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ANO 14 - Nº 148 PORTO ALEGRE OUTUBRO/2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA A FREIRA DOS MIGRANTES No Sábado, dia 18 /09, conheci a Irmã Terezinha Morandi, 63 anos que conhecia apenas de nome. Não lembrava dela, em hipótese alguma. Foi assim: eu ia indo na minha caminhada que faço sempre que vou a Serafina (dá 8 km entre ida e volta a capela São Pedro) - estou me preparando fisicamente pra fazer o caminho de Compostela - quando vi uma senhora varrendo o chão na frente da casa da antiga família de Paulino Morandi, cuja casa continua a mesma dos meus tempos de infância, isto é, 50 anos atrás, quando eu ia a pé até a capelinha que antes se chamava Santo Antônio e agora se chama São Pedro (houve uma briga lá entre duas capelas e o padre, como sempre, disse que agora é assim e estamos entendidos). Pois parei, perguntei pelo Arlindo, que é seu irmão que está fazendo quimioterapia, tratando um câncer e ela me convidou pra entrar e visitá-lo. O enfermo estava deitado num sofá, descansando e com ela, acabei tendo uma longa conversa, principalmente depois que fiquei a sós. Me contou que chegou por acaso em casa, porque fora a Caravaggio (freira é assim, está sempre com programas religiosos) e por acaso passou em casa, como disse (referiu-se a antiga casa onde nasceu e pertenceu a seus pais, ambos falecidos) e encontrou o irmão praticamente morrendo. Fora ao médico, não diagnosticaram logo o câncer e ele estava muito mal. Ela tomou as providências necessárias...e depois entre queixas e lembranças dos tempos em que passou lá a infância, dos problemas que teve com a madrasta,- "ela continua na pagina 3 queria que a gente a chamasse de mãe mas eu nunca consegui", contou - Dorvalina, porque a mãe, Albina, dos seis irmãos (as 3 mulheres são freiras) morreu de câncer, assim que eles se mudaram de Nova Pádua para Serafina. Bom, finda a conversa segui meu caminho.... No domingo, repeti a caminha e levei junto meu gravador. No domingo a freira estava sentada na sacada da casa do irmão vizinho a casa velha dos Morandi e lá tomava mate com o irmão mais velho, Natalino, sua esposa e os dois filhos. Entrei e liguei o gravador. Não sei o que houve que os primeiros depoimentos dela não ficaram gravados, pelo menos ainda não achei na fita. Mas a segunda parte do depoimento da freira gravou ....Eis a seguir o que ela contou de sua (rica) experiência durante nove anos em Porto Velho, nos anos 80, trabalhando com os retirantes que chegam do Nordeste, do Sul, de Minas e outras regiões em busca de novos horizontes.... "O pessoal ia pra lá iludido. Muita gente ia por causa das terras que já tinha falado antes (a irmã Terezinha se refere aos imigrantes do nordeste que iam nos anos 80 de ônibus para ocupar as terras da Rondônia). Outros iam pra trabalhar no garimpo e acabavam encontrando a morte. O garimpo funciona da seguinte maneira: o pessoal trabalha, tem os donos das dragas, né, então o rio Madeira era cheio de drageiro. Muita gente foi pra lá para trabalhar e morreu.... Dai quando eles encontravam ouro, eles colocavam também numa bolsinha que levam escondida embaixo, por dentro da calça. Mas isto se es palhava entre os colegas. E muitos dos garimpeiros que desciam dentro do rio atrás de ouro com a sua bolsa tinham o oxigênio cortado pelos que ficavam nas dragas...e pegavam o ouro deles... AS DRAGAS NO RIO MADEIRA... A DURA VIDA DO GARIMPO.... Natalino("Nene") irmã Maria,Paulino,Terezinha Morandi(freira) e Irma Pan em janeiro de 1968 junto ao prédio do Noviciado em Caxias do Sul. Acervo de Irmã Terezinha.

A FREIRA DOS MIGRANTES - De Olhos e Ouvidos - Blog do … · 2011-11-25 · duas vezes nos últimos tempos. Freguês chegou de táxi numa noite ... e a rodoviária era a de Porto

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ANO 14 - Nº 148PORTO ALEGREOUTUBRO/2011

DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

A FREIRA DOS MIGRANTES

No Sábado, dia 18 /09, conheci a Irmã Terezinha Morandi, 63 anos que conhecia apenas de nome. Não lembrava dela, em hipótese alguma. Foi assim: eu ia indo na minha caminhada que faço sempre que vou a Serafina (dá 8 km entre ida e volta a capela São Pedro) - estou me preparando fisicamente pra fazer o caminho de Compostela - quando vi uma senhora varrendo o chão na frente da casa da antiga família de Paulino Morandi, cuja casa continua a mesma dos meus tempos de infância, isto é, 50 anos atrás, quando eu ia a pé até a capelinha que antes se chamava Santo Antônio e agora se chama São Pedro (houve uma briga lá entre duas capelas e o padre, como sempre, disse que agora é assim e estamos entendidos). Pois parei, perguntei pelo Arlindo, que é seu irmão que está fazendo quimioterapia, tratando um câncer e ela me convidou pra entrar e visitá-lo. O enfermo estava deitado num sofá, descansando e com ela, acabei tendo uma longa conversa, principalmente depois que fiquei a sós. Me contou que chegou por acaso em casa, porque fora a Caravaggio (freira é assim, está sempre com programas religiosos) e por acaso passou em casa, como disse (referiu-se a antiga casa onde nasceu e pertenceu a seus pais, ambos falecidos) e encontrou o irmão praticamente morrendo. Fora ao médico, não diagnosticaram logo o câncer e ele estava muito mal. Ela tomou as providências necessárias...e depois entre queixas e lembranças dos tempos em que passou lá a infância, dos problemas que teve com a madrasta,- "ela

continua na pagina 3

queria que a gente a chamasse de mãe mas eu nunca consegui", contou - Dorvalina, porque a mãe, Albina, dos seis irmãos (as 3 mulheres são freiras) morreu de câncer, assim que eles se mudaram de Nova Pádua para Serafina.

Bom, finda a conversa segui meu caminho....No domingo, repeti a caminha e levei junto

meu gravador. No domingo a freira estava sentada na sacada da casa do irmão vizinho a casa velha dos Morandi e lá tomava mate com o irmão mais velho, Natalino, sua esposa e os dois filhos.

Entrei e liguei o gravador. Não sei o que houve que os primeiros depoimentos dela não ficaram gravados, pelo menos ainda não achei na fita. Mas a segunda parte do depoimento da freira gravou ....Eis a seguir o que ela contou de sua (rica) experiência durante nove anos em Porto Velho, nos anos 80, trabalhando com os retirantes que chegam do Nordeste, do Sul, de Minas e outras regiões em busca de novos horizontes....

"O pessoal ia pra lá iludido. Muita gente ia por causa das terras que já tinha falado antes (a irmã Terezinha se refere aos imigrantes do nordeste que iam nos anos 80 de ônibus para ocupar as terras da Rondônia).

Outros iam pra trabalhar no garimpo e acabavam encontrando a morte. O garimpo funciona da seguinte maneira: o pessoal trabalha, tem os donos das dragas, né, então o rio Madeira era cheio de drageiro. Muita gente foi pra lá para trabalhar e morreu....

Dai quando eles encontravam ouro, eles colocavam também numa bolsinha que levam escondida embaixo, por dentro da calça. Mas isto se es palhava entre os colegas. E muitos dos garimpeiros que desciam dentro do rio atrás de ouro com a sua bolsa tinham o oxigênio cortado pelos que ficavam nas dragas...e pegavam o ouro deles...

AS DRAGAS NO RIO MADEIRA...A DURA VIDA DO GARIMPO....

Natalino("Nene") irmã Maria,Paulino,Terezinha Morandi(freira) e Irma Pan em janeiro de 1968 junto ao prédio do Noviciado em Caxias do Sul. Acervo de Irmã Terezinha.

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Propriedade de Olides Canton - MECNPJ 94.974.953/0001-02Editor: Jorn. Olides Canton - Mtb 4959Endereço: Av. Lavras, 425/303Fone/Fax: (51) 3330.6803e-mail: [email protected] 90460-040 - Porto Alegre/RSEditoração Eletrônica: Rita Martins(9832.8385)e-mail: [email protected]ão: RM&L Gráfica (3347.6575/3061.2900)Os artigos assinados são de responsabilidade dosautores. Os colaboradores não têm vínculoempregatício.

EXPEDIENTE forno à lenha

Horário:

Das 11h da à 1h30min da ININTERRUPTAMENTEmanhã madrugada

3331.96993331.1749

Almoço:

SextaSábadoDomingo eFeriado

FOFOCAS DA NOITE

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AL NUR, resturante árabe na Protásio, local de chiques, foi assaltado duas vezes nos últimos tempos. Freguês chegou de táxi numa noite destas e o garção avisou que tinham acabado de fazer a limpa nos fregueses. - Sai fora, sai fora, disse o garção pro Jorge Papyrus, limparam todos aqui. Nem desce do táxi....Foi o que o Jorge fez...e nem registraram na Policia e nem deu na imprensa.

Falar nisto, tem um garção no Agapio da José de Alencar que mete medo em todos, até no dono. É que o cara entrou pruma religião que faz "trabalhos". A turma se pela de medo, ninguém quer briga com ele..

Juan Arturo, garção do Café Tribuna, no primeiro andar da Assembléia Legislativa do Estado, uruguaio, promete lançar um livro. Vai contar a história da argentina rica que ele namorou em Rosário, durante sua juventude... Arturo é um sempre atento garção e atende bem aos fregueses que vão tomar um café, ou lanchar no local.

Serginho, cuidador de carros da rodoviária, que é HOMEM MACACO NO BEIRA RIO, será candidato a vereador pelo PPS, partido do presidente do Grêmio, Paulo Odone. Tudo pra implicar com o Giovani Luigi, que é o gerente da rodoviária de Porto Alegre e que Serginho esperava melhor tratamento quando fosse pro mais alto cargo do seu time.

Morreu Manoel Morais, aos 58 anos, irmão do Aníbal, dono de uma casa de lanches da Voluntários da Pátria. Manoel foi assaltado dentro do seu bar. Uns acharam o assalto estranho.

MARIO FERNANDES, jogador do Grêmio, que não foi pra seleção teria estado na véspera num boteco na Cidade Baixa, até quase a hora de embarcar. É o que dizem por aí...

Galvão Bueno, que passou por Portinho pra degustação de vinhos, chegou atrasado aos roteiros que tinha que cumprir, mas acabou dando tudo certo. Muita tietagem pra cima do narrador principal da Globo.

CENA URBANA

Na segunda, dia 3.10, na CARLOS TREIN FILHO, o motorista do T-9, lá pelas 11h30 minutos, perdeu a paciência com a fila dupla de carros que se forma na frente de um colegio de inglês: quem vai buscar os filhos, que estão saindo da escola, larga o carro no meio da Carlos Trein Filho....e o onibus não consegue passar.AZUIZINHOS DA EPTC...?????!!!!!!!Nem pensar, é mais fácil achar uma agulha num oceano do que um azulzinho ali pra multar quem larga o carro interrompendo os demais.

Dr. Belmar AndradeØ Cardiologia Preventiva e Cardiologia do EsporteØ Avaliação para prática esportiva

Ø Eletrocardiograma e teste ergométrico

Terças e Quintas à tarde

Av. Praia de Belas, 2174 / 307 - Fone: (51)3907.4093

belmar [email protected]

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AS MORTES NO GARIMPO!!!!OS ENTERROS NA VALA COMUM!!!

O TRABALHO COM OS MIGRANTES!!!!

OS CRIMES NOS ACERTOS DE CONTA

Muita gente morreu lá. Eu morava perto da rodoviária (isto foi nos anos 80, e a rodoviária era a de Porto Velho, na Rondônia) eu morava perto da rodoviária e dois quarteirões pra cá tinha no começo que eu fui pra lá eu trabalhava em uma parte do dia no estado. Trabalhava com os migrantes qu eram... Tinha muitos homens lá na casa de acolhida. Daí passava lá todo dia tinha garimpeiro morto. Ninguém sabia o que acontecia. Aparecia lá e deixavam lá na funerária. Um dia, dois dias... quando não apareciam os donos e a ninguém reclamava ia pra vala comum. Chamavam de vala. Uma vala comprida, sem divisória, do tamanho de uma pessoa, né. Daí eles põem lá dentro um do lado do outro, depois enterra lá. Então enterrava um bem na linha do outro que nem a gente empalha a mandioca pra semente (aqui a freira quis fazer uma comparação com as mandioca pra semente (aqui a freira quis fazer uma comparação com as mandiocas que são separadas pra serem replantadas porque como filha de agricultoras ela já fez isto muito tempo...) desse jeito era... quando vi pela primeira vez eu fiquei louca, disse:

- Meu Deus, coitados, quem sabe quantos pais, mães, pensando nestes filhos, nem sabem que tão mortos!!!!

Todos eles eram jovens, a maioria dos mortos eram jovens.

Tinha muito crime também, conta Irmã Terezinha. Na época em que esteve em Porto Velho, isto era bem comum... hoje ainda tem, mas ela acha que nos anos 80,quando serviu na Congregação das Carlistas, a quem pertence , tinha muito mais.

- Eu sei que num domingo numa comunidade da periferia fomos celebrar (é um ato litúrgico da Igreja Católica) à tarde não tinha padre pra todas as comunidades e a gente foi fazer celebração à tarde.

Daí vieram correndo chamar pra ir lá rezar que tinham matado 3 pessoas. Aí fomos lá ver. Eram 3 irmãos do Piauí (estado que manda muita gente pra Rondônia, tipo assim os migrantes de Minas Gerais que vão pra Nova Iorque). Um tava morto na valeta, um atrás do balcão (que ele tinha um barzinho lá e o terceiro foi pro hospital mas acabou falecendo também... Daí diz que eles tavam trabalhando com este homem do bar (o tal bar onde os 3 foram mortos) e eles foram lá pra fazer um acerto e o cara invés de acertar deu um tiro pra cada um e a adeus....Eram umas mortes bobas....

- Nunca ninguém tinha dinheiro. Nem ouro....A lei lá era o que você ganha hoje e tem que gastar

tudo hoje. Eles gastavam tudo bebendo, nas orgias, nas festas (a freira quer dizer na zona, nos cabarés...)

A maioria foi na onda de que o que se ganha hoje tem que gastar pra amanhã pegar de novo.

Fiquei nove anos na Rondônia trabalhando com os migrantes. Depois fui pra Cuiabá no Conselho Provincial e

continuação pag.1

continua no próximo numero

fiquei seis anos neste Conselho. Também trabalhava com os migrantes, e cortadores de cana.

Irmã Terezinha diz que nem na Itália estranhou tanto a comida como no norte.

- Eu fui pra Itália e não estranhei tanto como na Rondônia. É uma terra que vai gente de todos os estados do Brasil.

Eles tem toda uma outra cultura. Antes tinha muito pouco sulista, agora tem mais...Quando fui pra lá tinha pouco sulista. A gente quase não encontrava verdura....Esse costume do sul de comer verdura não tem lá. A gente estranha a comida na Rondônia nos primeiros anos.

Irmã Terezinha nem sabe quantas malárias pegou... mas lembra foi a primeira vez com esta doença que costuma até matar.

- Logo no começo de 87 eu peguei a malário. Ela ficou lá de 1983 até depois dos anos 90 na Rondônia)... Acho que foi neste ano de 83, sim que peguei a maleita, como chamam lá...

Eu falei pra irmã que trabalhava comigo: acho que peguei a maleita....porque estou com muita dor de cabeça.

A ESTRANHA RONDONIA...

A ‘‘MALEITA’’

À REDAÇÃO DO FITNESS

Os integrantes do Irpapos (Instituto Rua da Praia de Assuntos Políticos e Sociais), em atividade ininterrupta há mais de 30 anos, vêm, de forma quase unânime, repudiar os termos ofensivos com que o leitor João Carlos Prolla se referiu à qualidade editorial do boletim Fitness, em carta publicada em sua última edição. A linguagem usada pelo missivista é de extremo mau gosto e inteiramente inadequada, não fazendo jus ao padrão de excelência da referida publicação, que sempre esteve na vanguarda da nossa imprensa...

IRPAPOS-Porto Alegre

O ed i tor, comovido, agradece a solidariedade, mas sabe que o IRPAPOS é uma soc iedade secreta ,com f ins lucrativos..pois seus jantares mensais são super caros....só quem é fiscal do ICMS pode pagar aquele preço....

CARTA DO LEITOR

O.C.

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Adeli Sell*

Adeli Sell

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* Por Adeli SellVereador e Presidente do PT de Porto Alegre

Porto Alegre ainda não está preparada para receber econviver com um contingente expressivo de idosos. Basta ver nossas calçadas cheias de buracos; edifícios públicossem rampas de acesso para pedestre ou sem elevadores. Osônibus, apesar da gratuidade, na sua maioria com degraus,exigem muito esforço para o embarque ou desembarque.

Acidentes de trânsito/transportes e as quedas associadas, por exemplo, às calçadas irregulares, ocupam os dois primeiros lugares no conjunto de mortalidade por causas externas específicas em idosos no Brasil, respectivamente com índices de 29,6% e 16,6%, conforme pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 2002.Os ambientes devem ser planejados para promover e encorajar a

independência e a autonomia, de forma que uma boa qualidade de vida possa ser proporcionada a todos os indivíduos.

A velhice deve ser um compromisso de todos. Uma questão pública, assim como a infância e a adolescência, por exemplo. Se tivéssemos essas duas etapas da vida amparadas, certamente teríamos uma velhice melhor, assistida publicamente. Por isso, precisamos pensar numa Porto Alegre amiga do idoso, que respeite e inclua socialmente todos eles.

É necessário criar espaços para todos que permitam a adaptação de qualquer indivíduo, até mesmo aqueles que apresentam perdas funcionais espaços acessíveis. A começar pelas nossas praças, que não são adequadas. Há poucos bancos, quando existem. Os equipamentos de ginástica são defasados, quando deveria haver equipamentos de fácil acesso. Os idosos podem ser aqueles que por um novo ritmo de vida, ajudem a disputar positivamente os espaços públicos da cidade. O Poder Público precisaria revisar a sua agenda no que se refere ao entretenimento. Não há programas culturais específicos para os idosos, além dos tradicionais bailes da 3ª idade. Há que se discutir, também, horários mais adequados em teatros, shows e cinemas. Programação convidativa e em horários alternativos para uma ativa vida cultural e ampliação de repertório que pode devolver aos idosos alegria e animo, além de elevar a autoestima.

Na área da saúde vamos encontrar a maior precariedade. Levando em consideração que qualidade de vida deixou de representar apenas vida sem doença física, mas passou a representar busca de felicidade e satisfação pessoal em todos os aspectos da vida, é preciso pensar e buscar avanços nos âmbitos profissional, social, fisiológico, emocional e espiritual, além de um equilíbrio entre fisioterapia e terapia ocupacional. A dita terceira idade tem vida sexual ativa e com ela toda uma gama de novas e velhas questões a serem trabalhadas também. Para além dos clichês como reumatismo ou dislipidemias, caberá a área da saúde entender a nova perspectiva da população acima dos 60 anos e transformar-se junto a ela para assegurar a esta população energia para seguir vivendo em busca da felicidade. A municipalidade tem um papel fundamental na garantia dos direitos. Ao garantir esses direitos ganhará uma legião de cuidadores que provavelmente trabalhará de forma voluntária pelo bem da cidade. Aí sim poderíamos falar de uma educação cidadã.

Outrossim, a sociedade poderia pensar e organizar um conjunto de serviços paraaposentados, garantindo não apenas renda, mas ocupação e nova qualidade de vida para essas pessoas.

Envelhecer em nossas cidades é um grande desafio