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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
CRISTIANE HEUSER
IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM
UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SETOR METAL-
MECÂNICO
JOINVILLE - SC
2007
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
CRISTIANE HEUSER
IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM
UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SETOR METAL-
MECÂNICO
Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas.
Orientador: Leandro Zvirtes
JOINVILLE - SC
2007
CRISTIANE HEUSER
IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM
UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SETOR METAL-
MECÂNICO
Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e
Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para
obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas.
Banca Examinadora
Orientador: _____________________________________________________ Leandro Zvirtes, Msc.
Membro: _____________________________________________________ Patrícia Becker, Msc.
Membro: _____________________________________________________ Régis Kovacs Scalice, Dr.
Joinville, 15/06/2007
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo a identificação dos aspectos ambientais significativos e de seus impactos associados em uma empresa do setor metal-mecânico. Buscou-se desenvolver um estudo das entradas e saídas do processo produtivo para auxiliar na identificação dos impactos ambientais gerados por este empreendimento. A identificação e o estudo destes impactos possibilitam a empresa desenvolver planos de ações voltados a uma melhor atuação no que diz respeito às questões ambientais. Através de levantamentos realizados na empresa, baseados nas recomendações da NBR ISO 14004 (1996), foi possível mapear e descrever o processo produtivo da empresa, identificar os materiais que entram no processo e os materiais resultantes do processo, identificar os aspectos que a empresa tem controle e os aspectos que a empresa tem influência, identificar os impactos ambientais e priorizar os impactos a fim de que a empresa possa concentrar seus esforços e recursos naqueles considerados mais importantes. Também foi possível identificar algumas oportunidades de melhoria competitiva e comercial, onde, embora o impacto ambiental seja menor, a economia ou redução de custos são significativas para a empresa. Como resultado deste estudo, a empresa adquire informações necessárias para iniciar o planejamento de um Sistema de Gestão Ambiental em conformidade com a NBR ISO 14001 (2004), promovendo, consequentemente, a melhoria contínua de seus produtos e processos visando à satisfação de seus clientes.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão Ambiental; Impacto Ambiental; ISO 14001.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - A empresa como instituição econômica..................................................14
Figura 02 - A empresa como instituição sociopolítica ...............................................15
Figura 03 - Influência do consumidor sobre a estratégia ambiental da empresa ......17
Figura 04 - Informações básicas para elaboração do PGA.......................................22
Figura 05 - Modelo de sistema de gestão ambiental.................................................24
Figura 06 - Fluxograma de um restaurante industrial................................................35
Figura 07 - Placas de modelos para fundir blocos de motor .....................................45
Figura 08 - Metade inferior de uma caixa de machos ...............................................45
Figura 09 - Fluxograma do processo de fabricação dos ferramentais de fundição ...47
Figura 10 - Entradas e saídas da atividade 1............................................................48
Figura 11 - Usinagem de um modelo primitivo ..........................................................49
Figura 12 - Entradas e saídas da atividade 2............................................................49
Figura 13 - Entradas e saídas da atividade 3............................................................50
Figura 14 - Usinagem de uma peça fundida..............................................................51
Figura 15 - Entradas e saídas da atividade 4............................................................51
Figura 16 - Usinagem por eletroerosão.....................................................................52
Figura 17 - Entradas e saídas da atividade 5............................................................52
Figura 18 - Troca do filtro de papel da eletroerosão..................................................53
Figura 19 - Entradas e saídas da atividade 6............................................................54
Figura 20 - Entradas e saídas da atividade 7............................................................54
Figura 21 - Matriz de risco.........................................................................................60
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Gestão ambiental na empresa: abordagens .........................................19
Quadro 02 - Benefícios da gestão ambiental ............................................................20
Quadro 03 - Exemplos de aspectos e impactos ambientais......................................31
Quadro 04 - Exemplos de agentes de poluição e eventos ........................................32
Quadro 05 - Exemplos de impactos ambientais ........................................................34
Quadro 06 - Caracterização de aspectos/impactos ambientais em virtude da situação
operacional................................................................................................................36
Quadro 07 - Quantificação das entradas e saídas do processo................................55
Quadro 08 - Aspectos e impactos ambientais significativos do processo. ................57
Quadro 09 - Condições de emergência.....................................................................58
Quadro 10 - Categorias de gravidade .......................................................................59
Quadro 11 - Níveis de freqüência ou probabilidade ..................................................59
Quadro 12 - Resultado da pontuação dos aspectos e impactos significativos..........61
Quadro 13 - Sugestões de ações para o tratamento dos aspectos significativos .....61
Quadro 14 - Relação dos objetivos específicos com as atividades realizadas .........64
LISTA DE ABREVIATURAS
Abiquim Associação Brasileira da Indústria Química
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAD Computer Aided Design
CAM Computer Aided Manufacturing
CNI Confederação Nacional da Indústria
ETE Estação de Tratamento de Efluentes
ISO International Organization for Standardization
NBR Norma Brasileira Regulamentada
PGA Programa de Gestão Ambiental
PME Pequenas e Médias Empresas
P+L Produção Mais Limpa
Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SGA Sistema de Gestão Ambiental
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA................................................................................9
1.2 OBJETIVO GERAL .............................................................................................10
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................10
1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................10
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO..............................................................................11
1.6 METODOLOGIA..................................................................................................12
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................14
2.1 GESTÃO AMBIENTAL: AS EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE........................14
2.2 PROGRAMAS DE GESTÃO AMBIENTAL..........................................................22 2.2.1 ISO 14001 ........................................................................................................23 2.2.1.1 Política Ambiental..........................................................................................24 2.2.1.2 Planejamento ................................................................................................25 2.2.1.3 Implementação e Operação ..........................................................................26 2.2.1.4 Verificação.....................................................................................................27 2.2.1.5 Análise pela Administração ...........................................................................28
2.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS......................29 2.3.1 Etapa 1: Seleção de uma atividade, produto ou serviço ..................................32 2.3.2 Etapa 2: Identificação de aspectos ambientais ................................................32 2.3.3 Etapa 3: Identificação de impactos ambientais ................................................33 2.3.4 Etapa 4: Avaliação da importância dos impactos .............................................36 2.3.4.1 Escala do Impacto.........................................................................................37 2.3.4.2 Severidade do Impacto..................................................................................38 2.3.4.3 Probabilidade de ocorrência e freqüência .....................................................40
3 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................41
3.1 PROBLEMA ........................................................................................................41
3.2 PESQUISA E METODOLOGIA ...........................................................................41
8
3.3 ETAPAS DA PESQUISA-AÇÃO..........................................................................42
4 ESTUDO DE CASO ...............................................................................................44
4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ......................................................................44
4.2 CARACTERÍSTICAS DOS FERRAMENTAIS DE FUNDIÇÃO ...........................44
4.3 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS FERRAMENTAIS DE FUNDIÇÃO.......46
4.4 ENTRADAS E SAÍDAS DO PROCESSO............................................................48 4.4.1 Entradas e Saídas da Atividade 1 ....................................................................48 4.4.2 Entradas e Saídas da Atividade 2 ....................................................................48 4.4.3 Entradas e Saídas da Atividade 3 ....................................................................50 4.4.4 Entradas e Saídas da Atividade 4 ....................................................................50 4.4.5 Entradas e Saídas da Atividade 5 ....................................................................52 4.4.6 Entradas e Saídas da Atividade 6 ....................................................................53 4.4.7 Entradas e Saídas da Atividade 7 ....................................................................54
4.5 QUANTIFICAÇÃO DAS ENTRADAS E SAÍDAS.................................................54
4.6 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS/ IMPACTOS AMBIENTAIS ........................56
4.7 CONDIÇÕES DE EMERGÊNCIA........................................................................58
4.8 PRIORIZAÇÃO DOS ASPECTOS/IMPACTOS...................................................58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................63
5.1 CONCLUSÕES ...................................................................................................63
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................66
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a questão ambiental se tornou uma preocupação
empresarial. As empresas são cada vez mais pressionadas por órgãos sócio-
ambientais, pelo mercado, pelos clientes e pela sociedade civil a valorizarem sua
atuação no sentido de preservar o meio ambiente.
O ambiente de negócios onde as empresas atuam vem sofrendo constantes
mudanças. Segundo Donaire (1999), as empresas não são mais vistas apenas como
instituições econômicas preocupadas com o que e quanto produzir. Uma quantidade
crescente de atenção, por parte das empresas, tem se voltado para problemas que
vão além das questões econômicas e que envolvem preocupações de caráter
político-social, como proteção ao consumidor, controle da poluição, segurança e
qualidade dos produtos, etc.
A responsabilidade ambiental é um passo importante para as empresas que
querem permanecer no mercado. Para Tachizawa (2005), os novos tempos estarão
a exigir novos modelos de gestão e, conseqüentemente, novas formas de gestão
ambiental com maior responsabilidade social.
As empresas precisam se adaptar a este novo cenário, onde se exige uma
postura de valorização do meio ambiente ou correm o risco de perder espaço no
mercado que se tornou competitivo e globalizado.
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
O tema deste trabalho é a identificação dos aspectos e impactos ambientais
em uma empresa de pequeno porte do setor metal-mecânico. A identificação dos
aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços, bem como a
determinação daqueles que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o
10
meio ambiente é uma das etapas mais importantes da implementação de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA), sendo requisito da NBR ISO 14001.
1.2 OBJETIVO GERAL
O objetivo deste trabalho é a identificação dos aspectos e impactos
ambientais significativos das atividades de uma organização, em conformidade com
as exigências da NBR ISO 14001.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para o alcance do objetivo geral, faz-se necessário o estabelecimento de
alguns objetivos específicos:
1 Mapear o processo produtivo da empresa;
2 Identificar as entradas e saídas do processo produtivo;
3 Identificar os aspectos ambientais e os impactos associados;
4 Classificar os impactos e priorizá-los a fim de que a empresa possa
concentrar seus esforços e recursos naqueles considerados mais
críticos.
1.4 JUSTIFICATIVA
Atualmente, as organizações no Brasil, em especial as do ramo industrial,
estão buscando um SGA efetivo que atenda os anseios da sociedade e ao mesmo
tempo trate os principais problemas ambientais gerados pelas atividades das
mesmas. Segundo Seiffert (2005), para muitas empresas a gestão ambiental tornou-
se uma questão estratégica, e não uma questão de atendimento a exigências legais.
11
Uma maneira comum de implementar um SGA é atender as exigências da
NBR ISO 14001, que vem se consolidando como uma excelente ferramenta para
melhorar o desempenho ambiental das organizações, mostrando claramente todos
os pontos nos quais devemos concentrar nossos esforços para que seja possível
gerenciar com eficácia (MOURA, 2004).
Diante desta nova realidade, justifica-se o estudo sobre o tema Gestão
Ambiental. No caso de um empreendimento do setor metal-mecânico, busca-se com
este trabalho levantar informações relevantes para viabilizar a implantação de
estratégias de gestão ambiental na empresa estudada. Espera-se a partir deste
estudo uma contribuição para melhorar a atuação da empresa e,
conseqüentemente, seus resultados.
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O trabalho restringe-se à identificação dos aspectos e impactos ambientais
em uma empresa de pequeno porte do setor metal-mecânico que busca a
certificação ISO 14001. Assim, este estudo tem como objetivo prover a organização
de informações para que esta possa atender ao requisito 4.3.1 da NBR ISO 14001
que diz:
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, dentro do escopo definido de seu sistema de gestão ambiental, que a organização possa controlar e aqueles que ela possa influenciar, levando em consideração os desenvolvimentos novos ou planejados, as atividades, produtos e serviços novos ou modificados, e determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente (isto é, aspectos ambientais significativos). A organização deve documentar essas informações e mantê-las atualizadas. A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos sejam levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema de gestão ambiental. (ABNT NBR ISO 14001, 2004, p. 5)
Este estudo não contempla a implementação de um procedimento para
identificação dos aspectos e impactos, embora a norma recomende que a
organização o faça. A identificação dos aspectos e impactos apresentados no
estudo de caso será realizada com base nos dados disponibilizados pela empresa.
As conclusões e observações analisadas no estudo de caso são válidas apenas
12
para a empresa em questão, pois o sistema de gestão ambiental é único para cada
organização.
1.6 METODOLOGIA
Buscando o atendimento às expectativas de seus clientes e,
conseqüentemente, vantagens competitivas no mercado, a empresa atenta para a
necessidade de se implementar um sistema de gestão ambiental e a certificação
ISO 14001. Dando início a esse processo, viu-se a necessidade de identificar os
aspectos e impactos ambientais do processo produtivo da empresa. Assim, por
buscar resposta ao problema exposto, este trabalho pode ser classificado como uma
pesquisa.
Considerando os objetivos expostos, esta pesquisa pode ser classificada
como exploratória. Com relação aos procedimentos técnicos, pode ser classificada
como uma pesquisa-ação, pois apresenta a relação da teoria com a prática para a
resolução de um problema, no qual a pesquisadora e a organização estão
envolvidas cooperativamente.
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente estudo foi organizado em cinco capítulos, sendo que no primeiro
capítulo descreve-se a introdução, apresentação do tema, o objetivo geral do
trabalho, os objetivos específicos, a justificativa e a delimitação do estudo.
O segundo capítulo aborda a revisão bibliográfica com o intuito de buscar
informações necessárias para esclarecer e justificar o problema em estudo e para
orientar os procedimentos metodológicos utilizados.
O terceiro capítulo trata da metodologia utilizada, definindo o tipo de pesquisa
aplicada e suas fases.
13
O quarto capítulo traz o estudo de caso realizado na Modelação Nova Era
Ltda, com a caracterização da empresa, os levantamentos de dados e a aplicação
da pesquisa.
Finalizando, as considerações finais, apresentando a conclusão juntamente
com as sugestões para trabalhos futuros.
As referências bibliográficas consultadas são apresentadas ao final do
trabalho.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 GESTÃO AMBIENTAL: AS EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE
Muitas mudanças vêm ocorrendo no ambiente de negócios. As exigências da
sociedade, de órgãos ambientais e do governo, fazem com que as empresas se
preocupem não apenas com seu resultado econômico, mas também devem incluir
considerações de caráter social e político na sua tomada de decisões (TACHIZAWA,
2005).
As empresas não são mais vistas como instituições econômicas preocupadas
apenas com o que e quanto produzir. Hoje, são vistas como instituição sociopolíticas
onde as preocupações com os direitos dos consumidores, a proteção ambiental e a
qualidade dos produtos são relevantes e afetam o ambiente de negócios.
Buchholz e outros, citado por Donaire (1999), comparam a visão tradicional
da empresa a partir de uma concepção meramente econômica com uma visão mais
moderna desta, inserida no meio ambiente, como demonstram as figuras 01 e 02.
Figura 01 - A empresa como instituição econômica Fonte: Donaire, 1999.
EMPRESA
Quantidade produzida
Escolha de empregados Preço e qualidade
do produto
Uso de recursos (incluindo uso de capital)
15
Figura 02 - A empresa como instituição sociopolítica Fonte: Donaire, 1999.
Na visão tradicional da empresa como instituição apenas econômica, sua
responsabilidade baseia-se apenas em aumentar os lucros e diminuir seus custos,
os aspectos sociais e políticos não são considerados variáveis significativas na
tomada de decisões.
A visão moderna da empresa em relação a seu ambiente é muito mais
complexa, pois ela é vista como uma instituição sociopolítica, onde suas
preocupações vão além das preocupações fundamentais como: o que produzir,
como produzir e para quem produzir.
Para Donaire (1999, p. 16) “Essa visão é o resultado de uma mudança de
enfoque que está ocorrendo no pensamento da sociedade e mudando sua ênfase de
econômico para social, valorizando aspectos sociais que incluem distribuição mais
justa de renda, qualidade de vida, relacionamento humano, realização pessoal, etc.”
As preocupações ambientais por parte das empresas são influenciadas por
três grandes conjuntos de forças que se interagem: o governo, a sociedade e o
mercado. Segundo Barbieri (2004), se não houvesse pressões da sociedade e
medidas governamentais, não se observaria o crescente envolvimento das
EMPRESA Fortalecimento dos
sindicatos e associações de classe
Intervenção crescente da atuação do estado
na economia
Mudanças nos valores e ideologias
sociais
Uso de recursos (incluindo uso de
capital)
Ambiente internacional
Aumento da influência de grupos sociais externos a
organização
Elevação do padrão ético a ser
desempenhado pelas organizações
Crescimento da importância das
comunicações e do papel desempenhado pelos
meios de comunicação
16
empresas com as questões ambientais. As legislações ambientais, geralmente, são
geradas pelas pressões da sociedade que percebem os problemas ambientais e
recorrem aos agentes estatais para vê-los solucionados.
Para Donaire (1999), entre as diferentes variáveis que afetam o ambiente de
negócios da empresa, a preocupação ecológica da sociedade vem ganhando
destaque devido à relevância para a qualidade de vida das populações. A gestão
ambiental dentro das organizações, portanto, passa a exercer um papel estratégico
na tomada de decisões. As empresas estão mais expostas a cobranças de posturas
mais responsáveis com relação aos seus processos produtivos, os resíduos e
efluentes produzidos e o seu descarte final.
As empresas são consideradas como as principais responsáveis pela
degradação do meio ambiente, por isso se tornam vulneráveis a ações legais e ao
comportamento dos clientes que consideram além da qualidade dos produtos, a
qualidade ambiental como uma necessidade a ser atendida (SEIFFERT, 2005).
“A qualidade ambiental consiste no atendimento aos requisitos de natureza
física, química, biológica, social, econômica e tecnológica que assegurem a
estabilidade das relações ambientais no ecossistema no qual se inserem as
atividades da empresa” (VALLE, 1995, p.16). Para este autor, a Qualidade
Ambiental, assim como a Qualidade Total, é imprescindível para as empresas que
querem manter-se competitivas no mercado.
Há uma tendência dos consumidores rejeitarem cada vez mais produtos
considerados ambientalmente inadequados. Tal observação faz com que as
empresas deixem de ver a proteção ao meio ambiente como uma exigência passível
de multas e sanções e passa a ser considerada uma oportunidade ou ameaça frente
à concorrência.
“O novo contexto econômico caracteriza-se por uma rígida postura dos
clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com
boa imagem institucional no mercado, e que atuem de forma ecologicamente
responsável” (TACHIZAWA, 2005, p.23).
Para Valle (1995), a decisão do consumidor de comprar um produto ou não,
exerce influência considerável sobre a estratégia da empresa.
A figura 03 mostra as inter-relações da imagem da empresa e de seus
produtos com as ações necessárias para assegurar a qualidade ambiental e, por
conseqüência, seu bom posicionamento no mercado.
17
Figura 03 - Influência do consumidor sobre a estratégia ambiental da empresa Fonte: Valle, 1995.
Para Valle (1995), as ações exercidas sobre a empresa pelos organismos de
controle ambiental e as interações da empresa com o mercado, a sociedade e as
fontes de tecnologia fazem parte de um sistema de forças cujo equilíbrio tem de ser
metodicamente articulado e cuidadosamente mantido.
A tendência de preocupação ambiental e ecológica por parte das empresas
deve continuar. Os resultados da pesquisa realizada pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apontam as
principais razões pelas quais as empresas adotam práticas de gestão ambiental,
dentre elas: aumentar a qualidade dos produtos, aumentar a competitividade das
exportações, atender ao consumidor com preocupações ambientais, atender à
reivindicação da comunidade, atender à pressão de organizações não
governamentais ambientalistas, estar em conformidade com a política ambiental e
social da empresa e melhorar a imagem perante a sociedade (TACHIZAWA, 2005).
MUDANÇAS NAS
TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO
AUDITORIAS AMBIENTAIS
MELHORIA DA QUALIDADE
DO PRODUTO
DECISÃO DE COMPRA PELO CONSUMIDOR
SIM NÃO BUSCA DA QUALIDADE AMBIENTAL
MELHORIA DA IMAGEM
DA EMPRESA
REFORMULAÇÃO DO PRODUTO
18
A gestão ambiental nas empresas era tradicionalmente vista como um freio ao
crescimento. Hoje não é mais vista apenas como um aspecto legal a ser cumprido e
que traz custos para a empresa, mas sim como uma oportunidade para abrir
mercados e prevenir restrições futuras ao mercado internacional.
As primeiras indústrias surgiram em uma época em que os problemas
ambientais não tinham grande expressão e as exigências ambientais eram poucas.
A fumaça das chaminés era sinal de progresso, hoje, porém esta emissão passou a
ser vista como anomalia e não mais como vantagem (DONAIRE, 1999).
Segundo Donaire (1999), as respostas da indústria ao novo desafio ocorrem
em três fases:
1. Controle ambiental nas saídas;
2. Integração do controle ambiental nas práticas e processos industriais; e
3. Integração do controle ambiental na gestão administrativa.
A primeira fase é constituída por equipamentos de controle ambiental nas
saídas, como chaminés, redes de esgoto, onde se mantém a estrutura produtiva
existente. Esta solução nem sempre se mostra eficaz devido a seu alto custo.
Na segunda fase o controle ambiental é integrado ao processo produtivo,
deixando de ser uma atividade de controle e passando a ser uma função da
produção. Ela envolve a seleção das matérias primas, o desenvolvimento de novos
processos e produtos, o reaproveitamento da energia, a reciclagem de resíduos e a
integração com o meio ambiente.
Já na terceira fase, as empresas passam a integrar o controle ambiental
também em sua gestão administrativa. Este novo cenário tem origem em
consumidores que, satisfeitos com suas necessidades quantitativas, passam a se
preocupar com o conteúdo dos produtos, rejeitando aqueles que lhes pareçam
agressivos ao meio ambiente. Com isso a proteção do meio ambiente pode
apresentar tanto ameaças quanto oportunidades, passando a ter conseqüências
significativas, incluindo posições na concorrência ou a própria permanência no
mercado (DONAIRE, 1999).
Segundo Barbieri (2004), o controle da poluição, a prevenção da poluição e a
incorporação dessas questões na estratégia empresarial podem ser vistas como as
fases de um processo gradual de práticas de gestão ambiental numa empresa. O
quadro 01 apresenta um resumo destas três formas de abordar os problemas
ambientais.
19
ABORDAGENS CARACTERÍSTICAS CONTROLE DA
POLUIÇÃO PREVENÇÃO DA
POLUIÇÃO ESTRATÉGICA
Preocupação básica Cumprimento da legislação e respostas às pressões da comunidade
Uso eficiente dos insumos
Competitividade
Postura típica Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa
Ações típicas
Corretivas Tecnologias de remediação e de controle no final do processo Aplicação de normas de segurança
Corretivas e preventivas Conservação e substituição de insumos Uso de tecnologias limpas
Corretivas preventivas e antecipatórias Antecipação de problemas e captura de oportunidades utilizando soluções de médio e longo prazos Uso de tecnologias limpas
Percepção dos empresários e administradores
Custo adicional Redução de custo e aumento da produtividade
Vantagens competitivas
Envolvimento da alta administração
Esporádico Periódico Permanente e sistemático
Áreas envolvidas
Ações ambientais confinadas nas áreas produtivas
As principais ações ambientais continuam confinadas nas áreas produtivas, mas há crescente envolvimento de outras áreas
Atividades ambientais disseminadas pela organização Ampliação das ações ambientais para toda a cadeia produtiva
Quadro 01 - Gestão ambiental na empresa: abordagens Fonte: Barbieri, 2004.
A idéia que prevalece hoje nas empresas é que qualquer providência com
relação a variável ambiental traz um aumento das despesas. Porém, algumas
empresas demonstram que ao contrário, é possível transformar as restrições e
ameaças em oportunidades de negócios protegendo o meio ambiente. Dentre elas
podemos citar a reciclagem de material, o reaproveitamento interno de resíduos ou a
sua venda, a utilização de tecnologias mais limpas no processo produtivo que se
transformam em vantagem competitiva, o desenvolvimento de novos produtos
voltados aos consumidores conscientizados com a questão ambiental, etc.
(DONAIRE, 1999).
Segundo Tachizawa (2005), as empresas que tomarem decisões integradas a
questão ambiental conseguirão vantagem competitiva. Mesmo quando não
20
visualizam um retorno financeiro imediato, geralmente, obtêm redução de custos e
maior lucratividade a médio e longo prazo.
North, citado por Donaire (1999), descreve alguns benefícios da gestão
ambiental para as empresas no quadro 02.
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
Economia de custos � Economia devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos. � Economia devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e
diminuição de efluentes. � Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de receitas
� Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos.
� Aumento da participação no mercado devido à inovação dos produtos e menos concorrência.
� Linhas de novos produtos para novos mercados. � Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da
poluição.
BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS
� Melhoria da imagem institucional. � Renovação do portfólio de produtos. � Aumento da produtividade. � Alto comprometimento do pessoal. � Melhoria nas relações de trabalho. � Melhoria e criatividade para novos desafios. � Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e
grupos ambientalistas. � Acesso assegurado ao mercado externo. � Melhor adequação aos padrões ambientais
Quadro 02 - Benefícios da gestão ambiental Fonte: Donaire, 1999.
As empresas reagem de diferentes formas às questões ambientais. Algumas
empresas são altamente reativas, introduzindo a gestão ambiental na empresa
apenas para atender às exigências regulamentares, tomando assim decisões de
curto prazo apenas para dar a si próprias uma imagem “verde”, não alterando seus
processos produtivos. Outras empresas são consideradas pró-ativas por
incorporarem questões ambientais em seu planejamento de longo prazo, buscando,
constantemente, a melhoria de seu desempenho.
21
Segundo Kinlaw (1997), as empresas pró-ativas estão adotando a estratégia
de “ciclo de vida” para a administração de seus resíduos e poluentes. Elas estão
reconhecendo o que há décadas os ambientalistas têm dito: lixo e poluição não
desaparecem (não existe o “desaparecer”), simplesmente mudam de forma ou lugar.
Kinlaw (1997) cita alguns exemplos de como as empresas podem se
fortalecer e melhorar sua posição no mercado adotando uma postura pró-ativa:
• Evitando os custos de multas, despoluição e processos judiciais;
• Reduzindo a quantidade de material usado;
• Reduzindo o nível de consumo e os custos da energia;
• Reduzindo os custos de manuseio e descarte de resíduos;
• Criando novas oportunidades de venda a novos clientes mais sensíveis à
questão ambiental;
• Mantendo os nichos de mercado compostos de clientes antigos que
desejam produtos favoráveis ao meio ambiente;
• Criando novos produtos e serviços para novas oportunidades de mercado;
• Obtendo maior credibilidade em bancos e outras instituições financeiras;
• Reduzindo os riscos de grandes desastres ambientais;
• Desenvolvendo e adquirindo tecnologia nova;
• Melhorando a imagem pública da empresa.
Existem hoje várias ferramentas que podem auxiliar as empresas a
alcançarem seus objetivos em relação ao meio ambiente: auditoria ambiental,
avaliação do ciclo de vida, estudos de impactos ambientais, sistemas de gestão
ambiental, relatórios ambientais, rotulagem ambiental, gerenciamento de riscos
ambientais, etc. Alguns são específicos, outros podem ser aplicados em qualquer
empresa, como os sistemas de gestão ambiental. Alguns se aplicam diretamente
aos produtos, como rotulagem ambiental. À medida que as empresas encaminham
de uma abordagem de controle da poluição para uma abordagem estratégica, maior
será a variedade de instrumentos que ela deverá utilizar para alcançar seus
objetivos (BARBIERI, 2004).
22
2.2 PROGRAMAS DE GESTÃO AMBIENTAL
Para que as empresas se envolvam com as causas ambientais e incorporem
a gestão ambiental em seus processos, elas precisam se adequar a um programa
de gestão ambiental (PGA). Os programas de gestão ambiental estabelecem as
atividades a serem desenvolvidas, a seqüência entre elas e os responsáveis pela
sua execução, além de buscar uma melhoria contínua no seu desempenho.
Para Valle (1995) o PGA é um instrumento dinâmico e sistemático, com
metas e objetivos ambientais a serem alcançados em intervalos de tempos
definidos. Através do PGA se estabelecem ações preventivas e corretivas
identificadas nas inspeções e auditorias ambientais e se elaboram ações que
assegurem a qualidade ambiental. A figura 04 mostra a interação entre alguns
elementos que compõem o PGA.
Figura 04 - Informações básicas para elaboração do PGA Fonte: Valle, 1995.
Existem várias propostas para o estabelecimento de um PGA. A primeira
delas foi o Sistema Integrado de Gestão Ambiental, conhecido por Modelo Winter,
desenvolvido a partir de 1972 na Alemanha. Posteriormente, Backer, em 1995,
propôs planos de ação que devem ser estabelecidos em sintonia com o que
LEGISLAÇÃO EM VIGOR E
LEGISLAÇÃO PREVISÍVEL EM
FUTURO PRÓXIMO
INFORMAÇÕES SOBRE
INSTALAÇÕES FÍSICAS E DADOS OPERACIONAIS
INFORMAÇÕES SOBRE INSUMOS:
• ENERGIA • MATÉRIAS-PRIMAS • ÁGUA • OUTROS
PREVISÃO DE GERAÇÃO DE:
• RESÍDUOS SÓLIDOS • EFLUENTES LÍQUIDOS • EMISSÕES ATMOSFÉRICAS • RUÍDOS
ELABORAÇÃO DO
PGA
IMPLEMENTAÇÃO DO PGA
REVISÕES PERIÓDICAS
23
denomina Estratégia Ecológica da empresa. No Brasil, a Associação Brasileira da
Indústria Química (Abiquim) propôs aos seus associados o programa Atuação
Responsável, adotado oficialmente a partir de 1992. Outro modelo de gestão
ambiental que vem sendo desenvolvido desde 1980 é a Produção Mais Limpa (P+L),
que é uma estratégia ambiental preventiva aplicada a processos, produtos e
serviços para minimizar os impactos sobre o meio ambiente. Porém, a partir de 1996
uma maneira comum de se estabelecer um programa de gestão ambiental é atender
às normas ISO 14001 e 14004 da ABNT, que especificam diretrizes para o PGA.
Tais normas foram concebidas para que possam ser aplicadas a todos os tipos de
organizações (DONAIRE, 1999).
A ISO 14001 fornece diretrizes e exigências para que se viabilize a
certificação ambiental junto a uma entidade certificadora. A ISO 14004 é uma norma
de orientação, oferecendo informações úteis na forma de exemplos e descrições
relacionadas ao desenvolvimento e implementação de sistemas e princípios de
gestão ambiental e à coordenação desses sistemas com outros sistemas gerenciais
(TIBOR E FELDMAN, 1996).
2.2.1 ISO 14001
A Norma ISO 14001 tem por objetivo prover às organizações os elementos de
um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) eficaz, passível de integração com os
demais objetivos da organização (DONAIRE, 1999).
Segundo a ABNT NBR ISO 14004 (1996, p.4),
Esta Norma pode ser utilizada por organizações de qualquer porte. Entretanto, a importância das pequenas e médias empresas (PME) vem sendo crescentemente reconhecida pelos governos e meios empresariais. Esta norma reconhece a acomoda as necessidades das PME.
A ISO 14001 não define níveis, valores ou critérios de desempenho. Assim, a
norma permite que a organização estabeleça seus próprios objetivos e metas de
desempenho, levando em consideração os requisitos reguladores nacionais,
estaduais e municipais, bem como requisitos adicionais da própria organização,
permanecendo em conformidade com a norma (HARRINGTON E KNIGHT, 2001).
24
A figura 05 mostra as etapas da implantação de um sistema de gestão
ambiental. Estas etapas buscam a melhoria contínua, ou seja, permite uma contínua
reavaliação em busca de uma melhor relação com o meio ambiente.
Figura 05 - Modelo de sistema de gestão ambiental Fonte: ABNT NBR ISO 14001, 2004.
2.2.1.1 Política Ambiental
A primeira etapa na formulação de um sistema de gestão ambiental é a
definição de uma política ambiental e assegurar seu compromisso com ela. Segundo
Valle (1995) a definição de uma Política Ambiental é a forma pela qual a empresa
expressa seus princípios de respeito ao meio ambiente e sua contribuição para a
solução racional dos problemas ambientais.
A política ambiental da empresa deve ser divulgada e entendida por todos os
colaboradores. Deve ser reavaliada periodicamente para se adequar às condições
de mudanças.
Melhoria contínua
Política Ambiental
Planejamento
Implementação e operação
Verificação
Análise pela Administração
25
Qualquer que seja o conteúdo específico da política de uma organização,
segundo Tibor e Feldman (1996), a ISO 14001 requer que:
• Ela seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais das atividades,
produtos e serviços da organização.
• Inclua compromisso com melhorias contínuas.
• Inclua compromisso com a prevenção da poluição.
• Inclua compromisso em cumprir a legislação, as regulamentações e outras
exigências relevantes às quais a organização esteja submetida.
• Forneça um quadro contextual de trabalho para fixar e reavaliar os objetivos e
alvos ambientais.
• Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os
empregados.
• Esteja disponível ao público.
A gestão ambiental assim como qualquer sistema gerencial, requer um
comprometimento da alta direção da empresa e seus acionistas. A Política
Ambiental irá nortear as atividades da empresa com relação ao meio ambiente, por
isso a sua definição sem o compromisso dos gestores não tem valor algum (TIBOR
E FELDMAN, 1996).
2.2.1.2 Planejamento
A partir da Política Ambiental, a empresa deve estabelecer o seu
planejamento ambiental. O planejamento ambiental envolve a identificação dos
aspectos ambientais de suas atividades, que ela possa controlar e influenciar,
levando em consideração os desenvolvimentos novos ou planejados, as atividades,
produtos e serviços novos ou modificados e a determinação dos aspectos que
tenham ou que possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente (VALLE,
1995).
Segundo a ABNT NBR ISO 14001 (2004), a abordagem para identificação
dos aspectos ambientais pode, por exemplo, considerar:
26
• Emissões atmosféricas,
• Lançamentos em corpos d’água,
• Lançamentos no solo,
• Uso de matérias-primas e recursos naturais,
• Uso da energia,
• Energia emitida, por exemplo, calor, radiação, vibração,
• Resíduos e subprodutos, e
• Atributos físicos, por exemplo, tamanho, forma, cor, aparência.
Os aspectos ambientais devem ser levados em consideração no
estabelecimento, implantação e manutenção de seu sistema de gestão ambiental.
Estas informações devem ser documentadas e devidamente atualizadas.
O planejamento ambiental também envolve a identificação de requisitos legais
e outros requisitos aplicáveis à organização relacionados aos seus aspectos
ambientais. Estes requisitos podem ser de caráter nacional, internacional, estadual,
municipal ou regional, que se apliquem aos aspectos ambientais da atividade da
empresa, de seus produtos e serviços.
A próxima etapa consiste em definir objetivos e alvos para que se alcance o
que foi proposto pela política ambiental. A ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 2) define
objetivo ambiental como “propósito ambiental geral, decorrente da política ambiental,
que uma organização se propõe a atingir”.
2.2.1.3 Implementação e Operação
A próxima etapa é a implementação do programa. Nesta fase definem-se as
responsabilidades e elege-se um representante da alta administração que,
independentemente de outras responsabilidades, deve assegurar que o sistema
esteja sendo implementado e mantido, e deve relatar o desempenho do sistema à
alta gerência.
Esta etapa compreende também o comprometimento de todos os envolvidos
com as questões ambientais. Para isso a empresa deve identificar a necessidade de
treinamentos, conscientizar e capacitar seus colaboradores a exercer suas funções
27
de acordo com as necessidades do sistema de gestão ambiental e implicações
ambientais.
O controle dos documentos do SGA também é exigido nesta etapa. Segundo
Seiffert (2005), o objetivo do controle documental é proporcionar à organização o
estabelecimento e manutenção de procedimentos para o controle de todos os
documentos exigidos pela ISO 14001, desta forma é assegurado que eles possam
ser localizados, que eles sejam periodicamente analisados, revisados quando
necessário, e aprovados. Estes procedimentos asseguram que os documentos
pertinentes estejam disponíveis e que os documentos obsoletos sejam prontamente
removidos de todos os pontos de uso, evitando assim seu uso não intencional.
A próxima fase da etapa de implementação do SGA é o controle operacional,
onde a empresa deve avaliar quais de suas operações estão associadas aos
aspectos ambientais significativos e assegurar que estas operações sejam
conduzidas de modo a controlar ou reduzir os impactos ambientais associados.
Também é de responsabilidade da empresa desenvolver procedimentos para
as condições de emergência, como por exemplo, descargas acidentais na água ou
na terra, emissões acidentais na atmosfera, ou qualquer dano provocado por
derrames acidentais (ABNT NBR ISO 14001, 2004).
2.2.1.4 Verificação
A etapa de verificação de um Sistema de Gestão Ambiental visa verificar e
monitorar o sistema, descobrir problemas e corrigi-los. A cláusula A5 da NBR ISO
14001(2004) descreve cinco aspectos gerais deste processo:
• Monitoramento e medição
• Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
• Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva
• Controle de registros
• Auditoria interna
A empresa deve implementar e manter procedimentos para medir
regularmente as características de suas operações, principalmente as que possam
ter algum impacto significativo ao meio ambiente. O processo de medição é uma
28
forma de avaliação do desempenho ambiental, essencial para o sistema de gestão
ambiental. A idéia básica é que, sem uma medição efetiva de desempenho com
base em parâmetros, não é possível realmente melhorá-lo (SEIFFERT, 2005).
Os equipamentos utilizados para tal medição devem ser periodicamente
calibrados em intervalos específicos para garantir a validade dos dados coletados.
Quanto ao atendimento dos requisitos legais, a Norma pede que as empresas
mantenham evidência de que avaliou o atendimento a estes. Os registros destas
avaliações devem ser mantidos, assim como os registros de avaliação dos requisitos
por ela subscritos (ABNT NBR ISO 14001, 2004).
Quando ocorrem não-conformidades, ou o não atendimento a um requisito, a
empresa deve estar preparada para corrigi-los através das ações corretivas e evitar
que eles tornem a ocorrer, ou até mesmo tratar uma não-conformidade potencial
através das ações preventivas. Estas análises estão focadas nas causas e não nos
sintomas, ou seja, a idéia não é identificar o problema, mas identificar sua causa, e
alterar o sistema de forma que ele não volte a ocorrer (TIBOR E FELDMANN, 1996).
A Norma ISO 14001 pede que a empresa estabeleça e mantenha registros
que demonstrem conformidade com os requisitos de seu sistema e com a própria
Norma. A empresa deve manter procedimentos para a identificação,
armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte destes registros.
As auditorias internas do sistema de gestão ambiental devem ser conduzidas
em intervalos planejados. A função das auditorias é determinar se o sistema está
em conformidade com o planejado e com os requisitos da NBR ISO 14001 e se este
está sendo implementado e mantido. A auditoria interna também fornece
informações sobre o desempenho do sistema para a alta direção. Os registros das
auditorias também devem ser mantidos (ABNT NBR ISO 14001, 2004).
2.2.1.5 Análise pela Administração
A análise pela administração é a última etapa da implementação de um
sistema de gestão ambiental, porém é o inicio para um novo ciclo, visando à
melhoria contínua do sistema. A Norma pede que a alta administração analise seu
29
sistema de gestão ambiental em intervalos planejados para assegurar sua
continuada adequação, pertinência e eficácia (ABNT NBR ISO 14001, 2004).
Esta análise deve incluir a identificação de oportunidades de melhoria do
sistema, bem como a necessidade de alterar a Política Ambiental, os objetivos e as
metas, de acordo com as mudanças das circunstâncias e dos resultados das
auditorias do sistema. Os registros desta análise devem ser mantidos.
As entradas para análise pela administração devem incluir, conforme a ABNT
NBR ISO 14001 (2004):
• Resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento aos
requisitos legais e outros subscritos pela organização;
• Comunicação(ões) proveniente(s) de partes interessadas externas, incluindo
reclamações;
• O desempenho ambiental da organização;
• Extensão na qual foram atendidos os objetivos e metas;
• Situação das ações corretivas e preventivas;
• Ações de acompanhamento das análises anteriores;
• Mudanças de circunstâncias, incluindo desenvolvimentos em requisitos legais
e outros relacionados aos aspectos ambientais, e;
• Recomendações para melhoria.
2.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS
A ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 2) define aspecto ambiental como
“elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode
interagir com o meio ambiente”. Como exemplos de aspectos ambientais em um
produto ou processo, temos: consumo de matéria-prima e insumos de produção,
consumo de água e energia, descarte de resíduos sólidos, embalagem utilizada,
emissão de efluentes, etc.
A norma define impacto ambiental como “qualquer modificação do meio
ambiente adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos
ambientais da organização”. Para um melhor entendimento do conceito deve-se
30
apresentar a definição de meio ambiente como “circunvizinhança em que uma
organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres
humanos e suas inter-relações”. Em nota, a norma esclarece que “um aspecto
ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental
significativo”.
Segundo Dyllick (2000), os aspectos ambientais são as causas controláveis
pela organização, por exemplo, certos processos de produção ou produtos,
enquanto os impactos ambientais são os efeitos no meio ambiente causados
isoladamente ou não, por exemplo, na forma de poluição das águas ou existência de
riscos. Os dois conceitos estão assim em uma relação de causa e efeito.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os
aspectos ambientais que possam por ela ser controlados e sobre os quais se
presume que tenha influência, a fim de determinar aqueles que causem ou possam
causar impactos significativos sobre o meio ambiente. A organização deve
assegurar que os aspectos relacionados a esses impactos significativos sejam
considerados na definição de seus objetivos ambientais e deve manter essas
informações atualizadas (BARBIERI, 2006).
A norma deixa claro que uma organização não pode ser responsabilizada
pelo impacto final da atividade, produto ou serviço. A norma exige que os aspectos,
não os impactos, sejam administrados (HARRINGTON E KNIGHT, 2001).
O que a organização deve fazer é determinar quais os impactos ambientais significativos que poderiam resultar dos aspectos que ela pode controlar. Se houver um impacto significativo associado a um aspecto, então esse aspecto passa a ser um aspecto “significativo” que deve ser administrado. Aspectos não significativos não precisam ser administrados. [...] A norma não define como a organização deve proceder para determinar o que é significativo. Ela é livre para desenvolver critérios e procedimentos que possam determinar a significância. (HARRINGTON E KNIGHT, 2001, p. 91).
Segundo Barbieri (2006, p. 155), “A identificação dos aspectos ambientais é
um processo contínuo que determina o impacto, positivo ou negativo, passado,
presente e potencial das atividades da organização sobre o meio ambiente”.
Para Seiffert (2005), a identificação dos aspectos ambientais associados a
atividades, processos e produtos é uma das etapas mais importantes da
implementação de um SGA. Embora existam abordagens distintas adotadas por
especialistas para a realização do levantamento de aspectos/impactos ambientais, é
31
fundamental que este seja realizado por pessoal do quadro funcional da organização
que está implantando o SGA, de modo que a equipe designada para sua realização
seja constituída por representantes de cada um dos departamentos ou áreas da
organização. Esta abordagem oferece uma série de vantagens, tais como:
1. Conscientização e comprometimento dos participantes;
2. Proposição de medidas mitigadoras mais criativas e imediatas;
3. Identificação dos aspectos em todos os níveis e funções;
4. Risco menor de que algum aspecto/impacto passe despercebido.
Como desvantagem existe o maior consumo de homens/hora interno, porém
pode ser visto como uma vantagem para pequenas e médias empresas as quais
apresentam limitações no orçamento para contratação de consultoria especializada
neste tipo de trabalho.
A identificação dos aspectos ambientais e da análise dos impactos
associados é importante como uma primeira grande oportunidade de envolvimento
de todos os setores da empresa com o SGA em implantação.
Para a identificação dos aspectos e impactos a ABNT NBR ISO 14004 (1996)
sugere que o processo seja realizado em quatro etapas:
Etapa 1 – Seleção de uma atividade, produto ou serviço
Etapa 2 – Identificação de aspectos ambientais
Etapa 3 – Identificação de impactos ambientais
Etapa 4 – Avaliação da importância dos impactos
Exemplos das três primeiras etapas acima são mostrados no quadro 03.
Atividade, produto ou serviço
Aspecto Impacto
Atividade – Manuseio de materiais perigosos
Possibilidade de vazamentos para o meio ambiente
Contaminação do solo ou da água
Produto – Projeto de um veículo (ou componentes)
Uso de matérias-primas esgotáveis (água, metais,
plásticos)
Esgotamento de recursos naturais
Serviço – Operação de caminhões de transporte
Emissões de gases pelo escapamento Contaminação do ar
Quadro 03 - Exemplos de aspectos e impactos ambientais Fonte: Moura, 2004.
32
2.3.1 Etapa 1: Seleção de uma atividade, produto ou serviço
“É recomendado que a atividade, produto ou serviço selecionado seja grande
o suficiente para que o exame tenha significado e pequeno o suficiente para que
seja adequadamente compreendido.” (ABNT NBR ISO 14004, 1996, p. 11).
2.3.2 Etapa 2: Identificação de aspectos ambientais
“Identificar o maior número possível de aspectos ambientais associados à
atividade, produto ou serviço selecionado” (ABNT NBR ISO 14004, 1996, p. 11).
Segundo Moura (2004), um aspecto ambiental se caracteriza pela associação
de um agente de poluição (ou recurso natural esgotável) com um dado evento (ou
causa do aspecto ambiental).
Através da associação da palavra chave que designa o agente poluidor ou o
recurso natural esgotável, com a palavra chave que designa o evento, é obtida a
designação do aspecto ambiental.
Agente de Poluição + Evento = Aspecto Ambiental
Exemplos de agentes de poluição e eventos estão dispostos no quadro 04:
Agente de Poluição Evento (Causa)
Efluente contaminado Lançamento
Água Desperdício
Lâmpadas usadas Descarte inadequado
Energia elétrica Desperdício
Vapores Emissão
Efluente industrial com óleo Lançamento
Quadro 04 - Exemplos de agentes de poluição e eventos Fonte: Moura, 2004.
33
Os aspectos ambientais dos eventos citados são:
- Lançamento de efluente contaminado
- Desperdício de água
- Descarte inadequado de lâmpadas usadas
- Desperdício de energia elétrica
- Emissão de vapores
- Lançamento de efluente industrial com óleo.
Os aspectos ambientais podem ser classificados, segundo Harrington e
Knight (2001) em:
1 Aspectos sob controle: Qualquer coisa pela qual a organização seja a
única responsável. A identificação deste tipo de aspecto, geralmente, é
fácil.
2 Aspectos sob influência: Aspectos relativos a itens fornecidos por um
prestador de serviços ou um fornecedor. As organizações exercem
uma influência sobre as entidades as quais compram ou contratam
para trabalhar para elas. Neste caso, a organização iria normalmente
exercer sua influencia por meio de critérios de seleção de venda ou
compra.
A NBR ISO 14001 (2004) recomenda que a organização considere em seu
SGA, além dos aspectos que ela pode controlar diretamente, também aqueles que
possa influenciar, porém a organização é que determina o grau de controle, bem
como os aspectos que ela possa influenciar.
2.3.3 Etapa 3: Identificação de impactos ambientais
“Identificar o maior número possível de impactos ambientais reais e
potenciais, positivos e negativos, associados a cada aspecto identificado” (ABNT
NBR ISO 14004, 1996, p. 12).
Segundo Moura (2004), um impacto ambiental se caracteriza pela associação
de um aspecto ambiental com um dado evento causador do impacto. Esse evento
34
causador pode ser uma alteração, contaminação, esgotamento, exposição, geração,
inalação, redução, etc.
Através da associação do aspecto ambiental com a palavra chave que
designa o evento, é obtida a designação do impacto ambiental.
Aspecto Ambiental + Evento (de Impacto) = Impacto Ambiental
Exemplos podem ser visualizados no quadro 05:
Aspecto Ambiental + Evento = Impacto Ambiental
Lançamento de efluente contaminado + contaminação = Contaminação de águas
Desperdício de água + esgotamento = Esgotamento dos recursos
naturais
Descarte inadequado de lâmpadas usadas + contaminação = Contaminação do solo
Desperdício de energia elétrica + esgotamento =
Esgotamento dos recursos naturais (água ou petróleo)
Emissão de vapores + alteração = Alteração da qualidade do ar
Geração de ruídos + incômodo = Desconforto ambiental
Liberação de gases tóxicos + liberação = Contaminação do ar
Vazamento de resíduos + contaminação = Contaminação do solo e águas
Lançamento de efluente industrial com óleo + alteração =
Alteração da qualidade de águas superficiais
Quadro 05 - Exemplos de impactos ambientais Fonte: Moura, 2004.
O fluxograma de processo é uma ferramenta que apresenta um conjunto de
atividades interrelacionadas e é uma excelente ferramenta para identificação dos
aspectos e impactos ambientais. Indicando em cada etapa do macro processo as
entradas de materiais e energia, e as saídas de materiais e energia (entre os
materiais, os resíduos sólidos, líquidos e gasosos) estaremos identificando os
aspectos e impactos ambientais (MOURA, 2004).
35
A seguir, apresenta-se um exemplo de um fluxograma de processo com as
atividades, entradas e saídas (Figura 06).
Figura 06 - Fluxograma de um restaurante industrial Fonte: Moura, 2004.
Fluxograma de Processo – Restaurante Industrial
Recebimento de gêneros e produtos
de limpeza
Armazenagem (despensas,
câmaras frigoríficas, depósitos)
Preparação a frio
dos alimentos
Preparação a
quente
Gêneros alimentícios
Produtos de limpeza
Emissões fugitivas (poeiras)
Ruído
Distribuição dos
alimentos
Recolhimento pratos, copos,
talheres, e lavagem
Limpeza das instalações
Energia elétrica Emissões fugitivas (poeiras)
Energia elétrica
Produtos de limpeza
Água
Ruído
Efluentes líquidos
Lixo (restos de alimentos e embalagens)
Energia elétrica
Água
Vapor Gás
Efluentes líquidos
Fumaça
Calor Ruído
Energia elétrica
Vapor para aquecimento Calor
Ruído
Sobra de alimentos (lixo orgânico)
Ruído
Sobra de alimentos (lixo orgânico)
Efluentes líquidos
Lixo comum
Efluentes líquidos
Ruído
Resíduos sólidos (vidros, papel)
Descarte de óleo queimado Energia elétrica
Produtos de limpeza
Água
Energia elétrica
Água
Vapor
Produtos de limpeza (detergentes)
36
2.3.4 Etapa 4: Avaliação da importância dos impactos
Uma vez definidos os impactos ambientais, é necessário determinar sua
importância ou significância. “A importância de cada impacto ambiental identificado
pode variar de uma organização para outra. A quantificação pode auxiliar no
julgamento” (ABNT NBR ISO 14004, 1996, p. 12).
A ISO 14004 sugere que, ao se determinar a importância, observe-se pelo
menos o seguinte:
- escala do impacto;
- severidade do impacto;
- probabilidade de ocorrência;
- duração do impacto.
As condições de operação podem, também, serem consideradas quando se
determina a significância dos aspectos/impactos. Seiffert (2005) caracteriza os
aspectos/impactos em virtude da situação operacional conforme o quadro 06.
SITUAÇÃO OPERACIONAL DESCRIÇÃO EXEMPLO
NORMAL (N) Associados à rotina diária, inclusive manutenção.
Geração de resíduos sólidos na operação da Estação de
Tratamento de Efluentes (ETE).
ANORMAL (A)
Associados à operações não rotineiras (reformas de instalações, paradas e partidas programadas de processos, testes, manutenções, alterações em
rotinas por motivos específicos).
Manutenção do lavador de gases.
EMERGÊNCIA (E)
Associados à situações não planejadas, de emergências
(vazamentos, derramamentos, colapso de estruturas, equipamentos ou
instalações, incêndios, explosões etc.) inerentes à atividade/operação que possam causar impacto ambiental.
Resíduos oleosos no tanque de combustível.
Quadro 06 - Caracterização de aspectos/impactos ambientais em virtude da situação operacional. Fonte: Seiffert, 2005.
Para Harrington e Knight (2001), há muitas maneiras para determinar
significância. Um método comum é o de desenvolver uma série de filtragens.
A primeira filtragem pode ser um simples pergunta: Está regulamentada? Se
estiver, é porque alguém já determinou que é significativa e deve ser priorizada.
37
A segunda filtragem pode ser algum tipo de metodologia de avaliação de
impacto ou uma matriz de risco. Isso iria destacar qualquer fator que passasse pelo
filtro regulador, sendo importante em países onde há regulamentação inadequada.
O terceiro filtro pode ser da imagem pública ou ética: Quais as questões
importantes para a comunidade onde operamos?
O quarto filtro pode selecionar oportunidades de melhoria competitiva e
comercial, onde, embora o impacto ambiental seja menor, a economia ou redução
de custos são significativos para a empresa.
Para a realização da segunda filtragem, pode-se utilizar alguns critérios
apresentados a seguir:
- escala do impacto
- severidade do impacto
- probabilidade de ocorrência e freqüência
2.3.4.1 Escala do Impacto
Refere-se ao tamanho da área atingida pelo impacto, ou seja, seus limites em
relação à organização. Outros termos similares encontrados nas literaturas
pesquisadas são: abrangência, extensão e alcance.
Segundo Seiffert (2005), a abrangência é uma graduação ligada à extensão
das conseqüências previstas e a duração de seus efeitos. Seus critérios são:
a) Grau 1: atribuído para problemas que se restringem a uma área
limitada dentro da empresa e têm seus efeitos eliminados, sem
provocar seqüelas, dentro de até 3 meses;
b) Grau 2: relaciona-se a problemas que não se limitam a uma única área
dentro da empresa e que sem provocar seqüelas permanentes
requerem entre três a seis meses para terem seus efeitos eliminados;
c) Grau 3: atribuído a problemas que extrapolam os limites da empresa,
ou que causam seqüelas permanentes ou, ainda, que requerem mais
de seis meses para terem seus efeitos eliminados.
38
Moura (2004), utilizando o termo “extensão”, subdivide o impacto em quatro
categorias:
a) Os impactos restringem-se somente ao local de ocorrência
b) Os impactos restringem-se aos limites físicos da empresa
c) Os impactos atingem a região adjacente à empresa
d) Os impactos atingem amplas áreas externas à empresa
2.3.4.2 Severidade do Impacto
Refere-se ao tamanho do dano que o impacto ambiental causa ao meio
ambiente, não considerando apenas a área atingida, mas sim a gravidade do dano.
Outro termo similar encontrado nas literaturas pesquisadas é “gravidade”.
Moura (2004) ao utilizar o termo “gravidade”, o define como “uma medida
qualitativa do pior evento que esteja ocorrendo ou com risco de ocorrer, resultante
de erros do operador, condições ambientais, projeto inadequado, procedimentos
inadequados ou falhas e mal funcionamento de sistemas, subsistemas ou
componentes”. A subdivisão se dá em quatro categorias:
a) Catastrófica: Coloca em perigo a vida das pessoas ao redor da área,
como resultado dos produtos e processos envolvidos. Riscos
elevadíssimos para o meio ambiente.
b) Crítica: Ameaça a saúde das pessoas que vivem ao redor da área.
Sério prejuízo ao meio ambiente em casos de acidentes. Não
conformidade com requisitos legais. Consumo significativo de recursos
naturais.
c) Marginal: Não conformidade com requisitos internos (normas). Prejuízo
moderado ao meio ambiente. Não conformidade com a política
ambiental da empresa. Possível prejuízo à reputação da empresa.
Consumo moderado de recursos naturais.
d) Desprezível: Impacto baixo ou muito baixo sobre o meio ambiente.
Evento dificilmente detectado.
39
Seiffert (2005), para graduar a severidade ou a “gravidade de risco” define:
a) Grau 1: atribuído para problemas que não infringem legislação,
regulamentos e contratos, não descumprem políticas da empresa, não
impedem o alcance de metas e objetivos e não implicam prejuízos para
clientes ou outras partes interessadas;
b) Grau 2: Relaciona-se a problemas que implicam prejuízo material para
clientes ou partes interessadas, comprometem políticas, objetivos e
metas, mas não necessariamente leis, regulamento e contratos;
c) Grau 3: usado em problemas que implicam infração legal,
regulamentos ou contratos, comprometem a integridade física, a saúde
ou a própria vida de pessoas, capacidade operacional das áreas
florestais e/ou industriais.
Moura (2004) acrescenta outras classificações de gravidade:
a) Que levem em conta a saúde e segurança:
Catastrófica: morte, perda do sistema ou danos ambientais severos;
Crítica: ferimentos graves, doença ocupacional grave, danos grandes ao
sistema ou no meio ambiente, consumo significativo de recursos naturais,
geração elevada de poluição;
Marginal: ferimentos leves, doenças do trabalho não importantes, danos
pequenos nos sistemas ou no meio ambiente, consumo moderado de
recursos naturais, geração moderada de poluição e rejeitos;
Desprezível: doenças do trabalho não importantes ou não causa danos em
sistemas ou ao meio ambiente, consumo desprezível de recursos naturais,
não causa poluição significativa.
b) Que levem em conta prejuízos financeiros:
Catastrófica: Comprometimento total da instalação;
Crítica: Danos que requerem reparos extensivos na instalação;
40
Marginal: Danos que requerem a reposição ou reparo de equipamentos de
importância fundamental ou pequenos danos estruturais;
Desprezível: Danos que requerem a reposição de equipamentos de
importância secundária.
2.3.4.3 Probabilidade de ocorrência e freqüência
Refere-se à quantidade de vezes que o impacto ocorre ao longo de um
período considerado. Para Moura (2004), a freqüência é avaliada quando se trata de
um impacto que ocorre com certa constância (por exemplo, o lançamento de um
determinado efluente industrial em um curso d’água) enquanto a probabilidade é
considerada nos impactos potenciais, que normalmente não ocorrem, mas existe
uma chance de que ocorra aquele evento (por exemplo, o rompimento de um tanque
de óleo, cujo vazamento poderia contaminar o solo).
Segundo Moura (2004), a classificação pode ser feita nas seguintes
categorias:
a) Freqüente: Ocorre frequentemente (ou alta probabilidade), ou ocorre
permanentemente quando iniciada a atividade.
b) Provável: Irá ocorrer várias vezes na vida do sistema ou item.
c) Ocasional: Irá ocorrer algumas vezes ao longo da vida do sistema ou
do item.
d) Remota: Não se espera que ocorra (embora haja alguma expectativa)
ao longo da vida do item ou sistema.
e) Improvável: Pode-se assumir que não irá ocorrer, ao longo da vida do
sistema ou do item.
Seiffert (2005) apresenta a seguinte classificação quanto à probabilidade:
a) Grau 1: baixa probabilidade;
b) Grau 2: moderada probabilidade;
c) Grau 3: alta probabilidade de ocorrência.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 PROBLEMA
Gil (2007) define problema num projeto de pesquisa como uma situação não
resolvida que é objeto de discussão. Para Roesch (2005), no contexto de um projeto
de prática profissional, um problema é uma situação não resolvida, mas também
pode ser a identificação de oportunidades até então não percebidas pela
organização.
Neste caso, o problema que desencadeou este estudo foi: Quais os aspectos
e impactos ambientais que podem ser identificados na empresa em questão?
3.2 PESQUISA E METODOLOGIA
Segundo Gil (2007), pode-se definir pesquisa como o procedimento
sistemático e racional que visa proporcionar respostas aos problemas que são
propostos. É desenvolvida mediante o encontro dos conhecimentos disponíveis e a
utilização de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.
As pesquisas podem ser classificadas, segundo seus objetivos, em três
grupos: exploratórias, descritivas e explicativas.
Esta pesquisa pode ser classificada como exploratória, pois, segundo Gil
(2007), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, visando torna-lo mais explícito.
Com base nos procedimentos técnicos, esta pesquisa pode ser classificada
com uma pesquisa-ação, que pode ser definida, segundo Thiollent, citado por Gil
(2007, p. 55) como:
42
“... um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.”
Para Roesch (2005, p.157), a pesquisa-ação é uma estratégia de pesquisa
que permite obter conhecimento de primeira mão sobre a realidade social empírica.
Segundo o autor, a pesquisa-ação: “Permite ao pesquisador ‘chegar perto dos
dados’ e, portanto, desenvolver os componentes analíticos, conceituais e
categóricos de explicação, a partir de dados, e não de técnicas estruturadas,
preconcebidas e altamente quantificadas que enquadram a realidade em definições
operacionais construídas pelo pesquisador”.
Jones, citado por Gil (2007), considera que a pesquisa-ação, através da
análise organizacional, é importante para atingir o desenvolvimento organizacional.
Ela tem como interesse de pesquisa entender os processos de solução de
problemas nas organizações e seu objetivo é aprender sobre esses processos
através do trabalho com as pessoas que vivenciam e lidam com questões
problemáticas específicas.
3.3 ETAPAS DA PESQUISA-AÇÃO
O planejamento da pesquisa-ação difere de outros tipos de pesquisa, não só
pela flexibilidade, mas também porque envolve a ação dos pesquisadores e dos
grupos interessados, o que pode ocorrer em qualquer momento da pesquisa,
dificultando seu planejamento com bases em fases ordenadas temporalmente.
Portanto, no decorrer deste estudo, apresentam-se alguns conjuntos de ações
que, segundo Gil (2007), embora não ordenados no tempo, podem ser considerados
como etapas da pesquisa-ação. São eles:
• Fase exploratória: Tem como objetivo determinar o campo de
investigação e as expectativas dos interessados. Isso implica no
reconhecimento visual do local, a consulta de documentos diversos e a
discussão com as partes envolvidas.
43
• Formulação do problema: Procura-se garantir que o problema seja
definido com precisão e que contemple um objetivo prático, justificando
a participação dos interessados.
• Seleção da amostra e coleta de dados: O objetivo desta etapa é
delimitar o universo da pesquisa e os elementos que serão
pesquisados. Diversas técnicas podem ser adotadas para a coleta de
dados, porém, neste estudo, utilizou-se a observação participante.
• Fase de ação: Nesta fase indicam-se os objetivos que se pretende
atingir; a população a ser beneficiada; a identificação de oportunidades
de melhoria e a incorporação de sugestões.
• Fase de Avaliação: Esta fase tem como objetivo a discussão em torno
dos dados obtidos, de onde decorre a interpretação de seus resultados
e a avaliação do alcance dos objetivos propostos.
4 ESTUDO DE CASO
4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
A Modelação Nova Era Ltda atua no setor metal-mecânico fabricando
ferramentais para fundição, sendo que as peças confeccionadas a partir destes
ferramentais destinam-se, principalmente, ao setor automotivo.
A empresa foi fundada em 1996 e desde então mantêm uma cultura de
investir em novas tecnologias buscando a satisfação plena de seus clientes. Por
manter essa cultura, a empresa foi pioneira na disponibilização da engenharia
reversa como recurso de produção.
No ano de 2004, a empresa implementou um Sistema de Gestão da
Qualidade e obteve certificação ISO 9001. Em 2007, a empresa foi novamente
pioneira adquirindo um equipamento para controle dimensional de seus produtos,
não mais dependendo de terceiros. Esse mesmo equipamento é utilizado para
medição de desgaste dos ferramentais, o que se apresentava como um grande
problema para os principais clientes da empresa.
4.2 CARACTERÍSTICAS DOS FERRAMENTAIS DE FUNDIÇÃO
A fundição de determinado produto requer a utilização de um molde de
fundição que pode ser definido como uma cavidade que receberá a matéria-prima
líquida. Quando resfriada, a matéria-prima solidifica-se tomando a forma do molde.
As fundições clientes da empresa em estudo utilizam um processo de
fundição onde os moldes são fabricados em um tipo de areia especial, de alta
resistência. Para que a fundição possa fabricar estes moldes de areia, elas
45
necessitam do ferramental de fundição, que é constituído de placas de modelos
(Figura 07), e caixas de machos (Figura 08).
Figura 07 - Placas de modelos para fundir blocos de motor Fonte: Modelação Nova Era Ltda
Figura 08 - Metade inferior de uma caixa de machos Fonte: Modelação Nova Era Ltda
Placa Superior
Placa Inferior
Caixa de Machos (Metade Inferior)
46
4.3 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS FERRAMENTAIS DE FUNDIÇÃO
O processo de fabricação dos ferramentais de fundição inicia com as
especificações do cliente quanto à matéria prima, dimensões da peça e o processo
que o cliente utilizará para fundir a peça.
A partir destas especificações os trabalhos iniciam-se pelo projeto, que são os
desenhos em duas dimensões dos componentes do ferramental (placas de modelos
e caixas de macho) e o desenho em três dimensões, também chamado de
modelamento, utilizando softwares CAD (Computer Aided Design). A partir do
modelamento, geram-se os programas de usinagem através de um software CAM
(Computer Aided Manufacturing), que serão utilizados na atividade de usinagem.
Ainda na fase inicial, através das especificações do cliente, identifica-se a
matéria prima utilizada na confecção do ferramental. Caso o cliente solicite o Ferro
fundido ou o Alumínio fundido, a empresa precisa confeccionar um modelo primitivo
em madeira ou poliuretano, que é enviado para uma fundição e retorna já com o
perfil aproximado do ferramental. No caso do ferramental em aço, a empresa faz a
compra da matéria prima em blocos maciços.
A próxima etapa consiste em efetuar a usinagem dos componentes em
máquinas de comando numérico computadorizado, utilizando-se dos programas de
usinagem e desenhos gerados na etapa anterior.
Para detalhes da peça que a usinagem não consegue efetuar, utiliza-se o
processo de eletroerosão por penetração.
Em seguida realiza-se o acabamento, que inclui o polimento das peças e a
montagem dos componentes.
A última etapa do processo é o transporte para o cliente.
Todas as etapas do processo, citadas acima, podem ser melhor visualizadas
através do fluxograma apresentado na figura 09.
Através da identificação das atividades do processo, pode-se dar início a
identificação dos aspectos e impactos associados. Conforme orientação da NBR
ISO 14004, este fluxograma apresenta a primeira etapa, que é a seleção de uma
atividade, produto ou serviço.
47
Figura 09 - Fluxograma do processo de fabricação dos ferramentais de fundição Fonte: Pesquisa realizada na empresa
INÍCIO
1- Confecção de desenhos e programas de usinagem
O material do ferramental será ferro /alumínio
fundido?
2- Confecção dos modelos primitivos
3- Transporte para fundição e retorno
4- Usinagem dos componentes
5- Eletroerosão
6- Acabamento (polimento e montagem)
7- Transporte para o Cliente
FIM
Sim Não
Aquisição de blocos de aço
48
4.4 ENTRADAS E SAÍDAS DO PROCESSO
A seguir estão listados os materiais que entram no processo de confecção
dos ferramentais de fundição, denominados entradas, e os materiais resultantes do
processo, denominados saídas, separados por atividade. Juntamente com as
saídas, encontram-se, entre parênteses, o destino das mesmas.
4.4.1 Entradas e Saídas da Atividade 1
A atividade de confecção de desenhos e programas de usinagem tem como
principal entrada a energia elétrica, que alimenta os quatro computadores e a
impressora do departamento de engenharia (Figura 10). Durante a pesquisa
realizada na empresa, observou-se que são impressas, aproximadamente, vinte
folhas no formato A1 (594 mm x 841 mm) por mês. Já os programas de usinagem,
são transferidos para as máquinas eletronicamente.
Figura 10 - Entradas e saídas da atividade 1 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
4.4.2 Entradas e Saídas da Atividade 2
A atividade de confecção dos modelos primitivos é realizada quando o cliente
solicita como matéria prima, o ferro fundido ou o alumínio fundido. Para a execução
da atividade, utiliza-se uma máquina de usinagem com comando numérico
computadorizado, que remove o material excedente através de uma ferramenta de
1- Confecção de
desenhos e
programas de
usinagem
Energia elétrica
Papel
Toner/Cartucho
Consumo de energia elétrica Descarte de papel (Aterro Sanitário Municipal) Toner vazio (Reciclagem/Aterro Sanitário Municipal)
49
corte. As principais entradas desta atividade são a matéria prima do modelo
primitivo, que pode ser a madeira ou o poliuretano, a energia elétrica e os insumos,
que são as ferramentas de corte, lixas, tintas e solventes para o acabamento
superficial. Já as saídas são, principalmente, os resíduos da matéria prima e o
descarte dos insumos (Figuras 11 e 12).
Figura 11 - Usinagem de um modelo primitivo Fonte: Pesquisa realizada na empresa
Figura 12 - Entradas e saídas da atividade 2 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
Energia elétrica Madeira Poliuretano Estopas Lixa Ferramentas de corte Tinta/solventes
2- Confecção dos
modelos primitivos
Consumo de energia elétrica Resíduos de madeira (Reutilização/Aterro Industrial) Resíduos de poliuretano (Reutilização/Aterro Industrial) Lixas usadas (Aterro Industrial) Ferramentas gastas (Reafiação) Estopas contaminadas com tinta/solventes (Aterro Industrial)
Ferramenta de corte
Matéria prima (poliuretano)
Resíduos
50
4.4.3 Entradas e Saídas da Atividade 3
A atividade de transporte para fundição e retorno é realizada por uma
empresa terceirizada e sua freqüência depende das especificações do cliente, já que
esta atividade é necessária sempre que o cliente solicitar a matéria prima fundida.
De modo geral, este transporte é realizado uma a duas vezes por mês (Figura 13).
Figura 13 - Entradas e saídas da atividade 3 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
4.4.4 Entradas e Saídas da Atividade 4
A atividade de usinagem dos componentes é a mais significativa do processo.
Assim como na usinagem dos modelos primitivos, a usinagem dos componentes
também utiliza máquinas de comando numérico computadorizado e programas de
usinagem.
Como entradas, podem-se observar o uso de energia elétrica, a matéria prima
e os insumos. O óleo de corte é utilizado apenas em determinadas situações, como
furações. O óleo lubrificante das máquinas é substituído periodicamente.
As saídas da atividade são, principalmente, os resíduos da matéria prima e o
consumo de energia elétrica (Figuras 14 e 15). Grande parte dos resíduos de óleos
está presente nas estopas de algodão.
3- Transporte para
fundição e retorno Combustível
Emissões atmosféricas
51
Figura 14 - Usinagem de uma peça fundida Fonte: Modelação Nova Era Ltda
Figura 15 - Entradas e saídas da atividade 4 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
Energia elétrica Óleo lubrificante Óleo de corte Estopas Ferramentas de corte Matéria Prima (aços, ferro fundido ou alumínio)
4- Usinagem dos
componentes
Consumo de energia elétrica Resíduos de óleos (Retorno ao fabricante para reaproveitamento e/ou reciclagem) Resíduos de aço, ferro fundido ou alumínio (Recolhimento por empresa de reciclagem) Ferramentas gastas (Reafiação) Estopas contaminadas com óleos (Aterro Industrial) Ruído
Ferramenta de corte
Matéria prima (ferro fundido)
Resíduos
52
4.4.5 Entradas e Saídas da Atividade 5
A atividade de eletroerosão é realizada para a usinagem de detalhes na peça
que a atividade anterior não conseguiu efetuar. A energia elétrica é fundamental
neste processo, pois a usinagem se dá a partir de pequenas descargas elétricas na
peça, utilizando-se como ferramenta o grafite, com a forma desejada. Durante o
processo, a peça fica submersa no óleo dielétrico (Figuras 16 e 17).
Figura 16 - Usinagem por eletroerosão Fonte: Pesquisa realizada na empresa
Figura 17 - Entradas e saídas da atividade 5 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
5- Eletroerosão
Energia elétrica Óleo dielétrico Filtro de papel Estopas Matéria prima (grafite)
Consumo de energia elétrica Filtro contaminado com óleo (Aterro Industrial) Resíduos de grafite (Reaproveitamento / Aterro Industrial) ‘ Estopas contaminadas com óleos (Aterro Industrial)
Grafite com o formato da
peça
Peça submersa no óleo dielétrico
53
O filtro de papel (Figura 18) é substituído a cada mês e serve para retirar os
resíduos contidos no óleo dielétrico, pois este óleo não é trocado, apenas completa-
se o volume perdido pela evaporação e pela submersão das peças, que ao final são
secadas com estopas de algodão.
Figura 18 - Troca do filtro de papel da eletroerosão Fonte: Pesquisa realizada na empresa
4.4.6 Entradas e Saídas da Atividade 6
A atividade de acabamento se dá, principalmente, pelo polimento das peças,
utilizando-se lixas. A energia elétrica entra no processo devido à utilização de
equipamentos rotativos para o polimento.
A montagem dos componentes também faz parte desta atividade e o óleo
anticorrosivo é aplicado nas peças antes da entrega ao cliente.
As saídas deste processo são, principalmente, as lixas usadas e as estopas
contaminadas com partículas da matéria prima e óleos (Figura 19).
Filtro contaminado
Filtro novo
54
Figura 19 - Entradas e saídas da atividade 6 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
4.4.7 Entradas e Saídas da Atividade 7
O transporte para o cliente é a atividade final do processo de confecção de
ferramentais de fundição. É realizado por uma empresa terceirizada e tem baixa
freqüência, pois cada projeto desenvolvido pela empresa tem a duração de um a
três meses. No geral, esta atividade é realizada de três a cinco vezes por mês
(Figura 20).
Figura 20 - Entradas e saídas da atividade 7 Fonte: Pesquisa realizada na empresa
4.5 QUANTIFICAÇÃO DAS ENTRADAS E SAÍDAS
Durante o período que compreende o mês de Junho de 2004 ao mês de Maio
de 2005, a empresa fez um levantamento quantitativo das entradas e saídas do
processo. Esta quantificação se faz necessária para a etapa de priorização dos
aspectos e impactos ambientais, que será realizada posteriormente. Os dados deste
levantamento podem ser visualizados no quadro 07.
7- Transporte para
o Cliente Combustível
Emissões atmosféricas
6- Acabamento
(polimento e
montagem)
Energia elétrica Óleo anticorrosivo Estopas Lixas
Consumo de energia elétrica Estopas contaminadas com óleos e partículas de aço, ferro ou alumínio (Aterro Industrial) Lixas usadas (Aterro Industrial) Ruído
55
MATERIAL UNIDADE QUANTIDADE NO PERÍODO
MÉDIA MENSAL
ENTRADAS
1. MATÉRIAS-PRIMAS
Aço kg 21.256 1.771,33
Alumínio kg 1.345 112,08
Ferro kg 5.541 461,75
2. ENERGIA ELÉTRICA kW/h 141.453 11.788
3. PRODUTOS AUXILIARES
Madeira (compensado) kg 89 7,42
Poliuretano kg 382 31,83
Grafite kg 17,96 1,5
Óleo Lubrificante L 368,6 30,72
Óleo Anticorrosivo L 1,8 0,15
Óleo de corte L 11 0,92
Fluido dielétrico L 18 1,5
Ferramentas de corte Pç 136 11
Lixas folha Pç 511 42
Estopas de algodão kg 80 7,7
SAÍDAS
1. PRODUTOS kg 18261,8 1521,82
2. RESÍDUOS SÓLIDOS
Cavacos de Aço kg 8502,4 708,53
Cavacos de Alumínio kg 269 22,42
Cavacos de Poliuretano kg 76,4 6,37
Cavacos de Ferro kg 1108,2 92,35
Cavacos de madeira kg 26,64 2,22
Ferramentas gastas Pç 136 11
Lixas usadas Pç 511 42
Estopas contaminadas kg 80 7,7
3. RESÍDUOS LÍQUIDOS
Óleo Lubrificante L 350,2 29,18
Óleo Anticorrosivo L - -
Óleo de corte L - -
Fluido dielétrico L 18 1,5
Quadro 07 - Quantificação das entradas e saídas do processo. Fonte: Modelação Nova Era Ltda
56
A empresa não pesa seus produtos antes de entregá-los aos clientes,
portanto não se sabe a quantidade exata, em massa, dos produtos vendidos durante
o período em que foi feito o levantamento. Também não foi possível obter a
quantidade exata de cavacos (resíduos sólidos) gerados no período. A empresa
estimou, porém, com base na experiência do proprietário, que em média 40% da
matéria-prima bruta adquirida se transforma em cavacos no caso do ferramental em
aço. Para os ferramentais que utilizam a matéria prima fundida, que é o caso do
ferro fundido e o alumínio fundido, essa porcentagem cai para aproximadamente
20%.
A empresa não fez medição de ruído externo durante este período. Por este
motivo, realizou-se uma medição no mês de Abril de 2007, apresentando o valor de
51 decibéis.
O óleo anticorrosivo não apresenta valores de saída, pois parte do volume é
absorvido pelas estopas de algodão e o restante acompanha o produto como uma
proteção superficial. O mesmo ocorre com o óleo de corte.
4.6 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS/ IMPACTOS AMBIENTAIS
Com base nos diagramas de entradas e saídas das atividades, e observando-
se o destino das saídas, pode-se identificar os aspectos significativos e os impactos
ambientais associados.
Esses aspectos foram classificados em duas situações: aspectos sob controle
e aspectos sob influência.
Os aspectos sob controle são aqueles que a organização é a única
responsável. Já os aspectos sob influência são aqueles relativos a itens fornecidos
por um prestador de serviços ou um fornecedor. Neste caso, a empresa exercerá
sua influência sobre as entidades identificadas através de critérios de seleção de
compra e venda.
Os aspectos e impactos identificados na Modelação Nova Era Ltda, em
condições normais de operação, podem ser visualizados no quadro 08.
57
Atividade Aspecto Impacto
Consumo de energia elétrica Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
1 - Confecção de desenhos
e programas de usinagem Descarte de papel Contribuição para redução da vida
útil do Aterro Sanitário Municipal
Consumo de energia elétrica Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Descarte de resíduos de madeira Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Descarte de resíduos de poliuretano
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Descarte de lixas usadas Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
2 - Confecção dos modelos primitivos
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Consumo de energia elétrica Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Resíduos de aço Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Resíduos de alumínio Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Resíduos de ferro Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
4 - Usinagem dos componentes
Ruído Incômodos a comunidade
Consumo de energia elétrica Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Filtro contaminado com óleo Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Descarte de resíduos de grafite Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
5 - Eletroerosão
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Consumo de energia elétrica Contribuição para o esgotamento dos recursos naturais
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Descarte de lixas usadas Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
Asp
ecto
sob
con
trol
e
6 - Acabamento (polimento e montagem)
Ruído Incômodos a comunidade
3 - Transporte para a fundição e retorno Emissões atmosféricas Contribuição para o efeito estufa
Asp
ecto
sob
in
fluên
cia
7 - Transporte para o Cliente Emissões atmosféricas Contribuição para o efeito estufa
Quadro 08 - Aspectos e impactos ambientais significativos do processo. Fonte: Pesquisa realizada na empresa
58
4.7 CONDIÇÕES DE EMERGÊNCIA
Além dos aspectos e impactos identificados em condições normais de
operação, apresentados na tabela anterior, faz-se necessária a identificação dos
aspectos e impactos decorrentes de situações emergenciais, ou seja, situações não
planejadas e que não fazem parte da rotina da empresa (Quadro 09).
Condição de Emergência Impacto Ambiental
Incêndio Alterações na qualidade do ar
Derramamento de óleo Alterações na qualidade do solo
Quadro 09 - Condições de emergência. Fonte: Pesquisa realizada na empresa
A norma NBR ISO 14001 (2004) possui um requisito específico para o
tratamento das condições de emergência que faz parte da etapa de implementação
e operação do SGA.
4.8 PRIORIZAÇÃO DOS ASPECTOS/IMPACTOS
A priorização dos aspectos/impactos se faz necessária para que a
organização possa concentrar seus recursos naqueles que apresentam maior risco
ao meio ambiente.
Para isso, foram realizadas filtragens conforme o item 2.3.4 da revisão
bibliográfica deste trabalho.
A primeira filtragem se dá pelo atendimento a legislação. Neste caso
observou-se que todos os aspectos identificados têm seu destino controlado através,
principalmente, de empresas especializadas no recolhimento dos resíduos sólidos e
líquidos. Em se tratando do ruído, comparou-se o valor medido (51 decibéis) com o
nível máximo permitido na Licença de Operação emitida pelo órgão competente do
Município, que é de 55 decibéis, apresentando um resultado dentro dos limites
legais.
59
Sendo assim, nenhum aspecto/impacto se destacou dos demais,
necessitando de uma nova filtragem.
A segunda filtragem foi realizada utilizando-se uma matriz de risco, baseada
na bibliografia de Moura (2004), onde se levaram em consideração os critérios de
probabilidade ou freqüência e gravidade.
As categorias de gravidade e freqüência formam definidas pela organização e
estão apresentadas nos quadros 10 e 11.
CATEGORIAS DE GRAVIDADE
Definição Descrição
Grau 1 Impacto baixo ou muito baixo sobre o meio ambiente. Baixo consumo de recursos naturais.
Grau 2 Prejuízo moderado ao meio ambiente. Consumo moderado dos recursos naturais.
Grau 3 Riscos altos ao meio ambiente. Consumo significativo de recursos naturais.
Quadro 10 - Categorias de gravidade Fonte: Pesquisa realizada na empresa
NÍVEIS DE FREQUÊNCIA OU PROBABILIDADE
Definição Descrição
Nível 1 Baixa probabilidade / freqüência
Nível 2 Moderada probabilidade / freqüência
Nível 3 Alta probabilidade / freqüência
Quadro 11 - Níveis de freqüência ou probabilidade Fonte: Pesquisa realizada na empresa
A combinação dos dados de freqüência ou probabilidade com os de gravidade
gera a matriz de risco. Na matriz de risco são identificadas regiões onde ocorre uma
associação de situações de alta gravidade com alta probabilidade de ocorrência,
onde é prudente realizar ações para o gerenciamento dos riscos. A figura 21 ilustra
a matriz de risco adotada pela organização.
60
3 3 6 9
2 2 4 6
1 1 2 3
Fre
qüên
cia
ou
Pro
babi
lidad
e 1 2 3
Gravidade
Figura 21 - Matriz de risco Fonte: Pesquisa realizada na empresa
Definidos os critérios a serem adotados, os aspectos foram então pontuados
e o resultado desta filtragem pode ser observado no quadro 12, onde os aspectos
que devem ser tratados prioritariamente estão destacados.
Atividade Aspecto Impacto Gravidade Freqüência Probabilidade
Resultado
Consumo de energia elétrica
Contribuição para o esgotamento dos recursos
naturais 3 1 3 1 - Confecção
de desenhos e programas de
usinagem Descarte de papel Contribuição para redução da
vida útil do Aterro Sanitário Municipal
1 1 1
Consumo de energia elétrica
Contribuição para o esgotamento dos recursos
naturais 3 1 3
Descarte de resíduos de madeira
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial 2 1 2
Descarte de resíduos de poliuretano
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
2 1 2
Descarte de lixas usadas Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial 2 1 2
2 - Confecção dos modelos
primitivos
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
3 1 3
Consumo de energia elétrica
Contribuição para o esgotamento dos recursos
naturais 3 2 6
Resíduos de aço Contribuição para o
esgotamento dos recursos naturais
2 3 6
Resíduos de alumínio Contribuição para o
esgotamento dos recursos naturais
2 2 4
Resíduos de ferro Contribuição para o
esgotamento dos recursos naturais
2 2 4
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial 3 1 3
Asp
ecto
sob
con
trol
e
4 - Usinagem dos
componentes
Ruído Incômodos a comunidade 1 1 1
61
Consumo de energia elétrica
Contribuição para o esgotamento dos recursos
naturais 3 1 3
Filtro contaminado com óleo
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
2 1 2
Descarte de resíduos de grafite
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
2 1 2
5 - Eletroerosão
Descarte de estopas contaminadas com óleos
Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial 3 1 3
Consumo de energia elétrica
Contribuição para o esgotamento dos recursos
naturais 3 2 6
Descarte de estopas contaminadas com óleos Ocupação do Aterro Industrial 3 2 6
Descarte de lixas usadas Contribuição para redução da vida útil do Aterro Industrial
1 1 1
6 - Acabamento (polimento e montagem)
Ruído Incômodos a comunidade 1 1 1
3 - Transporte para a fundição
e retorno Emissões atmosféricas Contribuição para o efeito
estufa 3 1 3
Asp
ecto
sob
in
fluên
cia
7 - Transporte para o Cliente Emissões atmosféricas Contribuição para o efeito
estufa 3 1 3
Quadro 12 - Resultado da pontuação dos aspectos e impactos significativos Fonte: Pesquisa realizada na empresa
Portanto, através deste segundo filtro, foram identificados seis aspectos que
possuem impactos significativos no processo produtivo da empresa, sendo que o
consumo de energia elétrica destaca-se em duas atividades distintas. Para cada
aspecto significativo, a organização deve, como próxima etapa de implantação da
ISO 14001, implementar um plano de ação. Algumas sugestões de planos de ação
são apresentadas no quadro 13.
Aspecto Sugestão de ação
Consumo de energia elétrica
- Campanha de conscientização para economia de energia elétrica; - Contratação de consultoria para investigação de possíveis perdas de energia na rede elétrica da empresa;
Resíduos de aço, alumínio e ferro
- Fazer um estudo para dimensionamento do modelo primitivo de modo que o material a ser usinado seja minimizado, gerando assim, menos resíduos;
Descarte de estopas contaminadas com óleos
- Utilização de panos laváveis ao invés das estopas.
Quadro 13 - Sugestões de ações para o tratamento dos aspectos significativos Fonte: Pesquisa realizada na empresa
62
O último filtro identifica oportunidades de melhoria competitiva e comercial,
onde, embora o impacto ambiental seja menor, a economia ou redução de custos
são significativas para a empresa. Também podem ser observadas melhorias que
beneficiem a comunidade como um todo.
Seguem algumas oportunidades de melhorias identificadas durante este
estudo:
• Coleta seletiva em todos os departamentos da organização;
• Sistema de coleta da água da chuva para utilização nos sanitários;
• Utilização de papel reciclado para documentos administrativos;
• Venda dos resíduos de aço, ferro e alumínio.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 CONCLUSÕES
O presente trabalho teve como principal objetivo a identificação dos aspectos
e impactos ambientais significativos das atividades da empresa em estudo, visando
obter informações relevantes para a viabilização da implantação de um sistema de
gestão ambiental em conformidade com as exigências da NBR ISO 14001 (2004).
Para o alcance deste objetivo, foram traçados alguns objetivos específicos.
Para tanto, adotou-se os métodos sugeridos pelos autores citados na revisão
bibliográfica e as diretrizes da NBR ISO 14001 (2004).
O quadro 14 mostra a relação entre os objetivos específicos e as atividades
realizadas, baseadas nos métodos utilizados:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ATIVIDADES / MÉTODO
1. Mapear o processo produtivo da empresa.
- Apresentação das características dos produtos produzidos pela empresa; - Identificação e apresentação através de fluxograma das etapas do processo produtivo da empresa;
2. Identificar as entradas e saídas do processo produtivo.
- Identificação dos materiais que entram no processo produtivo da empresa (entradas) e dos materiais resultantes de cada atividade do processo produtivo (saídas);
3. Identificar os aspectos ambientais e os impactos associados.
- Identificação dos aspectos ambientais relativos a cada atividade do processo produtivo sob condições normais de operação, destacando os aspectos sob controle e os aspectos sob influência, conforme classificação sugerida por Harrington e Knight (2001). - Identificação dos impactos ambientais associados aos aspectos identificados, conforme sugere a NBR ISO 14004 (1996).
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4. Classificar os impactos e priorizá-los a fim de que a empresa possa
concentrar seus esforços e recursos naqueles considerados mais críticos.
- Identificação dos aspectos ambientais que possuem destinação controlada por legislação. - Elaboração e aplicação da matriz de risco, baseada na bibliografia de Moura (2004), onde se levaram em consideração os critérios de probabilidade ou freqüência e gravidade dos impactos ambientais. - Identificação de oportunidade de melhorias competitiva e comercial.
Quadro 14 - Relação dos objetivos específicos com as atividades realizadas Fonte: O autor
Tendo em vista que os objetivos específicos foram alcançados, o objetivo
geral deste trabalho também foi alcançado, ou seja, o levantamento dos aspectos e
impactos ambientais significativos do processo produtivo da empresa em
conformidade com as exigências da NBR ISO 14001 (2004).
O fluxograma de processo mostrou-se uma ferramenta bastante útil na
identificação dos aspectos e impactos ambientais relacionados às atividades da
empresa.
O levantamento realizado pela empresa onde foram quantificadas as entradas
e saídas de processo juntamente com a matriz de risco proporcionaram subsídios
para que a empresa pudesse conhecer os aspectos que deverão ser prioritariamente
tratados.
Foi possível observar que os aspectos que necessitam tratamento prioritário
são referentes às atividades que utilizam energia elétrica, como a usinagem e o
acabamento, as atividades que necessitam a utilização e posterior descarte de
estopas, e as atividades geradoras de resíduos de aço, ferro e alumínio.
A partir do conhecimento proporcionado pelo trabalho, a empresa pode
estabelecer metas e objetivos adequados, focados na redução dos impactos
gerados por sua atividade.
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5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
As recomendações para futuros trabalhos referem-se a uma pesquisa junto
aos órgãos competentes para que sejam identificados os requisitos legais
relacionados aos aspectos ambientais da empresa.
O planejamento ambiental, segundo a NBR ISO 14001 (2004), envolve além
da identificação dos aspectos e impactos, a identificação de requisitos legais
aplicáveis à organização.
Sugere-se também a aplicação de outros instrumentos de gestão para a
avaliação de impactos ambientais, tais como:
• Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que consiste em avaliar os impactos
ambientais de um produto desde a aquisição da matéria-prima ou
geração dos recursos naturais até a disposição final do mesmo.
• P+L, definida como uma abordagem de proteção ambiental ampla que
considera todas as fases do processo de manufatura com o objetivo de
prevenir e minimizar os riscos ao meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GIL, Antonio C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
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ROESCH, Sylvia M. A. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração: Guia para Estágios, Trabalhos de Conclusão, Dissertações e Estudos de Caso. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SEIFFERT, Mari E. B. ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental: Implantação Objetiva e Econômica. São Paulo: Atlas, 2005.
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TIBOR, Tom; FELDMAN, Ira. ISO 14000: Um guia para as normas de gestão ambiental. São Paulo: Futura, 1996.
VALLE, Cyro E. do. Qualidade Ambiental: O desafio de ser competitivo protegendo o meio ambiente. São Paulo: Pioneira, 1995.