A ambigüedade da docência, entre o profissionalismo e a proletarizaçao

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    Em sentido estrito, um grupo profissional 6 uma categoria auto-regulada depessoasque trabalham diretamentepara o mercado numa situaciio de privil6giomonopolista. S6eles podem oferecerum tipo dete rm id o debensou servicos,protegidos da ~ncor &nc iap elae. Isto 6 o que se denomina tambm exercicioliberal de uma profi ssk . Diferentementede outras categoras de trdbaihadores,os profissionaisskplenamente autonomos em seu processo de trabalho, MOtendo que submeter-se a uma re gu lqk alheia. O fato de que a lei ihes delimiteum campo defina algumas de suas normas de funcionamento nao expressa suasujeiw ao poder pblico, mas antes sua influencia sobre o mesmo. Osexempios clssicos de grupos profissionais so, como C k m sabido, mdicos,sdvogados e arquitetos. Hoje em da, MO obstante, numerosos profissionaisque&m reconhecidas as mesmas competencias e direitos que seus colegas emexercicio liberal trabalham como assalariados pam organizacoa pblicas ouprivadas. No entanto, quando se trata de grupos corn grande forca corporativacomo os citados e outros, conservam, ainda nessas condices, grande parte desuaautonornia no pn>cesso de trabalho e de seus privihigios relativos em tennos& enda, poder e prestfgio.

    No extremo oposto do arco ocupacional encontra-se a classe operaria emsentido estrito. Um openrio Cum rabaihador que nao s6 perdeu ou nunca teveocesso hpropriedade de seus meios de produ@o, como tambdm foi privado dacapacidade de controlar o objeto e o processo de seu trabalho, da autonomiaem sua atividadepdutiva. A culmina@o e o paradigma deste processo podemser encontrados no trabalho dos opernos industnais de uma linha demontagem, mas os feni3menos& divido, desqualificaciioe degradach dotrabalho 6060 rivativos da esfera industrial; encontram-se tarnbSm nossetorestercirio equaternno,aindaque menos onipresentes queno secundano.

    O estatuto de uma categoria ocupacional nunca definitivo. Algunsgrupos profissionais atuais o d o porque puderam defender urna posi@otradicional, enquanto outros S% de recente surgimento. Os grupos maisprolearizados tem sua origem, freqzntemente, em cateporias profissionais ougremiais, nias no puderam manter suas prerrogativas. Oque faz com que umgrupo ocupacional va parar nas fileiras privilegiadas dos profissionais ou nrisdesfavorecidas & classe oprr ia no C a natureza dos k n s ou servifos queoferece, nem a maior ou menor complexidade do processo global de suaprodu@o, mas a possibilidade de dzcompor este ltimo atravb da divisk dotrabaiho e da mwaniza@o - que est, sim, determinada em parte por suanatureza intrinseca, a do processo -, o afa dasempresas capitalistas ou pblicaspor fa&-10 - que depende da amplitude de seu mercado r d ou potencial - e

    a foqa relativa desilise daquele, isto 6,dt empegadort?se ernpregadoe reuirou potenciliis.

    Entre as forma inlyuivociis Jz prolissionalizlir;h e p r o l z h r i ~ 8 odebate-se uma variada colgiio de grupos ocupacionuis que compartilhamcorpcteristicas de ambos os extremos. Constituem o que no jargBo sociolbgicoBC designa como semiprofiss6es, geralmente constitudas por grupos assalari-dor, midde parte de burocracias ptblicas, cujo nvel de formaciio6 imilaraodoE profissionais liberais. Gmpos queestiio submetidosAautoridade deseusanpregadores mas que lutam por manter ou ampliar sua autonomia no procefsock trobalbo e suas vantagens relativas quanto 21distribuim da renda, ao podere w prestigio. Um destes grupos C o constitufdo pelos docentes.O ocente co m o profissionalHB muitas maneiras de se definir urna profisso (v. Starr, 1982; Wilensky,1964; Goode, 1957;Larson, 1977). Aqui o faremos sucintamente atravs decinco caracteristicas para, a seguir, tratar de ver em que medida d o compar-tilhadas pelo grupo de educadores.

    Compet2ncia. O profissional supe-se tecnicamente competente em umcampo do conhecimento do qual estao excluidos os que niio o s3o. Suacompetencia deve ser o produto de uma forma~o specifica, geralmente dedvel universitario. Seu saber tem um componente "sagiado", no sentido deque no pode ser avaliado pelos profanos. S6 um profissional pode julgar aoutro, e sb a profisGo pode controlar o acesso de novos membros, j4 que sbela pode garantir e avaliar sua formaciio.

    Em realidade, nZo 6 necessrio que a p ro fi sa rena tais compet&ncias:basta que assim par qa ao pblico. Quando com suas tcnicas contribuamsobretudopara acelerar a morte das pessoas, os mdicos jd gozavam de umestatuto profissional. mais que duvidoso que psiclogos, psiquiatras epsicoanalistas contnbuam boje para a cura dos doentes psquicos, mas temconseguido fazer com que um pblico importante assim o creia. Um elementoessencial para se obter a presuncao de competenciaC o uso e reconhecimentosocial de um jargo prprio: por exemplo, chamar "cardiopatia" a urnaenfermidadz do coracao, "interdito de reintegnco" a urna reclamaco &propriedade perdida ou "curriculum" a um programa de estudos.

    Vocaco. O prprio ternio profisslo evoca o aspecto religioso do tema,invocando as ideias de f6 e chamada. Em numerosos idiomas, vo c qh ,chamada, profssiio renem-se em um mesmo vocbulo ou so intercambidveis.O profissional nao trabalha de maneira venal, mas como servico a seussemelhantes; esta li a justificacao tebrica da proibi$iIo da competicb entre os

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    munbros da pmfisso. Por isso seu trabalho 1150 pode ser pago, porque n8otem pmp, seu werclcio C "l itxr~l " e sua retribui* toma a forrna de"bomrrios" (certamente elevados!). A profisso caracteriza-se por suavoc+rcoode servitp P humanidadc.

    Na madade, Q bem sabido que o principal atrativo de urna profissoliberal C constituido por seus rendimentos e outras vantagens materiais esimblicos, que a verdadeirarazoda proibico daconcorrSnciat?evitara quedadas retribu- e que os profissionais s6 esta0 disponiveis para o pblicoquando este possui ca pi dad e monetaria e dentro de um horrio e umcalendrio decididos po rel e mesmos. Seus pretensamente longos horrios nioo so tanto, e quaodo o S& podem interpretar-se tamtdm como uma forma deaumentar seus rendimentos.

    Licewa. Os profissionais t&m demarcado um campo exclusivo, geral-mente reconhecido e protegido pelo Estado. Isto os defende da intniso e,portanto, da competencia aiheia. Su*-se que esta licensa 6 a contrapartida de8ua compel2ncia tcnica e suavocacHo de servico. Esta idia expresa-se emtermos como "licenciatura", "licenciado", "faculdade" , "facultativo","vi5,a", etc.

    ltuiepend2ncia. Os profissionais siio duplamente autnomos no exercicio& sua profish: frente BF organizar;es e frente aos clientes. Frente Asorgan izqks, claroest,no exercicio liberal da profissiio; e inclusive, quandoseconvertem em trobalhadorzs assalanados, atravQ de seu controle wletivodas organiza@es qu eosempregam (por exemplo, o controle dos mdicos sobreoshospitais pblicose privados, a forma de sociedade adotada pelasfirmasdeadvogados, etc.). Frente ao pblico, porque o cliente do profissional,diferentemente do cliente de urna loja, o quai se sup6e ser um consumidorsoberano e que "oempre tcm ra so ", 1-150ern raziio alguma; apenas ternnecesidades, problemas ou urgancias que s6 o profissional sabe comoresolver. O cliente pode estar inclusive obrigado a recorrer aos servicos doprofissional, como sucede ao litigante numa disputa judicial, ao aluno emperodo obrigatrio ou ao particular que tem que demonstrar seu bom estadoflsico para obter a carteira de habilita~iio e motorista.Auto-reguiqdo. Com base na identidade e na solidariedade grupa] , aprofsso regula por si mesma sua atua~iio, tr avk de seu prprio cdigo kticoe deontol6gic0, assim como de brgios prbprios para a resoluciio de seusconfiitos internos. A capacidade de auto-regulaciio suf ie a real posse de urnawmpeencia exclusiva. A profissiio reserva-se o direito de julgar seus prpnosmernbros, resistindo a toda pretenso dos profanos, isto t?, dos clientes, dopoderptblico ou deoutros gnipos. Organiza-se colegial ou corporativamente,em qualquer caso P margem dos sindicatos de classe.

    Em que m4iclaconipurtifhnmosdocentes essnswte rls tic lis ? Vejamos,de maneira bstiinte breve, pela mama ordem em que foram ltpontadasanteriormente.

    ~ t , pe rP t i c i u .O pr ofaso r primlrtrio tem urna competencia oficialmentereconhecidir mas, devido lt uma eucacrio suprior curta, de menor prestigioque a universitaria em sentido estrito. O p r o f ~ s o rue tem um curso superiorque nao seja uma licenciatura possui urna comp&ocia reconhecida comotlScnico em seu campo, mas nao como docente. Seu saber d o em nada desagrado e a educas50 C um desses temas sobre os quais qualquer pessoa seconsidera com capacidade para opinar, de modo que seu trabalho pode serjulgado e o C por pessoas alheias ao grupo profissional. Carecem ambos, enfim,de um jargao prprio.

    Vocacdo.Ainda que no termo "professor" ressoea idQiadevocacaoparauma parte dos docentes, no termo "rnaatro" [professor pnmrio] ressoasimplesmente a idia de trabalhador qualificado, significadooriginal da palavraem castelhano. Tradicionalmente reconhwia-se um componente vocacionalnaprtica da docencia, mas o retorno do individualismo consumista associado Bboa saiide poltica e ideoldgica do capitalismo em noscos dias parece estarterminando com isto: a imagem do graduado num curso universitario que sededica ao ensino se move entre a de algum que renunciou ambi@o economicaem favor de uma vocaciio social e a dequem nao soube nemconseguiu encontraralgo melhor. Em todo o caso, o docente um asalariado, e as opinies sobrea adequaci'io ou nilo de seu salrio dependem& v d o r i z . ue sef a p do swtrabaiho que, diferentemente do de um profissiooal, rim, possui um pm p .

    Licenca. O docente tem um campo demarcado, mas sb parcialmente. Alei d o ermite a outras pessoas avdiar e certificar os conhecimentos dosalunos, mas tampouco outorga aos pro fasores dos diferentes nfveis, exclusi-vamente, a capacidade de ensinar: juntamente com o ensino regular, hd plenaliberdade para o ensino informal; ao con tdn o, d o oderiamos encontrar, pormais que buscssemos, uma medicina ou urna advogacia d o egulamentadas.

    lndepend2ncia. Os docentes apenas parcialmente so autonomos, tantofrenteBs organizac6es como frente a seu pblico. Em suaquase totalidade S&assalanados. Quanto a seu pblico, os alunos, e por extenso os pais, nao esti40dispostos a situar-se na mesma posiciio de dependgncia total que os pacientes,clientes de advogados, etc. A lei reconhece e outorga, por cxernplo, direito aparticipar na gata0 das escolas aos pais e alunos, mas Go faz o mamo comos pacientes em relaqao aos hospitais. N b bstante, este reconhecirnento apenas formal, pois os docentes ten garantidas compet&ncias exclusivas,desfrutam de uma maiofla segura nos brgiios colegiados e submetidos aautoridades que, em geral, Go tambm docentes.

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    Aso-regJoF&. A cotegoriade b>centur carece& um cdigo &co oudaoololgico (o que oPo significo que se jm am od s ou d o omuam normasgmpais infonnais de comportamento!)e&mecanismos prprios para julgnra seus membros ou resolver conflitos internos. N% controltim, enqunnto bis ,A forrna~$~ e oeus membros futuros, ainda que possam influir no grupo dosque st formam professores atravs da universidrde (sebcm que, nestescasos,otravb do setor privilegiado dos profesores universit8nos). lntervem nocontrole dos mecanismor finais de acesso, mas somente mb a tutela daburocrrrcia pblico ou dor ernpregadorerr privados. Contam corn organim$kaprofissionais (asr;ociacbef), mas estas d o muito menor relevantes que a6sindicaie, que se dividem entre oindicatoo filados PP centrais & c l a s e esindicatos independentes e aberiamente corporativos.

    Segundoa iconografia usuai, um proletrioCum trabalhador que veste macadoazui, realiza peoadas tarefas flsicas, vive no limite da sobrevivencia, segut aesquerda e talvez chegue a ser seu o reino des& terra. A sociologiad o odenegar que assim seja, mas, sim, pode oferecer uma defini* menos rombtic ae mas cientfica. Um proietiio 6 uma pessoa que se ve obngada a vender suafoqa de trabaiho - nHo o resultado de seu irabalho, mas sua capacidade&trabaiho- .Posto que nenhum capitalistaa comprar por nada, um proletrioC tambm um trabaihador que produz mais& que recebe, seu sairio, e maisdo que o nws xi o para a reposi* dos meioode rabalho que emprega; valedizerque produz um oobretrabalho, um excadente ou,pan ser mais exato, urnam&-valia. Para assegurarque assirnocorra,o capitalista faz tudo o que pode,epode'bastante, pmra controlar eorganizaro multado e o proceso de rabaiho.Um proletllio, por conseguinte, t um tmb ab do r que pcrdeu o controle sobreoa meios, o objetivo e o processo dc seu rabalho (sobre o processo dep r o l ~ ,a FernPbdu Enguita, 1989).Mas nem a sociedadeaem o setor capitalista& mtsma se dividem clarae abatamentecm crfeitos burgueses e perfeitos pmletr ior. Deixandode adoos primeiros, que aqui n8o interessam, a prole&rizacao nHo se pode entendercomo um uto ou urna mudaqa drstia de coodi@o, mas como um processoprolongado, desigual e marcado por conflitor abertos ou disfanpdor. Aproldack@o C o proce~oo elo qual um grupo de trabdhadom perde, maisou me wr sucessivamente, o controle sobre seus meiosdeprodusik, o objetivode ceu trabalho e a organi- de sua aiividade.

    Obviamente, es &mdi@cs de vida e trabalho dos professores d o Ho as&S estivadores ou dos operrios da industria autornobilstica,mas ssononos

    dzvc impedirde verque, como categoria, os docentes zncontritm-sc submetidosa pr owsos cuja tendZncia B a mesma que para n mliiorin dos trdbalhadoresassalariados: a proletl iriw~io.Estes processos,estilclarr) , nao atuamda mamaforma, neni ao rnesmo tenipo, neni con1 os rnesmos resultados sobre toda Mcatqor ias de trabalhadores. Alguns forani ou Go rapidamente transformados,outros requerem um perodo longo, outros resistem corn pleno exito a estatendencia e outros, enfim, debatem-se e opem resistSncia pelo meio docaminho. Vejamos qual k m sido o promso e quid 6 a sima* dos docentep.

    A quase totalidade dos docentes hoje assalariada. Encontram-senatai tuqh todos os docentes no ensino pbliw e a imensa maionana rede privadade ensino. Neste setor h4 que excluir os docentes-empresios, isto 6, o6 que

    proprietrios de escolas mas contnbuem tambSm corn seu pr6prio trabalhodocente e, obviamente, os que ainda que tendo uma origem docente deixatamde trabalhar como taI para se converterern sirnplesrnente em empresrioscapitalistas do setor, ainda que se trate de pcvquenos empresn'os.

    Hoje em dia, os termos "docente", "educador", "mestre" ou "profea-sor" evocam de imediato a imagem de um trabalhador assalariado, mas nemsempre foi assim. At h poucas dkadas, na Espanha, grande parte dosprofessores primrios estava muito mais para trabalhadores aut8nomos queestabeleciam, por sua pr6pria conta, escolas nos povoados, ainda que com oapoio dos governos locais sob a forma de locais adq uad os e subvences paraos alunos se m recursos econdmicos. Nas escolas privadas unitrias o mestre eraao mamo empo o empresrio e o trabalhador, talvez como apoio desuaesposaou di: algum servente; era, em sentido estrito, um pequeno-burguh. Aterminologia do msgistdrio todavia apresenta vestgios disto, por exemploquando se refere ao "mestre proprietrio" (rmesrropropietario)ou ao "cargoem propriedadz" (plilza en propiedad). Outras reminescdncias, menos sim-bdlicas e mais matzriais, perduraram atd bem pouco tempo, como 6 o caso das"permanencias" e das aulas particulares dadas pelos mesmos mestres a algunsde seus alunos.

    A urbanizacio, a introducio das escolas completas e senadas, aswncentraces escolares, a expansao do setor pblico, a cna* de escolasprivadas para se to ra corn poder aquisitivo alto e sua generalizq50 para todoscorn a poltica de subvenc&s, e a expansao do setor pblico S& os fatores quet&m feito desaparecer o docente autonomo, inclusive o mestre pblico semi-aut8nomo da zona rural. A criacao e logo o pr dom fni o absoluto das escolascorn vrios grupos escolares supunhaa diviso e hierarquizacodos docenteo,com a aparico da figura do diretor e outras intermedirias.A figurado diretortem seu correlato em urna certa perda de autonomia por parte do professor debase.

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    Outroaspecto a ser considerado6 ue a regulamentqodoensino pas ou,com o tempo, da oituaqiio de limitar-se aos rcquisitm mair gerais para a deprescrever cspecificacbcs detalhadas para os programas de ensino. A &mi-nistw$b determinaa s matrias que deverh ser dadasemcada curso, os horasque serPo dedicadas a cada materia e os temas de qu e se compor. Em outraspaiavras, o docente tem perdido progressivamente a capacidade de decidir qualr e d o resultado deseu trabalbo, pois este 4 Ihechega previamente estabelecidocm forma de disciplinas, hodnos, programas, normas de avalia#io,etc. Nos assim, diretamente, mas tambm, indiretamente, atravs dos examespblicos (os antigos exames de "ingresso" e revalidqilo, os atuais exames debelc$b) e, em gerai, dos requisitos de acas o e dos pr6-requisitos de base dosniveis ulteriores, aos quais deve amoldar-se o ensino nos anteriores. Tanto owino privado como o pilblico v&em-seafetados por estas regolamentacaesg&; aidm disso, a diferenca principal entre um e outro, que n8o C tHoimportante para o que aqui nos inieressa, consiste em que, no pnmeiro, ainterpr-50 ou os acrscimos Bs normas legais procedem do propnetno ouoeu representante, enquanto no segundo provem de um diretor nomeado pelaAdministrago.As regulamentas6es que recaem sobre o docente nao concernem somenteao que ensinar, mas tambdm, amide, a como ensinar. Em todo o caso,qualquer coisa no pode ser ensinada de qualquer maneira, de modo que, aodecidir um contetdo, as autoridades escolares limitam tambm a gama demtodos posslveis. Mas, aidm disso, sobretudo as autoridades das escolas,jxx&unimporaos educadores formas deorganizar asturmas eoutras atividades,p n x d m m t o s & avaliaco, cnttnos de disciplina para os alunos, etc. O&cate perdeassim,tambm, mesmo ques6parcialmente, o controle sobresai processo da trsbaiho.Esto perdn de autonomia pode ser considerarada tambdm como umpooesro & deaqualifica@o do posto de trabalho. Veado limitada su-porfbdlidder& fe omarisbes, o docente 4 n8o precisa das capacidadeaedcmwuhocimcntosnax dai osp ant fa&-lo. Adesqualifica$iSov&serefoqada,d h br, pela divioao da trabalho docente, que reflete dupiamente apircalartsc8odo conhccimento e das fun- da escola. A primeira, atravCsaproUfaq30 & cspbciaiidades e o confinamento dos docentes em & a s adisciplinas. A segunda,por meio da delimita@ode funcW que sHo atribudasdeforma separadaa trabalhadoces especfficos, desmembrando-seasassim arrcompe!ncias de todos: 4 o caso da orient.30, da educa& especial, do

    0. .tendimento psicoldgico, etc.Finalmente, para este processo contribuem tambm os fntukanies &ivros-did8ticos e outras merc ado rk educacionais.O Iivro-did8tico especifica

    paro o profasor 6 conjunto de conhecimentoo que &ved transmitir,faqWi os mesmos e a forma& ransmiti-los e organit8-los. Ainda que demenor tzpercuss50 M) onjunto cti vida escolar, um efeito similar @m outrosrecursos docentes, como os programas informatizados ou os chamados"pacotes curriculares" .

    Numa outra veia, os docentes, como a grande maioria dos trabalhadoruassalariados, produzem urn sobretrabalho e, tratando-se do setor privado, urnamato-valia,da qual se apropriam seus ernpregadores. A velha discusso entramarxistas sobre se os docentes so trabalhadores "produtivoe" ou "impro-dutivos" carece inteirarnente de sentido. Em primeiro lugar, porque desde omomento em que, como assalariados do setor privado, permitern a seuaempresrios embolsarem uma quantidade de dinheiro superior ao que 1he.scustam, jB produzem urna mais-valia, independentemente de que o resuladode seu trabaiho seja um bem ou um servico (Fernndez Enguita, 1985);quantoaos do setor pblico, nao podem produzir nem deixar de produzir mais-valiaporque n h produzem valor, jB que o setor piiblicoUZOproduz para o mercado.Em segundo lugar, ainda que fosse ao contrtino isso d o modificaria suascondifies de trabalho nem suas relagoes sociais de producao. A categorizaQbdos trabalhadore-s do setor capitalista e a anlise das r e l w sociaia deproducao em que es60 imersos 6 unco de seu lugar no processo material deproducao, nZo no processo de valoriza~o.

    Os empresrios do ensino privado &m o ma mo interesse que podem teros fabricantes de salsichas em explorar os seus assalariados, comqando pelosprofessores, ou seja todo o interesse do mundo. Quanto ao setor pblico comoempregador, ainda que seus trabalhadores venbam a conseguir meihoresco nd ic k, paraum mesmo trabalho, queos do setorpnvado,nilotmenos cedoque, no contextodaatualeprolongadacrise fiscaldo Estado, este tendea limitarseus gastos em salnos e os docentes costumam ser urna das categorias defunciondrios mais vulnerdveis.

    A categoria dos docentes, de ricordo corn o exposto, compartilha t r q sprprios dos grupos profissionais aom outrss caractersticas dac l a s s e o p e ~ a .Para sua proletariza~o ontribuern seu crescimento numdnco, a expan& econcentrwodas empresas privadas do setor, a tendencia ao corte dos gastosrociaio,a ldgica controladora da Administrac50 pblica ea repercusdodeseas:salArios sobre os custor da forca de trabalho adulta. Mas hd tamtdm outrosfatorer que atuam contra esta tendhncia e, por conseguinte, a favor de suaprofissionalizaco. O main importante, sem divida, t a natuteza especffica do

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    tnrbalhodocente,que d ou resta fwilrnenteB padtonim$o, B fragm6nrs$&extremadas amfas, oemB substitui@o& atividade humanapela dasmquinas-Pinbi quee e t ~ ftimasejaGo cara aos profetasda tecnologia-.Outros fatorea&vPnb , que com efeito vo na mesma d i w , &o a igualdadede &el&forma& entreosdocentes e as pr of is sh liberais, a cresccnte aten* social&& i roblemtica da educaciio - ao menos a longo praw - e a enormcimpodacia do setor pblico frente ao privado.

    Como conseq&ncia, categoria dos docentes move-se mais ou menos emum lugar intermedirio e contraditrio entre os dois plos da o r g a n i z . dotiabalho e da posi* do trabalhador, isto 6, no lugar das semiprofiss6e.s. Osdocentes es& submetidos B autoridade de organizac6es burocrticas, sejampblicasou privadas, recebem salrios que podem caracterizar-secomo baixostperdetam praticamente toda capacidade de determinar os fins de seu trabalho.No obstante, seguem desempenhando alymas iarefas de alta qualific- -em compara& com o conjunto dos trabalhadores assalariados - e conservamgrandepartedo controle sobre seu pmes so de trabalho. Decerta forma, pode-se dizer que tanto eles como a sociedade em geral e seus empregadores emparticular tem aceitado os termos de um pacto: autonomia em troca de baixossamw.

    Nada permite esperar que os docentes venham a seconverter finalmenteem um grupo profissional nem em um segmento a mais do proletariado, nosentidoforte desses dois conceitos. As mud anw sofridaspela categoria, assimcomoosconfiitosem curso eas op@espresentes, movem-se&atro deum lequede possibilidades cujos extremos continuam contidos dentro dos hites daarn big ii e prpria das semiprofiss6es. Tmta-se, scmpre, & ganhar ouperdet um pouco & algo, de escolher entre o braaco e o p w .

    A maioria d a mudaxqas na posi ch dos docentes ocorxicb no ltimoperodo pode ser inteqmtada soba clave deste zigwmgw ailre a pro%&-n a l i z w e a prolecariza@. A favor da primeira i!mapontsdo, por exempb,o r e b a t i os profassorres de pnmeim grau como "pmfessores de E.O.B.[Ensino Oeral Bsico]" ea converso dasEscolas deMagistCoun lamaatarEscolas UniversiEBrias, com a coaqente e le vqh dos requisitos& acessoe titulqh; a proclama~honstitucional da liberdade de ctedrae o reconhacimento formal de compt2ncias aos colegiados & profesrrores; enfim, afuncionariza* da maioria dos docentes do setor ptblico. A favordasegundaapontam, por exemplo, a irru~~iioe novos especialistas nos centros queconcentram para si compt2ncias arrancadas aos que s6 traba- em sala deaula; a adrnisdo de pais e alunos nos conselhos escohres, o que questiona aexclusividade dos docentes sobre as quest&s do ensicm e s u d a por isso suahostilidade; e, claro, a pnla de poder aquisitivo dos rabalbodom do setor.

    A rciviiiclicac;lo do rcconhwiiiiznto de seu profissionalismopor parte dosdocentes dzve scr ~ntcnclida,de acordo com atas coordenah, coino urnaexpressio siiitLtica de sua rzsist?ncia A p r o l z t a b ~ ~ .o levantar asabandeiw. os docentes atuam do marno modo que na sua pca o fizeram osgremios de trabalhadores artesanais na origem & muitas ocupq6es hojeplenamente prolztarimdas - p r xemplo, os mwgncos ou os grficos -, ouque o fazem agora numerosos grupos ocupacionais& cri* relativamenterecente - por exemplo, os pilotos ou os jornalistas -. NinguCm na histriaaceitou de bom grado converter-se em, ou permanecer, pn>l&o.

    As formas que toma, contudo, expressam algo mais. Concretamente, oclima politico social do perfodo e a relaqo da categora docente com O restodos trabalhadores. H dez ou quinze anos os docentes denominavam-se a simesmos "trabalhadores do ensino"; discutiam-se por toda parte seu carater declasse, sua funso produtiva ou improdutiva, etc. , quase semprecom a vontadede demonstrar que eram tao bons trabalhadores como quaisquer outros. Hojeem dia se fala sobretudo de "profissionalismo", "dignifica@o da profissodocente" e outras expresses do mesmo estilo. Numa palavra: antes sereivindicava a identidade com o resto dos trabalhadores, agora se trata desublinhar e reforsar a diferenca.A JerniniuagEao do setorSe o ernprego do plural masculino oculta sempre a composi@io por sexo dascategorias designadas, no caso da doczncia falsifica e inverte nidicalmente arealidade. De 419.951 professores no perlodo 1985-86, 243.008, ou seja57,86% ,eram professoras. (Estes dados, como todos os queseempregado aseguir, procedem do C.I.D.E., 1988b. Corrzspondem sempre ao periodoindicado, exceto no caso da Universidade, que sao de 1984-85. Este relatrio,w m notveis insufici$ncias, proporciona algumas ve as dados contradit6riosentre si, mas o nico levantamento sistemitico sobre a presenca da mulherno sistema eucativo espanhol de que dispmos.)Desagregando os nllmeros por setores, as mulheres representam 93,8 %do professorado de ensino pr6-escolar (cujo total, incluidos ambos os sexos,C de 39.573 professores), 62,l % do de E.C. . 193.445), 48,7 % do B.U.P.eC.O.U.76.550), 33 ,6 7% do de F .P . (49.408), 24,89 % doprofessorado daUniversidade (44.98 ) , 72,l % do de educac;?oespecial (13.965) e 50,7% dode educas50 permanente de adultos (3.029).'

    Portanto, uma anlise da catrgoria docente n k pode ser simplesmenteurna anlise de classe: tem que ser tamwrn, necessariamente e na mesmamedida, urna an8lise de gSnero. Se isto 6 verdade para praticamente qualquer

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    cotegoriade tnibihaciores,mais v~dwieiroerpara um setor que, wm o o dosQcenIto, esa constitufdo em sua maioria por mulheres. O contrrio signifi-ca& negar-scos meios para comprender tanto a evo1uc;o global e a posi*~ 0 ~ i a . la calegona como suas frdturas e sua problemtica internas.

    O termo "feminiz.ac$Zo" n5o s6 expressa um ponto de chegada, comotambm e fundamentalmente um processo. O aumento proporcional &presenp das mulheres no professorado tem sido espetacular e praticamenteconstanteao ongo do tempo, muito acima de sua presensa mu ia na populaco&va do pas.Em 1957, as mulheresjeram 62,37 96 dos professores de escolapnmria; se nos fixamos nos subgrupos do sistema atual mais assimilveishu eles vemos que hoje representam 85,91 % do professorado do ciclo iniciale 68,14 46 do ciclo mdio de E.G.B. Nos anos 1940-45 representavam 19,796 do professorado do bacharelado; hoje sZo 55,O % do professorado do ciclosuperiordeE.G.B. e48,7 56 d0B.U.P. eC.0.U. Nosanos 1944-45eram4,5% do professorado unversitrio; hoje significam 24,89 %.

    Podem aduzir-se diversos motivos para esteprocesso. Em primeiro lugar ,o ensino C uma das atividades extradombticas que a ideologia patriarcalimperante aceitou sempre entre as adequadas para as mulheres, vendo-a emgrande medida como uma ocupas50 transitria para as ovens e urna preparas50pata o exercicio da matemidade. Como outras "profissoes femininas"(enfemeiras, modistas, assistentes sociais, etc) fica incluida no que se podemconsiderar extensoes extradomsticas das funcoes domsticas, surgidas sob oa m pm do desenvolvimento dos servicos pblicos no marco do Estadoassistencial.

    Em segundo lugar, os baixos salnos do ensino tzrn afugentado progres-sivamente do mesmo os v a r h educados,para os quais a indstria, o comrcioe outros ramos da Administraco pblica abriam novas e melhores oportu-nidades de emprego - pelo menos em termos de salrio -. Ern contrapartida,a crenca social de que o trabalho da mulher 6 sempre transitdrio ou an8maloe seu salrio uma segunda fonte de renda, compartilhada em certo grau pelasp pr ia s mulheres, tem favorecidoamanuten~20 os salrios em nfveis baixos.

    Em terceiro lugar, o empenho em submeter os docentes, tradicionalmenteum setor inclinadoBs iddias avancadas e pmgressistas, convertendo-os em fiCistransmissoresdaculturae moral dominantes e defensoresda onformidade coma ordem estabelecida, tem atuado tamMm em favor da aceitas% das mulheres,normalmente consideradas como mais cohservadoras, menos ativas e maisdispostas a aceitar a autoridade e a hierarquia que OS homens, tanto por suadistinta educagZo como pela menor relevancia do trabalho remunerado em suasvidas. Para explicar o processo de ferninizaciio nio irnporb muito se esteargumento, que um autor tcm qualificado de "teoria machistada profissiona-

    lizayo" (Pai.Liii, 1984) ! czrto ou n;lo: basta que tenha sido considzrado comotal.

    Por ltimo, a zscola, ti ziii eslxcinI ti escola pblica (logo, devicio Bilitcrvznyoestatal e 2 ncgociayiio colctiva, iriiiibm a privada), foi e d um dospoucos setorw de eniprego em que as niulheres recekm o mesmo salario queos honiens (ao menos neste pas: v. Piqueras, 1988;rGo dassim no Reino Unidonem nos Estados Un dos, por exzmplo: v. Apple, 1986). Conseqentemente,t! lgico que as mulheres educadrts tenham preferido um emprego no ensinoantes que em outros rnuitos setores onJz a discriminaciio salarial era manifesta,aldm de oferwer, em geral, condi

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    u m mi edade patriarcalestmenos dispostii a conceder autonomia no trabalhoPs muihcres que aos homens. Por outro, existe urna sCrie de fatores quedificultam a aciio sindical das mulheres: de de a "dupla jornada" atS a escassaatenck das organbc 6es sindicais e profissionais sua problemtica especf-fica, passando por sua educaco mais conservadora, os escnpulos de seusmaridos diante de qualquer atividade extradomCstica, etc. Definitivamente,ttata-se de um efeito previsto que, por meio de urn raciocinio teleol6gic0,integra-senacadeia das causas do processo de feminizaco. Nao obstante, hque reafirmar que a iuta pela profissionalizac50 do setor pasa assim a ser nos um conflito de classe, mas tarnbm de gnero, e como tal deve ser vista.

    O genero no s6 separa os docentes de outros grupos ocupacionais:tambm osdivide entresi. Os percentuais que antes referimos, distribuidos paraos suces ivos niveis do ensino,j mostravam que, se a presenca das mulheresna educq3o aproxima-se de tr&s quintos,h uma tendencia decrescente desdea quase totalidade do professorado de ensino pr6-escolar at a quarta parte douniversitrio, o que significa urna presenca inversamente proporcional aossalrios, Bautonomia, ao prestfgio e &S oportunidades deprornoqiio profissionaldos distintos subgrupos de docentes.

    Enconttamos a mama coisa ao nos fixarmos em outros crittrios dehierarquizaco nterna do professorado. As mulheres so25% do professoradouniversitrio em seu conjunto, mas este percentual, que 6 tamwm o querepresentam no pmfessorado das faculdades, cresce para 30,5 % nas escolasuniversiirias e decresce para 9,4 96 nas escolas bknicas superiores. Nasescolas universitrias, onde sua presenca global d maior, pode representar,contudo, desde 66,6 % em Biblioteconomia e Documenta~o u 60.3 96 emTrabalho Social atC 2,3 % em Obras Pblicas ou 8,7 96 em Telecomunicaco.Nestemesmo grupo docente, 30,7 96 dos homens s5o catzdrdticos, mas s6 24,2% das mulberes o Go. Nas escolas tknicas superiores 16,3 % dos homens e2.01 as mulheres o do . Nas faculdades, 14.8 % deles e 3.2 % delas (todososdadosd o o perodo 1983-84). Poderiam ser acrescidos outros dados sobreo ensino universirrio, mas 60 arece necesshrio.

    No Bacharelado e C.O.U., 4.3 % dos homens sio catldrticos, frentea 8,3% dasmulheres. No Ensino Geral Basico, onde as mulhzrrs representam62,l% do conjunto do professorado, 60,odavia, s6 46,49 % dos diretoressemdocencia e 39.52 % dos que t2m docencia. Isto quer dizer que siio diretoresnove de cada cem professores hornens, mas s6 qualro de cada cem professoras;tm outras paliivras, estas t2m menos da metade de oportunidades de chegar Bd i r e o que aqueles.

    k t aqui vinios falrindo dos docentes rni geral, chega o momenlo de atentarpam su s divisoes internas. Referir-seao "profcssorado" =m msiior e s p i f i -caco C ocultar as notiveis dife rega s que se p a r a os distintos grupos depmfessores, diferencas que dizem re spi to a seus salhios, suas condi* detrabaiho, seu prestfgio, suas oportunidades de promocZo e outros bens eviuitagens sociais dmejveis.

    As pesquisas de est ratifica~iio econhecem isto quando, ao se referiremaos trabalhadores 1150 manuais e dos servicos, situam, no geraI, dez por ca todos professores - constitufdo basicamenie pelos funcionrios docentes dauniversidade e, no caso, os diretores de centros secundros - no estratosuperior, junto aos "gerentes, diretores eprofissionais" liberais, enoventaporcento do restante no segundo grupo, unto aos "tScnicos eempregados mdios"(v. Miguel, 1974: 372-3). Esta classifica~iioodtivia 6 demasiado generosa,vale dizer mistificadora, com a realidade social dos profesores, vi& que sedeve Z impofincia comumente dada educa$% formal, h margem de suaretribuico social, nos estudos sobre estratificaco ocupacional. Sem talmiopia, estzs bern'poderiarn descer ao capitulo de "administrativos e traaiha-dores de sorvi~os "

    Em todo o caso, o que aqui interessa sublinhar nEo6 ua Iocaiiza~Zorentea outros trabalhadores nao educadores, mas sua diversidade interna. Esta semanifesta abertarnente, por exemplo, nos salrios de cada categona (todas asrefer8ncia.s quantitativas se baseiam nos dados dispnveis em C.I.D.E.,1988a). Um catedrtico de universidade recebe um vencimento que equivalea mais do que o dobro do vencimento de um "mestre proprietano" (maestropropietario) e a t r k vezes (quatro at hi muito puco) o de um ajudanteuniversiirio, todos eles em regime de dedic- exclusiva. Alm disso, ocatedrtico universitrio tem oportunidades& aumentaremais quedobrarsaivencimento atravs de pesquisas remuneradas, conf&cias e similares,paran3ofalardo exercfcio iberal deuma profi ssk, que o profesorpr imrio nuncated.A isto, todavia, h queacrescentarretribui- indirehscomo abolsaparapesquisa que Ihe corresponde em qualquer caso, asajudas& viagens, etc. Umcateddtico de ensino secundrio recebe, por sua vez, um salriosuperior quascquarenta por cento ao de um professor primrio. Tudo isso so m& queexemplos dentro do srtor pblico que devem ser complementados com oregistro das diferencas entre este e o privado: assim, os rendimen- de umcatedrtico de instituto pblico superam em mais da metade aos&um itularde escola privada de ensino secundrio, sendo ambos os graus mhimosalcancAveis, e os de um profasor primrio estatal superam ern um t e w os de

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    urn professor pnmrio do ensino privado.As condi* de trahaiho siro igualmente hekrog2neas. No m i n opblioo, urn professor de E.C .B. tern vinte e cinco horas letivas semanais, umprofeosorde nsino mdio demito e um catedrtico ou titular universitario oito.

    Altm disso, este ltimo tem um calendano notavdmente mas curto -prnticamante reduzido B metade do ano civil -,pode diminuir sua carga letivaglobal legal por diversos procedimentos, tem toda ordem& acilidades parapequenas ausencias e para l i ce np prolongadas. Tambm entre ensino pblicoe privadoU ifereqas: frenteaoja assinalado para o primeiro, os professores& odos os nveisnilouniversitrios do segundo &vem cumprir semanalmente ,vinte e oito horas letivas.Seu grau de autonomia& menos diferente. Enquanto os professoresd o universitrios es% limitados a dar as disciplinas ou reas de suaespecialidadeque figuram nos programas, que so poucas, e devem seguir ostemaspreparados pela Administr-, os universitrios pdem dar qualquerconteiido a suas disciplinas e mudar facilmente de uma para outra. Enquantoos primeiros se encontram submetidos em diferentes graus 3 autoridade decolegiados, diretores e proprietnos, os segundos&o plenamente aut8nomosfrente Ps autoridades academicas no exercicio de sua docencia.Seu prestfgio social d inteiramente.dspar. Seos catedrticos de univer-sidade aparecem sempre nos primeiros postos de qualquer classificaw, osprofessores primrios continuarn sendo objeto de frases como "passar maisfome que um mestreescola", "cada mestrinho tem seu livrinho", etc. Suaauto-imagem est tambm polarizada: enquanto os professores universitriosseconsideram parte da nata da sociedade, os professores primfios vikm-secomo classe mdii baixa, "professorinhas" e assim sucessivamente.

    A partir desta hierarquizm$o podemos e devemos matizar todas asconsid eq5es sobreo embate entreprossiona liqSo e prol&uk@o dentrodordor docente. urna grandepwedapopuh@o a que agora passamais fomeou, simplesmente, come pior que um mesh-escola . Ainda que os professorestenhamperdido autonomia e, provavelmente, presigio social,& por queduvidar que sua posi* material meihorou ao longo do tempo em termos derendimcntos,& ea no empctgO e, em certos aspectos,&cond icb&trabalho. A posico dos pmfessores universitrios tem-se degradado relativa-mentenotanto por urna queda& suas coodi@es materiais como pela expan soda categoria, que tem passado de ser urna minoria muito rzstrita a j A S o &-lo tanto; isto, quando menos, traduz-se em perda de prestigio e distinciio, sed o oletiva, aomenos individualmente. Osubgrupo mais castigado provavel-mente tenha sido o do professorado & ensino mdio que, corn a massifica$ioe virtual univemlizagiio b t z , deixoude ser uma minoria bastante exclusiva

    para ser um grupo a niais de usalari dos 160manuis. Se a isto se soma0 fatode que se trata de trabalhadores que compartilham titulac;h universitria comoutros nielhor situados na Adn~inistrac;iio blica e tm empresas privadas(tiimbm a con~partilham oiii outros pior situados em ambas, mas urnaciikgoria scmpre quer obter isononiia-a palavm&or&m dos dltimos tempos- corn relacio aos que vivem melhor, e niio ao contirio), compreender-se4por que este subgrupoB o mais prmupado com a " d i g a i f i c . profissional".

    Desde a perspectiva dcsta fragmentacio interna podesecaptar meihor agama de dificuldades que apresenta a articu1ac;ao conjunta dos in teresapresumfveis de todos os docentes. H professora e professores. Cada um seconsidera mais acima dos que estiio abaixo, mas injustamente discriminadopelos que esta0 por cima. Em todo o caso, esta di vi sk torna muito difcil, numa&pocade cultivo das diferencas, a aceitacao de propostas como a do "corponico" de professores.

    A recente greve de profissoris do ensino' pblico universitriocolocou de novo ern foco esta problemtica, trazendo A luzasambigidades deambas as partes. A Administra~o tuou ao longo de todo o conflito como seestivesse convencida - e provavrlmente estava, com um setor da imprensafazendo coro - de que os professores nada mais 6 0 do que fracassados,perdedores, incompetentes. Naturalmente,niio empregou taisepftetos, mas sHoo coroldrio latente de urna filosofia segundoaqual s6seconverte em professorquem nao pode se converter em outra coisa: estudantes quenZo foram capazesde cursar um curso universitrio em lugar do magis%o e portadores de ttulosuniversitrios que nao souberam encontrar trabalho no wrerclcio liberal daprofissiio, em uma empresa privada ou em uma categoria melhor r e m u de de maior prestfgio.

    O raciocnio era muito simples: se aceitam um traaihomal remunerado,C que n3o valem para outro. O pressuposto subjacente Cqueo lnico critrioparaescolher um emprego frente a outro 6 a remunerach. k m , negava-se aosdocentes a possibilidade de que haviam decidido rblo, simplesmentc, porpossuirem uma vocag5o social superior rmbic2o son8 mia. IM ,negava-sea eles uma caracterstica que. sem dvida. reconhsc-scgcnuosamentepangrupos profissionais queobtem elevados rendimentos ed o overiam um dedose nao fosse em troca destes.Por outro I do , todavia, pedia-se aos professorcr profiirrionalismo p ansuportarsuasituacZo. Nao mais vocack, mas res ig ne o. Pelo visto,da mamaforma que ao aceitar um trabalho mal remunerado haviam mostrado nao ser

    Teotia & Educncdo. 4 . 1991

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    a p Z e a , oo exigir uma melhora em seus vencimentor mwtravam icrptossi~ais, as simplesmente corporativos, urnaespciedecorporativismoobfeiro-funcionarial. Ao cont&o, para dar crdito a seu pmfiscrionalismotinhnm @e dar por boa a condi* que 80 mesmo tempo lhes era negada, suaraagrt remunen&b, e sentir-se suficientemente etribudos parapoder atenderauma vo- que nHo selhes mnh eci a, possuir um prestgio que d o e lhes&bula e desempenbar urna fune o social quen8o os recompensava. Porque,u, meao cabo,em nossa sociedaded o xiste outro indicador de tais virtudesque aHo i enda; alCm disso, 6 precisamente o presumido indicador, no oindicado,o que d de comer.Esta complicaqo n b um fenomeno exclusivamente local, ainda quemtre n6s recebaurna fei* espetacular devido h r t m u n e r ~ i b o m p d v a -mentebaixada d&ncia. Em urna economia de mercado su+-se que a formade arair trabalhadores capacitados para qualqs~er tividade C oferecer umar e m q ais elevada que outras a quepossamsededicar alternativamente.N h isco, presumese que o rendimento do trabalhador no posto de trabalho6proporcional ti sua satisf a~hiante do mesmo e estaaos salrios percebidos.SktuWicamente, cada reunio internacional, seja do organismo que for, naqual sediscute como elevar a qualidade da educac3o-o tema da modaem nossosdias- mencionado o problemas dos professores. Afirma-se que a qualidade& ensinodepende essencialmente da te s e reconhece-se de imediato que suasremmem$h baixas. Mas, a seguir, aceita-se estoicamente que t? quaseimpossfvelelev8-las 6 muito fcil serest6ico8s custas dos outros -pelo grandeniImen,& rabalbadores do setor ,anecessidadedewnter o gasto pSblico,etc.,epmp&-se "remuned-los" por outros caminbos, fundamentalmente trd -l osbem, elevar seu prestigio, reconhecer seu profissionalismo e exaltar s ufu@. Oproblema, como 4 foi dito, B queestas coisas, ainda que d o a q a mporsi mesmas de importancia, secomcm. Por outrapartc,6 invivel elevaro aatus imb6licodeumacategoria sem que, ato continuo,estapqaque aquelesewrpreue namedida&valor universal, o dinbeim, recorrendo senecedriofor ao conflito trabalhista. Ademais, a combinaqo de uma elevada p dmoral com escasas recompensas materiais, da eleva$% do status simb6licocorn a &grada@o do status econ6mic0,6 ode deixar de traduzir-seemfnrstracao pessoal e, po r conseq&ncia,em dcsafei(;Zio para com o prpriotrabalho.

    Outro aspecto& questao t? que os educadores podem ser martires, masisso n h garante que sejam santos. A funcionarizasilo do ensino piiblico,romada P relativa autonomia de cada docente no exercfcio de seu trabalho -pprtcularmente, como A sedisse, em seu procesm de tmbalho-,permite querari, rendimentos e esforqos individuais se movam em graus de grande

    mplitude. Suu atitudc?; comportamzntos nik &o iguais, p k n d o ir desdeurna alta prwcupqio w m seu trdhitlho, um dw j o constante de atualizai$3,urna eleviida rapnsabiliclade, etc. a g o pissividude, n rotina e a a p l i q k dakido menor tnifoqo mais absolutas.A culturaprofissionaldogrupo160parecesuficiente para garantir a atuacio & cada um de seus membras, ainda que,tarnpouco, caibanegar-lhequalquer eficcia (vale a pena ac-ntarque outroagrupos semiprofissionais ou profissionais tampouco~~~tam tal camderb-tica,aindaque a pretendam eque se lhes reconhep). A funcionarizqh,6,impede que atuem como estimulo do rzndimento os mecanismos habituab domercado.

    Esteo marco em que sedeve avaliar o problema que tem sidochamaQde " m i r a docente": como instituir um sistema de estmulos que i m w edormir napoltrona aqueles que parecem dispostos a faz&-lo,ainda quemuitos160o estejam e aquela no passede mediocre. Nao restaddvida de que umsefordo professorado encontra em sua vocaco e responsabilidade estmulo sufici-ente para render adequadamente em seu trabalho; para ates, o problema 6simplesmente dejustip: que seu bom trabaiho seja reconhecido e recompen-sado. A que ti% 6-que a or ganizq h do corpo docente, como a de quaiqueroutro, no pode estar baseada na presuns20 da boa vontade individual ecarecer& meiospara atuar quando estanao exista; aocontrrio, deve estarorganiLadaB pmva dapior vontade, ou da falta de qualquer vontade, e contar comosmeiospararecompensar a boa e, onde no exista, cri-la ou aproximar-se dos mesrnosresultados atravs de outras rnotivac$es.

    A atual situaqo presta-se bastante h atitude do aproveiador. O professorque prefere trabalhar somente o mnimo se adapta normalmente a uma espciede "acordo brezhnieviano" que consiste em conformar-se com receber pu c oem troca de MO dar mais. Com este comportamento degrada a imagem&suacategoria e cerceia as oportunidades daqueles que ttabalham mais duramentede o h ma recompensa adequada. Quando estes ltimos explodem justa-mente por n k ver reconhecido o valor de seu trabalho, en% se invoca abandeira do igualitarismo e da solidariedade do setor e consegue seraceito,porque sua participaqao 6 necessria numa confrontaqZo, e pela solid&edadeefetiva daqueles aos quais nao deu mostras de td no trabalho cotidiano.Esta poltica de "caft? para todos" encontra necessariamente eco nossindicatos de classe. Nenhum trabalhador nem sindicalista v& pessoalm-tecom bons olhos o companheiro que nilo cumpre as normas; se ao daempresa, as informalmente aceitas pela categona ocupacional de que se rate.No entanto, a organk@o e a dinamita coletivas sindicais apontam em o u msentido. Os sindicatos baseiam sua existencia no que os -adores tem cmcomum,& no que os diferencia. Qualquer reconhecimento das dif er enw,

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    sobretudo no plano dasrecompensas,podeameqars u xistencia mama . LatoC tanto mais certodesdeo momento em que seorganizam como sindicatos "d eindrlstria" e d~de ofcio", antepondo a dimenso de assalariados B depmfissional. Tal o@, pmvavelmente a mais vidvel e ndequada em geral apartir deum certodesenvolvimentoda industriali+, tem seus custos quandose aplica em particular a -ores semiprofissionais como os docentes: concre-tamente, a dificuldade de defender um sistema diferencial de recompensasquando de fato existe uma atitude diferenciada frente ao trabalho. Pora c ~ i m o ,dinfmica dos wnflitos coletivos entre empregados e emprega-dores redunda na mesma dirw20. Em sua origem, seu transcurso e suaresolu@o, a unidadeB a base da f o r ~ aa categoria e resulta necessrio fecharou ignorar qualquer fissuraque possa ame&-la. No conjunto, tudo isto ref or pum igualitarismo que, para alCm de qualquer critt?rio de equivalencia entre ostrabaihos individuais, remete-se B condic k formal identica dos membros dacategoria e pnva a este da capacidade de controlar individualmente a seusmembms.

    A S O I U G ~ O6 pode vir ntravh de mecanismos que garantam, ao mesmotempo, certa capacidade de controle da socieade sobre a profissiio docente ec a t o campo de auto-regulasZo desta; que assegurem um sistema de estmulose contra-estmulos suscetlveis de mobilizar a energia individual dos docentesM di rq ao desejada e um sistema de contrapesos que permita a estes nao seconverterem em simples marioneta da autoridade de plantao. Creio quecorresponde B sociedade fixar os fins, grandes e pequenos, do ensino e aogrupoprofissional arbitrar os meios. No plano & carreira docente isto significaempregar as oportunidades de acesso, estancamento e rebaixamento, osdiferenciais de salnos e os beneficios e oportunidades marginais comoinstrumentos positivos e negativos de sanciio, mas de maneira que, uma vezestabelecidos os criterios, sejam os prprios docentes quem os apliquem.

    I.E.G.B.: Educaco Geriii Bsica, oito anos de curso bsico. F.P.: ForinaqiioProfissional, curso ap6sa Educa~o hica; cursos de 1O, 2' e 3 O graus com durafode dois anos cada um. C.O.U.: Curso de OrientacZo Universi&ia; tPm acesso os quetenham Bacharelado ou Forinaciio Profissinal de 2 O grau; programado e supervisio-nado pela universidade, desenvolvido por escolas do estado e particulares. B.U.P.:Bacharelado Unificado e Polivalente, curso com dura~aoe tres anos, compreendematriaa comuns e a escolhn Ivre de titividado dciiica profissioiial. (Nota do Editor,corn agradeciinentos B Profrssorn I l u Jardiin).

    APPLE, M.W. ( 1 9 8 6 ) : 7't,crclrczrs rllil IP.~I .V:j)olififUI >COIIOI)I)' f L.~U.SSatadgender rul

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    E D U C A C O 8: S O CIE DADEREVISTA QUADRIMESTRAL DE CIENCIA DA EDUCACQConselho Editor ia l :Agueda Be r na r de t e Uh le , Cec i l i a A . L. Collares, El izabeth de Almeida Si lvaresP. de Camargo, Eloisa de Mat tos H of l ing, Evaldo Amaro Vie ira, HelenaCosta Lopes de Frei tas, lvany Rodr igues Pino, Joaquim B. Fontes Junior .Let ic ia Bicalho Canedo, Luc i la Schwantes Arouca, Rnar ia Aparec ida Z. Struck l ,Mau r c io Tragtenberg, Mi l to n Jos de Alrneida, New ton Antonio P. Bryane Sandra Freire.EDUCACAO & SOCIEDADE e uma ed ico do Cen t r o de Es t udos de Educa~oe Sociedade, que aceita colaboracr io, reservando-se o d ire i to de publ icarou no o mater ia l espontaneamente enviado a Redacan. As colaboraces 'devem ser env iadas ao CEDES, Cx. Posta l 6022- . P. UNICAMP. Telefone:10192) 39-1598, 13.100 - ampinas - o Pauio.Publicaco e Cornercializa~o:EDICES VERTICEEditora: Suzana Fleury MalheirosProduq2io Editor ia l : A f ro Marcond es dos SantosP r o d u ~ o Grf ica : Enyl Xavier de MendoncaCopa de : Mi l t on Jos de Alme idaEDITORA REVISTA DO S TRlBUNAlS LTDA.Rua Conde do Pinhal, 78/80 - 011) 37-243301501 - So Paulo - P

    Inipresso rio Brasi l -

    SUMARIO

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ditor ia l . . . 5

    Sis t ema educac iona l , s i s t ema ocupac iona l e po l i t ~cada educaq jo -Cont r ibuico a deter rn inaco das funces soc ia is do s is tema educacional 3Claus Offe (traduco Vanilda Paiva)Igre ja. domest icadora de massas ou fonta do d i r e i t o co le t i vo e ind i -v idual? Urna apor ia p6s-conci l lar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Rober t o RomanoLas reformas comprensivas en Europa y las nuevas formas de dcse-gualdad educat iva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1

    Mariano F. Enguita y Henry h4. Levin., DEBATESMunic ipal izaqo d o ensino de 1. " grau - rna proposta de democ r a t i -zaco ou de sonegaci io da educaco dest inada as c lasses populares? 11 4Mar ia de Fatima Cos t a F l i xUn ive r s idad y Democ r ac ia en Mex ico - a mi r ada l iac ia la i zq i~ ie r dn 12 6Olac Fuen t es Mo l inn rRESENHASRedencso e Utopia. O Judaisnio I i t~e r tAr io a Eciropa Cent ra l -- M i c h a e lL0wy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 5Vani lda Po:i/a