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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012 Conselho Regional do Norte da Câmara dos Solicitadores - Palácio da Justiça - 4050 PORTO 2012— Fev. Edição 42 NESTA EDIÇÃO Editorial................................... 2 Tomada de posse ..................... 3 Episódios da Vida … ............... 4 Informações úteis.................... 5 Em português nos …..…… 6/7 Noticias ……………….…………….. 8 . FICHA LEGISLAÇÃO Boletim Informativo Destaques TOMADA DE POSSE Fernando Rodrigues—Presidente Regional do Norte (artº 22, nº1) João Queirós— Vice –Presidente do CRNorte (artº 23, nº2) Maria João Ricardo—Vogal do CRNorte (artº 23, nº1) ( pág. 3 ) Editorial “ … Elegemos como prioridade aquela que, desde sempre, foi a nossa principal moti- vação. Promover a formação que se mos- tre necessária para ultrapassar dificul- dades práticas dos agentes de execução e a formação que se revele útil e que per- mita aos solicitadores alargar compe- tências e identificar rumos alternativos aos nichos de mercado que se vêem perdendo pelos constrangimentos da economia. … “ ( Editorial na pág. Seg.) Fernando Rodrigues Presidente Regional do Norte Membros do CRNorte João Queirós Vice-Presidente Maria João Neto Secretária Helena Reis Pinto Tesoureira Maria João Ricardo Vogal Susana Rocha 1ª Vogal Del.Reg.Norte C.E. Alcides Rocha Presidente SRD

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

Conselho Regional do Norte da Câmara dos Solicitadores - Palácio da Justiça - 4050 PORTO

2012— Fev. Edição 42

NESTA EDIÇÃO

Editorial................................... 2

Tomada de posse..................... 3

Episódios da Vida … ............... 4

Informações úteis.................... 5

Em português nos … …..…… 6/7

Noticias ……………….…………….. 8

• .

FICHA

• LEGISLAÇÃO

Boletim Informativo

Destaques

TOMADA DE POSSE

Fernando Rodrigues—Presidente Regional do Norte

(artº 22, nº1)

João Queirós— Vice –Presidente do CRNorte

(artº 23, nº2)

Maria João Ricardo—Vogal do CRNorte

(artº 23, nº1)

( pág. 3 )

Editorial

“ …

Elegemos como prioridade aquela que, desde sempre, foi a nossa principal moti-vação. Promover a formação que se mos-tre necessária para ultrapassar dificul-dades práticas dos agentes de execução e a formação que se revele útil e que per-mita aos solicitadores alargar compe-tências e identificar rumos alternativos

aos nichos de mercado que se vêem perdendo pelos constrangimentos da economia.

… “

( Editorial na pág. Seg.)

Fernando Rodrigues

Presidente Regional do

Norte

Membros do CRNorte

João Queirós

Vice-Presidente

Maria João Neto

Secretária

Helena Reis Pinto

Tesoureira

Maria João Ricardo

Vogal

Susana Rocha

1ª Vogal Del.Reg.Norte

C.E.

Alcides Rocha

Presidente SRD

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

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Caros Colegas,

Por razões de saúde do meu antecessor, o que sem-pre e muito se lamenta, tomei, no passado dia 12, posse, assumindo funções na qualidade de Presidente Regional do Norte da Câmara dos Solicitadores.

Não obstante o motivo, é com grande honra que prosseguirei o mandato dando sequência ao trabalho que vinha realizando na qualidade de Vice-Presidente do Conselho Regional do Norte.

Todavia, como o que mais importa é o futuro, desejo ao anterior Presidente Regional as suas rápidas melhoras e ao Conselho a que presido formulo votos para que, com competência, conclua o mandato em curso norteando o seu trabalho em benefício dos solicitadores, dos agentes de execução e dos respecti-vos estagiários.

Metendo mãos ao trabalho, reorganizou-se o grupo de trabalho, redefiniram-se competências e traça-ram-se objectivos para o restante período do manda-to.

Direcção actual:

Presidente Regional do Norte: Fernando Rodrigues

Vice-Presidente do CRNorte: João Queirós

Secretária: Maria João Neto

Tesoureira: Maria Helena Reis Pinto

Vogal: Maria João Ricardo

Elegemos como prioridade aquela que, desde sempre, foi a nossa principal motivação. Promover a formação que se mostre necessária para ultrapassar dificuldades práticas dos agentes de execução e a formação que se revele útil e que permita aos solicitadores alargar competências e iden-tificar rumos alternativos aos nichos de mercado que se vêem perdendo pelos constrangimentos da economia.

Assim, desde já, deliberamos pela realização da seguinte formação e formato:

Formação sobre Sisaae - quintas-feiras entre as 14,30 e as 17,30 horas – e Código de Processo Civil – quintas-feiras entre as 18,30 e as 21,30 horas/ sábados entre as 10,00 e as 13,00 horas - nas instalações do Conselho Regional do Nor-te, em formato “SOS”, mediante prévia inscrição de agentes de execução ou solicitadores indicando o(s) módulos com carência de formação.

Cursos de formação para aprofundar conhecimentos sobre registos e notariado e alargar competências a áreas não habitualmente exploradas pelos solicitadores.

Convidamos alguns docentes de reconhecido mérito para elaborarem os conteúdos programáticos, a carga horária adequada e a indicação da bibliografia aconselhada para a planificação de cursos sobre:

- Procedimento e Processo Administrativo;

- Procedimento e Processo do Trabalho;

- Direito das Sociedades;

- Contra-ordenações (fiscais e código da estrada);

- Contencioso fiscal (reclamação graciosa, recurso hierárquico e impugnação judicial);

- Registos e Notariado;

Formação a ministrar em sistema rotativo nas cidades de Barcelos, Porto, Coimbra, Viseu, Leiria e Castelo Branco, com carga horária média de 30 horas, com início previsto para meados do mês de Abril, mediante inscrição prévia.

Outras iniciativas serão brevemente divulgadas, reconhe-cendo-se a necessidade de prontamente intervir junto dos serviços do C. R. Norte, melhorando-se as condições de atendimento. Para já, alteramos postura relativamente à presença de dirigentes nas instalações do Conselho Regional do Norte que, diariamente, contará com a presença de um dirigente, privilegiando-se o contacto entre solicitadores e a direcção.

Fernando Rodrigues - Presidente Regional:

2ªs. feiras (manhã) – atendimento aos sócios median-te marcação prévia

4ªs. feiras (manhã) – despacho de expediente

6ªs. feiras (manhã) – atendimento aos sócios median-te marcação prévia

João Queirós – Vice-Presidente do C. R. Norte:

3ªs. feiras (manhã) – atendimento aos sócios, apoio em matérias fiscais mediante marcação prévia;

M. Helena Reis Pinto – Tesoureira:

2ªs. feiras (manhã) – Despacho de expediente

Susana Rocha – Representante do Colégio de Especia-lidade no C. R. Norte:

5ªs. feiras (tarde) – formação Sisaae (sos) mediante marcação prévia

Mantendo o lema “O vosso sucesso é o nosso sucesso”, daremos o nosso melhor para o tornar realidade.

Um abraço com Amizade,

Fernando Rodrigues

Presidente do Conselho Regional do Norte

EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

3

TOMADA DE POSSE

Presidente da Mesa da Assem-bleia Regional do Norte

Joaquim Baleiras

Abrindo a sessão da posse em 12/3/2012

Juramento e assinatura do ter-mo de posse de Fernando

Rodrigues para o cargo de Pre-sidente Regional do Norte em

12/3/2012

Juramento e assinatura do termo de posse de João Queirós para o cargo de Vice - Presidente do

Conselho Regional do Norte em 12/3/2012

Juramento e assinatura do termo de posse de Maria João Ricardo para o cargo de Vogal do Conse-

lho Regional do Norte em 27/2/2012

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

O colega Firmino

Silva era, há uns trinta

ou quarenta anos atrás, um daqueles

solicitadores que Júlio Dinis teria,

seguramente, colocado no lugar de

João Semana e que vieram ao mundo

para ajudar os mais fracos.

Para além de amigo do seu amigo,

excelente pessoa, melhor comedor e

igual bebedor, competente na prepa-

ração de escrituras para o Cartório

onde tinha sido conceituado ajudan-

te, assíduo no Tribunal da Comarca,

cobrando honorários escassos, nem

sempre escrupulosamente pagos,

Firmino Silva era um indefectível

apoiante do Maria da Fonte, modes-

to, mas aguerrido clube de futebol da

Póvoa de Lanhoso, sua terra, pelo

qual sempre torcera.

Pontualmente, todos os domin-

gos, às três ou quatro da tarde, con-

forme indicava o calendário, lá esta-

va o Firmino, com chuva ou com sol,

fora ou em casa, a assistir aos jogos

do seu Maria da Fonte. Homem ben-

quisto entre os seus pares, viajava

com a direcção, ou levava o seu pró-

prio carro, com os jogadores, quando

tal se tornava necessário. Era já da

casa.

Mas o grande desejo do Firmino

era poder, um dia, sentar-se no ban-

co, ao lado de treinador e dirigentes

e, dali, poder gozar as delícias de ver

jogar a sua equipa. Que não era pos-

sível, sabia-o ele e repetia-lho, mui-

tas vezes, o presidente. Então não

sabia bem,

ele que era

solicitador, que a lei era para ser

cumprida?

Porém, dá o mundo muitas voltas

e a inesperada oportunidade chegou

um dia. Deu-se o caso de, em cima da

hora da partida para o jogo, o massa-

gista do clube ter tido um percalço

que o impossibilitou de viajar com a

equipa e, logo ali, inesperadamente,

lhe propôs o presidente que o substi-

tuísse.

- Impossível! – ia argumentando

um inconvicto, mas esperançado,

Firmino Silva. – Então e a lei? Para

além de que eu não sei absolutamen-

te nada do trabalho de massagista!

Sou um profissional do foro!

- Deixe-se de histórias homem!

Quem é que lhe pede que saiba? É só

fazer o lugar e mais nada! – retor-

quia, em tom persuasivo, o presiden-

te.

Hesitava Firmino, voltava à carga

o presidente: que não queria saber

de cantigas; que afinal, se tanto o

desejava, por que carga de água o

assaltavam, agora, tantas dúvidas?

Com tão insistente argumentação,

esqueceu depressa, o Firmino, a lei,

pegou na caixa dos medicamentos e

avançou, satisfeito, para o lugar do

massagista, ali, naquele banco, que

tanto cobiçara. No entanto, prestes a

sentar-se, ainda reticente, titubeou:

- E se alguém se lesion

- Mas qual lesão? Nunca há lesões

nestes jogos!A partida, a contar para

o campeonato da terceira divisão da

Associação de Futebol de Braga, era

contra o Apúlia, clube rival, e jogava-

se tão aguerridamente, numa soa-

lheira tarde de primavera, que o

Firmino, incapaz de gozar, ledo e

quedo, o seu lugar no banco, deam-

bulava já, intranquilo, ao longo da

linha lateral. E, de repente, - zás! -

uma entrada mais ríspida do defesa

do Apúlia e lá estava o ponta-

esquerda do Maria da Fonte, caído no

pelado, ali pertinho, a contorcer-se.

O Firmino, embora hesitante,

pegou na maleta e correu, seis ou

sete passos, para o local onde o joga-

dor se queixava, gemebundo, da per-

na direita. Pousou a maleta, olhou a

perna, voltou a pegar na maleta e de

novo voltou a olhar para a perna,

enquanto coçava a cabeça. Tanto

hesitou o Firmino que o massagista

do Apúlia, em rápidas passadas, soli-

dário, se abeirou:

- O colega precisa de ajuda?

- Colega? – admirou-se o Firmino.

– Então, o senhor também é solicita-

dor?

____________________________

* Semelhante a esta verídica

história, terá ocorrido uma outra,

com diferentes actores, bem con-

tada, pelo meu excelente amigo

JERO, no seu livro “Alcobaça é Comi-

go”.

4

4

Episódios da Vida dos SolicitadoresEpisódios da Vida dos SolicitadoresEpisódios da Vida dos SolicitadoresEpisódios da Vida dos Solicitadores

- PROFISSÃO ?

- SOLICITADOR… EVIDENTEMENTE!

Timóteo de Matos

O MASSAGISTA*

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

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INFORMAÇÕES ÚTEIS—LEGISLAÇÃO

A Lei n.º 63/2011, de 14 de Dezembro, entrou em vigor no passado dia 14(Mar/2012), alterando e revogando algumas disposições do Código de

Processo Civil e do Código de Pro-cesso nos Tribunais Administrati-vos, a saber:

Alterações ao CPC: • artigos 812.º-D; 815.º; 1094.º; e 1527.º.

Revogações ao CPC: - n.º 1097.º do CPC

Revogações ao CPTA: - n.º 2 do art.º 181 e 186.º

TRANSCRIÇÃO DA NORMAS INVOCADAS: Lei n.º 63/2011 de 14 de Dezembro Artigo 2.º Alteração ao Código de Processo Civil Os artigos 812.º -D, 815.º, 1094.º e 1527.º do Código de Processo Civil passam a ter a seguinte redacção:

«Artigo 812.º -D [...] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . g) Se, pedida a execução de sentença arbitral, o agente de execução duvidar de que o litígio pudesse ser cometido à decisão por árbitros, quer por estar sub-metido, por lei especial, exclusivamente a tribunal judicial ou a arbitragem necessária, quer por o direito controvertido não ter carácter patrimonial e não poder ser objecto de transacção. Artigo 815.º [...] São fundamentos de oposição à execução baseada em sentença arbitral não apenas os previstos no artigo anterior mas também aqueles em que pode basear -se a anulação judicial da mesma decisão, sem prejuízo do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 48.º da Lei da Arbitra-gem Voluntária. Artigo 1094.º [...]

1 — Sem prejuízo do que se ache estabelecido em tra-tados, convenções, regulamentos da União Europeia e leis especiais, nenhuma decisão sobre direitos priva-dos, proferida por tribunal estrangeiro, tem eficácia em Portugal, seja qual for a nacionalidade das partes, sem estar revista e confirmada. 2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Artigo 1527.º [...] 1 — Se em relação a algum dos árbitros se verificar qualquer das circunstâncias previstas nos artigos 13.º a 15.º da Lei da Arbitragem Voluntária, procede -se à nomeação de outro, nos termos do artigo 16.º daquela lei, cabendo a nomeação a quem tiver nomeado o árbi-tro anterior, quando possível.

2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . » Artigo 5.º

Norma revogatória 1 — É revogada a Lei n.º 31/86, de 29 de Agos-to, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto -Lei n.º 38/2003, de 8 de Março, com excepção do disposto no n.º 1 do artigo 1.º, que se mantém em vigor para a arbitragem de litígios emergentes de ou relativos a con-tratos de trabalho. 2 — São revogados o n.º 2 do artigo 181.º e o artigo 186.º do Código de Processo nos Tribu-nais Administrativos. 3 — É revogado o artigo 1097.º do Código de Processo Civil.

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

6

EM PORTUGUÊS NOS ENTENDEMOS Este texto segue as regras do anterior acordo ortográfico*

Floreça, fale, cante, ouça-se e viva a portuguesa língua

António Ferreira

A minha pátria é a língua portuguesa

Fernando Pessoa

Pátria é só a língua em que me digo

Rui Knopfli

Timóteo de Matos

Quando me sobra tempo, e a disposição

ajuda, dedico-me, gostosamente, à leitura. Tenho

andado ultimamente a reler Ramalho Ortigão. E foi

assim que, esta manhã, me lembrei deste espirituo-

so e notável escritor, fazendo algumas considera-

ções filosóficas e a barba.

Ler “As Farpas” com atenção, torna-se um

exercício triplamente vantajoso: Ramalho faz-nos

rir, com o seu humor muito próprio, ensina-nos a

pensar com a sua insofismável lógica e, finalmente,

enriquece-nos o vocabulário e afina-nos a sintaxe.

Ler “AS Farpas” é, pois, um exercício essencial para

quem queira exprimir as suas ideias, utilizando,

com elegância e acerto, a língua portuguesa.

Infelizmente, se excluirmos uma ligeiríssima minoria, ninguém lê,

hoje, os clássicos, em Portugal. E como ninguém os lê, perdeu-se, ou está

em vias de se perder, a faculdade de pensar e de escrever.

A propósito, ocorre-me um pedido de justifica-

ção de falta que, na qualidade de coordenador, me foi

apresentado por um aluno do Curso de Formação do

Estágio para Solicitadores. Que, a bem dizer, não era

pedido nenhum: O aluno limitava-se a informar-me,

laconicamente, que não podia ter comparecido às aulas

porque tinha tido fortes dores de cabeça. Para além do

nome, e do dia em causa, não acrescentava qualquer

outro dado: número ou turma a que pertencia, quais as

aulas em apreço. Não juntava também qualquer prova.

Ora, não sendo médico, para poder socorrê-lo

nas tormentosas dores que foram motivo daquelas suas

lamentáveis faltas, fiquei muito tempo a pensar o que

poderia fazer por aquele infeliz aluno, que, omitindo

dados, não comprovando os factos alegados e não reque-

rendo rigorosamente nada, me deixou em sérios embara-

ços: se lhe justifico a falta, corro o risco de o ofender

sumamente, no caso de ele apenas pretender manter-me

informado; se lhe não justifico a falta, corro, ao invés, o

risco de vir a causar-lhe sérios problemas futuros. Isto,

Sr. Aluno, não se faz a um pobre e velho coordenador.

A propósito, ocorre-me um pedido de justifica-

ção de falta que, na qualidade de coordenador, me foi

apresentado por um aluno do Curso de Formação do Está-

gio para Solicitadores. Que, a bem dizer, não era pedido

nenhum: O aluno limitava-se a informar-me, laconica-

mente, que não podia ter comparecido às aulas porque

tinha tido fortes dores de cabeça. Para além do nome, e

do dia em causa, não acrescentava qualquer outro dado:

número ou turma a que pertencia, quais as aulas em

apreço. Não juntava também qualquer prova.

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

7

Ora, não sendo médico, para

poder socorrê-lo nas tormentosas

dores que foram motivo daquelas suas

lamentáveis faltas, fiquei muito tempo

a pensar o que poderia fazer por aque-

le infeliz aluno, que, omitindo dados,

não comprovando os factos alegados e

não requerendo rigorosamente nada,

me deixou em sérios embaraços: se lhe

justifico a falta, corro o risco de o

ofender sumamente, no caso de ele

apenas pretender manter-me infor-

mado; se lhe não justifico a falta, cor-

ro, ao invés, o risco de vir a causar-lhe

sérios problemas futuros. Isto, Sr.

Aluno, não se faz a um pobre e velho

coordenador.

Mas qual é, afinal, a razão de

os nossos estagiários e, de resto, quase

todos os portugueses, licenciados ou

não, se exprimirem de um modo tão

arrevesado que, frequentemente, len-

do-se o que escrevem, não é possível

discernir o que pretendem?

Apontaram-me, aquelas con-

siderações matinais, para que a razão

principal seja a falta de boas leituras.

Aquiesci. Afinal, se não lemos os nos-

sos bons autores, perdemos hábitos de

raciocínio, descuramos o vocabulário,

esquecemos a gramática e, em conse-

quência, fracassamos na elaboração

do mais simples texto.

Mas será mesmo assim? Será

o problema a falta de boas leituras?

Continuei a fazer as tais considerações

filosóficas, fazendo também algumas

carantonhas, por já ter feito a barba, e

obriga-me a consciência e a mais ele-

mentar observação a responder que

não. O problema da dificuldade de

bem pensar e escrever não advém da

falta de boas leituras. O problema é,

mais rigorosamente, o da falta de

qualquer leitura.

Eu já não peço aos nossos

alunos que leiam Garrett ou Hercula-

no, Camilo, Eça ou Aquilino. Já aceita-

ria, esquecendo o mau gosto, que les-

sem a Sr.ª Dª Margarida Rebelo Pinto

ou o Sr. José Rodrigues dos Santos. Do

mal o menos, já seria um princípio.

- Mas, - dirá o leitor, - eu já

tenho visto alguns jovens olhando os

folhetos dos supermercados e até mes-

mo calhou surpreender uns quantos

abrindo o Jornal “A Bola”.

Tem o leitor toda a razão.

Isso seria já um bom sinal se não se

desse o caso de os nossos jovens pega-

ram nos folhetos do supermercado

para os entregarem às mães, em casa.

Quanto aos jornais desportivos, limi-

tam-se a folheá-los para verem as

fotografias do Cardoso, do Hulk ou do

Cristiano Ronaldo.

É assim que os nossos jovens

(e também os mais velhos), não lendo,

não ganham hábitos de bem pensar.

Como não se habituam a pensar, quan-

do falam, exprimem-se mal. Escrevem

como falam, logo a sua escrita, acres-

cida dos inúmeros erros de gramática,

torna-se ilegível, mesmo para os que

sabem ler.

É mal já espalhado por toda a

sociedade, este de não escrever portu-

guês convenientemente. Ataca tanto

os indivíduos com menor escolarida-

de, como quase todos os licenciados.

Metade dos livros que vão sendo

publicados são intragáveis, são incom-

preensíveis.

E, já agora, uma “farpa”:

comprei, recentemente, um livro tra-

duzido do francês. Pois bem, estava

traduzido de modo tão incompreensí-

vel que me vi obrigado a comprar o

original para compreender a sua tra-

dução.

Não maçarei mais o leitor e

concluo: urge implementar o estudo

do português nas escolas. Urge fomen-

tar hábitos de leitura sob pena de, se o

não fizermos, virmos a ser acusados

de causar o gradual aumento da ilite-

racia, com o consequente decréscimo

das capacidades de reflexão e comuni-

cação, até níveis inaceitáveis e vergo-

nhosos para a nossa sociedade.

E o que tem a Câmara dos

Solicitadores a ver com tudo isto? Que

vos parece um exame em que, para

aceder a solicitador, teria o candidato

de, para além do domínio das matérias

a que é submetido, demonstrar ser

capaz de redigir um documento ou

articular uma petição que não causas-

se o riso em qualquer tribunal e,

sobretudo, que fosse compreensível?

* No próximo texto, se a

redacção o permitir, explicarei as

razões que me levam a não adoptar

o novo acordo ortográfico enquanto

me for possível.

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Boletim Informativo CRNorte - Edição nº 42 - FEV. 2012

D ecorreu no passado dia 27 de Fevereiro, nas instala-

ções deste CRNorte a

Assembleia Regional ordiná-

ria do Norte com a discus-

são e votação do relatório e

contas respeitantes ao exer-

cício do ano de 2011, como

ponto único da ordem de

trabalhos, tendo o mesmo

sido aprovado por maioria,

com uma abstenção.

AM

In imprensa Na edição de 26 de Janeiro do cor-rente ano, do Jornal “ A Guarda” foi noticiada a abertura de mais um Estágio para Solicitadores 2012/2013, no Pólo da Guarda do CRNorte.

am

ASSEMBLEIA REGIONAL ORDINÁRIA DO NORTE