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Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-RR-1498-34.2010.5.03.0015 Firmado por assinatura digital em 07/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. A C Ó R D Ã O 7ª Turma CMB/nsl RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CARACTERIZAÇÃO. Atestada por laudo técnico pericial a exposição do empregado a agente insalubre, pelo exercício de atividade de campo, cuja nocividade não é capaz de ser atenuada pelos EPI’s utilizados, descabe a argumentação quanto à violação do artigo 194 da CLT, pois ausente a circunstância de eliminação do risco à saúde, de que trata o referido dispositivo. Recurso de revista de que não se conhece. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS EFETUADO NO PRAZO LEGAL. HOMOLOGAÇÃO TARDIA. Ressalvado o meu entendimento pessoal, a jurisprudência prevalecente do Tribunal Superior do Trabalho é no sentido de que a multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT refere-se à mora no pagamento das parcelas rescisórias, de modo que a homologação posterior ao decurso do prazo estabelecido no § 6º não pode ser considerada como fato gerador de aplicação da aludida penalidade. Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. RECURSO DE REVISTA ADESIVO INTERPOSTO PELO AUTOR EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA. Ao magistrado é assegurada liberdade na direção do processo, sendo permitido o indeferimento de provas em decorrência do princípio do livre convencimento motivado e da celeridade Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123F79DA1F605C1.

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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-1498-34.2010.5.03.0015

Firmado por assinatura digital em 07/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

7ª Turma

CMB/nsl

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA

RECLAMADA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

CARACTERIZAÇÃO. Atestada por laudo

técnico pericial a exposição do

empregado a agente insalubre, pelo

exercício de atividade de campo, cuja

nocividade não é capaz de ser atenuada

pelos EPI’s utilizados, descabe a

argumentação quanto à violação do

artigo 194 da CLT, pois ausente a

circunstância de eliminação do risco à

saúde, de que trata o referido

dispositivo. Recurso de revista de que

não se conhece.

MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO

DAS VERBAS RESCISÓRIAS EFETUADO NO

PRAZO LEGAL. HOMOLOGAÇÃO TARDIA.

Ressalvado o meu entendimento pessoal,

a jurisprudência prevalecente do

Tribunal Superior do Trabalho é no

sentido de que a multa prevista no

artigo 477, § 8º, da CLT refere-se à mora

no pagamento das parcelas rescisórias,

de modo que a homologação posterior ao

decurso do prazo estabelecido no § 6º

não pode ser considerada como fato

gerador de aplicação da aludida

penalidade. Precedentes. Recurso de

revista de que se conhece e a que se dá

provimento.

RECURSO DE REVISTA ADESIVO INTERPOSTO

PELO AUTOR EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE

DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE

TESTEMUNHA. Ao magistrado é assegurada

liberdade na direção do processo, sendo

permitido o indeferimento de provas em

decorrência do princípio do livre

convencimento motivado e da celeridade

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processual, conforme preveem os artigos

765 da CLT; 130 e 131 do CPC; e 5º,

LXXVIII, da Constituição Federal. No

caso, o indeferimento da oitiva da

reclamada e da testemunha arrolada pelo

reclamante decorreu da constatação de

que houve efetiva confissão real por

parte do autor, em seu depoimento, a

ensejar o inevitável indeferimento dos

pedidos correlatos. Devidamente

motivado o procedimento, não há se falar

em cerceamento de defesa. Indene o

artigo 5º, LV, da Constituição Federal.

Recurso de revista de que não se

conhece.

AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA

JURÍDICA. INTEGRAÇÃO. Consignou o

Tribunal Regional que a parcela paga ao

autor a título de “Ticket-alimentação”

possui natureza jurídica

indenizatória, por força de expressa

previsão em Acordos Coletivos de

Trabalho, sendo indevida a integração

postulada. Conclusão diversa, no

sentido da tese recursal, de que havia

pagamento da verba com natureza

salarial, implicaria revolvimento de

fatos e provas, procedimento obstado

nesta instância extraordinária.

Ademais, carece de prequestionamento a

questão atinente à ocorrência de

pagamento da parcela antes da adesão da

empresa ao PAT ou da fixação da natureza

indenizatória por norma coletiva.

Incidência das Súmulas nº 126 e 297 do

TST. Recurso de revista de que não se

conhece.

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. MUDANÇA

ÚNICA QUE PERDUROU ATÉ A DATA DA

RESCISÃO CONTRATUAL. CARÁTER

DEFINITIVO. A Orientação

Jurisprudencial nº 113 da SBDI-1 desta

Corte determina o direito ao adicional

de transferência no caso em que esta é

provisória. A SBDI-1 deste Tribunal

Superior considera o caráter da

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transferência, se provisória ou

definitiva, aferindo-se, no caso

concreto, os termos em que ocorreu o

deslocamento, tais como o tempo de

contratação, o motivo que a ensejou, o

número de mudanças, o ânimo de

permanência e, em certos casos, a época

da rescisão contratual. Precedentes. Na

hipótese, o reclamante foi contratado

na cidade do Rio de Janeiro, em junho de

2001, de onde foi posteriormente

transferido, em junho de 2003, para a

cidade de Belo Horizonte, onde

permaneceu até a rescisão do contrato,

ocorrida em fevereiro de 2010. Ademais,

conforme registrado no acórdão

regional, o próprio autor, em seu

depoimento, confirmou o caráter

definitivo da única transferência

promovida durante a vigência do seu

contrato de trabalho. Indevido, assim,

o adicional previsto no artigo 469, §

3º, da CLT. Recurso de revista de que não

se conhece.

EQUIPARAÇÃO SALARIAL. O Tribunal

Regional, soberano na análise da prova,

consignou a ausência dos elementos

caracterizadores da equiparação

salarial e ressaltou que “o próprio autor

trouxe aos autos um fato impeditivo do pleito

equiparatório, ao admitir, em depoimento pessoal, a

existência de distinção entre as atividades por ele

desenvolvidas e aquelas exercidas pelo paradigma

indicado na inicial”. Admitido pelo

reclamante a ausência de identidade de

funções com o paradigma, não há como se

reconhecer o direito à equiparação

salarial, que exige tal requisito.

Indene o artigo 461 da CLT. Recurso de

revista de que não se conhece.

INDENIZAÇÃO. HORAS DE SOBREAVISO. O

recurso, no particular, encontra-se

desfundamentado, à luz do artigo 896 da

CLT, na medida em que ausente indicação

de ofensa a dispositivo legal ou

constitucional, de contrariedade à

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súmula ou orientação jurisprudencial

desta Corte, ou mesmo de divergência

jurisprudencial. Recurso de revista de

que não se conhece.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso

de Revista n° TST-RR-1498-34.2010.5.03.0015, em que são Recorrentes TNL

PCS S.A. e CARLOS EDUARDO MENDES VIEIRA e Recorrido OS MESMOS.

A reclamada, não se conformando com o acórdão do

Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (fls. 355/365), interpõe

recurso de revista (fls. 368/379), no qual aponta violação de

dispositivos de lei e da Constituição Federal, bem como indica dissenso

pretoriano.

Despacho de admissibilidade às fls. 393/394.

Contrarrazões oferecidas pelo autor, às fls. 396/403.

Recurso de revista adesivo interposto pelo

reclamante, às fls. 407/417, cuja admissibilidade está condicionada ao

conhecimento do recurso principal, nos termos do despacho de fls.

421/422.

Contrarrazões oferecidas pela reclamada, às fls.

423/429.

Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público

do Trabalho, nos termos do artigo 83, § 2º, II, do Regimento Interno do

TST.

É o relatório.

V O T O

Inicialmente, destaco que o presente apelo será

apreciado à luz da Consolidação das Leis do Trabalho, sem as alterações

promovidas pela Lei nº 13.015/2014, uma vez que se aplica apenas aos

recursos interpostos em face de decisão publicada já na sua vigência,

o que não é a hipótese dos autos – acórdão regional publicado em 07/10/2011

(fl. 366).

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RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA

Presentes os pressupostos extrínsecos de

admissibilidade, passo à análise dos pressupostos recursais intrínsecos.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CARACTERIZAÇÃO.

CONHECIMENTO

A reclamada sustenta ser indevida a condenação ao

pagamento de adicional de insalubridade. Afirma que o laudo pericial

concluiu pela caracterização de insalubridade por suposto contato com

radiações não ionizantes sem qualquer constatação e apesar de admitir

que o autor (especialista em telecomunicações) exercia atividades de

escritório no período de 26/06/2007 a 03/02/2010. Argumenta que apenas

por uma semana ao mês havia vistorias em campo, que duravam, em média

45 a 90 minutos, cujas atividades eram, em regra, no chão. Aduz que a

exposição ao agente nocivo, se existente, era meramente esporádica e com

uso regular de equipamento de proteção individual – EPI’s. Pugna pela

exclusão da condenação ao pagamento do adicional de insalubridade e

reflexos, assim como da obrigação de fornecer Perfil Profissiográfico

Previdenciário – PPP, sob pena de multa diária. Aponta violação do artigo

194 da CLT e do Anexo 7 da NR-15.

Eis a decisão recorrida:

“2. Adicional de insalubridade/periculosidade

O reclamante não se conforma com a sentença que indeferiu a

pretensão de recebimento dos adicionais de insalubridade e periculosidade.

Examino.

A perícia realizada nos autos concluiu pela descaracterização da

periculosidade no ambiente laboral do autor. Por outro lado, ‘com base na

inspeção e avaliações realizadas no local de trabalho do Reclamante’,

entendeu por ‘caracterizada a insalubridade em grau médio por Radiações

não Ionizantes, de acordo com o Anexo 7 da NR – 15 da Portaria 3.214/78,

no período de 26/06/2007 a 03/02/2010’ (f. 168).

Não obstante, a MM. Juíza indeferiu as pretensões relativas tanto à

periculosidade quanto à insalubridade, fundamentando, quanto a esta última,

que ‘embora estivesse o reclamante sujeito às radiações não-ionizantes, este

fazia uso dos EPI’s, estando, portanto, com a proteção adequada, razão pela

qual não há como enquadrá-lo na norma regulamentadora invocada pela

perita’ (f. 203). Pontue-se que a sentença concluiu pelo efetivo uso dos

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EPIs em razão de ser o próprio reclamante quem incontroversamente

controlava a distribuição de EPIs na empresa reclamada.

Data venia, discordo do posicionamento adotado em primeira instância

especificamente no que tange à insalubridade.

Apurou o perito que, ao longo do pacto laboral, dentre outras

atividades, incumbia ao reclamante ‘realizar vistorias em campo para

determinar novos pontos de sites (locais propícios à montagem de novas

estruturas para instalação de novas antenas de telefonia celular para a

empresa ou, caso a estrutura já existisse, pertencente à empresa ou a outra

empresa de telefonia celular, analisar o compartilhamento, apenas para

instalação de novas antenas de telefonia celular para a empresa) ou realizar

vistorias em campo para inspecionar antenas que já haviam sido instaladas

em estruturas novas ou compartilhadas (estrutura já existente, pertencente à

empresa ou a outra empresa de telefonia celular). Esta atividade consistia em

ficar posicionado no local escolhido ou, caso a antena já tivesse sido

instalada, subir na estrutura, e fotografar o local, utilizando máquina

fotográfica, anotar localização geográfica, utilizando GPS, bússola e trena,

ou ainda efetuar pequenas manutenções na antena (apertar parafusos,

consertar o direcionamento da antena, etc.)’ (f. 161/162).

Segundo o expert, no período de 26/06/07 a 03/02/10, tais atividades

eram praticadas durante uma semana por mês, sendo que ‘eram

vistoriadas de 01 a 03 localidades por jornada de trabalho, e cada vistoria

durava de 45 minutos a 01 hora e 30 minutos’ (f. 162).

Explicou o especialista que ‘A faixa de frequência de operação da

telefonia móvel da empresa é de 845 MHz a 2100 MHz e a faixa de

frequência de operação da telefonia móvel de outras empresas é de 6000

MHz A 50000 MHz. A faixa de frequência para microondas é de 300 MHz a

30000MHz’ (f. 162). Prosseguiu dizendo que ‘Aproximadamente, de 20% a

30% das vistorias realizadas pelo Autor eram efetuadas em estruturas onde já

havia antenas que emitiam microondas, para atender à telefonia fixa ou

móvel da própria empresa ou telefonia móvel de outra empresa” (f. 162;

grifos acrescidos).

Apurou o perito que, para realizar tais atividades em campo, o autor

‘usava capacete, botina, cinto tipo paraquedista, luvas de vaqueta sem dedos

ou luvas de vaqueta com dedos de borracha, fita de extensão, mosquetão,

talabarte, trava quedas’ (f. 162; grifos acrescidos). Destacou, ainda quanto

aos EPIs, que ‘O próprio Reclamante providenciava a troca dos EPIs, quando

havia necessidade. O uso dos EPI’s era fiscalizado pelos especialistas,

inclusive pelo próprio Autor. Foi dado treinamento, pelo técnico de

segurança do trabalho, a respeito dos EPIs’ (f. 163/164).

Ainda assim, o perito concluiu pela existência da insalubridade em

grau médio por radiações não ionizantes, no período mencionado (26/06/07 a

03/02/10).

Ora, de fato, nenhum dos EPIs fornecidos pela empresa eram

destinados a proteger o trabalhador das microondas emitidas por antenas,

sendo eles específicos para a proteção do trabalhador contra quedas.

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Assim, diversamente do que entendeu o d. Juízo de primeiro grau, o

simples fato de o reclamante controlar a distribuição desses EPI’s -

insuficientes à eliminação da insalubridade gerada pelas microondas - não

lhe retira o direito à percepção do adicional em questão.

Em consequência, a sentença merece reforma, no particular, tendo em

vista o teor da prova pericial de insalubridade, exigida por lei exatamente por

envolver matéria técnica especializada e afeta somente a profissionais do

ramo (art. 195, caput e parágrafo 2º, da CLT).

Muito embora o julgador não esteja adstrito às conclusões da prova

técnica, quando esta conclui pela caracterização da insalubridade e não é

satisfatoriamente contrariada, deve ser acatada.

Faz jus o reclamante, portanto, à percepção do adicional de

insalubridade em grau médio, relativamente ao período compreendido entre

26/06/2007 e 03/02/2010.

Face à habitualidade constatada, são devidos os reflexos postulados em

aviso prévio, 13ºs salários, férias + 1/3 e FGTS + 40%.

Ao contrário do que pretende o reclamante, não há falar na utilização

do salário básico como base de cálculo da parcela.

Até que haja a edição de lei que venha a regulamentar o pagamento do

adicional de insalubridade, a sua base de cálculo continuará sendo o salário

mínimo. A Súmula Vinculante nº 4 do STF declara a inconstitucionalidade

dessa forma de cálculo, mas ressalta a impossibilidade de adoção, pelo Poder

Judiciário, de uma outra diversa, até que uma norma legal venha a

regulamentar o tema, consoante se extrai do seguinte trecho da Rcl

6.266-MC/DF:

‘No julgamento que deu origem à mencionada Súmula

Vinculante nº 4 (RE 565.714/STF, Rel. Min. Carmem Lúcia,

Sessão de 30.4.2008 – Informativo nº 510/STF), esta Corte

entendeu que o adicional de insalubridade deve continuar sendo

calculado com base no salário mínimo, enquanto não superada a

inconstitucionalidade por meio de lei ou convenção coletiva.’

Nesse contexto, conclui-se que o salário mínimo deve ser utilizado

como base de cálculo do adicional de insalubridade, em conformidade com o

artigo 192 da CLT, que continua a regular a matéria, até que haja nova lei

estabelecendo em sentido diverso.

A SDI-I do TST assim vem se posicionando, a exemplo dos seguintes

julgados, dentre outros: E-RR-769/2004-068-09-00.5, Rel. Min. Guilherme

Augusto Caputo Bastos, DEJT 19.03.09, pág. 25; e E-ED-RR-1034/2001-

029-15-00.0, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT 12.03.09, pág. 33.

Por fim, reconhecido o labor em condições insalubres, mera

decorrência é a determinação de fornecimento do Perfil Profissiográfico

Previdenciário - PPP, que passou a ser o documento hábil à comprovação do

exercício de atividade especial, em substituição ao formulário

DIRBEN-8030.

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O documento em questão deverá ser entregue ao reclamante no prazo

de dez dias, a contar do trânsito em julgado, sob pena de multa diária de

R$50,00 (cinquenta reais).

Provejo.” (fls. 358/361).

De início, registra-se que recurso de revista não se

viabiliza por alegação de afronta a anexo de norma regulamentar expedida

por Portaria do Ministério do Trabalho, ante a ausência de previsão nas

alíneas do artigo 896 da CLT.

No caso, o Tribunal Regional reformou a sentença para

deferir ao autor adicional de insalubridade, em grau médio, por radiações

não ionizantes, no período de 26/06/2007 a 03/02/2010.

A condenação foi amparada em laudo técnico pericial

que atestou a exposição a agente nocivo nas atividades de campo

desenvolvidas pelo autor, tendo sido explicitado que “nenhum dos EPIs

fornecidos pela empresa eram destinados a proteger o trabalhador das microondas emitidas por antenas,

sendo eles específicos para a proteção do trabalhador contra quedas” (fl. 359).

A circunstância de serem as atividades de campo

praticadas em uma semana por mês, caracterizadas por vistorias que

duravam de 45 minutos a 01 hora e 30 minutos, cada, realizadas em

localidades que variavam de 01 a 03 por jornada de trabalho, não é capaz

de descaracterizar o direito ao adicional de insalubridade, o qual se

faria devido ainda que configurada a hipótese de exposição em caráter

intermitente, conforme diretriz da Súmula nº 47 do TST:

“SUM-47 INSALUBRIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e

21.11.2003. O trabalho executado em condições insalubres, em caráter

intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do

respectivo adicional.”

Ademais, constatada em laudo pericial a exposição do

empregado a agente insalubre, cuja nocividade não é capaz de ser atenuada

pelos EPI’s utilizados na prestação de trabalho, descabe a argumentação

da parte quanto à violação do artigo 194 da CLT, pois ausente a

circunstância de eliminação do risco à saúde, de que trata o referido

dispositivo.

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Não conheço.

MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO DAS VERBAS

RESCISÓRIAS EFETUADO NO PRAZO LEGAL. HOMOLOGAÇÃO TARDIA.

CONHECIMENTO

A reclamada sustenta ser indevida a condenação ao

pagamento da multa do artigo 477 da CLT, em face da homologação tardia

da rescisão. Afirma que, ocorrendo o pagamento das verbas rescisórias

no prazo legal torna-se indevida a multa, ainda que a homologação da

rescisão do contrato tenha ocorrido em data posterior. Aponta violação

do artigo 5º, II, da Constituição Federal e 477, §§ 6º e 8º, da CLT.

Transcreve arestos ao cotejo de teses.

Eis a decisão regional:

“Multa prevista no artigo 477, parágrafo 8°, da CLT.

A reclamada não se conforma com o deferimento da multa prevista no

parágrafo 8º, do art. 477, da CLT. Sustenta que o mero atraso na

homologação da rescisão não é suficiente para ensejar a referida penalidade.

Sem razão.

O acerto rescisório é ato complexo, compreendendo, além do

pagamento, a necessária formalização da rescisão, com a entrega das guias

TRCT e CD/SD, bem como da chave de conectividade. Em sendo assim, não

se completando a prática de todos esses atos, o só pagamento das parcelas

devidas em rescisão não elide o pagamento da multa.

Conforme TRCT de f. 10, o autor foi dispensado imotivadamente em

03/02/2010, mediante aviso prévio indenizado. Considerando que o acerto

rescisório só foi efetuado em 23/02/10 perante o Sindicato da Categoria (f.

10/11), tem-se por não observados os 10 dias previstos no parágrafo 6º,

alínea ‘b’, do art. 477, da CLT.

Isso porque, ainda que tenha sido realizado o pagamento das parcelas

constantes do TRCT no prazo legal, o acerto rescisório só se realizou após o

decêndio legal, o que ocasionou prejuízos ao reclamante, pois implicou

atraso no levantamento do FGTS e no requerimento do seguro-desemprego.

Desse modo, decidiu corretamente a MM. Juíza ao condenar a

reclamada ao pagamento da multa prevista no art. 477, parágrafo 8º, da

CLT.” (fls. 364/365).

A delimitação fática que se extrai do acórdão regional

é a de que houve o pagamento das parcelas constantes do Termo de Rescisão

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do Contrato de Trabalho no prazo estabelecido no § 6º do artigo 477 da

CLT.

Não obstante, considerou o Tribunal a quo inobservado

o prazo legal, a ensejar a incidência de multa, pois o acerto rescisório

somente se concretizou com a respectiva homologação pelo sindicato,

oportunidade em que se proporcionou ao autor o implemento dos demais

direitos decorrentes da rescisão, como o levantamento do FGTS e o

requerimento de seguro-desemprego.

Acerca do tema, ressalvo meu entendimento no sentido

de que a norma é garantir o cumprimento do prazo para que sejam

implementados os efeitos decorrentes da extinção do contrato de trabalho,

entre os quais se incluem a liberação do FGTS e do seguro-desemprego,

o que, realmente, não é possível sem a imprescindível formalidade.

Entretanto, acompanho o entendimento majoritário

desta Corte Superior no sentido de que a multa prevista no artigo 477,

§ 8º, da CLT refere-se à mora no pagamento das parcelas rescisórias, de

modo que a homologação posterior ao decurso do prazo estabelecido no §

6º não pode ser considerada como fato gerador de aplicação da aludida

multa.

Nesse sentido são os seguintes precedentes:

"MULTA PREVISTA NO § 8º DO ART. 477 DA CLT.

PAGAMENTO DAS PARCELAS RESCISÓRIAS NO PRAZO

PRECONIZADO NO § 6º DO ART. 477 DA CLT. HOMOLOGAÇÃO

POSTERIOR. INDEVIDA. A multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT é

referente à mora no pagamento das parcelas rescisórias, de modo que a

homologação posterior ao decurso do prazo estabelecido no § 6º não pode ser

considerada como fato gerador de aplicação da referida multa. Recurso de

Embargos de que se conhece e a que se nega provimento."

(TST-E-RR-548-28.2010.5.03.0014, Relator Ministro: João Batista Brito

Pereira, SBDI-1, DEJT 01/07/2013);

"RECURSO DE EMBARGOS - REGÊNCIA PELA LEI Nº

11.496/2007 - MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT - ATRASO NA

HOMOLOGAÇÃO DA RESCISÃO CONTRATUAL - DESCABIMENTO.

Com a ressalva do meu entendimento, o prazo previsto no § 6º do art.

477consolidado refere-se ao pagamento das verbas rescisórias, e não à

homologação da rescisão contratual. Observados os prazos estabelecidos no

art. 477, § 6º, da CLT e quitadas tempestivamente as verbas rescisórias, não

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

há incidência da penalidade prevista no art. 477, § 8º, da CLT. Precedentes

desta Subseção. Recurso de embargos conhecido e desprovido."

(E-RR-1197-86.2011.5.03.0004, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de

Mello Filho, SBDI-1, DEJT 02/08/2013);

"RECURSO DE EMBARGOS. MULTA DO ART. 477, §8º DA CLT.

ATRASO NA HOMOLOGAÇÃO DA RESCISÃO CONTRATUAL.

RECURSO DE REVISTA NÃO CONHECIDO. O artigo 477, § 6º, da CLT

trata apenas dos prazos para o pagamento das verbas da rescisão do contrato

de trabalho. Tem-se que o fato gerador da multa de que trata o § 8º do artigo

477 da CLT é o retardamento na quitação das verbas rescisórias, e não a

homologação da rescisão. Se a reclamada, ao efetuar o pagamento da

rescisão, observou os prazos previstos na lei, não incide a penalidade prevista

no art. 477, § 8º, da CLT. Precedentes da c. SDI. Embargos conhecidos e

desprovidos." (E-RR-1325-18.2011.5.01.0019, Relator Ministro: Aloysio

Corrêa da Veiga, SBDI-1, DEJT 03/10/2014);

"EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A

ÉGIDE DA LEI 11.496/2007. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.

VERBAS RESCISÓRIAS PAGAS NO PRAZO LEGAL.

HOMOLOGAÇÃO TARDIA. 1. A Turma manteve a decisão regional

quanto ao indeferimento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, ao

fundamento de que o seu fato gerador está vinculado ao não-cumprimento

dos prazos para pagamento das verbas rescisórias estabelecidas no § 6º do

mesmo dispositivo, e não ao ato em si da homologação da rescisão

contratual. 2. Esta Subseção firmou a compreensão de que a multa estipulada

no art. 477, § 8º, da CLT não incide em caso de atraso na homologação da

rescisão contratual, quando evidenciado que o pagamento das verbas

rescisórias foi efetuado no prazo legal. Precedentes. Recurso de embargos

conhecido e não provido, no tema. (...)."

(E-RR-3176400-55.2007.5.09.0013, Relator Ministro: Hugo Carlos

Scheuermann, SBDI-1, DEJT 07/11/2014);

"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. MULTA DO

ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO DAS VERBAS

RESCISÓRIAS EFETUADO NO PRAZO LEGAL. HOMOLOGAÇÃO

TARDIA. MULTA INDEVIDA. Segundo a jurisprudência prevalecente no

Tribunal Superior do Trabalho, ao interpretar o artigo 477 da CLT, o fato

gerador da multa prevista no § 8 está vinculado, exclusivamente, ao

descumprimento dos prazos estipulados no § 6º do mesmo artigo, e não ao

atraso da homologação da rescisão contratual. Assim, tendo havido o

pagamento das verbas rescisórias no prazo a que alude o artigo 477, § 6º, da

CLT, foi cumprida a obrigação legal por parte do empregador, sendo

indevida a aplicação da multa prevista no § 8º do mesmo preceito, ao

fundamento de que a homologação da rescisão contratual pelo sindicato

ocorreu fora daquele prazo. Embargos conhecidos e desprovidos."

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

(E-ED-RR-392-67.2011.5.01.0044, Relator Ministro: José Roberto Freire

Pimenta, SBDI-1, DEJT 19/12/2014).

Conheço do recurso de revista por violação do artigo

477, § 8°, da CLT.

MÉRITO

Como consequência lógica do conhecimento do apelo, por

violação do artigo 477, § 8°, da CLT, dou-lhe provimento para excluir

da condenação a multa prevista no referido dispositivo.

RECURSO DE REVISTA ADESIVO INTERPOSTO PELO AUTOR

Presentes os pressupostos extrínsecos de

admissibilidade, passo à análise dos pressupostos recursais intrínsecos.

NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.

INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA.

CONHECIMENTO

O autor suscita nulidade processual por cerceamento

de defesa, em face do indeferimento da oitiva da única testemunha

arrolada, não obstante os seus protestos. Aponta violação do artigo 5º,

LV, da Constituição Federal e 333, I, do CPC. Transcreve arestos ao

confronto de teses.

Eis a decisão recorrida:

“NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA

Argui o reclamante a nulidade da sentença, por cerceamento de defesa,

em razão do indeferimento do depoimento pessoal da reclamada e da oitiva

da única testemunha indicada nos autos.

Não há porque acolher tal arguição.

No início da audiência de instrução, as partes fixaram os seguintes

pontos controvertidos da demanda: ‘realização de tarefas idênticas; alteração

de domicílio; e horas de sobreaviso’ (f. 197).

Passou-se, então, à oitiva do reclamante, após o que foi imediatamente

encerrada a instrução pelo d. Juízo a quo, que indeferiu, sob protestos, a

pretensão do autor no sentido de que fosse colhido o depoimento pessoal da

reclamada e ouvida a testemunha arrolada à f. 134 (f. 198).

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Ao prolatar a sentença, a MM. Juíza de primeiro grau fundamentou que

‘as questões declaradas como ainda controvertidas restaram elucidadas pelo

depoimento pessoal do Autor (confissão real)’ (f. 202).

Com efeito, nos termos do artigo 130 do CPC, cabe ao Juiz indeferir as

provas inúteis, podendo apreciar livremente os elementos probatórios,

conforme seu convencimento, tendo ampla liberdade na direção do processo

(art. 131 do CPC), cumprindo-lhe velar pela celeridade processual (art. 765

da CLT).

O indeferimento da oitiva da reclamada e da testemunha arrolada

foi satisfatoriamente motivado, tendo a MM. Juíza razão ao consignar

que a reclamante confessou os fatos tidos por controversos em

audiência, que levariam ao inevitável indeferimento dos pedidos

correlatos.

Apesar de o direito às parcelas postuladas dever ser apreciado no

mérito, cabe adiantar que o autor admitiu, em depoimento pessoal: que

exercia atividades diversas daquelas exercidas pelo paradigma indicado; que

sua transferência ocorreu em caráter definitivo; que a reclamada nunca lhe

exigiu que ficasse com o celular ligado por 24 horas durantes as viagens.

Diante disso, era mesmo desnecessária a produção de prova a respeito

da equiparação salarial e dos adicionais de transferência e de sobreaviso, não

havendo falar em cerceamento de defesa.

Portanto, não há falar em violação ao artigo 5º, LV, da CR/88.

Rejeito.” (fls. 356/357).

De início, revela-se impertinente a indicação de

afronta ao artigo 333, I, do CPC, pois não se discute, nos autos, a

distribuição do encargo probatório entre as partes, mas os efeitos

decorrentes da confissão real promovida pelo autor em seu depoimento

acerca de pedidos constantes da inicial, a justificar o indeferimento

da oitiva da testemunha por ele arrolada.

É certo que o magistrado tem ampla liberdade na direção

do processo, sendo permitido o indeferimento de provas em decorrência

do princípio do livre convencimento motivado e da celeridade processual,

conforme preveem os artigos 765 da CLT; 130 e 131 do CPC; e 5º, LXXVIII,

da Constituição Federal, transcritos a seguir, nessa ordem:

"Art. 765. Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na

direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo

determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.”

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

“Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,

determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as

diligências inúteis ou meramente protelatórias.”

“Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e

circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas

deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.”

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

(...)

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são

assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitação.”

Neste sentido são os seguintes precedentes:

“RECURSO DE REVISTA. QUESTÃO PRELIMINAR. NULIDADE

PROCESSUAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.

INDEFERIMENTO DE DEPOIMENTO PESSOAL DA PARTE

CONTRÁRIA. O sistema processual consagra o princípio do livre

convencimento motivado, sendo facultado ao magistrado firmar sua

convicção a partir de qualquer elemento de prova legalmente produzido,

desde que fundamente sua decisão. Não há cerceamento do direito de defesa

em decisão que, devidamente fundamentada nos demais elementos de prova

produzidos nos autos, indefere a produção de prova oral (depoimento pessoal

da parte adversa) por se encontrar a matéria fática (trabalho externo)

suficientemente provada. Inteligência do artigo 130 do Código de Processo

Civil. Incólumes os artigos 5º, LIV e LV, da Constituição da República e 343

do Código de Processo Civil. Precedente da Subseção Especializada em

Dissídios Individuais I - SBDI-I. Recurso de revista não conhecido." (...)

(Processo: RR - 95800-13.2006.5.06.0015, Relator Desembargador

Convocado: José Maria Quadros de Alencar, 1ª Turma, Data de Publicação:

DEJT 07/01/2014);

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.

CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Se o magistrado considerou

desnecessária a produção da prova testemunhal, diante da confissão da

reclamante, e fundamentou a sua decisão, extraindo elementos suficientes

para a formação de seu convencimento, não houve cerceamento de defesa. O

artigo 130 do CPC autoriza o magistrado a determinar as provas necessárias

e indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Ileso, pois, o

artigo 5º, LIV e LV, da Constituição Federal. Agravo de instrumento a que se

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

nega provimento." (Processo: AIRR - 123600-05.2009.5.15.0130, Relator

Desembargador Convocado: Valdir Florindo, 2ª Turma, Data de Publicação:

DEJT 19/12/2013);

"RECURSO DE REVISTA. (...) 2. PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE

TESTEMUNHA. NÃO CONHECIMENTO. Não há falar em cerceamento

de defesa, na hipótese em que o indeferimento da oitiva de testemunhas se

deu por já haver nos autos provas suficientes para o deslinde da controvérsia,

bem como os fatos que se pretendia fazer prova com tal depoimento já se

encontravam provados, ou sequer eram fatos, mas consequências da Lei.

Recurso de revista de que não se conhece. (...)" (Processo: RR -

29940-36.2007.5.03.0008, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo

Bastos, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2013).

No caso, considerando que o indeferimento da oitiva

da reclamada e da testemunha arrolada pelo reclamante decorreu da

constatação de que houve efetiva confissão real por parte do autor, em

seu depoimento, a ensejar o inevitável indeferimento dos pedidos

correlatos, não há que se falar em cerceamento de defesa.

Indene o artigo 5º, LV, da Constituição Federal.

Não conheço.

AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA. INTEGRAÇÃO.

CONHECIMENTO

O autor sustenta que percebia auxílio-alimentação,

com natureza salarial e que não houve prova de adesão da reclamada ao

PAT. Requer, assim, a integração da verba ao salário, com deferimento

dos reflexos pertinentes. Invoca a aplicação da Súmula nº 241 do TST e

da Orientação Jurisprudencial nº 133 da SBDI-1. Transcreve arestos ao

confronto de teses.

Eis a decisão recorrida:

“1. Integração dos tíquetes-refeição

Insurge-se o reclamante contra o indeferimento do pedido de

integração dos tíquetes-refeição/alimentação percebidos ao longo do

contrato à sua remuneração.

Mas não lhe assiste razão.

A natureza indenizatória dos tíquetes-refeição decorre de expressa

previsão convencional, conforme se verifica das cláusulas 10ªs dos ACTs

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

04/05 e 09/10 (f. 60 e 100) e 9ªs dos ACTs 05/06 e 06/08 (f. 66v/70 e 76),

segundo as quais:

‘O regime de concessão do Tíquete Refeição/Alimentação

está considerado no Programa de Alimentação do Trabalhador –

PAT e não constitui verba de natureza salarial’.

Fica afastada, portanto, a incidência da Súmula 241 do TST,

inaplicável à hipótese específica dos autos.

Desprovejo.” (fls. 357/358).

Consignou o Tribunal Regional que a parcela paga ao

autor a título de “Ticket-Alimentação” possui natureza jurídica

indenizatória, por força de expressa previsão em Acordos Coletivos de

Trabalho.

Nesse contexto, conclusão diversa, no sentido da tese

recursal, de que havia pagamento da verba com natureza salarial,

implicaria revolvimento de fatos e provas, procedimento obstado nesta

instância extraordinária, a teor da Súmula nº 126 do TST.

De outro lado, a questão concernente à ocorrência de

percepção da parcela em data anterior à adesão da reclamada ao PAT ou

à fixação da natureza indenizatória da verba em norma coletiva não foi

abordada pelo Tribunal Regional. De outro lado, também não foram opostos

embargos de declaração pelo autor, a fim de viabilizar o indispensável

pronunciamento da Corte de origem sob este enfoque. Por conseguinte,

carece de prequestionamento. Incidência da Súmula nº 297 do TST.

A ausência de delimitação quanto ao pagamento de verba

a título de “auxílio-alimentação”, independentemente da sua

nomenclatura, por força do contrato de trabalho e, por conseguinte, com

natureza salarial, em data anterior à vigência das normas coletivas que

fixaram a natureza indenizatória da parcela ou mesmo antes da adesão da

empresa ao PAT inviabiliza o reconhecimento de contrariedade à Súmula

nº 241 do TST ou à Orientação Jurisprudencial nº 133 da SBDI-1 desta Corte.

Igualmente não se viabiliza o recurso, por divergência

jurisprudencial. Os arestos colacionados para exame, transcritos às fls.

410/411, são inespecíficos, na medida em que se reportam a casos em que

se declarou a natureza salarial do “auxílio-alimentação” pago por força

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do contrato de trabalho, evidenciando-se também a ausência de comprovação

de adesão da empresa ao PAT. Todavia, conforme já registrado, neste caso,

a delimitação fática que se extrai do acórdão regional é outra, qual seja,

que a verba paga ao autor possuía natureza indenizatória, por força de

expressa previsão em norma coletiva. Incidência da Súmula nº 296, I, do

TST.

Não conheço.

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. MUDANÇA ÚNICA QUE

PERDUROU ATÉ A DATA DA RESCISÃO CONTRATUAL. CARÁTER DEFINITIVO.

CONHECIMENTO

O autor insiste que faz jus ao pagamento de adicional

de transferência, em face do caráter provisório da alteração do seu posto

de trabalho do Rio de Janeiro para Belo Horizonte. Aponta violação do

artigo 469 da CLT. Transcreve arestos ao cotejo de teses.

Eis a decisão recorrida:

“3. Adicional de transferência.

O reclamante não se conforma com o indeferimento da pretensão de

recebimento de adicional de transferência.

Sem razão.

Segundo consta dos autos, o reclamante foi contratado no Rio de

Janeiro em junho/2001, tendo sido transferido para Belo Horizonte em

junho/2003, lá permanecido até o término do seu contrato de trabalho,

em fevereiro/10.

Estabelece a O.J. nº 113 da SDI-I/TST que: ‘Adicional de

transferência. Cargo de confiança ou previsão contratual de transferência.

Devido. Desde que a transferência seja provisória. O fato de o empregado

exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no

contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal

apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência

provisória.’ (grifos acrescidos).

Ocorre que, in casu, o próprio reclamante confessou o caráter

definitivo de sua transferência para Belo Horizonte, ao admitir, em

depoimento pessoal, que: ‘foi contratado no dia 04/06/2001, na cidade do

Rio de Janeiro; que, em maio de 2003, em razão de suas atividades, mudou

de domicílio, passando a morar definitivamente na cidade de Raposos/MG

e a trabalhar na cidade de Belo Horizonte/MG; que a distância entre as

cidades mineiras é de 35km; que poderia morar em Belo Horizonte, mas

preferiu morar em Raposos; que esta foi a única vez em que teve que alterar

o seu domicílio; que quando veio transferido não lhe foi informado se se

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tratava de alteração definitiva ou provisória, mas o depoente entendeu

como definitiva’ (f. 197).

Tem-se, pois, que a única transferência do reclamante - do Rio de

Janeiro para Belo Horizonte - foi realizada de forma definitiva, e não

provisória, tendo o trabalhador permanecido por mais de seis anos nesta

Capital, até a ocorrência de sua dispensa.

Portanto, não é devido o adicional postulado.

Desprovejo.” (fl. 361).

Esta Corte condiciona o direito ao adicional de

transferência aos casos em que se configurada a provisoriedade da

mudança, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 113 da SBDI-1:

"ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA

OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO.

DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA. O fato de o

empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de

transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. O

pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a

transferência provisória."

Para a definição da natureza da transferência, se

provisória ou definitiva, devem ser observados alguns critérios.

A SBDI-1 deste Tribunal Superior considera o caráter

da transferência, aferindo-se, no caso concreto, os termos em que ocorreu

o deslocamento, tais como o tempo de contratação, o motivo que a ensejou,

o número de mudanças, o ânimo de permanência e, em certos casos, a época

da rescisão contratual.

Nesse sentido cito os seguintes precedentes:

"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO PELA EMPRESA

RECLAMADA REGIDO PELA LEI 11.496/2007. ADICIONAL DE

TRANSFERÊNCIA. SUCESSIVIDADE E PROVISORIEDADE. Para

analisar-se o pedido de adicional de transferência, os dados fáticos devem ser

analisados em conjunto, não bastando o exame de um único fator, como o

tempo, mas sim a conjugação de vários requisitos: o ânimo (provisório ou

definitivo), a sucessividade de transferências e o tempo de duração. In casu,

mesmo que uma das transferências tenha excedido dois anos, certo é que

houve sucessivas transferências, e, em uma delas, o reclamante permaneceu

na localidade um ano. Nesse contexto, está demonstrada a sucessividade nas

transferências, bem como a provisoriedade. Recurso de embargos não

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

conhecido." (...) (AgR-E-ED-RR-239700-43.2006.5.09.0024, Relator

Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Subseção I Especializada em

Dissídios Individuais, DEJT 03/10/2014);

"RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA - ADICIONAL DE

TRANSFERÊNCIA - PROVISORIEDADADE. Nos termos da Orientação

Jurisprudencial nº 113 da SBDI-1 do TST, a transitoriedade da transferência

é o pressuposto legal apto a legitimar o pagamento do adicional

correspondente. Ademais, a SBDI-1 desta Corte vem decidindo no sentido

de que a provisoriedade não é aferida a partir do mero critério temporal,

sendo necessário acurado exame das condições em que ocorreu o

deslocamento, tais como duração do contrato de trabalho, motivo da

transferência, ânimo de permanência e sucessividade de transferências. No

caso, a reclamante, contratada em Goiânia em 1999, foi transferida para

Brasília em 2002, e, em seguida, para Florianópolis em 2006, onde

permaneceu até o final do contrato de trabalho, em 2009. Embora o fato de a

segunda transferência perdurar até término do contrato de trabalho pudesse

induzir à sua caracterização como definitiva, há que se considerar que essa

transferência sucedeu uma outra, que perdurara por quatro anos. Também há

de se levar em conta a circunstância de a reclamante ter sido transferido por

duas vezes, sucessivas, no bojo de um contrato de trabalho que não perdurou

nem dez anos. Alia-se a tais fundamentos a circunstância processual de a

reclamada não ter trazido aos autos outros elementos que denotassem a

definitividade da remoção obreira, como firmado na sentença. Recurso de

revista conhecido e desprovido." (...) (RR-5198-03.2010.5.12.0036, Relator

Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, DEJT

09/05/2014);

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007.

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. MUDANÇA ÚNICA QUE

PERDUROU POR DOIS ANOS E UM MÊS ATÉ A DATA DA

RESCISÃO CONTRATUAL. CARÁTER DEFINITIVO. 1 - Consoante

posicionamento desta SBDI-1 firmado por meio da Orientação

Jurisprudencial 113, o adicional de transferência somente será devido em

caso de mudança provisória. 2 - O caráter da transferência, se provisória ou

definitiva, por sua vez, é aferido levando-se em conta o tempo de

contratação, a duração da transferência e o número de mudanças a que foi

submetido o empregado, sendo, ainda, relevante, em certos casos, a época da

rescisão contratual. 3 - Na hipótese, verifica-se do acórdão embargado a

existência de uma única transferência, de Pato Branco para Cascavel, em

abril de 2004, e que perdurou até a demissão do reclamante, em maio de

2006. Logo, ao contrário do entendimento da Turma, deve ser reconhecido o

caráter definitivo da mudança e a consequente ausência de direito ao

adicional em tela. Precedente. Recurso de embargos conhecido e provido."

(E-RR-45400-34.2006.5.09.0072, Relatora Ministra: Delaíde Miranda

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Arantes, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT

22/11/2013).

Na hipótese, o reclamante foi contratado na cidade do

Rio de Janeiro, em junho de 2001, de onde foi posteriormente transferido,

uma única vez, em junho de 2003, para a cidade de Belo Horizonte, onde

permaneceu até a rescisão do contrato, ocorrida em fevereiro de 2010.

Ademais, conforme registrado no acórdão regional, o

próprio autor, em seu depoimento, confirmou o caráter definitivo da única

transferência promovida durante a vigência do seu contrato de trabalho.

Reconhecida a natureza definitiva da transferência

promovida pela empresa, não há se falar no pagamento do adicional previsto

no artigo 469, § 3º, da CLT.

Inespecíficos os arestos acostados para exame,

transcritos à fl. 412, que não enfrentam os mesmos elementos de fato

consignados no acórdão regional. Incidência da Súmula nº 296, I, do TST.

Não conheço.

EQUIPARAÇÃO SALARIAL.

CONHECIMENTO

O autor insiste no direito a diferenças salariai, por

equiparação. Afirma que há identidade de função com o paradigma a

justificar a procedência do pleito. Aduz que é do empregador o ônus de

comprovar fato impeditivo à equiparação salarial, encargo sobre o qual

não se desincumbiu. Aponta violação dos artigos 461 e 818 da CLT e 333

do CPC. Transcreve arestos ao cotejo de teses.

Eis a decisão recorrida:

“4. Equiparação salarial

Renova o autor a pretensão de recebimento de diferenças salariais

decorrentes da equiparação salarial com o paradigma indicado na inicial.

Sem razão, novamente.

A teor do disposto no art. 461 da CLT, para a configuração da

equiparação salarial, é necessário que reclamante e paradigma prestem

serviços à mesma empregadora, na mesma localidade, exercendo as mesmas

funções, com igual produtividade e perfeição técnica, e que a diferença de

tempo no exercício da função seja inferior a dois anos, incumbindo ao

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

reclamante a prova dos fatos constitutivos de seu direito e, ao empregador,

dos fatos impeditivos, modificativos e extintivos do direito pretendido.

Na hipótese, o próprio autor trouxe aos autos um fato impeditivo

do pleito equiparatório, ao admitir, em depoimento pessoal, a existência

de distinção entre as atividades por ele desenvolvidas e aquelas

exercidas pelo paradigma indicado na inicial, Júlio César Faria Santos.

Vejamos:

‘que as tarefas do Sr. Julio Cesar Farias Santos consistiam

em vistoria em campo para definição de novos locais para

instalação de equipamentos, verificação de reclamações de

clientes em campo, atendimento de solicitações de outras

operadoras para compartilhamento de estruturas verticais da OI,

acompanhamento de projetos de investimento de novos

elementos na rede, fazendo reuniões periódicas, normalmente

semanais, com empreiteiros, pessoal de licenciamento, os de

aquisição e os de implantação, para acompanhar o andamento do

projeto e cumprir os prazos previstos nestes projetos de

investimentos; que o paradigma também controlava custos de

projetos de investimentos, mas o depoente não sabe detalhar o

que seria pormenorizadamente, porque não realizava tal tarefa;

que o depoente distribuía tarefas relativas ao compartilhamento

de estrutura vertical e as reclamações dos clientes, para que

fossem respondidas pelos colegas e a ele devolvidas no prazo

definido pelo contrato da empresa; que esta última tarefa não era

realizada pelo paradigma’ (f. 197).

Assim, à falta de identidade funcional, mantém-se o indeferimento do

pedido de diferenças salariais oriundas da equiparação salarial.

Desprovejo.” (fls. 362).

O Tribunal Regional, soberano na análise da prova,

consignou a ausência dos elementos caracterizadores da equiparação

salarial e ressaltou que “o próprio autor trouxe aos autos um fato impeditivo do pleito

equiparatório, ao admitir, em depoimento pessoal, a existência de distinção entre as atividades por ele

desenvolvidas e aquelas exercidas pelo paradigma indicado na inicial”.

Admitido pelo reclamante a ausência de identidade de

funções com o paradigma, não há como se reconhecer o direito à equiparação

salarial, que exige tal requisito. Indene o artigo 461 da CLT.

A decisão regional encontra-se fundamentada na

valoração da prova, dentre estas, o depoimento do autor. Por conseguinte,

descabe a argumentação acerca da distribuição do encargo probatório.

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Ademais, eventual afronta aos artigos 818 da CLT e 333

do CPC, que disciplinam a distribuição do encargo probatório entre as

partes, somente ocorre na hipótese em que o magistrado decide mediante

atribuição equivocada desse ônus, o que não ocorreu no caso dos autos.

Inespecíficos os arestos colacionados para exame,

transcritos às fls. 412/416, que se reportam a situações em que se

verificou a presença dos pressupostos previstos no artigo 461 da CLT,

enquanto que no presente caso, o próprio autor revela a inexistência de

identidade de funções. Incidência da Súmula nº 296, I, do TST.

Não conheço.

INDENIZAÇÃO. HORAS DE SOBREAVISO.

CONHECIMENTO

O autor alega que faz jus a indenização por horas de

sobreaviso. Insiste na reforma da decisão, a fim de que lhe seja deferida

a verba.

Não obstante, o recurso, no particular, encontra-se

desfundamentado, à luz do artigo 896 da CLT, na medida em que ausente

indicação de ofensa a dispositivo legal ou constitucional, de

contrariedade à súmula ou orientação jurisprudencial desta Corte, ou

mesmo de divergência jurisprudencial.

Não conheço.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista

interposto pela reclamada, apenas quanto ao tema "multa do artigo 477

da CLT - pagamento das verbas rescisórias efetuado no prazo legal -

homologação tardia", por violação do artigo 477, § 8º, da CLT, e, no

mérito, dar-lhe provimento para excluir da condenação a multa prevista

no referido dispositivo. Ainda à unanimidade, não conhecer do recurso

de revista adesivo interposto pelo autor. Fica mantido o valor da

condenação, para fins processuais.

Brasília, 6 de Abril de 2016.

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Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

CLÁUDIO BRANDÃO Ministro Relator

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