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    ADMINISTRAO PBLICA

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    Didatismo e Conhecimento1

    ADMINISTRAO PBLICA

    1. CONCEITOS DE ESTADO, GOVERNO EADMINISTRAO PBLICA.

    ESTADO:

    O conceito de Estado varia segundo o ngulo em que considerado.

    Do ponto de vista sociolgico, corporao territorialdotada de um poder de mando originrio; sob o aspecto poltico, comunidade de homens, xada sobre um territrio, compotestade superior de ao, de mando e de coero; sob o prismaconstitucional, pessoa jurdica territorial soberana.

    Como ente personalizado, o Estado pode tanto atuar no campodo Direito Pblico, como no Direito Privado, mantendo sempresua nica personalidade de Direito Pblico, pois a teoria da duplapersonalidade do Estado acha-se denitivamente superada.

    O Estado constitudo de trs elementos originrios eindissociveis:

    Povo ( o componente humano do Estado); Territrio (a sua base fsica);Governo Soberano ( elemento condutor do Estado, que

    detm e exerce o poder absoluto de autodeterminao e auto-orga-nizao emanado do povo.

    Poderes do Estado: So o Legislativo o Executivo e o

    Judicirio, independentes e harmnicos entre si e com suas funesreciprocamente indelegveis (CF, art. 2). Esses poderes soimanentes e estruturais do Estado, a cada um deles correspondendouma funo que lhe atribuda com prescipuidade. Assim a funoprecpua do Legislativo a elaborao da lei (funo normativa);

    a funo precpua do Executivo a converso da lei em atoindividual e concreto (funo administrativa); a funo precpuado Judicirio a aplicao coativa da lei aos litigantes (funojudicial).

    O que h, portanto, no a separao de Poderes comdiviso absoluta de funes, mas, sim, distribuio de trs funesestatais precpuas entre rgos independentes, mas harmnicos ecoordenados no seu funcionamento, mesmo porque o podes estatal uno e indivisvel.

    GOVERNO:

    Administrao e Governo so termos que andam juntos emuitas vezes confundidos, embora expressem conceitos diversosnos vrios aspectos em que se apresentam.

    Governo, em sentido formal, o conjunto de Poderes e rgosconstitucionais; em sentido material, o complexo de funesestatais bsicas; em sentido operacional, a conduo polticados negcios pblicos. A constante do Governo a sua expressopoltica de comando, de iniciativa, de xao de objetivos doEstado e de manuteno da ordem jurdica vigente.

    Administrao Pblica, em sentido formal, o conjunto dergos institudos para consecuo dos objetivos do Governo; emsentido material, o conjunto das funes necessrias aos serviospblicos em geral; em acepo operacional, o desempenhoperene e sistemtico, legal e tcnico, dos servios prprios doEstado ou por ele assumidos em benefcio da coletividade. AAdministrao no pratica atos de Governo; pratica, to-somente,atos de execuo, com maior ou menor autonomia funcional,

    segundo a competncia do rgo e de seus agentes.

    ADMINISTRAO PBLICA:

    Em sentido lato, administrar gerir interesses, segundo a lei,a moral e a nalidade dos bens entregues guarda e conservaoalheias; a Administrao Pblica, portanto, a gesto de bens e

    interesses qualicados da comunidade no mbito federal, estadualou municipal, segundo preceitos de Direito e da Moral, visando obem comum.

    No trato jurdico, a palavra administrao traz em si conceitooposto ao de propriedade, isto , indica a atividade daquele quegere interesses alheios, muito embora o proprietrio seja, namaioria dos casos, o prprio gestor de seus bens e interesses; por ase v que os poderes normais do administrador so simplesmentede conservao e utilizao dos bens conados sua gesto,necessitando sempre de consentimento especial do titular de taisbens e interesses para os atos de alienao, onerao, destruioe renncia (na Administrao Pblica, deve vir expresso em lei).

    H de distinguir ainda, na Administrao Pblica,Os atos de imprio ( todo aquele que contm uma ordem ou

    deciso coativa da Administrao para o administrado);Os atos de gesto ( todo aquele que ordena a conduta

    interna da Administrao e de seus servidores, ou cria direitos eobrigaes entre ela e os administrados, tais como os despachosque determinam a execuo de servios pblicos, os atos deprovimento de cargo e movimentao de funcionrios, asautorizaes e permisses, os contratos em geral);

    E os atos de expediente ( todo aquele de preparo emovimentao de processos, recebimento e expedio de papeise de despachos rotineiros, sem deciso de mrito administrativo).

    ORGANIZAO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA:

    Organizao administrativa a estruturao legal das

    entidades e rgos que iram desempenhar as funes, atravsde agentes pblicos (pessoas fsicas). Essa organizao faz-senormalmente por lei, e excepcionalmente por decreto e normasinferiores, quando no exige a criao de cargos nem aumenta adespesa pblica.

    Neste campo estrutural e funcional do Estado atua o DireitoAdministrativo organizatrio, auxiliado pelas contemporneastcnicas de administrao, aquele estabelecendo o ordenamentojurdico dos rgos, das funes e dos agentes que irodesempenh-las, e estas informando sobre o modo mais eciente eeconmico de realiz-las em benefcio da coletividade. O DireitoAdministrativo impe as regras jurdicas da administrao efuncionamento do complexo estatal; as tcnicas de administraoindicam os instrumentos e a conduta mais adequada ao plenodesempenho das atribuies da Administrao.

    RGOS PBLICOS:

    rgo pblico uma unidade com atribuio especca den-tro da organizao do Estado. composto por agentes pblicosque dirigem e compem o rgo, voltado para o cumprimento deuma atividade estatal.

    Os rgos pblicos formam a estrutura do Estado, mas notm personalidade jurdica, uma vez que so apenas parte de umaestrutura maior, essa sim detentora de personalidade. Como parteda estrutura maior, o rgo pblico no tem vontade prpria,limitando-se a cumprir suas nalidadades dentro da competnciafuncional que lhes foi determinada pela organizao estatal.

    Esto presentes num rgo pblico: funo pblica

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    Didatismo e Conhecimento2

    ADMINISTRAO PBLICA

    cargo pblico agente pblico

    CLASSIFICAO

    Quanto posio estatal rgos independentes - So os denidos na Constituio

    e representativos dos Poderes do Estado. No possuem qualquersubordinao hierrquica e somente so controlados uns pelosoutros. Ex.: Congresso Nacional, Cmara dos Deputados, SenadoFederal, Cheas do Executivo, Tribunais e Juzes, MinistrioPblico e Tribunais de Contas.

    rgos autnomos - So os subordinados diretamente cpula da Administrao. Tm ampla autonomia administrativa,nanceira e tcnica, caracterizando-se como rgos diretivos, comfunes de planejamento, superviso, coordenao e controle dasatividades que constituem sua rea de competncia. Seus dirigentesso, em geral, agentes polticos nomeados em comisso. So osMinistrios e Secretarias, bem como a AGU (Advocacia-Geral daUnio) e as Procuradorias dos Estados e Municpios.

    rgos superiores - Detm poder de direo, controle,deciso e comando dos assuntos de sua competncia especca.Representam as primeiras divises dos rgos independentes eautnomos. Ex.: Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos,Divises, etc.

    rgos subalternos - So os que se destinam execuodos trabalhos de rotina, cumprindo ordens superiores. Ex.:portarias, sees de expediente, etc.

    Quanto estrutura rgos simples rgos compostosrgos Simples: tambm conhecidos por unitrios, so

    aqueles que possuem apenas um nico centro de competncia,sua caracterstica fundamental a ausncia de outro rgo em suaestrutura, para auxili-lo no desempenho de suas funes

    rgos Compostos: so aqueles que em sua estrutura possuemoutros rgos menores, seja com desempenho de funo principalou de auxilio nas atividades, as funes so distribudas em vrioscentros de competncia, sob a superviso do rgo de chea.

    Quanto atuao funcional rgos Singulares: so aqueles que decidem e atuam por

    meio de um nico agente, o chefe. Os rgos singulares possuemvrios agentes auxiliares, mas sua caracterstica de singularidade expressa pelo desenvolvimento de sua funo por um nicoagente, em geral o titular.

    rgos Coletivos: so aqueles que decidem pela manifestaode vrios membros, de forma conjunta e por maioria, sem a

    prevalncia da vontade do chefe, a vontade da maioria impostade forma legal, regimental ou estatutria.

    NATUREZA E FINS DA ADMINISTRAO:

    ANatureza da Administrao Pblica a de um mnus pblicopara quem a exerce, isto , a de um encargo de defesa, conservaoe aprimoramento dos bens, servios e interesses da coletividade,impondo ao administrador pblico a obrigao de cumprirelmente os preceitos do Direito e da Moral administrativa queregem sua atuao, pois tais preceitos que expressam a vontadedo titular dos interesses administrativos - o povo - e condicionamos atos a serem praticados no desempenho do mnus pblico quelhe conado.

    Os Fins da Administrao Pblica resumem-se num nicoobjetivo: o bem comum da coletividade administrativa; todaatividade deve ser orientada para esse objetivo; sendo que todo atoadministrativo que no for praticado no interesse da coletividadeser ilcito e imoral.

    No desempenho dos encargos administrativos o agente doPoder Pblico no tem a liberdade de procurar outro objetivo, oude dar m diverso do prescrito em lei para a atividade; descumpri-los ou renunci-las equivaler a desconsiderar a incumbncia queaceitou ao empossar-se no cargo ou funo pblica.

    Em ltima anlise, os ns da Administrao consubstanciam-se em defesa do interesse pblico, assim entendidas aquelasaspiraes ou vantagens licitamente almejadas por toda acomunidade administrativa, ou por parte expressiva de seusmembros; o ato ou contrato administrativo realizado sem interessepblico congura desvio de nalidade.

    2. PRINCPIOS DA ADMINISTRAOPBLICA.

    Os princpios jurdicos orientam a interpretao e a aplicaode outras normas. So verdadeiras diretrizes do ordenamento jur-dico, guias de interpretao, s quais a administrao pblica casubordinada. Possuem um alto grau de generalidade e abstrao,bem como um profundo contedo axiolgico e valorativo.

    Os principais princpios da Administrao Pblica estoinseridos no artigo 37 caput da Constituio Federal (CF):legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e ecincia.

    So cinco princpios, podendo ser facilmente memorizadosatravs da palavra LIMPE, vejam: L (legalidade); I(impessoalidade); M (moralidade); P (publicidade); e E(ecincia).

    Esses princpios tm natureza meramente exemplicativa,posto que representam apenas o mnimo que a AdministraoPblica deve perseguir quando do desempenho de suas atividades.Exemplos de outros princpios: razoabilidade, motivao,segurana das relaes jurdicas.

    Os princpios da Administrao Pblica so regras quesurgem como parmetros para a interpretao das demais normasjurdicas. Tm a funo de oferecer coerncia e harmonia para oordenamento jurdico. Quando houver mais de uma norma, deve-se seguir aquela que mais se compatibiliza com a ConstituioFederal, ou seja, deve ser feita uma interpretao conforme aConstituio.

    Os princpios da Administrao abrangem a AdministraoPblica direta e indireta de quaisquer dos Poderes da Unio, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municpios (art. 37 da CF/88).

    1. Princpio da Legalidade

    Ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algumacoisa seno em virtude de lei (art. 5., II, da CF). O princpio dalegalidade representa uma garantia para os administrados, poisqualquer ato da Administrao Pblica somente ter validade serespaldado em lei. Representa um limite para a atuao do Estado,visando proteo do administrado em relao ao abuso de poder.

    O princpio em estudo apresenta um perl diverso no campodo Direito Pblico e no campo do Direito Privado. No DireitoPrivado, tendo em vista o interesse privado, as partes podero fazertudo o que a lei no probe; no Direito Pblico, diferentemente,existe uma relao de subordinao perante a lei, ou seja, s sepode fazer o que a lei expressamente autorizar.

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    Nesse caso, faz-se necessrio o entendimento a respeito doato vinculado e do ato discricionrio, posto que no ato vinculadoo administrador est estritamente vinculado ao que diz a lei e noato discricionrio o administrador possui uma certa margem dediscricionariedade. Vejamos:

    a) No ato vinculado, o administrador no tem liberdade paradecidir quanto atuao. A lei previamente estabelece um nicocomportamento possvel a ser tomado pelo administrador no fatoconcreto; no podendo haver juzo de valores, o administrador nopoder analisar a convenincia e a oportunidade do ato.

    b) O ato discricionrio aquele que, editado debaixo dalei, confere ao administrador a liberdade para fazer um juzo deconvenincia e oportunidade.

    A diferena entre o ato vinculado e o ato discricionrio est nograu de liberdade conferido ao administrador.

    Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionrio s poderoser reapreciados pelo Judicirio no tocante sua legalidade, pois ojudicirio no poder intervir no juzo de valor e oportunidade daAdministrao Pblica.

    Importante tambm destacar que o princpio da legalidade, noDireito Administrativo, apresenta algumas excees: Exemplo:

    a) Medidas provisrias: so atos com fora de lei que spodem ser editados em matria de relevncia e urgncia. Dessaforma, o administrado s se submeter ao previsto em medida pro-visria se elas forem editadas dentro dos parmetros constitucio-nais, ou seja, se presentes os requisitos da relevncia e da urgncia;

    b) Estado de stio e estado de defesa: so momentos deanormalidade institucional. Representam restries ao princpioda legalidade porque so institudos por um decreto presidencialque poder obrigar a fazer ou deixar de fazer mesmo no sendo lei.

    2. Princpio da Impessoalidade

    Signica que a Administrao Pblica no poder atuardiscriminando pessoas de forma gratuita, a Administrao Pblicadeve permanecer numa posio de neutralidade em relao spessoas privadas. A atividade administrativa deve ser destinadaa todos os administrados, sem discriminao nem favoritismo,constituindo assim um desdobramento do princpio geral daigualdade, art. 5., caput, CF.

    Ex.: Quando da contratao de servios por meio de licitao,a Administrao Pblica deve estar estritamente vinculada aoedital, as regras devem ser iguais para todos que queiram participarda licitao.

    3. Princpio da MoralidadeObedecendo a esse princpio, deve o administrador, alm de

    seguir o que a lei determina, pautar sua conduta na moral comum,fazendo o que for melhor e mais til ao interesse pblico. Tem

    que separar, alm do bem do mal, legal do ilegal, justo do injusto,conveniente do inconveniente, tambm o honesto do desonesto. a moral interna da instituio, que condiciona o exerccio dequalquer dos poderes, mesmo o discricionrio.

    Nossa Carta Magna faz meno em diversas oportunidades aesse princpio. Uma delas, prevista no art. 5, LXXIII, trata da aopopular contra ato lesivo moralidade administrativa. Em outra,o constituinte determinou a punio mais rigorosa da imoralidadequalicada pela improbidade (art. 37, 4). H ainda o art. 14, 9, onde se visa proteger a probidade e moralidade no exerccio demandato, e o art. 85, V, que considera a improbidade administrati-va como crime de responsabilidade.

    A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9., apresentou, emcarter exemplicativo, as hipteses de atos de improbidadeadministrativa; esse artigo dispe que todo aquele que objetivar

    algum tipo de vantagem patrimonial indevida, em razo de cargo,mandato, emprego ou funo que exerce, estar praticando ato deimprobidade administrativa. So exemplos:

    1) Usar bens e equipamentos pblicos com nalidade par-ticular;

    2) Intermediar liberao de verbas;3) Estabelecer contratao direta quando a lei manda licitar;4) Vender bem pblico abaixo do valor de mercado;5) Adquirir bens acima do valor de mercado (superfatura-

    mento).

    Os atos de improbidade podem ser combatidos atravs deinstrumentos postos disposio dos administrados, so eles;

    1) Ao Popular, art. 5., LXXIII, da CF; e2) Ao Civil Pblica, Lei n. 7347/85, art. 1..

    4. Princpio da Publicidade

    o dever atribudo Administrao, de dar total transparnciaa todos os atos que praticar, ou seja, como regra geral, nenhum ato

    administrativo pode ser sigiloso.A regra do princpio que veda o sigilo comporta algumas

    excees, como quando os atos e atividades estiverem relacionadoscom a segurana nacional ou quando o contedo da informao forresguardado por sigilo (art. 37, 3., II, da CF/88).

    A publicidade, entretanto, s ser admitida se tiver meducativo, informativo ou de orientao social, proibindo-se apromoo pessoal de autoridades ou de servidores pblicos pormeio de aparecimento de nomes, smbolos e imagens. Exemplo: proibido placas de inaugurao de praas com o nome do prefeito.

    5. Princpio da Efcincia

    A Emenda Constitucional n 19 trouxe para o textoconstitucional o princpio da ecincia, que obrigou a

    Administrao Pblica a aperfeioar os servios e as atividadesque presta, buscando otimizao de resultados e visando atender ointeresse pblico com maior ecincia.

    Para uma pessoa ingressar no servio pblico, deve haverconcurso pblico. A Constituio Federal de 1988 dispe quaisos ttulos e provas hbeis para o servio pblico, a natureza e acomplexidade do cargo.

    Para adquirir estabilidade, necessria a ecincia (nomeaopor concurso, estgio probatrio etc.). E para perder a condiode servidor, necessria sentena judicial transitada em julgado,processo administrativo com ampla defesa e insucincia dedesempenho.

    H ainda outros princpios que a Administrao Pblica deveperseguir, dentre eles, podemos citar dois de grande importncia;

    a) Princpio da Motivao: o princpio mais importante,visto que sem a motivao no h o devido processo legal.No entanto, motivao, neste caso, nada tem haver com aquele

    estado de nimo. Motivar signica mencionar o dispositivo legalaplicvel ao caso concreto, relacionar os fatos que concretamentelevaram aplicao daquele dispositivo legal.

    Todos os atos administrativos devem ser motivados para queo Judicirio possa controlar o mrito do ato administrativo quanto sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem-se observar osmotivos dos atos administrativos.

    Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionrio, editadosob a lei, confere ao administrador uma margem de liberdadepara fazer um juzo de convenincia e oportunidade, no sendonecessria a motivao, porm, se houver tal motivao, o atodever condicionar-se referida motivao.

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    O entendimento majoritrio, no entanto, de que, mesmo noato discricionrio, necessria a motivao para que se saiba qualo caminho adotado.

    b) Princpio da Supremacia do Interesse Pblico sobre

    o Particular: Sempre que houver necessidade de satisfazer uminteresse pblico, em detrimento de um interesse particular,prevalece o interesse pblico. So as prerrogativas conferidas Administrao Pblica, porque esta atua por conta dos interessespblicos.

    O administrador, para melhor se empenhar na busca dointeresse pblico, possui direitos que asseguram uma maioramplitude e segurana em suas relaes.

    No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados paranalidade diversa do interesse pblico, o administrador serresponsabilizado e surgir o abuso de poder.

    3. POLTICAS PBLICAS.

    Poltica pblica denida como o conjunto de aes desen-cadeadas pelo Estado, no caso brasileiro, nas escalas federal, es-tadual e municipal, com vistas ao bem coletivo. Elas podem serdesenvolvidas em parcerias com organizaes no governamentaise, como se verica mais recentemente, com a iniciativa privada.

    Cabe ao Estado propor aes preventivas diante de situaesde risco sociedade por meio de polticas pblicas. O contratualis-mo gera esta expectativa, ainda mais na Amrica Latina, marcadapor prticas populistas no sculo XX.

    Vamos fazer um paralelo entre as mudanas climticas e a efe-tividade das polticas pblicas. No caso das mudanas climticas,

    dever do Estado indicar alternativas que diminuam as conseqn-cias que elas traro populao do Brasil, em especial para a maispobre, que ser mais atingida.

    Porm, no resta dvida que diversas foras sociais integramo Estado. Elas representam agentes com posies muitas vezes an-tagnicas. Tambm preciso ter claro que as decises acabam porprivilegiar determinados setores, nem sempre voltados maioriada populao brasileira.

    Analisar aes em escalas diferentes de gesto permite iden-ticar oportunidades, prioridades e lacunas. Alm disso, ela possi-bilita ter uma viso ampla das aes governamentais em situaesdistintas da realidade brasileira que, alm de complexa, apresentaenorme diversidade natural, social, poltica e econmica que gerapresses nos diversos nveis de gesto. As foras polticas devemser identicadas para compreender os reais objetivos das medidas

    aplicadas relacionadas s mudanas climticas no Brasil.A temtica do aquecimento global ganhou corpo no mundodesde a dcada de 1980. Na dcada seguinte, surgiram conven-es internacionais para regulamentar emisses de gases de efeitoestufa e, principalmente, apontar causas e efeitos das alteraesclimticas. O Brasil teve um papel destacado nas negociaes in-ternacionais. Porm, internamente as polticas pblicas relaciona-das ao tema ainda deixam a desejar.

    Na escala Federal houve a destacada Comisso Interminis-terial de Mudanas Climticas, coordenada pelo Ministrio deCincia e Tecnologia. Alm disso, o Ministrio do Meio Ambientelanou um documento de avaliao das implicaes das alteraesclimticas para o Brasil, mas ainda no chegou a um Plano Nacio-nal de Mudanas Globais. Na escala estadual, So Paulo merecedestaque por aplicar uma poltica de mitigao.

    Apesar de apresentar resultados preliminares interessantes,carece de recursos para ganhar uma escala maior. Por sua vez, omunicpio de So Paulo desenvolveu no ltimo ano uma polticana escala municipal que busca contribuir para a reduo de emis-ses da maior aglomerao urbana do pas.

    Demandas Comuns em Polticas Pblicas Demandas novas - Correspondem quelas que resultam

    do surgimento de novos atores polticos ou novos problemas. Demandas recorrentes- So aquelas que expressam

    problemas no resolvidos ou mal resolvidos. Demandas reprimidas- So aquelas constitudas sob

    um estado de coisas ou por no-deciso.

    As Polticas Pblicas podem ser compreendidas como umsistema (conjunto de elementos que se interligam, com vistas aocumprimento de um m: o bem-comum da populao a quem sedestinam), ou mesmo como um processo, pois tem ritos e passos,encadeados, objetivando uma nalidade. Estes normalmenteesto associados passos importantes como a sua concepo, anegociao de interlocutores teis ao desenvolvimento (tcnicos,patrocinadores, associaes da sociedade civil e demais parceirosinstitucionais), a pesquisa de solues aplicveis, uma agendade consultas pblicas (que uma fase importante do processode legitimao do programa no espao pblico democrtico),a eleio de opes razoveis e aptas para o atingimento danalidade, a oramentao e busca de meios ou parceiros para osuporte dos programas, oportunidade em que se xam os objetivose as metas de avaliao. Finalmente, a implementao direta e/ou associada, durante o prazo estimado e combinado com osgestores e nanciadores, o monitoramento (acompanhamento ereajustamento de linhas - renamento) e a sua avaliao nal, comdados objetivamente mensurveis

    Os atores polticos so as partes envolvidas nos conitos.

    Esses atores ao atuarem em conjunto aps o estabelecimento deum projeto a ser desenvolvido onde esto claras as necessidadee obrigaes das partes chegam a um estgio de harmonia queviabiliza a poltica pblica.

    RELAO ENTRE POLTICA E POLTICA PBLICA

    Poltica denomina arte ou cincia da organizao, direo eadministrao de naes ou Estados; aplicao desta arte aos neg-cios internos da nao (poltica interna) ou aos negcios externos(poltica externa). Nos regimes democrticos, a cincia poltica aatividade dos cidados que se ocupam dos assuntos pblicos comseu voto ou com sua militncia.

    Poltica a ordenao institucional, segundo recursos de au-toridade, dos interesses sociais em disputa, independentemente

    das frmulas de competio particulares adotadas e quaisquer quesejam os fundamentos materiais e ideais dos interesses concretosenvolvidos. Por outro lado, polticas pblicas referem-se s tradu-es tcnico-racionais de solues especcas do referido jogo deinteresses da Poltica.

    trivial o reconhecimento de que as relaes entre os doisconceitos acima referidos constituem questo-chave na deniodo carter dos sistemas polticos modernos que no podemprescindir de traduo racional-legal para as alocaes de poderefetivamente logradas.

    A poltica uma palavra que vem das origens de lsofoscomo Plato e Aristteles que na verdade se aprofundaram nesteassunto e se preocupavam com isso. A poltica na verdade, soidias que devem fazer parte de uma nao. Um pas precisa da talpoltica para que tenha um sistema governamental slido.

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    Para que isto acontea preciso que a nao inteira faa e crieleis para que a poltica seja realizada de tal forma, que no deixeningum descontente.

    Poltica pblica aquilo que o Estado criou para que seja pos-to em prtica, as leis e os projetos elaborados pelos polticos, isto

    , pelas pessoas que governam o pas. Resumindo: a poltica pbli-ca so regras e conceitos extrados da prpria poltica que criadapor algo ou por algum.

    O estado como o Brasil por exemplo, tem a obrigao de im-plantar as polticas pblicas para que o povo tenha seus direitos edeveres.

    Exemplo de polticas pblicas: emprego, educao, seguran-a, sade, cultura, justia, ente outros projetos.

    A Anlise de Polticas pode ser considerada como um conjun-to de conhecimentos proporcionado por diversas disciplinas dascincias humanas utilizados para buscar resolver ou analisar pro-blemas concretos em poltica.

    A Anlise de Poltica recorre a contribuies de uma srie dedisciplinas diferentes, a m de interpretar as causas e conseqn-cias da ao do governo, em particular, ao voltar sua ateno aoprocesso de formulao de poltica. AAnlise de Poltica umasub-rea aplicada, cujo contedo no pode ser determinado porfronteiras disciplinares, mas sim por uma abordagem que pareaapropriada s circunstncias do tempo e natureza do problema.

    FazerAnlise de Poltica descobrir o que os governos fa-zem, porque fazem e que diferena isto faz, a descrio e explica-o das causas e conseqncias da ao do governo

    A poltica compreende um conjunto de procedimentosdestinados resoluo pacica de conitos em torno da alocaode bens e recursos pblicos. Quem so os envolvidos nestesconitos? So os chamados atores polticos. Os atores polticosso diversos e possuem caractersticas distintas.

    Para comear, podese distinguir entre atores pblicos eatores privados. Os atores pblicos so aqueles que se distinguempor exercer funes pblicas e por mobilizar os recursosassociados a estas funes. Dentre os atores pblicos, por sua vez,podese diferenciar, grosso modo, duas categorias: os polticos e osburocratas.

    Os polticos so aqueles atores cuja posio resultade mandatos eletivos. Por isso, sua atuao condicionadaprincipalmente pelo clculo eleitoral e pelo pertencimento apartidos polticos. So os parlamentares, governadores, prefeitose membros eleitos do executivo federal.

    Os burocratas, por sua vez, devem a sua posio ocupao de cargos que requer conhecimento especializadoe que se situam em um sistema de carreira pblica. Controlam,

    principalmente, recursos de autoridade e informao. Embora nopossuam mandato, os burocratas geralmente possuem clientelassetoriais. Alm disso, eles tm projetos polticos, que podem serpessoais ou organizacionais (como a delidade instituio, ocrescimento da organizao qual pertencem, etc). Por isso, comum haver disputas no apenas entre polticos e burocratas,mas tambm conitos entre burocracias de diferentes setores dogoverno.

    Entre os atores privados destacamse os empresrios.Sem qualquer sombra de dvida, so atores dotados de grandecapacidade de inuir nas polticas pblicas, j que so capazes deafetar a economia do pas: controlam as atividades de produo,parcelas do mercado e a oferta de empregos. Os empresriospodem se manifestar como atores individuais isolados ou comoatores coletivos.

    Um outro ator importante so os trabalhadores. O seupoder resulta da ao organizada, portanto, atuam atravs deseus sindicatos, que eventualmente so ligados a partidos, ONGse at mesmo a igrejas. No caso dos trabalhadores, importanteconsiderar que, dependendo da importncia estratgica do setor

    onde atuam, podem dispor de maior ou menor poder de presso.Alm disso, preciso considerar que nos pases onde

    grande parte da economia foi estatizada, os servidores pblicosde alguns setores so capazes de virtualmente parar o pas. NoBrasil, por exemplo, importante ter em mente que o serviopblico est quase totalmente sindicalizado e os sindicatos deservidores pblicos, so na sua maioria, ligados a combativascentrais sindicais.

    Outro ator de grande importncia no processo polticoso os agentes internacionais. Podem ser agentes nanceiros comoo FMI, o Banco Mundial, etc., cuja importncia bvia no quediz respeito a questes econmicas. Podem ser organizaes ougovernos de pases com os quais se mantm relaes de trocaimportantes e que podem afetar no apenas a economia, mas tambma poltica interna do pas. Um exemplo foi a atuao dos EUA emquestes como a Lei de Patentes, etc. Outro a atuao da AnistiaInternacional na questo dos desaparecidos polticos. Um outroexemplo encontra-se na atuao de organizaes ecolgicas emtomo de problemas como a preservao da Amaznia. Hoje, almdisso, preciso ter em mente que existe um outro tipo de agenteno cenrio internacional: os chamados atores trasnacionalizados,que atuam em escala global, concentrando atomizadamente vastasparcelas de poder, notadamente no mercado nanceiro e nastelecomunicaes, mas tambm no mercado de armas e no crimeorganizado.

    Finalmente, embora no atue diretamente, no se podeignorar o papel da mdia. Principalmente os jornais e a televisoso importantes agentes formadores de opinio, que possuemcapacidade de mobilizar a ao de outros atores. Na verdade,principalmente a televiso, tem um grande poder de formar aagenda de demandas pblicas, de chamar a ateno do pblico paraproblemas diversos, de mobilizar a indignao popular, enm, deinuir sobre as opinies e valores da massa popular, importanteassinalar, ainda, que a mdia impressa e/ou eletrnica pode ser, aomesmo tempo ou alternativamente, um ator, um recurso de poder eum canal de expresso de interesses.

    Podese supor que todos os atores agem de maneiraabsolutamente racional, buscando a soluo mais perfeita paraapenas aquele problema que est em jogo. Nesse caso, o governo(logo, os tomadores de deciso) visto como um ator unitrio,monoltico, que trata o problema estrategicamente, estabelecendoquais so os seus objetivos, quais as solues alternativasdisponveis e quais as conseqncias de cada uma. Escolhe aalternativa que lhe traz conseqncias mais vantajosas e age.

    Conceitualmente, este tipo de anlise baseiase em uma idiasemelhante idia do mercado de concorrncia perfeita naeconomia.

    Acontece que o mercado de concorrncia perfeita no existena realidade, pois a racionalidade humana no d conta de todas asinformaes e, alm disso, o processo decisrio carrega inmerasambigidades. Ademais, uma poltica nunca se esgota nela mesmae freqentemente mostrase um campo de interesse cruzados,diversicados e mesmo conitantes. Finalmente, o governoe o Estado no so unitrios: ao contrrio, so compostos porindivduos, que tem interesses prprios, diferenciados e que fazemseu clculo poltico pessoal, circunstancial e de longo prazo.

    As sociedades modernas tm, como principal caracterstica, adiferenciao social. Isto signica que seus membros no apenaspossuem atributos diferenciados (idade, sexo, religio, estado

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    Didatismo e Conhecimento6

    ADMINISTRAO PBLICA

    civil, escolaridade, renda, setor de atuao prossional, etc.), comotambm possuem idias, valores, interesses e aspiraes diferentese desempenham papis diferentes no decorrer da sua existncia.Tudo isso faz com que a vida em sociedade seja complexa efreqentemente envolva conito: de opinio, de interesses, de

    valores, etc.Entretanto, para que a sociedade possa sobreviver e progredir,

    o conito deve ser mantido dentro de limites administrveis. Paraisto, existem apenas dois meios: a coero pura e simples e apoltica. O problema com o uso da coero que, quanto mais utilizada, mais reduzido se torna o seu impacto e mais elevado setorna o seu custo. Resta, ento, a poltica. Esta envolve coero -principalmente como possibilidade - mas que no se limita a ela.Cabe indagar, ento, o que a poltica. Uma denio bastantesimples oferecida por Schmitter: poltica a resoluo paccade conitos. Entretanto, este conceito demasiado amplo,restringe pouco. possvel delimitar um pouco mais e estabelecerque a poltica consiste no conjunto de procedimentos formais einformais que expressam relaes de poder e que se destinam resoluo pacca dos conitos quanto a bens pblicos.

    As polticaspblicas (policies), por sua vez, so outputs,resultantes das atividades poltica (politics) : compreendem oconjunto das decises e aes relativas alocao imperativa devalores. Nesse sentido necessrio distinguir entre poltica pblicae deciso poltica. Uma poltica pblica geralmente envolve maisdo que uma deciso e requer diversas aes estrategicamenteselecionadas para implementar as decises tomadas. J umadeciso poltica corresponde a uma escolha dentre um leque dealternativas, conforme a hierarquia das preferncias dos atoresenvolvidos, expressando - em maior ou menor grau - uma certaadequao entre os ns pretendidos e os meios disponveis.Assim, embora uma poltica pblica implique deciso poltica,nem toda deciso poltica chega a constituir uma poltica pblica.Um exemplo encontra-se na emenda constitucional para reeleiopresidencial. Trata-se de uma deciso, mas no de uma polticapblica. J a privatizao de estatais ou a reforma agrria sopolticaspblicas.

    EXERCCIOS

    01. (FCC TRT 9 Regio - 2010) Analise as seguintesassertivas acerca dos princpios bsicos da Administrao Pblica:

    I. O princpio da ecincia, introduzido pela EmendaConstitucional no 19/1998, o mais moderno princpio da funoadministrativa e exige resultados positivos para o servio pblicoe satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e deseus membros.

    II. Todo ato administrativo deve ser publicado, s se admitindosigilo nos casos de segurana nacional, investigaes policiais, ouinteresse superior da Administrao a ser preservado em processopreviamente declarado sigiloso.

    III. Quanto ao princpio da motivao, no se admite a chamadamotivao aliunde, consistente em declarao de concordnciacom fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decisesou propostas.

    IV. A publicidade elemento formativo do ato administrativo,ou seja, sua divulgao ocial para conhecimento pblico requisito imprescindvel prpria formao do ato e consequenteproduo de efeitos jurdicos.

    Est correto o que consta APENAS em(A) I, II e IV.(B) I e II.(C) I e IV.(D) II e III.(E) II, III e IV.

    02 - (FGV - TRT 7 Regio - 2009) A administrao pblicadireta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios delegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e ecinciae, tambm,

    (A) os acrscimos pecunirios percebidos por servidorpblico sero computados e acumulados para ns de concesso deacrscimos ulteriores.

    (B) vedada a vinculao ou equiparao de quaisquerespcies remuneratrias para o efeito de remunerao de pessoaldo servio pblico.

    (C) a administrao fazendria e seus servidores scais notero, dentro de suas reas de competncia e jurisdio, precednciasobre os demais setores administrativos, na forma da lei.

    (D) a autarquia ser criada por lei complementar, cabendo lei ordinria federal denir as reas de sua atuao.

    (E) as administraes tributrias dos Municpios, exercidas porservidores de carreiras especcas, tero recursos secundrios paraa realizao de suas atividades e atuaro de forma desintegrada.

    03. (FCC - TRE DE ALAGOAS - Analista Judicirio -2010) mencionado expressamente no caput do artigo 37 daConstituio Federal de 1988, o princpio da

    (A) efetividade.(B) ecincia.(C) eccia.(D) proporcionalidade.(E) razoabilidade.

    GABARITO

    01 B

    02 B

    03 B

    ANOTAES