15
A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO (APPF) E SUAS AÇÕES DE INCENTIVO À LEITURA (1933-1937) Maria Lúcia da Silva Nunes [email protected] Charliton José dos Santos Machado [email protected] Universidade Federal da Paraíba Campus I Palavras-chave: Leitura. Associação Paraibana pelo Progresso Feminino. Educação da mulher. Situando o leitor Este texto origina-se de pesquisas realizadas junto ao Histedbr/GT/PB, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFPB), mais especificamente, a partir das discussões empreendidas pelos projetos Patronesses de escolas públicas: suas memórias e contribuições à educação paraibana (1930 1950), e Educação e educadoras na Paraíba do século XX: práticas, leituras e representações. O objetivo deste artigo é identificar e apresentar as ações da APPF como incentivo às práticas de leitura de suas associadas e outras mulheres alcançadas por sua atuação; pretende-se também contribuir para as discussões sobre a história da leitura, particularmente na Paraíba. Inspirando-se nas possibilidades abertas pela Nova História Cultural em termos de fontes, objetos e abordagens, faz-se uso do paradigma indiciário, e através de pistas deixadas em artigos publicados na Página Feminina i , pela direção da Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF), no jornal A União, entre os anos de 1933 a 1939, busca-se identificar as ações em prol da leitura desenvolvidas pela referida associação, bem como o material disponibilizado/indicado: livros, revistas, jornais. Chartier (1988, p. 123), ao analisar o prólogo que Fernando de Rojas escreveu à Celestina (tragicomédia publicada em Saragoça em 1507), destaca a tensão que perpassa toda a história da leitura, principalmente no que concerne ao grau de autonomia do leitor frente a um texto; uma vez que a leitura “é prática criadora”, que não se reduz à intenção do autor ou editor; por outro lado, o leitor é “pensado pelo autor, pelo comentador e pelo editor como devendo ficar sujeito a um sentido único, a uma compreensão correcta, a uma leitura autorizada”. Que importância essa tensão assume quando se investiga a história da leitura? Para Chartier (1988, p. 123):

A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

  • Upload
    letuyen

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO (APPF) E

SUAS AÇÕES DE INCENTIVO À LEITURA (1933-1937)

Maria Lúcia da Silva Nunes

[email protected]

Charliton José dos Santos Machado

[email protected]

Universidade Federal da Paraíba – Campus I

Palavras-chave: Leitura. Associação Paraibana pelo Progresso Feminino. Educação da

mulher.

Situando o leitor

Este texto origina-se de pesquisas realizadas junto ao Histedbr/GT/PB,

vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFPB), mais

especificamente, a partir das discussões empreendidas pelos projetos Patronesses de

escolas públicas: suas memórias e contribuições à educação paraibana (1930 – 1950), e

Educação e educadoras na Paraíba do século XX: práticas, leituras e representações.

O objetivo deste artigo é identificar e apresentar as ações da APPF como

incentivo às práticas de leitura de suas associadas e outras mulheres alcançadas por sua

atuação; pretende-se também contribuir para as discussões sobre a história da leitura,

particularmente na Paraíba. Inspirando-se nas possibilidades abertas pela Nova História

Cultural em termos de fontes, objetos e abordagens, faz-se uso do paradigma indiciário,

e através de pistas deixadas em artigos publicados na Página Femininai, pela direção da

Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF), no jornal A União, entre os

anos de 1933 a 1939, busca-se identificar as ações em prol da leitura desenvolvidas pela

referida associação, bem como o material disponibilizado/indicado: livros, revistas,

jornais.

Chartier (1988, p. 123), ao analisar o prólogo que Fernando de Rojas escreveu à

Celestina (tragicomédia publicada em Saragoça em 1507), destaca a tensão que

perpassa toda a história da leitura, principalmente no que concerne ao grau de

autonomia do leitor frente a um texto; uma vez que a leitura “é prática criadora”, que

não se reduz à intenção do autor ou editor; por outro lado, o leitor é “pensado pelo

autor, pelo comentador e pelo editor como devendo ficar sujeito a um sentido único, a

uma compreensão correcta, a uma leitura autorizada”. Que importância essa tensão

assume quando se investiga a história da leitura?

Para Chartier (1988, p. 123):

Page 2: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

Abordar a leitura é, portanto, considerar, conjuntamente, a irredutível

liberdade dos leitores e os condicionamentos que pretendem refreá-la.

Esta tensão fundamental pode ser trabalhada pelo historiador através

de uma dupla pesquisa: identificar a diversidade das leituras antigas a

partir de seus esparsos vestígios e reconhecer as estratégias através das

quais autores e editores tentavam impor uma ortodoxia do texto, uma

leitura forçada. Dessas estratégias, umas são explícitas, recorrendo ao

discurso (nos prefácios, advertências, glosas e notas), e outras são

implícitas, fazendo do texto uma maquinaria que, necessariamente,

deve impor uma justa compreensão. Orientado ou colocado numa

armadilha, o leitor encontra-se, sempre, inscrito no texto, mas, por seu

turno, este inscreve-se diversamente nos seu leitores. Daí a

necessidade de reunir duas perspectivas, frequentemente separadas: o

estudo da maneira como os textos, e os impressos que lhe servem de

suporte, organizam a leitura que deles deve ser feita e, por outro lado,

a recolha das leituras efectivas, captadas nas confissões individuais ou

reconstruídas à escala das comunidades de leitores.

Embora se reconheça a importância e a validade de considerar essa relação texto

leitor, os sentidos “organizados” do texto e a compreensão atribuída pelo(a) leitor(a),

por questão de disponibilidade de fontes e de espaço, este artigo não pretende e não tem

elementos que explicitem como a leitura se efetivava, de fato; não dá conta, a não ser

indiciariamente, da comunidade de leitores, a quem a Página Feminina pretendia

alcançar. Faz-se, então, a tentativa de apresentar a forma como a leitura era organizada;

as intenções explícitas da acepção que a APPF atribuía à leitura, o que orientava para

ser lido e qual o sentido com deveria ser lido o que era indicado.

A pesquisa, de caráter histórico-documental, desenvolveu-se a partir da

orientação do paradigma indiciário, considerando pistas, indícios, alusões diretas ou

indiretas, explícitas ou nas entrelinhas, a respeito da leitura, uma vez que,

explicitamente, a APPF não declarou que sua preocupação era formar mulheres leitoras.

Todavia, partindo do conhecimento de que a APPF tinha como meta a conquista do

direito ao voto pelas mulheres, e que essa meta era indissociável da promoção da

educação da mulher, não foi difícil chegar-se à ideia de que a leitura desempenharia

função relevante nesse processo. O primeiro momento de uma pesquisa que toma

indícios como caminho a seguir não possui regras definidas, não há métodos

estabelecidos: no início é a intuição que guia o pesquisador, é uma rápida faísca de luz

que parece passar diante dos olhos; é uma sensação incômoda a lhe dizer ‘Preste

atenção’; é um fio que se esgarça num tecido insistindo em aparecer; é um princípio de

conhecimento que ainda não sabe o que é. Assim, concorda-se com Ginsburg (1989, p.

177) quando afirma: “Se a realidade é opaca, existem zonas privilegiadas – sinais,

Page 3: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

indícios – que permitem decifrá-la.” Mais adiante, quando discute a questão do rigor

neste tipo de pesquisa, na forma como esse conhecimento se processa, Ginsburg (1987,

p.179) alerta:

Trata-se de formas de saber tendencialmente mudas - no sentido de

que, como já dissemos, suas regras não se prestam a ser formalizadas

nem ditas. Ninguém aprende o ofício de conhecedor ou de

diagnosticador limitando-se a pôr em prática regras preexistentes.

Nesse tipo de conhecimento entram em jogo (diz-se normalmente)

elementos imponderáveis: faro, golpe de vista, intuição.

Munidos da intuição de que a APPF havia desenvolvido ações que tinham a

leitura como foco, tomou-se o conjunto de fontes já disponíveis (ver nota i) e procedeu-

se a leitura de todos os textos publicados na Página Feminina, no Jornal A União, entre

os anos de 1933 a 1939, além de notícias referentes à associação publicadas fora da

Página, mas dentro do citado jornal, para identificar os textos nos quais aparece,

explícita ou implicitamente, uma referência à leitura. Nesse procedimento, tomou-se

como palavras-tema: leitura, leitor, leitora, livro, literatura, literário, biblioteca, jornal,

revista. Identificados os textos que tematizam a leitura, partiu-se para uma classificação

dos mesmos considerando o gênero textual (notícia, convite, propaganda, apreciação de

uma obra, lista, homenagem). Ressalta-se que essa classificação tem caráter meramente

didático, não é fechada, nem definitiva; visa facilitar a identificação e consulta dos

textos durante a pesquisa.

Antes da apresentação e exame dos textos selecionados, é importante destacar

a fonte que está sendo utilizada para análise: uma página de um jornal diário. O uso do

jornal como fonte não é recente na pesquisa historiográfica, mas tem se expandido cada

vez mais, principalmente ao se considerar a abertura no modo de escrever a história,

influenciado pelos rumos inspirados na Nova História Cultural. O jornal, portador de

textos e ideologias, passa longe da neutralidade; é lugar de instauração de tensões,

conflitos, adesões, intrigas, contradições, experiências; é o espaço em que a palavra

escrita (e a imagem) constrói e veicula opiniões, aproxima os acontecimentos e desnuda

a vida social em suas diversas facetas: política, econômica, cultural, educacional. Ou

seja, como documento histórico de poder, as matérias veiculadas no jornal são seletivas,

em particular, consagrando o que deve ser lembrado ou esquecido para a posteridade.

Considerando a especificidade do texto jornalístico, é preciso que o

pesquisador opere criticamente, desnaturalize-o, atente para os processos que envolvem

Page 4: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

a sua construção, perceba suas potencialidades, compreenda-o como produto de tensões

e negociações, que revela certas questões, em detrimento de outras, conforme sua

inserção na configuração dominante. Como diz Vieira (2007, p.14):

[...] precisamos situá-lo de maneira a compreendermos o processo

social de produção e, consequentemente, o protagonismo social dos

textos produzidos no passado. O jornal, entendido como potente

mecanismo de produção de memória, deve ser problematizado de tal

forma que o texto jornalístico seja interpretado como enunciado, isto

é, como intervenção que visa demarcar e fixar formas de pensar que

se expressam como valores, juízos, modos de classificação, enfim,

justificativas para a ação social. A assunção dessa premissa nos leva

defender que mesmo aqueles que não estudam a história do jornal ou

da imprensa, mas o usam como suporte empíricos para suas pesquisas

precisam refletir sobre a produção social desses suportes.

Munidos desse olhar reflexivo e problematizador, procurou-se fazer a leitura dos

textos publicados na Página Feminina do jornal A União, selecionados para este estudo

que propõe identificar as ações da Associação Paraibana pelo Progresso Feminino em

prol da prática da leitura e da formação de leitoras.

Breve comentário sobre a Associação pelo Progresso Feminino (APPF)

A APPF foi criada em 11 de março e instalada em 11 de abril de 1933 em João

Pessoa, capital paraibana, seguindo a orientação da Federação Brasileira pelo Progresso

Feminino (FBPF - 1922), cujo objetivo maior era a luta pelos direitos da mulher

brasileira, especificamente no que diz respeito ao direito de votar, estabelecendo como

condição precípua para a emancipação feminina o acesso da mulher à educação. Assim

como a FBPF, a APPF desenvolveu ações a fim ampliar o acesso da mulher paraibana à

educação. A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de

destaque na sociedade paraibana pela atuação no sistema educacional local: presidente:

Lylia Guedes, vice-presidente: Olivina Carneiro da Cunha, secretária: Alice de Azevedo

Monteiro, oradora: Albertina Correia Lima, tesoureira: Francisca de Ascenção Cunha e,

bibliotecária: Analice Caldas. (MACHADO, NUNES, 2007.)

Desde a criação da APPF, as sócias passaram a ser destaque nas páginas do

jornal A União, seja como notícia, seja como autoras de textos. Da participação

espontânea e fortuita, as mulheres conseguem um espaço fixo nesse órgão da imprensa

oficial paraibana, Para tanto, vão preparando paulatinamente essa conquista. Exemplo

Page 5: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

disso é que uma das primeiras atividades socioculturais organizadas pela APPF foi uma

festa que teve como objetivo homenagear o interventor Gratuliano Brito, o cônego

Mathias Freire e a Imprensa.

Segundo foi noticiado pelo jornal, a festa transcorreu entre lisonjas e

reconhecimentos recíprocos. O cônego falou em seu nome e no do interventor,

agradecendo a homenagem bem como enaltecendo os “relevantes serviços” que a

Associação vinha prestando à mulher pessoense. Representando a APPF, a escritora

Juanita Machado pronunciou um discurso laudatório que enaltece a generosidade das

duas autoridades referidas acima, cuja principal ação parece ter sido a cessão do espaço

da Escola Normal para sediar a Associação.

À imprensa, o agradecimento tem caráter contundente, destacando a grande

contribuição do jornalismo para o desenvolvimento das civilizações.

O jornalismo nós o sabemos, vale pelas idéias que propaga,

pelos incentivos que espalha, pela elegância da voz, clarim da

mentalidade de um povo. Sua percussão fica reboando através

dos tempos, como o sinal mais nítido de uma época; ele é o

marco luminoso de propaganda de todas as tentativas, é enfim o

gigante de botas de sete léguas, levando o facho das civilizações

por esse mundo afora. Nós, que muito devemos ao jornalismo

prestigioso e inteligente de João Pessoa, pedimos aos

representantes dele, aqui presentes, que transmitam aos seus

jornais o “muito obrigado” profundamente sincero da

Associação Feminina. (A BRILHANTE ..., 25 jun. 1933, p.1).

Cinco dias após essa homenagem, “Uma comissão de senhoras e senhoritas da

referida Associação procurou o diretor desta folha, Dr Samuel Duarte, pleiteando uma

página quinzenal, para a necessária divulgação de trabalhos literários e de propaganda

firmados por suas consócias, sendo imediatamente atendidas”. (ASSOCIAÇÃO

PARAIBANA...30 jun 1933, p.1). A primeira Página Feminina foi publicada no dia 20

de agosto de 1933, e a partir daí funciona com uma frequência irregular no tempo de

publicação, com espaço de 10, 15, 20, 30 dias entre uma e outra. A última Página

Feminina, localizada pela pesquisa, foi em 05 de agosto de 1939, e “desapareceu” sem

nenhuma explicação do jornal citado.

Enquanto esteve ativa, a Página Feminina, conquistada pela Associação no

jornal A União, funcionou como veículo de divulgação do pensamento das associadas

em relação aos mais diversos assuntos. Não só as componentes da direção escreviam,

Page 6: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

mas qualquer sócia poderia se manifestar sobre qualquer assunto, ou publicando textos

literários.

Orientadas pela FBPF, que tinha como primeiro item de seu estatuto a promoção

da educação da mulher, destacando-a como condição precípua para o progresso

feminino, suas filiais nos estados tinham em comum dois pontos: a luta pelo voto e o

direito à educação.

Visando desenvolver seu programa educativo, a APPF propõe como ações

iniciais a criação de uma bibliotecaii, aulas de língua, promoção de sessões

literomusicais e criação de núcleos de estudo voltados para questões diversas

consideradas pertinentes à formação da mulher. (MACHADO, NUNES, 2007). Os

núcleos estavam assim distribuídos: 1º - Literatura e cultura da língua materna, 2º -

Brasilidade – geographia e história pátria, 3º - Francês, 4º - Inglês, 5º Allemão, 6º -

Italiano, 7º -Economia doméstica, 8º - Cultura physica, 9º - Prendas domésticas. Pintura,

10º - Jogos recreativos. Música, 11º - Beneficência, 12º - Educação político-social.

Noções de direito usual. Cada um desses núcleos ficava sob a responsabilidade de uma

sócia, principalmente daquelas que compunham o quadro diretor.

A concepção de educação da APPF está condensada em um texto significativo,

escrito pela vice-presidente da Associação, intitulado Um leve conceito, que tem como

primeira assertiva: “A educação considerada como um fator natural tem por fim a

acomodação do indivíduo ao meio em que ele vive.” (CUNHA, 1933, p.10) Por essa

afirmação, é possível perceber a preocupação da Associação em não polemizar com o

estabelecido. De que modo essa preocupação aparece nas ações desenvolvidas com a

finalidade de incentivar a leitura?

.

“As minhas joias”iii

– leitura, livros, leitoras

A partir da declaração da APPF de que a educação da mulher paraibana era o fio

condutor de suas atividades, e sabendo que a leitura tem como uma de suas atribuições

possibilitar o acesso ao conhecimento sistematizado e registrado pela palavra escrita,

partiu-se em busca de indícios nos textos publicados sobre e pela citada associação que

explicitassem quais ações foram empreendidas como incentivo à prática da leitura.

Conforme exposto anteriormente, após identificação dos textos-fontes deste

estudo, procedeu-se uma classificação dos mesmos a partir do gênero textual em que se

Page 7: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

encaixam. A última seleção de que textos deveriam compor o artigo foi grandemente

definida pela preferência dos autores do artigo, com exceções que serão explicadas a

seguir. Pra melhor visualização, o quadro abaixo pode contribuir:

TEXTO

GÊNERO

Texto 1

Texto 2

Texto 3

Texto 4

Texto 5

notícia

Sobre os

núcleos e a

criação da

biblioteca

(22/02/1933)

Sobre a

volta às

atividades

após as

férias e o

acervo da

biblioteca –

80 livros

(PF -

05/03/1934

Sobre

adiamento da

Hora de arte

(16/06/1935)

Sobre a Hora

de Arte (PF,

07/07/1934)

Sobre o envio

de dois livros

para a

biblioteca da

APPF, por

Albertina

Medeiros

(16/07/1939)

carta

Responde a

uma leitora

anônima e

recomenda

leitura

(PF -

12/11/1933)

Sobre obras

produzidas

para

mulheres

(Ardel e

Delly)

(17/01/1937)

convite

Para

homenagem

ao interventor

(23/07/1933)

Para

confecção de

arquivos e

álbuns para

a biblioteca

(06/07/1934)

Para sessão

literária e

recepção aos

universitários

cariocas

(10/07/1934)

lista

Nossa

biblioteca –

últimos

volumes

recebidos

(PF -

22/07/1934)

Presentes

régios -

Livros que

Lylia

Guedes

recebeu e

considera

“presentes

régios”

(27/03/1938)

apreciação

1

Sobre o livro

Migalhas, de

Iveta Ribeiro

(PF,

1º/01/1935)

Sobre o livro

de contos

regionais,

“Caiçaras”,

de Carlos

Madeira

(PF,

05/02/1936

Sobre o livro

“Mutação”

de Iveta

Ribeiro

(04/04/1936)

Sobre o livro

“Evolução do

ensino na

Parahyba”, do

prof. Melo

(17/01/1937)

Sobre o livro

“Manaíra”,

do prof.

Coriolano de

Medeiros

(PF -

15/08/1937)

apreciação

2

Sobre o livro

“A

Barragem”,

Sobre a

importância

dos livros,

Sobre o livro

“Síntese

Histórica da

Presentes

régios -

Livros que

Page 8: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

de Ignez

Mariz

(PF -

13/03/1938)

em geral (PF

- 27/03/1938

Paraíba”, de

Luís Pinto

(PF -

19/03/1939)

Lylia Guedes

recebeu e

considera

“presentes

régios”

(27/03/1938

homenagem

A escritora

Júlia Lopes

de Almeida,

falecida.

(PF -

05/07/1934)

À escritora

salvatoriana

Alice

Venturine

(PF,

22/07/1934)

propaganda Do livro

“Anuário das

senhoras (PF

- 19/06/1934)

Da Revista

“Ilustração

(PF -

17/01/1937)

Quadro 1 – Classificação dos textos relacionados à leitura, por gênero.

Fonte: Jornal A União, 1933 a 1939.

Em relação a este quadro e aos textos neles indicados, alguns comentários

precisam ser postos:

1 – Não é exaustivo, pois não contempla todos os textos que foram publicados nesse

recorte temporal. Foi feita uma seleção para este momento, que pode não ser a mais

interessante, mas atende o objetivo proposto por este estudo. Ficaram de fora, por

exemplo, textos literários que tematizam explícita ou implicitamente a leitura, como

poemas, novelas, “romancetes”. A opção em não colocar esses textos deu-se por

considerar que merecem um estudo especial e particular. Não foram destacados os

anúncios de cursos oferecidos pela APPF, a exemplo dos de língua estrangeira, que

também se relacionam com a temática em foco. Esses anúncios são repetidos a cada

Página, mas estão, também, fora dela, no corpo do jornal A União, como outros

anúncios distintos.

Page 9: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

Imagem 1 – Anúncio de matrículas abertas para o curso de acordo com o Programa do

Gymnasio Nacional.

Fonte: A União, 02 de fevereiro de 1938, p. 8.

2 – A função do quadro é muito mais didática, no sentido de oferecer ao leitor um

panorama das produções escritas que apontam ou são indícios das ações desenvolvidas

pela APPF, visando à formação das leitoras paraibanas.

3 – Os textos que estão identificados com PF, entre parênteses, foram publicados no

espaço próprio da Página Feminina; os outros foram publicados em outras páginas do

jornal A União.

4 – Essa classificação por gênero é um esforço de compreensão dos textos selecionados,

observando a sua estrutura e base de argumentação predominante. Não há uma “pureza”

de gênero. Por exemplo, uma apreciação pode conter dentro ou ao final uma lista; assim

como a notícia também pode. Uma carta pode conter uma apreciação, ou a apreciação

vir em forma de carta. Ver, por exemplo, o texto “Presentes régios”, no qual Lylia

Guedes começa discutindo a importância da leitura e termina colocando uma lista de

livros que considera dignos de serem lidos.

5 – Em todos os anos em que a Página foi publicada, foram encontradas referências à

leitura; o que mostra uma preocupação genuína da Associação com essa temática, como

também uma crença de que a leitura é prática relevante na formação da mulher. Não se

pode deixar de pensar que a Associação, composta principalmente de professoras e

Page 10: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

mulheres da elite intelectual e econômica da sociedade paraibana, estava consciente da

atenção que era atribuída à leitura naquele momento pelo próprio governo e sociedade

em geral que acreditavam ser essa prática um elemento impulsionador do

desenvolvimento e da ciência. Vidal (1999, p. 339) analisando a importância do livro e

da leitura nas décadas de 1920 e1930, afirma:

O saber da experiência humana, assim, passava à condição de

possibilidade de construção de futuras experiências individuais -

criação – e poderia ser atingido por meio da leitura, permitindo o

avanço da ciência, percebida como conhecimento cumulativo e

contínuo.

Sobre a “convicção” do trabalho que a APPF vinha desenvolvendo, veja-se o

recorte seguinte, assinado por Olivina Carneiro da Cunha:

Em nossa biblioteca, bem organizada e contendo 80 volumes que nos

foram gentilmente presenteados uma parte é reservada aos poetas e

escritores conterrâneos.

Fazemos questão absoluta que, decorrido pequeno espaço de tempo,

todas as associadas possam entender os nossos intelectuais e, deles,

por meio de uma atenciosa e meditada leitura, fazer o conceito que

bem merecem.

É imperdoável que continuem desconhecidos da linguagem da

imaginação.

Estamos, portanto, cumprindo à risca o programa traçado.

(Página Feminina, A União 1934, p. 11 grifos nossos).

Essa informação quantificada sobre o acervo foi dada há um ano da criação da

APPF, em março de 1934. Nos outros anos, não foi identificada nenhuma nota a esse

respeito.

6 – No ano de 1934, o segundo de atividades da APPF e também da Página, é quando

aparecem mais textos relacionados ao tema (8 textos). Essa constatação pode ser indício

de maior atividade da Associação nesse período, que parece ir perdendo aos poucos sua

vitalidade.

Imagem 1: Propaganda sobre livro

Fonte: Página Feminina, A União, 19 de junho de 1934, p. 9

Page 11: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

Dentre os impressos que compõem esse acervo estão:

Nossa Biblioteca Últimos volumes recebidos “Guia prático da saúde”, da consócia Lourdes Moura “Verdades cruas” da consocia Analice Caldas de Barros “Anuário da Paraíba” do editor “Alma viril” e “Nuevo mundo polar” da senhora Lardé Venturino REVISTA: “Revista de Cultura” e “Questões contemporâneas” – coleções oferecidas pela consocia Dra. Albertina C. Lima “Revista da Associação C. Feminina” “Boletim do Serviço de Plantas Têxteis” “Relatóro da Directoria do Ensino Primário deste Estado” JORNAIS “O aprendiz – Jornal”, da Escola de A. Artífices “O Lar da Escola Doméstica” de Natal (um número) “A voz feminina”, de Maceió, Alagoas “A Gazeta da Tarde”, de Fortaleza, Ceará “A União” e “O Norte”

Agradecidas (Página Feminina, A União, 22 de julho de 1934, p. 9).

Como se ver a composição é bem eclética, contendo livros, jornais e revistas..

Os livros são de ficção, não ficção, instrucionais como o Guia prático de saúde, de

atualidades locais como o Anuário da Paraíba. Entre jornais e revistas, identifica-se

nessa lista a presença de títulos voltados para a questão feminina e a diversidade de

origem. Pelas datas de publicação, entende-se que o acervo se ampliou desde a

publicação que informa o acervo de 80 volumes.

7 – Embora considerando a linguagem como ação, neste sentido o próprio texto é uma

ação em prol da leitura, alguns gêneros entre os identificados fazem referências a

atividades de maior alcance ou visibilidade, como as notícias e os convites, que

informam sobre as práticas dos núcleos, a criação da biblioteca, a volta às atividades

após as férias, festividades de recepção ou de homenagem a pessoas de destaque na

sociedade ou a visitantes. Como exemplo, apresenta-se o recorte seguinte:

ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO

SEU ARQUIVO E ALBUNS INSTRUTIVOS

Inicia-se hoje a confecção do arquivo e dos álbuns instrutivos para a

biblioteca dessa Associação.

São convidadas as consocias que se inscreveram para colaborar nessa

obra de pesquizas e coordenação de notas e fatos informativos sobre a

Page 12: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

nossa terra para que dêm começo à nobre tarefa que se impuzeram. ( A

União, 6 de julho de 1934, p. 4).

A confecção de álbuns sobre aspectos, fatos e pessoas da região para

servir de material de consulta na biblioteca da Associação fora uma ação anunciada

anteriormente e relaciona-se particularmente com dois núcleos: 1º - Literatura e cultura

da língua materna, 2º - Brasilidade – geographia e história pátria.

8 – Os textos classificados como homenagem vão se transformado em apreciação das

obras das pessoas homenageadas. Para exemplificar essa assertiva, veja-se o trecho

seguinte:

HOMENAGEM PÓSTUMA

Olivina Carneiro da Cunha

O Brasil enluta-se com a perda irreparável da brilhante intelectual

Julia Lopes de Almeida.

Escritora de nomeado espírito sutil, aliado a uma forma graciosa com

que revestia as suas obras de vulto, Julia Lopes destacava-se nas letras

de nosso país.

Quem teve a ventura de ler, como eu, o “Livro das noivas”, “Correio

da roça”, “Eles e Elas”, “A Intrusa”, “Cruel Amor”, “A Falência”,

pode fazer uma ideia perfeita do espírito sadio e dos primores de uma

inteligência invulgar que se elevou à culminância em nosso mundo

literário.

A linguagem que utilizava em seus trabalhos coloria-se de tons suaves

e os conceitos nêles exarados deixam coar toda a pureza de

sentimentos nobres.

Educava com os princípios de moral a quantos liam e interpretavam

bem as suas obras de valor inestimável.

[...].

Não é preciso afirmar aqui as qualidades morais que a caracterizavam.

Dirão por mim os que procurarem devassar-lhe a alma através a

leitura meditada dos romances que ela escreveu, verdadeiros livros de

psicologia, onde a escritora vai da alma aos recessos do coração

humano a fim de estudar-lhe os atributos psíquicos sob diferentes

aspectos.(Página Feminina, A União, 1934, p. 9).

Além de citar as obras lidas, o que já serve de indicação de leitura apropriada, a

autora da homenagem, destaca qualidades e valores dos livros de Julia Lopes de

Almeida, considerando-os “obras de valor inestimável”. É a própria autoridade dizendo

o que é uma obra de valor, o que deve ser lido por um público leitor específico: a

mulher. Os títulos de alguns dos livros citados indicam relação com o universo

feminino, ou o que se acreditava ser de interesse da mulher.iv

9 – Outro aspecto que se destaca é a predominância do gênero denominado

“apreciação”, em número de 8, de um total de 24 textos selecionados, não identificados

apenas nos dois primeiros anos, 1933 e 1934. Esses textos são bastante híbridos porque

podem assumir ao longo de seu desenvolvimento o aspecto de uma resenha, de uma

Page 13: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

homenagem ao escritor, de um artigo de opinião, de notícia de uma publicação; podem

também conter uma lista de livros considerados bons. Dentre os textos identificados, a

apreciação é o que ocupa maior espaço dentro da Página, usando até duas colunas; é o

que parece mais bem elaborado e no qual se percebe o uso da argumentação de forma

mais contundente. Nesse texto, as indicações de leitura são frequentes e pela sua

elaboração, acredita-se que a Associação punha fé no seu poder de convencimento e de

formação das leitoras paraibanas. Para exemplificar esse gênero, destaca-se um texto

que é muito significativo ao tratar de leituras próprias e impróprias para as mulheres,

assinado por Juanita Borel Machado.

LEITORAS DE ARDEL, DELLY, ETC

Resposta a M.C.L

AS MULHERES, dizem os philosophos e psychologos, são mais

propensas ao sonho, têm mais poder imaginativo do que o homem;

têm portanto a desvantagem de levar para a realidade a nevoa do seu

sonho e do seu ideal. Lê Ardel, lá está o typo de homem super-

humano, transcendente, cheio de virtudes, sem vícios, capaz de levar

ao sétimo céo da felicidade qualquer amorosa creaturinha. A ledora de

Ardel quer casar, ter lar, constituir família e Ella aspira por um

maridinho ideal, como aquelle do romance azul, cavalleiro de

legenda, sportivo, pode ser, mas romântico com luares de balada e

holocaustos de mhytologia. O protótypo ficou photographado na

immaginação, e no desejo da moça e Ella busca na vida o homem do

romance. [...]

Quem tem culpa da ideia falsa que ela concebeu da vida? O Sr. Ardel,

o Sr Delly e outros senhores, desocupados, que escrevem para

colegeais creando ambientes e pessoas falsas. [...]

Não M.C.L., nem Ardel nem Delly, nem esses outros escriptores da tal

biblioteca para moças, (com raras excepções) cumprem a missão de

abrir caminho na sua vida ou preparal-a para a realidade. [...] O

casamento é a mais difficil das diplomacias e nós sabemos bem que as

mulheres, quer como diplomatas, quer como políticas são superiores

ao homem.

Ardel e Delly é o mesmo que um “pastel de brisas” quando se tem

fome.

Até breve, M.C.L. e aqui me tem ao seu dispor.

(Página Feminina, A União, 17 de janeiro de 1937, p. 1)

Esse texto, que se apresenta como carta, mas em sua totalidade, pode ser

considerado um artigo de opinião, e neste estudo foi classificado como apreciação,

representa uma crítica a textos que vinham sendo considerados como “bibliotecas das

moças”, é, acima, considerado impróprio por apresentar uma ideia falsa do que sejam o

homem, a vida, o casamento. Se ao final, a autora destaca que o casamento é a mais

difícil das diplomacias e a mulher, nessa questão é superior ao homem, no início do

texto, essa mesma mulher é considerada mais propensa ao sonho, à ilusão e ao poder

Page 14: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

imaginativo enfatizado em tais obras. Ressalte-se que todos os textos de apreciação vêm

assinados, na maioria das vezes, pelas componentes da direção da APPF. Essa

preocupação com os materiais de leitura era comum no período ora destacado (VIDAL,

1999)

9 – Os textos podem vir assinados por alguma sócia, em maior quantidade pelas

componentes da direção, mas podem vir sem autoria específica, o que remete à

Associação como um todo.

Os textos publicados na Página Feminina, pela APPF, além de apontarem

atividades e práticas dessa entidade visando favorecer a educação da mulher paraibana,

mais especificamente as sócias e outras mulheres alcançadas, são eles próprios uma

ação, na medida em que discutem temas correntes naquela configuração, e no interesse

específico deste texto, ao falar sobre leitura, livros, revistas e jornais, contribui para

divulgar uma cultura letrada considerada adequada à educação da mulher.

Considerações finais

Assim como a FBPF, a APPF desenvolveu ações a fim ampliar o acesso da

mulher paraibana à educação, criando vários núcleos que discutiam formação política,

línguas estrangeiras, cultura brasileira, literatura, prendas domésticas, cultura física,

geografia, história pátria, música etc. Nesse aspecto, as bandeiras da educação e da

institucionalização do voto feminino eram condições inseparáveis, dadas as

prerrogativas constitucionais vigentes.

Na especificidade da demanda educacional, a análise das fontes permite destacar

algumas ações empreendidas com este fim, a saber: a criação de um núcleo de literatura,

a implantação de uma biblioteca, a realização de sessões literomusicais nas quais se

faziam declamações, o incentivo a que as associadas publicassem textos literários na

Página Feminina, a divulgação do acervo da biblioteca, entre outras. Dessa forma, a

associação cumpria com um de seus principais objetivos exposto no primeiro item de

seu estatuto: a promoção da educação da mulher. Por fim, acredita-se que ao

implementar atividades enfocando a leitura e divulgar o material de leitura que

compunha sua biblioteca, a Associação Paraibana pelo Progresso Feminino dava-se a

ler.

Referências

Page 15: A ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO FEMININO … IMPRESSOS... · A 1ª diretoria, assim como as subsequentes, era composta por mulheres de destaque na sociedade paraibana pela

A BRILHANTE FESTA DA “ASSOCIAÇÃO PARAIBANA PELO PROGRESSO

FEMININO” EM HOMENAGEM AO INTERVENTOR GRATULIANO DE BRITO, AO

CÔNEGO MATHIAS FREIRE E À IMPRENSA. A União, 25 de jul. 1933, p1.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Tradução por Maria

Manuela Galhardo. Lisboa: Difel, 1988.

CUNHA, Olivina Carneiro da. Pela execução de uma programa. A União, 05 de março de 1934,

p.11.

GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. Tradução Federico Catotti. 2

ed.São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

MACHADO, Charliton José dos Santos; NUNES, Maria Lúcia da Silva. O feminismo

paraibano: Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF) – 1930. In. ______;______.

(Orgs.) Gênero & Sexualidade: perspectivas em debate. João Pessoa: Editora Universitária,

2007. p. 193-207.

PÁGINA FEMININA, A União, João Pessoa, 1933-1939.

VIDAL, Diana Gonçalves. Livros por toda parte: o ensino ativo e a racionalização da leitura nos

anos 1920 e 1930 no Brasil. BREU, Márcia (org.). Leitura, história e história da leitura.

Campinas/SP: Mercado das Letras, Associação de leitura do Brasil; São Paulo: Fapesp, 1999,

p.335- 355.

Notas

i O acesso inicial aos textos da Página Feminina deu-se por ocasião da escrita do texto

Associação Paraibana pelo Progresso Feminino e sua contribuição à educação da mulher

paraibana, MACHADO, C. J. S. ; NUNES, M. L. S. In: AFIRSE - IV Colóquio Nacional -

Epistemologia das Ciências da Educação, 2007, Natal/RN. Anais do IV Colóquio Nacional -

Epistemologia das Ciências da Educação. Natal/RN: Editora da UFRN, 2007. Com a orientação

da dissertação Associação Paraibana pelo Progresso Feminino: as contribuições educacionais

para a mulher paraibana (1933 a 1939), de Verônica de Souza Fragoso, teve-se acesso a todos os

textos publicados pela APPF na Página Feminina, ho jornal A União de 1933 a 1939. ii A biblioteca foi denominada de Biblioteca “Maria Feliciana”. Não foi identificada explicação

sobre tal denominação e quem era o sujeito dessa homenagem iii Referência a uma expressão utilizada por Lylia Guedes, no texto “Presentes régios”, para

referir-se aos livros que ganhara de presente dos amigos e/ou escritores. (Página Feminina, A

União, 27 de março de 1938, p.2.). iv Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida (1862/ 1934), escritora carioca, com uma vasta

produção literária composta por mais de 40 volumes entre romances, contos, literatura infantil,

teatro, jornalismo, crônicas e obras didáticas. Assinava uma coluna no jornal O País, durante

mais de 30 anos, ma qual discutia assuntos variados e fazia campanhas em defesa da mulher.

Foi presidenta honorária da Legião da Mulher Brasileira, sociedade criada em 1919; e participou

das reuniões de formação da Academia Brasileira de Letras, da qual ficou excluída por ser do

sexo feminino. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlia_Lopes_de_Almeida.

Acesso 08/02/2013.