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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS PROFª VÂNIA ARAÚJO

Apostila interpretacao Texto

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interpretacao Texto

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  • COMPREENSO E INTERPRETAO DE

    TEXTOSPROf VNIA ARAjO

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    COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTOS

    Compreender um texto e interpretar seu sentido so fatores primordiais em qualquer situao do cotidiano, tendo em vista que o desempenho da leitura interfere na aprendiza-gem de todas as outras matrias, alm de promover a socia-lizao e a cidadania do leitor. O bom leitor sabe selecionar o que deve ler e que efetivamente pode contribuir para sua formao intelectual e melhorar sua compreenso a respeito da complexidade do mundo.

    Interpretar criar sentido, pois toda interpretao provoca a criao de outro texto. Cada leitor um sujeito singular, que utiliza diferentes estratgias (sua experincia prvia, suas crenas, seus conflitos, suas expectativas e suas relaes com o mundo) para dar sentido ao que l, sem, no entanto, eliminar o sentido original do texto. Cabe, porm, res-saltar que quase impossvel determinar o grau de fidelidade de um leitor ao texto original.

    O ato de interpretar possibilita a construo de novos conhecimentos a partir daqueles que existem previamente na memria do leitor, os quais so ativados e confrontados com as informaes do texto, permitindo-lhe atribuir coern-cia quilo que est lendo.

    COMO FAZER UMA LEITURA EFICAZ

    1. Leia todo o texto, com ateno, procurando entender o seu sentido geral.

    2. Identifique as ideias do texto (cada pargrafo contm uma ideia central e outras secundrias), estabelecen-do as relaes entre as partes.

    3. Procure compreender todos os vocbulos e expres-ses. Muitas vezes, o prprio texto j fornece o signi-ficado da palavra. Mas, na medida do possvel, use o dicionrio sempre que estiver lendo, pois aumentar os seus conhecimentos e ampliar o seu vocabulrio. Lembre-se de que bastante frequente a cobrana do significado (tanto literal quanto contextual) das pala-vras nessas provas.

    4. Leia atentamente as instrues para a resoluo das questes e analise com cuidado o que cada enunciado pede. Muitas vezes, o erro proveniente do descuido, ou da pressa, no momento de ler as informaes dos comandos.

    Erros mais frequentes, quando no se faz uma lei-tura adequada dos textos:

    Extrapolao consiste em acrescentar informaes ao texto original ou mesmo aplic-lo em outros contextos.

    Reduo ocorre quando o leitor diminui ou elimina informaes ou a prpria intensidade do texto.

    Inverso acontece quando o leitor perde passagens do desenvolvimento do texto ou altera a orientao de seu sentido, o que pode lev-lo a concluses opostas s expres-sas pelo autor.

    NVEIS DE LINGUAGEM

    A linguagem qualquer conjunto de sinais que nos permite realizar atos de comunicao. Dependendo dos sinais escolhidos, teremos uma comunicao verbal, visual, auditiva etc. Damos o nome de fala utilizao que cada membro da comunidade faz da lngua, tanto na forma oral quanto na escrita. Em decorrncia do carter bastante individual da lngua, necessrio destacar algumas moda-lidades:

    NORMA CULTA: aquela utilizada em situaes formais, principalmente na escrita mais planejada e bem elaborada. Caracteriza-se pela correo da linguagem em diversos aspectos: cuidado maior com o vocabulrio, obedincia s regras estabele-cidas pela Gramtica, organizao rigorosa das ora-es e dos perodos etc. Confira no texto abaixo:

    (...) O mais forte e aprecivel motivo para um estudo dos assuntos humanos a curiosidade. Este um dos traos distintivos da natureza humana. Ao que parece, nenhum ser humano dele totalmente destitudo, apesar de seu grau de intensidade variar enormemente de indivduo para indivduo. No campo dos assuntos humanos, a curiosidade nos leva a buscar uma ptica panormica, atravs da qual se possa chegar a uma viso da realidade, to inteligvel quanto pos-svel para a mente humana.

    Arnold TOYNBEE. Um estudo da histria. Braslia: EdUnB.

    1987. Pg. 47. (com adaptaes).

    LINGUAGEM COLOQUIAL: adotada em situa-es informais ou familiares. Caracteriza-se pela espontaneidade, j que no existe uma preocupao com as normas estabelecidas (aceita o uso de grias e de palavras no dicionarizadas). Embora seja uma modalidade mais informal, no necessariamente inculta, pois a desobedincia a certas normas gra-maticais se deve liberdade de expresso e sen-sibilidade estilstica do falante. facilmente encon-trada na correspondncia pessoal (facebook, msn, e-mail etc.), na literatura, histrias em quadrinhos, nos jornais e revistas. Veja o exemplo:

    Sei l! Acho que tudo vai ficar legal. Pra que ento ficar esquentando tanto? Me parece que as coisas no fim sempre do certo.

    LINGUAGEM TCNICA: utilizada por alguns profissionais (policiais, vendedores, advogados, economistas etc.) no exerccio de suas atividades. Exemplo:

    Vamos direto ao assunto: interface grfica ou no, muitas vezes, preciso trabalhar com o prompt do DOS, sendo aborrecedor esforar-se na redigitao de subdiret-rios longos ou comando mal digitados.

    Revista PC World, ago/2007. p. 98.

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    LINGUAGEM LITERRIA (ARTSTICA): tem fina-lidade expressiva, como a que feita pelos artis-tas da palavra (poetas e romancistas, por exemplo). Observe:

    O cu jogava tinas de gua sobre o noturno que me devolvia a So Paulo. O comboio brecou, lento, para as ruas molhadas, furou a gare suntuosa e me jogou nos culos menineiros de um grupo negro. Sentaram-me num autom-vel de psames.

    Oswald de Andrade, . Memrias Sentimentais de Joo Mira-mar.

    VARIAES LINGUSTICAS

    So as variaes que uma lngua apresenta, de acordo com as condies sociais, culturais, regionais e histricas em que utilizada. A lngua um organismo vivo, que se modi-fica no tempo, a todo instante. Os tipos de variaes mais cobrados em provas so:

    EMPRSTIMOS LINGUSTICOS: vocbulos incor-porados ao nosso idioma em sua forma original - ou aportuguesados. No portugus usado hoje no Brasil, existe influncia de vrias lnguas: do contato com o ndio, incorporamos palavras como cip, mandioca, peroba, carioca etc.; a partir do processo de escra-vido no Brasil, incorporamos inmeros vocbulos de lnguas africanas, tais como quiabo, macumba, samba, vatap e muitos outros.Podemos encontrar tambm, no portugus atual, palavras provenientes de lnguas estrangeiras mo-dernas, principalmente do ingls. Veja alguns exem-plos: do italiano (maestro, pizza, tchau, espaguete); do francs (abajur, toalete, champanhe); do ingls (recorde, sanduche, futebol, bife, gol, clube, e mui-tos outros mais).

    NEOLOGISMOS: so palavras novas, que vo sendo logo absorvidas pelos falantes no seu pro-cesso dirio de comunicao. Umas, surgem para expressar conceitos igualmente novos; outras, para substituir aquelas que deixam de ser utilizadas. Os neologismos podem ser criados a partir da prpria lngua do pas (cegonheiro, por exemplo), ou a partir de palavras estrangeiras (deletar, escanear etc.).

    RECRIAES SEMNTICAS: existem, tambm, aquelas palavras que adquirem novos sentidos ao longo do tempo. Por exemplo: cegonha (carreta que transporta automveis, desde as montadoras at as concessionrias), laranja (testa de ferro, pessoa que empresta o nome para a realizao de negcios ilci-tos) e muitas mais.

    GRIAS: so palavras caractersticas da linguagem de um grupo social (jovens, por exemplo), que, por sua expressividade, acabam sendo incorporadas linguagem coloquial de outras camadas sociais.

    JARGES: so os vocbulos caractersticos da lin-guagem utilizada por alguns grupos profissionais (mdicos, policiais, vendedores, professores etc.) e que, por sua expressividade, acabam sendo incor-poradas linguagem de outras camadas sociais.

    REGIONALISMOS: so as variaes originadas das diferenas de regio ou de territrio. Veja o exem-plo de uma variedade regional, tambm conhecida como fala caipira, prpria do interior de alguns estados brasileiros: Cheguei na bera do porto onde as onda se espaia.As gara d meia vorta, senta na bera da praia.E o cuitelinho no gosta que o boto de rosa caia.

    Milton Nascimento

    INTERTEXTUALIDADE

    Ocorre quando h um dilogo (implcito ou explcito) entre textos ou gneros textuais. Ela serve para ilustrar a importncia do conhecimento de mundo e como este inter-fere no nvel de compreenso de um texto. Assim, mesmo quando no h citao explcita da fonte inspiradora, pos-svel reconhecer elementos do outro texto, j que ele nor-malmente bastante conhecido. Esse conhecimento, porm, no se d por acaso nem por obra da intuio e, sim, pelo exerccio da leitura. Quanto mais experiente for o leitor, mais possibilidades ele ter de compreender os caminhos per-corridos por um determinado autor em sua produo e, da mesma forma, mais possibilidades ele ter de utilizar seus prprios caminhos.

    So exemplos de intertextos: Epgrafe (escrita intro-dutria de outra); Citao (transcrio de texto alheio, mar-cada por aspas); Parfrase (reproduo do texto do outro, com palavras daquele que o reproduz); Pardia (forma de apropriao que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente, visando ironia ou crtica) e Traduo (recriao de um texto).

    Em sua forma implcita, a intertextualidade bastante comum nos textos publicitrios e, neste caso, serve para persuadir o leitor e lev-lo a consumir um produto ou, at mesmo, para difundir a cultura.

    Em sua forma explcita, a superposio de um texto sobre outro pode promover uma atualizao ou moderniza-o das ideias do primeiro texto, fazendo chegar ao leitor, de maneira mais efetiva, o pensamento do autor. Esta forma aparece com frequncia nos textos utilizados pelas Bancas examinadoras em provas de concursos. No texto que segue, por exemplo, o poeta Mrio Quintana faz aluso a uma pas-sagem da Bblia e a uma famosa frase do escritor francs Voltaire. Veja:

    Da imparcialidade

    A imparcialidade uma atitude desonesta. Das duas uma: ou o imparcial est mentindo, traindo, assim, as suas mais legtimas preferncias, ou ento no passa de um exato rob, mero boneco mecnico, sem opinio pessoal, sem nada de humano.

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    Aquela frase de Voltaire, to citada: No creio em uma s palavra do que dizes, mas defenderei at morte teu direito de o dizer. uma das coisas mais demag-gicas que algum j poderia ter inventado. Se achamos que algo nocivo, meu Deus, como conseguiremos dormir tranquilos sem evitar sua propagao?

    Pilatos tambm um exemplo de imparcialidade. Ao condenar Cristo, aparentemente deixou de tomar posi-o. Porm a realidade insurge-se contra os fatos. Frente massa, procurou preservar seu governo. Desempenhou na Histria uma pontinha. Mas que pontinha! Condenou um inocente, desconhecendo a posteridade. Esqueceu Pilatos, entretanto, que a verdade deve ser reconhecida e proclamada em qualquer situao.

    Mrio Quintana. In: Caderno H. Porto Alegre. (Com adaptaes).

    TIPOS TEXTUAIS

    FORMA E CONTEDO DOS TEXTOS

    QUANTO A ESSES DOIS ASPECTOS, CLASSIFICAM-SE OS TEXTOS EM:

    POESIA um gnero textual que se caracteriza pela escrita em versos (o verso o ordenador rt-mico e meldico do poema), que pode apresentar rima e mtrica e uma elaborao muito particular da linguagem. A poesia em geral reflete o momento, o impacto dos fatos sobre o homem e a criao de imagens que reflitam esse impacto.

    Eu canto porque o instante existeE a minha vida est completa.No sou alegre nem sou triste Sou poeta.(...)Sei que canto. E a cano tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo: mais nada.

    Ceclia Meireles. Motivo.

    PROSA um discurso que reproduz a maneira natu-ral de falar, sem mtrica nem rima. As linhas ocupam quase toda a extenso horizontal da pgina, demar-cada, fisicamente, pelo pargrafo - pequeno afasta-mento em relao margem esquerda da folha. O pargrafo o ordenador lgico da prosa.

    TIPOS TEXTUAIS

    Os tipos textuais designam uma sequncia definida pela natureza lingustica de sua composio e, para a sua classificao, so observados aspectos lexicais, sintticos, tempos verbais e, principalmente, as relaes lgicas. Por sua estrutura composicional, os textos se dividem em:

    1. NARRATIVO

    Texto que visa a discorrer sobre fatos, relatar epis-dios, acontecimentos e histrias verdadeiras (narrativa real) ou fictcias (narrativa ficcional). O texto narrativo possui uma

    sequncia de acontecimentos (comeo, meio e fim) que pode ter sua ordem alterada pelo escritor, dependendo do efeito que ele pretenda alcanar. So exemplos de narrati-vas: romance, novela, conto, crnica, anedota e, at, hist-rias em quadrinhos. Leia o texto que segue:

    Contou-me um amigo uma histria exemplar, ocor-rida na cidade mineira de Nova Lima, por volta dos anos 30. Em Nova Lima, existe uma importante mina de ouro a mina de Morro Velho que, quela poca, vivia o seu apogeu, e era propriedade de uma companhia inglesa. Os operrios, nas entranhas da terra, perfuravam a rocha com suas brocas e picaretas e, dessa forma, respiravam durante anos, nas galerias fundas, a poeira de pedra que o trabalho levantava.

    Sem nenhuma proteo, ao fim de algum tempo, os mineiros, na sua quase totalidade, contraam a silicose, causada pelo depsito do p de pedra em seus pulmes. A silicose, alm de encurtar a vida e a capacidade de trabalho, provoca tambm uma tosse crnica, oca e res-soante, capaz de denunciar, distncia, a molstia que lhe d origem.

    Nas noites de Nova Lima, quando buscava repouso, a cidade era sacudida e inquietada por uma trovoada surda e cava que, nascendo dos casebres operrios, chegava at s fraldas das montanhas em torno. Era a grande tosse dos pobres, sintoma e denncia eloquente da silicose que os roa. Os ingleses, perturbados em seu sono e em sua boa conscincia, em vez de adotarem medidas hbeis para que a silicose cessasse, resolveram enfrentar o problema pelo exclusivo ataque ao sintoma. Montaram em Nova Lima, com banda de msica e foguetes, uma fbrica de xarope contra a tosse que, ao mesmo tempo, produzia para con-sumo dos colonizadores matria-prima para refrigerantes que no eram encontrados em nosso pas.

    Hlio Pellegrino. Psicanlise da criminalidade brasileira: ricos e pobres. In: Folha de S. Paulo, Folhetim. Apud In: http://www.

    cefetsp.br/edu/eso/pellegrinocriminalidadecsc.html.

    Elementos da Narrativa:

    1. Narrador: quem conta a histria, um ser ficcional a quem o autor transfere a tarefa de narrar os fatos. H textos narrativos quase totalmente ou totalmente dialogados. Nesse caso, o narrador aparece muito pouco, ou fica subentendido.

    IMPORTANTE

    No confunda o narrador com o autor da histria. Este um escritor, com uma biografia civil, um ser humano, que pode construir vrios narradores (um para cada histria que desejar contar).

    2. Personagens: so os seres que esto envolvidos com a histria, que vivem os fatos e que so caracterizados fsica e psicologicamente. Qualquer tipo de ser (gente, bicho, criaturas inanimadas) pode virar personagem de uma narrativa.

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    Os personagens podem ser classificados como: Principais quando participam diretamente da trama. Secundrios quando participam de forma pouco

    intensa da histria. Caricaturais que tm traos de personalidade ou

    padres de comportamento realados, acentuados (s vezes beirando o ridculo).

    3. Enredo: a histria em si, o conjunto encadeado dos fatos, organizado de acordo com a vontade do escrito. Todo enredo supe um conflito.

    OOss: Uma narrativa pode apresentar um enredo linear quando os fatos vo se desenrolando um depois do outro, em ordem cronolgica de tempo ou um enredo no linear quando a histria interrompi-da por uma volta ao passado (para algo ser lembra-do). o que chamamos de flashback, muito comum em filmes.

    4. Espao: o espao da narrativa o local onde se de-senvolve a histria, o cenrio. A descrio do espao serve para criar o clima que envolve o leitor nos acon-tecimentos. A descrio do espao serve, tambm, para caracterizar, de forma indireta, um personagem. Pode ser:

    Fsico: o cenrio por onde circulam os persona-gens e onde se desenrola a trama.

    Mental: o retrato de uma poca, a nfase nos costumes de determinado perodo da histria.

    5. Tempo: o tempo da narrativa o quando acontece a histria.

    Cronolgico: o tempo marcado pelo relgio, pelo calendrio ou por outros ndices exteriores (momen-tos do dia, estaes do ano, fatos histricos).

    Psicolgico: o tempo subjetivo, varivel de indi-vduo para indivduo. Esse tempo marca-se pelas sensaes ou pensamentos do personagem.

    Caractersticas de uma narrativa: Encadeamento de aes e fatos. As frases se organizam em uma progresso tempo-

    ral (relao de anterioridade/posterioridade), tanto que no se pode alterar a sequncia sem afetar basicamente o texto.

    Texto dinmico, uma vez que existem muitos verbos indicando movimento, ao, e, ainda, a passagem do tempo.

    2. DESCRITIVO

    Texto em que feita a caracterizao de uma pessoa, um animal, um objeto ou uma situao qualquer. No existe progresso temporal, j que apenas destaca as proprieda-des e aspectos dos elementos num certo estado (como se estivesse parado).

    Nos enunciados descritivos podem at aparecer verbos que exprimam ao, movimento, mas os movimentos so sempre simultneos, no indicando progresso de um estado anterior para outro posterior.

    Caractersticas de uma descrio: Encadeamento de informaes. Todos os enuncia-

    dos apresentam ocorrncias simultneas. Riqueza de detalhes e a presena abundante dos

    adjetivos. No existe temporalidade (datas), tanto que se

    pode alterar a sequncia, sem afetar basicamente o sentido.

    Uso dos cinco sentidos. Texto esttico, pois faz um uso reiterado de verbos

    de estado (e no de ao).

    A descrio um processo de caracterizao que exige sensibilidade daquele que descreve, para sensibilizar tambm aquele que l. Sendo assim, ela se baseia na percepo nos cinco sentidos: viso, tato, audio, paladar e olfato.

    OOserve o trecho a seguir:

    A terraAo sobrevir das chuvas, a terra (...) transfigura-se em

    mutaes fantsticas, contrastando com a desolao ante-rior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cmo-ros escalvados, repentinamente verdejantes. A vegetao recama de flores, cobrindo-os, os grotes escancelados, e disfara a dureza das barrancas, e e arredonda em coli-nas os acervos de blocos disjungidos de sorte que as chapadas grandes, intermeadas de convales, se ligam em curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a tem-peratura. Com o desaparecer das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares. Novos tons na paisagem: a transparncia do espao salienta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da forma e da cor.

    Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra. E o serto um vale frtil. um pomar vastssimo, sem dono.

    Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturan-tes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasies em que os estios se ligam sem a intermitncia das chuvas o espasmo assombra-dor da seca. A natureza compraz-se em um jogo de ant-teses.

    Euclides da Cunha. Os sertes - campanha de Canudos. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves. 1982. Pginas

    37-38 (com adaptaes)

    A apresentao conjunta de traos fsicos e psicolgi-cos permite que a descrio se torne mais concreta, mais sensvel e mais capaz de fazer o leitor realizar em sua ima-ginao o objeto descrito/ser descrito. Mesmo assim, s vezes, possvel visualizar a descrio sob dois enfoques:

    2s1 OBJETIVO: processo de caracterizao que pro-cura descrever a realidade, de maneira direta e objetiva, sem acrescentar nenhum juzo de valor. O autor torna--se impessoal e a linguagem utilizada denotativa. Como exemplo, leia a descrio abaixo e observe que, medida que voc avana no texto, a imagem do ser descrito vai-se formando em sua mente:

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    Era um burrinho pedrs, mido e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceio do Serro, ou no sei onde no serto. Chamava-se Sete-de-ouros, e j fora to bom, como outro no existiu e nem pode haver igual.

    Agora, porm, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa para espiar os cantos dos dentes. Era decrpito mesmo a distncia: no algodo bruto do pelo sementinhas escu-ras em rama rala e encardida: nos olhos remelentos, cor de bismuto, com plpebras rosadas, quase sempre oclusas, em constante semissono; e, na linha, fatigada e respeitvel uma horizontal perfeita, do comeo da testa raiz da cauda em pndulo amplo, para c, para l, tangendo as moscas.

    Joo Guimares Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro: Livraria Jos Olympio Editora, 1976.

    2s2 SUBJETIVO: um processo de caracterizao que busca transmitir o estado de esprito do autor diante da coisa observada ou a sua opinio sobre ela. Ele faz uma representao particular do objeto, normalmente usando a linguagem conotativa.

    Observe a descrio suOjetiva de uma personagem feminina, de Machado de Assis:

    Assomando porta, levantou o reposteiro e deu entrada a uma mulher, que caminhou para o centro da sala. No era uma mulher, era uma slfide, uma viso de poeta, uma criatura divina.

    Era loura; tinha os olhos azuis, que buscavam o cu ou pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente penteados, faziam-lhe em volta da cabea, um como res-plendor de santa; santa somente no mrtir, porque o sorriso que lhe desabrochava os lbios era um sorriso de bem-aventurana, como raras vezes h de ter tido a terra.

    Um vestido branco, de finssima cambraia, envolvia--lhe o corpo, cujas formas, alis, desenhava, pouco para os olhos, mas muito para a imaginao.

    A chinela turca. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Edi-tora Aguilar. 1986. p.301 (Adaptado).

    3. DISSERTATIVO

    Texto em que se faz uma exposio de opinies, pontos de vista, fundamentados em argumentos e raciocnios base-ados na vivncia, na leitura, na concluso a respeito da vida, dos homens e dos acontecimentos. O texto disserta-tivo baseia-se, sobretudo, em afirmaes que transmitem um conceito relativo, pois suscitam dvidas, hesitaes. Nele, aparecem os pontos de vista diferentes e conflitantes e os graus de verdade e/ou falsidade.

    No texto dissertativo, o autor tem maior preocupao com o uso dos conectores, com a sintaxe, e, ainda, as corre-tas relaes semnticas entre as palavras.

    Caractersticas de uma dissertao: Encadeamento de ideias e raciocnio. Os assuntos so tratados de maneira abstrata e

    genrica.

    As relaes internas e a coerncia entre as frases que lhe garantem o sentido, j que so os meca-nismos de coeso (conjunes, preposies e pro-nomes relativos, demonstrativos) e as palavras abs-tratas que integram a estrutura bsica do texto.

    Estrutura padro da dissertao:

    Introduo: o pargrafo de abertura, responsvel pela apresentao do assunto, em que lanada a tese (tpico frasal ou ideia principal) a ser desenvol-vida nos pargrafos seguintes.

    Desenvolvimento: a parte fundamental da dis-sertao, em que se desenvolve o raciocnio ou o ponto de vista sobre o assunto, por meio de argu-mentos convincentes. Do desenvolvimento, depende a profundidade, a coerncia e a coeso do texto. Cada argumento (ideia secundria) a ser trabalhado dever ocupar um pargrafo.

    Concluso: a parte final do texto, em que se faz um arremate das ideias apresentadas. mais comum, na concluso de um texto que o autor ofe-rea uma sugesto para o problema levantado. Mas, s vezes, ele se limita a passar a soluo do problema para o leitor, por meio de uma pergunta.

    O discurso na dissertao

    1 pessoa do singular imprime extrema subjetivi-dade no texto e encontrada com mais frequncia nos textos literrios. So exemplos do uso da 1 pessoa nos textos: Eu acho, eu acredito, a meu ver, no meu entender, para mim, na minha opinio etc.

    1 pessoa do plural tambm atribui certo grau de subjetividade ao texto. Autores que optam pela primeira pessoa do plural buscam maior interativi-dade com o leitor, no sentido de inclu-lo como par-ticipante das ideias do texto. Exemplo: Vivenciamos atualmente tempos de globalizao da pobreza... (consenso)Existe uma 1 pessoa do plural que no inclui o leitor o chamado plural de modstia. Isso acontece quando um autor produz e assina sozinho um texto no qual ele expressa Para citarmos um exemplo....

    3 pessoa (ideolgica) imprime objetividade no texto, dando expresso do pensamento um car-ter mais universal. O uso da 3 pessoa facilita a persuaso, j que confere maior credibilidade s ideias. Ex.: A poltica econmica do governo Dilma no promove, de fato, o bem-estar social.

    O TEXTO DISSERTATIVO SE SUBDIVIDE EM:

    Dissertativo Argumentativo

    o texto que visa influenciar o leitor, por meio de uma linha de raciocnio consistente, procurando convenc-lo, ante a evidncia dos fatos, a concordar e aceitar como cor-reto e vlido o ponto de vista expresso. Observe o exemplo:

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    A cincia, no seu esforo de salvar vidas, logrou, no entanto, dar-lhe outra finalidade mais nobre: a de suprir a falncia de rgos de pessoas vivas, substitudos por partes que dele possam ser retiradas. Contra esse benef-cio para a humanidade, levantam-se barreiras utilizao de rgos removidos de cadveres, se no h, para isso, consentimento familiar, com a invocao de princpios que orientam a tica mdica.

    Benjamin Bentham estabeleceu que o direito e a moral ocupam crculos concntricos; o raio maior seria o da moral. O direito, portanto, seria o mnimo tico. Posta a premissa, o debate da retirada de rgos de cadveres deve, necessariamente, ferir-se no campo da tica. Con-tudo, grande diferena vai entre a tica, como conside-rada no mbito da Filosofia, e a disciplina imposta ao exer-ccio de profisses liberais pelos seus rgos de classe. Na Axiologia, os valores so vistos dentro de uma escala, estabelecida segundo os costumes e a cultura dos povos.

    O sentido dessa escala o de oferecer fundamentos para dirimir o conflito que se instale entre esses valores. O conflito inerente vida de relao, tanto que, na orga-nizao do Estado, prevista a instituio de um poder s para dirimi-lo: o Judicirio. Nenhum pas, com foros de civilizao, h de colocar a vida em segundo plano na escala de valores. Tudo o que se fizer para a salvao de uma vida , por princpio, tico. A tica, aplicada no uso de partes do cadver, para restituir a sade de pessoas ou salvar-lhes a vida, pe-se diante do seguinte dilema: pre-servar a sade ou a vida contra a morte ou a doena, ou preservar o cadver para satisfazer o desejo da famlia?

    A discusso da lei da doao presumida de rgos , diante da tica, absolutamente estril. Os primeiros transplantes no dependeram de lei e ainda hoje, como antes, a tica lhes d o necessrio suporte. A retirada de rgos de cadver, para transplante, tica at contra a vontade, em vida, do morto. O direito, ainda dentro do mnimo tico, colocaria esse ato em face do estado de necessidade, que o Cdigo Penal considera excludente de ilicitude.

    O artigo 24 do Cdigo Penal calha, no caso, como uma luva. Se a nica alternativa para salvar uma vida o transplante de rgo de cadver, a sua retirada, para esse fim, inteiramente abonada pelo estado de neces-sidade. Conduta em sentido inverso relevante para a configurao de crime por omisso, se o mdico podia e devia evitar a morte ou curar a doena. inconceb-vel que todo o pensamento penal tenha sido formulado contra a tica. No h tica que se sustente contra a vida.

    Assim, por sentimento da famlia, que se leve em maior conta o daquela ligada ao paciente que espera pelo rgo. E, se inevitvel o sofrimento de uma pela falta do rgo, ou de outra pela sua retirada, a soluo, sempre conflituosa, deve ser buscada na escala de valores.

    Edelberto Luiz da Silva. Correio Braziliense, 11/01/98

    (com adaptaes).

    Dissertativo Expositivo

    o texto que procura somente informar, explicar ou interpretar ideias, conceitos ou pontos de vista, por meio de uma explanao imparcial que no conduza polmica e no tenha o propsito imediato de persuadir ou formar a opi-nio do leitor. Leia:

    A maioria dos comentrios sobre crimes ou se limi-tam a pedir de volta o autoritarismo ou a culpar a violn-cia do cinema e da televiso, por excitar a imaginao criminosa dos jovens.

    Poucos so aqueles que pensam que vivemos em uma sociedade que estimula, de forma sistemtica, a passividade, o rancor, a impotncia, a inveja e o senti-mento de nulidade nas pessoas. No podemos interferir na poltica, porque nos ensinaram a perder o gosto pelo bem comum; no podemos tentar mudar nossas relaes afetivas, porque isso assunto de cientistas; no pode-mos, enfim, imaginar modos de viver mais dignos, mais cooperativos e solidrios, porque isso coisa de obs-curantista, idealista, perdedor ou idelogo fantico, e o mundo dos fazedores de dinheiro.

    Somos uma espcie que possui o poder da imagina-o, da criatividade, da afirmao e da agressividade. Se isso no pode aparecer, surge, no lugar, a reao cega ao que nos impede de criar, de colocar no mundo algo de nossa marca, de nosso desejo, de nossa vontade de poder. Quem sabe e pode usar com firmeza, agressi-vidade, criatividade e afirmatividade a sua capacidade de doar e transformar a vida, raramente precisa matar inocentes de maneira bruta.

    Existem mil outras maneiras de nos sentirmos poten-tes, de nos sentirmos capazes de imprimir um curso vida que no seja pela fora das armas, da violncia fsica ou da evaso pelas drogas, legais ou ilegais, pouco importa.

    Jurandir Freire Costa. In: Quatro autores em busca do Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 43 (com adaptaes)

    4. INJUNTIVO

    um texto instrucional, que prescreve procedimentos a serem realizados. A inteno pode ser persuasiva ou apenas instrutiva. So exemplos de textos injuntivos as receitas (culinrias ou mdicas); os manuais de instruo: as bulas de remdios, artigos e leis, de modo geral; placas de sinali-zao de trnsito; editais de concursos; campanhas comu-nitrias etc.

    Caractersticas de um texto injuntivo: Verbos empregados no modo imperativo; Emprego do padro culto da lngua; Linguagem clara e acessvel a todo tipo de pessoa; Predomnio da funo referencial da linguagem,

    embora a conativa seja tambm bastante recor-rente.

    A inteno pode ser persuasiva ou apenas de ins-truo.

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    Segue um exemplo de texto injuntivo:

    Cuidados para evitar envenenamentos Mantenha sempre medicamentos e produtos txi-

    cos fora do alcance das crianas; No utilize medicamentos sem orientao de um

    mdico e leia a bula antes de consumi-los; No armazene restos de medicamentos e tenha

    ateno ao seu prazo de validade; Nunca deixe de ler o rtulo ou a bula antes de

    usar qualquer medicamento; Evite tomar remdio na frente de crianas; No ingira nem d remdio no escuro para que

    no haja trocas perigosas; No utilize remdios sem orientao mdica e

    com prazo de validade vencido; Mantenha os medicamentos nas embalagens ori-

    ginais; Cuidado com remdios de uso infantil e de uso

    adulto com embalagens muito parecidas; erros de identificao podem causar intoxicaes graves e, s vezes, fatais;

    Plulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, brilhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a ateno e a curiosidade natural das crianas; no estimule essa curiosidade; mante-nha medicamentos e produtos domsticos tran-cados e fora do alcance dos pequenos.

    Internet: HTTP://189.28.128.100/portal/aplicacoes/noticias (Adaptado)

    5. PREDITIVO

    um texto que faz previses. Podem ser descries, narraes ou dissertaes futuras em que o autor antecipa uma informao, uma ideia, um saber. Neste tipo de texto, as formas verbais tm sempre valor de futuro, visto ocor-rer uma predio de algo que est por acontecer. H certos tipos de textos que normalmente so preditivos ou contm partes preditivas.

    So exemplos de textos preditivos as previses em geral: boletins meteorolgicos, programas de eventos e via-gens, leituras de sorte, profecias, horscopos, prenncios de comportamentos e situaes etc. Veja, abaixo, um exem-plo de texto preditivo:

    Daqui a uns cinquenta anos, alguns dos recursos usados hoje em sala de aula e considerados modernos provavelmente estaro obsoletos. Novos utenslios sero desenvolvidos; alguns at, quem sabe, revolucionrios. No entanto, na opinio da doutora em educao pela Pontif-cia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, a professora Andrea Ramal, no sero ferramentas de ltima gerao que marcaro a aula do futuro. Para ela, os novos rumos da educao esto mais relacionados postura de profes-sores e alunos em sala de aula. Imagino a sala de aula do futuro como um lugar comunicativo, sendo o espao da polifonia, da diversidade das vozes, onde todos podero se comunicar, se posicionar, e onde, desse dilogo, vai se produzir conhecimento, prev a doutora.

    A aula do futuro, a meu ver, ser formada por grupos, reunidos por interesses em temas especficos, e no por faixas etrias, exclusivamente; equipes multidisciplinares, trabalhando juntas nos colgios, e no divididas em reas como portugus, matemtica, geografia, histria. Sero equipes de trabalho, formadas por professores e alunos, desenvolvendo projetos juntos. A avaliao no ser a mesma para todos e no vai ser determinada por uma nica pessoa. Isso porque existiro tantos currculos quan-tas forem as navegaes dos alunos. Como o indivduo navegante o prprio autor, haver um currculo por aluno. No fundo, existiro avaliaes diversificadas, por compe-tncias, e no por contedos; em sntese: uma mudana radica0l, em que no vai mais existir o conceito de turma, mas de comunidade cooperativa de aprendizagem.

    Internet: http://teclec.psico.ufrgs.br (com adaptaes). Acesso em 8/7/2010.

    GNEROS TEXTUAIS

    Os gneros textuais tambm esto ligados s prticas sociais e, portanto, so inmeros textos orais ou escritos pro-duzidos por falantes de uma lngua em determinado momento histrico. So definidos de acordo com o estilo, a funo, a composio e, principalmente, o contedo. Vale lembrar que muitos gneros so comuns a vrios domnios discursivos. Alguns gneros utilizados em provas de concurso:

    1. EDITORIAL

    um texto dissertativo, que manifesta a opinio do jornal ou da revista a respeito de um assunto da atualidade, quase sempre polmico, com a inteno de esclarecer ou alterar pontos de vista dos leitores, alertar a sociedade e, s vezes, at mobiliz-la.

    O editorial, como texto argumentativo que , tem por finalidade persuadir o leitor e, por isso, precisa dar a impres-so de que detm a verdade, evitando opinies pessoais, afirmaes generalizantes e sem fundamento. No desenvol-vimento das ideias de um editorial, os recursos empregados para dar maior consistncia ao texto e aproxim-lo da ver-dade so exemplos, depoimentos, dados estatsticos, pes-quisas, comparaes ou relaes de causa e efeito.

    Leia o editorial abaixo, extrado da revista poca, de 20 de setembro de 2010.

    Sinais inequvocos de como o homem moderno j est sendo prejudicado pelo uso depredatrio dos recur-sos naturais tm se multiplicado mundo afora. No ano de 2005, houve um nmero sem precedentes de irregularida-des climticas de consequncias trgicas. Quase simul-taneamente, houve ondas de calor nos EUA, na Europa, na sia e na frica. Inundaes na sia, nos EUA e na Europa. E tambm furaces devastadores nas Antilhas, nos EUA e na sia. E at no Brasil, um caso com poucos precedentes. E ainda por cima comeam a se desenvolver hipteses de que a atividade vulcnica, responsvel por maremotos (tsunamis), pode ser induzida pelo aumento da temperatura do mar.

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    Embora no seja consenso, pesquisas cientficas apontam uma relao de causa e efeito entre o aque-cimento global e as perturbaes climticas observa-das nos ltimos tempos. Com base nisso, desde 1997, representantes de cerca de duas centenas de pases tm se reunido para discutir um protocolo de intenes para regular a emisso dos gases poluidores respons-veis pelo aquecimento global. A esse protocolo foi dado o nome de Kyoto, cidade japonesa onde ocorreu a primeira reunio do grupo.

    2. NOTCIA

    um texto narrativo que expressa um fato novo, bus-cando despertar o interesse do pblico a que se destina. um gnero tipicamente jornalstico, pois a notcia pode ser veiculada em jornais, escritos ou falados, e em revistas.

    Uma notcia deve ser imparcial e objetiva, ou seja, deve expor fatos, e no opinies, em linguagem clara, direta e bastante precisa. Ela encabeada por um ttulo - que anun-cia o assunto a ser desenvolvido e no qual so empregadas palavras curtas e de uso comum.

    Os elementos que compem a notcia so as respostas a estas seis perguntas bsicas.

    O qu? (os fatos narrados) Quem? (os personagens/as pessoas envolvidas) Quando? (em que data ocorreram os fatos) Onde? (em que lugar se deram os fatos) Como? (de que maneira/ por meio de que) Por qu? (por qual motivo)

    Estrutura Textual da Notcia:

    LEAD um resumo do fato em poucas linhas e compreende, normalmente, o primeiro pargrafo da notcia. Contm as informaes mais importantes e deve fornecer ao leitor a maior parte das respostas s perguntas formuladas anteriormente.

    CORPO so os demais pargrafos da notcia, nos quais se apresenta o detalhamento do assunto exposto no Lead, fornecendo ao leitor novas infor-maes, em ordem cronolgica ou de importncia.

    Leia esta notcia extrada do jornal Folha de So Paulo:

    Assombrado pela necessidade e pela fome Ashkar Muhammad primeiro vendeu alguns de seus animais. A, enquanto os meses iam passando, trocou os tapetes da famlia, os utenslios de metal e at mesmo as toras de madeira que sustentavam o teto da cabana que o abriga com a larga prole.

    Mas o dinheiro no dava. A fome sempre reapare-cia. Finalmente, seis semanas atrs Muhammad fez algo que se tornou infelizmente digno de nota no pas. Ele levou dois de seus dez filhos para o bazar da cidade mais prxima e os trocou por sacos de trigo. Agora os garo-tos Sher, 10; Baz, 5, esto longe de suas casas. O que mais eu poderia fazer?, pergunta o pai, em Kangori, uma remota vila no norte do Afeganisto. Ele no quer pare-cer indiferente: Sinto falta de meus filhos, mas no havia nada para comer.

    Nas colinas prximas, veem-se pessoas debilitadas voltando de uma colheita primitiva de variedades de vege-tais da regio e at mesmo grama uma colheita que s fica minimamente comestvel se fervida por muito tempo. Para alguns, no h nada mais, balbucia Muhammad.

    BEARAK, Barry. Pai afego vende filhos para comprar comida. Folha de So Paulo, So Paulo, 17 mar. 2006.

    3. REPORTAGEM

    uma modalidade de carter opinativo, que estabe-lece uma conexo entre o fato central e os fatos paralelos, questiona causas e efeitos desses fatos, interpretando-os e orientando o leitor sobre eles. A reportagem no possui uma estrutura rgida: de modo geral, introduzida por um lead e sempre encabeada por um ttulo (que anuncia o fato em si) e pode ou no apresentar subttulo. Nela, o autor desenvolve a narrativa pormenorizada dos fatos, compondo--a por meio de entrevistas, depoimentos, dados estatsticos, pequenos resumos e textos de opinio, e, depois, emite sua opinio a respeito do assunto.

    Embora seja um texto que necessite de linguagem clara, dinmica e objetiva (de acordo com o padro culto), a maioria dos jornais e revistas brasileiros costuma empregar termos e expresses mais informais, dependendo do pblico a que esses veculos se destinem. Como exemplo, leia o excerto abaixo:

    Enquanto a notcia nos diz no mesmo dia ou no seguinte se o acontecimento entrou para a histria, a reportagem nos mostra como que isso se deu. Tomada como mtodo de registro, a notcia se esgota no anncio; a reportagem, porm, s se esgota no desdobramento, na pormenorizao, no amplo relato dos fatos.

    O salto da notcia para a reportagem se d no momento em que preciso ir alm da notificao em que a notcia deixa de ser sinnimo de nota e se situa no detalhamento, no questionamento de causa e efeito, na interpretao e no impacto, adquirindo uma nova dimen-so narrativa e tica. Porque, com essa ampliao de mbito, a reportagem atribui notcia um contedo que pri-vilegia a verso. Se a nota geralmente a histria de uma s verso [...], a reportagem , por dever e mtodo, a soma das diferentes verses de um mesmo acontecimento.

    [...] fundamental ouvir todas as verses de um fato para que a verdade apurada no seja apenas a verdade que se pensa que e, sim, a verdade que se demonstra e tanto que possvel se comprova.

    Jornal, histria e tcnica: as tcnicas do jornalismo. So Paulo: tica, 1990.

    4. ARTIGO DE OPINIO

    um texto jornalstico de carter dissertativo, com assinatura do autor, no qual ele expressa uma opinio ou comenta um assunto a partir de determinada posio. uma modalidade na qual o articulista geralmente apresenta opini-es que refletem apenas a forma como ele compreende e interpreta os fatos.

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    Leia o artigo de opinio, escrito pelo jornalista Eugnio Bucci, extrado da revista Veja:

    crtica, um fato que no depende do contexto especfico de uma poca ou cultura. O cartum trata de temas universais (o amante, o palhao, a guerra, a luta do bem contra o mal) que podem ser entendidos em qualquer parte do mundo por diferentes culturas e em diferentes pocas. uma forma de manifestao caricatural que normalmente prescinde de textos de apoio, representando as ideias apenas pela expresso dos personagens no desenho.

    7. FBULA

    Texto narrativo de carter alegrico, que trabalha o ima-ginrio e que pretende transmitir alguma lio de fundo moral, tendo geralmente animais como personagens. Quando ela utiliza objetos inanimados, recebe o nome de aplogo. A fbula constitui uma forma simples de narrativa. Suas razes remontam Antiguidade greco-romana, com Esopo e Fedro. La Fontaine, poeta francs, foi quem introduziu e aprimorou as fbulas antigas, fazendo com que chegassem at ns.

    No Brasil, coube a Monteiro Lobato recriar as fbu-las de La Fontaine e a Millr Fernandes atualizar algumas das histrias clssicas. Millr tambm criador de algumas fbulas modernas cheias de humor e filosofia, como mostra o exemplo aOaixo:

    No seu programa de Domingo dia 8 [setembro de 1996], o apresentador Fausto Silva colocou em cena o garoto Rafael, da altera do seu joelho. Logo que o peso-pena pisou no programa, Fausto tentou entre-vist-lo. O menino, com idade mental de criana que acabou de deixar a fralda, no entendia as perguntas. Respondia uma ou outra, com uma voz que parecia um balbucio. Houve ento sesses de piada tendo o garoto como tema. [...]

    A apresentao do Bizarro na televiso um recurso que d resultado, sempre deu. O bizarro atrai a ateno do ser humano quase que por instinto, sem que ele raciocine. [...] Se os telespectadores ficam olhando curiosos, o ibope do programa sobe e isso significa sucesso comercial, mais anncios, mais fatu-ramento.

    Qual a fronteira, qual a linha divisria entre o que se pode levar ao ar para atrair mais telespectado-res? tnue a linha que divide o que curioso e o que transforma a curiosidade em algo que ridiculariza uma pessoa, arrisca o empresrio Slvio Santos, dono do SBT, uma emissora que no raro transpes essa linha. [...]

    5. CHARGE (do francs charger, carregar)

    uma forma de manifestao caricatural que relata um fato ocorrido em uma poca definida, dentro de deter-minado contexto cultural, econmico e social especfico que depende do conhecimento desses fatores para ser enten-dida (fora desse contexto, ela provavelmente perde sua fora comunicativa).

    A charge transforma a inteno artstica em uma prtica poltica, em uma forma de resistir aos acontecimentos, nem sempre objetivando o riso (embora o tenha como atrativo), utilizando-se da caricatura, de recursos visuais e lingusticos para fazer uma sntese dos acontecimentos cotidianos filtra-dos pelo olhar de seus atentos produtores. Justamente por isso, ela tem um papel importantssimo como registro histrico.

    6s CARTUM (do ingls cartoon)

    um desenho humorstico que tem amplo espao na imprensa escrita atual e retrata, de maneira extremamente

    A causa da chuva

    No chovia h muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas no chegava a uma concluso.

    Chove s quando a gua cai do telhado do meu galinheiro - esclareceu a galinha.

    Ora, que bobagem! - disse o sapo de dentro da lagoa. Chove quando a gua da lagoa comea a bor-bulhar as gotinhas.

    Como assim? - disse a lebre. Est visto que s chove quando as folhas das rvores comeam a deixar cair as gotas dgua que tm dentro.

    Nesse momento comeou a chover. Viram? - gritou a galinha. O telhado do meu

    galinheiro est pingando. Isso chuva. Ora, no v que a chuva a gua da lagoa bor-

    bulhando? - disse o sapo. Mas, como assim? - tomou a lebre. Parecem

    cegos! No veem que a gua cai das folhas das rvores.

    Moral: Todas as opinies esto erradass

    Millr Fernandes (Adaptado).

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    8. INFOGRFICO

    um quadro informativo que mistura texto e ilustra-o para transmitir visualmente uma informao (Em vez de contar, o infogrfico mostra a notcia como ela , com detalhes mais relevantes e forte apelo visual).

    O infogrfico usado corriqueiramente no design de jornais, com a funo de descrever como aconteceu determi-nado fato e quais as suas consequncias ou de explicar (por meio de ilustraes, diagramas e textos) fatos que o texto ou a foto no conseguem detalhar com a mesma eficincia. Ele se tornou um grande atrativo para a leitura das matrias, tendo em vista que facilita a compreenso do texto e oferece uma noo mais rpida e clara dos sujeitos, do tempo e do espao da notcia. Observe o exemplo que segue:

    9. CRNICA

    um texto jornalstico de carter narrativo, que obe-dece ordem do tempo (etimologicamente, a palavra vem do grego chrnos, que significa tempo). Modernamente, a crnica um relato sobre os acontecimentos do cotidiano, escrito em linguagem leve. Ela difere do conto no apenas no tamanho, mas tambm na linguagem. Ela busca a inti-midade e o humor da anedota, numa linguagem cotidiana que encontra receptividade em todos os leitores.

    Ao mesmo tempo em que a crnica tem o carter transitrio de um jornal uma vez que nasceu dentro desse veculo de comunicao de massa , ela apresenta tambm um narrador (que o prprio autor), personagens que se aproximam muito das pessoas da vida real, enredo, tempo e espao. Na maioria dos casos, todos esses ele-mentos so trabalhados numa linguagem potica. Muitos cronistas contemporneos conseguem captar flashes, cir-cunstncias do cotidiano, de uma maneira to lrica que fica difcil dizer que tais textos no assumem um carter literrio.

    Apesar de ser um gnero narrativo por definio, a crnica um texto geralmente hbrido (uma mescla de modalidades), que no prescinde da reflexo e do comen-trio.

    Leia:

    Vejo uma aranha caar uma mariposa eis o pro-blema. Mato a aranha? Deixo a aranha viva e salvo a mariposa? Deixo a aranha devorar a mariposa?

    O fato se passa numa tera-feira de carnaval, mas no fao alegoria. No me refiro veladamente a um pierr malvado que sequestra uma indefesa colombina... car-naval, mas estou sentado minha mesa de trabalho e a trinta centmetros de mim, sob a borda da janela, que se processa esse assassinato.

    Detenho-me e observo. A mariposa se agita presa por fios invisveis, e j da sombra surge a aranha, pequenina, dedilhante. A princpio sou pura curiosidade: a aranha muito menor que a mariposa, que ir fazer? Aproxima-se, faz uma volta em torno dela, detm-se em certos pontos, move afanosamente as pernas.

    A mariposa se agita menos, enleada. quando inter-vm em mim o sentimento: a aranha vai devor-la! O seu trabalho agora sinistro: sobe na mariposa, tece-lhe na cabea, procura vir-la, muda de posio upa! vira-a. Parece um homem trabalhando, amarrando sua presa.

    Ouo distante o rumor de um bloco que passa l na rua dos fundos. O Rio inteiro est mergulhado na folia, e como se a aranha aproveitasse essa distrao para come-ter o seu crime silencioso. Por acaso, um dos habitantes da cidade eu ficou em casa, e com isso a aranha no contava. Sou a testemunha. Mais que isso: posso evitar o crime. Bastaria um gesto meu e a mariposa esta-ria salva. Devo faz-lo?

    Enquanto isso, a aranha continua sua faina sinis-tra. Agora arrasta a mariposa, j imobilizada, para aquele canto da sombra, sob o parapeito, donde sara momen-tos antes. Percebo na aranha uma inteligncia quase humana. Pobre mariposa, e o carnaval troando l fora! Vou salv-la. Ergo a mo, mas vacilo como uma divindade irresoluta. Um segundo, minha mo onipotente detm-se erguida no ar. Enfim, para que servem as mariposas?

    Para que as aranhas as comam responde-me a aranha sem interromper seu servio.

    Sim, mas para que servem as aranhas? Para comer as mariposas. Ora bolas, mas para que servem as aranhas e as

    mariposas?A aranha j no se dignou responder. A essa altura

    sumira com a mariposa sob o parapeito da janela. Algum, providencialmente, bate porta do escritrio e me chama realidade dos homens.

    Ferreira Gullar. A estranha vida banal. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1989

    10. CRNICA REFLEXIVA

    uma modalidade de crnica na qual o autor tece reflexes filosficas, ou seja, produz opinies e impresses (humorsticas ou lricas) sobre um assunto, cativando a sensi-bilidade do leitor numa abordagem descontrada.

    Na crnica reflexiva, no h preocupao com a forma, j que ela admite tanto a linguagem culta quanto a coloquial, alm de recursos poticos, como repeties enfticas e grias. Ela representa a expresso espontnea do pensamento.

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    Observe o texto que segue:

    Os olhos de IsaOelInstalou-se ontem, no Rio, um banco de olhos. Ali

    ser conservada na geladeira uma parte dos olhos tira-dos de pessoas que acabam de morrer, de acidentados e natimortos.

    Os cegos que so capazes de distinguir a claridade podero, em muitos casos, ter vista perfeita, recebendo nos olhos a crnea da pessoa morta. J houve muitos casos dessa operao no Brasil, como o da jovem Isabel, de 18 anos, cega desde nascena, que passou a ver bem. No a conheo; e estimo que seja feliz em suas vises, e veja sempre coisas que a faam alegre.

    pelos olhos que entra em ns a maior parte das alegrias e tristezas. Os meus, ainda que bastante usados, enxergam bem, e mesmo, em certas circunstn-cias, demais.

    So, natural, sujeitos a muitas iluses; de muitas j fui ao emps, e eram miragens que me levaram ao meio de um deserto onde me alimentei de gafanhotos e lgrimas, tomando sopa de vento, comendo piro de areia, como diz a cano.

    A fina membrana dos olhos no guarda a lembrana das vises; mas que sabemos? A matria viva uma coisa sutil e sensvel que ningum entende. O jornal no diz de quem eram os olhos com que hoje v a moa Isabel; e ela, nunca tendo visto antes, no sabe se as vises de hoje so verdade ou fantasia; talvez esteja a ver este mundo atravs do filtro emocional de uma cria-tura j morta; (...) mas tenham visto o que tiverem antes, que ora vejam tudo em suave e belo azul, a cor dos sonhos e descobrimentos nas navegaes dos 18 anos. Que so tontas, mas belas navegaes.

    Rubem Braga, O homem rouco. Rio: Editora do Autor, 1963

    TIPOS DE DISCURSOS RECORRENTES EM PROVAS DO CESPE-UNB

    DISCURSO

    Discurso a prtica social de produo de textos. Todo discurso uma construo social (e no individual), que s pode ser analisada considerando-se o seu contexto hist-rico-social, suas condies de produo e, essencialmente, a viso de mundo vinculada ao autor do texto e sociedade em que ele vive. Os textos que aparecem mais frequente-mente em provas de concursos pertencem aos discursos:

    ACADMICO

    Tem a finalidade de expor a investigao de um fato, de um acontecimento ou de uma experincia cientfica, com bastante rigor nos conceitos e informaes utilizados. Este domnio discursivo aparece em

    Caractersticas mais marcantes: Geralmente explica ou fundamenta as afirmaes

    com base em dados objetivos, cientificamente com-provados;

    Pode servir-se de descries, de enumeraes, de exposies narrativas, de relatos de fatos, de grfi-cos, de estatsticas etc.

    Normalmente segue um roteiro preestabelecido: apresenta introduo, desenvolvimento e concluso. Em alguns casos, pode apresentar outras partes, como folha de rosto, anexos, sumrio etc.

    Linguagem objetiva e impessoal, de acordo com o padro culto da lngua.

    CIENTFICO

    Discurso de natureza expositiva, que tem por finalidade expor um assunto de cunho cientfico. Possui uma estrutura relativamente simples: apresentao de uma tese (explica-o sobre o objeto de estudo) a ser desenvolvida por meio de provas (exemplos, comparaes, relaes de causa e efeito, resultados de testes, dados estatsticos etc.). Nesse tipo de texto, a concluso facultativa. Este domnio discur-sivo aparece em artigos e relatrios cientficos, teses, disser-taes, monografias, verbetes de enciclopdias, artigos de divulgao cientfica etc.

    Caractersticas relevantes: O mximo de preciso e rigor nos conceitos e infor-

    maes utilizados; Presena obrigatria de terminologia cientfica de

    uma ou mais reas do conhecimento; Verbos empregados predominantemente no pre-

    sente do indicativo; Linguagem clara, objetiva e impessoal, de acordo

    com o padro culto da lngua.

    LITERRIO

    Este tipo de discurso tem uma funo mais esttica, pois nele o escritor busca no apenas traduzir o mundo, mas recri-lo nas palavras, de modo que, nele, importa no apenas o que se diz, mas o modo como se diz. Este dom-nio discursivo aparece em: contos, fbulas, lendas, poemas, peas de teatro, crnicas, roteiros de filmes, quadrinhos etc.

    Caractersticas importantes: Predomnio da linguagem conotativa, j que, por sua

    funo esttica, o autor sempre atribui novos senti-dos s palavras.

    Utiliza mltiplos recursos estilsticos: ritmos, sonori-dades, repetio de palavras ou de sons, repetio de situaes ou descries.

    JORNALSTICO

    Texto de funo utilitria, pois visa a informar o leitor. Nesse caso, o plano da expresso no tem muita importn-cia, j que sua finalidade apenas veicular contedos. Este domnio discursivo aparece em editoriais, notcias, repor-tagens, artigos de opinio, comentrios, cartas ao leitor, crnica policial, crnica esportiva, entrevistas jornalsticas, expediente, boletim do tempo, erratas e charges.

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    Caractersticas mais destacadas: Predomnio da narrao, com a presena dos ele-

    mentos essenciais de um texto narrativo: fato, pes-soas envolvidas, tempo em que ocorreu o fato, o lugar onde ocorreu, como e por que ocorreu o fato.

    Normalmente, apresenta um ttulo. Predomnio da funo referencial, na qual se privi-

    legia a linguagem denotativa e as construes gra-maticais em ordem direta e clara.

    PUBLICITRIO

    um discurso de natureza dissertativa que tem por finalidade apresentar argumentos (diretos ou indiretos) para persuadir o interlocutor sobre as eventuais vantagens de um produto: quantitativas (rende mais, mais barato); qualitativas (o melhor, o mais saboroso, o mais nutritivo) e ideolgicas (mais moderno, mais arrojado, mais exclusive). Este domnio discursivo aparece em propagandas, ann-cios classificados, cartazes, folhetos, outdoors, inscries em muros, placas, logomarcas e publicidade em geral.

    Caractersticas essenciais: quase sempre constitudo por imagem e texto. O nvel de linguagem utilizado varia de acordo com

    o pblico que se quer atingir. Utiliza verbos geralmente no modo imperativo ou

    no presente do indicativo. Faz uso de recursos tais como: figuras de lingua-

    gem, ambiguidades, jogos de palavras (trocadi-lhos), provrbios etc.

    A estrutura pode variar, mas geralmente com-posta por: ttulo (que chame a ateno sobre o pro-duto); texto (que amplie o argumento do ttulo) e assinatura (logotipo ou marca do anunciante).

    EPISTOLAR

    Discurso de natureza narrativa, escrito sob a forma de carta, que se caracteriza por apresentar opinies, manifes-tos e discusses, as quais vo muito alm dos meros inte-resses pessoais ou utilitrios. Texto que combina paixes e apelos subjetivos com o debate de temas abrangentes e abstratos.

    A partir do Renascimento, antes do surgimento da imprensa jornalstica, as cartas exerciam a funo de infor-mar sobre fatos que ocorriam no mundo. Por isso, as eps-tolas de um autor, reunidas, poderiam vir a ser publicadas devido a seu interesse histrico, literrio ou documental, como no caso das Epstolas de So Paulo (na Bblia), des-tinadas s comunidades crists e das cartas do padre Ant-nio Vieira e de Pero Vaz de Caminha.

    Na modernidade, com a difuso dos meios eletrnicos de escrita, o discurso epistolar tende a se reinventar em outros moldes e estilos, como mensagens de e-mail, por exemplo.

    Leia, abaixo, trechos da Carta de Caminha, escrita nos primrdios do descobrimento do Brasil, impressa em 1817 pela Imprensa Rgia do Rio de Janeiro:

    SenhorMesmo que o Capito-mor desta vossa frota e tambm os outros capites escrevam a vossa alteza a notcia do achamento desta vossa Terra Nova que, agora, nesta navegao se achou no deixarei, tambm, de dar disso minha conta a Vossa Alteza, tal como eu melhor puder ainda que para bem contar e falar o saiba fazer pior que todos. Mas tome Vossa Alteza minha ignorncia por boa vontade; e creia, como certo, que no hei de pr aqui mais que aquilo que vi e me pareceu, nem para aformo-sear nem para afear.

    (...)Mas o melhor fruto que nela se pode fazer, me

    parece que ser salvar esta gente; e esta deve ser a prin-cipal semente que Vossa Alteza nela deve lanar. E que no houvesse mais do que ter aqui esta pousada para esta navegao de Calecute, bastaria, quanto mais dis-posio para se cumprir nela e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, ou seja: acrescentamento da nossa Santa F. E desta maneira Senhor, dou aqui a Vossa Alteza notcia do que nesta vossa terra vi. E se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha de vos dizer tudo me fez assim por pelo mido. Pois que, Senhor, certo que, assim, neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa, que de Vosso servio for, Vossa Alteza h de ser, por mim, muito bem servida. A Ela peo que, para me fazer singular merc, mande vir da Ilha de So Tom, Jorge de Osrio, meu genro, o que dEla rece-berei em muita merc. Beijo as mos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro de vossa ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

    SEMNTICA SIGNIFICAO DE PALAVRAS

    SEMNTICA

    o estudo da significao das palavras, seja no seu sentido mais estrito, seja a mudana de sentido ocasionada pelo contexto.

    A palavra (signo lingustico) uma combinao de forma (escrita e falada) e contedo (conceito, ideia), os quais se traduzem em:

    Significante: o elemento concreto, material, per-ceptvel: os sons (fonemas) e as letras.

    Significado: o elemento inteligvel (o conceito) ou a imagem mental.

    AS PALAVRAS POSSUEM SIGNIFICADOS QUE PODEM SER:

    LITERAIS (DENOTATIVO): o sentido convencio-nal, real, que no permite mais de uma interpreta-o, igual para todos os falantes da lngua. Aparece na linguagem cientfica, informativa ou tcnica.

    CONTEXTUAIS (CONOTATIVO): o sentido figu-rado, diferente do convencional e que raramente se encontra no dicionrio. S possvel descobri-lo quando se observa o contexto em que tal palavra aparece. apropriado linguagem literria, cujas palavras mais sugerem do que informam.

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    OOss: o sentido original a prpria significao etimo-lgica do termo, mas este tambm sofre constan-tes alteraes no decorrer do tempo, devido sua expanso ou generalizao. Por exemplo, carras-co era o nome do algoz Belchior Nunes Carrasco e generalizou-se para todos os algozes e anfitrio era personagem de uma comdia de Plauto e se expandiu a todos aqueles renam, em sua casa, convidados e amigos.

    CAMPO SEMNTICO o emprego de palavras que pertencem ao mesmo universo de significao, formando famlias ideolgicas. Tais palavras se associam por meio de uma espcie de imantao semntica, ou seja, embora no sejam sinnimas, remetem umas s outras em determi-nado contexto. Assim, so exemplos de campos semnticos:

    Natureza: seres que constituem o universo, tempe-ramento, espcie, qualidade etc.

    Nota: anotao, comunicao escrita e oficial do governo, cdula, som musical, ateno etc.

    Breve: de pouca durao, ligeiro, resumido etc.

    Dentro de um mesmo campo semntico, as pala-vras so caracterizadas como:

    HIPERNIMOS: palavras que possuem um sentido mais genrico. Exemplos: Economia, Direito, fute-bol, componentes automotivos, disciplinas escola-res, pssaros etc.

    HIPNIMOS: palavras que possuem carter mais especfico. Assim, so hipnimos de:Economia: deflao, dficit, supervit, juros, cmbio, balana etc. Direito: mandado, arrolamento, alada, ementa, agravo etc. Internet: web, pgina, link, portal, blog, site etc.Informtica: drive, software, programas, hardware, memria RAM etc.

    OOss: A relao entre hipnimos e hipernimos no absoluta, pois um mesmo termo pode exercer as duas funes, dependendo do contexto: Vertebra-do um hipnimo de animal, mas um hipernimo de mamfero. Mamfero um hipnimo de animal e de vertebrado, mas um hipernimo de roedor, de ruminante etc.

    LXICO o conjunto de palavras de uma lngua. A lngua um organismo vivo e se atualiza de acordo com as necessidades sociais de seus usurios. Por isso, no existe falante que domine por completo o lxico de uma lngua: a cada dia, as palavras podem perder alguns sentidos e ganhar outros ou at desaparecerem quando deixam de ser usadas por muito tempo.

    CAMPO LEXICAL o emprego de famlias de palavras ou de palavras cognatas, ou seja, que descendem de um mesmo radical, de uma mesma raiz. Cognao quer dizer parentesco. Por exemplo, do latim Stella derivam estrela, estelar, estrelar, estrelado.

    Campo lexical de terra: aterrar, terremoto, desenter-rar, aterrissar, desterro, terraplanagem, trreo, terrestre, territrio, terrqueo, terracota etc.

    Campo lexical de luz: aluno, iluminar, luminosidade, ilustre, ilustrado, iluminado etc.

    RELAES DE SENTIDO ENTRE OS VOCBULOS

    SINONMIA: ocorre quando palavras podem ser substitudas umas pelas outras, sem prejudicar a compreenso das ideias do texto. Por exemplo, em uma prova de concurso, a banca fez a seguinte assertiva: Pode-se substituir o vocbulo hemisf-rica por minuciosa sem que isso altere as relaes de sentido do texto. A princpio, parece ser imposs-vel estabelecer uma relao de sinonmia entre tais vocbulos, mas o texto trazia o seguinte contedo: Eu me considero um consumidor to educado que nunca compra nada sem antes fazer uma tomada hemisfrica de preos. Neste caso, o vocbulo minuciosa no s substitui hemisfrica como o mais adequado ao contexto. Veja outros exemplos:Rival/adversrio/antagonista cloreto de sdio/sal ntegro/probo/correto/justo/honesto unhas/garras aguardar/esperar pessoa/indivduo cara/rosto.

    ANTONMIA: ocorre quando duas ou mais palavras se opem quanto ao significado dentro do texto. Veja:Feliz/infeliz bem/mal rico/pobre amor/dio Euforia/melancolia sagrado/profano claro/escuro.

    PARONMIA: ocorre quando palavras ou expres-ses possuem grafia e pronncia parecidas, com sentidos diferentes. Observe os exemplos:Ir ao encontro de = estar de acordo.Ir de encontro a = chocar-se, opor-se.

    Na medida em que (Loc. causal) = tendo em vista que. medida que (Loc. proporcional) = proporo que.

    Infrao = violao da lei.Inflao = desvalorizao da moeda.

    Cvel = relativo ao Direito Civil.Civil = relativo ao cidado.

    HOMONMIA: ocorre com palavras que possuem grafia ou pronncia igual, por causa de sua origem, mas que tm sentidos distintos. As palavras hom-nimas podem ser:

    Homgrafas: possuem mesma grafia, mas tm pronncias e sentidos diferentes.

    Sede () = vontade de beber. Sede () = matriz de uma empresa/ casa de fazenda.Almoo () = substantivo.Almoo () = verbo.Colher () = verbo.Colher () = substantivo.

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    Homfonas: possuem mesma pronncia, mas tm grafias e sentidos diferentes.

    Acender = atear fogo/ iluminar. Ascender = subir, elevar-se.Coser = costurar.Cozer = cozinhar.Cesso = doao (verbo doar).Seo = repartio/departamento, diviso.Sesso = durao de um evento.

    Homnimas Perfeitas: possuem mesma grafia e mesma pronncia, com sentidos diferentes.

    OOss: As homnimas perfeitas so, tambm, denomina-das polissmicas, polifnicas, plurvocas ou pluris-significativas. Veja os exemplos:Real = verdadeiro; real = relativo realeza; real = moeda brasileira. Sentena = condenao; sentena = frase.Mente = intelecto; mente = verbo; mente = sufixo.

    FORMAS VARIANTES: so palavras que, embora tenham um mesmo sentido, admitem grafia e pro-nncia diferentes. Exemplos:

    cota/quota catorze/quatorze cociente/quo-ciente traslado/translado aspecto/aspeto asso-viar/assobiar percentual/porcentual necrpsia/necropsia cptico/ctico projtil/projetil conectivos/coneti-vos malformao/m-formao aterrissar/aterrizarcarter/carcter/caractere (s um plural: caracteres)

    POLISSEMIA: consiste no fato de uma mesma palavra possuir significados diferentes, os quais se explicam pelo contexto. Veja os exemplos:

    Passar uma mo de tinta no porto = uma demo; Dar uma mo = ajudar;Passar a mo no dinheiro do outro = roubar; Abrir mo de = prescindir, dispensar; Lanar mo de = utilizar; Abrir a mo = gastar;Pegar a mo errada da via = sentido, direo.

    OOss: O antnimo de polissemia monossemia (quando uma palavra apresenta apenas um sentido).

    AMBIGUIDADE: ocorre quando uma palavra ou expresso admite mais de uma interpretao. um recurso lingustico muito utilizado em textos liter-rios e publicitrios. Observe: Anncio em bancas de revistas: Aprenda a

    fazer uma galinha no ponto!s O anncio d a ideia de que querem vender livros de recei-tas, mas, na verdade, o que ser vendido uma revista de ponto-cruz. Ou seja, aprenda a fazer uma galinha no ponto-cruz (para bordar em panos de prato).

    Interpretao do stimo mandamento, segundo Bastos Tigre: No furtars prega o Declogo; e cada homem deixa para amanh a observn-cia do stimo mandamento. A graa vem do fato de que pelo fato de se utilizar o verbo no tempo futuro, as pessoas esto sempre prorrogando o prazo para comear a respeitar o mandamento.

    MECANISMOS DE COESO TEXTUAL

    A coeso de um texto decorrente das relaes de sentido que se operam entre os seus elementos. Muitas vezes, a compreenso de um termo depende da interpreta-o de outro ao qual ele faz referncia.

    Os elementos de que a lngua dispe para relacionar termos ou segmentos na construo de um texto (recursos vocabulares, sintticos e semnticos) so chamados de conectivos, coesivos ou conectores.

    Um texto adequado aquele que resume as seguintes qualidades:

    Correo: o texto (ou fragmento) deve obedecer s regras gerais da lngua, ressalvando-se sempre algumas liberdades como consequncia do estilo. O emprego da modalidade culta atribui maior credi-bilidade ao texto.

    Coerncia: a adequao entre o que se afirma e o que diz o contexto extraverbal. Para isso, neces-srio que o leitor conhea o assunto a que o texto faz referncia. A clareza imprescindvel para que o leitor ganhe mais facilmente a adeso do leitor s suas ideias.

    Coeso: ocorre quando as palavras ou os termos das oraes, e mesmo as oraes, se ligam para formar um texto. Essa ligao se d por meio de recursos como conjunes, pronomes, preposies e a prpria escolha vocabular, entre outros.

    Conciso: o resultado do uso de linguagem pre-cisa/enxuta, sem, contudo, comprometer a clareza. O procedimento oposto a prolixidade, o encher linguia, defeito que deve ser evitado em um texto.

    PRINCIPAIS RECURSOS DE COESO

    PREPOSIES palavras invariveis que ligam outras palavras, estabelecendo entre elas determinadas relaes de sentido e de dependncia.

    As preposies podem ser:a. Essenciais (sempre tm essa funo): a, ante, aps,

    at, com, contra, de, desde, em, entre, para, peran-te, por, sem, sob, sobre, trs.

    b. Acidentais (circunstanciais, pois podem perten-cer a outras classes gramaticais): afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, tirante, salvo, segundo.

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    AO LIGAREM OS TERMOS, AS PREPOSIES PODEM ESTABELECER RELAES DE:

    Assunto: O ministro falou soOre Educao. Causa: Ele vibrava de entusiasmo. Companhia: Estava com o secretrio particular. Direo/sentido: Depois seguiu para o Sul. Especialidade: Ele especialista em Sociologia. Falta: Contudo, estava sem verbas naquele momento. Finalidade: Disse aquilo para tranquilizar o professor. Instrumento: Atrapalhou-se com o microfone. Lugar: Ele mora em Braslia. Matria: Aqui comprou uma bota de couro. Meio: Certamente voltar de avio. Oposio: Mostrou-se contra a estatizao do ensino. Origem: Na verdade, natural de Macei. Posse: Em Braslia, hospeda-se na casa de Erun-

    dina. Entre outrassss

    Uma mesma preposio pode atribuir ideias distintas a um texto. Portanto, desista de declin-las apenas e atente para os possveis sentidos que podem trazer ao contexto. Observe:

    Ficar de p (modo); morrer de fome (causa); pul-seira de ouro (material); mao de cigarros (con-tedo); casa de Lus (posse); falar de futebol (assunto); descendente de alemes (origem); viajar de avio (meio); atitude de imbecil (seme-lhana) etc.

    IMPORTANTE

    A preposio de no deve contrair-se com: o artigo que precede o sujeito de um verbo.

    Ex.: tempo de a polcia agir com eficcia. o artigo que faz parte de um ttulo.

    Ex.: O fato de O Globo ter noticiado a negociao...

    Tratar com carinho (modo); ficar pobre com a infla-o (causa); vinho se faz com uva (matria); ir ao cinema com o Jonas (companhia); jogar com (contra) os argentinos (oposio).

    Escrever em francs (modo); televisor em cores (qualidade/estado); pagar em cheque (meio); ficar em casa (lugar); pedir em casamento (finalidade).

    Para mim, ela est mentindo (referncia); ter gua para dois dias apenas (tempo); nascer para o tra-balho (finalidade); ser inteligente para no cair numa cilada (consequncia); vou para Goinia (lugar) neste caso, para d a ideia de estada permanente ou definitiva, ao contrrio da preposi-o a, que exprime breve regresso. Desse modo, vamos para o cu ou para o inferno, j que de tais lugares no h regresso.

    CONJUNES palavras invariveis que ligam duas oraes ou duas palavras de mesma funo em uma orao. Podem ser:

    Coordenativas: ligam oraes, estabelecendo entre elas apenas dependncia semntica. So elas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativass

    SuOordinativas: ligam oraes, estabelecendo rela-o de dependncia semntica e gramatical, ou seja, uma orao termo de outra. So elas: integrantes, causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformati-vas, consecutivas, temporais, finais e proporcionais.

    As oraes se apresentam como elementos capazes de estabelecer relaes de significado ao texto. A troca de uma conjuno por outra muda completamente a relao semntica do perodo. Observe:

    a. Todos os seres humanos so iguais e nenhum superior ou inferior aos outros. (e = adio entre as oraes)

    b. Todos os seres humanos so iguais, portanto ne-nhum superior ou inferior aos outros. (portanto= relao de concluso)

    c. Todos os seres humanos so iguais, porque ne-nhum superior ou inferior aos outros. (porque = relao de causa e efeito)

    OOserve as ideias atriOudas por determinadas con-junes e expresses:

    O conectivo e anuncia o desenvolvimento do dis-curso e no a repetio do que foi dito antes; indica uma pro-gresso semntica que adiciona, que acrescenta um dado novo. necessrio tomar cuidado na anlise dessa conjun-o, pois em alguns casos, seu uso se constitui apenas um recurso estilstico: serve para enfatizar uma ideia.

    O mecanismo Ainda serve para introduzir mais um argumento a favor de determinada concluso ou incluir um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer. Exem-plo: O nvel de vida dos brasileiros baixo porque os sal-rios so pequenos. Convm lembrar ainda que os servios pblicos so extremamente deficientes.

    Alguns termos servem para introduzir um argumento decisivo (Alis, alm do mais, alm de tudo, alm disso), apresentado como acrscimo, como se fosse desnecess-rio, justamente para dar o golpe final no argumento contrrio. Exemplo: Os salrios esto cada vez mais baixos porque o processo inflacionrio diminui consideravelmente seu poder de compra. Alm de tudo so considerados como renda e taxados com impostos.

    Algumas expresses (isto , quer dizer, ou seja, em outras palavras) introduzem esclarecimentos, retifica-es, desenvolvimento ou desdobramento da ideia anterior. Exemplo: Muitos jornais fazem alarde de sua neutralidade em relao aos fatos, isto , de seu no comprometimento com nenhuma das foras em ao no interior da sociedade.

    Alguns conectivos adversativos (mas, todavia, porm, contudo, entretanto) marcam oposio entre dois enuncia-dos ou dois segmentos do texto. No possvel ligar, por meio desses conectivos, segmentos que no se oponham.

    Certos elementos de coeso servem para estabele-cer gradao entre os componentes de uma escala. Alguns (mesmo, at, at mesmo) situam a ideia no topo da escala; outros (ao menos, pelo menos, no mnimo) situam-na no plano mais baixo. Exemplos:

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    O homem ambicioso, quer ser dono de bens materiais, da cincia, do prprio semelhante; at mesmo do futuro e da morte.

    preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou, no mnimo, a mora-dia, o alimento e a sade.

    Os conectivos que estabelecem ao mesmo tempo uma relao de contradio e de concesso (emOora, ainda que, mesmo que) servem para admitir um dado contrrio, e depois negar seu valor de argumento. preciso ficar atento ao seu uso, pois se essa relao no for apropriada, deixar o enunciado descabido. Veja:

    EmOora o Brasil possua um solo frtil e imensas reas de terras plantveis, vamos resolver o problema da fome.

    PRONOMES RELATIVOS pronomes que retomam um termo j citado numa orao, substituindo-o no incio da orao seguinte. Veja:

    Eu trouxe os lpis. Voc precisar desses lpis.Eu trouxe os lpis de que voc precisar.Os pronomes relativos podem ser: Variveis: o/a qual, os/as quais; cujo(s), cuja(s);

    quanto(s), quanta(s). Invariveis: que, quem, onde, como, quando.

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS:

    1) Os relativos sempre iniciam uma nova orao.Visitaremos a cidade / onde eu nasci.Orao A Orao B

    2) A maioria das bancas examinadoras do pas gosta de cobrar os pronomes relativos atrelados regncia (nomi-nal ou verbal). Exemplos:

    Ele o rapaz a cujas ideias me refiro.Ele o rapaz de cujas ideias discordo.Ele o rapaz com cujas ideias concordo.Ele o rapaz de cujas ideias desconfio.Ele o rapaz em cujas ideias me confio.

    3) O relativo que:a) Pode retomar palavras que nomeiam pessoas ou

    coisas.Ex.: O rapaz que chegou meu vizinho. (o qual)Pode se referir aos demonstrativos o, a, os, as. Ex.: Sei o que voc faz neste lugar! (o = aquilo)

    4) O relativo quem s usado para retomar palavras que designam pessoas.

    Ex.: Ela a pessoa com quem voc conversava.

    5) Os relativos cujo(a), cujos(as) so usados entre dois substantivos, estabelecendo entre eles uma ideia de posse. Exemplo:

    Discutiremos um assunto cujas causas so complexas.(cujas causas = as causas do assunto)

    6) Os relativos onde, aonde: essas duas formas sempre indicam lugar e tm empregos diferentes.

    Onde indica lugar em que. Exemplo:Fui cidade onde voc nasceu. (Quem nasce, nasce em).

    Aonde indica lugar a que. Exemplo:Conheo a cidade aonde voc vai. (Quem vai, vai a).

    7) Os relativos quanto(s) e quanta(s) so precedidos de tudo, todo, tanto (e variaes). Exemplos:

    Esqueceu-se de tudo quanto prometera.Todos quantos assistiram ao filme ficaram decepcio-

    nados.Voc quer provas de concurso? Pois pegue tantas

    quantas quiser.

    8) O relativo como tem sempre as palavras modo, maneira ou forma como antecedentes e equivale seman-ticamente a pelo qual (e variaes). Exemplos:

    Contaram-me a maneira como voc se comportou. (pela qual)

    Vamos acertar o modo como irei trabalhar. (pelo qual)

    9) O relativo quando sempre ter um antecedente que d ideia de tempo. Nesse caso, ele equivale semantica-mente a em que. Veja os exemplos:

    Era chegado o dia quando teramos que resolver o caso. (em que)

    Bendita a hora quando voc apareceu aqui! (em que)

    PRONOMES DEMONSTRATIVOS pronomes que situam elementos dentro do texto, ou os seres - no tempo e no espao em relao em relao a cada uma das trs pessoas gramaticais. So eles:

    MECANISMOS DE ARTICULAO TEXTUAL: tm funo anafrica e catafrica e servem para situar elemen-tos no contexto lingustico.

    Esse, essa, isso, nesse, nessa, nisso, desse, dessa e disso so termos anafricos (retomam o que foi mencionado).

    Este, esta, isto, neste, nesta, nisto, deste, desta e disto so termos catafricos (referem-se ao que ser mencionado).

    Aquele(s), aquela(s), aquilo so usados, conjunta-mente, com os pronomes este(s), esta(s) para fazer referncia a elementos j citados. Desse modo: Aquele (e variaes) se refere ao elemento citado primeiro;Este (e variaes) se refere ao elemento citado por ltimo. Por exemplo: Brasil e Uruguai so dois pases sul-americanos: aquele foi colonizado pelos portugueses e este, pe-los espanhis. Aquele Brasil (citado primeiro);Este Uruguai (citado por ltimo).

    MECANISMOS DE REFERNCIA NO ESPAO: so elementos diticos, j que situam (apontam) seres ou coisas no espao.

    Este, esta, isto, deste, desta, disto, neste, nesta e nisto apontam para o que est prximo da pessoa que fala.

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    Esse, essa, desse, dessa, nesse, nessa apontam para o que est prximo da pessoa com quem se fala.

    Aquele, aquela, aquilo, naquele, naquela, naquilo, daquele, daquela, daquilo apontam para o que est longe. Exemplo: O que aquilo que est l no fim da rua?.

    MECANISMOS DE REFERNCIA NO TEMPO (DITI-COS) localizam seres ou coisas no tempo.

    Este, esta, isto, neste, nesta, nisto, deste, desta e disto indicam um tempo presente atual. Exemplo: Este ano tem sido muito bom para quem quer passar em um concurso pblico. (ano de 2007).

    Usa-se esse, essa, isso, nesse, nessa, nisso, desse, dessa e disso indicam um tempo passado ou futuro, mas no muito distante. Exemplos: A seleo brasileira jogar no Chile nesse fim de semana.

    Aquele, aquela, aquilo, naquele, naquela, naquilo, daquele, daquela, daquilo indicam um tempo distante. Exemplo: Mudei para Braslia h vinte anos. Naquela poca aqui no havia tantos mendigos nas ruas.

    IMPORTANTE

    Os pronomes adjetivos (ltimo, penltimo, antepenltimo, anterior, posterior) e os numerais ordinais (primeiro, segundo etc.) tambm podem ser usados para se fazer referncias em geral.

    FATORES LINGUSTICOS DE COESO TEXTUAL

    1. PARALELISMOS

    1s1 Paralelismo sinttico a combinao de pala-vras em estruturas sintticas que se repetem ao longo do texto. Nesse caso, no se repetem as palavras, mas a mesma construo sinttica (o mesmo tipo de sujeito seguido do mesmo tipo de verbo com o mesmo tipo de complemento etc.). O paralelismo sinttico serve para mostrar que os sen-tidos transmitidos pelas construes paralelas mantm entre si algum tipo de simetria ou de assimetria. Exemplos:

    Nas ondas da praia quero ser feliz / Nas ondas do mar quero me afogar.

    Os amores (esto) na mente / As flores (esto) no cho / A certeza (est) na frente / A histria (est) na mo.

    1s2 Paralelismo semntico a relao de seme-lhana (correspondncia de sentidos) quanto ao sentido das oraes.

    Observe os exemplos:1) Nas ondas da praia quero ser feliz Nas ondas do mar quero me afogar.

    Manuel Bandeira

    (Nesse caso, o paralelismo ocorre pela correspondn-cia do desejo, da atrao pelo mar e pela morte).

    2) A semente que tu semeias, outro colhe ; A riqueza que tu achas, outro guarda; As roupas que tu teces, outro veste; As armas que tu forjas, outro empunha.

    Shelley

    (Nesse caso, o paralelismo pe em relevo o mesmo tema: quem faz alguma coisa no a faz para si; ou ainda, ningum usufrui dos bens que produz).

    Quebra (intencional) do paralelismo

    Anncio de uma exposio das obras de Salvador Dali, no MASP: Quem viu, viu. Quem no viu, ainda pode ver.

    Nesse caso, houve uma quebra intencional do para-lelismo, que seria algo como Quem no viu, no viu ou quem no viu, no vai ver mais. Por meio dessa quebra, o anunciante procura atrair a ateno do leitor e persuadi-lo a ver a exposio enquanto h tempo.

    2. DIXIS

    Os elementos diticos tm a funo de localizar enti-dades no contexto espao-temporal, social ou discursivo, j que eles apontam para elementos exteriores ao texto e mudam de sentido conforme o contexto, isto , no possuem valor semntico em si mesmos, podendo variar a cada nova enunciao. Observe o exemplo da manchete de um jornal:

    Ontem, aqui, caiu um temporal!A compreenso que se ter da ideia expressa pelos

    advrbios ontem e aqui somente ser possvel pela situ-ao do texto, ou seja, necessito saber em que cidade e em que data tal texto foi publicado.

    2s1 Dixis Pessoal indica as pessoas do discurso, permitindo selecionar os participantes dentro do processo comunicativo. Integram este grupo: pronomes pessoais (tu, me, ns etc.); determinantes e pronomes possessivos (meu, vosso, seu, teu etc.); sufixos flexionais de nmero e pessoa (falas, falei, falamos etc.) bem como vocativos.

    2s2 Dixis Temporal localiza os fatos no tempo, tomando como ponto de referncia o momento da comu-nicao. Os elementos que desempenham tal funo so advrbios, locues adverbiais ou expresses denotativas de tempo. Por exemplo: amanh, ontem, na semana pas-sada, de noite, na semana seguinte, tarde etc.

    2s3 Dixis Espacial caracteriza o uso dos elemen-tos referenciais de espao, tendo como referncia o lugar da enunciao, evidenciando a relao de maior ou menor proximidade em relao aos lugares ocupados por locutor e interlocutor. Os elementos que cumprem esta funo so advrbios e locues adverbiais de lugar (aqui, l, l de cima, perto de), e pronomes demonstrativos (esse, aquela, a outra), bem como alguns verbos que indicam movimento (chegar, entrar, subir).