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1 Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]
A CONTABILIDADE E SEUS REFLEXOS NA PRESTAÇÃO DE
CONTAS DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Raphael Cipitelli 1
RESUMO
O processo de prestação de contas eleitoral progrediu muito ao longo do tempo e um dos
responsáveis por essa evolução é a contabilidade. Frente ao processo eleitoral, a contabilidade
surgiu como um instrumento para gerar a transparência sobre as informações prestadas à justiça
eleitoral. O presente estudo traz à luz a discussão sobre os partidos que receberam o fundo
partidário em 2017 e, também evidencia a necessidade da prestação de contas e os aspectos
contábeis que integram o processo, além de evidenciar a importância do perito contábil nesta
esfera. A temática deste estudo permeia a pesquisa quantitativa, por meio de dados do Tribunal
Superior Eleitoral, bem como pelo Portal da Transparência, além de referenciais teóricos que
discorrem sobre a contabilidade eleitoral. A técnica de pesquisa utilizada foi a de um estudo de
caso, através da análise de dados com leituras e interpretações preliminares sobre os partidos
que receberam fundos partidários no ano de 2017. Por fim, o estudo faz uma reflexão sobre as
obrigações legais dos partidos, bem como faz uma análise sobre os princípios contábeis na
esfera política.
Palavras-chave: Contabilidade Eleitoral; Fundo Partidário; Transparência Pública
INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje, pode-se observar como a contabilidade se faz presente na sociedade,
as necessidades primarias de uma organização, de modo geral, têm-se o elemento basilar
fundado em uma contabilidade operante e confiável. As nuances da contabilidade eleitoral e
seus reflexos na prestação de contas dos partidos políticos, incluindo a contabilização e controle
de todos os recursos arrecadados e despesas realizadas, é um assunto que merece atenção, já
que cada vez mais os órgãos públicos necessitam demonstrar a transparência de suas aplicações,
custos, investimentos e todo tipo de gasto que envolve a máquina pública.
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Todos os partidos registrados ou com anotações nos Tribunais e Cartórios Eleitorais,
independentemente, de terem ou não movimentação financeira ou econômica, devem
apresentar suas respectivas prestações de contas, para análise dos técnicos da Justiça Eleitoral
e posterior apreciação dos magistrados.
A ausência de recebimento de recursos financeiros em espécie, não justifica a
apresentação de contas zeradas, sem movimentação, cabendo ao partido registrar todos os bens
e serviços estimáveis em dinheiro recebidos em doações, para utilização na sua manutenção e
funcionamento.
De acordo com a Lei Orgânica dos Partidos Políticos, Lei nº 9.096, de 19 de setembro
de 1995, estes devem manter escrituração contábil, por meio de seus órgãos nacionais, regionais
e municipais de modo a permitir a fiscalização da origem das suas respectivas receitas e de sua
destinação.
Hoje, a ciência contábil é um importante instrumento de fiscalização da economia das
empresas, com a grande necessidade de receber informações cada vez mais detalhadas, para
auxiliar em uma tomada de decisão muito mais precisa, seja ela administrativa, tributária ou
financeira. Isto fez com que a contabilidade sofresse mutações decorrentes do desenvolvimento
econômico e social, não só por imposição legal, mas pela demanda do mundo corporativo.
Atualmente, a contabilidade tem diversas áreas de atuação como: a Contabilidade Fiscal,
Pública, Gerencial, Social, Ambiental, Atuarial e Financeira, além da Auditoria, Perícia,
Análise Econômica e Financeira, etc.
Fundamentada na utilização da contabilidade como uma ferramenta de fiscalização,
busca-se neste trabalho compilar dados relevantes referentes aos recursos utilizados pelos
partidos políticos, com objetivo de contribuir no aprimoramento dos mecanismos aplicados.
Os campos de aplicação da contabilidade são: empresarial, industrial, prestadoras de
serviços, entidades sem fins lucrativos, incluindo partidos políticos. Nesta área de aplicação, a
contabilidade pode ser considerada um instrumento de controle do processo eleitoral.
O processo eleitoral está disciplinado na Constituição Brasileira de 1988 e no Código
Eleitoral, além das leis ordinárias e complementares resultantes da necessidade de regulamentar
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tal processo, oferecendo aos partidos políticos, candidatos, comitês financeiros e cidadãos, um
caminho lícito para a realização de campanhas eleitorais democráticas e igualitárias.
O estudo será elaborado com base na Lei nº 9.096/1995, que dispõe sobre os partidos
políticos, pessoas jurídicas de direito privado, criadas com o objetivo de assegurar, no interesse
do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo, e defender os direitos
fundamentais definidos na Constituição Federal.
A legislação eleitoral prevê duas etapas para apresentação de prestação de contas. A
primeira se refere às prestações de contas de campanha eleitoral, apresentadas pelos candidatos,
eleitos e não eleitos, e pelos comitês financeiros e partidos políticos, até o trigésimo dia
posterior à realização das eleições, relativas aos recursos arrecadados e aplicados na campanha
eleitoral, na forma disciplinada pela Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Também precisam
ser apresentadas as contas do segundo turno, vigésimo dia após o término do pleito do mesmo.
A segunda se refere à prestação de contas anual dos partidos políticos, apresentadas nos
termos da Lei nº 9.096/1995, regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral através da
Resolução nº 21.841, de 22 de junho de 2004, relativa às receitas arrecadadas para custear as
despesas com a sua sobrevivência e manutenção de suas atividades partidárias, que deverão ser
apresentadas até o dia 30 de abril do ano subsequente ao exercício a que se refere.
As duas etapas estão interligadas, as contas de campanha têm reflexo nas contas anuais
dos partidos, principalmente com relação às sobras e dívidas de campanha.
A falta de prestação de contas dos partidos políticos ou de sua desaprovação total ou
parcial implica a suspensão de novas cotas do Fundo Especial de Assistência Financeira aos
Partidos Políticos – Fundo Partidário, sujeitando os gestores responsáveis às sanções cabíveis
previstas em lei.
Quando o partido político recebe recursos oriundos do Fundo Partidário e não
comprovar sua aplicação ou comprovar de forma irregular, à Justiça Eleitoral deve instaurar
Tomada de Contas Especial (TCE), visando à apuração dos fatos, identificação dos
responsáveis e a quantificação do dano, com objetivo de recuperar o recurso do Fundo
Partidário, atualizado monetariamente. Concluída a TCE, todo o processo será encaminhado ao
Tribunal de Contas da União para apreciação da legalidade do procedimento.
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A partir de 1994, as contas de campanha e partidárias tomaram um novo rumo, passando
a ser exigida pela Justiça Eleitoral com regras objetivas, disciplinando todo o processo,
ocorrendo uma fiscalização mais efetiva, permitindo através da contabilidade o controle e o
acompanhamento de toda movimentação financeira e econômica.
Serão apresentadas as normas que regem as prestações de contas anuais dos partidos
políticos em especial e de forma mais aprofundada, bem como das prestações de contas de
campanhas eleitorais apresentadas pelos participantes do pleito.
Com isso, busca-se avaliar as normas citadas, que disciplinam a contabilização da
movimentação dos recursos financeiros e econômicos das direções partidárias.
Tais regramentos impõem aos partidos políticos obrigações de identificar seus financiadores e
seus fornecedores. Todos estes registros refletirão nas demonstrações contábeis apresentadas e
nos demonstrativos impostos pela legislação eleitoral.
Os partidos não podem utilizar recursos cujo doador não é identificado, pois no
entendimento do Supremo Tribunal Federal é inconstitucional (decisão do pleno no dia
22/03/2018).
As fontes dos recursos dos partidos políticos são provenientes de recursos próprios,
doações de pessoas físicas, doações de outros candidatos, comitês financeiros ou partidos
políticos, de repasse de recursos provenientes do Fundo Partidário. Contudo, não é permitido
doações de pessoas jurídicas devido ao cumprimento da recente Reforma Eleitoral (lei n
13165/2015).
O Fundo Partidário é constituído pelas multas eleitorais, pelos recursos financeiros que
lhe forem destinados por lei, doações de pessoas físicas e dotação orçamentária da União.
Inicialmente existiu uma dúvida entre os doutrinadores das Ciências Contábeis, com
relação ao enquadramento da contabilidade dos partidos políticos, se era regida pelas regras da
contabilidade pública ou privada, considerando que o partido recebe recursos públicos (Fundo
Partidário) e privado (contribuições de pessoas físicas).Ciente desta polêmica, o Tribunal
Superior Eleitoral regulamentou a matéria, disciplinando a forma de apresentação da prestação
de contas dos partidos.
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A Resolução nº 21.841/2004, do Tribunal Superior Eleitoral, prevê que os partidos
políticos incluam em seus estatutos normas sobre finanças e contabilidade, que obedeçam aos
Princípios Fundamentais de Contabilidade, previstos pela Norma Brasileira de Contabilidade
Técnica NBC T, de nº 10.19, que trata das entidades sem finalidade de lucros.
De acordo com a NBC T nº 10.19, as entidades sem fins lucrativos são aquelas que
exercem atividades assistenciais, de saúde, educacionais, técnico-científicas, esportivas,
religiosas, políticas, culturais, beneficentes, sociais, de conselhos de classe, cujo resultado
positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido, e o lucro ou prejuízo é
denominado, respectivamente, de superávit ou déficit.
O legislador teve o cuidado de separar os demonstrativos a serem apresentados no
momento da prestação de conta em dois tópicos: demonstrativos contábeis exigidos pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade e peças complementares decorrentes da Lei nº 9.096/1995.
As peças contábeis a serem apresentadas são: balanço patrimonial, demonstração do
resultado, demonstração de lucros ou prejuízos acumulados e demonstração das mutações do
patrimônio líquido.
As decorrentes da legislação eleitoral são: demonstrativo de receitas e despesas, de
obrigações a pagar, dos recursos do Fundo Partidário distribuídos, de doações recebidas, de
contribuições recebidas, sobras de campanha e das transferências financeiras, parecer da
comissão executiva, relação das contas bancárias, conciliação bancária, extratos bancários,
documentos fiscais, livros diário e razão.
Os dados contidos nos demonstrativos e nas peças são extraídos dos lançamentos dos
livros diários e razão, que são utilizados para registrar a contabilidade, com base em
documentos hábeis e com todas as formalidades intrínsecas e extrínsecas.
A Justiça Eleitoral exerce a fiscalização sobre a escrituração contábil e a prestação de
contas dos partidos políticos, devendo atestar se elas refletem adequadamente a real
movimentação financeira e patrimonial dos partidos. Esta fiscalização é exercida pelo Tribunal
Superior Eleitoral, Tribunais Regionais Eleitorais e Cartórios Eleitorais.
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Percebe-se que a contabilidade partidária é um novo ramo da Ciência Contábil, com
poucos profissionais no mercado, tendo em vista que além dos conhecimentos técnicos, o
profissional deve se inteirar da legislação eleitoral aplicada às contas dos partidos políticos.
Este trabalho tem como objetivo o de discorrer sobre a legislação que trata das regras
de arrecadação e aplicação dos recursos pelos partidos políticos, com reflexo direto na
contabilização dos fatos ocorridos, pretendendo estudar as decisões do Tribunal Regional
Eleitoral – TRE, referente à lei nº 9.096/1995, apresentados à Justiça Eleitoral. Assim como o
de analisar os partidos que receberam recursos do Fundo Partidário no exercício de 2017,
comparando e comentando os resultados encontrados.
Serão pesquisados e analisados os principais problemas constantes das prestações de
contas, referente ao exercício de 2017, que causaram a desaprovação das contas dos partidos
políticos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, quando do julgamento das contas
dos diretórios regionais deste Estado, com objetivo de descobrir até que ponto a contabilidade
contribui para o julgamento das contas.
Os procedimentos metodológicos utilizados na realização deste trabalho são de cunho
bibliográfico e pesquisa de campo. As principais fontes de pesquisa são as jurisprudências do
Tribunal Superior Eleitoral, leis, doutrinas, e artigos publicados pela internet. Os assuntos
correlacionados serão compilados e analisados.
A pesquisa de campo terá como objeto o estudo dos processos de prestações de contas
apresentados ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, pelos diretórios regionais deste
Estado, relativo ao exercício 2017.
Fazendo uma síntese dos temas que serão explorados neste trabalho, tem-se no primeiro
capítulo a contabilidade aplicada a na prestação de contas dos partidos políticos; no segundo
capitulo será abordado sobre os partidos políticos, o exercício do poder político, a prestação de
contas, as contas de campanha e seus reflexos, as contas anuais dos partidos políticos, os
princípios contábeis, as fontes de financiamento e aplicações dos recursos, a formalização da
prestação de contas dos partidos políticos e, as peças e demonstrativos da prestação de contas,
já no terceiro capítulo, como conclusão da pesquisa será apresentado um estudo de caso sobre
a análise das decisões do TRE/RJ, referente à prestação de contas dos partidos que receberam
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do Fundo Partidário em 2017, e os principais problemas que causaram desaprovação pela
Justiça Eleitoral, das contas apresentadas.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Contabilidade Aplicada na Prestação de Contas dos Partidos Políticos
·
Com a criação do Fundo de Assistência Financeira aos Partidos Políticos – Fundo
Partidário, através da Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965, as agremiações partidárias passaram,
anualmente, a apresentar suas respectivas prestações de contas, referentes à aplicação dos
recursos recebidos, à Justiça Eleitoral para posterior remessa ao Tribunal de Contas da União,
verbis:Art 71. Os partidos prestarão contas, anualmente, ao Tribunal de Contas da União, da
aplicação dos recursos recebidos no exercício anterior.
§ 1º As prestações de contas de cada órgão (municipal, regional ou nacional) serão
feitas em volumes distintos, remetidos ao Tribunal Superior Eleitoral.
§ 2º O Tribunal Superior verificará se a aplicação foi realizada nos termos do Código
Eleitoral e desta lei, e, com relatório que verse apenas sobre este assunto, encaminhará
e prestação de contas para exame e julgamento do Tribunal de Contas da União.
§ 3º Os diretórios serão responsáveis pela aplicação dos recursos do fundo partidário.
§ 4º A falta de prestação de contas ou a sua desaprovação, total ou parcial, implicará
na perda do direito ao recebimento de novas quotas e no segundo caso, sujeitará ainda
à responsabilidade civil e criminal os membros dos diretórios faltosos.
§ 5º O órgão tomador de contas poderá converter o julgamento em diligência, para
que o diretório as regularize.
§ 6º A Corregedoria da Justiça Eleitoral poderá, a qualquer tempo, proceder a
investigação sobre a aplicação do fundo partidário, em qualquer esfera - nacional,
regional ou municipal, adotando as providências recomendáveis.
Com o advento da Lei nº 5.682, de 21 de julho de 1971, o legislador deixa claro que os
partidos devem manter escrituração contábil organizada, com livros contábeis registrados na
Justiça Eleitoral e apresentação anual do balanço financeiro, conforme determina os artigos 89,
90 e 106, do referido diploma legal.
Inicialmente, quem apreciava e julgava as contas dos partidos era o Tribunal de Contas
da União. Os órgãos partidários encaminhavam sua contabilidade para a Justiça Eleitoral, esta
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fazia uma prévia análise e remetia ao Órgão Julgador. A Justiça Eleitoral eram uma simples
intermediária.
Através da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, a Justiça Eleitoral passou a ser
responsável pela fiscalização, análise e julgamento das contas dos partidos políticos e das
despesas de campanha.
Com a vinda deste dispositivo legal, os doutrinadores das Ciências Contábeis, passaram
a discutir sobre os métodos a serem aplicadas na elaboração da contabilidade dos partidos
políticos se era regida pelas regras da contabilidade pública ou privada, considerando que o
partido recebe recursos públicos (Fundo Partidário) e privado (contribuições de pessoas físicas).
Por fim, o Tribunal Superior Eleitoral regulamentou a matéria, disciplinando a forma de
apresentação da prestação de contas dos partidos, através da Resolução nº 21.841, de 22 de
junho de 2004, que prevê a obrigatoriedade dos partidos políticos incluírem em seus estatutos
normas sobre finanças e contabilidade, que obedeçam aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade, previstos pela Norma Brasileira de Contabilidade Técnica NBC T, de nº 10.19,
que trata das entidades sem finalidade de lucros.
2.2 Partidos Polítios
Partido político é um grupo organizado, legalmente formado, com base em formas
voluntárias de participação numa associação orientada para influenciar ou ocupar o poder
político.
É, portanto, Pessoa Jurídica que agrupa pessoas que pensam do mesmo modo sobre
problemas do Governo e de assuntos políticos em geral.
Os partidos políticos servem para exprimir e formar opinião pública. O objetivo do partido
político é o domínio do poder político-administrativo quer seja no Município, no Estado ou
União.
Segundo o Código civil em seu Art. 44 Inciso V incluído pela Lei 10.825/03, o Partido
político é uma pessoa jurídica de direito privado. Assim, trata-se de uma instituição do terceiro
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setor da economia, uma vez que não pode ser considerado uma empresa por não ter objetivo de
lucro e nem pode ser considerado órgão público.
2.3 Constituição
A Constituição de Partido Político em sua plenitude percorre três fases: Fundação do
partido, aquisição de personalidade jurídica e a aquisição de direitos próprios de partidos
políticos.
A criação (ou fundação) do partido ocorre com a reunião de fundação do partido e a
confecção da ata correspondente (Lei nº 9.096/95, art. 8º, I),em seguida, a aquisição de
personalidade jurídica pelo partido ocorre com o registro do seu estatuto no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas da Capital Federal (Código Civil, art.45 e Lei nº 9.096/96, art. 7º,caput e art.
8º, §3º).
O requerimento do registro de partido político, dirigido ao cartório competente do
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, da Capital Federal, deve ser subscrito pelos seus
fundadores, em número nunca inferior a cento e um, com domicílio eleitoral em, no mínimo,
um terço dos Estados, e será acompanhado de cópia autêntica da ata da reunião de fundação do
partido, exemplares do Diário Oficial que publicou, no seu inteiro teor, o programa e o estatuto
e a relação de todos os fundadores com o nome completo, naturalidade, número do título
eleitoral com a Zona, Seção, Município e Estado, profissão e endereço da residência.
O requerimento indicará o nome e função dos dirigentes provisórios e o endereço da
sede do partido na Capital Federal. O Oficial do Registro Civil efetua o registro no livro
correspondente, expedindo certidão de inteiro teor.
A aquisição de direitos próprios de partido político ocorre com o deferimento do registro do
seu estatuto no TSE.
Feita a fundação e adquirida a Personalidade Jurídica, os dirigentes nacionais irá efetuar
o registro do Estatuto através de requerimento no Tribunal Superior Eleitoral acompanhado de
um exemplar autenticado do inteiro teor do programa e do estatuto partidários, inscritos no
Registro Civil, certidão do registro civil da pessoa jurídica( inteiro teor emita pelo Oficial de
Registro Civil) e certidões dos cartórios eleitorais que comprovem ter o partido obtido o apoio
mínimo de eleitores, no período de dois anos, de eleitores não filiados ao partido político,
correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última
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eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos,
distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por
cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles.
As principais prerrogativas dos Partidos Políticos registrados no Tribunal Superior
Eleitoral são o direito de participar do processo eleitoral, ter acesso gratuito ao rádio e à
televisão, receber quotas do fundo partidário, gozar das imunidades tributárias dos partidos
políticos e ter exclusividade sobre o uso do nome e símbolos partidários (Lei nº 9.096/95, art.
7º, §§ 2º e 3º).
2.4 Planos de Contas
Embora o profissional de Contabilidade tenha liberdade na elaboração de plano de contas
gerando informações que atenda maior clareza nas informações, o Plano de Contas de Partidos
Políticos está previsto na portaria TSE nº 28 de 26 de janeiro de 2015 e deve ser seguido na sua
integra.
A Resolução 23.339/11 revogou o § 3º do Art. 12 da Resolução 21.84/04 que estabelecia o
uso de Sistema de Prestação de Contas Partidárias (SPCP) facultativamente em 2005 e
obrigatoriamente a partir de 2006.
Atualmente a matéria é disciplinada pela Resolução 23.432/14 que Regulamenta o disposto no
Título III da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995 – Das Finanças e Contabilidade dos Partidos.
Os Partidos Políticos devem manter escrituração digital, sob responsabilidade de
profissional de contabilidade habilitado, que permita aferição da origem de suas receitas e a
destinação de gastos, bem como de sua situação patrimonial.
2.5 Registros Contábeis
Os registros contábeis da gestão dos Partidos Políticos seguem orientações da Resolução
TSE 23.432/2014, que regulamenta o disposto no Título III da Lei nº 9.096, de 19 de setembro
de 1995 – Das Finanças e Contabilidade dos Partidos e as Normas Brasileira de Contabilidade
contidas na Resolução CFC 1.409/2012 ITG 2002.
O partido político, através de seus órgãos nacionais, regionais e municipais, deve
manter escrituração contábil, de forma a permitir o conhecimento da origem de suas receitas e
11
a destinação de suas despesas. É o que preconiza o Art. 30 a Lei 9.096/95 que dispõe sobre
Partidos Políticos, regulamenta o artigo 17 , da Constituição Federal.
A lei 9096/95 menciona que o Partido Político está obrigado a enviar, anualmente à
Justiça Eleitoral o balanço contábil do exercício findo, até 30 de abril do ano seguinte.
A Justiça Eleitoral determina, imediatamente, a publicação dos balanços na imprensa
oficial, e, onde ela não exista, procede à afixação dos mesmos no Cartório Eleitoral e que os
Balanços devem conter a discriminação dos valores e destinação dos recursos oriundos do
fundo partidário, a origem e valor das contribuições e doações, as despesas de caráter eleitoral,
com a especificação e comprovação dos gastos com programas no rádio e televisão, comitês,
propaganda, publicações, comícios, e demais atividades de campanha e a discriminação
detalhada das receitas e despesas.
Os órgãos partidários, em todas as esferas, são obrigados a adotar escrituração contábil
digital e tomará como base o exercício financeiro correspondente ao ano civil contendo o Livro
Diário e seus auxiliares, também o Livro Razão e seus auxiliares e o Livro Balancetes Diários,
balanços e fichas de lançamento comprobatórios dos assentamentos neles transcritos.
A escrituração contábil digital deverá observar o disposto na Resolução 23.432/14, nos
atos expedidos pela Receita Federal do Brasil e pelo Conselho Federal de Contabilidade e nela
deverá identificar a origem e o valor das doações e contribuições as pessoas físicas e jurídicas
com as quais tenha o órgão partidário transacionado com a indicação do nome ou razão social
e CPF ou CNPJ e os gastos de caráter eleitoral, assim considerados aqueles definidos no art. 26
da Lei nº 9.504, de 1997. A escrituração contábil deverá especificar detalhadamente os gastos
e os ingressos de recursos de qualquer natureza.
O Livro Diário, deverá ser autenticado no registro público competente da sede do órgão
partidário e conter a assinatura digital do profissional de contabilidade habilitado, do presidente
e do tesoureiro do órgão partidário e para os casos em que inexista registro digital nos Cartórios
de Registro Público da sede do órgão partidário, a exigência poderá ser suprida pelo registro do
Livro Diário físico, obtido a partir da escrituração digital.
2.6 Prestação de Contas Partidárias
12
O partido político, em todas as esferas de direção, deverá apresentar a sua prestação de
contas à Justiça Eleitoral anualmente, até 30 de abril do ano subsequente, dirigindo-as ao Juízo
Eleitoral em caso de Diretório Municipal, ao Tribunal Regional Eleitoral em caso de Diretório
Estadual e ao Tribunal Superior Eleitoral em caso de Diretório Nacional.
A prestação de contas é obrigatória mesmo que não haja o recebimento de recursos
financeiros ou estimáveis em dinheiro, devendo o partido, apresentar sua posição patrimonial e
financeira apurada no exercício.
Além das obrigações da prestação de contas anuais, nos anos que ocorrerem eleições, os
partidos políticos, em todas as esferas, deverão encaminhar mensalmente a escrituração contábil
digital dos meses de junho a dezembro, por meio do SPED, até o décimo quinto dia útil do mês
subsequente.
O processo de prestação de contas partidárias tem caráter jurisdicional e se inicia com a
apresentação ao órgão da Justiça Eleitoral competente ,na qual a escrituração contábil digital é
encaminhada por meio do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e devem ser
encaminhadas por sistema estabelecido e divulgado pela Justiça Eleitoral na página do Tribunal
Superior Eleitoral na internet as peças complementares que são comprovante de remessa à
Receita Federal do Brasil da escrituração contábil digital, parecer da Comissão Executiva ou
do Conselho Fiscal do partido, se houver, sobre as respectivas contas, relação das contas
bancárias abertas, conciliação bancária, caso existam débitos ou créditos que não tenham
constado dos respectivos extratos bancários na data de sua emissão, extratos bancários,
fornecidos pela instituição financeira, relativos ao período ao qual se refiram as contas
prestadas, demonstrando a movimentação financeira ou a sua ausência, em sua forma definitiva,
contemplando todo o exercício ao qual se referem as contas, vedada a apresentação de extratos
provisórios ou sem validade legal, adulterados, parciais, ou que omitam qualquer
movimentação financeira, documentos fiscais que comprovem a efetivação dos gastos
realizados com recursos oriundos do Fundo Partidário, sem prejuízo da realização de diligências
para apresentação de comprovantes relacionados aos demais gastos, cópia da GRU, referente a
recursos de fonte não identificada, demonstrativo dos acordos de obrigações assumida de outros
órgãos partidário, relação identificando o presidente, o tesoureiro e os responsáveis pela
movimentação financeira do partido, bem como os seus substitutos, demonstrativo de recursos
recebidos e distribuídos do Fundo Partidário, demonstrativo de doações recebidas,
13
demonstrativo de obrigações a pagar, demonstrativo de dívidas de campanha, demonstrativo de
receitas e gastos, demonstrativo de transferência de recursos para campanhas eleitorais
efetuados a candidatos, comitês financeiros e diretórios partidários, identificando para cada
destinatário a origem dos recursos distribuídos, demonstrativo de contribuições recebidas,
demonstrativo de sobras de campanha, discriminando os valores recebidos e os a receber,
demonstrativo dos fluxos de caixa, parecer do conselho fiscal ou órgão competente da fundação
mantida pelo partido político, instrumento de mandato para constituição de advogado para a
prestação de contas, com a indicação do número de fac-símile pelo qual o patrono do órgão
partidário receberá as intimações que não puderem ser publicadas no órgão oficial de imprensa,
certidão de regularidade do Conselho Regional de Contabilidade do profissional de
contabilidade habilitado e notas explicativas.
Art. 28 ao 30 da Resolução 23.432.
2.7 Obrigatoriedade Contábil dos Partidos Políticos e o Papel do Profissional Contábil
A contabilidade não pode ser utilizada somente como atendente das necessidades
fiscais, mas como uma importante ferramenta para a gestão e tomada de decisão. A
contabilidade Eleitoral é apresentada como uma ferramenta fundamental, pois gera as
informações de valor agregado para ajudar nas decisões dos partidos políticos possibilitando
melhores performances.
De acordo com Neto (2010, p.12)
Sendo os partidos políticos mantidos pela doação de seus filiados e por cotas de fundo
partidário,a contabilidade, por meio de suas funções pode ser utilizada para melhor
gerir os partidos, possibilitando, através das informações contábeis, um melhor
acompanhamento da saúde econômico/financeiro da entidade pelos gestores
partidários e através da prestação de contas proporcionar ao governo acompanhar
como estão sendo investidos os repasses do fundo partidário e as doações recebidas.
A Contabilidade tornou-se uma ferramenta de suma importância para a execução dos
recursos dos partidos políticos, pois é através dela que é realizado o controle, acompanhamento
e demonstradas das informações, além da prestação de contas. Neto (2010, p. 13) entende que
além de ter que atender ás às exigências legais, as informações contábeis auxiliam na gestão
partidária contribuindo para um acompanhamento econômico-financeiro eficaz que controle
uma melhor utilização dos recursos arrecadados bem como a transparência econômica e
14
financeira do partido uma vez que o partido por meio legal deve prestar contas de tudo que
envolva a suas financias.
Lei Nº 13.165, de 29 de Setembro de 2015 determina algumas obrigatoriedades
contábeis para os partidos políticos conforme observamos nos artigos abaixo:
“Art. 18. Os limites de gastos de campanha, em cada eleição, são os definidos
pelo Tribunal Superior Eleitoral com base nos parâmetros definidos em lei.
“Art. 18-A. Serão contabilizadas nos limites de gastos de cada campanha as
despesas efetuadas pelos candidatos e as efetuadas pelos partidos que
puderem ser individualizadas.”
“Art. 18-B. O descumprimento dos limites de gastos fixados para cada
campanha acarretará o pagamento de multa em valor equivalente a 100%
(cem por cento) da quantia que ultrapassar o limite estabelecido, sem
prejuízo da apuração da ocorrência de abuso do poder econômico.”
“Art. 20. O candidato a cargo eletivo fará, diretamente ou por intermédio de
pessoa por ele designada, a administração financeira de sua campanha
usando recursos repassados pelo partido, inclusive os relativos à cota do
Fundo Partidário, recursos próprios ou doações de pessoas físicas, na forma
estabelecida nesta Lei.” (NR)
“Art. 28 § 4o Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são
obrigados, durante as campanhas eleitorais, a divulgar em sítio criado pela
Justiça Eleitoral para esse fim na rede mundial de computadores (internet):
I - os recursos em dinheiro recebidos para financiamento de sua campanha
eleitoral, em até 72 (setenta e duas) horas de seu recebimento;
II - no dia 15 de setembro, relatório discriminando as transferências do
Fundo Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro
recebidos, bem como os gastos realizados.
A lei determina que seja o candidato, ou pessoa por ele designada, o responsável pela
administração financeira de sua campanha (art. 20). Neste último caso, o candidato será
solidariamente responsável com as informações financeiras e contábeis de sua campanha (art.
21). De forma geral o objetivo da Lei Nº 13.165, de 29 de Setembro de 2015 é reduzir os
custos das campanhas eleitorais, facilitar a administração dos Partidos Políticos e instigar a
participação feminina nas eleições.
Os partidos políticos classificam como entidades de Terceiro Setor que recebem doações
de seus filiados. O fato de receberem dinheiro público e doações exige uma transparência
15
contábil, pois é necessário comprovar a forma como está sendo utilizado o dinheiro e prestar
contas aos doadores e aos órgãos fiscalizadores por parte do governo.
Boa parte das verbas recebidas pelos partidos políticos vem do fundo Especial de
Assistência aos Partidos Políticos, chamado de Fundo Partidário. O fundo partidário foi criado
no início da ditadura militar em 1965, no governo de Castello Branco. Foi criado com a intenção
de permitir que os partidos tenham autonomia financeira, colaborando assim com a sua
subsistência e criando espaço para a diversidade de ideias na nossa política.
De acordo o TSE Tribunal Superior Eleitoral o fundo partidário é o fundo especial de
assistência financeira aos partidos políticos que tenham estatuto registrado no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e prestação de contas regular perante a Justiça Eleitoral. Os critérios de
distribuição interna são definidos por cada partido que precisam contar uma efetiva
contabilidade que ajudará a verificar os estados com mais filiados ou de acordo com a
quantidade de candidatos eleitos em cada estado. De acordo com o TSE o fundo partidário é
distribuído entre os partidos de duas maneiras:
· 5% dos recursos são divididos igualmente entre todos os partidos;
· 95% são divididos proporcionalmente, de acordo com a quantidade de votos que cada
partido obteve para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições gerais.
Todos os meses, o TSE libera os recursos do fundo partidário por meio de duodécimos
(valor fixo, correspondente à décima segunda parte) e multas eleitorais (valor variável, que
depende do valor arrecadado a cada mês). Grande parte do valor em dinheiro que resta e
utilizado para gastos como atividades do dia a dia, como a manutenção de sedes, pagamento
de pessoal, eventos, campanhas institucionais, etc.
De acordo com Telles (2013, p.24)
O Fundo Especial de Assistência aos Partidos Político, popularmente
chamado de Fundo Partidário, foi garantido pela Constituição e é regulado
pela Lei nº 9.096 de 1995. Ele é constituído por recursos públicos como
também por recursos particulares, porém pode ser desconsiderado, pois é
usual que os particulares prefiram fazer doações diretamente para os partidos
que se sintam ideologicamente representados ao invés de doarem para o
Fundo.
16
É sabido que em nosso país os Partidos Políticos infelizmente um alto índice de
desconfiança por parte da população devido a longa trajetória de escândalos de corrupção no
sistema político do nosso país.
No capítulo mais recente da longa trajetória de escândalos de corrupção do
Brasil, a Operação Lava-Jato revelou fortes evidências de um cartel formado
pelas maiores empreiteiras do Brasil dedicado a ganhar as licitações das
principais obras de infraestrutura do país, em especial aquelas realizadas pela
Petrobrás. No núcleo político deste esquema, há evidências de que um
porcentual do arrecadado nos contratos, muitos com suspeita de
superfaturamento, era repassado aos cofres dos partidos. De fato, há suspeitas
de que parte dos pagamentos foi feito como doações oficiais à campanha da
atual presidente do Brasil, na época candidata à reeleição. Este caso reacendeu
a discussão sobre o modelo brasileiro de custeamento de campanhas.
(BRAGA, 2015, p.24)
Nesse sentido, se faz necessário à contabilidade eleitoral deixa transparecer sempre a
forma clara como o dinheiro tem chegado ao partido e também a forma que ele tem sido
utilizado criando assim uma relação de confiança entre os eleitores e o partido que o seu
candidato e filiado. Braga (2015, p. 15) ressalta que mesmo mediante a proibição de
contribuições financeiras privadas aos partidos políticos a pratica ainda acontece de forma ilegal
o chamado “Caixa dois”.
Algumas campanhas usam verbas não contabilizadas e não declaradas aos órgãos de
fiscalização, tudo isso e depois retribuído aos empresários como favores políticos. Tal pratica
geram consequências negativas como a desigualdade de oportunidades entre os candidatos, o
abuso de poder econômico nas eleições e corrupção. É necessário um fortalecimento dos órgãos
de fiscalização a fim de coibir estas práticas ilícitas que contribuem negativamente para a
clareza do objetivo do fundo partidário destinado a cada partido.
O processo eleitoral brasileiro apresenta avanços significativos e tem se mostrado
grande eficiência no cenário mundial. A Justiça Eleitoral busca garantir eleições seguras,
confiáveis, de apuração rápida e precisa. Brasil tem sido referência quando o assunto se refere
à utilização tecnológica. Outros aspectos, porém, também precisavam de avanços, e a
contabilidade eleitoral deu sua contribuição.
Bacelar (2015, p.12) afirma que:
17
Os partidos necessitam de dinheiro para manterem suas bases,
custearem seus gastos e investirem nas campanhas eleitorais para
pleitearem cargos políticos. E tal investimento tornou-se astronômico.
É aí que surge a questão do financiamento de campanha. O
financiamento de partidos é um assunto que gera muita controvérsia em
praticamente todas as democracias modernas. Não há modelos a se
seguir, além de ser algo não resolvido, mas existem tanto experiências
bem-sucedidas como malsucedidas e que devem ser levados em conta
pelo Poder Legislativo e Judiciário para que se mantenha e evolua a
qualidade e o bom funcionamento da democracia. Este tema vem
recebendo cada vez mais atenção não só no Brasil, mas em todas as
demais nações, o que vem gerando avanços importantes nessa questão.
É sabido que a Justiça Eleitoral mostra avanços significativos na consolidação da
contabilidade como um dos elementos auxiliares na construção da democracia brasileira. A
Constituição prevê a prestação de contas de partidos, essa prestação precisa ser assinada por
um profissional habilitado da contabilidade. Desta forma percebe a importância do profissional
da contabilidade, que é o responsável em adequar toda a gestão das informações do partido com
a transparência necessária para o cumprimento da legislação vigente que busca uma democracia
exercida de forma justa e sem corrupção. A contabilidade dos partidos também tem sido
modernizada com envio das informações sendo feita de forma digital, o que permite maior
rapidez na fiscalização de seus bens por parta da Justiça Eleitoral e Receita Federal. Os ganhos
com um sistema de contabilidade eleitoral digital são mais transparência, menor custo de
armazenamento de dados por parte dos partidos políticos, que também aproveita desta
facilidade para acessar às informações quando necessário e mediante a questionamentos.
O profissional responsável pela contabilidade eleitoral dos partidos políticos deve tem
uma atenção especial as Despesas e Gastos Eleitorais dos partidos. Se caracterizam pelas
destinações dos recursos arrecadados pelos partidos políticos. Mattos, Mendes e Rios (2014, p.
27-28) arrolam os tipos mais comuns de gastos eleitorais:
I - Confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho;
II - Propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer meio de
divulgação, destinada a conquistar votos. III -
Aluguel de locais para a promoção de atos de campanha eleitoral.
IV - Despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a
serviço de candidaturas. V - Correspondências
e despesas postais. VI - Despesas de instalação,
organização e funcionamento de comitês e serviços necessários às eleições.
VII - Remuneração ou gratificação de qualquer espécie paga a quem preste
18
serviço às candidaturas ou aos comitês eleitorais. VIII - Montagem e operação
de carros de som, de propaganda e de assemelhados. IX -
A realização de comícios ou eventos destinados à promoção de candidatura.
X - Produção de programas de rádio, televisão ou vídeo, inclusive os
destinados à propaganda gratuita. XI -
Realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais. XII - Custos
com a criação e inclusão de páginas na internet. XIII - Multas
aplicadas, até as eleições, aos partidos, candidatos ou comitês financeiros por
infração do disposto na legislação eleitoral. XIV - Doações para outros
candidatos ou comitês financeiros. XV - Produção de jingles, vinhetas
e slogans para propaganda eleitoral.
Mendes e Rios (2014, p. 28) ressaltam que os gastos de campanha poderão unicamente
ser saldadas por meio de cheque nominal ou transferência da conta correspondente, posto que,
as despesas eleitorais contraídas pelos candidatos serão de sua responsabilidade, ficando os
comitês financeiros responsáveis apenas pelos gastos que realizarem. Existe uma modalidade
de gasto eleitoral que necessita de cautela na hora de prestar contas por parte da contabilidade
do partido, a chamada “militância não remunerada”. Mattos, Mendes e Rios (2014, p. 29)
descrevem, “A chamada militância não remunerada atua há muito tempo nas campanhas
eleitorais. É composta de pessoas que exercem o direito democrático de colaborar gratuitamente
para o crescimento público do partido e do candidato [...].”
No final da campanha eleitoral e comum surgir dívidas de campanha, que deverão ter
atenção do profissional da contabilidade, pois estas dívidas devem ser saldadas de acordo com
as determinações da Justiça Eleitoral. Neste sentido, Mattos, Mendes e Rios (2014, p. 30)
lecionam como proceder:
O órgão partidário da respectiva circunscrição eleitoral passará a responder
por todas as dívidas solidariamente com o candidato, hipótese em que a
existência do débito não poderá ser considerada como causa para a rejeição
das contas. Os valores arrecadados para a quitação dos débitos de campanha
devem observar os limites legais, provir de fonte sadia, transitar
necessariamente pela conta “Doações para Campanha” do partido político, a
qual somente poderá ser encerrada após a quitação de todos os débitos, e
constar da prestação de contas anual do partido político até a integral quitação
dos débitos, conforme o cronograma do pagamento e quitação apresentado por
ocasião da assunção da dívida. As despesas já contraídas e não pagas até a
data da eleição deverão ser comprovadas por documento fiscal hábil, idôneo
ou por outro meio de prova permitido, emitido na data dar realização da
despesa.
19
Os Possíveis débitos de campanha não saldados até a data de apresentação da prestação
de contas pela contabilidade poderão ser assumidos pelo partido político. Que por sua vez terá
que apresentar um cronograma de pagamento e quitação não ultrapassando, o mesmo, o prazo
fixado para a prestação de contas da eleição subsequente.
Conforme a CF/88 e a LPP (lei 9.096/95), todos os partidos precisam prestar suas contas
ao TSE, ao fim das campanhas eleitorais e anualmente. Essa prestação de contas se assemelha
muito com o que os profissionais das áreas contábeis das empresas realizam no fim do ano.
Mafessoni (2015, p. 42) complementa informando que todos os partidos políticos devem prestar
contas à Justiça Eleitoral, em todas as esferas, os comitês financeiros e os candidatos (eleitos
ou não), mesmo que os mesmos tenham renunciado, tenham sido substituídos, pelo fato de
terem seus registros recusados, mesmo não tendo realizado campanha. No caso de falecimento
do candidato, as prestações de contas do período em que esteve em campanha deverá ser
realizada pelo seu administrador financeiro ou pela direção partidária (Res. TSE 23.406/2014,
art. 33, §6º). Todas as informações prestadas pela contabilidade dos partidos estão disponíveis
na internet, ficando os mesmos disponíveis para a consulta e obtenção por parte dos
interessados.
A Justiça Eleitoral definiu nos arts. 36 e 38 da Resolução-TSE nº 23.406/2014 os prazos
de entrega da prestação de contas, conforme quadro a seguir:
Fonte: Mafessoni (2015, p. 43)
A contabilidade eleitoral dos partidos políticos deve ficar atenta as informações contidas
no quadro de prestação de contas partidárias de cada ano eleitoral, pois a inobservância destes
20
prazos de prestações de contas impede a diplomação e posse dos candidatos eleitos, enquanto
permanecer a irregularidade. Mafessoni (2015, p. 43) complementa afirmando que quando
encerrado o prazo para a prestação das contas e verificado o não cumprimento das exigências,
a Justiça Eleitoral advertira os partidos políticos e candidatos, inclusive vice e suplentes, da
obrigação de prestá-las no prazo de 72 horas, sob pena de serem julgadas não prestadas. As
prestações de contas deverão ser feitas através de um software próprio da Justiça Eleitoral,
disponibilizado para download na internet, o chamado SPCE (Sistema de Prestação de Contas
Eleitorais), onde os setores contábeis dos partidos políticos deverão preencher todas as
informações solicitadas. Após as informações prestadas o sistema emite o Extrato da Prestação
de Contas, certificando a conclusão do envio por meio eletrônico à Justiça Eleitoral, devendo
ser impresso, assinado e protocolizado.
A resolução do TSE Nº 23.406/2014 determina aos partidos políticos que, para prestar
contas, é obrigatória a constituição de um advogado para apresentar as contas de campanha e
de um contador, responsável pela elaboração das prestações de contas e dos demonstrativos
contábeis e acessórios. No que se refere aos demonstrativos contábeis Mattos, Mendes e Rios
(2014, p. 39) discorrem:
Os demonstrativos contábeis, por sua vez, devem conter informações
intrínsecas à sua natureza, como (Art. 33, I, II, III e IV): - a discriminação dos
valores e destinação dos recursos oriundos do fundo partidário; - a origem e o
valor das contribuições e doações; - as despesas de caráter eleitoral, com
especificação e comprovação dos gastos com programas de rádio e televisão,
comitês, propaganda, publicações, comícios e demais atividades de
campanha; e - a discriminação detalhada das receitas e despesas.
O TSE tem por competência a efetiva fiscalização sobre a escrituração contábil e a prestação
de contas dos partidos. TSE determina que o ato da escrituração contábil poderá ser feito
somente por um contador ou um técnico em contabilidade, ambos com inscrição regular no
Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.
Em 2014 o TSE deu um grande passo em conjunto com a contabilidade, onde passou a
exigir as prestações de contas com assinatura de um profissional do segmento, o que reforça a
grande importância que a mesma desempenha no processo de prestação de contas. Através da
contabilidade é possível à Justiça Eleitoral aumentar o nível de confiabilidade no sentido de
mensurar a origem e a destinação dos recursos, bem como, através dos demonstrativos
21
contábeis, prevalece a transparência das contas partidárias, elevando a fiscalização por parte da
Justiça Eleitoral a um novo patamar (MATTOS, MENDES E RIOS, 2014).
Mafessoni (2015, p. 51) complementa que no que se refere aos demonstrativos
contábeis, o profissional da contabilidade dos partidos deve seguir a normatização do CFC para
desempenhar com sucesso, as suas atividades, contribuindo na fiscalização das eleições e da
movimentação financeira de seus envolvidos, bem como tornando as informações prestadas
transparentes e incontestáveis.
Mediante o contexto exposto é percebido que a contabilidade em sintonia com a justiça
eleitoral apresenta um grande avanço social, pois oportuniza a intensificação da fiscalização do
processo eleitoral, coibindo a prática de fraudes e crimes eleitorais, além de ofertar
oportunidades aos profissionais da contabilidade em um novo ramo de atuação. O
reconhecimento da atividade do profissional da contabilidade tem sido vista com bons olhos
pelos partidos políticos, TSE e principalmente pela população eleitoral que acredita que com a
seriedade do trabalho realizado por este profissional, a transparência e honestidade dentro dos
partidos políticos é possível de acontecer. O Conselho Federal de Contabilidade reforça que a
contabilidade eleitoral é a única forma capaz de demonstrar à sociedade quanto custa à
conquista do voto pelos partidos políticos, além de apresentar a situação econômica e financeira
dos órgãos partidários.
Mafessoni (2015, p. 71) complementa afirmado que:
Visto que a contabilidade se faz presente em todas as organizações
públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, o uso de suas
ferramentas auxiliam o alcance do sucesso destas organizações e
contribuem significativamente com a transparência de suas atividades.
Desta forma não há nada mais justo do que a contabilidade se atrelar ao
meio eleitoral, cujo carece de instrumentos eficazes para a mensuração
do patrimônio dos partidos políticos e da transparência das suas
atividades. Contudo, a classe contábil ainda carece de informações e
doutrina sobre como atuar nesse novo ramo.
Barbosa (2015) Alega que poucos profissionais da área de contabilidade estão aptos
para a tarefa de controlar as contas de um partido político, além de se aduzirem pouco
interessados diante da complexidade que lhe é própria da atividade, e também pelo pouco
22
interesse que têm os responsáveis pelos partidos políticos tem em lidarem com rigor diante
de tamanha responsabilidade. Os presidentes de diretórios dos partidos políticos em diferentes
municípios desconsideram a sua responsabilidade, sem saberem que sua vida pessoal pode ser
prejudicada, sendo que o seu CPF é o responsável pelo CNPJ da entidade, arcando com os
prejuízos que podem lhe ocorrer, caso não cumpra com o que determina a legislação e eleitoral
em vigor.
Sabe-se que a regulamentação da contabilização das entidades do terceiro setor ainda é
muito contemporânea no cenário brasileiro, pois recentemente o Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) proferiu-se sobre o assunto, editando normas técnicas aplicáveis às
organizações sem fins lucrativos. De modo geral, os partidos políticos (terceiro setor), seguem
as mesmas normas que são exigidas na contabilidade das empresas em geral (segundo setor),
pois são regulamentadas pela Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976 que dispõe sobre as
Sociedades por Ações. Como já vimos os partidos políticos compõem o terceiro setor, estes se
caracterizam como instituições sem fins lucrativos, as verbas que compõem a sua receita são
provenientes de doações e/ou do fundo partidário, e claro a necessidade de um profissional da
área da contabilidade para prestar contas dessa movimentação de receitas.
De acordo com Silva (2012) é preciso que os profissionais da área de contabilidade
estejam sempre atualizados com as novas tendências do mercado eleitoral, conhecer a
aplicabilidade das normas, se atentar as novas atualizações ou revisões das leis e importante
para atender as exigências deste novo mercado e conquistar o tão sonhado crescimento
profissional. O perfil de profissional desejado pelos partidos políticos é alguém que esteja
sempre atualizado e conectado com a realidade virtual (sendo que as prestações de contas são
feitas de forma eletrônicas com a utilização das redes), um profissional que conheça apresentar
a aplicabilidade das principais técnicas e formas contábeis junto a Prestação de Contas do
Partido e que busca alcançar o entendimento do leitor utilizando uma linguagem acessível e
simples uma vez que este profissional é o responsável pela transparência de todas as financias
do partido.
Ausência de profissionais que dominam essa área da contabilidade, que podem ser a
falta de iniciativa dos demais profissionais, falta de afinidade com a matéria, falta de
material de estudo e mão de obra adequada para que cada vez mais haja
competitividade em nossa região. Para isso, se faz necessário uma maior participação
não só dos profissionais contábeis, como também todos os profissionais e da
23
população como um todo, para que seja mais acessível às prestações de contas dos
partidos políticos, e essa subsidiem a tomada de decisão de todos. (SILVA, 2012, p.
23).
É notório que a sociedade brasileira vivencia e acompanha na atualidade um cenário que
contempla uma crise política e econômica no Brasil. As investigações, os fatos noticiados pela
mídia, às delações realizadas por acusados e o debate ideológico e partidário ameaçam a
credibilidade depositada pelo cidadão brasileiro em seus representantes dentro dos poderes
legislativo e executivo. De acordo com CEPC (Código de Ética Profissional do Contador): “A
profissão contábil deve ser exercida com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica,
observada toda a legislação vigente, em especial aos Princípios de Contabilidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade” (CFC, 1996).
O CEPC não se preocupa apenas em estabelecer como deverá ser a condução do
profissional contábil no exercício da profissão, mas também determina como deverá agir o
contador em determinadas situações. Como exemplo citados abaixo:
• O artigo quinto do CEPC - destaca que o profissional contador
deverá mencionar, obrigatoriamente, fatos que conheça e repute em condições
de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, e que deverá
também assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à
aplicação dos Princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras de
Contabilidade editadas pelo CFC.
• O Artigo décimo primeiro do CEPC - destaca a importância do
comportamento do profissional, para a imagem da classe contábil junto a
sociedade, determinando que o profissional deve zelar pelo prestígio da classe,
pela dignidade profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições;
Tabarin (2017, p.10) afirma que a participação retraída do profissional contábil na
contabilidade eleitoral dos partidos políticos afeta a eixo social dessa ciência, pois as
consequências desse afastamento podem gerar danos diretos à sociedade, na medida em que
verbas públicas estão sendo desvanecida na forma de Fundo Partidário e o destino desses
valores não está sendo contabilizado e fiscalizado como deveria, deixando nítida a necessidade
de se desenvolver novos trabalhos que ampliem a base de pesquisa e, consequentemente, a
discussão do tema a fim de garantir que o profissional contábil forneça informações fidedignas
à sociedade.
24
2.8 Obrigação de Prestar Contas Eleitorais e a Conduta do Profissional Contábil
Um questionamento pertinente que se faz dentro de um contexto legal e ético é se o
profissional contábil pode ser responsabilizado por não investigar e identificar os casos em que
as doações legais sejam realizadas como forma de eventualmente viabilizar a utilização de
recursos com origens ilegais.
Tabarin (2017 P.14) afirma que:
O papel do profissional contábil, no atual modelo utilizado pela Justiça
Eleitoral, é o de assegurar a adequada classificação das receitas arrecadadas e
dos gastos realizados ao longo do processo eleitoral, bem como oferecer
orientação aos candidatos sobre os riscos e as impossibilidades do uso de
recursos de fontes não identificadas ou de fontes vedadas. Também são
obrigações dos profissionais contábeis: organizar, realizar e validar as
prestações de contas do processo eleitoral.
Ainda de acordo com Tabarin (2017), O papel do profissional contábil é fazer as
prestações de contas dos partidos e orientação aos candidatos filiados ao partido, de modo que
as informações prestadas contribuam com a transparência de todo o processo eleitoral
possibilitando assim a exatidão e a retidão dos relatórios outorgados aos Tribunais Regionais e
ao Superior Tribunal Eleitoral. Assim, compete ao profissional contábil orientar o partido
político e o candidato a ele filiado a não utilizar de forma algumas verbas de doações que não
há como ser reconhecida, ou que tenha sido destinada de uma fonte desautorizada a contribuir
com os custos do partido político. Deste modo em nenhum momento a legislação imputa ao
profissional contábil a incumbência de investigar a origem dos recursos financeiros doados
aos partidos políticos. Entende-se que dentro dos afazeres previsto para o profissional contábil
no processo de prestação de contas dos candidatos e dos partidos políticas, no quesito doações
originadas de pessoas jurídicas, aponta-se praticamente inexistente a chance de que o contador
detecte se uma doação é realizada com recursos obtidos de forma ilegais ou provenientes de
situações de corrupção. Caso ocorra a descoberta de irregularidades no partido em relação as
doações ilegais não se podem considerar omissões
25
Diante dos fatos discutidos percebe-se claramente que mediante o período turbulento da
história da política Brasileira, a obrigatoriedade da transparência já está imposta dentro de todos
os partidos políticos existentes em nosso país. Os partidos políticos são a coluna vertebral da
democracia e precisam de profissionais contábeis sérios e competentes para que a transparência
dos recursos financeiros seja declarada aos órgãos fiscalizadores. “Quando se fala em
transparência pública é importante ressaltar que ela começa existindo quando as informações
destinadas ao conhecimento público chegam de forma clara e assimilável”.
(EVANGELISTA, 2010, p. 14)
Segundo Luz (2011) o mercado e a sociedade passaram a reivindicar do profissional
contábil um perfil diferenciado que enxergue, além da adequada competência técnica, a
necessidade de uma postura ética, no intuito de garantir dignidade e confiança às informações
prestadas dos partidos políticos para com os órgãos fiscalizadores. Ressalta a importância da
profissão contábil, que tem a capacidade de gerar transformações sociais. O que se esperar de
todo profissional da área contábil é uma conduta profissional incorruptível, confiável e
responsável, ou seja, uma conduta totalmente ética. "Toda sociedade espera transparência dos
Informes Contábeis, resultados não só de competência profissional, mas, simultaneamente, de
postura ética". (LUZ, 2011, p.8).
Neste contexto Luz (2011) complementa que se revela a função determinante das
normas ético-disciplinares serem trabalhadas nas Instituições de Ensino Superior que ocupa a
importante função de formação do caráter ético dos futuros profissionais em contabilidade.
Desta forma exige-se, neste contexto, o aprimoramento do ensino voltado a formação do
profissional contábil. É preciso que haja um abandono das formas tradicionais de ensino de
contabilidade nas Instituições de Ensino Superior e se atende para a realidade e exigência do
mercado. A interdisciplinaridade que busca visar a possibilitar de uma aproximação entre a
prática e a teoria, suscita a formação de profissionais e cidadãos consciente que saibam perceber
a sua capacidade de transformar a realidade social.
O profissional da contabilidade responde de forma clara e objetiva por toda a
contabilidade eleitoral dos partidos políticos, é importante reconhecer e valorizar a profissão
que tem sido ferramenta importante dentro dos partidos políticos. Entres as suas funções estão
à escrituração, elaboração de balanços e demonstrações contábeis e controle de toda a verba
26
partidária. No campo jurídico penal e civil, estão previstas penalidades ao profissional contábil
que descumpra as obrigações legais determinadas pelos órgãos competentes. Para o profissional
que atua no campo político que recebe recursos públicos e privados é exigido do mesmo uma
constante especialização por meio de cursos de aperfeiçoamento, inteirar-se cotidianamente, de
todas as notícias e novidades que estão ocorrendo em sua área de atuação.
Segundo Rodrigues (2009, p. 22)
A Contabilidade tem papel de destaque nas empresas, uma vez que ao tratar
os fatos, patrimoniais, transformando-os em informações, exercita a sua
principal função. Porém, o Contador não pode ficar limitado ao desempenho
da função de informante. Deve, pelo contrário, estar preparado para a
participação na tomada de decisões, visando identificar e corrigir as
dificuldades e adversidades que surgem ao longo do caminho, através de ações
proativas, baseadas nas informações geradas pela Contabilidade, que pode
oferecer informações precisas de auxílio na tomada de decisões, pode dar
suporte apropriado a essas mudanças, tendo como alavanca de sucesso o Ativo
Humano proveniente de seus profissionais como ferramenta na busca de
crescimento econômico-social das organizações.
Do exposto, e notório que a transparência das informações contábeis dos partidos
políticos é fundamental em decorrência da utilização de recursos financeiros recebidos de
pessoas físicas e públicos advindos do fundo partidário. De acordo com Hingel (2016) o grau
de transparência da contabilidade dos partidos políticos ainda está impassível, ou seja, em
estágio inicial. Para que atinja um patamar de maior satisfação, em termos de informações e
transparência para órgãos fiscalizadores e a população, de acordo com o modelo pretendido,
requer maior atenção aos requisitos legais que tornam mais completas as informações contábeis
exigidas. Sobre a obrigatoriedade da prestação de contas dos partidos, cabe ressaltar que os órgãos
partidários deixam bem claros que o candidato é responsável com a pessoal designada para
administração de sua campanha e elaborará a prestação de contas, que será encaminhada ao
Juiz Eleitoral, diretamente por ele ou por intermédio do partido político.
De acordo com Hingel (2016):
27
A prestação de contas deve ser assinada pelo candidato titular e vice, se houver, pelo
administrador financeiro, na hipótese de prestação de contas de candidato, se
constituído, pelo presidente e tesoureiro do partido político, na hipótese de prestação
de contas de partido político, pelo profissional habilitado em contabilidade e
obrigatória a constituição de advogado para a prestação de contas. (HINGEL, 2016)
Conforme pode-se observar na citação acima, o candidato que renunciar à candidatura,
dela desistir, for substituído ou tiver o registro indeferido pela Justiça Eleitoral deve prestar
contas em relação ao período em que participou do processo eleitoral.
Cabe ressaltar que o presidente e o tesoureiro do partido político são responsáveis pelas
informações e suas veracidades concernentes à prestação de contas do partido, devendo assinar
todos os documentos que fazem parte deste processo e encaminhá-la à Justiça Eleitoral no prazo
legal.
2.10 Elaboração e Apresentação das Contas
As Prestações de contas simplificadas, bem como a prestação de contas padrão, ainda
que não se tenha uma movimentação de recursos, deve ser feita por meio da qualificação do
candidato, além dos responsáveis pela administração de recursos e do profissional habilitado
em contabilidade, através dos recibos eleitorais emitidos, dos recursos arrecadados, com a
identificação das doações recebidas, e financeiras ou estimáveis em dinheiro.
Desta forma, as receitas e despesas, evidenciadas, eventuais sobras e demais processos
nesta esfera, devem ser revelados quando houver diferença entre o saldo financeiro do
demonstrativo de receitas e despesas e o saldo bancário registrado em extrato, e por
conseguinte, precisa-se justificar, por meio de documentos de extratos, inclusive da conta aberta
para movimentação de recursos do Fundo Partidário, evidenciando a movimentação financeira
ou sua ausência, em sua forma definitiva, contemplando todo o período de campanha.
2.11 Comprovação da Arrecadação de Recursos e da Realização de Gastos
Deve ser realizada a comprovação dos recursos capitais que foram arrecadados frente
aos recibos eleitorais dispostos ou até mesmo pela representação do CPF ou CNPJ do doador
registrado na prestação de contas.
28
Assim, da mesma forma, a comprovação da ausência de movimentação de recursos
capitais deve ser realizada com a evidenciação dos correspondentes extratos bancários. Cabe
ressaltar que a ausência de movimentação financeira não isenta o prestador de contas de efetuar
o registro das doações estimáveis em dinheiro.
Havendo indicadores de recursos financeiros recebidos de fonte não informada, apurado
durante o exame, o prestador de contas deverá elucidar tal evento e comprovar a regularidade
da origem dos recursos.
A avaliação do bem ou do serviço doado deve ser feito frente a constatação dos preços
habitualmente mediante a comprovação dos preços habitualmente praticados pelo doador e a
sua adequação aos praticados no mercado, com indicação da fonte de avaliação.
2.12 Prestação de Contas Simplificada
A Justiça Eleitoral tem tomado medidas que facilitem a contabilidade dos gastos dos
candidatos, assim, a Justiça eleitoral, adotou o sistema simplificado de prestação de contas para
candidatos que mostrem movimentações inferiores a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) (Lei nº
9.504/1997, art. 28, § 9º).
Assim, nas eleições para prefeito e vereador em municípios com menos de cinquenta
mil eleitores, a prestação de contas será feita sempre pelo sistema simplificado (Lei 9.504/1997,
art. 28, § 11).
O sistema simplificado é composto por uma análise informatizada, esta ação
desburocratiza os processos de prestação de contas e auxilia na dinamicidade dos processos de
prestação de contas, enxugando gastos desnecessários que possivelmente a máquina pública
teria ao analisar ou destacar setores específicos para a apuração destes processos.
3. ANÁLISE DAS DECISÕES DO TRE/RJ REFERENTE À PRESTAÇÃO DE
CONTAS DOS PARTIDOS QUE RECEBERAM DO FUNDO PARTIDÁRIO EM 2017
E A INFLUÊNCIA DO PERITO CONTÁBIL SOBRE A LEGITIMITADE FISCAL
DAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS
A contabilidade é um processo de grande responsabilidade dentro de uma organização
política, sendo um recurso capaz de monitorar e organizar o seu andamento. É uma área de
29
grande importância em todas as organizações, em especial aos partidos políticos, e merece o
máximo de investimentos em melhorias e tecnologia para que assim o processo de
conhecimento, organização e transparência aconteça de forma eficiente.
Desse modo, o presente estudo de caso pretende abordar as áreas em que a contabilidade
pode beneficiar órgãos públicos, em especial os partidos políticos, bem como analisar as
decisões referentes a prestação de contas dos partidos que receberam fundos partidários em
2017, mostrando como esse processo possui áreas especificas de atuação e estão interligadas,
podendo contribuir com a retidão na condução transparente da máquina pública e nos processos
de pesquisa e investigação de dados, como é o caso da auditoria e controladoria contábil, nas
mais variadas esferas.
A justificativa plausível para a realização deste estudo de caso é o fato de muitos
indivíduos observarem a contabilidade como sendo um recurso de controle numérico,
valorizando apenas a sua parte técnica. A contabilidade vai muito além disso, sendo responsável
pela organização de um órgão e por uma atuação correta dos seus colaboradores. Além disso,
serviços disponibilizados por essa área, como a perícia contábil, em âmbito judiciário, têm sido
cada vez mais utilizados em processos judiciais diversos. Esses e outros serviços e necessidades
tem sido cada vez mais utilizada na atualidade visando à contribuição para uma atuação
eficiente dos partidos políticos.
O objetivo deste estudo é apresentar a contabilidade como um processo que vai além
dos números, mas como um serviço de apoio ao partido político. Pretende-se abordar de forma
específica a importância desse recurso, concernente à prestação de contas dos partidos políticos
e os serviços de Perícia Contábil para dar legitimidade ao processo fiscal, dentro do tribunal
eleitoral, onde muitos magistrados tem utilizado cada vez mais esse recurso na apuração
detalhada de partidos políticos envolvidos em processos diversos, servindo como uma
estratégia eficiente na condução de casos judiciais (ZANNA, 2005).
3.1 Análise e Julgamento das Contas
Para efetuar a aferição das contas, a Justiça Eleitoral pode convocar técnicos do Tribunal
de Contas da União, dos Estados e dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios, bem
como servidores ou empregados públicos do município. (Lei nº 9.504/1997, art. 30, § 3º).
30
Contudo, para a requerimento de técnicos e até mesmo outros profissionais, devem ser
observadas as barreiras aplicáveis aos integrantes de Mesas Receptoras de Votos, previstos nos
incisos de I a III do § 1º do art. 120 do Código Eleitoral.
As razões de impedimento apresentadas pelos técnicos requisitados serão submetidas à apreciação da Justiça Eleitoral e somente poderão ser alegadas até cinco dias contados da designação, salvo na hipótese de motivos supervenientes.
Havendo indício de irregularidade na prestação de contas, a Justiça Eleitoral pode requisitar diretamente ou por delegação informações adicionais, bem como determinar diligências específicas para a complementação dos dados ou para o saneamento das falhas, com a perfeita identificação dos documentos ou elementos que devem ser apresentados (Lei nº 9.504/1997, art. 30, § 4º).
Cabe salientar que o regime legal impõe um prazo de setenta e duas horas contadas da
intimação, sob pena de preclusão para os candidatos políticos.
Na fase de exame técnico, inclusive de contas parciais, a unidade ou o responsável pela
análise técnica das contas pode promover circularizações, fixando prazo máximo de setenta e
duas horas para cumprimento.
É importante compreender que a aprovação com ressalvas da prestação de contas não
determina o retorno dos recursos financeiros que foram recebidos de fonte não declarada, assim,
quando se verifica a ausência de comprovação da utilização dos recursos do Fundo Partidário
ou a sua utilização indevida, a decisão que julgar as contas determinará a devolução do valor
correspondente ao Tesouro Nacional no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado.
Portanto, o posicionamento que o TSE tomar relativo as contas eleitorais como não
prestadas acarreta ao candidato, o impedimento de obter a certidão de quitação eleitoral até o
final da legislatura e até mesmo na perda do direito ao recebimento da cota do Fundo Partidário.
“Desaprovadas as contas, a Justiça Eleitoral remeterá cópia de todo o processo ao Ministério
Público Eleitoral para os fins previstos no art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990” (Lei nº
9.504/1997, art. 22, § 4º). “A inobservância do prazo para encaminhamento das prestações de
contas impede a diplomação dos eleitos enquanto perdurar a omissão” (Lei nº 9.504/1997, art.
29, § 2º).
3.2 Fiscalização
31
No processo eleitoral, a Justiça Eleitoral fiscaliza a arrecadação e a aplicação de
recursos, visando subsidiar a análise das prestações de contas. Cabe ressaltar que a fiscalização
ocorre mediante a autorização do presidente do Tribunal ou do relator do processo, caso já tenha
sido designado, ou ainda do Juiz Eleitoral.
Na hipótese de a fiscalização ocorrer em uma cidade que difere da sede, a autoridade
judiciária pode solicitar ao Juiz da respectiva circunscrição eleitoral que designe servidor da
Zona Eleitoral para exercer a fiscalização. “Os órgãos e as entidades da administração pública
direta e indireta devem fornecer informações na área de sua competência, quando solicitadas
pela Justiça Eleitoral” (Lei nº 9.504/1997, art. 94-A, inciso I).
Para que uma fiscalização siga em seu processo de apuração de maneira eficiente é
necessário que muitas ações e estratégias sejam implantadas e observadas. A contabilidade,
nesta esfera, é uma área que precisa funcionar com perfeição dentro do processo, de modo a
garantir a apuração correta dos dados financeiros e, consequentemente a segurança financeira
(ASSAF NETO; SILVA, 2002).
Desse modo, a contabilidade é um processo que vai além da verificação e apuração
numérica, sendo também um importante recurso responsável pelas relações empresariais e pela
busca da retidão nas atividades financeiras dos partidos políticos. Ainda segundo Hastings
(2007):
A cada momento, o conjunto de direitos e obrigações de uma organização apresenta-
se em determinado estado; na passagem de um momento para outro, o estado desses
direitos e obrigações pode alterar-se em consequência da própria dinâmica social.
(HASTINGS, 2007, p. 06).
Segundo Assaf Neto; Silva (2002), a contabilidade é um instrumento que garante aos
partidos políticos o dever e o caminho para que seus compromissos sejam liquidados de forma
correta e em tempo real, tendo assim um papel primordial dentro da esfera política, a fim de
garantir a transparência das movimentações financeiras.
A contabilidade possui muitos caminhos de apoio para a esfera judiciária, existindo
assim algumas formas específicas de coordenação e checagem de detalhes específicos a fim de
manter a retidão nos processos financeiros dos órgãos públicos (ASSAF NETO; SILVA, 2002).
3.3 O Papel do Perito Contador e sua Importância
32
Conforme é proposto relatar e fazer entender neste presente estudo, o Perito Contador tem
uma importância fundamental no trabalho da Perícia Judicial. Portanto, o perito é aquele
profissional que possui um nível de conhecimento apurado acerca de questões técnicas
necessárias para a investigação, além de ser uma pessoa que está à disposição do judiciário,
prestando informações ao juiz toda vez que lhe for solicitado (ALBERTO, 2002).
É uma função e prática pessoal do perito confrontar informações, levantar
questionamentos, levantar dúvidas e possibilidades que deverão ser concretizadas ou não no
processo de investigação. É função dele ouvir, questionar a natureza dos fatos narrados pelos
litigantes e por aquele que está julgando. O perito contador judicial pode contar com a ajuda de
outro profissional com funções similares as suas: o assistente técnico. Esse profissional possui
funções similares ao do perito contador, mas nada mais é do que um auxiliar contratado e pago
pela parte indicada a fim de dar maior clareza ao processo de investigação. Sobre isso, Ornelas
(2003) afirma que:
Uma das grandes diferenças que leva ao tratamento desigual reside no fato de o perito
judicial ser “auxiliar da justiça”, prestando um “múnus público” e estando equiparado,
para efeitos penais, ao funcionário público. Já o assistente técnico é pago pela parte
que o indicou e para ela trabalha, podendo, assim, dar uma “maior elasticidade à sua
crítica técnica”, diferentemente do perito judicial, que deve permanecer imparcial
entre o autor e o réu, respondendo, fundamentalmente, às questões, mas sem lhes dar
a “elasticidade” permitida ao assistente técnico. (ORNELAS, 2003).
O perito contador judicial é contratado diretamente por um juiz e deve obedecer a alguns
requisitos para ser nomeado. Esses requisitos passam pela sua formação acadêmica adequada e
pelo seu devido registro no órgão competente, conforme já foi evidenciado neste trabalho. Ou
seja, o profissional precisa ter conhecimento técnico devidamente registrado e competência
para ocupar essa função de tamanha responsabilidade. Vale ressaltar que esse profissional goza
confiança do juiz para atuar na devida função em que foi nomeado.
O artigo 145 do Código de Processo Civil (CPC) prevê que:
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o
juiz será assistido por perito, segundo o disposto no Art. 421. § 1o Os peritos serão
escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão
de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código.
(Incluído pela Lei nº 7.270, de 1984) § 2o Os peritos comprovarão sua especialidade
na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que
estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 1984) § 3o Nas localidades onde
não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos
anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. (Incluído pela Lei nº
7.270, de 1984). (BRASIL, 1973).
33
O trabalho do perito contador judicial é baseado nos temas relatados no processo em
questão. É o seu trabalho colocar a prova todos os detalhes onde exista algum ponto de dúvida,
necessitando assim de uma investigação contundente acerca do que se está em questão
(MULLER et.al, 2009).
O perito precisa estar sempre alerta quanto as suas responsabilidades e quanto à sua
missão, ponderando e colocando em prática todo o seu conhecimento técnico, avaliando
negligências e erros da parte investigada. O profissional deve obedecer alguns requisitos
específicos para executar sua função com excelência. Esses requisitos são: Conhecimento
técnico e científico, experiência profissional e atitude positiva (ORNELAS, 2003).
Quanto à questão do conhecimento técnico e científico, vale ressaltar que em alguns casos
a formação acadêmica não é fator fundamental para que uma pessoa possa atuar como perito
em um determinado tema. Pode-se citar o ofício de sapateiro ou de um açougueiro, cujos
conhecimentos foram transmitidos a esses através de uma maneira informal ou autodidata. Cabe
ao mesmo, no entanto, ter qualificações técnicas suficientes para saber criar provas acerva do
ofício que exerce. No caso do perito contador judicial, a profissão requer formação específica
e regulamentada em Ciências Contábeis para a devida atuação profissional (HOOG, 2008).
No que se refere à experiência profissional, o perito precisa ter uma intensa bagagem de
conhecimento para que assim possa avaliar melhor as provas e os estudos específicos
pertinentes a sua função. A atuação prática será capaz de proporcionar ao perito esse
armazenamento de experiências que serão adquiridas com o seu tempo de atuação.
Ornelas (2003) orienta que:
Não basta, porém, o diploma e o registro no Conselho. É necessário que o perito tenha
uma experiência profissional na matéria objeto da perícia, o que só é possível com a
vivência profissional na área respectiva. Essa cautela é importante por parte do
magistrado, que não deve confiar nos “cartões de visita” do perito ou candidato a
perito, sob pena de vir a sofrer agravos junto ao Tribunal, por causa da inexperiência
do perito que o nomeou. (ORNELAS, 2003).
Quanto ao terceiro requisito, está à chamada atitude positiva que nada mais é do que o
profissional ter uma conduta profissional de atuação totalmente idônea. É muito bem-vindo o
desejo de um aprimoramento constante por parte do profissional, buscando conhecimento
embasamento para a sua atuação no mercado de trabalho (HOOG, 2008).
Segundo Zanna (2005), o perito contador judicial, visto como um prestador de serviços é
cobrado no que se diz respeito à sua eficiência profissional. Os clientes depositam nele a sua
total confiança e aguardam a partir da sua contratação um serviço que seja totalmente verídico
34
e confiável. A perfeição é a única coisa que importa para os clientes, portanto, há um nível
imenso de exigências.
Sá (2000) fez um estudo detalhado que avalia a qualidade dos serviços prestados pelo
perito contador judicial, onde foram apresentadas cinco dimensões gerais daquilo que é
considerado essencial para o bom desempenho do profissional. São elas:
Confiabilidade: a capacidade de prestar o serviço prometido de modo confiável e com
precisão;
Tangíveis: a aparência física de instalações, equipamentos, pessoa e materiais de
comunicação;
Sensibilidade: a disposição para ajudar o cliente e proporcionar com presteza um
serviço;
Segurança: o conhecimento e a cortesia de empregados e sua habilidade em transmitir
confiança e confiabilidade.
Empatia: a atenção e o carinho individualizados proporcionados aos clientes. (SÁ,
2000).
Portanto, esse conjunto de fatores é essencial para o sucesso do perito contador, mas
existem outros fatores que o profissional precisa ter como qualidades fundamentais em seu
ofício: um conhecimento técnico indiscutível e bem embasado e um comportamento acima de
quaisquer suspeitas. Esses são itens fundamentais observados e cobrados pelo cliente que busca
a qualidade e excelência dos serviços prestados (SÁ, 2000).
3.4 Distribuição do Fundo Partidário em 2017
Todos os partidos podem receber o fundo partidário, desde que estejam registrados no
Tribunal Superior Eleitoral, sendo assim, estes partidos têm direito a uma fração do fundo.
Contudo, se o partido tiver suas contas rejeitadas, ficará suspenso de receber o fundo e ainda
poderá sofrer multas.
De acordo com a Lei 9.096/95, parte dos gastos provenientes do fundo partidário deve
ser destinados a algumas atividades obrigatórias, são elas: 20% para a criação e manutenção de
um instituto de pesquisa, 5% para programas de promoção da participação das mulheres e os
restantes é utilizado para as despesas de campanha. Desta forma, cada partido define como
melhor empregará seus recursos, contudo, há limites para gastos com pessoal.
35
Sobre a distribuição do fundo partidário, cabe ressaltar que 5% do recurso é destinado
para todos os partidos de forma isonômica, ou seja, todos os partidos registrados no TSE
receberão igualmente essa parte, os outros 95% são divididos fracionados proporcionalmente
de acordo com o total de deputados na Câmara Federal , assim sendo, os 95% dos recursos
disponíveis pela União vão depender do número de deputados federais de cada partido.
É importante lembrar que o fundo partidário tem crescido substancialmente ao longo
dos anos, em 2010, por exemplo o fundo partidário foi cerca de R$200 milhões, já em 2015 o
fundo partidário chegou a R$ 867,5 milhões. Pode-se observar que o fundo partidário
atualmente é bem superior aos anos anteriores.
A justificativa é que as doações privadas foram muito menores do que o normal em
2015, em 2016, o Fundo distribuiu R$ 819 milhões, entre duodécimos e multas.
Na figura a seguir, pode-se observar a distribuição do fundo partidário no ano de 2017
Figura 1 - Distribuição do Fundo Partidário em 2017
Fonte: https://www.poder360.com.br/wp-content/uploads/2017/04/FundoPartidario-2017-tse.pdf
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Conforme o quadro evidenciado, pode-se notar que grandes partidos, tais como PT,
PSDB, MDB, detém uma fatia pesada do orçamento, uma vez que esses partidos possuem
vários deputados ativos no Congresso.
De fato, o fundo partidário é algo importante e essencial para a manutenção dos partidos
políticos, porém, é importante observar que o crescimento de recursos disponibilizado a cada
ano é estratosférico, mesmo que os partidos aleguem a atenuação de doações privadas, se faz
necessário a aferição mais detalhada sobre a real necessidade de tanto recurso.
Para o profissional contador, é importante ponderar, seja em qualquer esfera, as entradas
e saídas dos recursos financeiros, uma vez que seu papel, em seu conceito holístico, é cuidar e
zelar pela saúde financeira de uma organização, seja ela pública ou privada. Essa análise
permite ao profissional exercitar e otimizar suas tomadas de decisões em seu escritório contábil.
Assim, ao analisar a realidade dos partidos políticos no Brasil, percebe-se o aumento substancial
dos repasses realizados pela União a título de fundo partidário nos últimos anos, conforme já
foi evidenciado neste estudo, porém, cabe ponderar se a tendência, que se mostra clara, é o
Governo ser o principal financiador dos partidos e da política de modo geral. Assim, cabe aos
profissionais da contabilidade e também a sociedade se tornarem ainda mais vigilantes à
aplicação desse montante de recursos que suscitam discussões, frente à escassez financeira tão
evidenciada nos últimos anos. Portanto, destaca-se substancialmente a importância do
profissional contador, para que ao menos haja transparência e retidão sobre os gastos públicos.
CONCLUSÃO
As ciências contábeis é uma ferramenta importante e necessária para a sociedade, uma
vez que ela é essencial aos indivíduos que utilizam informações sobre saúde financeira sobre
organizações, desta forma, é importante salientar que a prestação de contas dos partidos
políticos é uma ação importante para a sociedade, haja vista que as informações contábeis e
financeiras é de fundamental importância, em especial, sobre que tem ou terão a função de nos
representar.
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Desta forma, a partir do desenvolvimento do estudo de caso, considera-se atingido o
objetivo geral desta monografia, que foi discutir a necessidade da contabilidade na prestação de
contas dos partidos políticos e analisar o fundo partidário concedido em 2017.
Da mesma forma, os objetivos paralelos ao cerne do trabalho também foram alcançados,
pois buscaram: evidenciar, na esfera contábil, os conceitos da contabilidade eleitoral e elencar
os aspectos contábeis exigidos pelo TRE e TSE na prestação de contas dos partidos políticos.
Portanto, frente do que foi apresentado ao longo do trabalho, pode-se afirmar que o
profissional contábil é de grande importância para a sociedade. De modo detalhado, sobre a
temática proposta, pode-se afirmar que o profissional contábil é responsável na prestação de
contas dos partidos, uma que ele deve registrar todas as movimentações financeiras neste
âmbito, evidenciando, por conseguinte, as origens dos recursos, além de mostrar de onde foram
aplicados, buscando compreender as legislações desta área e também buscando a garantia a
credibilidade de seus processos.
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