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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2009 Auditoria Ambiental Disciplina na modalidade a distância

[6268]Livro Completo Auditoria Ambiental

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Palhoça

UnisulVirtual

2009

Auditoria Ambiental

Disciplina na modalidade a distância

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CréditosUnisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educação Superior a Distância

Campus UnisulVirtual Avenida dos Lagos, 41 - Cidade Universitária Pedra Branca Palhoça – SC - 88137-100 Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 E-mail: [email protected] Site: www.virtual.unisul.br

Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira

Vice-Reitor e Pró-Reitor AcadêmicoSebastião Salésio Heerdt

Chefe de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro

Pró-Reitor AdministrativoMarcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira

Campus Sul Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orsoni

Campus Norte Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter

Campus UnisulVirtualDiretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler

Equipe UnisulVirtual

Avaliação Institucional Dênia Falcão de Bittencourt

Biblioteca Soraya Arruda Waltrick

Capacitação e Assessoria ao DocenteAngelita Marçal Flores (Coordenadora)Adriana SilveiraCaroline Batista Cláudia Behr ValenteElaine SurianPatrícia Meneghel Simone Perroni da Silva Zigunovas

Coordenação dos CursosAdriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Bernardino José da SilvaCharles Cesconetto Daiane Teixeira (auxiliar)Diva Marília Flemming Eduardo Aquino Hübler Fabiana Lange Patrício (auxiliar) Fabiano Ceretta Itamar Pedro Bevilaqua

Jairo Afonso Henkes Janete Elza Felisbino João Kiyoshi OtukiJorge Alexandre Nogared CardosoJosé Carlos de Oliveira NoronhaJucimara Roesler Lauro José Ballock Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marciel Evangelista CatâneoMaria da Graça Poyer Maria de Fátima Martins (auxiliar) Mauro Faccioni FilhoMichelle Denise D. L. Destri Moacir Fogaça Moacir Heerdt Nazareno MarcineiroNélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Raulino Jacó Brüning Rose Clér Estivalete BecheRodrigo Nunes Lunardelli

Criação e Reconhecimento de CursosDiane Dal Mago Vanderlei Brasil

Desenho Educacional Carolina Hoeller da Silva Boeing (Coordenadora)

Design InstrucionalAna Cláudia TaúCarmen Maria Cipriani Pandini Cristina Klipp de OliveiraDaniela Erani Monteiro WillFlávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Lucésia PereiraLuiz Henrique Milani QueriquelliMárcia LochMarcelo Mendes de SouzaMarina Cabeda Egger MoellwaldMichele CorreaNagila Cristina HinckelSilvana Souza da Cruz Soraya Medeiros FalqueiroViviane Bastos

Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel

Avaliação da AprendizagemMárcia Loch (Coordenadora) Débora Inácio do NascimentoEloísa Machado SeemannGabriella Araújo Souza EstevesLis Airê FogolariSimone Soares Haas Carminatti

Design Visual Vilson Martins Filho (Coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier

Alice Demaria Silva Anne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonçalves RibeiroDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimElusa Cristina Sousa Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi

Disciplinas a Distância Enzo de Oliveira Moreira (Coordenador)Franciele Arruda Rampelotti (auxiliar)

Gerência Acadêmica Márcia Luz de Oliveira

Gerência Administrativa Renato André Luz (Gerente)Marcelo Fraiberg MachadoNaiara Jeremias da RochaValmir Venício Inácio

Gerência de Ensino, Pesquisa e ExtensãoMoacir HeerdtClarissa Carneiro Mussi

Gerência de Produção e LogísticaArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Ana Paula PereiraFrancisco Asp

Gestão DocumentalJanaina Stuart da CostaJosiane LealJuliana Dias ÂngeloLamuniê Souza Roberta Melo PlattRubens Amorim

Logística de Encontros Presenciais Graciele Marinês Lindenmayr (Coordenadora) Aracelli Araldi HackbarthDaiana Cristina BortolottiDouglas Fabiani da Cruz Edésio Medeiros Martins FilhoFabiana PereiraFernando Steimbach Letícia Cristina Barbosa Marcelo FariaMarcelo Jair RamosRodrigo Lino da Silva

Formatura e Eventos Jackson Schuelter Wiggers

Logística de Materiais Jeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador)

Carlos Eduardo Damiani da SilvaGeanluca Uliana Luiz Felipe Buchmann FigueiredoJosé Carlos Teixeira

Monitoria e Suporte Anderson da SilveiraAndréia DrewesBruno Augusto Estácio Zunino Claudia Noemi NascimentoCristiano DalazenEdnéia Araujo AlbertoFernanda FariasJonatas Collaço de SouzaKarla Fernanda Wisniewski DesengriniMaria Eugênia Ferreira CeleghinMaria Isabel AragonMaria Lina Moratelli PradoPoliana Morgana SimãoPriscilla Geovana PaganiRafael Cunha Lara

Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior

Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni Albuquerque (Secretária de ensino) Andréa Luci Mandira Andrei RodriguesDjeime Sammer Bortolotti Franciele da Silva BruchadoFylippy Margino dos SantosJames Marcel Silva Ribeiro Jenni�er Camargo Liana PamplonaLuana Tarsila Hellmann Marcelo José SoaresMicheli Maria Lino de MedeirosRafael BackRosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Vilmar Isaurino Vidal

Secretária Executiva Viviane Schalata MartinsTenille Nunes Catarina (Recepção)

Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coordenador) André Luis Leal Cardoso JúniorJe�erson Amorin Oliveira José Olímpio Schmidt Marcelo Neri da Silva Phelipe Luiz Winter da SilvaRodrigo Battistotti Pimpão

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Auditoria Ambiental.

O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem autônoma. Com este objetivo, aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar-lhe o estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre-se de que sua caminhada nesta disciplina será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. A indicação ‘a distância’ caracteriza apenas a modalidade de ensino por que você optou para a sua formação.

E, nesta relação de aprendizagem, professores e instituição estarão continuamente em conexão com você.

Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato. Você tem à sua disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem, este que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual

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Palhoça

UnisulVirtual

2009

Design instrucional

Cristina Klipp de Oliveira

Auditoria Ambiental

Livro didático

Carlos Henrique Orssatto

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657.45O86 Orssatto, Carlos Henrique

Auditoria ambiental : livro didático / Carlos Henrique Orssatto ; design instrucional Cristina Klipp de Oliveira. – Palhoça : UnisulVirtual, 2009.

178 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Auditoria ambiental. I. Oliveira, Cristina Klipp de. II. Título.

Edição – Livro Didático

Professor ConteudistaCarlos Henrique Orssatto

Design Instrucional Cristina Klipp de Oliveira

Projeto Gráfico e CapaEquipe UnisulVirtual

DiagramaçãoDiogo Rafael da Silva

Revisão OrtográficaAmaline Boulus Issa Mussi

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Copyright © UnisulVirtual 2009

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3Palavras do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 – Aspectos Conceituais e Formais da Auditoria . . . . . . . . . . . 15UNIDADE 2 – A Auditoria e a Gestão Empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59UNIDADE 3 – Auditoria em Gestão Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 143Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

Sumário

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Palavras do professor

Seja bem-vindo(a) ao estudo da disciplina Auditoria Ambiental. A auditoria ambiental é uma das áreas precursoras da gestão ambiental. Para estudar a história do surgimento desta ferramenta de gestão é necessário conhecer um pouco da própria história da indústria moderna.

Durante as décadas de 1960 e 1970, as indústrias passaram a ampliar o uso de tecnologias para o tratamento da poluição decorrente de sua produção. Este procedimento ficou posteriormente conhecido como utilização de tecnologias de fim de tubo, uma vez que eram aplicadas para resolver o problema da poluição depois de ela ter sido gerada. Foi justamente neste período que as auditorias surgiram, de modo voluntário, nos Estados Unidos. Os requisitos da Securities and Exchange Commission (SEC) iriam consolidar as auditorias como ferramenta de avaliação.

O processo acelerado da distribuição da produção e venda de produtos pelo Mundo incrementou as aquisições e fusões de empresas, fazendo surgir a necessidade das auditorias como uma forma de verificar o estado das empresas, seus problemas, suas estruturas, máquinas, tecnologias, trabalhistas, legais e ambientais. Mesmo após o processo de migração da produção entre países, é necessário proceder a auditorias de verificação no sentido de manter o nível das atividades dentro das metas e procedimentos projetados.

A partir do final da década de 1980, as auditorias ambientais se tornaram uma ferramenta comum de gestão nos países desenvolvidos, e é cada vez maior sua aplicação nos países em desenvolvimento, tanto pelas empresas internacionais quanto pelas nacionais. Inicialmente, as auditorias consistiam de análises críticas do desempenho ambiental ou de auditorias de conformidade, uma vez que seu objetivo era reduzir os riscos dos investimentos em ações legais resultantes das operações

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das empresas. Hoje há uma enorme pressão sobre os aspectos ambientais das empresas, exercida pelos órgãos de fiscalização e pela sociedade. Cresceu também o papel dos consumidores, que buscam por produtos mais saudáveis, produzidos de forma menos agressiva, e as universidades e instituições de ensino de modo geral, as ONGs e a opinião pública sinalizam às empresas a necessidade de esforços na proteção ambiental.

A auditoria tornou-se um instrumento de orientação, mediação e regulação, capaz de fazer com que o setor produtivo e, mais recentemente, a administração pública possam estar engajados na manutenção da qualidade ambiental para as gerações presentes e futuras.

Prof. Carlos Henrique Orssatto

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Plano de estudo

O plano de estudo visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da disciplina. Possui elementos que o(a) ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação.

São elementos desse processo:

o livro didático; �

o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA; �

as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de �

autoavaliação);

o Sistema Tutorial. �

Ementa

Conceitos de auditoria. Tipos de auditoria. Escopo da auditoria e regulamentos para auditoria ambiental. Auditoria de conformidade legal. Diretrizes para auditoria ambiental. Procedimentos de auditoria. Auditoria de sistemas de gestão ambiental. Perícias e laudos ambientais. Conceitos de qualidade e produtividade. Sistemas de gestão da qualidade total. Ferramentas e métodos para melhoria da qualidade. Certificação pelas Normas ISO; Sistemas de Premiação para Qualidade e Produtividade. Planejamento e condução da auditoria ambiental. Instrumentos da auditoria ambiental.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Carga Horária

A carga horária total da disciplina é de 30 horas-aula.

Objetivos

A auditoria passa a ser um instrumento de gestão ambiental que visa ao desenvolvimento documentado e objetivo de um processo periódico de inspeção, análise e avaliação sistemática das condições, práticas e procedimentos ambientais de um agente poluidor. Neste sentido, o objetivo desta disciplina é capacitar o tecnólogo em gestão ambiental para compor o grupo responsável pela realização da Auditoria Ambiental, que poderá ser constituído por Auditores Ambientais, por técnicos habilitados do agente poluidor ou com a participação simultânea de ambos, obedecidas as competências e responsabilidades estabelecidas, encaminhado ao agente poluidor, que consolida os resultados da mesma em termos de não conformidades legais identificadas, e sua respectivas evidências.

Conteúdo programático/objetivos

Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 3

Unidade 1 - Aspectos Conceituais e Formais da Auditoria (8 h/a)

Serão observados os conceitos e tipos de auditoria de modo que o estudante não confunda esta atividade profissional, que possui uma grande amplitude de aplicações, entendendo aplicações, modelos e metodologias de trabalho.

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Auditoria Ambiental

Unidade 2 - A Auditoria e a Gestão Empresarial (4h/a)

A auditoria pode ter uma conotação negativa na medida que pode ser entendida como uma intervenção externa na empresa. Esta unidade busca desmistificar este entendimento demonstrando que mesmo nos processos compulsórios é possível identificar aspectos a serem melhorados, tornando a auditoria uma excelente ferramenta de melhoria de desempenho, independente de ser deliberada ou imposta, refletindo de modo positivo na produtividade e por consequência na proteção do ambiente.

Unidade 3 - Auditoria em Gestão Ambiental (15 h/a)

Existem metodologias de trabalho, procedimentos e protocolos. Esta unidade explora os elementos e procedimentos formais ligados às atividades de auditoria. A unidade aborda também aspectos ligados ao desempenho ambiental, apontando para a convergência entre as atividades de auditoria com a melhoria da performance ambiental das empresas.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Agenda de atividades/ Cronograma

Verifique com atenção o EVA e organize-se para acessar a �

sala da disciplina periodicamente. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor.

Não perca os prazos das atividades. Registre as datas no espaço �

a seguir, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas �

ao desenvolvimento da disciplina.

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

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1UNIDADE 1

Aspectos Conceituais e Formais da Auditoria

Objetivos de aprendizagem

Contextualizar e conceituar a auditoria. �

Identificar a inserção da auditoria nos diferentes �sistemas de fiscalização, certificação e controle.

Compreender os aspectos legais e os procedimentos �formais envolvidos nas auditorias.

Conceber as situações em que são aplicados os �diferentes tipos e formas de auditoria, em especial aquelas de Conformidade Legal, dos Sistemas de Gestão da Qualidade Total, tanto quanto as auditorias de Certificação pelas Normas ISO.

Seções de estudo

Seção 1 Conceitos de auditoria. Tipos de auditoria

Seção 2 Estrutura dos sistemas de regulação e normalização, diretrizes e procedimentos de auditoria

Seção 3 Auditoria de conformidade legal

Seção 4 Conceitos de qualidade e produtividade. Sistemas de gestão da qualidade total

Seção 5 Certificação pelas normas ISO

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Para início de estudo

Caro(a) aluno(a):

Nesta unidade você poderá, entre outras coisas, contextualizar e conceituar a auditoria. Contextualizar significa dizer que você entenderá quando ou em que situações as auditorias ocorrem. Por outro lado, conceituar também é importante uma vez que as auditorias servem a várias finalidades e propósitos, tendo inclusive aspectos legais envolvidos no seu desenvolvimento. Portanto, mais do que definir formalmente o seu significado trata-se de saber, ao longo do seu desenvolvimento, se ela atinge os objetivos formais que justificaram a sua existência.

Você também verá nesta unidade conteúdos referentes à identificação e inserção da auditoria nos diferentes sistemas de fiscalização, certificação e controle. Em grande parte é esta inserção que define o próprio de conceito da auditoria.

Em geral, o que difere uma auditoria de outra em grande parte deve-se pela existência de finalidades e formalidades decorrentes dos aspectos legais e dos procedimentos formais envolvidos nas auditorias. Estes conteúdos fazem parte desta unidade, como também, as situações em que são aplicados os diferentes tipos e formas de auditoria, em especial aquelas de Conformidade Legal, dos Sistemas de Gestão da Qualidade Total, tanto quanto as auditorias de Certificação pelas Normas ISO.

SEÇÃO 1 - Conceitos de auditoria. Tipos de auditoria

Nesta seção, você poderá observar vários conceitos de auditoria ambiental, conceitos que não são excludentes, uma vez que possuem aplicações distintas e partem de vários atores sociais diferentes.

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Auditoria Ambiental

Unidade 1

De maneira geral, a auditoria ambiental é entendida como um processo planejado e sistêmico, utilizado para avaliar a natureza e a extensão das questões ambientais existentes em uma determinada organização, como também para verificar o grau de conformidade em relação a critérios legais e normativos.

Pode ser realizada em qualquer tipo de planta industrial, comercial, prestação de serviços, de pequeno ou de grande porte, ou em qualquer outro local onde há existência de problemas ambientais, de não atendimento à legislação, de poluição, identificando-os ou mesmo prevendo a sua ocorrência. É também utilizada para fornecer dados sobre a extensão dos impactos ambientais, quantificar a escala dos problemas ou examinar as causas e efeitos de uma possível remediação para determinada organização.

La Rovere (2000, p. 13) define um dos conceitos mais disseminados de auditoria ambiental, como sendo:

[...] um exame e/ou avaliação independente, relacionada a um determinado assunto, realizada por especialista no objeto de exame, que faça uso de julgamento profissional e comunique o resultado aos interessados (clientes). Ela pode ser restrita aos resultados de um dado domínio, ou mais ampla, abrangendo aspectos operacionais, de decisão e de controle.

Uma auditoria ambiental também poderá ser utilizada para verificar o desempenho ambiental de qualquer tipo de organização, podendo ser pública ou privada, industrial, comercial ou de serviços, como também para verificar o nível de conformidade, com relação ao atendimento a padrões normativos, a exemplo das normas ISO 14001.

Falando em ISO, você sabe qual é o significado da sigla?

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A ISO é a sigla da Organização Internacional de Normalização, com sede em Genebra na Suíça, voltada para a normalização (ou normatização) em nível mundial. A ISO cria normas nos mais diferentes segmentos, variando de normas e especificações de produtos, matérias-primas, em todas as áreas (existem normas, por exemplo, para classificação de hotéis, café, usinas nucleares, etc.). Não se preocupe em gravar esta importante informação por agora: mais adiante, na Seção 5, você irá aprofundar os conhecimentos sobre este tema.

Bem, voltando ao assunto, pelo que você viu na definição de La Rovere (2000) a auditoria ambiental deve ser entendida como uma ferramenta técnica capaz de identificar, reduzir e até eliminar os conflitos e possibilidades de processos legais decorrentes dos problemas ambientais de empresas potencialmente poluidoras. Trata-se de um conjunto de atividades voltadas à prevenção ou correção de desvios de conduta no cumprimento dos procedimentos que regem a estrutura de funcionamento de uma empresa.

A auditoria auxilia as empresas a entenderem as suas operações e os impactos que produzem no ambiente e na comunidade. Identifica partes dos processos, etapas, atividades e funções, que poderiam atuar de maneira mais econômica, minimizando a geração de rejeitos e facilitando a reciclagem. Pode constituir, portanto, um poderoso instrumento de análise e aprimoramento de ações relativas ao gerenciamento ambiental, assegurando o fechamento do ciclo que une o planejamento ao desempenho das organizações públicas e privadas.

A comunidade empresarial usa a auditoria ambiental como ferramenta de gestão que lhe possibilita controlar seu desempenho ambiental e evitar possíveis acidentes. A apresentação de resultados ao governo reduz a necessidade de fiscalização, mas não exclui a responsabilidade da supervisão, inspeção e gerenciamento do desempenho ambiental das empresas.

Em nível mundial é a ISO que se preocupa com as normas. E, no Brasil, você sabe quem faz este papel?

International Organization for Standardization

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Auditoria Ambiental

Unidade 1

No Brasil, as normas para auditoria ambiental foram publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1997), a qual define Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental - SGA como:

um processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se o sistema de gestão ambiental de uma determinada organização está em conformidade com os critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental estabelecido, e para comunicar os resultados desse processo à administração.

Segundo a NBR ISO 14001/96, revisada em 2004, a organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços, adequando-os à política ambiental que formulou.

A ABNT NBR é a sigla de Norma Brasileira aprovada pela ABNT, de caráter voluntário e fundamentada no consenso da sociedade. Torna-se obrigatória, quando essa condição é estabelecida pelo poder público. Se você se deparar com apenas NR, trata-se da sigla de Norma Regulamentadora estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com caráter obrigatório.

No Brasil, conforme você poderá ver mais tarde, na seção 5, a busca pela certificação de acordo com a norma NBR ISO 14001, além do aumento do rigor na aplicação da legislação ambiental, como também a determinação da realização de auditorias ambientais específicas para alguns setores, como por exemplo, portos, terminais marítimos e atividades de exploração e produção de petróleo em Estados como Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará e Amapá, levou as auditorias ambientais a fazer parte do cotidiano das empresas. Sobre o assunto da auditoria no âmbito da legislação brasileira, você terá farto material na seção 2.

Adiantando um pouco o assunto, é necessário dizer que a auditoria ambiental está cada vez mais presente no dia-a-dia das instituições públicas através da cobrança empreendida pelos

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Tribunais de Contas, os quais têm definido o uso da auditoria como um conjunto de procedimentos aplicados ao exame e avaliação dos aspectos ambientais envolvidos em políticas, programas, projetos e atividades desenvolvidas pelos órgãos e entidades sujeitos ao seu controle.

Então, somente as empresas privadas estão sujeitas às auditorias?

Cada vez mais cresce a importância das auditorias, inclusive aquelas de caráter ambiental, nas ações e contas públicas. Os Tribunais de Contas também exercem o controle externo das ações de responsabilidade do Governo Federal e Estadual, assim como da aplicação de recursos federais e estaduais em atividades relacionadas à proteção do meio ambiente.

A legítima competência para a atuação das Cortes de Contas na proteção ao meio ambiente está amparada em diversos dispositivos legais. O artigo 225 da Constituição Federal de 1988, ao dispor que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações”, consagra uma concepção inteiramente nova

para a tutela dos valores ambientais, é extremamente abrangente, não deixando margem para outras interpretações quanto a essa questão.

Segundo a Organização Internacional das Entidades Superiores de Fiscalização – INTOSAI, a auditoria ambiental requer um critério totalizador, compreensivo, holístico e, para o caso das Entidades Fiscalizadoras Superiores (no Brasil, os Tribunais de Contas), necessariamente um enfoque governamental.

O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, em suas normas operacionais, define a auditoria ambiental como um instrumento para determinar a natureza e a extensão de todas as áreas de impacto ambiental de uma atividade existente.

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Auditoria Ambiental

Unidade 1

A auditoria identifica e justifica as medidas apropriadas para reduzir as áreas de impacto, estima o custo dessas medidas e recomenda um calendário para a sua implementação. Para determinados projetos, o Relatório de Avaliação Ambiental consistirá apenas da auditoria ambiental, em outros casos, a auditoria será um dos componentes do Relatório. (World Bank, 1999).

Você acha que a atuação nas auditorias tende a diminuir ou aumentar nos próximos anos? Por quê? Descreva, a seguir, os motivos que levariam ao seu aumento ou à diminuição.

Os diferentes tipos de auditoria ambiental

Existem diferentes aplicações do termo “auditoria ambiental”, de acordo com os motivos que levam a empresa, os agentes externos ou órgãos públicos a aplicá-la. As aplicações variam de auditorias únicas até sofisticados programas, que se desenvolvem junto com a gestão empresarial de algumas empresas.

Independentemente de qual seja a sua solicitação, se externa ou interna à organização, é possível adequar a auditoria ambiental às reais necessidades da organização. Diferentes tipos de auditoria servem a esse propósito.

Os tipos mais comuns de auditoria utilizados pelas empresas são auditoria de gestão ambiental, auditoria de conformidade legal, auditoria de sistemas gerenciais, auditoria técnica e de processos, auditoria de risco, auditoria de desempenho e due diligence (ou de responsabilidade).

As auditorias podem ser classificadas em diferentes tipos, levando-se em consideração a natureza da parte auditada, seus objetivos e os critérios de auditoria.

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As auditorias, de acordo com a parte auditada, podem ser de primeira parte, segunda parte ou terceira parte.

As auditorias de primeira parte são conduzidas pela própria organização, ou em seu nome, para análise crítica pela direção e outros propósitos internos, e podem formar a base para uma autodeclaração de conformidade da organização. Em muitos casos, particularmente em pequenas organizações, a independência pode ser demonstrada pela liberdade de responsabilidades pela atividade sendo auditada.

Auditorias externas incluem aquelas auditorias geralmente chamadas de auditoria de segunda e terceira partes.

Na auditoria de segunda parte, o cliente da auditoria é o próprio cliente, atual ou potencial, do auditado, ou outra parte com interesse no sistema de gestão. Auditorias de segunda parte são realizadas por partes que têm um interesse na organização, tais como clientes, ou por outras pessoas em seu nome.

Já as auditorias de terceira parte são destinadas exclusivamente à certificação independente. Auditorias de terceira parte são realizadas por organizações externas de auditoria independente, tais como organizações que proveem certificados ou registros de conformidade com os requisitos da NBR ISO 9001 ou NBR ISO 14001.

Quando sistemas de gestão da qualidade e ambiental são auditados juntos, isto é chamado de auditoria combinada. Quando duas ou mais organizações de auditoria cooperam para auditar um único auditado, isto é chamado de auditoria conjunta.

As auditorias ambientais, de acordo com os seus objetivos, podem ser de:

certificação; �

acompanhamento; �

verificação de correções ( � follow-up);

responsabilidade ( � due diligence);

sítios; �

compulsória. �

também são conhecidas como auditorias internas.

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Auditoria Ambiental

Unidade 1

Nas auditorias de certificação avalia-se a adequação, também conhecida como conformidade, da empresa com princípios estabelecidos nas normas pelas quais a empresa esteja desejando certificar-se.

A auditoria de certificação ambiental (ISO 14001) é muito semelhante à auditoria de SGA, porém deve ser conduzida por uma organização comercial e contratualmente independente da empresa, de seus fornecedores e clientes, além de ser credenciada pelo organismo competente.

As auditorias de acompanhamento têm como objetivo verificar se as condições de certificação continuam sendo cumpridas.

Já as auditorias de verificação, também conhecidas como de correções (ou, em inglês: follow-up) têm por finalidade verificar se as não-conformidades de auditorias anteriores foram corrigidas.

Por sua vez, nas auditoria de responsabilidade (due diligence), avalia-se o passivo ambiental das empresas, ou seja, suas responsabilidades ambientais efetivas e potenciais. Em geral, contabilizam-se como passivo ambiental os seguintes custos: multas, taxas e impostos ambientais a serem pagos, gastos para implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitem o atendimento às não-conformidades, dispêndios necessários à recuperação da área degradada e indenização à população afetada.

A auditoria de responsabilidade ou de “diligência devida” busca a avaliação dos custos ambientais. Normalmente, as auditorias de responsabilidade são associadas às fusões e aquisições de empresa para avaliações de potenciais obrigações pendentes e custos relativos a reparações ambientais de qualquer natureza.

As auditorias de sítios são bastante específicas, uma vez que se destinam a avaliar o estágio de contaminação de um determinado local. Trata-se de ferramentas importantíssimas na avaliação de passivos ambientais.

As auditorias ambientais compulsórias estão dispostas em vários estados brasileiros. Os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina já exigem a realização de auditorias ambientais compulsórias. É aplicável independente do porte das empresas, pois é o potencial de poluição que vai

A seção 2 desta unidade irá tratar deste tipo de auditoria com maior profundidade.

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sugerir a necessidade de auditoria ou não. A realização de uma auditoria ambiental compulsória dentre outras finalidades, auxilia a empresa a conhecer seu desempenho ambiental e adequar-se à legislação ambiental aplicável a sua atividade.

Pesquise na internet sobre o desastre ambiental que ocorreu no chamado Love Canal, nos Estados Unidos da América (EUA), incidente ambiental que se desenvolveu entre as décadas de 1950 a 1970. A partir da análise deste caso, avalie o potencial das auditorias de sítios como ferramenta técnica, de investigação, nos casos de crimes ambientais.

De acordo com os critérios, as auditorias ambientais podem ser de:

conformidade legal; �

desempenho ambiental; �

sistemas de gestão ambiental. �

A auditoria de conformidade legal (do inglês compliance) busca avaliar a adequação da unidade auditada com a legislação e os regulamentos aplicáveis. É chamada de auditoria da conformidade, porque busca avaliar a ação, através de documentos, por exemplo, do auditado para determinar a conformidade.

Na auditoria de higiene e segurança é feita uma avaliação das questões de higiene (saúde) e segurança em relação a instalações ou processos específicos. Este tipo de auditoria será amplamente discutido na seção 3, fique atento(a).

A auditoria de desempenho ambiental avalia a conformidade da unidade auditada com a legislação, os regulamentos aplicáveis e indicadores de desempenho ambiental-setorial aplicáveis à unidade. A ISO 14031 é a norma internacional que

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Auditoria Ambiental

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estabelece o procedimento relativo à avaliação do desempenho ambiental. Trata-se de uma avaliação de todos os aspectos da instituição quanto às ações sobre o meio ambiente. Inclui a avaliação de desempenho da gerência, o cumprimento de políticas ambientais internas, condicionantes externas e legislação existente.

Já no caso das auditorias de sistemas de gestão ambiental, é realizada uma avaliação sistemática para determinar se o sistema da gestão ambiental e o desempenho ambiental de uma empresa estão de acordo com sua política ambiental e se o sistema está efetivamente implantado e adequado para atender aos objetivos ambientais da organização.

A auditoria de sistema de gestão é uma ferramenta de gestão, compreendendo uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva sobre como os equipamentos, gestão e organização ambiental estão desempenhando o objetivo de ajudar a proteger o meio ambiente.

A maioria das auditorias ambientais constitui uma combinação de uma e outra forma de auditoria. Contudo o objetivo principal de qualquer auditoria ambiental é a realização de um diagnóstico da situação atual para verificar o que está faltando para que as empresas possam promover ações futuras que tragam a melhora do desempenho ambiental da empresa.

Deste modo, reflita alguns instantes e faça uma pequena lista sobre os pontos que são comuns a todas as auditorias. Reconhecendo-os, você terá condição de saber avaliar qualquer auditoria, se ela possui os requisitos mínimos necessários.

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SEÇÃO 2 - Estrutura dos sistemas de regulação e normalização, diretrizes e procedimentos de auditoria

O sistema brasileiro envolvido com a regulação ambiental é descrito por uma estrutura de múltiplas competências representadas pelas ações no âmbito da União Federal (soberana), pelos Estados da Federação (autonomia) e pelos Municípios (com autonomia local).

Nível Órgãos Reguladores Órgãos Executores

FederalExecutivo e Legislativo Federal

IBAMACONAMA (Conselho Nacional)

EstadualExecutivo e Legislativo Estadual

Secretaria Estadual de MA

CONDEMA (Conselhos Estaduais)

MunicipalExecutivo e Legislativo Municipal

Secretaria Municipal de MA

Conselhos Municipais de MA

Figura 1.1 - Sistema Nacional de Regulação Ambiental.Fonte: Do Autor, 2009.

A figura 1.1 representa o Sistema Nacional de Regulação Ambiental, onde:

o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) �

atua como órgão consultivo e deliberativo. Possui como finalidades assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais, além de deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado;

a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da �

República é o órgão central que possui como finalidade planejar, coordenar, supervisionar e controlar a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio;

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Auditoria Ambiental

Unidade 1

o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) é �

o órgão executor das políticas de meio ambiente e tem como finalidade executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio;

os estados da federação possuem autonomia através �

dos seus órgãos e entidades ambientais do âmbito do Estado, como por exemplo, as Secretarias Estaduais, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituindo o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SEMA, assim estruturado:

I – órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONSEMA;

II – órgão central: a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS;

III – órgãos executores: a Fundação do Meio Ambiente – FATMA e Polícia Militar Ambiental – PMA;

IV – órgão julgador intermediário: Junta Administrativa de Recurso de Infrações Ambientais – JARIA;

V – órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a melhoria da qualidade ambiental no âmbito do município.

A própria Constituição Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, instituiu os principais Instrumentos da Legislação Brasileira sobre Meio Ambiente, sendo o principal deles, inserido na sua estrutura, de modo formal, o princípio do desenvolvimento sustentável.

Em sua essência, este princípio propõe no art. 225 que o “Desenvolvimento Sustentável é a utilização dos recursos ambientais sem prejudicar ou impedir o uso pelas gerações futuras” “[...] e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No caso de Santa Catarina, a FATMA ou Fundação Estadual de Meio Ambiente.

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Embora o sistema legal esteja estruturado dentro de uma lógica bem elaborada de funcionamento, existem elementos que apontam para a desarticulação e falta de integração entre as políticas e os programas ambientais. Resultam daí ineficiências próprias de um sistema de aplicação das políticas públicas e ações governamentais, em que a tônica predominante é a da sobreposição espacial e de atribuições entre as instituições responsáveis por este processo. As instâncias responsáveis pela gestão das políticas e programas trabalham de maneira isolada, transparecendo elementos de desarticulação e coordenação.

Uma política ambiental traduz-se em um instrumento legal que oferece um conjunto consistente de princípios doutrinários os quais conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção e conservação do ambiente. As normas, leis, políticas e demais instrumentos compõem a estrutura de gestão ambiental do país.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) entende a gestão ambiental como o conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de ações e procedimentos para proteger a integridade dos meios físico e biótico, bem como a dos grupos sociais que deles dependem.

O IBAMA, órgão vinculado ao MMA entende a gestão ambiental como sendo o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais – naturais, econômicos e socioculturais – às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/definidos.

Os recursos ambientais, nos termos da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, são:

a atmosfera; �

as águas interiores, superficiais e subterrâneas; �

os estuários; �

o mar territorial; �

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Auditoria Ambiental

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o solo; �

o subsolo; �

os elementos da biosfera; �

a fauna; e �

a flora. �

Apenas estes dois exemplos indicam que a definição da gestão ambiental é, por si só, ampla e, em alguns aspectos, divergente. Frequentemente gestão ambiental é entendida como sinônimo das técnicas e dos instrumentos da política ambiental que visam minimizar os impactos antrópicos.

O termo ANTRÓPICO é relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação do homem. Termo de criação recente, empregado por alguns autores para qualificar um dos setores do meio ambiente, o meio antrópico, compreendendo os fatores políticos, éticos e sociais (econômicos e culturais) como um dos subsistemas do sistema ambiental, o subsistema antrópico.

O Estado brasileiro utiliza basicamente três tipos de instrumentos de política pública:

comando e controle � (padrões de emissões, licenciamento ambiental, proibição e restrições sobre a produção, comercialização e uso de determinados produtos);

econômico � (tributação sobre a poluição, sobre o uso de recursos naturais, incentivos fiscais, criação e sustentação de mercados); e

não-econômico � (educação ambiental, informações ao público, áreas de proteção ambiental).

As auditorias ambientais são exemplos de ferramentas acessórias à disposição dos órgãos públicos para aplicação e aprimoramento dos instrumentos de comando e controle. Na área privada, a auditoria ambiental passa a ser considerada como instrumento usado por empresas para auxiliá-las a controlar o atendimento a políticas, práticas, procedimentos e/ou requisitos estipulados, de modo a evitar a degradação ambiental.

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Você identificou a existência de um Sistema Nacional capaz de legislar sobre o Meio Ambiente, ou seja, de fazer as leis voltadas para esta finalidade. Veja agora quem faz e o que é a normalização.

A normalização é definida por um Sistema Nacional que estabelece as diretrizes e procedimentos de auditoria no âmbito do mercado. Normalização é a maneira de organizar atividades através da criação e utilização de regras e normas, elaboração, publicação e promoção do emprego destas normas e regras, visando contribuir para o desenvolvimento econômico e social de uma Nação. Ou seja, estabelece soluções para problemas de caráter repetitivo, existentes ou potenciais.

Conforme você já sabe, a ABNT, como único Organismo Nacional de Normalização Brasileiro, tem a seu encargo a representação internacional e, consequentemente, a responsabilidade pelas atividades de normalização no âmbito nacional e do MERCOSUL. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

A ABNT é uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Foro Nacional de Normalização do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO), à qual compete coordenar, orientar e supervisionar o processo de elaboração de normas brasileiras, bem como numerar e editar as referidas normas.

No Brasil existe um Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) congregando vários órgãos do Serviço Público Federal, como por exemplo:

CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia, �

Normalização e Qualidade Industrial) e seus Comitês Técnicos;

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INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, �

Normalização e Qualidade Industrial);

OCC (Organismos de Certificação Credenciados) em �

Sistemas da Qualidade, Sistemas de Gestão Ambiental, Produtos e Pessoal; e

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). �

Agora que você já sabe qual é o papel da ABNT, faça uma visita ao site da associação e leia as 10 razões para utilizar normas em seu negócio. Identifique as três principais razões.

Elas serão importantes para argumentar com os seus clientes, quando lhe perguntarem por que devem adotar sistemas de certificação, que dependem de normas, nos seus negócios.

Fique atento(a), pois existem normas de abrangência INTERNACIONAL. A Normalização Internacional é importante, pois facilita o comércio internacional, remove barreiras técnicas, conduz a novos mercados e gera crescimento da economia. Normas que resultam de cooperação e acordos entre um grande número de nações soberanas e independentes, com interesses comuns, destinam-se ao uso internacional, possibilitando o aumento da qualidade de bens e serviços.

Reforçando o que já foi dito na seção 1, o papel central de normalização em nível mundial fica a cargo da ISO.

A ABNT representa o Brasil nas entidades internacionais de normalização técnica e delas participa, colaborando com organizações similares estrangeiras na troca de normas e informações técnicas, além de intermediar, junto aos poderes públicos, os interesses da sociedade civil no tocante aos assuntos de normalização técnica.

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Encerrando, visto que você já tem uma noção sobre normalização, resta abordar a classificação das normas. Elas estão separadas em 7 (sete) tipos:

de Procedimento �

de Especificação �

de Padronização �

de Ensaio �

de Classificação �

de Terminologia �

de Simbologia �

Conheça, a seguir, as especificidades de cada uma.

Normas de Procedimento

Especificam como proceder ou quais os passos a seguir para a realização de algo, ou seja, trata-se de Norma que se destina a fixar rotinas e/ou condições para execução de cálculos, projetos, obras, serviços e instalações; emprego de materiais e produtos industriais; rotinas administrativas; elaboração de documentos em geral, inclusive desenho; segurança na execução ou na utilização de obras, equipamentos, instalações ou processos. Por exemplo: NBR ISO 14011, procedimentos de auditoria, auditoria de sistemas de gestão ambiental, substituída pela NBR ISO 19011:2002 – Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental.

Normas de Especificação

Definem a estrutura e as características físicas, químicas, etc., que os produtos ou as matérias-primas devem apresentar. Trata-se de Norma que se destina a fixar as características de materiais, processos, componentes, equipamentos e elementos de construção, bem como as condições exigíveis para aceitação e/ou rejeição de matérias-primas, produtos semiacabados ou acabados. Por exemplo: NBR ISO 14064 parte 1 Gases de efeito estufa

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– Parte 1: Especificação para a quantificação, monitoramento e relato de emissões e remoções de entidades.

Normas de Padronização

Estabelecem como reduzir a variedade de tamanhos de produtos ou de opções de serviços. Trata-se de Norma que se destina a restringir a variedade pelo estabelecimento de um conjunto metódico e preciso de condições a serem satisfeitas, com o objetivo de uniformizar as características geométricas e/ou físicas de elementos de fabricação, produtos semiacabados, desenhos e projetos. Por exemplo: NBR 8662:84 - Identificação por cores de condutores elétricos nus e isolados; NBR 11301:90 - Cálculo da capacidade de condução de corrente de cabos isolados em regime permanente (fator de carga 100%).

Normas de Ensaio

Indicam como testar as propriedades dos materiais ou artigos manufaturados. Trata-se de Norma que se destina a prescrever a maneira de determinar ou verificar as características, condições ou requisitos exigidos de um material ou produto, de acordo com as respectivas especificações; uma obra ou instalação, de acordo com o respectivo projeto. Por exemplo: ABNT NBR 14937 - Sacolas plásticas tipo camiseta - Requisitos e métodos de ensaio.

Normas de Classificação

Definem como agrupar ou dividir em classes um determinado campo de conhecimento. Trata-se de Norma que se destina a ordenar, designar, distribuir e/ou subdividir conceitos, materiais ou objetos, de acordo com uma determinada sistemática. Por exemplo: NBR 5980 - Estabelece critérios para designação dos diferentes estilos de caixas de papelão.

Normas de Terminologia

Indicam como definir os termos e expressões associadas a um dado campo de conhecimento. Trata-se de Norma que se destina a definir, relacionar e/ou dar equivalência em diversas

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línguas de termos técnicos empregados, em um determinado setor de atividade, visando ao estabelecimento de uma linguagem uniforme. Por exemplo: NBR 9896/93 - Glossário de poluição das águas Terminologia. NBR 8969/85 - Poluição do ar - Terminologia. NBR 10703/89 - Degradação do solo - Terminologia.

Normas de Simbologia

Dispõem sobre como definir símbolos visuais que devem ser associados a produtos e indicações de serviços. Trata-se de Norma que se destina a fixar convenções gráficas, ou seja, símbolos, para conceituar grandezas, sistemas ou partes de sistemas, com a finalidade de representar esquemas de montagem, circuitos, componentes de circuitos, fluxogramas, entre outros. Por exemplo: NBR 11379: Símbolos gráficos para máquinas agrícolas.

Algumas normas de referência ou aplicáveis em auditorias ambientais:

ABNT NBR ISO 14010:1996 – Fornece diretrizes sobre os princípios gerais comuns à área de realização de qualquer auditoria ambiental (norma cancelada);

ABNT NBR ISO 14011:1996 – Fornece diretrizes sobre os procedimentos para a realização de auditorias de SGA, incluindo os critérios para seleção e formação de equipes de auditoria (norma cancelada);

ABNT NBR ISO 14012:1996 – Fornece diretrizes sobre as qualificações de auditores e auditores líderes ambientais internos e externos (norma cancelada);

ABNT NBR ISO 14015:2003 – Ajuda a organização a identificar e avaliar os aspectos ambientais e suas consequências para a empresa, a fim de dar suporte à transferência de propriedades, responsabilidades e obrigações de uma parte para outra;

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ABNT NBR ISO 19011:2002 (substitui as normas ABNT NBR ISO 14010, 14011 e 14012) – Fornece diretrizes sobre os princípios de auditoria; a gestão de programas de auditoria; a realização de auditorias de sistemas de gestão; e a competência de auditores;

ABNT NBR ISO GUIA 66:2001 – Requisitos gerais para organismos que operam avaliação e certificação/registro de sistemas de gestão ambiental;

ISO 14060: gerenciamento ambiental – No caso de auditoria do meio físico (“site assessment”), para avaliação do local onde se situam atividades operacionais da empresa, as normas correlatas são a ISO/TC 146 (Água), ISO/TC 147 (Ar) e ISO/TC 190 (Solo). Dentre os efeitos ambientais geradores de passivo, destacam-se a contaminação do solo e da água subterrânea.

SEÇÃO 3 - Auditoria de conformidade legal

O primeiro estado brasileiro que estabeleceu a Auditoria Ambiental de forma obrigatória foi o Rio de Janeiro. A Lei nº 1.898, de 26 de novembro de 1991, que dispõe sobre a realização de auditorias ambientais no estado do Rio de Janeiro, tem como objetivo primordial dar conta de tornar a auditoria ambiental obrigatória para algumas atividades ambientalmente impactantes. Define, em seu Art. 5º, que deverão, obrigatoriamente, realizar auditorias ambientais periódicas anuais as empresas ou atividades de elevado potencial poluidor, entre as quais:

I - as refinarias, oleodutos e terminais de petróleo e seus derivados; II - as instalações portuárias; III - as instalações destinadas à estocagem de substâncias tóxicas e perigosas; IV - as instalações de processamento e de disposição final de resíduos tóxicos ou perigosos; V - as unidades de geração de energia elétrica a partir de fontes térmicas e radioativas; VI - as instalações de tratamento e os sistemas de disposição final de esgotos domésticos; VII - as indústrias petroquímicas e siderúrgicas; e VIII - as indústrias químicas e metalúrgicas).

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Após a promulgação da lei pelo estado fluminense, foi a vez do estado de Minas Gerais, o qual, na data de 06 de janeiro do ano de 1992, promulga a lei que obriga auditorias ambientais compulsórias em um intervalo mínimo de 03 anos. A lei mineira, em partes, é cópia da lei fluminense. O terceiro estado brasileiro a obrigar a incidência de auditorias ambientais foi o estado do Espírito Santo.

O estado do Espírito Santo promulgou sua lei de auditoria ambiental em 02 de agosto de 1993. A lei capixaba autoriza as entidades estaduais responsáveis pela implementação das políticas estaduais de meio ambiente a requerer auditorias ambientais ocasionais e periódicas, como também estabelecer as respectivas diretrizes e prazos específicos. No caso das auditorias periódicas, a elaboração das diretrizes deverá incluir consulta à comunidade afetada.

O Estado do Paraná, motivado por acidente de derramamento de óleo ocorrido naquela região, publicou, através do Conselho Estadual do Meio Ambiente, a Resolução CEMA 007, de 2 de maio de 2001, que obriga as empresas com atividade na área de petróleo a derivados a realizar “auditoria ambiental independente” em suas instalações industriais, marítimas a terrestres.

A Lei do estado de Santa Catarina nº 10.720, de 13 de janeiro de 1998, tornou obrigatória a realização de auditorias ambientais, periódicas ou eventuais, em empresas que desenvolvam atividades poluidoras ou mesmo potencialmente poluidoras e que importem em risco à qualidade de vida.

A partir desta lei, todas as empresas que de alguma forma contribuírem para a modificação das características naturais do meio ambiente, provocando impacto ambiental negativo, são obrigadas à realização de auditorias ambientais, onde o Poder Executivo estabelecerá diretrizes e prazos para a sua aplicação, tendo um prazo máximo de dois anos entre as auditorias.

A lei define a auditoria ambiental como um estudo que visa a determinar:

os níveis efetivos e/ou potenciais de poluição ou �

degradação provocados pela atividade;

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os fatores de risco advindos da atividade; �

as condições de operação e manutenção dos �

equipamentos e dos sistemas de controle de poluição, bem como planos de contingenciamento de risco e atendimento a emergências;

as medidas necessárias para assegurar a proteção do �

meio ambiente e da saúde do trabalhador e para garantir a minimização de impactos negativos e regeneração de ambientes degradados.

O art. 4º descreve as atividades que serão objetos de auditorias ambientais periódicas, dentre elas: instalações portuárias, terminais de minério, petróleo e produtos químicos, complexos e unidades industriais e agroindustriais, aeroportos, ferrovias, rodovias, complexos viários, terminais intermodais e terminais rodoviários, oleodutos, gasodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários, marinas, barragens, canais para navegação, drenagem, irrigação, retificação de cursos da água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias e diques, extração’ de combustível fóssil, extração de minério, aterros sanitários, incineradores, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos, usinas de geração de eletricidade, distritos industriais e zonas estritamente industriais, exploração econômica de madeira ou de lenha, projetos urbanísticos, projetos agropecuários.

Conheça, a seguir, o conceito de auditoria ambiental de conformidade legal.

A auditoria ambiental de conformidade legal é também conhecida como auditoria ambiental compulsória. Rovere et al. (2001) definem a auditoria ambiental de conformidade legal como uma ferramenta utilizada para verificar a real situação da empresa mediante a legislação ambiental vigente no país. Porém os autores esclarecem que o cumprimento da legislação ambiental é um critério que deve ser considerado em qualquer tipo de auditoria ambiental, seja ela uma auditoria ambiental baseada em códigos privados.

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Resumindo: a auditoria de conformidade consiste na verificação do cumprimento da legislação existente, aplicável para cada caso. É uma auditoria de reduzida amplitude, uma vez que se restringe a aplicar e regular as questões existentes na legislação, na maioria das vezes em caráter “defensivo”.

Auditoria Ambiental, sob a ótica legal, está focada em objetivos específicos voltados para a definição, ordenamento e classificação dos fundamentos legais sobre as operações empresariais relacionadas com aspectos ambientais das operações, elencando os principais diplomas legais da legislação ambiental federal e do estado de Santa Catarina que incidem quando da aplicação de uma auditoria ambiental de conformidade legal.

Pela ótica das empresas, a Política Ambiental deve orientar para a conformidade legal, em obediência à legislação de proteção ambiental, incentivando à adoção de práticas que levem ao cumprimento da legislação, à melhoria da qualidade ambiental, à utilização sustentável dos recursos naturais, à redução de danos à saúde, no sentido de reduzir os impactos ambientais provenientes da sua operação. Caso isso não seja voluntário, a auditoria de conformidade sempre poderá constituir um interessante instrumento de regulação e justiça, na medida em que orienta todos os atores a jogarem sob as mesmas regras.

Você sabe como as auditorias ambientais de conformidade legal influenciam as atividades das empresas?

A empresa precisa se adaptar aos parâmetros exigidos para não agredir o meio ambiente e, por meio do reconhecimento e divulgação do seu passivo ambiental e da comunicação dos ativos ambientais e dos custos e despesas com a preservação, proteção e controle ambiental, ela torna claro para a sociedade o nível dos esforços que vem desenvolvendo, com vistas ao atendimento de tais objetivos.

No estudo dos impactos ambientais, tal participação é imprescindível: a contabilidade se constitui em importante

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ferramenta seja através dos programas de gestão ambiental, dos relatórios e das avaliações, ou ainda, na auditoria ambiental.

Desta forma, ao desenvolver os temas propostas neste trabalho, ficaram nítidas as vantagens quando da aplicação de uma auditoria ambiental compulsória. O maior motivador deste tipo de auditoria é determinar onde a empresa está atendendo a legislação ambiental em vigor, e onde estão as oportunidades para corrigir os problemas. As empresas que resistem em realizar a auditoria ambiental de conformidade legal ignoram seus benefícios, já que os problemas precisam ser conhecidos para que depois possam ser eliminados.

Alguns procedimentos nas auditorias de conformidade legal

O auditor obterá conhecimento mínimo quando da aplicação de uma auditoria ambiental de conformidade legal, pois elas tratam o assunto meio ambiente de forma geral. Para desenvolver este tipo de auditoria, não basta apreciar apenas estas legislações, pois, dependendo da atividade da empresa, a qual está sendo auditada, deverá o auditor obter conhecimentos específicos dos ordenamentos jurídicos que regem aquele determinado setor.

É necessário verificar se a empresa demonstra conformidade com a legislação ambiental em relação aos aspectos de licenciamento nos termos da Lei Federal 6.938/1981; validade da Licença Ambiental; alterações e atualizações do Cadastro Industrial em decorrência de mudanças no processo produtivo.

Neste tipo de auditoria, são analisados:

a adequação e atualização da base legal; �

os procedimentos internos para atualização; �

a caracterização de responsabilidade pelo �

acompanhamento e divulgação da legislação pertinente;

manutenção e arquivo dos documentos de referência. �

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A organização da informação é uma boa pista do nível de orientação da empresa em relação aos quesitos ambientais. Nestes termos, é necessário verificar a existência da legislação básica pertinente à atividade; sistema de arquivamento; responsabilidade pela atualização; participação, divulgação e pesquisa das tendências legislativas; e avaliar o conhecimento dos documentos relativos à sua área funcional junto aos gerentes e funcionários.

Um importante protocolo de condução das auditorias de conformidade é oferecido pela Agência de Proteção Ambiental Americana (United States Environmental Protection Agency - Usepa), com os seguintes elementos:

aplicabilidade; �

legislação federal; �

legislação estadual e local; �

requisitos-chave de conformidade; �

definições e termos-chave; �

registros típicos a revisar: �

instalações físicas típicas para inspecionar; �

índices para usuários de lista de verificação; �

lista de abreviações e siglas; e �

lista de verificação. �

Em relação às plantas industriais, ainda pode ser interessante verificar alvarás de localização, em geral emitidos pelas Prefeituras, consulta aos Planos Diretores, Zoneamentos existentes (nível federal, estadual e municipal), existência de Unidades de Conservação, Aprovações do Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária, cadastro sobre atividades poluidoras (Lei 6.938/1981), certidões de destinação de resíduos industriais, outorgas do uso de águas, além de licenças federais (Polícia Federal e Exército) e estaduais para uso de produtos químicos controlados.

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Fique atento(a)!

Participe dos movimentos de consumo consciente. Nenhuma atividade industrial pode operar legalmente sem licença ambiental, concedida pelo órgão ambiental estadual. A existência da licença não é garantia ao meio ambiente, mas a sua ausência praticamente elimina qualquer possibilidade de respeito à lei. Alguns órgãos da federação possibilitam a consulta através do nome completo da empresa e da unidade da federação, enquanto outros órgãos exigem o fornecimento do número do processo. Caso o órgão da federação só possibilite a consulta da licença ambiental através do número do processo, solicite ao fabricante uma cópia da licença ou número do protocolo e confirme a validade da licença dos sites dos órgãos estaduais.

SEÇÃO 4 - Conceitos de qualidade e produtividade. Sistemas de gestão da qualidade total

Vamos viajar mais um pouco na história industrial. Antes da Revolução Industrial, o artesão se ocupava de todas as tarefas: desde a escolha e aquisição da matéria-prima até a fase de acabamento e entrega do produto. O controle da qualidade era exercido pelo próprio artesão. As características do modelo artesanal eram a baixa produção e um padrão de qualidade errático, oscilante e sujeito e alterações frequentes.

Com o advento da industrialização, surgiu o processo de divisão e depois a multidivisão das tarefas na confecção de um produto. Progressos formidáveis foram alcançados. Em 1908, ano de lançamento do automóvel Modelo T da Ford, a montagem do automóvel demorava doze horas e vinte minutos. Na década de 20, uma hora e vinte minutos bastava. Produto de massa e barato, o modelo vendeu 15 milhões de unidades.

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Como esta melhoria foi conquistada? Henry Ford, o fundador da empresa, não estava de brincadeira. Primeiro ele buscou identificar com quantas operações o automóvel poderia ser montado, chegando à impressionante marca de 7.882 operações para a montagem do Ford T. Destas, 949 tarefas exigiam pessoas robustas, e outras 3.338 tarefas poderiam ser executadas por homens com uma força física normal. E o resto? Estava ao alcance de mulheres ou de crianças grandes. Ford foi mais longe, pois identificou que havia um conjunto de operações as quais poderiam ser

efetuadas por pessoas portadoras de deficiência, especificando o tipo mais adequado de tarefa para cada categoria de deficiência. Veja os resultados: pessoas sem uma das pernas poderiam executar 2.637 tarefas; outras 715 operações poderiam ser executadas por pessoas sem um dos braços; 670, por deficientes sem ambas as pernas; 10 tarefas, por deficientes visuais; 2, por pessoas amputadas dos dois braços.

O pioneiro da indústria do automóvel quis provar que era possível especializar as tarefas e decompor o trabalho em gestos elementares, racionalizando a produção e aumentando o rendimento. Foi o que ele fez: o operário deixou de girar em torno do automóvel que estava a ser montado. As modernas técnicas da linha de montagem nasceram nesta fábrica Ford de Highland Park. Dois princípios básicos orientavam a montagem do Ford: o trabalho deveria ser trazido ao homem, não o homem ao trabalho, e o trabalho deveria ser trazido ao homem na altura da cintura. Foi a cadeia que passou a desfilar face ao posto de trabalho. Basta, em seguida, cadenciar os movimentos e padronizar o todo – os veículos devem ser idênticos, como dois alfinetes saídos de uma fábrica de alfinetes.

Com o crescimento na venda de automóveis, Henry Ford decidiu criar uma filial no Brasil em 1919 e declarou: “O automóvel está destinado a transformar o Brasil numa grande nação”. A primeira fábrica se instalou em São Paulo, que montava o Ford T (o famoso “Fordinho”), o grande sucesso de vendas. Em 1924, foram vendidos 24.450 destes veículos. Foi também o ano em que se realizou a I Exposição Automobilística do Brasil.

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Com estas inovações, em vez de um operário ficar responsável pela produção de todas as etapas de um carro, várias pessoas ficavam responsáveis pela produção de etapas distintas de vários carros. Henry Ford criou um engenhoso sistema de esteira, que movimentava o carro em produção em frente aos operários, para que cada um executasse a sua etapa. Isto aumentou, em muito, a produtividade, pois um carro ficava pronto a cada minuto.

Em consequência, o custo de cada unidade caiu em relação aos concorrentes existentes no mercado. E a queda de preço foi constante: em 1908, ano de seu lançamento, a unidade custava US$ 850; em 1927, último ano de sua fabricação, o preço havia despencado para US$ 290.

Por que Ford teve tamanho sucesso?

Ele inaugurou o que seria chamado mais tarde a era da Produção em Massa! A característica da Produção em Massa passou a ditar o padrão industrial, determinando que fossem produzidos grandes volumes de produtos extremamente padronizados, isto é, com baixíssima variação nos tipos de produtos finais. Foram

Figura 1.2 - Ford Modelo T.Fonte: <http://img161.imageshack.us/img161/2374/cid00e301c81d8c1f8ab4b0em4.jpg>.

Figura 1.3 - Linha de montagem Ford Modelo T.Fonte: <http://www.fourhourworkweek.com/blog/wp-content/uploads/2007/09/ford_assembly_line_-_1913.jpg>.

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introduzidos novos conceitos: linha de montagem, posto de trabalho, estoques intermediários, individualização do trabalho, arranjo físico, balanceamento de linha, produtos e processos, motivação, sindicatos, manutenção preventiva, controle estatístico de qualidade e fluxograma de processos. A era da produção em massa provocada por Ford mexeu fortemente com a noção dos resultados da produção industrial, estabelecendo novas formas de se ver a produtividade.

A invenção das máquinas automotoras trouxe enorme impulso à produção, e as oficinas transformaram-se em fábricas, com produções cada vez maiores.

Até 1950, a indústria de transformação era a que se destacava no cenário político e econômico mundial. As chaminés das fábricas eram símbolos de poder, pois empregavam um grande número de pessoas e eram responsáveis por 90% do Produto Interno Bruto dos países industrializados.

Com mais empregos, cada vez mais pessoas podiam comprar, e mais bens eram demandados. As fábricas cresciam em tamanho e precisavam se planejar para não terem falta de materiais. A qualidade e os custos tiveram de ser aprimorados tão logo a concorrência aumentou e igualou a produção com a demanda.

Reflita brevemente sobre o problema de a concorrência igualar a produção com a demanda. Que tipo de implicações sociais e ambientais pode derivar desta situação?

A programação e o controle da produção desenvolveram-se a fim de atender basicamente as necessidades de organização das empresas, aumentando o ritmo de lançamento de novos produtos para fazer frente aos desafios impostos pela maior concorrência. Várias mudanças internas e externas acabaram por ocorrer, em especial, tornando a mudança um elemento de pressão como jamais visto. Justamente por isso que as empresas industriais e de serviços, sejam elas pequenas, médias ou mesmo de grande porte, necessitam de gestores que tenham uma visão integrada dos processos produtivos, entendendo os fluxos e as dinâmicas envolvidas na geração de resultados.

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Unidade 1

O controle da qualidade passou às mãos do mestre industrial, que exercia a supervisão desses grupos. Com o aumento das escalas de produção e do número de trabalhadores, o sistema tornou-se inviável, pois não era possível um só mestre supervisionar todo o processo. A resposta para o problema foi a padronização dos produtos. Com o advento da 2a. Guerra Mundial, houve uma grande evolução tecnológica, acompanhada por uma complexidade técnica de materiais, processos de fabricação e produtos. Essa situação ameaçava inviabilizar a inspeção total da produção.

Logo surgiu a necessidade de entender a dinâmica do mercado (competitividade) e a capacidade produtiva (produtividade) através de critérios mais condizentes com os novos cenários, formulando políticas consistentes com esta priorização para as diversas áreas de produção.

Por falar nisso, você sabe o que significa o termo produtividade? Observe a fórmula a seguir e reflita sobre este conceito. Mais a frente, o conceito está inserido no texto.

Produtividade = OUTPUT

INPUT

É importante entender que “competitividade” e “produtividade” são dois conceitos que, sob o ponto de vista técnico, significam coisas completamente diferentes. Para concluir isso, basta ter presente que a produtividade pode aumentar sem que a competitividade cresça. Inversamente, a competitividade pode crescer sem que seja necessário aumentar a produtividade. A produtividade é uma medida que se obtém dividindo a quantidade de produtos obtidos pela quantidade de recursos utilizados. Já a competitividade empresarial está mais ligada à capacidade, ou conjunto de capacidades, que uma empresa possui, de obter uma rentabilidade no mínimo igual, preferencialmente superior, aos rivais no mercado.

O problema de se controlar a qualidade ao final do processo já não era suficiente para garantir os resultados, surgiu, então, a necessidade de se fazer um controle estatístico, baseado em inspeção por amostragem e gráficos de controle (timidamente começava a despontar o conceito de prevenção de falhas).

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Entretanto as ações corretivas desencadeadas ainda eram de eficiência restrita. Esta ineficiência das ações corretivas e a acirrada competição pelo mercado consumidor acabaram contribuindo significativamente para que se adotasse um novo enfoque em termos de controle de qualidade, o Controle da Qualidade Total - CQT (em inglês, Total Quality Control - TQC, também conhecido por Total Quality Management - TQM).

Pode-se dizer que o CQT foi um modelo para o sistema da garantia da qualidade e apresentava certos aprimoramentos em relação ao sistema anterior (controle estatístico), tais como:

preocupação com a satisfação do cliente; �

� conceito de aperfeiçoamento contínuo;

envolvimento e participação de todos os funcionários �

(desde a alta gerência até o escalão mais baixo da empresa); e

valorização do respeito ao indivíduo. �

O CQT é mais do que uma simples utilização de metodologias, técnicas, sistemas ou ferramentas. Deste modo, estabelecer um sistema da qualidade não significa aumentar ou reduzir a qualidade dos serviços ou produtos, mas sim, aumentar ou reduzir a certeza de que os requisitos e atividades especificados sejam cumpridos. A figura 1.4 descreve em linhas gerais os elementos que hoje estão amplamente reconhecidos como a base da sustentação dos esforços empresariais relativos à qualidade e produtividade.

Normalização

Certificação

Ensaios eMetrologia

Qualidade Produtividade

Figura 1.4: A qualidade como elemento de melhoria da produtividade.Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, Transporte, Normalização e a Qualidade, CB-16 Transportes e Tráfego.

Os japoneses diziam que o dia não poderia passar sem que algum tipo de melhoria fosse feita em algum lugar na empresa.

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Unidade 1

O ponto central nesta evolução do conceito de qualidade foi a mudança do enfoque tradicional (baseado no controle da qualidade e na garantia de qualidade) para o controle de gestão e melhoria de processos, o qual garante a produção da qualidade especificada logo na primeira vez.

No contexto atual, a qualidade não se refere mais à qualidade de um produto ou serviço em particular, mas à qualidade do processo como um todo, abrangendo tudo que ocorre na empresa.

O conjunto de elementos que integram a figura 1.4 contribuiu para o surgimento dos sistemas de gestão da qualidade total. A ABNT NBR ISO 9001 é a versão brasileira da norma internacional ISO 9001 que estabelece requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ ) de uma organização, não significando, necessariamente, conformidade de produto às suas respectivas especificações.

Se está curioso(a), pesquise agora mesmo o site da ABNT/CB-25 - Comitê Brasileiro da Qualidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas, na internet. Saiba uma pouco da história do surgimento destas normas no Brasil.

O objetivo da ABNT NBR ISO 9001 é lhe prover confiança de que o seu fornecedor poderá fornecer, de forma consistente e repetitiva, bens e serviços de acordo com o que você especificou. A ABNT NBR ISO 9001 não especifica requisitos para bens ou serviços os quais você está comprando. Isto cabe a você definir, tornando claras as suas próprias necessidades e expectativas para o produto. Sua especificação pode se dar através da referência a uma norma ou regulamento, ou mesmo a um catálogo, bem como da anexação de um projeto, folha de dados.

Hoje, mais do que nunca, existe a necessidade de que sejam otimizadas todas as funções que dão suporte à organização de uma empresa, seja em termos do fluxo das informações que geram as decisões, como também em relação às rotinas normais de procedimentos e ações técnicas e operacionais, sem falar das demais áreas da organização.

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SEÇÃO 5 - Certificação pelas normas ISO

A ISO, cuja sigla significa International Organization for Standardization, é uma entidade não governamental, criada em 1947, com sede em Genebra - Suíça. O seu objetivo é promover, no mundo, o desenvolvimento da normalização e atividades relacionadas, com a intenção de facilitar o intercâmbio internacional de bens e serviços, além de desenvolver a cooperação nas esferas intelectual, científica, tecnológica e de atividade econômica.

Os membros da ISO (cerca de 90) são os representantes das entidades máximas de normalização nos respectivos países, como por exemplo, ANSI (American National Standards Institute), BSI (British Standards Institute), DIN (Deutsches Institut für Normung) e o INMETRO/Brasil (Instituto Nacional de Metrologia).

O trabalho técnico da ISO é conduzido por comitês técnicos (TCs). O estudo sobre a emissão das normas da série ISO 9000, por exemplo, foi feito pelo TC 176 durante o período 1983-1986 (no Brasil, o comitê técnico responsável pelas normas da série NBR-ISO 9000 é o CB 25, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT).

As normas ISO não são de caráter imutável. Elas devem ser revistas e revisadas ao menos uma vez a cada cinco anos. No caso específico das normas da série 9000, inicialmente publicadas em 1987, sofreram revisões em 1994 e em 2000.

Falando em normas, por que mesmo é necessário padronizar?

Na seção 4, foi mostrada uma figura (figura 1.4) que apresenta uma forma interessante de entender como a qualidade pode sofrer influência da normalização/padronização, podendo resultar na melhoria da produtividade. Este é um importante ponto a ser explorado. Acontece que, nos dias atuais, as empresas estão adotando sistema de gestão da qualidade na tentativa de manter o padrão constante de fornecimento aos seus clientes de produtos e serviços com uma grande qualidade percebida. Chamam

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de qualidade percebida, pois de nada adianta um produto ter qualidade, se os clientes não enxergarem esta qualidade.

Entretanto, com as atuais tendências de globalização da economia (queda de barreiras alfandegárias: MCE, Mercosul, NAFTA), torna-se necessário que clientes e fornecedores, em nível mundial, usem o mesmo vocabulário e tenham procedimentos unificados no que diz respeito aos sistemas da qualidade. Caso contrário, ocorreriam problemas do tipo: uma empresa fornecedora do México possui um sistema de gestão da qualidade próprio que, além disto, utiliza um vocabulário diferente do utilizado pela possível empresa compradora inglesa, a qual tem conhecimento somente das normas de gestão da qualidade britânicas BS 5750. Portanto o cliente inglês tem de se inteirar do sistema de gestão da qualidade do fornecedor em questão, o que significa uma perda de tempo e dinheiro.

Para evitar conflitos desta natureza, foram emitidas, pela ISO, normas internacionais sobre sistemas de gestão da qualidade.

A Implantação e Certificação

Várias são as vantagens de se implementar um sistema da gestão de qualidade baseado nas normas ISO 9000. Entre elas podemos destacar:

aumentar a credibilidade da empresa frente ao mercado �

consumidor;

aumentar a competitividade do produto ou serviço no �

mercado;

evitar e prevenir a ocorrência de deficiências; e �

evitar riscos comerciais, tais como, reivindicações de �

garantia e responsabilidades pelo produto.

Analisando-se estas vantagens, pode-se imaginar que o desejo de implantação de um sistema da qualidade parte da direção da empresa que, desta maneira, pretende aprimorar o seu processo produtivo. Mas isto nem sempre é o caso. A grosso modo, podemos identificar quatro razões que levam uma empresa

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a implantar um sistema de gestão da qualidade baseado nas normas ISO série 9000:

conscientização da alta administração (“por livre e �

espontânea vontade”): a mais eficaz entre todas;

razões contratuais (“por livre e espontânea pressão”) no �

fornecimento de produtos/serviços para outros países, para órgãos/empresas governamentais e também para um número cada vez maior de empresas de iniciativa privada: evidentemente menos eficaz que a anterior. O tempo para a maturação é maior, mas normalmente se alcança a conscientização;

competitividade (“ou nos enquadramos ou quebramos”): �

embora não tão eficaz quanto a primeira, consegue-se de um modo geral chegar à conscientização da alta administração; e

modismo (“temos que dançar o que está tocando”): a �

menos eficaz de todas, normalmente não se chega a alcançar o objetivo maior, que é a conscientização da alta administração, e aí, então, o processo é abandonado no meio do caminho.

Uma vez expressado o desejo de se adotar um sistema da qualidade baseado nas normas ISO 9000, a empresa seguirá uma série de etapas, dentre as quais podem ser citadas:

definição da política da qualidade e seleção do modelo �

de norma mais adequado às propostas da empresa (ISO 9001, ISO 9002 ou ISO 9003);

análise do sistema da qualidade da empresa (se existir �

algum) e determinação das mudanças que devem ser feitas para adaptá-lo às exigências das normas ISO 9000;

treinamento e conscientização dos funcionários �

diretamente envolvidos com a implementação (ou modificação) do sistema da qualidade, bem como dos demais funcionários da empresa;

desenvolvimento e implementação de todos os �

procedimentos necessários ao sistema da qualidade (este é geralmente o ponto mais demorado durante o

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Unidade 1

processo de implementação). É importante que, durante o processo de desenvolvimento de procedimentos, estes sejam feitos em conjunto com as pessoas que deverão segui-los;

seleção de um órgão certificador (também conhecido �

como órgão registrador). Trata-se de uma organização independente da empresa, que irá avaliar se o sistema da qualidade da empresa está de acordo com as normas ISO 9000. Alguns exemplos de órgãos certificadores: o Bureau Veritas Quality International (BVQI) e a Fundação Carlos Alberto Vanzolini (FCAV);

pré-auditoria para avaliar se o sistema da qualidade �

implantado está de acordo com os padrões especificados pelas normas;

eliminação das eventuais não-conformidades (às normas) �

detectadas durante o processo de pré-auditoria; e

auditoria final e certificação. �

A maior parte das não-conformidades detectadas durante as auditorias do sistema da qualidade diz respeito à inapropriada documentação do sistema. Por outro lado, deve-se tomar o cuidado de não exagerar na quantidade de documentação, correndo o risco de tornar o sistema da qualidade excessivamente burocratizado.

Uma vez certificada, a empresa deve zelar pela manutenção do certificado, pois perdê-lo pode ser muito mais danoso para uma empresa do que não tê-lo.

O processo de implementação pode durar de alguns meses a dois anos, dependendo do tamanho da empresa e, principalmente, da existência de um sistema da qualidade e do seu grau de desenvolvimento.

É necessário ressaltar que são auditorias externas que avaliam se uma empresa (ou processo) está apta a receber o certificado da série ISO 9000. Trata-se de auditorias realizada sob a responsabilidade de uma empresa independente da que está sendo

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auditada. A vantagem é o caráter de independência associado à experiência trazida pelos auditores de outras organizações.

Alguns dos órgãos certificadores possuem programas de consultoria para auxiliar as empresas durante o processo de implementação. Caso a empresa opte por um destes programas, ela deverá escolher um outro órgão certificador para avaliar e certificar o seu sistema da qualidade, pois seria antiético um órgão certificador avaliar e certificar um sistema da qualidade que ele mesmo ajudou a implementar.

As auditorias dos sistemas de gestão da qualidade (baseados nas normas da ISO série 9000) possuem algumas características específicas:

São autorizadas pela administração superior. �

Avaliações de práticas reais evidentes, comparadas com �

requisitos estabelecidos.

Têm métodos e objetivos específicos. �

São programadas com antecedência. �

São realizadas com prévio conhecimento e na presença �

das pessoas cujo trabalho será auditado.

São realizadas por pessoal experiente, treinado e �

independente da área auditada.

Resultados e recomendações são examinados e, em �

seguida, acompanhados para verificar o cumprimento das ações corretivas.

Não têm ação punitiva, mas corretiva e de �

aprimoramento.

A empresa certificada é periodicamente avaliada por auditorias de acompanhamento (realizadas de 6 em 6 meses). Estas auditorias são feitas para verificar se a empresa continua atendendo aos requisitos estabelecidos e verificados em auditorias anteriores. No caso de a empresa não atender aos requisitos estabelecidos anteriormente, duas atitudes podem ser tomadas pelo órgão certificador. Primeiro, se forem encontradas não-conformidades razoáveis, é determinado um prazo para uma nova auditoria.

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Unidade 1

Segundo, se forem encontradas não-conformidades graves, a empresa pode perder o certificado.

Até este momento, você já deve ter uma ideia da importância deste tipo de ferramenta gerencial, então faça uma lista de benefícios decorrentes da implantação da ISO 9000.

A ISO série 9000 compreende um conjunto de normas (ISO 9000 a ISO 9004). Entretanto estas normas, oficializadas em 1987, não podem ser consideradas normas revolucionárias, pois foram baseadas em normas já existentes, principalmente nas normas britânicas BS 5750.

Além destas normas, deve-se citar a existência da ISO 8402 (Conceitos e Terminologia da Qualidade), da ISO 10011 (Diretrizes para a Auditoria de Sistemas da Qualidade) e de uma série de guias ISO pertinentes à certificação e registro de sistemas da qualidade.

Já foi dito, mas é sempre importante lembrar que as normas ISO 9000 podem ser utilizadas por qualquer tipo de empresa, seja ela grande ou pequena, de caráter industrial, prestadora de serviços ou mesmo uma entidade governamental.

Deve ser enfatizado, entretanto, que as normas ISO série 9000 são normas que dizem respeito apenas ao sistema de gestão da qualidade de uma empresa, e não às especificações dos produtos fabricados por esta empresa. Ou seja, o fato de um produto ser fabricado por um processo certificado segundo as normas ISO 9000 não significa que este produto terá maior ou menor qualidade que um outro similar. Significa apenas que todos os produtos fabricados segundo este processo apresentarão as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade.

As normas ISO 9000 não conferem qualidade extra a um produto (ou serviço): garantem apenas que o produto (ou serviço) apresentará sempre as mesmas características. As normas individuais da série ISO 9000 podem ser divididas em dois tipos:

I - diretrizes para seleção e uso das normas (ISO 9000) e para a implementação de um sistema de gestão de qualidade (ISO 9004);

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II - normas contratuais (ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003), chamadas assim por se tratarem de modelos para contratos entre fornecedor e cliente.

Pode-se dizer que a ISO série 9000 é um modelo de três camadas em que a ISO 9001 engloba a ISO 9002, a qual, por sua vez, engloba a ISO 9003.

A decisão sobre qual das normas contratuais da série ISO 9000 utilizar depende da finalidade das atividades da indústria em questão. A ISO 9002 é mais apropriada para a maioria das fábricas baseadas em processos de manufatura bem estabelecidos. A ISO 9001, por sua vez, é mais apropriada para processos que envolvem atividades de pesquisa e desenvolvimento. A ISO 9003 engloba somente a inspeção e ensaios finais e, por isso, tem um valor limitado. Na prática, esta norma não é mais utilizada.

Figura 1.5 - Exemplo de certificado emitido pós-certificação.Fonte: Bureau Veritas.

Você lembra que existem normas específicas sobre auditoria? Em especial, sobre auditoria ambiental?

As normas de auditoria são importantes, porque garantem a credibilidade do processo de certificação. São dirigidas

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às auditorias de terceira parte, por entidades externas e independentes, que verificam se o sistema de gestão implantado está de acordo com a ISO 14001. Em 1996, três normas de auditorias ambientais foram aprovadas e publicadas pela ISO:

ISO 14010, Diretrizes para Auditoria Ambiental – �

Princípios Gerais;

ISO 14011, Diretrizes para Auditoria Ambiental – �

Procedimentos de Auditoria;

ISO 14012, Diretrizes para Auditoria Ambiental – �

Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais.

Estas três normas foram substituídas em outubro de 2002 por uma única, que uniu os procedimentos de auditoria ambiental e da qualidade, a ISO 19011: Diretrizes para Auditorias de Qualidade e Ambiental, publicada no Brasil pela ABNT em novembro de 2002.

Síntese

Recordando, você aprendeu até agora os conceitos de auditoria e tipos de auditoria ambiental. Lembre que as auditorias são importantes para garantir o pleno funcionamento das estruturas voluntárias de proteção ambiental, tanto quanto para a regulação e normalização.

Em especial, pela maior rigidez dos sistemas legais voltados para a proteção do ambiente, você viu salientado que as auditorias de conformidade legal têm-se tornado um instrumento à disposição dos órgãos públicos, não somente para controlar as ações que afetam o ambiente, mas, acima de tudo, para prever e contornar situações críticas. Os instrumentos de controle previstos na legislação ambiental tratam de exame periódico e ordenado dos aspectos normativos, técnicos e administrativos relativos às atividades de um empreendimento capazes de provocar efeitos prejudiciais ao meio ambiente.

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É necessário também salientar que as ações de proteção e preservação não ocorrem somente de modo prescritivo pela autoridade pública, mas cresce a noção da necessidade de as empresas terem ações efetivas voltadas para a melhoria da qualidade e produtividade, com vistas a melhorar a sua performance ambiental. As empresas adotam Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs) que tratam do estabelecimento de políticas de atuação ambiental e programas de racionalização ambiental, buscando a melhoria da sua performance ambiental.

Os processos de verificação, de natureza voluntária ou compulsória, visam avaliar a gestão ambiental de uma atividade econômica, analisando seu desempenho ambiental, e, ainda, verificar, entre outros fatores, o grau de conformidade com a legislação ambiental vigente e com a própria política ambiental da instituição.

A prática de auditoria ambiental pode ser de natureza interna (como instrumento de gestão ambiental da empresa) ou externa (como meio de se obter uma certificação ambiental para a empresa). Pode ter também caráter compulsório, quando é legalmente exigida por um órgão regulador de meio ambiente.

Por fim, você entendeu que os sistemas de gestão da qualidade total, tanto quanto as ações deliberadas de certificação, a exemplo das normas ISO, têm demonstrado de modo voluntarioso que é possível lucrar e preservar.

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Auditoria Ambiental

Unidade 1

Atividades de autoavaliação

Efetue as atividades de autoavaliação a seguir. Lembre que este tipo de atividade serve para estimular o desenvolvimento da sua aprendizagem com autonomia.

Responda a todas as questões. Somente após, verifique as respostas e comentários do professor ao final do livro.

1. Como as auditorias ambientais podem agir, no sentido de amenizar os impactos antrópicos?

2. No Brasil existem, pelo menos, três tipos de instrumentos de política pública: de comando e controle, econômicos e os não-econômicos. Identifique dois exemplos atuais de cada um destes instrumentos.

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Saiba mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre os aspectos conceituais e formais da auditoria, consulte as seguintes obras:

LA ROVERE, E. B. (Coord.) Manual de auditoria ambiental. Rio de Janeiro: Qualitymark; 2000.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Melhore a competitividade com o Sistema de Gestão Ambiental - SGA / Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. São Paulo: FIESP, 2007. (Normas e Manuais Técnicos).

FATMA. Portaria nº 002/03, de 09/01/2003. Disciplina o ordenamento e a tramitação dos processos de licenciamento ambiental e dá outras providências.

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2UNIDADE 2

A Auditoria e a Gestão Empresarial

Objetivos de aprendizagem

Compreender a evolução da organização e gestão das �empresas.

Caracterizar a gestão empresarial na atualidade. �

Entender a relação da auditoria no âmbito do mercado �e da gestão empresarial.

Relacionar os conceitos da qualidade e produtividade �com a auditoria.

Familiarizar-se com as ferramentas e métodos para �melhoria da qualidade.

Reconhecer os Sistemas de Premiação para Qualidade �e Produtividade.

Seções de estudo

Seção 1 Organização empresarial e a produtividade

Seção 2 Ferramentas de melhoria da qualidade e da produtividade

Seção 3 Sistemas de premiação para qualidade e produtividade

Seção 4 Sistemas integrados de gestão

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Para início de estudo

Caro(a) aluno(a):

Você estudou na unidade anterior, em profundidade, o assunto auditorias ambientais, seus conceitos, os tipos de auditoria, bem como sistemas de regulação e normalização, além das diretrizes e procedimentos de auditoria.

Também aprendeu que as auditorias tiveram impulso nos processos empresariais voluntários, em especial em decorrência do surgimento dos sistemas de qualidade e produtividade, em especial em relação aos sistemas de gestão da qualidade total que acabaram por colaborar com o surgimento das certificações e os esforços de normalização internacional.

Nesta unidade, você poderá aprofundar os conhecimentos relativos às práticas focadas na organização empresarial e na produtividade com vistas ao estabelecimento dos procedimentos e bases para implantação de sistemas integrados de gestão.

SEÇÃO 1 - Organização empresarial e a produtividade

Embora existam, tradicionalmente, diferentes perspectivas e maneiras de se conceituarem as empresas, a medida do sucesso em alcançar seus objetivos muitas vezes tem sido resumida apenas na obtenção do lucro. Deste ponto de vista, focalizando-se os lucros essencialmente, o problema geral das atividades de uma empresa consiste em configurar e dirigir o processo de conversão de recursos de maneira a otimizar a reprodução do capital.

Muito embora esta seja uma dimensão importante para qualquer empresa, modernamente tanto os analistas de negócio quanto a própria sociedade têm buscado por conceitos mais amplos, de eficácia organizacional, ampliando a noção dos objetivos das empresas, consequentemente ampliando-se a própria concepção das organizações e suas finalidades. Consolidando-se, por exemplo, uma forte tendência em se reconhecer a importância das ações e esforços em prol da chamada responsabilidade social entre outras coisas.

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Unidade 2

Por outro lado, se for privilegiada apenas a questão do processo, uma empresa pode ser vista como um conjunto de funções interligadas, interagindo, ou não, entre si, para produzir resultados. Mesmo admitindo-se apenas este enfoque de produção, é necessário ampliar a noção dos objetivos da empresa, uma vez que, para produzir, vários esforços desenvolvem-se de maneira conjunta e simultânea, principalmente se a “empresa” tiver vários níveis, setores, funções e responsáveis. Entende-se que todas as funções – produção, finanças, marketing –, são importantes e fundamentais, porém, conforme o ângulo em que se observem os fatos, pode-se reduzir a importância de algumas delas, o que é errado.

Vive-se agora uma época em que a busca pela competitividade leva a um repensar dos processos empresarias, o qual transcende a redoma da área financeira. Por outro lado, o excesso de focalização na produção pode constituir um posicionamento restritivo. O que vemos é a necessidade de uma permanente revisão de orientação e da natureza da empresa exigida pela complexidade e turbulência do meio ambiente.

Basicamente, a lição que fica é a de que o objetivo central na gestão empresarial não é levar a excelência a uma área apenas da empresa, mas sim, buscar a integração das diferentes áreas para aproveitar as habilidades distintas ou superar as deficiências, convergindo para a consolidação do todo e adquirindo maior sinergia entre os componentes.

Com o incrível aumento da concorrência, principalmente a partir do final da década de 90, o advento de novas tecnologias e o surgimento de novos paradigmas que refletem a própria evolução por que passa a sociedade, as empresas perceberam que são eminentemente mortais. Então ficou evidente que é preciso melhorar a qualidade continuamente, aumentar a produtividade, reduzir custos e encurtar os prazos de entrega, sempre em prol da manutenção e melhoria da competitividade.

As empresas neste cenário devem desenvolver uma maior capacidade de adaptação. Isto é, para absorver continuamente as indicações que o ambiente impõe, devem ter capacidade de se moldarem internamente para alcançar mais efetivamente a adaptação às novas necessidades do mercado em que atuam. Ao empreenderem mudanças, para alinharem-se às condições

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adversas, elas absorvem novos estilos de gestão que implicam muitas vezes mudanças complexas, de concepção, análise, entendimento e racionalidade. Isto leva, ou até mesmo acaba por exigir, alterações na estrutura e na cultura da organização. Deste modo, evidencia-se a necessidade cada vez maior de se analisarem as organizações através de modelos capazes de explicar e entender o que ocorre. Aqui a visão sociotécnica da organização empresarial parece ser um bom caminho.

As empresas como “Organizações” – o modelo sociotécnico

Durante o último século, houve uma passagem dos modos de funcionamento caracterizados por estruturas organizacionais hierárquicas mais rígidas, métodos clássicos de gestão da produção e circuitos de informações formalizados, nos quais a comunicação não conseguia permear toda a organização, para outras formas ou modos de funcionamento mais adaptados ao ambiente e ao estágio atual do avanço tecnológico. Na verdade, um processo de transformação das formas de trabalho mecanicista para modelos inspirados numa abordagem sistêmica da organização. As figuras 2.1 e 2.2 registram alguns momentos históricos referentes à maquinofatura. Na figura 2.1, uma célebre passagem do filme “Tempos Modernos”, estrelado por Charles Chaplin. Na figura 2.2, um exemplo de uso da mão-de-obra infantil do início do século XX.

alcunhado de maquinofatura

Figura 2.1 - Imagem do filme Tempos Modernos.Fonte: <http://images.google.com.br/>.

Figura 2.2 - Crianças trabalhando na linha de produção de uma indústria têxtil.Fonte: <http://images.google.com.br/>.

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Dentro de uma nova visão de organização, são identificáveis alguns pressupostos básicos que devem servir de suporte para as análises e avaliações dos impactos das alterações da organização e da gestão, como também podem servir de pilar para a própria inovação na estrutura das organizações, a fim de acomodarem novos elementos:

organizações são entidades dinâmicas; �

o comportamento organizacional existe em múltiplos �

níveis (individual, grupo ou em sistemas);

as organizações são construídas com base em �

componentes sociais e técnicos e, portanto, são caracterizadas como sistemas sociotécnicos;

organizações têm características de sistemas abertos; e �

as suas ações devem respeitar aos indivíduos, a sociedade �

e o meio ambiente.

Como sistemas, as organizações são constituídas de componentes ou partes que interagem entre si, formando os distintos processos. Em cada um dos componentes dos processos deve existir um grau de balanceamento, consistência ou “fit” com o restante (NADLER et al., 1994). Nadler & Tushman (1977) apresentam um modelo representativo que auxilia a inclusão da perspectiva sistêmica dentro do campo organizacional, contribuindo para a formação de uma concepção sociotécnica. Na figura 2.3, descreve-se o modelo proposto inicialmente por Nadler & Tushman (1977), revisado por Nadler et al.(1994), onde se denota uma clara preocupação com os aspectos comportamentais. As variáveis de entrada são representadas pelo ambiente; recursos disponíveis; histórico e estratégias organizacionais. As variáveis do processo de transformação são as tarefas; os indivíduos; os arranjos organizacionais formais e a organização informal. As variáveis de saída são resultados das interações entre componentes, dadas às entradas. Os componentes básicos da organização, segundo Nadler e Tushman (1977), são:

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TAREFA - este componente se refere à natureza do �

trabalho, tarefas e cargos que devem ser executados pelas organizações, pelos grupos e pelos indivíduos;

INDIVÍDUOS - as principais dimensões deste �

componente se relacionam com as diferenças sistemáticas que tenham relevância para o comportamento das organizações;

ARRANJOS ORGANIZACIONAIS - inclui todos �

os mecanismos formais de direção, estruturação, ou de controle. Estes são projetados para motivar e avaliar os indivíduos no desempenho das tarefas organizacionais; e

ORGANIZAÇÃO INFORMAL - além dos arranjos �

organizacionais formais, surgem também na organização estruturas informais. Estas incluem padrões de comunicação, poder de influência, valores e normas que caracterizam o funcionamento da organização.

Figura 2.3 - Visão sistêmica do funcionamento organizacional.Fonte: Adaptado de Nadler e Tushman (1977), Nadler et al.(1994).

É importante assinalar que a aplicação específica da visão dos sistemas não pode ser comparada com técnicas gerenciais prescritivas, mas sim, analisada por um prisma mais amplo. Assumir este tipo de compreensão significa aceitar que é impossível intervir em qualquer um dos componentes sem que haja impacto desta intervenção nos demais componentes. Isto

Insumos

Ambiente

Recursos

História

Estratégias Trabalho

Dinâmica Internados Processos

Estruturas eProcessos Informais

Pessoal

DisposiçãoOrganizações Formais

Produto

Sistema

Grupo

Indivíduo

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equivale a dizer que tão importante quanto o elemento em si é a ligação que ele possui com os outros elementos do modelo. Assim, o grau de ajuste, ou fit em inglês, existente entre os elementos influencia na efetividade do sistema como um todo. Hoje, mais do que nunca, isso é real, pois, da efetiva capacidade de articular os elos, internos e externos, resulta a sobrevivência da empresa.

Entre cada par de componentes existe, ou pelo menos deveria existir, um grau de congruência, ou “fit”. Assim, a congruência entre dois componentes é definida como “o grau em que as necessidades, demandas, objetivos e/ou a estrutura de um componente são consistentes com as necessidades, demandas, objetivos e/ou a estrutura de outro componente.” Estas congruências estão representadas na figura 2.3 e descrevem em linhas gerais as inter-relações existentes entre os componentes de um processo de transformação.

Na avaliação dos sistemas organizacionais, deve-se determinar a localização e a natureza dos “fits” inconsistentes. Estas inconsistências podem, por exemplo, ser identificadas por mecanismos formais focados na análise de desempenho, ou mesmo, pelo uso conjunto das auditorias internas de análise de todo o sistema. O modelo também dá a entender que diferentes configurações de componentes chaves podem conduzir a um comportamento eficaz.

Então é isso? Basta ajustar os tais fits para que a produtividade melhore?

Não é bem assim: a intensificação da concorrência trouxe alguns reflexos mais significativos que puderam ser sentidos, em especial uma forte escalada em busca de melhoria dos procedimentos e processos produtivos com vistas à melhoria da produtividade.

Esta escalada se consolidou pelo menos em duas frentes: uma, voltada aos esforços em um nível geral, que afeta a todos os atores no chamado nível macro (nível da economia nacional); do outro lado, no nível micro (nível das organizações), couberam as preocupações pontuais como elementos específicos dos processos produtivos. Juntos, os níveis dão a base para a visão da produtividade que passou a ser chamada de sistêmica.

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Para o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade - IBQP, a noção da produtividade deve ser vista dentro de um conceito sistêmico e integrado, que visa, acima de tudo, a sinergia e a dinâmica de todos os fatores diretos e indiretos de produção. Ou seja, não basta que a empresa tenha ajuste (fit) interno: o próprio desempenho da economia, os aspectos sociais e ecológicos são imprescindíveis para a qualidade de vida e de trabalho de todos os cidadãos. Portanto estes elementos devem estar em sintonia. Para o IBQP, a produtividade significa criar condições para o desenvolvimento sustentável juntamente com um melhor padrão de vida para a sociedade.

Fique atento(a), pesquise o conceito da Produtividade Sistêmica!

No nível macro econômico ou da economia nacional, faz-se necessário que as políticas econômicas estejam formuladas através do prévio conhecimento dos vários setores industriais ou da performance das diversas regiões ou estados que compõem o país. Este conhecimento prévio faz-se necessário para que os governantes saibam se a produtividade apresentada está alcançando os objetivos preestabelecidos ou se está sendo suficiente para permitir melhores salários, melhores preços dos produtos e serviços ou redução nos percentuais de inflação.

No nível micro, os esforços de produtividade são essenciais às organizações, pois direcionam, com base mais segura, o planejamento, permitindo o estabelecimento de metas quantificadas e o seu desdobramento na organização. Nos dois níveis, emerge a necessidade da existência de indicadores indispensáveis ao monitoramento e ao controle, possibilitando a análise crítica do desempenho, daquilo que está planejado, na tomada de decisão ou na agilidade relacionada à mudança de rumos.

Como já foi dito anteriormente, os cenários sociais e econômicos globais obrigam as empresas a se adaptarem a novas condições, ou, pelo menos, caso sejam alterações mais brandas, servem de indicativo para que desenvolvam padrões mais adequados de competitividade.

Para Hanna (1988), a dinâmica do meio ambiente provoca, em uma visão mais extremada, as chamadas descontinuidades, exigindo o estabelecimento de padrões mais elevados para

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obter alta performance organizacional. Isso passa pelo processo de avaliação e desenvolvimento de um design organizacional apropriado às demandas externas. O balanceamento do sistema depende de como é feito o equilíbrio entre as demandas no tempo, além de exigir a devida atenção aos recursos e à energia necessária para se obter uma melhor performance.

Um reflexo possível do não-acompanhamento das tendências do ambiente leva a diferenciais de performance, que, temporalmente, influencia direta e significativamente o potencial de competitividade da empresa. Mas, cuidado! As questões ambientais podem levar a uma mudança total da concepção lógica e funcional da empresa. A ruptura provocada pela dinâmica ambiental pode levar à fragmentação da empresa.

SEÇÃO 2 - Ferramentas de melhoria da qualidade e da produtividade

No Brasil, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) possui vários programas e ações desenvolvidas na área da qualidade e produtividade, em direção à melhoria da competitividade das empresas brasileiras. Outros importantes atores possuem programas e ações nesta área, a exemplo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que faz parte do Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI), e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

O IBQP disponibiliza às empresas e instituições brasileiras tecnologias de gestão que incorporam conceitos e práticas de excelência em gestão da qualidade e da produtividade sistêmica, com foco na criação de ambientes inovativos. Dos estudos e práticas destas ferramentas e metodologias originou-se o conceito da produtividade sistêmica, que já foi apresentado na seção anterior.

A fórmula básica utilizada pelo IBQP para a medição da produtividade é a mesma que você conheceu na seção 4 da Unidade 1, que é: produtividade = output/input.

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O output pode ser representado pelo resultado quantitativo ou qualitativo em um determinado período, ao passo que o input, pelos recursos utilizados para se alcançar este resultado. De modo mais detalhado, vale ressaltar que o input refere-se aos recursos, tanto os tangíveis quanto os intangíveis, necessários para produzir mercadorias ou serviços.

Para ajudar, veja algumas definições: um produto pode constituir-se de uma composição de elementos observados diretamente (tangíveis) e de outros, presentes mas não tão evidenciados, porém percebidos (intangíveis). Simplificando as coisas, é possível dizer que um bem tangível traduz-se pela oferta de bens, por exemplo, o sabão, onde nenhum serviço acompanha o produto. Agora, um bem tangível pode estar acompanhado de serviços, “a oferta acompanhada por um ou mais serviços amplia seu apelo de consumo”, a saber, um automóvel com uma garantia. Outros elementos podem tornar um automóvel mais que uma simples máquina, por exemplo, aparecendo em um filme estrelado por um ator famoso, ou sendo o ponto central de uma campanha de preservação ambiental -- caso o automóvel tenha este tipo de característica, outros elementos passam a ser “visíveis” e muitas vezes podem “mensuravelmente” diferenciar aquele produto, pois passam a ser um símbolo complexo que revela status, gosto, categoria. Resumindo, o intangível pode ou não estar presente, mas, sem sombra de dúvida, representa fortemente um significado.

Voltando para a produtividade, é necessário registrar que o modelo do IBQP considera que os input dividem-se em três diferentes classificações: trabalho, capital e input intermediários. Observe no quadro a seguir alguns exemplos.

1. Trabalho 2. Capital 3. Input intermediários

Número de empregados.Despesas com pessoal.Total de horas trabalhadas.

Volumes físicos (tempo de utilização de uma máquina).Valores monetários (ativo permanente, máquinas e equipamentos, ativo total).

Compra de materiais, energia e serviços medidos em volumes físicos (kg, toneladas ou kWh de energia comprada) ou valores em termos monetários (valor da energia comprada, dos materiais, etc.).

Quadro 2.1 - Exemplos das três classificações - Modelo IBQPFonte: IBQP

Para mensuramos a produtividade de recursos materiais, humanos ou tecnológicos, é necessário utilizar algumas medidas de output, por exemplo:

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quantidade de produção � - quando expressamos o output em termos de volume físico. Por exemplo, o output de um hotel pode ser representado pelo número de clientes atendidos ou o total de ocupação deste hotel, em um determinado período;

valor da produção � - quando o resultado da produção está expresso em termos monetários. Pode estar representado pela receita ou valor das vendas ou do produto ou serviço prestado, durante um determinado período; e

valor adicionado (VA) � - o VA é uma medida de output mais real, expressa em valores monetários, e representa a riqueza gerada pela empresa através de seu processo de produção ou serviços. Pode ser obtido através do resultado das vendas menos os valores pagos a fornecedores/terceiros.

Neste momento, é possível afirmar que a produtividade ultrapassa a noção matemática descrita pela razão entre outputs e inputs, assumindo, acima de tudo, uma função social, nos termos do conceito de produtividade sistêmica. Ou seja, a produtividade significa criar condições para o desenvolvimento sustentável e um melhor padrão de vida para a sociedade.

Tendo como principal objetivo promover o desenvolvimento sustentável, de forma que todos os fatores envolvidos sejam medidos e verificados sistemicamente, é necessário modificar a representação matemática (produtividade = output/input) para uma representação gráfica mais adequada, conforme descrito na figura 2.4. Uma análise rápida da figura 2.4 permite identificar como output tanto o resultado da receita total (Vendas) como o da riqueza gerada (VA).

Figura 2.4 - Representação gráfica do Valor Adicionado.Fonte: <http://www.mct.gov.br/html/objects/_downloadblob.php?cod_blob=582>

Valores pagos aterceiros

Fornecedores VA

Organização

Clientes (vendas)

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Neste modelo, todos os fatores – Gestão, Humano, Meios de Produção, Inventário e Recursos Naturais – voltam-se para um objetivo central, o desenvolvimento socioeconômico sustentável da empresa. A definição dos fatores e referenciais e alguns indicadores (IQs) utilizados na sua medição são apresentados na sequência.

Fator Gestão � : é a relação entre os recursos utilizados e os resultados obtidos através do gerenciamento efetivo de todos os fatores que compõem o sistema. Indicadores analisados: Resultado das vendas e do Valor Adicionado - VA, % do VA em relação às vendas, Produtividade do Capital (Contribuição do ativo no VA), Rentabilidade do ativo e Margem líquida.

Fator Humano � : é a relação entre o resultado obtido em um determinado período e o número de pessoas envolvidas ou o valor investido nessas pessoas (despesas com pessoal). Indicadores analisados: Produtividade do trabalho, Vendas por empregado e Contribuição das despesas com pessoal no VA.

Fator Meios de Produção � : é a relação entre o resultado da produção e os meios utilizados para a sua obtenção. Indicadores analisados: Contribuição dos meios de produção nas vendas e no VA.

Fator Inventário � : é a relação entre a produção e o estoque. Indicadores analisados: Contribuição dos estoques nas vendas e no VA.

Fator Recursos Naturais � : é a otimização do uso racional dos recursos naturais, visando minimizar ou eliminar os efeitos ambientais decorrentes das atividades humanas. Indicadores analisados: Percentual do recurso natural utilizado (água, luz, carvão etc.) em relação às vendas ou ao VA.

Os processos de produção da empresa não se limitam à transformação física de bens e serviços intermediários em bens e serviços produzidos pela empresa. O processo produtivo da empresa deve ser capaz de gerar “produto(s)”, agregando valor. A agregação de valor vai além da produção, pois depende também de como e em que condições a empresa compra bens e serviços

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intermediários e efetivamente vende os bens e serviços que produz.

O Programa SEBRAE de Qualidade Total para Micro e Pequenas Empresas dispõe de um sistema de acompanhamento e medição dos resultados que pode ser interessante para analisar um negócio, em relação a sua capacidade de gerar o valor esperado. Alguns procedimentos adotados:

a) os aspectos a serem medidos devem ser os mais importantes na ótica do cliente, pois são aspectos que influenciam decisões de compra;

b) para cada um desses aspectos, devem ser construídos indicadores da qualidade, que sejam capazes de medir a satisfação do cliente;

c) definir o que fazer e como as coisas devem ser feitas para permitir a evolução dos indicadores da qualidade e, após, fazer a seleção dos indicadores da produtividade, de forma a completar cada aspecto analisado;

d) os indicadores devem permitir coleta e análise de dados de forma simples e direta;

e) sistemáticas e periódicas, as medições devem ser transformadas em gráficos, para melhor visualização; e

f) os resultados devem ser disseminados dentro da empresa e acompanhados por todos.

Dada a importância desta temática, é necessário que as empresas implantem sistemas próprios de Medição de Desempenho baseados em indicadores de qualidade e produtividade. Para ajudar este tipo de análise, foram desenvolvidos os 5 indicadores definidos pelo IBQP, para auxiliar a tomada de decisões.

Para a implantação de Sistema de Medição do Desempenho (SMD), algumas questões devem ser analisadas, por exemplo: se existem pessoas qualificadas para trabalhar com os indicadores; como será a estruturação dos indicadores; como se dará o processo de coleta de dados; qual o grau de confiabilidade dos dados; e se estes indicadores serão efetivamente usados para a tomada de decisões.

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Após a análise destas e de outras questões pertinentes, a empresa decide sua implantação, pois nada é pior do que iniciar a implantação de um sistema e concluir que não lhe servirá para atingir o objetivo pretendido.

Na efetiva implantação do SMD, é necessário o comprometimento de todo o pessoal que tem função de planejamento e coordenação de atividades. Dependendo do tamanho da empresa (menor que 20 funcionários), todos devem participar, não necessariamente no efetivo desenvolvimento das atividades, mas sim, em atividades de apoio e sugestões.

As atividades das equipes estão relacionadas ao planejamento do SMD, determinação dos IQs necessários e seus parâmetros, análise crítica do SMD, auxílio na coleta de dados e nas soluções dos problemas, treinamento e difusão aos funcionários.

A página do Sebrae, na internet, oferece conteúdos interessantes a respeito deste tema. Faça uma visita.

Igualmente importante é determinar o que medir. O item mais importante na determinação dos indicadores (IQs) é o planejamento, e inicia pela determinação das metas que a empresa deseja atingir, na determinação das melhorias necessárias para acompanhar essas metas e na determinação dos indicadores necessários para acompanhar as melhorias e, consequentemente, as metas.

Para cada IQ determinado, desenvolvem-se seus parâmetros para acompanhamento e controle, que são: o que medir; por que medir; como medir; quando medir; onde medir; padrão desejado; como atuar quando não atingir o padrão desejado; custo para medição; recursos necessários; vida útil do indicador; viabilidade do indicador e forma de apresentação dos resultados.

Após definidos os parâmetros dos IQs de todas as áreas, inicia-se o processo de avaliação de todo o SMD e da viabilidade de cada IQ determinado, com vistas a detectar possíveis falhas, desentendimentos, evitar redundâncias e assegurar a eficácia da implementação.

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Realizar as atividades descritas pelos parâmetros de cada IQ , providenciando os meios para a coleta dos dados, que poderá resultar em uma profunda alteração no sistema de informações da empresa. Algumas fontes de dados certamente já existem, e outras deverão ser criadas. Um ponto importante nesta etapa é a confiabilidade dos dados.

Por fim, é necessária a avaliação dos dados e a tomada de decisões. Nesta etapa, os usuários das informações para tomada de decisões já estão recebendo seus relatórios e gráficos, iniciando-se o processo de análise das informações. Podem surgir algumas dúvidas a respeito destas informações, do tipo: não acreditamos nos resultados; as informações não estão sendo obtidas no momento adequado; como será o uso destas informações; elas são coerentes, ou não, com a realidade; a informação compensou o custo?

A avaliação dos dados a cada medição, a análise crítica de cada indicador, seus parâmetros de execução e seus planos de ação corretiva dão a segurança de que o Sistema de Medição está em um processo contínuo e evolutivo, tendendo à melhoria do desempenho dos processos da empresa e levando-a a competir para se tornar uma organização do futuro.

Os sistemas de medição de desempenho – SMDs podem ser auferidos, utilizando-se auditorias. Reflita: que tipo de auditoria caberia nesta situação?

SEÇÃO 3 - Sistemas de premiação para qualidade e produtividade

Várias instituições atuam na implantação e monitoramento dos sistemas de qualidade e produtividade. Alguns exemplos: o Fórum Nacional de Qualidade, Produtividade e Competitividade (QPC) e o Movimento Brasil Competitivo (MBC).

A Fundação Nacional da Qualidade – FNQ é uma entidade privada e sem fins lucrativos, criada em outubro de 1991 por representantes de 39 organizações brasileiras dos setores público e

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privado. Sua principal função era administrar o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ ).

O modelo proposto pelo Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ ) enfatiza o fato de que os Indicadores de Desempenho (IDs), devem contemplar os efeitos interativos das funções na organização e das interações desta com o meio em que atua. Salienta ainda que as medidas de desempenho, como ferramentas de planejamento e controle, devem ser de fácil utilização, e não ambíguas, possibilitando sua utilização na tomada de decisões e sua compreensão por todos na empresa.

O PNQ propõe a classificação dos IDs em quatro categorias:

Satisfação do cliente: como exemplo, temos número de �

reclamações de clientes, ou volume de vendas empresa/volume total do mercado;

Desempenho financeiro: é associada a fatores econômicos �

da organização, com indicadores do tipo retorno sobre o investimento, margens sobre vendas, ou custo médio dos produtos;

Desempenho operacional: associa fatores ligados à �

qualidade e produtividade da empresa, como número de processos capazes/número de processos existentes, peças/hora, ou produtos refugados/quantidade total produzida; e

Clima organizacional: associa fatores motivacionais �

dos empregados. Alguns indicadores seriam a taxa de rotatividade de pessoal, taxa de absenteísmo. As medidas de desempenho propostas permitem uma avaliação de toda a organização.

Por sua vez, o PNQ foi constituído a partir da adaptação dos Critérios de Excelência do PNQ.

Os Critérios adotados são os seguintes: Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados da Organização.

O modelo de avaliação da gestão constitui um poderoso instrumento para dirigentes de espírito empreendedor e de visão estratégica, interessados em conduzir suas organizações a uma

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profunda mudança gerencial, impulsionando o desempenho operacional a níveis cada vez mais elevados. O modelo de avaliação não prescreve ferramentas e formas de implementação de ações voltadas para a melhoria da gestão.

Entretanto representa uma série de requisitos básicos e específicos, inter-relacionados e orientados para resultados, criando um ambiente positivo para a acomodação dos princípios da Gestão pela Qualidade Total.

Figura 2.5 - Modelo de excelência do PNQ ® - uma visão sistêmica de organização.Fonte: Disponível em: <www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/texto_Antonio_Tadeu_Pagliuso.pdf>

A figura 2.5 representa a disposição dos elementos da gestão de uma organização. Os elementos, ou seja, os Critérios de Excelência, assim representados, formam o modelo de gestão preconizado pelo Projeto Excelência. Tais critérios estão imersos num mesmo ambiente e devem interagir de forma harmônica e sincronizada. Para se manter e se desenvolver, a organização necessita de um perfeito relacionamento com outros organismos, externos a ela (sociedade, clientes, governo, fornecedores, órgãos representativos de classes, etc.).

2.Estratégias e Planos

(90)

7.Resultados

(460)

4.Informações e Conhecimento

(90)

1.Liderança

(90)

3.Clientes eSociedade

(90)

6.Processos

(90)

5.Pessoas

(90)

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A figura central do Modelo de Excelência é o critério Clientes e Sociedade. Os clientes são a razão de ser da organização e, em função disto, suas necessidades devem ser atendidas para que os produtos (bens ou serviços) possam ser desenvolvidos, criando o valor necessário para conquistá-los e retê-los. Por outro lado, para que haja continuidade em suas operações, a organização também deve apurar e satisfazer as necessidades da sociedade, cumprindo as leis, preservando os ecossistemas e contribuindo com o desenvolvimento das comunidades ao seu redor.

O Sistema de Liderança estabelece e dissemina os valores e as diretrizes da organização que promovem a excelência do desempenho, vivenciando os fundamentos, impulsionando-os para formar uma cultura da excelência na organização. Os líderes, principais responsáveis pela obtenção de resultados que assegurem a satisfação de todas as partes interessadas e a perpetuidade da organização, analisam criticamente o seu desempenho global e tomam, sempre que necessário, as ações requeridas.

As estratégias são formuladas para direcionar o desempenho da organização e determinar as diretrizes que possibilitarão o atendimento de vantagens competitivas. Estas são desdobradas em planos de ação, para curto e longo prazos, que servem como referência para a tomada de decisões e para a aplicação de recursos na organização. Esta é a componente do Modelo que se preocupa com o planejamento do sistema de medição do desempenho global, de forma a comunicar claramente a visão e as estratégias da organização para as partes interessadas e a permitir a análise crítica do desempenho global pela liderança.

As pessoas que compõem a força de trabalho, capacitadas e satisfeitas, atuando em um ambiente propício à consolidação da cultura da excelência, executam processos, identificam as melhores alternativas de captações e aplicações de recursos e utilizam os bens e serviços provenientes de fornecedores para transformá-los em produtos (outros bens, serviços, tecnologia, etc.), criando valor para os clientes, preservando os ecossistemas e contribuindo para o desenvolvimento das comunidades ao seu redor, de acordo com o que estabelecem as estratégias e os planos da organização.

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Os resultados da organização servem para acompanhar seu desempenho e suas tendências em relação aos clientes e ao mercado, às finanças, às pessoas, aos fornecedores, aos processos relativos ao produto, aos processos de apoio, aos processos organizacionais e à sociedade. Os efeitos gerados pelas práticas de gestão e pela dinâmica externa à organização podem ser comparados às metas estabelecidas durante a definição das estratégias e planos, para eventuais correções de rumo ou para reforços das ações implementadas.

Por fim, a experiência acumulada e o aprendizado adquirido constituem a memória histórica da organização e sua principal fonte de melhoria e inovação. As informações e o conhecimento podem ser considerados como o centro nervoso da organização, propiciando a análise crítica e a tomada das ações necessárias, em todos os níveis. Assim, a gestão das informações e o capital intelectual são elementos essenciais para a busca da excelência.

Visite o site do Banco de Boas Práticas da FNQ. Consiste em uma biblioteca das melhores práticas executadas por empresas Classe Mundial, organizada segundo os oito Critérios de Excelência do MEG.

O Banco busca disseminar os fundamentos da excelência em gestão, estimulando a troca de experiências. Em 2007, 63 novas empresas participaram, totalizando 220 novas práticas inseridas. No somatório geral, estão armazenadas 421 práticas, de 120 empresas, que podem ser acessadas no Portal FNQ.

SEÇÃO 4 - Sistemas integrados de gestão

Fazendo uma retrospectiva, é possível identificar que, há 10 anos, havia no mundo somente três especificações de sistemas de gestão: a ISO 9001, para a gestão da qualidade; a ISO 14001, para a gestão ambiental; e a OHSAS 18001, para a gestão da segurança e saúde no trabalho. De lá para cá, entretanto, mais

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de uma dezena de novas normas de SGs surgiram nos mais diferentes campos e setores de atividade, como na indústria automotiva, de equipamentos médico-hospitalares, de alimentos, de tecnologia da informação, de petróleo e gás, de transporte público, etc.

Um dos principais argumentos que tem compelido as empresas a integrarem os processos de Qualidade, Meio Ambiente e de Segurança e Saúde no Trabalho é o efeito positivo que um SIG – Sistema Integrado de Gestão – pode ter sobre o capital humano da empresa.

As metas de produtividade, progressivamente mais desafiadoras, requerem que as empresas maximizem sua eficiência. Múltiplos Sistemas de Gestão são ineficientes, difíceis de administrar e difíceis de obter o efetivo envolvimento das pessoas. Ao que parece é mais simples obter a cooperação dos funcionários para um único sistema do que para 3 sistemas separados. A sinergia gerada por um SIG tem levado as empresas a atingirem melhores níveis de desempenho, a um custo global muito menor.

A ISO 14001:2004 não incluiu requisitos específicos dos outros sistemas da gestão, como por exemplo, aqueles relativos à qualidade, segurança e saúde ocupacional, ou gerenciamento de risco. Apesar disso, seus elementos podem ser alinhados ou integrados com os de outros sistemas da gestão. É possível a uma organização adaptar seu(s) sistema(s) de gestão pré-existente(s) para estabelecer um sistema da gestão ambiental que esteja em conformidade com os requisitos da ISO 14001:2004.

É necessário salientar que a aplicação de vários elementos do(s) sistema(s) de gestão existente(s) podem diferir, dependendo dos objetivos pretendidos e das partes interessadas que estiverem envolvidas. A versão de 2004 da ISO 14001 esclareceu diversos itens, tanto para facilitar entendimento como para permitir a consideração das disposições da ISO 9001:2000, promovendo-se mais compatibilidade entre as duas normas, em benefício da comunidade de usuários.

Por exemplo: as empresas podem utilizar um sistema de gestão coerente com a NBR ISO 9001, como base para a implementação de um sistema de gestão ambiental. A aplicação

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de vários elementos do sistema de gestão pode variar de acordo com os diferentes propósitos e com as diversas partes interessadas. Enquanto sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos clientes, os sistemas de gestão ambiental atendem às necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes necessidades da sociedade relativas à proteção ambiental. Nestes termos, a integração das questões ambientais ao sistema global da organização pode contribuir para a efetiva implementação do sistema de gestão ambiental, bem como para a eficiência da clareza de suas atribuições.

A norma OHSAS 18001, de 1999, sobre requisitos de sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho é outra norma para sistema de gestão, que foi desenvolvida para poder entrar a qualquer momento em revisão, de modo a permanecer sempre compatível com a ISO 9001 e ISO 14001:2004, facilitando assim a integração de sistemas de gestão da qualidade, ambiental e de segurança e saúde no trabalho (SST), por parte das organizações que assim desejem proceder. A OHSAS 18001 é a primeira de uma série de normas sobre o tema, que conta também com a norma OHSAS 18002, sobre diretrizes para adoção da OHSAS 18001. Apenas a OHSAS 18001 é passível de certificação, tratando de requisitos para que, com o sistema de gestão de SST, as organizações se habilitem a controlar riscos relacionados à segurança e saúde no trabalho e a melhorar seu desempenho.

Do mesmo modo que a ISO 9001 e a ISO 14001:2004, a especificação OHSAS trata de segurança e saúde no trabalho em uma organização, e não de segurança de seus produtos e serviços.

O que tem ocorrido é que, por não disporem de mecanismos confiáveis de integração de sistemas de gestão, as organizações acabam por recorrer ao gerenciamento conjunto desses sistemas, quando os possuem todos, ou, pelo menos, dois deles implantados e rodando, apresentando, eventualmente, relatórios/comunicações que sintetizam as conclusões sobre os respectivos desempenhos. Também ocorre, muitas vezes, a centralização do gerenciamento desses sistemas num mesmo departamento da organização, sob a responsabilidade de um mesmo representante da alta administração.

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Fica ainda mais clara a diferença entre sistema integrado de gestão e o gerenciamento em conjunto, de dois ou mais sistemas de gestão, quando a organização tem seus sistemas certificados por organismos certificadores diferentes, precisando, num dado momento, reavaliá-los. Isso pode significar o envolvimento de várias equipes de auditorias diferentes para conduzir avaliações e produzir resultados que podem se sobrepor ou, até mesmo, levar a conclusões contraditórias.

Fica evidente a necessidade, portanto, de uma alternativa para que a administração e as partes interessadas possam ver os diversos sistemas de gestão implementados por uma organização como um sistema único, integrado: um mecanismo que una os elementos comuns de tais sistemas.

Imagine a dificuldade que uma empresa tem ao obter a certificação em três sistemas distintos (ISO 9001:2000, ISO 14001:2004 e OHSAS 18001), ao ter que sofrer auditorias por três organismos diferentes. Isso pode significar o envolvimento de três equipes de auditoria diferentes para conduzir três avaliações diferentes, e produzir resultados que podem se sobrepor ou, até mesmo, contradizer um ao outro.

Segundo De Cicco (2008), até pouco tempo estes esforços de união de sistemas resultaram em sucessos considerados limitados. A entidade britânica de normas, a BSI British Standards, desenvolveu a primeira especificação em nível global de requisitos comuns capazes de compor um Sistema Integrado de Gestão, criando a PAS 99:2006. Pode ser considerado o primeiro passo rumo a uma futura normatização internacional no padrão da ISO. A PAS significa Publicly Available Specification (Especificação Disponível Publicamente).

A PAS 99 fornece um modelo simples para as organizações integrarem em uma única estrutura todas as normas e especificações de sistemas de gestão que adotam. O principal objetivo da PAS 99 é simplificar a implementação de múltiplos sistemas e sua respectiva avaliação de conformidade. Ela enfatiza que as organizações que a utilizarem deverão incluir como entrada do sistema integrado os requisitos específicos das normas que adotam, tais como, por exemplo, os requisitos específicos da ISO 9001, ISO 14001, ISO/IEC 20000 (Sistema de Gerenciamento de Serviços de Tecnologia da Informação) e OHSAS 18001.

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A conformidade com a PAS 99 não garante em si a conformidade com essas outras normas de sistemas de gestão. Os requisitos específicos de cada norma ainda terão de ser cobertos e atendidos, para que a certificação seja obtida. A certificação com a PAS 99:2006, por si só, não é apropriada. Ela foi elaborada, portanto, com o propósito de auxiliar as organizações a se beneficiarem com a consolidação dos requisitos comuns de todas as normas/especificações de sistemas de gestão e com a gestão eficaz desses requisitos.

O modelo utilizado para a estrutura da PAS 99 está intimamente relacionado aos elementos comuns propostos no ISO Guide 72:2001, que é um guia para elaboradores de normas. O Guia 72 inclui uma estrutura que foi desenvolvida como um modelo o qual possibilita aos elaboradores produzir normas que cubram os diversos elementos principais de maneira consistente.

Os especialistas que desenvolveram a PAS 99 consideram que a sua estrutura é a mais apropriada para a nova especificação, uma vez que permite que toda e qualquer norma de sistema de gestão seja contemplada, ensejando o gerenciamento eficaz e eficiente dos requisitos comuns dos sistemas de gestão.

No ISO Guide 72, os requisitos principais estão categorizados nos seguintes temas:

Política; �

Planejamento; �

Implementação e operação; �

Avaliação de desempenho; �

Melhoria; e �

Análise crítica pela direção. �

Cada norma de sistema de gestão possui seus próprios requisitos específicos, mas esses seis temas estão presentes em todas elas e podem ser adotados como base para a integração. A PAS 99 utiliza a mesma categorização. A Figura 2.6 mostra como os requisitos existentes em normas/especificações são comuns e podem ser acomodados em um único sistema de gestão genérico. A redução de duplicações através da união de dois

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ou mais sistemas, dessa maneira, tem o potencial de diminuir significativamente o tamanho total do Sistema Integrado de Gestão e de melhorar a sua eficiência e eficácia.

A figura 2.6 ainda mostra que, se os diversos requisitos de sistemas de gestão puderem ser organizados de forma que os principais requisitos sejam cobertos de maneira comum, é possível integrar os sistemas na intensidade que for mais apropriada para a organização, ao mesmo tempo que as duplicações são minimizadas.

O modelo usado na PAS 99 tem como base o ISO Guide 72 com algumas modificações, já tendo sido testado na prática. Os seis requisitos comuns mencionados acima devem ser observados em conjunto com a abordagem PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Agir), que todos os sistemas de gestão seguem.

Figura 2.6 - Como os requisitos comuns das diversas normas/especificações de sistemas de gestão podem ser integrados em um sistema comum.Fonte: Adaptado de Cicco (2008).

A integração deve ser planejada e implementada de maneira estruturada. Muitas empresas adotaram normas de sistemas de gestão como resultado de pressões externas, tais como clientes que exigem a implementação de uma norma da qualidade, ou requisitos externos para implantar um sistema da segurança e saúde no trabalho. Isso, entretanto, não se aplica à integração,

/

Requisitosespecíficos

NormaAmbiental

Requisitos específicos norma Saúde e Segurança

AS

A S Q O

RequisitosComuns PAS 99

Requisitosespecíficos

NormaSaúde eSegurança

S

Requisitosespecíficos

NormaQualidade

Q

Requisitosespecíficos

OutrasNormas

O

- Política;- Planejamento;- Implementação e operação;- Avaliaçao de desempenho;- Melhoria; e - Análise crítica pela direção

- Política;- Planejamento;- Implementação e operação;- Avaliaçao de desempenho;- Melhoria; e - Análise crítica pela direção

- Política;- Planejamento;- Implementação e operação;- Avaliaçao de desempenho;- Melhoria; e - Análise crítica pela direção

- Política;- Planejamento;- Implementação e operação;- Avaliaçao de desempenho;- Melhoria; e - Análise crítica pela direção

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que deve ser feita tão somente em benefício da organização. Assim sendo, o primeiro passo deve ser a identificação das necessidades do negócio. A empresa deve estar segura que a integração trará benefício, caso contrário não deverá fazê-lo.

Para atender aos requisitos de uma norma específica de sistema de gestão, será necessário fazer uma análise detalhada dos requisitos e compará-los àqueles que já foram incorporados ao sistema integrado. Até elementos que são considerados comuns podem ter diferenças sutis dentro do contexto de cada norma.

A integração dos sistemas pode simplificar as coisas, fornecendo uma estrutura unificada, transparente e consistente para o que, de outra forma, poderia ser um conjunto desnecessariamente complicado de sistemas de gestão. E simplificar as coisas é meio caminho andado.

Síntese

Nesta unidade, você entendeu como uma empresa pode ser organizada, seus principais elementos estruturais e a sua função com a produtividade. Os indicadores podem ser utilizados no planejamento, análise, avaliação, controle e melhoramento da performance de unidades ou departamentos da organização. Eles possibilitam saber a quantidade de mão-de-obra, material ou máquinas necessárias, ou como a produtividade física pode ser melhorada através da redução do desperdício.

A produtividade pode desempenhar um importante papel na preservação dos recursos ambientais na medida em que pode melhorar o uso dos recursos. Por outro lado, pode demonstrar aqueles processos que devem ser substituídos por serem inviáveis em termos da sua eficiência e eficácia.

Existem ferramentas de melhoria da qualidade e da produtividade viáveis, disponíveis para as empresas introduzirem

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nos seus processo gerenciais e produtivos. As empresas que já estão desenvolvendo algum esforço de melhoria da qualidade e produtividade participam de sistemas de premiação para qualidade e produtividade, melhorando a sua imagem no mercado, tornando os seus produtos e serviços diferenciados.

Por fim, existe um grupo de empresas bastante à frente do seu tempo, aderindo a mecanismos voluntários de melhoria dos seus processo produtivos (qualidade, saúde e segurança, meio ambiente), que precisam adotar sistemas integrados de gestão para poderem usufruir ao máximo dos benefícios que estes mecanismos oferecem quando são implantados nas suas empresas.

Atividades de autoavaliação

Efetue as atividades de autoavaliação a seguir. Lembre que este tipo de atividade serve para estimular o desenvolvimento da sua aprendizagem com autonomia.

Responda a todas as questões. Somente após, verifique as respostas e comentários do professor ao final do livro.

1. Comparando as operações de uma empresa, é possível dizer que se assemelham a um sistema. Dois grandes componentes deste sistema são compostos por elementos sociais e técnicos. Explique a relação entre eles, apontando como um influencia o outro.

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2. Os sistemas de premiação da qualidade levam em consideração algumas variáveis que podem ser consideradas subjetivas, como por exemplo, o Clima organizacional. Como você acredita que estas variáveis podem influenciar nos padrões de qualidade da empresa?

Saiba mais

CETREL S.A EMPRESA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. MANUAL DO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO SIG - ISO 9002/14001/OHSAS 18001, Camaçari, BA. 1999

MOURA, Luiz Antonio Abdalla. Qualidade e gestão ambiental. São Paulo: Oliveira Mendes, 2004.

NADLER, D. A., et al. Arquitetura organizacional: a chave para a mudança empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

NADLER, D. A., TUSHMAN, M. L. A. A diagnostic model for organizational behavior. In: HACKMAN, J. R.,

LAWLER, E. E., PORTER, L. W. Perspectives of behavior in organizations. New York: McGrwa-Hill, 1977. p. 85-98.

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Auditoria em Gestão Ambiental

Objetivos de aprendizagem

Conhecer as aplicações da auditoria no contexto da �gestão ambiental, pública e privada.

Entender a relação da auditoria como instrumento de �regulação.

Praticar os instrumentos compatíveis com o �desenvolvimento de auditorias ambientais.

Planejar e conduzir uma auditoria ambiental. �

Seções de estudo

Seção 1 Instrumentos da auditoria ambiental

Seção 2 Planejamento das auditorias ambientais

Seção 3 Condução da auditoria ambiental

Seção 4 Encerramento de auditoria ambiental

Seção 5 Desempenho ambiental, perícias e laudos ambientais

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Para início de estudo

Caro(a) aluno(a):

Você estudou na unidade anterior o modo como uma empresa pode ser organizada, principalmente como pode dispor dos seus elementos estruturais para a melhoria da produtividade.

A produtividade pode desempenhar um importante papel no uso dos recursos renováveis, sendo, em primeira instância, importante nas discussões relativas à gestão ambiental e sustentabilidade.

As auditorias ambientais também podem exercer um importante papel como ferramenta de melhoria da qualidade e da produtividade, consequentemente da melhoria dos sistemas produtivos, seja pela ótica da legislação ambiental, das normas ambientais, ou mesmo da própria comunidade.

Esta unidade irá aprofundar os seus conhecimentos sobre as auditorias ambientais, em relação à sua estrutura, algumas metodologias e às suas principais características. Fique atento(a), estamos alcançando o momento culminante de nossos estudos!

SEÇÃO 1 - Instrumentos da auditoria ambiental

A Gestão Ambiental nasceu “inspirada” no movimento ambiental e se desenvolveu, inicialmente, sob a ótica dos instrumentos comando e controle (ambiental) que buscavam definir os limites aceitáveis para utilização do território e dos recursos ambientais. Estes instrumentos foram e são fundamentais nos processos de mediação dos interesses e conflitos entre os diversos atores sociais em relação ao uso do meio ambiente. Permitem que sejam enquadradas as práticas que modificam o meio ambiente, possibilitando, deste modo, que sejam distribuídos os custos e os benefícios decorrentes e, quando necessário, que sejam punidos os agentes que os infringem ou que extrapolam os limites acordados.

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Como você poderá identificar ao longo desta unidade, as auditorias podem jogar um importante papel como ferramenta de mediação nas ações de gestão ambiental, tanto na área pública, quanto na área privada.

Para entender melhor como isso aconteceu, é importante registrar que, ao longo das últimas quatro décadas, alguns eventos contribuíram para a consolidação das auditorias como instrumentos de gestão ambiental.

Nos anos de 1960, especificamente em 1962, foi travado um grande debate popular em função do lançamento do livro Primavera Silenciosa, autoria de Rachel Carson, que acabou sendo considerado um marco ambiental, culminando com a proibição do uso de vários pesticidas na América do Norte, em especial do DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano). Em 1968, o Clube de Roma divulgou o 1º Relatório Limites de Crescimento, fazendo um alerta sobre as consequências futuras da manutenção e continuidade do modelo econômico vigente. No ano de 1969, nos EUA, foi promulgado o NEPA (National Environmental Policy Act), ou Ato de Política Ambiental Nacional, que definiu a política ambiental dos Estados Unidos. É a principal lei ambiental daquele país, a ponto de ser chamada “A Constituição Ambiental” dos EUA. Entre as décadas de 1960 e 1970, a aplicação das auditorias foi uma decorrência da necessidade de se resolverem os problemas da poluição depois de ter sido gerada. Conforme você já aprendeu no texto da unidade 1, foi nesta época que as auditorias surgiram, de modo voluntário, nos Estados Unidos, em decorrência da pressão da Comissão de Valores Mobiliários. Então, não existia uma forte preocupação com o esgotamento dos recursos naturais. Imperava uma Ótica Corretiva, ou seja, de produzir e lucrar primeiro, para depois corrigir os problemas gerados, em especial nos casos flagrantes de poluição ou desastres ambientais.

Em 1972, na cidade de Estocolmo/Suécia, realizou-se a Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente, quando foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e, além disso, definido o dia 05/06 como o Dia Mundial do Meio Ambiente.

A repercussão da Conferência de Estocolmo, de 1972, cuja temática versava sobre o Homem e a Biosfera, estimulou a

O DDT foi um dos primeiros pesticidas modernos, amplamente usado após a Segunda Guerra Mundial, para o combate dos mosquitos causadores da malária e tifo.

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criação, no Brasil, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), no ano de 1973. Até meados de 1970, apesar de o Brasil ser detentor de vasta diversidade biológica, não havia uma estratégia nacional para propor a criação de Unidades de Conservação, o que demonstrava uma baixa articulação em torno da questão da preservação. O primeiro passo foi dado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) em 1979, com os seguintes documentos: a 1ª Etapa do Plano do Sistema de Unidades de Conservação para o Brasil e o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.

Os anos 1980 se caracterizam pelo surgimento da preocupação com os problemas ambientais sob uma Ótica Preventiva. Consolida-se a Avaliação dos Impactos Ambientais (AIA) como grande ferramenta de ordenamento e planejamento. No Brasil, no ano de 1981, foram criadas duas leis federais tidas como instrumentos de proteção ambiental, leis que trouxeram valiosas contribuições para a criação de Unidades de Conservação: a Lei 6.902, que estabeleceu os critérios para a criação de Unidades de Conservação, e a Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Com a promulgação da Política Nacional do Meio Ambiente, foram especificados 12 instrumentos capazes de garantir a efetiva implementação e aplicação da lei.

O art. 9º da Lei 6.938/81 enumera 12 instrumentos para sua execução. Pesquise no site do Ibama, no texto da Lei, quais são estes 12 instrumentos e faça uma lista contendo as suas principais características.

No plano internacional, em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e o Desenvolvimento, das Nações Unidas, que lançou o conceito de Desenvolvimento Sustentável, consolidado no Relatório “Nosso Bem Comum” ou “Brundtland”.

Na década de 1980, o grande evento ambiental do cenário mundial deu-se com o lançamento do Relatório Nosso Futuro Comum, tanto pelo seu conteúdo, quanto pelo impacto e influência na Evolução da Política Ambiental no Mundo. O relatório tinha como objetivo apresentar um trabalho realizado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, visando a participação, o diálogo e a

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Unidade 3

responsabilização de todos os países com o Desenvolvimento Sustentável. O estudo foi coordenado pela primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, que chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum ou, popularmente, Relatório Brundtland, sendo apresentado à comunidade mundial em 1987. Alguns temas abordados no relatório: O papel da economia internacional; População e recursos humanos; Produção e segurança na alimentação; Uso racional dos recursos naturais; e Escolhas energéticas.

O documento indicou o direcionamento para as mudanças na indústria, a necessidade do planejamento para acomodar a pressão urbana, a necessidade de esforços em direção à gestão de recursos transfronteriços, bem como a paz, a segurança e a dicotomia entre desenvolvimento e meio ambiente, no sentido de haver um alinhamento de todas as nações em direção ao esforço conjunto, uma Ação Comum, focando, em especial, o estímulo a uma Mudança Institucional e Legal que pudesse dar base formal às discussões e mudanças.

Em 1989, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que iria ocorrer no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro/Brasil. Na prática, os anos de 1990 acabaram consolidando uma Ótica Integradora, em relação ao meio ambiente, alinhada com as bases do Desenvolvimento Sustentável.

As ações e acontecimentos tiveram importante papel na mobilização das autoridades governamentais, empresas e sociedade, em torno da gestão ambiental, presente e futura, consolidando o conceito de desenvolvimento sustentável como meta comum. É difícil mensurar quanto se evoluiu “de lá para cá”, mas é inegável que houve avanços em direção ao desenvolvimento sustentável. Não que isso tenha sido suficiente, pois, ao que parece, os problemas relativos às mudanças climáticas, hoje, parecem ter-se aprofundado ainda mais, porém foram ações que permitiram chegar-se ao estágio atual, de maior consciência sobre o tema ambiental, sem contar que consolidaram algumas questões, por exemplo:

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houve um avanço em relação à Legislação Ambiental 1. nacional e internacional;

foi proposta a Agenda 21, que passou a fazer parte da 2. base das políticas públicas em vários países;

foram estabelecidos protocolos de prevenção e/ou 3. preservação dos recursos naturais; e

a normalização (a exemplo da ISO 14001) se consolidou 4. como mecanismo voluntário de atuação responsável.

A Gestão Ambiental se consolidou como instrumento de orientação, moderação e de direção do comportamento dos atores sociais, de modo a influenciar sua atuação sobre os fatores ambientais e a forma como conduzem as atividades que afetam o meio ambiente.

Mais do que isso, consolidaram-se instrumentos públicos/privados claramente focados na gestão ambiental. Para a sua informação, estes instrumentos podem ser classificados em três grupos:

comando e controle � (padrões de emissões, licenciamento ambiental, proibição e restrições sobre a produção, comercialização e uso de determinados produtos);

econômicos � (tributação sobre a poluição, sobre o uso de recursos naturais, incentivos fiscais, criação e sustentação de mercados); e

não-econômicos � (educação ambiental, informações ao público, áreas de proteção ambiental).

A consolidação das auditorias se deu em decorrência dos instrumentos públicos de controle, mas, principalmente, influenciados por um processo de mundialização das empresas que necessitavam garantir, nas diversas bases de operação ao longo do globo terrestre, uniformização de procedimentos. Conforme você aprendeu na unidade 1, as auditorias surgiram com maior ênfase nos EUA. Além dos motivos que você já conhece, vale ressaltar que as empresas utilizavam a

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Unidade 3

auditoria como ferramenta preparatória para as inspeções da Environmental Protection Agency - EPA. No início dos anos 80, a EPA/EUA requeria a implantação de programas de auditoria ambiental a qualquer empresa que causasse danos ao meio ambiente. Em 1981, a agência americana passou a estimular a auditoria ambiental voluntária por parte das empresas e as incentivava a adotá-la, fornecendo em contrapartida a agilização de processos de pedidos de licença e a diminuição no número de visitas de fiscalização. No ano de 1982, a EPA assumiu o papel de incentivadora de auditorias voluntárias, sem conceder benefícios, e de fornecedora de assistência aos programas de auditoria ambiental.

Na Europa, a auditoria ambiental começou a ser utilizada na Holanda, em 1985, em filiais de empresas norte-americanas, por influência de suas matrizes. Em outros países da Europa, a prática da auditoria passou a ser disseminada em países como Reino Unido, Noruega e Suécia, também por influência das matrizes americanas.

Em 1993, começou a ser discutido o Regulamento da Comunidade Econômica Europeia - CEE nº 1.836/93, em vigor a partir de 10 de abril de 1995, que tratava do sistema de gestão e auditoria ambiental da União Europeia (Environmental Management and Auditing Scheme - Emas).

No Brasil, a auditoria ambiental surgiu pela primeira vez, por meio da legislação, no início da década de 90, quando da publicação de diplomas legais sobre o tema.

É necessário salientar que as aplicações da auditoria no âmbito empresarial deram-se, em grande parte, em função das pressões de mercado, decorrentes da globalização da economia. A globalização provocou um fenômeno de disseminação da uniformização de procedimentos em unidades produtivas de diferentes países, respeitando a legislação local e tratados internacionais e fazendo com que as relações econômicas trouxessem também a preocupação com a preservação do meio ambiente nos países menos industrializados. Neste contexto, surgiu a norma ISO 14001, a “ISO verde” como se tornou conhecida, que passou a ser um passaporte para a exportação de determinados produtos para os países industrializados.

Para recordar este tema, recorra à unidade 1, SEÇÃO 3 - Auditoria de conformidade legal.

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As auditorias ambientais passaram a constituir um importante instrumento para uma efetiva política de minimização dos impactos ambientais das empresas e de redução de seus índices de contaminação, assegurando que o sistema operacional funcionasse dentro dos padrões estabelecidos, permitindo, ainda, a utilização de mecanismos para melhorar essa performance, uma vez que isso era interessante, em especial pela ótica dos investidores.

A série ISO 14000 lida com sistemas e métodos gerenciais, e não com normas técnicas relativas ao produto, focalizando o estabelecimento de um sistema para concretizar internamente políticas, objetivos e alvos. Além disso, requer que essas políticas incluam padrões legais e regulamentações que evitem a poluição. Mas os padrões não ditam como a organização alcançará essas metas, nem descrevem o tipo ou nível de desempenho exigido.

Assim como a série ISO 9000 focaliza-se nos processos necessários para alcançar resultados, e não nos próprios resultados, o objetivo é aumentar a confiança de todos os interessados, sinalizando que a organização possui um sistema o qual, provavelmente, levará a um melhor desempenho ambiental.

SEÇÃO 2 - Planejamento das auditorias ambientais

Conforme você aprendeu na seção anterior, as auditorias são utilizadas como instrumentos de gestão ambiental, basicamente em duas direções: como instrumentos públicos de regulação/controle, ou como instrumentos voluntários de mercado.

Esta seção irá focar a auditoria no âmbito da gestão ambiental sob a ótica das interações de mercado, ou seja, das auditorias em empresas privadas, como mecanismo de consolidação de sistemas de gestão ambiental e busca da melhoria contínua do seu desempenho ambiental.

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Unidade 3

Recapitulando, a partir do referencial normativo da ISO 14001 as organizações puderam estabelecer Sistemas de Gestão do Ambiente (SGA), com inúmeras vantagens e possivelmente algumas desvantagens implícitas, já descritas nas unidades anteriores. A ISO 14001 rege-se pelos princípios de melhoria contínua com base em quatro pilares: Planejar, Executar, Verificar e Atuar (modelo PDCA).

Um SGA inicia normalmente pela eleição da política ambiental da empresa. Antes mesmo de estabelecer uma política ambiental da empresa, é necessário que ela tenha condições de identificar o grau de aproximação das suas atividades com normas e procedimentos de prevenção ambiental. Para isso são realizadas as auditorias iniciais.

Como é a Auditoria Inicial de Diagnóstico (ou de pré-certificação)?

A auditoria inicial de diagnóstico tem como objetivo avaliar a situação atual da empresa frente às exigências da norma de referência a ser adotada. O volume da auditoria depende do porte e atividade da organização. Será emitido um relatório minucioso, descrevendo os pontos que demandarão ações e recursos de pessoal e financeiro para a adequação das não-conformidades existentes. Constará também deste relatório, uma proposta de cronograma para a implementação do sistema de gestão, ou da melhoria pretendida, de acordo com o interesse e necessidade da organização.

Esta auditoria de diagnóstico utiliza como referência as normas que serão adotadas pela organização, os requisitos especificados das partes interessadas, leis e outros requisitos legais aplicáveis, além da experiência e conhecimento da equipe auditora para o ramo da atividade da organização.

Antes de ir adiante, você saberia dizer o que é uma não-conformidade? Enriqueça seu estudo e realize pesquisa de um exemplo na internet.

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O que vem depois? Feito o diagnóstico inicial, capturada a situação da empresa em termos de estar, ou não, alinhada com as normas e boas práticas ambientais, é necessário definir a Política Ambiental. Trata-se de definir uma posição adotada pela organização em relação ao meio ambiente. A política deve incluir o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de poluição. A elaboração e definição da política é o primeiro passo a ser dado na implementação de um SGA. Traduz-se em um comprometimento da organização com as questões do ambiente, numa tentativa de melhoria contínua dos aspectos ambientais.

O sucesso de um bom SGA requer um bom planejamento como etapa subsequente à definição de uma política ambiental. Deve-se começar por identificar aspectos ambientais e avaliar o impacto de cada um no meio ambiente. Por aspectos ambientais entende-se, por exemplo, o ruído, os resíduos industriais e as águas residuais.

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais que ela controla e sobre os quais exerce alguma influência, devendo igualmente garantir que os impactos por eles provocados serão considerados no estabelecimento da sua política ambiental.

Através dos requisitos legais, relativos a cada um dos aspectos ambientais, são estabelecidos os objetivos e metas os quais irão compor um Programa Ambiental, que irá clarificar a estratégia que será desenvolvida na implementação do SGA. Neste Programa de Gestão Ambiental, os objetivos ambientais estabelecidos devem ser considerados relevantes para a organização. Deve ser designado um responsável por atingir os objetivos em cada nível da organização, sem esquecer os meios e o horizonte de tempo para serem atingidos.

Para efetiva implementação do SGA, as regras, responsabilidades e autoridades devem estar definidas, documentadas e comunicadas para todos, como forma de garantir a sua aplicação.

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A gestão deve providenciar os meios humanos, tecnológicos e financeiros para a implementação e controle do sistema.

O responsável pela gestão ambiental deverá garantir que o Sistema de Gestão Ambiental seja estabelecido, documentado, implementado e mantido de acordo com o descrito na norma, transmitindo para a direção a eficiência e eficácia do mesmo.

Reflita: você é eficiente ou eficaz? Sempre que somos eficazes somos eficientes, porém o inverso não é verdadeiro. Enquanto a eficiência está ligada ao resultado, ao produto, ao objetivo final, a eficácia vai além. Está vinculada ao método, a como foi feito, e não apenas se foi feito. Peter Drucker (1966), famoso e considerado o “Pai” da administração moderna, é enfático em afirmar: “eficiência é fazer certo as coisas, eficácia são as coisas certas.” E complementa: “o resultado depende de ‘fazer certo as coisas certas’”.

Para que isso ocorra, a organização deverá providenciar formação aos seus colaboradores, promover a conscientização da importância da Política do Ambiente e do SGA em geral, da relevância do impacto ambiental das suas atividades, da responsabilidade em implementar o SGA e das consequências em termos ambientais de trabalhar em conformidade com procedimentos específicos.

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para a comunicação interna entre os vários níveis hierárquicos e para receber e responder às partes externas.

Compete ainda à organização estabelecer e manter informação que descreva os elementos base do SGA e da sua interação, controlando todos os documentos exigidos pela norma.

As operações de rotina que estejam associadas a impactos ambientais consideráveis deverão ser alvo de um controle eficaz. Por último, devem ser estabelecidos e mantidos procedimentos que visem responder a situações de emergência, minimizando o impacto ambiental associado.

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A organização deve definir, implantar e manter procedimentos de controle e medida das características-chave dos seus processos que possam ter impacto sobre o ambiente. Pela ótica da ISO 14001, são os chamados procedimentos de verificação e ações corretivas.

Do mesmo modo, a responsabilidade pela análise de não-conformidades e pela implementação de ações corretivas e preventivas deve estar devidamente documentada, como também todas as alterações resultantes deste processo. Todos os registros ambientais, incluindo os relativos aos programas de formação e auditorias, devem estar identificáveis e acessíveis. Procedimentos e planos que visem apoiar as auditorias periódicas ao SGA, de modo a determinar a sua conformidade com as exigências normativas, devem ser estabelecidos, mantidos e estar disponíveis.

Cabe à direção proceder à revisão final do SGA, com uma frequência definida por ela própria, rever o SGA e avaliar a adequação e eficácia do mesmo, num processo que deverá ser devidamente documentado.

A revisão pela direção deve ter em conta a possível necessidade de alterar a Política do Ambiente, objetivos e procedimentos, como resposta a alterações organizativas, melhorias contínuas e modificações externas.

Após todo este processo, a organização deverá estar em condições de proceder à respectiva certificação do seu SGA por uma autoridade independente e externa. Eis que surge a auditoria de terceira parte, como etapa integrante da obtenção/concessão do certificado.

É necessário educar os integrantes. Conheça como isso pode ser feito.

Devem ser apoiadas por programas de treinamento específicos, elaborados de acordo com as necessidades da organização, a implementação, atualização e/ou integração de sistemas de

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gestão bem-sucedida. Os programas de treinamento devem ser adequados para cada realidade, sempre que possível, ministrados na própria organização através da realização de atividades teóricas e práticas.

As atividades de Acompanhamento da Implementação do Sistema de Gestão envolvem ações que geralmente são desempenhadas pelos técnicos da própria organização, eventualmente acompanhados por consultores. Caso seja necessário, o consultor estará presente na empresa assim que solicitado, acompanhará de perto cada projeto e emitirá relatórios parciais de acompanhamento, para que a administração da empresa possa acompanhar o andamento e a eficácia do projeto desenvolvido, considerando o cronograma de implementação e as necessidades da organização.

Auditorias de acompanhamento do estágio de implementação do sistema de gestão podem ser realizadas a qualquer momento, durante o processo de implementação. No mínimo, é necessária uma auditoria, que deve ser realizada entre a auditoria inicial de diagnóstico e a auditoria final de preparação para a certificação. Esta auditoria de acompanhamento tem como objetivo realizar uma avaliação intermediária do processo de implementação do sistema, considerando as atividades que foram planejadas e aquelas que foram efetivamente realizadas, e determinar as necessidades e pontos de melhoria para a sequência da implementação do sistema. Ao final da auditoria de acompanhamento, será emitido um relatório contendo os resultados das verificações observadas durante esta auditoria, identificação das áreas com potencial de melhoria e as ações necessárias para a continuidade do processo de implementação do sistema.

Atividades finais de implementação do Sistema de Gestão

Após a auditoria de acompanhamento, é necessário que as atividades para a continuidade do programa de implementação sejam adequadamente planejadas e executadas, considerando os interesses da organização e o cronograma estabelecido. O acompanhamento é realizado de forma integral, através da presença do consultor na organização, quando solicitado, e/

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ou a qualquer momento, através da consulta “real time” e “on-line”. Nesta etapa, estarão sendo concluídas as atividades de treinamento e conscientização dos empregados e colaboradores abrangidos pelo escopo do sistema de gestão.

Esta auditoria final objetiva verificar a adequação e conformidade do sistema implementado frente às exigências da norma de referência, às exigências de um organismo de certificação, e, principalmente, frente às exigências definidas pela alta administração.

A Auditoria Final deve ser acompanhada pelos próprios auditores da organização, que estarão complementando sua qualificação com atividades práticas de auditoria, sendo coordenados por um auditor líder. Todos os requisitos da norma de referência, além de outros requisitos aplicáveis, serão verificados e avaliados quanto à conformidade, ou não. As atividades de consultoria não terminam por aí, a organização estará sendo assistida através de atividades de follow-up (atualização), visando a correção e adequação de qualquer necessidade, e estará acompanhando a realização da auditoria de certificação, caso de interesse da organização.

Uma visão integrada de um programa de auditoria

Como você pôde observar, a implantação de um sistema de gestão prevê um extenso programa de auditorias, podendo incluir uma ou mais auditorias, dependendo do tamanho, natureza e complexidade da organização a ser auditada. Estas auditorias podem ter uma variedade de objetivos e também podem incluir auditorias combinadas ou auditorias em conjunto.

Um programa de auditoria também inclui todas as atividades necessárias para planejar e organizar os tipos e números de auditorias e para fornecer os recursos para conduzi-las, eficaz e eficientemente, dentro do período de tempo especificado. Uma organização pode estabelecer mais de um programa de auditoria. Convém que a Alta Direção da organização conceda autoridade aos líderes do processo, para gerenciar o programa de auditoria.

Convém que aqueles designados com a responsabilidade para gerenciar o programa de auditoria estabeleçam, implementem,

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monitorem, analisem criticamente e melhorem o programa de auditoria, e, ainda, que identifiquem os recursos necessários e assegurem que eles sejam providos. A figura 3.1 ilustra o fluxo do processo de gestão de um programa de auditoria. Se uma organização a ser auditada opera sistemas de gestão da qualidade e de gestão ambiental, auditorias combinadas podem ser incluídas no programa de auditoria. Nesse caso, convém que seja prestada atenção especial à competência da equipe de auditoria.

Figura 3.1 - Fluxo do processo de gestão de um programa de auditoriaFonte: NBR ISO 19011.

Duas ou mais organizações auditoras podem cooperar entre si, como parte de seus programas de auditoria, para realizar uma auditoria conjunta. Isso você já aprendeu nos tipos de auditoria da unidade 1. Em tais casos, convém que se preste atenção especial à divisão de responsabilidades, à provisão de qualquer recurso adicional, à competência da equipe de auditoria e aos procedimentos apropriados.

Primeira Etapa: Atividades prévias

Segunda Etapa: Conduzindo a auditoria

Terceira Etapa: Atividades após auditoria

Reuniãoinicial

Revisão dasInformaçõesdisponíveis

Adaptar protocolosde auditoriasegundorequerimentosespecíficos

Entrevistas e Inspeções.Identificação de condições ambientaise sistemas de gerenciamento

Revisão dasinformações específicas do local

Avaliação eSumarizaçãodas informaçõescoletadas

Análise detalhadada informaçãocoletada

Elaboraçãodo relatóriofinal

Apresentaçãodos resultados

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SEÇÃO 3 - Condução da auditoria ambiental

O texto a seguir simula a condução de uma auditoria prévia aplicada em uma empresa como atividade de pré-implantação de um SGA (nos termos da NRB ISO 14001/2004), utilizando o próprio texto da NBR ISO 19011 (2002) que trata das diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Conforme você já sabe, a NBR ISO 19011 defi ne os princípios norteadores dos programas de auditoria em Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Os itens listados a seguir podem se confi gurar como uma espécie de check-list, ou roteiro, fazendo parte da proposta de trabalho de uma Auditoria Prévia (ou Auditoria Preliminar). Os números dos itens respeitam a numeração identifi cada para cada requisito presente na NBR ISO 14001/2004.

No roteiro que segue para cada item que representa um requisito da norma 14001, são registrados comentários e formuladas questões que deverão ser objeto de investigação por ocasião do levantamento de informações, de modo que seja possível, ao fi nal deste processo, construir um quadro-diagnóstico da empresa em termos da proximidade ou distância da implantação de um SGA. A numeração a seguir obedece aos requisitos propostos para a nova estrutura da ISO 14001:2004.

4.1 REQUISITOS GERAIS

Em uma auditoria prévia, ou preliminar, os requisitos gerais referem-se ao estabelecimento do alcance e à dimensão do processo de auditoria, no sentido de delimitá-la em torno do escopo do SGA, especialmente em relação à especifi cação das condições particulares de desenvolvimento dos trabalhos, como por exemplo, a existência de múltiplos sites, sites compartilhados (condomínios, consórcios, [...]).

A nova versão da norma ISO 14001 incluiu requisito para a melhoria contínua do SGA, além de evidenciar os aspectos

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voltados ao modo como a organização irá atender aos requisitos da ISO 14001.

4.2 POLÍTICA AMBIENTAL

Conforme a estrutura da ISO 14001:2004, um auditor deve observar a existência de atividades, ações ou no mínimo esforços em relação:

(a) se as políticas ambientais são transparentes; se existem metas; se o desempenho é avaliado; se os impactos ambientais são identifi cados e monitorados; se os investimentos e recursos disponíveis para gerenciar as questões ambientais estão formalizados;

(b) se, na prática, os objetivos da Política Ambiental da empresa orientam para a total conformidade em relação à legislação de proteção ambiental, incentivando a adoção de práticas que levem ao cumprimento da legislação e à melhora da qualidade e dos seus padrões ambientais.

Ainda em relação à política ambiental a Auditoria Prévia deve constatar a existência de traços de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nos seguintes elementos: missão, visão, valores essenciais e crenças da organização; princípios orientadores; e conformidade com os regulamentos, as leis e outros critérios ambientais pertinentes subscritos pela organização. Entenda traços como a existência de frases explícitas nos documentos, relatórios ou planos, que mencionem e relacionem a preocupação com o ambiente.

4.3 PLANEJAMENTO

4.3.1 Aspectos ambientais

Os dados devem ser levantados em relação ao funcionamento rotineiro da unidade auditada, ou em relação às unidades envolvidas, quando for o caso, assim como sobre os eventos singulares (acidentes, por exemplo). Os aspectos ambientais (AA) signifi cativos devem ser considerados não apenas nos objetivos e metas ambientais,

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mas no SGA como um todo. O quadro 3.1 oferece alguns exemplos ilustrativos.

Para identifi car os AAs em um pré-SGA, nos termos da ISO 14001, é necessário descrever os processos, relacionando-os aos aspectos ambientais que produzem, conforme segue:

(a) Identifi car as operações/etapas – é a numeração seqüencial (1,2,3,...,n) das operações relacionadas no fl uxograma do processo produtivo. Cada etapa do fl uxograma pode gerar vários aspectos, devendo, então, ser repetido o número da etapa;

(b) Descrever o aspecto - listar todos os aspectos de entrada e saída, descritos no fl uxograma do processo produtivo; e

(c) Examinar os Impactos Ambientais - as manifestações dos impactos ambientais devem ser identifi cadas em relação à existência ou não existência de formas de controle.

Atividade, Produto ou Serviço Aspecto Impacto

Atividade: manuseio de materiais perigosos

Potencial de derrame acidental

Contaminação do solo ou da água

Produto: refi no do produto

Reformulação do produto para reduzir seu volume

Conservação de recursos naturais

Serviço: manutenção de veículos Emissões de escapamento Redução de emissões

para a atmosfera

Quadro 3.1 - Identifi cação dos aspectos ambientais e avaliação dos impactos ambientes associados.Fonte: Do autor.

4.3.2 Requisitos legais e outros

A organização para estar em conformidade com os requisitos legais deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para identifi car os requisitos legais aplicáveis as suas operações. Em linhas gerais a Auditoria Prévia deve se ater ao grau de adequação com a licença e os regulamentos. Alguns tipos:

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licenças e permissões de funcionamento e �operação;

registros de dados para o período em questão; �as visitas de inspeção; tipos de inspeção; ações corretivas; adequação; registros de procedimentos; comunicados ao órgão regulamentador;

correspondências internas relativas às questões �de adequação ou ações regulamentadoras, especialmente as questões não resolvidas; e

pendências, a partir de requisições, notifi cações, �ordens de adequação e exigências administrativas.

4.3.3 Objetivos, metas e programa(s)

Neste item é necessário verifi car se existem canais formais de comunicação entre a coordenação e gerência superior e se são previstos mecanismos para lidar com confl itos entre os objetivos ambientais e demais objetivos da empresa.

Os programas, segundo a ISO 14001:2004, devem conter: atribuições, metas no organograma, meios e prazos. Nestes termos é necessário verifi car se existe estimativa anual de recursos para proteção ambiental, se é necessário fundo contingencial para atingir as metas previstas e se há mecanismos adequados que garantam a sua implantação e funcionamento.

4.4 IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO

4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades

A administração deve assegurar a disponibilidade de recursos para estabelecer, manter e melhorar um SGA, incluindo recursos humanos e habilidades especializadas, infra-estrutura organizacional, tecnologia e recursos fi nanceiros.

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Verifi que a existência de metas de desempenho ambiental compatível com a política ambiental da empresa; se os critérios de acompanhamento e avaliação estão sendo perseguidos; se há defi nição de responsabilidades; e se são divulgadas as metas, os prazos e resultados.

Adicionalmente, verifi que se as metas ambientais incorporam requisitos legais; se há previsão de recursos para implementar e monitorar; se há previsão de revisão face às pressões de mercado, do público e da política global que interferem nos negócios e produtos.

4.4.2 Competência, treinamento e conscientização

A NBR ISO 14001:2004 especifi ca que a organização deve assegurar que as pessoas que realizam as tarefas com impactos potenciais signifi cativos devem ser competentes, tendo como base uma formação apropriada, treinamento ou experiência.

Em relação aos treinamentos, deve ser identifi cado se a empresa atende as necessidades de prover treinamento associados com seus aspectos ambientais e com o SGA, se existem registro, planilhas, relatórios que evidenciam as ações e especifi cações contidas nos eventos de qualifi cação e treinamento.

4.4.3 Comunicação

A NBR ISO 14001:2004 especifi ca, neste item, a gestão de fl uxo de informação interna e externa. A Auditoria Prévia deve verifi car se há uma estrutura (setor, departamento, ...) de relações públicas responsável por comunicar o desempenho ambiental da empresa ao público em geral. Ainda, é necessário verifi car se as áreas responsáveis pela proteção ambiental garantem os meios necessários a sua divulgação; se são preparados materiais educativos e publicitários; se o material produzido é atualizado e se contém questões ambientais relevantes, inclusive questões estratégicas de promoção da empresa; e se existe clara identifi cação do público-alvo.

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É necessário verifi car ainda se existem procedimentos que garantam o atendimento dos objetivos da empresa com relação aos clientes; se há defi nição de responsabilidades pela implementação das ações prioritárias; se há clareza na divulgação das informações ambientais e das atividades desenvolvidas; e se há orientações de como lidar com as reclamações/reivindicações.

4.4.4 Documentação

Este item busca a descrição dos principais elementos do sistema e sua interação com documentos associados, para assegurar o planejamento, operação e controle efi cazes dos processos que estejam associados com seus aspectos ambientais signifi cativos.

Verifi que a listagem de treinamentos considerando a documentação existente; sua efi ciência; se há registro de reuniões, freqüência e funcionamento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. É conveniente que exista documentação, ordens de serviço, memorandos, anotações diárias e registros de inspeção; arquivamento dos programas implementados na operação e manutenção dos sistemas de controle; registros e documentos de inspeção para anotação dos impactos ambientais; e periodicidade de acompanhamento e controle dos desvios.

4.4.5 Controle de documentos

Os documentos determinados pelo item anterior devem ter procedimentos de controle.

Neste sentido deve ser identifi cado se foram estabelecidos, pela organização, os instrumentos de aprovação de documentos quanto à sua adequação antes de seu uso, analisar e atualizar, conforme necessário, e reprovar documentos, assegurando que as versões relevantes de documentos aplicáveis estejam disponíveis em seu ponto de uso, assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identifi cáveis.

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Os registros externos são um tipo especial de documento que exige controle (ex.: Ficha de Segurança - MSDS, permissões, termos), de modo que possam ser identifi cados e sua distribuição controlada.

4.4.6 Controle operacional

Toda operação relacionada com os aspectos ambientais signifi cativos deve estar no escopo do controle operacional. A organização é obrigada a identifi car e planejar as operações que estão relacionadas com aspectos ambientais signifi cativos, através de procedimentos documentados e estabelecimento de critérios operacionais. É necessário que o auditor identifi que se a organização possui procedimentos para identifi car potenciais situações de emergência e potenciais acidentes que possam ter impactos sobre o meio ambiente, e como a organização responderá a estes.

Na Auditoria Prévia é necessário verifi car os documentos pertinentes e/ou entrevistar as pessoas da empresa para obter um entendimento do grau de efi cácia do sistema de gestão de riscos em especial em consideração da adequação do programa, dos procedimentos; responsabilidades e apoio dos sistemas gerenciais. Pode ser avaliada de modo alternativo a existência de um plano de gestão; ou seja, identifi cação dos programas anuais, que devem ter previsão orçamentária; se as regras e responsabilidades para com a adequação estão sendo assimiladas; os programas anteriores; e se as avaliações de desempenho têm ocorrido.

É importante verifi car se os processos de produção são desenhados e operados para minimizar os impactos ambientais; se a empresa utiliza melhor tecnologia disponível para prevenir danos ao meio ambiente; se acompanha o desenvolvimento tecnológico; e se avalia as possibilidades de modernização com o uso de tecnologias limpas.

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4.5 VERIFICAÇÃO

Segundo a ISO 14001, a empresa deve possuir procedimentos para monitorar e medir periodicamente as características daquelas atividades que possam ter um impacto signifi cativo sobre o meio ambiente.

O item busca focar a existência de responsabilidades e autoridade para tratar e investigar não-conformidades, se são identifi cados e mantidos registros ambientais, inclusive registros de treinamento e resultados de auditorias e análises críticas.

4.5.1 Monitoramento e medição

Monitorar é entendido como medir ou avaliar, ao longo do tempo (regido pelo item 4.5.1 da ISO 14001:2004). Controlar é entendido como tomar ações para manter as operações e atividades de acordo com um padrão estabelecido e ajustar quando necessário, a partir da comparação com o padrão.

A organização deve monitorar e medir regularmente as características principais de suas operações registradas como potenciais na geração de impactos ambientais signifi cativos. Para tanto deverá determinar os procedimentos e registros documentados.

Identifi car se existe na organização um sistema ou procedimentos de avaliação, periódica, focada no atendimento aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos à organização. Adicionalmente é necessário identifi car se os procedimentos e registros são documentados.

4.5.2 Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros

Não-conformidade é um não-atendimento a um requisito especifi cado. Ação corretiva é aquela adotada após o acontecimento de uma não-conformidade. Ação preventiva é aquela realizada para que uma não-conformidade não ocorra. Devem ser estabelecidos e mantidos registros

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para demonstrar conformidade com os requisitos do SGA, através de procedimentos que identifi quem, armazenem, protejam, recuperem, retenham e descartem registros.

4.5.3 Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva

A revisão desta cláusula compatibiliza os requisitos para identifi car e corrigir não-conformidades de forma similar com o requisito da ISO 9001:2000. Defi nições claras são fornecidas para ações necessárias a prevenir, investigar, identifi car, avaliar, revisar e registrar não-conformidades, ações corretivas e ações preventivas. É recomendado que as evidências sejam coletadas através de entrevistas, exame de documentos e observação das atividades e das situações. É recomendado que indícios de não-conformidade, em relação aos critérios de auditoria do SGA, sejam registrados.

É recomendado que a equipe de auditoria analise criticamente todas as suas evidências de auditoria, para determinar onde o SGA não atende aos critérios de auditoria do SGA. Em seguida, é recomendado que a equipe de auditoria assegure-se de que as constatações de não-conformidade estejam documentadas de forma clara e concisa e comprovadas por evidências de auditoria.

Normalmente, é recomendado que seja responsabilidade do cliente ou do auditado determinar as ações corretivas necessárias para atender às constatações da auditoria. No entanto o auditor pode apresentar recomendações, desde que haja acordo prévio com o cliente.

4.5.4 Controle de Registros

Na nova versão da ISO 14001 o controle de registros foi simplifi cado, reordenado e reformatado para melhor compatibilidade com a ISO 9001:2000. A revisão descreve que registros precisam demonstrar a conformidade com os requisitos do SGA, bem como com os “resultados obtidos”. Resultados são entendidos como sendo resultados

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de auditorias, ações corretivas, controle operacional, programas para atingir os objetivos e monitoramento.

4.5.5 Auditoria interna

Segundo a estrutura da ISO 14001:2004 a organização deve conduzir em intervalos planejados auditorias internas do SGA, averiguando a sua conformidade e implantação e manutenção, bem como fornecendo informações à administração sobre os resultados. Para facilitar o monitoramento, todos os programas de gestão ambiental deverão possuir indicadores que permitam avaliar o desempenho ambiental. Identifi car se existe na organização estrutura de avaliação que sirva para as fi nalidades de auditoria interna, e, adicionalmente, se é assegurado que o auditor esteja livre de parcialidade ou de outras infl uências que possam afetar sua objetividade.

4.6 ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO

Este item especifi ca que a alta administração da organização deve analisar o SGA, em intervalos planejados, para assegurar sua continuada adequação, pertinência e efi cácia, devendo os registros ser mantidos. Nesta análise, a avaliação das oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações no sistema devem ser incluídas. Neste item é importante identifi car se já existem procedimentos analíticos, formalizados, ou não formalizados.

Verifi que se as questões ambientais e suas implicações são levadas em consideração nas discussões de investimento; se o desempenho ambiental do setor é preponderante no estabelecimento de prioridades; se a empresa patrocina pesquisas em processos ou produtos ambientalmente saudáveis; ou se investe em eventos ou programas ambientais.

Identifi que se a empresa tem controle total dos investimentos para gestão ambiental; se conhece o custo ambiental em cada uma de suas unidades de produção; se monitora custos de consumo de água e despejos de

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efl uentes, de reaproveitamento e disposição de resíduos; e se procura identifi car oportunidades de redução de custos em programas ambientais específi cos.

Busque saber se a empresa prevê consulta à comunidade quando de novos investimentos; se considera as reivindicações existentes; e se existem procedimentos disponíveis para registrar e responder à comunidade.

Resumindo, esta seção apresentou a estrutura de uma Auditoria Prévia de Desempenho Ambiental (aqui tratada como Auditoria Preliminar ou Diagnóstico Prévio) para desenho e posterior implantação de um Sistema de Gestão Ambiental [SGA].

Traduz-se em uma estrutura capaz de situar as atividades e as operações da empresa em relação às boas práticas ambientais tanto quanto às normas ambientais, no sentido de entender como as suas operações são convergentes com os regulamentos e modelos de certifi cação e, por que não dizer, para o desenvolvimento sustentável.

Em um diagnóstico desta natureza, são identifi cadas as ações da empresa em direção ao atendimento das leis e regulamentos, são registrados os efeitos ambientais signifi cativos, são buscados vestígios e elementos que apontem para a existência de políticas ou parte de políticas, mesmo que embrionárias, relacionadas à gestão ambiental e, ainda, são requeridos registros das questões mais graves, como por exemplo, acidentes e infrações ambientais.

No fi nal das contas, este é um processo que auxilia o entendimento, por parte da empresa e dos técnicos que a assessoram, a melhor entender como as suas operações geram impactos e como estes impactos podem prejudicá-la tanto quanto prejudicar a comunidade onde está inserida, orientando nos esforços de reabilitação e/ou implantação de certifi cados ou normas.

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SEÇÃO 4 - Encerramento de auditoria ambiental

As auditorias atualmente executadas utilizam uma grande variedade de protocolos, há pouca consistência nos relatórios, os objetivos são redundantes e são pequenas as garantias de que ações corretivas apropriadas estão sendo implantadas.

Embora os requisitos relativos a auditorias se refiram primeiramente à avaliação do sistema, como no caso das auditorias de qualidade, as auditorias ambientais se destinam não apenas a avaliar a conformidade, mas, principalmente, deveriam focalizar a melhoria da eficácia do sistema e do seu desempenho.

É neste sentido que está centrada a concepção lógica da abordagem de trabalho da auditoria ambiental, que envolve três conjuntos distintos de atividades: atividades pré-auditoriais, atividades de campo e atividades pós-auditoriais.

Via de regra as auditorias iniciam com a designação de líder da equipe da auditoria, que irá articular a equipe na definição dos objetivos, escopo e critério da auditoria, seleção da equipe da auditoria, determinação da viabilidade da auditoria e, principalmente, estabelecer os contatos iniciais. Convém que aqueles designados com a responsabilidade para gerenciar o programa de auditoria escolham o líder da equipe de auditoria, para que o processo alcance maior legitimidade.

Nos locais de auditoria, são preparadas as atividades de execução, com por exemplo: preparando-se o plano da auditoria, é designado o trabalho para a equipe de auditoria e são preparados os documentos de trabalho. O passo seguinte trata da realização da análise crítica de documentos pertinentes ao sistema de gestão, incluindo registros, e determinando sua adequação com respeito ao critério da auditoria.

No desenvolvimento das auditorias, a metodologia para o desenvolvimento dos trabalhos deve considerar os objetivos principais em acordo com as necessidades de cada cliente.

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Conforme você aprendeu na unidade 1, os objetivos podem ser diferentes para um mesmo tipo de auditoria, por exemplo, o SGA pode estar focado na minimização de passivos ambientais, deste modo a identificação de passivos ambientais decorrentes de atividades, atuais ou passadas, pode ser o elemento central da auditoria, na tentativa de ajustar a responsabilidade da empresa pelos níveis danos efetivos em relação a um processo poluidor ou degradação ambiental.

No geral, os processos voltados para as auditorias são conduzidos por equipes multidisciplinares que passam a desenvolver uma série de entrevistas e inspeção com intuito de capturar o máximo de informações capazes de compor a grade geral das atividades da empresa, em seus aspectos formais e informais.

Baseando-se em protocolos e em roteiros gerais, a auditoria será conduzida na fábrica por meio de entrevistas e inspeções, procurando identificar e caracterizar as questões principais estabelecidas nas fases anteriores do trabalho, a exemplo dos requerimentos específicos.

Na etapa final, via de regra chamada de após auditoria, reserva-se o momento em que os resultados emergem na forma de relatórios. O relatório deverá abranger, no mínimo, os seguintes pontos:

descrever a metodologia utilizada; �

qualificar a equipe de auditores; �

descrever detalhadamente as características da unidade �

auditada;

especificar a política ambiental da empresa; �

apresentar os resultados gerais do processo; �

atender ao que dispõe a legislação federal, estadual e �

municipal de proteção ao meio ambiente.

apresentar os impactos positivos e negativos que a �

atividade está causando em seu interior e em sua área de influência (tipo, localização, causas, consequências e padrões violados); e

avaliar os Passivos Ambientais. �

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Auditoria Ambiental

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Os resultados poderão fazer parte de um Plano de Ação com ações corretivas e preventivas a serem implantadas, vinculadas aos impactos de irregularidades identificadas na Auditoria Ambiental.

Após a análise ambiental da empresa auditada e ajustes finais, o relatório preliminar e os resultados da auditoria serão apresentados à gerência e staff da indústria, que poderá comprometer-se com uma agenda e cronograma de execução das eventuais medidas de ajuste, controle e/ou recuperação.

A Reunião de Encerramento

Convém que seja realizada uma reunião de encerramento, presidida pelo líder da equipe da auditoria, para apresentar as constatações e conclusões da auditoria de tal maneira que elas sejam compreendidas e reconhecidas pelo auditado, tornando possível negociar, quando conveniente, o prazo para o auditado apresentar um plano de ação corretiva e preventiva.

Nestes termos, o auditado deve ser incluído entre os participantes da reunião de encerramento, que pode incluir também o cliente da auditoria e outras partes. Se necessário, caberá ao líder de equipe da auditoria alertar o auditado sobre situações encontradas durante a auditoria, que podem diminuir a confiança nas conclusões da auditoria.

Em muitas situações, por exemplo, em auditorias internas em uma empresa de pequeno porte, a reunião de encerramento pode consistir apenas em comunicar ao grupo ampliado, as constatações e conclusões da auditoria.

Para outras situações de auditoria, convém que a reunião seja formal e que sejam mantidas notas, incluindo registros de frequência. Quaisquer opiniões divergentes, relativas às conclusões e/ou constatações da auditoria, entre a equipe da auditoria e o auditado, devem ser discutidas e, se possível, resolvidas. Se não forem resolvidas, recomenda-se que sejam registradas para ações futuras. Quando as recomendações para melhorias são especificadas nos objetivos da auditoria, é necessário que sejam apresentadas e discutidas. As recomendações não são obrigatórias!

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É recomendável que o líder de equipe da auditoria seja responsável pela preparação e conteúdo do relatório da auditoria. Em relação ao relatório da auditoria, convém que ele forneça um registro completo, preciso, conciso e claro da auditoria, e convém que inclua ou se refira ao seguinte:

a) os objetivos da auditoria;

b) o escopo da auditora, particularmente a identificação das unidades organizacionais e funcionais ou os processos auditados e o período de tempo coberto;

c) identificação do cliente da auditoria;

d) identificação do líder da equipe da auditoria e seus membros;

e) as datas e lugares onde as atividades da auditoria no local foram realizadas;

f) o critério da auditoria;

g) as constatações da auditoria;

h) as conclusões da auditoria.

Aprovando e distribuindo o relatório da auditoria

A precisão e o tempo acordado para a emissão do relatório devem obedecer ao período de tempo acordado, principalmente ser for auditoria relacionada com questões legais, como é o caso das auditorias de conformidade legal. Se isto não for possível, convém que as razões para a demora sejam comunicadas ao cliente da auditoria e convém que uma nova data seja acordada.

O relatório da auditoria deve ser datado, analisado criticamente e aprovado de acordo com os procedimentos do programa de auditoria para que seja então distribuído aos destinatários designados pelo cliente da auditoria. O relatório da auditoria é de propriedade do cliente da auditoria, nestes termos todos os receptores do relatório devem respeitar e manter a confidencialidade do relatório.

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Auditoria Ambiental

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Concluindo a auditoria

A auditoria está concluída quando todas as atividades descritas no plano da auditoria foram realizadas e o relatório da auditoria, aprovado, foi distribuído. É prudente que os documentos pertencentes à auditoria sejam retidos ou destruídos conforme acordo entre as partes participantes e em conformidade com os procedimentos do programa de auditoria e requisitos estatutários, regulamentares e contratuais aplicáveis.

Salvo quando seja requerido por lei, convém que a equipe da auditoria e o responsável por gerenciar o programa de auditoria não revelem para qualquer outra parte o conteúdo de documentos, quaisquer outras informações obtidas durante a auditoria, ou o relatório da auditoria, sem a aprovação explícita do cliente da auditoria e, onde apropriado, a aprovação do auditado. Se a revelação do conteúdo de um documento de auditoria for solicitada, convém que o cliente da auditoria e o auditado sejam informados o mais cedo possível.

As conclusões da auditora podem indicar a necessidade de ações corretivas, preventivas ou de melhoria. Normalmente tais ações são decididas e empreendidas pelo auditado dentro de um prazo acordado, e não são consideradas como parte da auditoria. É recomendável que o auditado mantenha o cliente da auditoria informado sobre a situação destas ações, em especial por ocasião da sua finalização em relação à eficácia da ação corretiva. Esta verificação pode ser parte de uma auditoria subsequente.

O programa de auditoria pode especificar, em casos particulares, o acompanhamento por membros da equipe da auditoria, o que agrega valor, por usar a experiência adquirida. Em tais casos, convém que sejam tomados cuidados para manter a independência em atividades de auditoria subsequentes.

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SEÇÃO 5 - Desempenho ambiental, perícias e laudos ambientais

O desempenho ambiental pode ser identificado em vários níveis de análise, desde a avaliação abrangendo os países até a avaliação das unidades de produção de uma empresa.

Veja o caso do Brasil. O país ocupava a 34ª posição em 2007, no mesmo grupo de países como os Estados Unidos, a Rússia e a Venezuela, num índice-piloto criado para medir o desempenho ambiental das nações do planeta, avaliando medidas sanitárias, política agrícola, emissão de gases de efeito estufa e poluição do ar, entre outras medidas. Segundo o levantamento produzido nos Estados Unidos, por pesquisadores da Universidade Columbia e da Universidade Yale, a Nova Zelândia é o país cujo desempenho ambiental mais se aproxima do ideal.

Em 2008, o Brasil ocupou a 35ª posição entre 149 países, de acordo com o Índice de Desempenho Ambiental produzido pelo mesmo grupo de especialistas. O país que encabeça a lista é a Suíça, país que mais concede subsídios agrícolas no planeta.

Os Estados Unidos, que ficaram na 39ª posição, são acusados de ampliar a destruição do meio ambiente com a produção de etanol a partir do milho. O índice utiliza 25 indicadores de políticas ambientais, poluição do ar, água, biodiversidade e habitat, recursos naturais produtivos, para mostrar como cada país enfrenta os desafios no setor.

Um dos melhores exemplos é a Costa Rica, na 5ª posição, enquanto seu vizinho, a Nicarágua, está na 77ª, diferença atribuída à história de corrupção e investimentos militares.

O desempenho ambiental pode também ser medido no nível dos municípios brasileiros.

Com o advento do Estatuto das Cidades, tornou-se recomendável que cada município implementasse um sistema de gestão ambiental para auxílio das normas legais de proteção à saúde humana e ao ambiente, tanto o natural quanto o construído. Procura, também, proporcionar a utilização de

Lei 10.257, de 10 de julho de 2001.

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Auditoria Ambiental

Unidade 3

indicadores, capazes de gerar índices, na tentativa de que seja possível mensurar as alterações potenciais e reais das atividades e serviços prestados pela prefeitura municipal, ajudando a manter e aprimorar a qualidade do ambiente ao longo do tempo. Estados e municípios podem jogar um importante papel na melhoria do desempenho ambiental.

Após a publicação da resolução do Conama n° 237/97, os municípios, interessados em ampliar seus espaços de contribuição para com as questões ambientais, passaram a ter as diretrizes necessárias para o exercício da competência de licenciamento ambiental e para a integração da atuação dos órgãos competentes do Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente) na execução da Política Nacional do Meio Ambiente.

No entanto, para o exercício desta importante função, a Resolução estabelece que “os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos Municipais de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou à sua disposição profissionais legalmente habilitados.”

Verifica-se, portanto, a existência do arcabouço jurídico-legal necessário para o efetivo exercício da ação ambiental pelo município. Cabe então aos municípios estruturarem-se para a implementação ou aperfeiçoamento dos seus sistemas de gestão ambiental em termos técnicos, tecnológicos e operacionais.

Para empresas o que o desempenho ambiental significa?

Antes de entrar na temática do desempenho ambiental empresarial, é necessário registrar que o gerenciamento ambiental proposto na ISO 14001 não proporciona de modo automático a melhoria do desempenho ambiental. O modelo proposto na norma tem como foco o atendimento à legislação, o gerenciamento dos resíduos gerados e a administração dos impactos ambientais da atividade.

A melhoria contínua exigida pela ISO 14001 não é garantia de aumento significativo no desempenho ambiental, pois uma

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empresa poderá adequar-se à norma simplesmente padronizando um modelo de gerenciamento ineficiente.

É recomendável que as empresas adotem ferramentas como a Produção Limpa e a Ecoinovação, antes de partirem para a certificação pela ISO 14001. Dentro desse contexto, o corpo gerencial precisa ser formado nessa nova cultura ambiental e, principalmente, precisa acreditar que o caminho para o desenvolvimento sustentável é a eliminação, e não o gerenciamento dos impactos ambientais da atividade.

Em 1999, o ISO/TC 207 publicou uma norma e um relatório técnico: ISO 14031, Avaliação do Desempenho Ambiental – Diretrizes, e a ISO TR 14032, que trata dos exemplos de Avaliação de Desempenho Ambiental.

A ISO 14031 objetiva medir e analisar o desempenho ambiental de uma empresa, para comparar os resultados com as metas definidas no estabelecimento do sistema de gestão ambiental e comprovar as melhorias alcançadas. No Brasil, esta norma foi publicada sob o desígnio NBR ISO 14031, publicada em 2004. Os indicadores de desempenho ambiental escolhidos pela empresa devem ser específicos para uma determinada área, como quantidade de efluentes e de resíduos sólidos perigosos gerados por unidade de produto, peso da embalagem produzida, etc.

Os indicadores são estruturados em categorias, conforme é possível visualizar no Quadro 3.2, representando os grandes grupos de atividades. Em relação a sua representatividade, é importante salientar que devem ser cientificamente válidos, de fácil comprovação, e devem ter custos de medição aceitáveis em relação aos objetivos da avaliação.

Categoria Tipo Aspecto Ambiental

Indicador de Desempenho Ambiental (IDA)

Indicador de Desempenho Operacional (IDO)

Consumo de energia

Consumo de matéria-prima

Indicador de Desempenho Gerencial (IDG)

Consumo de materiais

Gestão de resíduos sólidos

Indicador de Condição Ambiental (ICA)

Índice de qualidade da água Índice de qualidade do ar

Quadro 3.2 - Estrutura da norma NBR ISO 14031 - Avaliação do Desempenho Ambiental.Fonte: NBR ISO 14031

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Unidade 3

Como é possível identificar visualmente no Quadro 3.2, a NBR ISO 14031 trata das diretrizes para a avaliação do desempenho ambiental através da adoção de indicadores. Esta norma propõe duas categorias gerais de indicadores a serem considerados na condução da Avaliação de Desempenho Ambiental - ADA: Indicador de Condição Ambiental (ICA) e o Indicador de Desempenho Ambiental (IDA).

Os Indicadores de Condição Ambiental - ICA fornecem informações, por meio da comparação, sobre a qualidade do meio ambiente onde se localiza a empresa industrial, sob a forma de resultados de medições efetuadas de acordo com os padrões e regras ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos legais, por exemplo, a Resolução nº 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que inaugurou, no âmbito nacional, a gestão da qualidade das águas.

Por sua vez, os Indicadores de Desempenho Ambiental - IDA desdobram-se em dois outros tipos: os indicadores de Desempenho Gerencial e os indicadores de Desempenho Operacional.

Os Indicadores de Desempenho Gerencial - IDG fornecem informações relativas aos esforços de gestão das empresas, focando em como eles influenciam no seu desempenho ambiental, por exemplo, reduzindo o consumo de materiais e/ou melhorando a administração de seus resíduos sólidos, mantendo os mesmos valores de produção. Os IDGs podem incluir:

atendimento aos requisitos legais; �

utilização eficiente dos recursos; �

treinamento de equipes; e �

investimentos em programas ambientais. �

O Quadro 3.3 exemplifica alguns indicadores desta categoria.

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Foco de avaliação Exemplos de indicadores

1. Implementação de políticas e programas

Número de iniciativas implementadas para a prevenção de poluição. �Níveis gerenciais com responsabilidades ambientais específicas. �Número de empregados que participam em treinamentos ambientais. �

2. Conformidade Número de multas e penalidades ou reclamações e os custos �resultantes destas.

3. Desempenho financeiro

Gastos (operacional e de capital) associados com a gestão e controle �ambiental.Economia obtida através da gestão e controle ambiental. �Responsabilidade legal ambiental que pode ter um impacto material �na situação financeira da indústria.

4. Relações com a comunidade

Número de programas educacionais ambientais ou quantidade de �materiais fornecidos à comunidade.Índice de aprovação em pesquisas nas comunidades. �

Quadro 3.3 - Exemplos de indicadores de desempenho gerencial.Fonte: Cartilha de Indicadores de Desempenho Ambiental na Indústria, FIESP/CIESP.

Os Indicadores de Desempenho Operacional – IDO proporcionam informações relacionadas às operações do processo produtivo da empresa, com reflexos no seu desempenho ambiental, tais como o consumo de água, energia ou matéria-prima. Os IDOs relacionam-se diretamente com:

entrada de materiais � (matéria-prima; recursos naturais, materiais processados, reciclados e/ou reutilizados); fornecimento de insumos para operações da indústria; projeto, instalação, operação (incluindo situações de emergência e operações não rotineiras) e manutenção das instalações físicas e dos equipamentos;

saídas � (principais produtos, subprodutos, materiais reciclados e reutilizados), serviços, resíduos (sólidos, líquidos, perigosos, não perigosos, recicláveis, reutilizáveis), e emissões (emissões para a atmosfera, efluentes para água e solo, ruído) resultantes das operações; e distribuição das saídas resultantes das operações.

Dependendo do tipo de avaliação, podem ser selecionados os indicadores de desempenho operacional que melhor proporcionem o entendimento do processo. Alguns exemplos são apresentados no Quadro 3.4.

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Foco de avaliação Exemplos de indicadores

1. MateriaisMateriais usados/produto. �Materiais ou matéria-prima reciclados ou reutilizados. �Embalagens descartadas ou reutilizadas/produto. �

2. EnergiaTipo de energia usada/ano ou produto ou serviço. �Tipo de energia gerada com subprodutos ou correntes de processo. �

3. ÁguaÁgua consumida/ano ou por produto. �Água reutilizada/ano ou por produto. �

4. Fornecimento e distribuição Consumo médio de combustível da frota de veículos. �

5. ResíduosResíduos/ano ou por produto. �Resíduos perigosos, recicláveis ou reutilizáveis produzidos/ano. �Resíduos perigosos eliminados através da substituição de materiais. �

6. Efluentes líquidos

Volume de efluente orgânico/produto. �Volume de efluente inorgânico/produto. �

7. EmissõesEmissões atmosféricas prejudiciais à camada de ozônio. �Emissões de gases de efeito estufa, em CO² equivalentes/ano ou por �produto.

8. Ruídos Nível de ruídos. �

Quadro 3.4 - Exemplos de indicadores de desempenho operacional.Fonte: Cartilha de Indicadores de Desempenho Ambiental na Indústria, FIESP/CIESP.

As Perícias Ambientais

No Brasil, existe farta legislação que serve de base para as atividades de perícia, a começar pela Constituição Federal, no Art.225, pela Lei 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, pela Lei 4.347/85, que trata da Ação Civil Pública e, por fim, pela própria Lei 9.605/98 que, entre outras coisas, qualifica os chamados Crimes Ambientais.

Em vários estados da nação brasileira existem Promotores Públicos focados especificamente na proteção do Meio Ambiente e, ainda, Delegacias Especiais de Meio Ambiente.

O Ministério Público (MP) é uma instituição de interesse público que, através de seus membros, os Promotores de Justiça,

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representa a sociedade, defendendo, perante o Poder Judiciário, os princípios e os valores maiores que a sustentam.

Para a preservação e proteção do meio ambiente, o Ministério Público recebeu a titularidade da Ação Civil Pública, genericamente designada Ação Ambiental, sendo que a ação civil pública tornou-se o principal instrumento de defesa do meio ambiente.

Vale lembrar que, no Brasil, salvo o interesse compulsório do ente governamental, que tem na perícia o formalismo de fazer com que a lei seja aplicada na sua plenitude, existe outros entes sociais que se mobilizam de modo prático em torno da preocupação com a manutenção do ambiente, a exemplo das organizações não-governamentais (ONGs), institutos, etc...

Estes entes são importantes, pois os conflitos ambientais decorrentes da crescente concentração populacional acarretam graves consequências como saldo da ocupação desordenada do território, aliado a um modelo de desenvolvimento econômico que compromete o equilíbrio ecológico. Consequentemente, a qualidade de vida dos cidadãos tem gerado demandas judiciais cada vez mais complexas envolvendo estas questões ambientais.

A Perícia Ambiental é um ramo da criminalística que cuida de produção de provas nos crimes contra o meio ambiente. As perícias ambientais apresentam-se como um dos principais conceitos jurídicos que orientam a prática legal da proteção do meio ambiente; especialmente no campo da Ação Civil Pública, traduz-se no principal meio processual de defesa do meio ambiente.

Em termos de procedimento processual, as perícias ambientais não diferem das perícias comuns, consistem no exame, vistoria e avaliação e são reguladas pelos arts. 420 a 439 do Código de Processo Civil. Cabe aos Institutos de Criminalística (ou correspondentes) preparar devidamente seus Peritos para elaborarem Laudos Periciais na Área Ambiental.

O perito é auxiliar do juízo, nomeado pelo juiz, sendo requisitos necessários o conhecimento técnico, a confiança e sua imparcialidade. A perícia ambiental é recente, pois o Direito

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Ambiental e a legislação principal de proteção ambiental são novos no Brasil. Na condição de técnico da área ambiental, você poderá ser requisitado a elaborar laudos periciais individualmente ou através de equipes multidisciplinares.

Na concepção jurídica, o perito é um auxiliar da Justiça que assessora o juiz na formação de seu convencimento quando as questões em pauta exigem conhecimentos técnicos ou científicos específicos para a elucidação dos fatos. Segundo o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE), perito é um profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista, convocado para realizar uma perícia.

O profissional convocado para exercer a função de perito judicial, além de sua formação técnica específica, deve possuir uma noção básica de Direito Processual Civil, pois é no âmbito deste ramo da ciência jurídica que ele irá atuar, tendo, obrigatoriamente, que seguir os ritos previstos no Código do Processo Civil. Além do perito, destaca-se ainda o assistente técnico, profissional legalmente habilitado, indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir os trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando necessário, emitir seu parecer técnico.

O papel dos Laudos Periciais

O Laudo Pericial contempla a demonstração das provas dos fatos dos danos cometidos, definindo com clareza o local, a data e a abrangência da ocorrência mediante análise dos fatores abióticos, bióticos e socioeconômicos, bem como as pessoas e as entidades envolvidas.

Via de regra os profissionais técnicos vinculados aos órgãos de classe reconhecidos por lei produzem a prova, ou seja, documentam situações reais através de protocolos aceitos pela comunidade técnico-científica, com o objetivo de provar ou refutar uma problemática levada a cabo nos tribunais ou em ações administrativas movidas por órgãos de proteção ambiental. Ou seja, destina-se à avaliação dos danos ambientais, que são as alterações produzidas pela ação antrópica, em níveis considerados potencialmente degradadores dos elementos e sistemas da natureza.

Disponível em <http://www.ibapepb.jpa.com.br/glopart1.htm>.

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Não se pode deixar de considerar que o meio ambiente é composto de fatores socioeconômicos (cultura, religião, nível social, raça, etc.), fatores abióticos (clima, hidrologia, geologia, geomorfologia, etc.) e fatores bióticos (microorganismos, flora e fauna). De um modo geral, o Perito atua mais nos fatores abióticos e bióticos, entretanto, em alguns casos, os fatores socioeconômicos podem desempenhar papel preponderante.

Os Laudos podem ser requisitados ainda para outras funções legais, a exemplo da concessão de licenças ambientais. É o caso da Portaria n.º 002/03, de 09/01/2003, da FATMA/SC, que disciplina o ordenamento e a tramitação dos processos de licenciamento ambiental e dá outras providências.

No caso de uma Licença Ambiental Prévia (LAP), é necessário apresentar uma planta de situação/localização contendo os cursos d’água, bosques, dunas, restingas, mangues, outras áreas protegidas por lei e também os arruamentos no entorno da área, com pontos de referência para facilitar a localização.

É necessário fornecer um laudo geológico contendo:

perfil e caracterização do solo; �

profundidade do lençol freático; �

coeficiente de permeabilidade; e �

capacidade de suporte do solo (quando solicitado). �

Via de regra os laudos são apresentados por profissional habilitado com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART junto ao órgão de classe, no caso os Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (CREAs).

Nos processos de obtenção de licenças ambientais de instalação, o empreendedor precisa apresentar à FATMA o projeto físico e operacional da obra, em todos os seus detalhes de engenharia, já demonstrando de que forma vai atender às condições e restrições impostas pela LAP. É necessário demonstrar a eficiência do sistema de controle ambiental, através de laudos laboratoriais dos parâmetros constantes do programa de monitoramento aprovado na LAI.

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Os laudos são importantes instrumentos na assistência técnica em Perícias Judiciais nos casos de Insalubridade, Periculosidade e Acidente do Trabalho. Todos os processos trabalhistas que envolverem pedido de adicional de insalubridade e/ou periculosidade e acidente do trabalho serão acompanhados por Assistente Técnico.

O trabalho de assistência técnica envolve a elaboração de subsídios para a contestação, preparação de rol de quesitos, contato com o perito judicial para agendamento conjunto da vistoria, acompanhamento da vistoria prestando esclarecimentos ao perito judicial, apresentação de parecer, elaboração de subsídios para a impugnação (caso o laudo pericial seja desfavorável).

Os trabalhadores sujeitos a agentes físicos, químicos ou biológicos deverão ser treinados quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual, bem como serão elaboradas ordens de serviço para documentar as ações em segurança do trabalho.

Existe ainda a necessidade da elaboração de Auditorias em Segurança do Trabalho especialmente em relação aos seguintes segmentos: NR-8 (Edificações), NR-11 (Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais), NR-12 (Máquinas e Equipamentos), NR-14 (Fornos), NR-23 (Proteção contra Incêndios), NR-24 (Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho), NR-25 (Resíduos Industriais), NR-26 (Sinalização de Segurança).

Nestes casos, são feitas auditorias que visam realizar um levantamento preliminar de todas as inconsistências em segurança do trabalho, bem como apontar soluções às questões. O trabalho consiste em relatório gerencial com ampla documentação fotográfica e solução sistematizada para cada inconformidade em particular.

Por sua vez, a implantação de Programas de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA pressupõe a existência de Laudo de Avaliações Ambientais em consonância com o Documento Base (NR-9 da Portaria nº 3.214/78). O PPRA é composto do laudo ambiental que traz a exposição dos trabalhadores aos agentes físicos, químicos e biológicos. O documento base deve apresentar

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um cronograma da implementação das medidas de controle àqueles agentes que estiverem acima do limite de tolerância ou nível de ação.

O PPRA é um programa de ação contínua que deve ser atualizado a cada alteração da exposição dos trabalhadores. Também deve o PPRA implementar as ações propostas no documento base, sob pena de tornar-se simples papel, ao invés de um programa.

Informação importante! - SEQUÊNCIA NATURAL PARA

CONFECÇÃO DE LAUDOS DE MEIO AMBIENTE

Esta sequência trata de um caso hipotético. Na realidade, na maioria dos casos não se têm todos os elementos abaixo listados, ou não são necessários. Para cada caso específi co, são importantes os itens mais relacionados com o problema ambiental em estudo.

1. EXAME DO LOCAL

1.1. Localização da Área – Plotar a área a ser periciada mapografi camente e em escala(s) compatível(eis). Utilizar preferencialmente as coordenadas geográfi cas em UTM.

1.2. Situação Legal da Área – Verifi car se a área é pública ou privada, a qual(is) unidade(s) da federação pertence. Descrever sucintamente a que se destina e qual o seu uso atual.

1.3. Clima – Realizar o levantamento climatológico regional.

1.4. Recursos Hídricos – Inventariar os recursos hídricos superfi ciais e subterrâneos e mapear os corpos d’água.

1.5. Geomorfologia e Geologia – Descrever o relevo e relacionar os recursos minerais.

1.6. Solos – Mapear os solos, com considerações sobre a pedologia e a edafologia.

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1.7. Vegetação – Descrever e mapear as principais formas de vegetação. Listar as plantas, principalmente as de interesse econômico. Constatar a ocorrência de espécies raras ou endêmicas.

1.8. Fauna – Levantar principalmente os vertebrados, dando ênfase às espécies endêmicas, raras, migratórias e cinergéticas.

1.9. Ecossistemas – Identifi car e descrever os principais ecossistemas da área, nos seus componentes abióticos e bióticos.

1.10. Áreas de interesse histórico ou cultural – Listar e descrever locais de interesse histórico, culturais e jazidas fossilíferas que estejam num raio de 50 km.

1.11. Área de Preservação – Constatar se o local descrito está inserido em área protegida por lei (Parques Nacional ou Estadual, Estação Ecológica, Reserva Biológica, etc.).

1.12. Infra-estruturas – Descrever as infraestruturas existentes no local (núcleo habitacional, telefonia, estrada, cooperativas, etc.).

1.13. Atividades previstas, ocorridas ou existentes na área – Relatar as tecnologias a serem utilizadas nas fases de implementação e operação do empreendimento. Listar insumos e equipamentos.

2. DISCUSSÃO

2.1. Diagnóstico Ambiental da área

2.1.1. Uso atual da terra – Constatar o uso atual da terra, dar o percentual utilizado pela agropecuária.

2.1.2. Uso atual da água – Constatar o uso atual da água, bem como obras de engenharia (canal, dique, barragem, drenagem, etc.). Verifi car se ocorrem fontes poluidoras.

2.1.3. Avaliação da situação ecológica atual – Realizar o levantamento das ações antrópicas anteriores e atuais,

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bem como relatar a situação da vegetação e fauna nativas. Com os dados obtidos, inferir a estabilidade ecológica dos ecossistemas da área.

2.1.4. Avaliação socioeconômica – Analisar a situação socioeconômica da área, através de uma metodologia compatível com a realidade regional.

2.2. Impactos Ambientais esperados para a área

2.2.1. Impactos ecológicos – Listar e analisar os impactos ecológicos, levando em consideração a saúde pública e a estabilidade dos ecossistemas naturais, principalmente se estão em áreas protegidas por lei.

2.2.2. Impactos socioeconômicos – Avaliar os impactos socioeconômicos da área, levando em consideração os aspectos médicos e sanitários

2.2.3. Perspectivas da evolução ambiental da área – Inferir qual seria a evolução da área com ou sem o empreendimento.

2.3. Considerações Complementares (quando for o caso)

2.3.1. Alternativas tecnológicas e locacionais – Optar por alternativas menos impactantes para o meio ambiente, tanto em termos tecnológicos como locacionais.

2.3.2. Recomendações para minimizar os impactos adversos e incrementar os bené� cos – Listar as recomendações específi cas para minimizar os impactos negativos e incrementar os benéfi cos.

2.3.3. Recomendações para o monitoramento dos impactos ambientais adversos –Desenvolver e implantar programas de biomonitoramento, de controle de qualidade da água, de controle de erosão, etc.

2.4. Apreciação dos quesitos – Como geralmente há quesitos formulados pelo Promotor, Juiz ou Delegado, neste subitem eles deverão ser claramente discutidos e esclarecidos.

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3. CONCLUSÃO

Deve ser elaborada de forma sucinta, mas, sempre que possível, conclusiva, abrangendo os aspectos ambientais anteriormente discutidos.

Fique atento(a), existem algumas diferenças ente as funções executáveis nas auditorias e nas perícias. Na auditoria é possível estabelecer um processo de amostragem para se ter uma idéia do todo, já na perícia o foco é depositado em um laudo pericial que procura fazer um diagnóstico detalhado do evento, encontroando causas. Os peritos atuam via de regra em casos litigiosos, envolvendo duas partes, enquanto que o auditor desenvolve seu trabalho para uma entidade privada ou pública que o contrata para apreciar, emitir parecer e certifi car procedimentos, controles e processos.

Síntese

Nesta unidade, você teve oportunidade de conhecer os instrumentos de auditoria ambiental. Pôde observar que as auditorias ambientais surgiram recentemente e estão tomando grande importância na sociedade tanto como instrumento voluntário, quando as empresas resolvem submeter-se de modo espontâneo, tornando as suas atividades mais transparentes, como também de modo compulsório, em função de serem fortemente reguladas pelo governo as atividades que desenvolve, como é o caso da extração de petróleo, refi no, produção de energia nuclear, ou as desenvolvidas em portos marítimos.

No planejamento da auditoria, pode ser necessário realizar uma avaliação inicial, capaz de fornecer um diagnóstico da situação da empresa, possibilitando entender o grau de proximidade da empresa em termos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Os processos de implantação causam modifi cação nos sistemas

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e processos, e, no geral, fazem com que a empresa passe por profundas transformações, e isto implica mudança das suas políticas, procedimentos e posturas.

Na condução de auditorias, as empresas acabam adotando indicadores capazes de comparar as suas atividades e operações em relação às boas práticas ambientais tanto quanto às normas ambientais, no sentido de entender como as suas operações são convergentes com os regulamentos e modelos de certificação e, por que não dizer, em direção a uma atuação mais responsável. Por fim, este é um processo que auxilia o entendimento, por parte da empresa, dos esforços para a adoção de modelos mais alinhados com o desenvolvimento sustentável.

Atividades de auto-avaliação

Efetue as atividades de autoavaliação a seguir. Lembre que este tipo de atividade serve para estimular o desenvolvimento da sua aprendizagem com autonomia.

Responda a todas as questões. Somente após, verifique as respostas e comentários do professor ao final do livro.

1. Para proteger e preservar o meio ambiente, é possível utilizar diferentes instrumentos. Identifique quais são estes instrumentos e explique como são desenvolvidos e implementados nos vários níveis de competência.

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2. Para implantar um SGA, é utilizada a metodologia do PDCA. De que trata esta metodologia? Descreva-a e dê alguns exemplos aplicados.

Saiba mais

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei 6.938/81, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=313>. Acesso em: 10 dez. 2008.

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Para concluir o estudo

Neste livro, você pôde identificar que a auditoria ambiental constitui uma ferramenta fundamental, que permite identificar, reduzir e, até mesmo, eliminar os conflitos e possibilidades de processos devido a problemas ambientais por parte de empresas potencialmente poluidoras. Por outro lado, a auditoria ajuda as empresas a melhor entender suas operações e os impactos que elas produzem na comunidade. Identifica processos que poderiam atuar de maneira mais econômica, minimizando a geração de rejeitos e facilitando a reciclagem. Além disso, conduz a empresa a moldar as suas ações de modo mais focado no meio ambiente.

Existem normas e regulamentos que auxiliam no desenvolvimento deste tipo de atividade, a exemplo da NBR ISO 14001 e a NBR ISO 19011, as quais tratam das diretrizes para auditoria ambiental. No âmbito da economia e dos negócios, é possível identificar a auditoria ambiental como um instrumento fundamental no estabelecimento de uma gestão ambiental efetiva, pública e privada, sendo mencionada, muitas vezes, como um instrumento isolado que possui força própria.

O principal objetivo da auditoria ambiental é melhorar a compatibilidade ambiental das ações, processos e produtos das empresas. Assim sendo, a auditoria ambiental é muito importante para que a saúde ambiental da empresa seja avaliada e para que sejam feitas todas as melhorias necessárias ao seu bom desempenho.

Como qualquer procedimento de avaliação dos efeitos ambientais, a auditoria ambiental também apresenta vantagens e desvantagens. É importante entender que

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as vantagens normalmente irão ultrapassar as desvantagens, em especial, sobre a capacidade de melhoria das relações da empresa x meio ambiente x comunidade.

Como ferramenta, a auditoria ajuda a proteger o meio ambiente interno e externo da empresa, conduz a melhorias no desempenho ambiental e aumenta a conscientização e a responsabilidade ambiental, porém pode representar custos adicionais à empresa, além da morosidade nas atividades de gerenciamento dos serviços públicos de licenciamento.

Mas, sem sombra de dúvida, é uma avaliação necessária para que todos os aspectos ambientais sejam considerados na atividade econômica, levando ao aumento da preocupação ambiental, primeiro passo para o estabelecimento “mais sustentável” do desenvolvimento. Sucesso nos seus estudos!

Prof. Carlos Henrique Orssatto

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Referências

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Universidade do Sul de Santa Catarina

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Auditoria Ambiental

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Sobre o professor conteudista

Carlos Henrique Orssatto é Engenheiro, Mestre em Engenharia de Produção na área de engenharia de avaliação (UFSC/EPS), Doutor em Engenharia de Produção (UFSC/EPS), na área de cadeias produtivas e aglomeração industrial. Atuou como consultor de empresas com mais de 50 trabalhos realizados nas áreas de planejamento, organização e reestruturação empresarial, em vários setores econômicos. Professor e Coordenador do Curso de Engenharia de Produção da Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul, entre os anos de 1998 a 2003. Membro dos conselhos superiores da Unisul desde 1998.Atualmente atua como Coordenador do Curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Apoia e participa de várias entidades, inclusive do terceiro setor, além de extenso trabalho de representação interinstitucional (Ibama, Fund. Municipal Meio Ambiente, etc). Coordena o Grupo de Pesquisa em Engenharia Ambiental. Avaliador de curso vinculado ao INEP/MEC, realizou mais de duas dezenas de autorizações e reconhecimentos de cursos superiores (01 avaliação institucional). No Estado de Santa Catarina, faz parte do quadro de colaboradores do Conselho Estadual de Educação - CEE na Avaliação de Cursos (autorizações e reconhecimentos).Autor e co-autor de vários trabalhos acadêmicos apresentados em eventos técnico-científicos, congressos ou publicados em revistas/periódicos, além de ser co-autor do livro “Iniciando o seu próprio negócio” na área de criação de empresas. Coordenador de vários projetos técnicos de consultoria na área ambiental junto à iniciativa privada e órgãos públicos.Articulador da implementação de uma cultura de pesquisa acadêmica e desenvolvimento tecnológico no departamento de engenharia, através de um trabalho de captação de recursos e de conexão com várias esferas da sociedade.

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Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação

Unidade 1

1. A auditoria ambiental deve ser entendida como um processo planejado e sistêmico, utilizado para avaliar a natureza e a extensão das questões ambientais existentes em uma determinada organização, como também para verificar o grau de conformidade em relação a critérios legais e normativos. Isso pode ser feito por uma entidade externa à empresa, ou por integrantes da própria empresa para certificar-se de que os resultados almejados estão sendo alcançados, no todo ou em suas partes.

Pode ser realizada em qualquer tipo de planta industrial, comercial, prestação de serviços, de pequeno ou de grande porte, ou em qualquer outro local identificado ou mesmo antecipando a ocorrência de problemas ambientais. Pode ser utilizada para fornecer dados sobre a extensão dos impactos ambientais, quantificar a escala dos problemas, ou examinar as causas e efeitos de uma possível remediação para determinada organização.

Uma auditoria ambiental também poderá ser utilizada para verificar o desempenho ambiental de qualquer tipo de organização, podendo ser pública ou privada, industrial, comercial ou de serviços, como também para verificar o nível de conformidade com relação ao atendimento a padrões normativos, a exemplo das normas ISO 14001.

2. Veja alguns exemplos identificados na internet:

a. Comando e controle (padrões de emissões, licenciamento ambiental, proibição e restrições sobre a produção, comercialização e uso de determinados produtos):

I) Resolução CONAMA nº 001, de 08.03.1990, que estabelece critérios e padrões para a emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais;

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II) o CONAMA possui uma resolução específica, de nº. 003/1990, que define os padrões de emissão de poluentes atmosféricos, indicando o nível de qualidade a ser atingido por cada agente poluidor.

b. Econômico (tributação sobre a poluição, sobre o uso de recursos naturais, incentivos fiscais, criação e sustentação de mercados):

I) a outorga do direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecidos no inciso III, do art. 5º da Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Trata-se de nova tributação referente ao uso da água - um bem público obtido atualmente de forma gratuita;

II) o ICMS ECOLÓGICO é considerado um REMANEJAMENTO DE RECEITA TRIBUTÁRIA, com base na proteção ambiental, que um determinado município aplica no seu território. É, na verdade, um PAGAMENTO POR SERVIçOS AMBIENTAIS, que a população de um determinado Estado paga àqueles que preservam o meio ambiente. O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Intermunicipal e Interestadual e de Telecomunicações) é um imposto Estadual que tem parte (25%) de sua receita destinada às municipalidades.

c. Não-econômico (educação ambiental, informações ao público, áreas de proteção ambiental):

I) no dia 27 de abril de 1999, foi sancionada a Lei Federal nº 9.795, criando a Política Nacional de Educação Ambiental, que dispõe sobre o inciso VI do artigo 225 da Constituição Federal, onde incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

II) o Ministério do Meio Ambiente (MMA) integrou as informações de diferentes bancos de dados ambientais no Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima - <www.mma.gov.br/sinima>). O objetivo do Sinima é oferecer subsídios para orientar a gestão ambiental nas esferas municipal, estadual e federal e demais interessados. Através do sistema, é possível obter informações sobre licenciamento ambiental, dados compartilhados da região amazônica sobre o zoneamento ecológico-econômico da Caatinga ou cadastro de unidades de conservação.

Unidade 2

1. O grau de ajuste, ou fit em inglês, existente entre os elementos técnicos e sociais de uma empresa influencia na efetividade do sistema como um todo. Hoje mais do que nunca isso é real, pois, da

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Auditoria Ambiental

efetiva capacidade de articular os elos, internos e externos, resulta a sobrevivência da empresa.

A congruência entre dois componentes é definida como o grau em que as necessidades, demandas, objetivos e/ou a estrutura de um componente são consistentes com as necessidades, demandas, objetivos e/ou a estrutura de outro componente. Na avaliação dos sistemas organizacionais, deve-se determinar a localização e a natureza dos “fits” inconsistentes. Estas inconsistências podem, por exemplo, ser identificadas por mecanismos formais, focados na análise de desempenho, ou mesmo pelo uso conjunto das auditorias internas de análise de todo sistema.

2. Uma “política ambiental” deve incluir o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de poluição, mas, antes de qualquer coisa, deve ser precedida por procedimentos de respeito, ética e valorização dos indivíduos que fazem parte da empresa. A elaboração e definição da política traduzem-se em um comprometimento da organização com as questões do ambiente, numa tentativa de melhoria contínua dos aspectos ambientais.

O clima organizacional está associado aos fatores motivacionais dos empregados. O comportamento da organização é afetado pelo clima estabelecido em múltiplos níveis (individual, grupo ou em sistemas). O clima influencia por sua vez as motivações mais básicas dentro de uma empresa, determinando, por exemplo, a posição adotada pela organização em relação ao meio ambiente.

Ou seja, um clima amistoso e construtivo pode ser tanto melhor para que todos os membros da empresa tenham motivações mais elevadas em relação aos seus compromissos socioambientais.

Unidade 3

1. O Estado brasileiro utiliza basicamente três tipos de instrumentos de política pública: comando e controle (padrões de emissões, licenciamento ambiental, proibição e restrições sobre a produção, comercialização e uso de determinados produtos); econômico (tributação sobre a poluição, sobre o uso de recursos naturais, incentivos fiscais, criação e sustentação de mercados); e não-econômico (educação ambiental, informações ao público, áreas de proteção ambiental).

O sistema brasileiro envolvido com a regulação ambiental é descrito por uma estrutura de múltiplas competências representadas pelas ações no âmbito da União Federal (soberana), pelos Estados da Federação (autonomia) e pelos Municípios (com autonomia local).

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) atua como órgão consultivo e deliberativo. Possui como finalidades assessorar, estudar e

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propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais, e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado.

A Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República é o órgão central que possui como finalidade planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio.

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) é o órgão executor das políticas de meio ambienta e tem como finalidade executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio.

Os estados da federação possuem autonomia através dos seus órgãos e entidades ambientais do âmbito do Estado, no caso as Secretarias Estaduais, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, no caso de Santa Catarina a FATMA ou Fundação Estadual de Meio Ambiente, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituindo o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SEMA.

2. A partir do referencial normativo da ISO 14001, as organizações passaram a estabelecer Sistemas de Gestão do Ambiente (SGA). A ISO 14001 rege-se pelos princípios de melhoria contínua com base em quatro pilares: Planejar, Executar, Verificar e Atuar (modelo PDCA - Plan-Do-Check-Act). Como o PDCA pode ser aplicado em uma grande gama de processos, as duas metodologias são consideradas compatíveis.

No âmbito da metodologia do PDCA, planejar (Plan) traduz-se pelo estabelecimento dos objetivos e processos necessários para se produzirem resultados em conformidade com a política da responsabilidade da organização. Fazer (Do) foca na implementação dos processos. Verificar (Check), em monitorar e medir os processos em relação à política de responsabilidade social e aos objetivos, metas, requisitos legais e outros, e reportar os resultados, ao passo que atuar (Act) traduz-se pela tomada de decisões para melhorar continuamente o desempenho ambiental, econômico e social do sistema da gestão.

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Glossário

Abiótico - (1) Condições físico-químicas do meio ambiente, como a luz, a temperatura, a água, o pH, a salinidade, as rochas, os minerais entre outros componentes. (2) Caracterizado pela ausência de vida. Lugar ou processo sem seres vivos. (GOODLAND, 1975). (3) Lugar ou processo sem seres vivos. Caracterizado pela ausência da vida. Que não tem ou não pertence à vida. Diz-se dos fatores químicos ou físicos naturais. Os fatores químicos incluem elementos inorgânicos básicos, como cálcio (Ca), oxigênio (O), carbono (C), fósforo (P), magnésio (Mg), entre outros, e compostos, como a água (H2O), o gás carbônico (CO2), etc. Os fatores físicos incluem umidade, vento, corrente marinha, temperatura, pressão, luminosidade, energia, velocidade, estado energético, momentum, massa, amplitude, frequência, etc. (3) Sem vida; aplicado às características físicas de um ecossistema. Por exemplo: elementos minerais, a umidade, a radiação solar e os gases.

Ação Civil Pública - Figura jurídica que dá legitimidade ao Ministério Público, à administração pública ou associação legalmente constituída para acionar os responsáveis por danos causados ao meio ambiente, aos consumidores ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (Lei n. 7347, de 24/07/1985).

Agenda 21 - Documento aprovado pela comunidade internacional, durante a Rio-92, que contém compromissos para mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Resgata o termo “Agenda” no seu sentido de intenções, desígnio, desejo de mudanças para um modelo de civilização em que

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predomine o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações. Além de um documento, a Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que analisa a situação atual de um país, estado, município e/ou região, e planeja o futuro de forma sustentável. Esse processo de planejamento deve envolver todos os atores sociais na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazos. A análise e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser feitos dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, ambiental e político-institucional. Em outras palavras, o esforço de planejar o futuro, com base nos princípios de Agenda 21, gera produtos concretos, exequíveis e mensuráveis, derivados de compromissos pactuados entre todos os atores. A sustentabilidade dos resultados fica, portanto, assegurada.

Águas públicas de uso comum - Os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, baías, enseadas e portos; as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis; as correntes de que se façam estas águas; as fontes e reservatórios públicos; as nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si sós, constituam o caput fluminis; os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade (Decreto 24.643/34).

AIA - Avaliação de Impacto Ambiental - Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta e de suas alternativas, e cujos resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada da decisão e por eles considerados.

Ambiente (meio) - (1) Soma dos inúmeros fatores que influenciam a vida dos seres vivos. O mesmo que meio e ambiência. (2) Conjunto das condições externas ao organismo e que afetam o seu crescimento e desenvolvimento. (3) Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos no interior da biosfera, incluindo clima, solo, recursos hídricos e outros organismos. (4) Soma total das condições que atuam sobre os seres vivos.

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Auditoria Ambiental

Análise ambiental - Exame detalhado de um sistema ambiental, por meio do estudo da qualidade de seus fatores, componentes ou elementos, assim como dos processos e interações que nele possam ocorrer, com a finalidade de entender sua natureza e determinar suas características essenciais (FEEMA, 1997).

Análise de ciclo de vida (ACV) - Metodologia de avaliação de impacto ambiental de uma atividade econômica. Procura qualificar e quantificar todos os impactos ambientais de produtos e serviços, desde a aquisição de matéria-prima até o uso e descarte final, sendo composta basicamente de quatro etapas principais segundo sistemáticas de uso: a) definição do escopo e objetivo; b) inventário do ciclo de vida; c) avaliação de impactos do ciclo de vida; d) interpretação de resultados.

Antrópico - (1) Relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação do homem. Termo de criação recente, empregado por alguns autores para qualificá-la: um dos setores do meio ambiente, o meio antrópico, compreendendo os fatores sociais, econômicos e culturais; um dos subsistemas do sistema ambiental, o subsistema antrópico. (2) Relativo à ação humana (Resolução CONAMA 012/94). (3) Referente ao período geológico em que se registra a presença dos humanos na Terra. (4) Refere-se à ação humana sobre a natureza.

Aspecto Ambiental - Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente.

Audiência pública - (1) Consulta à população sobre um problema ambiental ou sobre um projeto que pode causar problemas ao meio ambiente. (2) Exposição à comunidade interessada ou afetada por um empreendimento ou política a ser implantada, previamente à implantação, da proposta e ao Meio Ambiente (RIMA), dirimindo dúvidas e recolhendo críticas e sugestões a respeito. A audiência pública pode ser solicitada por entidade civil, pelo Ministério Público ou por cinquenta ou mais cidadãos. Quando houver pedido de audiência pública, qualquer licença concedida sem sua realização não terá validade. (3) Procedimento de consulta à sociedade, ou a grupos sociais interessados em determinado problema ambiental ou que estejam potencialmente

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afetados pelo projeto. A audiência pública faz parte dos procedimentos, como canal de participação da comunidade nas decisões em nível local.

Auditoria ambiental - (1) Instrumento de política ambiental que consiste na avaliação documentada e sistemática das instalações e das práticas operacionais e de manutenção de uma atividade poluidora, com o objetivo de verificar a obediência aos padrões de controle e qualidade ambiental; os riscos de poluição acidental e a eficiência das respectivas medidas preventivas; o desempenho dos gerentes e operários nas ações referentes ao controle ambiental; a pertinência dos programas de gestão ambiental interna ao empreendimento. (2) Processo de verificação, de natureza voluntária ou compulsória, que visa a avaliar a gestão ambiental de uma atividade econômica, analisando seu desempenho ambiental, e verificando, entre outros fatores, o grau de conformidade com a legislação ambiental vigente e com a própria política ambiental da instituição. A prática de Auditoria Ambiental pode ser de natureza interna (como instrumento de gestão ambiental da empresa) ou externa (como meio de obter uma certificação ambiental para a empresa). Pode ter também caráter compulsório, quando é legalmente exigida por um órgão regulatório ambiental, como é o caso, por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro e outros estados da federação. (3) Instrumento de controle previsto na legislação ambiental; exame periódico e ordenado dos aspectos normativos, técnicos e administrativos relativos às atividades de um empreendimento capazes de provocar efeitos prejudiciais ao meio ambiente; instrumento complementar nos processos de certificação de qualidade.

Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental - Processo sistemático e documental de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se as rotinas de uma organização estão em conformidade com o sistema de gestão ambiental estabelecido pela organização.

Autorização ambiental ou florestal - Ato administrativo que aprova a localização e autoriza a instalação e operação e/ou implementação de empreendimento, atividade ou obra, de acordo com as especificações constantes dos requerimentos, cadastros, planos, programas e/ou projetos aprovados, incluindo

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Auditoria Ambiental

as medidas de controle ambiental e demais condicionantes; estabelece condições, restrições e medidas de controle ambiental ou florestal de empreendimentos ou atividades específicas; tem prazo de validade estabelecido de acordo com a natureza do empreendimento.

Avaliação ambiental - Expressão utilizada com o mesmo significado da avaliação de impacto ambiental, em decorrência de terminologia adotada por algumas agências internacionais de cooperação técnica e econômica, correspondendo, às vezes, a um conceito amplo que inclui outras formas de avaliação, como a análise de risco, a auditoria ambiental e outros procedimentos de gestão ambiental (ARRUDA et al., 2001).

Avaliação Ambiental Estratégica - Procedimento sistemático e contínuo de avaliação da qualidade do meio ambiente e das consequências ambientais decorrentes de visões e intenções alternativas de desenvolvimento, incorporadas em iniciativas, tais como: a formulação de políticas, planos e programas (PPP), de modo a assegurar a integração efetiva dos aspectos biofísicos, econômicos, sociais e políticos de planejamento e tomada de decisão (FEEMA, 1997).

Avaliação de conformidade - Exame sistemático do grau em que um produto, processo ou serviço atende aos requisitos especificados.

Avaliação de desempenho ambiental - Processo de medição, análise, avaliação, relato e comunicação do desempenho ambiental de uma organização através do critério adotado pela gerência.

Avaliação de Impacto ambiental - (1) Processo de avaliação dos impactos ecológicos, econômicos e sociais que podem advir da implantação de atividades antrópicas (projetos, planos e programas) e de monitoramento e controle desses efeitos pelo poder público e pela sociedade (ARRUDA et al., 2001). (2) Instrumento de política e gestão ambiental de empreendimentos, formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos

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impactos ambientais de uma proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas; se apresentem os resultados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles considerados; se adotem as medidas de proteção do meio ambiente determinadas, no caso de decisão sobre a implantação do projeto (FEEMA, 1997).

Certificação ambiental - (1) Processo por meio do qual entidade certificadora outorga certificado, por escrito, de que um empreendimento está em conformidade com exigências técnicas de natureza ambiental. (2) Certificação Ambiental ou CDM é a comprovação documentada do cumprimento dos compromissos assumidos por uma organização em respeito ao meio ambiente através de sua política ambiental e de seu sistema de gestão ambiental (Glossário Libreria, 2003). (3) Garantia escrita concedida a empresas cujo produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos ambientais estabelecidos em lei. Normalmente tem como meio de representação selos de qualidade ambiental.

Certificado de Redução de Emissão (CER) - Documento comprobatório de redução de emissão de gases de efeito estufa, constituído segundo bases do Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL).

Clube de Roma - Associação internacional fundada em Roma, em 1968, constituída por empresários e cientistas de ramos muitos diversos, que procura demonstrar a estreita inter-relação entre população mundial, industrialização e desenvolvimento. A principal publicação do grupo - Limites do crescimento - até hoje provoca discussões. Atualmente está sediado na Alemanha e tem como missão estabelecer instrumentos para a ação política, com vistas a uma definição universal de qualidade de vida.

Código Florestal - Instituído pela Lei n° 4771/65, estabelece em seu artigo 1° que as florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente estabelecem.

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Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) - Criado pela Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6938 de 31.08.81), teve sua composição, organização, competência e funcionamento estabelecidos pelo Poder Executivo através do Decreto n° 88351, de 01.06.83, e modificados pelo Decreto n° 91305, de 03.06.85. O CONAMA é o Órgão Superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) com função de assistir o Presidente da República na Formulação de Diretrizes de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6938/81). Após a vigência do Decreto n° 91305/85, o CONAMA é composto por 71 membros: o Ministro de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, que preside; 28 representantes de 18 Ministérios; o Secretário da SEMA, seu Secretário Executivo, representantes dos Governos dos Estados, Territórios e Distrito Federal; os Presidentes das Confederações Nacionais dos Trabalhadores no Comércio, na Indústria e na Agricultura; os Presidentes das Confederações Nacionais do Comércio, da Indústria e da Agricultura, os Presidentes da ABES e da FBCN; os presidentes de duas associações civis de defesa do meio ambiente; representantes de cinco entidades da sociedade civil ligadas à preservação da qualidade ambiental, sendo uma de cada região geográfica do País. O CONAMA constitui-se do Plenário, de Câmaras Técnicas, constituídas por membros conselheiros, com poder deliberativo, das Comissões Especiais, para assessoramento ao Plenário, e da Secretaria Executiva. As competências do CONAMA incluem o estabelecimento de todas as normas técnicas e administrativas para a regulamentação e a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente e a decisão, em grau de recurso das ações de controle ambiental da SEMA.

Convenção do Clima - Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), aprovada em 9 de maio de 1992 e firmada na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92, por 154 países e a Comunidade Econômica Europeia; o Brasil foi o primeiro país signatário. A Convenção, que, desde então vem, sendo ratificada por um crescente número de países, entrou em vigor no dia 21 de março de 1994, noventa dias depois de completar a ratificação pelo parlamento de cinquenta países. No Brasil, a Convenção foi ratificada pelo Congresso em 28 de fevereiro de 1994 e entrou

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em vigor em 29 de maio do mesmo ano. Até 7 de setembro de 2000, 186 países se haviam tornado Partes da Convenção. A Convenção reconhece a mudança do clima como uma preocupação comum da humanidade e propõe uma estratégia global para proteger o sistema climático para gerações presentes e futuras. Tem como objetivo principal estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático, assegurando que a produção de alimentos não seja ameaçada e que o crescimento econômico prossiga de modo sustentável.

COP (Conferência das Partes) - Órgão supremo da Convenção de Mudanças do Clima; normalmente se reúne uma vez ao ano para revisar os progressos da Convenção. A palavra conferência é usada no sentido de associação, o que explica, por exemplo, a expressão quarta sessão da Conferência das Partes.

Dano ambiental - Lesão resultante de acidente ou evento adverso, que altera o meio natural. Intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais, induzidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e/ou ecossistemas, como consequência de um desastre.

DDT - (1) O mais conhecido e mais usado inseticida de hidrocarboneto clorado: foi o primeiro inseticida desse tipo a ser proibido em 1972, nos Estados Unidos; é perigoso por sua toxicidade e por sua persistência; no Brasil, um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, de autoria do Senador Tião Viana, proíbe a fabricação, a importação, a exportação, a manutenção em estoque, a comercialização e o uso do DDT (diclorodifeniltricloretano), produto químico presente em inseticidas, em todo o território nacional. (2) Abreviação de 1,1,1 - tricloro - 2,2, - bis (p.clorofenil) ETENO, um inseticida hidrocarboneto clorado. Praticamente insolúvel na água, ácidos diluídos e álcalis, mas solúvel em muitos solventes orgânicos. Possui baixa volatilidade e é altamente persistente. Bioacumula na cadeia alimentar, sendo considerado uma substância potencialmente cancerígena.

Degradação - (1) Rebaixamento da superfície de um terreno por processos erosivos, especialmente pela remoção de

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materiais através da erosão e do transporte por água corrente, em contraposição à agradação. (2) Alteração adversa das características do meio ambiente (Lei 6.938/81). (3) Processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais (Decreto 97.632/89). (4) Processo pelo qual substâncias complexas são transformadas em substâncias mais simples.

Degradação ambiental - (1) Prejuízos causados ao meio ambiente, geralmente resultante de ações do homem sobre a natureza. Um exemplo é a substituição da vegetação nativa por pastos. (2) Termo usado para qualificar os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou a capacidade produtiva dos recursos ambientais. (3) Degradação da qualidade ambiental - a alteração adversa das características do meio ambiente (Lei nº 6.938/81, art. 3º, II). (4) A degradação do ambiente ou dos recursos naturais é comumente considerada como decorrência de ações antrópicas, ao passo que a deterioração decorre, em geral, de processos naturais. (5) Processo gradual de alteração negativa do ambiente, resultante de atividades humanas; esgotamento ou destruição de todos ou da maior parte dos elementos de um determinado ambiente; destruição de um determinado ambiente; destruição de um recurso potencialmente renovável; o mesmo que devastação ambiental (Glossário Ibama, 2003).

Desempenho ambiental - Medida de quão bem uma organização está se saindo em relação ao cuidado com o ambiente, particularmente em relação à diminuição de seu impacto ambiental global. Na área de certificação, termo utilizado para caracterizar os resultados mensuráveis do sistema de gestão ambiental relacionados ao controle dos aspectos ambientais de uma organização, com base na sua política ambiental e metas ambientais.

Desenvolvimento sustentado (ONU) - (1) Definido pela Comissão Brundtland - ONU como sendo de desenvolvimento social, econômico e cultural, que atende às demandas do presente sem comprometer as necessidades do futuro.

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Desenvolvimento sem comprometimento dos ecossistemas. (2) É o desenvolvimento que atende da melhor forma possível as necessidades atuais e futuras do homem, sem afetar o ambiente e a diversidade biológica. Aspecto Ambiental

Diagnóstico ambiental - (1) Estudo dos agentes causadores da degradação ambiental de uma determinada área, de seus níveis de poluição, bem como dos condicionantes ambientais agravadores ou redutores dos efeitos provocados no meio ambiente. (2) De um modo geral, as diversas legislações nacionais de proteção ambiental e seus procedimentos determinam a realização de estudos sobre as condições ambientais da área a ser afetada por um projeto ou ação, como parte do relatório de impacto ambiental, definindo sua abrangência de acordo com o conceito de meio ambiente estabelecido por lei. A legislação brasileira oficializou a expressão “diagnóstico ambiental da área” para designar esses estudos, no item correspondente ao conteúdo mínimo do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA (art. 17, § 1º, a, Decreto 99.274/90). (3) Interpretação da situação de qualidade de um sistema ambiental ou de uma área, a partir do estudo das interações e da dinâmica de seus componentes, quer relacionados aos elementos físicos e biológicos, quer aos fatores socioculturais (FEEMA, 1997).

ECO 92 - (1) Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que foi realizada no estado do Rio de Janeiro em 1992. A Eco 92 proclamou que os seres humanos estão no centro das preocupações sobre desenvolvimento sustentável e têm direito a uma vida saudável, produtiva e em harmonia com a natureza. (2) Denominação comum da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, denominada internacionalmente de 1992 Earth Summit on Environment and Development. Aconteceu em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Foi a maior reunião já realizada em toda a história humana por qualquer motivo. A Rio-92 reuniu mais de 120 Chefes de Estado e representantes no total de mais de 170 países. Foram elaborados cinco documentos, assinados pelos Chefes de Estado e representantes: a Declaração do Rio, a Agenda 21, a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Convenção sobre Mudança do Clima e a Declaração de Princípios da Floresta.

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Ecodesenvolvimento - (1) Visão moderna de desenvolvimento que procura utilizar os conhecimentos culturais, biológicos, sociais e políticos de uma região, evitando a agressão ao meio ambiente. (2) O ecodesenvolvimento se define como um processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades deste meio, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos e cuidando para que estes sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais. (3) É uma técnica de planejamento que busca articular dois objetivos. Por um lado, objetivo do desenvolvimento, a melhoria da qualidade de vida, através do incremento da produtividade; por outro, o objetivo de manter em equilíbrio o ecossistema onde se realizam essas atividades (SAHOP, 1978). (4) Visão moderna do desenvolvimento consorciado com o manejo dos ecossistemas, procurando utilizar os conhecimentos já existentes na região, no âmbito cultural, biológico, ambiental, social e político, evitando-se, assim, a agressão ao meio ambiente (Glossário Ibama, 2003).

Environmental Protection Agency (EPA) - Agência Federal de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. No Brasil o seu equivalente é o Ibama.

Estudo de Impacto Ambiental - (1) EIA - Um dos elementos do processo de avaliação de impacto ambiental. Trata-se da execução, por equipe multidisciplinar, das tarefas técnicas e científicas destinadas a analisar, sistematicamente, as consequências da implantação de um projeto no meio ambiente, por meio de métodos de AIA e técnicas de previsão dos impactos ambientais. O estudo realiza-se sob a orientação da autoridade ambiental responsável pelo licenciamento do projeto em questão, que, por meio de instruções técnicas específicas, ou termos de referência, indica a abrangência do estudo e os fatores ambientais a serem considerados detalhadamente. O estudo de impacto ambiental compreende, no mínimo: a descrição do projeto e suas alternativas, nas etapas de planejamento, construção, operação e, quando for o caso, a desativação; a delimitação e o diagnóstico ambiental da área de influência; a identificação, a medição e a valoração dos impactos; a comparação das alternativas e a

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previsão de situação ambiental futura, nos casos de adoção de cada uma das alternativas, inclusive no caso de não se executar o projeto; a identificação das medidas mitigadoras e do programa de monitoragem dos impactos; a preparação do relatório de impacto ambiental - RIMA. (2) Mecanismo administrativo preventivo e obrigatório de planejamento visando à preservação da qualidade ambiental; exigido como condição de licenciamento em obras, atividades ou empreendimentos potencialmente causadores de significativa degradação ambiental; deve ser executado por equipe multidisciplinar e apresentado à população afetada ou interessada, mediante audiência pública; previsto na Constituição Federal, na Lei n.° 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) e regulamentado pela Resolução CONAMA 001/86.

Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV - É um dos instrumentos associados à Política Nacional do Meio Ambiente, embora não conste explicitamente do texto legal com esse nome. O EIV é um desdobramento do AIA (Avaliação de Impacto Ambiental), a ser aplicado para estudo de impactos urbanos localizados, cujos efeitos ou podem ser também estritamente localizados no tecido urbano ou podem estender-se para um âmbito maior, por exemplo, impacto ambiental do sistema viário e do tráfego urbano.

Estudos ambientais - São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco (Resolução CONAMA 237/97).

Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) - Criado pela Lei n.° 7.797, de 10 de julho de 1989, destina-se a apoiar projetos em diferentes modalidades, que visem ao uso racional e sustentável de recursos naturais, de acordo com as prioridades da política nacional do meio ambiente, incluindo a manutenção e a recuperação da qualidade ambiental.

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Gestão ambiental - (1) Condução, direção e controle, pelo governo, do uso e da conservação dos recursos naturais, através de determinados instrumentos, que incluem medidas econômicas, regulamentos, investimentos públicos e financiamentos, requisitos interinstitucionais e jurídicos. (2) A tarefa de administrar o uso produtivo de um recurso renovável sem reduzir a produtividade e a qualidade ambiental, normalmente em conjunto com o desenvolvimento de uma atividade (HURTUBIA, 1980). (3) É um processo de mediação entre interesses de atores sociais voltado ao uso ou preservação de um recurso (ARRUDA et al., 2001). (4) Condução, direção, proteção da biodiversidade, controle do uso de recursos naturais, através de determinados instrumentos, que incluem regulamentos e normatização, investimentos públicos e financiamentos, requisitos interinstitucionais e jurídicos. Este conceito tem evoluído para uma perspectiva de gestão compartilhada pelos diferentes agentes envolvidos e articulados em seus diferentes papéis, a partir da perspectiva de que a responsabilidade pela conservação ambiental é de toda a sociedade e não apenas do governo, e baseada na busca de uma postura pró-ativa de todos os atores envolvidos (ARRUDA et al., 2001). (5) Forma de administrar a apropriação e uso dos recursos ambientais; adequando as atividades produtivas à capacidade de reposição desses recursos, de modo a assegurar sua pererenidade; instrumento indispensável para o planejamento. (6) Administração, pelo governo, da proteção e do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade do meio ambiente, assegurar a produtividade dos recursos e o desenvolvimento social. Este conceito tem-se ampliado, nos últimos anos, para incluir, além da gestão pública do meio ambiente, os programas de ação desenvolvidos por empresas para administrar com responsabilidade suas atividades, de modo a proteger o meio ambiente (FEEMA, 1997).

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, órgão executor da Política de Meio Ambiente em nível nacional. Criado em 1989 (Lei n.° 7.735) pela fusão do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), Superintendência da Borracha (SUDHEVEA) e

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Superintendência da Pesca (SUDEPE). Regulamentado pelo Decreto n.° 97946, de 11 de julho de 1989.

Impacto ambiental - (1) Quaisquer modificações, benéficas ou não, resultantes das atividades, produtos ou serviços de uma operação de manejo florestal da unidade de manejo florestal. (2) Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, diretamente, afetem: (I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais (Resolução CONAMA Nº 001, de 23.01.86). (3) Qualquer alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e socioeconômico que possa ser atribuída a atividades humanas relativas às alternativas em estudo para satisfazer as necessidades de um projeto (CANTER, 1977). (4) Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. (5) Qualquer alteração significativa no meio ambiente - em um ou mais de seus componentes - provocada por uma ação humana (FEEMA, 1997).

Impacto ambiental estratégico - Impacto que incide sobre o recurso ou componente ambiental de relevante interesse coletivo ou nacional, ou que afeta outras regiões além de sua área de influência direta e indireta (FEEMA, 1997).

Impacto ambiental regional - Todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados (Resolução CONAMA 237/97).

Impactos ambientais cumulativos - Impacto ambiental derivado da soma de outros impactos ou de cadeias de impacto que se somam, gerados por um ou mais de um empreendimento isolado, porém contíguos, num mesmo sistema ambiental. Impacto

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no meio ambiente resultante do impacto incremental da ação quando adicionada a outras ações passadas, presentes e futuras, razoavelmente previsíveis (FEEMA, 1997).

Indicador - (1) São variáveis perfeitamente identificáveis, utilizadas para caracterizar (quantificar ou qualificar) os objetivos, metas ou resultados (ARRUDA et al., 2001). (2) Nas ciências ambientais, indicador significa um organismo, comunidade biológica ou parâmetro, que serve como medida das condições ambientais de certa área ou de ecossistema (FEEMA, 1997). (3) Organismos, ou tipos de organismos, tão estritamente associados a condições ambientais específicas, que sua presença é indicativa da existência dessas condições naquele ambiente (Encyclopedia Britannica, 1978).

Indicador de sustentabilidade - Valor que serve de medida do grau de sustentabilidade do uso dos recursos ambientais, dividindo-se em três grupos principais: (i) os indicadores de resposta social (que indicam as atividades que se realizam no interior da sociedade - o uso de minérios, a produção de substâncias tóxicas, a reciclagem de material); (ii) os indicadores de pressão ambiental (que indicam as atividades humanas que irão influenciar o estado do meio ambiente - níveis de emissão de substâncias (tóxicas), e (iii) os indicadores de qualidade ambiental (que indicam o estado do meio ambiente - a concentração de metais pesados no solo, os níveis pH nos lagos (FEEMA, 1997).

Indicadores ambientais - (1) Conjunto de espécies, substâncias e grandezas físicas do ambiente, capazes de detectar alterações no ar, água e solo, na medida em que apresentam sensibilidade a essas alterações. (2) Espécies indicadoras são certas espécies que têm exigências biológicas bem definidas e permitem conhecer os meios possuidores de características especiais (DAJOZ, 1973).

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO - Órgão de normalização do Governo Federal, que possui uma Comissão Técnica de Certificação Ambiental, cuja finalidade é estabelecer a estrutura para o credenciamento de entidades de certificação de sistemas de gestão ambiental, de certificação ambiental, de produtos de auditores

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ambientais, garantindo a conformidade com as exigências internacionais.

Instrumento de política ambiental - Mecanismos de que se vale a Administração Pública para implementar e perseguir os objetivos da política ambiental, podendo incluir os aparatos administrativos, os sistemas de informação, as licenças e autorizações, pesquisas e métodos científicos, técnicas educativas, incentivos fiscais e outras econômicas, relatórios informativos, etc. (FEEMA, 1997).

ISO (International Organization for Standardization) - (1) Organização Internacional de Padronização, formada pelos representantes de mais de 120 países. Organização fundada em 1947 e sediada em Genebra, Suíça. É responsável pela elaboração e difusão de normas internacionais em todos os domínios de atividades, exceto no campo eletro-eletrônico, que é de responsabilidade da IEC (International Eletrotechnical Commission). Dentre as centenas de normas elaboradas pela ISO, de interesse para área ambiental, são a série ISO-9000, de gestão da qualidade de produtos e serviços, e a série ISO-14000, de sistemas de gestão ambiental. (2) Prefixo grego “isos”; marca registrada da International Organization for Standartization, sediada na Suíça; sistema internacional integrado de padronização e metodologia de produção com qualidade.

ISO 14000 - (1) Conjunto ou série de normas da ISO, de caráter voluntário, que visa a sistematizar os princípios de gestão ambiental nas empresas. Baseada numa precursora inglesa, a British Standard - BS-7750 - teve, em relação a esta, sua abrangência expandida e sua especificidade minimizada, de forma a ser aceita em todo o mundo. As normas desta série contêm diretrizes relativas às seguintes áreas: sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais, rotulagem ambiental, avaliação de desempenho ambiental e análise de ciclo de vida. (2) Conjunto de normas voltadas para a gestão ambiental do empreendimento, isto é, as práticas voltadas para minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados pelas suas atividades.

ISO 9000 - Conjunto de normas voltadas à padronização da qualidade de produto não importando o tipo de atividade, o

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tamanho ou o caráter, público ou privado; abrange quatro grupos de normas: 9001; 9002; 9003 e 9004.

Licença ambiental - (1) Autorização dada pelo poder público para uso de um recurso natural. (2) Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, observadas as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso para impedir ou mitigar os possíveis danos dela advindos. (3) Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (Resolução CONAMA 237/97). (4) Estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação e/ou modificação ambiental; o processo de licenciamento está dividido em três etapas: licença prévia, de instalação e de operação.

Licença de Instalação (LI) - Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual constituem motivo determinante.

Licença de Operação (LO) - Autoriza a operação da atividade ou empreendimento após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação.

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Licença Prévia (LP) - Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecidos os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.

Licenciamento ambiental - (1) Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (Resolução CONAMA 237/97). (2) Procedimento administrativo que licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação e/ou modificação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso; no Paraná, o licenciamento é feito pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). (3) Instrumento de política e gestão ambiental de caráter preventivo. Conjunto de leis, normas técnicas e procedimentos administrativos que consubstanciam, na forma de licenças, as obrigações e responsabilidades do Poder Público e dos empresários, com vistas à autorização para implantar, ampliar ou iniciar a operação de qualquer empreendimento potencial ou efetivamente capaz de causar alterações no meio ambiente, promovendo sua implantação de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável (FEEMA, 1997).

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - Também conhecido como CDM (Clean Development Mechanism), foi incorporado ao Protocolo de Kyoto a partir de uma proposta brasileira. O MDL consiste no financiamento de projetos que possam gerar reduções certificadas de emissão, que serão creditadas ao país investidor que, por conseguinte, estaria cumprindo parte de suas obrigações mediante a concretização deste investimento.

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Medidas compensatórias - Medidas tomadas pelos responsáveis pela execução de um projeto, destinadas a compensar impactos ambientais negativos, notadamente alguns custos sociais que não podem ser evitados ou uso de recursos ambientais não renováveis (ARRUDA et al., 2001).

Medidas corretivas - Ações para a recuperação de impactos ambientais causados por qualquer empreendimento ou causa natural. Significam todas as medidas tomadas para proceder à remoção do poluente do meio ambiente, bem como restaurar o ambiente que sofreu degradação resultante destas medidas (ARRUDA et al., 2001).

Medidas mitigadoras - São aquelas destinadas a prevenir impactos negativos ou reduzir sua magnitude. É preferível usar a expressão “medida mitigadora” em vez de “medida corretiva”, uma vez que a maioria dos danos ao meio ambiente, quando não pode ser evitada, pode apenas ser mitigada ou compensada (ARRUDA et al., 2001).

Meio ambiente - (1) Apresentam-se, para meio ambiente, definições acadêmicas e legais, algumas de escopo limitado, abrangendo apenas os comportamentos naturais, outras refletindo a concepção mais recente, que considera o meio ambiente um sistema no qual interagem fatores de ordem física, biológica e socioeconômica. (2) O conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de terem um efeito direto ou indireto, imediato ou a termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas (POUTREL & WASSERMAN, 1977). (3) A soma das condições extremas e influência que afetam a vida, o desenvolvimento e, em última análise, a sobrevivência de um organismo (The World Bank, 1978). (4) O conjunto do sistema externo físico e biológico, no qual vivem o homem e os outros organismos (PNUMA apud SAHOP, 1978). (5) Meio-ambiente - o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Lei 6.938 de 31.08.81 - Brasil). (6) Condições, influências ou forças que envolvem e influem ou modificam: o complexo de fatores climáticos, edáficos e bióticos que atuam sobre um organismo vivo ou uma comunidade ecológica e acaba por determinar sua

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forma e sua sobrevivência; a agregação das condições sociais e culturais (costumes, leis, idiomas, religião e organização política e econômica) que influenciam a vida de um indivíduo ou de uma comunidade (FEEMA, 1997). (7) Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Lei n.° 6.938, de 31 de agosto de 1981) (FEEMA, 1997). (8) Tudo aquilo que cerca ou envolve os seres vivos e as coisas, incluindo o meio sociocultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem (Glossário Ibama, 2003).

Melhoria Contínua - Processo de aprimoramento dos sistemas de gerenciamento, visando atingir melhorias no desempenho ambiental global de acordo com a política ambiental da organização. A melhoria contínua não se aplica só ao gerenciamento ambiental.

Meta Ambiental - Requisito de desempenho, pontificado sempre que exequível, aplicável à organização ou partes dela, resultante dos objetivos ambientais, que necessita ser estabelecido e atendido para que tais objetivos sejam atingidos.

Monitoramento ambiental - (1) Acompanhamento, através de análises qualitativas e quantitativas, de um recurso natural, com vista ao conhecimento das suas condições ao longo do tempo. É um instrumento básico no controle e preservação ambiental. (2) Determinação contínua e periódica da quantidade de poluentes ou de contaminação radioativa presente no meio ambiente (The World Bank, 1978). (3) Coleta, para um propósito predeterminado, de medições ou observações sistemáticas e intercomparáveis, em uma série espaço-temporal, de qualquer variável ou atributo ambiental, que forneça uma visão sinóptica ou uma amostra representativa do meio ambiente (ARRUDA et al., 2001).

Monitoramento de impacto ambiental - (1) O processo de observações e medições repetidas, de um ou mais elementos ou indicadores da qualidade ambiental, de acordo com programas pré-estabelecidos, no tempo e no espaço, para testar postulados sobre o impacto das ações do homem no meio ambiente (BISSET, 1982). (2) No contexto de uma avaliação de impacto

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ambiental, refere-se à medição das variáveis ambientais após o início da implantação de um projeto (os dados básicos constituindo as medições anteriores ao início da atividade) para documentar as alterações, basicamente com o objetivo de testar as hipóteses e previsões dos impactos e as medidas mitigadoras (BEANLANDS, 1983).

Norma - (1) Regra, modelo, paradigma, forma ou tudo que se estabeleça em lei ou regulamento para servir de pauta ou padrão na maneira de agir (SILVA, 1975). (2) São instrumentos que estabelecem critérios e diretrizes, através de parâmetros quantitativos e qualitativos, e regulam as ações de pessoas e instituições no desempenho de suas funções (SAHOP, 1978).

Normalização - (1) Segundo a ABNT, processo de estabelecer e aplicar regras a fim de abordar ordenadamente uma atividade específica, para o benefício e com a participação de todos os interessados e, em particular, de promover a otimização da economia, levando em consideração as condições funcionais e as exigências de segurança. (2) Aplicar normas, regras ou regulamentos referentes a determinada área, às atividades ou organizações atuantes naquela área. (3) Criar normas, regras ou regulamentos com o objetivo de regular as atividades relacionadas a determinada área produtiva.

Objetivo Ambiental - Propósito ambiental global, decorrente da política ambiental, que uma organização se propõe a atingir, sendo quantificada sempre que exequível.

ONG - (1) Organização não governamental; expressão difundida a partir dos Estados Unidos (em inglês non governmental organization/NGO) para designar grupos de ação independente, sem vinculação com a administração pública; usado para designar as associações ambientalistas. (2) Organizações Não Governamentais, grupos de pressão social, de caráter diverso (ambientalistas, étnicos, profissionais etc.) que não tenham relação com o Estado (Glossário Ibama, 2003).

Ordenamento Ambiental - Também chamado de ordenamento ecológico, é o conjunto de metas, diretrizes, ações e disposições

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coordenadas, destinado a organizar, em certo território, o uso dos recursos ambientais e as atividades econômicas, de modo a atender a objetivos políticos (ambientais, de desenvolvimento urbano e econômico, etc.). Está relacionado a planejamento ambiental.

Ordenamento territorial - Disciplinamento do uso e a ocupação humana de uma determinada área, respeitando a vocação natural determinada por zoneamento ecológico; instrumento de planejamento que deve anteceder a ocupação. Política Ambiental.

Organização - Companhia, corporação, firma, empresa, instituição, ou parte ou combinação destas, pública ou privada, S.A. limitada ou uma outra forma estatutária, que têm funções e estrutura administrativa próprias.

Padrão - Em sentido restrito, padrão é o nível ou grau de qualidade de um elemento (substância ou produto), que é próprio ou adequado a um determinado propósito. Os padrões são estabelecidos pelas autoridades, como regra para medidas de quantidade, peso, extensão ou valor dos elementos. Nas ciências ambientais, são de uso corrente os padrões de qualidade ambiental e dos componentes do meio ambiente, bem como os padrões de lançamento de poluentes. Assim, a DZ 302 - Usos Benéficos da Água - Definições e Conceitos Gerais (PRONOL/FEEMA) define padrões como limites quantitativos e qualitativos oficiais, regularmente estabelecidos.

Padrões ambientais - Estabelece o nível ou grau de qualidade exigido pela legislação ambiental para parâmetros de um determinado componente ambiental. Em sentido restrito, padrão é o nível ou grau de qualidade de um elemento (substância, produto ou serviço) que é próprio ou adequado a um determinado propósito. Os padrões são estabelecidos pelas autoridades como regra para medidas de quantidade, peso, extensão ou valor dos elementos. Na gestão ambiental, são de uso corrente os padrões de qualidade ambiental e dos componentes do meio ambiente, bem como os padrões (ARRUDA et al., 2001).

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Padrões de qualidade ambiental - Condições limitantes da qualidade ambiental, muitas vezes expressas em termos numéricos, usualmente estabelecidos por lei e sob jurisdição específica, para a proteção da saúde e do bem-estar dos homens (MUNN, 1979).

Parte Interessada - Indivíduo ou grupo interessado em / ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização.

Passivo ambiental - Custos e responsabilidades civis geradoras de dispêndios referentes às atividades de adequação de um empreendimento aos requisitos da legislação ambiental e à compensação de danos ambientais (FEEMA, 1997). (2) Valor monetário, composto basicamente de três conjuntos de itens: o primeiro, composto das multas, dívidas, ações jurídicas (existentes ou possíveis), taxas e impostos pagos devido à inobservância de requisitos legais; o segundo, composto dos custos de implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitem o atendimento às não-conformidades; o terceiro, dos dispêndios necessários à recuperação de área degradada e indenização à população afetada. Importante notar que este conceito embute os custos citados anteriormente, mesmo que eles não sejam ainda conhecidos, e pesquisadores estudam como incluir no passivo ambiental os riscos existentes, isto é, não apenas o que já ocorreu, mas também o que poderá ocorrer.

Pegada Ecológica - Uma ferramenta gerencial que mede a área de terra e água que uma população humana requer para produzir os recursos que consume e para absorver seus desperdícios, considerando a tecnologia existente.

Planejamento Ambiental - Identificação de objetivos adequados ao ambiente físico a que se destinam, incluindo objetivos sociais e econômicos, e a criação de procedimentos e programas administrativos para atingir aqueles objetivos. (2) Identificação de objetivos adequados ao ambiente físico a que se destinam, incluindo objetivos sociais e econômicos, e a criação de procedimentos e programas administrativos para atingir aqueles objetivos.

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Plano de contingência - Conjunto de procedimentos e ações que visam à integração dos diversos planos de emergência setoriais, bem como a definição dos recursos humanos, materiais e equipamentos complementares para a prevenção, controle e combate da poluição das águas (Lei 9.966/00).

Plano de controle ambiental (PCA) - Documento técnico que contém os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais identificados na fase de avaliação da viabilidade ambiental de um empreendimento. Nos termos da Resolução CONAMA 10/90, o PCA é requisito à obtenção da licença de instalação de empreendimentos de exploração de minérios destinados à construção civil.

Plano de emergência - Conjunto de medidas que determinam e estabelecem as responsabilidades setoriais e as ações a serem desencadeadas imediatamente após um incidente, bem como definem os recursos humanos, materiais e equipamentos adequados à prevenção, controle e combate à poluição das águas (Lei 9.966/00).

Plano de gestão - Conjunto de ações pactuadas entre os atores sociais interessados na conservação e/ou preservação ambiental de uma determinada área, constituindo projetos setoriais e integrados contendo as medidas necessárias à gestão do território (ARRUDA et al., 2001).

Plano de manejo - (1) Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, incluindo a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade, segundo o Roteiro Metodológico (ARRUDA et al., 2001). (2) Projeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determine o zoneamento de um Parque Nacional, caracterizando cada uma das suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas finalidades (Decreto 84.017/79). (3) Documento técnico que estabelece o zoneamento e as normas de uso de uma unidade de conservação, segundo os objetivos para os quais foi criada; define o manejo dos

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recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

PNMA - Programa Nacional do Meio Ambiente, conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente. Gerencia recursos financeiros oriundos de arrecadação interna e ajuda externa.

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Estabelecido pela ONU em 1972, a partir de acordos discutidos durante a Conferência de Estocolmo de 1972 sobre Ambiente Humano. O PNUMA é uma unidade das Nações Unidas, e não uma de suas agências especializadas, portanto é mantido por doações voluntárias, e não pelas contribuições dos diversos governos. O PNUMA se reporta diretamente à Assembleia Geral através do Conselho Econômico e Social da ONU (UNEP).

Política Ambiental - Declaração da organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao desempenho ambiental global. Deve ser disponível ao público.

Poluição - (1) Qualquer interferência prejudicial aos usos preponderantes das águas, do ar e do solo, previamente estabelecidos. (2) Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (ARRUDA et al., 2001). (3) Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente; prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (Lei 6.938/81). (4) É a adição ou o lançamento de qualquer substância, matéria ou forma de energia (luz, calor, som) ao meio ambiente, em quantidades que resultem em concentrações maiores que as naturalmente encontradas. Os tipos de poluição são, em geral, classificados em relação ao

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componente ambiental afetado (poluição do ar, da água, do solo), pela natureza do poluente lançado (poluição química, térmica, sonora, radioativa, etc.) ou pelo tipo de atividade poluidora (poluição industrial, agrícola, etc.). A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (Lei nº 6.938/81, art. 3º, III). Constitui um dos grandes problemas ecológicos e ambientais para a espécie humana e o planeta Terra. É multiforme e generalizada, profundamente associada ao crescimento econômico, à produção e ao consumo. (5) Mudança indesejável no ambiente; introdução de concentrações exageradamente altas de substâncias prejudiciais ou perigosas, calor ou ruído; geralmente decorre de atividades humanas.

Poluição ambiental - (1) Qualquer alteração do meio ambiente prejudicial aos seres vivos. Nesse caso, incluem-se a poluição atmosférica, provocada pelas nuvens de fumaça e vapor de instalações industriais e dos escapamentos de veículos; a poluição sonora, causada pelo barulho de máquinas, buzinas de veículos, sons de rádio, aparelhos de som e tevê muito altos; e a poluição visual, decorrente do grande número de cartazes, faixas e luminosos espalhados pelas ruas das cidades. (2) É a adição, tanto por fonte natural ou humana, de qualquer substância estranha ao ar, à água ou ao solo, em tais quantidades que tornem esse recurso impróprio para uso específico ou estabelecido. Presença de matéria ou energia, cuja natureza, localização e quantidade produzam efeitos ambientais indesejados (The World Bank, 1978). (3) A degradação ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem materiais estabelecidos (Lei nº 6.938 de 30.08.81 - Brasil). (4) A introdução, pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias ou energia no meio ambiente, que resultem em efeitos deletérios de tal natureza que ponham em risco a saúde humana, afetem os recursos bióticos e os

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ecossistemas, ou interfiram com usos legítimos do meio ambiente (Dec-Ece-Convention Pollution, 1983).

Prevenção de Poluição - Uso de processos, práticas, materiais ou produtos que evitem ou reduzam a poluição, os quais podem incluir a reciclagem, tratamento, mudanças no processo, mecanismos de controle, o uso eficiente de recursos e de substituição de materiais.

Produção Limpa - É uma abordagem para a produção ecoeficiente cujas principais características são: utilização de materiais não tóxicos e reutilizáveis; processos limpos e com baixo consumo de energia; mínima utilização de embalagens; fácil de montar, desmontar, consertar e reciclar; e destinação final ambientalmente adequada gerida pelo fabricante. Estabelece uma metodologia chamada “do berço à cova”, ou seja, os fabricantes devem ser preocupar desde o projeto, seleção de matérias primas, processo de produção, consumo, reutilização, reparo, reciclagem (3R) até a disposição final dos produtos.

Qualidade ambiental - (1) O estado do meio ambiente, como objetivamente percebido, em termos de medição de seus componentes, ou subjetivamente, em termos de atributos tais como beleza e valor (MUNN, 1979). (2) É o estado do ar, da água, do solo e dos ecossistemas, em relação aos efeitos da ação humana (HORBERRY, 1984). (3) Estado das principais variáveis do ambiente que afetam o bem-estar dos organismos, particularmente dos humanos. Termo empregado para caracterizar as condições do ambiente segundo um conjunto de normas e padrões ambientais pré-estabelecidos. A qualidade ambiental é utilizada como valor referencial para o processo de controle ambiental. (4) Resultado dos processos dinâmicos e interativos dos elementos do sistema ambiental, define-se como o estado do meio ambiente, numa determinada área ou região, conforme é percebido objetivamente, em função da medição da qualidade de alguns de seus componentes, ou mesmo subjetivamente, em relação a determinados atributos, como a beleza, o conforto, o bem-estar (FEEMA, 1997).

Recursos não-renováveis - (1) Recursos provenientes da decomposição da matéria orgânica acumulada há milhões de

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anos e que se encontram no interior das rochas e do subsolo. Ex.: petróleo, carvão fóssil. (2) Qualquer recurso natural finito que, em escala de tempo humana, uma vez consumido, não possa ser renovado.

Recursos naturais - (1) Denominação que se dá à totalidade das riquezas materiais que se encontram em estado natural, como florestas e reservas minerais. (2) São os mais variados meios de subsistência que as pessoas obtêm diretamente na natureza (SAHOP, 1978). (3) O patrimônio nacional nas suas várias partes, tanto os recursos não-renováveis, como jazidas minerais, e os renováveis, como florestas e meio de produção (CARVALHO, 1981). (4) Fontes de riquezas materiais que existem em estado natural; tais como florestas, reservas minerais, etc.; a exploração ilimitada dos recursos naturais pode levá-las à exaustão ou à extinção. (5) Recursos ambientais obtidos diretamente da natureza, podendo classificar-se em renováveis e inexauríveis ou não-renováveis; renováveis quando, uma vez aproveitados em um determinado lugar e por um dado período, são suscetíveis de continuar a ser aproveitados neste mesmo lugar, ao cabo de um período de tempo relativamente curto; exauríveis quando qualquer exploração traz consigo, inevitavelmente, sua irreversível diminuição (FEEMA, 1997).

Recursos renováveis - (1) Recursos que podem ser utilizados pelo homem e que podem ser recolocados na natureza (ex.: árvores, animais) ou já existem à disposição sem que seja necessária a reposição (ex.: energia solar, ventos, água). (2) Qualquer bem, que, teoricamente, não possa ser totalmente consumido em função de sua capacidade de se reproduzir ou se regenerar. Podem ser recursos de fontes inesgotáveis (energia solar), provenientes de ciclos físicos (ciclo hidrológico) ou de sistemas biológicos (plantas e animais que se replicam). Recentemente, a ação antrópica tem deplecionado drasticamente alguns recursos antes considerados renováveis; isto decorre da exploração dos recursos num ritmo mais rápido do que eles são capazes de se renovarem. (3) Recursos que existem em quantidades fixas e que somente se renovam por processos geológicos, químicos e físicos de milhões de anos; petróleo e carvão são recursos não-renováveis. (4) Que potencialmente podem durar indefinidamente porque são substituídos por

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processos naturais, desde que respeitadas suas características; alguns recursos naturais renováveis, como a água doce, própria para consumo, podem ter sua capacidade de reposição afetada por alterações externas; a poluição das fontes naturais de abastecimento torna a água potável um produto cada vez mais raro.

Relatório Ambiental Preliminar (RAP) - Instrumento utilizado nos preâmbulos do procedimento licenciatório, com um conteúdo similar ao do EIA, porém menos aprofundado e detalhado. O RAP possibilita uma identificação preliminar dos potenciais impactos ambientais e possíveis medidas mitigadoras associadas a um empreendimento ou atividade em processo de licenciamento.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) - O relatório de impacto ambiental é o documento que apresenta os resultados técnicos e científicos de avaliação de impacto ambiental. Constitui um documento do processo de avaliação de impacto ambiental e deve esclarecer todos os elementos da proposta em estudo, de modo que possam ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e por todas as instituições envolvidas na tomada de decisão. O RIMA tornou-se documento essencial para exame dos Conselhos de Meio Ambiente, assim como para a tomada de decisão das autoridades ambientais.

Relatório de qualidade ambiental - Relatório instituído como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, modificada pela Lei n° 7.804, de 18 de julho de 1989, a ser divulgado anualmente pelo Ibama (FEEMA, 1997).

RIMA - Relatório de Impacto Ambiental; documento que apresenta os resultados dos estudos técnicos e científicos de avaliação de impacto ambiental; resume o Estudo Prévio de Impacto (EIA) e deve esclarecer todos os elementos do projeto em estudo, de modo compreensível aos leigos, para que possam ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e por todas as instituições envolvidas na tomada de decisão; a sigla RIMA apareceu pela primeira vez no Estado do Rio de Janeiro, em 1977, para designar o Relatório de Influência no Meio Ambiente; a regulamentação da Lei n° 6.938, de

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31/08/81, denomina Relatório de Impacto Ambiental - RIMA o documento que será constituído pelo estudo de impacto ambiental, a ser exigido para fins de licenciamento das atividades modificadoras do meio ambiente.

Risco Ambiental - (1) Potencial do dano que um impacto pode causar sobre o meio ambiente (Glossário Libreria, 2003). (2) Relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize, com o grau de vulnerabilidade do sistema receptor e seus efeitos. O gerenciamento de riscos ambientais é processo complexo e sua implantação torna-se exigência crescente, assim como a comunicação de riscos, que é um item indispensável ao processo de gestão ambiental.

Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) - Instituído pela Lei nº 6.938, de 31.08.81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, o SISNAMA reúne os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, que estejam envolvidos com o uso dos recursos ambientais ou que sejam responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Constituem o SISNAMA: o Conselho Nacional do Meio Ambiente, denominado Órgão Superior, com a função de assistir o Presidente da República na formulação das diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente; a SEMA, Órgão Central, encarregada de promover, disciplinar e avaliar a implementação dessa Política; os órgãos, entidades e fundações da Administração Pública Federal, chamados Órgãos Setoriais cujas atividades estejam associadas ao uso dos recursos ambientais ou à preservação da qualidade ambiental; os órgãos, entidades e fundações estaduais, Órgãos Seccionais responsáveis pelo planejamento e execução das ações de controle ambiental; os órgãos e entidades municipais, Órgãos Locais, responsáveis, em suas áreas de jurisdição, pelo controle e fiscalização das atividades modificadoras do meio ambiente.

Zoneamento - (1) A destinação, factual ou jurídica, da terra a diversas modalidades de uso humano. Como instituto jurídico, o conceito se restringe à destinação administrativa fixada ou reconhecida (MOREIRA NETO, 1976). (2) É o instrumento legal que regula o uso do solo no interesse do bem-estar coletivo,

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protegendo o investimento de cada indivíduo no desenvolvimento da comunidade urbana (GALLION apud FERRARI, 1979). (3) É o instrumento legal de que dispõe o Poder Público para controlar o uso da terra, as densidades de população, a localização, a dimensão, o volume dos edifícios e seus usos específicos, em prol do bem-estar social (Carta dos Andes, apud FERRARI, 1979). (4) É a destinação factual ou jurídica da terra a diversas modalidades de uso humano. Como instituto jurídico, o conceito se restringe à destinação administrativa fixada ou reconhecida. (5) Definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com vistas a proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade sejam alcançados de forma harmônica e eficaz.

Zoneamento ambiental - (1) É o planejamento racional, técnico, econômico, social e ambiental do uso do solo. (2) É o planejamento do uso do solo baseado na gerência dos interesses e das necessidades sociais e econômicas em consonância com a preservação ambiental e com as características naturais do local. (3) É uma delimitação ao direito de propriedade, já que se restringe diretamente ao seu uso, gozo e fruição, e, ao mesmo tempo, é um forte instrumento de intervenção do estado na ordem econômica, social e ambiental. (4) O zoneamento ambiental foi declarado como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (inciso II, artigo 9°, Lei nº 6.938 de 31.08.81). Em trabalho realizado pelo corpo técnico da FEEMA, como contribuição à regulamentação dessa lei, o zoneamento ambiental é definido como a integração sistemática e interdisciplinar da análise ambiental ao planejamento do uso do solo, com o objetivo de definir a melhor gestão dos recursos ambientais identificados. (5) Trata-se da integração harmônica de um conjunto de zonas ambientais com seu respectivo corpo normativo. Possui objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da Unidade possam ser alcançados. É instrumento normativo do Plano de Gestão Ambiental, tendo como pressuposto um cenário formulado a partir de peculiaridades ambientais diante dos processos sociais, culturais, econômicos e políticos vigentes e prognosticados para a APA e sua região.

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Zoneamento Ecológico-Econômico - (1) Delimitação de determinadas áreas levando-se em consideração os preceitos ecológicos e a economicidade da atividade (Portaria Normativa IBDF 302/84). (2) Zoneamento que estabelece normas de uso de uma região, de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, culturais e outras (Resolução CONAMA 010/88). (3) Recurso do planejamento para disciplinar o uso e ocupação humana de uma área ou região, de acordo com a capacidade de suporte; zoneamento agroecológico, variação para áreas agrícolas; base técnica para o ordenamento territorial.

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