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901 Resumo Processo-Penal Revisao-Jurisprudencia
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Processo Penal
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros
doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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Sumrio:
1. Jurisprudncia Supremo Tribunal Federal .............................................................. 2
1.1. Competncia por prerrogativa de foro e desmembramento (AP 871 QO/PR) ... 2
1.2. Interrogatrio do ru e princpio da especialidade (HC 121953/MG) ................. 2
1.3. Trabalho externo e cumprimento mnimo de pena (EP 2 TrabExt-AgR/DF) ....... 4
1.4. Trfico de Drogas e indulto humanitrio (HC 118213/SP) .................................. 4
1.5. Juzo absolutrio e prescrio (AP 465/DF) ......................................................... 5
1.6. Interceptao telefnica e transcrio integral (Inq 3693/PA) ........................... 6
1.7. Interceptao e prorrogaes (HC 119770/BA) ................................................... 7
1.8. Renncia a mandato de parlamentar e competncia do STF (AP 536 QO/MG) . 8
2. Superior Tribunal de Justia ........................................................................................ 9
2.1. Descoberta fortuita de delitos que no so objeto de investigao (HC
282.096-SP) ............................................................................................................................. 9
2.2. Inaplicabilidade da transao penal s contravenes penais praticadas contra
mulher no contexto de violncia domstica (HC 280.788-RS) ............................................... 9
2.3. Compatibilidade entre a priso cautelar e o regime semiaberto fixado na
sentena (HC 289.636-SP) ..................................................................................................... 11
2.4. Inaplicabilidade do princpio da indivisibilidade em ao pblica (RHC 34.233-
SP) ......................................................................................................................................... 11
2.5. Competncia do juizado de violncia domstica e familiar contra a mulher
(REsp 1.416.580-RJ) .............................................................................................................. 12
2.6. Prazos para recursos do MP em matria penal (AgRg no EREsp 1.187.916-SP) 13
Processo Penal
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros
doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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Professor: Marcelo Uzeda
1. Jurisprudncia Supremo Tribunal Federal
1.1. Competncia por prerrogativa de foro e desmembramento (AP 871 QO/PR)
O interessante neste caso que ultimamente o prprio STF vem afastando o
entendimento da smula 704 do STF, que prev a atrao do co-ru para o foro por
prerrogativa de funo.
Restou consignado no julgado que a competncia para determinar o
desmembramento nestas ocasies do Supremo. Ressalte-se, a regra ainda a atrao, mas
o Supremo que far o juzo de convenincia quanto ao art.80, CPP.
Smula 704, STF. No viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atrao por continncia ou conexo do processo do co-ru ao foro por
prerrogativa de funo de um dos denunciados.
Art. 80. Ser facultativa a separao dos processos quando as infraes tiverem sido
praticadas em circunstncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo
nmero de acusados e para no Ihes prolongar a priso provisria, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a separao.
(Informativo 750, 2 Turma)
Competncia por prerrogativa de foro e desmembramento
Compete ao Supremo Tribunal Federal decidir quanto convenincia de
desmembramento de procedimento de investigao ou persecuo penal, quando
houver pluralidade de investigados e um deles tiver prerrogativa de foro perante a Corte.
A Turma consignou que a competncia de foro por prerrogativa de funo seria matria
de direito estrito, reservada s aes penais e aos inquritos em que se figurasse patente
a participao das autoridades indicadas no preceito constitucional. Registrou que, com
relao s aes penais em que no figurassem pessoas com prerrogativa de foro, no
haveria razo para submet-las jurisdio do STF. Concluiu que o juzo de convenincia
fundado no art. 80 do CPP, quanto eventual ciso processual, competiria sempre ao
STF.
AP 871 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-871)
1.2. Interrogatrio do ru e princpio da especialidade (HC 121953/MG)
O interrogatrio no final da instruo se aplica Lei de Drogas?
A indagao surgiu sob o argumento de que esta norma seria mais benfica ao ru e
ampliaria as suas chances de defesa. No obstante, o Supremo entendeu que devem ser
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aplicadas as regras procedimentais previstas na prpria Lei de Drogas, nos arts. 54 a 59, nas
quais h o estabelecimento de que o interrogatrio o primeiro ato da audincia.
Prevalece, portanto, a especialidade da Lei 11.343/06 e no h nenhuma violao ao
devido processo legal, uma vez que a referida lei dispe que o interrogatrio o primeiro
ato.
Caso se considere que o interrogatrio um meio de defesa, o melhor que ele seja
feito ao final. Mas como h entendimento de que o interrogatrio tem natureza hbrida,
meio de defesa e meio de prova, no haveria um prejuzo e ento o rito processual teria que
ser atendido, at porque ele indisponvel e est previsto em lei.
Neste caso, o STF ainda especificou que a parte dever demonstrar o prejuzo, que,
na ocasio do julgado restara inocorrente.
Observao: o Supremo admitiu a aplicao do art.400 do CPP no procedimento
penal militar que tambm prev o interrogatrio como o primeiro ato da audincia. Ele
entendeu que a reforma de 2011 se aplica ao Cdigo Penal Militar.
Essa questo tambm est sendo enfrentada pelo STJ. H entendimento favorvel
aplicao do procedimento ordinrio e tambm ao critrio de especialidade, mantendo o
rito previsto pela Lei de Drogas.
Art. 400, CPP. Na audincia de instruo e julgamento, a ser realizada no prazo mximo
de 60 (sessenta) dias, proceder-se- tomada de declaraes do ofendido, inquirio
das testemunhas arroladas pela acusao e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o
disposto no art. 222 deste Cdigo, bem como aos esclarecimentos dos peritos, s
acareaes e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
acusado. (Redao dada pela Lei n 11.719, de 2008).
Art. 57, Lei 11.343/06. Na audincia de instruo e julgamento, aps o interrogatrio do
acusado e a inquirio das testemunhas, ser dada a palavra, sucessivamente, ao
representante do Ministrio Pblico e ao defensor do acusado, para sustentao oral,
pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogvel por mais 10 (dez), a critrio
do juiz.
(Informativo 750, 2 Turma)
Provas. Trfico de drogas: interrogatrio do ru e princpio da especialidade
O rito previsto no art. 400 do CPP com a redao conferida pela Lei 11.719/2008 no
se aplica Lei de Drogas, de modo que o interrogatrio do ru processado com base na
Lei 11.343/2006 deve observar o procedimento nela descrito (artigos 54 a 59). Com base
nesse entendimento, a 2 Turma denegou habeas corpus em que se pretendia a
observncia do art. 400 do CPP em processo penal alusivo ao crime de trfico de drogas.
A Turma afirmou que o art. 57 da Lei 11.343/2006 estabelece que o interrogatrio
ocorreria em momento anterior oitiva das testemunhas, diferentemente do que prev
o art. 400 do CPP, que dispe que o interrogatrio seria realizado ao final da audincia
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de instruo e julgamento. Assentou, ainda, que seria necessria a demonstrao do
prejuzo, inocorrente na espcie. Ademais, entendeu que, no confronto entre as duas leis,
aplicar-se-ia a lei especial quanto ao procedimento, que, no caso, seria a Lei de Drogas.
Precedente citado: HC 85.155/SP (DJU de 15.4.2005).
HC 121953/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 10.6.2014. (HC-121953)
1.3. Trabalho externo e cumprimento mnimo de pena (EP 2 TrabExt-AgR/DF)
Neste caso, o ru condenado em regime semiaberto desejava fazer o trabalho
externo, que inerente ao regime, e o relator negou o benefcio ao argumento de que seria
necessrio o cumprimento de no mnimo 1/6 da pena.
O Supremo entendeu que esse cumprimento mnimo de pena no se aplica aos
condenados em regime semiaberto.
O julgado importante, pois vislumbra a posio do plenrio se alinhando ao
entendimento do STJ.
(Informativo 752, Plenrio)
Execuo da Pena - Trabalho externo e cumprimento mnimo de pena
A exigncia objetiva de prvio cumprimento do mnimo de 1/6 da pena, para fins de
trabalho externo, no se aplica aos condenados que se encontrarem em regime
semiaberto. A Corte afirmou que a interpretao do direito no poderia ignorar a
realidade. Ressaltou que juzes e tribunais deveriam prestigiar entendimentos razoveis
que no sobrecarregassem, ainda mais, o sistema, nem tampouco impusessem aos
apenados situaes mais gravosas do que as que decorreriam da lei e das condenaes
que teriam sofrido. Sublinhou que o STJ rgo encarregado de uniformizar a
interpretao do direito federal , h mais de 15 anos sedimentara jurisprudncia de
que o prvio cumprimento de 1/6 da pena, para fins de trabalho externo, no se
aplicaria aos que se encontrassem em regime semiaberto, mas somente aos condenados
a regime fechado.
EP 2 TrabExt-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 25.6.2014. (EP-2)
1.4. Trfico de Drogas e indulto humanitrio (HC 118213/SP)
A condenao por trfico de drogas impede o benefcio do indulto. A Constituio
veda anistia e graa (art.5, XLIII, CRFB). A Lei de Crimes Hediondos e a Lei de Drogas vedam
anistia, graa e indulto.
O indulto, na viso do Supremo, espcie do gnero graa. Graa o indulto
individual e o indulto, o indulto coletivo. Assim, a vedao constitucional abrangeria tambm
a vedao do indulto.
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Importante destacar que o STF entendeu que a associao para o trfico crime
hediondo, o que contraria a posio dominante da doutrina e at da jurisprudncia do STJ
(entendem que no crime hediondo por no se tratar de trfico, mas de associao para o
trfico).
(Informativo 745, 2 Turma)
Execuo da Pena. Trfico de drogas e indulto humanitrio - 1
A 2 Turma reiterou jurisprudncia no sentido de no ser possvel o deferimento de
indulto a ru condenado por trfico de drogas, ainda que tenha sido aplicada a causa de
diminuio prevista no art. 33, 4, da Lei 11.343/2006 pena a ele imposta,
circunstncia que no altera a tipicidade do crime. Afirmou que os condenados por
trfico de drogas ilcitas no poderiam ser contemplados com o indulto. Ponderou que,
nos termos da Lei 8.072/1990, o crime de trfico de droga, equiparado a hediondo, no
permitiria anistia, graa e indulto e a regra de competncia privativa do Presidente da
Repblica, contida no art. 84, XII, da CF (conceder indulto e comutar penas, com
audincia, se necessrio, dos rgos institudos em lei). Assinalou que a proibio do
art. 5, XLIII, da CF seria aplicvel ao indulto individual e ao indulto coletivo. Enfatizou
que, tanto o trfico ilcito de entorpecentes, quanto a associao para o trfico foram
equiparados a crime hediondo (Lei 11.343/2006, art. 44) e, por isso, a benesse requerida
no poderia ser concedida.
HC 118213/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.5.2014. (HC-118213)
1.5. Juzo absolutrio e prescrio (AP 465/DF)
A smula 241 do TFR diz que se for reconhecida a prescrio da punibilidade, ficar
prejudicado o exame do mrito da apelao.
Ocorre que o STF em julgados recentes tem afastado o entendimento dessa smula.
Se condenado o ru, seria reconhecida a prescrio. Mas eventual sentena
absolutria mais favorvel ao ru do que o registro de uma prescrio. Por isso, no caso
em comento, o Supremo afastou a prescrio da punibilidade que prejudicaria o exame do
mrito e absolveu o acusado.
Importante salientar que o juiz poder reconhecer a prescrio e no julgar o mrito
ou afast-la e promover um juzo absolutrio. No obstante, o ru no possui direito
subjetivo absolvio. Se for hiptese de absolvio, prefervel que o juiz afaste a
prescrio. Mas se o caso for de condenao, desejvel que ele reconhea a prescrio da
punibilidade.
A prescrio pela pena em abstrato no tem um juzo condenatrio. Um dos
fundamentos polticos da prescrio a teoria do esquecimento (o passar do tempo leva ao
esquecimento do fato).
Processo Penal
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Smula 241, TFR. A extino da punibilidade pela prescrio da pretenso punitiva
prejudica o exame do mrito da apelao criminal.
(Informativo 743, Plenrio)
Ao penal: juzo absolutrio e prescrio
A relatora frisou, ademais, que os crimes de falsidade ideolgica e de corrupo passiva
estariam atingidos pela prescrio. Todavia, diante da peculiaridade do caso, considerou
que seria necessrio analisar o mrito quanto aos trs tipos penais em questo, tendo
em conta a imbricao dos fatos. Salientou que a jurisprudncia da Corte seria orientada
no sentido de que, remanescente um dos crimes sob julgamento, deveria ser analisado o
conjunto ftico-jurdico como um todo, a partir do qual estaria motivada a acusao.
Sublinhou que, se prevalecesse entendimento pela condenao, assentar-se-ia a
prescrio da pretenso punitiva quanto falsidade e corrupo. Por outro lado,
destacou que eventual sentena absolutria seria mais favorvel do que o registro da
prescrio. O Ministro Roberto Barroso considerou que, nas hipteses em que finda a
instruo, seria facultado ao juiz reconhecer a prescrio ou absolver embora no seja
direito subjetivo da parte , exceto na eventualidade de vir a ser proferida deciso
condenatria, situao na qual necessrio assentar a prescrio. No ponto, o Ministro
Luiz Fux explicitou que seria mais condizente com a dignidade da pessoa humana
conferir ao julgador a possibilidade de proferir sentena absolutria ao invs de declarar
a prescrio.
Vencidos, tambm em parte, os Ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Joaquim Barbosa
(Presidente), que reconheciam a prescrio da pretenso punitiva em relao aos delitos
de falsidade ideolgica e de corrupo passiva. O Ministro Teori Zavascki anotava que,
verificada a prescrio em abstrato, como na espcie, a anlise do mrito ficaria
prejudicada, e seria dever do magistrado decretar, de ofcio, a extino da punibilidade.
Reputava que a pretenso punitiva, quando extinta pela prescrio, levaria a situao
idntica da anistia, o que seria mais forte do que a absolvio. Alertava que, se
adotada a tese de que o juzo absolutrio seria mais benfico e, portanto, necessrio,
inviabilizar-se-ia o conhecimento da prescrio em abstrato, o que imporia, em todos os
casos, o julgamento de mrito para, posteriormente, se declarar prescrita a pretenso
punitiva. A Ministra Rosa Weber acrescia que o fundamento adotado para a absolvio,
qual seja, a inexistncia de prova suficiente para se condenar, seria menos favorvel do
que a extino da punibilidade pela prescrio. O Presidente destacava que a opo pela
apreciao do mrito, nas hipteses em que j atingido o prazo prescricional, geraria
insegurana, pois o ru permaneceria sujeito ao risco de um julgamento.
AP 465/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 24.4.2014. (AP-465)
1.6. Interceptao telefnica e transcrio integral (Inq 3693/PA)
O plenrio do Supremo afirmou que no necessria a transcrio integral das
conversas interceptadas, desde que o investigado tenha acesso mdia capturada.
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Importante destacar um julgado isolado do STF, no ano de 2013 (ao originria 508)
que determinou a transcrio integral da interceptao telefnica.
Mas o julgado em comento est de acordo com a jurisprudncia consolidada dos
tribunais superiores.
O investigado dever ter acesso das conversas interceptadas e a transcrio na
totalidade ou em parte ficar a critrio do juiz. Feito o acesso mdia, ficam afastadas
quaisquer alegaes de prejuzo. No h que se falar em cerceamento de defesa.
(Informativo 742, Plenrio)
Princpios e Garantias Processuais. Interceptao telefnica e transcrio integral - 1
No necessria a transcrio integral das conversas interceptadas, desde que
possibilitado ao investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como
disponibilizada a totalidade do material que, direta e indiretamente, quele se refira,
sem prejuzo do poder do magistrado em determinar a transcrio da integralidade ou
de partes do udio. O Tribunal reafirmou que a concesso de acesso s gravaes
afastaria a referida alegao, porquanto, na espcie, os dados essenciais defesa teriam
sido fornecidos.
Inq 3693/PA, rel. Min. Crmen Lcia, 10.4.2014. (Inq-3693)
1.7. Interceptao e prorrogaes (HC 119770/BA)
O entendimento do STF e do STJ favorvel possibilidade de prorrogaes
sucessivas. A lei de interceptaes estabelece que o prazo de 15 dias, prorrogvel por mais
15 dias, uma vez comprovada a imprescindibilidade do meio de prova. Se o fato complexo,
exige uma investigao diferenciada e contnua, admitem-se prorrogaes sucessivas do
prazo de 15 dias.
H entendimento doutrinrio em contrrio, aduzindo que a interceptao somente
poder ser prorrogada uma nica vez por igual perodo. A doutrina acrescenta ainda que as
prorrogaes sucessivas levariam ao que ela chama de interceptao por prospeco.
(Informativo 742, 2 Turma)
Interceptao telefnica e prorrogaes
No se revestem de ilicitude as escutas telefnicas autorizadas judicialmente, bem como
suas prorrogaes, ante a necessidade de investigao diferenciada e contnua,
demonstradas a complexidade e a gravidade dos fatos.
HC 119770/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.4.2014. (HC-1197700)
Processo Penal
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
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1.8. Renncia a mandato de parlamentar e competncia do STF (AP 536 QO/MG)
Nesse julgado o plenrio do STF encaminhou os autos para o juzo de 1 grau diante
da renncia do parlamentar, uma vez que a prerrogativa de foro se mantm enquanto a
pessoa exerce a funo (art.84, CPP).
Na ao 396 o Supremo manteve a sua competncia para julgamento. Na poca
houve muita discusso no sentido de que o STF deveria fixar um momento em que seria
mantida a prerrogativa ou no para que se assegurasse a segurana jurdica. Nesta ao 396,
ao verificar que se tratava de uma manobra fraudulenta do parlamentar que renunciou
somente quando o feito foi colocado em pauta, com fito de levar o processo ao 1 grau e
muito provavelmente prescrio da punibilidade, o Supremo manteve a competncia.
Importante frisar que a manuteno ou no da competncia deve ser analisada no
caso concreto.
Observao: o professor ressaltou que concursos com a banca Cespe costumam
cobrar bastante jurisprudncia. Atentar para o fato de que no segundo semestre de 2013 o
Supremo prolatou decises conflitantes, mas neste primeiro semestre de 2014 os julgados
esto em consonncia com entendimentos anteriores.
Art. 84. A competncia pela prerrogativa de funo do Supremo Tribunal Federal, do
Superior Tribunal de Justia, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justia dos
Estados e do Distrito Federal, relativamente s pessoas que devam responder perante
eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redao dada pela Lei n 10.628, de
24.12.2002)
(Informativo 740, Plenrio)
Competncia. Ao penal: renncia a mandato de parlamentar e competncia do STF
Em face da renncia do ru ao cargo de deputado federal, o Plenrio, por maioria,
assentou o declnio da competncia do STF para prosseguir com o trmite de ao penal
na qual se imputa a suposta prtica dos crimes de peculato e de lavagem de dinheiro,
em concurso material e de pessoas. Por conseguinte, determinou a remessa do feito ao
juzo de primeiro grau. Tratava-se de questo de ordem em que se discutia o eventual
deslocamento da competncia para o primeiro grau de jurisdio como consequncia
automtica do ato de renncia ao mandato. Na espcie, aps o oferecimento de
alegaes finais pelo Procurador-Geral da Repblica, o ru comunicara a esta Corte a
renncia ao cargo de deputado federal. Dias depois, a defesa apresentara suas razes
finais. Inicialmente, o Colegiado destacou que a vigente Constituio estabelece extenso
rol de autoridades com prerrogativa de foro, o que geraria disfuncionalidades no
sistema. Assinalou, no ponto, a necessidade de se promover um dilogo institucional
com o Poder Legislativo. Em seguida, distinguiu a situao dos autos do precedente
firmado na AP 396/RO (DJe de 4.10.2013), ocasio na qual o Tribunal mantivera a sua
competncia para o exame da ao penal, no obstante a renncia do ru, porquanto
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considerara ter havido abuso de direito e fraude processual na aludia renncia,
ocorrida aps a incluso do processo em pauta, na vspera do julgamento e com
iminente risco de prescrio da pretenso punitiva. Consignou que, no presente caso, o
processo j estaria instrudo e pronto para ser julgado. Ademais, afastou eventual perigo
de prescrio da pena em abstrato. Assim, adotou entendimento no sentido de que a
perda do mandato, por qualquer razo, importaria em declnio da competncia do STF.
Vencido o Ministro Joaquim Barbosa, Presidente. Asseverava que o exerccio da
prerrogativa de renncia do parlamentar nesse momento processual tivera a finalidade
de obstar o exerccio da competncia da Corte e a prpria prestao jurisdicional.
AP 536 QO/MG, rel. Min. Roberto Barroso, 27.3.2014. (AP-536)
2. Superior Tribunal de Justia
2.1. Descoberta fortuita de delitos que no so objeto de investigao (HC 282.096-
SP)
O fenmeno da serendipidade faz luz a uma descoberta afortunada ou a um
encontro fortuito. Ele trata da descoberta de elementos que no eram inicialmente objeto
da investigao, mas que acabam sendo revelados nela. Esse material probatrio vai ser
aproveitado.
O encontro fortuito admitido, prova lcita. O material colhido vai servir para
apurar, investigar, e a eventual condenao dever ser corroborada com outras provas.
(Informativo n 0539)
Descoberta Fortuita de Delitos
Sexta Turma
DIREITO PROCESSUAL PENAL. DESCOBERTA FORTUITA DE DELITOS QUE NO SO
OBJETO DE INVESTIGAO.
O fato de elementos indicirios acerca da prtica de crime surgirem no decorrer da
execuo de medida de quebra de sigilo bancrio e fiscal determinada para apurao de
outros crimes no impede, por si s, que os dados colhidos sejam utilizados para a
averiguao da suposta prtica daquele delito. Com efeito, pode ocorrer o que se chama
de fenmeno da serendipidade, que consiste na descoberta fortuita de delitos que no
so objeto da investigao. Precedentes citados: HC 187.189-SP, Sexta Turma, DJe
23/8/2013; e RHC 28.794-RJ,
Quinta Turma, DJe 13/12/2012. HC 282.096-SP, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, julgado
em 24/4/2014
2.2. Inaplicabilidade da transao penal s contravenes penais praticadas contra
mulher no contexto de violncia domstica (HC 280.788-RS)
Envolve a questo da violncia contra a mulher.
Processo Penal
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doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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O artigo 41 da lei 11.340/06 diz expressamente que a lei 9.099/95 seria inaplicvel na
hiptese de crime.
Art. 41. Aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de
1995.
No entanto, a jurisprudncia j entendeu que essa vedao aplicada no s aos
crimes, mas tambm s contravenes penais (tradicionalmente de menor potencial
ofensivo) praticadas contra as mulheres no mbito familiar.
O STJ fez uma interpretao extensiva do artigo 41 e in malam partem para evitar os
benefcios da lei 9.099/95. Os institutos despenalizadores no se aplicam a nenhuma prtica
delituosa contra a mulher. uma interpretao sistmica, constitucional e tambm baseada
nos tratados internacionais.
Com esse posicionamento do STJ, o professor defende parecer que nem toda
contraveno penal seria de menor potencial ofensivo, como a doutrina tradicionalmente
costuma caracterizar.
(Informativo n 0539).
Transao Penal
Sexta Turma
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. INAPLICABILIDADE DA TRANSAO PENAL S
CONTRAVENES PENAIS PRATICADAS CONTRA MULHER NO CONTEXTO DE VIOLNCIA
DOMSTICA.
A transao penal no aplicvel na hiptese de contraveno penal praticada com
violncia domstica e familiar contra a mulher. De fato, a interpretao literal do art. 41
da Lei Maria da Penha viabilizaria, em apressado olhar, a concluso de que os institutos
despenalizadores da Lei 9.099/1995, entre eles a transao penal, seriam aplicveis s
contravenes penais praticadas com violncia domstica e familiar contra a mulher.
Entretanto, o legislador, ao editar a Lei 11.340/2006, conferiu concretude ao texto
constitucional (art. 226, 8, da CF) e aos tratados e as convenes internacionais de
erradicao de todas as formas de violncia contra a mulher, a fim de mitigar, tanto
quanto possvel, qualquer tipo de violncia domstica e familiar contra a mulher,
abrangendo no s a violncia fsica, mas, tambm, a psicolgica, a sexual, a
patrimonial, a social e a moral. Desse modo, luz da finalidade ltima da norma (Lei
11.340/2006) e do enfoque da ordem jurdico-constitucional, considerando, ainda, os fins
sociais a que a lei se destina, a aplicao da Lei 9.099/1995 afastada pelo art. 41 da Lei
11.340/2006, tanto em relao aos crimes quanto s contravenes penais praticados
contra mulheres no mbito domstico e familiar. Ademais, o STJ e o STF j se
posicionaram no sentido de que os institutos despenalizadores da Lei 9.099/1995, entre
eles a transao penal, no se aplicam a nenhuma prtica delituosa contra a mulher no
mbito domstico e familiar, ainda que configure contraveno penal. Precedente citado
Processo Penal
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros
doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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do STJ: HC 196.253-MS, Sexta Turma, DJe 31/5/2013. Precedente citado do STF: HC
106.212-MS, Tribunal Pleno, DJe 13/6/2011. HC 280.788-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 3/4/2014
2.3. Compatibilidade entre a priso cautelar e o regime semiaberto fixado na
sentena (HC 289.636-SP)
O regime semiaberto pode ser fixado em pena superior a quatro anos e no superior
a oito anos; para ru no reincidente; e diante de circunstncias favorveis. O STJ tem
admitido a compatibilidade da priso cautelar, desde que essa medida cautelar seja fixada
fundamentadamente na sentena.
(Informativo n 0540).
Execuo Penal
Quinta Turma
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPATIBILIDADE ENTRE A PRISO CAUTELAR E O
REGIME PRISIONAL SEMIABERTO FIXADO NA SENTENA.
H compatibilidade entre a priso cautelar mantida pela sentena condenatria e o
regime inicial semiaberto fixado nessa deciso, devendo o ru, contudo, cumprir a
respectiva pena em estabelecimento prisional compatvel com o regime inicial
estabelecido. Precedentes citados: HC 256.535-SP, Quinta Turma, DJe 20/6/2013; e HC
228.010-SP, Quinta Turma, DJe 28/5/2013. HC 289.636-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 20/5/2014
2.4. Inaplicabilidade do princpio da indivisibilidade em ao pblica (RHC 34.233-
SP)
A tese do arquivamento implcito no foi acolhida pelos tribunais superiores por falta
de previso legal. Todo pedido de arquivamento tem que ser expresso.
preciso no confundir o princpio da obrigatoriedade com o da indivisibilidade.
Segundo o princpio da obrigatoriedade, havendo justa causa, o MP tem que
denunciar, mas pode fracionar essa denncia (divisibilidade).
O princpio da indivisibilidade atinente somente ao privada. O particular no
tem a prerrogativa da divisibilidade, diferentemente do MP, que a possui. possvel que o
MP fracione a denncia, oferecendo-a de acordo com a sua opinio delicti.
(Informativo n 0540).
Ao Penal
Sexta Turma
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INAPLICABILIDADE DO PRINCPIO DA INDIVISIBILIDADE EM
AO PBLICA.
Processo Penal
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doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.
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Na ao penal pblica, o MP no est obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato
tido por delituoso, no se podendo falar em arquivamento implcito em relao a quem
no foi denunciado. Isso porque, nessas demandas, no vigora o princpio da
indivisibilidade. Assim, o Parquet livre para formar sua convico incluindo na
increpao as pessoas que entenda terem praticados ilcitos penais, mediante a
constatao de indcios de autoria e materialidade. Ademais, h possibilidade de se
aditar a denncia at a sentena. Precedentes citados: REsp 1.255.224-RJ, Quinta Turma,
DJe 7/3/2014; APn 382-RR, Corte Especial, DJe 5/10/2011; e RHC 15.764-SP, Sexta
Turma, DJ 6/2/2006. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 6/5/2014
2.5. Competncia do juizado de violncia domstica e familiar contra a mulher
(REsp 1.416.580-RJ)
Esse caso emblemtico, pois se tratava de uma pessoa pblica. Na ocasio, discutiu-
se se havia uma situao de hipossuficincia e vulnerabilidade dessa mulher, exigida pela lei.
Entendeu-se que o fato de ser pessoa pblica no afasta a sua situao de
vulnerabilidade, sendo irrelevante a sua condio pessoal (famosa ou no). A deciso do STJ
partiu da presuno relativa de que a mulher vulnervel e hipossuficiente, independente
de condies pessoais e sociais. Para o STJ, a hipossuficincia seria nsita condio da
mulher na sociedade atual.
(Informativo n 0539). Quinta Turma
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETNCIA DO JUIZADO DE VIOLNCIA DOMSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER. 9
O fato de a vtima ser figura pblica renomada no afasta a competncia do Juizado de
Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso
porque a situao de vulnerabilidade e de hipossuficincia da mulher, envolvida em
relacionamento ntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condio
pessoal para a aplicao da Lei Maria da Penha. Com efeito, a presuno de
hipossuficincia da mulher pressuposto de validade da referida lei, por isso o Estado
deve oferecer proteo especial para reequilibrar a desproporcionalidade existente. Vale
ressaltar que, em nenhum momento, o legislador condicionou esse tratamento
diferenciado demonstrao desse pressuposto presuno de hipossuficincia da
mulher , que, alis, nsito condio da mulher na sociedade hodierna. Alm disso,
no desproporcional ou ilegtimo o uso do sexo como critrio de diferenciao, visto
que a mulher vulnervel no tocante a constrangimentos fsicos, morais e psicolgicos
sofridos em mbito privado (STF, ADC 19-DF, Tribunal Pleno, DJe 29/4/2014). Desse
modo, as denncias de agresses, em razo do gnero, que porventura ocorram neste
contexto, devem ser processadas e julgadas pelos Juizados de Violncia Domstica e
Processo Penal
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros
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Familiar contra a Mulher, nos termos do art. 14 da Lei 11.340/2006. REsp 1.416.580-RJ,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 1/4/2014
2.6. Prazos para recursos do MP em matria penal (AgRg no EREsp 1.187.916-SP)
A questo simples, mas chegou ao STJ. Em matria criminal, no h nenhuma
diferenciao com relao contagem de prazos para o MP.
Diferentemente disso, a defensoria tem essa prerrogativa por conta da dificuldade do
atendimento da populao.
(Informativo n 0533).
Prazos
Terceira Seo
DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRAZO PARA RECURSOS DO MP EM MATRIA PENAL.
Em matria penal, o Ministrio Pblico no goza da prerrogativa da contagem dos
prazos recursais em dobro. Precedentes citados: AgRg no AgRg no HC 146.823-RS, Sexta
Turma, DJE 24/9/2013; e REsp 596.512-MS, Quinta Turma, DJ 22/3/2004. AgRg no EREsp
1.187.916-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 27/11/2013