Jornal1 18-138

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1. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifcio Rcz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.org.br - E-mail: [email protected] 13416-901 Piracicaba-SP, Brasil Desenvolver e promover informaes cientficas sobre o manejo responsvel dos nutrientes das plantas para o benefcio da famlia humana MISSO 1 Engenheiro Agrnomo, Ph.D., Embrapa Cerrados, Planaltina, DF; email: [email protected]. br 2 Engenheiro Agrnomo, D.S., Embrapa Cerrados, Planaltina, DF; email: luiz.cordeiro@embrapa. br 3 Engenheiro Agrnomo, D.S., Embrapa Cerrados, Planaltina, DF; email: [email protected]. br 4 Engenheiro Agrnomo, D.S., Embrapa Arroz e Feijo, Goinia, GO; email: [email protected]. br 5 Engenheiro Agrnomo, Ph.D., Embrapa Cerrados, Planaltina, DF; email: paulo.galerani@embrapa. br 6 Engenheiro Agrnomo, M.Sc., Embrapa Cerrados, Planaltina, DF; email: [email protected]. br Abreviaes: APP = reas de preservao permanente; ARL = reas de reserva legal; B/C = Relao Benefcio-Custo; B-CPE = Benefcio-Custo Peri- dico Equivalente; C = carbono; COS = carbono orgnico do solo; FAO = Food and Agriculture Organization of the United Nations; GEE = gases de efeito estufa; iLP = Integrao Lavoura-Pecuria; iLPF = Integrao Lavoura-Pecuria-Floresta; MAPA = Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; MDL = Mecanismo de Desenvolvimento Limpo; OMC = Organizao Mundial do Comrcio; PISA = Produo Integrada de Sistemas Agropecurios; PD&I = Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao; Programa ABC = Programa de Agricultura de Baixa Emisso de Carbono; SAFs = Sistemas Agroflorestais; SNPA = Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria; SPD = Sistema Plantio Direto; TIR = Taxa Interna de Retorno; UA = unidade animal; URT = Unidade de Referncia Tecnolgica; VET = Valor Esperado da Terra; VPL = Valor Presente Lquido. Luiz Carlos Balbino1 Luiz Adriano Maia Cordeiro2 Priscila de Oliveira3 AGRICULTURA SUSTENTVEL POR MEIO DA INTEGRAO LAVOURA-PECURIA-FLORESTA (iLPF) INFORMAES AGRONMICAS No 138 JUNHO/2012 1. INTRODUO A tualmente, a humanidade enfrenta desafios cada vez maiores para produzir alimentos, fibras, energia, produtos madeireiros e no madeireiros de forma compatvel com a disponibilidade de recursos naturais. Neste sentido, so intensos os apelos para que seja difundida em todo o mundo a concepo de Agricultura Sustentvel. Segundo o conceito adotado pela FAO e ratificado a partir da Declarao de Den Bosch, em 1992: AAgricultura Sustentvel o manejo e conservao dos recursos naturais e a orientao de mudanas tecnolgicas e institucionais que assegurem a satisfao das necessidades humanas para a presente e as futuras geraes. uma agricultura que conserva o solo, a gua e os recursos genticos animais, vegetais e micro-organismos, no degrada o meio ambiente; tecnicamente apropriada, economicamente vivel e socialmente aceitvel. Os agroecossistemas do sculo XXI devem ser capazes de, ao mesmo tempo, maximizar a quantidade de produtos agrcolas de elevada qualidade e conservar os recursos do sistema. O desenvolvimento agrcola sustentvel depende da formulao de uma agenda que contemple os seguintes aspectos: a) conservao da biodiversidade e dos servios ambientais; b) reduo da poluio/ contaminao do ambiente e do homem; c) conservao e melhoria da qualidade do solo e da gua; d) manejo integrado de insetos-praga, doenas e plantas daninhas; e) valorizao dos sistemas tradicionais de manejo dos recursos; f) reduo da presso antrpica na ocupao e uso de ecossistemas e ambientes frgeis; e g) adequao s novas exigncias do mercado (BAlBINO et al., 2011a). A sustentabilidade do setor agropecurio deve estar dire- tamente relacionada com a evoluo do sistema de produo, tal qual o Sistema Plantio Direto (SPD) e a Integrao lavoura-Pecuria (ilP). O SPD, devido s suas prerrogativas bsicas, mais importante para as regies tropicais, graas aos seus efeitos na conservao do solo, entre outros. J a ilP proporciona benefcios recprocos lavoura e pecuria, reduzindo as causas da degradao fsica, qumica e biolgica do solo, resultantes de cada uma das exploraes (KluthcOuSKI e StONe, 2003). A introduo do componente florestal em sistemas de integrao agropecuria gerou o conceito mais amplo de Integrao lavoura-Pecuria-Floresta (ilPF), com Joo Kluthcouski4 Paulo Roberto Galerani5 Lourival Vilela6 2. 2 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 INFORMAES AGRONMICAS Publicao trimestral gratuita do International Plant Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal publica artigos tcnico-cientficos elaborados pela comunidade cientfica nacional e internacional, visando o manejo responsvel dos nutrientes das plantas. COMISSO EDITORIAL Editor Lus Igncio Prochnow Editores Assistentes Valter Casarin e Silvia Regina Stipp Gerente de Distribuio Evandro Luis Lavorenti INTERNATIONAL PLANT NuTRITION INSTITuTE (IPNI) Presidente do Conselho Steve Wilson (CF Industries Holdings, Inc.) Vice-Presidente do Conselho Mhamed Ibnabdeljalil (OCP Group) Tesoureiro Jim Prokopanko (Mosaic Company) Presidente Terry L. Roberts Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da sia e frica Adrian M. Johnston Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do Oeste Europeu/sia Central e Oriente Mdio Svetlana Ivanova Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa e Coordenador do Grupo das Amricas e Oceania Paul E. Fixen PROGRAMA BRASIL Diretor Lus Igncio Prochnow Diretores Adjuntos Valter Casarin Eros Francisco Publicaes Silvia Regina Stipp Analista de Sistemas e Assistente Administrativo Evandro Luis Lavorenti Assistente Administrativo Renata Fiuza ASSINATuRAS Assinaturas gratuitas so concedidas mediante aprovao prvia da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI: www.ipni.org.br Mudanas de endereo podem ser solicitadas por email para: [email protected] NOTA DOS EDITORES Todos os artigos publicados no Informaes Agronmicas esto disponveis em formato pdf no website do IPNI Brasil: Opinies e concluses expressas pelos autores nos artigos no refletem necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal. N0 138 JUNHO/2012 CONTEDO Agricultura sustentvel por meio da Integrao Lavoura-Pecuria- Floresta (iLPF) Luiz Carlos Balbino, Luiz Adriano Maia Cordeiro, Priscila de Oliveira, Joo Kluthcouski, Paulo Roberto Galerani, Lourival Vilela........1 Monitoramento da fertilidade do solo com a tcnica da amostragem em grade Leandro M. Gimenez, Leandro Zancanaro..............................................19 IPNI em Destaque ..................................................................................26 Divulgando a Pesquisa...........................................................................28 Painel Agronmico.................................................................................29 Cursos, Simpsios e outros Eventos .....................................................30 Publicaes Recentes .............................................................................31 Ponto de Vista.........................................................................................32 FOTO DESTAQUE equipe do IPNI durante o III Simpsio Regional do IPNI sobre Boas Prticas para uso eficiente de Fertilizantes, em lus eduardo Magalhes, BA. Da esquerda para direita: Silvia Stipp, eros Francisco, Valter casarin, evandro lavorenti, Renata Fiuza. Esta publicao foi impressa e distribuda com o apoio financeiro parcial das seguintes instituies/empresas: FERtILIzANtES HERINgER S.A. YARA BRASIL FERtILIzANtES S.A. 3. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 3 inmeras possibilidades de combinao espao-temporal entre os componentes agrcola, pecuria e florestal, resultando em diferentes sistemas (silvipastoril, silviagrcola, agropastoril e agrossilvipastoril). Porm, apesar deste contexto ser recente, os sistemas agrossilvipastoris so conhecidos na europa desde a antiguidade, com vrios tipos de plantios associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre frutferas e rvores madeireiras. Vrios escritores romanos do sculo I d.c. entre eles caio Plnio, que escreveu a enciclopdia intitulada histria Natural (Naturalis Historia), composta de 37 livros, e lucius Junius Moderatus, autor com maior repertrio documentado sobre a agricultura romana fazem referncia a sistemas de integrao entre rvores, como nogueiras e oliveiras, e pastagens (DuPRAz e lIAgRe, 2008). Outros autores do sculo XVI descrevem sistemas que integram rvores frutferas com a produo pecuria. O uso desses sistemas, no entanto, quase desapareceu, em virtude, principalmente, da mecanizao e da intensificao dos sistemas agrcolas, da dificuldade da colheita manual das frutas e de questes administrativas. De acordo com gholz (1987), o desaparecimento desses sistemas nas regies temperadas seguiu o desaparecimento da pequena agricultura familiar, quando lavouras, gado e rvores passaram a ter gestes separadas, para atender agricultura, pecuria e silvicultura modernas. com o aumento da demanda por alimentos e a evoluo tecnolgica na produo, a atividade agrcola moderna passou a se caracterizar por sistemas padronizados e simplificados de monocultura. Alm disso, com a expanso da fronteira agrcola e com o manejo mecanizado do solo e o uso de agroqumicos e da irrigao, as atividades agrcolas, pecurias e florestais passaram a ser realizadas de maneira intensificada, independente e dissociada. esse modelo da produo agropecuria predomina nas propriedades rurais em todo o mundo; entretanto, tem mostrado sinais de fragilidade, em virtude da elevada demanda por energia e por recursos naturais que o caracteriza. Por exemplo, a degradao de pastagens tornou-se um dos principais sinais da baixa sustentabilidade da pecuria nas diferentes regies brasileiras. O manejo inadequado do rebanho normalmente considerado como a principal causa de sua degradao. Macedo e zimmer (1993) definem degradao de pastagens como um processo evolutivo de perda do seu vigor, produtividade e capacidade de recuperao natural para sustentar os nveis de produo e qualidade exigida pelos animais. entre os principais problemas da pecuria brasileira, Aidar e Kluthcouski (2003) alertam para a degradao das pastagens e dos solos, o manejo animal inadequado, a baixa reposio de nutrientes no solo, os impedimentos fsicos dos solos e os baixos investimentos tecnolgicos. tais restries trazem consequncias negativas para a sustentabilidade da pecuria, tais como: baixa oferta de forragens, baixos ndices zootcnicos e baixa produtividade de carne e leite por hectare, alm de reduzido retorno econmico e ineficincia do sistema. estima-se que 80% das pastagens cultivadas no Brasil central, responsveis por mais de 55% da produo nacional de carne, encontram-se em algum estdio de degradao. Isso afeta diretamente a sustentabilidade da pecuria. Quando se considera apenas a engorda de bovinos, uma pastagem degradada pode ter a produo at seis vezes menor que uma pastagem recuperada ou em bom estado de manuteno (MAceDO et al., 2000). com relao agricultura, segundo Macedo (2009), o monocultivo e as prticas culturais inadequadas tm causado perda de produtividade, ocorrncia de pragas e doenas e degradao do solo e dos recursos naturais. Nas reas de lavouras temporrias, bem como em reas de pastagens naturais e plantadas, predomina a monocultura e, na maioria dos casos, a utilizao de boas prticas agronmicas no verificada de forma completa, o que resulta em degradao na qualidade dos solos e se reflete em baixa produtividade e elevada eroso (BAlBINO, 2001; heRNANI et al., 2002). Por sua vez, a associao do componente arbreo s pastagens e s lavouras adquire importncia, que tende a ser maior quando utilizada em regies agropastoris com grande fragmentao e insulamento de remanescentes florestais naturais ou com pastagens degradadas(PORFRIO-DA-SIlVA,2006).tambmMacedo(2000) alega que a integrao de rvores em meio a lavouras e/ou pastagens se constitui em uma alternativa produo intensiva de lavouras e pastagens em monoculturas, alm de ser uma opo agroecolgica que inclui em seus conceitos referenciais os principais elementos da sustentabilidade, ou seja, o econmico, o social e o ambiental. Portanto, as diferentes modalidades e sistemas de ilPF podem contribuir significativamente para o estabelecimento de uma agricultura dentro dos preceitos da sustentabilidade, pois contorna e corrige os desequilbrios impostos pelos sistemas simplificados de produo, cujo manejo de solos e culturas no prioriza adequadamente o conservacionismo. Opresentetrabalhoobjetivaapresentarconceitos,modalidades e exemplos de sistemas de ilPF e de que forma esta estratgia de produo contribui para a consolidao da agricultura sustentvel. 2. CONCEITO, HISTRICO E MODALIDADES DE INTEGRAO LAVOURA-PECURIA-FLORESTA A integrao lavoura-pecuria-floresta (ilPF) definida como uma estratgia de produo sustentvel que integra atividades agrcolas, pecurias e florestais, realizadas na mesma rea, em cultivo consorciado, em sucesso ou rotao, e busca efeitos sinrgicos entre os componentes do agroecossistema, contemplando a adequao ambiental, a valorizao do homem e a viabilidade econmica da atividade agropecuria. Portanto, pode-se utilizar a ilPF para implantar um sistema agrcola sustentvel com base nos princpios da rotao de culturas e do consrcio entre culturas de gros, forrageiras e espcies arbreas, para produzir, na mesma rea, gros, carne ou leite e produtos madeireiros e no madeireiros ao longo de todo ano. Desta forma, a ilPF, que tem como objetivo a intensificao do uso da terra, fundamenta-se na integrao espacial e temporal dos componentes do sistema produtivo, para atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade (BAlBINO et al., 2011a). Segundo esses autores, os sistemas de integrao podem ser classificados em quatro modalidades distintas: Integrao lavoura-Pecuria (ilP) ou Sistema Agro- pastoril: sistema de produo que integra os componentes agrcola e pecurio em rotao, consrcio ou sucesso, na mesma rea e no mesmo ano agrcola ou por mltiplos anos; IntegraoPecuria-Floresta(iPF)ouSistemaSilvipastoril: sistema de produo que integra os componentes pecurio (pastagem e animal) e florestal, em consrcio; Integraolavoura-Floresta(ilF)ouSistemaSilviagrcola: sistema de produo que integra os componentes florestal e agrcola pela consorciao de espcies arbreas com cultivos agrcolas (anuais ou perenes) e, Integrao lavoura-Pecuria-Floresta (ilPF) ou Sistema Agrossilvipastoril: sistema de produo que integra os componentes agrcola, pecurio e florestal em rotao, consrcio ou sucesso, na mesma rea. 4. 4 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 tais modalidades se assemelham com a classificao de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em suas vertentes silviagrcola, silvipastoril e agrossilvipastoril (NAIR, 1991; MONtAgNINI et al., 1992; BANDy, 1994; DuBOIS, 2004). existe, atualmente, na literatura, grande variedade de termos que so empregados para denominar e conceituar a prtica de combinar espcies florestais com culturas agrcolas e/ou com a pecuria. A agrossilvicultura pode ser considerada como a cincia que estuda os SAFs, que, por sua vez, apresentam-se como um conjunto de tcnicas alternativas de utilizao dos recursos naturais nos quais espcies florestais so utilizadas em associao a cultivos agrcolas e/ou animais em uma mesma superfcie (MAceDO et al., 2010). tambm Daniel et al. (1999) destaca que muitos problemas com o uso equivocado da terminologia referente a SAFs tem sido encontrados na literatura, resultantes de falhas de traduo, especialmente da lngua inglesa para a portuguesa, outros em funo da inobservncia da etimologia dos elementos formadores dos termos, e ainda aqueles que surgem de erros gramaticais. Os autores analisam a possibilidade de padronizao da terminologia empregada em SAFs no Brasil, sugerindo que o termo agroflorestais (originado de agroforestry) o ideal para abranger todos os sistemas de uso da terra agrossilvicultural, sivipastoril e agrossilvipastoril, pois envolve as relaes entre cultivos agrcolas e/ou criao de animais e/ou atividades florestais. contudo, Balbino et al. (2011a) ressalta que a ilPF uma estratgia de produo que apresenta classificao mais abrangente, incluindo, alm desses sistemas, o Sistema Agropastoril, ou seja, a ilP. h muitos anos, reas de produo de arroz de terras baixas no Sul do Brasil so utilizadas em rotao com pastagens. No Bioma cerrado, as primeiras pesquisas para compreender os sistemas de consrcio entre culturas anuais e forrageiras tiveram incio no final dos anos 1970. As instituies ligadas ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria (SNPA) pesquisam e recomendam sistemas agrossilvipastoris h muitos anos, pois nas dcadas de 1980 e 1990 desenvolveram e aperfeioaram tecnologias para recuperao de pastagens degradadas (KluthcOuSKI et al., 1991; MAceDO, 1993) e pesquisas sobre sistemas silvipastoris (BAggIOeSchReINeR,1988; BAggIOecARPANezzI,1989; MONtOyAVIlcAhuAMAN e BAggIO, 1992; SchReINeR, 1994; MONtOyA VIlcAhuAMAN et al., 1994; BAggIO e PORFRIO-DA-SIlVA, 1998), bem como sistemas de integrao lavoura-pecuria (luStOSA, 1998; MORAeS et al., 2002). em 1986, iniciaram-se alguns trabalhos de pesquisa com sistemas de ilPna regio central do pas pela embrapa cerrados, em Planaltina, DF, culminando na implantao, em 1990, de um experimento de longa durao, com objetivo de estudar diferentes sistemas de ilP, que continua sendo conduzido at o presente momento. em 1991, foi lanado pela embrapaArroz e Feijo o Sistema Barreiro, que composto por um conjunto de tecnologias e prticas de recuperao de reas de pastagens em degradao, embasadas no consrcio arrozpastagem (KluthcOuSKI et al., 1991). Segundo los (1993), a ilP no SPD vivel tanto para pecuria de corte como de leite e, para sua implantao, pode-se lanar mo de diversas possibilidades, sendo que seu limite fica na adequao da regio, clima, solo e produtor. A seguir, algumas das possibilidades: Pecuria sazonal: aproveitamento da pastagem para o ciclo em questo, quando existem problemas de compactao pelo pisoteio, distribuio desuniforme de cobertura remanescente, locais de concentrao de rastros e distribuio desuniforme de esterco. Para amenizar estes problemas, o manejo de gado deve ser seguido com a retirada dos animais em dias de chuva, permanncia restrita na rea e retirada total com tempo hbil, para que a forragem se recupere e produza boa cobertura morta para o SPD. Pecuria contnua, seja para produo de carne ou de leite: esta modalidade vivel para exploraes tecnificadas e de maior retorno econmico. Para evitar a sazonalidade, deve-se armazenar alimentos na forma de silagem ou feno utilizando gramneas de inverno. Pecuria intercalada com agricultura: inverso do uso das glebas com agricultura e pecuria com vrias vantagens, o que propicia a recuperao da estrutura fsica, da fertilidade qumica e do teor de matria orgnica do solo em determinadas fases do sistema. los (1997) ressaltou que o objetivo principal da ilP melhorar o aproveitamento dos bens de produo, mo de obra, mquinas, benfeitorias e solo, como tambm o produto oriundo da explorao. Para melhor entendimento, o autor enumera diferentes formas de integrar estes sistemas, visando a utilizao de bovinos, ou bubalinos, para produo de carne e leite: a) introduo de forrageiras num sistema agrcola implementado com culturas anuais; b) introduo de cultivos agrcolas em reas sob explorao pecuria; c) introduo de explorao pecuria em reas agrcolas; d) abertura de reas com implantao de pastagens para posterior introduo de agricultura; e) recuperao de solos agrcolas com introduo de pastagens; e f) implementao de culturas agrcolas para renovao de reas ocupadas com pastagens. No final dos anos 1990, surgiram propostas que envolviam o uso de sistemas de ilP com rotao lavoura-pastagem para produo de gros, produo de forragem para a entressafra e acmulo de palhada para o SPD. em 2001, consolidou-se o Sistema Santa F, que se fundamenta na produo consorciada de culturas de gros, especialmente milho, sorgo, milheto e arroz, com forrageiras tropicais, principalmente as do gnero Brachiaria, em reas de lavoura com solo parcial ou totalmente corrigido. Os principais objetivos desse sistema so: produo de forragem para a entressafra, produo de palhada em quantidade e qualidade para o SPD (KluthcOuSKI eAIDAR, 2003; BORghI e cRuScIOl, 2007) e, obviamente, produo de gros (Figura 1). um dos aspectos mais inovadores a aplicao dos conceitos de ilP ao SPD. embora haja muita discusso a respeito dos efeitos da entrada de animais em reas de plantio direto (MORAeS et al., 2002), observa-se forte crescimento na adoo da tecnologia de ilP emSPD,comparticularidadesemcadaregio.Outrosexemplosforam estudadosedifundidosnamesmapoca,comoossistemassilvipastoris. Aincluso do componente arbreo aos subsistemas lavouras e pastagens representa um avano da ilP, evoluindo para o conceito de ilPF quando adota-se sua modalidade agrossilvipastoril (Figura 2). O componente agrcola pode restringir-se fase inicial de implantao do componente florestal ou fazer parte do sistema por vrios anos, sendo o componente pecurio o que permanece com o crescimento das rvores no estdio final da integrao. Atualmente, as aes de conservao do solo e da gua fazem com que o ecossistema agrcola seja no apenas um provedor de alimentos e fibras para gerar, de modo sustentvel, renda ao produtor e segurana alimentar, mas tambm um provedor de servios ambientais. h no Brasil prticas agrcolas que, caso se considerem todas as prticas conservacionistas, podem oferecer diversos servios ambientais, como por exemplo: SPD contnuo na palha, sistema de ilP em Plantio Direto e ilPF em Plantio Direto (MAchADO et al., 2010). Portanto, a adoo de sistemas de produo sustentveis que integram atividades agrcolas, 5. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 5 pecurias e/ou florestais so as principais solues tecnolgicas para a agropecuria sustentvel, uma vez que proporcionam muitos benefcios tcnicos, econmicos, ambientais e sociais. 3. BENEFCIOS E CONTRIBUIES DOS SISTEMAS DE INTEGRAO LAVOURA-PECURIA-FLORESTA PARA A SUSTENTABILIDADE AGROPECURIA Na viso de conway (1987), um agroecossistema sustentvel compreende a busca de: Produtividade, que indica a obteno da maior quantidade de produtos ou energia ou valor da produo por unidade de insumos/recursos aplicados produo; estabilidade, que se refere constncia da produtividade frente s flutuaes normais do clima; Sustentabilidade, que est associada habilidade do sistema para manter a produtividade quando sujeito s foras normais de flutuao do ambiente; Resilincia, que diz respeito capacidade do sistema em reagir, em menor tempo, a determinado distrbio (por exemplo, velocidade da retomada de crescimento das pastagens aps estresse climtico); e Invulnerabilidade, ou seja, quando a diversidade de produtos reduz o grau com que o sistema vulnervel ao distrbio. conforme explicam Balbino et al. (2011a), a integrao lavoura-Pecuria-Floresta (ilPF) envolve sistemas produtivos diversificados (que contemplam a produo de alimentos, fibras, energia, produtos madeireiros e no madeireiros), de origem vegetal e animal, realizados para otimizar os ciclos biolgicos das plantas e dos animais, bem como dos insumos e seus respectivos resduos.Ainda, segundo estes autores, a ilPF pode contribuir para a recuperao de reas degradadas, manuteno e reconstituio da cobertura florestal, promoo e gerao de emprego e renda, adoo de Boas Prticas Agropecurias (BPA), melhoria das condies sociais, adequao da unidade produtiva legislao ambiental (manuteno de reas de Preservao Permanente APP e de reas de Reserva legal ARl) e valorizao de servios ambientais oferecidos pelos agroecossistemas, tais como: a) conservao dos recursos hdricos e edficos; b) abrigo para os agentes polinizadores e de controle natural de insetos-praga e doenas; c) fixao de carbono; d) reduo da emisso de gases de efeito estufa; e) reciclagem de nutrientes; e f) biorremediao do solo. A intensificao da produo observada em sistemas ilPF acarreta diversos benefcios ao produtor e ao meio ambiente, ou seja: a) melhora as condies fsicas, qumicas e biolgicas do solo; b) aumenta a ciclagem e a eficincia na utilizao dos nutrientes; c) reduz custos de produo da atividade agrcola e pecuria; d) diversifica e estabiliza a renda na propriedade rural; e) viabiliza a recuperao de reas com pastagens degradadas (AlVAReNgA et al., 2010b). O desenvolvimento de agroecossistemas com caractersticas de ecossistemas naturais, tornando-os mais estveis e diversificados, , portanto, de grande relevncia. A ilPF uma estratgia promissora capaz de conciliar ecoeficincia com desenvolvimento socioeconmico, reunindo esforos entre setores pblico e privado (BAlBINO et al., 2011a). em sntese, a ilPF compatibiliza os itens anteriormente mencionados, aliando aumento da produtividade com conservao de recursos naturais. 3.1. Benefcios e contribuies tecnolgicas Os principais benefcios tecnolgicos que podem ser obtidos com a adoo de sistemas de ilPF so enumerados por Balbino et al. (2011a): melhoria dos atributos fsicos, qumicos e biolgicos do solo devido ao aumento da matria orgnica do solo; reduo de Figura 1. (A) Pastagem degradada; (B) milho consorciado com Brachiaria brizantha Sistema Santa F tecnologia embrapa de integrao lavoura- Pecuria; (c) pastagem reformada aps colheita do milho consorciado com B. brizantha. Regio do cerrado, em una, Mg. Figura 2. (A) colheita de soja em consrcio com eucalipto em sistema de integrao lavoura-Pecuria-Floresta (ilPF), embrapa cerrados, Planaltina, DF; (B) incio de pastejo aps colheita de milho consorciado com Brachiaria brizantha em consrcio com eucalipto em sistema de ilPF, Fazenda Santa Brgida, Ipameri, gO; (c) pastagem reformada aps colheita do milho consorciado com B. brizantha em consrcio com eucalipto em sistema de ilPF, Fazenda Santa Brgida, Ipameri, gO. A B C A B C 6. 6 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 perdasdeprodutividadenaocorrnciadeveranicos,quandoassociado a prticas de correo da fertilidade do solo e ao SPD; minimizao da ocorrncia de doenas e plantas daninhas; aumento do bem-estar animal em decorrncia do maior conforto trmico; maior eficincia na utilizao de insumos e ampliao do balano positivo de energia e possibilidade de aplicao em diversos sistemas e unidades de produo (grandes, mdias e pequenas propriedades rurais). Alm dessas vantagens, h maior eficincia na utilizao de mquinas, equipamentos e mo de obra (KIchel e MIRANDA, 2001). AilP descrita como a diversificao, rotao, consorciao e/ou sucesso das atividades de agricultura e de pecuria dentro da propriedade rural, de forma harmnica, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que haja benefcios para ambas (VIlelAet al. 2001; KluthcOuSKI e yOKOyAMA, 2003;AlVAReNgA e NOce, 2005). A ilP possibilita que o solo seja explorado eco- nomicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de gros, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo entre lavoura e pastagem. O aumento de produtividade dos componentes lavoura e animal em sistemas de ilP resultante da interao de vrios fatores e, muitas vezes, de difcil separao. Alm da melhoria das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do solo, a quebra de ciclos biticos deletrios (pragas e doenas) contribui para aumentar a produtividade do sistema. A reduo do uso de agroqumicos em razo da quebra dos ciclos de pragas, doenas e plantas daninhas outro benefcio potencial ao meio ambiente dos sistemas mistos, como a ilP (VIlelA et al., 2008). As fazendas que adotam a rotao lavoura-pasto na ilP como estratgia de produo agrcola na regio do cerrado podem se beneficiar da melhor estabilidade de produo de forragem para alimentar o rebanho durante o ano todo. No perodo das chuvas, as pastagens so mais produtivas, em virtude da melhoria da fertilidade do solo pelas lavouras. No perodo da seca, alm da palhada e dos subprodutos de colheita, os pastos recm-estabelecidos permanecem verdes e com qualidade e quantidade para conferir ganhos de peso positivos, ao invs de perda de peso, comum neste perodo do ano, na maioria das fazendas do cerrado (VIlelA et al., 2011). Dados de Vilela et al. (2008), citados na tabela 1, evi- denciam o benefcio da pastagem no rendimento de gros de soja depois de um ciclo de trs anos de pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu, que foi 17% superior ao obtido no sistema de lavoura contnua. Ressalte-se, ainda, que esse maior rendimento de gros foi obtido em rea que recebeu menores quantidades de fertilizantes, em mdia 45% a menos, durante os 17 anos de cultivo, com consequente economia no uso de fertilizantes e reduo nos custos de produo. Neste mesmo experimento, avaliou-se o desempenho animal em pastagem degradada e aps o cultivo da soja (Figura 3), observando-se que, no perodo das chuvas, o ganho de peso foi de 683 kg ha-1 de peso vivo. tabela 1. Rendimento de soja em dois sistemas de cultivo (lavoura contnualc e rotao lavoura-pasto-lavouralPl) submetidos a dois sistemas de plantio em latossolo Vermelho, textura argilosa. Planaltina, DF. Safra 2004/2005 2006/2007 2007/20082 N P2 O5 K2 O1 Sistema de plantio Mdia3 Convencional Direto - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1 ) - - - - - - - - - - - - - - - - - Soja-sorgo-soja (lc) Soja 308 1.487 1.391 3.079 3.044 3.061 b Brachiaria brizantha2 (lPl) Soja 85 853 813 3.540 3.603 3.571 a Mdia 3.310 A 3.324 A 1 total de corretivos e nutrientes aplicados por nvel de fertilidade em 17 anos de cultivo. 2 Na safra de 2007/2008 a adubao de plantio da soja foi de 485 kg ha-1 da frmula 02020 + S + micronutrientes. 3 Mdias seguidas por letras iguais no diferem entre si ao nvel de significncia de 5% pelo teste de tukey. Fonte: Vilela et al. (2008). Figura 3. ganho de peso vivo de bovinos em recria em duas pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu, antes da semeadura da soja em 2007.Antes da semeadura do pasto a rea foi cultivada com soja e milheto nas safras de 1999 a 2003. Perodo de pastejo de 134 dias na estao das chuvas de 2006/07. Planaltina, DF. Fonte: Vilela et al. (2008). estudo realizado em 1995 na regio centro-Sul do Paran mostou que o principal entrave para a adoo do sistema de ilP pode ser a compactao do solo, em virtude do pisoteio animal (MORAeS et al., 2002). Pesquisas conduzidas no subtrpico brasileiro indicam que, do ponto de vista das propriedades fsicas do solo, no ocorre qualquer restrio para o desenvolvimento das culturas subsequentes, desde que no haja elevada intensidade de pastejo (cARVAlhO et al., 2010b). Se a lotao das reas de pastagem for moderada, em geral, ocorre leve adensamento do solo, o que no compromete o desenvolvimento vegetal, pois a porosidade no afetada (MORAeS e luStOSA, 1997; cASSOl, 2003; FlOReS et al., 2007; cONte et al., 2011). Quanto s propriedades qumicas do solo, assim como observado no SPD, o pastejo pode causar melhoria na fertilidade do solo, em razo do acmulo de matria orgnica, da alterao na ciclagem de nutrientes (lANg, 2004; FlOReS et al., 2008), da melhoria na eficincia do uso de fertilizantes e da capacidade diferenciada de absoro de nutrientes (luStOSA, 1998; cARVAlhO et al., 2010a). Para o componente pecurio, a ilPF proporciona microclima favorvel ao aumento do ndice de conforto trmico com presena 7. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 7 dos animais na sombra das rvores, ao contrrio da exposio insolao direta ou s baixas temperaturas do inverno. este benefcio torna-se muito importante por produzir reflexos positivos sobre a produtividade e a reproduo animal (PORFRIO-DA- SIlVA et al., 2001). conforme afirmam Nicodemo et al. (2004), os sistemas silvipastoris combinam espcies lenhosas (rvores, arbustos, palmeiras, entre outros) ao sistema de produo animal, em alguma forma de arranjo temporal ou espacial, sendo ferramentas importantes do desenvolvimento sustentvel, j que combinam produo com a conservao dos recursos naturais.Aimplantao e o manejo de sistemas silvipastoris so mais complexos, comparados aos sistemas pecurios convencionais, mas, ainda assim, podem representar um significativo aporte de recursos, aumentando a resilincia dos sistemas de produo. entretanto, a presena das rvores gera uma alterao na produo forrageira em sistemas de ilPF. Oliveira et al. (2007) observaram que a forragem disponvel de Brachiaria brizantha foi sempre maior na entrelinha do que na linha de plantio, independente do arranjo de plantio do eucalipto em sistema agrossilvipastoril. 3.2. Benefcios e contribuies econmicas e sociais Destacam-se como benefcios econmicos e sociais da ilPF (BAlBINOetal.,2011a):incrementodaproduoanualdealimentos a menor custo; aumento da produo anual de fibras, biocombustveis e biomassa; aumento da competitividade das cadeias de produtos de origem vegetal e animal nos mercados nacional e internacional; aumento da produtividade e da qualidade do leite e reduo da sazonalidade de produo; aumento da oferta de alimentos de qualidade;dinamizaodevriossetoresdaeconomia,principalmente no nvel regional; melhoria da imagem da produo agropecuria e dos produtores brasileiros, pois concilia atividade produtiva e preservao do meio ambiente; aumento da competitividade do agro- negcio brasileiro; maiores vantagens comparativas na insero das questes ambientais nas discusses e negociaes da Organizao Mundial do comrcio (OMc); reduo de riscos em razo de melhoriasnascondiesdeproduoedadiversificaodeatividades comerciais; possibilidade de novos arranjos de uso da terra, com explorao das especialidades e habilidades dos diferentes atores, tais como arrendatrios e proprietrios; melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua famlia; estmulo participao da sociedade civil organizada; possibilidade de o sistema ser empregado por qualquer produtor rural, independentemente do porte da propriedade (pequena, mdia ou grande); fixao e ampliao da insero social pela melhor distribuio de renda e maior gerao de empregos no campo; aumento real da renda do produtor rural; reduo do processo migratrio e estmulo qualificao profissional (BAlBINO et al., 2011a). Martha Jnior et al. (2011) estudaram a dimenso eco- nmica de sistemas de ilP demonstrando que nos cenrios testados os sistemas integrados foram competitivos com os sistemas especializados de pecuria, mas perderam em comparao com os sistemas especializados em soja. Igualmente, Macedo et al. (2001) demostraramganhosdeeficinciaagronmicaeeconmica,pormeio de aumentos de produtividade e diminuio de custos, em um sistema misto de integrao lavoura-pecuria em experimento da embrapa gado de corte, em campo grande, MS. Outras demonstraes da viabilidade econmica de sistemas de ilP por meio de indicadores financeiros positivos podem ser encontradas nos estudos de costa e Macedo (2001), cobucci et al. (2007) e Muniz et al. (2007). Macedoetal.(2010)enfatizamqueparaanalisaraviabilidade econmica de projetos agroflorestais, ou seja, sistemas de ilPF, so usados os indicadores Valor Presente lquido (VPl), Valor esperado da terra (Vet), Benefcio-custo Peridico equivalente (B-cPe), taxa Interna de Retorno (tIR) e relao Benefcio custo (B/c). Segundo os autores, estudos sobre viabilidade econmica de sistemas agroflorestais ou sobre ilPF variados esto disponveis na literatura, denotando-se a preocupao dos pesquisadores no s com aquestosocialeecolgica,mastambmcomrelaolucratividade. Destacam tambm que, embora exista aumento da demanda por alternativas de produo, ainda h desconhecimento por parte dos produtores rurais quanto a custos, produtividade e rentabilidade de plantios de rvores em sistemas agroflorestais ou de ilPF. Mais especificamente, cordeiro (2010) avaliou dois sistemas integrados de produo, silvipastoril e agrossilvipastoril, comparados ao monocultivo de produo florestal com eucalipto para produo de carvo em Minas gerais. Os sistemas integrados foram viveis economicamente, com destaque para a agregao de valor da madeira para serraria nos dois sistemas, quando comparados ao monocultivo para carvo vegetal. em outra localidade, o mesmo autor avaliou os custos de produo e a receita obtida com a variao do espaamento de eucalipto, em unidades de experimentao de ilPF. Neste caso, a receita do sistema integrado foi negativa, pois mesmo com a insero da cultura de milho e da pecuria, o ganho em rea no proporcionou o mesmo retorno financeiro obtido no monocultivo de eucalipto. conforme concluiu Rodigheri (1998), os indicadores econmicos dos cultivos florestais solteiros e/ou em sistemas agroflorestais apresentaram maiores rentabilidades do que as rotaes anuais de feijo-milho e soja-trigo. comparativamente aos cultivos anuais de feijo, milho, soja e trigo solteiros, os sistemas agroflorestais, alm da maior rentabilidade econmica, viabilizam a produo simultnea de madeira e alimentos e aumentam o emprego e a renda nas propriedades rurais. Resultados semelhantes foram apresentados por Dossa e Montoya Vilcahuaman (2001), os quais mostram que o componente florestal na propriedade rural vivel economicamente e que to competitivo quanto s atividades de gros e pecuria. A integrao entre gros, animais e florestas propicia menores riscos de clima e de mercado no mdio e longo prazo, tornando-se uma alternativa interessante para aumentar a renda das propriedades rurais. Alguns estudos avaliaram a diminuio da eroso, a contribuio econmica (RIBeIRO et al., 2007), a viabilidade econmica (SOuzA et al., 2007) e a anlise de investimento sob situao de risco (cOelhO JNIOR et al., 2008) de um sistema agrossilvipastoril sequencial composto por clones de eucalipto estabelecido em consrcio com arroz no primeiro ano, seguido de soja no segundo ano.Aps a colheita da soja iniciou-se a formao de pastagem de B. brizantha, sendo os anos consecutivos dedicados produo de pecuria de corte, em Minas gerais. Os resultados indicam, de maneira geral, baixo risco de investimento e alta viabilidade econmica do sistema, devido mais atividade florestal e pecuria do que aos cultivos anuais. considerando-se o mercado ilimitado e potencial, nacional e internacional, para a comercializao de madeira, o plantio de espcies arbreas em pastagens aumentaria consideravelmente o retorno econmico em longo prazo e justificaria incentivos e subsdios de curto prazo que ajudariam a estabelecer pastagens melhoradas (Fernandes et al., 1993, citados por MAceDO et al., 2010). 8. 8 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 Souza et al. (2007) ressaltam que em sistemas integrados agroflorestais para diversos ciclos compostos por eucalipto, culturas anuais e pecuria, a idade tima de corte do componente florestal foi aos 8 anos para o stio menos produtivo e aos 6 anos para o stio mais produtivo. Os stios mais produtivos proporcionaram maior lucro e menos tempo de imobilizao do capital. Neste trabalho, houve aumento significativo na viabilidade econmica do sistema agroflorestal medida que se agregou valor aos produtos. O sistema comeou a ser vivel economicamente a partir do uso de, pelo menos, 16% da madeira para serraria. Nicodemos et al. (2004) citam vrios autores que avaliaram a viabilidade econmica de sistemas silvipastoris, e exemplificam que, no caso de pecuaristas que queiram implantar sistemas silvipastoris, pode-se estimar que pastagens com 200 rvores por hectare, manejadas para produzir madeira para serraria, poderiam adicionar cerca de R$ 300,00 ha-1 ano-1 .Alucratividade de sistemas silvipastoris tem sido demonstrada em vrios trabalhos que comparam monocultura de floresta, monocultura de pastagens e sistema silvipastoril com 250 e 416 rvores por hectare. esse sistema apresentou as melhores taxas Internas de Retorno do investimento efetuado, superando a renda lquida obtida nas monoculturas. reas consideradas imprprias para agricultura ou pastagem em estdio inicial de degradao podem ser utilizadas e recuperadas por meio de sistemas silvipastoris. Na regio Amaznica, por exemplo, a combinao de cultura de milho, paric (Schizolobium amazonicum) e B. brizantha para a recuperao de pastagens degradadas foi considerada vivel, e a produo de milho nos trs anos iniciais de estabelecimento do sistema reduziu os custos totais em 70%, conforme Marques (1990), citado por Nicodemo et al. (2004). 3.3. Benefcios e contribuies ecolgicas e ambientais como principais benefcios ecolgicos e ambientais, Balbino et al. (2011a) apresentam: reduo da presso para a abertura de novas reas; melhoria na utilizao dos recursos naturais pela complementaridade e sinergia entre os componentes vegetais e animais; diminuio no uso de agroqumicos para controle de insetos-praga, doenas e plantas daninhas; reduo dos riscos de eroso; melhoria da recarga e da qualidade da gua; mitigao do efeito estufa, resultante da maior capacidade de sequestro de carbono; menor emisso de metano por quilograma de carne produzido; promoo da biodiversidade e favorecimento de novos nichos e habitats para os agentes polinizadores das culturas e inimigos naturais de insetos-praga e doenas; intensificao da ciclagem de nutrientes; aumento da capacidade de biorremediao do solo; reconstituio do paisagismo, possibilitando atividades de agroturismo, e melhoria da imagem pblica dos agricultores perante a sociedade, atrelada conscientizao ambiental. Os sistemas de ilPF potencializam a melhor dinmica hdrica, principalmente com a insero do componente florestal, pois ocorre melhorianadistribuiodevapordegua,estabilizaodatemperatura e da umidade relativa do ar e proteo da superfcie do solo, sendo consideradoscomoferramentaseficientesdecombateaoaquecimento global e s mudanas climticas. Os componentes arbreos atuam no somente como estabilizadores trmicos e formadores de nuvens interceptadoras de radiao solar, mas, com seus resduos vegetais sobre o solo, tambm atuam como interceptadores e armazenadores de guas pluviais (PRIMAVeSI, 2007). A integrao de rvores e cultivos agrcolas pode resultar em utilizao mais eficiente de gua, nutriente e radiao solar, comparada obtida em monocultivos florestais e agrcolas. uma das razes biolgicas de interesse pela adoo de sistemas integrados a de que as rvores aproveitam pores da biosfera que as plantas agrcolas ou os animais geralmente no utilizam, o que resulta em maior produo de biomassa total (MAceDO et al., 2010). Alm de buscar atender s vrias necessidades dos pro- dutores rurais (alimento, madeira, lenha, forragem, plantas medicinais e fibras), o sistema silvipastoril pode auxiliar na con- servao dos solos, recuperao de microbacias, recomposio ordenada de reas florestais e manuteno da biodiversidade, entre outros (NIcODeMO et al., 2004). As principais estratgias para reduo da emisso dos gases de efeito estufa (gee) consistem na reduo da queima de combustveis fsseis, minimizao de desmatamento e queimadas, manejo adequado do solo e maximizao do sequestro de carbono (c) no solo. No contexto das duas ltimas estratgias, o manejo do solo, com uso de prticas conservacionistas, indiscutvel para sua otimizao (cARVAlhO et al., 2008). Segundo carvalho et al. (2010a), a ilP vem exibindo considervel potencial de acmulo de c no solo. esses autores apresentam resultados de trabalhos na regio do cerrado com incremento nos estoques de c do solo em sistemas de ilP sob SPD, quando comparados aos de reas sob SPD sem a presena de forrageira na rotao ou sucesso de cultivos. O potencial de sequestro de c do SPD no Brasil j havia sido comprovado, por exemplo, pelo trabalho de Bayer et al. (2006). A elevao dos nveis de matria orgnica do solo e a melhoria da qualidade fsica do solo, obtidas com a introduo das pastagens em reas agrcolas com nveis adequados de fertilidade, demonstram que a ilP tem potencial para reduzir o impacto ambiental das atividades produtivas reduzindo as emisses de gases de efeito estufa (gee), dando maior estabilidade produo das culturas anuais e melhorando o aproveitamento da gua e dos nutrientes (FRANchINI et al., 2010b). Salton (2005), avaliando as taxas de acmulo de c em diferentes sistemas de uso e manejo do solo no cerrado, observou que os maiores estoques de c esto relacionados com a presena de forrageiras, resultando na seguinte ordem decrescente de estoques de c no solo: pastagem permanente > ilP sob SPD > lavoura em SPD > lavoura em cultivo convencional. esse autor observou que as taxas de acmulo de c no solo nas reas de ilP sob SPD, em relao s lavouras sob SPD, foram de 0,60 Mg ha-1 ano-1 e 0,43 Mg ha-1 ano-1 , respectivamente, para estudos na regio de Dourados e Maracaju, MS. Resultados de carvalho et al. (2009), na regio do cerrado, indicam que a taxa de acmulo de c na converso do SPD para ilP sob SPD pode ser muito maior, variando de 0,8 Mg ha-1 ano-1 a 2,8 Mg ha-1 ano-1 . leite et al. (2008) utilizaram o simulador computacional cQeStR para estimar estoques de carbono orgnico do solo (cOS) em experimento de longa durao com SPD e ilP. Observaram variao de 34 Mg ha-1 , no solo sob SPD com rotao soja-milho e plantio convencional com arroz, a 36 Mg ha-1 , no solo sob ilP, com rotao a cada 4 e 2 anos, o que significou reduo de 26% e 22%, respectivamente, em relao ao estoque original sob floresta nativa. Posteriormente, os sistemas com ilP em SPD passaram a aumentar os estoques de cOS e alcanaram valores entre 49 Mg ha-1 e 57 Mg ha-1 . esses resultados realam a importncia da ilP associada ao SPD na melhoria da qualidade do solo e para o sequestro de carbono.Adicionalmente, observou-se que a ilP, com rotao a cada 4 e 2 anos, sequestrou 0, 4 Mg ha-1 ano-1 e 0, 34 Mg 9. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 9 ha-1 ano-1 , respectivamente. Os demais sistemas, sem a presena da ilP, emitiram carbono para atmosfera (0,09 Mg ha-1 ano-1 e 0,30 Mg ha-1 ano-1 ). Dado o papel reconhecido das rvores no sequestro de c e na mitigao das emisses de gee, os sistemas de ilPF que comtemplam o componente arbreo apresentam uma importante contribuio para o balano de emisses de gee. Nair et al. (2011) relatam um sistema de ilPF na regio do cerrado constitudo por eucalipto em combinao com as culturas de arroz e soja nos primeiros dois anos, seguidos de pastagens de braquiria pastejada com gado de corte a partir do terceiro ano do estabelecimento da plantao. estes estudos indicam que os sistemas agrossilvipastoris armazenam maior quantidade de c em relao ao monocultivo florestal ou forrageiro, tanto na superfcie como em subsuperfcie. De acordo com os resultados de trabalho realizado por Franchini et al. (2010a) na regio de transio entre cerrado e floresta tropical Amaznica, a utilizao de sistemas de ilP que contemplem o emprego de pastagens perenes em reas agrcolas, associada ao SPD, tem potencial para mitigar o impacto am- biental das atividades agropecurias por meio do sequestro de at 29,8 Mg ha-1 de cO2 nos dois primeiros anos de adoo dos sistemas. A maior parte do cO2 sequestrado proveniente do carbono acumulado nas razes das forrageiras tropicais que podem produzir em torno de 10 Mg ha-1 de biomassa seca. Maia et al. (2006) recomendam o sistema silvipastoril para a manuteno da qualidade do solo e produo de alimentos na regio do semirido cearense. Outro trabalho realizado por Oliveira et al. (2008), objetivando estimar a produo de madeira, o estoque de carbono e a rentabilidade econmica, incluindo a venda de crditos de carbono de sistemas silvipastoris com Eucalyptus grandis e Pinus elliottii em consrcio com pastagens, permitiu concluir que as rvores propiciaram retorno econmico em todos os sistemas testados, com rentabilidade a partir do desbaste aos 7 anos de idade. A venda de crditos de carbono torna o componente florestal ainda mais atrativo, em decorrncia, principalmente, da receita auferida desde o incio do projeto. De acordo com Mller et al. (2009), com a criao do Mecanismo de Desenvolvimento limpo (MDl), foi gerado um amplo debate sobre o potencial da silvicultura e da agrossilvicultura como atividades elegveis para sequestro de c. esses autores estudaram o estoque de c em um sistema silvipastoril misto com E. grandis e Acacia mangium e observaram, para o eucalipto, um acmulo total de 24,8 Mg ha-1 de biomassa e 11,17 Mg ha-1 de c; para a accia, um total de 6,94 Mg ha-1 e 3,12 Mg ha-1 de c, totalizando 31,74 Mg ha-1 de biomassa e 14,29 Mg ha-1 de c. Para o componente pastagem (Brachiaria decumbens), foi estimado um acmulo de 1,28 Mg ha-1 de biomassa e 0,58 Mg ha-1 de c somente no resduo de pastejo. tsukamoto Filho (2003) observou que a quantidade de c fixado pelo eucalipto no sistema agrossilvipastoril variou de 3,80 Mg ha-1 a 80,67 Mg ha-1 do 1 ao 11 ano, devendo ser ressaltado que na idade de rotao tcnica (em torno de 5 anos) de volume de madeira, o total fixado foi de 52,82 Mg ha-1 de c, e na idade de rotao econmica (poca de venda de madeira), o total fixado foi o total fixado foi de 59,25 Mg ha-1 de c. em termos de cO2 , os nmeros foram de 193,33 Mg ha-1 , sequestrados na rotao tcnica, e de 216,84 Mg ha-1 , sequestrados na rotao econmica. Portanto, o sistema ilPF foi considerado o mais indicado para projetos de fixao de c, pois o eucalipto, na idade de 5 anos, nesse sistema, fixou maior quantidade de c do que nos espaamentos tradicionais. As culturas agrcolas e a pastagem provocaram a antecipao da rotao tcnica de c no sistema ilPF. esse sistema apresentou maior fixao de c, comparado ao monocultivo de eucalipto plantado nos espaamentos 3 m x 2 m e 3 m x 3 m, aos monocultivos de arroz e de soja e pastagem, sendo uma tima opo para projetos de MDl no Brasil. A atividade pecuria conduzida em sistemas de ilPF pode ter um saldo de emisses de gee nulo ou at negativo. Os impactos na melhoria no manejo alimentar de sistemas de produo de gado de corte, na fase de cria em regime de pastagens, foram estudados por Barioni et al. (2007) por meio de simulaes, considerando crescimento linear, por duas dcadas, dos coeficientes tcnicos da pecuria brasileira em resposta elevao da taxa de nascimento de 55% para 68%, reduo na idade de abate de 36 meses para 28 meses e reduo na taxa de mortalidade de 7% para 4,5%. Nesse novo cenrio, seria possvel manter praticamente estveis as emisses de metano ao mesmo tempo em que a produo de carne seria aumentada em mais de 25%. A crescente restrio explorao madeireira de florestas naturais propicia reduo no fornecimento de matria-prima para a indstria madeireira [madeira serrada, laminao, faqueado, produtos de madeira de maior valor agregado (PMVA), piso, porta, janela, moldura, ferramentas, painel colado lateralmente, entre outros], o que pode provocar aumento de preos dos produtos manufaturados. tanto mveis de painis reconstitudos como de madeira serrada, como PMVAs, so produtos essencialmente imobilizadores de carbono. Os sistemas de ilPF podero corroborar para menor presso e regularizao da oferta de produtos madeirveis, ao mesmo tempo em que promovem a adequao ambiental da pecuria nacional ao constituir sistemas de produo capazes de neutralizar a emisso de metano pelo rebanho de ruminantes. O potencial de mitigao de gees em sistemas intensivos com rvores de rpido crescimento (> 2, 2 cm de dimetro ao ano) no Brasil de aproximadamente 5,0 Mg ha-1 ano-1 de ceq (mdia para 11 anos) fixado na madeira (tronco) das rvores, conforme dados de tsukamoto Filho (2003). Isso equivale neutralizao por ano da emisso de 13 bovinos adultos (450 kg PV). A Figura 4 ilustra a evoluo de um sistema ilPF inten- sivo com 250 rvores ha-1 no Bioma cerrado. Os sistemas ilPF que contemplam os componentes madeireiro e pecurio, alm da produzir madeiras e mitigar emisses de gee, atendem necessidade de ambincia animal, ao proporcionar proteo contra estresse trmico, promovem a biodiversidade em sistemas produtivos e incrementam o uso eficiente da terra, com agregao de valor e renda para as reas de pastagens (leIte et al., 2010). Outros estudos tambm apontam para a probabilidade do efeito interativo entre o potencial de sequestro de c (pelos elevados acmulos de biomassa forrageira, biomassa florestal, matria orgnica do solo e maior eficincia de fertilizantes) e a capacidade desses sistemas compensarem as emisses de metano oriundas da fermentao entrica de bovinos (cARVAlhO et al., 2001; tSuKAMOtO FIlhO, 2003; ceRRI et al., 2006; JANtAlIA et al., 2006; OlIVeIRA et al., 2007; SegNINI et. al., 2007; PRIMAVeSI et al., 2007; FISheR et al., 2007; cARVAlhO et al., 2008; MAceDO, 2009; cARVAlhO et al., 2010a). em estudo conduzido por Almeida et al. (2011) em campo grande, MS, foram avaliados dois sistemas de ilPF com capim-piat (Brachiaria brizantha cv. BRS Piat) e eucalipto (Eucalyptus urograndis), em densidades de 227 rvores ha-1 e 357 rvores ha-1 . Os sistemas foram implantados em 2008 10. 10 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 como estratgia para recuperao de pastagens de braquiria. Aps 16 meses da implantao das rvores, quando as mesmas atingiram o porte adequado para a entrada de animais em pastejo, foi mensurada a biomassa de cada componente de uma rvore por parcela. Observou-se que no houve diferena entre as densidades de rvores para cada componente, obtendo-se valores mdios de massa seca por rvore de: 5,20 kg de folhas, 3,59 kg de galhos, 8,80 kg de tronco e 5,22 kg de razes, em um volume de solo de 2 m3 . considerando-se apenas a biomassa do tronco (38,6% da massa seca total) e as emisses de ch4 e de N2 O, os sistemas de ilPF com densidades de 227 e 357 rvores ha-1 foram capazes de compensar as emisses de gases de efeito estufa equivalentes a 1,84 e 3,04 animal ha-1 ano-1 , respectivamente (tabela 2), sendo que estes sistemas suportaram uma taxa de lotao mdia de 1,76 uAha-1 aps um ano da avaliao das rvores. 4. ARRANJOS REGIONAIS E ESTUDOS DE CASO DE SISTEMAS INTEGRAO LAVOURA-PECURIA- FLORESTA O potencial de adoo de sistemas de integrao lavoura- Pecuria-Floresta (ilPF) em diferentes ecossistemas brasileiros est condicionado a diversos fatores, de acordo com Vilela et al. (2001) e Dias-Filho (2007), que incluem: disponibilidade de solos favorveis, infraestrutura para produo e armazenamento da produo, recursos financeiros prprios ou acesso a crdito, domnio da tecnologia para produo de gros e pecuria, acesso a mercado para compra de insumos e comercializao da produo, acesso a assistncia tcnica e possibilidade de arrendamento da terra ou de parceria com produtores tradicionais de gros. Os sistemas de ilPF devem ser planejados, levando-se em conta os diferentes aspectos socioeconmicos e ambientais das unidades de produo. evidentemente, a forma e a intensidade de adoo do conjunto de tecnologias que compem a ilPF dependero, entre outros fatores, dos objetivos e da infraestrutura disponvel de cada produtor. O pecuarista, por exemplo, pode utilizar o consrcio ou a rotao de culturas granferas com forrageiras para a implantao de pastagens ou para sua recuperao, no caso de estarem degradadas. Pode-se tambm implantar o sistema silvipastoril, visando a explorao de produtos madeireiros e no madeireiros, alm dos produtos da pecuria. O agricultor tambm pode utilizar o consrcio ou a rotao de culturas granferas com forrageiras para produzir cobertura morta de qualidade e em grande quantidade para o sistema plantio direto (SPD) da safra seguinte. O produtor que desejar as atividades integradas pode utilizar a ilPF para implantao de um sistema agrcola sustentvel, com uso dos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Idade das rvores (anos) Figura 4. compensao da emisso de ch4 pelo gado em um sistema de integrao lavoura-Pecuria-Floresta com 250 rvores ha-1 . Barra verde = rvores necessrias para compensar a emisso de ch4 por 1 bovino; linha azul = c fixado em ton ceq na madeira em 250 rvores ha-1 . Os nmeros acima das colunas indicam o nmero de bovinos que teriam suas emisses compensadas em cada hectare arborizado com 250 rvores ha-1 nas diferentes idades das rvores. Fonte: elaborado por Porfrio-da-Silva com base nos dados de tsukamoto Filho (2003), citado por leite et al. (2010). Quantidadedervores ToneladasdeCporhectare tabela 2. estimativas de mitigao da emisso de gases de efeito estufa (gee) em sistemas de integrao lavoura-Pecuria-Floresta com duas densi- dades de rvores de eucalipto, aps 16 meses da implantao das rvores. embrapa gado de corte, campo grande, MS. Sistema de iLPF Sequestro1 Mitigao (animal ha-1 )2 C (kg rvore-1 ) C (t ha-1 ) CO2 eq. (t ha-1 ) com 357 rvores ha-1 4,3 1,5 5,5 3,04 com 227 rvores ha-1 4,1 0,9 3,4 1,84 1 considerando-se somente o tronco (38,6% da massa seca total). 2 considerando-se as emisses de ch4 e de N2 O. Fonte: Almeida et al. (2011). 11. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 11 princpios da rotao de culturas e do consrcio entre granferas, forrageiras e espcies arbreas, de forma a produzir, na mesma propriedade, gros, carne ou leite e produtos madeireiros e no- madeireiros durante todo ano (BAlBINO et al., 2011a). A adoo de arranjos de ilPF mais complexos, como por exemplo, sistemas agrossilvipastoris, potencialmente, propor- cionam maior rentabilidade pela ampla diversificao cultural e pelo sinergismo entre as diferentes atividades. A ilPF pode ser facilitada pela adequada distribuio espacial das rvores no terreno, visando prticas de conservao do solo e gua, favorecimento do trnsito de mquinas e a observncia de aspectos comportamentais dos animais. Para tanto, o arranjo espacial mais simples e eficaz o de alias (ou renques), em que as rvores so plantadas em faixas (linhas simples ou mltiplas), com espaamentos amplos. Os produtores que desejam privilegiar a produo de madeira podem utilizar alias mais estreitas ou maior nmero de linhas em cada faixa (maior nmero de rvores por hectare); enquanto os que preferem a atividade agrcola e/ou pecuria podem utilizar espaamentos maiores, ou seja, alias mais largas (menos linhas em cada faixa) (ShARROw, 1998; PORFRIO-DA-SIlVA, 2006, 2007; PORFRIO-DA-SIlVA et al., 2008). 4.1. Arranjos regionais de sistemas de integrao Lavoura-Pecuria-Floresta em diferentes biomas A estratgia de ilPF, nas suas diferentes modalidades, est sendo adotada em diferentes nveis de intensidade nos biomas brasileiros, e pode ser estimada em 1,6 milhes de hectares. De modo geral, a utilizao de sistemas de integrao ainda incipiente na maioria das regies brasileiras, embora no centro- Oeste e no Sul exista um nmero significativo de propriedades rurais que empregam a ilP. contudo, a taxa de aceitao e adoo pelos proprietrios rurais, principalmente nos ltimos cinco anos, tem evidenciado que essa estratgia ir proporcionar avanos na agricultura nacional (BAlBINO et al., 2011a). Ribaski et al. (2005) observaram tendncias positivas para a viabilizao do uso de sistemas silvipastoris na regio do Pampa gacho com rvores de Eucalyptus grandis e de Pinus elliottii. estes autores observaram efeitos positivos desses sistemas na conservao dos solos e na proteo contra a eroso. De acordo com Radomski e Ribaski (2009), o Paran o estado que apresenta o mais antigo histrico de experincias com sistemas silvipastoris, sendo que estes j foram incorporados aos sistemas produtivos locais, particularmente em propriedades com pecuria de corte. A grevlea (Grevillea sp.) e as espcies dos gneros Eucalyptus e Corymbia compem a maior parte das espcies florestais identificadas nesses sistemas. tambm foram observadas associaes de eucalipto e grevlea com espcies nativas, como a canafstula, a gurucaia, a guabiroba, a aroeira e o ip-amarelo. Diversos estudos (FONtANelI e SANtOS, 2003; BORtOlINI et al., 2005; BARtMeyeR, 2006; gONAlVeS e FRANchINI, 2007; FONtANelI et al., 2009) indicam o uso de sistemas de ilP para a regio centro-sul do Paran, Santa catarina e Rio grande do Sul com aveia-preta e azevm, em cultivo solteiro ou consorciado com ervilhaca ou trevos, para produo de forragem aps as culturas de vero, ou, ento, o cultivo de culturas de inverno de duplo propsito, tais como trigo, aveia-branca, triticale, centeio e cevada, para produo de forragem no outono-inverno e produo de gros no final do inverno e no incio da primavera. No Paran, pesquisas realizadas em parceria entre coope- rativas, universidades, institutos e fundaes de pesquisa, con- duzidas desde 1995, permitiram definir um sistema de ilPusado na fase de terminao de animais.Aadoo dessa tecnologia permitiu a formao de pequenas cooperativas envolvidas na cadeia da carne bovina, em carter regional. A ilP com produo de leite tambm foi avaliada nesse estado, e os resultados dessa pesquisa foram disponibilizados em publicao de fcil acesso aos produtores envolvidos na cadeia do leite (MORAeS et al., 2008). Desde a regio norte do Paran at o cerrado, podem ser utilizados os Sistemas Barreiro e Santa F, bem como sistemas mistos, ou seja, consrcios de gros com forrageiras tropicais (braquiria, Panicum, Andropogon e leguminosas forrageiras), alm de milheto, aveia e sorgo (cRuScIOl et al., 2011), para produo de forragem no perodo seco e semeadura no final da estao chuvosa (gONAlVeS e FRANchINI, 2007). Segundo Vilela et al. (2011), no Bioma cerrado, vrios sistemas de ilPso modulados de acordo com o perfil e os objetivos da fazenda. As diferenas nos sistemas podem ser atribudas s peculiaridades regionais e da propriedade, como condies de clima e de solo, infraestrutura, experincia do produtor e tecnologia disponvel. trs modalidades de integrao se destacam: fazendas de pecuria, nas quais culturas de gros, geralmente arroz, soja, milho e/ou sorgo, so introduzidas em reas de pastagens para recuperar a produtividade dos pastos; fazendas especializadas em lavouras de gros, que utilizam gramneas forrageiras para melhorar a cobertura de solo em SPD, e, na entressafra, para uso da forragem na alimentao de bovinos (safrinha de boi); e fazendas que sistematicamente adotam a rotao pasto-lavoura para intensificar o uso da terra e se beneficiar do sinergismo entre as duas atividades. esses sistemas podem ser praticados por parcerias entre lavoureiros e pecuaristas. Na regio central de Minas gerais, ainda no Bioma cerrado, arranjos de ilPF so formados por consrcios de eucalipto com culturas anuais nos dois primeiros anos principalmente arroz e soja ou, em alguns casos, sorgo e milho , com pastagem de capim braquiria a partir do terceiro ano, de forma agregada com pecuria de corte ou de leite nos anos consecutivos. No ano de implantao do sistema de ilPF, com a presena do componente arbreo, a lavoura deve ser priorizada, pois a colheita dessa primeira safra contribuir para a reduo do custo de sua implantao (KRuSchewSKy et al., 2007; RIBeIRO et al., 2007; SOuzA et al., 2007; cOelhO JNIOR et al., 2008). Alvarenga et al. (2010a) ressaltam que na regio central de Minas gerais os sistemas de ilPF so geralmente formados pelos consrcios de eucalipto, pastagem de capim braquiria e milho para silagem ou gro. A safra de milho no ano de implantao do sistema a que apresenta maior possibilidade de retorno econmico, pois no incio de desenvolvimento do eucalipto este compete menos com a lavoura por nutrientes, gua e luminosidade. Sendo assim, a lavoura deve ser priorizada e a colheita desta primeira safra fundamental para abater o custo de implantao do sistema de ilPF. Recomenda-se o plantio do eucalipto no incio do perodo seco do ano, pois as mudas de eucalipto plantadas em abril/maio, com dez meses de idade, mostraram um crescimento 300% superior ao apresentado pelas mudas plantadas em novembro do mesmo ano. Segundo Franchini et al. (2010a), a perspectiva para a ilP na Bacia do Rio Xingu extremamente favorvel. Nessa regio, composta originalmente de 15% de cerrado, 70% de matas de transio e 10% de florestas tropicais, ocorrem reas extensas de pastagens em degradao, com possibilidade de recuperao por meio da utilizao de sistemas de integrao com as culturas de soja, milho, sorgo e arroz. Na Amaznia, a abertura de reas para 12. 12 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 a formao de pastagens relativamente recente e ocorreu a partir da construo da Rodovia Belm-Braslia, na dcada de 1960. essas pastagens se degradaram rapidamente por falta de tecnologia apropriada para sua sustentabilidade. A recuperao das reas de pastagens de baixa produtividade com plantio de milho configura experincia inicial de implantao da ilPF. Outra iniciativa o plantio de seringueira com pastagem em sub-bosque, o que ocorre em algumas propriedades, com a expectativa de que a recuperao dessas reas e a manuteno da sua sustentabilidade diminusse a presso para abertura de novas reas na regio. Sistemas de ilPF em escala experimental so adotados em algumas fazendas, com povoamento florestal e agricultura de gros no primeiro e no segundo ano e com pasto nos anos seguintes. Nesse bioma, a ilPF permite incorporar tecnologias im- portantes, como o Sistema Bragantino, que visa o cultivo contnuo de diversas culturas, em rotao e consrcio, com a prtica do SPD, o que permite aumentar a produtividade das culturas, a oferta de mo de obra na regio durante todo o ano e a renda e a qualidade de vida do produtor rural, dentro dos padres de sustentabilidade (cRAVO et al., 2005). em muitas propriedades rurais amaznicas, a ilPF vem sendo adotada com algum xito, com uso de diversas espcies forrageiras e arbreas nativas e exticas. As principais limitaes tecnolgicas observadas nesse sistema so: falta de persistncia da pastagem sob as rvores, danos s rvores provocados pelos animais e reduo do crescimento das rvores (VeIgA et al., 2000). Outras barreiras para a adoo desse sistema, nessa regio, incluem: elevado investimento e baixo retorno econmico inicial, falta de infraestrutura e mo de obra especializada, complexidade do sistema e desconhecimento dos seus benefcios (DIAS-FIlhO e FeRReIRA, 2008). Apesar desses entraves, a recuperao de pastagens degra- dadas no Par, por meio da ilPF, adotada por pecuaristas pioneiros e, em geral, avanados tecnicamente, ou por produtores que vislumbram, na integrao, a possibilidade de aumentar o retorno econmico de sua atividade (FeRNANDeS et al., 2008). experincias com sistemas de ilPF realizadas nos estados do Amazonas,Acre,Amap, Par, Rondnia e Roraima, pela embrapa e por parceiros, apresentam os primeiros resultados promissores, principalmente pela amortizao de seus custos de implantao, quando destinados recuperao de reas alteradas. Os arranjos de sistemas de ilPF que tm sido trabalhados na Amaznia integram, principalmente, os seguintes componentes: florestal, com mogno- africano (Khaya ivorensis), teca (Tectona grandis l.), eucalipto (Eucalyptus urophylla) e paric (Schizolobium amazonicum); agrcola, com milho e feijo-caupi; e forragem, com Brachiaria ruziziensis (gODINhO et al., 2010). Aestratgia de adoo de ilPF apresenta-se como alternativa de melhor convivncia com as condies climticas da caatinga. em virtude das limitaes climticas do bioma, a possibilidade de emprego do sistema de ilP apresenta restries e, portanto, mais adequada na regio do agreste, que apresenta ndices pluviomtricos melhores e mais regulares (BAlBINO et al., 2011b). Atualmente, sistemas agrossilvipastoris so mais utilizados e de maior aplicabilidade nas regies semiridas. esses sistemas so indicados para a regio como resposta s presses por produo de alimentos, tanto para a populao humana quanto para os rebanhos bovinos, caprinos e ovinos. Os sistemas agros- silvipastoris, para caprinos (ARAJO FIlhO et al., 2006), e os sistemas agropastoris, para o Agreste e o Serto (S e S, 2006), vm sendo difundidos como alternativas sustentveis para o Semirido. esto sendo propostos sistemas de ilP com o uso de palma forrageira, milho, gramneas e leguminosas forrageiras adaptadas ao Semirido, que contribuam com a sustentabilidade dos sistemas de produo de leite. Os sistemas de ilPF vm sendo adotados em duas moda- lidades nas regies do Bioma caatinga (PeReIRA et al., 2009): Introduo de animais em lavouras comerciais de espcies arbreas permanentes, o que favorece a manuteno dessas reas por meio do controle da vegetao herbcea e da adio de esterco. esta uma prtica adotada por produtores de reas irrigadas (culturas de manga, goiaba, acerola e pinha) e de reas dependentes de chuva na regio Semirida (caju, olicuri e algaroba); e Introduo ou a manuteno do componente arbreo (nativo ou extico) em pastagens cultivadas adaptadas ao Semirido. Drumond (2012) ressalta que as principais espcies arbreas de mltiplo uso potenciais para sistemas de ilPF no Semirido brasileiro so: leucena (Leucaena leucocephala), gliricdia (Gliricidia sepium), algarobeira (Prosopis juliflora), sabi (Mimosa caesalpiniifolia) e eucalipto (Eucalyptus sp.). estas espcies apresentam desenvolvimento silvicultural em reas dependentes de chuva, com precipitao mdia anual variando de 500 a 700 mm. 4.2. Exemplos de fazendas de referncia histrica e Unidades de Referncia Tecnolgica (URT) em integrao Lavoura-Pecuria-Floresta Os diferentes sistemas e modalidades de ilPF vm sendo pesquisados, adotados e demonstrados em fazendas localizadas em diferentes regies do pas. Muitos so os exemplos de propriedades rurais que utilizam a estratgia ilPF, algumas h mais tempo, outras mais recentemente. um esquema de ilP sob SPD utilizado na Fazenda Agripastos, pelo Sr. Manoel henrique Pereira1 , em Ponta grossa, na regio dos campos gerais, PR, vem dando bons resultados desde 1977. um esquema sem rotao de culturas, no qual uma rea de 100 ha dividida em piquetes de 10 e 40 ha. estes piquetes ficam prximos a pastagens perenes ou campos nativos, para facilitar o manejo do gado em pocas de excesso de umidade. Nessas ocasies, realizada uma suplementao alimentar para o gado, com silagem. As reas usadas neste esquema de integrao obedecem a um manejo simples: a) permanncia do gado sobre pastagem de azevm durante 120 dias (entre 01/06 a 01/10); b) retirada do gado e recuperao da pastagem por 60 dias, para formar cobertura morta mnima para o plantio direto da soja (01/10 a 01/12); c) semeadura da cultura da soja, com permanncia nesta gleba por 120 dias (01/12 a 01/04); e d) colheita da soja e nova fase de recuperao do azevm (ressemeado naturalmente) por 60 dias, antes de receber os animais. No incio da pesquisa, adoo e difuso do Sistema Barreiro, as propriedades que mais se destacaram em gois foram a Fazenda Boa Vista, em Piracanjuba, de propriedade do Sr. Nilton Pinheiro de Meloeirmos,eaFazendaSantaMaria,em cromnia,depropriedade do Dr. Vasco Rodrigues da cunha. Na Fazenda Barreiro, em Professor Jamil, foram recuperados, pelo Sistema Barreiro, cerca de 1.100 ha de pastagem, principalmente com a cultura do arroz, cuja produtividade mdia foi de 33 sacos de 60 kg ha-1 , durante seis anos consecutivos (1986 a 1991). A produtividade mdia do 1 Manoel Henrique Pereira, 1998 - Comunicao Pessoal. 13. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 13 milho foi de, aproximadamente, 3.900 kg ha-1 . esses rendimentos possibilitaram cobrir, em mdia, cerca de 80% dos gastos com custeio. A rea recuperada proporcionou, no mnimo, o dobro da capacidade de suporte, sendo que a manuteno/ganho de peso na entressafra ocorreu graas continuidade da produo forrageira, principalmente de Brachiaria brizantha e Andropogon gayanus, no perodo seco. A satisfao pelos resultados obtidos com o Sistema Barreiro foi imortalizada em duas expresses de autoria do proprietrio desta fazenda, Dr. Augusto zacharias gontijo: o pasto de colombo e sou pecuarista por opo e agricultor por necessidade (KluthcOuSKI et al., 2003). Na regio do cerrado, uma das propriedades pioneiras em sistemas de ilP a Fazenda cabeceira, em Maracaju, MS, do Sr. Ake Bernard Van der Vinne, onde o SPD da soja sobre pastagens perenes teve incio no ano de 1989. Nesse programa, a rea total, de 903 ha, foi dividida em 20 piquetes com 36 hectares cada, rotacionados com agricultura e pecuria, sendo 2,5 anos com pastagem para a bovinocultura de corte e 2,5 anos com agricultura para produo de gros. O objetivo inicial do projeto foi usar a Brachiaria decumbens como espcie produtora de palha para cobrir o solo nos perodos de inverno e primavera. Isto foi proposto para solucionar os problemas de produo de palha para formao do manto protetor do solo antes da introduo do SPD da soja. Alm disso, o solo permanecia descoberto durante os meses de agosto, setembro, outubro e novembro. Por ocasio da semeadura da soja ou do milho (outubro/novembro perodo ideal para o plantio), a rea ficava infestada com plantas daninhas, produzindo sementes indesejveis e competindo com as culturas, elevando-se, assim, o banco de sementes nas glebas e o custo de produo com o uso de herbicidas. Desta necessidade, optou-se inicialmente pela Brachiaria decumbens, depois iniciou-se o cultivo de Brachiaria brizantha, capim-rhodes, capim-vencedor, capim-tanznia, grama tifton, capim-mombaa, e outras, com a finalidade de alimentar os animais e produzir palha para cobertura do solo, para efetivao do sistema plantio direto. com isso, obteve-se a viabilizao do SPD da soja sobre diversas espcies de forrageiras, possibilitando, alm da recuperao das pastagens degradadas ou em processo de degradao, a introduo da ilP (VINNe, 1999). O autor informa, ainda, que os animais passavam o inverno com o dobro do pasto de vero, sendo parte constituda por pastagem que sobrou do vero e parte formada naturalmente aps a colheita da soja ou do consrcio com aveia-preta. Mesmo assim, a propriedade produz silagem e feno de aveia-preta para eventuais necessidades. Desta forma, tem-se alcanado produtividade de 3.120 kg ha-1 de soja em reas de primeiro e segundo ano.Apecuria extensiva em pastejo rotacionado para produo de novilho precoce, alcanando abate com 24 meses com 18,4 @.Assim, so produzidos 20 @ ha-1 de carne nas reas de pastagem de primeiro ano e 15 @ ha-1 nas pastagens de segundo ano, podendo esta produtividade elevar-se para 20 @ ha-1 quando aplica-se 100 kg ha-1 de nitrognio como adubao nitrogenada suplementar. Observou-se que o decrscimo do rendimento estava diretamente relacionado falta de nitrognio na pastagem, sendo este o fator que determina a rotao de 2,5 anos com pasto e 2,5 anos com agricultura. O autor concluiu que a ilP com semeadura direta de soja sobre pastagens proporciona: rotao de culturas, cobertura do solo para o plantio direto, recuperao nutricional do solo (fsica, qumica e biolgica) pela pastagem, produo de matria orgnica e reciclagem de nutrientes. Por sua vez, o plantio direto integrado proporciona pastagem e pecuria: fornecimento de nitrognio para a pastagem; fornecimento de resduo nutricional da soja, devido ao residual da adubao mineral; produo de forragem de melhor qualidade; produo de forragem no inverno e na primavera; recuperao da produtividade da pastagem; menor custo na implantao de uma nova pastagem e retorno de capital mais rpido, com a produo precoce de animais, sem perda de peso no inverno. O consrcio de culturas anuais com forrageiras, denominado Sistema Santa F, foi lanado oficialmente em 2000. As primeiras informaes disponibilizadas so as da Fazenda Santa F e da Fazenda Santa lcia, em Santa helena de gois, gO, ambas de propriedade do Sr. Ricardo de castro Merola. Nestas propriedades, esta modalidade de ilP feita com o objetivo de produo de ensilagem de capim, notadamente de Brachiaria brizantha, ou de corte e distribuio no cocho de animais em confinamento (produo de 30 t matria verde ha-1 a cada 45 dias), bem como para produo forrageira para pastejo direto na recria de bovinos. No primeiro ano de pastejo, na poca seca, a lotao animal foi, em mdia, de 3,0 uA ha-1 , com ganho de peso entre 250 e 300 g animal-1 dia-1 , apenas com fornecimento de sal comum. Nas guas, a capacidade de suporte chega a 12 animais ha-1 (com at 7,0 uAha-1 ) de bovinos para recria (KluthcOuSKI et al., 2003). NaFazendaDomBosco,emcristalina,gO,depropriedadedo Sr. Sebastio conrado de Andrade1 , adota-se o sistema de integrao gadodecorte-produodegrosdesdeasafra1998-1999,envolvendo a rotao de feijo, sorgo pastejo (em safrinha) e sorgo forrageiro consociado com pastagens do gnero Panicum. As pastagens de tanznia ou Mombaa so utilizadas por dois anos consecutivos, depois volta-se fase de lavoura sob SPD, roando e dessecando a forrageira, seguindo-se com o plantio de feijo na safra e sorgo pastejo na safrinha. A pastagem conduzida pelo mtodo de pastejo rotacionado com capacidade de 4-5 uA ha-1 . Os principais objetivos deste sistema de ilP so: aumentar a produo agrcola e a capacidade de pastejo, diminuir o uso de herbicidas e de plantas daninhas e produzir feno (no caso de haver excesso de pastagem). A Fazenda Dom Bosco tambm foi uma das pioneiras na regio, com semeadura consorciada de milho com Brachiaria brizantha e posterior pastejo do gado no Sistema Santa F. Outro exemplo, o da Fazenda Santa terezinha, em uber- lndia, Mg, do Sr. carlos Rauscher, uma evidncia do potencial produtivo desses sistemas em fazendas comerciais. em 1983, essa propriedade desenvolvia atividade de cria e tinha uma rea de 1.014 hectares de pastagem e rebanho de 1.094 cabeas (taxa de lotao de 1,1 cabeas ha-1 ). A partir de 1985, a propriedade passou a destinar reas de pastagens para a produo de soja at atingir, em 1996, a totalidade da rea com um ou mais ciclos de lavoura. Nesse ano, a rea destinada a pastagens representava 36% da rea total da fazenda e o rebanho era de 1.200 cabeas, representando uma taxa de lotao trs vezes superior inicial, em torno de 3,2 uA ha-1 , reflexo da recuperao da fertilidade do solo e da utilizao de gramneas com maior potencial de produo e qualidade de forragens. Isto resultou na reduo da rea com pastagem na ordem de 64% para comportar o mesmo nmero de animais, significando reduo de servios e infraestrutura, alm de maior produtividade animal. importante ressaltar que a reduo na taxa de lotao, em 2003, no foi em razo da perda da capacidade de suporte das pastagens, mas da reorientao de metas e objetivos do sistema de produo (adaptado de Ayarza; Vilela; Rauscher, 1993, citados por AyARzA, 1998; AyARzA et al. 1999; VIlelA et al., 1999). 1 Sebastio Conrado de Andrade, 2001 - Comunicao Pessoal. 14. 14 INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 em Ipameri, gO, notria a evoluo dos sistemas de ilPF na Fazenda Santa Brgida, de propriedade da Dra. Marize Porto costa1 , com resultados no aumento da produo de alimentos por unidade de rea de forma sustentvel, alm de outros benefcios. embora disponha de solos com timas propriedades fsicas e topografia plana a suave ondulada, at o ano de 2006 a propriedade apresentava apenas pastagens degradadas, com rebanho em torno de 500 bovinos, sendo que os de corte eram abatidos entre 4 e 4,5 anos. em 2006/2007, uma parceria feita com a embrapa e empresas privadas proporcionou a implantao de consrcio entre culturas milho e arroz e Brachiaria brizantha cv. Marandu nas reas com solo e pastagem degradados. Simultaneamente aos cultivos comerciais, foi implantada uma unidade de Referncia tecnolgica (uRt) para validao e demonstrao de diferentes sistemas de ilP com as culturas de milho, arroz, girassol e braquirias. Ao longo dos anos de adoo da ilP, observou-se melhoria dos atributos qumicos do solo, em especial dos teores de potssio, fsforo e matria orgnica, bem como incremento gradual tanto na produo de milho quanto na de soja. Na pecuria, a taxa de lotao animal mdia anual era de 0,5 na safra 2006/2007, passando a 2,5 uA ha-1 , com animais em fase de engorda, durante 60 dias, no perodo de inverno, a at 4,6 uA ha-1 , com animais em fase de recria, durante 120 dias, tambm no perodo de inverno. Outro incremento importante foi na produtividade de carne, que passou de 2 @ ha-1 para 16 @ ha-1 no mesmo perodo. Posteriormente, devido s experincias exitosas com a ilP, a fazenda passou a adotar sistemas mais complexos de ilPF. A primeira experincia com floresta de eucalipto na Fazenda Santa Brgida, configurando o sistema agrossilvipastoril de ilPF, foi implantada na safra de 2008/2009, em uma rea de aproximadamente quatro hectares. em razo do surpreendente desenvolvimento das rvores, principalmente em razo do cultivo de duas safras de gros nos dois primeiros anos nos entremeios dos renques, na safra 2009/2010 ampliou-se a rea com este sistema em mais 45 hectares, e na safra 2010/2011 em mais 10 hectares, com mdia de 700 rvores por hectare. Alm disso, foi desenvolvido nesta fazenda o Sistema Santa Brgida (OlIVeIRA et al., 2010), que consiste na consorciao de milho com forrageiras gramneas, geralmente braquiria, e guandu-ano. esse sistema tem dois objetivos principais: a produo de forragem mais rica em protena e o aumento do aporte de nitrognio no solo, via fixao biolgica do nitrognio (FBN), podendo, com isso, reduzir a necessidade de fertilizante nitrogenado mineral no cultivo subsequente. Aembrapa e seus parceiros vm intensificando a sua atuao em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao (PD&I) em ilPF visando expanso segura e sustentvel destas tecnologias pelo sistema produtivo nacional. Atualmente, 33 centros de Pesquisa da embrapa trabalham com este sistema, em todos os biomas brasileiros, com o objetivo de gerar, validar e transferir tecnologias para tcnicos, professores, estudantes e produtores rurais, utilizando as unidades de Referncia tecnolgica (uRt). A uRt um modelo fsico de sistema de produo, implantada em rea pblica ou privada, normalmente em fazendas de referncia, visando a validao, demonstrao e transferncia das tecnologias geradas, adaptadas e/ou recomendadas pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria (SNPA), considerando as peculiaridades de cada regio. essas unidades so utilizadas como importante ferramenta para a implementao de um amplo programa de treinamento, diferenciado e contnuo, para a formao de agentes multiplicadores e a estruturao de uma rede de instituies, profissionais e conhecimentos. Assim, as uRts imprimem capilaridade suficiente para disseminar os conceitos inerentes ilPF, transferir os sistemas e as tecnologias necessrios e adequados a cada ecorregio e promover a inovao e a sustentabilidade agrcola. A uRt ilPF objetiva reproduzir sistemas de produo diversificados de gros, fibra, carne, leite, l, produtos florestais, dentre outros, realizados na mesma rea, em plantio consorciado, em sucesso ou rotao, porm em escala reduzida. Os sistemas so implantados de forma a maximizarautilizaodosciclosbiolgicosdasplantas,animaiseseus respectivos resduos, assim como dos efeitos residuais de corretivos e nutrientes, minimizar/aperfeioar a utilizao de agroqumicos e aumentar a eficincia no uso de mquinas, equipamentos e mo de obra. com esse propsito, a uRt induz ao desenvolvimento de uma estratgia produtiva adaptada s peculiaridades de cada stio. em vez de ser o modelo para a regio, uma referncia tecnolgica de uso dos recursos da regio de forma integrada e sustentvel. Ao estabelecer exemplos de funcionamento dos sistemas de produo e das tecnologias mais adequadas s condies locais, favorece a adoo de novas tcnicas, atitudes e/ou comportamentos, fato que implica em mudanas na viso dos produtores e tcnicos e sua relao com o meio de produo. As primeiras atividades se deram com recursos alocados pela embrapa que foram complementados pela assinatura do convnio com a empresa Bunge. Isto mostra que esta tecnologia desperta muito interesse, tanto do setor governamental como privado. Dentre as atividades desenvolvidas com ilPF destacam-se: a) desenvolvimento e estruturao de um banco de dados; b) realizao de 43 mini-cursos; c) conduo e implantao de 194 uRts em quase todos os estados da federao (Figura 5); d) realizao de 97 dias de campo em uRts de fazendas e em centros de pesquisa, e e) participao em 19 eventos (feiras/exposies) agropecurios no nvel nacional/regional (BAlBINO et al., 2011c; BAlBINO et al., 2011d). 5. CONSIDERAES FINAIS A ilPF, potencialmente, uma das principais estratgias de produo agropecuria sustentvel, em particular nos trpicos. No Brasil, verifica-se um proeminente avano das tecnologias que compem os diferentes sistemas, modalidades e arranjos de ilPF, com inmeros benefcios tecnolgicos, econmicos e sociais, ecolgicos e ambientais. esse destaque tem colocado a ilPF em evidncia, com grande interesse pela sua adoo por parte dos produtores rurais e, por outro lado, pelo desenvolvimento de polticas pblicas e programas de fomento governamentais. exemplo disso o fato dela ser considerada como uma das estratgias previstas no Plano Setorial de Mitigao e deAdaptao s Mudanas climticas Visando consolidao de uma economia de Baixa emisso de carbono na Agricultura Plano ABc, para contribuir com os objetivos de mitigao da emisso de gases de efeito estufa, onde est prevista a expanso desse sistema, e de suas variantes, em 4 milhes de hectares. entreasaesjadotadas,destaca-seacriaopeloMinistrio daAgricultura,PecuriaeAbastecimento(MAPA)doProgramaPISA (Produo Integrada de Sistemas Agropecurios) e do Programa ABc (Programa de Agricultura de Baixa emisso de carbono) para financiar prticas adequadas, tecnologias e sistemas produtivos eficientes que contribuam para a mitigao dos gee, como a ilPF. embora existam exemplos de utilizao do ilPF, a diver- sidade de condies regionais do pas indica a necessidade de estudos regionalizados sobre a viabilidade da combinao de diferentes espcies. Fazem-se necessrios a ampliao e a adequao1 Marize Porto Costa, 2012 - Comunicao Pessoal. 15. INFORMAES AGRONMICAS N 138 JUNHO/2012 15 ARAJO FIlhO, J. A. de; hOlANDA JNIOR, e. V.; SIlVA, N. l. da; SOuSA, F. B. de; FRANA, F. M. Sistema agrossilvipastoril. In: lIMA, g. F. da c.; hOlANDAJNIOR, e. V.; MAcIel, F. c.; BARROS, N. N.;AMORIM, M. V.; cONFeSSOR JNIOR,A.A. (Org.). Criao familiar de caprinos e ovinos no Rio grande do Norte: orientaes para viabilidade do negcio rural. Natal: emater, 2006. p. 193210. AyARzA, M. A.; VIlelA, l.; BARcellOS, A. de O.; BAlBINO, l. c.; BROSSARD, M.; PASINI,A. Intgration culture-levage dans les cedrrados au Brsil: une solution pour des systmes durabels. Agriculture et Dveloppement, Montpellier, n. 18, p. 9198, 1998. AyARzA, M. A.; VIlelA, l.; PIzARRO, e. A.; cOStA, P. h. da. Sistemas agropastoriles baseados en leguminosas de usos mltiplos. In: guIMAReS, e. P.; SANz, J. I.; RAO, I. M.;AMzQuItA, M. c.;AMzQuItA, e. (ed.). 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Distribuio de unidades de Refernciatecnolgica (uRt) de integrao lavoura- Pecuria-Floresta no territrio nacional, coordenadas pela embrapa e parceiros, em 2011. Fonte: Balbino et al. (2011c). de mecanismos de poltica pblica para que produtores rurais consigam superar barreiras econmicas, como, por exemplo, a necessidade de investimento inicial. Da mesma forma, esses mecanismos contribuiro para superar barreiras operacionais, como a necessidade de conhecimento tecnolgico, mais investimento em capacitao de tcnicos e na formao de profissionais de ensino superior e escolas profissionalizantes da rea agrria. 6. REFERNCIAS AIDAR, h.; KluthcOuSKI, J. evoluo das atividades lavoureira e pecuria nos cerrados. In: KluthcOuSKI, J.; StONe, l. F.; AIDAR, h. (ed.). Integrao lavoura-pecuria. Santo Antnio de gois: embrapa Arroz e Feijo, 2003. p. 2558. AlMeIDA, R. g.; OlIVeIRA, P. P. A.; MAceDO, M. c. M.; PezzOPANe, J. R. M. 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