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A Escola Eclética da Criminologia e a contribuição de Von Liszt para a ciência penal: O estudo da criminologia como ciência auxiliar do direito penal se mostra deveras essencial para a compreensão do crime como fenômeno. Nesse elastério, não basta o conhecimento das normas jurídico - penais, é imprescindível o reconhecimento da contribuição que outros ´´saberes`` fornecem a dogmática penal, sem contudo retirar dela seu caráter sancionador. Assim, é possível afirmar que a criminologia, enquanto ciência, possui um caráter plúrimo, posto que recebe a influência e contribuição de diversas ciências (Psicologia, Sociologia, Biologia, Medicina Legal, Criminalística, Direito, Política) 1 . Na evolução histórica da criminologia, dois períodos são bem delineados: a Escola Clássica (pré-científica) e Positivista (período científico), todavia, durante estas fases várias teorias influenciaram a formação do pensamento criminológico moderno, principalmente as escolas ecléticas, que tinham como escopo harmonizar os postulados do positivismo com os dogmas clássicos, ainda que não tenha contribuído com nenhuma teoria nova, mas seus estudos foram significantes no desenvolvimento de temas como livre arbítrio, finalidade da pena enquanto castigo, administração penal, conflito entre exigências formais e garantias do indivíduo as da defesa da ordem social (Direito Penal e Política criminal), funções, limites e prevenção ao crime. 1 Lélio Braga Calhau, Resumo de Criminologia, p.

A Escola Eclética da Criminologia e a contribuição de Von Liszt para a ciência penal

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A Escola Eclética da Criminologia e a contribuição de Von Liszt para a ciência penal

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Page 1: A Escola Eclética da Criminologia e a contribuição de Von Liszt para a ciência penal

A Escola Eclética da Criminologia e a contribuição de Von Liszt

para a ciência penal:

O estudo da criminologia como ciência auxiliar do direito penal se

mostra deveras essencial para a compreensão do crime como fenômeno.

Nesse elastério, não basta o conhecimento das normas jurídico -

penais, é imprescindível o reconhecimento da contribuição que outros

´´saberes`` fornecem a dogmática penal, sem contudo retirar dela seu caráter

sancionador.

Assim, é possível afirmar que a criminologia, enquanto ciência,

possui um caráter plúrimo, posto que recebe a influência e contribuição de

diversas ciências (Psicologia, Sociologia, Biologia, Medicina Legal,

Criminalística, Direito, Política)1.

Na evolução histórica da criminologia, dois períodos são bem

delineados: a Escola Clássica (pré-científica) e Positivista (período científico),

todavia, durante estas fases várias teorias influenciaram a formação do

pensamento criminológico moderno, principalmente as escolas ecléticas, que

tinham como escopo harmonizar os postulados do positivismo com os dogmas

clássicos, ainda que não tenha contribuído com nenhuma teoria nova, mas

seus estudos foram significantes no desenvolvimento de temas como livre

arbítrio, finalidade da pena enquanto castigo, administração penal, conflito

entre exigências formais e garantias do indivíduo as da defesa da ordem social

(Direito Penal e Política criminal), funções, limites e prevenção ao crime.

1Lélio Braga Calhau, Resumo de Criminologia, p.

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Destarte, a Escola Eclética despontou com três vertentes

principais: a terza scuola, escola alemã e escola da defesa social, dentre as

quais, destacamos a escola germânica, principalmente pelas contribuições de

um dos maiores expoentes criminais de sua época, Von Liszt, cujo estudos

influenciam até hoje o estudo do direito penal2.

Segundo Von Liszt3, a pena justa é a pena necessária4, não

admitindo inicialmente o livre arbítrio, substituindo-a pela normalidade como

condutor volitivo do individuo, priorizando a prevenção especial em detrimento

do caráter retributivo da pena.

Através de seus estudos, principalmente a partir de 1882, com

seu famoso programa de Marburgo – A idéia do fim no Direito Penal, no qual

revolucionou os conceitos positivistas do Direito Penal, Von Liszt introduziu na

concepção de ciências penais a Criminologia e a Penalogia (expressão que

teria sido criada por ele mesmo).

Além das contribuições mencionadas, o ilustre jurista viria ainda a

trazer a sua tese magna de ´´ Ciência Total ou Totalizadora do Direto Penal``,

segundo o qual deveria fazer parte da dogmática penal, as ciências da:

antropologia Criminal, psicologia criminal e estatística criminal.

2 ´´Von Liszt (1851-1919) foi discípulo de grandes mestres, dentre os mais destacados foram Adolf Merkel

e Rudolf Von Ihering, recebendo grande influência deste último, inclusive quanto à idéia de fim do

Direito, que motivou toda a orientação do sistema que Liszt viria a construir`` (Cézar Roberto Bitencourt,

Tratado de Direito Penal, p. 60). 3Não obstante, afirma o saudoso professor Frederico Marques que: ´´o entendimento de Von Liszt sobre

política criminal está hoje praticamente rejeitado. Para esse grande penalista, ela seria o conjunto

sistemático de princípios segundo os quais deve o Estado conduzir a luta contra o crime por meio da

pena e instituições afins e dos efeitos da pena e medidas congêneres. Com esse significado amplo, ela foi

antes uma corrente doutrinária que em sua época teve grande influência. A União Internacional de

Direito Penal, fundada por VON LISZT, VON HAMEL e ADOLFO PRINS, marcou o seu ponto culminante``

(Tratado de Direito Penal, p. 94). 4Idem, p. 61.

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Tais ciências, juntas poderiam obter e coordenar um

conhecimento cientifico das causas que ensejam a prática delitiva, assim

podendo atuar de forma mais eficaz no seu combate.

Diante de tal propositura, afastou-se do pensamento clássico, que

pretendia lutar contra o crime sem conhecer cientificamente suas causas.

De outro lado, afastou-se do pensamento positivista ao propor a

conservação das garantias individuais e os direitos dos cidadãos.

Referencias bibliográficas

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal- Parte Geral . 11ª ed. atual.

São Paulo: Saraiva, 2007. V.1.

CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia . 2ª ed. ampl. e atual. Rio de

Janeiro: Impetus, 2007.

MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal . 1ª ed. atual. Campinas

(SP): Bookseller, 1997. V.1.

MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia . 7ª ed.

refor. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2010.