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3ª Edição

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA

MINISTRO DE ESTADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

SECRETÁRIO-EXECUTIVO

SECRETÁRIO DE POLÍTICAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

SECRETÁRIO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

H

Luiz Inácio Lula da Silva

José Pimentel

Carlos Eduardo Gabas

elmut Schwarzer

Ricardo Pena

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PANORAMA

DA PREVIDÊNCIA

SOCIAL

BRASILEIRA

Ministério da Previdência Social — MPS

Brasília–DFNovembro/2008

3a Edição

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© Ministério da Previdência Social1a Edição — Março 20042a Edição — Novembro 20073a Edição — Novembro 2008

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada afonte.

Tiragem: 5.000 exemplares

Organização do texto

Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS)

Secretaria de Previdência Complementar (SPC)

Editoração eletrônica e distribuição

Assessoria de Comunicação Social (ACS)Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 8o andar.Tel.: (61) 3317-5109 / 3317-5449Fax: (61) 3322-3125CEP: 70059-900 — Brasília–DF

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca. Seção de Processos Técnicos — MTE

P195 Panorama da Previdência Social brasileira — 2. ed. — Brasília : MPS, SPS,

SPC, ACS, 2007.

80 p.

1. Previdência Social, Brasil. 2. Benefício previdenciários, Brasil. 3.

Reforma previdenciária, Brasil. I. Brasil. Ministério da Previdência Social

(MPS). II. Brasil. Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS). III.

Brasil. Secretaria de Previdência Complementar (SPC). IV. Brasil. Assessoria

de Comunicação Social (ACS).

CDD 341.675

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Sumário

Introdução ...................................................................... 5

I Antecedentes Históricos ............................................... 7

II Estrutura Atual ........................................................12

III A Reforma Recente ....................................................14

IV Aspectos Essenciais ....................................................18

V Regime Geral de Previdência Social — Destaquepara a Melhoria da Distribuição de Renda e naEstabilidade Social do País ...........................................27

VI Conceitos Importantes ................................................34

VII Os Benefícios Previdenciários ........................................37

VIII Regime Próprio de Previdência Social...............................44

IX Conselho Nacional de Previdência Social ...........................48

X O Fórum Nacional da Previdência Social ...........................51

XI A Dimensão Internacional da Previdência ..........................60

XII A Nova Previdência Complementar Fechada .......................65

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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Introdução

A Previdência Social vem aumentando seucomprometimento com o bem-estar das famílias dostrabalhadores brasileiros, repondo-lhes a renda eredistribuindo, sobretudo, para aquelas de menor renda ede difícil acesso aos bens elementares da vida. O seguro sociallhes proporciona amplo espectro de cobertura, que alcança,além das diversas modalidades de aposentadoria, desde osalário-maternidade, passando pelo auxílio-doença, até oauxílio-reclusão, abrandando-lhes todo tipo de adversidade.

E não somente nesse alcance direto sobre a vida dostrabalhadores atua a Previdência Social. Ela segueparticipando de forma intensa na economia da maioria dospequenos municípios brasileiros, a ponto de constituirimportante fonte de recursos nessas localidades, contribuindopara o indispensável equilíbrio social, mediante a prestaçãodos benefícios previdenciários. Portanto, caracteriza aPrevidência Social a conjugação de sua função de proteçãosocial, que lhe é específica, com seu papel de redistribuiçãosocial e regional dos recursos econômicos — vale dizer, namelhor distribuição da renda.

Além dos Regimes Geral e Próprio, desponta um terceiroinstrumento de real valor na estrutura do seguro social noBrasil, que é a Previdência Complementar. Em adição àPrevidência básica, ela amplia verticalmente a cobertura dosistema, operando na melhoria da aposentadoria dostrabalhadores de maior renda e, ainda, como formaorganizada e bem direcionada de poupança de longo prazo.

Um pouco de tudo isso está apresentado, com descriçãotécnica e fundamentação de dados, neste Panorama da

Previdência Social Brasileira.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

Em todo o Mundo, afirmam-se crescentemente osvalores maiores da cidadania e dos direitos humanos, comoforma de alcançar uma paz duradoura e o equilíbrio social.Não é diferente aqui no Brasil, onde esses ideais constituemum anseio de toda a sociedade.

No clima saudável da democracia de que estamosdesfrutando no Brasil, a Previdência Social tem amplohorizonte para prosperar na superação dos desafios que seapresentam: o aumento da filiação de novos segurados,pressuposto elementar na extensão da cobertura do segurosocial a milhares de famílias brasileiras dele desamparadas,e para o maior equilíbrio financeiro e atuarial de todo osistema; o combate incessante, sem tréguas, às fraudes e àsonegação e, por fim, não menos importante, a adoção deuma política administrativa voltada para a modernização edinamização do atendimento ao segurado, numa frente detrabalho que se pretende sem precedentes na longa históriada Previdência Social brasileira.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

I

Antecedentes

Históricos

No ano de 1821, um decreto do PríncipeRegente Pedro de Alcântara tornou-se oprimeiro texto legal que registrou o temaPrevidência Social no Brasil. Anteriormente,temos conhecimento apenas de um plano deproteção dos oficiais da Marinha (1793), queconcedia pensão às suas viúvas e aos filhosdependentes. Nos primórdios da Previdência,conhecemos o MONGERAL, que era umprograma de amparo aos funcionários doMinistério da Economia.

A origem da Previdência brasileira comoa concebemos hoje foi, porém, em 1923 coma Lei Eloy Chaves, que previa a criação deuma Caixa de Aposentadorias e Pensões paracada empresa de estrada de ferro e comabrangência a todos os seus empregados. Apartir desta Lei, a proteção social no Brasilpassou a contar com uma instituição queoferecia pensão, aposentadoria, assistênciamédica e auxílio farmacêutico. Ainda hoje,a pensão e a aposentadoria são benefíciosindispensáveis para que se caracterize umainstituição previdenciária. Até o ano de 1923,as instituições concediam apenas um ou outrobenefício.

Na década de 30, o sistema previden-ciário reestruturou-se, mantendo as basescorporativas, de modo a responder aodinamismo político-econônimo do início doprocesso de industrialização brasileiro.Paralelamente às Caixas, proliferaram osInstitutos de Aposentadoria e Pensões,

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Panorama da Previdência Social Brasileira

restritos aos trabalhadores urbanos: Instituto deAposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), em 1933,Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC),em 1933, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários(IAPB), em 1934, Instituto de Aposentadoria e Pensões dosIndustriários (IAPI), em 1936, Instituto de Previdência eAssistência dos Servidores do Estado (IPASE), em 1938.

Os institutos, porém, tinham uma característica bemmarcante: a desigualdade, pois cada um deles possuía umaestrutura específica de benefícios e contribuições, o quecriava uma grande disparidade entre os níveis qualitativos equantitativos de proteção social.

Nos anos 30, a relação entre Estado e classe operáriafoi organizada, mediante a interligação de três sistemas:sindicato, Justiça do Trabalho e política previdenciária. Apolítica adotada contribuiu para que a coberturaprevidenciária aumentasse enormemente. Ao final da décadade 40, tínhamos dez vezes mais segurados do que em 1934.

Na década de 40, foi autorizada a organização definitivae o funcionamento da Legião Brasileira de Assistência (LBA)— 28 de agosto de 1942. Sua principal função era a proteçãoà maternidade e à infância, o amparo aos velhos e desvalidose a assistência médica às pessoas necessitadas. No períododa II Guerra Mundial, a LBA apoiou os soldados brasileirosmediante diferentes campanhas.

Na década subseqüente, os recursos da PrevidênciaSocial, por intermédio dos Institutos, foram utilizados naconstrução da nova Capital da República, e seus recursosfinanciaram uma construção rápida e sem maiores ônus parao Tesouro. O financiamento da construção de Brasília foi,provavelmente, o maior investimento imobiliário dosInstitutos durante toda sua existência. Embora para o país a

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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construção de Brasília tenha sido um avanço histórico, atéhoje há críticas relativas ao uso de recursos previdenciáriosnessa tarefa, sem a garantia da remuneração necessária.

No ano de 1960, a Lei Orgânica da Previdência Social(Lei no 3.807, de 26 de agosto de 1960) unificou a legislaçãoaplicável aos Institutos. A unificação da gestão, no entanto,demoraria mais alguns anos e seria implantada com a criaçãodo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), em 1966.

Com a Lei no 6.439, de 1o de setembro de 1977, surgiuo Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, coma difícil missão de integrar as seguintes funções: concessãoe manutenção de benefícios, prestação de serviços, custeiode atividades e programas, gestão administrativa, financeirae patrimonial da Previdência e da Assistência Social. Para ocumprimento dessa missão, foram criados o Instituto Nacionalde Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), InstitutoNacional de Previdência Social (INPS), Instituto deAdministração Financeira da Previdência e Assistência Social(IAPAS), Central de Medicamentos (CEME), Empresa deProcessamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV),Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) eFundação Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Em julho de 1970 foi criado o Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária (INCRA), que mais tardepassaria a emitir os documentos necessários à obtenção doamparo previdenciário pelo trabalhador rural. Em 1971 foicriado o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural(FUNRURAL) (Lei Complementar no 11, de 25 de maio de1971), que concedia ao trabalhador rural os benefíciosde aposentadorias por velhice e invalidez, pensão por morte,auxílio-funeral, serviços de saúde e serviço social.A aposentadoria correspondia, então, a 50% do salário

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Panorama da Previdência Social Brasileira

mínimo. A Previdência Rural, que se originava nestemomento, inovou ao romper com os conceitos bismarckianos,inspiradores da Previdência brasileira desde a Lei Eloy Chaves.

Nos anos 80, A Constituição Cidadã implantou um novoconceito no Brasil, o de Seguridade Social. Em seu capítuloda ordem social, a Constituição estabeleceu que a seguridadeé composta por três segmentos básicos: Previdência Social,Saúde e Assistência Social. Os seguintes princípios passarama guiar o poder público: universalidade da cobertura e doatendimento, segundo os quais todos os cidadãos têm acessoà proteção social; uniformidade e equivalência dos benefíciose serviços às populações rurais, mediante as quais otrabalhador rural passa a integrar o conjunto dos cidadãos,principalmente no âmbito previdenciário; seletividade edistributividade na prestação dos benefícios e serviços, pelasquais as necessidades individuais determinam os benefíciosou serviços que devem ser concedidos; irredutibilidade dovalor dos benefícios; equidade na forma de participação nocusteio; diversidade da base de financiamento — as contri-buições devem incidir sobre múltiplos setores da economiae da produção, e ainda sobre os salários; caráter democráticoe descentralizado da administração.

Nos anos 90, o Ministério da Previdência e AssistênciaSocial passou por uma alteração estrutural. No inicio dadécada foram extintos os antigos INPS e IAPAS, que deramlugar ao atual Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),consolidando a Previdência com foco na prestação debenefícios monetários e dos serviços a eles associados. Nessemomento também foi extinto o INAMPS, que prestava aassistência médica previdenciária, sendo transferidas suaestrutura e suas tarefas para o Sistema Único de Saúde (SUS),cuja gestão é dos estados e municípios e financiado combase em impostos.

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Mais recentemente, o INSS foi estruturado em 100gerências executivas, que cobrem todo o território e sãoresponsáveis pelo pagamento dos benefícios aos segurados.A arrecadação previdenciária foi incorporada ao sistema dearrecadação tributária em busca de maior eficiência e escalaem 2007.

No Brasil, o Sistema Previdenciário dos servidorespúblicos encontrava-se profundamente desequilibrado, emfunção de regras inadequadas de acesso à aposentadoria ede seus cálculos. Com base nesse desequilíbrio, o atualgoverno propôs e aprovou a reforma do Regime Próprio dosServidores Públicos, por meio da Emenda Constitucionalno 41/2003.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

II

Estrutura

Atual

Em decorrência dessa evoluçãohistórica, em nosso País existem hoje trêsgrandes regimes previdenciários: o RegimeGeral, administrado pelo Instituto Nacionaldo Seguro Social, os Regimes Próprios dosServidores Públicos e Militares, bem como aPrevidência Complementar.

Uma análise rápida da estrutura dossistemas de benefícios previdenciáriosbrasileiros apresenta os seguintes conceitos:

a) o Regime Geral de Previdência Social,gerenciado pelo INSS, é compulsório e,atualmente com teto de R$ 3.038,99,atende ao setor privado. Empre-gadores, empregados assalariados,domésticos, autônomos e trabalha-dores rurais, são contribuintes dosistema. As aposentadorias por idadesão concedidas aos homens com65 anos e às mulheres com 60 anos naárea urbana, e aos homens com 60 anose mulheres com 55 anos na área rural.Aposentadoria por tempo de contri-buição aos 35 anos para homens e 30para as mulheres. A administração dosistema é publica;

b) o Regime de Previdência dos ServidoresPúblicos é compulsório, com teto esubtetos definidos pela EmendaConstitucional no 41/2003. Excluem-sedeste grupo os empregados dasempresas públicas, os agentespolíticos, servidores temporários e

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detentores de cargos de confiança, todos filiadosobrigatórios do Regime Geral. A aposentadoriacompulsória é concedida aos 70 anos para homens emulheres e a aposentadoria por tempo de contribuiçãoaos 35 anos para homens e 30 anos para mulheres. Osservidores que ingressaram desde 15/12/1998 estãosujeitos à idade mínima de aposentadoria de 60 anospara homens e 55 para mulheres. A administração doSistema é pública; e

c) a Previdência Complementar (PC) é voluntária e suaadministração é privada. A PC possui arranjos variados,destacando-se os fundos patrocinados por empre-gadores e a previdência complementar associativa, econstitui-se num complemento ao benefício doRGPS/INSS.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

III

A Reforma

Recente

O Regime Geral e o Regime dosServidores Públicos são autônomos,paralelos, com orçamentos separados elegislação específica para cada um deles.A Previdência Complementar pode atendera qualquer desses Regimes.

O foco da proposta de Reforma daPrevidência Social Brasileira, apresentada noinício do ano de 2003 e promulgada emdezembro do mesmo ano, foi a Previdênciados Servidores Federais, Estaduais eMunicipais. As motivações do processo dereforma foram:

1. estabelecer mais eqüidade social,reduzindo a distância de regras doRegime Próprio com o Regime Geral ecriando uma convergência de longoprazo;

2. estabelecer maior sustentabilidade nolongo prazo;

3. ajustar o Regime Próprio às transfor-mações demográficas e aos desejos dasociedade por mais solidariedade nosregimes, embora autônomos entre si;

No início de 2003, os trabalhadores doRegime Próprio de Previdência Social (RPPS)e do Regime Geral de Previdência Social(RGPS) possuíam um tratamento diferen-ciado. Exemplos da diferenciação são:

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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A concepção da Reforma da Previdência de 2003 temcomo fundamentos respeitar os direitos adquiridos, atribuirconceituação previdenciária ao Regime Próprio e reverter oquadro de comprometimento do orçamento provocado pelosdesequilíbrios existentes. A atual geração de aposentados,pensionistas e ativos terá respeitados os direitos adquiridose regras de transição serão aplicadas aos que não possuemexpectativa de direito, mas não direito adquirido. As futurasgerações, que são os ingressantes a partir da reforma, terãoum novo sistema, com regras convergentes com o RegimeGeral de Previdência Social.

Os principais pontos da reforma da Previdência Socialbrasileira são as seguintes:

� idade de referência para os atuais servidores sobe de53/48 (H/M) para 60/55 (H/M), incluindo-se regras quedesestimulam a aposentadoria precoce;

RPPS RGPS

Sem teto de contribuição ebenefícios

Idade mínima: 53/48(transição) e 60/55

(permanente)

Cálculo da aposentadoria portempo de contribuição:

último salário

Paridade como regra dereajuste

Alíquotas de contribuiçãodesalinhadas até 2003

Com teto de contribuição ebenefícios

Sem idade mínima

Cálculo da aposentadoria portempo de contribuição:

média e fator previdenciário

Reposição da inflação comoregra de reajuste

Contribuição patronal de 20%e do empregado de 8 a 11%

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Panorama da Previdência Social Brasileira

� nova regra permanente de cálculo de aposentadoria epensões, alinhada com a regra do Regime Geral;

� teto do RGPS também para futuros servidores públicos,desde que esteja constituída a sua previdênciacomplementar;

� contribuição solidária de aposentados e pensionistas àestabilidade do RPPS;

� aplicação de teto remuneratório geral (federal,estadual, municipal), coibindo benefícios abusivos;

� indexação de aposentadorias e pensões à inflação/fimda paridade para novos beneficiários (exceto casosprevistos nas regras de transição);

� incentivos à permanência em atividade dos quecompletam os requisitos para aposentadoria;

� elevação real do teto do RGPS de R$ 1.869,34 paraR$ 2.400,00.

Na reforma brasileira, quem já é aposentado oucompletou as condições pelas regras atuais para acesso aesse benefício tem direito adquirido. Quem ingressou noserviço público até a EC no 20, ainda pode obter aposentadoriaintegral apenas se completa idade 60/55 (H/M), + 35/30 anosde contribuição (H/M) + 20 anos de serviço público, 10 anosde carreira e 5 anos no cargo. Na EC no 47 acrescentou-se aregra de transição permitindo aposentadoria “integral” paraquem, na soma de idade e tempo de contribuição, possui 95anos (homens) ou 85 anos (mulheres). Quem ingressou noserviço público antes de dezembro de 98, pode aindaaposentar-se antes da idade 60/55 ao completar as regrasda EC no 20, mas sofre desconto de 5% do valor daaposentadoria por ano de antecipação.

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Destacam-se para os estados e municípios os seguintespontos:

� aplicação do teto remuneratório geral e subtetorespectivamente;

� obrigatoriedade de alíquota mínima de contribuiçãoigual à da União (11% para o servidor);

� unificação dos Órgãos Gestores dos RPPS nos entesfederados;

� consolidação da contribuição do órgão público enquantoempregador.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

IV

Aspectos

Essenciais

A Proteção Social no Brasil tem comocaracterística a gestão pública e quadripartite(governo, trabalhadores, empregadores eaposentados/pensionistas), com financiamentovia regime de repartição e solidariedade intere intrageracional, sendo que o modelobrasileiro no contexto latino-americano podeser resumido conforme segue:

Pilar 1 — Previdência Social Básica

Público, forte, quadripartite, repartição,financiamento misto, com solidarie-dade e inclusão.

Pilar 2 — Previdência Complementar

Privado/público, voluntário, capitalização,estreitamento entre contribuição ebenefício.

Pilar 3

Regimes Próprios dos ServidoresPúblicos e dos Militares, obrigatório,repartição, administrados pelosrespectivos entes federados.

Pilar 4

Outras formas de poupança pessoalvoluntária em complemento.

Pilar 5 — Assistência Social

Para idosos e portadores de deficiênciasob linha da pobreza.

A Previdência Social Brasileira, nos seusdiversos regimes (Geral, Próprio eComplementar) foi objeto de duas reformasconstitucionais nos últimos 10 anos: a

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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Emenda Constitucional no 20, de 1998, e a EmendaConstitucional no 41, de 2003. Ambas as emendas trouxeramgrandes alterações do marco jurídico geral, necessitando,para sua implementação, de regulamentação por meio deleis complementares e ordinárias, bem como resoluções dosConselhos de Gestão de cada regime.

Os principais pontos a destacar, já regulamentados,faltando ainda a instituição da Previdência Complementarpara o funcionalismo público, são:

a) a aplicação do teto remuneratório federal e dos subtetosestaduais e municipais, que é condição essencial para acompatibilização do gasto público nessa área;

b) a nova fórmula de cálculo das aposentadorias, que ésemelhante à do Regime Geral de Previdência Social(80% dos maiores salários de contribuição, consideradosa partir da competência Jul/94), tem por objetivo fazera convergência de regras entre os dois regimes básicosde previdência existentes no Brasil;

c) a instituição da contribuição dos inativos e pensionistasdos governos federal, estadual e municipal, queconstitui uma forma de redistribuir, de maneira maiseqüitativa, o custo de ajuste dos regimes próprios entreas gerações participantes;

d) a introdução de um novo marco regulatório para agestão dos regimes próprios de previdência dofuncionalismo. Esse novo marco é necessário porque aEmenda no 41 determinou a unificação dos órgãosgestores em cada ente federado, contemplandotambém a maior transparência da contabilidade doregime, com a introdução de um plano de contasespecífico para regimes previdenciários, maioreficiência no investimento de recursos conforme a

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Panorama da Previdência Social Brasileira

Resolução no 3.506/2007 do Conselho MonetárioNacional, que estabelece as regras de investimento deativos. Há, ainda, a necessidade, do desenvolvimentode melhores instrumentos de fiscalização emonitoramento dos regimes próprios.

Por ocasião da Emenda Constitucional no 41, em 2003,não foram tratadas de forma suficiente as questões relativasao regime de previdência dos militares federais. Embora oregime de previdência dos militares já tenha sido submetidoa uma reforma parcial em 2000, e o governo do PresidenteLula reconheça algumas particularidades das Forças Armadas,há a necessidade de monitoramento da sua evolução eproposição de medidas para seu aperfeiçoamento.

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social, osdesafios mais imediatos estão colocados em três eixos: (a) aproposta do atual governo de programar uma desoneraçãoda folha salarial, diminuindo o custo da mão-de-obra formal;(b) o redesenho do Seguro de Acidentes do Trabalho eaperfeiçoamentos da política de saúde e segurança dotrabalhador; (c) uma política de expansão de coberturaprevidenciária.

(a) Desoneração da Folha Salarial

No âmbito da Emenda Constitucional no 42/2003,conhecida por Reforma Tributária, há a previsão dapossibilidade de substituição parcial ou, em um cenárioextremo, rejeitado pela Previdência, integral da folha salarialenquanto base de incidência da alíquota patronal por outrabase. Esta base seria a receita ou o faturamento dasempresas, sem cumulatividade de impactos, com o que seestabeleceria uma nova base de cálculo da contribuiçãopatronal, próxima do conceito moderno de valor agregado.Sabe-se que há vantagens e riscos na desoneração da folha,

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que é atualmente a principal fonte de financiamento doRegime Geral de Previdência Social. De um lado, há anecessidade de garantir que a nova contribuição assegureum fluxo de financiamento suficiente e permanente àPrevidência e que seja desenhada uma fase de transição entrea atual forma de financiar e a nova, para evitar que algunssegmentos econômicos sejam impactados adversamente. Pelooutro lado, a nova base, além de diminuir o custo deformalizar a mão-de-obra, pode representar uma maiorestabilidade para o financiamento previdenciário no longoprazo, pois o valor agregado tem crescido mais rapidamenteque a massa salarial em função do aumento da produtividade.Adicionalmente, a diversificação das fontes de financiamentoda Previdência Social, sempre em um cenário de desoneraçãoparcial da folha, engendrará uma redistribuição da carga definanciamento previdenciário entre os setores econômicos,reconvocando aqueles segmentos que, apesar de obteremum aumento de sua participação na riqueza produzida,diminuíram sua participação no emprego gerado ao longodas últimas décadas.

O encaminhamento da PEC 233/2008 ao CongressoNacional, retomando temas que não puderam ser abordadosna EC no 42/2003, atualizou este debate, ao abrir a perspectivade criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) no Brasil.

(b) Saúde e Segurança do Trabalhador

No sentido de dar mais qualidade de vida aos seguradose atuar de forma integrada no contexto de seguridade socialé que foi criada em agosto de 2007 a Diretoria de Políticasde Saúde e Segurança Ocupacional na Secretaria de Políticasde Previdência Social do Ministério da Previdência. EssaDiretoria tem por finalidade fortalecer a cultura de prevençãode acidentes e doenças do trabalho a fim de difundir entreos segurados a necessidade de termos ambientes de trabalho

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Panorama da Previdência Social Brasileira

seguros. Na medida em que há uma maior permanência nomercado de trabalho, ela deve se efetivar com condições detrabalho seguras. Para isso estão sendo adotadas diversaspolíticas para o avanço da prevenção contra acidentes edoenças do trabalho. Desenvolve-se uma ação tripartite como Ministério da Saúde e do Trabalho, com a participação deempregadores e trabalhadores, na Comissão Tripartite deSaúde e Segurança do Trabalho, definindo políticas e açõespreventivas nos ambientes de maior mortalidade, invalideze doenças do trabalho.

A Comissão Tripartite, criada em 2008, atuará para aefetivação da Convenção 187 da OIT, com 4 objetivos:1o Reforçar a cultura nacional de prevenção de acidentes edoenças do trabalho; 2o Estabelecer uma ação tripartite ereforçar o diálogo social; 3o Criar um Sistema Nacional deSaúde e Segurança do Trabalho; 4o Estabelecer um Plano ePolítica Nacional de Saúde e Segurança do Trabalho.

Também está em curso o aperfeiçoamento da cobrançado Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), com aimplementação da cobrança por empresa do novo FatorAcidentário de Prevenção. Pretende-se, através do sistema“bônus” X “malus” cobrar daquelas que provocam acidentestaxas maiores e diminuir as taxas acidentárias para aquelasque investem em prevenção. Sabe-se que, historicamente,o foco do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) — bem comoda política de saúde e segurança do trabalhador e daaposentadoria por invalidez — tem sido muito pouco voltadopara a prevenção e reabilitação e bastante centrado nareparação do dano à conta da Previdência Social. Em funçãodeste viés indenizatório, o custo humano, financeiro e socialda passividade da Previdência nessa área tem sido enorme,o que o Brasil está procurando inverter na políticaprevidenciária.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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Criou-se, também, para combater a subnotificação econhecer melhor a realidade dos acidentes e doenças noBrasil, o Nexo Técnico Epidemiológico. Além das doençasprofissionais em listas aprovadas por decreto regulamentador,há essa nova relação que se estabelece mediante a grandeincidência estatística, ou epidêmica, de determinadasdoenças relacionadas com as diversas atividades econômicas.Essa caracterização, também relacionada em decreto poratividade econômica, é feita pela própria perícia do INSS.

Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e odano à saúde quando se verificar Nexo TécnicoEpidemiológico entre a atividade da empresa e a causa daincapacidade, com base na Classificação Internacional deDoenças (CID).

No primeiro ano (abril de 2007 a março de 2008) deimplantação do Nexo Técnico Epidemiológico tivemos umcrescimento de 137% de notificações acidentárias comparadascom os 12 meses precedentes, quando somente aComunicação Acidentária feita pelo empregador era válida.Isso possibilita combater a subnotificação e desenhar umapolítica mais eficaz, conhecendo melhor os setores onde háendemias e doenças relacionadas ao trabalho. Com isso asempresas, a Previdência e os trabalhadores conseguem exigirde forma mais eficiente o cumprimento da legislação paraeliminação dos riscos profissionais.

Outra política importante irradiadora de melhoria dosambientes laborais é a revitalização da reabilitaçãoprofissional, área no qual o Brasil já foi referência inter-nacional. Neste aspecto estão sendo buscadas integraçõesno âmbito dos Ministérios da Saúde e do Trabalho para darum impulso mais vigoroso nesta ação. Recordamos que apermanência em benefício previdenciário do segurado, semque se processem melhorias no ambiente laboral e novas

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Panorama da Previdência Social Brasileira

oportunidades de qualificação profissional induz os seguradosa permanecerem em benefício.

Houve um destaque importante deste tema no FórumNacional de Previdência Social que ocorreu no ano de 2007.Todos os atores sociais, discutindo a sustentabilidade daprevidência, consideraram primordial a Previdênciadedicar-se à prevenção acidentária para garantir melhorqualidade de vida aos segurados, com a conseqüentediminuição dos custos acidentários decorrentes do númerode acidentes, doenças, invalidez e mortes no trabalho.

(c) Inclusão Previdenciária

Assim como nos demais países da América Latina, aPrevidência brasileira, nascida em 1923, baseia-se noprincípio geral bismarckiano da contribuição para o acesso aum benefício. Embora esse conceito central tenha sidocomplementado por diversos programas com relaçãocontributiva diferenciada (caso da Previdência Rural) oumesmo de características assistenciais (caso da Renda MensalVitalícia e do Benefício de Prestação Continuada), ainda hojeo acesso fundamental ao sistema previdenciário brasileiropassa pela relação contributiva. Estima-se que existiam, em2007, cerca de 28,7 milhões de pessoas sem vínculocontributivo com a Previdência Social. Embora a AssistênciaSocial cubra uma parcela dessa população, trata-se de umenorme passivo social e que exige, portanto, uma políticade inclusão social e expansão de cobertura previdenciária.

O Ministério da Previdência Social calcula que, dos 28,7milhões de trabalhadores, 15,7 milhões poderiam sercontribuintes da Previdência, por terem renda, posição nomercado de trabalho e idade adequados. Os motivos para anão participação desses trabalhadores são variados e podemestar na falta de informação e conscientização sobre a

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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importância da proteção previdenciária, na necessidade deaumento da fiscalização sobre o segmento econômico ou naexistência de barreiras à inclusão, dadas a particularidadesde cada grupo de não-contribuintes.

Para aumentar o grau de cobertura da PrevidênciaSocial, o Brasil está apostando em um conjunto de medidas,algumas concretizadas e outras ainda em processo deconstrução — a exemplo da já mencionada proposta dedesoneração da folha salarial. Dentre as medidas que deverãocontribuir para a ampliação da inclusão social, vale destacar:

— a redução de alíquotas para contribuintesindividuais: as Emendas Constitucionais nos 41 e 47previram a criação de um regime especial deinclusão social para pessoas de baixa renda,consubstanciado na Lei Complementar no 123, de14 de dezembro de 2006, que instituiu, a partir deabril de 2007, o Plano Simplificado de PrevidênciaSocial, reduzindo de 20% para 11% a alíquota decontribuição para contribuintes individuais queprestam serviços para pessoas físicas e contribuintesfacultativos (donas-de-casa; estudantes; síndicos decondomínio não remunerados; desempregados;presidiários não remunerados e estudantesbolsistas). O plano prevê acesso a todos osbenefícios do RGPS, com exceção da aposentadoriapor tempo de contribuição e o salário-de-contribuição está limitado a 1 (um) salário mínimo;

— a instituição de incentivos à incorporação deempregados domésticos à previdência: a Lei no

8.212/1991 instituiu a contribuição previdenciáriados empregadores domésticos em 12%, enquanto aalíquota padrão para os empregadores é de 20%. ALei no 11.324/2006 permite que o empregador

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26

Panorama da Previdência Social Brasileira

doméstico deduza as contribuições pagas àPrevidência Social do Imposto de Renda da pessoafísica, desde o ano de 2006 até o exercício de 2012,ano calendário de 2011. A dedução é limitada a umempregado doméstico por declaração, inclusive nocaso de declaração em conjunto, e deve ser igualao valor da contribuição patronal calculada sobreo salário mínimo;

— a implementação de ações, a partir de estudostécnicos já em andamento, que visem estimular aextensão da cobertura previdenciária voltadas paraquestões de gênero (mulher) e raça (promoção daigualdade de direito entre as raças), que estãoparticularmente afetadas pela informalidade e pelavinculação instável à Previdência;

— a consolidação e atualização conceitual daprevidência rural, garantindo estabilidade jurídicaà proteção social no campo: a Lei no 11.718/2008,cujo teor foi negociado com os segmentosrepresentativos dos trabalhadores rurais, dispõesobre a identificação, inscrição e contribuição dosegurado especial, com o objetivo de simplificar agarantia dos seus direitos previdenciários comsegurança e qualidade. Concretamente, a Lei buscapromover a inscrição do segurado especial de formaa vinculá-lo ao respectivo grupo familiar, aumen-tando assim a consistência dos registros para finsprevidenciários. Ao mesmo tempo, foram ampliadosos meios pelos quais o segurado poderá comprovaro exercício da atividade rural, facilitando o processona ocasião em que for pleitear o benefício. Alémdisso, a Lei removeu diversos obstáculos existentesà formalização de relações de trabalho rurais,envolvendo produtores pessoas físicas.

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27

Panorama da Previdência Social Brasileira

V

Regime Geral

de

Previdência

Social —

Destaque

para a

Melhoria da

Distribuição

de Renda e

na

Estabilidade

Social do

País

O Regime Geral de Previdência Social(RGPS) é o regime de previdência que protegea maior parte dos trabalhadores do País.O RGPS cobre os trabalhadores assalariadosurbanos, autônomos, domésticos e rurais, ouseja, é a previdência dos trabalhadores dainiciativa privada e dos funcionários públicosceletistas. Atualmente, são quase 36,4milhões de contribuintes1. O Regime Geralé, sem dúvida, um dos mecanismos maisefetivos de proteção social no Brasil,beneficiando direta e indireta-mente parcelasignificativa da população brasileira.

Podemos melhor perceber a proteçãosocial, considerando o número de seguradosdo RGPS em relação ao total de trabalhadoresocupados. Em 2007, segundo a PesquisaNacional por Amostra de Domicílios (PNAD),cerca de 65,1% da população ocupada nosetor privado do País era protegida (nacondição de contribuintes e/ou beneficiários)pelo Regime Geral de Previdência Social. Esteindicador de cobertura da populaçãoocupada, em declínio na década de 1990,tem dado sinais fortes de recuperação nosúltimos anos (Gráfico 1). Essa recuperaçãotem contribuído para aumentar o impactoda Previdência Social como mecanismo deproteção social.

1 Fonte: A EPS/MPS 2007.

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28

Panorama da Previdência Social Brasileira

Um dos principais impactos sociais do RGPS é a reduçãoda pobreza no País. Em 2007, 56,87 milhões de pessoas emsituação de pobreza considerando rendas de todas as fontes,número que chegou a 79,10 milhões quando excluídos todosos rendimentos oriundos da Previdência Social. Isso significaque as transferências previdenciárias foram responsáveis pelaretirada de aproximadamente 22,23 milhões de pessoas, detodas as faixas etárias, da condição de pobreza2. O Gráfico 2,a seguir, sugere inclusive que a expansão da cobertura socialnos últimos anos tem intensificado este efeito.

GRÁFICO 1 — Evolução da Proteção Social para o Totalde Ocupados com idade entre 16 e 59 anos (1992-2007)

66,4

65,2

64,5

63,8 63,8

63,4

62,8

62,3

61,7

62,5 62,6

63,4

64,0

65,1

59,0

60,0

61,0

62,0

63,0

64,0

65,0

66,0

67,0

1.992 1.993 1.995 1.996 1.997 1.998 1.999 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007

Fonte: PNAD/IBGE — Elaboração: SPS/MPS.Obs.: Exclusive área rural da Região Norte (salvo Tocantins).

2 A estimativa deste impacto foi elaborada tomando-se em conta a

quantidade de pessoas com renda domiciliar per capita abaixo de meiosalário mínimo – valor definido para a “linha de pobreza”, conforme seinclui ou exclui a renda previdenciária. Supondo que tudo mais permaneçaconstante, ou seja, considerando que todas as demais variáveis queinterferem no nível de pobreza não sofram alterações e descartandopossíveis impactos das transferências previdenciárias nas decisões dosindivíduos beneficiados direta ou indiretamente.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

29

Como esperado, o impacto das transferênciasprevidenciárias sobre a pobreza se concentra na populaçãoidosa (Gráfico 3), tendo em vista o foco da Previdência Socialna garantia de renda para o trabalhador ao final de sua vidaeconomicamente ativa. Em que pese este maior peso da rendaprevidenciária para aqueles com idade superior aos 55 anos— idade a partir da qual nota-se uma significativa expansãoda diferença entre o percentual de pobres com e sem astransferências previdenciárias, a expansão da coberturaprevidenciária produz efeitos positivos em todas as faixasetárias, beneficiando indiretamente outros grupospopulacionais.

GRÁFICO 2 — Percentual de Pobres (½ Salário Mínimoa preços de set/2007) Inclusive e ExclusiveTransferências Previdenciárias (1992-2007)

30,3%

33,5%

53,1%53,1%

37,8%

40,5%

42,7%41,8%42,2%

42,7%42,1%41,8%42,1%42,2%

42,4%

45,4%

59,9%60,3%

49,9%49,7% 49,8%

51,2% 52,2% 52,0%52,0%

53,8%

51,6%

49,5%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0%

55,0%

60,0%

65,0%

70,0%

1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Com Transferências Previdenciárias Sem Transferências Previdenciárias

Fonte: PNAD/IBGE – Elaboração: SPS/MPS.Obs.: Exclusive área rural da Região Norte (salvo Tocantins).

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30

Panorama da Previdência Social Brasileira

O papel social desse regime também envolve a melhoriada distribuição de renda e o fomento ao desenvolvimentoeconômico, principalmente na zona rural. Para que se tenhauma noção da dimensão desse papel, a transferência de rendaprevidenciária é maior que o repasse do Fundo de Participaçãodos Municípios (FPM) em 63,7% dos municípios do país.3

O Regime Geral é de repartição simples e de carátercontributivo, que garante cobertura em caso de: incapacidadepara o trabalho, idade avançada, tempo de contribuição eparto/adoção, além de prisão ou morte do segurado. Acontribuição para esse regime é obrigatória. Ele tem caráter

Gráfico 3 — Percentual de Pessoas com menos de ½salário mínimo de renda domiciliar per capita noBrasil por idade considerando e não considerando arenda previdenciária — 2007

Fonte: PNAD/IBGE — 2007.Elaboração: SPS/MPS.

3 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional, Ministério da Fazenda; INSS/MPS.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

31

nacional e público e os benefícios têm valores máximo emínimo definidos. É também garantida a reabilitaçãoprofissional dos segurados que ficam parcial ou totalmenteincapacitados para o trabalho.

O cálculo básico para a aposentadoria no Regime Geralutiliza a média das bases de contribuição do segurado.A aposentadoria por idade ocorre aos 65 anos (homens) e 60(mulheres). Ao contrário do Regime Próprio de Previdênciados Servidores, não é exigida idade mínima paraaposentadoria por tempo de contribuição no RGPS. O reajustedos benefícios desse regime é feito com base no ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Conforme a Constituição de 1988, a Seguridade Social,da qual faz parte o RGPS, é financiada por toda a sociedade,de forma direta e indireta, mediante recursos provenientesda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,e das seguintes contribuições sociais:

i) da empresa e da entidade a ela equiparada sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalhopagos ou creditados a prestadores de serviço;

b) a receita ou faturamento;

c) o lucro.

ii) do trabalhador e demais segurados da PrevidênciaSocial.

Os segurados se dividem nas seguintes categorias:

a) empregados;

b) empregados domésticos;

c) trabalhadores avulsos;

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32

Panorama da Previdência Social Brasileira

d) contribuintes individuais (autônomos, empresáriosetc.);

e) especiais (trabalhadores rurais em regime deeconomia familiar);

f) facultativos, como estudantes maiores de 16 anose donas-de-casa, dentre outros.

A política voltada ao Regime Geral de Previdência Socialé formulada pelo Ministério da Previdência Social, sendo oInstituto Nacional do Seguro Social (INSS) o órgão responsávelpela gestão.

Em 1998, a Previdência Social brasileira passou por umaampla reforma, com objetivo de gerar o indispensávelequilíbrio financeiro e atuarial do sistema, atingindo,principalmente, a aposentadoria baseada exclusivamente notempo de contribuição. No que se refere ao RGPS, a principalalteração foi a desconstitucionalização da fórmula de cálculoda aposentadoria.

Em 1999, a Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999,alterou as regras de cálculo do valor do benefício.Aumentou-se o período básico para o cálculo, quecorresponde aos 80% melhores salários-de-contribuição desdejulho de 1994, e criou-se o “Fator Previdenciário”. Essemecanismo visa equilibrar o tempo e o valor das contribuiçõese o tempo e o valor de recebimento da aposentadoria. Ofator é aplicado às aposentadorias por tempo de contribuição,obrigatoriamente. Sua fórmula contém expectativa de vida,tempo de contribuição e idade do segurado no momento daaposentadoria, podendo reduzir ou aumentar o valor dobenefício à medida que o segurado antecipe ou não suaaposentadoria.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

33

Em 2003, a Previdência Social passou por nova reforma,que alterou, principalmente, as regras do Regime Próprio dePrevidência dos Servidores. Quanto ao Regime Geral, a únicaalteração sofrida nesse ano foi no valor do teto dos benefícios,que foi reajustado em aproximadamente 28%, passando deR$ 1.869,34 para R$ 2.400,00.

Os benefícios do Regime Geral são pagos diretamenteaos segurados, por meio de transferências bancárias,evitando-se, assim, a necessidade de intermediários, o quegarante a lisura e a rapidez do processo.

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34

Panorama da Previdência Social Brasileira

VI

Conceitos

Importantes

1) Salário-de-Benefício

É o valor básico utilizado para cálculoda renda mensal dos benefícios de prestaçãocontinuada. É calculado tomando-se por baseos salários-de- contribuição de julho de 1994até a data do requerimento do benefício oudo afastamento do trabalho.

O salário-de-benefício consiste:

a) para as aposentadorias por tempo decontribuição e por idade, na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, corrigidos moneta-riamente, correspondendo a 80% doperíodo contributivo desde acompetência 7/94, multiplicado pelofator previdenciário. No caso daaposentadoria por idade, o fator só éaplicado se mais vantajoso; e

b) para as aposentadorias por invalidez eespecial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição,correspondendo a 80% do períodocontributivo desde a competência7/94.

Nos casos de auxílio-doença e aposen-tadoria por invalidez, quando o seguradocontar com menos de 144 contribuiçõesmensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponde à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número decontribuições.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

35

O valor do salário-de-benefício não será inferior a umsalário mínimo (R$ 415,00, em 2008), nem superior ao limitemáximo do salário-de-contribuição (R$ 3.038,99, em 2008).

2) Fator Previdenciário

É aplicado obrigatoriamente na aposentadoria portempo de contribuição e, se mais vantajoso, na aposentadoriapor idade. É calculado considerando-se a idade, a expectativade vida e o tempo de contribuição do segurado ao seaposentar, mediante a seguinte fórmula:

F =Es

Tc ax

x [ �1100

( )Tc axId �

[

Onde:

F = fator previdenciárioEs = expectativa de sobrevida no momento da

aposentadoriaTc = Tempo de contribuição até o momento da

aposentadoriaId = idade no momento da aposentadoriaa = alíquota de contribuição correspondente a 0,31

3) Período de Carência

Corresponde a 10, 12 ou 180 contribuições mensais,conforme a espécie do benefício. Para os segurados filiadosà Previdência Social até 24/07/1991, a carência para asaposentadorias, com exceção da aposentadoria por invalidez,é fixada conforme o ano em que o segurado implementartodas as condições, sendo 162 contribuições em 2008 e seiscontribuições a mais para cada ano, até 180, em 2011. Para osinscritos após 24/07/1991, a carência é de 180 contribuições.

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36

Panorama da Previdência Social Brasileira

4) Manutenção da qualidade de segurado

O segurado, impossibilitado de contribuir momenta-neamente, conserva todos os direitos perante a previdênciasocial por 12 meses, se tiver contribuído por até 10 anos.Esse prazo pode ser prorrogado por mais um ano, se já tiverpago por mais de 10 anos sem interrupção que acarrete aperda da qualidade. Esses prazos são acrescidos de 12 mesespara o segurado desempregado, desde que comprovada essacondição pelo registro no Ministério do Trabalho e Emprego.

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37

Panorama da Previdência Social Brasileira

VII

Os

Benefícios

Previdenciários

O Regime Geral de Previdência Socialoferece vários benefícios para os seguradose suas famílias, como proteção contra perdassalariais por motivo de doença, acidente detrabalho, velhice, maternidade, morte ereclusão. Os benefícios são classificados emtrês grandes grupos: aposentadorias,pensões e auxílios, sendo a renda mensalcalculada, na maioria dos casos, em funçãodo “salário-de-benefício”, que correspondeà média aritmética simples dos 80% maioressalários de contribuição a partir de julho de1994. Na maior parte das vezes, também éexigido um período mínimo de contribuições,denominado “período de carência”.

1) Aposentadorias

São pagamentos mensais vitalícios,efetuados ao segurado por motivo de idade,tempo de contribuição, incapacidade para otrabalho ou trabalho exercido em atividadessujeitas a agentes nocivos à saúde.

a) Aposentadoria por Idade

Esse é, sem dúvida, um dos benefíciosmais antigos da Previdência Social. Aaposentadoria por idade é concedida aosegurado que, cumprida a carência, alcançao limite de idade de 60 anos, se mulher, e 65anos, se homem. Os trabalhadores rurais têmdireito ao benefício cinco anos mais cedo,ou seja, aos 55 anos se mulher, e aos 60 anosse homem. O tempo mínimo de contribuição

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38

Panorama da Previdência Social Brasileira

é de 15 anos, se inscrito a partir de 25 de julho de 1991, e de13 anos e 6 meses, no ano de 2008, para os inscritos até 24de julho de 1991. O fator previdenciário pode ser aplicadono cálculo do salário-de-benefício, se for vantajoso.

O valor do benefício corresponde a 70% do salário-de-benefício, mais 1% para cada grupo de 12 contribuições, atéo máximo de 100%, não podendo ser inferior ao salário mínimonem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

O segurado que cumpriu o período de carência aocompletar 65 anos de idade, se mulher, e 70, se homem,poderá ter sua aposentadoria compulsoriamente requeridapela empresa.

b) Aposentadoria por tempo de contribuição

Homens e mulheres podem se aposentar por tempo decontribuição. Os homens, para ter direito a esse benefício,precisam contribuir por 35 anos, e as mulheres, por 30 anos.O valor do benefício corresponde a 100% do salário-de-benefício, sendo a aplicação do fator previdenciárioobrigatória.

Os segurados filiados à Previdência Social antes dareforma (de dezembro de 1998) têm direito a aposentadoriaproporcional nas seguintes condições:

— 25 anos de contribuição para as seguradas e 30 anosde contribuição para os segurados, mais oequivalente a 40% do tempo que faltava paracompletar 25 ou 30 anos de contribuição, conformeo caso, na data da reforma;

— 48 anos de idade para a mulher e 53 anos de idadepara homens;

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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— o valor do benefício corresponde a 70% do salário-de-benefício ao completar 25 ou 30 anos decontribuição, acrescidos de 40% do tempo quefaltava na data da reforma para completar o mínimoexigido, mais 5% para cada ano adicional decontribuição, até no máximo 100%, não podendoser inferior ao salário mínimo nem superior ao limitemáximo do salário-de-contribuição.

Os professores têm o seu tempo de contribuiçãoreduzido em cinco anos, desde que comprovem 30 anos(homem) e 25 (mulher) de contribuição, exclusivamente ematividade de magistério na educação infantil e no ensinofundamental e médio.

Quanto maior a idade, o tempo de contribuição e ovalor dessa contribuição, maior será o valor do benefício.

c) Aposentadoria Especial

Esse benefício é concedido aos segurados empregadoe trabalhador avulso que exerçam suas atividades sujeitas acondições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridadefísica. De acordo com o risco, o tempo de contribuição paraobter a aposentadoria especial pode variar entre 15, 20 ou25 anos, devendo ser comprovada a real exposição aosagentes nocivos, químicos, físicos, biológicos ou associaçãode agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física,durante esses períodos.

O valor do benefício corresponde a 100% do salário-de-benefício, não podendo ser inferior ao salário mínimo nemsuperior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

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40

Panorama da Previdência Social Brasileira

d) Aposentadoria por Invalidez

Esse benefício é concedido ao segurado que está totale definitivamente incapaz para o trabalho. O aposentadopor invalidez terá cancelada a sua aposentadoria se voltar àatividade, ao contrário dos beneficiários dos outros tipos deaposentadoria, que são vitalícias. A doença ou lesão de queo segurado já for portador ao filiar-se ao RGPS não lheconferirá direito ao benefício, salvo quando a incapacidadesobrevier por motivo de agravamento da doença ou lesão.

Para se ter direito à aposentadoria por invalidez, sãonecessários, no mínimo, 12 meses de contribuição, ficandodispensada esta carência para o segurado incapacitado emdecorrência de acidente de qualquer natureza, inclusive o dotrabalho, ou acometido de doença ou afecção especificadana legislação previdenciária. O valor do benefício correspondea 100% do salário de benefício, nunca inferior ao salário mínimonem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

2) Pensões

Nesse tipo de benefício só existe uma modalidade, queé a pensão por morte, concedida aos dependentes dosegurado por motivo de falecimento.

Têm direito a esse benefício, nesta ordem: marido/mulher/companheiro(a), filho não emancipado menor de 21anos e filho inválido de qualquer idade; ou pai e mãe; ouirmão menor de 21 anos ou inválido de qualquer idade.

O valor da pensão por morte corresponde a 100% daaposentadoria que o segurado recebia ou a que teria direitocaso se aposentasse por invalidez, e é dividido em partesiguais entre os dependentes. Não há carência para pensãopor morte, basta que se comprove a qualidade de segurado.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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Nos casos de cônjuges divorciado ou separadojudicialmente ou de fato, pais e irmãos de segurado falecido,deverá ser comprovada a dependência econômica em relaçãoao segurado.

3) Auxílios

a) Auxílio-Doença

O segurado tem direito ao auxílio-doença quando algumcomprometimento físico ou mental o impeça de trabalharpor mais de quinze dias. O benefício é devido a partir do 16o

dia de afastamento da atividade, no caso de seguradoempregado. A empresa paga os 15 primeiros dias. Aos demaissegurados o benefício é devido desde o primeiro dia daincapacidade.

O segurado que, ao ingressar no RGPS, já portador dedoença que venha a causar a incapacidade, não tem direitoao benefício por aquela doença, a não ser que seja por seuagravamento.

A carência para se ter direito a esse benefício é de 12contribuições. Fica dispensado do cumprimento da carênciao segurado que se torna incapacitado em decorrência deacidente de qualquer natureza, inclusive o do trabalho, ouacometido por doença ou afecções especificadas na legislaçãoprevidenciária.

O valor do benefício corresponde a 91% do salário-de-benefício, não podendo ser inferior ao salário mínimo nemsuperior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

b) Auxílio-Reclusão

O auxílio-reclusão é um benefício pago aos dependentesdo segurado que for recolhido à prisão, nas mesmas condiçõesda pensão por morte.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

O benefício é devido apenas quando o último saláriodo segurado for igual ou inferior a R$ 710,08, em 2008 (valoratualizado anualmente), e este não receber remuneraçãoda empresa, nem estiver em gozo de auxílio-doença,aposentadoria ou abono de permanência em serviço.

Quando não houver salário-de-contribuição na data doefetivo recolhimento, o benefício será devido desde que nãotenha havido perda de qualidade de segurado. Não se exigecarência para a concessão do auxílio-reclusão, bastacomprovar a qualidade de segurado. O valor desse auxíliocorresponde a 100% da aposentadoria a que teria direito seestivesse aposentado por invalidez.

c) Auxílio-Acidente

Esse benefício é uma indenização que o seguradorecebe quando, após consolidação das lesões decorrentesde acidente de qualquer natureza, inclusive o do trabalho,resultam seqüelas que reduzam a capacidade de trabalho dosegurado.

Corresponde a 50% do salário-de-beneficio e é devidoaté a véspera do início de qualquer aposentadoria ou da datado óbito do segurado. Não é exigida carência para a concessãodesse benefício.

d) Salário-Maternidade

Todas as mulheres seguradas do Regime Geral dePrevidência Social têm direito ao salário-maternidade duranteo período de cento e vinte dias.

Esse benefício também é devido, pelo período de 120dias, em caso de adoção de criança de até um ano de idade;

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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pelo período de 60 dias, em caso de adoção de criança comidade entre 1 e 4 anos; pelo período de 30 dias, em caso deadoção de criança com idade entre 4 e 8 anos.

O valor do benefício para a segurada empregada e paraa trabalhadora avulsa corresponde à sua última remuneração.Para a empregada doméstica, corresponde ao último salário-de-contribuição. Para a segurada especial, equivale a umsalário mínimo; e para as demais seguradas, inclusive adesempregada que mantém a qualidade de segurada na datado parto, a um doze avos da soma dos 12 últimos salários-de-contribuição, em um período não superior a 15 meses.O valor do benefício não poderá ser inferior a um saláriomínimo.

e) Salário-Família

É devido mensalmente ao empregado(a), exceto odoméstico(a), e ao trabalhador avulso, na proporção donúmero de filhos até 14 anos de idade, cujo valorcorresponde, em 2008, a R$ 24,23 para o segurado comremuneração mensal não superior a R$ 472,43 e de R$ 17,07para o segurado com remuneração mensal superior aR$ 472,43 e igual ou inferior a R$ 710,08. Este valor éatualizado anualmente. O valor do salário família nãoé incorporado ao salário do segurado(a) ou ao benefício.É condicionado à apresentação anual de atestado devacinação obrigatória para criança de até 7 anos de idade erequerida a escolarização da criança entre 7 e 14 anos.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

VIII

Regime

Próprio de

Previdência

Social

O Regime Próprio de Previdência Social(RPPS), previsto no art. 40 da ConstituiçãoFederal, de caráter contributivo, é o regimeassegurado aos servidores públicos titular decargo efetivo da União, dos Estados, doDistrito Federal e de 1.900 Municípios, de umtotal de 5.563 no Brasil. Este númerorepresenta aproximadamente 34% dasmunicipalidades com regime próprio deprevidência social, sendo que os demaismantêm a vinculação de seus servidorespúblicos ao Regime Geral de PrevidênciaSocial. O Regime Próprio tem por pressupostoobservar os princípios do equilíbrio financeiroe atuarial e está sujeito à orientação,supervisão, controle e auditoria do Ministérioda Previdência Social, por intermédio daSecretaria de Políticas de Previdência Social.

O Regime Próprio de Previdência Socialé um importante sistema de previdência noBrasil garantindo diretamente coberturaprevidenciária a mais de 9 milhões depessoas, entre servidores ativos, inativos epensionistas, nos três níveis de governo,conforme demonstra a tabela na página 45.

A Previdência dos Servidores Públicos,para um melhor entendimento, deve seranalisada tanto do ponto de vista histórico,como social e político. O Estado Brasileirohistoricamente teve como característicabásica um viés paternalista, garantindo aosservidores públicos a sua aposentadoria, nãocomo direito decorrente de um regime

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previdenciário contributivo, mas sim como uma obrigaçãodo Estado em amparar o servidor no momento de suapassagem para inatividade, sem qualquer custo para oservidor. Esta participação limitava-se somente para ofinanciamento dos benefícios garantidos aos seusdependentes, com destaque para o beneficio de pensão pormorte, o que representou ao longo dos anos uma contribuiçãoaproximada de 6% do salário do servidor.

Ademais, a falta de transparência das contas públicasdificultava a perfeita compreensão e visualização dosproblemas. Pois na elaboração do orçamento público adespesa com inativos e pensionistas era considerada apenascomo um item da despesa de pessoal. Assim, nasdemonstrações contábeis não era explicitada a distorção doregime previdenciário dos servidores públicos, dificultandoo processo de controle e ajuste de tais despesas.

Nesse sentido, como a previdência era tratada comoum apêndice da despesa de pessoal, a instituição dos regimes

Quantidade de Servidores da União,

Estados e Municípios — 2008

Ente Ativos Inativos Pensionistas Total

União(1) 1.118.360 529.563 448.376 2.096.299

Estados(2) 2.793.050 1.144.698 384.509 4.322.257

Municípios(3) 2.156.676 401.793 151.111 2.709.580

Total 6.068.086 2.076.054 983.996 9.128.136

Fonte: CGEE/DRPS/SPS/MPS — CADPREV, em 16/06/2008 às 07h01.

(1) Posição em JUN-08 excluindo-se os servidores de empresas públicas esociedades de economia mista.

(2) Dados de todos os Estados.

(3) Refere-se a 1.900 Municípios com RPPS.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

previdenciários pelos Estados e Municípios não observavaqualquer marco regulador nacional, o que historicamentelevou a uma completa heterogeneidade dos regimesprevidenciários dos servidores públicos. Esta diversidade nãose limitou aos entes públicos, estendendo também aospoderes e categorias funcionais, ampliada pela reduzidacapacidade de controle destes regimes por parte dos órgãosfiscalizadores.

Desta maneira o desequilíbrio nos regimesprevidenciários dos servidores da União, Estados e Municípiostransformou-se em um dos principais itens de despesa doorçamento público. Os dados referentes ao ano 2007demonstram uma necessidade de financiamento4 consolidadapara os dois níveis de governo da ordem de R$ 57,5 bilhões,mesmo considerando uma contribuição patronal de 2:1,superior ao resultado alcançado pelo RGPS que foi deR$ 44,9 bilhões.

Dentro deste contexto, tornou-se imperativa promoveralterações no regime de previdência dos servidores públicosque iniciou-se com a promulgação da Reforma da PrevidênciaSocial (Emenda Constitucional no 20, de 16 de dezembro de1998) introduzindo alterações estruturais no regime deprevidência social dos servidores públicos, como aobrigatoriedade do caráter contributivo e a necessidade doequilíbrio financeiro e atuarial. Assim, começa a ocorrer aseparação entre a política de pessoal e a previdenciária,garantindo a essa uma característica securitária, até entãoausente na maioria dos regimes previdenciários dos servidorespúblicos existentes no Brasil.

4 Entende-se por necessidade de financiamento do regime previdenciáriodo setor público a diferença entre o gasto com inativos e pensionistas e asoma da contribuição patronal dos entes públicos com a contribuição dosservidores.

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A partir de 1998, com a Lei no 9.717 e a EC no 20, osRegimes Próprios foram-se institucionalizando e passaram ater um tratamento previdenciário. Em 2003, por ocasião dodebate que antecedeu a Emenda Constitucional no 41,convencionou-se que os Regimes Próprios seriam mantidosenquanto unidades administrativas, sob a responsabilidadedo respectivo nível governamental, mas com legislaçãoconvergente no médio prazo como Regime Geral.

Esta convergência prevê não apenas a adoção da mesmafórmula básica de cálculo de aposentadorias para o futuro,mas também a gradativa transição para os mesmos índicesde reajuste (no curso dos benefícios “sem paridade”) e apossibilidade de criação de previdência complementar doservidor (com relação à qual o projeto de lei está tramitandono Congresso Nacional).

Importante ainda destacar, que no País existe umacomunicação entre os Regimes Próprios de Previdência Sociale o Regime Geral de Previdência Social, administrado peloInstituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou seja, otrabalhador brasileiro, seja da iniciativa privada ou daadministração pública, pode contar o tempo de contribuiçãoexercido anteriormente em um regime previdenciário paracompletar os requisitos exigidos pelo regime previdenciário,onde se encontra vinculado no momento da aposentadoria.Esta regra está prevista no art. 201, § 9o, da ConstituiçãoFederal e é denominada “contagem recíproca de tempocontribuição na administração pública e na atividade privada,rural e urbana.”

Este mecanismo é relevante para garantir a mobilidadesocial entre os trabalhadores brasileiros e um instrumentoimportante de promoção da justiça social.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

IX

Conselho

Nacional de

Previdência

Social

A construção do Diálogo Social e daGestão Participativa são instrumentos quedinamizam e fortalecem as políticas públicasde um governo democrático. Dentro dessecontexto o Conselho Nacional de PrevidênciaSocial (CNPS), órgão superior de deliberaçãocolegiada, tem como principal objetivoestabelecer o caráter democrático edescentralizado da gestão administrativa,com a participação do Governo e dasociedade, em especial de Trabalhadores ematividade, Empregadores, Aposentados ePensionistas. Dessa forma, a PrevidênciaSocial interage com a sociedade e criaoportunidades para o Diálogo Social em buscado aperfeiçoamento constante, transparentee democrático para a gestão do sistema queintegra.

O Conselho Nacional de PrevidênciaSocial, criado pela Lei no 8.213/1991,presidido pelo Ministro de Estado daPrevidência Social, é composto por quinzemembros:

I — seis representantes do GovernoFederal; e

II — nove representantes da sociedadecivil, sendo:

a) três representantes dos aposen-tados e pensionistas;

b) três representantes dos trabalha-dores em atividade;

c) três representantes dos empre-gadores.

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Os membros do Conselho Nacional de Previdência Sociale seus respectivos suplentes são nomeados pelo Ministro daPrevidência Social, mediante indicação das entidades dasociedade civil organizada (Centrais Sindicais e ConfederaçãoPatronais reconhecidas).

Com vistas a ampliar e fortalecer a participação dasociedade na gestão da Previdência Social foram tambéminstituídos os Conselhos de Previdência Social (CPS), no âmbitodas Gerências Executivas do INSS, por meio do Decreto no

4.874, de 2003. Cabe observar que a própria Lei no 8.213/91já previa o caráter “descentralizado” que o diálogo socialdeveria ter no âmbito da Previdência Social. Os CPS, unidadesdescentralizadas do CNPS, são instâncias colegiadas, decaráter consultivo e de assessoramento, e têm comofinalidade apresentar propostas para a política de PrevidênciaSocial local. Portanto o Conselho de Previdência Social é,sobretudo, um instrumento da Previdência para construir odiálogo com a comunidade e prestar conta das ações, tra-zendo transparência e oportunidade para os representantessociais apresentarem suas propostas.

Os CPS são compostos por dez conselheiros erespectivos suplentes assim distribuídos:

I — Quatro representantes do Governo; e

II — Seis representantes da sociedade civil, sendo:

a) Dois representantes dos aposentados e pensionistas;

b) Dois representantes dos empregados;

c) Dois representantes dos empregadores.

Os conselheiros e seus suplentes serão nomeados peloGerente Executivo mediante indicação das entidades da

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Panorama da Previdência Social Brasileira

sociedade local (sindicatos de trabalhadores e organizaçõesde empregadores representativas da sociedade e economialocais).

Reunindo-se mensalmente, o CNPS tem dadocontribuições importantes à formulação das políticasprevidenciárias brasileiras. Por exemplo, dos debates do CNPSsurgiram aperfeiçoamentos recentes das políticas deprevidência rural, inclusão previdenciária e saúde e segurançado trabalhador. O CNPS também ouve e avalia os relatos deatividades, bem como propostas de trabalho dos vários órgãosassociados ao RGPS, como são o INSS, a DATAPREV e aSecretaria de Políticas de Previdência Social.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

X

O Fórum

Nacional da

Previdência

Social

O Fórum Nacional da Previdência Socialfoi a primeira iniciativa de um governo latino-americano no sentido de discutir por meio dodiálogo social as regras de seu sistema deseguridade social, antes de encaminhar umaproposta de reforma ao Poder Legislativo.O tradicional na América Latina é oencaminhamento de propostas para suaposterior discussão ou mesmo a imposição dereformas sem debate público (governosPinochet—1981 e Fujimori—1992). A ausênciade diálogo social afeta a sustentabilidadesocial e política dos sistemas de seguridadesocial, pois estes são, na realidade, grandescontratos sociais que envolvem múltiplasgerações. Um processo politicamentedesgastante, no qual os participantes dosistema não sentem terem sido ouvidos e têma percepção de que sofrem eventuais “perdasde direitos” sem justificativa, não fomenta oapoio de longo prazo para os sistemas deproteção social. Por isto, o processo do diálogosocial, embora demande muito esforço epaciência de todos os atores, permite oconvencimento recíproco da necessidade deajustes e cria uma base de apoio mais fortepara as alterações negociadas.

Processos semelhantes ao FórumNacional da Previdência Social foramtentados, com sucesso, fora da AméricaLatina. Destacam-se os exemplos da Espanhae da Suécia, que resultaram em diretrizes dereforma e desenvolvimento de longo prazodos respectivos sistemas previdenciários nos

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Panorama da Previdência Social Brasileira

anos 90. Na Espanha, foi assinado o Pacto de Toledo em 1995entre todos os partidos políticos, elencando princípios quedesenham a previdência espanhola de acordo com critériosde justiça social e racionalidade técnica de longo prazo edeclarando que a política previdenciária deveria ser tratadade forma suprapartidária e institucional, pois trata-se de uminstrumento de proteção social do povo espanhol, que precisater sustentabilidade no longo prazo.

Na Suécia, em 1998, após longo debate chegou-se aum acordo político de todos os partidos para aprovar umareforma previdenciária surpreendente, pois todos cederamem algum ponto para ganhar em outro e o desenho resultantemudou significativamente o antigo Estado de Bem-Estar,desenvolvido ao longo do século XX e que serviu de referênciapara tantos outros países do mundo. A lógica que prevaleceufoi a de que a Suécia é um país comparativamente pequeno,que precisa integrar-se fortemente à economia mundial parater perspectivas de desenvolvimento; a integração àglobalização requereria uma forte proteção social, mas queteria que ser desenhada de forma diferente daquela domodelo de desenvolvimento anterior, do pós-guerra.

O contexto do Fórum Nacional da Previdência Socialdiferencia-se dos casos europeus porque propôs oplanejamento de regras que apenas seriam aplicadas daquia vários anos, para trabalhadores que ainda entrarão nomercado de trabalho. Embora mais acelerada do que nospaíses europeus, a transição demográfica brasileiraapresenta, neste momento, uma constelação populacionalmais favorável à Previdência, com muitas pessoas na idadede trabalhar. Por isto, pode-se pensar em formas de transiçãograduais e de longo prazo para mudanças de regras que, sedeixadas para o futuro, não mais poderão ser feitas com asuavidade que hoje é permitida.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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Apesar do cenário de curto prazo favorável, anecessidade de mudanças é indiscutível. Esta necessidade éreforçada pelos números da Pesquisa Nacional por Amostrade Domicílios (PNAD) 2007, realizada pela Fundação InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A PNAD mostra acontinuidade da tendência de desaceleração do crescimentopopulacional já registrada nos anos anteriores. A médiabrasileira de filhos por mulher, caiu de 6,2 para menos que2,0 entre 1960 e 2007. Isso significa que a população templanejado o tamanho de suas famílias numa tentativa degarantir a melhoria da qualidade de vida para seus filhos enetos. O cultivo desse espírito protetor é salutar. Isso porque,a expectativa dos técnicos é de que nas próximas décadasesse número caia mais ainda. São estatísticas comparáveisàs do continente europeu, que apontam para o aumento dapopulação mais velha e redução da população jovem.

Por outro lado, felizmente a expectativa de vida sobefortemente. A projeção é que a expectativa de vida brasileiraà idade de 60 anos, que é a idade na qual normalmente sesupõe a transição à aposentadoria, subirá cerca de 5 anosentre 2000 e 2050, um feito notável, mas com impactos sobretodas as políticas públicas.

Essa evolução permite prever um quadro de“envelhecimento” gradual da população brasileira, quemerece atenção. No futuro, o número de adultos ativosinseridos no mercado de trabalho e, portanto, contribuintesda previdência social, pode ser insuficiente para fazer frenteaos valores dos benefícios a serem pagos aos aposentados epensionistas. Haverá a necessidade de incentivos a uma maiorpermanência no mercado de trabalho.

É preciso assumir a responsabilidade de preparar osistema de seguridade social que atenderá a geração futura.Se hoje o Brasil tem 2 milhões de pessoas com mais de

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Panorama da Previdência Social Brasileira

80 anos, em 2050, estima-se que terá 14 milhões. E amanutenção das regras atuais pode significar o aumento dasalíquotas de contribuição e dos impostos — inclusive dasfontes de receita da seguridade social — que recairão sobreos salários dos futuros trabalhadores. Aí é que está o espíritodo diálogo social: perceber que, dado o contrato social portrás da Previdência, as decisões de hoje definem as opçõesde futuro dos nossos filhos e netos.

Seria injusto e pouco recomendável adiar esse debate.Afinal, o sistema previdenciário está baseado em um pactode gerações. Basta pensarmos que contribuições de nossosfilhos e netos, alguns ainda por nascer, é que garantirão opagamento dos nossos benefícios e de nossos filhos. Portanto,o assunto diz respeito a toda a sociedade.

Nesse contexto, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,por intermédio do Decreto no 6.019, de 22 de janeiro de2007, instituiu, no âmbito do Ministério da Previdência Social,o Fórum Nacional da Previdência Social, com a finalidade depromover o debate entre os representantes dostrabalhadores, dos aposentados e pensionistas, dosempregadores e do Governo Federal com vistas aoaperfeiçoamento e sustentabilidade dos regimes deprevidência social e sua coordenação com as políticas deassistência social, com visão de longo prazo.

COMPOSIÇÃO DO FÓRUM NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O Fórum Nacional de Previdência Social teve duraçãode 8 meses e contou com a participação do Governo(5 Ministérios, Casa Civil da Presidência da República,Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres daPresidência da República), 9 centrais sindicais representando

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os trabalhadores ativos, aposentados e pensionistas,5 confederações representando os empregadores, além deobservadores da sociedade civil, observadores e assessorestécnicos do Ministério da Previdência Social. A composiçãofoi estabelecida com representação tripartite, não paritária,com a participação das seguintes entidades:

Do Governo Federal:

• Ministério da Previdência Social;

• Casa Civil da Presidência da República;

• Ministério do Trabalho e Emprego;

• Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

• Ministério da Fazenda;

• Ministério do Desenvolvimento Social e Combate àFome;

• Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

Dos Trabalhadores ativos, aposentados epensionistas:

• Central Autônoma de Trabalhadores (CAT);

• Central Geral dos Trabalhadores (CGT);

• Central Geral de Trabalhadores do Brasil (CGTB);

• Central Única dos Trabalhadores (CUT);

• Confederação Brasileira de Aposentados ePensionistas (COBAP);

• Confederação Nacional dos Trabalhadores naAgricultura (CONTAG);

• Força Sindical (FS);

• Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST);

• Social Democracia Social (SDS).

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Dos Empregadores:

• Confederação Nacional da Agricultura e Pecuáriado Brasil (CNA);

• Confederação Nacional do Comércio (CNC);

• Confederação Nacional das Instituições Financeiras(CNF);

• Confederação Nacional da Indústria (CNI);• Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Pressupostos do Fórum:

1. manutenção do modelo atual: Previdência SocialPública, Básica e Solidária e Previdência Comple-mentar Facultativa;

2. foco na análise e encaminhamento de propostaspara o longo prazo;

3. direitos adquiridos resguardados;

4. longo período de transição.

Principais Temas e Resultados

O Fórum realizou, ao todo, 12 (doze) reuniões, entremarço e outubro de 2007. Em um primeiro momento, houveapresentações de especialistas nacionais e internacionaissobre diversos temas, com pluralidade de abordagens.Em um segundo momento, houve discussões em pequenosgrupos tripartites e por bancadas, com posterior referendopelo plenário. Na sua forma de funcionamento, forambuscados os consensos e a explicitação dos dissensos, segundodiversas áreas temáticas. Não houve decisões tomadas pormaioria dos presentes.

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Ao final dos trabalhos, o Fórum apresentou subsídiospara a elaboração de projetos legislativos com propostas demedidas com os ajustes necessários a garantir que aprevidência social brasileira possa atender aos seus objetivosconstitucionais, mantendo-se dentro dos ditames dodisciplinamento atuarial, requisito primordial ao seufortalecimento e indispensável ao seu equilíbrio financeiro.Concluído o debate dos temas propostos, o Fórum conseguiuformar consensos sobre os seguintes temas:

I — Relacionados ao Mercado de Trabalho e à

Universalização da Cobertura

O Fórum reconheceu que a universalização da coberturada previdência é um objetivo a alcançar, declarando anecessidade de fortalecimento das políticas de formalizaçãoe inclusão previdenciária, de modo a garantir o acesso aosbenefícios previdenciários a todos os cidadãos.

II — Relacionados à Segurança e Saúde do Trabalhador

O Fórum reconheceu a necessidade de seimplementarem políticas na área de saúde e segurança dotrabalhador, diminuindo o número de acidentes e reduzindoa ocorrência de doenças ocupacionais, com reflexos positivosna redução dos benefícios por invalidez e auxílios-doença,previdenciários e acidentários.

III — Relacionados à Questão de Gênero

O Fórum entendeu que qualquer proposta demodificação de regras da Previdência Social visando maioreqüidade de gênero deve considerar a complexidade dosdiversos aspectos envolvidos. Embora o nível de atividade

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Panorama da Previdência Social Brasileira

econômica das mulheres obedeça a uma tendência de aumentocrescente, reduzindo gradativamente a diferença daparticipação no mercado de trabalho entre homens e mulheres,é, ainda, significativamente menor que a dos homens.

IV — Relacionados à Gestão do Sistema

Previdenciário e seu Financiamento

O Fórum reconheceu a necessidade de se construir umaAdministração eficaz, célere e segura, de forma a gerar napopulação a confiança indispensável para sentir-se protegidapela Previdência Social, bem como a de se dar maistransparência às contas da Previdência Social, esclarecendoà sociedade que, dentro de uma política pública maior, queé a Previdência Social, existe uma série de políticasespecíficas de subsídios e distribuição de renda.

V — Relacionados à Coordenação Previdência-

Assistência Social

O Fórum entendeu que, das duas perspectivas daproteção social aos idosos, a previdenciária e a assistencial,derivam políticas que, idealmente, devem ser concebidasde forma conjunta, visando garantir a máxima eficácia naproteção social, minimizando efeitos adversos entre elas.Nesse sentido, reconheceu a necessidade de se rediscutiremas regras de concessão do benefício de aposentadoria poridade e do amparo assistencial ao idoso, para que as duaspolíticas sejam complementares e não concorrentes.

VI — Relacionados à Previdência Rural

O Fórum reconheceu a importância estratégica dapolítica de previdência voltada aos trabalhadores rurais,

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Panorama da Previdência Social Brasileira

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destacando que a política previdenciária é a que tem maiscontribuído para enfrentar o problema da pobreza das regiõesmais desfavorecidas.

VII — Outros Consensos

Outros consensos foram obtidos no Fórum, cabendodestacar, de forma resumida:

a) devem-se criar mecanismos de incentivo monetárioà postergação voluntária da aposentadoria;

b) deve-se reconhecer o direito à pensão por mortede companheiro homoafetivo no Regime Geral dePrevidência Social, observando as mesmas regrasadotadas para os companheiros de diferentes sexos;

c) devem-se estudar alternativas de políticas queassegurem proteção social aos que se dedicam aoscuidados de longo prazo e aos que dele necessitam,tendo em vista, entre outros pontos, o aumento docontingente de idosos no país.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

XI

A Dimensão

Internacional

da

Previdência

Durante muito tempo o Brasilconsiderou-se uma população “fechada” àmigração internacional, depois de ter sido,até antes da 2a Guerra Mundial, um país deforte imigração. No entanto, este quadro nãocorresponde à realidade, sobretudo a partirdos anos 80, quando, com a crise econômica,muitos brasileiros passaram a buscarmelhores oportunidades em outros países.Com o processo da globalização, seja pormeio da intensificação de fluxos de comércio,capital, comunicações, transportes ou outrosmotivos, os deslocamentos internacionais depessoas são cada vez mais freqüentes.Estima-se que pelo menos 3,5 milhões debrasileiros residam atualmente fora do Brasil,enquanto quase um milhão de estrangeirosmore aqui.

Esta situação tem impactos sobre aproteção social e representa um desafio paraa Previdência brasileira. É preciso estabe-lecer regras internacionais que permitamcomputar tempos de contribuição e acesso adireitos previdenciários no caso daqueles quetenham trajetórias profissionais percorridasem diversos países sob legislações diferentes.Estas regras são os Acordos Internacionais dePrevidência Social, dos quais o Brasil possuinúmero insuficiente: hoje estão cobertos ospaíses do MERCOSUL (Argentina, Paraguai eUruguai), Chile, Portugal, Espanha, Itália,Grécia, Luxemburgo e Cabo Verde,contabilizando a quantidade de apenas10 países.

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Neste contexto, não se pode olvidar que a seguridadesocial é um instrumento fundamental para o combate àpobreza, aumento da coesão social e promoção do bem-estarda população. Sua principal função é proteger os indivíduose suas famílias contra os riscos de perda de capacidade laboralassociados a eventos como, por exemplo, acidentes, morte,maternidade, idade avançada, entre outros.

Em 2004 e 2005, a Previdência brasileira uniu forçasaos parceiros previdenciários dos países do MERCOSUL eoperacionalizou o respectivo Acordo Multilateral em junhode 2005, com importantes contribuições da DATAPREV paraa criação de mecanismo eletrônico de troca de dados eimagens entre os quatro países envolvidos.

Em 2006 e 2007 negociou-se o Acordo Multilateral Ibero-Americano de Seguridade Social, assinado no Encontro deCúpula dos Chefes de Governo e Estado Ibero-Americanosem Santiago, em Novembro de 2007. Este acordo multilateral,que ainda carece de ratificação por parte do CongressoNacional, poderá beneficiar-se da experiência e doinstrumental construídos no âmbito do MERCOSUL. Caberessaltar que o Brasil sediou, no mês de setembro de 2008,na cidade de Fortaleza, a 2a rodada de negociações do AjusteAdministrativo do Acordo Multilateral Ibero-Americano, ondese dialogou sobre a aplicação do referido Acordo, estipulando-se critérios para tanto. Há a expectativa de que num próximoencontro o Ajuste Administrativo do Acordo Multilateral Ibero-Americano seja finalizado.

Encontram-se em negociação novos acordos cobrindodiversos países relevantes para o Brasil, entre os quais sedestacam Japão e Alemanha pela dimensão dos fluxoshumanos e econômicos entre esses países e o Brasil. Há forteinteresse de outros países negociarem acordos previdenciárioscom o Brasil. O Brasil, por sua vez, também precisa ampliar

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Panorama da Previdência Social Brasileira

a sua rede de acordos. Essa é uma das razões para que seexplique uma grande demanda de negociações em 2008 epara anos futuros.

No campo da cooperação técnica internacional, o Brasilassinou com o Comissariado Europeu, em abril de 2008,memorando de entendimentos que prevê um diálogoestruturado acerca de políticas sociais, inclusive com temasde interesse comum de expansão da cobertura previdenciáriae boa governança de políticas sociais no âmbitoprevidenciário. O diálogo consiste na troca regular deinformações e experiências, na realização de visitas técnicasde curta duração, programas de estágio prático e organizaçãode reuniões periódicas.

Ainda no âmbito internacional, quanto à OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), o Brasil subscreveu a AgendaHemisférica do Trabalho Decente que propõe, dentro de umprazo de 10 anos (2006-2015), que a cobertura da proteçãosocial seja aumentada em 20%. Para tanto, foi constituídoGrupo de Trabalho com a finalidade de analisar a situaçãoda proteção social no País e propor medidas para a aceleraçãoda inclusão previdenciária.

Cabe ainda destacar que a Previdência brasileira passoua ter um papel de referência importante, por não terrealizado uma reforma previdenciária privatizante nos anos80 e 90 e, a despeito de todos os vaticínios contrários, nãosó não ter colapsado, mas ainda ter atingido índices decobertura relevantes. O papel de liderança brasileiro seráfortalecido com a ratificação pelo Brasil da Convenção 102da OIT, que estabelece padrões mínimos para a SeguridadeSocial e que poucos países no mundo ratificaram. O Brasil jácumpre os critérios ali estabelecidos e pode tornar-se, coma ratificação, um exemplo de comprometimento com o Estadode Bem-Estar.

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Dessa maneira, é previsível que, no contexto daintegração internacional crescente, tratados internacionaisde natureza previdenciária venham a ser um instrumentoimportante de extensão e garantia de direitos sociais,trabalhistas e previdenciários. Ademais, os acordosinternacionais são operacionalizados pelo Instituto Nacionaldo Seguro Social (INSS), de forma descentralizada, mediantequatorze Organismos de Ligação vinculados às Gerências-Executivas do INSS nas cidades de Manaus, Salvador,Fortaleza, Goiânia, Cuiabá, Belo Horizonte, Belém, Curitiba,Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, São Pauloe Distrito Federal. Esses Organismos são responsáveis pelaanálise e concessão dos benefícios, bem como em respondera solicitações dos segurados e dos Organismos de Ligaçãoestrangeiros.

A experiência previdenciária brasileira destaca-se emespecial no âmbito da Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa (CPLP), onde temos trocado experiências compaíses como Timor Leste, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe eGuiné-Bissau e onde se firmou Acordo de Cooperação Técnicacom a OIT para que o Brasil coordene seus esforços voltadosaos países de língua portuguesa.

Na VIII Reunião dos Ministros do Trabalho e dos Assuntosda CPLP, estabeleceu-se que o Brasil coordenará grupo detrabalho entre os países para elaboração de proposta deconvênio multilateral ou rede de convênios bilaterais, a serapresentada na Reunião de Ministros de 2009 em Lisboa. Paratanto, foi estruturado grupo interno de trabalho que estudaas legislações previdenciárias de cada país membro da CPLPa fim de apontar convergências dos sistemas, com a intençãode sugerir minuta de acordo de reciprocidade entre os sócios,que será objeto de discussão entre os técnicos de previdênciados Estados partes da CPLP, no mês de novembro, após a

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realização da XXIV Assembléia Geral pela ConferênciaInteramericana de Seguridade Social, na cidade deSalvador-BA. No tocante à Conferência Interamericanade Seguridade Social (CISS), cumpre salientar que o Brasil éo vice-presidente do organismo internacional, coordenadordo Cone Sul, ao passo que sediará, em 2008 na cidade deSalvador, a Assembléia Geral com a participação de 1.200pessoas e apresentações ministradas por grandes especialistasem previdência no mundo.

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Panorama da Previdência Social Brasileira

XII

A Nova

Previdência

Complementar

Fechada

Definição e Finalidade

A Previdência Complementar fechadaintegra o sistema de seguridade social econstitui um instrumento de grande eficiênciapara proteger o trabalhador brasileiro.Seguindo o modelo consagrado pela maioriados países desenvolvidos, o sistema deseguridade social do Brasil compreende umconjunto integrado de ações dos poderespúblicos e da sociedade, destinadas aassegurar os direitos dos cidadãos relativosà saúde, à previdência e à assistência.

No Brasil, a Constituição Federal de1988 dividiu o sistema de previdência socialem duas vertentes: uma obrigatória, fundadana modalidade de repartição simples,responsável pela previdência básica doregime geral de trabalhadores da iniciativaprivada e regime próprio dos servidorespúblicos; e outra facultativa, necessaria-mente capitalizada com base na constituiçãode reservas, acessível aos empregados deempresa e aos servidores públicos em gerale aos associados, ou membros de pessoasjurídicas de caráter profissional, classista ousetorial.

Os fundos de pensão, como sãoconhecidas as entidades integrantes daPrevidência Complementar fechada, prote-gem atualmente, incluindo dependentes,cerca de 6,5 milhões de brasileiros. Segundodados de dezembro de 2007, foram pagosbenefícios previdenciários complementares

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a cerca de 670 mil pessoas, com um valor médio deaposentadoria em torno de R$ 3,4 mil. Comparando esseresultado com o valor do benefício mensal médio pago peloRegime Geral de Previdência Social, aproximadamenteR$ 6445, pode-se observar, pela diferença entre os valores,que o regime complementar contribui de forma eficaz paramanter o padrão de vida do trabalhador, quando este passapara a inatividade.

Segundo os grandes números da Previdência Social6, nãoparticipa de nenhum tipo de previdência parcela significativada população economicamente ativa, que é de aproxi-madamente 907 milhões de pessoas ou cerca de 50% dapopulação total. Considerando que, dos aproximadamente82,5 milhões de trabalhadores ocupados, somente44,8 milhões contribuem para o regime básico e apenas2,6 milhões8 recebem mais que 10 salário mínimos por mês,ainda há muito para ser feito em termos de política públicade inclusão.

O desequilíbrio financeiro dos sistemas de previdência,outro tema recorrente nessa importante área, não constituiuma exclusividade do Brasil; na verdade é uma realidadecontra a qual a maioria dos países luta. Expandir a Previdênciaà totalidade dos trabalhadores é um objetivo que caminhaem compasso com a obtenção do equilíbrio nas contaspúblicas. O sistema de Previdência Complementar fechadotem se mostrado uma ferramenta de grande poderio paramanter as contas públicas ajustadas, uma vez que sua lógica

5 Valor médio de janeiro a agosto de 2008, a preços de agosto de 2008 (INPC).6 Fonte: PNAD/IBGE – 2007, considerando trabalhadores de 16 a 59 anos.7 Fonte: PNAD/IBGE – 2007, considerando trabalhadores de 16 a 59 anos.8 Fonte: PNAD/IBGE – 2007, considerando pessoas com 16 a 59 anos erenda de todas as fontes.

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se baseia na constituição de poupança de longo prazo, a umcusto baixo de captação e padrões razoáveis de remuneração.

Os regimes de previdência básico e complementar sãoestruturas que compõem um mesmo sistema, devendo atuarde forma harmônica e integrada, apesar de seremindependentes entre si. Enquanto o regime básicocompulsório exerce um relevante papel para garantir a todapopulação trabalhadora um valor mínimo de benefício, ocomplementar, de caráter opcional, visa tanto acomplementar a renda do inativo, quanto a corrigir distorçõesque a média geral do sistema eventualmente pode introduzirem setores específicos da sociedade. Segmentos como dospetroleiros, bancários, metalúrgicos, e tantos outros,apresentam especificidades que destoam da média,principalmente em relação aos riscos envolvidos, à vida útilde trabalho e ao nível de renda. Todos esses fatores, deixadosao acaso, podem constituir sacrifício demasiado de algunsindivíduos em relação ao conjunto da sociedade. Desta forma,a previdência complementar, além de instrumento de inclusãodo trabalhador, é também um relevante mecanismo para apromoção de justiça social.

Em suma, a Previdência Complementar é por si só ummecanismo de proteção social bastante eficiente e, noconjunto das políticas de natureza previdenciária, integraum sistema bem estruturado de forma a proporcionar-lheconsistência e sustentabilidade.

Conceituação Histórica

A lógica de funcionamento da PrevidênciaComplementar remonta ao início da própria PrevidênciaSocial, com o surgimento das caixas de previdência ao finaldo século XIX. No Brasil, a Lei Elói Chaves autorizou a criação

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das primeiras caixas de aposentadoria e pensões para osempregados das empresas ferroviárias. Nos moldes do quehoje se entende por Previdência Privada Fechada, nascia aí,em sentido amplo, o primeiro fundo de pensão, mediantecontribuições dos empregados e empregadores.

O conceito de privado na Previdência é inerente à suaorigem e, em nenhum instante, se contrapõe à noção depúblico. Pelo contrário, são conceitos complementares eharmônicos entre si, demonstrando que está no cerne daPrevidência o elemento de integração entre os poderespúblicos e a sociedade, previsto na Constituição Federal de1988. A dimensão privada da Previdência Complementardecorre, por conseguinte, do fato de não pertencer ao Estado.

A partir de 1977, com a edição da Lei que dispõe sobreas entidades de previdência privada, a previdência fechadafoi instituída de direito, apesar de já existir de fato desde osurgimento da previdência no Brasil. Essa legislaçãointroduzida em 1977 vigorou até o dia 29 de maio de 2001,quando a aprovação das Leis Complementares nos 108 e 109determinou a reformulação da previdência complementarbrasileira, tornando-a mais adequada às novas realidades eaumentando a sua abrangência como forma de propiciarmelhores alternativas no âmbito das entidades queadministram planos de previdência sem finalidade lucrativa.

Atualmente a previdência complementar brasileira estáassentada em dois pilares, as entidades fechadas e asentidades abertas, que apresentam grandes diferenças entresi. As primeiras, também chamadas fundos de pensão, sãoorganizações sem fins lucrativos, constituídas sob a formade fundações de direito privado ou de sociedades. Enquantoas segundas, as Entidades Abertas de PrevidênciaComplementar (EAPC) são organizadas sob a forma desociedades anônimas, e atuam no mercado de previdência

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complementar com fins lucrativos. Esta modalidade ofereceà população planos de aposentadoria de diferentes tipos,que podem ser individuais ou coletivos.

As entidades de previdência complementar sãoreguladas e fiscalizadas por diferentes órgãos do governo.As EFPC, por exemplo, são reguladas pelo Conselho de Gestãoda Previdência Complementar (CGPC) e fiscalizadas pelaSecretaria de Previdência Complementar (SPC), ambosvinculados ao Ministério da Previdência Social (MPS). As EAPC,por seu turno, são reguladas pelo Conselho Nacional deSeguros Privados (CNPS) e fiscalizadas pela Superintendênciade Seguros Privados (SUSEP), órgãos integrantes da estruturado Ministério da Fazenda.

Por último, vale salientar que, no âmbito da previdênciacomplementar, o modelo fechado impõe se como hegemônicocontando com mais de 6,5 milhões de participantes e umpatrimônio acumulado da ordem de 457 bilhões de reais.

Conceitos Básicos

Apesar de serem independentes, relações trabalhistase Previdência Social são conceitos que estão intimamenterelacionados. Os padrões predominantes no mercado detrabalho não determinam o tipo de previdência, masinfluenciam a sua organização. A Previdência Complementar,por exemplo, construiu a sua base em cima das relaçõestravadas nas grandes empresas capitalistas com base naprodução em massa de bens e serviços.

No Brasil, as empresas estatais e as multinacionaisdeterminaram em grande medida o padrão que balizou ainstitucionalização da Previdência Privada Complementar.Basicamente, os fundos de pensão surgiram a partir davontade dos empregados e dos empregadores que, por meio

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de uma relação de parceria, constituíam entidades sem finslucrativos com o objetivo de administrar recursos origináriosda contribuição de ambos para a formação de um patrimônioque, no futuro, deveria ser utilizado com a finalidade depagar benefícios previdenciários e, eventualmente,assistenciais.

A relação jurídica surgida em torno do patrimônioconstituído com finalidade previdenciária específica, sejapara administrá-lo ou usufruir os seus resultados, foiconstruída, neste primeiro momento, sobre o tripéempregado participante, empresa patrocinadora, e EntidadeFechada de Previdência Complementar (EFPC). Em geral, osfundos de pensão recebem contribuições dos participantes edo respectivo patrocinador, podendo eventualmente recebercontribuições apenas desse último.

A técnica desenvolvida para a construção de qualquersistema de previdência funda-se no princípio da capitalização,seja com base na força de trabalho ou no capitalpropriamente. O primeiro modelo diz respeito ao pactointergeracional, no qual a geração futura, ao ingressar nomercado de trabalho, assume o ônus da aposentadoria dageração anterior. Todavia, em matéria de PrevidênciaComplementar, a legislação apenas permite a capitalizaçãocom base na acumulação de capital, que ocorre por meio daacumulação de ativos, que podem ser imobiliários, títulosda dívida e participações acionárias no capital de empresas.

Em relação ao modelo de capitalização com base naacumulação de ativos, a técnica desenvolvida permite autilização de uma grande diversidade de métodos, os quaisvariam de acordo com o perfil da massa de trabalhadoressegurados. Se, por exemplo, a idade média dos participantesé relativamente baixa, o plano de previdência pode acumularrecursos a uma taxa mais lenta no início e mais acelerada no

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final, isso tanto para tornar o plano mais atrativo aos maisjovens, quanto para adequar-se à capacidade de pagamentodo grupo. Enfim, o processo de constituição dos ativos queirão garantir o pagamento dos benefícios poderá ocorrer naproporção e na velocidade que for mais adequada aosinteresses e à capacidade financeira dos contribuintes,mantendo-se a compatibilidade necessária para manutençãodo equilíbrio entre período e nível de contribuição em relaçãoao valor e período de recebimento dos benefícios.

Neste sentido, a modalidade do plano, se BenefícioDefinido (BD), Contribuição Definida (CD) ou ContribuiçãoVariável (CV), grosso modo, não interfere diretamente noprocesso de acumulação de ativos, quando muito pode indicaruma estratégia especifica para tal. Na prática, as modalidadeBD, CD e CV dizem respeito à relação jurídica que seestabelece entre participante e o plano de benefícios, porintermédio de uma EFPC específica. No primeiro caso, oparticipante contrata um valor certo de benefício por prazoincerto de pagamento, ao passo que, no segundo, sãocontratados valor e prazo certos de contribuição, e obenefício dependerá da performance dos rendimentos,podendo ser maior ou menor do que estabelecido a título demeta. No caso da modalidade CV, há uma combinação quemescla características de contribuição definida na fase deacumulação dos recursos e de benefício definido na fase depagamento dos benefícios. A diferença fundamental entreas modalidades consiste na forma jurídica de se atribuirresponsabilidade em caso de desequilíbrio entre a fase deacumulação e a de pagamento dos benefícios.

A administração do patrimônio dos participantes deplanos de benefícios fica a cargo de Entidades Fechadas dePrevidência Complementar (EFPC), sem fins lucrativos,constituídas especificamente para esta finalidade, a qual é

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cumprida, inclusive, com a atuação direta de representantesindicados pelos participantes ativos e assistidos. O sistemacomplementar fechado administra os seus recursos de formadescentralizada e, por conseguinte, mais próxima dosbeneficiários diretos e com a participação dos interessados,fato que contribui para reduzir os custos administrativos eos problemas relacionados à fraude.

As Inovações

Desde 1998, o sistema de previdência vem passandopor um processo de reestruturação. Primeiro, a PrevidênciaComplementar passou a constituir um dos pilares daPrevidência Social. Posteriormente expandiu-se o acesso doregime complementar à quase totalidade dos trabalhadoresda iniciativa privada, e, por último, foi estendido tambémaos servidores públicos. Entretanto, o marco jurídico da novaPrevidência Complementar foi fixado com a edição da LeiComplementar no 109, de 29 de maio de 2001. Com essa norma,o regime complementar brasileiro não apenas se adequou àsmodernas regras há muito introduzidas nos países mais desen-volvidos, como também inovou em muitos outros sentidos.

Inicialmente, cabe chamar a atenção para a evoluçãoconceitual ocorrida no mutualismo característico dos fundosde pensão. Nos primórdios, o mutualismo era, por assim dizer,pouco solidário, já que para se receber o benefícioprevidenciário era necessário estar vivo e quem morresseantes de se habilitar perderia por completo qualquer direitosobre os recursos do fundo. Posteriormente, o conceitoadquiriu novos contornos, com a incorporação dos benefíciosde risco, evoluindo para uma espécie de mutualismo restrito.Esta segunda situação perdurou até a edição da LeiComplementar no 109/01, quando o mutualismo deixou deser em relação ao plano e passou a ser em relação ao sistema.

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O mutualismo limitado aos planos apresentava o grandeinconveniente de que justamente quando o indivíduo maisprecisava da solidariedade era quando o mútuo lhe era maisdesfavorável. A perda do vínculo empregatício, e oconseqüente desligamento do plano, imputava, em geral,grandes perdas ao trabalhador retirante, em favor dos demaisque permaneciam. A rotatividade, por seu turno, constituía-se como um elemento responsável por baixar os custos dosplanos para os contribuintes. Muitos planos constituídos namodalidade Benefício Definido (BD) aparentementetornavam-se mais favoráveis aos participantes exatamenteporque se baseavam nos ganhos que a coletividade obteriacom as perdas individuais. Outro fator que contribuiu paracriar a falsa impressão de que os planos BD’s eram maisvantajosos decorre do fato de os patrocinadores cobrirem odeficit eventualmente existente. Todavia, essa situação sedeu num contexto em que somente o patrocinador dirigiaa EFPC, sem representação dos participantes. Com aintrodução da Lei Complementar no 109/2001, os eventuaisdeficits dos planos nas modalidades Benefício Definido eContribuição Variável devem ser cobertos de formaproporcional entre o patrocinador e o participante.Em relação aos planos constituídos na modalidadeContribuição Definida, conceitualmente não há deficit,porque qualquer desequilíbrio, para mais ou para menos,reflete diretamente sobre o valor do benefício.

Conforme visto acima, as modalidades apresentampontos favoráveis e outros desfavoráveis. No caso doBenefício Definido, as principais vantagens consistem em,por um lado, assegurar de antemão ao participante, quandoeste reunir as condições para a aquisição do direito, valorcerto de benefício, e, por outro, já trazer nas suas regrasforma de equacionamento de eventual deficit, envolvendoobrigatoriamente a patrocinadora. Em contrapartida, a

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desvantagem é que periodicamente o valor das parcelasmensais de contribuição pode ser reajustado, tendo por basea performance dos rendimentos. Em relação à ContribuiçãoDefinida, as vantagens decorrem, em primeiro lugar, do fatode, por não assegurar um valor exato de benefício, tornar oparticipante um potencial fiscal para acompanhar osrendimentos e forma de aplicação dos ativos, e, em segundo,não modificar o planejamento financeiro do participante emrelação ao valor da sua contribuição, que é sempre fixo, oque não o impede de fazer contribuições extraordinárias.Pesam contra esta modalidade de plano basicamente doisaspectos, o primeiro diz respeito ao fato de não comprometero patrocinador com eventuais deficits, o que não o proíbede fazer contribuições voluntárias em favor dos participantes,e, o segundo, refere-se à incerteza quanto ao valor dobenefício, a qual não constituirá surpresa para o participante,se este fizer o acompanhamento sistemático da evoluçãodo seu plano de benefícios. Na modalidade ContribuiçãoVariável, o participante tem a vantagem da ContribuiçãoDefinida na fase de acumulação dos recursos e de haver apossibilidade de converter o montante acumulado emBenefício Definido na fase de percepção do benefício,assumindo o ônus de cobrir, junto com o patrocinador,eventual deficit que possa ocorrer.

Os institutos previstos na Lei Complementar no

109/2001 constituem um grande avanço para o regimecomplementar, igualando o sistema brasileiro à prática hámuito empreendida nos países mais desenvolvidos.O Benefício Proporcional Diferido, a Portabilidade, oResgate e o “Autopatrocínio” constituem conjunto deregras mínimas que os planos devem contemplar, tendoem vista assegurar e proteger o direito dos participantesdentro da nova filosofia do sistema, hoje muito maissolidário e acessível à maioria dos trabalhadores.

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Instituidor — A Previdência Associativa

A maior inovação introduzida pela Lei Complementarno 109/01, porém, consistiu na criação da figura do Instituidorde planos previdenciários voltados para associados desindicatos e entidades de classe e setorial, com base naidentidade de grupo existente. Apesar de outros países jápossuírem planos com base nesse vínculo, o caso brasileiro épeculiar e, em muitos sentidos, representa uma inovação.Nos planos de Instituidores não existe a figura dopatrocinador, ou seja, o participante é o único responsávelpelo seu custeio e, por isso, todos os planos deverão serconstituídos na modalidade Contribuição Definida. Todavia,a norma faculta ao empregador contribuir, sem ao plano sevincular, em nome dos seus respectivos empregados. Outrasituação também regulamentada diz respeito à gestão dopatrimônio, a qual obrigatoriamente deverá ser terceirizada.Todos os cuidados jurídicos e técnicos foram envidados paraque as associações e entidades classistas e setoriais sejamum instrumento para fortalecer a Previdência Complementare que esta seja um instrumento para consolidar relaçõestrabalhistas harmônicas.

A possibilidade de tornar a Previdência Complementarfechada acessível aos trabalhadores em geral, por meio dovínculo associativo, engendrou uma estrutura compatível ecomplementar à tradicional estrutura constituída a partirdos planos patrocinados. Tradicionalmente, as indústriasorganizam-se por setor de atividade econômica, de formaque dentro de um mesmo setor é possível encontrar váriasatividades especializadas, desde o executivo até o operário.Desta forma, os planos de benefícios voltados para os gruposocupacionais, com base no vínculo empregatício, sãodesenhados de maneira a acomodar a estrutura verticalcaracterística de cada setor econômico, abrangendo

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atividades, ainda que distintas, correlacionadas ecomplementares entre si.

O regime complementar com base no vínculoassociativo, por sua vez, está concebido de forma horizontal,perpassando, em muitos casos, por mais de um setoreconômico, mas sempre dentro da mesma área deespecialização, como, por exemplo, os metalúrgicos e osengenheiros, dentre outros. Do ponto de vista conceitual ejurídico, o modelo brasileiro de Previdência Complementarestá completo, restando ainda desenvolvê-lo em algunsaspectos e integrar mais a sua estrutura institucional.

Atualmente a previdência associativa conta com 249instituidores, entre sindicatos, conselhos de profissionais eoutras entidades classistas; que estão distribuídos em 45planos instituidores operados por 24 fundos de pensão. APrevidência Complementar entra definitivamente na agendadas principais lideranças sindicais deste País, cumprindo-semais um ponto importante do Programa de Inclusão Socialdo Governo do Presidente Lula.

Retrospectiva e Perspectivas daPrevidência Complementar

Simultaneamente às mudanças ocorridas no marco legalda Previdência Complementar, os órgãos regulamentador efiscalizador das Entidades Fechadas de PrevidênciaComplementar (EFPC) ganharam novas atribuições e estruturamais adequada para realizar suas principais competências,dentre as quais merece destaque a proteção ao direito dosparticipantes, individual ou coletivamente considerados.

Com base em diversos cenários conjunturais da situaçãosócio-econômica do País para os próximos anos, o Ministérioda Previdência Social deu início a uma série de preparativos

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para oferecer mecanismo de proteção social a tanto quantosforem os trabalhadores que possam optar por estamodalidade de política pública. Em relação à Secretaria dePrevidência Complementar, foi estabelecido conjunto deações com vistas a tornar disponível ao maior número possívelde trabalhadores um sistema de Previdência Complementarseguro, ágil, transparente, amigável, informativo e confiável,com uma atuação efetiva e permanente do poder público nadefesa incondicional dos participantes. Como matéria primapara outras ações de governo, a Previdência Complementardeverá retribuir com um volume expressivo de poupançaprópria e de longo prazo, imprescindível para contribuir parao desenvolvimento econômico e social de formaindependente e sustentável.

Como havia uma distância muito grande entre aestrutura institucional existente e aquela realmentenecessária para fazer face às novas orientações políticas, econsiderando a escassez de recursos financeiros e humanos,a Secretaria de Previdência Complementar deu início a umaação emergencial, porém empreendida de forma metódicae criteriosa, para otimizar a aplicação dos recursosdisponíveis. Inicialmente, separaram-se — conceitualmenteas atribuições do órgão regulamentador, a cargo do Conselhode Gestão da Previdência Complementar (CGPC), daquelasdo órgão fiscalizador, exercidas pela Secretaria de PrevidênciaComplementar (SPC). Ambos foram valorizados e fortalecidospara o desempenho das suas atribuições. O CGPC, comestrutura mais enxuta e representativa, ganhou agilidade elogrou regulamentar situações que há anos vinham searrastando por falta de definição política.

A SPC concentrou esforços nas seguintes linhas de ação:fortalecer o sistema fechado de Previdência Complementar,fomentar a criação dos planos de benefícios (patrocinados e

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previdência associativa), acompanhar a definição das regraspara a Previdência Complementar do servidor público,estabelecer parceria com os atores que integram o sistema,definir novos conceitos de supervisão e desenvolver sistemade monitoramento contínuo de fiscalização dos planos deprevidência.

Como medida de fortalecimento do sistema, a SPC,em conjunto com o CGPC, promoveu a regulamentação depontos cruciais para tornar o sistema mais atrativo e viávelpara o conjunto de interessados. Dentre outras medidas, cabeainda destacar o empenho no sentido de dotar a Secretariade estrutura técnica mais especializada e ágil para facilitare reduzir o tempo de tramitação das mais diversas demandasque dão entrada diariamente no protocolo.

Vale destacar com especial atenção o esforçoempreendido com o objetivo de realizar parcerias com osatores do sistema complementar. Considerando a estruturade governança das EFPC’s, que, além do ConselhoDeliberativo e da Diretoria Executiva, compreende umConselho Fiscal com atribuições de controle interno, a SPCtem buscado, por meio de várias ações, estabelecer relaçãode proximidade com os conselheiros, com a finalidade deintegrar o controle externo, a cargo do órgão fiscalizador dosistema, e o controle interno, que tem entre seus quadrosrepresentantes dos participantes.

Em relação à supervisão, a Secretaria está desen-volvendo mecanismos de acompanhamento contínuo epermanente das Entidades Fechadas de PrevidênciaComplementar, de forma a conhecer com a devidaantecedência situações em que a orientação do órgãofiscalizador possa tornar-se imprescindível para o corretocumprimento da legislação. Além de acompanharpermanentemente a vida das EFPC’s, a SPC está promovendo

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um reforço no seu quadro de pessoal responsável pelafiscalização in loco dos planos de benefícios.

A agenda da Secretaria de Previdência Complementarpara os fundos de pensão ancora-se em alguns eixosfundamentais, que na busca por resultados mais efetivos,foram divididos, com o propósito de facilitar a compreensãosobre as áreas de atuação da SPC. O primeiro deles consistena organização e funcionamento do órgão de fiscalizaçãodas entidades fechadas de previdência complementar, o qualinclui, dentre outros, na criação da Superintendência Nacionalde Previdência Complementar, a Previc, autarquia defiscalização autônoma, estável, com independênciafinanceira, administrativa e quadros de pessoal própriosespecializados, no fortalecimento do quadro de pessoal daSPC e na implantação do novo portal de informações da SPC.

O segundo ponto refere-se à consolidação dosfundamentos para o estabelecimento da Supervisão Baseadaem Riscos, que irá conduzir o órgão de fiscalização para arealização de métodos de fiscalização mais modernos ealinhados com as melhores práticas internacionais ditadaspela (IOPS) Organização Internacional de Supervisores dePrevidência Privada.

O terceiro ponto refere-se ao fomento à educaçãofinanceira e previdenciária como uma das principais linhasde atuação da Secretaria de Previdência Complementar parao ano de 2008. Serão incentivadas práticas educativas paraos participantes, assistidos e beneficiários dos planos debenefícios, para a estrutura organizacional das EFPC’s e paraa população brasileira em geral.

O quarto e último eixo consiste na revisão dosprocedimentos contábeis das entidades fechadas deprevidência complementar e tem por finalidade reforçar a

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transparência, dando maior visibilidade aos registros dasoperações financeiras e atuariais e permitindo o adequadolançamento dessas informações.

Diante do exposto, as perspectivas para o corrente anosão bastante animadoras. Espera-se, contudo, darcontinuidade ao trabalho que já vem sendo levado a cabo,aprofundando e diversificando as ações já desenvolvidas,tendo como metas principais o fortalecimento do sistemade previdência, a expansão dos planos de Instituidores e asupervisão intensiva sobre os planos de benefícios. Aprevidência complementar dos servidores públicos, agora quea Constituição Federal já estabeleceu suas regras basilares,será, neste ano, objeto de uma ação específica da Secretariacom vistas a organizar uma estrutura enxuta, integrada edesde o início equilibrada.

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