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6º Encontro da Associação Brasileira de Relações Internacionais Perspectivas Sobre o Poder em um Mundo em redefinição 25 a 28 de julho de 2017, Belo Horizonte MG Área Temática: Economia Política Internacional A MATRIZ ENERGÉTICA JAPONESA PÓS FUKUSHIMA: GEOPOLÍTICA E INOVAÇÃO. Vinícius Guimarães Reis Gonçalves 1 1 Mestrando no programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Núcleo de Análise da Conjuntura pela Escola de Guerra Naval.

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6º Encontro da Associação Brasileira de Relações Internacionais

Perspectivas Sobre o Poder em um Mundo em redefinição

25 a 28 de julho de 2017, Belo Horizonte – MG

Área Temática: Economia Política Internacional

A MATRIZ ENERGÉTICA JAPONESA PÓS FUKUSHIMA:

GEOPOLÍTICA E INOVAÇÃO.

Vinícius Guimarães Reis Gonçalves1

1 Mestrando no programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Núcleo de Análise da Conjuntura pela Escola de Guerra Naval.

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Resumo:

O presente trabalho se propõem a analisar como o Estado japonês, e em segundo plano o

ecossistema das indústrias ligadas ao setor energético, se comportou em relação a

desestruturação de sua matriz energética, no período que sucede o acidente nuclear de

Fukushima.

Tendo como embasamento teórico o campo da Economia Política Internacional e da

Geopolítica, o trabalho considera que os recursos energéticos se configuram como motores

de profundas mudanças no cenário geopolítico a nível global, e como consequência disso

possuem extrema importância geoeconômica e como ferramenta de política externa.

A pressão populacional aliada a danos à infraestrutura fez com que a energia nuclear

praticamente fosse "retirada" da matriz energética japonesa, gerando aumento do consumo e

importação de outras fontes, como Gás Liquefeito Natural, o que acabou por gerar impactos

macroeconômicos. A situação energética do país também teve impacto sobre questões de

ordem geopolítica, devido a pressão que essa nova demanda por recursos tem sobre o

potencial, ainda inexplorado, que o setor off shore tem em áreas de litígio territorial com a

China.

Tendo em mente os fatores supracitados, nota-se que nos últimos anos o Estado japonês tem

coordenado políticas tanto no setor público quanto privado de maneira a aproveitar alguns

dos principais ativos de sua economia, P&D e tecnologia de ponta, para poder resolver

problemas relacionados ao consumo e produção de energia.

Por fim o estudo de caso da situação japonesa, no recorte do trabalho, tem como objetivo

demonstrar a importância das ações estatais em relação a políticas inovadoras, no que

concerne o setor da energia, tendo como base uma análise da atual conjuntura internacional

de intensa disputa por recursos energéticos.

Palavras Chave:

Japão; Energia; EPI

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Introdução

As características insulares do Japão fizeram com que o país tivesse uma oferta

extremamente limitada de recursos “onshore”, dependendo largamente da exportação de

hidrocarbonetos de maneira a suprir as demandas da sua economia e matriz energética. Ao

longo das décadas os governantes tiveram que se organizar de maneira a lidar com possíveis

crises, como os choques de petróleo da década de 70 ou cortes nas linhas marítimas de

abastecimento devido a situações de conflito, como ocorrido durante a II GM.

A combinação entre o crescimento contínuo do seu setor industrial, alta capacidade

tecnológica, inovação e continuidade das suas políticas energéticas permitiu que o Japão, ao

longo das décadas, fosse extremamente eficaz na redução de sua dependência do petróleo,

e derivados, se tornando uma das economias mais energeticamente eficientes2 no mundo.

Podemos definir o conceito de eficiência como a base, contínua, da política energética

japonesa (STEWART, 2009).

Ao analisarmos historicamente a conjuntura que precedeu o período conhecido como o

“milagre japonês” vemos que o país não possuía uma base agroexportadora, ou bens

energéticos, que lhe permitissem a aquisição de bens de capital suficientes para recuperar

sua economia, fragilizada, no pós-guerra. Aproveitando-se dos altos investimentos norte-

americanos, que geopoliticamente se encontravam interessados no desenvolvimento “a

convite” do seu protetorado militar, adotou-se um eficiente conjunto de políticas

governamentais que criaram um cenário favorável para um extenso processo industrializador

e o estabelecimento de empresas capazes de produzir, não só bens com alto valor agregado

mas também serviços e métodos de inovação, “just in time” ou keiretsu, que com o tempo

passaram a ser incorporados por outras empresas no ambiente global.

Em 2011 um terremoto na costa de Sendai, escala 9.0 Richter, causou um Tsunami que

danificou os reatores nucleares em Fukushima, como mostrado na FIGURA 1 abaixo. O

desligamento das usinas nucleares e o clamor da opinião popular, contrária a reativação dos

reatores e a continuidade do uso da energia nucelar, fez com que o país praticamente

abdicasse de sua capacidade nuclear, prejudicando sua matriz energética. Este contexto fez

com que o país ampliasse a sua dependência pela exportação de recursos energéticos como

Óleo e Gás Liquefeito Natural (GLN).

No período anterior ao acidente o país conseguia suprir, em média, 20% da sua demanda

energética com a produção doméstica. Porém com a perda da vasta maioria de sua

capacidade nuclear esse índice chegou a apenas 10%, em média, desde 2012.

2 EIA, relatório em 2017.

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FIGURA 1- Reatores nucleares e o acidente de 2011.

Fonte: News.com.au. Disponível em: http://www.news.com.au/technology/environment/japans-

earthquake-brings-back-memories-of-2011s-fukushima-nuclear-disaster; Acesso em: 10 de Junho de

2017.

O estudo de caso presente demanda a percepção da energia como um elemento de

segurança, postulação que se torna mais clara quando analisamos as novas leis de

segurança, estabelecidas recentemente pelo governo do 1° Ministro Shinzo Abe, cujo objetivo

envolve incrementar a segurança regional, criando “salvaguardas” e direcionamentos para o

emprego das forças de auto defesa japonesas( FADJ) ,enquanto estabelece um escopo que

permita que o Japão atue além de suas fronteiras de maneira a garantir interesses

econômicos e energéticos, tanto seus quanto de seus aliados. Neste ambiente o ecossistema

energético japonês engloba o setor privado, junto com instituições e aparatos ideológicos.

Retornando ao contexto da década de 70, de profunda reestruturação financeira no sistema

internacional3 e reposicionamento da hegemonia norte-americana, o Japão estabeleceu um

3 HELLEINER e TAVARES

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novo modelo de produção que pode ser explicado por uma estrutura econômica

horizontalizada. Essa estrutura teve como base o Ministério da Industria e do Comércio

Internacional, a academia e o P&D empresarial (MAZZUCATO, 2014). A coordenação de

políticas industriais direcionadas e a relação estabelecida entre o setor empresarial e o

governo, na forma do MICI, fomentou o “Milagre japonês”, que em suma só foi possível

devido a atuação do Estado. A relação institucional entre os entes privados e públicos criou

um ambiente propício para o crescimento japonês, tendo sua origem em políticas

governamentais direcionadas que souberam explorar o ambiente externo.

As empresas japonesas se transformaram em inovadoras, permitindo uma competição de

alto nível no comércio internacional (MAZZUCATO, 2014). Essa “característica” inovadora,

que pode ser enxergada no setor energético, tem em sua aplicabilidade, e origem,

necessidades advindas de dois campos: O geopolítico, que representa pressões de ordem

externa e militar, e o econômico, que envolve sua capacidade de produção e o “sucesso” do

capitalismo japonês (FILHO, 1997).

Como consequência da conjuntura internacional do pós-guerra o Japão demonstrou ser um

Estado que tem uma capacidade histórica de desenvolver um papel inovador e

empreendedor na sociedade. Porém o que levou o Japão a ter um ambiente tão propício

para políticas de inovação, eficiência e um P&D? Enquanto em um primeiro momento as

características geográficas do país, aliadas à sua forma de inserção no comércio

internacional, possam ser indicadores, para encontrar as respostas devemos examinar dois

momentos particulares de sua história: A II guerra Mundial e a Década de 70.

O papel do Estado Japonês na gestão da Matriz energética

Três postulações permitem uma melhor compreensão da continuidade, e “sucesso”, da

gestão do Estado japonês sobre a sua matriz energética:

A atuação estatal em processos de inovação, eficiência e P&D (MAZZUCATO, 2014); A

questão securitária, que envolve a percepção da energia como uma questão militar pelo

Japão no século XX e a insegurança da população em relação a energia nuclear; Aumento

da participação do país na economia internacional em um cenário pós-guerra que criou

condições necessárias para o “milagre japonês” e os desdobramentos da década de 70.

Em termos do Estado Japonês, a formulação apresentada por Mazzucato (2014), da

indispensabilidade do investimento de longo prazo do governo para o desenvolvimento da

capacidade de inovação do setor privado, se aplica dentro de um recorte focado apenas no

que concerne o setor energético do país. Ao analisarmos o estudo de caso da matriz

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energética do país sob a perspectiva da geopolítica e da economia política internacional

vemos como o setor público e privado andaram de “mãos dadas” ao longo dos anos. O

Estado, portanto, não pode ser tratado como uma versão “ineficiente” do setor privado

(MAZZUCATO, 2014), fazendo com que as relações entre o público e privado tenham que

ser revistas sobre uma nova perspectiva que traga uma visão mais próxima da realidade e

não apenas reforce conceitos pré-estabelecidos sobre como ambos deveriam se comportar

dentro de suas “funções”.

A premissa de inovação dentro do Estado japonês advém da capacidade de seus agentes

econômicos em assumir riscos. Políticas energéticas são afetadas por fatores sociais,

tecnológicos, econômicos e políticos (KAJIKAWA, p.33, 2016). No ecossistema energético

vemos uma simbiose funcional entre o privado e o público. O Estado aqui não

necessariamente assumiu uma posição autoritária mas buscou “induzir” o setor privado há

adotar posturas que se mostraram eficazes no longo prazo.

Por trás da economia de inovação e gestão estratégica praticada pelos entes privados do

setor de energia temos uma alta capacidade de articulação e investimento do Estado, que

consegue arcar custos a longo prazo e usar de ferramentas que determinadas entidades

não possuem, como a tributação e a diplomacia, por exemplo. Ainda neste contexto,

demandas regionais e globais da política externa e militar japonesa exerceram

historicamente uma pressão/influência sobre como o setor privado e os políticos lidaram

com estes temas.

O caráter insular japonês confere uma “vocação” marítima tanto para a sua economia

quanto para seu aparato militar, especialmente devido ao fato do país apresentar poucos

recursos em terra. Em contrapartida tanto na questão alimentar quanto energética, a ZEE4

ao redor de suas ilhas lhe confere mais oportunidades, porém aumenta insegurança ao

trazer conflitos com a China, país que apresenta vastas capacidades militares e

econômicas, além de exercer um papel de extrema importância no atual contexto mundial.

Além da China, o Japão apresenta disputas territoriais com outros vizinhos, como a Rússia

nos territórios do Norte e as duas Coreias, devido há sequelas históricas, causadas

principalmente pelo Imperialismo Japonês no Leste asiático, que impactam até hoje nas

relações diplomáticas com todos os países citados.

A importância do Estado como figura central na análise desta pesquisa tem duas premissas,

enquanto uma, supracitada, advém de um contexto de guerra a outra é enxergada na

capacidade que o Estado, como ente pleno, tem em absorver conscientemente

4 Zona Econômica Exclusiva, faixa situada para além das aguas territoriais. Conceito estabelecido pela convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar(CNUDM), ou convenção de “Montego Bay”.

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determinados riscos e danos. Tomemos como exemplo os danos causados aos reatores

nucleares de Fukushima-Daiichi; O Tsnunami foi um tipo de acontecimento imprevisível, em

escala, que operou dentro da taxonomia da “incerteza Knightiana” devido ao fato de ser um

tipo de risco incalculável, probabilisticamente e quantitativamente.

O investimento na energia nuclear havia sido efetuado ao longo dos anos como alternativa

ao consumo de hidrocarbonetos e busca por maior eficiência energética. O determinante

geográfico, estrutural, aliado ao acontecimento criaram um dano que já mais poderia ser

superado independentemente pelas entidades privadas sem o auxílio e figura ativa do

Governo Japonês.

Ampliando o contexto no qual se insere a matriz energética japonesa, ou seja, analisando o

espaço fora de sua unidade territorial, temos uma cadeia global de produção, troca e

distribuição na área energética que engloba acordos políticos, sociais e econômicos, o que

nas palavras de Strange (1988) subentende o estudo da economia política internacional.

Neste contexto da EPI devemos entender as “causas” (STRANGE, 1988) que geraram a

continuidade de uma política energética pelo Estado japonês e os impactos sobre as forças

de mercado do setor, em um âmbito doméstico e internacional, decorrentes desta postura.

Na década de 40 o país se viu alvo de uma restrição ao seu acesso de fontes de petróleo,

na forma de embargos, devido ao controle deste fluxo pelos EUA, seu principal fornecedor

na época. Esta postura norte-americana foi adotada como forma de manter o “controle”

sobre o Japão enquanto este guerreava com a China. Este acontecimento contribuiu

(STEAWART,2009) para que o Japão resolvesse atacar Pearl Harbor, visando assim

impedir que os norte-americanos cortassem suas linhas de suprimento necessárias para o

esforço de guerra.

Enquanto o imperialismo japonês demandava um intenso fluxo energético para a

manutenção do esforço de guerra, o mesmo abria espaço para que o país se tornasse

extremamente vulnerável a pressões externas, como notado em seu conflito com os EUA.

Portanto nos primórdios da história contemporânea japonesa, a energia sempre foi tratada

como um instrumento da política externa e do “hard power” japonês. Com o fim do conflito, e

rendição japonesa, o país se viu “transformado” em uma “democracia pacifista”5 que, por

imposição, praticamente abdicou de sua capacidade militar.

5 A revisão do artigo 9 da constituição que prega pelo não uso da força militar é um dos principais pontos de reformulação do atual governo de Shinzo Abe, que assim como determinados setores da sociedade, consideram o revisionismo da constituição do pós guerra como condição “sine qua non” para o estabelecimento de um país mais forte, um “Belo Japão” nas palavras do 1° Ministro Abe.

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No pós-segunda guerra o Japão teve que adotar uma postura securitária, nacional e

energética, dissociada do poder militar, por questões político sociais e pela pressão dos

EUA. Como uma das consequências desta nova “realidade” o binômio economia-tecnologia

se tornou a base que fundamentou toda a capacidade de ação do Estado e competitividade

internacional.

Entre 1953 e 1973 o Produto Interno Bruto (PIB) japonês cresceu a taxas anuais, em torno,

de 10% (FILHO,97), o que fez com que o país se tornasse o 2° PIB do mundo, posto perdido

nos últimos anos para a China, e criando assim um cenário propicio para que se tornasse

líder em vários setores industriais, como o eletrônico e o de bens de capitais. Mesmo como

advento dos dois choques do Petróleo o Japão conseguiu manter uma taxa de crescimento

na ordem de 4% (FILHO, 97) que permitiu que o país tivesse as condições materiais de

manter sua postura inovadora, alguns diriam disruptiva, em relação as práticas econômicas

adotas por outras potencias ocidentes e no que concerne na forma como suas empresas

eram geridas.

A centralidade de P&D e inovação foram além de questões comerciais ou referentes ao

setor privado, também espelhando a política externa do país. Fazendo um recorte que

concerne o ecossistema que envolve a energia nuclear japonesa, vemos como a mesma

tem sido utilizada nas últimas décadas como ferramenta de política externa. O Japão

exporta seu know how e expertise de maneira a estabelecer acordos bilaterais que sejam

vantajosos tanto em um sentido econômico quanto “diplomático”.

O estudo de caso japonês também demonstra como o “sucesso” da política de inovação e

energética japonesa adveio da capacidade do país em lidar com suas próprias

idiossincrasias. Chalmers (1982) aponta como seria improdutivo a transportação direta das

práticas adotadas pelo governo e setor privado japonês, a partir da década de 60, para os

países europeus sem as instituições e determinados “costumes” pertinentes ao país. A

ingerência do Estado japonês sobre assuntos econômicos teve em seu cerne a defesa de

interesses nacionais de maneira a superar o atraso econômico em relação a outras nações

enquanto criava um “novo” projeto de nação, que só foi possível devido á conjunção entre a

burocracia pública, capitaneada pelo Partido Liberal Democrata (LDP), e os setores

empresariais (FILHO, 97), induzidos pelas políticas do MICI.

O fluxo de conhecimentos e vantagens adquiridas pelas empresas japonesas devem ser

entendidas em um cenário proporcionado por uma abordagem, criada pelas políticas

industriais do MICI, que permitiu a superação dos modelos econômicos da época6, seja a

6 Tanto do pós II GM quanto da conjuntura bipolar da Guerra Fria.

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rigidez do “fordismo” norte-americano ou outras experiências ocidentais e do bloco

comunista, através de:

“..Coordenação da mudança intraindustrial, das ligações intersetoriais e interempresariais, e do

espaço público-privado de forma a permitir que o crescimento ocorresse de maneira holística e

direcionada”- MAZZUCATO, p. 70, 2014.

Nesta conjuntura fica claro que as forças “liberais” do mercado não atuaram da maneira que

a literatura ocidental pregava como condição sine qua non de sucesso entre as nações

desenvolvidas, sendo que o “milagre japonês” e o ambiente inovador proporcionado, de

quebra de paradigmas, só pode ser entendido através da centralidade que o Estado japonês

assumiu ao ingerir sobre o seu setor privado, assumindo riscos e propondo novas agendas

de desenvolvimento.

A conjuntura pós Fukushima

O Japão tem apresentado uma contínua queda da taxa de uso de petróleo em seu consumo

total de energia, caindo de 80% em 1970 para 42% em 2015 (EIA, 2017), tendência que se

manteve inalterada após 2011, em contrapartida nota-se uma “preferência” pelo uso de gás

liquefeito natural (GLN), fazendo com que o país em 2016 tenha sido o maior importador do

mundo de GLN. O país possuí 738 bilhões de pés cúbicos7, aproximadamente 20.89 bilhões

de metros cúbicos, de reservas de gás natural, comprovadas, o que é um índice baixo

comparado com outros países. Antes de 2011, o país era o 3° maior consumidor de energia

nuclear, atrás de EUA e França, sendo que 2010 a energia nuclear correspondia 13% do

consumo de energia japonesa (EIA, 2017).

O país se encontra em um processo de “desregulação” do setor de gás natural,

especialmente o doméstico, desde 95. Empresas como Impex e Mitsubshi atuam tanto

domesticamente quanto em atividades de exploração e produção nos mares. Como

corretamente apontado pela EIA (2017), o Japão possui uma geografia que impacta

diretamente na compra e uso de recursos naturais como o gás, não só em termos

quantitativos, porém na forma como a sociedade se relaciona com o território. O terreno

montanhoso constrangeu historicamente a transmissão de gás via “pipelines”, fazendo com

que o país tenha uma baixa capacidade de transmissão de GLN em relação ao seu

consumo.

Uma das mais recentes, e promissoras, tecnologias desenvolvidas pelas companhias

japonesas envolve uma inovação decorrente da descoberta de hidratos de metano,

depósitos de gás natural presos em estruturas cristalizadas de gelo. Estima-se que a

77 Cubic Feet(Bcf).

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produção comercial deva começar em 2023. Porém os altos custos de produção tornam

difícil a atração de investimentos, especialmente depois da queda dos preços do petróleo,

que tem um impacto direto sobre as novas tecnologias.

Em 2016 o país foi o 4° maior consumidor e o 3° maior “net importer”8 de petróleo. Suas

reservas nacionais são baixas, na faixa de 44 milhões de barris em 2016 (Oil and Gas jornal,

2017). Regionalmente possui-se um enorme potencial “offshore” nos mares que cercam o

país e sua ZEE, porém a disputa territorial com a China faz com que os problemas de ordem

geopolítica impeçam um maior aproveitamento dessa capacidade em sua matriz energética.

A vulnerabilidade energética fez com que o governo tenha adotado planos de “contenção”

em relação ao petróleo. Tem-se em estoque 412 milhões de barris, sendo 74% do governo e

26% estoques comerciais (EIA, 2017). Ainda neste contexto preventivo uma parceria com a

Arábia Saudita e os Emirados Árabes garante que o Japão tenha determinados estoques

nestes países com direito a prioridade de compra em algum evento sério relacionado as

suas rotas de importação.

A FIGURA 2 abaixo mostra como funciona o fluxo de importações de GLN para o Japão

enquanto graficamente ajuda a entender a complexidade geopolítica da importação devido

ao fato de a principal rota, pelo mar do Sul da China, ser uma área de disputa territorial e

crescente incerteza:

FIGURA 2- Fluxo de GLN no mar Sul da China.

Fonte: Asian Maritime Transparency Initiative. Disponível em: https://amti.csis.org/atlas/; Acesso em:

15 de Junho de 2017.

8 O valor de seus bens importados, no setor petrolífero, é maior do que os exportados.

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Em 2016 o país consumiu 4 milhões de barris por dia. Mesmo com o acidente, a demanda

por petróleo caiu 23% desde 2016, mantendo o planejamento a longo prazo estabelecido

desde a década de 70. Porém essa queda na demanda se insere em um contexto mais

amplo, não se resumindo a medidas de eficiência energética (inovação) e substituição de

combustíveis, mas também abrangendo o grave problema demográfico, que envolve uma

população envelhecida que apresenta alarmantes taxas de encolhimento.

A principal demanda pelo consumo de petróleo do país vem dos setores químicos e

industrial além da área de transportes, nesses setores a tendência tem sido a utilização do

gás liquefeito de petróleo (GLP) em conjunto com o GLN (EIA, 2017).

O Japão tem continuado a investir em tecnologias de ponta de maneira a conduzir sua base

energética da maneira mais sustentável possível, no setor automobilístico, por exemplo,

temos veículos movidos a hidrogênio, baixa taxas de emissão de carbono e consumo de

combustível (KAJIKAWA et al, 2016).

A construção dos sistemas de energia sustentáveis pauta-se em um conjunto de normas e

objetivos que tem como premissa um planejamento de longo prazo e o estabelecimento de

cenários que permitam lidar com problemas sócio econômicos e demográficos que tendem a

se agravar ao longo dos anos, entre eles baixíssimas taxas de natalidade, perda de mão-de-

obra e envelhecimento da população. Neste contexto a utilização de tecnologias de ponta

(state of the art), deve ter como objetivo a revitalização de diversos setores da economia

enquanto diálogo com a “criatividade cultural” (KAJIKAWA, 2016) do país na área de

inovação buscando alternativas simultâneas aos problemas concebidos. Em relação aos

gastos governamentais com P&D em energia, em % do PIB, o Japão ocupa a primeira

posição na comparação com treze países9, excluindo-se a China (MAZZUCATO, 2014).

A sociedade japonesa atingiu elevadas taxas de saturação em relação a determinados

produtos e facilidades decorrentes desses produtos, o que tem levado há uma mudança do

polo industrial da produção para os serviços. Isto reflete diretamente no setor energético

especialmente no consumo de energia elétrica por família e na penetração de produtos

como ar condicionado, computadores e celulares, em taxas de quase 100% (FUKUSHIMA,

2016). Este contexto tem facilitado o estabelecimento de políticas e a criação de tecnologias

que permitam a transição do uso de combustíveis fósseis para sustentáveis no âmbito

doméstico, o que no longo prazo tende a facilitar a utilização dos meios alternativos em

todos os setores da economia.

9 Finlândia, Coréia do Sul, França, Dinamarca, Noruega, Suécia, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Reino Unido, Espanha e Irlanda.

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Conclusão

A proatividade do Estado japonês nos assuntos energéticos tem ajudado a sociedade civil e

o setor privado a se readaptarem dentro de um novo paradigma pós Fukushima. Os altos

índices de eficiência e investimento na área de inovação só se tornaram possíveis devido à

uma política energética praticada desde a década de 70 sobre os mesmos parâmetros e de

intensa simbiose entre público e privado. Os reflexos dessa política podem ser vistos na

constância com a qual “instrumentos” do setor energético, alta tecnologia ou capital

sensível, são constantemente utilizados na aquisição de parcerias geopoliticamente

estratégicas, como em acordos firmados com a Índia e o Oriente Médio.

Com base nos dados levantados nota-se que a energia nuclear é compreendida como uma

ferramenta de política externa, que possuí um imperativo geopolítico a partir do momento

que a mesma tem como função a mitigação da dependência japonesa a exportação de gás

natural e petróleo, algo que historicamente se mostrou como extremamente crítico a

segurança nacional.

Ao analisarmos as décadas de 70 e 80 percebe-se um outro tipo de “vulnerabilidade”

japonesa, relacionada ao uso de ferramentas econômicas com objetivo geopolítico,

geoeconomia, advinda de seu principal parceiro, os EUA, devido a dependência de capital

norte-americano e do uso do dólar. Esta “vulnerabilidade” impacta, contemporaneamente o

cálculo estratégico japonês ao perceber-se que o principal rival regional, a China, possuí

uma vasta capacidade econômica. O potencial de “manobra” da política externa chinesa faz

com que não só o Japão como outros atores regionais estejam cada vez mais integrados a

sua economia, ao serem atraídos pelo “influxo” gravitacional das forças de mercado

decorrentes da China.

Este trecho explicita a postura adotada pelos EUA quando houveram indícios10 de que o

Japão poderia ameaçar sua “hegemonia”, erroneamente considerada como ameaçada

devido a sucessivas crises e no contexto de derrota do Vietnam, entre as décadas de 70 e

80:

“ Os Estados Unidos não assistiram impassíveis a esses acontecimentos. No

início dos anos 80, já haviam conseguido reafirmar sua hegemonia através

da diplomacia do dólar forte, submetendo seus parceiros, em especial os

japoneses, ao projeto de recuperação de sua economia. A partir de, usaram

a valorização da moeda de seus concorrentes como instrumento para, no

10 Diversos autores chegaram a considerar que o Japão poderia , em um futuro “provável”, assumir o posto hegemônico que os EUA ocupavam no Sistema Internacional devido à sua capacidade tecnológica, altas taxas de crescimento e similaridades históricas com a Grã-Bretanha.

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caso dos japoneses, gerar prejuízos em exportadores e investidores incautos,

que se haviam exposto demasiadamente ao mercado americano; forçar a

internacionalização de suas indústrias e de seus capitais; e para impor às

autoridades locais políticas expansionistas que se contrapusessem ao

caráter recessivo do choque externo” (FILHO, p.386, 1997).

Estes acontecimentos levaram há uma profunda crise na década de 90, e extenso período

de recessão entre 92 e 95, que a despeito de severos impactos, sentidos até hoje, não teve

como efeito uma quebra no paradigma de eficiência e inovação dentro do setor energético.

Como demonstrado ao longo do trabalho a premissa que sustenta a forma como o governo

japonês lida, historicamente, com o setor da energia é a mitigação dos efeitos que crises ou

guerras possam ter sobre a matriz energética.

Ao se estudar a dicotomia entre a economia internacional e as pressões geopolíticas

decorrentes do setor energético tende-se a equacionar o ambiente doméstico,

particularmente no que concerne políticas públicas, em um segundo plano. O estudo de

caso do cenário pós acidente de Fukushima mostra como o governo japonês teve que

conciliar imperativos de ordem doméstica e internacional simultaneamente, um “dilema”,

recorrente, enfrentado por estadistas, e neste caso empresários, ao buscarem conciliar

oportunidades e dilemas estratégicos (PUTNAM, 1988).

Sob a ótica de uma perspectiva pragmática acelerar a tomada do uso da energia nuclear na

matriz energética japonesa seria a melhor maneira de mitigar os impactos de um cenário

instável em relação a importação óleo e gás, devido a vulnerabilidade de certas rotas

marítimas ou ao constante uso do petróleo como ferramenta de coerção11. Porém como a

opinião pública enxerga que o uso de reatores nucleares apresenta um grave risco a

segurança, devido tanto ao fato do acidente ter ocorrido há pouco tempo quanto das

sequelas que os ataques de Nagashima e Nagasaki deixaram sobre a sociedade japonesa,

o governo tem agido de maneira a preservar seu grau de “poder político” em um cenário que

envolve reformas delicadas em outros setores, como o militar e o econômico.

Parafraseando um famoso poema12, ”Nenhum governo é uma ilha”, estando o mesmo

envolvido, quer queira ou não, nos afazeres do mundo e nas demandas da sociedade.

Assim sendo os governos não tem a capacidade de priorizar sua agenda internacional e

11 Particularmente pelos países da OPEP, encabeçados pela Árabia Saudita que é um dos principais fornecedores de petróleo do Japão. 12 “No man is a island”, John Donne, que transmite a ideia de que os homens fazem parte de um todo que é a humanidade, sendo que a “perda” de um é a perda de todos.

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política sem manter um determinado grau de apoio de grupos influentes em seu cenário

doméstico, sejam eles decorrentes da opinião pública ou do seu “núcleo” parlamentar, ou

sem ser impactado/influenciado pela conjuntura internacional.

Recentemente os líderes japoneses tem assumido uma postura mais extrovertida, e

assertiva, em relação aos temas de segurança ao lidarem com a opinião pública, que tem

apresentado, paradoxalmente, um forte crescimento do “nacionalismo” entre os jovens,

sendo que a cada geração tem-se uma queda significativa no sentimento de repudio em das

forças armadas13, e uma queda histórica da participação nas eleições14. Mais do que nunca

os líderes e políticos tem buscado verbalizar suas opiniões enquanto buscam apoio

populacional em relação há uma maior participação no que se entende como “fronte de

segurança global” (ESTEVÉZ-ABE & TAKATO & TOSHIO, 2008).

Com base nos trabalhos de Tavares, Melin, Filho e Hellainer15 identificamos como o Japão

foi “enquadrado” dentro da arquitetura financeira norte-americana, que nos dias de hoje

possuí uma extensa capacidade de ditar as regras do jogo da política externa e econômica

japonesa. Os EUA cumprem a função de principais garantidores da segurança regional do

país, que em termos práticos atua como um “proxy” no leste asiático, sendo incapaz de

dissociar-se da vontade de Washington, pois a complementariedade econômica e securitária

entre os dois países é o que mantém “vivo”, dando condições matérias, os projetos

expansionistas alavancados pelo governo do 1° Ministro Shinzo Abe nos últimos anos.

Paralelamente, apesar da disputa regional, identifica nos últimos livros brancos de defesa, e

a retórica de “enfrentamento” com a China, seja em uma dimensão histórica devido as

constantes hostilidades entre os países ou na disputa por posições privilegiadas e áreas de

influências no Leste Asiático, os chineses são peça fundamental na balança comercial

japonesa, a China ocupa o 1° lugar em relação a origem dos bens importados e 2° dos bens

exportados pelo país.

Por fim concluísse que historicamente houveram poucas ocasiões em que se possa dizer

que ocorreu um embate entre o setor privado e público no que concerne o setor energético

japonês, havendo uma em sua totalidade uma parceria estratégica fomentada pela liderança

do MITI e um cenário propicio para a inovação através de impulsos dinâmicos que só podem

ser entendidos em sua origem ao se realizar uma digressão do período anterior ao “milagre

13 Ainda se critica muito a presença militar norte-americana em território japonês, especialmente Okinawa. Tal presença faz com que, em termo práticos, o Japão se comporte como uma colônia militar norte-americana, algo mal visto pelas populações, e vizinhos regionais, alocadas perto das bases. 14 E crescimento marginal de candidatos independentes devido à uma crise de representatividade em relação aos partidos no poder e de oposição devido à problemas econômicos como o aumento do gap entre mais ricos e mais pobres. 15 Ver bibliografia

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japonês”, no que concerne o projeto expansionista do Imperialismo japonês o

estabelecimento do conceito de segurança energética como “sacrossanto” (STEWART,

2009) entre os sucessivos governos.

Conclui-se que a atual matriz energética japonesa decorrente das modificações decorrentes

do acidente de Fukushima manteve suas principais diretrizes intactas devido à uma sinergia

entre a mentalidade empresarial e do governo, no que envolveu a adoção de medidas que

visassem compensar a utilização da energia nuclear. Em contrapartida se torna inconclusiva

qualquer análise sobre o setor energético japonês e suas projeções futuras sem uma

inserção em um contexto mais amplo que dialogue, igualitariamente, com os desafios

domésticos, a questão demográfica, e internacionais, como a República Popular da China(

RPC), que pautaram as principais discussões ao longo dos anos no país.

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