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3º aula - HIPÓTESES LEGAIS DE INELEGIBILIDADE a) CONTAS REJEITADAS Inelegibilidade por oito anos a contar da data da rejeição definitiva das contas. Observações: Os tribunais de contas têm a atribuição de julgar e rejeitar as contas dos agentes públicos. No caso dos chefes do Poder Executivo, a decisão cabe ao Poder Legislativo.

3º aula - 08-08 hipóteses legais de inelegibilidade

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3º aula - HIPÓTESES LEGAIS DE INELEGIBILIDADE

a) CONTAS REJEITADAS

Inelegibilidade por oito anos a contar da data da rejeição definitiva das contas.

Observações: Os tribunais de contas têm a atribuição de julgar e rejeitar as contas

dos agentes públicos. No caso dos chefes do Poder Executivo, a decisão cabe ao

Poder Legislativo.

• Não adianta devolver o dinheiro ou ressarcir o prejuízo ou ainda pagar as multas.

• Erros contábeis que não caracterizam improbidade ou imoralidade não geram inelegibilidade (a LC 135/10 alterou a LC 64/90 para deixar expresso que a inelegibilidade decorre de ato doloso de improbidade administrativa)

• Antecipação dos efeitos da tutela em ação anulatória de rejeição de contas afasta a inelegibilidade (Ver súmula 1 do TSE).

• QUESTÃO CONTROVERSA

• 1. E a condenação em ação popular?

• R. Não gera inelegibilidade (TSE).

• JURISPRUDÊNCIA• RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N.

23.347/PR - RELATOR: MINISTRO CAPUTO BASTOS (...) Registro. Candidatura. Condenação. ação popular. Ressarcimento. Erário. Vida pregressa. Inelegibilidade. Ausência. Aplicação. Tribunal Superior Eleitoral – Sumula nº 13. Suspensão. (...) A simples condenação em ação popular não gera inelegibilidade por vida pregressa, por não ser auto-aplicável o § 9.º, art. 14, da Constituição Federal, com a redação da Emenda Constitucional de Revisão no 4/94, nos termos da Súmula - TSE nº.13.

• b) ADMINISTRADORES DE ENTIDADES FINANCEIRAS

• Administradores de entidades financeiras em liquidação extrajudicial que administraram a empresa nos doze últimos meses que antecederam a quebra até que sua responsabilidade seja afastada.

• c) CONDENAÇÃO CRIMINAL • A condenação criminal transitada em

julgado ou pronunciada por órgão judiciário colegiado gera inelegibilidade por 8 anos após o cumprimento da pena nos seguintes crimes:

• a) contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público.

• b) contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência.  

• c) contra o meio ambiente e a saúde pública.

•  

• d) eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade. 

• e) de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública. 

• f) de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. 

• g) de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos. 

• h) de redução à condição análoga à de escravo. 

• i) contra a vida e a dignidade sexual.

•  

• j) praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.  

• Estão excluídos:

• - crimes culposos.

• - definidos em lei como de menor potencial ofensivo.

• - crimes de ação penal privada. 

• d) MILITAR

• Indigno do oficialato deverá permanecer 8 anos inelegível.

• e) INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO PÚBLICO

• A condenação do chefe do Poder Executivo nas penas do impeachament gera inelegibilidade por 8 anos.

• O membro do Poder Legislativo que perder o cargo por falta de decoro parlamentar ficará 8 anos inelegível.

• f) CANDIDATURAS MÚLTIPLAS

• Proibidas

• g) CANDIDATURAS EM MAIS DE UMA CIRCUNSCRIÇÃO

• Proibidas• h) CONDENADOS POR ABUSO DO PODER• a) 8 anos, os condenados, com trânsito em

julgado ou por decisão de órgão judiciário colegiado , por abuso de poder econômico ou político (condutas vedadas) - (LC 64/90 – artigo 1º, I, ‘d’ ), a contar da data da eleição que ocorreu o ilícito.

• b) 8 anos, os condenados, com trânsito em julgado ou por decisão de órgão colegiado, por abuso de poder econômico ou político independentes das eleições (agente público com cargo na administração pública direta e indireta), a contar do término do mandato ou da data do afastamento do cargo (LC 64/90 – artigo 1º, I, ‘h’).

• c) Condenados à suspensão dos direitos políticos, após o trânsito em julgado ou em decisão proferida por órgão colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que gere lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, por 8 anos após o cumprimento da pena de suspensão.

• i) INELEGIBILIDADE POR EXCLUSÃO PROFISSIONAL

• Excluídos do exercício da profissão pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato for suspenso pelo Poder Judiciário.

• • j) INELEGIBILIDADE DOS SERVIDORES

PÚBLICOS, JUÍZES E PROMOTORES QUE PERDEREM O CARGO

• Demitidos do serviço público, aposentados compulsoriamente ou que tenham perdido o cargo de juiz ou promotor, por 8 anos.

• l) INELEGIBILIDADE POR FRAUDE MATRIMONIAL

• Condenação com trânsito em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal para evitar inelegibilidade, pelo prazo de 8 anos.  

• m) INELEGIBILIDADE EM FACE DE CORRUPÇÃO ELEITORAL

• Condenação, com trânsito em julgado ou decisão proferida por órgão colegiado judicial, em face artigo 41-A e 30-A(8 anos).

• n) INELEGIBILIDADE POR DOAÇÃO ILEGAL

• Doação ilegal (maior que a permitida ou por quem está proibido de doar) por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão.

• o) DESNECESSIDADE DE POTENCIALIDADE PARA A CARACTERIZAÇÃO DO ABUSO

• para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.

• QUESTÃO CONTROVERTIDA• O que significa trocar a potencialidade por

gravidade? • RENÚNCIA• Chefe do Poder executivo ou parlamentar que

renunciar a seu mandato desde o oferecimento da representação capaz de autorizar a abertura de processo para perda do cargo ficará inelegível por 8 anos a contar do fim da legislatura.

• Questão controvertida • 1. O prazo de 8 anos conta do final do mandato

de senador ou do finalda primeira legislatura, se for o caso?

•   • Análise da constitucionalidade da LC 135/10• Constituição Federal de 1988 • • ARTIGO 14

• Parágrafo nono - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (texto original)

• Parágrafo nono - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)

• a) Movimento de combate a corrupção eleitoral (final dos anos noventa).

• • b) Decisão do TRE do Rio de Janeiro e

Rondônia de 2004.• c) Movimento dos TREs de 2008. • d) ADPF 144 (STF) • e) Projeto de iniciativa popular e mensalão

do DEM

• a) Um milhão e seiscentas mil assinaturas.

• b) Aprovado por unanimidade nas duas casas e sancionado sem vetos.

• c) Inelegibilidade em decorrência de condenação criminal ou abuso de poder econômico ou político julgada por colegiado de Tribunal, mesmo sem trânsito em julgado.

• 1. Argumentos favoráveis (constitucionalidade)

• a) É quase impossível transitar em julgado uma ação no Brasil.

• b) Não se aplica o princípio da presunção de inocência para a hipótese de inelegibilidade e sim para a privação de liberdade.

• c) Um candidato a cargo público condenado por crime grave, mesmo apenas em primeira instância jamais tomaria posse em concurso público, por exemplo, para juiz.

• d) O que significa então ‘vida pregressa” prevista no artigo 14, parágrafo nono, da Constituição Federal de 1988.

• e) Um congresso ficha limpa.

• f) Há situações piores tais como a representação com fundamento no artigo 41-A da Lei das eleições que retira um parlamentar ou chefe do Poder Executivo do cargo sem trânsito em julgado.

• 2. Argumentos contrários (inconstitucionalidade)

• a) Presunção de inocência e ADPF 144• […] RECONHECIMENTO, NO ENTANTO, DA

FACULDADE DE O CONGRESSO NACIONAL, EM SEDE LEGAL, DEFINIR "OUTROS CASOS DE INELEGIBILIDADE" - NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA, EM TAL SITUAÇÃO, DA RESERVA CONSTITUCIONAL DE LEI COMPLEMENTAR (CF, ART. 14, § 9º) -

• IMPOSSIBILIDADE, CONTUDO, DE A LEI COMPLEMENTAR, MESMO COM APOIO NO § 9º DO ART. 14 DA CONSTITUIÇÃO, TRANSGREDIR A PRESUNÇÃO CONSTITUCIONAL DE INOCÊNCIA, QUE SE QUALIFICA COMO VALOR FUNDAMENTAL,

• VERDADEIRO "CORNERSTONE" EM QUE SE ESTRUTURA O SISTEMA QUE A NOSSA CARTA POLÍTICA CONSAGRA EM RESPEITO AO REGIME DAS LIBERDADES E EM DEFESA DA PRÓPRIA PRESERVAÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA [...]. (STF, ADPF 144-DF, Tribunal Pleno, rel. min. CELSO DE MELLO, j. 06/08/2008, DJe-035, p. 26-02-2010).

• b) Cabe ao eleitor afastar democraticamente pelo voto os maus candidatos ou ainda aos partidos não darem legenda para referidos candidatos.

• c) Há o perigo da judicialização da política. • d) Haverá processos ajuizados por má-fé (há

muitas situações em que prefeitos estarão inelegíveis sem terem agido de má-fé).

• Outras questões controvertidas• O texto aprovado originariamente na

Câmara afirmava que estariam inelegíveis os candidatos que ‘tenham sido condenados’. O texto aprovado no senado e sancionado fala em ’os que forem condenados’.

• a) Houve inconstitucionalidade formal por violação do arrtigo 65 da CF/88?

• R. Entendo que não pois houve mudança apenas de redação e não alteração substancial do texto.

• b) Referida norma aplica-se apenas para os condenados após a edição da lei?

• Consulta TSE 1147-09 (Relatoria do Ministro Arnaldo Versiani – J. em 17-06-2010)

• Respondeu, por maioria, afirmativamente os seguintes questionamentos:

• "I) Lei eleitoral que alterar as causas de inelegibilidade e o período de duração da perda dos direitos políticos, sancionada no ano das eleições, pode ser aplicada neste mesmo ano?

• R. Sim

• a) Inelegibilidade não é pena e pode ser aplicada de imediato.

• b) Não diz respeito a processo eleitoral, portanto essa interpretação não fere o artigo 16 da CF/88 (interpretação restritiva do STF sobre princípio da anualidade).

• c) As condições de inelegibilidade e devem ser aferidas no momento do registro e não antes.            II) Lei eleitoral que alterar as causas de inelegibilidade e o período de duração da perda dos direitos políticos, aplica-se aos processos em tramitação iniciados antes de sua vigência?

• R. Sim.

• III) Lei eleitoral que alterar as causas de inelegibilidade e o período de duração da perda dos direitos políticos, aplica-se aos processos em tramitação, já julgados e em grau de recurso, com decisão onde se adotou punição com base na regra legal então vigente?

• R.Sim.         

• IV) As disposições de nova lei eleitoral podem retroagir para agravar a pena de inelegibilidade aplicada na forma da legislação anterior?

• R. Sim (mesmo que o processo já tiver se encerrado).           

• V) As disposições de nova lei eleitoral podem estabelecer execução de pena de perda dos direitos políticos (inelegibilidade) antes do trânsito em julgado da decisão?           

• R. Sim. Aplica-se de imediato inclusive para aqueles que renunciaram para fugir da cassação de seus mandatos (caso Roriz).

• Opinião pessoal: Penso diferente quanto a aplicação imediata (principalmente para casos de renúncia anterior a lei). O STF recentemente entedeu, por maioria de votos, dessa forma.

• p) DESINCOMPATIBILIZAÇÃO

• Conceito: Afastamento provisório ou definitivo para disputar cargo eletivo. Visa evitar o uso da máquina administrativa.

• Prazo: de seis meses para os cargos do Legislativo (exceção feita ao prefeito que é de quatro meses), Presidente da República e governador.

• a) Nas eleições presidenciais exige-se afastamento seis meses antes, dentre outras, as seguintes funções: governador, ministro de Estado, magistrado, secretário de Estado, ministro do Tribunal de Contas, fiscais da receita etc.

• b) Em regra qualquer servidor público deve se afastar três meses antes de qualquer eleição, recebendo sua remuneração.

• c) Aplicam-se aos cargos de Governador, deputado estadual, deputado federal, senador, prefeito e vereador, as mesmas regras previstas para o cargo de Presidente e Vice, com as devidas adaptações.

• Questão controvertida.

• 1. A exigência de quitação eleitoral como condição para o registro da candidatura representa nova hipótese de inelegibilidade?

• Observações:

• a) A partir da publicação da lei 12.034/09 houve uma alteração no conceito de quitação eleitoral. Será declarado quite com a Justiça Eleitoral o cidadão que, até a data do registro da candidatura, pagou ou parcelou qualquer débito eleitoral.

• b) O parcelamento será regulado pelas mesmas regras que regem o parcelamento dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal.

• c) A quitação abrange a inexistência de multas eleitorais e a apresentação de contas da campanha eleitoral. A princípio, a nova legislação afastou o entendimento do TSE segundo o qual a rejeição das contas impossibilitava a obtenção de certidão de quitação eleitoral (tendência do TSE em manter o entendimento anterior).

• Observação: É inelegível o candidato que possui óbice legal à época do pedido de registro, mesmo que este óbice já não mais exista quando das eleições (TSE).

• TESTES• 1. (19º CONCURSO – MPF) As inelegibilidades:• a) são restrições a direitos políticos que

somente podem ser estabelecidas no próprio texto da Constituição ou no Código Eleitoral;

• b) podem ser constitucionais ou infraconstitucionais, sendo que estas são previstas em lei complementar para proteger a probidade administrativa, a

• moralidade para o exercício do mandato e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta;

• c) implicam restrições à capacidade eleitoral ativa e passiva, impedindo, como restrições dos direitos políticos, o direito de votar e de ser votado;

• d) devem ser interpretadas de forma extensiva e analógica visando a restringir direitos políticos ativos e passivos de participação no processo eleitoral, inclusive o alistamento e o voto.