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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1349-44.2013.5.21.0011
Firmado por assinatura digital em 13/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GDCMP/lafj/
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI N.º
13.015/14. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
SÚMULA N.º 331, V, DO TRIBUNAL SUPERIOR
DO TRABALHO. CONDUTA OMISSIVA. Não
merece provimento o Agravo quando as
razões apresentadas não conseguem
invalidar os fundamentos expendidos na
decisão mediante a qual se denegou
seguimento ao Agravo de Instrumento.
Agravo a que se nega provimento.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo
em Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-Ag-AIRR-1349-44.2013.5.21.0011, em que é Agravante PETRÓLEO
BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS e são Agravados WILLAMY SANTOS DA COSTA e
SERTEL - SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES TÉRMICAS LTDA.
Inconformada com a decisão monocrática mediante a qual
se denegou seguimento ao seu Agravo de Instrumento [pp. 335/346 do Sistema
de Informações Judiciárias (eSIJ), aba “Visualizar Todos (PDF)”],
interpõe a segunda reclamada Embargos de Declaração, recebidos como
Agravo, em face do princípio da fungibilidade.
Pugna a agravante pela reforma da decisão. Alega que
houve má-aplicação da Súmula n.º 331 deste Tribunal Superior. Sustenta
a agravante que o ordenamento jurídico pátrio veda a transferência de
responsabilidade pelo pagamento de débitos trabalhistas aos entes da
administração pública. Alega que as verbas decorrentes do contrato de
emprego existente entre a primeira reclamada e o autor são de
responsabilidade exclusiva daquela. Argumenta que o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade n.º
16, declarou a constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei n.º
8.666/93. Ressalta que, na hipótese dos autos, não resultou evidenciada
a sua conduta culposa, não havendo falar, assim, em culpa in vigilando.
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Afirma que o ônus de provar a efetiva fiscalização não pode ser repassada
ao ente público. Aponta violação dos artigos 5º, II, 37, cabeça, inciso
XXI, e § 6º, e 102, § 2º, da Constituição da República, e 71, § 1º, da
Lei n.º 8.666/93. Reputa como contrariada a Súmula n.º 331 deste Tribunal
Superior. Transcreve arestos com o fito de demonstrar dissenso de teses.
Autos não submetidos ao parecer da douta
Procuradoria-Geral do Trabalho, à mingua de interesse público a tutelar.
É o relatório.
V O T O
I – CONHECIMENTO
Observada a cláusula constitucional que resguarda o
ato jurídico (processual) perfeito (artigo 5º, XXXVI, da Constituição
da República), o cabimento e a admissibilidade deste Agravo serão
examinados à luz da legislação processual vigente à época da publicação
da decisão agravada.
O Agravo é tempestivo (publicação da decisão no Diário
Eletrônico da Justiça do Trabalho em 3/2/2016, quarta-feira, consoante
certidão lavrada à p. 347 do eSIJ, e razões recursais protocolizadas em
5/2/2016, conforme comprovante à p. 364 do eSIJ). Regular a representação
da Agravante, consoante procuração e substabelecimentos acostados às pp.
359/363 do eSIJ.
Conheço do Agravo.
II – MÉRITO
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. SÚMULA N.º 331, V, DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. CONDUTA
OMISSIVA.
Por meio da decisão monocrática proferida às pp.
335/346 do eSIJ, foi denegado seguimento ao Agravo de Instrumento
interposto pela segunda reclamada, mediante os seguintes fundamentos:
Sustenta a agravante que seu Recurso de Revista merecia
processamento, porque preenchidos os requisitos previstos no artigo 896 da
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Consolidação das Leis do Trabalho. Insurge-se contra o reconhecimento da
sua responsabilidade subsidiária pelos créditos deferidos ao obreiro. Ressalta
que a primeira reclamada fora contratada por intermédio de regular
procedimento licitatório. Pugna pela sua exclusão do polo passivo da
demanda, com espeque no artigo 267, VI, do Código de Processo Civil.
Alega que o ordenamento jurídico pátrio veda a transferência de
responsabilidade pelo pagamento de débitos trabalhistas aos entes da
administração pública. Ressalta que, na hipótese dos autos, não resultou
evidenciada a sua conduta culposa. Aponta violação dos artigos 5º, II, e 37,
incisos II e XXI, da Constituição da República, e 71, § 1º, da Lei n.º
8.666/93. Reputa como contrariada a Súmula n.º 331 deste Tribunal
Superior. Transcreve arestos com o fito de demonstrar dissenso de teses.
O Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ação Declaratória de
Constitucionalidade nº 16 (ADC 16), firmando o seguinte entendimento:
EMENTA: RESPONSABILIDADE CONTRATUAL.
Subsidiária. Contrato com a administração pública.
Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência
consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais
e comerciais, resultantes da execução do contrato, à
administração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida
pelo art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93. Constitucionalidade
reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade
julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É
constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº
8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº
9.032, de 1995. (STF, Tribunal Pleno, ADC 16, Relator:
Ministro Cezar Peluso, DJe nº 173, divulgado em 08/09/2011.)
Na esteira desse julgamento, tem-se que, em caso de terceirização
lícita, não há responsabilidade contratual da Administração Pública pelas
verbas trabalhistas dos empregados terceirizados, conforme a literalidade do
art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993. E, de fato, a responsabilidade não poderia ser
contratual, visto que entre a Administração Pública e o terceirizado não
existe, em princípio, relação jurídica.
Também, conforme posicionamento do STF, a responsabilidade da
Administração Pública, nesses casos, não estará calcada no art. 37, § 6º, da
CR/88, não sendo objetiva.
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Aferida tal decisão, na hipótese de terceirização lícita, não há
responsabilidade contratual da Administração Pública pelas verbas
trabalhistas dos empregados terceirizados, conforme a literalidade do art. 71,
§1º, da Lei 8.666/1993:
§ 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/1993 - A inadimplência do
contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto
do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e
edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
Contudo, nada obsta a responsabilização dos entes públicos por
créditos trabalhistas relacionados a serviços terceirizados, desde que
presentes os pressupostos de matiz extracontratual e subjetivo da
responsabilidade civil.
Transcrevo excertos dos judiciosos debates ocorridos no julgamento da
ADC 16:
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - É bem verdade
que os pontos que têm sido suscitados pelo TST fazem todo o
sentido e talvez exijam dos órgãos de controle, seja TCU, seja
Tribunal de Contas do Estado, aqueles responsáveis pelas contas
do município, que haja realmente a fiscalização, porque,
realmente, o pior dos mundos pode ocorrer para o empregado
que prestou o serviço, a empresa recebeu da Administração, mas
não cumpriu os deveres elementares. Então, essa questão
continua posto e foi o que o TST, de alguma forma, tentou
explicitar ao não declarar a inconstitucionalidade da lei e resgatar
a ideia da súmula, para que haja essa culpa in vigilando,
fundamental. Nós tivemos esses casos aqui mesmo na
administração do Tribunal e tivemos de fiscalizar, porque pode
ocorrer que a empresa terceirizada receba, como sói acontecer,
em geral, o Poder Público é adimplente, pelo menos no plano
federal essa questão não se coloca, mas não cumpre esses
deveres elementares. Talvez, aqui, reclamem-se normas de
organização e procedimento por parte dos próprios órgãos que
têm de fiscalizar, inicialmente são os órgãos contratantes e,
depois, os órgãos fiscalizadores. De modo que haja talvez até
uma exigência de demonstração de que se fez o pagamento, o
cumprimento pelo menos das verbas elementares: pagamento de
salário, recolhimento da Previdência Social e do FGTS.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Mas já há. A
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legislação brasileira exige. Só se pode pagar a posteriori, por
exemplo, nesses casos dos contratos, e se está quitada com a
Previdência, porque inclusive a empresa não pode mais
contratar. É que talvez ela não esteja sendo cumprida, o que não
significa ausência de lei.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE E
RELATOR) - Vossa Excelência está acabando de demonstrar
que a Administração Pública é obrigada a tomar atitude que,
quando não toma, configura inadimplemento dela!
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - Claro, não
discordo disso.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Na verdade,
apresenta quitação em relação à Previdência, aos débitos
anteriores.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE E
RELATOR) - Dela. Isso é que gera responsabilidade que vem
sendo reconhecida pela Justiça do Trabalho. Não é a
inconstitucionalidade da norma. A norma é sábia. Ela diz que o
mero inadimplemento deveras não transfere, mas a
inadimplência da obrigação da Administração é que lhe traz
como consequência uma responsabilidade que a Justiça do
Trabalho eventualmente pode reconhecer a despeito da
constitucionalidade da lei.
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - O que estava
acontecendo, Presidente, é que, na quadra que se desenhou, a
Justiça do Trabalho estava aceitando, de forma irrestrita, a
responsabilidade do ente estatal.
O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO (PRESIDENTE E
RELATOR) - Agora há de ser no sentido de que ela vai ter de
examinar os fatos. Estou de acordo. Vai ter de examinar os fatos.
(negritos do original) (sublinhei)
O Acórdão prolatado nos autos da ADC 16 pelo Pretório Excelso não
sacramenta a intangibilidade absoluta da Administração Pública pelo
descumprimento de direitos trabalhistas dos empregados lesados quando
terceiriza serviços.
Em regra, a Administração Pública (tomadora dos serviços) não poderá
ser condenada a cumprir as obrigações trabalhistas assumidas pelos
prestadores de serviços, diretriz que será mitigada em benefício do
trabalhador prejudicado, desde que verificado no caso concreto o
descumprimento de leis referentes ao dever de fiscalização da Administração
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Pública, consectário dos postulados constitucionais da legalidade e da
moralidade.
Registre-se que, consoante o art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993,
constitui cláusula necessária dos contratos administrativos aquela que
estabelece “a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação”. E entre esses
requisitos, conforme ressaltado, estão a regularidade fiscal e trabalhista e a
qualificação econômico-financeira, que devem ser aferidas na forma dos
arts. 29 e 31 do mesmo diploma legal, dos quais se destacam os seguintes
trechos:
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
trabalhista, conforme o caso, consistirá em (redação dada pela
Lei n.º 12.440/2011):
[...]
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando
situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos
por lei.
V - prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a
Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão
negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis
do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio
de 1943. (item incluído pela Lei n.º 12.440/2011 - grifos
acrescidos ao original)
Art. 31. A documentação relativa à qualificação
econômico-financeira limitar-se-á a:
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que
comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua
substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser
atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3
(três) meses da data de apresentação da proposta;
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo
distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução
patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
[...]
§ 5º A comprovação de boa situação financeira da empresa será
feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis
previstos no edital e devidamente justificados no processo
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administrativo da licitação que tenha dado início ao certame
licitatório, vedada a exigência de índices e valores não
usualmente adotados para correta avaliação de situação
financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes
da licitação. (grifos acrescidos ao original)
Como exigência que decorre do contrato administrativo, a manutenção
das condições de habilitação e qualificação deve ser fiscalizada pelo ente
público contratante, configurando obrigação legal a que está adstrita a
Administração, por força dos arts. 55, inciso XIII, 58, inciso III, e 67 da Lei
8.666/1993.
O art. 67 da Lei nº 8.666/1993 é enfático ao determinar que a
Administração deve designar um representante, a fim de acompanhar e
fiscalizar a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das pendências verificadas:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
fiscalizada por um representante da Administração
especialmente designado, permitida a contratação de terceiros
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
atribuição.
§ 1º O representante da Administração anotará em registro
próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do
contrato, determinando o que for necessário à regularização das
faltas ou defeitos observados.
§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência
do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em
tempo hábil para a adoção das medidas convenientes. (grifo
acrescido ao original)
O dever de fiscalizar, imposto ao Poder Público, pressupõe a prova da
regularidade fiscal e trabalhista e da boa situação financeira durante toda a
execução dos serviços contratados, suplantando, pois, o procedimento de
habilitação realizado no âmbito do certame licitatório.
Essa conclusão impõe-se porque a saúde financeira da empresa
prestadora de serviços constitui condição indispensável para o adequado
cumprimento do objeto pactuado. Isso de forma a garantir à Administração
as condições necessárias para o exercício das atribuições essenciais que lhe
compete, resguardando-se, sem sobressaltos, o atendimento do interesse
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público. Não há outra razão para a consagração das chamadas cláusulas
exorbitantes nos contratos administrativos, independentemente do objeto que
é contratado.
Em caso de reiterado descumprimento da legislação trabalhista, estaria
a prestadora de serviços acumulando um passivo capaz de reduzir ou até
mesmo de extirpar o equilíbrio econômico-financeiro necessário à fiel
execução do contrato.
É imperativo destacar que a fiscalização da execução do contrato não
constitui um fim em si, consoante a clara dicção do art. 67, § 1º, da Lei
8.666/1993. Estatui esse dispositivo que “o representante da Administração
anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a
execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização
das faltas ou defeitos observados” (grifo e negrito acrescido ao original). O
§ 2º do mesmo artigo, em idêntico diapasão, estabelece que “as decisões e
providências que ultrapassarem a competência do representante deverão ser
solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas
convenientes” (grifo e negrito acrescido ao original).
A fiscalização da execução, nesse contexto, é o procedimento
necessário à perfeita consecução do objeto do contrato, permitindo a
tempestiva identificação e superação de problemas, consistentes nas
irregularidades ou defeitos observados.
Por via de consequência, há algum vício nesse procedimento se as
desconformidades não são tempestivamente identificadas, como também na
hipótese de as medidas necessárias, diante da situação concreta, não serem
adotadas.
No caso dos autos, a Corte de origem consignou expressamente que,
“No caso em análise, é evidente a existência de culpa in vigilando da
litisconsorte, diante da omissão de fiscalizar o cumprimento das
obrigações trabalhistas por parte da sua contratada durante o tempo de
vigência do contrato, pois não trouxe comprovantes de adimplemento das
obrigações trabalhistas, inclusive verbas rescisórias, sendo certo que o
contrato firmado com a reclamada principal contém cláusula (2.3.6) que
determina que "a CONTRATADA deverá apresentar, sempre que solicitada,
a documentação relativa à comprovação do adimplemento de suas
obrigações trabalhistas, inclusive contribuições previdenciárias e depósitos
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do FGTS, para com seus empregados" (Id. 334949, p. 7).” (pp. 69/70 do eSIJ
– grifos acrescidos).
Sendo assim, restou evidente que o tomador de serviços não carreou
aos autos evidências da efetividade das medidas tomadas para evitar as
irregularidades observadas.
Vale ressaltar, por derradeiro, que o Supremo Tribunal Federal, ao
examinar a Reclamação n.º 13.272, Relatora Ministra Rosa Weber, Dje de
03/09/2012, em sede liminar, sufragou entendimento no sentido de que
incumbe à Administração Pública o ônus da prova de sua conduta comissiva,
ao registrar, expressamente, que “a recorrente não comprova ter fiscalizado,
por qualquer meio, a execução do contrato, especialmente quanto ao
cumprimento das obrigações contratuais devidas ao reclamante,
notadamente quanto às garantias previstas no art. 56 da Lei 8.666/93,
evidenciando-se a inércia do tomador na fiscalização quanto aos encargos
trabalhistas e sociais referentes aos empregados que despenderam força de
trabalho em seu favor”.
Assim, não se desincumbindo a Administração Pública de comprovar a
adoção de referidas medidas, de forma eficiente, ônus que lhe competia, nos
termos do artigo 333, II, do Código de Processo Civil, a decisão proferida
revela estrita consonância com a jurisprudência cediça desta Corte superior,
consagrada na Súmula nº 331, inciso V, desta Corte superior.
Acresça-se que, em face do processo de intermediação de mão de obra,
não compete ao empregado terceirizado suportar o ônus decorrente da
negligência do Poder Público na fiscalização da empresa prestadora de
serviços. Insta salientar que tal supervisão há de ser, sobretudo, preventiva, a
fim de não comprometer a execução do contrato, evitando igualmente a
transgressão dos direitos dos trabalhadores.
O adimplemento de obrigações trabalhistas por parte da prestadora de
serviços guarda estreita relação com a execução dos serviços contratados e
deve, sim, sofrer intenso controle por parte da Administração. Essa
obrigação avulta não somente do dever de se observar o que estabelece a Lei
8.666/1993, mas também da necessidade igualmente imperiosa de atender
aos princípios constitucionais da eficiência e da moralidade administrativa
(art. 37, caput, CR). Descabe ao Poder Público, estribado apenas no preço do
serviço contratado, negligenciando o dever de fiscalizar que lhe é imposto,
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beneficiar-se à custa da exploração do trabalho daqueles que são chamados a
operar, como agentes terceirizados, em sua própria intimidade.
Manifesta, pois, a culpa in vigilando do tomador de serviços, sendo,
ademais, patente a relação de causalidade entre a conduta culposa omissiva
do referido ente público, qualificada pelo descumprimento dos deveres
legais a que estava jungido, e a violação de direitos trabalhistas do autor.
A despeito de o contratante ostentar a condição de ente público, não há
óbice para que lhe seja imposta a responsabilidade subsidiária, nos termos
dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil Brasileiro.
Esse entendimento está em consonância com o princípio da
valorização social do trabalho (art. 1º, inciso IV, da Constituição).
A supremacia do interesse público assenta-se, de forma primaz, na
concretização dos fundamentos e objetivos da República e na garantia dos
direitos fundamentais de todos os cidadãos, entre os quais aqueles
expressamente vinculados à garantia da dignidade obreira (art. 7º da CR).
Logo, não há que prevalecer o interesse secundário do Poder Público na
defesa, a qualquer custo, do próprio patrimônio, a expensas dos mais
elementares princípios e direitos, consagrados nos âmbitos civil,
administrativo e trabalhista, os quais devem ser primordialmente
resguardados pela própria Administração.
Considerando o descumprimento por parte do ente público do seu
dever de fiscalização, é induvidosa a sua responsabilização patrimonial em
caráter subsidiário.
Essa compreensão está em perfeita sintonia com a celeridade e a
efetividade que informam a execução dos créditos trabalhistas, os quais se
revestem de índole inegavelmente alimentar. É de se ressaltar que ao ente
público caberá ainda intentar ação de regresso, a fim de resgatar os valores
eventualmente pagos ao trabalhador, nos termos do art. 934 do Código Civil.
Tampouco se deve olvidar que a Administração poderá valer-se da garantia
ofertada pela empresa contratada, conforme preceitua o art. 56 da Lei
8.666/1993, de modo a assegurar o ressarcimento de eventuais danos que lhe
forem causados.
A edição de Súmulas por esta Corte uniformizadora pressupõe a
análise exaustiva do tema, à luz de toda a legislação pertinente, o que afasta
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qualquer possibilidade de reconhecimento de violação de dispositivo de lei
ou da Constituição da República.
O ordenamento jurídico brasileiro autoriza a negativa de seguimento a
recurso manifestamente improcedente ou em confronto com súmula ou com
jurisprudência pacificada do mesmo Tribunal, do Supremo Tribunal Federal
ou de Tribunal Superior (artigo 557, caput, do CPC).
Essa modalidade de decisão, em que se rejeita in limine o recurso
manifestamente improcedente ou cujos fundamentos sejam contrários ao
posicionamento pacífico dos Tribunais Superiores, é consentânea com os
princípios da celeridade e da duração razoável do processo, ambos
albergados pelo artigo 5º, LXXVIII, da Constituição da República de 1988.
Tendo sido confirmada a decisão por meio da qual se denegou
seguimento ao Recurso de Revista, com fulcro no artigo 557, caput, do CPC,
nego seguimento ao Agravo de Instrumento.
Pugna a agravante pela reforma da decisão. Alega que
houve má-aplicação da Súmula n.º 331 deste Tribunal Superior. Sustenta
a agravante que o ordenamento jurídico pátrio veda a transferência de
responsabilidade pelo pagamento de débitos trabalhistas aos entes da
administração pública. Alega que as verbas decorrentes do contrato de
emprego existente entre a primeira reclamada e o autor são de
responsabilidade exclusiva daquela. Argumenta que o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade n.º
16, declarou a constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei n.º
8.666/93. Ressalta que, na hipótese dos autos, não resultou evidenciada
a sua conduta culposa, não havendo falar, assim, em culpa in vigilando.
Afirma que o ônus de provar a efetiva fiscalização não pode ser repassada
ao ente público. Aponta violação dos artigos 5º, II, 37, cabeça, inciso
XXI, e § 6º, e 102, § 2º, da Constituição da República, e 71, § 1º, da
Lei n.º 8.666/93. Reputa como contrariada a Súmula n.º 331 deste Tribunal
Superior. Transcreve arestos com o fito de demonstrar dissenso de teses.
Ao exame.
Consoante consignado na decisão agravada, o Tribunal
Regional, soberano no exame do conjunto fático probatório dos autos,
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
registrou que ”No caso em análise, é evidente a existência de culpa in
vigilando da litisconsorte, diante da omissão de fiscalizar o cumprimento
das obrigações trabalhistas por parte da sua contratada durante o tempo
de vigência do contrato, pois não trouxe comprovantes de adimplemento
das obrigações trabalhistas, inclusive verbas rescisórias, sendo certo
que o contrato firmado com a reclamada principal contém cláusula (2.3.6)
que determina que "a CONTRATADA deverá apresentar, sempre que solicitada,
a documentação relativa à comprovação do adimplemento de suas obrigações
trabalhistas, inclusive contribuições previdenciárias e depósitos do
FGTS, para com seus empregados" (Id. 334949, p. 7).” (pp. 69/70 do eSIJ
– grifos acrescidos)”.
Consoante se observa do quadro-fático delineado pelo
Tribunal Regional, a culpa in vigilando decorreu da ausência de prova
relacionada à efetiva fiscalização do contrato celebrado com a empresa
de prestação de serviços. Destaque-se, nesse sentido, que incumbia ao
ente público fiscalizar, efetivamente, a execução do contrato e o
cumprimento das obrigações contratuais assumidas pela demandada, bem
como lhe incumbia o ônus de comprovar as condutas adotadas como mecanismo
de fiscalização.
Conforme expressamente registrado na decisão
recorrida, esta Egrégia Corte superior, na esteira do entendimento do
Supremo Tribunal Federal, já se manifestou no sentido de que o encargo
processual acerca do poder-dever da administração pública de fiscalizar
o fiel cumprimento das obrigações atribuídas à empresa contratada não
incumbe ao autor, tendo em vista que não configura fato constitutivo e
sim fato impeditivo à sua pretensão, consoante disposto no artigo 333,
II, do Código de Processo Civil. Citem-se os seguintes precedentes: AIRR
- 1429-19.2012.5.05.0195 Data de Julgamento: 22/10/2014, Relator
Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
31/10/2014; AIRR - 822-56.2012.5.10.0004, 1ª Turma, Relator Ministro
Lelio Bentes Corrêa, DEJT 04.10.2013; RR-444-35.2011.5.03.0100, 2ª
Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 17.08.2012;
AIRR-297400-59.2009.5.09.0965, 4ª Turma, Relatora Ministra Maria de
Assis Calsing, DEJT 21.02.2014; RR-98400-64.2009.5.21.0021, 5ª Turma,
Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 08.03.2013;
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ARR-1621-58.2011.5.12.0011, 6ª Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães
Arruda, DEJT 07.03.2014; RR-557-97.2010.5.15.0129, 7ª Turma, Relator
Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21.02.2014;
RR-1405-45.2010.5.01.0074, 8ª Turma, Relator Desembargador Convocado
João Pedro Silvestrin, DEJT 07.02.2014.
Devidamente caracterizada a conduta omissiva do ente
público.
A decisão proferida pelo Tribunal Regional está em
consonância com o entendimento sedimentado neste Tribunal Superior, nos
termos da Súmula n.º 331, item V, que consagra tese no seguinte sentido:
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
evidenciada sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º
8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora.
A aludida responsabilidade não decorre do mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.
Revelando a decisão recorrida sintonia com a
jurisprudência pacífica deste Tribunal Superior, não se habilita a
conhecimento o recurso de revista, nos termos do artigo 896, § 7º, da
Consolidação das Leis do Trabalho, razão pela qual passível de denegação
o recurso, no particular, nos termos do artigo 557 do Código de Processo
Civil de 1973, vigente à época da prolação da decisão agravada.
Nesse contexto, a decisão mediante a qual se denegou
seguimento ao Agravo de Instrumento revela-se juridicamente
incensurável.
Ante o exposto, nego provimento ao Agravo.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao Agravo.
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Brasília, 13 de abril de 2016.
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MARCELO LAMEGO PERTENCE Desembargador Convocado Relator
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