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4. ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
Nos capítulos anteriores foi estudada a modelação e representação de sistemas lineares e
invariantes no tempo. O recurso a vários métodos de representação de sistemas permitiu
evoluir-se em termos de complexidade dos mesmos mantendo-se verdade todos os
fundamentos estudados até então.
Nesta altura existem condições para se estudar como reagem os sistemas a perturbações
externas. Neste capítulo a análise vai ser feita no domínio temporal sendo a análise no
domínio da frequência objecto do capítulo seguinte.
4.1 RESPOSTA NO TEMPO DE SLIT
Considere-se um sistema com resposta impulsional , sujeito a uma perturbação à
entrada Fig.4.1.
( )h t ( )u t
Fig.4.1 – Sistema com resposta impulsional h(t).
Sabe-se que a resposta y(t) é dada por (4.1).
( ) ( )* ( ) ( ) ( )y t u t h t u h t dτ τ τ+∞
−∞
= = −∫ (4.1)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
50
Embora a análise no domínio do tempo permita avaliar a saída do sistema para qualquer
entrada, é comum considerarem-se as entradas típicas da Tab.4.1.
Entradas típicas Representação
Impulso de Dirac ( )tδ
Degrau unitário ( )u t
Rampa unitária ( )tu t
Parábola unitária 21 ( )2
t u t
Sinusoide1 ( ) ( )sen t u tω θ+
Tab.4.1 – Entradas típicas.
Nesta altura recorda-se a definição de transformada de Laplace de um sinal x(t) (4.2).
( ) ( ) stX s x t e+∞
−
−∞
= ∫ dt
(4.2)
As propriedades da transformada de Laplace permitem que a determinação de y(t) seja feita
de forma indirecta Fig.4.2.
1 Devido à sua importância, sistemas com entrada sinusoidal serão objecto de estudo do próximo capítulo.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
51
Fig.4.2 – Utilização da transformada de Laplace.
De acordo com o esquema apresentado na Fig.4.2 o cálculo de y(t) pelo integral de
convolução pode ser feito indirectamente calculando a transformada de Laplace de u(t) e
h(t), fazendo o produto das transformadas e invertendo o resultado.
Para SLIT com perturbações u(t) usuais a função Y(s) é racional (4.3).
( )1
1 1 01
1 1 0
... , ...
m mm m
n nn
b s b s b s bY s m ns a s a s a
−−
−−
+ + + += <
+ + + + (4.3)
Considere-se r raízes distintas: 1 2, ,..., rρ ρ ρ ; cada raiz iρ apresenta uma multiplicidade iσ ,
donde se conclui que . Desta forma, Y(s) pode ser escrita como a soma de
fracções parciais (4.4).
1
r
ir
nσ=
=∑
( )( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
1
1
2
2
11311 122 3
1 1 1 1
22321 222 3
2 2 2 2
31 22 3
...
...
... r
r
rrr r
r r r r
AAA AY ss s s s
AAA As s s s
AAA As s s s
σσ
σσ
σσ
ρ ρ ρ ρ
ρ ρ ρ ρ
ρ ρ ρ ρ
= + + + +− − − −
+ + + + + +− − − −
+ + + + +− − − −
+
(4.4)
Duma forma compacta, Y(s) pode ainda ser escrita como (4.5).
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
52
( )( )1 1
irik
ki k i
AY ss
σ
ρ= =
=−
∑∑ (4.5)
Para que a decomposição em fracções parciais fique definida resta determinar os
coeficientes Aik, que de acordo com o teorema dos resíduos são dados por (4.6).
( )( )
( ) ( ) (1 lim!
ii
kii
k
ik isi
dA sk ds
σ
σσ
ρρ
σ −
−
→⎡= −⎣−
)Y s ⎤⎦ (4.6)
A decomposição em fracções parciais de Y(s) permite, utilizando o princípio da linearidade
da transformada de Laplace, inverter cada parcela por consulta da tabela respectiva.
Assim, um termo de 1ª ordem tem transformada de Laplace dada por (4.7).
1tes
ρ
ρ− ⎯⎯⎯→
+L (4.7)
No que respeita a termos de ordem superior, recorda-se a propriedade da diferenciação da
transformada de Laplace de um sinal (4.8).
( ) ( )dtx t X sds
− ⎯⎯⎯→L (4.8)
Então, a partir de (4.8), pode-se provar pelo método de indução (4.9).
( ) ( )11
1 !n t
nt en s
ρ 1ρ
− − ⎯⎯⎯→− +
L (4.9)
Na análise de sistemas é igualmente importante ter presente a transformada de Laplace da
derivada de um sinal; assim, na situação geral de condições iniciais não nulas tem-se (4.10).
( ) ( ) ( )0d x t sX s xdt
⎧ ⎫ = −⎨ ⎬⎩ ⎭
uL (4.10)
Para a 2ª derivada, utilizando-se a expressão (4.10) obtém-se (4.11).
( ) ( ) ( ) ( )2
22 0d x t s X s sx x
dt⎧ ⎫
= − −⎨ ⎬⎩ ⎭
i
uL 0 (4.11)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
53
Para a 3ª derivada, utilizando-se um processo análogo obtém-se (4.12)
( ) ( ) ( ) ( ) ( )3
3 23 0 0d x t s X s s x s x x
dt⎧ ⎫
= − − −⎨ ⎬⎩ ⎭
i ii
uL 0 (4.12)
Desta forma, pode-se generalizar para uma derivada de ordem n.
( ) ( ) ( ) ( )1
1
00
n nn in i
ni
d x t s X s s xdt
−− −
=
⎧ ⎫= −⎨ ⎬
⎩ ⎭∑uL (4.13)
A transformada de Laplace surge no presente contexto como ferramenta para a completa
determinação de respostas temporais de SLIT contínuos. Como 1ª aplicação apresenta-se o
Exemplo 4.1.
Exemplo 4.1
Considere-se um sistema caracterizado pela equação diferencial:
( ) ( ) ( ) ( )2
2 3 2d y t dy t
y t x tdt dt
+ + = ; pretende-se determinar a saída y(t) para a entrada
( ) ( )2x t u t= .
Aplicando a transformada de Laplace a ambos os membros da equação diferencial obtém-se
( ) ( )2
13 2
Y s X ss s
=+ +
.
Tendo em conta o par transformada (4.14).
( ) 22u ts
⎯⎯⎯→L (4.14)
A transformada de Laplace da saída é (4.15).
( ) ( )2
23 2
Y ss s s
=+ +
(4.15)
A expansão em fracções parciais do tipo (4.4) para (4.15) conduz a (4.16).
( )2 1
A B CY ss s s
= + ++ +
(4.16)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
54
=
=
−
)
A aplicação do teorema dos resíduos (4.6) permite determinar os coeficientes A, B e C de
acordo com (4.17), (4.18) e (4.19), respectivamente.
( )0
lim 1s
A sY s A→
= ⇔ (4.17)
( ) ( )2
lim 2 1s
B s Y s B→−
= + ⇔ (4.18)
( ) ( )1
lim 1 2s
C s Y s C→−
= + ⇔ = (4.19)
A inversão da transformada de Laplace (4.16) permite chegar à resposta no tempo y(t)
(4.20), cuja representação gráfica se apresenta na Fig.4.3.
( ) ( ( )21 2t ty t e e u t− −= + − (4.20)
Fig.4.3 – Resposta do Exemplo 4.1 com condições iniciais nulas.
A observação da Fig.4.3 permite distinguir duas regiões distintas.
• Regime transitório: evolução da resposta nos instantes imediatos à aplicação da
entrada.
• Regime estacionário: patamar estabilizado para instantes de tempo posteriores.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
55
Considere-se agora que o sistema no instante inicial não está em repouso, pelo contrário, as
condições iniciais são não nulas: ( )0 3y = ; ( )0 5y = −i
.
Desta forma, a aplicação da transformada de Laplace à equação diferencial que descreve o
sistema deve ter em conta (4.10) e (4.11), conduzindo a
. Rearranjando os termos a
transformada de Laplace da saída pode então ser calculada de acordo com (4.21).
( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )2 0 0 3 0 2s Y s sy y sY s y Y s X s− − + − + =i
( ) ( ) ( ) ( )2 2 2
3 1 10 03 2 3 2 3 2
sY s y y X ss s s s s s
+= + +
+ + + + + +
i (4.21)
A observação da expressão (4.21) permite concluir que a resposta y é composta por duas
componentes; a componente devido às condições iniciais não nulas, denominada
componente livre, e a componente devido à perturbação externa X, denominada
componente forçada. Tratando-se de um sistema linear, o princípio da sobreposição pode
ser aplicado, resultando a resposta y como a soma de cada uma das componentes
considerada isoladamente. Alternativamente a esta estratégia de resolução, rearranjando os
termos de (4.21) e entrando com os valores das condições iniciais obtém-se (4.22).
( ) ( )2
2
3 4 23 2
s sY ss s s
+ +=
+ + (4.22)
Utilizando a estratégia anteriormente seguida para a expressão (4.15), a expansão em
fracções parciais de (4.22) seguida de inversão da transformada de Laplace conduz a (4.23)
cuja representação gráfica se apresenta na Fig.4.4.
( ) ( ( )21 3t ty t e e u t− −= − + ) (4.23)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
56
Fig.4.4 – Resposta do Exemplo 4.1 com condições iniciais não nulas.
O exemplo acabado de apresentar permitiu, devido à sua simplicidade, facilmente obter a
resposta y(t). Contudo, situações há em que é de grande utilidade tirar-se algumas
conclusões sobre a evolução temporal da saída sem que esta seja explicitamente calculada.
Nomeadamente, para a caracterização da saída, é de particular interesse o conhecimento da
sua evolução nos primeiros instantes após a aplicação da perturbação de entrada e a sua
evolução mas proximidades dos seus “valores finais”. Estas duas situações podem ser
avaliadas recorrendo aos teoremas do valor inicial e do valor final.
Seja Y(s) a transformada de Laplace de y(t): ( ) ( ){ }Y s y t= L .
Teorema do valor inicial: Admitindo que y(t) e ( )d y tdt
têm transformada de Laplace e
que existe, então: ( )lims
sY s→∞
( ) ( )0
lim limst
y t sY s+ →∞→
= (4.24)
Teorema do valor final: Admitindo que y(t) e ( )d y tdt
têm transformada de Laplace e que
sY(s) não têm pólos no eixo imaginário nem no semiplano complexo direito, então:
( ) ( )0
lim limt s
y t sY s→∞ →
= (4.25)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
57
A aplicação destes teoremas, ao exemplo acabado de estudar para condições iniciais não
nulas, permite concluir a partir apenas da transformada de Laplace da saída (4.22) que,
e ( )0
lim 3t
y t+→
= ( )lim 1t
y t→∞
= . Estes resultados podem ser confirmados utilizando a expressão
(4.23) para y(t) ou por simples inspecção gráfica da Fig.4.4.
O exemplo acabado de estudar corresponde a um caso particular da expressão (4.3), que
para SLITs reais quando submetidos a perturbações reais se pode escrever como
( )( )( )
N sy sD s
= : função racional de coeficientes reais. O comportamento da resposta no
tempo, y(t), é fortemente dependente das raízes de D(s): 1 2, ,..., np p p , que, nas condições
apresentadas são reais ou complexas conjugadas. Desta forma, D(s) pode ser decomposto
num produto de factores de 1ª ordem ( )s a+ , ou de 2ª ordem ( )2s bs c+ + com a, b e c
. ∈
Conclui-se então que Y(s) pode ser vista como a resposta de sistemas de 1ª e 2ª ordens
ligados em série tal como se esquematiza na Fig.4.5 com . 1 1 1... , ... , ...k k ka a b b c c ∈
N(s)R1
1s a+
•••1
ks a+ 21 1
1s b s c+ +
••• 2
1
k ks b s c+ +YN(s)R
1
1s a+
•••1
ks a+ 21 1
1s b s c+ +
••• 2
1
k ks b s c+ +Y
Fig.4.5 – Série de sistemas de 1ª e 2ª ordem.
Neste contexto fica justificada a importância do estudo em separado dos sistemas de 1ª e 2ª
ordens.
4.2 SISTEMAS DE 1ª ORDEM
Grande número de sistemas de interesse prático são de 1ª ordem ou, quando de ordem
superior, podem razoavelmente ser aproximados por sistemas de 1ª ordem.
Considere-se como referência para o estudo que se segue o sistema de 1ª ordem sem zeros
cuja função de transferência G(s) é dada por (4.26).
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
58
( )( )
1 1, ,1
Y s a aR s s a s a
ττ
= = = >+ +
0 (4.26)
A função de transferência na forma em que intervém τ denomina-se função de
transferência na forma das constantes de tempo.
Para o exemplo em estudo τ denomina-se constante de tempo associada ao pólo situado
em –a (ou 1τ
− ).
A especificação dos pólos e zeros de um sistema recorre com frequência ao diagrama de
pólos-zeros. Esta representação gráfica utiliza o plano complexo onde os zeros e os pólos
são representados respectivamente por e por ○ × .
O diagrama de pólos-zeros para o sistema em estudo apresenta-se na Fig.4.6.
×
jω
σ1τ
−×
jω
σ1τ
−
Fig.4.6 – Diagrama de pólos-zeros para sistema de 1ª ordem.
Considere-se agora aplicadas algumas das entradas típicas da Tab.4.1.
A aplicação do impulso de Dirac ( )tδ faz com que a saída seja a resposta impulsional
. Tendo em conta (4.26), y(t) é dada por (4.27) e a evolução gráfica apresenta-
se na Fig.4.7 para
( ) ( )y t g t=
2τ = .
( ) ( ) ( )11 taty t ae u t e u tτ
τ−−= = (4.27)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
59
ττ Fig.4.7 – Resposta impulsional para sistema de 1ª ordem.
Fazem-se de seguida algumas considerações para esta resposta.
Atendendo a (4.26) e recordando que ( ) ( )r t tδ= tem-se:
( )1
ssY ssτ
=+
(4.28)
Tendo em conta o teorema do valor inicial conclui-se que:
( )0
1lim lim1st
sy tsτ τ+ →∞→
=+
= (4.29)
Tendo em conta o teorema do valor final conclui-se que:
( )0
lim lim 01t s
sy tsτ→∞ →
=+
= (4.30)
Ambos os resultados (4.29) e (4.30) estão de acordo com a Fig.4.7 e podem ser
confirmados recorrendo directamente à resposta (4.27).
O cálculo da 1ª derivada na origem é bastante útil para a caracterização da resposta. Desta
forma, recorrendo a (4.27) pode-se determinar que:
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
60
( ) 20
1limt
d y tdt τ+→
−= (4.31)
Este valor é compatível com o declive da tangente na origem, conforme ilustrado na
Fig.4.7.
Considere-se agora que ao sistema G(s) em estudo, (4.26), é aplicada à entrada o degrau
unitário: . Sabendo-se que ( ) ( )r t u t= ( ) 1R ss
= então:
( ) ( )aY s
s s a=
+ (4.32)
Fazendo a expansão de Y(s) em 2 fracções parciais e atendendo a que 1aτ
= , a inversão da
transformada de Laplace conduz a (4.33).
( ) ( )1
1t
y t e u tτ−⎛ ⎞
= −⎜ ⎟⎝ ⎠
(4.33)
A aplicação dos teoremas do valor inicial e valor final permite confirmar a representação
gráfica (Fig.4.8) de (4.33).
Fig.4.8 – Resposta ao degrau para sistema de 1ª ordem.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
61
O eixo dos tempos está graduado em constantes de tempo, T τ= . Para alguns valores de t,
apresenta-se na Tab.4.2 os correspondentes valores de y(t).
4
3
2
y(t)t
11 63.2%e−− =
21 86.5%e−− =
31 95%e−− =
41 98.2%e−− =
ττττ4
3
2
y(t)t
11 63.2%e−− =
21 86.5%e−− =
41 98.2%e−− =4
3
2
y(t)t
31 95%e−− =
11 63.2%e−− =
21 86.5%e−− =
41 98.2%e−− =
ττττ
31 95%e−− =
Tab.4.2 – Alguns valores da resposta ao degrau para sistema de 1ª ordem.
A caracterização de sistemas dinâmicos recorre a vários critérios de controlo dos quais se
apresenta neste enquadramento o tempo de estabelecimento.
Tempo de estabelecimento (a 5%) st : Tempo ao fim do qual a resposta ao degrau se
confina a uma faixa de 5% do valor final. ±
Para o exemplo em estudo, o tempo de estabelecimento vale 3 constantes de tempo:
3st τ= .
Considere-se agora que ao sistema G(s) em estudo, (4.26), é aplicada à entrada a rampa
unitária: . Sabendo-se que ( ) ( )r t tu t= ( ) 2
1R ss
= então:
( ) ( )2
aY ss s a
=+
(4.34)
Fazendo a expansão de Y(s) em 3 fracções parciais e atendendo a que 1aτ
= , a inversão da
transformada de Laplace conduz a (4.33).
( ) ( )1 t
y t t e u tττ τ−⎛ ⎞
= − +⎜ ⎟⎝ ⎠
(4.35)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
62
O estudo de y(t) pode recorrer ao cálculo da 1ª e 2ª derivadas dadas por (4.36) e (4.37).
( ) 1td y t e
dtτ−
= − (4.36)
2
2
1( )td y t e
dtτ
τ
−
= (4.37)
Verifica-se que tanto a 1ª como a 2ª derivadas são >0 para todo o t, concluindo-se então que
y(t) é crescente com a concavidade voltada para cima tal como se apresenta na Fig.4.9.
Fig.4.9 – Resposta à rampa para sistema de 1ª ordem.
Para se terminar o estudo de sistemas de 1ª ordem considere-se por último que ao sistema
G(s) em estudo, (4.26), é aplicada à entrada a parábola unitária: ( ) ( )2
2tr t u t= . Sabendo-se
que ( ) 3
1R ss
= então:
( ) ( )3
aY ss s a
=+
(4.38)
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
63
A expansão de Y(s) em fracções parciais conduz à expressão (4.39).
( ) ( )2 3
A B C DY ss s s s a
= + + ++
(4.39)
O teorema dos resíduos (4.6) permite determinar as constantes A, B, C e D conforme (4.40).
( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
2
23
20
3
0
3
0
2
1 1lim3 1 !
1 1lim3 2 !
lim 1
1lim
s
s
s
s a
dA s Yads
dB s Yds a
C s Y s
D s a Y sa
→
→
→
→−
= =−
s
s −= =
−
= =
−= + =
(4.40)
Por último, atendendo a que 1aτ
= , a inversão da transformada de Laplace permite
determinar y(t).
( ) ( )12
2 2
2tty t t e u tττ τ τ
−⎛ ⎞= − + −⎜
⎝ ⎠⎟ (4.41)
Também agora o estudo de y(t) pode recorrer ao cálculo da 1ª e 2ª derivadas dadas
respectivamente pelas expressões (4.42) e (4.43).
( ) ( )1 td y t t e u t
dtττ τ
−⎛ ⎞= − +⎜ ⎟
⎝ ⎠ (4.42)
( ) ( )12
2 1td y t e u t
dtτ
−⎛ ⎞= −⎜ ⎟
⎝ ⎠ (4.43)
Na 1ª e 2ª derivadas reconhecem-se as respostas à rampa e ao degrau, respectivamente. De
acordo com os estudos acabados de fazer concluiu-se que tais resposta são sempre
positivas. Desta forma, a resposta à parábola é crescente com a concavidade voltada para
cima, tal como se apresenta na Fig.4.10.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
64
Fig.4.10 – Resposta à parábola para sistema de 1ª ordem.
4.3 SISTEMAS DE 2ª ORDEM
O estudo de sistemas de 2ª ordem justifica-se pelo facto de muitas situações práticas
exibirem comportamentos oscilatórios amortecidos, típicos deste tipo de sistemas; por
exemplo, repare-se no comportamento de um veículo quando sobe um passeio.
Tomando como base um dos blocos de 2ª ordem da série da Fig.4.5 apresenta-se de seguida
a forma geral da função de transferência de um sistema de 2ª ordem sem zeros (4.44).
( )2
22 2n
n n
G ss s
ωξω ω
=+ +
(4.44)
Em que se define:
ξ - coeficiente de amortecimento,
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
65
nω - frequência natural não amortecida2.
O comportamento do sistema depende da localização dos pólos p1/2 de G(s) dados por
(4.45).
221/ 22 0n n n ns s pξω ω ξω ω ξ+ + = ⇒ = − ± 2 1− (4.45)
O estudo da dinâmica de sistemas deste tipo recorre à análise da resposta y(t) para uma
entrada em degrau unitário: . ( )u t
Na Tab.4.3 apresenta-se a natureza dos pólos e os correspondentes tipos de resposta ao
degrau a que conduzem.
Tab.4.3 – Pólos de sistema de 2ª ordem.
Antes de se estudar a resposta específica para cada situação da Tab.4.3, os Teoremas dos
Valores Inicial e Final permitem estabelecer que os valores inicial e final de y(t) e inicial de
são dados por (4.46), (4.47) e (4.48), respectivamente. ( )y ti
( ) ( )0
lim lim 0t s
y t sY s→ →∞
= =
=
(4.46)
( ) ( )0
lim lim 1t s
y t sY s→∞ →
= (4.47)
( ) ( ){ } ( ) ( )(0
lim lim lim 0 0t s s
y t s y t s sY s y→ →∞ →∞
= = −i i
L ) =
(4.48)
2 O significado destes parâmetros ficará esclarecido na sequência do texto.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
66
As secções que se seguem debruçam-se sobre cada uma das situações que se apresentam na
Tab.4.3.
4.3.1 Sistema subamortecido
Nesta situação os pólos são complexos conjugados dados por (4.49).
21/ 2 1 , 0n np jξω ω ξ ξ= − ± − ≤ < 1 (4.49)
A parte imaginária de p1/2 representa-se por 21d nω ω ξ= − e designa-se por frequência
das oscilações amortecidas.
Para uma entrada em degrau e tendo em conta (4.44), a transformada de Laplace da saída é
dada por (4.50).
( ) ( )2
22 2n
n n
Y ss s s
ωξω ω
=+ +
(4.50)
O denominador de (4.50) tem 3 raízes distintas: 0, p1 e p2. A expansão em fracções parciais
e inversão da transformada de Laplace permite determinar y(t).
( ) ( )2
2
2
11 sin 11
1
ntny t e t
arctg
ξω ω ξξ
ξξ
−= − − + Φ−
−Φ =
,
(4.51)
A observação de (4.51) permite concluir que a resposta y(t) é formada por duas
componentes, ambas dependentes do factor de amortecimento ξ e da frequência natural
não amortecida nω :
• Componente oscilatória: ( )sin dtω + Φ , atendendo a (4.49) { }1/ 2Imd pω = .
• Exponencial decrescente: nte ξω− , atendendo a (4.49) { }1/ 2Ren pξω− = .
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
67
Como resultado final, y(t) tem uma evolução sinusoidal amortecia razão pela qual o sistema
em estudo se chama subamortecido.
Observe-se agora o caso particular do limite inferior de ξ no âmbito do presente estudo
(4.49): 0ξ = . Nestas circunstâncias (ausência de amortecimento) a resposta (4.51) assume
a forma , ( )( ) 1 sin ny t tω= − + Φ2
0
1lim
2arctg
ξ
ξ πξ→
−Φ = = ; podendo finalmente
escrever-se como (4.52).
( ) ( )1 cos ny t tω= − (4.52)
Nesta altura, pode-se então atribuir significado a nω como sendo a frequência a que a
resposta y(t) oscilaria caso o amortecimento fosse reduzido a zero.
Repare-se que a hipótese de pólos complexos conjugados mantém-se, contudo, observando
(4.49) verifica-se que se localizam sobre o eixo imaginário3. O sistema é dito não
amortecido ou sinusoidal puro, podendo ser visto como uma degeneração do
comportamento subamortecido.
A caracterização da resposta ao degrau no caso limite acabado de estudar ( 0ξ = ) está
concluída com a expressão (4.52).
Segue-se a análise da resposta dada por (4.51), ] [0 1ξ ∈ , com recurso ao cálculo de
( )d y tdt
.
( ) ( ) (2
sin cos1
nt nd n d
d y t e t tdt
ξω ξω ω ω ωξ
−⎛ ⎞⎜= + Φ −⎜ −⎝ ⎠
)⎟+ Φ⎟
(4.53)
Os máximos e mínimos são dados pelos zeros da 1ª derivada, ou seja, anulando o 2º factor.
( ) ( ) ( )2
0 sin cos1
nd n d
d y t t tdt
0ξω ω ω ωξ
= ⇒ + Φ − + Φ =−
(4.54)
3 0ξ = ⇒ pólos imaginários puros.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
68
Resolvendo (4.54) tendo em conta que a função tg é periódica de período π conclui-se que
existe uma infinidade de soluções dadas por (4.55).
02,
1n
nt n Nπω ξ
=−
∈ (4.55)
A observação de (4.51) permite concluir que y(t) é contínua, a 1ª derivada tem uma
infinidade de zeros, logo apresenta uma alternância infinita de máximos e mínimos. ( )y t
Lembrando a aplicação dos teoremas dos valores inicial e final a esta situação (4.46) e
(4.47), reforçando com o facto da componente oscilatória de (4.51) ser ponderada por uma
exponencial decrescente, pode-se esboçar a resposta y(t) para a situação em estudo
Fig.4.11.
pT
dT
dT
y max
–y fin
al
sTTempo (s)
y (t)
( )2
11
nte ξω
ξ
−
+−
sup ty =
( )2inf 1
1
nt
t eyξω
ξ
−
−−
=
pT
dT
dT
dT
dT
y max
–y fin
aly m
ax–
y final
sTTempo (s)
y (t)
Tempo (s)
y (t)
( )2
11
nte ξω
ξ
−
+−
sup ty =
( )2inf 1
1
nt
t eyξω
ξ
−
−−
=
Fig.4.11 – Resposta ao degrau para sistema de 2ª ordem subamortecido.
O desempenho dos sistemas de 2ª ordem recorre a medidas que vão ser definidas a partir do
perfil da resposta que se esboça na Fig.4.11 e que vão ser definidas de seguida.
Sendo a sinusóide amortecida, compreende-se que o 1º máximo seja o máximo absoluto
apresentando-se a definição de tempo de pico.
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
69
Tempo de pico Tp: Tempo ao fim do qual se verifica o máximo absoluto4 da resposta.
Tendo em conta o perfil subamortecido da Fig.4.11 verifica-se que o máximo absoluto
corresponde ao 1º zero de fora da origem. Tendo em conta a expressão dos zeros,
(4.55), conclui-se que T
( )y ti
p é definido para n=0 estabelecendo-se (4.56).
21p
n
T πω ξ
=−
(4.56)
Embora y(t) não seja periódica, pode-se definir o período das oscilações amortecidas.
Período das oscilações amortecidas Td: Intervalo de tempo (constante) entre 2 máximos
(ou 2 mínimos) consecutivos.
Tendo em conta a conhecida relação entre o período T e a frequência ω , então, para as
oscilações amortecidas define-se (4.57).
2
21
d dd n
2π πω ω ξ
Τ = ⇒ Τ =−
(4.57)
A comparação de (4.57) com (4.56) permite concluir que 2dT Tp= , de facto, observando-se
a Fig.4.11 verifica-se que ocorre após metade do período das oscilações amortecidas. pT
O valor do máximo absoluto também serve para caracterizar a resposta do sistema,
permitindo definir a percentagem de sobreelevação.
Percentagem de sobreelevação S(%): Percentagem de elevação do máximo absoluto
relativamente ao valor final da resposta.
( ) max% 100 final
final
y yS
y−
= (4.58)
4 pico
João Miguel G. P. B. Lima Capítulo 4 ANÁLISE DE SISTEMAS – RESPOSTA NO TEMPO
70
Para o sistema em estudo ; 1finaly = ( )max py y T= , então, utilizando dado pela expressão
(4.56) na expressão de y(t) dada por (4.51), obtém-se
pT
( ) 211py T eξπ
ξ
−
−= + ; a percentagem de
sobreelevação é dada por (4.59).
( )21% 100S e
ξπ
ξ
−
−= (4.59)
Referências
[1] M. I. Ribeiro, Análise de Sistemas Lineares, IST Press.
[2] John J. D'Azzo e Constantine H. Houpis, Linear Control Systems Analysis and
Design, 3ª ed., McGraw-Hill, 1988.
[3] J. Martins de Carvalho, Dynamical Systems and Automatic Control, Prentice Hall,
1993.
[4] Richard C. Dorf and Robert H. Bishop, Modern Control Systems, 7ª ed., Addison
Wesley, 1995.
[5] Katsuhiko Ogata, Modern Control Engineering, 2ª ed., Prentice-Hall, 1990.
[6] Chi-Tsong Chen, Analog and Digital Control Systems Design: Transfer-function,
state-space and algebraic methods, Saunders College Publishing, 1993.
[7] Bahram Shahian, Control Systems Design using Matlab, Prentice-Hall, 1993.
[8] Duane C. Hanselman e Benjamin Kuo, Matlab Tools for Control Systems Analysis
and Design, Prentice-Hall, 1995.