47
SUMÁRIO INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS LINGÜÍSTICA TEXTUAL: BREVE HISTÓRICO .......................... IPTE 05 DEFINIÇÕES DE TEXTO E SUAS PROPRIEDADES ................ IPTE 07 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ........................................... IPTE 09 PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS .................................... IPTE 11 PARÁGRAFO: UNIDADE DE COMPOSIÇÃO ............................ IPTE 15 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ........................................... IPTE 19 TEXTO DE OPINIÃO ..................................................................... IPTE 21 TEXTO DE INFORMAÇÃO ........................................................... IPTE 25 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ........................................... IPTE 29 DESCRIÇÃO .................................................................................. IPTE 31 NARRAÇÃO................................................................................... IPTE 35 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ........................................... IPTE 39 PARÁFRASE - RECURSO DE REPETIÇÃO.............................. IPTE 41 FALÁCIAS - ERROS DE RACIOCÍNIO ....................................... IPTE 45 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ........................................... IPTE 47 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15.

94617511 Apostila de Interpretacao e Producao de Texto

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  • SUMRIO

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    LINGSTICA TEXTUAL: BREVE HISTRICO .......................... IPTE 05

    DEFINIES DE TEXTO E SUAS PROPRIEDADES ................ IPTE 07

    SNTESE PARA AUTO-AVALIAO ........................................... IPTE 09

    PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS .................................... IPTE 11

    PARGRAFO: UNIDADE DE COMPOSIO ............................ IPTE 15

    SNTESE PARA AUTO-AVALIAO ........................................... IPTE 19

    TEXTO DE OPINIO ..................................................................... IPTE 21

    TEXTO DE INFORMAO ........................................................... IPTE 25

    SNTESE PARA AUTO-AVALIAO ........................................... IPTE 29

    DESCRIO .................................................................................. IPTE 31

    NARRAO ................................................................................... IPTE 35

    SNTESE PARA AUTO-AVALIAO ........................................... IPTE 39

    PARFRASE - RECURSO DE REPETIO .............................. IPTE 41

    FALCIAS - ERROS DE RACIOCNIO ....................................... IPTE 45

    SNTESE PARA AUTO-AVALIAO ........................................... IPTE 47

    1.2.3.4.5.6.7.8.9.

    10.11.12.13.14.15.

  • APOSTILA INTERNET

    ATIVIDADE ASSUNTO ATIVIDADE ASSUNTO

    1LINGSTICA

    TEXTUAL: BREVE HISTRICO

    1 Vdeoaula 1

    2DEFINIES DE TEXTO E SUAS

    PROPRIEDADES2 Vdeoaula 2

    3 SNTESE PARAAUTO-AVALIAO 3 Auto-avaliao

    4 PRESSUPOSTOSE SUBENTENDIDOS 4 Vdeoaula 3

    5 PARGRAFO: UNIDA-DE DE COMPOSIO 5 Vdeoaula 4

    6 SNTESE PARAAUTO-AVALIAO 6 Auto-avaliao

    7 TEXTO DE OPINIO 7 Vdeoaula 5

    8 TEXTO DE INFORMAO 8 Vdeoaula 6

    9 SNTESE PARAAUTO-AVALIAO 9 Auto-avaliao

    10 DESCRIO 10 Vdeoaula 7

    11 NARRAO 11 Vdeoaula 8

    12 SNTESE PARAAUTO-AVALIAO 12 Auto-avaliao

    13PARFRASE - RECURSO DE REPETIO

    13 Vdeoaula 9

    14 FALCIAS - ERROS DE RACIOCNIO 14 Vdeoaula 10

    15 SNTESE PARAAUTO-AVALIAO 15 Auto-avaliao

    REFERNCIA CRUZADA

    Interpretao e Produo de Textos

  • ATIVIDADE 1

    IPTE 5

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 1LINGSTICA TEXTUAL: BREVE HISTRICO

    OBJETIVOS

    O objetivo deste contedo mostrar ao aluno uma breve histria da lingstica textual.

    TEXTO

    A lingstica textual comeou a fazer parte da lingstica na dcada de 60, na Europa, mais precisamente na Alemanha. Como objetivo particular de investigao a lingstica Textual considera o texto, e no a palavra ou frase, pois considera o texto a forma especfi ca de manifestao da linguagem.

    Um dos motivos que levaram os lingistas a desenvolverem gramticas textuais foram as lacunas deixadas pelas gramticas de

    frase, principalmente os fenmenos que s podem ser explicados em termos de texto ou, ento, com referncias a um contexto situacional. De acordo com os lingistas, construir uma gramtica

    do enunciado que levasse em conta o seu contexto no resolveria os problemas apresentados pelos fenmenos. Seria necessrio construir uma nova gramtica, a textual.

    De acordo com Dressler (1977, apud Fvero, 2000), no so muitos os problemas da gramtica que no tm alguma relao com a lingstica textual. A lingstica textual trata de diversas manifestaes da linguagem: com a semntica do texto explicita o que se deve entender por signifi cao de um texto e como ele se constitui; com base na pragmtica do texto para dizer qual a funo do texto no contexto (extralingstico); com apoio da sintaxe do texto verifi ca-se como so expressas sintaticamente a signifi cao de um texto e como pode ser expresso o que est em sua volta e com a fontica do texto observa-se as caractersticas e os sinais fonticos da confi gurao sinttica textual. Verifi ca-se, dessa forma, o papel interdisciplinar que a lingstica textual exerce.

    Para Conte (1977, apud Fvero, 2000), h trs momentos cruciais na passagem da teoria da frase para a teoria do texto e ressalta que se trata de uma distino tipolgica e no cronolgica. O autor apresenta, no primeiro momento, a anlise transfrsica, ou seja, uma anlise que trata das regularidades que ultrapassam os limites do enunciado. Houve, nesse momento, uma superao dos limites da frase, preparando o terreno para uma gramtica textual, embora sem um tratamento autnomo do texto e sem construir um modelo terico que garantisse um tratamento homogneo dos fenmenos pesquisados. No segundo momento, o surgimento da gramtica textual cuja fi nalidade refl etir sobre fenmenos lingsticos inexplicveis por meio de uma gramtica do enunciado. O texto, para a gramtica textual, mais que uma simples seqncia de enunciados; sua compreenso e produo derivam

  • IPTE 6

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 1

    da competncia textual do falante: todo falante de uma lngua tem a capacidade de distinguir um texto coerente de um aglomerado incoerente de enunciados. Qualquer falante capaz de parafrasear um texto, de resumi-lo, de perceber se est completo ou no, de atribuir-lhe um ttulo ou produzir um texto a partir de um ttulo dado. Essas habilidades do usurio da lngua justifi cam a construo de uma gramtica do texto e esta, por sua vez, tem tarefas como: verifi car o que faz de um texto um texto, sua constituio, os fatores responsveis pela sua coerncia, as condies em que se manifesta a textualidade, levantar critrios para a delimitao de textos e diferenciar as vrias espcies de texto. No terceiro momento, citado pelo autor, o tratamento do texto no contexto pragmtico adquire importncia. Nesse momento, as investigaes vo do texto ao contexto como conjunto de condies.

    Uma gramtica textual no um tipo especfi co de gramtica, como, por exemplo, a estrutural, a gerativo-transformacional ou a funcional. A gramtica do texto se defi ne em relao ao tipo de objeto que se prope descrever: o texto ou discurso.

    Os textos, orais ou escritos, para a lingstica textual so considerados como aquilo que tenha como extenso mnima dois signos lingsticos e sendo sua extenso mxima indeterminada. A lingstica do texto trabalha com textos delimitados, cujo incio e fi m so determinados de uma maneira mais ou menos explcita. Um sermo, um dilogo, um livro, por exemplo, so considerados textos devidamente delimitados.

    Muitos elementos estruturadores do texto atuam como conectores que ultrapassam as fronteiras da frase: aqueles que atuam de forma retroativa sobre a informao anterior do contexto j enunciado (ao que precede, ao que j foi dito anafrico) e aqueles que atuam de maneira projetiva sobre a informao a ser veiculada no contexto (ao que se segue, ao que vai ser dito catafrico).

    Os signos individuais que compem uma seqncia textual so interligados por relaes mltiplas de ordem semntica, sinttica e fonolgica. Os textos so organizados em forma de seqncias de signos verbais sistematicamente ordenados.

    A gramtica textual a descrio completa dos elementos constitutivos de que dispe uma dada lngua para a estruturao de textos. O texto que, por sua vez, entidade abstrata, lugar de descrio da gramtica textual. Esta responsvel por explicar o que faz com que um texto seja um texto, propriedade essa chamada de textualidade e que ser discutida a seguir, na prxima atividade.

    REFERNCIA

    FVERO, L.; KOCH, I. G.V. Lingstica textual: introduo. 5 ed. So Paulo: Cortez, 2000.

  • ATIVIDADE 2

    IPTE 7

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSDEFINIES DE TEXTO E SUAS PROPRIEDADES

    OBJETIVOS

    Esta aula tem por objetivo apresentar ao aluno algumas defi nies de texto e

    suas propriedades.

    TEXTO

    As diferentes concepes de texto e discurso confrontam o uso ora como sinnimos, ora como termos que designam entidades diferentes.

    De acordo com Van Dijk (1982, apud Fvero, 2000), o discurso uma unidade passvel de observao, que pode ser interpretada quando se v ou se ouve; o texto a unidade teoricamente reconstruda, subjacente ao discurso. Para lingistas que seguem a linha de Hjelmslev, o texto equivale a todo e qualquer processo discursivo. nessa linha de pesquisa que se pode considerar que uma das aptides especfi cas do ser

    humano a textualidade, ou seja, a capacidade de criar textos verbais e no-verbais.Para Fvero (2000), o texto pode ser considerado em duas

    acepes: texto como toda e qualquer manifestao da capacidade textual do ser humano (msica, poema, pintura, fi lme, escultura...), qualquer

    tipo de comunicao realizado por meio de um sistema de signos. Em relao atividade verbal, o discurso tido como atividade

    comunicativa de um falante, em uma dada situao de comunicao englobando o conjunto de enunciados produzido pelo locutor e o evento da enunciao. O discurso manifestado por meio de textos e, nesse caso, o texto consiste em qualquer passagem, falada ou

    escrita, que forme um todo signifi cativo independente de sua extenso. , dessa forma, uma unidade de sentido, de um contnuo comunicativo textual que se caracteriza por um conjunto de relaes responsveis pela composio, pela tessitura do texto. Nesse conjunto de relaes, ou de padres ou critrios de textualidade merece destaque especial a coeso e a coerncia.

    Halliday e Hasan (1973, apud Fvero, 2000) consideram o texto como unidade de lngua em uso, unidade semntica de signifi cado. De acordo com os autores, o texto no constitudo por simples soma de perodos ou oraes, mas realizado por seu intermdio.

    De acordo com Koch (2000), mesmo dentro do quadro da lingstica textual, o conceito de texto toma diferentes formas de acordo com o autor e sua orientao terica. Segundo a autora, num primeiro momento o texto foi visto como: unidade lingstica (do sistema) superior frase; como sucesso ou combinao de frases; como cadeia de pronominalizao ininterrupta; cadeia de isotopias, e complexo de proposies semnticas.

    Em orientaes tericas de natureza pragmtica, o texto visto como:

  • IPTE 8

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 2

    seqncia de atos de fala, nas teorias acionais; fenmeno psquico como resultado de processos mentais, nas vertentes cognitivas; como parte das atividades mais globais de comunicao, pelas orientaes que adotam a teoria

    da atividade verbal.Para a autora, o texto passa a ser abordado e entendido

    no prprio processo de planejamento, verbalizao e construo. Para ela, pode-se dizer que os textos so resultados da atividade verbal de indivduos

    socialmente atuantes, na qual estes coordenam suas aes no intuito de alcanar um fi m social, de conformidade com as condies sob as quais a atividade verbal se realiza. (KOCH, 2000, p. 22)

    Desta forma, para que um texto se constitua com tal, necessrio que os parceiros (falantes) dessa produo textual, ou seja, da atividade comunicativa, sejam capazes de construir determinado sentido para ela. Mas esse sentido, como observa Koch, no est no texto, mas se constri a partir dele, no decorrer da interao. Para elaborar o sentido adequado do texto, preciso que o falante recorra aos vrios sistemas de conhecimento (conhecimento de mundo, conhecimento partilhado...) e ative processos cognitivos e interacionais para que a manifestao verbal seja considerada coerente pelos interlocutores. Essa coerncia estabelecida leva os parceiros da comunicao a identifi car um texto como tal.

    REFERNCIAS

    FVERO, L.; KOCH, I. G.V. Lingstica textual: introduo. 5 ed. So Paulo: Cortez, 2000.KOCH, I. G. V. O texto e a construo dos sentidos. 4 ed. So Paulo: Contexto, 2000.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 3

    IPTE 9

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSSNTESE PARA AUTO-AVALIAO

    OBJETIVOS

    Este resumo contm as principais informaes referentes aos contedos abordados nas atividades 1 e 2.

    TEXTO

    A lingstica textual comeou a fazer parte da lingstica na dcada de 60, na Europa, mais precisamente na Alemanha. Como objetivo particular de investigao, a lingstica textual considera o texto, e no a palavra ou frase, pois considera o texto a forma especfi ca de manifestao da linguagem.

    Um dos motivos que levaram os lingistas a desenvolverem gramticas textuais foram as lacunas deixadas pelas gramticas de frase, principalmente os fenmenos que s podem ser explicados em termos de texto ou, ento, com referncias a um contexto situacional.

    Uma gramtica textual no um tipo especfi co de gramtica, como, por exemplo, a estrutural, a gerativo-transformacional ou a funcional. A gramtica do texto se defi ne em relao ao tipo de objeto que se prope descrever: o texto ou discurso.

    A gramtica textual a descrio completa dos elementos constitutivos de que dispe uma dada lngua para a estruturao de textos. O texto que, por sua vez, entidade abstrata, lugar de descrio da gramtica textual. Esta responsvel por explicar o que faz com que um texto seja um texto, propriedade essa chamada de textualidade.

    As diferentes concepes de texto e discurso confrontam o uso ora como sinnimos, ora como termos que designa entidades diferentes.

    De acordo com Koch (2000), mesmo dentro do quadro da lingstica textual, o conceito de texto toma diferentes formas de acordo com o autor e sua orientao terica.

    Para a autora, os textos so resultados da atividade verbal de indivduos socialmente atuantes, na qual estes coordenam suas aes no intuito de alcanar um fi m social, de conformidade com as condies sob as quais a atividade verbal se realiza. (KOCH, 2000, p. 22)

    Desta forma, para que um texto se constitua com tal, necessrio que os parceiros (falantes) dessa produo textual, ou seja, da atividade comunicativa, sejam capazes de construir determinado sentido para ela. Mas esse sentido, como observa Koch, no est no texto, mas se constri a partir dele, no decorrer da interao. Para elaborar o sentido adequado do texto, preciso que o falante recorra aos vrios sistemas de conhecimento (conhecimento de mundo, conhecimento partilhado...) e ative processos cognitivos e interacionais para que a manifestao verbal seja considerada coerente pelos interlocutores. Essa coerncia estabelecida leva os parceiros da comunicao a identifi car um texto como tal.

  • IPTE 10

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 3

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 4

    IPTE 11

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSPRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS

    OBJETIVOS

    Esta aula tem por objetivo apresentar ao aluno as noes de pressuposto e subentendido para que ele saiba reconhec-las e aplic-las.

    TEXTO

    No momento da leitura de um texto, sabe-se que h aspectos importantes a serem considerados para que haja uma boa compreenso deste mesmo texto. No entanto, existem alguns textos em que o que no foi escrito de maneira explcita tambm deve ser considerado.

    Segundo Ducrot (1972), para cada locutor, em cada situao particular, existem diferentes tipos de informao que ele no tem de dar, pois seria uma atitude considerada repreensvel. Desta forma, necessrio ter disposio modos implcitos de expresso da lngua, que permitem deixar entender sem acarretar a responsabilidade de ter dito.

    Para Orecchioni (1998, apud Fiorin 2006), os contedos transmitidos pelos atos de fala so considerados explcitos e implcitos. De acordo com Fiorin (2006), as implicaturas tentam explicar a questo dos contedos implcitos, ou seja, o que no dito explicitamente, o que no posto. Estes contedos implcitos so as inferncias e se dividem em pressupostos e subentendidos.

    O contedo explcito tido como o contedo posto, ou seja, o verdadeiro objeto do dizer, o que est evidente na mensagem. Observe-se o exemplo a seguir:

    Paulo ganhou na loteria na semana passada.

    No exemplo acima, o verdadeiro objeto do dizer que algum ganhou o prmio da loteria em determinada data.

    Em relao ao contedo implcito, o pressuposto tido como a informao que no est abertamente posta, ou seja, no o verdadeiro objeto da mensagem, mas desencadeado pelo enunciado em que se encontra. Se tomarmos o mesmo exemplo acima, ter-se-:

    Paulo ganhou na loteria na semana passada.

  • IPTE 12

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 4

    Tem-se, ento, como informao pressuposta o fato de que Paulo jogou na loteria, pois se ganhou um prmio, deve-se partir do pressuposto de que jogou. Para Fiorin,

    O uso adequado dos pressupostos muito importante, porque esse mecanismo lingstico um recurso argumentativo, uma vez que visa a levar o leitor ou o ouvinte a aceitar idias. (...). A pressuposio apri-siona o leitor ou o ouvinte numa lgica criada pelo produtor do texto, porque, enquanto o posto proposto como verdadeiro, o pressuposto , de certa forma, imposto como verdadeiro. Ele apresentado como algo evidente, indiscutvel.

    (FIORIN, 2006, p. 182)

    Alguns marcadores lingsticos evidenciam a pressuposio. So eles: - Adjetivos ou palavras similares:

    Mas esse cinema no vive s do pblico que conquistou nos pases em volta da ndia ou dos imigrantes do primeiro mundo.

    (sobre o cinema Indiano, Superinteressante, jan 2008)

    O termo s pressupe que outro tipo de pblico admira o cinema indiano.- Verbos que indicam permanncia ou mudana de estado (permanecer, continuar, tornar-se, converter-se, transformar-se, fi car, vir a ser, passar a, deixar de, comear a):

    Nos ltimos anos, pequenas centrais hidreltricas, de 3 megawatts, comearam a se multiplicar em vrios pases do mundo, da China Alemanha, passando pela frica do Sul.

    (sobre o aquecimento global, Superinteressante, dez 2007)

    Houve uma mudana de estado expressa pelo verbo comear a que indica que antes esse crescimento/multiplicao apontado no ocorria.

    Pedro continua bebendo.

  • ATIVIDADE 4

    IPTE 13

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    J neste exemplo h uma permanncia de estado, pressupondo que Pedro bebia antes.

    - Verbos que indicam ponto de vista em relao ao fato expresso pelo complemento (pretender, supor, alegar, presumir, imaginar...)=- Certos advrbios:Joo agora mora no Rio de Janeiro

    Pressupe-se que Joo no morava antes.- Certas conjunes:

    Juliana e Larissa j tinham sido bicampes do Circuito Mundial, mas fi caram conhecidas no Brasil depois do ouro no Pan do Rio.

    (sobre os atletas medalistas do Pan 2007, Superinteressante, dez. 2007)

    Pressupe-se que antes do Pan as atletas do vlei de praia no eram conhecidas.

    - Oraes adjetivas:

    Os homens que inventaram o mal tentam descobrir o bem.

    A orao acima uma orao adjetiva restritiva e pressupe que o mal foi inventado pelos homens, mas que no so todos. J se essa mesma orao for reescrita como orao adjetiva explicativa, Os homens, que inventaram o mal, tentam descobrir o bem, teremos o pressuposto alterado e o que fi ca implcito que todos os homens inventaram o mal.

    O subentendido, por sua vez, uma informao veiculada por um enunciado; ele construdo para que o falante possa, caso seja interpelado, negar o que tenha dito se necessrio. Como afi rma Fiorin (2006), o subentendido um meio de o falante proteger-se, pois ele diz sem dizer. Segundo Ducrot, o subentendido diz respeito maneira pela qual o sentido deve ser decifrado pelo destinatrio.

    Observe o comentrio feito por FHC no discurso de encerramento do Congresso Nacional do PSDB em novembro de 2007:

    H sim acadmicos entre ns. No temos vergonha disso. H sim gente que sabe falar mais de uma lngua, mas sabemos falar nossa lngua, e falamos direito. E faremos o possvel e o impossvel para que saibam falar bem a nossa lngua. Queremos brasileiros melhor educa-dos, e no brasileiros liderados por gente que despreza a educao, a comear pela prpria.

  • IPTE 14

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 4

    Neste comentrio, o ex-presidente FHC deixa subentendido uma crtica ao atual presidente e ao seu modo de se expressar, ou seja, que ele no tem educao escolar e no conhece a lngua portuguesa. Caso FHC fosse interpelado pelo atual presidente ou por qualquer outra pessoa, ele poderia dizer que no se referiu a Lula, pois no citou nomes, e sim a todos aqueles que no se interessam pela educao do pas.

    REFERNCIAS

    DUCROT, O. Pressupostos e subentendido: a hiptese de uma semntica lingstica. In: O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987.FIORIN, J. L. A linguagem em uso. In: . Introduo lingstica. So Paulo: Contexto, 2006, p. 165-186.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 5

    IPTE 15

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSPARGRAFO: UNIDADE DE COMPOSIO

    OBJETIVOS

    O contedo que se segue mostrar a unidade de composio de um

    pargrafo e sua importncia.

    TEXTO

    1. CONCEITO

    Rocha Lima (1980) estabelece um conceito de pargrafo e o defi ne como uma unidade de composio constituda de um ou mais perodos, em que se desenvolve uma idia central/nuclear, ou seja, o tpico frasal. Em torno desse tpico frasal agregam-se outras idias secundrias que se relacionam pelo mesmo sentido. Pressupe-se ento que uma mudana de idia acarreta em uma mudana de pargrafo. Indica-se um pargrafo, na pgina manuscrita ou impressa, pelo recuo margem esquerda da folha.

    2. CARACTERSTICAS

    O pargrafo tambm possui suas caractersticas e, de acordo com o autor, duas se destacam por serem essenciais estruturao do pargrafo: unidade e coerncia. Os fatos, o conjunto formado pela idia central ou tpico frasal, precisam estar interligados pelo sentido (isso lhes unidade) e dispostos de maneira lgica (a coerncia).

    3. TPICO FRASAL

    O pargrafo padro, ou seja, a estrutura mais comum e efi caz, constitudo de uma introduo, que contm um ou dois perodos breves e que expressam a idia central, isto , o tpico frasal; o desenvolvimento, em que esse tpico vai ser explicado; e a concluso, que um pouco mais rara em pargrafos pouco extensos.

    Apesar de nem sempre este esquema de estrutura de pargrafo ser seguido, de acordo com Garcia (1997), em pesquisa desenvolvida por ele, a maioria dos pargrafos

    se encaixa nesta linha. Para ele enunciando logo de sada a idia-ncleo, o tpico frasal garante de antemo a objetividade, a coerncia e a unidade do pargrafo, defi nindo-lhe o propsito e

    evitando digresses impertinentes. (GARCIA, p. 193, 1997).

  • IPTE 16

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 5

    3.1 DIFERENTES MANEIRAS DE SE DESENVOLVER O TPICO FRASAL

    Tomando como recomendvel essa linha de estrutura do pargrafo, faz-se necessrio destacar as maneiras mais usuais de se desenvolver o tpico frasal.

    1) Declarao inicial: maneira mais comum em que o autor expe sua idia logo no incio para, na seqncia, justifi car e fundamentar sua proposta.

    No rol dos tormentos urbanos causados pela insegurana, a falsa blitz ocupa lugar de destaque. Ao ser parado por um indivduo vestido de policial, no h para o cidado a opo de fugir. assustador. Ape-sar disso, eles continuam surgindo como pragas nas ruas do Rio de Janeiro.

    (Revista Veja, 12 set 2007)

    2) Defi nio: mtodo preferencialmente didtico; uma forma simples e muito usada para introduzir pargrafos e tpicos frasais.

    O trava-lngua aquele conjunto de palavras que formam uma ou mais frases de difcil pronncia, cuja graa est em repeti-lo de cor, vrias vezes seguidas e o mais rpido possvel. Depois de divertir geraes de crianas, o trava-lngua , desde setembro, o mais novo pretexto par um quadro de humor da Rdio MIX FM, um dos lderes de audincia em So Paulo.

    (Revista Lngua Portuguesa, n 25 2007)

    3) Diviso ou apresentao de razes: as idias a serem desenvolvidas so apresentadas em um processo discriminatrio, separadas.

    Na Europa, a cada tentativa frustrada de atentados organizados por terroristas islmicos, a reao geral oscila entre dois sentimentos: o de alvio, por motivos bvios, e o de preocupao.

    (Revista Veja, 12 set 2007)

  • ATIVIDADE 5

    IPTE 17

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    4) Aluso histrica: artifcio usado com freqncia e que serve para relacionar fatos do cotidiano com assuntos dos textos dos autores.

    Conta uma tradio cara ao povo americano que o Sino da Liberda-de, cujos sons anunciaram em Filadlfi a, o nascimento dos Estados Unidos, inopinadamente se fendeu, estalando, pelo passamento de Marshall. Era uma dessas causalidades eloqentes, em que a alma ignota das coisas parece lembrar misteriosamente aos homens as grandes verdades esquecidas (...).

    (Rui Barbosa, p. 14)

    5) Interrogao: o pargrafo iniciado por uma pergunta para despertar o interesse do leitor. O desenvolvimento do texto segue em forma de resposta ou esclarecimento.

    Quem j no sonhou em largar tudo e ir morar em Florianpolis? Pois quem vai mesmo atrs do sonho, e consegue banc-lo, tem um en-dereo em mente: Jurer Internacional, o condomnio que chega mais prximo do ideal desse tipo de empreendimento.

    (Revista Veja, 19 set 2007)

    6) Omisso de dados identifi cadores: recurso usado para criar expectativa no leitor e consiste em omitir a verdadeira inteno do autor.

    REFERNCIAS

    GARCIA, O. M. Comunicao em prosa moderna. 17 ed. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 1997.ROCHA LIMA, C. H da; BARBADINHO NETO,R. Manual de redao. Rio de Janeiro: FENAME, 1980.

  • IPTE 18

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 5

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 6

    IPTE 19

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSSNTESE PARA AUTO-AVALIAO

    OBJETIVOS

    Este resumo tem por objetivo clarear as possveis dvidas das duas ltimas aulas.

    TEXTO

    PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS

    O contedo explcito tido como o contedo posto, ou seja, o verdadeiro objeto do dizer, o que est evidente na mensagem.

    Em relao ao contedo implcito, o pressuposto tido como a informao que no est abertamente posta, ou seja, no o verdadeiro objeto da mensagem, mas desencadeado pelo enunciado em que se encontra.

    Alguns marcadores lingsticos evidenciam a pressuposio. So eles:

    adjetivos ou palavras similares; verbos que indicam permanncia ou mudana de estado (permanecer, continuar, tornar-se, converter-se, transformar-se, fi car, vir a ser, passar a, deixar de, comear a);

    verbos que indicam ponto de vista em relao ao fato expresso pelo complemento (pretender, supor, alegar, presumir, imaginar...);

    certos advrbios; conjunes; oraes adjetivas.

    O subentendido, por sua vez, uma informao veiculada por um enunciado; ele construdo para que o falante possa, caso seja interpelado, negar o que tenha dito se necessrio. Segundo Ducrot, o subentendido diz respeito maneira pela qual o sentido deve ser decifrado pelo destinatrio.

    PARGRAFO COMO UNIDADE DE COMPOSIO

    CONCEITO

    Pargrafo uma unidade de composio constituda de um ou mais perodos, em que se desenvolve uma idia central/nuclear, ou seja, o tpico frasal.

  • IPTE 20

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 6

    CARACTERSTICASDuas se destacam por serem essenciais estruturao do pargrafo:

    unidade e coerncia. Os fatos, o conjunto formado pela idia central ou tpico frasal, precisam estar interligados pelo sentido (isso lhes unidade) e dispostos de maneira lgica (a coerncia).

    TPICO FRASAL

    Idia central a ser desenvolvida no pargrafo. Faz-se necessrio destacar as maneiras mais usuais de se desenvolver o tpico frasal.

    1) Declarao inicial: maneira mais comum em que o autor expe sua idia logo no incio para, na seqncia, justifi car e fundamentar sua proposta.

    2) Defi nio: mtodo preferencialmente didtico; uma forma simples e muito usada para introduzir pargrafos e tpicos frasais.

    3) Diviso ou apresentao de razes: as idias a serem desenvolvidas so apresentadas em um processo discriminatrio, separadas.

    4) Aluso histrica: artifcio usado com freqncia e que serve para relacionar fatos do cotidiano com assuntos dos textos dos autores.

    5) Interrogao: o pargrafo iniciado por uma pergunta para despertar o interesse do leitor. O desenvolvimento do texto segue em forma de resposta ou esclarecimento

    6) Omisso de dados identifi cadores: recurso usado para criar expectativa no leitor e consiste em omitir a verdadeira inteno do autor.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 7

    IPTE 21

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSTEXTO DE OPINIO

    OBJETIVOS

    O objetivo deste contedo colocar o aluno em contato com textos de carter opinativo para que ele possa ser orientado tanto na leitura quanto na produo de textos.

    TEXTO

    1. O QUE UM TEXTO/ARTIGO DE OPINIO.

    De acordo com Barbosa (2000), textos ou artigos de opinio, que comumente costuma-se ler em jornais, revistas e sites, tratam de assuntos polmicos que afetam grande parte da populao,

    ou seja, que envolve a coletividade. Por isso, esse tipo de texto requer uma boa argumentao, pois compreender e produzir artigos dessa

    natureza uma forma de estar no mundo de maneira mais completa, menos passiva.

    2. A ESTRUTURA DO TEXTO/ARTIGO DE OPINIO.

    Para a autora, as formas de estrutura de organizao de um texto de opinio so vrias. Os elementos que compem o texto opinativo podem vir, de acordo com a autora, em qualquer ordem no texto e, s vezes, nem todos esses elementos aparecem compondo um artigo. Em geral, consideram-se os seguintes elementos:

    contextualizao e/ou apresentao da questo em discusso; explicitao da posio assumida; utilizao de argumentos que sustentam a posio assumida; considerao da posio contrria e antecipao de possveis argumentos contrrios posio assumida;

    utilizao de argumentos que refutam a posio contrria; retomada da posio assumida e/ou retomada do argumento mais enftico;

    proposta ou possibilidade de negociao; concluso (que pode ser a retomada da tese ou posio defendida).

  • IPTE 22

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 7

    Leia o texto a seguir e observe os elementos que o compem:

    POR QUE TANTAS EMPRESAS AREAS VO FALNCIA NO BRASIL?TEXTO CIRCE BONATELLI.

    Basicamente, porque voar um troo caro pra caramba seja aqui, seja em qualquer outro lugar do mundo. Tudo caro, do combustvel s taxas para pousar e decolar, dos gastos com pessoal superespecializa-do (pilotos e tcnicos de manuteno) prpria compra ou leasing das aeronaves. Um exemplo concreto ajuda a entender o preo da avia-o. Para manter seus 65 avies no ar, a Gol gastou, em 2005, R$3,1 bilhes. Isso d nada menos que R$47 milhes por aeronave! Claro que, se tiver bastante gente disposta a voar pela companhia, o custo compensa. Em 2006, a Gol transportou 17 milhes de passageiros com uma tarifa mdia de R$205. Com 74% dos assentos ocupados e aeronaves no ar por 14horas dirias, a empresa conseguiu embolsar R$569 milhes um lucro de R$8,7 milhes por aeronave. O proble-ma quando um dos enormes nmeros da dedicada equao que sustenta o faturamento diminui. Ou quando acontece algum problema de gesto. Na histria da nossa aviao, sobram exemplos de incom-petncia relacionada a essa rea,afi rma o administrador da empresas Marcos Cobra, professor da FGV-SP e ex-coordenador de treinamento na TAM. Como os custos no caem, um pequeno desequilbrio vira um buraco sem fundo: a empresa deixa de pagar taxas aeroporturias (Varig), no consegue comprar combustvel (Transbrasil), tira turbina de um avio para pr em outro (a canibalizao da frota, que rolou com a Vasp), fi ca sem dinheiro para peas de reposio (BRA), e por a vai. No Brasil, em 80 anos de aviao comercial, dezenas de companhias deixaram os cus em meio a fuses, compras, suspenso dos vos beira da falncia e administraes confusas (veja mais detalhes sobre essa histria no infogrfi co). Mas esse caos areo no privilgio nosso. Empresas internacionais tradicionais, como as gigantescas Pan Am e Swissair, faliram ruidosamente. E antigas estatais como a Alitalia, British Airways e Aeromexico s no quebraram porque receberam socorro do governo.

    (Superinteressante, jan 2008)

  • ATIVIDADE 7

    IPTE 23

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    3. O TEXTO DE OPINIO E SEU CONTEXTO DE PRODUO

    Qualquer tipo de texto que lido ou escrito possui um contexto de produo. Esses artigos sempre sero escritos/lidos por algum, para algum, com uma determinada inteno, em certo tempo e lugar e divulgados por um ou outro veculo de informao. Esses elementos, e outros mais, devem ser considerados, pois infl uenciam no sentido do texto.

    De acordo com Barbosa (op. cit), o contexto de produo de textos de opinio pode ser descrito da seguinte forma:

    produtor do artigo de opinio: o produtor de um artigo de opinio, geralmente, um especialista no assunto ou representante de alguma instituio social que tem algo a dizer sobre o tema em pauta e apresenta argumentos para sustentar seu posicionamento;

    leitores do artigo de opinio: pessoas que lem certos jornais, revistas e que esto de alguma forma interessadas nas questes polmicas;

    circulao: os textos de opinio podem circular em jornais, revistas (impressos) e pela interne;

    objetivo(s): infl uenciar o pensamento do destinatrio/leitor. Construir ou mudar a posio desse destinatrio em relao a um tema discutido.

    Desta forma, em textos de opinio, para convencer algum de que determinadas posies, idias, teses e temas so mais acertados ou adequados preciso argumentar; e argumentar vai alm de dar uma opinio sobre algo, necessrio sustentar essa opinio com argumentos que sejam razes, evidncias, provas, dados que sustentam a idia defendida.

    Diferentes tipos de argumentos foram propostos por estudiosos da rea. Alguns deles so:

    - Argumento de autoridade: concluso pode ser sustentada por uma fonte confi vel de um especialista ou por dados de pesquisa.

    O historiador Frank Sulloway, da Universidade da Califrnia, tem es-tudos nessa linha. Ele analisou a ordem de nascimento de mais de 6 mil personalidades mundiais e concluiu que os fi lhos mais velhos so mais conservadores, j os mais novos so os mais criativos e revolu-cionrios 18 vezes mais fcil achar um revolucionrio caula que um primognito.

    (Superinteressante, jan 2008)

  • IPTE 24

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 7

    - Argumento de princpio: justifi cativa legtima, faz apelo a princpios, tornando a concluso quase que incontestvel.

    No entanto, a cpula da Igreja parte do pressuposto de que s ela deve julgar os pecados cometidos por seu clero (...)

    (Superinteressante, dez 2007)

    - Argumento por causa: justifi cativa e concluso apresentam reversibilidade plausvel.

    Calcula-se que, h poucas dcadas, 3% dos elefantes asiticos machos nasciam sem presas hoje, a cifra em alguns grupos chega a 10%. A explicao para isso que esses animais esto passando por uma evoluo natural causada por alterao em seus genes.

    (Revista Veja, ago 2005)

    - Argumento por exemplifi cao: remete a exemplos comparveis ao que se pretende defender.

    Os religiosos contra-atacam ao insistir, por exemplo, que as escolas pblicas americanas deixem de ensinar as teorias de Darwin e as substituam pelos ensinamentos da Bblia. H tambm personalidades ilustres que tentam contemporizar, como o bilogo americano Francis Collins, que se declara cristo, diz que cincia e religio no se mistu-ram e que se podem cultivar ambas.

    (Revista Veja, fev 2007)

    REFERNCIA

    BARBOSA. J. P. Seqncia didtica: artigo de opinio. So Paulo, 2000.

  • ATIVIDADE 8

    IPTE 25

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSTEXTO DE INFORMAO

    OBJETIVOS

    O objetivo deste contedo colocar o aluno em contato com textos de

    carter informativo para que ele possa ser orientado tanto na leitura quanto na produo de textos.

    TEXTO

    1. O QUE UM TEXTO/ARTIGO DE INFORMAO

    Como foi visto na aula anterior, o texto de opinio traz consigo a idia de persuaso, convencimento. O autor expressa sua opinio e, por meio de argumentos, tenta convencer o leitor a concordar com seu ponto de vista.

    J o texto de Informao, assunto desta aula, tem como caracterstica relatar um fato ou uma srie de fatos que possa ocorrer de maneira sucessiva em um mesmo local ou no contexto de um mesmo assunto. O texto informativo, ou expositivo, apresenta determinados fatos ou realidades de forma neutra (imparcial e impessoal) e objetiva, apoiando-se na funo referencial da linguagem, com a fi nalidade de informar. Um exemplo tpico de texto informativo o texto cientfi co.

    2. A ESTRUTURA DO TEXTO/ARTIGO DE INFORMAO.

    Os textos de carter informativo, geralmente, apresentam uma estrutura simples, com uma introduo breve, um desenvolvimento razoavelmente extenso e uma concluso rpida. As informaes so passadas de maneira ordenada para facilitar a compreenso do leitor em relao ao tema discutido. A divulgao da informao a inteno principal do texto e, por isso, a objetividade fundamental. Alm disso, a coerncia e a coeso so fatores que tambm devem constar na produo de um texto informativo.

    Levando em considerao todos os pontos anteriores pode-se desenvolver diversos tipos de textos informativos como, por exemplo, notcias, reportagens, biografi as, textos cientfi cos, anncios, avisos publicitrios, informes, convocatrias, matrias de revistas e outros.

    3. TIPOS DE TEXTO DE INFORMAO.

    Os textos de informao podem ser classifi cados em dois tipos:

    - Textos de divulgao: tipo de texto expositivo dirigido grande maioria do pblico, com informaes pouco especfi cas, vocabulrio padro e de fcil compreenso

  • IPTE 26

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 8

    e objetividade. Esse tipo de texto pode ser encontrado em exames, conferncias, notcias, livros, enciclopdias e outros. A seguir um exemplo desse tipo de texto:

    1)

    O Prefeito de So Paulo, Gilberto Kassab (DEM), dividiu ontem pa-lanque com o governador Jos Serra (PSDB) e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao inaugurar duas novas esta-es da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Diante da situao de disputa entre DEM e PSDB pela sucesso na capital, o governador justifi cou em seu discurso a ausncia do ex-governador Geraldo Alckimin (PSDB), que coloca-se como pr-candidato, amea-ando desfazer a aliana.

    (Comrcio da Franca 30 jan 2008)

    2) Instituto UNIBANCOSustentabilidade cuidar de quem vai cuidar do mundo.Criado h 25 anos,o Instituto Unibanco trabalha para a melhoriada educao dos jovense sua insero nomercado de trabalho.O Unibanco acredita queesta uma das melhoresmaneiras de garantira sustentabilidade:educando e formandoas geraes que vo cuidar do mundo.

    (Anncio Unibanco, Revista Veja, dez 2007)

    - Texto especializado: dirigido a um pblico especfi co de determinada rea de conhecimento, apresentando um vocabulrio tcnico e especfi co e, consequentemente, de difcil compreenso para aqueles que no dominam o tema discutido. Apresenta tambm grande objetividade. Encontramos esses textos em artigos cientfi cos, leis e outros.

  • ATIVIDADE 8

    IPTE 27

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    1) Insufi cincia cardaca: importncia da atividade fsica

    A insufi cincia cardaca uma sndrome complexa de prognstico sombrio. associada a limitao fsica mesmo com medidas terapu-ticas adequadas.

    Um dos principais sintomas a limitao da capacidade funcional, com dispnia aos esforos. Atribuem-se diversas causas, como vaso cons-trio, disfuno endotelial e anormalidade da musculatura esqueltica, alm da disfuno ventricular.

    O treinamento fsico torna-se uma opo de treinamento adequado, no-farmacolgico, visando a melhorar a respirao do paciente sem causar dano ao msculo cardaco.

    (Revista da Sociedade de Cardiologia deEstado de So Paulo mar/abr 2005)

    REFERNCIAS

    www.contenidoweb.info/textos/texto-informativo.htmwww.wikipedia.org/wiki/tipos_de_texto

    ANOTAES

  • IPTE 28

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 8

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 9

    IPTE 29

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSSNTESE PARA AUTO-AVALIAO

    OBJETIVOS

    Este contedo traz um apanhado geral referente ao que foi estudado sobre texto de opinio e texto de informao.

    TEXTO

    TEXTOS DE OPINIO

    De acordo com Barbosa (2000), textos ou artigos de opinio, que comumente costuma-se ler em jornais, revistas e sites, tratam de assuntos polmicos que afetam grande parte da populao, ou seja, que envolvem a coletividade. Por isso, esse tipo de texto requer uma boa argumentao, pois compreender e produzir artigos dessa natureza uma forma de estar no mundo de maneira mais completa, menos passiva.

    Em geral, um artigo de opinio composto dos seguintes elementos:

    contextualizao e/ou apresentao da questo em discusso; explicitao da posio assumida; utilizao de argumentos que sustentam a posio assumida; considerao da posio contrria e antecipao de possveis argumentos contrrios posio assumida;

    utilizao de argumentos que refutam a posio contrria; retomada da posio assumida e/ou retomada do argumento mais enftico;

    proposta ou possibilidade de negociao; concluso (que pode ser a retomada da tese ou posio defendida).

    O artigo de opinio pode ser visto como uma conversa com o pensamento do leitor, para infl uenciar e mudar suas opinies. Para tanto, preciso que haja uma boa argumentao por parte de quem produz o texto. Diferentes tipos de argumentos foram propostos por estudiosos da rea. Alguns deles so:

    argumento de autoridade: concluso pode ser sustentada por uma fonte confi vel de um especialista ou por dados de pesquisa;

    argumento de princpio: justifi cativa legtima, faz apelo a princpios, tornando a concluso quase que incontestvel;

    argumento por causa: justifi cativa e concluso apresentam reversibilidade plausvel;

    argumento por exemplifi cao : remete a exemplos comparveis ao que se pretende defender;

  • IPTE 30

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 9

    TEXTO DE INFORMAO

    O texto de Informao tem como caracterstica relatar um fato ou uma srie de fatos que possa ocorrer de maneira sucessiva em um mesmo local ou no contexto de um mesmo assunto. O texto informativo, ou expositivo, apresenta determinados fatos ou realidades de forma neutra (imparcial e impessoal) e objetiva, apoiando-se na funo referencial da linguagem, com a fi nalidade de informar.

    Os textos de informao podem ser classifi cados em dois tipos:

    textos de divulgao : tipo de texto expositivo dirigido grande maioria do pblico, com informaes pouco especfi cas, vocabulrio padro e de fcil compreenso. Esse tipo de texto pode ser encontrado em exames, conferncias, notcias, livros, enciclopdias e outros;

    textos especializados: d irigido a um pblico especfi co de determinada rea de conhecimento, apresentando um vocabulrio tcnico e especfi co e, consequentemente, de difcil compreenso para aqueles que no dominam o tema discutido. Apresenta tambm grande objetividade.

    Depara-se com esses textos em artigos cientfi cos, leis e outros.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 10

    IPTE 31

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSDESCRIO

    OBJETIVOS

    Mostrar ao aluno os elementos de composio de uma descrio e como conduzi-los a um texto que fi que claro e conciso, sem perder a percepo e a sensibilidade.

    TEXTO

    1. DESCRIO

    1.1 DEFINIO

    Descrio: ato de contar em mincias, retratar, reproduzir. Uma pintura por meio de palavras.

    Caractersticas da descrio: procura retratar algo/algum de maneira fi el; ao descrever, retrata-se o que v com assertivas, afi rmaes; h o predomnio de verbos de ligao; relata propriedades e aspectos simultneos dos elementos descritos que so considerados numa nica situao, ou seja, a caracterstica central da descrio a simultaneidade; no h relao de anterioridade e posterioridade entre os enunciados, pois o que descrito tido como simultneo; os tempos verbais mais utilizados so o presente ou o pretrito imperfeito; h uma organizao central e lgica; uso de adjetivos em abundncia.

    1.2 PARTES DA DESCRIO Em termos estruturais, a descrio possui trs partes

    distintas, a saber, introduo, desenvolvimento e concluso. No entanto, a descrio precisa ser considerada como um todo, como uma nica coisa. preciso manter em todas as partes de uma descrio a temtica do texto; somente assim que se chega a uma das mais importantes caractersticas de uma produo que a unidade.

  • IPTE 32

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 10

    INTRODUO:

    - ainda no a descrio propriamente dita, embora possa sugerir ou anotar ligeiros traos descritivos. Nesta fase, pode-se emitir opinies e revelar estados, sentimentos.

    DESENVOLVIMENTO:

    - situa-se nesta fase a temtica da redao, ou seja, aqui que tem de ser observadas todas as caractersticas do tipo de trabalho proposto. No se pode deixar de fazer o retrato do que foi proposto (pessoa, animal, ambiente, objeto).

    CONCLUSO:- nesta parte do texto que se aplicam os ltimos retoques, ou seja, a concluso uma continuao da introduo, pois dever dar continuidade s idias e aos traos j sugeridos e mencionados.

    Vejamos um exemplo de um texto que apresenta as trs partes da descrio,

    uma interligada outra:

    Sinto-me pequeno ao lado de Joo Cisco. Ele caminha annimo pelas ruas, mas impressiona sobremaneira quando emite opinies sobre qualquer assunto. A grandeza de alma e a cultura profunda parecem, ento, emergir de sob a pele negra.

    Tem os cabelos encarapinhados e sujos de branco. A sua testa grande, cheia de rugas profundas. As sobrancelhas so espessas e os clios curtos. Possui olhos negros, irrequietos e pequenos, mas seu nariz grosso e achatado. No usa bigode e se apresenta sempre com o rosto barbeado. Tem a boca grande, os lbios grossos e os dentes brancos e perfeitos. Seu queixo ligeiramente arredondado e o pescoo grosso e curto. Possui ombros largos, braos curtos, mos e dedos grossos. Veste sempre roupas simples e cala e sapatos de uma s cor.

    O seu tipo fsico no o difere de outros negros. A sua viso do mundo, a sua calma ante as adversidades, as suas ponderaes nas situaes difceis, porem, fazem-no um homem assaz diferente da maioria das pessoas.

    (Luiz Cruz de Oliveira Redao)

  • ATIVIDADE 10

    IPTE 33

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    1.3 PONTO DE VISTA NA DESCRIO

    De acordo com Garcia (1997), o ponto de vista na descrio tem uma grande importncia, pois leva em conta tanto a posio fsica do observador quanto a sua atitude em relao ao objeto a ser descrito:

    ponto de vista fsico- ordem do detalhes: para Garcia, o ponto de vista fsico a perspectiva que o observador tem do objeto, e vai assim determinando a ordem dos pormenores. Na descrio os objetos so apresentados progressivamente, em detalhes para que o leitor possa organizar suas impresses e formar uma imagem unifi cada, ou seja, a ordem dos detalhes de grande importncia. No se descreve, por exemplo, um ambiente de maneira desordenada. preciso pensar na viso de conjunto e depois percebendo pouco a pouco os traos mais caractersticos para dar ao leitor uma viso do todo. O autor lembra tambm que a observao feita com todos os sentidos, ou seja, preciso perceber os sons, rudos, sensaes, vultos, cheiros para que a descrio no se torne uma mera fotografi a plida (p. 233). ponto de vista mental- descrio subjetiva (expressionista) e descrio objetiva (impressionista): Segundo Garcia (op. cit), esse ponto de vista de igual importncia para a descrio. a impresso pessoal, a predisposio psicolgica do observador em relao ao objeto e que pode dar a este imagens muito diferentes. Desse ponto de vista surgem outros dois tipos de descrio:

    - Subjetiva (expressionista): refl ete o estado de esprito do observador, suas preferncias. O observador no descreve o que v, mas o que quer ou pensa ver. As descries nestes casos tm uma imagem vaga, imprecisa, nebulosa. Tomemos como exemplo um trecho de O Ateneu, de Raul de Pompia:

    Nas ocasies de aparato que se podia tomar o pulso ao homem. No s as condecoraes gritavam-lhe no peito como uma couraa de gri-los: Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anuncio: os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei o autocrata excelso dos silabrios; a pau-sa hiertica do andar deixava sentir o esforo, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurro, o progresso do ensino pblico; o olhar fulgurante, sob a crispao spera dos superclios de monstro japons, penetrando de luz as almas circunstantes era a educao da inteligncia; o queixo, severamente escanhoando de orelha a orelha,

  • IPTE 34

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 10

    lembrava a lisura das conscincias limpas era a educao moral. A prpria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dia dele: aqui est um grande homem...no vem os cvados de Golias?!...(...)

    (Raul Pompia, O Ateneu)

    - Objetiva (impressionista): refl ete uma objetividade, a descrio realista, dimensional; a impresso do objeto como ele . Os detalhes no se diluem e nem se perdem na penumbra. Segue um exemplo retirado de Memrias de um sargento de milcias:

    As chamadas baianas no usavam de vestidos: traziam somente umas poucas saias presas cintura, e que chegavam pouco abaixo do meio da perna, todas elas ornadas de magnfi cas rendas; da cintura para cima apenas traziam uma fi nssima camisa, cuja gola e manga eram tambm ornadas de renda; ao pescoo punham um cordo de ouro, um colar de corais, os mais pobres eram de miangas; ornavam a ca-bea com uma espcie de turbante a que davam o nome de trunfas, formado por um grande lao branco muito teso e engomado; calavam umas chinelas de salto alto to pequenas que apenas continham os dedos dos ps, fi cando de fora todo o calcanhar, e alem de tudo isso, envolviam-se graciosamente em uma capa de pano preto, deixando de fora os braos ornados de argolas de metal simulando pulseiras.

    (Memrias de um sargento de milcias, Manuel Antnio de Almeida)

    REFERNCIA

    GARCIA, O. M. Comunicao em prosa moderna. 17 ed. Rio de Janeiro: Editora Fundao Getlio Vargas, 1997.

  • ATIVIDADE 11

    IPTE 35

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSNARRAO

    OBJETIVOS

    O objetivo deste contedo introduzir mais uma tipologia textual (a narrao),

    seus elementos, sua composio e tentar suscitar no aluno o interesse pela vrias maneiras de contar, de conhecer e construir o real.

    TEXTO

    1. NARRAO

    1.1 DEFINIO

    Narrao: narrar, contar histrias que podem ser verdicas ou, simplesmente, inventar um acontecimento (fi co).

    Caractersticas da narrao:

    h o predomnio de verbos de ao; h uma relao de anterioridade e posterioridade dos acontecimentos; h, geralmente, uma ordem cronolgica dos fatos narrados; os verbos, aparecem, via de regra, no pretrito; ocorre uma mudana de situao (de um estado a outro); expresses indicando circunstncia.

    2. PARTES DA NARRAO

    Os textos narrativos representam acontecimentos indicando transformao de situaes e de estados que ocorrem pela interferncia de algo ou algum. H textos que podem ser considerados predominantemente narrativos como, por exemplo, uma novela, reportagens, romances e outros. Mas encontram-se textos ou fragmentos narrativos em noticirios, depoimentos, relatrios de manuais cientfi cos, didticos, editoriais e outros.

    Em relao estrutura, na narrao, assim, como na descrio, tm-se trs partes distintas formando uma nica unidade:

    INTRODUO:

    - sugere o que dever acontecer em seguida; abre caminho para os acontecimentos (onde, quando, quem, circunstncias).

  • IPTE 36

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 11

    DESENVOLVIMENTO:

    - nesta fase o assunto, o tema proposto narrado, sem necessidade de se ater em muitos detalhes (o que aconteceu, como aconteceu).

    CONCLUSO:

    - encerramento da histria e do texto (conseqncias)

    A seguir, um exemplo de um texto narrativo:

    Rodrigo era morador de um bairro classe media. Levava uma vida controlada com a famlia at ser despedido do trabalho. Foi pego de surpresa. Transtornado e abatido, sem saber como pagar as contas e despesas, a nica idia que lhe veio mente foi colocar o pai em um lar de idosos.

    Seu pai, senhor Ernesto, era um velhinho simptico e alegre. Tinha uma enorme vontade de viver, apesar da idade e do cansao prove-niente de muito trabalho. Estava um pouco doente e sua aposentadoria no era sufi ciente para a compra dos medicamentos. Necessitava de ajuda do nico fi lho, Rodrigo.

    Depois de vrias noites sem dormir, Rodrigo decidiu levar o pai para morar em um lar de idosos. Convidou o pai para acompanh-lo em uma visita a um amigo. Entraram numa casa sombria e estranha. Ro-drigo deixou seu, sozinho, num dos corredores. Enquanto tratava dos papeis com o diretor, Senhor Ernesto foi levado por dois enfermeiros at seu quarto. Rodrigo conseguiu roubar a alegria e a vontade de viver de seu pai.

    At hoje, Rodrigo no visitou o pai. O remorso e a dor so maiores que a coragem de encar-lo. Senhor Ernesto, apesar de ter sofrido muito, conseguiu recuperar-se com a ateno recebida dos novos amigos. Porm, nunca entendeu a atitude do fi lho.

    2.1 TIPOS DE DISCURSO NA NARRAO

    Como afi rma Barbosa (1991), em uma histria, os personagens narram os acontecimentos, ou seja, eles falam, agem de acordo com o desenrolar dos eventos. Essas falas so chamadas tipos de discurso. Tem-se, assim:

  • ATIVIDADE 11

    IPTE 37

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    - discurso direto: a fala do personagem apresentada de forma direta, ou seja, reproduzida literalmente, na primeira pessoa. A pontuao vem marcada por dois pontos, travesso, e h geralmente um verbo de elocuo (dizer, falar, exclamar) introduzindo a fala:

    Que horror! exclamou Padre Silvestre quando chegou a notcia. Ele tinha inimigos?

    (Graciliano Ramos, So Bernardo)

    A casa Verde crcere privado, disse um mdico sem clnica.

    (Machado de Assis, O Alienista)

    - discurso indireto: a fala do personagem transmitida pelo narrador, de forma indireta, ou seja, na terceira pessoa. H neste discurso verbos de elocuo seguidos de orao substantiva.

    Relicrio

    No baile da CorteFoi o Conde DEU quem disse

    Para dona BenvindaQue farinha de Sururu

    Pinga de ParatiFumo de Baependi

    com beb pit e ca

    (Oswald de Andrade)

    O marido perguntou a esposa se ela queria caf no quarto.

    - discurso indireto livre: um discurso indireto sem apresentar os elementos caractersticos que so os verbos de elocuo e a conjuno que.

    O guarda-noturno olha para as casas, para os edifcios, para os muros e grades, para as janelas e os portes. Uma pequena luz, l em cima:

  • IPTE 38

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 11

    h vrias noites, aquela vaga claridade na janela: uma pessoa do-ente? O guarda-noturno caminha com delicadeza, para no assustar, para no acordar ningum. L vo seus passos vagarosos, cadencia-dos, cosendo a sua sombra com a pedra da calada.

    (Ceclia Meireles)

    REFERNCIA

    BARBOSA, S. A .M. Redao: escrever desvendar o mundo. 7 ed. Campinas: Papirus, 1991.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 12

    IPTE 39

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSSNTESE PARA AUTO-AVALIAO

    OBJETIVOS

    Este resumo contm os principais pontos sobre descrio e narrao.

    TEXTO

    DESCRIO

    Caractersticas da descrio.

    Procura retratar algo/algum de maneira fi el; ao descrever, retrata-se o que v com assertivas, afi rmaes; h o predomnio de verbos de ligao; relata propriedades e aspectos simultneos dos elementos descritos que so considerados numa nica situao, ou seja, a caracterstica central da descrio a simultaneidade; no h relao de anterioridade e posterioridade entre os enunciados, pois o que descrito tido como simultneo; os tempos verbais mais utilizados so o presente ou o pretrito imperfeito; h uma organizao central e lgica uso de adjetivos em abundncia.

    A descrio composta por trs partes distintas: introduo, desenvolvimento e concluso que, por sua vez, so consideradas como um todo, formando uma unidade de entendimento.

    De acordo com Garcia (1997), na descrio consideram-se dois pontos de vista: ponto de vista fsico e o ponto de vista mental, de grande importncia para a descrio. Do ponto de vista mental surgem outros dois tipos de descrio: subjetiva (expressionista) e a objetiva (impressionista).

    NARRAO

    Caractersticas da narrao.

    H o predomnio de verbos de ao; h uma relao de anterioridade e posterioridade dos acontecimentos; h, geralmente, uma ordem cronolgica dos fatos narrados; os verbos, aparecem, via de regra, no pretrito;

  • IPTE 40

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 12

    ocorre uma mudana de situao (de um estado a outro); expresses indicando circunstncia.

    Em relao estrutura, na narrao, assim, como na descrio, tm-se trs

    partes distintas formando uma nica unidade: introduo, desenvolvimento e concluso.Como afi rma Barbosa (1991), em uma histria, os personagens narram os

    acontecimentos, ou seja, eles falam, agem de acordo com o desenrolar dos eventos. Essas falas so chamadas tipos de discurso e so classifi cados como direto, indireto e indireto livre.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 13

    IPTE 41

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSPARFRASE - RECURSO DE REPETIO

    OBJETIVOS

    Este contedo trata de um recurso da lngua usado como procedimento coesivo.

    TEXTO

    De acordo com Antunes (2005), a parfrase pode ser considerada como uma operao de reformulao, de dizer o que foi dito de outro jeito. A parfrase, segundo o autor, um recurso reiterativo e pode clarifi car um conceito, uma idia, uma informao por meio de uma reformulao diferente, nova, desses itens. Alm disso, um recurso coesivo, pois liga segmentos textuais.

    Os fragmentos da parfrase podem ser introduzidos por elementos como: em outros termos, ou seja, isto , quer dizer, em suma, em resumo, em outras palavras, sinalizando que a mesma informao vai ser dita novamente, mas com uma reformulao.

    A parfrase aparece com freqncia em textos literrios, cientfi cos, religiosos e da comunicao comum. Para Meserani (1995, apud Pantaleoni), a parfrase pode ser dividida em dois tipos de discurso: a parfrase reprodutiva e a criativa:

    - parfrase reprodutiva: reproduz em outras palavras um outro texto, de modo quase literal. Dentro de limites bastante estreitos, ela serve para reiterar, insistir, fi xar, explicar, precisar, expandir ou sintetizar uma mensagem, no todo ou parcialmente. Veja o exemplo abaixo:

    Democracia quando eu mando em voc, ditadura quando voc manda em mim

    (Millr Fernandes - citao)

    Com exemplifi ca Pantaleoni (s.d.) para Millr Fernandes, democracia tem um conceito bem relativo, depende do lugar onde a pessoa esteja. Se ela estiver no comando, h democracia; se ela for comandada, ento s existe a ditadura. (parfrase da citao acima.)

    O ato de escrever deve ser visto como uma atividade sociocultural.Ou, dito de outra forma, escrevemos pra algum ler.

    (Faraco, 2003)

  • IPTE 42

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 13

    - parfrase criativa: ultrapassa os limites da simples reafi rmao ou resumo do texto original, da simples traduo literal. Neste tipo de parfrase, o texto se desdobra e se expande em novos signifi cados. Ainda que no discorde do texto de origem, dele se distancia, usando-o como patamar ou pretexto. Neste tipo de parfrase, muitas vezes, o texto-fonte transforma-se em um mote que desenvolvido semntica e formalmente.

    Texto original: mote

    Pus meus olhos numa funda,E fi z um tiro com elas grades duma janela

    Parfrase: glosa ou volta

    Uma dama, de malvada,Tomou seus olhos na moE tirou-me uma pedradaCom eles ao corao.Armei minha funda ento,E pus os meus olhos nela:Trape! quebro-lhe a janela. (Cames)

    - parfrase estrutural: de acordo com Pantaleoni (s.d.) ocorre o aproveitamento da forma, da estrutura frasal e do pargrafo, substituindo o contedo por outro parcialmente ou completamente diferente.

    O sertanejo , antes de tudo, um forte. (Euclides da Cunha)

    O advogado , antes de tudo, um obstinado.O advogado , antes de tudo, um defensor da lei.

    Para Garcia (1997) a parfrase constitui exerccio dos mais proveitosos, pois no s contribui para o aprimoramento do vocabulrio mas tambm proporciona inmeras oportunidades de reestruturao de frases (...) (p. 185)

  • ATIVIDADE 13

    IPTE 43

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOS

    REFERNCIAS

    ANTUNES, I. C. Lutar com palavras: coeso e coerncia. So Paulo: Parbola, 2005.GARCIA, O. M. Comunicao em prosa moderna. 17 ed. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 1997.PANTALEONI, N. A parfrase. [s.l.]: [s.e.], [s.d.].

    ANOTAES

  • IPTE 44

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 13

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 14

    IPTE 45

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSFALCIAS - ERROS DE RACIOCNIO

    OBJETIVOS

    O objetivo desta aula colocar o aluno em contato com as falcias da lngua.

    TEXTO

    Ao tratar das falcias da lngua, Garcia (1997) observa que h, do ponto de vista lgico, duas maneiras de errar: o erro em que se raciocina mal com dados corretos e o erro que se raciocina bem com dados falsos. Se for por vcio de matria resulta neste; se for por um vcio de forma, resulta naquele.

    Os sofi smas so os chamados raciocnios viciosos, falaciosos, ou seja, um falso raciocnio elaborado com a inteno de enganar. De acordo com o autor, os sofi smas so divididos em formas que so resultado de um erro de forma, e os materiais (fatos), resultantes de um engano da apreciao da matria. Alguns sofi smas materiais levantados pelos estudiosos da rea so os falsos axiomas, a ignorncia da questo, petio de princpio, observao inexata, a ignorncia da causa, o erro de

    acidente e a falsa analogia.

    - falsos axiomas: o axioma um princpio necessrio, muitas vezes aplicado Matemtica, e empregado no sentido de proposio ou mxima. Muitas sentenas assumem o papel de axiomas e o falante constri sua argumentao com essas aparentes verdades, demonstrando apenas sua ignorncia e insufi cincia de argumentao.- ignorncia da questo: para Garcia, a mais comum. O falante/escritor desvia-se da questo em foco, justamente por no ter argumentos contra ou a favor, e a substitui por outro assunto no pertinente, mas que consiga comover, irritar, desestruturar o ouvinte/leitor.- petio de princpio: a apresentao da prpria declarao como prova dela mesma; admite-se como verdadeiro aquilo que est em discusso. Essas ocorrncias so chamadas de redundncia, ou seja, repetir o que est implcito numa declarao prvia. - observao inexata: a no observao atenta de fatos ou dados concretos que pode levar a concluses falsas ou a declaraes incompletas, a menos que se trate, como diz Garcia, de uma escamoteao, algo proposital, dos fatos para falsear concluses.- erro de acidente: um tipo de falcia em que se leva em considerao o acidental como atributo essencial, como se fosse uma regra geral, ou seja, h uma generalizao falsa.

  • IPTE 46

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 14

    - falsa analogia: a concluso de algo por induo parcial ou imperfeita. H uma inferncia em virtude de uma semelhana. De acordo com Garcia, comparaes e exemplos tambm constituem formas de raciocnio por analogia.

    REFERNCIA

    GARCIA, O. M. Comunicao em prosa moderna. 17 ed. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 1997.

    ANOTAES

  • ATIVIDADE 15

    IPTE 47

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSSNTESE PARA AUTO-AVALIAO

    OBJETIVOS

    Nesta ltima aula o aluno, ter de forma resumida um dos recursos de coeso parfrase - e as falcias que so muito comuns na lngua.

    TEXTO

    PARFRASE

    Para Garcia (1997) a parfrase constitui exerccio dos mais proveitosos, pois no s contribui para o aprimoramento do vocabulrio mas tambm proporciona inmeras oportunidades de reestruturao de frases (...) (p. 185)

    A parfrase constitui um recurso reiterativo e pode clarifi car um conceito, uma idias, uma informao por meio de uma reformulao diferente, nova, desses itens. Alm disso, um recurso coesivo, pois liga segmentos textuais. A parfrase pode ser dividida em parfrase reprodutiva, parfrase criativa e parfrase estrutural.

    AS FALCIAS DA LNGUA

    Ao tratar das falcias da lngua, Garcia (1997) observa que h, do ponto de vista lgico, duas maneiras de errar: o erro em que se raciocina mal com dados corretos e o erro que se raciocina bem com dados falsos. Se for por vcio de matria, resulta neste; se for por um vcio de forma, resulta naquele.

    Os sofi smas so os chamados raciocnios viciosos, falaciosos, ou seja, um falso raciocnio elaborado com a inteno de enganar. De acordo com o autor, os sofi smas so divididos em formas que so resultados de um erro de forma, e os materiais (fatos), resultantes de um engano da apreciao da matria. Alguns sofi smas materiais levantados pelos estudiosos da rea so os falsos axiomas, a ignorncia da questo, petio de princpio, observao inexata, a ignorncia da causa, o erro de acidente e a falsa analogia.

  • IPTE 48

    INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSATIVIDADE 15

    ANOTAES