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III Ana Sofia Figueiredo Marques dos Santos Porto, 2008 A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do Treinador de Voleibol em Função do Género dos Atletas e do Escalão de Prática Ana Sofia Figueiredo Marques dos Santos Porto, 2008 A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do Treinador de Voleibol em Função do Género dos Atletas e do Escalão de Prática

A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do Treinador de ... · SANTOS, S. (2007). A intervenção pedagógica sobre o conteúdo do treinador de voleibol em função do género

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Page 1: A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do Treinador de ... · SANTOS, S. (2007). A intervenção pedagógica sobre o conteúdo do treinador de voleibol em função do género

III

Ana Sofia Figueiredo Marques dos Santos

Porto, 2008

A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do

Treinador de Voleibol em Função do Género dos

Atletas e do Escalão de Prática

Ana Sofia Figueiredo Marques dos Santos

Porto, 2008

A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do

Treinador de Voleibol em Função do Género dos

Atletas e do Escalão de Prática

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III

Orientador: Professora Doutora Isabel MesquitaAna Sofia Figueiredo Marques dos Santos

Porto, 2008

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Desporto de Rendimento – opção de Voleibol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do

Treinador de Voleibol em Função do Género dos

Atletas e do Escalão de Prática

Orientador: Professora Doutora Isabel MesquitaAna Sofia Figueiredo Marques dos Santos

Porto, 2008

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Desporto de Rendimento – opção de Voleibol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

A Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo do

Treinador de Voleibol em Função do Género dos

Atletas e do Escalão de Prática

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SANTOS, S. (2007). A intervenção pedagógica sobre o conteúdo do treinador de

voleibol em função do género dos atletas e do escalão de prática. Dissertação

monográfica. FADEUP. Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA DO CONTEÚDO; TIPO DE

CONTEÚDO; TAREFA INSTRUCIONAL; TAREFA MOTORA; VOLEIBOL.

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I

AGRADECIMENTOS

Porque a realização deste estudo não se teria concretizado sem a colaboração

e o apoio de várias pessoas e entidades, agradeço…

À Professora Doutora Isabel Mesquita pelo exemplo, apoio, incentivo,

aconselhamento, disponibilidade e amizade. Por três anos de exigência que me

tornaram melhor.

À Professora Nocas: uma vez treinadora, sempre treinadora. Pelo apoio, ajuda

e muita amizade.

Aos treinadores, clubes e atletas que se prestaram a nos ajudar com a

amostra.

Aos meus companheiros de turma e ao “pessoal” do Voleibol, Mariana, Rui e

Patrícia que acreditaram e sempre incentivaram.

Ao Professor Orientador Marco Bastos pelo apoio incondicional.

Às minhas “irmãs” sempre presentes. À Joana por fazer de mim alguém

melhor. À Sofia desde sempre e para sempre. Porque sem vocês não tinha

sido possível.

Ao meu irmão Manel por me “picar” e por acreditar.

Aos presentes e aos ausentes.

À minha Mãe e ao meu Pai por fazerem tudo o que podem por mim e mais

alguma coisa. Pelo amor incondicional e por me levarem a sonhar alto. Por

tudo.

Ao Zé Miguel pelo exemplo, pela energia, pela paciência e pela dedicação.

Porque me fazes querer ser melhor e porque juntos somos mais.

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ÍNDICE GERAL

RESUMO............................................................................................................. VII

I – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1. PERTINÊNCIA E ÂMBITO DO ESTUDO ................................................................ 3

2. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 4

II – REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 5

1. A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO ......................................... 7

1.1. Papel da Instrução no Processo de Ensino-Aprendizagem .................. 7

1.2. Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo ....................................... 10

1.3. Estudos na Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo ..................... 11

2. PERSPECTIVAS DE ANÁLISE DAS TAREFAS DE TREINO..................................... 16

III – OBJECTIVOS E HIPÓTESES ............................................................................ 23

1. OBJECTIVOS ................................................................................................ 25

1.1. OBJECTIVOS GERAIS: ........................................................................... 25

1.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS: ................................................................... 25

2. HIPÓTESES ................................................................................................. 26

IV – MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 27

1. AMOSTRA .................................................................................................... 29

2. TREINOS OBSERVADOS ................................................................................ 29

3. VARIÁVEIS ANALISADAS ................................................................................ 29

4. INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÃO: ................................................................ 30

5. PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DA INFORMAÇÃO ............................................ 42

V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................ 45

1. ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................................... 47

2. ANÁLISE INFERENCIAL .................................................................................. 29

2.1. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS ESCALÕES DOS PRATICANTES ............. 29

2.1. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS GÉNEROS DOS PRATICANTES .............. 29

VI – CONCLUSÕES .............................................................................................. 77

VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 85

VIII – ANEXOS .................................................................................................... 97

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ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 1 - CODIFICAÇÃO DAS SUBCATEGORIAS DA DIMENSÃO NATUREZA DO CONTEÚDO (“O QUÊ”). 41

QUADRO 2 - CODIFICAÇÃO DAS SUBCATEGORIAS DA DIMENSÃO RECEPTOR DA INFORMAÇÃO (“QUEM”). 41

QUADRO 3 - CODIFICAÇÃO DAS SUBCATEGORIAS DA DIMENSÃO MOMENTO DO TREINO (“QUANDO”). 42

QUADRO 4 - CODIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS DO TIPO DE CONTEÚDO. 42

QUADRO 5 - CODIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS DA TIPOLOGIA DA TAREFA A NÍVEL DIDÁCTICO. 42

QUADRO 6 - CODIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS DA TIPOLOGIA DA TAREFA A NÍVEL DO CONTEÚDO DIDÁCTICO. 42

QUADRO 7 - FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR. 45

QUADRO 8 - FIABILIDADE INTER-OBSERVADOR. 45

QUADRO 9 - DADOS DESCRITIVOS GERAIS RELATIVOS À DIMENSÃO NATUREZA DO CONTEÚDO. 50

QUADRO 10 - DADOS DESCRITIVOS GERAIS RELATIVOS À DIMENSÃO RECEPTOR. 55

QUADRO 11 - DADOS DESCRITIVOS GERAIS RELATIVOS À DIMENSÃO MOMENTO DO TREINO. 56

QUADRO 12 - DADOS DESCRITIVOS GERAIS RELATIVOS AO TIPO DE CONTEÚDO. 57

QUADRO 13 - DADOS DESCRITIVOS GERAIS RELATIVOS ÀS TAREFAS INSTRUCIONAIS. 59

QUADRO 14 - DADOS DESCRITIVOS GERAIS RELATIVOS ÀS TAREFAS MOTORAS 69

QUADRO 15 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA TOTAL SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES.

62

QUADRO 16 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE ÀS CATEGORIAS PERTENCENTES À DIMENSÃO NATUREZA DO CONTEÚDO. 63

QUADRO 17 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE ÀS SUBCATEGORIAS PERTENCENTES À DIMENSÃO NATUREZA DO

CONTEÚDO. 64

QUADRO 18 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE À DIMENSÃO RECEPTOR DO CONTEÚDO. 68

QUADRO 19 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE À DIMENSÃO MOMENTO DO TREINO. 69

QUADRO 20 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE AO TIPO DE CONTEÚDO. 69

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VI

QUADRO 21 - ANÁLISE COMPARATIVA DAS TAREFAS INSTRUCIONAIS EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES. 71

QUADRO 22 - ANÁLISE COMPARATIVA DAS TAREFAS MOTORAS (MESQUITA, 1998) EM FUNÇÃO DO ESCALÃO DOS PRATICANTES. 71

QUADRO 23 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA TOTAL SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES. 73

QUADRO 24 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE ÀS CATEGORIAS PERTENCENTES À DIMENSÃO NATUREZA DO CONTEÚDO 73

QUADRO 25 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE ÀS SUBCATEGORIAS PERTENCENTES À DIMENSÃO NATUREZA DO

CONTEÚDO 74

QUADRO 26 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE À DIMENSÃO RECEPTOR DO CONTEÚDO. 75

QUADRO 27 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE À DIMENSÃO MOMENTO DO TREINO. 75

QUADRO 28 - ANÁLISE COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO DOS TREINADORES EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES, RELATIVAMENTE AO TIPO DE CONTEÚDO. 76

QUADRO 29 - ANÁLISE COMPARATIVA DAS TAREFAS INSTRUCIONAIS EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES. 77

QUADRO 30 - ANÁLISE COMPARATIVA DAS TAREFAS MOTORAS (MESQUITA, 1998) EM FUNÇÃO DO GÉNERO DOS PRATICANTES. 77

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VII

RESUMO

O presente estudo enquadra-se na investigação no âmbito da intervenção

pedagógica sobre o conteúdo aplicada aos treinadores de voleibol, nos

escalões de iniciados e juniores, durante as sessões de treino, em função do

género e do escalão dos praticantes. Para concretizar este objectivo,

pretendemos identificar a natureza dos conteúdos referidos pelos treinadores, o

receptor da informação e o momento em que esta é emitida e, ainda, o tipo de

conteúdo e as tarefas aplicada, ao nível instrucional e motor.

A amostra foi constituída por vinte e quatro treinadores de voleiboll (n=12)

de equipas do escalão de iniciados e foram estabelecidas como variáveis a

intervenção pedagógica do conteúdo, o tipo de conteúdo e a natureza das

tarefas instrucionais e motoras.

A realização deste estudo demonstrou que: 1) os treinadores, na sua

globalidade, tendem a centrar a sua intervenção sobre conteúdos relacionados

com o desenvolvimento da técnica, na forma de feedbacks e de modo

individualizado. Para tal, os treinadores parecem preferir os tipos de conteúdos

respectivos aos fundamentos de base, recorrendo essencialmente a tarefas de

refinamento e de aquisição das habilidades; 2) os treinadores dos escalões de

iniciados tendem a enfatizar de um modo mais preponderante o conteúdo

centrado nas habilidades técnicas, dirigido individualmente, preferencialmente

através do feedback. Pelo contrário, no que respeita ao tipo de prática e às

tarefas instrucionais, não parece existir uma relação de dependência entre as

variáveis e o escalão dos praticantes; 3) o perfil de intervenção do treinador

sobre o conteúdo não varia consoante o género, ou seja, as diferentes

variáveis possuem uma relação independente com o sexo dos praticantes.

Palavras-chave: Intervenção Pedagógica do Conteúdo; Tipo de Conteúdo;

Tarefa Instrucional; Tarefa Motora; Voleibol.

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I – INTRODUÇÃO

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I. Introdução

1. PERTINÊNCIA E ÂMBITO DO ESTUDO

Os objectivos e as exigências do desporto actual, tendo em vista a

obtenção de um rendimento cada vez mais elevado, impõem ao treinador todo

um conjunto de competências que vão muito para além de um conhecimento

técnico da modalidade.

De modo a que a intervenção do treinador, influencie positivamente a

aprendizagem, por parte dos atletas, este necessita não só de saber planear,

como também transmitir os seus conhecimentos, capacidade esta reconhecida

pela maioria dos autores como assaz importante. Mesquita (1993) aponta as

competências instrucionais do treinador como um dos factores fundamentais à

eficácia no âmbito do treino desportivo. De facto, é na aplicação prática dos

conhecimentos do treinador que se diferencia a qualidade das suas

intervenções (Cushion & Jones, 2001).

Schempp et al. (1998) afirmam que para se ensinar é preciso saber, pelo

que o teor da informação é um factor indicado pela maioria dos autores como

crucial na aprendizagem. No entanto ser especialista numa dada matéria eleva

as hipóteses de se ser um bom treinador, contudo, não é condição única, não o

tornando necessariamente num perito (Hashweh, 1987). Nesta linha de

pensamento,

Em, Schulman (1986), elevou a investigação a um novo patamar ao

identificar uma forma crítica específica de conhecimento do professor,

constituída por uma compilação entre o conteúdo e a pedagogia: o

conhecimento pedagógico do conteúdo, que permite ao professor/treinador

manipular os conteúdos de ensino de modo a serem compreendidos pelos

alunos (Graça, 1997). Assim, o conhecimento pedagógico do conteúdo

capacita o treinador a revestir a matéria de uma componente pedagógica

bastante rica e também a adaptá-la às características individuais dos seus

alunos (Shulman, 1988).

Se a influencia exercida pela intervenção do treinador interfere, positiva ou

negativamente, nas performances alcançadas (Rodrigues e Richheimer, 2000;

Greenhill, 2001), então, é essencial que o treinador reflicta acerca da qualidade

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da sua instrução, considerando as diferentes dimensões da transmissão da

informação, os meios utilizados. Mais concretamente, que se coloquem

questões de como, quando e quais as informações a transmitir.

Assim sendo, consideramos pertinente a realização do presente estudo,

através do qual damos a conhecer o conteúdo transmitido aos atletas aquando

da intervenção do treinador no decorrer dos treinos. Para cumprir este

objectivo, analisamos as dimensões natureza do conteúdo, receptor e

momento de instrução da intervenção pedagógica do treinador, bem como o

tipo de conteúdo transmitido pelo mesmo, o tipo de prática e as tarefas

instrucionais aplicadas. Posto isto, parece-nos que esta análise deverá ser

associada a outras questões: será que intervenção do treinador varia em

função do género dos atletas e do escalão de prática?

2. ESTRUTURA DO TRABALHO

O estudo que apresentamos encontra-se estruturado em sete capítulos

distintos. Começamos por desenvolver uma breve introdução à temática

desenvolvida, seguida de uma revisão da literatura, na qual consideramos o

estado actual da arte. O terceiro capítulo dedica-se à exposição dos objectivos

definidos para o estudo, bem como das hipóteses colocadas. Segue-se a

apresentação da metodologia utilizada na recolha, processamento e análise

dos dados. No quinto capítulo, apresentamos e descrevemos os resultados

obtidos, bem como desenvolvemos uma discussão baseada na literatura

consultada, de modo a analisar de forma critica os referidos resultados. O sexto

capítulo expõe de uma forma bastante sucinta e objectiva as principais

conclusões retiradas do presente estudo e algumas sugestões que formulamos

para futuros estudos. Finalmente, apresentamos referências bibliográficas

utilizadas ao longo deste trabalho.

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II – REVISÃO DA LITERATURA

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II. REVISÃO DA LITERATURA

1. A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO

1.1. PAPEL DA INSTRUÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Parece ser de consenso generalizado a influência que a acção do

treinador/professor pode exercer no rendimento das aprendizagens dos

atletas/alunos. Rodrigues (1995) afirma que ao analisarmos o processo ensino-

aprendizagem no contexto das actividades desportivas é evidente o importante

papel de quem orienta o referido processo sobre o nível de aprendizagem, seja

ele treinador ou professor. Mesquita (1997) caracteriza a intervenção do

treinador não só como relevante mas como decisiva na evolução do atleta,

desde que considere todas as componentes envolvidas no processo de ensino-

aprendizagem. Tal acontece na medida em que a actuação do responsável

pelo ensino se desenvolve numa actividade comunicativa na qual os

intervenientes transformam os seus comportamentos, e se influenciam

mutuamente (Graça, 1993). Assim, as decisões do professor ou do treinador,

interferem directamente nas opções dos aprendizes, estabelecendo-se um

compromisso entre ambos (Mesquita, 1998).

De modo a cumprir os objectivos e solucionar um alargado quadro de

desafios durante a sua actuação, o treinador necessita de assumir vários

papéis e possuir diversas competências (Farias, 2007). Sendo através dele que

se estabelece a ligação entre os conteúdos e os atletas, o treinador deve, antes

de mais, assegurar que os seus conhecimentos se mantêm actualizados e

capazes de responder a todas as solicitações provenientes do processo de

treino e de competição (Mesquita, 1998), bem como garantir uma intervenção

cada vez mais pautada pela qualidade, aprendendo através dos seus erros e

sucessos (Shanahan e Scherfer, 2000), numa auto-crítica permanente

(Abrantes, 1995). Se uma das suas principais competências deve ser saber

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ensinar, então cabe ao treinador conhecer tanto quanto possível tudo aquilo

que respeita a técnica, a táctica, a estratégia, o regulamento, etc, próprios da

modalidade em que actua (Barreto, 1998). Também Mesquita et al.. (2000)

defendem um alargado leque de conhecimento, apontando, além das

anteriores, as componentes biológica, psicológica e social, de forma a integrar

todos os dados possíveis na preparação desportiva. Segundo Graça (1997) o

conhecimento do orientador do processo de treino deverá consistir numa

compilação entre o conhecimento da matéria de ensino, o conhecimento

pedagógico do conteúdo e ainda o sistema desportivo.

De facto, no processo de ensino-aprendizagem o treinador/professor é

confrontado com várias questões e, tratando-se de um processo extremamente

dependente da relação estabelecida entre atleta e treinador ou entre aluno e

professor, a comunicação entre ambos assume um papel essencial. Para

Silverman (1994) a referida comunicação constitui-se como a ”chave” não só

da estruturação e modificação das situações de aprendizagem, ou seja, como o

principal meio de atingir esta aprendizagem. Também Dias et al. (1994)

evidenciam a transmissão de informação como uma das aptidões fundamentais

dos treinadores a pôr em prática não só no treino como na situação de jogo.

Se a comunicação estabelecida entre os intervenientes do processo de

ensino-aprendizagem define, não só, a relação entre estes, como interfere,

positiva ou negativamente, nas performances alcançadas (Rodrigues e

Richheimer, 2000; Greenhill, 2001), então, é essencial que se coloquem

questões de como, quando e quais as informações a transmitir. Como indica

Barroja (2005), visto que os treinadores passam a maioria do tempo a proferir

ordens, indicações ou informações, é evidente a importância de “comunicar

bem”.

Uma das razões pelas quais os alunos não realizam correctamente as

tarefas propostas, é, frequentemente, a não compreensão do conteúdo da

informação e, logo, ao seu processamento incorrecto (Rosa, 2003). Mas como

destacam Cushion & Jones (2001) e Mesquita (2002), apesar do conhecimento

aprofundado da modalidade e da sua matéria ser essencial, o que distingue

uma intervenção de excelência de qualquer outra é a sua aplicação. Martens

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(1996, cit Rodrigues e Richheimer, 2000) acrescenta que não é suficiente que

os treinadores dominem o conteúdo e o envio, ou seja a parte verbal, mas

também a parte não verbal e a componente psicológica da comunicação.

Deste rol de competências dos professores e treinadores, Siedentop

(1991) destaca a instrução, que define como sendo o conjunto dos

comportamentos aos quais o responsável pelo processo de ensino/treino

recorre para comunicar informação aos seus alunos ou atletas. Tinning (1982)

reforça a importância da instrução, defendendo-a mesmo como a responsável

pela eficácia do treinador na condução do processo de treino. Vários autores

entendem este processo inevitavelmente associado ao processo de instrução,

sendo que Botelho et al. (2005) indica que o sucesso dos treinos e das

competições resulta, essencialmente, de comunicações eficazes. Sendo o

treinador responsável por transmitir o que fazer e como fazer bem aos seus

atletas, então uma das suas funções é sem dúvida a instrução (Hodges e

Franks, 2002). Herbert et al. (2000) também defendem que a aprendizagem

não decorre de forma natural mas é determinante a participação activa do

aluno e principalmente do professor, encontrando-se o domínio dos processos

instrucionais estreitamente associados à eficácia pedagógica do ensino. De

facto, se a resposta motora do jogador resulta da interacção entre a informação

que recebe e da forma como a interpreta, então, facilmente se compreende

como as relações que se estabelecem através da instrução do treinador são

importantes, bem como o seu estudo (Tinning,1982).

A instrução inclui todos os comportamentos verbais e não verbais do

treinador, relacionados intimamente com os objectivos da aprendizagem

(Mesquita, 2000). Para Graça (1997), uma das questões que é essencial ter em

consideração é o momento em que a instrução é transmitida, visto que estes se

encontram associados às funções de funções de instrução das intervenções

verbais do treinador (Graça, 1997). O autor distingue três momentos: 1)

Instrução inicial na qual o treinador identifica e fornece informação acerca da

tarefa a iniciar; 2) Instrução durante a acção, fornecida durante ou após a sua

realização e que inclui as intervenções do treinador que visam alterar a

execução por parte do aluno; 3) Intervenção de instrução, quando o treinador

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interrompe a tarefa e emite informação com o objectivo de influenciar a futura

realização do movimento pela parte do jogador.

1.2. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA SOBRE O CONTEÚDO

Das preocupações centradas na instrução, apenas recentemente, a

investigação no âmbito da educação física evoluiu no sentido de procurar

compreender de que modo o conhecimento dos professores influencia o

desenvolvimento e as práticas do ensino (Schempp, Manross & Tan, 1998).

Vários autores estudaram a direcção da aquisição e, sobretudo, o

desenvolvimento e a construção do conhecimento dos professores, (e.g.

Rovegno, 1992; Schempp, 1993), tomando como modelos o professor

considerado expert, no sentido de identificarem qual o conhecimento mais

necessário para “ensinar bem” (Farias 2007) e de que forma o conhecimento

dos professores se manifesta no ensino (Schempp, 1997). Por exemplo,

Leinhard e Smith (1985) e Rovegno (1992) desenvolveram estudos no sentido

de compreenderem o papel do conhecimento da matéria no aperfeiçoamento

da intervenção, havendo comparado o referido conhecimento com a instrução,

a planificação e a organização da prática. Schempp et al. (1998) afirmam que

para se ensinar é preciso saber, pelo que o teor da informação é um factor

indicado pela maioria dos autores como crucial na aprendizagem. Já Hashweh

(1987), ao procurar estabelecer a influência do conhecimento da matéria,

concluiu que ser especialista numa dada matéria eleva as hipóteses de se ser

um bom professor, contudo, não é condição única, não tornando o docente

necessariamente num perito.

Em 1986, Schulman, elevou a investigação a um novo patamar ao

identificar uma forma crítica específica de conhecimento do professor,

constituída por uma compilação entre o conteúdo e a pedagogia: o

conhecimento pedagógico do conteúdo. Este permite ao professor/treinador

manipular os conteúdos de ensino de modo a serem compreendidos pelos

alunos (Graça, 1997). Assim, o conhecimento pedagógico do conteúdo

capacita o professor a revestir a matéria de uma componente pedagógica

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bastante rica e também a adaptá-la às características individuais dos seus

alunos (Shulman, 1988). Este autor alertou ainda os investigadores para a

necessidade de auxiliar os professores precisamente a reunirem conteúdo com

os aspectos pedagógicos do ensino. Havendo traçado um perfil da intervenção

pedagógica do conteúdo por parte dos treinadores em jogo, Seaborn, Trudel,

Gilbert (1998) alertam para a necessidade de qualquer alteração na formação

do treinador ter em consideração tanto o conhecimento do conteúdo como o

conhecimento pedagógico deste, visto que os treinadores devem, de facto,

possuir conhecimento acerca do jogo, para ensinar as técnicas e tácticas, mas

este não é suficiente se não souberem como intervir (Rovegno 1994). Também

Schempp et al. (1998) referiram o conhecimento pedagógico do conteúdo como

uma parte essencial do ensino efectivo e do conhecimento da matéria.

1.3. Estudos na Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo no Âmbito do

Treino

Os primeiros estudos realizados no âmbito da eficácia pedagógica

desenvolveram-se na década de 60 (Metzler, 2000) e referiam-se à realidade

escolar. Mas segundo Berliner (1988) apenas mais tarde, a investigação se

debruçou sobre o papel e a influência do conhecimento e acções dos

professores no ensino da Educação Física.

No que respeita os estudos no contexto do treino desportivo, o primeiro foi

realizado em 1976 por Tharpe e Gallimore que analisaram a intervenção de um

treinador expert de Basquetebol. Mais tarde, seguiram-se-lhe outros estudos

com o objectivo de identificar perfis de intervenção pedagógica dos treinadores,

desenvolvidos no decorrer dos treinos e nas competições. Entre outros, Lacy e

Darst (1985), Hastie (1999) e Cushion e Jones (2001) concluíram que a

instrução é não só o comportamento adoptado com mais frequência pelo

treinador, mas também um factor de eficácia pedagógica. Mas, segundo Farias

(2007), é nos estudos mais recentes que se denota uma maior preocupação

em fornecer informações relevantes.

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Estes primeiros ensaios acerca da intervenção do treinador analisaram

apenas a ocorrência do comportamento e não, concretamente, o conteúdo da

informação transmitida. Para Mesquita et al. (2003), estudar o teor da

informação substantiva emitida pelo treinador permite identificar a ênfase

atribuída por este aos diferentes conteúdos. E foi com esta intenção que

Seaborn, Trudel e Gilbert (1998), baseados no conhecimento pedagógico do

conteúdo definido por Shulman (1987), desenvolveram um estudo acerca da

intervenção pedagógica do conteúdo, no âmbito do Hóquei no Gelo feminino,

com atletas com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, em situação

de competição. O seu objecto de análise foi o conteúdo da instrução, a forma e

o momento em que esta é fornecida, observando através de vídeo e

entrevistando quatro treinadores. Estes autores concluíram que os treinadores,

em jogo, focam maioritariamente a táctica colectiva (67%), seguida pela técnica

(15%), pela táctica individual e, finalmente, as regras de jogo (5%).

Relativamente ao momento, grande parte das intervenções foram comunicadas

no decorrer do jogo: em média 62% As restantes intervenções desenvolveram-

se com os jogadores no banco (31%) e nas interrupções do jogo (7%). Apenas

nestas últimas situações foi analisado a questão do “como”, sendo que

enquanto metade dos treinadores utilizaram maioritariamente a utilização de

feedback (60% e 54%), ou seja, reagindo à performance dos atletas, a outra

metade dos treinadores recorreu essencialmente à instrução não baseada,

desta feita, no desempenho anterior dos atletas (46% e 46%). Todos os

treinadores utilizaram de forma bastante reduzida a combinação de feedback e

instrução (em média 19%), sendo o objectivo a performance futura dos atletas.

Através deste estudo percebeu-se a necessidade de criar um instrumento

que permitisse a recolha das diferentes componentes da intervenção

pedagógica do conteúdo. Por conseguinte, Gilbert et al. (1999) desenvolveram

um instrumento, o S.A.P.C.I. (Systematic Analysis of Pedagogical Content

Interventions). Os autores dividiram o estudo em duas partes, em que na

primeira desenvolveram e discutiram o instrumento, e na segunda aplicaram-

no, utilizando resultados de um projecto de três anos em treinadores de hóquei

de gelo, já referenciado no estudo anterior. O S.A.P.C.I. permite então recolher

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dados, de quatro componentes do conteúdo pedagógico da intervenção do

treinador, sobre os seus atletas, quer nos treinos quer nos jogos: “O Quê” (o

conteúdo que se transmite), “O Quando” (o momento de transmissão), “O

Como” (a forma como é transmitido), “O Quem” (o receptor). O seu

desenvolvimento teve por base o “Theoretical Knowledge Structures”, que

permite estudar a instrução no desporto (Vickers, 1990). Durante três anos

foram recolhidos dados de 15 treinadores certificados, num total de 85 eventos

de hóquei do gelo (55 jogos e 30 treinos). Para completar o desenvolvimento

do instrumento, os autores aplicaram-no na segunda parte do seu estudo, em 8

dos treinadores (32 jogos e 24 treinos). Os autores concluíram que, em

situação de treino, a instrução do treinador era essencialmente orientada para

a táctica colectiva e técnica individual; as intervenções ocorreram

preferencialmente quando os jogadores se encontravam em acção; os

treinadores intervieram com os atletas, na maioria das vezes, individualmente,

seguindo-se um sub grupo e muito raramente à equipa.

Mais recentemente, Cruz (2002) realizou um estudo, em que aplicou o

mesmo instrumento a treinadores dos escalões Infantis A de hóquei em patins,

analisando a intervenção destes no decorrer dos treinos. A intenção do autor

foi caracterizar os pressupostos metodológicos e pedagógicos que regulam a

intervenção do treinador na modalidade, procurando compreender qual o teor

da informação e como, a quem e quando esta é emitida, em função do

momento do treino em relação à competição e da experiência do treinador. As

suas conclusões demonstraram que os treinadores incidem as suas

intervenções ao nível do conteúdo pedagógico (uma média de 84 por treino),

nomeadamente sobre os conteúdos de ordem técnica e táctica, sendo o

conteúdo pedagógico relacionado com as regras do jogo é subvalorizado (1%

antes da competição e 0,6 depois desta). No âmbito da dimensão “o quê”,

verificou-se uma predominância dos conteúdos de carácter ofensivo: nos

treinos antes da competição destacou-se a táctica (23%) e a técnica (22,9%)

individuais ofensivas e a táctica colectiva ofensiva (22,4%), enquanto que nos

treinos após a competição predominaram as intervenções relacionadas com a

técnica individual ofensiva (40%), a táctica individual ofensiva (27%) e a táctica

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colectiva ofensiva (15%). No que concerne às demais dimensões da instrução,

o autor concluiu que o momento em que os treinadores mais intervêm é

quando os jogadores estão em acção; a forma preferencialmente adoptada

pelos treinadores é a instrução específica, e ainda o feedback no momento em

que os jogadores realizaram uma acção correctamente; o receptor a quem o

treinador mais se dirige é o jogador individual, em detrimento do sub grupo e da

equipa. Por fim, os dados apontaram ainda, para diferenças no teor das

intervenções de treinadores experientes e inexperientes, tanto nos treinos

anteriores como posteriores à competição.

Com o intuito de identificar a quantidade e o conteúdo da informação no

jogo, momento do jogo e destinatários da intervenção verbais transmitida aos

jogadores de voleibol, Botelho et. al. (2005) realizaram um estudo comparativo

entre treinadores de equipas masculinas e femininas. Para tal, observou 1790

acções, com uma amostra de 11 treinadores de escalões de juvenis e juniores

(5 masculino e 6 feminino). Os autores recorreram a três instrumentos para

anotar as instruções dos treinadores: um desenvolvido por Hastie (1999) que

apresenta quatro categorias (técnica, táctica, psicológica e categoria outras),

um desenvolvido por Gilbert et. al., (1999) já referenciado neste capítulo e, por

fim, utilizou ainda um sistema de observação desenvolvido por Arroyo (2001)

do qual retirou as dimensões “momentos do jogo”, “destinatários” e “equipa

referenciada”. Os resultados demonstraram que em todos os periodos do jogo

a informação é maioritariamente relativa à própria equipa e de cariz táctico; no

decorrer do jogo e nas substituições a informação é predominantemente

individual; antes do jogo, nos descontos de tempo e nos intervalos entre sets a

informação é maioritariamente dirigida ao colectivo; os treinadores do

masculino apresentaram valores superiores relativamente à quantidade de

informação, existindo mesmo diferenças estatisticamente significativas.

Na mesma linha de investigação, mas no âmbito do treino, Lima (2006)

desenvolveu um estudo com o objectivo de analisar a instrução verbal do

treinador e o grau de retenção de informação dos atletas. Para tal recorreu a

uma amostra de 2 treinadores de equipas infantis e 28 atletas, de ambos os

géneros. Foram analisadas 848 unidades de informação. A autora utilizou o

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instrumento desenvolvido por Hastie (1999), e ainda o de Moreno et. al. (2002).

Quanto aos resultados obtidos é interessante verificar que, contrariando os

resultados de Botelho et al. (2005) no âmbito do jogo, no treino, os treinadores

dão preferência à informação técnica (36,7%). Nas informações psicológicas,

os treinadores privilegiam as informações de confiança (9,7%), sendo que

dirigiram preferencialmente as suas instruções individualmente (84,8%).

Quanto à retenção de informação verificou-se que apenas em 39,5% das

unidades analisadas houve compreensão e concordância em simultâneo sendo

que das 60,5% unidades em que não se verificou compreensão registou-se

concordância em 95,2%. Foi ainda notória a diferença entre os géneros, dado

que o treinador da equipa masculina transmitiu mais ideias que o treinador da

equipa feminina e que os atletas do sexo masculino reproduziram mais ideias

que os atletas do sexo feminino.

Em 2007, Farias realizou um estudo com o intuito de investigar sobre a

intervenção pedagógica do conteúdo em treinadores de futebol. O autor

pretendia identificar quando, como e a quem são dirigidos os conteúdos, e qual

a natureza das tarefas instrucionais. Para tal recorreu a uma amostra de 12

treinadores de futebol (6 licenciados em Desporto e Ed. Física e 6 não

licenciados) dos escalões escolinhas e infantis. Colaboraram para este estudo

201 jogadores do sexo masculino. No cômputo geral foram analisadas 2194

intervenções pedagógicas, sobre o conteúdo, no decurso de 12 sessões de

treino. O autor definiu, como variável dependente, a intervenção pedagógica do

conteúdo, utilizando o SAPCI (instrumento já referenciado anteriormente) para

análise dos dados; e como variável independente a formação académica. Os

resultados obtidos vieram ao encontro da generalidade apresentada

anteriormente: os treinadores incidem as suas intervenções preferencialmente

sobre os conteúdos de ordem técnica, sobretudo de carácter ofensivo; o

momento de intervenção recai com mais prevalência quando os atletas estão

em acção e, de preferência, individualmente; instruções proferidas pelos

treinadores são, na sua maioria, de carácter geral.

Em síntese, a investigação no âmbito da intervenção pedagógica do

treinador sobre o conteúdo parece apontar para uma valorização da

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componente técnica dos conteúdos no contexto do treino e jovens, bem como

uma preferência pelo fornecimento de informação individualizada através de

feedbacks, por parte dos treinadores.

2. PERSPECTIVAS DE ANÁLISE DAS TAREFAS DE TREINO.

A definição do conceito de tarefa na literatura tem vindo destacar a

relação entre a aquisição e o problema a solucionar, ou seja, as tarefas tendem

a ser definidas como meios para atingir um determinado fim (Mesquita, 1998).

Na aprendizagem de um determinado comportamento são vários os factores

que actuam. A tarefa é considerada como dependente do contexto e dos

materiais, sendo-lhe inerente os objectivos, as acções e relações a desenvolver

(Riera, 1989), como se depreende pelas definições de alguns autores

apontados por Mesquita (1998): a) Parlebas (1981) encara a tarefa como a

organização de materiais associada a constrangimentos do envolvimento, que

se orientam por um objectivo predefinido; b) Por sua vez, Doyle (1992) destaca

na sua definição o currículo, caracterizando a tarefa como a forma dos alunos

contactarem com o currículo e compreenderem o conteúdo da aprendizagem.

Assim, as tarefas integram não só o objectivo a atingir, de acordo com

determinadas condições do envolvimento e com o espaço, mas também os

pensamentos e as acções necessárias à obtenção do objectivo definido; c)

Riera (1995) interpreta a tarefa como sendo um conjunto de estímulos e um

conjunto de instruções que indicam o que se pretende em relação aos

primeiros, ou seja, apontam as operações a executar e expõem os fins

alcançados.

Farias (2007) exemplifica os quatro critérios que, segundo Doyle (1985)

compõem a tarefa:

1. Objectivo ou produto final: execução de um remate;

2. Conjunto de operações a utilizar para atingir o objectivo: componentes

críticas de regras que delimitam a execução do remate;

3. Recursos ou condições disponíveis: bola, chuteiras, campo e tempo de

prática;

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4. Meios de responsabilização que marcam a importância da tarefa em relação

à operação global.

Em 1979, enquanto uns investigadores se centravam nos

comportamentos dos professores para definir tarefa, Doyle pensou o processo

de ensino-aprendizagem através de um modelo de ensino ecológico. Este

baseia-se na premissa de que o processo de ensino é constituído por um

sistema de tarefas que interagem entre si de tal forma que uma mudança num

sistema poderá levar a mudanças noutros sistemas. Trata-se de um modelo

ecológico na medida em que são considerados, na forma como afectam as

reacções dos alunos, as condições inerentes à aula, a exigência, a

estruturação, a realização de cada actividade e de cada aula.

Originalmente, Doyle (1979) definiu o modelo como um instrumento de

análise dos vários acontecimentos e acções da aula, compreendendo apenas

os dois sistemas de tarefas seguintes:

a) Managerial tasks, ou tarefas de gestão do espaço de aula;

b) Instructional tasks, ou tarefas de instrução e de aprendizagem.

De referir que estas tarefas decorrem num ambiente de aula que é

multidimensional, imprevisível, público, no qual as professor que são de

carácter imediato (Doyle, 1984).

Desde então vários são os autores que têm dissertado acerca do modelo

de ensino ecológico. Hastie e Vlaisavljevic (1999) consideram-no como um

auxiliar que permite ao professor compreender, prever e reagir ao

comportamento da turma e, logo, organizar e realizar as actividades, uma vez

que as turmas actuam através deste dinâmico sistema de tarefas. Balan &

Davis (1993) consideram-no como uma alternativa às perspectivas tradicionais

do ensino da educação física, uma vez que o desempenho dos alunos surge

como consequência da interacção entre objectivos da tarefa, condições e nível

dos alunos.

No contexto da Educação Física, é Siedentop (1982, cit. Carneiro, 2007)

quem primeiro disserta acerca do paradigma ecológico. Este autor aponta um

modelo composto pela interacção dos sistemas de gestão da aula (managerial

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tasks), do processo da instrução (instrutional) e ainda de carácter social (Hastie

& Vlaisavljevic, 1999).

Para Jones (1992), o primeiro sistema de tarefas, de gestão da aula,

abarca aquelas que criam as condições necessárias à ocorrência da instrução

e da aprendizagem. Enquanto Doyle (1984) reduz a gestão da aula à

manutenção da ordem, num perspectiva minimalista do sistema, Rink (1994)

considera a gestão como essencial. Segundo a autora, a importância do

referido sistema advém do facto de quanto mais tempo for gasto na gestão e

controle comportamentos dos alunos, menos poderá ser dedicado à matéria

substantiva do ensino.

O segundo sistema engloba a apresentação e a realização da actividade

propriamente dita, bem como as estratégias e as regras que lhe são

associadas, no sentido de proporcionar a aquisição das habilidades e dos

movimentos (Farias, 2007).

O sistema social representa os factores individuais que influenciam as

tarefas e que se relacionam com a interacção social entre os alunos durante a

aula (Siedentop, 1991).

Por outro lado, Tousignant & Siedentop (1983) identificaram os sistemas

de tarefas em educação Física, dividindo-os em: 1) tarefas de gestão, que

incluem as questões do comportamento, da assiduidade, etc; 2) tarefas de

transição, relacionadas com a aprendizagem dos alunos; 3) tarefas de

transição, nas quais se fornece a informação acerca dos aspectos críticos

tarefa seguinte.

Hastie e Saunders (1992), estudaram e compararam os programas de

uma equipa de elite e de uma júnior, na modalidade do voleibol, com o intuito

de perceber quais as formas e como foram utilizadas as tarefas num

determinado contexto. A amostra consistiu na observação dos referidos

programas em 3 contextos distintos: sessões de treino, estágio concentrado e

competição. A recolha de dados ocorreu ao longo de 10 semanas e foi

efectuada através da observação passiva (registo das actividades dos

praticantes), recorrendo à metodologia de Tousignant e Siedentop (1983) e

Tinning e Siedentop (1985). Os resultados obtidos ao nível das sessões de

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treino e do estágio, apontaram para uma prevalência dos sistemas de tarefas

de gestão e dos sistemas de tarefas de transição, traduzidas como actividades

preparatórias, ou seja, ocorrem antes da instrução, concluindo, portanto, que a

conceitualização dos sistemas de Tousignant & Siedentop (1983) como

pertinente no contexto do treino Por outro lado, os autores identificaram todos

cenários referidos nos contextos anteriores, propondo, todavia, a adição de um

subsistema relacionado com o desempenho de um papel específico por parte

dos atletas, que encontra relevância no decorrer dos jogos de competição.

Na mesma linha de investigação, Jones et. al. (1997), procuraram

estabelecer uma comparação entre 10 treinadores experientes do ensino

superior e 10 treinadores inexperientes do ensino básico e secundário do

basquetebol. Os autores verificaram resultados muito semelhantes entre os

dois grupos, sendo que ambos escolhem preferencialmente sistemas de

tarefas de gestão.

Na literatura encontramos a sugestão de diversas categorias para

classificar as tarefas motoras instrucionais (Hastie & Vlaisavljevic, 1999), sendo

os critérios de análise diversificados.

Singer (1980), reportou a classificação das tarefas às possibilidades de

alterar ou corrigir o movimento no decorrer da sua execução, sugerindo a

seguinte tipologia:

1) Tarefas seriadas, caracterizadas pela sucessão dos movimentos mantida

até ao final dos mesmos, o que nem sempre permite a modificação do

movimento;

2) Tarefas contínuas, ou seja, sem uma ordem determinada dos movimentos,

nem limitações de espaço e de tempo para a realização dos mesmos;

3) Tarefas discretas. Nestas os movimentos encontram-se limitados por um

início e um fim predeterminados, sendo possível corrigir o movimento no

decorrer da sua execução.

Defendendo a importância do tipo de tarefas reflectir a dificuldade, a

complexidade e a metodologia utilizada para executar qualquer tarefa, Riera

(1989) estabeleceu o seguinte tipo de classificação:

1) Sem cooperação nem oposição;

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2) Sem cooperação e com oposição;

3) Com cooperação mas sem oposição;

4) Com cooperação e oposição.

Por fim, Rink (1993) para além de criar um sistema de classificação das

tarefas, propôs o conceito de tarefa dinâmica, do inglês movement task. Assim,

integrou na definição o carácter dinâmico e de inter-relação das tarefas,

sinalizando a relação entre as tarefas motoras e a informação a ser transmitida

no sentido de uma execução eficaz e, subjacentemente, a interacção entre as

respostas motoras dos alunos e a intervenção do professor (Mesquita 1999).

Para a autora (Rink, 1993), as tarefas dinâmicas ou de movimento tratam da

experiência de práticas que conduzem à aprendizagem na educação física,

identificando duas dimensões nestas: a dimensão organizacional focaliza o

aluno para a correcta realização do movimento e a dimensão conteúdo orienta

o executante através de objectivos e fornece-lhe a noção da substância da

tarefa.

Através da combinação de várias formas de tarefas instrucionais é

possível o desenvolvimento do conteúdo, pelo que Rink (1993) elaborou uma

classificação das tarefas, conferindo-lhes um cunho didáctico. Assim, dividiu as

tarefas nas seguintes subcategorias:

1) Tarefas de informação. Constituem-se como uma fase inicial de uma

nova tarefa ou como introdução de uma nova habilidade, incluindo a

componentes críticas que determinam a sua correcta execução;

2) Tarefas de refinamento. Têm como objectivo o incremento da qualidade

do desempenho do aluno numa determinada modalidade, abarcando

necessariamente a correcção para que a habilidade seja cada vez mais

aperfeiçoada;

3) Tarefas de extensão. São um prolongamento de uma tarefa

antecedente ou a etapa seguinte de uma progressão, sendo que o professor à

primeira incrementa a dificuldade ou a complexidade. O desenvolvimento da

mesma habilidade passa, assim, a estar sujeito a um maior desafio.

4) Tarefas de aplicação. Consistem na aplicação em situação de jogo das

habilidades exercitadas e aperfeiçoadas através de outros tipos de tarefas, pelo

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que privilegiam a forma como são utilizadas em detrimento da forma como são

executadas.

No estudo de Farias (2007), já referenciado anteriormente, o autor

analisou as tarefas instrucionais tendo em conta a anterior classificação de

Rink (1993). Foi notória uma maior preocupação dos treinadores licenciados

em especificar as suas intervenções, facto que poderá estar relacionado com

uma maior especificidade do nível de jogo praticado, logo uma maior utilização

das tarefas de refinamento.

Devido à complexidade das tarefas motoras inerentes aos JDC, Mesquita

(1998) procurou analisar a interactividade dos processos de organização

didáctico-metodológicos que configuram as tarefas, assim como as

metodologias de abordagem do conteúdo. A autora considerou dois tipos de

tarefas: estruturação e adaptação. Relativamente ao primeiro tipo de tarefas

enunciado, de referir que têm por objectivo a aprendizagem correcta das

habilidades motoras (eficiência) em referência a um resultado pretendido

(eficácia) em situação portadora dos ingredientes do jogo, e subdividem-se em

“encadeamento de acção” (as situações de treino são criadas em referência à

realização dos 3 toques, mesmo perante situações que incluam um numero de

acções inferior a três) e “jogos de cooperação” (nos programas experimentais,

as formas de jogo utilizadas foram o 1x1 e o 2x2). No que concerne às tarefas

de adaptação, caracterizam-se pela imprevisibilidade, em que o jogador está

sujeito a um conjunto de constrangimentos situacionais. As tarefas da

adaptação dividem-se igualmente em dois subgrupos: “adaptação por tema”

(pretende-se valorizar o comportamento adequado através da enfatização de

determinado momento e/ou utilização preferencial de determinada habilidade

técnica) e “dinâmica colectiva geral” (reproduz o jogo normal, com todas as

especificidades inerentes). Os resultados deste estudo apontam para

diferenças entre o grupo de controlo e os grupos experimentais, ao nível do tipo

de tarefas solicitadas, bem como da sua frequência. No âmbito das tarefas de

estruturação, a autora verificou que os grupos experimentais, ao contrário dos

grupos de controlo, evidenciam um elevado número de variantes dos dois

subtipos de tarefas considerados (encadeamento de acção e jogos de

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cooperação). Relativamente às tarefas de adaptação é de destacar o facto do

grupo de controlo nunca efectuar as tarefas de adaptação por tema, cingindo-

se a utilizar apenas a variante de dinâmica colectiva geral. Os grupos

experimentais, por sua vez, deram particular relevância fundamentalmente às

tarefas de adaptação por tema.

Carneiro (2007) estudou a instrução do treinador no momento de

apresentação das tarefas no contexto do Voleibol, em função do sexo dos

praticantes e ainda do seu escalão. Para tal, foram analisados 12 treinos, dos

quais 6 do escalão iniciados, dos quais 3 masculinos e 3 femininos, e outros 6

do escalão de juniores, novamente 3 de cada género. O autor desenvolveu

uma análise das tarefas considerando o ponto de vista didáctico, proposto por

Rink (1993), e também o ponto de vista do conteúdo adaptado de Mesquita

(1998). Os seus resultados demonstraram que, do ponto de vista didáctico, as

tarefas de informação foram aquelas utilizadas com mais frequência (39%),

enquanto que do ponto de vista do conteúdo, se destacaram as tarefas de

aquisição (38%). No que respeita a análise comparativa entre géneros, o

estudo indicou que as tarefas de informação são mais utilizadas pelos

treinadores das equipas femininas do que pelos das equipas masculinas. Por

outro lado, a nível do conteúdo, as diferenças prendem-se essencialmente no

facto de nos treinos das equipas femininas não se terem aplicado tarefas de

“jogo de cooperação”. Por fim, a análise comparativa em função do escalão

veio demonstrar que no escalão de iniciados, os treinadores apresentaram

mais tarefas de extensão do que nos escalões de juniores e que as tarefas do

ponto de vista do conteúdo não variam consoante o escalão dos praticantes.

Em suma, as tarefas podem ser distinguidas consoante diversos critérios.

Aliás, poderia ainda ser apontada a natureza da modalidade na qual se aplicam

as habilidades exercitadas e o número de intervenientes (Mesquita, 1998).

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III – OBJECTIVOS E HIPÓTESES

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IV. Objectivos e Hipóteses

1. OBJECTIVOS

1.1. OBJECTIVOS GERAIS:

O presente estudo tem como principal a análise da intervenção

pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores de voleibol dos escalões

masculinos e femininos dos escalões de iniciados e juniores. Mais

concretamente, pretendemos caracterizar a referida intervenção do treinador

no que respeita à natureza e ao tipo de conteúdo emitidos, ao receptor da

informação e ao momento de emissão da mesma. Finalmente, observaremos

as tarefas instrucionais e o tipo de práticas aplicadas pelos treinadores nos

treinos dos diferentes escalões e géneros.

1.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS:

- Identificar e descrever a natureza do conteúdo (“o quê”) referida pelos

treinadores nas suas intervenções pedagógicas sobre o conteúdo;

- Identificar os momentos do treino (“quando”) nos quais os treinadores

desenvolvem as intervenções pedagógicas sobre o conteúdo;

- Identificar os receptores (“a quem”) das intervenções pedagógicas sobre o

conteúdo proferidas pelos treinadores;

- Identificar o tipo de conteúdo referido pelos treinadores aquando das suas

intervenções;

- Identificar e descrever as tarefas instrucionais aplicadas pelos treinadores;

- Identificar e descrever as tarefas motoras aplicadas pelos treinadores;

- Comparar as intervenções pedagógicas sobre o conteúdo, nas suas várias

dimensões, em função do género e do escalão dos praticantes;

- Comparar o tipo de conteúdo referido pelos treinadores em função do género

e do escalão dos praticantes;

- Comparar as tarefas motoras aplicadas pelos treinadores em função do

género e do escalão dos praticantes;

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- Comparar os tipos de práticas aplicadas pelos treinadores em função do

género e do escalão dos praticantes.

2. HIPÓTESES

Espera-se que:

- Os conteúdos transmitidos pelos treinadores de ambos os géneros e escalões

incidam fundamentalmente na categoria técnica;

- Os treinadores prefiram o momento de feedback para proferirem as suas

intervenções, independentemente do escalão e género da equipa;

- Os treinadores prefiram o fornecimento de informações de modo

individualizado, independentemente do escalão e género da equipa;

- Ao nível do tipo de conteúdo referido pelos treinadores varie em função do

escalão e género dos praticantes;

- Ao nível das tarefas instrucionais, as tarefas de introdução sejam as mais

utilizadas pelos treinadores e com mais frequência pelos do escalão de

iniciados;

- Ao nível do tipo de prática, os treinadores utilizem mais frequentemente as

tarefas de aquisição em detrimento das tarefas de adaptação, sobretudo no

escalão de iniciados.

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IV – MATERIAL E MÉTODOS

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IV. Material e Métodos

1. AMOSTRA

Do presente estudo fizeram parte 24 treinadores de voleibol dos

escalões de formação iniciados e juniores, cujas equipas se encontravam

inscritas na Associação de Voleibol do Porto na época de 2006/2007. Sete (7)

treinadores de cada escalão e género compuseram a população amostral,

sendo o critério de selecção a sua receptividade em participarem no estudo.

Foram observados 6728 unidades de informação na caracterização da

intervenção do treinador sobre o conteúdo pedagógico, das quais 294 foram

emitidas na instrução prévia, 162 no decorrer da instrução complementar e, por

fim, 2562 durante a emissão de feedbacks. No que respeita as tarefas, nos

treinos gravados, obteve-se um total de 194 aplicadas pelos treinadores.

2. TREINOS OBSERVADOS

Um treino de cada treinador foi gravado durante o período competitivo, de

Fevereiro a Abril de 2007, e seleccionado do centro do microciclo semanal. Tal

escolha considerou a influência que a competição poderia representar, tendo

em conta que o treino imediatamente antes desta poderia ser monopolizado

pela preparação para o jogo e o imediatamente após condicionado pelo

resultado obtido.

3. VARIÁVEIS ANALISADAS

O presente estudo apresenta como variáveis dependentes o conteúdo

da intervenção verbal dos treinadores e as tarefas ao nível didáctico e motor

aplicadas nos treinos observados. Como variáveis independentes

consideramos o género e o escalão da equipa orientada pelo treinador.

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4. INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÃO:

A) CONTEÚDO DA INTERVENÇÃO DO TREINADOR:

A intervenção pedagógica sobre o conteúdo foi analisada com base no

protocolo desenvolvido por Gilbert et al. (1999), o S.A.P.C.I. (The Systematic

Analysis of Pedagogical Content Interventions), um instrumento dedicado à

análise sistemática das intervenções pedagógicas do conteúdo. Uma vez que

este foi originalmente desenvolvido para a modalidade de hóquei no gelo, foi

necessário proceder-se a vários ajustamentos e a uma posterior validação dos

mesmos, de modo a adequar o instrumento ao voleibol, modalidade na qual o

aplicámos. A peritagem deste sistema de observação foi, então, concretizada

por 3 professores doutores em Ciências do Desporto com especialização em

Pedagogia do Desporto, um dos quais perito em voleibol.

O S.A.P.C.I. permite a recolha de informação relativa à intervenção

pedagógica do treinador em quatro dimensões: o conteúdo (“o quê”); o

momento (“quando”); a forma (“como”) e o receptor da intervenção (“a quem”).

Tendo em conta os objectivos deste estudo, as dimensões “conteúdo” e

“momento” foram adaptadas e a dimensão “forma” dispensada, sendo que a

dimensão “receptor” foi utilizada como indicado no instrumento original.

- Dimensão Conteúdo da Intervenção:

1. Conteúdo Substantivo (Específico):

Inclui todas as intervenções do treinador que se referem aos conteúdos

de treino. Este conteúdo foi observado e analisado segundo uma divisão em

Habilidades Técnicas, Táctica, Física e Regras, que passamos a descrever.

1.1. Habilidades técnicas:

Compreende um conjunto de habilidades fundamentais da modalidade

e, logo, necessárias ao jogo. Por sua vez, são divididas nas seguintes

categoria:

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1.1.1.Acções com Bola, ou seja, as seguintes habilidades realizadas

com o objecto de jogo:

⇒ Passe;

⇒ Manchete;

⇒ Serviço;

⇒ Remate;

⇒ Amorti;

⇒ Bloco.

1.1.2.Acções sem Bola, realizadas sem o objecto de jogo:

⇒ Posição fundamental (alta, média e baixa);

⇒ Deslocamentos;

⇒ Enrolamentos e quedas;

⇒ Gesto de bloco;

⇒ Gesto de remate.

1.2.Táctica:

Também esta dimensão foi dividida em duas grandes áreas:

1.2.1.Táctica Individual, que considera as acções desenvolvidas pelo

atleta, em determinados momentos de jogo, de modo a posicionar-se

com vantagem sobre o adversário, evitando que este marque ponto

ou levando a sua equipa a marcar. A definição das seguintes

subcategorias baseou-se nas definições de Griffin et al. (1997),

adaptadas por Mesquita (2006):

⇒ Abrir Espaço e/ou Prosseguir: ocupação de espaço oportuno

para intervir de modo e/ou manter a disponibilidade para

jogar;

⇒ Transição: após o contacto, estabilização de uma nova

posição para agir;

⇒ Ajustamento: adequação da posição corporal às

características da trajectória da bola;

⇒ Retorno: após uma acção de defesa, retorno ao ponto de

partida para nova intervenção defensiva;

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⇒ Suporte: apoio das acções dos colegas, nomeadamente no

ataque;

⇒ Tomada de decisão no ataque: colocação da bola no espaço

vulnerável do adversário através da acção de ataque (e.g.

espaço vazio, jogador mais fraco);

⇒ Tomada de decisão na distribuição: colocação da bola no

colega que realiza o 3º toque, ou no campo adversário;

⇒ Tomada de decisão no serviço: colocação da bola no espaço

vulnerável através da acção de serviço (e.g. espaço vazio,

jogador mais fraco);

⇒ Tomada de Decisão no Bloco: formação do bloco consoante

ataque adversário.

1.2.2. A Táctica Colectiva Ofensiva define-se como as acções

colectivas de uma equipa, coordenadas de acordo com princípios e

regras e desenvolvidas pelos seus jogadores de forma organizada e

ordenada, com o intuito de ganhar vantagem sobre o adversário.

Decorrem quando a referida equipa se encontra no ataque.

Novamente baseados em Griffin et al. (1997), definimos as seguintes

sub-categorias da táctica colectiva ofensiva:

⇒ Princípios ofensivos: intervenções não confinadas a uma

zona específica do campo, quando a equipa se encontra no

ataque;

⇒ Combinações: intervenções direccionadas a dois ou mais

jogadores relacionadas com acções dinâmicas de

construção e finalização do ataque.

⇒ Sistemas de Ataque: intervenções direccionadas à equipa e

relacionadas com as acções dinâmicas do jogo, com o

objectivo de organizar e finalizar o ataque;

⇒ Táctica no Serviço: intervenções relacionadas com o serviço

e com o objectivo de condicionar ou mesmo anular a

recepção e, logo, o ataque adversário.

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1.2.3. Táctica Colectiva Defensiva: Tal como a anterior, inclui as

acções colectivas de uma equipa, coordenadas de acordo com

princípios e regras, mas, desta feita, desenvolvem-se de forma

organizada e ordenada quando a equipa se encontra numa situação

defensiva, ou seja, na defesa ou na recepção. Compreende as

seguintes sub-categorias:

⇒ Princípios Defensivos: intervenções não confinadas a uma

zona específica do campo, quando a equipa se encontra

numa situação defensiva;

⇒ Sistemas: intervenções direccionadas a dois ou mais

jogadores relacionadas com as acções dinâmicas do jogo,

com o intuito de organizar a defesa/recepção. Subdividem-se

em:

• Dispositivo de recepção ao serviço;

• Dispositivo de protecção ao próprio ataque;

• Esquema Táctico Defensivo;

• Sistema de Bloco.

1.3. Física/Energético-Funcional:

Abarca todas as instruções verbais do treinador relacionadas com

desempenho físico do(s) atleta(s), ao nível do tipo de esforço ou das

capacidades motoras mobilizadas.

1.4.Regras:

Compreende todas as instruções verbais do treinador que se refiram ao

regulamento do jogo.

2. Conteúdo Não Substantivo (Geral):

São as intervenções do treinador que não se relacionam com aos

conteúdos de treino. Este conteúdo foi observado e analisado segundo uma

divisão em Encorajamento, Elogio, Informações de atenção e Pressão. No

decorrer do estudo inicial sentimos a necessidade de acrescentar a sub

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categoria Sem Conteúdo de modo encontrarmos classificação todas as

instruções verbais dos treinadores.

2.1.Encorajamento:

O treinador incentiva o(s) atleta(s) no sentido de se envolverem na

tarefa. (e.g. “é muito importante que melhorem este aspecto, porque se vai

reflectir na nossa forma de jogar”).

2.2.Elogio:

O treinador louva o(s) atleta(s) de modo a recompensar determinado

comportamento. (e.g. “temos vindo a melhor este aspecto e isso tem-nos

trazido mais pontos no ataque”).

2.3. Informações de Atenção:

O treinador recorre a estratégias verbais para focalizar a atenção do(s)

atleta(s) nas tarefas ou para ajudar a controlar os níveis de ansiedade ou de

concentração. (e.g. “vamo-nos focar na próxima tarefa. Respirem fundo e

ponham a cabeça no sítio”).

2.4.Pressão:

O treinador impele para persuadir o(s) atleta(s) no sentido de

incrementar os seus esforços e empenho numa determinada tarefa. (e.g.

“só acabaremos o exercício quando toda a gente realizar o nº pretendido”).

2.5.Punição:

O treinador pune um ou mais praticantes pelo incumprimento de

determinada tarefa ou por um comportamento inadequado. (ex. “todo o

grupo fará 10 flexões de braços se no final do tempo não tiverem cumprido

as 20 repetições”).

2.6.Sem Conteúdo:

Inclui todas as intervenções do treinador que não se enquadram em

nenhuma das categorias mencionadas acima.

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- Dimensão Receptor da Instrução

Para cada intervenção do treinador foi observado qual o receptor, dividido

nas seguintes subcategorias:

1. Um atleta individualmente: a intervenção do treinador é dirigida a

um só praticante;

2. Subgrupo de atletas: a intervenção do treinador é dirigida a um

grupo de praticantes, mas não a todos;

3. Toda a equipa: a intervenção do treinador é dirigida a todos os

praticantes da equipa.

- Dimensão Momento da Instrução

Esta dimensão, supracitada, define em que momento da intervenção do

treinador decorre a transmissão da informação. Adaptadas de Graça (1997)

foram consideradas as, acima descritas, subcategorias:

1. Instrução Prévia: trata-se da intervenção de conteúdo pedagógico

que é transmitida pelos treinadores aos seus atletas no momento

da apresentação das tarefas, constituído a explicação da execução

da habilidade ou estratégia e do que se pretende no jogo de acordo

com as regras.

2. Instrução Concorrente: também consiste na intervenção de

conteúdo pedagógico transmitida aos atletas mas, desta feita, após

uma instrução inicial e vem acrescentar uma nova informação,

complementar à primeira. Trata-se de uma pró-acção ao

desempenho do atleta e não uma reacção, embora possa

acontecer no decorrer da prática.

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3. Feedback: é a intervenção de conteúdo pedagógico transmitida

pelo treinador a um ou vários atletas como reacção ao

desempenho dos mesmos.

B) TIPO DE CONTEÚDO

Esta variável caracteriza as acções realizadas tendo em conta a

especificidade do jogo de Voleibol. A categorização foi desenvolvida pela

adaptação daquela utilizada por Moreno (2002):

1. Serviço: acção que coloca a bola em jogo;

2. Recepção: acção através da qual se pretende receber e controlar o

serviço adversário, procurando enviar a bola nas melhores

condições para a distribuição;

3. Distribuição: acção de colocar a bola num colega atacante nas

melhores condições possíveis para a realização do ataque ou

contra-ataque, habitualmente realizada ao 2º toque;

4. Ataque: acção subsequente à distribuição e que possui como

principal objectivo o contacto da bola com o campo adversário.

Habitualmente realizado aquando do 3º toque da equipa, mas

passível de acontecer ao 1º ou 2º toques;

5. Bloco: acção de defesa alta, junto à rede, constituindo-se como a

primeira acção defensiva a pretender parar o ataque do adversário;

6. Defesa/Cobertura: acções de defesa baixa (ou segunda linha) com

o intuito de controlar o ataque adversários e/ou as bolas que

ressaltam do bloco;

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7. Fundamentos de base: referem-se às habilidades técnicas

exercitadas fora do contexto de aplicação (jogo), sendo objectivo o

desenvolvimento técnico básico da habilidade;

8. Movimentações sem bola: referem-se à exercitação do gesto

técnico sem o recorrer à bola (e.g. gesto de bloco e chamada de

ataque);

9. Acção Indefinida: acção realizada pelo(s) atleta(s) não passível de

identificar de forma categórica.

C) TIPOLOGIA DAS TAREFAS A NÍVEL DIDÁCTICO

As tarefas foram analisadas a partir de duas perspectivas: do ponto de

vista didáctico e do conteúdo didáctico. De modo a verificar o tipo de situações

de prática ou de tarefas ao nível didáctico, foram determinadas quatro

categorias, adaptadas de Rink (1993):

1. Tarefas de Introdução: têm como objectivo fornecer informação aos

alunos relativamente à preparação e orientação da tarefa seguinte. Todavia,

constatamos que a classificação de Rink (1993) não distinguia os exercícios

iniciais do treino, de iniciação ao treino com bola, de aquecimento e as tarefas

em que, de facto, introduzem uma nova tarefa/conteúdo. Assim, criámos as

respectivas subcategorias:

1.1.Tarefas de Introdução Geral;

1.2.Tarefas de Introdução de uma nova Tarefa/Conteúdo

2. Tarefas de Refinamento: pretendem a melhoria da qualidade da

performance dos alunos, centrando-se na definição dos elementos de

execução motora e do seu uso estratégico;

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3. Tarefas de Extensão: consistem em progressões das tarefas

aprendidas, diferenciando-se destas pelo incremento da

dificuldade/complexidade das situações;

4. Tarefas de Aplicação: tratam-se de tarefas de aprendizagem com

base na competição e na autoavaliação, nas quais o atleta tem a oportunidade

de realizar as habilidades de forma contextualizada e com enfoque no objectivo

externo, isto é, no rendimento obtido (classificação, pontos ganhos, etc.). Estas

tarefas permitem aos participantes a aplicação dos seus skills em situações de

jogo.

D) TIPOLOGIA DAS TAREFAS MOTORAS

De modo a completar a análise realizada através das categorias

anteriores, observámos as tarefas também do ponto de vista da sua

complexidade de execução e dos contextos de exercitação motora, adoptando

de Mesquita (1998) para jogos de não invasão:

1. Tarefas de Aquisição:

1.1.Simples:

Nestas tarefas as habilidades são exercitadas sob condições

facilitadoras da aprendizagem, sendo o intuito a familiarização com o

objecto de jogo (manipulação de bola);

1.2.Combinadas:

Nas quais a execução das habilidades é associada a um outro

movimentos ou a deslocamentos, de forma a aumentar as exigências da

resposta. Com isto pretende-se a aprendizagem/aquisição das habilidades

técnicas e respectivas variantes.

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2. Tarefas de Estruturação:

Pretende-se o treino das habilidades em situação portadora dos

ingredientes de jogo, mas sendo possível controlar a imprevisibilidade própria

deste.

2.1.Encadeamento de acção:

Estas tarefas caracterizam-se pela realização de duas a cinco acções

consecutivas, em consonância com a lógica do jogo;

2.2.Estruturação ou organização por sectores:

Nas quais se focaliza a exercitação de aspectos característicos de um

determinado sector. Subdivide-se em:

2.2.1.Ofensiva: organização do ataque;

2.2.2.Defensiva: organização da recepção ou da defesa;

2.2.3.Combinado: organização ofensiva e defensiva.

2.3.Jogo de cooperação:

Jogo cujo objectivo se centra na sustentação da bola por cima da rede,

podendo desenvolver-se, ou não, em sistema de competição. O tipo de jogo

é condicionado pelo número de jogadores (1x1, 2x2, 3x3, 4x4, 6x6). Poderá,

ou não, ser sujeito a uma temática, pelo que este jogo é subdividido em:

2.3.1.Com tema;

2.3.2.Sem tema.

3. Tarefas de Adaptação:

Caracterizam-se pela integração das habilidades no jogo de oposição.

Este jogo pode variar de acordo com o número de jogadores (1x1, 2x2, 3x3,

4x4, 6x6) e com a submissão, ou não, a uma temática:

3.1.Jogo condicionado temático, que implica a integração do jogo de

oposição, sujeito a um tema;

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3.2.Jogo condicionado temático, não implica um tema, ou seja,

desenvolve-se segundo o fluxo normal do jogo formal;

3.3.Dinâmica colectiva, que inclui a exercitação colectiva nas

diferentes fases do jogo.

De modo a facilitar a recolha dos dados, todas as categoria e subcategorias

acima descritas foram codificadas como demonstrado pelos quadros seguintes.

Quadro 1: Codificação das subcategorias da dimensão natureza do conteúdo (“o quê”).

Dim

ensã

o C

on

teú

do

Conteúdo Substantivo (específico)

Habilidades Técnicas

Acções com bola (HTCB)

Passe P Manchete M Serviço S Remate R Amorti A Bloco B

Acções sem bola (HTSB)

Posição Fundamental PF Deslocamentos D

Enrolamentos / Quedas E/Q

Táctica

Táctica Individual

Tomada de

Decisão

Defesa/

Recepção Abrir Espaço/Prosseguir AE/PR

Transição TR Ajustamento AJ Retorno RT

Suporte (cobertura/apoio) SP Tomada de Decisão no Bloco TDB Tomada de Decisão no Serviço TDS Tomada de Decisão no Ataque TDA

Tomada de Decisão na Distribuição TDD

Táctica Colectiva Ofensiva

(TACO)

Princípios Ofensivos PO Combinações CB Sistema Ataque SA

Táctica Equipa Serviço TES

Defensiva (TACD)

Princípios Defensivos PD

Sistemas

Dispositivo de Recepção DR Disp. Protecção. Pp. Ataq DPPA Esq Táctico Defensivo ETD Sistema de Bloco SB

Física e Energétio-funcional F Regras R

Conteúdo Não

Substantivo (geral)

Encorajamento EC Elogio EL

Informações de Atenção IA Pressão PR Punição PU

Sem Conteúdo SC

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Quadro 2: Codificação das subcategorias da dimensão receptor da informação (“quem”).

Dimensão Receptor da Informação

Um atleta individualmente I Subgrupo de atletas SG Toda a equipa E

Quadro 3: Codificação das subcategorias da dimensão momento do treino (“quando”).

Dimensão Momento do

Treino

Instrução Prévia IP Instrução Concorrente IC

Feedback FB Quadro 4: Codificação das categorias do tipo de conteúdo.

Dimensão Tipo de Conteúdo

Fundamentos de base FB Movimentações sem Bola MSB

Recepção RC Distribuição DT Ataque AT Bloco BL

Defesa/Cobertura DF/C Indefinida AI

Quadro 5: Codificação das categorias da tipologia da tarefa instrucionais.

Quadro 6: Codificação das categorias da tipologia da tarefa a nível do conteúdo didáctico.

Dim

ensã

o T

ipo

log

ia d

as

Tar

efas

Mo

tora

s

Aquisição Simples (manipulação de bola) S

Combinadas (aquisição de procedimentos de jogo) C

Estruturação

Encadeamento de acção EA

Estruturação por Sectores Ofensiva O Defensiva D Combinado O+D

Jogos cooperativos Temático JCT

Não Temático JCNT

Adaptação Jogo de oposição com tema JOT

Jogo com fluxo normal do jogo formal JFN Exercícios de Dinâmica colectiva DC

Dimensão Tipologia Tarefas

Instrucionais

Tarefa de Introdução de uma Nova Tarefa/Conteúdo TI Tarefa de Introdução Geral TIG Tarefa de Refinamento TR Tarefa de Extensão TE Tarefa de Aplicação TA

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5. PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DA INFORMAÇÃO

RECOLHA DOS DADOS

Para posterior observação e análise das intervenções pedagógicas sobre o

conteúdo desenvolvidas pelos treinadores e das tarefas aplicadas, procedeu-se

à filmagem em vídeo dos treinos que constituem a amostra bem como ao

registo em áudio através de um microfone portátil colocado no treinador. A

câmara de vídeo, foi fixa num tripé no local onde era possível visualizar a maior

área do treino possível. Esta câmara foi acoplada a um sistema de áudio,

constituído por um receptor e um emissor (microfone portátil), que permitiu a

captação não só da imagem mas também da informação verbal transmitida

pelos treinadores em tempo real.

A gravação e posterior observação contemplaram as partes inicial,

fundamental e final do treino mas, no entanto, não foram consideradas as

reuniões que antecederam ou procederam os treinos nem o exercícios de

aquecimento cujo conteúdo não era específico de voleibol, sendo que as

filmagem obtiveram uma duração entre 90 a 120 minutos.

No registo das observações dos vídeos em formato digital, utilizámos uma

ficha-tipo (ver anexo 1), na qual foram anotadas por unidade de intervenção, a

(sub)categoria correspondente para cada variável.

5.2. FIABILIDADE DA OBSERVAÇÃO

Antes de se proceder à análise dos dados é essencial estabelecer-se a

fiabilidade dos resultados obtidos (Hughes, 2004).

De modo a testar a consistência da observação efectuámos não só uma

análise inter-observador, isto é, dois observadores codificaram a mesma

realidade, e uma análise intra-observador, na qual o mesmo observador

codificou a mesma realidade mas em ocasiões diferentes.

Para determinar as duas formas de fiabilidade referidas foram analisados 4

treinos, perfazendo um total de 1138 unidades de informação, pelo que no que

respeita a intervenção pedagógica sobre o conteúdo foi observado cerca de

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15% da amostra, mais do que o valor mínimo recomendado pela literatura

(10%) (Tabachnick & Fidell, 1989, cit. Castro, 2006). Em relação às tarefas

aplicadas pelos treinadores, foi considerado um total de 34, ou seja, 17% da

amostra.

De acordo com a literatura (Van der Mars, 1989), as duas observações

ocorreram com um intervalo superior a 15 dias e apresentaram valores acima

dos 80%, seguindo o cálculo de percentagens de acordos e de desacordos

registados.

O valor mí

Táctica, na fia

Dimensão Re

Conteúdo –

Dimensão Tar

De modo a

se a estatístic

& Wright, 20

seguinte form

0.60= modera

Dado que

fiabilidade intr

afirmar que s

científica.

5.3. PROCE

Os proced

estatística de

percentagem

permitiu estab

%

de acordos = _________Nº de acordos_________ x 100

Nº de acordos + Nº de desacordos

43

nimo encontrado foi de 97,25% na variável Dimensão Conteúdo –

bilidade inter-obervador; o valor máximo atingido foi de 100%, na

ceptor, na fiabilidade intra-observador, e nas variáveis Dimensão

Táctica e Regras, Dimensão Tarefas ao Nível Didáctico e

efas ao Nível do Conteúdo Didáctico, em ambas as fiabilidades.

excluir a possibilidade de existirem acordos por acaso, aplicou-

a Kappa de Cohen. De acordo com Landis e Koch (1977, cit. Sim

05), os resultados desta estatística podem ser nivelados da

a: ≤ 0= pobre; 0.01-0.20= ligeira; 0.21-0.40= adequada; 0.41-

da; 0.61-0.80= substancial; e 0.81-1= quase perfeita.

os valores por nós registados se encontram entre 0,95 e 1 na

a-observador, e 0,94 e 1 na fiabilidade inter-obervador, podemos

ão fiáveis o suficiente para serem utilizados como ferramenta

DIMENTOS ESTATÍSTICOS

imentos estatísticos utilizados no presente estudo, consideram a

scritiva (medidas de tendência central e de dispersão e

de ocorrência), assim como a estatística inferencial, que nos

elecer uma comparação e correlação entre os dados.

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No que respeita esta comparação, antes de mais todas as variáveis e

categorias foram analisadas em relação à sua normalidade da sua distribuição,

através do teste de Kolmogorov-Smirnov e à homogeneidade de variâncias,

através do teste de Levene. Quando confirmados estes pressupostos, foi

utilizada a estatística paramétrica - teste t de medidas independentes – caso

contrário, a estatística utilizada foi a não paramétrica, o U de Mann-Whithney,

ajustada a amostras reduzidas. O nível de significância considerado foi de 5%.

Por fim, o software utilizado foi o programa SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences), versão 15.0.

Quadro 7: Fiabilidade Intra-observador.

Quadro 8: Fiabilidade Inter-observador.

Percentagem de Acordos K de Cohen Dimensão Momento do Treino 99,82% 0,99 Dimensão Receptor 100% 1

Dimensão Conteúdo

Habilidades Técnicas 98,62% 0,97 Táctica 97,65% 0,95 Física 100% 1 Regras 100% 1 Conteúdo não Substantivo 99,60% 0,99

Dimensão Tipo de Conteúdo 99,91% 0,99 Dimensão Tarefas ao Nível Didáctico 100% 1 Dimensão Tarefas ao Nível do Conteúdo Didáctico 100% 1

Percentagem de Acordos K de Cohen

Dimensão Momento do Treino 99,82% 0,99

Dimensão Receptor 99,91% 0,99

Dimensão Conteúdo

Habilidades Técnicas 97,79% 0,95

Táctica 97,25% 0,94

Física 100% 1

Regras 100% 1

Conteúdo não Substantivo 99,19% 0,98

Dimensão Tipo de Conteúdo 99,82% 0,99

Dimensão Tarefas ao Nível Didáctico 100% 1

Dimensão Tarefas ao Nível do Conteúdo Didáctico 100% 1

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V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

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V. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

1. Análise descritiva geral

1.1. Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo

1.1.1. Dimensão Natureza do Conteúdo:

No quadro 9 apresentamos os dados descritivos gerais, incluindo os

valores mínimos e máximos, o desvio padrão, a média e a percentagem de

ocorrências relativos à natureza dimensão conteúdo.

Analisando os resultados apresentados pelo quadro acima tendo em

conta as categorias, e não as subcategorias, podemos verificar que o conteúdo

mais referido pelos treinadores relaciona-se com as habilidades técnicas

(41%), seguido do conteúdo não substantivo (36%) e da categoria táctica

(21%). As categorias energético-funcional e regras foram significativamente

menos referidas (respectivamente 1% e 0,67%).

Ao contrário daquilo que acontece em relação às categorias estudadas,

no que respeita à análise das subcategorias, isto é, decompondo a técnica, a

táctica e o conteúdo não subjectivo nas várias habilidades ou

estratégias/atitudes específicas do voleibol não encontrámos na literatura um

estudo com o qual pudéssemos confrontar, pelo que a discussão incidirá nos

artigos de cariz doutrinário de especialistas nesta temática.

Os resultados vêm confirmar a tendência encontrada na literatura de

valorizar as questões técnicas comparativamente às tácticas durante os

treinos: Lima (2006) no escalão de iniciados masculino e feminino em voleibol;

Cruz (2002) no escalão de iniciados no hóquei patins; Farias (2007), nos

escalões escolinhas e infantis de futebol. Pelo contrário, o estudo desenvolvido

por Gilbert et al. (1999) apontou para uma prevalência dos aspectos tácticos,

bem como o de Seaborn et al. (1998) e de Botelho et al. (2005) embora estes

últimos tenham analisado o conteúdo no contexto da competição.

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48

Quadro 9: Dados descritivos gerais relativos à dimensão natureza do conteúdo.

Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Total %

Categoria Habilidades Técnicas 27 209 115,71 47,14 2777 41%

Acções com

Bola

Passe 4 94 25,08 19,84 602 8,95% Manchete 1 58 16,25 16,30 390 5,80% Serviço 0 52 9,88 12,95 237 3,52% Remate 1 41 18,88 11,41 453 6,74% Amortie 0 10 1,17 2,28 28 0,42% Bloco 0 117 15,63 29,04 375 5,58%

Acções Sem

Bola

Posição Fundamental 0 48 12,83 11,05 308 4,58% Deslocamentos 1 46 13,71 10,72 329 4,89% Quedas/Enrolamentos 0 3 0,46 0,83 11 0,16% Gesto de Bloco 0 10 1,00 2,27 24 0,36%

Gesto de Remate 0 10 0,83 2,55 20 0,30%

Categoria Táctica Individual 4 81 38,13 19,83 915 14%

Tomada de

Decisão na

Recepção/

Defesa

Abrir Espaço/Prosseguir 0 37 9,04 8,66 217 3,23%

Transição 0 14 1,00 2,87 24 0,36% Ajustamento 1 45 20,25 11,73 486 7,23%

Retorno 0 11 2,71 3,48 65 0,97% Suporte (cobertura/apoio) 0 15 2,17 3,42 52 0,77%

Tomada de Decisão no Ataque 0 5 0,83 1,20 20 0,30% Tomada de Decisão na Distribuição 0 8 1,17 1,95 28 0,42% Tomada de Decisão no Serviço 0 5 0,29 1,04 7 0,10%

Tomada de Decisão no Bloco 0 4 0,96 1,30 23 0,34% Categ. Táctica Colectiva Ofensiva 0 21 1,96 4,40 47 1% Princípios Ofensivos 0 7 0,54 1,64 13 0,19% Combinações 0 5 0,50 1,32 12 0,18% Sistema Ataque 0 14 0,92 2,98 22 0,33%

Táctica Equipa Serviço 0 0 0,00 0,00 0 0% Categ. Táctica Colectiva Defensiva 0 85 17,79 21,00 427 6% Princípios Defensivos 0 23 6,67 6,81 160 2,38% Dispositivo de Recepção 0 16 1,88 4,11 45 0,67% Disposit. Protecção Próprio Ataque 0 12 1,21 2,86 29 0,43% Esquema Táctico Defensivo 0 58 7,63 12,88 183 2,72% Sistema de Bloco 0 4 0,42 0,93 10 0,15%

Categoria Energético-Funcional 0 16 3,50 4,77 84 1,25%

Categoria Regras 0 8 1,88 2,13 45 0,67% Cat. Conteúdo Não Substantivo 43 245 100,96 51,28 2423 36% Encorajamento 1 129 28,79 28,74 691 10,28% Elogio 0 145 36,17 31,70 868 12,91% Informação de Atenção 1 18 7,13 5,03 171 2,54% Pressão 1 28 11,08 6,87 266 3,96% Punição 0 13 3,08 3,84 74 1,10%

Sem Conteúdo 4 28 14,71 7,65 353 5,25%

Os resultados podem ser justificados na medida em que, não só foram

recolhidos em situação de treino, mas também em treino de jovens em

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formação, se bem que esta componente no escalão júnior seja discutível. A

aquisição dos fundamentos técnicos é essencial nos escalões de formação

(Mesquita, 2007), sobretudo numa modalidade como o voleibol, em que o

carácter técnico está implícito no regulamento, que condiciona a forma de

contacto com a bola e também na obtenção de rendimentos mais elevados.

Na categoria técnica verificámos uma maior ocorrência das intervenções

relacionadas com as acções com bola (31%) do que com estas acções sem o

objecto de jogo (10%), o que é natural visto que, não desprezando a

movimentação e acção que é necessário desenvolver sem a bola, é nas

acções com esta que se prende o rendimento e se concretiza o objectivo do

jogo.

Ainda no âmbito da categoria técnica as habilidades que mais se

destacam são o passe (9%), o remate (7%), a manchete (6%) e o bloco (6%). É

facilmente compreensível o foco dos treinadores sobre o passe e a manchete

uma vez que o representam os fundamentos de base da modalidade na

medida em que: 1) o primeiro em situação de treino facilita a sustentação da

bola e contribui para o trabalho dos deslocamentos e da leitura das trajectórias

e no contexto do jogo representa é habilidade que sustenta a distribuição

(Mesquita et al., 2002); 2) a manchete é a habilidade mais solicitada na defesa,

que tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante no jogo, sendo

determinante a aprendizagem correcta dos seus critérios de correcção, nos

escalões de formação (Mesquita et al., 2002). O remate é a acção mais

correlacionada com a obtenção do resultado final, pelo que também não nos

surpreende a preponderância verificada.

Considerando os valores encontrados para a manchete, o bloco, a

posição fundamental e os deslocamentos verificámos uma prevalência dos

aspectos relacionados com a defesa em detrimento dos relacionados com o

ataque, o que será confirmado mais adiante neste estudo, pelos valores

encontrados no que respeita o tipo de conteúdo, no qual se destaca a defesa

(ver quadro 11). Tendo em consideração o bloco, acreditamos que os seus

relativamente elevados valores de ocorrência (375 unidades de informação -

6%) são também explicados no facto de se encontrarem presentes em ambos

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os escalões. De facto, tanto nos infantis, onde se inicia a sua a abordagem

como nos juniores, onde a defesa já praticamente não ocorre sem a sua

presença, o bloco assume uma elevada importância. Todavia, é de considerar

a amplitude dos valores encontrados (desvio padrão de ±29,04) o que indica

que a sua solicitação é substancialmente distinta entre os treinadores da

amostra.

Por outro lado, surpreenderam-nos os valores baixos encontrados ao

nível da acção do serviço: cerca de 4%, tendo em consideração não só a

habilidade técnica, como a tomada de decisão e a táctica da equipa no

momento do serviço. Com a evolução do jogo, esta habilidade tem vindo a

assumir uma importância acrescida (Mesquita et al., 2002), visto que se

constitui como a primeira arma do ataque, sendo cada vez mais agressivo de

modo a condicionar a construção do ataque adversário. No presente estudo,

esta tendência e consideração não se verifica, podendo se dever ao facto de,

quando eficaz, comprometer a sustentação de bola e o fluxo de jogo, sendo

prejucial ao nível do treino.

Na categoria táctica concluímos que a táctica individual (14%) prevalece

sobre a colectiva (7%) e que, por sua vez, nesta última os aspectos da táctica

defensiva (6%) foram mais referidos pelos treinadores do que os ofensivos

(1%). Estes resultados vêm contrariar os obtidos no âmbito da competição

(Seaborn at al., 1998; Botelho et al., 2005) e no contexto do treino (Cruz, 2002;

Farias, 2007). Estas divergências podem encontrar explicação no instrumento

adoptado, visto termos utilizado uma categorização na qual a táctica individual

abarca conteúdos na ordem da tomada de decisão, por exemplo, no

posicionamento do corpo em relação à bola (ajustamento), o que noutros

instrumentos poderia ser considerado como um aspecto da técnica. Não

obstante, os resultados apontam que os treinadores de voleibol dos escalões

de iniciados e de juniores masculinos e femininos, tendem a referir-se mais aos

conteúdos relativos à táctica individual, privilegiando a tomada de decisão e a

acção sem bola do jogador (abrir espaço, acções de transição, etc), sobre os

conteúdos relativos aos sistemas, dispositivos e princípios colectivos.

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51

Embora os valores relativos à táctica se tenham apresentado

relativamente baixos, é possível verificar, novamente, o destaque fornecido aos

aspectos defensivos, de tomada de decisão e de princípios e esquema táctico

defensivos. Da táctica individual, surgem os valores mais elevados nas

questões do ajustamento (7%) da posição à trajectória, direcção da bola e ao

espaço disponível. Tal encontra justificação no facto do voleibol consistir em

trajectórias aéreas da bola e ainda da impossibilidade de agarrar o objecto de

jogo, sendo a recepção e envio do mesmo realizados da mesma acção

(Mesquita, 2002), pelo que o ajustamento prévio é essencial à eficácia no

contacto com a bola.

Tanto a categoria regras como a energético-funcional apresentam valores

bastante menos significativos do que as categorias anteriormente

referenciadas, o que vem corroborar os resultados encontrados por Gilbert et

al. (1999) no hóquei no gelo e Farias (2007) no futebol. Relativamente à

intervenção do treinador no âmbito das regras, concordámos com Farias (2007)

quando afirma que no contexto do treino, não obstante o facto de se tratarem

de escalões de formação, o conhecimento das regras já se deve encontrar

desenvolvido, devido a uma prática sistemática da modalidade. Já o que

concerne à categoria energético-funcional esta assume uma menor

preponderância (1,25%) do que, por exemplo, no estudo de Farias (2007)

aplicado no treino do futebol (8,4%), modalidade na qual as capacidades

condicionais, nomeadamente a resistência, assumem uma maior influência na

prestação.

De todas as subcategorias aquelas que mais se destacam são o

encorajamento (10%) e o elogio (13%), pertencentes a uma categoria

eminentemente psicológica. Estes valores vêm corroborar a importância destes

aspectos ao nível do treino de voleibol, encontrada por Lima (2006) no voleibol

e contrariar a constatação de Farias (2007) no futebol cujos valores indicavam

uma atribuição de pouca relevância por parte dos treinadores. Assim, o

presente estudo vem reforçar a preocupação dos treinadores de voleibol com a

motivação dos atletas no sentido de os mobilizar para a melhoria das

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performances (Zeyfang, 2001, cit Pacheco, 2003). Para Mesquita (2003),

elogiar a aprendizagem individual do atleta deve ser uma das principais

atitudes do treinador, como forma promotora de uma prática desportiva

substantiva e repleta de significado para os jovens. Esta tentativa de

intensificação da motivação reflecte-se na preponderância dos reforços

positivos, de encorajamento e elogio sobre as unidades de informação

relacionadas com a pressão e a punição.

1.1.2. Dimensão Receptor

O quadro 10 apresenta os valores encontrados no âmbito da dimensão

receptor da intervenção do treinador, incluindo dados descritivos gerais dos

valores mínimos e máximos, do desvio padrão, da média e da percentagem de

ocorrências.

Quadro 10: Dados descritivos gerais relativos à dimensão receptor.

Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Total %

Individual 75 473 220,92 97,96 5302 79% Subgrupo 5 70 22,54 16,90 541 8%

Equipa 3 102 36,83 20,94 884 13%

A análise do quadro acima permite a constatação de que os treinadores

intervêm maioritariamente sobre um destinatário apenas (79%). De seguida, os

treinadores transmitem as informações a toda a equipa (13%) e, por fim, a

subgrupos de atletas (8%).

Os valores são semelhantes aos encontrados por Seaborn et al. (1998),

Gilbert et al. (1999) e Cruz (2002), Lima (2006) e Farias (2007), no contexto do

treino. Tal poderá apontar para um reconhecimento por parte dos treinadores

da importância de desenvolver um ensino individualizado, ajustado às

individualidades, personalidades e ritmos de aprendizagem de cada atleta

(Mesquita, 2000). Por outro lado, os resultados poderão estar associados à

prevalência da intervenções relacionadas com a componente técnica, e com a

correcção que é maioritariamente individual, sendo o objectivo do treinador

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53

focar de modo particular, a atenção do aprendiz na informação que realmente

se ajusta ao seu desempenho (Farias 2007).

1.1.3. Dimensão Momento do Treino

O quadro 11 apresenta os dados descritivos gerais (valores máximos e

mínimos, média, desvio padrão, e percentagem de ocorrência) que

caracterizam a intervenção do treinador ao nível do momento de treino.

Quadro 11: Dados descritivos gerais relativos à dimensão momento do treino.

As intervenções pedagógicas sobre o conteúdo desenvolvidas pelos

treinadores de voleibol que compuseram o presente estudo ocorrem

maioritariamente através da emissão de feedbacks aos atletas (88%) quando

comparado com os momentos de instrução prévia (9%) e de instrução

concorrente (3%).

Estes resultados corroboram com aqueles concluídos por Farias (2007),

que aponta o momento de acção como o mais utilizado pelos treinadores para

intervirem, em detrimento da “não acção”. Visto que este autor também se

confrontou com uma prevalência do conteúdo de intervenção relacionado com

o desenvolvimento das habilidades técnicas, os valores apresentados pelo

quadro acima podem encontrar justificação no facto dos treinadores centrarem

a sua intervenção na correcção da acção dos atletas após a sua realização, ou

seja, como uma reacção ao seu desempenho. Também Seaborn et al. (1998) e

Gilbert at al. (1999) se confrontaram com esta evidência, no contexto do hóquei

patins. No entanto, estes autores chamam a atenção para o facto de que é

provável que uma parte significativa das informações transmitidas aos atletas

no momento de acção, sejam total ou parcialmente perdidas ou distorcidas,

uma vez que os jogadores se encontrarem focados na execução motora, pelo

Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Total %

Instrução Prévia 7 71 25,38 16,59 609 9% Instrução Concorrente 0 24 7,46 7,37 179 3%

Feedback 90 495 247,50 100,54 5940 88%

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54

que é importante que o treinador procure indicadores da atenção e

compreensão do aprendiz.

1.2. Tipo de Conteúdo

O quadro 12 destaca os dados relativos ao tipo de conteúdo que

compõem a intervenção dos treinadores.

Quadro 12: Dados descritivos gerais relativos ao tipo de conteúdo.

Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Total %

Fundamentos de Base 0 221 50,83 49,36 1220 18% Movimentação sem Bola 0 40 5,38 10,13 129 2% Serviço 0 68 14,75 18,65 354 5% Recepção 0 94 17,83 25,70 428 6% Distribuição 1 65 20,54 17,46 493 7% Ataque 5 125 39,33 31,98 944 14% Bloco 0 328 39,08 77,19 938 14% Defesa/Cobertura 2 206 70,13 66,76 1683 25%

Acção Indefinida 0 80 22,63 19,52 543 8%

Os resultados obtidos demonstram que os treinadores privilegiaram os

tipos de conteúdo relacionados com a acção de defesa/cobertura (25%),

seguindo-se os fundamentos de base (18%), o ataque e o bloco, ambos com

14% de frequência de ocorrência. Os restantes tipos de conteúdo

apresentaram valores abaixo dos 8%, sendo o conteúdo menos referido na

intervenção do treinador aquele relacionado com a movimentação sem bola

(1%).

Se os estudos consultados (Lima, 2006 e Carneiro, 2007) não deixavam

perceber um perfil de intervenção no contexto do treino, ou seja, na variável

“acções de jogo” as intervenções dos treinadores apresentavam resultados

diferentes, o presente estudo veio reforçar essa disparidade. Lima (2006)

verificou que o serviço (11%) e a recepção (10%) eram as acções de voleibol

às quais os treinadores mais se referiam, em detrimento do bloco (1%). Já

Carneiro (2007), concluiu que os treinadores incidiam a sua intervenção com

mais frequência no ataque (2,75±0,75) e com menos na recepção (2,75±0,75).

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Não ignorando a diferença entre as amostras dos estudos referidos (N=2 e

N=12, respectivamente) e o facto de Carneiro (2007) apenas ter analisado a

intervenção do treinador no momento da apresentação da tarefa, podemos

concluir que, no que respeita o tipo de conteúdo no contexto do treino, não

existe um perfil definido de intervenção do treinador dos escalões de formação

em voleibol, dependendo dos conteúdos que o treinador opta por incidir nos

treinos observados.

Por outro lado, é curioso verificar que os nossos resultados são

semelhantes aos obtidos por Botelho et al. (2005) no contexto da competição: a

informação relativa aos momentos de jogo mais referida foi a acção indefinida

(67,7±22,1), seguida da defesa/cobertura (28,5±11,8), do ataque/contra-ataque

(27,8±15,4), do bloco (27,8±15,4), da distribuição (21,6±16,7), da recepção

(17,7±13,0) e por fim, do serviço (16,7±15,2), sendo de destacar que este autor

não considerou na sua análise os fundamentos de base nem a movimentação

sem bola. Não obstante, é, de possível constatar, que o foco da informação

transmitida pelos treinadores acerca dos momentos de jogo propriamente ditos

segue uma mesma preferência que a concluída no presente estudo. No

entanto, enquanto que a acção indefinida ocupa um lugar de destaque no

estudo de Botelho et al. (2005), na nossa investigação esta categoria resultou

como daquelas menos referidas pelos treinadores (8%), talvez porque

considerámos no nosso instrumento os tipos de conteúdo “fundamentos de

base” e “movimentação sem bola”, acções que no estudo do referido autor se

incluíram na categoria ”indefinidas”.

Tal como já havíamos referido aquando da análise do quadro 8 relativo à

natureza do conteúdo das intervenções dos treinadores, estranhámos o facto

do serviço apresentar uma frequência de ocorrência tão baixa (5%), visto que

esta acção tem vindo a assumir uma importância cada vez maior no

rendimento do jogo (Mesquita et al., 2002). No entanto, podemos encontrar

explicação para este facto se atendermos aos facto de, como já foi referido,

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1.3. Tarefas Instrucionais

No quadro 13 apresentamos os valores descritivos obtidos na observação

das tarefas instrucionais aplicadas no âmbito do treino, adaptadas de rink

(1993).

Quadro 13: Dados descritivos gerais relativos às tarefas instrucionais.

Mínimo Máximo Média

Desvio Padrão

Total %

Tarefa de Introdução 0 2 0,17 0,56 4 2% Tarefa de Introdução Geral 0 3 0,46 0,88 11 6% Tarefa de Refinamento 1 6 3,50 1,50 84 44% Tarefa de Extensão 0 7 2,71 1,71 65 34%

Tarefa de Aplicação 0 3 1,13 1,03 27 14%

No que respeita as tarefas instrucionais verificamos uma prevalência na

utilização das tarefas de refinamento (44%) e de extensão (34%), seguidas das

tarefas de aplicação (14%). As tarefas de introdução (2%) e as de introdução

geral (6%) foram as menos utilizadas, existindo uma elevada discrepância

entre as categorias anteriores. Perante o facto das tarefas de introdução terem

sido muito raramente aplicadas nos treinos (n=4) foram excluídas do

tratamento comparativo entre escalões e géneros, bem como da correlação

entre variáveis e dimensões, apresentados adiante.

Os resultados obtidos parecem apontar para o facto dos treinadores não

introduzirem novos conteúdos ou não se dedicarem à explicação dos requisitos

necessários à execução das tarefas, ao contrário do que se verificou nos

estudos aplicados no âmbito do treino de jovens por Carneiro (2007) no

voleibol e por Farias (2007) no futebol. Ambos os autores aferiram que as

tarefas mais utilizadas pelos treinadores as tarefas de introdução (39% e 55%,

respectivamente).

No que respeita as tarefas de refinamento, novamente, os estudos

supracitados estão de acordo: estas assumem-se como as tarefas mais

aplicadas depois das de introdução, o que se aproxima mais dos valores por

nós encontrados, na medida em que, como já foi referido, no presente estudo

estas foram as mais utilizadas pelos treinadores observados, corroborando

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com os resultados de Hastie e Vlaisavljevic (1999) no contexto da Ed. Física.

Estas tarefas relacionam-se com a melhoria ao nível da qualidade do

desempenho dos atletas e para Lima et al. (1999) o ensino da técnica deve

assumir-se como uma prioridade em todos os escalões de formação devido à

influência que exerce na obtenção de elevados rendimentos. Na medida em

que o voleibol revela uma especificidade bastante acentuada a nível técnico, a

qualidade da execução das habilidades técnicas assume uma particular

importância na formação dos atletas, pelo que nos apraz verificar a atenção

dispensada a este tipo de tarefas instrucionais, sobretudo se considerarmos

que a aplicação das habilidades técnicas no contexto não é descurada, pois,

segundo Mesquita (2007) os ingredientes do jogo devem ser-lhes associados o

mais cedo possível.

1.4. Tarefas Motoras

O quadro seguinte apresenta os dados descritivos gerais relativos às

tarefas motoras (Mesquita, 1998) aplicadas pelos treinadores.

Quadro 14: Dados descritivos gerais relativos às tarefas motoras (Mesquita, 1998).

Min Max Média D.P. Total %

Aquisição Simples 0 8 2,25 2,09 54 28%

Combinadas 1 6 3,25 1,39 78 40%

Estruturação

Encadeamento de acção. 0 3 0,63 0,82 15 8%

Estruturação por Sectores

Ofensiva 0 0 0,00 0,00 0 0% Defensiva 0 1 0,17 0,38 4 2% Combinado 0 3 0,50 0,78 12 6%

Jogos cooperativos

Temático 0 2 0,17 0,48 4 2% Não Temático 0 1 0,04 0,20 1 1%

Adaptação Jogo de oposição com tema 0 5 0,79 1,22 19 10%

Jogo c/ fluxo normal do jogo formal 0 1 0,21 0,41 5 3%

Exercícios de Dinâmica colectiva 0 1 0,08 0,28 2 1%

Pela leitura do quadro 14, facilmente se constata a preferência dos

treinadores pela aplicação de tarefas de aquisição, que perfazem um

expressivo total de 68% da amostra, enquanto que as tarefas de estruturação e

adaptação apresentam frequências de ocorrência semelhantes (19% e 14%).

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Considerando as subcategorias, verificamos que as tarefas utilizadas

com mais frequência foram as tarefas de aquisição combinadas (40%),

seguidas das de aquisição simples (28%), do jogo de oposição com tema

(10%) e das tarefas de encadeamento de acção (8%). Pelo contrário, é de

realçar a reduzida e mesmo inexistente frequência de ocorrência das tarefas de

estruturação por sectores ofensivos (0%) e defensivos (0%), dos jogos

cooperativos tanto temáticos (2%) como não temáticos (15) e, por fim, dos

exercícios de dinâmica colectiva (1%). Perante valores tão reduzidos fomos

levados a: agrupar as tarefas de estruturação, formando a subcategoria

estruturação por sectores ofensivos e defensivos, composta por um n de 16

tarefas; e desconsiderar as tarefas categorizadas como pertencentes ao jogo

cooperativo, ao jogo com fluxo normal e, ainda, aos exercícios de dinâmica

colectiva no estudo comparativo entre escalões e géneros e na correlação

entre variáveis e dimensões.

Estes dados vêm confirmar os encontrados por Carneiro (2007), nos

quais se destacam a elevada utilização das tarefas de aquisição (38%) e a

aplicação reduzida do jogo de cooperação (1%). Acreditamos que estes valores

se relacionam não só com a elevada preocupação com as habilidades técnicas

(natureza do conteúdo – ver quadro 8) e com os fundamentos de base (tipo de

conteúdo – ver quadro 11) encontradas no âmbito do conteúdo da intervenção

do professor e ainda com a elevada utilização de tarefas de refinamento. De

facto, através da análise desenvolvida até então concluímos um perfil de

intervenção do treinador dos escalões de formação de voleibol extremamente

orientado para as exigências técnicas, requisito fundamental à elevação da

qualidade jogo (Rink et al., 1996), através de exercícios simples, visto que as

tarefas de coordenação e de oposição realizaram-se muito raramente. Por

outro lado, com as devidas reservas, podemos apontar como justificação para

a presença pouco significativa de tarefas relacionadas com a competição com

fluxo normal do jogo formal e de exercícios de dinâmica colectiva, o facto dos

treinos terem sido seleccionados do centro do microciclo semanal, ou seja,

daqueles mais afastados da competição. Tal pode indicar que os treinadores

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optam por privilegiar o jogo de oposição nos treinos mais próximos da

competição.

Como conclusão desta análise descritiva dos valores encontrados para a

totalidade dos treinadores observados, estes tendem a centrar a sua

intervenção sobre conteúdo relacionados com o desenvolvimento da técnica,

na forma de feedbacks e de modo individualizado. Para tal, os treinadores

parecem preferir os tipos de conteúdos respectivos aos fundamentos de base,

recorrendo essencialmente a tarefas de refinamento e de aquisição das

habilidades.

2. Análise Inferencial

2.1. Análise comparativa entre os escalões dos praticantes:

2.1.1. Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo

A intervenção total sobre os conteúdos durante os treinos, como

demonstrado no quadro seguinte, não variou de forma significativa em função

do escalão da equipa em que o treinador actua. Embora as diferenças

verificadas não se constituam como estatisticamente significativas é de notar

que, em média, os treinadores do escalão de iniciados intervieram mais

frequentemente do que os do escalão júnior. Interpretamos este facto como

natural na medida em que, estando numa fase inicial da sua formação, os

atletas do escalão iniciados necessitem de uma intervenção mais activa dos

seus treinadores. Para Mesquita (2006) é essencial para os jovens atletas que

os treinadores interajam com estes de modo a desenvolverem os processos de

análise e de interpretação das situações sobre as quais vão agir, com o

objectivo de se tornarem cada vez mais autónomos na tomada de decisão.

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60

Quadro 15: Análise comparativa da intervenção pedagógica total sobre o conteúdo dos treinadores em função do escalão dos praticantes.

Iniciados Juniores T p

Média D. P. Média D. P.

Intervenção Total 309,00 101,46 251,58 103,26 1,37 0,18

2.1.1.1. Dimensão Natureza do Conteúdo

No quadro 16 são apresentados os valores comparativos da dimensão

natureza do conteúdo, nas suas categorias principais, em função do escalão

dos praticantes.

Antes de iniciar qualquer tipo de análise é importante relembrar os valores

encontrados no decorrer da análise descritiva no âmbito da tomada de decisão

(7 unidades de informação) e da táctica da equipa na mesma acção (0

unidades de informação). Pelo facto destas subcategorias terem sido tão pouco

ou nada referenciadas pelos treinadores, adiante foram excluídas do

tratamento e processamento dos dados aquando da comparação entre géneros

e escalões.

Quadro 16: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do escalão dos praticantes, relativamente às categorias pertencentes à dimensão natureza do conteúdo.

Iniciados Juniores t P

Média D. P. Média D. P.

Habilidades Técnicas 135,58 42,34 95,83 44,63 2,24 0,04 Táctica Individual 41,17 22,90 35,08 16,65 0,74 0,46 Táctica Colectiva Ofensiva 2,50 6,01 1,42 1,93 0,59 0,56 Táctica Colectiva Defensiva 24,83 25,70 10,75 12,37 1,71 0,10

Energético-Funcional 4,50 5,04 2,50 4,48 1,03 0,32

Regras 1,67 2,50 2,08 1,78 -0,47 0,64 Conteúdo Não Substantivo 99,08 41,77 102,83 61,21 -0,18 0,86

Pela leitura do quadro anterior, verificamos que os treinadores dos

escalões de iniciados, em média, privilegiaram a intervenção sobre as

habilidades técnicas (135,58±42,34), seguida do conteúdo não substantivo

(99,08±102,83), da táctica individual (41,17±22,90) e da táctica colectiva

defensiva (24,83±25,70). A prioridade fornecida aos conteúdos pelos

treinadores dos escalões juniores assemelhou-se àquela referida anteriormente

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61

com a ressalva de que o conteúdo no qual estes treinadores mais intervêm é o

conteúdo não substantivo (135,58±42,34) seguido da componente técnica

(95,83±44,63).

No quadro seguinte podemos observar os dados comparativos das

subcategorias que compõem as categorias, em função do escalão da equipa.

Apesar dos conteúdos mais focados tenham divergido, apenas na

categoria “habilidades técnicas” verificaram-se diferenças estatisticamente

significativas (p<0,05), pertencendo os valores superiores aos treinadores do

escalão iniciados. Estas diferenças são facilmente justificadas se tivermos em

consideração que é na etapa inicial da formação que tem início a

aprendizagem técnica do atleta. A referida etapa constitui-se como um período

crítico à aprendizagem das habilidades fundamentais visto que é nesta que se

constrói a base condicional, técnica e táctica que contribuirá para o rendimento

futuro (Mesquita, 2002). De facto, no escalão iniciado os atletas encontram-se

com idades compreendidas entre os 14 e 15 anos, momento do seu

crescimento favorável ao desenvolvimento da coordenação e, logo, à aquisição

dos aspectos críticos que compõem os movimentos. No entanto, é necessário

que os treinadores tenham em atenção que o desenvolvimento da técnica deve

estar presente em todos os escalões e em todos os níveis de competição,

numa constante superação ao nível da qualidade da prestação, pelo que é

favorável a importância fornecida à técnica na intervenção dos treinadores de

iniciados e juniores.

No âmbito das subcategorias da categoria técnica, através da analise do

quadro 17, reforçamos o afirmado acima, uma vez que em ambos os escalões,

embora de forma mais preponderante nos iniciados, os fundamentos técnicos

de base – passe e manchete – assumiram uma parte significativa da

intervenção do treinador.

Ainda no contexto das habilidades técnicas, entre os escalões observados

verificaram-se diferenças estatisticamente significativas na intervenção sobre a

manchete (31,08±25,71 nos iniciados; 19,08±9,15 nos juniores), sobre a

posição fundamental (18,17±13,15 e 7,50±4,52, respectivamente) e sobre o

gesto de bloco (15,50 nos iniciados e 11,42 nos juniores), sendo que os

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62

Quadro 17: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do escalão dos praticantes, relativamente às subcategorias pertencentes à dimensão natureza do conteúdo.

Iniciados Juniores t P

Média D. P. Média D. P.

Categoria Habilidades Técnicas

Acções com

Bola

Passe 31,08 25,71 19,08 9,15 1,52 0,15 Manchete 27,58 16,13 4,92 3,94 4,73 0,00 Serviço 11,25 15,73 8,50 9,96 0,51 0,61 Remate 19,08 12,12 18,67 11,19 0,09 0,93 Amortie 13,21* 11,79* 63,50** 0,57 Bloco 10,13* 14,88* 43,50** 0,10

Acções Sem

Bola

Posição Fundamental 18,17 13,15 7,50 4,52 2,66 0,02 Deslocamentos 14,17 8,39 13,25 13,03 0,20 0,84 Quedas/Enrolamentos 12,00* 13,00* 66,00** 0,67 Gesto de Bloco 15,50* 9,50* 36,00** 0,01 Gesto de Remate 13,58* 14 59,00** 0,25

Categoria Táctica Individual

Tomada de

Decisão na

Recepção/

Defesa

Abrir Espaço/Prosseguir 8,50 7,72 9,58 9,83 -0,30 0,77

Transição 15,63* 9,38* 34,50** 0,01

Ajustamento 19,58 11,48 20,92 12,44 -0,27 0,79

Retorno 5,00 3,67 0,42 0,67 4,26 0,00

Suporte (cobertura/apoio) 3,17 4,30 1,17 1,95 1,47 0,16 Tomada de Decisão no Ataque 12,88* 12,13* 67,50** 0,78 Tomada de Decisão na Distribuição 13,13* 11,88* 64,50** 0,64 Tomada de Decisão no Bloco 14,33* 10,67* 50,00** 0,16

Categoria Táctica Colectiva Ofensiva Princípios Ofensivos 13,00* 12,00* 66,00** 0,55 Combinações 10,50* 14,50* 48,00** 0,03 Sistema Ataque 14,08* 10,92* 53,00** 0,12

Categoria Táctica Colectiva Defensiva Princípios Defensivos 7,83 7,54 5,50 6,10 0,83 0,41 Dispositivo de Recepção 13,13* 11,88* 64,50** 0,61 Disposit. Protecção Próprio Ataque 15,50* 9,50* 36,00** 0,01 Esquema Táctico Defensivo 10,67 16,59 4,58 7,18 1,17 0,26 Sistema de Bloco 14,58* 10,42* 47,00** 0,06 Categoria Energético-Funcional 14,04* 10,96* 53,50** 0,27 Categoria Regras 1,67 2,50 2,08 1,78 -0,47 0,64 Categoria Conteúdo Não Substantivo Encorajamento 22,67 13,68 34,92 38,18 -1,05 0,31 Elogio 43,25 35,77 29,08 26,68 1,10 0,28 Informação de Atenção 7,67 5,25 6,58 4,98 0,52 0,61 Pressão 10,83 5,67 11,33 8,15 -0,17 0,86 Punição 4,00 4,37 2,17 3,16 1,18 0,25 Sem Conteúdo 10,67 6,33 18,75 6,82 -3,01 0,01 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

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treinadores do escalão mais jovem focaram mais frequentemente os referidos

fundamentos de base do voleibol. Embora no passe as diferenças não sejam

significativas, verifica-se também, em média, uma maior incidência sobre este

conteúdo pelos treinadores dos iniciados. Perante estes dado, parece-nos ser

possível afirmar que as diferenças relativas ao escalão encontradas em

determinadas subcategorias, reflectem uma maior preocupação dos

treinadores do escalão de iniciados na aquisição das habilidades técnicas

fundamentais, o que, como já foi referido na interpretação do quadro 16, nos

parece adequado na medida em que nestas idades (14/15 anos) se verifica o

período crítico de desenvolvimento da coordenação que potencia a

aprendizagem das técnicas. Pelo contrário, os atletas no escalão de juniores já

deverão encontrar-se numa fase de consolidação das técnicas, podendo

concentrar-se na aquisição de aspectos mais avançados, nomeadamente nas

combinações de ataque, que foram significativamente mais referidas pelos

treinadores do escalão júnior (14,50 de mean rank) do que pelo dos iniciados

(10,50 de mean rank).

No que respeita á táctica, em média, a táctica colectiva defensiva ter sido

mais referida pelos treinadores de iniciados (24,83±25,70) do que pelos do

escalão júnior (10,75±12,37). Com as devidas reservas e baseando-nos num

parecer desenvolvido aquando da observação dos treinos e recolha dos dados,

este facto pode ser justificado por uma frequente introdução de conceitos

relativos a esta componente no momento defensivo, nomeadamente no que

respeita o sistema de bloco e a consequente protecção ao próprio ataque.

Decompondo a táctica nas suas subcategorias, verificaram-se também

diferenças significativas no âmbito da táctica individual, sendo que os

treinadores do escalão iniciado se referem mais frequentemente à transição

(15,63) e ao retorno (5±3,67) do que os treinadores do escalão juniores (9,38 e

0,42±0,67, respectivamente). Estes aspectos reflectem a predisposição dos

atletas para se manterem disponíveis e posicionados correctamente para a

acção seguinte, sendo, os fundamentos de base que permitem que, mais tarde,

os sistemas e dispositivos colectivos surjam de uma forma sistemática e

coordenada entre os colegas de uma equipa (Mesquita, 2006). Caso assim

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64

fosse seria de esperar que, enquanto que os treinadores de iniciados incidiam

a sua intervenção nos referidos aspectos, os treinadores de juniores faziam-no

no âmbito da táctica colectiva, e tal não se verifica. Talvez se a análise

incluísse o escalão juvenil esta hipótese já conferisse, visto que nos juniores

estes sistemas parecem já se encontrar sistematizados. De qualquer forma,

surpreende-nos que o escalão júnior, numa fase mais avançada da formação,

não apresente valores mais elevados no que respeita a táctica.

Considerando que existem diferenças estatisticamente significativas na

ênfase dada ao gesto de bloco, mais elevada por parte dos treinadores dos

atletas mais jovens, que, em média, também referem mais frequentemente as

questões do sistema de bloco (14,58 contra 10,42 do escalão júnior), com as

devidas reservas apontamos para a possibilidade dos treinadores analisados

terem escolhido o escalão de iniciados como momento de aquisição e

focalização das questões do momento de bloco. Assim sendo, as diferenças

também significativas encontradas ao nível do dispositivo de protecção ao

próprio ataque – mais elevada nos iniciados (15,50 de mean rank) do que nos

juniores (9,50 de mean rank) –, surgem como consequência natural da

introdução e aquisição do bloco.

Embora pese que as diferenças não se tenham assumido como

estatisticamente significativas ao nível da categoria é de notar que, o conteúdo

mais referido pelos treinadores do escalão júnior, ao contrário do de iniciados

(no qual também apresentou valores elevados), é o não substantivo. Destes

valores, ao nível das subcategorias, salienta-se o grande destaque fornecido

aos aspectos psicológicos, elogio e encorajamento, intimamente relacionados

com o reforço positivo, facto que vem corrobora os resultados encontrados por

Lima (2006) nos escalões de infantis na modalidade de voleibol. No seu

estudo, a categoria psicológica constituiu 26% das intervenções dos

treinadores e, dentro desta, as categorias encorajamento e confiança

totalizaram uma frequência de ocorrência de 69%. Também Botelho (2004)

concluiu o conteúdo psicológico como significante (70,6±28,6) na intervenção

do treinador, desta feita, no decorrer da competição em escalões de formação

de voleibol. Segundo Ferreira (1994), a intensificação dos esforços

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65

desenvolvidos pelos atletas e o encorajamento constituem uma parte de um

perfil que caracteriza o treinador que, efectivamente pretende a modificação

dos comportamentos dos seus atletas. Todavia, consideramos preocupante

que os treinadores de ambos os escalões forneçam mais informações de

conteúdo motivacional do que relacionado com as habilidades propriamente

ditas, sobretudo se reunirmos esta informação à preponderância assumida pela

subcategoria “sem conteúdo”. Isto indica que os treinadores da amostra

estudada, independentemente do escalão em que actuam, fornecem com mais

frequência conteúdo não específico do que específico da modalidade em

questão.

Por fim, verifica-se que os treinadores do escalão júnior enfatizaram mais

significativamente a categoria “sem conteúdo” (18,75±6,82) do que os

treinadores do escalão de iniciados (10,67±6,33), assim, verificamos que estes

se são os que mais se desviam dos objectivos/conteúdos de treino.

2.1.1.2. Dimensão Receptor

No que respeita à dimensão “a quem” o treinador dirige a intervenção

sobre o conteúdo, os resultados são apresentados no quadro 18.

Quadro 18: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do escalão dos praticantes, relativamente à dimensão receptor do conteúdo.

Iniciados Juniores t P

Média D. P. Média D. P.

Individual 255,33 101,84 186,50 84,30 1,80 0,09 Subgrupo 19,75 11,82 25,33 20,99 -0,80 0,43 Equipa 33,92 18,68 39,75 23,44 -0,67 0,51

Os valores encontrados apontam para o facto de ambos os treinadores

preferirem dirigir a sua intervenção para o atleta de forma individual (iniciados:

255,33±101,84; juniores:186,50±84,20), do que a toda a equipa (iniciados:

33,92±18,68; juniores:39,75±23,44) ou a subgrupos de atletas (iniciados:

19,75±11,82; juniores:25,33±20,99), valores estes que, naturalmente,

coincidem com aqueles apontados na análise descritiva da totalidade da

amostra.

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66

2.1.1.3. Dimensão Momento do Treino

O quadro seguinte discrimina os dados relativos à análise comparativa

entre escalões dos praticantes, no contexto do momento em que o treinador

interfere.

Quadro 19: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do escalão dos praticantes, relativamente à dimensão momento do treino.

Iniciados Juniores T p

Média D. P. Média D. P.

Instrução Prévia 26,25 13,95 24,50 19,48 0,25 0,80 Instrução Concorrente 1,42 1,78 13,50 5,55 -7,18 0,00 Feedback 281,50 94,96 213,50 97,95 1,73 0,10

O quadro acima demonstra que, à semelhança da dimensão anterior, os

treinadores dos dois escalões estão de acordo no momento de fornecer a

informação: ambos optam por fornecer informações no momento de feedback,

seguido do momento de instrução prévia e, por fim, no decorrer da instrução

concorrente.

A leitura do quadro 19 permite a conclusão da existência de diferenças

estatisticamente significativas no que respeita ao fornecimento de informações

no momento de instrução concorrente, sendo que os treinadores do escalão

júnior recorrem bastante mais frequentemente (13,50±5,55)

a este momento para interagirem com os atletas. Os reduzidos valores de

instrução concorrente apresentados pelos treinadores de iniciados (1,42±1,78)

são preocupantes, na medida em que os praticantes necessitam de bastante

instrução durante a prática motora.

2.1.2. Tipo de Conteúdo

O quadro 20 apresenta a análise comparativa efectuada ao nível do tipo

de conteúdo, em função do escalão dos praticantes.

Antes de procurar e analisar as diferenças estatisticamente significativas

entre as mesmas subcategorias, ressalta o facto da prioridade concedidas a

cada tipo de conteúdo variar: enquanto que os treinadores dos iniciados

dedicaram a maioria das suas intervenções às acções de defesa e cobertura

(91,75±71,97), aos fundamentos de base (79,75±49,45) e ao ataque

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(36,83±31,78), os treinadores do escalão juniores focaram sobretudo o bloco

(52,08±92,15), a defesa (48,50±55,86) e o ataque (41,83±33,38).

Estes dados são semelhantes aos encontrados por Carneiro (2007), no

qual também comparou a intervenção do treinador sobre o conteúdo, embora

apenas no momento da apresentação. Todavia, o autor encontrou diferenças

no que refere o tipo de conteúdo “ataque”, mais referido pelo treinador do

escalão de juniores do que o de iniciados.

Quadro 20: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do escalão dos praticantes, relativamente ao tipo de conteúdo.

Iniciados Juniores T P

Média D. P. Média D. P.

Fundamentos de Base 79,75 49,45 21,92 28,73 3,50 0,00 Movimentação sem Bola 13,58* 11,42* 59,00** 0,39 Serviço 17,08 21,84 12,42 15,44 0,60 0,55 Recepção 17,58 27,76 18,08 24,71 -0,05 0,96 Distribuição 19,00 18,11 22,08 17,44 -0,42 0,68 Ataque 36,83 31,78 41,83 33,38 -0,38 0,71 Bloco 26,08 59,98 52,08 92,15 -0,82 0,42 Defesa/Cobertura 91,75 71,97 48,50 55,86 1,64 0,11 Acção Indefinida 15,33 9,42 29,92 24,33 -1,94 0,07 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

No que respeita as diferenças entre a mesma subcategoria, é de realçar a

divergência encontrada no que âmbito da abordagem dos fundamentos de

base. Os treinadores do escalão de iniciados centraram-se no desenvolvimento

destes fundamentos (19,75±49,45, contra 21,92±28,73 do escalão júnior),

factos estes que vêm corroborar as conclusões já retiradas neste estudo. Como

já havíamos concluído anteriormente e voltaremos a fazer adiante, com as

devidas reservas, acreditamos que os treinadores dos escalões mais jovens se

dedicam mais às habilidades de base do voleibol, incidindo as preocupações

relacionadas com a evolução no sentido da correcção e refinamento das

habilidades.

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2.1.3. Tarefas Instrucionais:

O quadro 21 apresenta os valores referentes à análise comparativa das

tarefas instrucionais em função do escalão dos praticantes.

Quadro 21: Análise comparativa das tarefas instrucionais em função do escalão dos praticantes.

Iniciados Juniores T p

Média D. P. Média D. P.

Tarefa de Introdução Geral 12,04* 12,96* 66,50** 0,69 Tarefa de Refinamento 4,00 3,00 1,35 1,54 1,69 0,10 Tarefa de Extensão 2,58 2,83 1,73 1,75 -0,35 0,73

Tarefa de Aplicação 12,88* 12,13* 67,50** 0,78 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

Através da leitura do quadro acima constata-se que o presente estudo não

concluiu diferenças estatisticamente significativas ao nível das tarefas

instrucionais aplicadas, ou seja, todos os treinadores analisados atribuíram o

mesmo relevo às diferentes tarefas instrucionais. Estes resultados divergem

daqueles encontrados por Carneiro (2007), em treinadores de iniciados e

juniores no treino do voleibol, visto que apontam diferenças no que respeita às

tarefas de extensão com valores médios superiores no escalão de iniciados.

2.1.4. Tarefas Motoras

O quadro 22 demonstra dos dados comparativos da relação entre as

tarefas motoras (Mesquita 1998) e o escalão dos praticantes.

Quadro 22: Análise comparativa das tarefas motoras (Mesquita, 1998) em função do escalão dos praticantes.

Iniciados Juniores T p

Média D. P. Média D. P.

Aquisição Simples 2,75 2,42 1,75 1,66 1,18 0,25

Combinadas 3,33 1,56 3,17 1,27 0,29 0,78

Estruturação Encadeamento de acção. 12,21* 12,79* 68,50** 0,82

por Sectores Ofensiva e Defensiva 11,33* 13,67* 58,00** 0,37 Adaptação Jogo de oposição com tema 12,13* 12,88* 67,50** 0,77

*Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

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69

No decorrer da análise descritiva compreendemos a reduzida e mesmo

inexistente frequência de ocorrência das tarefas de estruturação por sectores

ofensivos (0%) e defensivos (0%), dos jogos cooperativos tanto temáticos (2%)

como não temáticos (15) e, por fim, dos exercícios de dinâmica colectiva (1%).

Perante valores tão reduzidos fomos levados a: agrupar as tarefas de

estruturação, formando a subcategoria estruturação por sectores ofensivos e

defensivos, composta por um n de 16 tarefas; e desconsiderar as tarefas

categorizadas como pertencentes ao jogo cooperativo, ao jogo com fluxo

normal e, ainda, aos exercícios de dinâmica colectiva no estudo comparativo

tanto entre escalões como entre géneros.

Pela leitura do quadro 22 constata-se que o presente estudo também não

concluiu diferenças estatisticamente significativas a nível do tipo de prática, isto

é, as tarefas utilizadas pelos treinadores analisados não variaram em função do

escalão das equipas. No âmbito do tipo de prática os dados encontrados

corroboram as conclusões de Carneiro (2007), para o qual também não

existem diferenças significativas entre escalões.

Perante todos os resultados acima somos levados a caracterizar o perfil

de intervenção dos treinadores dos dois escalões pela focalização de

conteúdos semelhantes. No entanto, de uma forma geral, os treinadores dos

escalões de iniciados tendem a enfatizar de um modo mais preponderante o

conteúdo centrado nas habilidades técnicas, dirigido individualmente,

preferencialmente através do feedback. Pelo contrário, no que respeita ao tipo

de prática e às tarefas instrucionais, não parece existir uma relação de

dependência entre estas variáveis e o escalão dos praticantes.

2.2. Análise comparativa entre géneros dos praticantes:

2.2.1. Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo

No que respeita a intervenção total sobre os conteúdos durante os treinos,

os treinadores de equipas femininas e masculinas apresentaram uma média

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semelhante, não existindo diferenças significativas entre os géneros, como é

possível verificar na leitura do quadro 23.

Quadro 23: Análise comparativa da intervenção pedagógica total sobre o conteúdo dos treinadores em função do género dos praticantes.

Masculino Feminino T p

Média D. P. Média D. P.

Intervenção Total 284,41 114,41 276,50 98,16 0,17 0,86

No que diz respeito à comparação dos dados entre géneros, os resultados

apontam para a inexistência de diferenças significativas nas várias dimensões

e variáveis, como é possível constatar pelos quadros que se seguem.

2.2.1.1. Dimensão Natureza do Conteúdo

O quadro 24 expõe os dados relativos às dimensões da intervenção

pedagógica dos treinadores sobre o conteúdo no que respeita à natureza do

mesmo.

Quadro 24: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do género dos praticantes, relativamente às categorias pertencentes à dimensão natureza do conteúdo

Masculino Feminino t P

Média D. P. Média D. P.

Habilidades Técnicas 124,50 55,97 106,92 36,67 0,91 0,371 Táctica Individual 39,33 20,95 36,92 19,49 0,29 0,77 Táctica Colectiva Ofensiva 1,00 1,76 2,92 5,95 -1,07 0,30 Táctica Colectiva Defensiva 14,08 15,30 21,50 25,65 -0,86 0,40

Energético-Funcional 3,42 4,83 3,58 4,93 -0,08 0,93

Regras 1,75 1,91 2,00 2,41 -0,28 0,78 Conteúdo Não Substantivo 100,75 43,54 101,17 60,03 -0,02 0,98

Tal como já foi referido, não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas, o que, contrasta com os dados encontrados por Botelho (2004)

que concluiu que os treinadores das equipas masculinas emitiram

significativamente mais informação relativa à categoria psicológica (que no

nosso estudo se enquadraria na categoria não substantiva) dos que aqueles

pertencentes às equipas femininas. As diferenças entre os dois estudos

justificam-se provavelmente pelo facto do estudo referido se desenvolver no

contexto da competição

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71

Quadro 25: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do género dos praticantes, relativamente às subcategorias pertencentes à dimensão natureza do conteúdo

Masculino Feminino t P

Média D. P. Média D. P.

Categoria Habilidades Técnicas

Acções com

Bola

Passe 27,42 25,00 22,75 13,65 0,57 0,58 Manchete 15,00 12,03 17,50 20,19 -0,37 0,72 Serviço 5,17 7,15 14,58 15,85 -1,88 0,08 Remate 19,83 12,71 17,92 10,42 0,40 0,69 Amortie 12,75* 12,25* 69,00** 0,84 Bloco 14,75* 10,25* 45,00** 0,12

Acções Sem

Bola

Posição Fundamental 12,67 14,18 13,00 7,37 -0,07 0,94 Deslocamentos 14,50 12,52 12,92 9,08 0,35 0,73 Quedas/Enrolamentos 12,25* 12,75* 69,00** 0,83 Gesto de Bloco 13,67* 11,33* 58,00** 0,29

Gesto de Remate 11,54* 13,46* 60,50** 0,31

Categoria Táctica Individual

Tomada de

Decisão na

Recepção/

Defesa

Abrir Espaço/Prosseguir 8,58 10,19 9,50 7,24 -0,25 0,80 Transição 13,46* 11,54* 60,50** 0,43

Ajustamento 22,00 12,42 18,50 11,25 0,72 0,48

Retorno 3,42 4,25 2,00 2,49 1,00 0,33 Suporte (cobertura/apoio) 1,58 2,27 2,75 4,31 -0,83 0,42

Tomada de Decisão no Ataque 1,17 1,53 0,50 0,67 1,38 0,18 Tomada de Decisão na Distribuição 11,21* 13,79* 56,50** 0,33

Tomada de Decisão no Bloco 14,17* 10,83* 52,00** 0,21 Categoria Táctica Colectiva Ofensiva Princípios Ofensivos 11,00* 14,00* 54,00** 0,07 Combinações 12,42* 12,58* 71,00** 0,93 Sistema Ataque 12,92* 12,08* 67,00** 0,68 Categoria Táctica Colectiva Defensiva Princípios Defensivos 4,75 5,67 8,58 7,54 -1,41 0,17 Dispositivo de Recepção 14,46* 10,54* 48,50** 0,11 Disposit. Protecção Próprio Ataque 12,46* 12,54* 71,50** 0,97 Esquema Táctico Defensivo 5,42 7,49 9,83 16,74 -0,83 0,41 Sistema de Bloco 13,46* 11,54* 60,50** 0,38

Categoria Energético-Funcional 11,96* 13,04* 65,50** 0,70

Categoria Regras 1,75 1,91 2,00 2,41 -0,28 0,78 Categoria Conteúdo Não Substantivo Encorajamento 24,92 18,80 32,67 36,61 -0,65 0,52 Elogio 38,42 36,57 33,92 27,44 0,34 0,74 Informação de Atenção 7,50 5,65 6,75 4,56 0,36 0,72 Pressão 13,33 7,63 8,83 5,42 1,66 0,11 Punição 4,17 4,65 2,00 2,59 1,41 0,18

Sem Conteúdo 12,42 7,24 17,00 7,64 -1,51 0,15 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

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No quadro anterior encontram-se descritos os valores relativos às

subcategorias da natureza do conteúdo nas quais, novamente, não se

verificam diferenças significativas.

2.2.1.2. Dimensão Receptor

O quadro 26 apresenta os dados da análise comparativa entre os géneros

dos praticantes no que concerne à direcção da intervenção.

Quadro 26: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do género dos praticantes, relativamente à dimensão receptor do conteúdo

Masculino Feminino t P

Média D. P. Média D. P.

Individual 223,58 109,28 218,25 90,04 0,13 0,89 Subgrupo 21,00 15,65 24,08 18,63 -0,44 0,67 Equipa 39,50 25,63 34,17 15,64 0,61 0,55

Como é possível constatar no quadro anterior, o receptor da informação

não depende do género da equipa no qual o treinador intervém. O que

contraria, novamente, o estudo apresentado por Lima (2006) que concluiu que

os treinadores das equipas femininas orientam mais frequentemente as suas

intervenções para a equipa, enquanto que o treinador das equipas masculinas

emitiu mais informação indefinida. Atribuímos as diferenças encontradas com o

estudo supracitado também às diferenças amostrais, visto que Lima (2006)

observou um total de dois treinadores (N=2) do escalão de infantis.

2.2.1.3. Dimensão Momento do Treino

O quadro 27 desenvolve uma comparação semelhante mas, desta feita,

tendo em conta o momento de intervenção do treinador.

Quadro 27: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do género dos praticantes, relativamente à dimensão momento do treino.

Masculino Feminino T p

Média D. P. Média D. P.

Instrução Prévia 24,42 13,65 26,33 19,68 -0,28 0,78 Instrução Concorrente 7,42 7,55 7,50 7,53 -0,03 0,98 Feedback 252,33 114,43 242,67 89,39 0,23 0,82

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73

Pela leitura do quadro acima, compreendemos que não existem

diferenças estatisticamente significativas entre os treinadores das equipas

femininas e masculina, ou seja, esta dimensão possui uma relação

independente do género da equipa.

2.2.2. Tipo de Conteúdo

O quadro 28 apresenta os dados da análise comparativa entre o tipo de

conteúdo e o género dos praticantes.

Quadro 28: Análise comparativa da intervenção pedagógica sobre o conteúdo dos treinadores em função do género dos praticantes, relativamente ao tipo de conteúdo.

Masculino Feminino T p

Média D. P. Média D. P.

Fundamentos de Base 57,58 62,59 44,08 32,84 0,66 0,52 Movimentação sem Bola 14,08* 10,92* 53,00** 0,21 Serviço 8,00 10,04 21,50 22,96 -1,87 0,08 Recepção 16,50 25,16 19,17 27,28 -0,25 0,81 Distribuição 16,25 13,34 24,83 20,47 -1,22 0,24 Ataque 33,17 22,27 45,50 39,49 -0,94 0,36 Bloco 64,92 102,64 13,25 21,61 1,71 0,11 Defesa/Cobertura 58,00 60,14 82,25 73,36 -0,89 0,39 Acção Indefinida 22,17 18,39 23,08 21,40 -0,11 0,91 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

Tal como já foi referido, não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas, o que, mais uma vez, contrasta com os dados encontrados por

Lima (2006) que concluiu que os treinadores da equipa masculina emitiram

significativamente mais informação relativa ao serviço, bloco e defesa. Já

Botelho (2004), no contexto da competição encontrou diferenças na categoria

momento indefinido a qual foi bastante mais referida pelos treinadores do

masculino. Novamente, acreditamos que esta contrariedade advém das

diferenças entre amostras utilizadas.

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74

2.2.3. Tarefas Instrucionais:

O quadro seguinte apresenta os resultados obtidos no âmbito da comparação

entre as tarefas instrucionais e o género dos praticantes.

Quadro 29: Análise comparativa das tarefas instrucionais em função do género dos praticantes.

Masculino Feminino T p

Média D. P. Média D. P.

Tarefa de Introdução Geral 11,75* 13,25* 63,00** 0,51 Tarefa de Refinamento 3,42 1,68 3,58 1,38 -0,27 0,79 Tarefa de Extensão 3,08 1,98 2,33 1,37 1,08 0,29

Tarefa de Aplicação 11,58* 13,42* 61,00** 0,50 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

Não se havendo verificado diferenças estatisticamente significativas,

também nesta variável os resultados contrariam os encontrados por Carneiro

(2007), que concluiu que, do ponto de vista didáctico, nas equipas femininas as

tarefas de introdução aparecem com maior frequência.

2.2.4. Tarefas Motoras

Por fim, o quadro 30 demonstra a análise comparativa das tarefas

motoras (Mesquita, 1998) em função do género dos praticantes.

Quadro 30: Análise comparativa das tarefas motoras (Mesquita, 1998) em função do género dos praticantes.

Masculino Feminino t p

Média D. P. Média D. P.

Aquisição Simples 2,50 2,61 2,00 1,48 0,58 0,57

Combinadas 3,50 1,24 3,00 1,54 0,88 0,39

Estruturação Encadeamento de acção. 11,38* 13,63* 58,50** 0,38 por Sectores Ofensiva e Defensiva 11,75* 13,25* 63,00** 0,57

Adaptação Jogo de oposição com tema 10,71* 14,29* 50,50** 0,17 *Mean Rank: valor encontrado através do teste não paramétrico de Mann-Whitney, que reflecte o posicionamento geral da categoria. ** Valor de U de Mann-Whitney.

Pela leitura do quadro compreendemos que a escolha das tarefas motoras

é independente do género da equipa, visto que não se verificam diferenças

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significativas. Estes dados vêm corroborar aqueles encontrados por Carneiro

(2007) na medida em que o autor também encontrou uma relação

independente entre estas variáveis.

Como é possível verificar através dos quadros acima, o presente estudo

não revela diferenças estatisticamente significativas, em qualquer das variáveis

observadas em função do género dos praticantes. Assim, segundo os dados

acima, concluímos que o perfil de intervenção do treinador sobre o conteúdo

não varia consoante o género, ou seja, as diferentes variáveis possuem uma

relação independente com o sexo dos praticantes.

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VI – CONCLUSÕES

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V. CONCLUSÕES

3. Globalidade dos treinadores

3.1. Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo

3.1.1. Dimensão Natureza do Conteúdo:

⇒ O conteúdo sobre o qual a globalidade dos treinadores mais interveio

relacionou-se com as habilidades técnicas (41%), seguidas do conteúdo não

substantivo (36%) e da categoria táctica (21%); ~

⇒ Os conteúdos sobre os quais a globalidade dos treinadores menos interveio

foram as categorias energético-funcional e regras (respectivamente 1% e

0,67%);

⇒ Na categoria técnica verificou-se uma maior ocorrência das intervenções

relacionadas com as acções com bola (31%) do que com estas acções sem o

objecto de jogo (10%);

⇒ Na categoria técnica, os conteúdos da intervenção da globalidade dos

treinadores que mais se destacaram foram o passe (9%), o remate (7%), a

manchete (6%) e o bloco (6%);

⇒ Na categoria táctica, a táctica individual (14%) prevalece sobre a colectiva

(7%) na qual os aspectos defensiva (6%) foram mais referidos pelos

treinadores do que os ofensivos (1%);

⇒ De todas as subcategorias aquelas que mais se destacam são o

encorajamento (10%) e o elogio (13%), pertencentes a uma categoria

eminentemente psicológica.

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80

3.1.2. Dimensão Receptor

⇒ Os treinadores intervêm maioritariamente sobre um destinatário apenas

(79%). De seguida, os treinadores transmitem as informações a toda a equipa

(13%) e, por fim, a subgrupos de atletas (8%);

3.1.3. Dimensão Momento do Treino

⇒ As intervenções pedagógicas sobre o conteúdo desenvolvidas pelos

treinadores ocorreram maioritariamente através da emissão de feedbacks aos

atletas (88%) quando comparado com os momentos de instrução prévia (9%) e

de instrução concorrente (3%).

3.2. Tipo de Conteúdo

⇒ Os treinadores privilegiaram os tipos de conteúdo relacionados com a acção

de defesa/cobertura (25%), seguindo-se os fundamentos de base (18%), o

ataque e o bloco (14%). Os restantes tipos de conteúdo apresentaram valores

abaixo dos 8%, sendo o conteúdo menos referido na intervenção do treinador

aquele relacionado com a movimentação sem bola (1%).

3.3. Tarefas Instrucionais

⇒ Nas tarefas instrucionais verificou-se uma prevalência na utilização das

tarefas de refinamento (44%) e de extensão (34%), seguidas das tarefas de

aplicação (14%). As tarefas de introdução (2%) e as de introdução geral (6%)

foram as menos utilizadas.

3.4. Tarefas Motoras:

⇒ As tarefas de aquisição destacaram-se como as mais utilizadas pela

globalidade dos treinadores (68%), enquanto que as tarefas de estruturação e

adaptação apresentam frequências de ocorrência semelhantes (19% e 14%).

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4. Comparação entre escalões

4.1. Intervenção Pedagógica sobre o Conteúdo

⇒ A intervenção total sobre os conteúdos durante os treinos não variou de

forma significativa em função do escalão da equipa em que o treinador actua;

4.1.1.1. Dimensão Natureza do Conteúdo

⇒ Os treinadores dos escalões de iniciados, em média, privilegiaram a

intervenção sobre as habilidades técnicas (135,58±42,34), seguida do

conteúdo não substantivo (99,08±102,83), da táctica individual (41,17±22,90) e

da táctica colectiva defensiva (24,83±25,70);

⇒ Os treinadores dos escalões de juniores privilegiaram a intervenção sobre o

conteúdo não substantivo (135,58±42,34) seguido da componente técnica

(95,83±44,63);

⇒ Na categoria “habilidades técnicas” verificaram-se diferenças

estatisticamente significativas, sendo que os treinadores dos escalões iniciados

(135,58±42,34) intervêm mais frequentemente sobre estes aspectos do que os

treinadores de juniores (95,83±44,63);

⇒ Os treinadores do escalão iniciados focaram mais frequentemente a

manchete (31,08±25,71 nos iniciados; 19,08±9,15 nos juniores), a posição

fundamental (18,17±13,15 e 7,50±4,52, respectivamente) e o gesto de bloco

(15,50 nos iniciados e 11,42 nos juniores).

⇒ Ao nível táctico, os treinadores do escalão iniciado referiram-se mais

frequentemente à transição (15,63) e ao retorno (5±3,67) do que os treinadores

do escalão juniores (9,38 e 0,42±0,67, respectivamente);

⇒ Os treinadores do escalão júnior enfatizaram mais significativamente a

categoria “sem conteúdo” (18,75±6,82) do que os treinadores do escalão de

iniciados (10,67±6,33);

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82

4.1.1.2. Dimensão Receptor

⇒ Todos os treinadores preferiram dirigir a sua intervenção para o atleta de

forma individual (iniciados: 255,33±101,84; juniores:186,50±84,20), do que a

toda a equipa (iniciados: 33,92±18,68; juniores:39,75±23,44) ou a subgrupos

de atletas (iniciados: 19,75±11,82; juniores:25,33±20,99);

4.1.1.3. Dimensão Momento do Treino

⇒ Todos os treinadores optaram por fornecer informações no momento de

feedback, seguido do momento de instrução prévia e, por fim, no decorrer da

instrução concorrente;

⇒ Os treinadores do escalão júnior recorrem bastante mais frequentemente

(13,50±5,55) ao momento de instrução concorrente para interagirem com os

atletas do que os treinadores de iniciados (1,42±1,78).

4.1.2. Tipo de Conteúdo

⇒ Os treinadores de cada escalão concedem diferentes prioridades aos tipos

de conteúdo em que intervêm: os treinadores dos iniciados dedicaram a

maioria das suas intervenções às acções de defesa e cobertura (91,75±71,97),

aos fundamentos de base (79,75±49,45) e ao ataque (36,83±31,78); os

treinadores do escalão juniores focaram sobretudo o bloco (52,08±92,15), a

defesa (48,50±55,86) e o ataque (41,83±33,38).

⇒ Os treinadores do escalão de iniciados centraram-se mais significativamente

no desenvolvimento dos fundamentos de base (19,75±49,45) do que os

treinadores do escalão júnior (21,92±28,73);

4.1.3. Tarefas Instrucionais:

⇒ Os treinadores dos escalões iniciados e juniores atribuíram o mesmo relevo

às diferentes tarefas instrucionais.

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4.1.4. Tarefas Motoras:

⇒ Também nas tarefas motoras os treinadores dos escalões iniciados e

juniores atribuíram o mesmo relevo aos diferentes tipos de tarefas.

3. Comparação entre géneros

⇒ O perfil de intervenção do treinador sobre o conteúdo não varia em função

do género, uma vez que as variáveis intervenção pedagógica dos treinadores

sobre o conteúdo, tipos de conteúdo, tarefas instrucionais e tipos de prática

aplicados, possuem uma relação independente com o sexo dos praticantes.

Sugestões para a intervenção pedagógica do treinador sobre o conteúdo

Tendo em consideração os resultados obtidos neste estudo,

consideramos que os treinadores devem atender ao seguinte:

⇒ O Voleibol é uma modalidade que exige um elevado controlo gestual, pelo

que a componente técnica assume-se como fundamental. No entanto, há que

ter em atenção que para os jogares em formação a compreensão do jogo

constitui a base para uma correcta aplicação e tomada de decisão (Mesquita,

2002), pelo que tanto a técnica como a táctica devem ser valorizadas no

decorrer do treino e da intervenção do treinador.

⇒ A exercitação e o refinamento das habilidades técnicas assumem um papel

essencial na formação do atleta de voleibol, todavia, há que não esquecer que

a aprendizagem dos fundamentos deve ser integrada em situações de jogo, de

modo a que o atleta compreenda a utilidade do seu uso. Assim, as tarefas de

aplicação (Rink, 1993), de estruturação e adaptação (Mesquita, 1998) também

são essenciais à formação do jovem jogador.

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Sugestões para a intervenção pedagógica do treinador sobre o conteúdo

No decorrer da realização deste trabalho foram surgindo algumas

questões que nos levam a sugerir estudos:

- Aplicados noutros escalões;

- Comparativos tendo em conta a formação dos treinadores;

- Que realizem uma entrevista aos treinadores, antes do treino, de modo a

indagar quais as razões que levam os treinadores a seleccionar determinados

conteúdos.

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VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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87

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Doutoramento. Universidade da Extremadura. Cáceres.

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Carneiro (2007). Análise da instrução do treinador na apresentação das tarefas.

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VIII – ANEXOS

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VIII. ANEXO I

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Nº Treino Tipologia de Tarefas ao nível didáctico Tarefa de Introdução TI Tarefa de Refinamento TR Tarefa de Extensão TE Tarefa d Aplicação TA Tipologia de Tarefas ao nível do conteúdo Simples S Combinadas C Encadeamento Acção EA Estruturação defensiva D Estruturação ofensiva O Estruturação def. e of. O+D Jogo cooper. temático JCT Jogo coop. não temat. JCNT Jogo oposição c/ tema JOT Jogo c/ flux normal JFN Ex. Dinâmica colectiva DC Momento do treino

Instrução Prévia IP Instrução Concorrente IC

Feedback FB Receptor da Informação na Re-Instrução Um atleta individual/ I Subgrupo de atletas SG Toda a equipa E

Conteúdo do Feedback Passe P Manchete M Serviço S Remate R Amorti A Bloco B

Posição Fundamental PF Deslocamentos D

Enrolamentos/Quedas E/Q Bloco sem Bola BL Gesto de Remate GR

Abrir Espaç/Prosseguir AE/PR Transição TR Ajustamento AJ Retorno RT

Suporte (cobertu/apoio) SP Tomada Decisão Ataque TDA T Decisão Distribuição TDD T Decisão Bloco TDB T Decisão Serviço TDS Princípios Ofensivos PO Combinações CB Sistema Ataque SA

Táct. Equipa Serviço TES Princípios Defensivos PD

Disp. Recep. DR Disp. P. Pp. Ataq DPPA Esq Tác. Defens. ETD Sist. Bloco SB Física F Regras R

Encorajamento EC Elogio EL

Info de Atenção IA Pressão PR Punição PU

Sem Conteúdo SC Acção de Jogo Fundamentos de Base FB Movimentação sem Bola MSB

Serviço SR Recepção RC Distribuição DT Ataque AT Bloco BL

Defesa/Cobertura DF/C Acção Indefinida AI

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