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    RAs narrativas tecnolgicas contemporneas fundam-se numa retrica da ruptura

    radical com o passado e da novidade absoluta. Na cibercultura, o culto ao novo

    equivale a uma espcie de sequestro da histria, que impede uma percepo adequada

    das contradies e dos uxos heterogneos que atravessam a dinmica tecnolgica.

    Em face de tal situao, o objetivo discutir a importncia da recuperao da histria

    nas teorias da mdia recentes, especialmente em suas manifestaes no contextoalemo. Mais especicamente, prope-se a discutir as ideias de Siegfried Zielinski

    e Friedrich Kittler dois dos mais importantes (e polmicos) pensadores alemes

    da teoria da mdia , em busca de elementos capazes de restaurar o histrico como

    dimenso fundamental da reexo sobre os meios.

    Palavras-have:histria da mdia, cibercultura, teorias alems

    ARAcContemporary technological narratives are founded on a rhetoric of radical rupture

    with the past and absolute newness. In cyberculture, the cult of the new corresponds

    to a kidnapping of the past, which prevents an adequate perception of the contradic-

    tions and heterogeneous uxes that traverse technologys dynamics. In light of this

    situation, the goal of this work is to discuss the importance of recuperating history

    in recent media theories, especially within its manifestations in the German context.

    It purports to discuss the ideas of Siegfried Zielinski and Friedrich Kittler two of

    the most important (and polemical) German media scholars , in search of elements

    that might restore history as a fundamental dimension of the reection on media.

    Keywords: media history, cyberculture, german theories

    E r i c k F E l i t *

    m busa do tempo perdido. sequestroda histria na iberultura e os desafios da teoria da mdia1

    In search of lost time.he hijacking of historyin cyberculture and the challenges of media theory

    * Professor do Programade Ps-Graduao emComunicao Social daUniversidade Estadual doRio de Janeiro (UERJ) eautor dos livrosAvatar:o Futuro do Cinema e aEcologia das ImagensDigitais (com Ivana Bentes:Sulina, 2010), Silncio deDeus, Silncio dos Homens:Babel e a Sobrevivnciado Sagrado na Literatura

    Moderna (Sulina, 2008)eA Imagem Espectral:Comunicao, Cinema eFantasmagoria Tecnolgica(Ateli Editorial, 2008). Diretor Cientfico daAssociao Brasileirade Pesquisadores deCibercultura (ABCIBER:binio 2009-2011).

    1. Artigo apresentadoao Grupo de TrabalhoComunicao eCibercultura, do XIXEncontro da Comps, naPUC-RJ, Rio de Janeiro,em junho de 2010.

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    Em busa do empo peddo. sequeso da hsana beuua e os desafos da eoa da mda

    W

    , ...(Georey Sonnabend, Obliscence: eories o Forgetting and the

    Problem o Matter)

    No um problema gravssimo que ningum saiba exatamente o que quer

    dizer o termo cibercultura. Anal, convivemos pacicamente com uma sriede outras palavras cujo signicado preciso nos escapa em uma teia de excessivacomplexidade e nebulosidade semntica. Apenas para citar alguns exemplos,comunicao, subjetividade eps-modernidade fazem parte de um vocabulrioterico que raras vezes logra oferecer sentidos mais precisos ou denies

    menos instveis. A bem da verdade, esse reconhecimento de nossa insucincia

    epistemolgica e vocabular provavelmente se deve ao que R.L. Rutsky (999: 4)j deniu como a extrema complexidade do mundo tecnocultural, que torna aposio tradicional do terico (a de um sujeito ativo em contemplao distantede um mundo passivo) progressivamente invivel. Se hoje teorizar signicatambm, em boa medida,fccionalizar, porque se dissipou aquela distnciaepistemolgica que permitia ao sujeito inquisidor aprisionar seu objeto. Umasituao que a lngua alem por acaso ainda expressa em sua articulao dapalavra Begrif(conceito) com o verbogreien (pegar, agarrar). Hoje, conceitos etermos so cada vez mais difceis de precisar. Contudo, muito mais problem-tico que qualquer hesitao vocabular o fato de que a cibercultura apresenta

    tambm uma forte tendncia ao apagamento de sua dimenso histrica. Suaamplitude e indenio poderiam ser contrabalanadas pela investigao desua gnese e histria. Mas os discursos da inovao tecnolgica, especialmenteno mbito das tecnologias digitais, partem frequentemente de uma tabula rasado tempo. Nada existia antes do novo e nada existir depois, seno ele mesmo.

    Em nenhum lugar esse culto da ruptura e da criao ex nihilo to evidentequanto nos ttulos das obras de divulgao sobre tecnologias digitais. Vejamosalguns exemplos: YouTube e a Revoluo Digital: como o maior Fenmeno daCultura Participativa est transformando a Mdia e a Sociedade (Burgess &

    Green, ); Socialnomics: como as Mdias Sociais transormam nossas Vidase a Forma como fazemos Negcios (Qualman, 2009); Wikinomics: como a

    Colaborao de Massa muda Tudo (Tapscott, 007). Tais bordes so projetadospara produzir no leitor uma sensao de maravilhamento tecnolgico, entu-siasmo infantil e desprezo por tudo aquilo que antigo. De fato, ao se observarmais atentamente a retrica de muitos desses ttulos, percebe-se a presena dealguns traos exaustivamente repetidos o que no deixa de constituir umairnica contradio com o discurso da novidade radical. Em primeiro lugar, odidtico como, que coloca o leitor num banco escolar espera de ser instrudo

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    nos mistrios das profundas transformaes tecnolgicas e sociais que se des-dobram sua frente. Em segundo lugar, o sentido da revoluo permanente;

    a ideia de que no basta ser novo: necessrio fazer poltica de terra arrasadacom o passado. Finalmente, a exaltao da novidade por meio de um neolo-gismo sonoro e sedutor. No importa que o sujeito no saiba o signicado dewikinomics. O termo atraente, imponente, vanguardeiro (trendy). S pode

    mesmo tratar-se de algo muito importante! Movemo-nos aqui em um territriono qual o sentido menos importante que a produo de um aeto.

    Entretanto, se o maior pecado da cibercultura no a nebulosidade dotermo que a expressa, mas sim seu sequestro da histria, nem por isso deve-se descartar a hiptese de uma relao ntima entre esses seus dois aspectos.

    Eliminando a histria da origem, repudiando sua gnese, a cibercultura reforaa ideia de uma realidade da ordem do divino (e, portanto, intraduzvel empalavras). No toa que constitui um campo to frtil manifestao desentimentos e imaginrios religiosos (Felinto, 5). E como lembrou HansBlumenberg (5: 5), na ausncia de histria, repousa a oportunidade decada remitologizao. Isso possivelmente explicaria a singular convivnciade mitologias arcaicas, modernas e ps-modernistas no seio das narrativasciberculturais. Encontramos uma forma interessante de pensar essa conexoentre nome e histria na obra de Walter Benjamin. Polmicos como tudoo mais que produziu , os escritos de Benjamin sobre a linguagem revelam

    uma concepo das relaes entre signo e coisa que desaa no apenas osenso comum, mas tambm os saberes estabelecidos. Para Benjamin, o nomede alguma coisa no simplesmente algo que se acrescenta a uma entidadeconstituda previamente. Pelo contrrio, o ato de nomeao que constituia prpria coisa, retirando-a do mutismo de sua condio original. No antigodebate entre convencionalismo e naturalismo, Benjamin encontra uma terceiraposio que escapa tanto da enganosa objetividade do primeiro quanto do

    problemtico misticismo do segundo. Para o convencionalismo, todo vnculoentre palavra e coisa da ordem da arbitrariedade, da conveno socialmenteestabelecida; para o naturalismo, a origem da palavra encontra-se numa ten-tativa de imitara coisa, buscando atingir sua essncia (por exemplo, no casodas onomatopeias). Efetivamente, nas duas situaes, o nome constitui um

    dado posterior cumprindo o papel de uma etiqueta apensa ao objeto nomeado.Em Benjamin, o nome aquilo que transporta a coisa ao plano da existnciahumana, carregando-a de histria e signicado. A palavra no existe em

    funo de imitar uma realidade j dada. Ela emerge antes como aquilo qued corpo e sentido ao real (Tackels, : ). O nome veculo da histria,e, nesse sentido, nada tem de arbitrrio.

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    Desse modo, a ausncia de historicidade que impregna o termo (e a formade existncia) cibercultura expressa seu carter profundo: essa indenio

    constitutiva que se alia a um decidido repdio do tempo. O paradoxo donome cibercultura o fato de que a histria que devia carregar foi quase queinteiramente apagada. A histria da palavra cibercultura a histria de seuapagamento da histria. Nesse sentido, a cibercultura constitui um fenme-no muito particular da contemporaneidade, j que, hoje, a problemtica donovo estaria aparentemente superada. Todavia, Boris Groys adverte para o

    equvoco dessa concepo corrente, sugerindo que as utopias modernas noforam eliminadas, mas que o novo insiste em retornar, ainda que de formamuito particular:

    a atual representao ps-moderna do m da histria se diferencia da modernistaapenas atravs da convico de que j no preciso esperar pela chegada denitiva

    do novo, pois ele j est aqui [da auf die endgltige Ankun das Neuen nicht

    mehr gewartet werden msse, weil es bereits da sei] (Groys, : ).

    A problemtica da experincia histrica sempre constituiu um elementofundamental de reexo losca na Alemanha. Ela est presente, natural-

    mente, no clebre ensaio de Heidegger sobre a questo da tcnica, no qual otermo e a noo de techn so investigados em uma perspectiva arqueolgica.Ela componente central de todo o pensamento benjaminiano inclusive em

    seu interesse pelas runas histricas sobre as quais se ergueu a moderna civili-zao tecnolgica. E constitui o foco investigativo da disciplina da histria damdia (Mediengeschichte), que tem orescido na Alemanha nos ltimos anos.Na verdade, o termo disciplina talvez no seja inteiramente adequado, j que ahistria da mdia opera no entrecruzamento de diversos saberes e disciplinas.Alm disso, no existe propriamente uma escola ou um conjunto de pensadoresque componham um campo denido para a histria da mdia. De fato, se adenimos, ainda vagamente, como certo modo de encararas dinmicas sociaise tecnolgicas dos meios de comunicao, devemos reconhecer que ela sequerexpressa uma preocupao exclusivamente alem. Podemos inclusive arriscarque se trata de uma tendncia geral crescente da scholarship produzida nos

    ltimos anos sobre as novas (e antigas) mdias. A esse ponto retornaremos

    posteriormente.Vale esclarecer, porm, que o interesse alemo pela histria e suas formas

    de abord-la possuem peculiaridades que o distinguem nitidamente de outrostipos de olhar, como o tipicamente anglo-saxo, por exemplo. Essas distinesaparecem de modo revelador numa comparao entre os estudos culturais

    norte-americanos e a Kulturgeschichte alem, especialmente na forma como

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    praticada por um autor como Friedrich Kittler. Como indica Claudia Breger(006), os alemes tendem a se interessar pela trade sistemas, memria cultural

    e hardware da mdia. Efetivamente, a escritura de Kittler torna-se, em muitasocasies, hermtica (para os leitores oriundos do campo das Humanidades) notanto por seu estilo peculiar, jogos de palavras e estrutura crptica, mas por seuuso macio de noes de domnios como a matemtica, a fsica e a engenharia.Em conformidade com seu pendor profundamente anti-humanista, Kittler

    se compraz em dissecar os aspectos concretamente tcnicos e cientcos dosobjetos (normalmente mdias) por ele estudados. Nesse elemento, podemos

    enxergar uma espcie de reao extremada inuncia que a Escola de Torontoexerceu sobre seu pensamento. E sem dvida, tambm inegvel o impacto do

    pensamento francs ps-estruturalista sobre sua obra. Entretanto,seu carter distintamente germnico efetiva-se atravs dos modos como ele

    traduz tais impulsos (ver Winthrop-Young & Wutz, : xvi) e os mescla com

    ingredientes de uma tradio losca alem qual os prprios mestres fran-

    ceses foram expostos notavelmente, as obras de Heidegger, Nietzsche e Hegel

    (Breger, 6: 3).

    Em Kittler (como em diversos outros tericos alemes), s possvel pen-sar a mdia em uma perspectiva sistmica, histrica e materialista. As diversasmdias compem sistemas que se imbricam de forma inconstil com sistemas

    e redes de discursos sociais que os envolvem. Alis, o prprio estilo singularde Kittler ironicamente apelidado na Alemanha de Kittlerdeutsch (alemode Kittler), (Winthrop-Young, 5) reete essa proposta, mostrando queo contedo de um pensamento indissocivel da materialidade expressiva

    pela qual ele se manifesta. As mdias so tambm, acima de tudo, dispositivosde registroe notao (Auschreibesysteme) e, portanto, suportes da memriacultural que conhecemos precisamente graas aos meios de comunicao.

    Em Grammophon Film Typewriter(1986), essas trs tecnologias de registro

    permitem compor todo um panorama cultural do incio do sculo XX, mar-cado pelo desaparecimento do que Kittler chama de der Sogennante Mensch(o assim-chamado homem).

    Nessa reexo ps-simblica sobre os impactos psquicos, sensoriais e

    corporais das mdias, a histria no desempenha o papel de mero pano de

    fundo, mas toma a frente da cena. tal posicionamento que permite rompercom o triunfalismo tecnolgico moderno e descobrir os (frequentemente obs-curos) elementos de gnese da atual tecnocultura. No coincidncia que olivro se inicie e encerre com referncias aos cabos de bra tica e ao processode digitalizao geral da cultura. Como sugere Kittler (6, : ), uma

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    Em busa do empo peddo. sequeso da hsana beuua e os desafos da eoa da mda

    conexo de mdia total numa base digital apagar o prprio conceito de meio.Essa desapario do meio correlata desapario da histria. E combater esse

    esquecimento talvez seja uma das tarefas mais importantes a que a teoria damdia pode hoje se dedicar. No se trata necessariamente apenas (e sempre)de recordar o que foi esquecido, mas tambm (e talvez prioritariamente) deimaginaro que poderia ter sido, de mapear descontinuidades e saltos. Poisos exerccios histricos mais primrios tendem a adotar uma perspectiva

    evolucionista e nalista da trajetria das mdias. Quando a histria mostrarapidamente sua cabea, o faz escondendo-se atrs da mscara da perspectivatriunfalista. A cibercultura aparece, assim, como o resultado naturalde umlongo percurso que, desde sempre, encaminhou-se em direo a tal desfecho.

    Pelejar contra esse naturalismo histrico signica sugerir outras histrias pos-sveis, inventariar seus aparentes fracassos, professar uma (an)arqueologia queconsidere, como faz Siegfried Zielisnki (2006), o tempo profundo da mdia

    (Tieenzeit der Medien).Nesse que talvez um dos mais singulares livros de histria da mdia

    escritos recentemente, Zielinski retorna a tempos bem mais distantes que os dastradicionais historiograas da mdia. Como faz Kittler em Vom Griechenland(00), Zielinski revisita a Grcia clssica na expectativa de produzir um outrotipo de histria tecnolgica que, em vez de buscar o velho no novo (como vmfazendo recentemente diversos autores), tenta encontrar o novo no antigo.

    Nessa abordagem singular, revelam-se, de forma bastante ntida as conexesentre arte e tecnologia, entre imaginao e razo. Anal, no campo da arte-mdia que encontramos o horizonte de experimentao capaz de inaugurarnovos usos e interfaces que mais tarde sero incorporados s gramticas tra-dicionais dos meios. Essa ateno dimenso esttica do tecnolgico outrotrao fundamental do pensamento alemo vejam-se os exemplos de Grau(3), Weibel (3) ou Flusser (). De certo modo, ela parece dar con-tinuidade aos argumentos do clssico Die Frage nach der Technik (4), cujaproposta central buscar a determinao da essncia (Wesen) da tecnologia nanoo grega depoiesis, produo. Para Heidegger, o sentido mais rico da tcnicarepousa numa forma de desencobrimento, num trazer presena de ordemcriativa. Diferentemente da tcnica moderna (apesar de ambas representaremformas de trazer luz), a techn grega constitui uma forma no instrumental,artstica, de produo.

    Se Zielisnki revela seu fascnio com ideias como o Dead Media Project,

    uma espcie de museu das tecnologias mortas elaborado pelo escritor de cocientca Bruce Sterling, sua aliana fundamental antes com uma forma

    de anlise de histria da mdia de ordem criativa. Essa aliana se manifesta

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    nitidamente na obra coletiva e Book of Imaginary Media: Excavating the

    Dream o the Ultimate Communication Medium (007), coleo de textos sobre

    projetos tecnolgicos fantasiosos e visionrios. A variantologia da mdia, novocampo de estudos inventado por Zielisnki, constitui uma forma de produode saber que no expulsa de seus domnios os exerccios imaginativos e as

    especulaes loscas1. Como explica ele projetivamente (antes da publicaodos trs volumes da coleo Variantology),

    Em vez de buscar tendncias obrigatrias, meios dominantes ou pontos de desa-

    pario imperativos, deveramos ser capazes de descobrir variaes individuais.

    Possivelmente, se descobriro fraturas ou pontos de mutao nos planos histricos

    dominantes que podero oferecer ideias teis para navegar o labirinto daquilo que

    hoje est rmemente estabelecido. A longo prazo, o corpus dos estudos individuaisanarqueolgicos dever formar uma variantologia da mdia (6: 7).

    Seja como for, a obra de Zielisnki funda-se num impulso de resgate de umpassado que a dinmica tecnolgica, especialmente na cibercultura, busca con-tinuamente ocultar. A ideia de um progresso contnuo, sem descontinuidadese absolutamente linear atingiu patamar sem precedentes na atual civilizaotecnolgica. Curiosamente, nestes tempos ps-modernos em que aparentemente

    j no possvel crer em metanarrativas como as da cincia ou da losoa, onico lugar em que o progresso continua tendo alguma valncia no domnio da

    tecnocincia. De fato, como sugere Jean-Jacques Salomon (: ), a exignciade progresso e mutao tecnolgica adquiriu nas sociedades ps-industriais aforma da convico religiosa. A insistncia do imaginrio cibercultural com ostemas da infncia e da origem nada tem de histrico; pelo contrrio, esses temasapontam para um estado do ser ideal, sem tempo ou espao. Num movimentoque encurta progressivamente o tempo, a dinmica tecnolgica cumpre umafuno fetichista: como se os objetos tcnicos tivessem magicamente surgidodo nada, sem precursores, sem antecedentes, sem histria. Muito menos umahistria ou temporalidadeprounda, como quer Zielinski. Esta ltima repre-senta as vastas escanses de tempo encontrveis no domnio da geologia oudas cincias naturais. No campo da histria da mdia, a noo de Tieenzeitexpressa uma metfora que, por mais surpreendente que possa parecer, no to inovadora assim. precisamente na obra de Benjamin que encontramosuma proposta semelhante, quando ele sugere ler os vestgios da cultura e dacivilizao industrial como o naturalista l o livro da natureza. Num daquelesparadoxos tipicamente benjaminianos, a aproximao entre natural e articialservia como instrumento de iluminao e crtica de um em relao ao outro.Desse modo,

    1. Da, talvez, uma dasrazes do fascnio deZielinski por Vilm Flusser,um dos pensadores maiscitados nos manuais deteoria da mdia alemes. Seuconceito deico ilosicaapresenta diversos pontosde contato com a propostada variantologia da mdia.

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    Em busa do empo peddo. sequeso da hsana beuua e os desafos da eoa da mda

    predicados usualmente atribudos antiga natureza orgnica produtividade e

    transitoriedade, bem como declnio e extino , quando usados para descrever

    a nova natureza inorgnica que era produto do industrialismo, nomeavam

    precisamente o que era radicalmente novo a respeito dela (Buck-Morss, : 7).

    Apesar do carter meramente acidental de suas referncias a Benjamin,Zielinski certamente deve a ele boa parte da proposta do tempo profundo2. Porisso, em um livro que discute meios tecnolgicos de comunicao, o atpicoretorno Grcia antiga. Anal,

    trata-se de desvelar no registro midio-arqueolgico momentos dinmicos que

    abundam em heterogeneidade e, desse modo, entrar em uma relao de tenso

    com os vrios momentos do tempo presente, relativiz-los e torn-los maisdecisivos (6: ).

    Esse tensionamento com o presente, quase que inteiramente ausente

    das narrativas triunfalistas da cibercultura, nada tem de necessariamen-

    te apocalptico. No se trata de combater o presente ou submet-lo a um

    olhar saudosista do passado, mas sim de imaginar criativamente tambm oque ele poderia ter sido. Pelo menos na verso proposta por Zielisnki, fazerMediengeschichte no signica simplesmente recuperar um passado elidi-

    do pela viso do progresso contnuo, mas sim buscar se me permitem

    o neologismo heterocronias. Algo que no muito distante, tambm, daproposio benjaminiana de escapar ao imprio da histria dos vencedores.Outras histrias, outras possibilidades, outros olhares: temperar a teoria comuma dose de imaginao e ser esse um pecado muito grave?

    Importa lembrar que a histria da mdia alem, especialmente na formapraticada por autores como Zielinski ou Kittler, percebe com clareza que as pr-prias mdias so corresponsveis por nossa percepo do tempo e da histria.Como bem nota Sybil le Krmer, referindo-se obra do segundo autor, o que peculiar ao nosso tempo essa reversibilidade temporal permitida pelos meiostecnolgicos de registro. A investigao medial-histrica de Kitt ler se localiza,assim, na transio epocal dos meios escritos para os tecnolgicos, e esse um procedimento fundamental para uma arqueologia do presente (Krmer,6: 7). Tambm nesse sentido, a pesquisa sobre a dimenso histrica dotecnolgico vital: para entender que espcies de temporalidade resultam dautilizao e popularizao das diferentes mdias. Se um dos temas mais preg-nantes da cibercultura a ideia de real time, isso possivelmente aponta para umdesejo de presentesmo totalque est no corao do imaginrio cibercultural.Em tempo realsignica aquilo que acontece sem diferena temporal, sem

    2. Para um estudo deta-lhado dessa metfora, ver

    Vampyroteuthis: a SegundaNatureza do Cinema:

    A Matria do Filme eo Corpo do Espectador,

    apresentado no ColquioInternacional Cinema,

    Tecnologia e Percepo,em vias de publicaopela editora Contraponto.

    Disponvel tambm em.

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    intervalo. Levada a seu paroxismo, tal expresso implica umpunctus temporalabsoluto, desprovido de dimenso, extenso e histria.

    Como observamos no incio deste texto, a preocupao com a dimensohistrica dos meios no encontra abrigo somente nas universidades e insti-

    tuies alems. Na verdade, em oposio ao imaginrio desistoricizado da

    cibercultura, uma parcela crescente de toda a literatura acadmica a respeitodas novas (e velhas) mdias tem se dedicado a resgatar essa preocupao coma temporalidade. De fato, fora da Alemanha, em alguns dos trabalhos mais

    recentes (e interessantes) sobre as tecnologias digitais de comunicao, essaa perspectiva central, a partir tanto da concordncia quanto do tensionamentocom o pensamento de autores como Kittler, Zielisnki ou Luhmann. assim

    que, adotando como pano de fundo especialmente aMediengeschichte alem

    ,Lisa Gitelman destaca com perspiccia a sensao contempornea de termosalcanado o m da histria da mdia, o que provavelmente responde pela

    estranha novidade perene das novas mdias de hoje (6: 3). Para Gitelman,esse sentido de inovao permanente repousa numa percepo de que o mo-dernismo estaria agora completo, e nossas sensibilidades temporais familiares,prximas de seu m. Por outro lado, pode-se citar o trabalho de Mark Hansenque, em Embodying Technesis (), dialoga intensamente (e em atitude fre-quentemente de confronto) com o diuso programa de pesquisa conhecido pelarubrica de materialidades da comunicao. Seu objetivo ultrapassar uma

    perspectiva representacional reducionista caracterstica de muitos estudos sobrea tecnologia incapazes, portanto, de considerar propriamente o que Hansenchama de materialidade robusta da tecnologia:

    O que se perde na reduo representacional no somente alguma alteridade

    abstrata do tecnolgico, mas a hoste de materializaes concretas atravs das

    quais as tecnologias impactam nossas prticas (e no apenas nossas prticas

    comunicacionais) de acordo com lgicas que so fortemente ps-hermenuticas

    (Hansen, : 4).

    Como tivemos oportunidade de discutir em outras ocasies (Cf. Felinto,2007), essa preocupao com os efeitos materiais do tecnolgico tambm

    constitui um foco recente de ateno das teorias da mdia. Ela j aparecia nopensamento de Flusser, tido pelos alemes como um dos mais importantesrepresentantes do que se poderia denir como uma teoria da mdia alem.O lsofo, que por toda sua vida nunca abandonou sua preciosa mquina deescrever5, gostava de jogar com as palavras alems Tasten e tasten (substantivoe verbo), respectivamente teclas e sentir, apalpar. Como dene Paola Bozzi(5: ),

    . E citando a pro-posio de Kittlersobre o apagamento doprprio conceito de mdiaa partir das tecnologiasdigitais (Gitelman, 200:; Kittler, 1999: 1-2).

    . Da a importncia deestudos que busquem ava-liar os impactos corporais/cognitivos das tecnologiasda cibercultura. O temada hapticidade das novasmdias tem sido estudado,por exemplo, por LauraMarks (ver Touch, 2002),ao passo que a relaoentre tecnologias e corpos tema das investigaesde Mark Hansen (2000).

    . A importncia damquina de escrever paraFlusser, analisada comdetalhes por Paola Bozzi,lembra o fascnio de Kittlercom essa tecnologia hpti-ca em Grammophon FilmTypewritere os trabalhosde Martin Stingelin sobrea mquina de escrever deNietzsche (Gumbrecht &Pfeiffer,Materialities oCommunication , 199).

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    Em busa do empo peddo. sequeso da hsana beuua e os desafos da eoa da mda

    Sua meta [de Flusser] uma diligente comunicao ttil do pensamento com

    seu objeto como consciente reao ao carter dominante do signicar: portanto,

    nada de losofar com o martelo, mas antes a utopia de um conhecimento noviolento, que nasce inteiramente do contato com os objetos.

    Desse modo, talvez no seja despropositado argumentar que o esvaziamen-to da histria nas narrativas tecnolgicas seja correlato ao primado das prticase procedimentos hermenuticos em diversos campos do saber. O imprio dainterpretao constituiria ambiente ideal para o que poderamos denir, cominspirao benjaminiana, como uma histria do mesmo. E, realmente, em umaarmao constante do novo em uma narrativa do progresso linear sem

    descontinuidades nada pode ser verdadeiramente novo. A ateno excessivaque se conferiu tradicionalmente ao sentido das mensagens dos meios e dosdiscursos sociais deve aliar-se a uma concepo histrica na qual a variaodas tecnologias e seus diferentes impactos materiais decididamente secun-drio. Assim sendo, a proposta de uma variantologia da mdia faz sentido

    no apenas como recuperao de dimenses histricas perdidas, mas tambmcomo considerao fundamental da materialidade dos meios e dos contextoshistricos nos quais eles emergiram. O tempo proundo da mdia deve ser notanto quantitativo como qualitativo, dirigindo-se densidade das diferenas esuas distribuies (Zielinski, 6: 5).

    Essa espcie de histria intensiva da mdia permite encontrar no presentecertas formas passadas que, porm, foram lanadas para a margem da hist-ria devido a seu carter heterodoxo. Lev Manovich (fortemente inspirado porKittler) aponta para essa recuperao de formas passadas quando estabelecealgumas conexes interessantes entre o cinema digital e determinados fen-menos caractersticos dos tempos de origem do cinema. As animaes em

    Flash trazem de volta ao centro das experincias com as imagens digitais umavisualidade que era tpica das margens do primeiro cinema: aquela propiciadapelo fascnio com a iluso do movimento em aparatos que criavam animaesem loop, como o praxinoscpio e o fenaquitoscpio (Manovich, ).

    Em todos esses argumentos encontramos, portanto, dois pontos impor-

    tantes: a ultrapassagem da perspectiva hermenutica e a importncia de um

    olhar histrico e/ou arqueolgico nas elaboraes tericas contemporneas.

    A bem da verdade, repetimos, as duas questes se imbricam. Em Hans UlrichGumbrecht, o tema do ps ou no-hermenutico, conecta-se intimamente com aadoo de uma nova abordagem da temporalidade: a histria no deve mais serinterpretada, mas sim experimentada. Da que os textos preocupados com o temadas materialidades devam ser essencialmente descritivos e no interpretativos.

    . Ver, por exemplo, asreferencias a Kittler em

    Sotware takes Command.Disponvel em:

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    o que Gumbrecht tenta fazer em 1926, Living on the Edge o Time, livro hetero-doxo, no linear, escrito na forma de verbetes de uma enciclopdia e cujo objetivo

    produzir no leitor a sensao de estar vivenciando o ano de 6.

    Ns queremos conhecer os mundos que existiram antes de termos nascido e

    queremos experiment-los diretamente. Uma experincia direta do passado

    incluiria a possibilidade de tocar, cheirar e saborear esses mundos nos objetos

    que os constituram. Esse conceito enfatiza um aspecto sensual da experincia

    histrica que foi longamente subestimado (se no reprimido) sem necessaria-

    mente constituir uma estetizao do passado problemtica (Gumbrecht, 997: 49).

    Em vista do que foi discutido aqui, cabe agora perguntar: o que pode nos

    oferecer a histria da mdia, aliada a uma considerao renovada das materia-lidades miditicas? Em primeiro lugar, um instrumento capaz de balancear aretrica triunfalista da cibercultura sem com isso descambar para os discur-sos apocalpticos ou saudosistas. Em segundo lugar, a percepo de que todaseparao radical entre tecnologias novas e antigas ou digitais e analgicas

    (um equvoco cometido entre ns com alguma frequncia nas linhas de pes-quisa de mestrados e doutorados) improdutiva e essencialmente equivocada.Finalmente, uma compreenso das dinmicas miditicas que permita analisarmelhor os processos criativos e os xitos ou fracassos envolvidos nas diferentesformas de experincia tecnolgica e comunicacional.

    Apesar de ainda no existirem recenses amplas e competentes sobre ocampo da histria da mdia, podemos pressupor que ela venha futuramenteestruturar-se em um programa de pesquisa plenamente constitudo (natural-mente, de natureza interdisciplinar). Que represente um ramo cada vez maisimportante dos estudos de comunicao e tecnologia inegvel. Nesse sentido,parece apropriado encerrar este balano citando a nica tentativa de sistema-tizao (e defesa) dos estudos de histria da mdia que conseguimos encontrarat o momento. Apenas o futuro poder dizer com certeza se nossa melhor

    aposta o passado:

    Em resumo, o equilbrio do futuro dos estudos sobre as novas mdias repousano retorno ao passado comunicativo. Pelo menos o passado j aconteceu, ao

    passo que o futuro ainda no. E se s vezes desfrutamos do carter imaginativo

    dos prognsticos, no precisamos esquecer que o estudo histrico usufrui dos

    mesmos (e at mais amplos) dados, ainda que incompletos. O registro histrico e a

    contnua reconceptualizao do caminho rumo ao presente espera por tal atitude

    refrescante do historiador das novas mdias ao mesmo tempo imaginativa e

    cautelosa, literria e literal (Peters, : 6).

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