias maneiras, sendo a principal o raleamento, que consiste na eliminação de plantas que não servem como alimento para os caprinos, diminuindo o sombreamento e a competição com as plantas desejáveis. Associada à eliminação das espécies indesejáveis, o criador pode efetuar a semeadura de gramíneas como o capim Andropogon, no local em que se realizou o raleamento. Entretanto, embora a vegetação nativa represente uma importante fonte de alimentos para os caprinos, esses animais apresentam, sobretudo em algumas fases de criação, exigências diferenciadas necessitando, portanto, de suplementação alimentar. Normalmente, os animais apresentam maior

exigência nutricional durante as fases de pré-parto, pós-parto e lactação sendo essas, portanto, as fases recomendadas para se efetuar a suplementação alimentar, além da necessidade de se suplementar também, os reprodutores. Na fase de pré-parto, a suplementação supre as necessidades da matriz para a formação final do feto. Na fase de pós-parto, a suplementação supre às necessidades para a manutenção e para a produção de leite da matriz, além de prepará-la para o próximo período de gestação. Na fase de lactação, recomenda-se a suplementação alimentar com alimento de boa qualidade para o lactente, a fim de suprir possíveis deficiências maternas, principalmente no caso de partos duplos, e estimular o desmame precoce, disponibilizando a matriz para um novo ciclo reprodutivo. A suplementação alimentar pode ser obtida a partir de subprodutos ou restos das culturas agrícolas, capineiras previamente instaladas na propriedade ou ainda bancos de proteína. O banco de proteína pode ser implantado com leguminosas como leucena e feijão-guandu, que são ricos em proteína. Feijão-guandu: Planta que cresce até três metros de altura, produzindo ramos e vagens de grande valor na alimentação animal. A parte aérea do guandu pode ser fornecida aos animais de várias formas: transformada em feno, verde picada em forrageira, e seca, moída, transformada em farelo. O primeiro corte das plantas de guandu pode ser realizado aos 90 dias após o plantio e, daí em diante, a cada oito semanas no período das chuvas ou de seca, no caso de cultura irrigada. O corte deve ser feito a 80 centímetros de altura. Leucena: Planta perene, rica em proteína, muito apreciada pelos animais. A sua parte aérea pode ser fornecida aos animais na forma de feno, triturada verde para ser consumida no cocho ou para melhorar a qualidade da silagem. A leucena pode ser usada, também, em pastejo direto. Nesse caso é necessário que o criador tenha muito cuidado com o manejo, pois os caprinos podem ingerir a casca das plantas provocando a sua morte. Deve-se levar em conta o fato de que a leucena possui uma substância venenosa, a mimosina, que pode intoxicar os animais se for consumida em dieta exclusiva. Por isso, não deve ultrapassar a proporção máxima de 20% do volume total de alimentos consumidos diariamente pelos caprinos. Os restos de culturas agrícolas também podem representar uma importante fonte de alimentos aos caprinos, visto que todo ano, perde-se grande quantidade de palhas, cascas e grãos resultantes da colheita, além de cascas, grãos quebrados, sabugos etc., resultantes do beneficiamento da produção das culturas. Esses restos de cultura podem ser utilizados na alimentação dos caprinos, podendo ser usados em pastejo direto no campo ou armazenados para serem fornecidos aos animais em épocas de escassez de alimentos. Exemplo de material promissor para alimentação de caprinos, mas que geralmente são perdidos no campo, são os restos da cultura da mandioca, que são compostos pela parte aérea (folhas e ramos) e pelos subprodutos da fabricação de farinha, como as cascas, crueiras e aparas. Esses produtos podem ser secados ao sol e fornecidos, logo em seguida, aos caprinos ou ensacados e armazenados para serem utilizados em época de falta de alimentos. O fornecimento desse material, quando verde, deve ser evitado, já que a mandioca brava apresenta elevadas concentrações de ácido cianídrico, que pode provocar a morte dos animais. É importante ressaltar que o produtor deve oferecer aos animais uma alimentação que apresente um balanço de energia e proteína. As cascas, aparas e crueiras da mandioca são ricas em energia, enquanto que os ramos e as folhas possuem elevados teores de proteína. Fabricação de feno de feijão-guandu, leucena e rama de mandioca A fenação é um processo utilizado para conservar a sobra de forragem existente em períodos de fartura, para ser utilizada nos períodos de escassez. O feno é um alimento que pode ser feito na propriedade, utilizando feijão-guandu, leucena, rama de mandioca, gramíneas ou outras plantas e serve para alimentar os animais, principalmente no período de seca. O processo de fenação é feito seguindo as etapas:

• Corte das plantas: Leucena: 40 cm de altura; Guandu: 80 cm de altura; Mandioca: Terço superior da planta (folhagem).

• Trituração de ramos e folhas, para reduzir o tempo da secagem. A trituração do material deve ser feita com um triturador de forragem munido de lâminas.

• Secagem do material em piso cimentado ou terreiro de chão batido, revirando o material todo, após uma hora de exposição e diariamente, duas vezes pela manhã e duas à tarde.

• Ensacar o material seco e guardá-lo em local seco e ventilado. Mineralização

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Consiste no fornecimento de sal mineral de boa qualidade, à vontade, a todos os animais. Tal prática aumenta a saúde do rebanho e o seu desempenho produtivo. Já nos rebanhos em que essa prática não é adotada ou que não é feita de modo adequado, as taxas de natalidade e de crescimento são menores e a incidência de doenças é maior. O sal mineral é uma mistura composta por sal comum, uma fonte de fósforo e cálcio (farinha de ossos ou fosfato bicálcico) e micronutrientes, nas seguintes proporções:

• 50% de sal comum.

• 49% de farinha de ossos calcinada ou fosfato bicálcico.

• 1% de micronutrientes. Mistura múltipla Consiste em uma mistura de alimentos e produtos químicos que serve para suplementar o rebanho, devendo ser fornecida à vontade aos animais. No caso de optar pelo uso da mistura múltipla, o uso de sal mineral pode ser dispensado. Para a elaboração de 100 kg dessa mistura, são necessários os seguintes componentes:

• 27 kg de milho triturado.

• 16 kg de farinha de ossos calcinada ou fosfato bicálcico.

• 10 kg de uréia pecuária.

• 15 kg de farelo de algodão ou de soja.

• 30 kg de sal grosso iodado.

• 1,3 kg de flor de enxofre.

• 0,6 kg de sulfato de zinco.

• 0,08 kg de sulfato de cobre.

• 0,02 kg de sulfato de cobalto. Fornecimento de água Os caprinos precisam constantemente de água limpa e de boa qualidade. Quando a água disponível for de açude, lagoa ou tanque cavado, o criador deverá protegê-la, evitando que os animais entrem para que não haja contaminação. É preferível que os caprinos tenham acesso à água corrente, entretanto, caso isso não seja possível, pode ser utilizado um bebedouro rústico feito de cimento, sendo necessário lavar duas vezes por semana. Reprodução Expectativa de Produção O sistema alternativo de criação de caprinos prevê um plantel estabilizado com a seguinte configuração:

• Reprodutor: 1

• Matrizes: 30

• Cabritos: 25-30

• Desmamados: 30-35 No sistema de criação conduzido na Comunidade Boi Manso, a unidade modelo apresentou, no período de janeiro a julho de 2002, um bom desempenho evolutivo do plantel, conforme os dados constantes na Tabela 18. Tabela 18. Evolução do plantel do sistema alternativo de criação de caprinos, no período de janeiro a julho de 2002, na Comunidade Boi Manso, Regeneração, PI.

O monitoramento do desempenho do plantel de caprinos é uma ferramenta extremamente útil na detecção de problemas passíveis de serem solucionados com medidas simples. A coleta das informações referentes à evolução do rebanho caprino é bastante simples e pode ser obtida mediante preenchimento periódico de fichas, conforme modelo:

Ficha 4. Modelo de ficha para controle mensal do plantel de caprinos.

Sistemas de Criação

1. EXTENSIVO o animais criados soltos, exclusivamente a pastos o sistema característico de grandes propriedades o o animal sofre com variações de clima, quantidade e

qualidade de alimentos o animais destinados, principalmente, à produção de carne

e peles o sistema característico da região Norte do Brasil

2. SEMI-EXTENSIVO o animais permanecem a pasto apenas parte do dia,

recebendo suplementação alimentar em cochos o sistema adotado tanto para a produção de carne, quanto

para a produção leiteira 3. INTENSIVO

o sistema característico de pequenas e médias propriedades

o requer maior investimento e mão-de-obra especializada o sistema adotado, quase que exclusivamente, à produção

leiteira o o animal recebe alimentação balanceada em cochos o sistema característico das regiões Sul e Sudeste do

Brasil A nomenclatura "intensiva" e "extensiva" não se aplica à criação de ovinos. O que se considera é que existem as criações menores, desde as domésticas até as de tamanho médio, e aquelas de larga escala com sólida infra-estrutura de manejo, estas são, consideradas criações extensivas. Recentemente tem sido incentivados o sistema de confinamento, com a criação em cabanhas e fornecimento de ração balanceada. Nesse sistema, semelhante ao que ocorre no confinamento de bovinos, o custo é maior mas permite a produção de animais precoces e livres de verminoses, com abate entre 60 e 120 dias, com peso médio entre 30 e 35 kg. Criações Domésticas Lotes pequenos (7 a 10 ovelhas x 1 macho), utilizando os animais para capinar pomares ou para acompanhar outras criações (como bovinos e eqüinos) e culturas (café, citrus). Para o pasto, com até 10 animais em um hectare, sem baixadas úmidas e com árvores para sombreamento, é suficiente para um ano (Capim Pangola, Quiquio, CoastCross, Seda). Se não tiver pasto suficiente, forneça alimentação no cocho. Os piquetes devem ser de arame liso com 1,24 m de altura, com espaçamento menor na parte inferior, e ter unia fonte de água (natural ou bebedouro) e cocho de sal mineral. O melhor é dividir uma área de até dois hectares em quatro piquetes e fazer rodízio a cada 10 dias (1 mês de descanso/piquete). Pequena criação comercial A partir de 30 animais, a criação já pode ser considerada comercial e a escolha da raça depende das proximidades do mercado para lã, carne ou leite e derivados. Utilizar 1 carneiro com idade acima de um ano e meio para cada 30 ovelhas. Nesse tipo de criação, além da alimentação mencionada para a criação doméstica, é recomendável um reforço diário à base de grãos, especialmente para ovelhas que pariram gêmeos. Na época da seca, complementar com fenos, silagens ou ração. Adicionar farelo de soja com uréia pecuária ao cocho de sal mineral (fonte de proteína suplementar). Se a criação for para corte, o desmame dos cordeiros deve ocorrer aos 3 meses; para leite, aos 10 dias, fornecendo leite de vaca com (250 ml/dia com 1 colher de sopa de óleo de soja por litro). Criação de tamanho médio Recomenda-se que a criação seja mista (lã e cordeiros para o abate), com uni rebanho de 100 a 150 cabeças e algumas das raças recomendadas são a

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Corriedale, Ideal e Romney Marsh A escolha de bons machos reprodutores é fundamental para o sucesso da criação, que devera contar com boa infra-estrutura (cercas, divisões para separar os animais de acordo com sexo e idade, pastagens, abrigos, aguadas etc.). E possível fazer consorciamento com gado, alternando os rebanhos bovino e ovino, mas deixando pastar somente bovinos adultos para evitar contaminação exagerada dos piquetes com verminoses comuns às duas espécies. Criação em larga escala Para grandes extensões de terra, são criações que comportam de 200 a 1000 cabeças, calculando 3 cabeças por hectare; são utilizadas principalmente as raças Merino, Ideal, Corriedale, Romney Marsh, para as regiões mais úmidas (Sudeste); e as deslanada e Somalis, em regiões mais quentes e secas (Nordeste). Instalações Infra-estrutura De acordo com o tamanho do rebanho será necessário formar bons pastos, que devem ser suficientes para poder dispensar suplementação; recomenda-se fazer uma análise do solo para correção de deficiências (calagem). O pasto deverá ser preferencialmente em terras altas, divididos em piquetes para fêmeas gestantes e recém-paridas, borregos e borregas, reprodutores, cordeiros de 2 a 6 meses, capões e ovelhas solteiras. Se não houver aguada natural no local de pastagem, providenciar bebedouro~ higiênicos, que deverão ser mantidos sempre limpos. Se não existirem abrigos naturais, como árvores de boa copa ou bosques, construir abrigo rústico de sapé, com capacidade compatível com o tamanho do rebanho; sob o abrigo, providenciar cocho para sal mineral. As cercas entre piquetes deverão ser construídas com mourões a cada 10 m, intercalados com 4 ou 5 balancins; formada com seis a sete fios de arame liso, e recomenda-se que o primeiro, de baixo parass cima, esteja a 10 cm do solo e a seguir o espaçamento entre eles seja, consecutivamente: 18, 22 e 28 cm para os demais, numa altura total de 1,24 m. Quando em consórcio com bovinos, recomenda-se o espaçamento 10, 15, 20, 25, 30 e 30 cm, com altura total de 1, 30m. Se necessário, construir uni aprisco (cabanha) para proteção, próximo às pastagens, em terreno seco e ensolarado. A construção poderá ser rústica, com piso ripado (1,5 cm de espaçamento), elevado a 1 metro do solo, pé direito de 2,5 m para uma boa aeração e com paredes de 1,50 m de altura. A área recomendada por cabeça e de 1,5 m2. A cabanha é recomendada quando a criação for para produção de matrizes e reprodutores e deve ter divisões internas (boxes) medindo 2 x 2m a 2 x 3m cada um, com comedouro e bebedouro. É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em mangueiras e bretes, para os trabalhos de vacinação, marcação, descola, vermifugação etc., de acordo com o tamanho do rebanho (recomenda-se 1 m2/cabeça). Para contenção, seringa em área coberta, com tronco de 90cm de altura x 50cm de largura no alto e 30cm em baixo; pedilúvio de 10 cm, e banheira anti-sárnica profunda, para imersão, com curral para escoamento contíguo para evitar desperdício do produto. Todo o corredor lateral da seringa deve ter piso à 50cm do solo, para facilitar os trabalhos. Para rebanhos grandes, é necessário um galpão de tosquia. O pasto é o principal alimento dos ovinos e quando este é de boa qualidade a suplementação pode ser mínima É preferível fornecer pastagens mistas, formadas por gramíneas e leguminosas. Devido ao sistema de criação adotado (extensivo larga escala), deve-se providenciar piquetes para as diversas categorias: ovelhas de cria e seus cordeiros; ovelhas velhas e falhadas, capões, borregos (as), ovelhas terço final da gestação, etc. As ovelhas de cria são separadas, segundo a qualidade de suas lãs ou por seu grau de sangue. Quando o plantel possui "pedigree" destinar piquetes de melhor qualidade e de fácil vigilância. Os carneiros reprodutores, fora da época de monta, são postos em boxes separados ou outras construções. Utilizar a construção de abrigos nos piquetes para a proteção dos animais contra chuvas e ventos fortes. É indispensável a construção de banheiro sarnífugo para o combate da sarna. Deve possuir escorredouro, currais e bretes para separação e mangas de contenção. As mangas e os bretes devem ser aparelhados de modo a permitirem a aplicação de vacinas, vermifugações e demais tratamentos e operações que se fazem no rebanho. A construção de um galpão apropriado para a tosquia ou tosa, é necessário, devendo o mesmo ser feito nas proximidades dos currais e bretes, para evitar movimentação e despesas ao criador. Nas grandes propriedades deve-se prever a construção de bretes giratórios, destinados à inseminação artificial.

Implementos para manejo do rebanho - tesoura/alicate para aparar os cascos - pistola de vermifugação - tesoura - martelo para tosquia (ou tosquiador elétrico) - elastrador e anéis de borracha para descola (e castração) - torquês de Burdizzo para castração - tintas pata marcação - material para identificação (alicate, brincos) - balança - calha para apara de cascos - pinças, agulhas e seringas hipodérmicas - se necessário, material para inseminação artificial: vaginoscópio, seringa de micro-doses e tronco para coleta de sêmen. Ficha zootécnica Manter livro/ficha de registros gerais do rebanho e individual dos animais do rebanho; cobertura, nascimentos, óbitos, doenças, vacinações, vermifugação etc.; Registro contábil de despesas com veterinário, medicamentos, vacinas, vermífugos etc.; e de receitas com a venda dos produtos. PESCADOS CRIAÇÃO RACIONAL DE PEIXES INTRODUÇÃO O Brasil e a região cacaueira têm um dos maiores potenciais do mundo para o desenvolvimento da piscicultura, particularmente devido ao seu clima, diversidade de espécies, quantidade e qualidade de água e tipos de solo. Essas condições e a carência alimentar da maioria dos brasileiros torna o potencial da criação de peixes uma exigência social. 01. TIPOS DE PISCICULTURA Extensiva É aquela praticada em reservatórios, lagos, lagoas e açudes que não foram construídos para o cultivo de peixes, mas para outra finalidade, a exemplo de bebedouro de animais, geração de energia elétrica etc.. Este tipo de piscicultura apresenta os menores índices de produtividade uma vez que a alimentação dos peixes depende da produção natural dos corpos d’água. A taxa de estocagem utilizada é de um peixe para cada 10 m2. Semi-intensiva É a criação de peixes praticada em aguada disponível na propriedade, geralmente viveiro de barragem, e que o homem contribui com alguns melhoramentos a exemplo do enriquecimento da água com adubações - orgânicas ou inorgânicas, visando aumentar a quantidade de alimentos naturais - fitoplâncton e zooplâncton, e com a oferta aos peixes de subprodutos disponíveis na propriedade tais como mandioca, milho, frutas, verduras, etc. A taxa de estocagem utilizada é de 3 a 5 peixes por m2. Intensiva Essa criação é realizada em viveiros projetados especialmente com o fim de se criar peixes. Os viveiros possuem sistema de abastecimento e escoamento controlados e são povoados com peixes de valor comercial, a taxa de estocagem é programada como manda uma criação comercial de alta produtividade e, para aumentar o crescimento dos peixes usa-se, além da fertilização, a ração balanceada. Para a criação ser economicamente viável, a ração deve proporcionar elevada conversão alimentar capaz de promover um crescimento rápido, e o peixe, por sua vez, deve alcançar alto valor de mercado. Os parâmetros ligados à qualidade da água nos viveiros devem ser monitorados através de equipamentos próprios. Considerando a taxa de estocagem a ser utilizada, necessário se torna a renovação periódica - geralmente à noite - da água do viveiro ou a utilização de aeradores para elevar o nível de oxigênio dissolvido A produção estimada é de 10.000 a 15.000 kg de peixe por hectare/ano.

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Superintensiva É a criação de peixes realizada em ambientes confinados – tanques-rede, fabricados de materiais não perecíveis onde uma única espécie de peixe é cultivada em alta densidade de povoamento. Os peixes são alimentados somente com ração balanceada, preferencialmente na forma extrusada. Os tanques-rede são utilizados em lagos, grandes reservatórios e em rios de pequeno fluxo. As águas desses locais devem ser livres de poluição e bem oxigenadas. Os tanques-rede de volume inferior a 5m³ são os mais recomendáveis por permitirem troca de água mais eficiente. Neste tipo de piscicultura cultiva-se peixes de alto valor de mercado, a exemplo da tilápia, não podendo contar com os alimentos naturais da água. O Brasil, com mais de 5 milhões de hectares de águas represadas, surge como o maior potencial do mundo para esse sistema de cultivo de peixes em água doce. Para tilápia, a produção estimada varia de 60 a 120 kg/m³. 02. INSTALAÇÃO DE TANQUES E VIVEIROS LOCALIZAÇÃO Em uma represa, nascente, ou baixada onde haja controle dos fluxos de entrada e saída de água, você pode criar peixes. Os principais fatores a serem observados são: • Tipo de solo • Disponibilidade de água • Topografia do terreno • Proximidade do mercado consumidor • Facilidade de acesso ao local. Tipos de Solo O tipo de solo indicado à construção de viveiros é o argilo-arenoso ou sílico argiloso com composição mínima de 40% de argila, pois não se encharca tanto como o argiloso e não é tão permeável quanto o arenoso. Topografia Devem ser escolhidos os terrenos levemente inclinados ou suavemente ondulados. A inclinação deve ser inferior a 5% ou seja, a distância de nível entre dois pontos distanciados em 100m deve ser inferior a 5m por tornar o custo de construção menor e por facilitar o escoamento da água quando da drenagem dos viveiros. Disponibilidade de Água A quantidade de água necessária para o desenvolvimento da piscicultura é calculada observando-se a área e a profundidade do viveiro. No dimensionamento de um projeto deve considerar-se uma vazão suficiente para encher o maior viveiro em quatro dias , noventa e seis horas, e repor a água perdida pelos processos de infiltração e evaporação. Esta perda diária é da ordem de 1cm. Tipos de Viveiros Viveiro em piscicultura é um reservatório escavado em terreno natural, dotado de sistema de abastecimento e drenagem que permita encher ou secar em um espaço de tempo relativamente curto. Os viveiros são divididos, de forma estrutural, em três tipos: • Viveiros de barragem • Viveiro de derivação • Tanques 03. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA

As características físicas e químicas da água são fundamentais para os organismos que nela vivem, pois determinam as condições ambientais que favorecem o crescimento e a sobrevivência de espécies vegetais e animais aquáticos. As variações mais importantes que devem ser monitoradas em cultivo de peixes são: Temperatura A temperatura exerce profunda influência sobre a vida aquática e desempenha papel preponderante na alimentação, respiração e reprodução dos peixes. Ela também influência diretamente na disponibilidade de oxigênio dissolvido regulando o apetite dos peixes. Daí a vantagem das regiões tropicais para a piscicultura, uma vez que nelas os peixes comem praticamente durante todo o ano. pH É a medida que expressa se uma água é ácida ou alcalina em escala que varia 0 a 14. O pH intervém freqüentemente na distribuição dos organismos aquáticos. A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são fatores capazes de alterar o pH na água. Oxigênio dissolvido O oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que ocorrem submersos e que liberam o oxigênio através da fotossíntese. O oxigênio é consumido pelos animais (como os peixes) pelos vegetais (algas e plantas aquáticas submersas) e também, pelo processo de decomposição da matéria orgânica. Turbidez As águas naturais não são puras e apresentam uma série de materiais dissolvidos e em suspensão, tais como partículas de argila, detritos orgânicos e os próprios microorganismos que vivem na água. Esse conjunto de materiais dispersos na água reduz a penetração da luz, impedindo que grande parte atinja as camadas mais profundas. Este efeito de redução de luz ao atravessar a coluna d’água é chamada de TURBIDEZ. Sais dissolvidos Muitas substâncias encontram-se dissolvidas na água. Enquanto algumas são essenciais para a sobrevivência dos organismos, como o nitrogênio e o fósforo, outras são tóxicas, como a amônia, e provocam mortalidade e insucesso nos cultivos. 4. MANEJO DOS PEIXES NOS VIVEIROS A produtividade de um viveiro de peixe depende basicamente das técnicas de cultivo empregadas, das espécies criadas, da disponibilidade e qualidade da água, das condições de solo, assim como do maior ou menor grau de dedicação do produtor ao cultivo. Tipos de cultivo A capacidade de suporte de um viveiro depende da qualidade da água e do teor de oxigênio dissolvido que ela contém. • Monocultivo Neste sistema somente uma única espécie é criada. No Brasil, este tipo de sistema na maioria das vezes, apenas é praticado onde não existe oferta de alevinos de diferentes espécies uma vez que as fontes de alimentos existentes no viveiro ficam subtilizadas por não fazerem parte do hábito alimentar da espécie cultivada • Policultivo Praticada quando mais de duas espécies de peixes com hábito alimentar diferente são cultivadas no mesmo viveiro, explorando melhor as fontes de alimento existentes.

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Neste tipo de sistema deve-se estabelecer a densidade de estocagem dos viveiros e a proporção relativa ideais das espécies - principal ou secundária - a serem neles criadas buscando uma maior produtividade. Calagem Por calagem se entende a aplicação de calcário dolomítico ou cal virgem, de forma homogênea, no fundo limpo e seco do viveiro para: • Realizar assepsia contra ovos e larvas de predadores e parasitas; • Corrigir o pH do solo ou da água; • Corrigir a turbidez causada pela mineralização da matéria orgânica; • Melhorar a produtividade primária dos viveiros. A calagem provoca a elevação do pH, aumenta o teor de alcalinidade e a dureza da água, o que torna mais saudável a vida dos microorganismos e dos peixes nos viveiros. A calagem interfere nas características físicas e químicas do solo do fundo dos viveiros, provocando melhor aproveitamento dos fertilizantes orgânicos e minerais. Adubação É uma técnica utilizada para incrementar a produção de alimento natural no meio aquático ou seja, através da adubação nós forneceremos às algas, que são as mais importantes produtoras de matéria orgânica de um viveiro, elementos básicos necessários à fotossíntese - processo através do qual as plantas clorofiladas - fitoplâncton - transformam materiais inorgânicos (compostos de carbono, fosfato e nitratos), em materiais orgânicos (proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas etc.), na presença da energia solar e da água Os adubos mais utilizados na piscicultura são os orgânicos. Alimentação Para se obter sucesso na piscicultura é fundamental a administração de uma alimentação adequada aos peixes. A alimentação tem efeito direto na sobrevivência, no crescimento e na produção. O alimento dos peixes necessita conter proteínas, hidratos, vitaminas, minerais etc.. Sem estes elementos os peixes não crescem. Existem dois tipos de alimentos: • Natural; • Artificial. Os alimentos naturais são aqueles produzidos no viveiro e que são consumidos pelos peixes. Exemplos de alimentos naturais: – Fitoplâncton - algas – Zooplâncton - microorganismos animais – Matéria orgânica morta. Todos os organismos que vivem em um viveiro, direta ou indiretamente, participam da produção de carne de peixe. Os alimentos artificiais são as rações balanceadas para peixes ou similares, extrusadas, peletizadas ou em pó e todos os subprodutos agropecuários locais que o piscicultor possa oferecer aos peixes, a exemplo de raízes, grãos e farelos, verduras, legumes e frutas. Os peixes crescem mais rapidamente quando há disponibilidade de alimentos. O crescimento pode paralisar quando há escassez de alimentos, sejam eles naturais ou artificiais.

O alimento artificial deve ser administrado diariamente na quantidade de 3-5% da biomassa dividido em duas refeições, durante pelo menos 5 dias por semana, de preferência no mesmo local e às mesmas horas do dia (pela manhã e final da tarde). A quantidade de alimento a ser administrado é calculada através da biometria mensal de uma amostra da população de peixes de um viveiro, que são capturados através da utilização de rede ou tarrafa. Quando da utilização de subprodutos na alimentação, o piscicultor deve observar a quantidade ofertada e a quantidade consumida, de modo que não haja excesso de alimento artificial no viveiro de um dia para o outro pois o acúmulo de matéria orgânica traz mais desvantagens do que vantagens. A forma de preparo dos alimentos e a sua distribuição são fatores importantes. Para pós-larvas e alevinos a ração, em forma de farinha, deve ser distribuída ao longo das margens dos viveiros. Para peixes de 10 a 50 gramas, as raízes, grãos, verduras, frutas e sementes devem ser oferecidas em pequenos pedaços de modo que o peixe possa abocanhar. Uma boa prática é deixar as sementes, raízes e grãos de molho pelo menos 24 horas antes da distribuição. Taxa de Estocagem nos Viveiros O número de alevinos adequado para se povoar um viveiro depende de diversos fatores dentre os quais destacamos os mais importantes: • A boa qualidade do solo e da água • Disponibilidade de adubo orgânico e inorgânico • Disponibilidade de subprodutos na propriedade e de recurso para aquisição

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de ração • Tipo de cultivo adotado considerando a produção final que deseja o piscicultor obter com seus peixes. A densidade de povoamento dos peixes normalmente ocorre de acordo com o tipo de cultivo. Cultivo extensivo - 1 peixe para cada 10m2; Cultivo semi-intensivo - 5 peixes para cada 10m2; Cultivo intensivo - 1 a 3 peixes por metro quadrado. Na utilização de tanques-rede para criação de machos de tilápia são estocados de 50 a 100 alevinos/m3 em gaiolas de volume maior que 5m3. Para gaiolas pequenas (mais eficientes por unidade de volume devido a maior facilidade para a troca de água) a taxa de estocagem pode chegar até 300 alevinos/m3. A produtividade varia de 50 a 150kg de tilápias/m3. Espécies Recomendadas ao Cultivo • Carpa Comum (Cyprinus carpio)

Seu regime alimentar é omnívoro, alimentando-se de zooplâncton na fase juvenil e animais de fundo - minhocas, larvas de insetos, detritos etc. - quando adulta. Em um ano de cultivo atinge peso médio de 1,0kg. No sistema de policultivo, se adapta bem com o tambaqui, a carpa capim, a carpa prateada e a tilápia. • Carpa Prateada (Hypophthalmichthys molitrix)

Alimenta-se das menores algas do viveiro e somente consome alimentos artificiais quando na forma farelada. Sua alimentação é incrementada através da adubação. Em policultivo, se adapta bem com a carpa comum e o tambaqui. Alcança com um ano de vida peso aproximado a 2,0kg. • Carpa Cabeça Grande (Aristichthys mobilis)

Alimenta-se de algas em colônias, rotíferos e pequenos microcrustáceos . Cresce bem junto a carpa prateada, a curimatã e o tambaqui. Atinge cerca de 2,0kg com um ano de cultivo. • Carpa Capim (Ctenopharyngodon idella)

É um peixe herbívoro que consome não somente as plantas aquáticas mas também gramas e capins verde e fresco (não seco). É um peixe de piracema. Excelente produtor de adubo orgânico - pode consumir diariamente de 30 a 80% do seu peso. Alcança cerca de 1,8kg com um ano de cultivo . • Curimatã Pacu (Prochilodus marggravii)

É um peixe lodófago e seu alimento natural constitui-se de matéria orgânica em decomposição ou de plantas e pequenos animais que vivem aderidos em pedras ou qualquer outro substrato no fundo do viveiro. Pode ser usado no policultivo com carpa prateada, carpa cabeça grande e tambaqui. Alcança com um ano de cultivo 1,0kg. • Tambaqui (Colossoma macropomum)

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A alimentação principal do tambaqui é constituída por microcrustáceos planctônicos e frutas. Come também algas filamentosas, plantas aquáticas frescas e em decomposição, insetos aquáticos e terrestres que caem na água, caracóis, caramujos, frutas secas e carnosas e sementes duras e moles. Nos viveiros os tambaquis podem ser alimentados com frutas, tubérculos, sementes e rações peletizadas e extrusadas. O tambaqui alimenta-se rápido e agressivamente, não dando tempo para outros peixes comerem, no entanto, em sistema de policultivo pode ser cultivado junto com a curimatã, carpa comum, carpa prateada, carpa cabeça grande e carpa capim. Atinge peso médio de 1,5kg em um ano de cultivo. Despesca É a colheita ou retirada dos peixes dos viveiros ao alcançarem o peso de mercado ou de consumo. A despesca pode ser parcial - quando se retira o peixe a ser comercializado com rede de arrasto e total - quando o viveiro é totalmente esvaziado e o peixe coletado no final. A drenagem do viveiro deve ser feita lentamente, de modo a provocar o refúgio dos peixes na parte mais profunda reduzindo o tempo em que os mesmos ficam em contato com a lama do fundo. Os viveiros devem ser secos anualmente para manutenção e assepsia. 05. MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO PESCADO O pescado é um produto que se decompõe em um curto espaço de tempo e a velocidade de deterioração depende de vários fatores: – Temperatura; – Método de captura; – Espécie de peixe trabalhada; – Manuseio A conservação do pescado tem por objetivo retardar o processo de deterioração e torná-lo disponível durante todo o ano em diversas localidades onde se faça presente o mercado consumidor. • Resfriamento É o método mais simples de conservação. Os peixes e o gelo devem ser

armazenados em camadas alternadas de modo que um peixe não toque em outro nem nas paredes da caixa coletora. • Congelamento Embora seja um dos métodos mais eficientes, é pouco utilizado para peixes de água doce pela necessidade de armazenamento em túnel de congelamento. • Salga Método utilizado para preservar o pescado através da penetração do sal no interior dos tecidos musculares, reduzindo a quantidade de água presente e inibindo a atividade bacteriana. • Defumação O pescado é submetido a um tratamento térmico de modo a perder toda a água contida nos tecidos e ao mesmo tempo receber partículas de fumaça que lhe conferem gosto, aspecto e proteção especial. Beneficiamento Inúmeras são as formas de beneficiar as espécies atualmente mais trabalhadas na piscicultura brasileira, destacamos entre elas: • Peixe inteiro eviscerado • Peixe em posta • Filé de peixe • Peixe defumado • Fishburguer • Costelinhas, almôndegas e quibe • Patê congelado e defumado • Peixe salgado • Caldo de peixe. Do peixe ainda podemos beneficiar as peles através do curtimento, produzir a farinha de peixe e extrair a hipófise - glândula sexual utilizada no estímulo à propagação artificial de peixe de piracema. 06. COMERCIALIZAÇÃO Os peixes podem ser comercializados “in natura” nas feiras livres ou diretamente para áreas de lazer e pesque-pague. Quando beneficiado, o pescado pode ser comercializado junto a bares, lanchonetes, restaurantes, hotéis e supermercados.