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600_Resumo_Direito-Tributario_Aula-Bonus_Principios-Imunidades_parte-02.pdf

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  • Direito Tributrio

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula

    ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros

    doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    Sumrio

    1. Imunidades. ................................................................................................................ 2

    1.1 Entidades assistenciais (art. 150, VI, c). ................................................................ 2

    1.1.1 Imunidade dos imveis .................................................................................. 2

    1.1.2 Imunidade e obrigaes acessrias ................................................................ 5

    1.1.3 Imunidade e responsabilidade tributria. ...................................................... 6

    1.1.4 Imunidade e contribuinte de fato. ................................................................. 7

    1.1.5 Requisitos para fruio da imunidade. ........................................................... 8

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    1. Imunidades.

    1.1 Entidades assistenciais (art. 150, VI, c).

    1.1.1 Imunidade dos imveis.

    Imveis alugados.

    Smula 724 STF:

    Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imvel pertencente a

    qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituio, desde que o valor

    dos aluguis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

    Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional n 3, de 1993)

    c) patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das

    entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia

    social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

    Se o imvel estiver sendo utilizado como escritrio ou residncia de membro da

    instituio, a imunidade permanecer?

    R: De acordo com STF, a imunidade no ser afastada.

    Entendendo que a imunidade tributria conferida a instituies de educao e

    assistncia social sem fins lucrativos (CF, art. 150, VI, c) abrange inclusive as atividades

    que visem o implemento de suas finalidades essenciais, a Turma reformou acrdo que

    sujeitara incidncia do IPTU imveis destinados ao escritrio e residncia dos

    membros da entidade beneficente. RE 221.395-SP, rel. Min. Marco Aurlio, 8.2.2000.

    (INFORMATIVO 177 STF).

    Tambm ficar imune o imvel que abrigue um clube utilizado pelos funcionrios da

    instituio com fins de recreao e lazer?

    R: Tambm neste caso o STF entende que a imunidade persiste.

    A Turma negou provimento a recurso extraordinrio em que o Municpio de So Paulo

    pretendia tributar imvel (IPTU) de propriedade de fundao caracterizada como

    entidade de assistncia social. O recorrente alegava que a imunidade alcanaria apenas

    os imveis vinculados a atividade especfica da fundao e no clube utilizado por

    funcionrios desta com fins de recreao e lazer. Asseverou-se que o emprego do imvel

    para tais propsitos no configura desvio de finalidade em relao aos objetivos da

    entidade filantrpica. Dessa forma, concluiu-se que a deciso impugnada - que afastara

    o desvio de finalidade com o intuito de assegurar a imunidade tributria com base no

    reconhecimento de que a atividade de recreao e lazer est no alcance das finalidades

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    da fundao - no violou o art. 150, 4 da CF. RE 236174/SP, rel. Min. Menezes Direito,

    2.9.2008. (INFORMATIVO 518 STF).

    Instituio filantrpica que cobra pelo uso do estacionamento em seu imvel. Haver

    imunidade de IPTU (imvel) e ISS (servio)?

    R: Para o STF, a imunidade persiste para ambos os tributos.

    Entendendo que a imunidade tributria conferida a instituies de assistncia social sem

    fins lucrativos (CF/88, art. 150, VI, c) abrange inclusive os servios que no se enquadrem

    em suas finalidades essenciais, a Turma manteve acrdo do Tribunal de Justia do

    Estado de Minas Gerais que reconhecera instituio de assistncia social mantenedora

    de orfanato a imunidade relativamente ao pagamento do IPTU cobrado de imvel

    utilizado para estacionamento de veculos. RE 257.700-MG, rel. Min. Ilmar Galvo,

    13.6.2000. (INFORMATIVO 193 STF).

    Entendendo que a imunidade tributria conferida a instituies de assistncia social sem

    fins lucrativos (CF, art. 150, VI, "c") abrange inclusive os servios que no se enquadrem

    em suas atividades especficas, a Turma reformou deciso do Tribunal de Justia do

    Estado de So Paulo que sujeitara incidncia do ISS o servio de estacionamento de

    veculos prestado por hospital em seu ptio interno. Considerou-se irrelevante o

    argumento acolhido pelo acrdo recorrido de que no se estaria diante de atividade

    tpica de um hospital Precedente citado: RE 116.188-SP (RTJ 131/1295). RE 144.900-SP,

    rel. Min. Ilmar Galvo, 22.4.97 (INFORMATIVO 68 STF).

    Entendendo que a imunidade tributria conferida a instituies de assistncia social sem

    fins lucrativos (CF/69, art. 19, III, c; CF/88, art. 150, VI, c) abrange inclusive os servios

    que no se enquadrem em suas finalidades essenciais, a Turma reformou acrdo que

    sujeitara incidncia do ISS o servio de estacionamento de veculos prestado por

    hospital em seu ptio interno. Precedente citado: RE 116.188-SP (RTJ 131/1295); RE

    144.900-SP (DJU de 26.9.97). RE 218.503-SP, rel. Min. Moreira Alves, 21.9.99.

    (INFORMATIVO 163 STF).

    possvel a cobrana de ISS sobre venda a de ingressos para eventos organizados

    pelo SESC?

    R: O STF entende no ser possvel.

    IMUNIDADE TRIBUTARIA. CF, ART. 150, VI, C. SERVIO SOCIAL DO COMERCIO - SESC.

    IMPOSTO SOBRE SERVIOS. PRESTAO DE SERVIOS DE DIVERSO PBLICA. A renda

    obtida pelo SESC na prestao de servios de diverso pblica, mediante a venda de

    ingressos de cinema ao pblico em geral, e aproveitada em suas finalidades

    assistenciais, estando abrangida na imunidade tributaria prevista no art. 150, VI, c, da

    Carta Repblica. (AI AgRg -155.822, Relator Min. ILMAR GALVO - STF).

    Concluso:

    A imunidade abarca tambm o patrimnio, a renda e os servios que gerem recursos

    para aplicao nas finalidades do ente. A doutrina aponta como limites a essa interpretao

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    que no haja como efeito colateral relevante violao aos princpios da ordem econmica

    (Ricardo Lobo Torres).

    O STF j asseverou que:

    A desonerao no deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princpios da

    livre-concorrncia e do exerccio de atividade profissional ou econmica lcita. (RE

    253472).

    Persiste a imunidade para imveis vagos?

    R: No Informativo 699 o STF afastou a imunidade:

    A 1 Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para desprover agravo de

    instrumento interposto de deciso que no admitira recurso extraordinrio em que

    discutido se imvel vago pertencente instituio educacional estaria alcanado pela

    imunidade tributria. Na espcie, o Min. Dias Toffoli, ao conhecer do agravo de

    instrumento, provera o extraordinrio para assentar a pretendida benesse. Na ocasio,

    registrara o descompasso entre a jurisprudncia do STF e o acrdo recorrido. A Corte de

    origem teria entendido que entidade educacional sem fins lucrativos no gozaria de

    imunidade tributria referente a imvel vago, sem edificao, j que a propriedade em

    questo encontrar-se-ia vazia e sem utilizao relacionada s suas finalidades essenciais.

    O Min. Marco Aurlio consignou que a imunidade das instituies educacionais

    compreenderia somente o patrimnio, a renda e os servios relacionados s finalidades

    essenciais dessas entidades (CF, art. 150 4). Ressaltou que o referido terreno no

    estaria sendo utilizado em busca do xito das finalidades essenciais da instituio. A Min.

    Rosa Weber assentou que no teria como prover o recurso extraordinrio sem

    reexaminar a premissa ftica de que o imvel no estaria sendo usado de acordo com

    suas finalidades essenciais. Vencido o Min. Dias Toffoli, que mantinha a deciso

    agravada. AI 661713 AgR/SP, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acrdo Min. Marco

    Aurlio, 19.3.2013. (AI-661713)

    J no Informativo 714, o STF manteve a imunidade:

    A 1 Turma, por maioria, negou provimento a recurso extraordinrio em que discutido se

    imvel no edificado pertencente ao Servio Social da Indstria - SESI estaria alcanado

    pela imunidade tributria. Na espcie, reconheceu-se que, por ser o recorrido entidade de

    direito privado, sem fins lucrativos, encaixar-se-ia na hiptese do art. 150, VI, c, da CF e, por

    isso, estaria imune. Apontou-se que a constatao de que imvel vago ou sem edificao no

    seria suficiente, por si s, para destituir a garantia constitucional da imunidade tributria.

    Ponderou-se que, caso j tivesse sido deferido o status de imune ao contribuinte, o

    afastamento dessa imunidade somente poderia ocorrer mediante prova em contrrio

    produzida pela administrao tributria. Asseverou-se no ser possvel considerar que

    determinado imvel destinar-se-ia a finalidade diversa da exigida pelo interesse pblico

    apenas pelo fato de, momentaneamente, estar sem edificao ou ocupao. Assinalou-se que

    a qualquer momento poderia deixar sua condio de imvel vago. Vencido o Min. Marco

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    Aurlio, que dava provimento ao recurso. Assentava no poder concluir que um imvel no

    edificado estivesse diretamente relacionado a servio prestado. Explicitava que a imunidade

    do art. 150, VI, c, da CF no seria linear, tendo em vista a restrio disposta no seu 4 (As

    vedaes expressas no inciso VI, alneas b e c, compreendem somente o patrimnio, a

    renda e os servios, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas

    mencionadas). RE 385091/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 6.8.2013. (RE-385091)

    No mesmo sentido:

    A vedao instituio de impostos sobre o patrimnio e a renda das entidades

    reconhecidamente de assistncia social que estejam vinculados s suas finalidades

    essenciais uma garantia constitucional. Por seu turno, existe a presuno de que o

    imvel da entidade assistencial esteja afetado a destinao compatvel com seus

    objetivos e finalidades institucionais. 2. O afastamento da imunidade s pode ocorrer

    mediante a constituio de prova em contrrio produzida pela administrao tributria.

    (AI-AgR-ED 746263 STF - Relator(a) DIAS TOFFOLI).

    O ITBI tambm foi alvo da discusso sobre a imunidade das instituies previstas no

    art. 150, VI , c da Constituio. No caso vertente, a instituio imune estava adquirindo um

    imvel, para conceder a imunidade do ITBI, o municpio exigiu que comprovasse de antemo

    que o destinaria s suas atividades essenciais. O STF rechaou tal exigncia:

    1. No caso do ITBI, a destinao do imvel s finalidades essenciais da entidade deve ser

    pressuposta, sob pena de no haver imunidade para esse tributo. 2. A condio de um

    imvel estar vago ou sem edificao no suficiente, por si s, para destituir a garantia

    constitucional da imunidade. 3. A regra da imunidade se traduz numa negativa de

    competncia, limitando, a priori, o poder impositivo do Estado. 4. Na regra imunizante,

    como a garantia decorre diretamente da Carta Poltica, mediante decote de competncia

    legislativa, as presunes sobre o enquadramento originalmente conferido devem militar

    a favor das pessoas ou das entidades que apontam a norma constitucional. 5. Quanto

    imunidade prevista no art. 150, inciso VI, alnea c, da Constituio Federal, o nus de

    elidir a presuno de vinculao s atividades essenciais do Fisco. (RE 470.520 -

    RECURSO EXTRAORDINRIO Relator: DIAS TOFFOLI).

    1.1.2 Imunidade e obrigaes acessrias

    Se uma instituio imune, que no est obrigada a pagar impostos sobre patrimnio,

    renda e servios relacionados s suas atividades essenciais, tambm estar imune no

    que diz respeito ao cumprimento de obrigaes acessrias?

    R: Quando se fala em obrigaes acessrias, est se falando em deveres

    formais/instrumentais no interesse da fiscalizao e arrecadao de tributos. Segundo o

    CTN, obrigaes acessrias so prestaes positivas ou negativas (fazer ou deixar de fazer

    algo), impostas por lei, no interesse da fiscalizao e arrecadao de tributos, tais como

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    emitir nota fiscal, apresentar declarao/informao ao Poder Pblico. Por outro lado, a

    obrigao principal a de pagar o tributo ou multa.

    A imunidade tributria NO AFASTA, por si s, o dever de cumprir as obrigaes

    acessrias. (Informativo n 686 STF).

    Exemplo: art. 14, III CTN.

    Art. 14. O disposto na alnea c do inciso IV do artigo 9 subordinado observncia dos

    seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

    III - manterem escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidos de

    formalidades capazes de assegurar sua exatido

    Conforme dispe o art. 150, VI, c da Constituio, as entidades ali mencionadas

    somente gozaro de imunidade tributria se cumprirem os requisitos estabelecidos lei.

    Trata-se de imunidade condicionada, cujos requisitos esto no art. 14 CTN. Dentre tais

    requisitos, est o de escriturar corretamente livros fiscais, que tem natureza de obrigao

    acessria.

    Diante de tais premissas, fica claro que o gozo da imunidade no isenta a instituio

    de cumprir as obrigaes acessrias.

    1.1.3 Imunidade e responsabilidade tributria.

    A imunidade tributria afasta o dever do ente imune de cumprir as obrigaes que

    possui na qualidade de responsvel tributrio?

    R: De acordo com o CTN, o sujeito passivo de uma obrigao tributria principal pode

    ser o contribuinte ou o responsvel.

    Contribuinte = aquele que pratica o fato gerador.

    Responsvel = aquele que, mesmo sem ter praticado o fato gerador, est obrigado a

    recolher o tributo.

    Exemplo1: Instituio de assistncia social, que tem a imunidade reconhecida, pois

    cumpridora de todos os requisitos legais, no est obrigada a pagar IR na qualidade de

    contribuinte.

    No entanto, estar obrigada como responsvel a reter e recolher o IR devido pelos

    seus empregados?

    Pelas regras da responsabilidade tributria, caso o empregador no retenha e recolha

    o IR dos empregados, a ele caber o pagamento do tributo.

    Exemplo2: uma instituio imune compra ou recebe em doao um automvel, que

    tem dvidas de IPVA. Essa dvida pode ser transferida por sucesso (espcie de

    responsabilidade tributria) instituio imune?

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    Exemplo3: Caso julgado pelo STF - instituio imune de assistncia social. A lei previa

    que ao comprar determinada mercadoria de produtor rural, no ato do pagamento, o

    adquirente estaria obrigado a descontar o ICMS devido pelo produtor, repassando-o ao

    Estado (caso de responsabilidade por substituio).

    Em todos esses exemplos, as imunidades no abarcam as obrigaes advindas da

    responsabilidade tributria. Nestes casos, no h tributao que onere efetivamente

    patrimnio e renda da instituio imune, mas apenas a responsabilidade pelo recolhimento

    do tributo, mesmo sem ter praticado o fato gerador. (Informativos 553 e 554 do STF).

    Concluiu-se que, seja na substituio, seja na responsabilidade tributria, no haveria o

    deslocamento da sujeio tributria passiva direta, eis que os substitutos e os

    responsveis no seriam, nem passariam a ser, contribuintes do tributo. Asseverou-se

    que responsabilidade e substituio tributria versariam normas voltadas a garantir a

    mxima efetividade do crdito tributrio, mediante a eleio de outros sujeitos passivos

    para garantir o recolhimento do valor devido a ttulo de tributo. Assim, o responsvel ou

    o substituto responderiam por obrigao prpria, mas totalmente dependente da

    existncia, ou possibilidade de existncia, e da validade, da relao jurdica tributria

    pertinente ao contribuinte. Assentou-se que a imunidade tributria no alcanaria a

    entidade na hiptese de ser ela eleita responsvel ou substituta tributria, porquanto,

    em ambas as hipteses, a entidade no seria contribuinte do tributo, pois no seriam

    suas operaes que se sujeitariam tributao. Enfatizou-se que os fatos jurdicos

    tributrios referir-se-iam a outras pessoas, contribuintes, como o produtor-vendedor, no

    caso dos autos, e que, se tais pessoas no gozarem da imunidade, descaberia estender-

    lhes a salvaguarda constitucional. Afirmou-se no se tratar, tambm, de investigar quem

    suportaria a carga tributria para estabelecer o alcance da imunidade, pois, no quadro

    ora examinado, a busca pelo contribuinte de fato seria irrelevante, na medida em que

    existiria um contribuinte de direito, que seria o produtor-vendedor, descabendo

    estender-lhe o benefcio, se ele no gozar da imunidade.RE 202987/SP, rel. Min. Joaquim

    Barbosa, 30.6.2009. (RE-202987) (INFORMATIVO 553 STF).

    1.1.4 Imunidade e contribuinte de fato.

    O contribuinte de fato tem imunidade tributria?

    R: O STF entende que no.

    Neste sentido:

    IMPOSTO SOBRE CIRCULAO DE MERCADORIAS E SERVIOS IMUNIDADE ARTIGO

    150 , INCISO VI, ALNEA C, DA CONSTITUIO FEDERAL. A imunidade prevista no artigo

    150, inciso VI, alnea c, do Diploma Maior, a impedir a instituio de impostos sobre

    patrimnio, renda ou servios das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies

    de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos, est umbilicalmente ligada ao

    contribuinte de direito, no abarcando o contribuinte de fato. (RE-AgR 491574).

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    Observao: Julgado no qual o STF afastou a imunidade do imvel de um sindicato.

    Colnia de frias. Inexistncia de imunidade tributria por no ser o patrimnio ligado s

    finalidades essenciais do sindicato. Recurso extraordinrio: descabimento. (RE-AgR -

    245.093 Relator(a) SEPLVEDA PERTENCE).

    1.1.5 Requisitos para fruio da imunidade.

    O art. 150,VI,c considerado pela doutrina como exemplo de imunidade

    condicionada.

    Art. 150 - Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    VI - instituir impostos sobre:

    c) patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das

    entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia

    social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

    Assim, para que faam jus imunidade tributria, essas instituies devero observar

    os requisitos previstos em lei.

    Esses requisitos devem vir em lei complementar ou ordinria?

    R: Como a Constituio fala apenas em lei, seria possvel entender que bastaria uma

    lei ordinria. Ocorre que o art. 146 CR determina que as limitaes ao poder de tributar

    somente podero ser reguladas por lei complementar.

    O STF se pronunciou sobre o tema nos seguintes termos:

    O que a Constituio remete lei ordinria, no tocante imunidade tributria

    considerada, a fixao de normas sobre a constituio e o funcionamento da entidade

    educacional ou assistencial imune; no, o que diga respeito aos lindes da imunidade,

    que, quando susceptveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado lei

    complementar.(ADI 1802-MC).

    Em outras palavras, a Constituio permite que a lei ordinria regulamente a forma

    de constituio e funcionamento das entidades do art. 150, VI, c, mas os

    requisitos/condies/limites para o gozo da imunidade devem estar lei complementar.

    Hoje, os requisitos para a fruio da imunidade esto no art. 14 do CTN (recepcionado com

    eficcia passiva de lei complementar).

    Art. 14. O disposto na alnea c do inciso IV do artigo 9 subordinado observncia dos

    seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

    I no distriburem qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas rendas, a qualquer

    ttulo; (Redao dada pela Lcp n 104, de 10.1.2001)

    II - aplicarem integralmente, no Pas, os seus recursos na manuteno dos seus objetivos

    institucionais;

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    III - manterem escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidos de

    formalidades capazes de assegurar sua exatido.

    1 Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no 1 do artigo 9, a

    autoridade competente pode suspender a aplicao do benefcio.

    2 Os servios a que se refere a alnea c do inciso IV do artigo 9 so exclusivamente, os

    diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este

    artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

    Em relao ao inciso I, importante destacar que tais instituies podem ter lucro,

    inobstante, este no pode ser distribudo entre seus dirigentes. O resultado financeiro

    positivo destas instituies deve ser integralmente reaplicado em suas atividades essenciais.

    Observao1: A imunidade recproca (art. 150, VI, a) e a imunidade dos templos (art.

    150, VI, b), incondicionada.

    Observao2: A imunidade concedida aos partidos polticos tem como objetivo

    proteger a democracia e liberdade poltica. Para as demais entidades previstas no art. 150,

    VI, c, o objetivo da imunidade a propagao, manuteno e fomento dos direitos sociais.

    Observao3: A imunidade diz respeito apenas ao patrimnio, renda e servios

    relacionados com as finalidades essenciais da instituio imune. Conforme demonstrado nos

    julgados acima colacionados, a interpretao do STF ampla no que concerne

    conceituao de patrimnio/renda/servios relacionados. Assim, admite-se que exeram

    outras atividades no to relacionadas s suas finalidades essenciais, desde que os valores

    eventualmente arrecadados sejam integralmente investidos na sua atividade filantrpica

    matriz.