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A ATUAÇÃO FEMININA NAS ARTICULAÇÕES POLÍTICAS DO ALTO SERTÃO DA BAHIA 1889 A 1930 Jumara Carla Azevedo Ramos Carvalho 1 [email protected] César Henrique de Queiróz Porto 2 [email protected] RESUMO: Este trabalho destina-se à análise das articulações femininas na política do alto sertão da Bahia, entre os anos de 1889-1930. Trata-se de um estudo realizado a partir das correspondências enviadas e recebidas pela família Teixeira, as quais registram questões políticas de âmbito nacional, e, de forma articulada, as especificidades regionais da Primeira República em Caetité, no alto sertão da Bahia. A partir desta reflexão pretende demonstrar o quanto os documentos históricos produzidos em um momento específico podem ganhar sentidos mais amplos para a pesquisa a partir das análises das correspondências que questionam a (in) visibilidade feminina na política em um período em que, legalmente, essa participação ainda era vedada. Ao contrário disso, observa-se nas correspondências analisadas que mesmo sem o direito de voto garantido pela lei as mulheres participavam decisivamente do jogo político, ora como mensageiras, conselheiras, posicionando-se frente aos embates que permearam esse período. PALAVRAS-CHAVES: Articulação; Feminina; Correspondência; Política; República; Caetité 1 Possui graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade do Estado da Bahia- Campus VI, Caetité. É especialista em Filosofia Contemporânea, Gestão do Trabalho Pedagógico, Metodologia do Ensino de História, Geografia, Filosofia e Sociologia e em Práticas Docentes Interdisciplinares. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência na condição de Supervisora do sub-projeto " A Formação Inicial do Professor de História e sua atuação na Escola Básica: O Ofício do Historiador na Docência" (PIBID-CAPES/UNEB). É integrante do Grupo de Pesquisa Cultura, Sociedade e Linguagem (GPCSL/ CNPq/ NEPES) e também do Grupo: Núcleo de História Social e Práticas de Ensino (NHIPE/CNPq). Professora da Rede Estadual e Municipal de Educação em Caetité/BA. E atualmente é mestranda do curso de História Social da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) MG. 2 Professor orientador. Possui doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (2012). Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Graduado e Especialista em História pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Professor efetivo da Unimontes nas áreas de História Moderna e Contemporânea, com ênfase no Oriente Médio. Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em História - PPGH/Unimontes (Mestrado).

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A ATUAÇÃO FEMININA NAS ARTICULAÇÕES POLÍTICAS DO ALTO SERTÃO

DA BAHIA – 1889 A 1930

Jumara Carla Azevedo Ramos Carvalho1

[email protected]

César Henrique de Queiróz Porto2

[email protected]

RESUMO: Este trabalho destina-se à análise das articulações femininas na política do alto

sertão da Bahia, entre os anos de 1889-1930. Trata-se de um estudo realizado a partir das

correspondências enviadas e recebidas pela família Teixeira, as quais registram questões

políticas de âmbito nacional, e, de forma articulada, as especificidades regionais da Primeira

República em Caetité, no alto sertão da Bahia. A partir desta reflexão pretende demonstrar o

quanto os documentos históricos produzidos em um momento específico podem ganhar

sentidos mais amplos para a pesquisa a partir das análises das correspondências que questionam

a (in) visibilidade feminina na política em um período em que, legalmente, essa participação

ainda era vedada. Ao contrário disso, observa-se nas correspondências analisadas que mesmo

sem o direito de voto garantido pela lei as mulheres participavam decisivamente do jogo

político, ora como mensageiras, conselheiras, posicionando-se frente aos embates que

permearam esse período.

PALAVRAS-CHAVES: Articulação; Feminina; Correspondência; Política; República;

Caetité

1 Possui graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade do Estado da Bahia- Campus VI, Caetité.

É especialista em Filosofia Contemporânea, Gestão do Trabalho Pedagógico, Metodologia do Ensino de História,

Geografia, Filosofia e Sociologia e em Práticas Docentes Interdisciplinares. Bolsista do Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação à Docência na condição de Supervisora do sub-projeto " A Formação Inicial do Professor de

História e sua atuação na Escola Básica: O Ofício do Historiador na Docência" (PIBID-CAPES/UNEB). É

integrante do Grupo de Pesquisa Cultura, Sociedade e Linguagem (GPCSL/ CNPq/ NEPES) e também do Grupo:

Núcleo de História Social e Práticas de Ensino (NHIPE/CNPq). Professora da Rede Estadual e Municipal de

Educação em Caetité/BA. E atualmente é mestranda do curso de História Social da Universidade Estadual de

Montes Claros (UNIMONTES) MG. 2 Professor orientador. Possui doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (2012). Mestre em

História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Graduado e Especialista em História pela

Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Professor efetivo da Unimontes nas áreas de História

Moderna e Contemporânea, com ênfase no Oriente Médio. Professor permanente do Programa de Pós-Graduação

em História - PPGH/Unimontes (Mestrado).

2

1- A articulação feminina e a atuação política em Caetité

Este artigo destina-se à análise das articulações femininas na política do alto sertão da

Bahia3, entre os anos de 1889-1930. Trata-se de um estudo realizado a partir das

correspondências enviadas e recebidas pela família Teixeira4, as quais registram questões

políticas de âmbito nacional, e, de forma articulada, as especificidades regionais da Primeira

República em Caetité5, no alto sertão da Bahia.

A partir desta reflexão pretende demonstrar o quanto os documentos históricos

produzidos em um momento específico podem ganhar sentidos mais amplos para a pesquisa

após as análises das correspondências que questionam a (in) visibilidade feminina na política

em um período em que, legalmente, essa participação ainda era vedada. Ao contrário disso,

observa-se nas correspondências em questão que mesmo sem o direito de voto garantido pela

lei as mulheres participavam decisivamente do jogo político, ora como mensageiras,

conselheiras, posicionando-se frente aos embates que permearam esse período.

No entanto, as correspondências femininas saltaram aos olhos e enveredaram para um

estudo de história regional e local e suas especificidades, como salienta Erivaldo Fagundes

Neves:

A história regional e local consiste numa proposta de estudo de atividades de

determinado grupo social historicamente constituído, conectado numa base

territorial com vínculos de afinidades, com manifestações culturais,

organização comunitária, práticas econômicas, identificando-se suas

3 Definido por NEVES da seguinte maneira: “geralmente definem região de modo pouco precisa, física ou

socioeconomicamente, como área que se pretende delimitar, com critérios parciais da espacialidade, que recortam

a base física: região semi-árida, demarcada por fenômenos climáticos, região do sertão, caracterizada pela

morfologia da vegetação, região do Alto Sertão da Bahia, referenciada na posição relativa ao curso do Rio São

Francisco na Bahia e ao relevo baiano, que ali projeta para maiores altitudes”. (NEVES, 1998, p. 22) 4 A Família Teixeira mudou-se para Caetité nos anos finais do século XIX, envolveu-se com a política partidária

e alcançou grande projeção dentro e fora do alto sertão baiano. Trata-se de uma família de elite, cujos membros

ocuparam posições de destaque na sociedade baiana da Primeira República. Em 2003, uma das filhas do educador

Anísio Teixeira, Ana Cristina Teixeira (Babi), doou toda documentação reunida por sua família ao Arquivo Público

Municipal de Caetité. 5 De acordo com SANTOS (2001, p. 35) “A cidade de Caetité situa-se na vertente oriental da Serra Geral, a 830

metros acima do nível do mar, e o município divide-se entre a zona das caatingas e a dos gerais, duas regiões

distintas. A ocupação da região, segundo a tradição, remonta ao século XVIII, quando colonos portugueses se

fixaram no Sítio do Caitates, que se tornou um lugar de pouso dos viajantes, sertanistas e bandeirantes, em busca

do ouro e do comércio do gado”.

3

interações internas e articulações exteriores e mantendo-se a perspectiva da

totalidade histórica. (NEVES, 2002, p. 45)

Nesta perspectiva de estudo da história regional e local, destina-se a análise da atuação

feminina nas articulações políticas do alto sertão da Bahia – 1889 a 1930. O recorte, é referente

ao primeiro momento republicano do Brasil e apresenta-se como uma forma de análise da

estruturação política não só em âmbito nacional, mas especialmente regional e local, em virtude

dos laços de poder e das relações familiares. Esse estudo sobre a importância e valorização da

história regional é também salientado por Circe Bittencourt, pois para ela:

A história regional passou a ser valorizada em virtude da possibilidade de

fornecimento de explicações na configuração, transformação e representação

social do espaço nacional, uma vez que a historiografia nacional ressalta as

semelhanças, enquanto a regional trata das diferenças e da multiplicidade. A

história regional proporciona, na dimensão do estudo do singular, um

aprofundamento do conhecimento sobre a história nacional, ao estabelecer

relações entre as situações históricas diversas que constituem a nação.

(BITTENCOURT, 2004, p. 161)

Analisando as mudanças de caráter nacional, regional e local referente ao “novo” regime

político no Brasil, com a adoção de uma forma republicana em substituição à monarquia, esta

trouxe uma expectativa no que tange à legitimação dos direitos e deveres do cidadão e este fato

provocou uma onda de incertezas nos diversos segmentos sociais, uma vez que: Tratava-se da

primeira grande mudança do regime político após a independência de um sistema de governo que se

propunha, exatamente, trazer o povo para o proscênio da atividade política. (CARVALHO, 1987, p. 11)

Sabe-se, entretanto, que o regime implantado pouco tempo após a abolição criou um

clima de divergência entre os ideais republicanos defendidos na forma da lei e a execução dos

mesmos. Contudo, ainda que o idealizado ativismo político do “povo” – salientado por José

Murilo de Carvalho – não tenha se concretizado como uma mudança efetiva na conduta política

do país, a implantação da República ganhou matizes particulares nos diferentes lugares.

Caetité caracterizava-se à época como sendo mais uma das cidades do interior composta

de uma elite conservadora, com forte domínio da Igreja Católica. Além disso, também era

marcada por uma sociedade com fortes relações de parentela o que pode ser percebido nas

trocas das correspondências mais precisamente a do gênero feminino, análise em questão.

Percebe-se ainda, uma atenção dada às mulheres na política interna e externa dentro do seu

próprio ambiente do lar criando forma de articular e atuar num cenário político exclusivamente

masculino, o que pode ser observado na correspondência de Maria Deolinda.

4

Caculé 11 de março de 1922

Doutor

Saude e felecidade lhe dezejo em companhia de D. Anna e todos da

Familia.

Recebi sua carta de 18 de fevereiro, antes de hontem (dia 9) quando

entregarão ao Compe Vigario, dezejo saber pr quem V remetteo estas cartas,

que vierão aqui pr um tropeiro do Cel Marciano dizendo ter recebido em Jequi.

Foram prezas aqui a proposito. Eu não tendo recebido carta sua nada podia

e nem devia fazer; algumas pessoas me perguntarão se V me tinha escripto e

se eu me enteressava; respondia que não tinha carta sua; nada sabia, Toninho

chegou aqui no dia 24, me perguntou logo, se V tinha me escripto sobre a

eleição de 1º de Março; disse que não; se eu tivesse recebido sua carta lhe tiria

trabalhado muito a seo favor. Com o Vigário o Cel. Antonio Valença e Major

Ve Venceslao, estes são seo, e o Compe Ernesto todos trabalhavão com

verdadeiro enteresse. O Compe Leonel; está com Juvencio; que a manivela de

Dr Crescencio. Hoje o Cel. Antônio Valença esteve aqui em casa; eu mostrei

sua carta a elle; esta muito sentido de nada ter podido fazer mas o voto d’elle;

foi do Dr Arthur Bernades; me disse que pedio ao Leonel de Britto (q’ é

mesário) pa ser a favor do seo candidacto, elle respondeo; que sem Juvencio,

nem uma virgula e o Juvencio respondeo logo q (o Deocleciano depois de

morto quer resuscitar) São palavras d’elle Juvencio: que se julga um politico

de pedra e cal. Toninho viajou pa a Bahia no dia 6 fazendo um gyro po

Conquista. José Olympio está na Bahia. Nada de chegar Correio se tiver algum

telegramma de José Olympio ahi V mande procurar e me remeta pelo primeiro

portador; esta vai escripta as pressas. Abençoe Iasinha e filhos.

Saudades a Alice e todas; Com D. Anna acceite vivas Saudades de Mª

Mãe; e de sua Pra Comce mto grata e ama

Maria Deolinda de Carvalho6

A partir da leitura desse documento é possível observar o jogo político das lideranças

locais que disputavam entre si poder e prestígio através de alianças políticas realizadas por meio

de relações de apadrinhamento e compadrio. O processo eleitoral do candidato à Presidência da

República em 1922, Artur Bernardes7, pode ser relacionado com as campanhas eleitorais e

práticas político-partidárias que envolveram e ainda envolvem as cidades alto sertanejas nos

6Arquivo Público Municipal de Caetité. Fundo: Acervo Particular da Família de Dr. Deocleciano Pires Teixeira.

Grupo: Dr. Deocleciano Pires Teixeira. Série: Correspondências. Caixa 04. Remetente: Maria Deolinda de

Carvalho. Destinatário: Deocleciano Pires Teixeira. Local: Caculé. Data: 1922 7 Mineiro da cidade de Viçosa, assumiu desde o Império vários cargos políticos e que durante a República do Café-

com-leite tornou-se um dos mais importantes nomes para a candidatura a Presidente do Brasil, em 1922. Sua

candidatura devido a um movimento denominado Reação Republicana, propostos pelos estados de Pernambuco,

Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul que apoiavam a candidatura do ex-presidente Nilo Peçanha.

5

dias atuais. Nesse sentido, ao analisar a carta de Maria Deolinda de Carvalho nota-se claramente

a articulação feminina de redes sociais e de poder ligados ao político influente Deocleciano

Pires Teixeira.

As correspondências femininas rompem com uma ideia corrente de que as mulheres de

outros tempos, por não poderem votar, eram alheias ao processo político partidário que envolvia

o “universo masculino”. Na carta da religiosa Hersília Spínola Teixeira8os palpites políticos

denunciam o quanto seus assuntos extrapolavam as experiências como interna no convento,

especialmente quando expõe uma preocupação com seus familiares frente à notícia da passagem

dos “revoltosos” no sertão e os possíveis conflitos que poderiam ocasionar9.

Viva Jesus e Maria!

Mosteiro de N. S. de Caridade do Bom Pastor.

S. Paulo, 27 de abril de 1926

Meu Padrinho

Accuso o recebimento hontem da vossa prezada carta de 25 d’este a qual

muito estimei ter bôas noticias de Vmce.

Faço votos a Deus para que Vmce. continue com bôa saúde, aproveitando

bem com a estadia ahi e na Estação da Prata, que Vmce. pretende demorar mais

tempo.

Tenho estado tambem preoccupada com a notícia dos revoltosos estarem

tão perto e pretendendo ir até Caetité. Tenho pensado muito em Papae, que

tanto trabalha pela bôa ordem e paz no nosso Sertão, quanto esta revolução irá

incommodal-o, tirando-lhe a tranquillidade tão necessaria em sua longa idade.

Appelo para N. S., a quem tudo confio, e espero que Elle não deixará de

nos attender, dispersando os revoltosos.

Pede-vos a benção e abraça-vos com carinho a Sobrª afilhada muito grata

e que muito vos quer em N. S.

(...)

Sor Maria de N. S. da Purificação Spinola Teixeira

8 Religiosa de N. S. de caridade do Bom Pastor adota com nome Sor Maria de N. S. da Purificação Spínola Teixeira,

cujo nome oficial é Hersília Spínola Teixeira, filha de Deocleciano Pires Teixeira, político local de Caetité. 9 Segundo DRUMOND (1999, p.7) “Entre julho de 1924 e março de 1927, a organização política brasileira sofreu

(e venceu!) um longo desafio: uma série de rebeliões militares armadas visando derrubar o presidente da República

e introduzir algumas modificações institucionais. O fio unificador e também ponto máximo dessas rebeliões foi

uma grandiosa marcha militar de 25 mil quilômetros, através de catorze estados, chamada Coluna Prestes. Ela foi

obra de um pequeno grupo de oficiais do Exército brasileiro que, no comando de algumas centenas de sargentos,

praças e civis, deram singular expressão dramática à maior crise política nacional brasileira desde os primeiros

anos do regime republicano.”

6

Religiosa de N. S. de caridade do Bom Pastor

Deus seja bemdito!

Asylo Bom

Pastor

Rua Ypiranga

São Paulo

P.S. Peço-vos desculpar o desalinho d’esta10

Se no convento em São Paulo a notícia da marcha da Coluna Prestes pelo interior da

Bahia causava medo e desagrado, observe como a memorialista Marieta Lobão Gumes (1974,

p. 119) narrou a reação da população caetiteense ao acontecimento:

Precedida de uma fama pouco recomendável, de absurdo e violências, que

desnorteavam e obscurecia a opinião pública, esse movimento político-

revolucionário só veio trazer ao País um retrocesso, uma desorganização que

abalou sua estrutura econômica, resultando numa aventura que custou muito

caro à Nação.

Como vinha acontecendo em outras localidades, em Caetité uma tensão

coletiva apossou-se, inteiramente, da população chegando a tal paroxismo de

só se pensar em fugir, em abandonar a Cidade.

A escrita epistolar no Alto Sertão da Bahia

A escrita epistolar11, de acordo com Michel de Certeau, tornou-se bastante intensa e

significativa a partir do século XIX como uma “prática mítica moderna” do mundo ocidental:

A prática escriturística assumiu valor mítico nos últimos quatro séculos

reorganizando aos poucos todos os domínios por onde se estendia a ambição

ocidental de fazer uma história. (...) No Ocidente Moderno, não há mais

discurso recebido que desempenhe este papel (de articular simbolicamente as

práticas heterogêneas da sociedade), mas um movimento que é uma prática:

escrever. A origem não é mais aquilo que se narra, mas a atividade multiforme

e murmurante de produtos do texto e de produzir a sociedade como texto.

(CERTEAU, 1994, p. 224).

10 Arquivo Público Municipal de Caetité. Fundo: Acervo Particular da Família de Dr. Deocleciano Pires Teixeira.

Grupo: Dr. Deocleciano Pires Teixeira. Série: Correspondência. Caixa 04. Remetente: Sor Maria de N. S. da

Purificação Spinola Teixeira (Hersília). Destinatário: Rogociano Teixeira. Local: São Paulo (Mosteiro de N. S. de

Caridade do Bom Pastor). Data: 1926. 11 Termo relativo à maneira de escrever cartas: estilo, gênero epistolar (segundo dicionário Aurélio) A palavra

epistolar em grego antigo significa ordem, mensagem e em latim o seu significado assemelha-se à carta ou

mensagem escrita e não assinada. O termo escrita epistolar são usados para denominar os textos escritos em forma

de carta com o objetivo de ser enviada ou não e também caracteriza-se pela obtenção de respostas. A escrita

epistolar analisadas neste artigo as correspondências enviadas e recebidas para o político local (Caetitè)

Deocleciano Pires Teixeira.

7

No alto sertão da Bahia, essa prática de “escrever” já havia se proliferado no final do

século XIX, quando a cidade de Caetité contava com uma tipografia (1897) e uma Escola

Normal (1895), além da existência de escolas municipais de primeiro grau e professores

particulares para o ensino doméstico. É certo que a instrução alcançou, em primeira instância,

as classes mais abastadas, o que incide na grande quantidade de documentos produzidos pelas

famílias enriquecidas residentes em Caetité, como a família Teixeira. Tais fontes estão

disponíveis no Arquivo Público Municipal de Caetité12 (APMC) e devem ser entrecruzadas,

considerando o momento específico em que foram produzidas.

Numa pesquisa preliminar foram identificados acervos documentais com grande

potencial para se trabalhar a questão de gênero e poder. Entre eles, as correspondências pessoais

se sobressaem, pois quebram o silêncio e descortinam a atuação feminina rompendo

estereótipos e preconceitos. A respeito das fontes Michelle Perrot salienta que:

Existem, entretanto, muitas fontes. Fontes que falam delas, nas quais se pode

ouvir suas vozes diretamente. Podem ser achadas em bibliotecas, local do

impresso, dos livros e dos jornais, como nos arquivos públicos ou privados.

Lugares solitários e complementares, que não deveriam ser excludentes, mas

que se diferenciam entretanto, por um grau maior ou menor de espontaneidade

discursiva. (PERROT, 2007, p. 26)

Ao se debruçar sobre essas fontes muitas questões envolvem o pesquisador: Quem são

os sujeitos relacionados no documento? Para quem as mulheres escrevem? Quais os assuntos

contidos nas correspondências? Qual o cenário político, social e econômico da época? Qual a

intenção das autoras na escrita dessas cartas? Quem entregavam essas correspondências com

os assuntos confidenciais de trabalho, de negócios, de pedidos, etc? Esses questionamentos e

as fontes sinalizadas abrem um leque de possibilidades para um estudo inovador sobre a atuação

feminina na política do alto sertão baiano durante a Primeira República.

Nesse emaranhado de documentos, sobressaem-se as correspondências femininas e o

universo particular que elas revelam sobre a atuação das mulheres naquele contexto. Embora

seja prematuro falar de feminismo nesse período, Rachel Soihet destaca que mesmo antes dos

anos 1930.

As mulheres brasileiras, como aquelas da Europa e dos Estados Unidos,

reclamaram direitos, reagindo contra a condição a que estavam submetidas.

Algumas se rebelaram abertamente, enquanto a maioria se valia de maneiras

12 Segundo PIRES (2009, p. 31), o Arquivo Público Municipal de Caetité foi criado em 1996, por iniciativa de

professores do curso de História e Letras da Universidade do Estado da Bahia – Campus VI (Caetité), através de

um convênio tripartite envolvendo a Prefeitura Municipal, a UNEB e o APEB.

8

mais sutis na ânsia de subverter sua situação. Lançavam mão de táticas que

lhes permitiam reempregar os signos da dominação, marcando uma

resistência. (SOIHET, 2006, p. 22).

Desta maneira é possível observar que as mulheres já contrariavam a ideia corrente de

total submissão feminina. Como indica Michelle Perrot (1998, p. 187):

[...] é grande o risco de encerrar uma vez mais as mulheres na imobilidade dos

usos e costumes, estruturando o cotidiano na fatalidade dos papéis e na fixidez

dos espaços... No entanto, o que importa reencontrar são as mulheres em ação,

inovando em suas práticas, mulheres dotadas de vida, e não absolutamente

como autômatas, mas criando elas mesmo o movimento da história.

Nas correspondências trocadas entre as mulheres da família Teixeira, curiosamente,

pouco se retrata sobre os afazeres domésticos. Dessa forma, compreende-se o quanto os

assuntos de suposto interesse masculino não foram exclusivos a esse gênero. Ao contrário, o

processo da escrita epistolar pode ser entendida, conforme BASTOS (2008, p. 87), como um

processo de inclusão da mulher em certas esferas que, como o âmbito político, pareciam ligadas

ao homem: “A correspondência familiar apresenta-se, definitivamente, como o lugar

estratégico onde se realiza, se inculca e se transmite uma visão dual de um mundo para si, a ser

protegido do exterior.”

Sigilo, meios de transporte, economia, leitura, comportamento humano, tempo,

crenças... Recados diversos, solicitação de compras de objetos, de pagamentos de contas, ou até

mesmo um pedido de desculpa “pelo desalinho” na escrita... Qual a função social desse

importante meio de comunicação para quem dependia dele para se comunicar?

Caetité, 9. 7. 92613

Anísio14

Há poucos dias lhe escrevi por Oscar. Amanhã segue Nelson que será carta

viva. Elle não quis demorar-se mais, diz que precisa estar na Bahia, onde vai

ver o que fará...

Não fosse esse genio um pouco explosivo, que lhe puxou de Papae. Talvez

não soffresse tantos prejuízos. Em todo o caso ganho a experiência de lutar

13 Arquivo Público Municipal de Caetité (APCM). Fundo: Acervo Particular da Família de Dr. Deocleciano Pires

Teixeira. Grupo: Dr. Deocleciano Pires Teixeira. Série: Correspondência. Caixa:04. Remetente: Celsina Spínola

Teixeira. Destinatário: Anísio Spínola Teixeira. Local: Caetité. Data:1926.

14 Anísio Spínola Teixeira, foi um grande educador brasileiro nascido em Caetité, filho de Deocleciano Pires

Teixeira e Anna Spínola Teixeira.

9

com os homens e comsigo mesmo. Acredito que em outra empreitada, elle

saberá melhor se haver.

Vamos regularmente de saúde. Juca, no mesmo.

Quanto à política, depois da última feita do Durval, “elevando, ao

Capitolio” o Mel Ferndes com a família, tudo cahio no mesmo. Elles

encontrarão sempre do lado de cá, a mesma impossibilidade que tanto os

enfurece. Estão sempre a preocupar-se com os nossos, e aproveitando de tudo

para fazer politica. Nunca vi tanta inferioridade e baixeza de sentimentos!

A E. Normal continua funccionando com regularidade, e os meninos

frequentando as salas com muito gosto.

A Egreja é que está ressentindo muito com a falta do Pe Santos!

O nosso Monsenhor tem procurado substituil-o, mas, onde aquella virtude

e confiança que o Pe Santos inspirava?

Aceite lembranças de todos.

Em minhas pobres orações não me esqueço de pedir a Deus por você, para

que receba todas as graças de que necessita.

Abraço-o com saudades a irmã dedicada e grata.

Celsina

Procure ahi um livro que eu possa retribuir a Ma José que me ofereceu “Ai

meu Portugal” do Pe Sinzig

Na carta de Celsina Teixeira, registra-se, após a despedida, um pedido especial. Nota-

se o valor do livro na troca de presentes entre as pessoas letradas daquele período. A partir deste

detalhe uma ampla discussão sobre a importância da leitura enquanto instrumento de

transformação social e intelectual pode ser explorada. Por que as elites caetiteenses dos séculos

XIX e XX liam tanto? Mero entretenimento? Perguntas como estas podem ser justificadas mais

à frente no desenrolar da dissertação com a pesquisa mais aprofundada das fontes.

Quais circunstâncias diferenciavam a maneira de envio das cartas? Na carta de Celsina

Teixeira, além de evidenciar a agilidade na escrita, também denuncia o envio por meio de

portador - que além de cumprir o papel de relatar oralmente as notícias do sertão e/ou dos

familiares também se responsabilizava pela entrega do texto escrito. Na correspondência de

Maria Deolinda de Carvalho nota-se certo desconforto e desconfiança em relação ao portador.

Era importante que a carta fosse transportada em “boas mãos”, sem riscos de extravios ou

leituras não autorizadas. A carta de Hersília Teixeira, por sua vez, circulou entre São Paulo e

Poços de Caldas/MG, regiões em que certamente os serviços de correio já estavam mais

estabilizados, sem o que se observa para o sertão baiano neste período: “as precariedades das

estradas, a falta de transportes de grande porte, a ausência de uma linha férrea que alcançasse

10

Caetité e, ainda, a instabilidade dos serviços de correio – queixas tão corriqueiras nos jornais

daquele início de século” (AGUIAR, 2011, p. 57)

Formas de tratamento são um universo a parte. As frases iniciais das cartas – geralmente

tão formais – e as despedidas revelam sempre uma preocupação com a família do destinatário,

além de evidenciarem o grau de parentesco e a relação estabelecida entre os correspondentes

“A carta não apenas aproxima, mas fala a respeito de quem a escreve e revela sempre algo sobre

quem a recebe, permitindo aquilatar a intensidade do relacionamento entre os missivas.”

(BASTOS et all, 2002, p. 6).

Nesta perspectiva, através de um processo de “leituras das entrelinhas” percebe-se um

deslocamento das mulheres que iam além da sua rotina cotidiana para outros afazeres

estabelecidos nas relações de parentela que, segundo Kátia Mattoso (1992, p. 176-177) “era

pois, uma associação de solidariedade familiar muito flexível e multifuncional. Como o

apadrinhamento, era uma via de multiplicação de solidariedade, um fator da coesão do grupo,

um motor para todas as promoções”. Essas relações de parentela, apadrinhamento e compadrio

são características marcantes nos laços familiares que uniam e fortaleciam a família Teixeira e

outras famílias no alto sertão da Bahia, demarcando território, ampliando poderes e tecendo

essas teias de relações sociais que movimentavam a política local contando com a participação

de vários “atores” do jogo político, dentre eles, as mulheres.

O protagonismo feminino

Através das correspondências analisadas, nota-se o protagonismo feminino realizado a

partir das “estratégias e táticas” tão defendidas por Michel de Certeau em um contexto social

no qual essas mulheres estavam inseridas. Por meio de suas ações – expressas nas cartas – elas

movimentaram a política local, dinamizaram laços de compadrio, parentela e amizade,

intermediaram situações de ordem econômica, refletiram e opinaram sobre a política de

âmbitos: federal, estadual e municipal, além de se preocuparem com educação, religião e saúde.

Todos esses elementos possíveis de estudos foram realizados com base em um trabalho

monográfico cujo o título, Possibilidades Didáticas: Leituras e Análises Interdisciplinares em

Sala de Aula reuniu uma documentação em cartas e matérias do Jornal A Penna, com o objetivo

de trazer para a sala de aula documentos locais que viabilizasse uma discussão interdisciplinar.

11

Vale ressaltar ainda que nas escritas femininas, curiosamente, pouco aparecem assuntos

ligados aos afazeres domésticos, como já mencionado acima. Dessa forma, compreende-se o

quanto os assuntos de suposto interesse masculino não foram exclusivos a esse gênero. Ao

contrário, o processo da escrita epistolar pode ser entendida, conforme BASTOS (2002, p. 87),

como um processo de inclusão da mulher em certas esferas que, no âmbito político, eram

ligadas ao homem:

A correspondência familiar apresenta-se, definitivamente, como o lugar

estratégico onde se realiza, se inculca e se transmite uma visão dual de um

mundo para si, a ser protegido do exterior. Ilustra através das palavras, esse

processo de inclusão e exclusão.

O trabalho com as cartas pessoais, além de fascinante, é revestido de múltiplas e

inesgotáveis possibilidades. Conforme Ângela de Castro Gomes (2004, p. 15).

Um tipo de discurso que produz uma espécie de “excesso de sentido do real

pelo vivido”, pelos detalhes que pode registrar, pelos assuntos que pode

revelar e pela linguagem intimista que mobiliza. Algo que pode enfeitiçar o

leitor/pesquisador pelo sentimento de veracidade que lhe é constitutivo, e em

face do qual certas reflexões se impõem. Nesse sentido, o trabalho de crítica

exigido por essa documentação não é maior ou menor do que é necessário com

qualquer outra, mas precisa levar em conta suas propriedades, para que o

exercício de análise seja efetivamente produtivo.

As leituras nas entrelinhas desses documentos podem ampliar ainda mais as

possibilidades de análise e questionamento da (in) visibilidade feminina nas articulações

políticas no alto sertão da Bahia, no período da Primeira República. Como ressalta José Murilo

de Carvalho (1987, p. 21-22):

A Proclamação da República trouxe grandes expectativas de renovação

política, de maior participação de poder por parte não só de contra-elites, mas

também das camadas antes excluídas do jogo político. O fato de ter sido o

novo regime proclamado por movimento que se desenrolava totalmente na

capital, para surpresa de quase todas as províncias, veio contribuir ainda mais

para as expectativas da população.

Sabe-se, contudo, que as expectativas de renovação e maior participação política não

contemplaram as mulheres, especialmente no âmbito da legalidade. Entretanto, como elas se

articularam durante esse período? Em Caetité, como se deu a participação feminina nas questões

políticas? Em estudo recente, Laiane Silva (2014) ao analisar a atuação política da família Faria

Fraga no alto sertão baiano (1880-1890), revela um dado importante, porém não aprofundado

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em sua perspectiva de discussão. Essa pesquisadora encontrou assinaturas de mulheres na ata

de fundação do Clube Republicano em Caetité, em sinal de adesão à República. Conforme

analisa:

Se lhes era negado o direito ao voto no Período Imperial, a documentação

revela que, no aflorar da República em Caetité, houve uma participação

feminina nos assuntos políticos, o que outrora, mesmo ocorrendo, não era

visibilizado em documentos oficiais. Na ata de fundação do Clube

Republicano, mulheres como Mariana Angélica de Almeida e Elvira Maria da

Silva Guedes, juntamente com suas filhas, poderiam estar demonstrando, a

partir de suas assinaturas, aspirações de maior inserção política com a “nova

forma de governo”.

No entanto, dado o contexto, não se deve deixar de pensar em outras

possibilidades para explicar tais assinaturas. Talvez mais uma fraude, talvez

uma coação, talvez um gesto em apoio aos maridos, filhos ou pais cujos

interesses estavam em jogo nesse momento decisivo para a política

caetiteense. (SILVA, 2014, p. 69).

Indícios como esses presentes numa documentação de caráter oficial, são ainda mais

perceptíveis na documentação pessoal, muitas vezes produzida em virtude de relações mais

íntimas e informais, onde é permitido expor o pensamento com certa liberdade, o que nem

sempre é possível encontrar em outro tipo de documento. Exemplo disso é a correspondência

apresentada neste artigo, em que a senhora Maria Deolinda participa das disputas em torno dos

votos da região alto sertaneja no momento da eleição presidencial em que venceu Artur

Bernardes (1922).

Diante disso, reitera-se a importância desse conjunto de documentos capazes de auxiliar

uma nova compreensão da primeira fase da política republicana no alto sertão da Bahia, tendo

como cerne de análise sujeitos até então tidos como “excluídos” desse processo.

Considerações

Ao trabalhar a atuação feminina nas articulações políticas do alto sertão da Bahia (1889

a 1930), espera-se trazer uma contribuição para a historiografia na esteira de novos estudos

sobre os sertões, buscar-se à compreender como as mulheres se articularam diante deste novo

quadro político estabelecendo relações sociais e familiares através das redes de apadrinhamento

e compadrio solidificadas ao longo dos anos de vivência.

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Referências

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