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ÍNDICE Brasil – Não é Um País Para Iniciantes ..................................................2 Entrevista com o Exmo. Marcio Zimmerman Pereira, Ministro de Minas e Energia ................................................................... 4 Sustentabilidade Ambiental e Responsabilidade Social na Indústria Brasileira de Mineração ......................................................14 Vale, a Super Mineradora Brasileira ......................................................... 16 Principais Minerais, Empresas e Projetos ............................................ 20 Serviços e Equipamentos Brasileiros ..................................................... 34 Um relatório da E&MJ - Este relatório foi pesquisado e elaborado pela Global Business Reports (www. gbreports.com) para a Revista de Engenharia e Mineração, com produção e redação de Alisdair Jones, Marina Borrell Falco, Matilde Mereguetti e Caroline Stern. Tradução por Laís Oliveira e Caroline Stern. Na foto, a Votorantim Metais produz níquel para Niquelândia, em Fortaleza de Minas. (Foto de divulgação) A mineração brasileira A imensa base brasileira de recursos e grande influência econômica e política formam uma potência em mineração que pode dominar por gerações. UM RELATORIO DA GLOBAL BUSINESS REPORTS PARA ENGINEERING & MINING JOURNAL

A mineração brasileira...“O Brasil não é um país para principi-antes”, disse Franklin Feder, presidente da Alcoa, citando Tom Jobim, que tem uma história de 50 anos no Brasil

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Page 1: A mineração brasileira...“O Brasil não é um país para principi-antes”, disse Franklin Feder, presidente da Alcoa, citando Tom Jobim, que tem uma história de 50 anos no Brasil

ÍNDICE

Brasil – Não é Um País Para Iniciantes ..................................................2

Entrevista com o Exmo. Marcio Zimmerman Pereira,Ministro de Minas e Energia ................................................................... 4

Sustentabilidade Ambiental e Responsabilidade Socialna Indústria Brasileira de Mineração ......................................................14

Vale, a Super Mineradora Brasileira ......................................................... 16

Principais Minerais, Empresas e Projetos ............................................ 20

Serviços e Equipamentos Brasileiros ..................................................... 34

Um relatório da E&MJ - Este relatório foi pesquisado e elaborado pela Global Business Reports (www.gbreports.com) para a Revista de Engenharia e Mineração, com produção e redação de Alisdair Jones, Marina Borrell Falco, Matilde Mereguetti e Caroline Stern. Tradução por Laís Oliveira e Caroline Stern.

Na foto, a Votorantim Metais produz níquel para Niquelândia, em Fortaleza de Minas. (Foto de divulgação)

A mineração brasileiraA imensa base brasileira de recursos e grande influência econômica e política formam uma potência em mineração que pode dominar por gerações.

UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL

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Brasil - Não é Um País Para IniciantesA poderosa usina de mineração volta suas atenções para ser um melhor destino para investimentos.

A imensidão continental do Brasil, sua base de recursos e a sua influência econômica e política são atrativos de sua potencialidade regional e interna-cional. Com um território de 8,5 milhões de quilômetros terrestres e 7.500 km de litoral, o Brasil se sobressai aos seus viz-inhos sul-americanos.

Diferenças no tamanho e escala a parte, o Brasil compartilha uma lon-ga história de instabilidade política e econômica com seus vizinhos da Améri-ca Latina. No entanto, depois do pro-grama de reformas econômicas de 1994 - conhecido como o Plano Real - o Bra-sil demonstrou mais consistência, tanto no funcionamento da sua democracia quanto nos seus muitos anos de con-tínuo crescimento econômico. Hoje, o Brasil se posiciona lado a lado da China, Rússia e Índia, sob a sigla BRIC como um dos principais destinos do mundo para o investimento estrangeiro direto (IED). Com uma taxa de crescimento anual do produto interno bruto (PIB) de 7,4% em 2010, somada a seu grande po-tencial geológico, os atrativos do Brasil são evidentes. No entanto, é importante notar que o Brasil está prensado entre Moçambique e a Tanzânia como o 127o dos 183 paises avaliadas no levanta-mento do Banco Mundial em 2011 sobre a facilidade de fazer negócios.

O Brasil ainda tem um longo caminho a trilhar quando se trata de transformar as quase duas décadas de estabilidade econômica e política em um ambiente de negócios sólido e estável, que fun-

cione de forma eficiente e coerente para o investidor internacional. O Brasil deve ser analisado com cautela e paciên-cia por aqueles que estão começando a investir nos mercados emergentes. “O Brasil não é um país para principi-antes”, disse Franklin Feder, presidente da Alcoa, citando Tom Jobim, que tem uma história de 50 anos no Brasil. “O povo brasileiro é muito gentil, amável e hospitaleiro, muitas vezes até de-mais. Você tem que saber exatamente o que você está fazendo no Brasil a fim de fazer as coisas acontecerem aqui”.

Transformações Econômicas e Políticas do Brasil A dependência na produção de café levou o Brasil a um longo período de industrialização por substituição de im-portações (ISI), que passou pela a Se-gunda Guerra Mundial e continuou até meados da década de 1960. No esforço para transformar a economia brasileira desde suas raizesinflacionárias e endívi-dadas para uma economia de mercado capitalista diversificado, a liderança mili-tar implementou uma difundida reforma econômica, em 1964.

As reformas econômicas simplificaram o câmbio, introduziram incentivos para o investimento e promoveram as exporta-ções - o resultado foi um período con-tínuo de crescimento, com uma aumento médio de 11% ao ano para a economia brasileira entre 1968 e 1973. Apesar da crise do petróleo de 1973, o governo

brasileiro continuou a apoiar as políticas de crescimento elevado, apesar da pressão pela quala situação macroeconômica do país passava como resultado.

O déficit do Brasil em conta corrente aumentou de US$ 1,7 bilhão em 1973, para US$ 12,8 bilhões em 1980, a dívida ex-terna aumentou de 6,4 bilhões dólares para US$ 54 bilhões ao longo do mesmo período . A dívida que propulsionou o cresci-mento dos anos 1980

e início de 1990 levou à inflação, que se manteve em torno de 100% durante todo o início de 1980, cresceu para 1,000% em meados dos anos 1980 e chegou a 5,000% em 1993.

Concomitantemente, a política brasilei-ra também passou por mudanças er-ráticas. Assim como outros países latino americanos, o Brasil passou tanto por de-mocracias populistas quanto por ditadu-ras militares. A eleição de Fernando Hen-rique Cardoso, em 1995, foi um marco na história política e econômica do Brasil. O “Plano Real”, promulgado no ano ante-rior à sua eleição, foi o primeiro plano de ação bem-sucedido na política de com-bate aos persistentes desafios econômi-cos na administração da dívida externa e da inflação.

Os princípios fundamentais do Plano Real foram a introdução de uma nova moeda (o Real) com peg ao dólar dos EUA relativamente alto, o aumento das taxas de juros para conter os gastos, o incentivo ao investimento e à poupança e a contenção dos gastos do governo.

O Plano Real funcionou maravil-hosamente. O Brasil logo se tornou o queridinho da comunidade internacional de investimentos, estabilizou a inflação e entrou em um sustentável período de crescimento econômico. A economia brasileira tem uma média de crescimento do PIB de 5% ao ano desde a virada do século 21. Ao que tudo indica, as insta-bilidades econômicas e políticas do país finalmente terminaram.

Depois do sucesso dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso como presidente - entre 1995 e 2003 – o candi-dato esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil, em 2003. Ele sustentou o crescimento econômico e a estabilidade política ao longo de seu também duplo mandato.

A eleição da sucessora escolhida por Lula, Dilma Roussef, em 2010, demon-strou que o eleitorado brasileiro aprovou a direção ideológica de Lula e seu modo de administrar a economia nacional. Dilma também recebeu a aprovação da comunidade ligada à mineração. O pro-fessor João Marini, da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indús-tria Mineral Brasileira (ADIMB), falou por muitos quando disse que: “Acreditamos que com a vitória de Dilma nas eleições o setor de mineração terá uma grande melhora”.

O País do Futuro? A relativamente bem desenvolvida e di-versificada economia brasileira foi uma das primeiras a entrar e depois se recu-perar da recente crise financeira mundi-al. Depois de um curto período de cresci-mento econômico negativo de -0,2% em 2009, já estava previsto um período de forte crescimento para o início de 2010.

A riqueza brasileira de recursos, a liderança como produtor agrícola mun-dial, a força industrial, as indústrias de serviços emergentes e o status inter-nacional impulsionado pela escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 são indicativos do posicionamento cada vez mais ideal do país dentro da economia global.

A economia brasileira representa mais valor, em dólar, do que todas as outras economias da América do Sul somadas.

O banco central brasileiro previu um crescimento do PIB de 7,3% para 2010, seguido por uma média 5,5% de crescimento por ano entre 2011 e 2013. Goldman Sachs prevê que a economia brasileira vai se tornar uma das cinco maiores do mundo em 2050.

No entanto, ainda há apreensão em relação às políticas do governo brasileiro e a facilidade (ou dificuldade) de se faz-er negócios no país. Um setor público inchado e políticas sociais consideradas como exageradamente generosas colo-ca a sustentabilidade macro-econômica do Brasil em situação de risco e gera críticas da comunidade de investimentos internacional.

A infra-estrutura brasileira de trans-portes e energia, assim como a força de trabalho do país, poderiam ser ben-eficiadas por um aumento significativo nos investimentos dos setores públicos e privados a fim de aumentar a competi-tividade global.

Todavia, a partir de uma perspec-tiva de mineração, os vastos recur-sos do Brasil combinados com os at-uais preços de mercadoria tornam o país uma proposta muito interessante para qualquer investidor em potencial.

A Mineração Brasileira Hoje

Em 2008, a mineração constituiu quase 2% do PIB do Brasil, uma soma de US$ 23,95 bilhões. O crescimento no setor é fenomenal, e estima-se que a mineração vai atingir cerca de US$ 46,44 bilhões em 2014. “Entre 2000 e 2008 a indústria teve um crescimento de cinco vezes”, cont-abilizou Marcelo Tunes, diretor do Insti-tuto Brasileiro de Mineração (IBRAM). A demanda por minerais têm valorizado a produção mineral do Brasil, com um aumento de 250%, em dólares america-nos, entre 2000 e 2008. Houve uma que-da de produção em 2009 causada pela crise econômica global, mas as estima-tivas para 2010 são de que a produção mineral brasileira ultrapasse US$ 35 bil-hões e mantendo o crescimento de 10% a 15% ao ano.

Em 2012, o país deverá atingir os mes-mos níveis de produção e de vendas registrados antes da crise financeira. A IBRAM prevê um total de US$ 54 bilhões em investimentos para o período entre 2010 e2014. O ferro é o principal minério em que os investimentos serão feitos, responsável por cerca de 67% do total.

A mineração empregou diretamente 161 mil brasileiros em 2008. Estudos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), mostram que, no mesmo ano, foram criados cerca de dois milhões de empregos indireta-mente, número que cresce cada vez mais. Novos participantes continuam a chegar no mercado, incluindo peque-nas empresas de mineração e ex-ploração e prestadoras de serviços.

Potencial GeológicoO Brasil é o quinto maior país do mun-do em extensão territorial e tem a sexta maior produção de mineração do mun-do. “O setor brasileiro de mineração tem enorme potencial geológico, sendo que a maioria do país ainda não foi explora-da”, disse Miguel Antonio Cedraz Nery, diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Em 2009, o Brasil recebeu apenas 3% do orçamento mundial para mineração. Até agora, apenas 30% do seu território foi sistematicamente explorado através de mapeamento geológico. Apesar de sua área total ser quase sete vezes maior do que o Peru, o Brasil investiu apenas metade da quantia que o Peru investiu em pesquisas geológicas.

Segundo o Serviço Geológico do Brasil, há uma alta probabilidade de se encontrar depósitos poli-metálicos de primeira classe - semelhantes aos en-contrados em Carajás, no norte do país- principalmente na região amazônica. “O Brasil é um país enorme, parecido geologicamente com o Canadá ou a Austrália. A probabilidade de encontrar grandes ativos é muito alta”, disse o pro-fessor Marini.

A região amazônica tem grande poten-cial para ser uma fonte de recursos min-erais ainda não descobertos, além das-grandes reservas ja conhecidas de (por volume): minério de ferro, manganês, bauxita, ouro e estanho.

Há, no entanto, preocupações com os danos à floresta amazônica. Grande parte da futura produção mineral do Bra-sil dependerá da descoberta de novas abordagens e tecnologias que permitam a mineração responsável e sustentável, que não prejudique o meio ambiente. Se isso for viabilizado, será possível usar toda a capacidade brasileira. “O Brasil tem potencial para dobrar ou triplicar sua produção de mineração atual”, afirmou Marcelo Tunes.

A Produção MineralO Brasil produz 70 derivados minerais: 21 metais, 45 minerais industriais e quatro combustíveis. O gigante sul-americano é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, com 19% da produção mundial total.

Depois do petróleo, o ferro é o segun-do produto com maior exportação do país, que tem China, Japão, Alemanha, França e Coréia como principais im-portadores.

UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL

A maior area de minério férreo do mundo, a mina de Carajás operado pela Vale.

Franklin Feder, Presidenta da Alcoa America Latina e Caríbe

Marcelo Tunes, Diretor de negócios mineiros do Insti-tuto Brasileiro de Mineração (IBRAM)

Miguel Cedraz Nery, Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)

João Bosco Silva, Diretor Executivo da Votorantim

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Brasil - Não é Um País Para IniciantesA poderosa usina de mineração volta suas atenções para ser um melhor destino para investimentos.

A imensidão continental do Brasil, sua base de recursos e a sua influência econômica e política são atrativos de sua potencialidade regional e interna-cional. Com um território de 8,5 milhões de quilômetros terrestres e 7.500 km de litoral, o Brasil se sobressai aos seus viz-inhos sul-americanos.

Diferenças no tamanho e escala a parte, o Brasil compartilha uma lon-ga história de instabilidade política e econômica com seus vizinhos da Améri-ca Latina. No entanto, depois do pro-grama de reformas econômicas de 1994 - conhecido como o Plano Real - o Bra-sil demonstrou mais consistência, tanto no funcionamento da sua democracia quanto nos seus muitos anos de con-tínuo crescimento econômico. Hoje, o Brasil se posiciona lado a lado da China, Rússia e Índia, sob a sigla BRIC como um dos principais destinos do mundo para o investimento estrangeiro direto (IED). Com uma taxa de crescimento anual do produto interno bruto (PIB) de 7,4% em 2010, somada a seu grande po-tencial geológico, os atrativos do Brasil são evidentes. No entanto, é importante notar que o Brasil está prensado entre Moçambique e a Tanzânia como o 127o dos 183 paises avaliadas no levanta-mento do Banco Mundial em 2011 sobre a facilidade de fazer negócios.

O Brasil ainda tem um longo caminho a trilhar quando se trata de transformar as quase duas décadas de estabilidade econômica e política em um ambiente de negócios sólido e estável, que fun-

cione de forma eficiente e coerente para o investidor internacional. O Brasil deve ser analisado com cautela e paciên-cia por aqueles que estão começando a investir nos mercados emergentes. “O Brasil não é um país para principi-antes”, disse Franklin Feder, presidente da Alcoa, citando Tom Jobim, que tem uma história de 50 anos no Brasil. “O povo brasileiro é muito gentil, amável e hospitaleiro, muitas vezes até de-mais. Você tem que saber exatamente o que você está fazendo no Brasil a fim de fazer as coisas acontecerem aqui”.

Transformações Econômicas e Políticas do Brasil A dependência na produção de café levou o Brasil a um longo período de industrialização por substituição de im-portações (ISI), que passou pela a Se-gunda Guerra Mundial e continuou até meados da década de 1960. No esforço para transformar a economia brasileira desde suas raizesinflacionárias e endívi-dadas para uma economia de mercado capitalista diversificado, a liderança mili-tar implementou uma difundida reforma econômica, em 1964.

As reformas econômicas simplificaram o câmbio, introduziram incentivos para o investimento e promoveram as exporta-ções - o resultado foi um período con-tínuo de crescimento, com uma aumento médio de 11% ao ano para a economia brasileira entre 1968 e 1973. Apesar da crise do petróleo de 1973, o governo

brasileiro continuou a apoiar as políticas de crescimento elevado, apesar da pressão pela quala situação macroeconômica do país passava como resultado.

O déficit do Brasil em conta corrente aumentou de US$ 1,7 bilhão em 1973, para US$ 12,8 bilhões em 1980, a dívida ex-terna aumentou de 6,4 bilhões dólares para US$ 54 bilhões ao longo do mesmo período . A dívida que propulsionou o cresci-mento dos anos 1980

e início de 1990 levou à inflação, que se manteve em torno de 100% durante todo o início de 1980, cresceu para 1,000% em meados dos anos 1980 e chegou a 5,000% em 1993.

Concomitantemente, a política brasilei-ra também passou por mudanças er-ráticas. Assim como outros países latino americanos, o Brasil passou tanto por de-mocracias populistas quanto por ditadu-ras militares. A eleição de Fernando Hen-rique Cardoso, em 1995, foi um marco na história política e econômica do Brasil. O “Plano Real”, promulgado no ano ante-rior à sua eleição, foi o primeiro plano de ação bem-sucedido na política de com-bate aos persistentes desafios econômi-cos na administração da dívida externa e da inflação.

Os princípios fundamentais do Plano Real foram a introdução de uma nova moeda (o Real) com peg ao dólar dos EUA relativamente alto, o aumento das taxas de juros para conter os gastos, o incentivo ao investimento e à poupança e a contenção dos gastos do governo.

O Plano Real funcionou maravil-hosamente. O Brasil logo se tornou o queridinho da comunidade internacional de investimentos, estabilizou a inflação e entrou em um sustentável período de crescimento econômico. A economia brasileira tem uma média de crescimento do PIB de 5% ao ano desde a virada do século 21. Ao que tudo indica, as insta-bilidades econômicas e políticas do país finalmente terminaram.

Depois do sucesso dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso como presidente - entre 1995 e 2003 – o candi-dato esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil, em 2003. Ele sustentou o crescimento econômico e a estabilidade política ao longo de seu também duplo mandato.

A eleição da sucessora escolhida por Lula, Dilma Roussef, em 2010, demon-strou que o eleitorado brasileiro aprovou a direção ideológica de Lula e seu modo de administrar a economia nacional. Dilma também recebeu a aprovação da comunidade ligada à mineração. O pro-fessor João Marini, da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indús-tria Mineral Brasileira (ADIMB), falou por muitos quando disse que: “Acreditamos que com a vitória de Dilma nas eleições o setor de mineração terá uma grande melhora”.

O País do Futuro? A relativamente bem desenvolvida e di-versificada economia brasileira foi uma das primeiras a entrar e depois se recu-perar da recente crise financeira mundi-al. Depois de um curto período de cresci-mento econômico negativo de -0,2% em 2009, já estava previsto um período de forte crescimento para o início de 2010.

A riqueza brasileira de recursos, a liderança como produtor agrícola mun-dial, a força industrial, as indústrias de serviços emergentes e o status inter-nacional impulsionado pela escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 são indicativos do posicionamento cada vez mais ideal do país dentro da economia global.

A economia brasileira representa mais valor, em dólar, do que todas as outras economias da América do Sul somadas.

O banco central brasileiro previu um crescimento do PIB de 7,3% para 2010, seguido por uma média 5,5% de crescimento por ano entre 2011 e 2013. Goldman Sachs prevê que a economia brasileira vai se tornar uma das cinco maiores do mundo em 2050.

No entanto, ainda há apreensão em relação às políticas do governo brasileiro e a facilidade (ou dificuldade) de se faz-er negócios no país. Um setor público inchado e políticas sociais consideradas como exageradamente generosas colo-ca a sustentabilidade macro-econômica do Brasil em situação de risco e gera críticas da comunidade de investimentos internacional.

A infra-estrutura brasileira de trans-portes e energia, assim como a força de trabalho do país, poderiam ser ben-eficiadas por um aumento significativo nos investimentos dos setores públicos e privados a fim de aumentar a competi-tividade global.

Todavia, a partir de uma perspec-tiva de mineração, os vastos recur-sos do Brasil combinados com os at-uais preços de mercadoria tornam o país uma proposta muito interessante para qualquer investidor em potencial.

A Mineração Brasileira Hoje

Em 2008, a mineração constituiu quase 2% do PIB do Brasil, uma soma de US$ 23,95 bilhões. O crescimento no setor é fenomenal, e estima-se que a mineração vai atingir cerca de US$ 46,44 bilhões em 2014. “Entre 2000 e 2008 a indústria teve um crescimento de cinco vezes”, cont-abilizou Marcelo Tunes, diretor do Insti-tuto Brasileiro de Mineração (IBRAM). A demanda por minerais têm valorizado a produção mineral do Brasil, com um aumento de 250%, em dólares america-nos, entre 2000 e 2008. Houve uma que-da de produção em 2009 causada pela crise econômica global, mas as estima-tivas para 2010 são de que a produção mineral brasileira ultrapasse US$ 35 bil-hões e mantendo o crescimento de 10% a 15% ao ano.

Em 2012, o país deverá atingir os mes-mos níveis de produção e de vendas registrados antes da crise financeira. A IBRAM prevê um total de US$ 54 bilhões em investimentos para o período entre 2010 e2014. O ferro é o principal minério em que os investimentos serão feitos, responsável por cerca de 67% do total.

A mineração empregou diretamente 161 mil brasileiros em 2008. Estudos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), mostram que, no mesmo ano, foram criados cerca de dois milhões de empregos indireta-mente, número que cresce cada vez mais. Novos participantes continuam a chegar no mercado, incluindo peque-nas empresas de mineração e ex-ploração e prestadoras de serviços.

Potencial GeológicoO Brasil é o quinto maior país do mun-do em extensão territorial e tem a sexta maior produção de mineração do mun-do. “O setor brasileiro de mineração tem enorme potencial geológico, sendo que a maioria do país ainda não foi explora-da”, disse Miguel Antonio Cedraz Nery, diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Em 2009, o Brasil recebeu apenas 3% do orçamento mundial para mineração. Até agora, apenas 30% do seu território foi sistematicamente explorado através de mapeamento geológico. Apesar de sua área total ser quase sete vezes maior do que o Peru, o Brasil investiu apenas metade da quantia que o Peru investiu em pesquisas geológicas.

Segundo o Serviço Geológico do Brasil, há uma alta probabilidade de se encontrar depósitos poli-metálicos de primeira classe - semelhantes aos en-contrados em Carajás, no norte do país- principalmente na região amazônica. “O Brasil é um país enorme, parecido geologicamente com o Canadá ou a Austrália. A probabilidade de encontrar grandes ativos é muito alta”, disse o pro-fessor Marini.

A região amazônica tem grande poten-cial para ser uma fonte de recursos min-erais ainda não descobertos, além das-grandes reservas ja conhecidas de (por volume): minério de ferro, manganês, bauxita, ouro e estanho.

Há, no entanto, preocupações com os danos à floresta amazônica. Grande parte da futura produção mineral do Bra-sil dependerá da descoberta de novas abordagens e tecnologias que permitam a mineração responsável e sustentável, que não prejudique o meio ambiente. Se isso for viabilizado, será possível usar toda a capacidade brasileira. “O Brasil tem potencial para dobrar ou triplicar sua produção de mineração atual”, afirmou Marcelo Tunes.

A Produção MineralO Brasil produz 70 derivados minerais: 21 metais, 45 minerais industriais e quatro combustíveis. O gigante sul-americano é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, com 19% da produção mundial total.

Depois do petróleo, o ferro é o segun-do produto com maior exportação do país, que tem China, Japão, Alemanha, França e Coréia como principais im-portadores.

UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL

A maior area de minério férreo do mundo, a mina de Carajás operado pela Vale.

Franklin Feder, Presidenta da Alcoa America Latina e Caríbe

Marcelo Tunes, Diretor de negócios mineiros do Insti-tuto Brasileiro de Mineração (IBRAM)

Miguel Cedraz Nery, Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)

João Bosco Silva, Diretor Executivo da Votorantim

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UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL

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O Brasil é ainda o principal produtor mundial de nióbio, o sétimo maior produ-tor de estanho e o décimo terceiro maior produtor de ouro do mundo - foram produ-zidas cerca de 55 toneladas métricas de ouro em 2008 de acordo com o IBRAM. A recente alta dos preços do ouro levaram a novos investimentos em expansão e exploração para que a produção de ouro do país aumente significativamente.

Em 2008, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapas-sando os Estados Unidos. A demanda chinesa por matérias-primas deve con-tinuar a ser um dos principais motores para o setor de mineração em 2011 e nos anos conseguintes. O ferro representa 82,6% de todas as exportações de metal brasileiras, seguido pelo ouro. Já as prin-cipais importações do país são distribuí-das de forma bastante equilibrada entre o carvão (29,6%), potássio (29,09%) e co-bre (20,9%). Os projetos de investimento adiados pela crise financeira já foram reiniciados, especialmente por empresas líderes da indústria como a Vale, BHP Bil-liton, Rio Tinto e Barrick. O Brasil quer atrair investimentos estrangeiros, porém as regulamentações complicadas, a falta de infra-estrutura e um conjunto limitado de profissionais qualificados retardam a chegada do capital estrangeiro. A falta de precisão dos dados geológicos para a

maioria das áreas desencoraja os inves-tidores. O índice de liberdade econômica 2009 da Heritage Foundation, fundação que avalia as condições globais para a criação de negócios em 183 países, re-baixou o Brasil de “moderadamente livre” para “principalmente sem liberdade”.

O Estado continua presente em muitas áreas da economia. As empresas estão sujeitas à legislação arcaica, altos cus-tos de crédito e freqüentes mudanças normativas. O Brasil requer grandes in-vestimentos em energia e infra-estrutura logística, o que abre espaço para opor-tunidades de investimento na construção e melhoria de estradas, ferrovias, ga-sodutos, portos e vias navegáveis, assim como na infra-estrutura de energia.

Apena 2% do PIB brasileiro é gasto em infra-estrutura - um terço do que a China e o Chile gastam, e metade do que a Índia gasta em relação aoseu PIB. Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Infra-Estrutura mostra que o Brasil precisa de investimentos anuais de US$ 90 bilhões em logística e infra-es-truturas para acabar com os problemas na economia. Caso este investimento não ocorra num futuro próximo, o país não será capaz de manter a sua taxa de crescimento econômico. Mas há muita esperança de que a nova presidente brasileira aborde estas questões. “A re-

cente eleição de Dilma Rousseff, que foi a responsável pelo setor de minera-ção no governo anterior, trará iniciativas eficientes para o desenvolvimento da indústria de mineração”, disse Tunes.

A Estrutura do Mercado Brasileiro de MineraçãoO mercado de mineração brasileiro é dominado por cerca de 15 empresas de mineração, de origem tanto nacional quanto internacional. O ferro é de longe o minério que predomina entre os minerais exportados para o mercado internacional do Brasil e a Vale domina o setor, rep-resentando 80% da produção brasileira total de ferro, seguida pela CSN, Anglo American, MMX e Samarco.

Assim como o ferro, outros minérios brasileiros também são dominados por um grupo relativamente pequeno de em-presas. Mineração Rio do Norte, Alcoa e Vale dominam a produção de bauxita e alumina. A produção de nióbio é es-magadoramente dominada pela CBMM, enquanto a produção de manganês é quase totalmente controlada pela Vale. A Votorantim é a única produtora de zinco do Brasil, e é também responsável por cerca de metade da produção de níquel no país, ao lado da Anglo American Bra-sil. Por sua vez, a produção brasileira de

O setor de mineração no Brasil foi reformado na década de 1990, quando o mercado brasileiro foi aberto. Recentemente, o ministério decidiu reformulá-lo mais uma vez, envolvendo três grandes projetos: a criação de uma agência regu-ladora, a revisão do sistema de royalties e a renovação das regu-lamentações.

O que precisa ser atualizado nas regulamentações brasileiras?

Pretendemos criar um Conselho Nacional de Política para definir políticas e uma agência reguladora, que pode con-tribuir para atrair investimentos para o Brasil.

Como está o mapeamento geológico no brasil e como o sr. pretende melhorá-lo?O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) faz um importante trab-alho de mapeamento geológico. Nós já temos o mapeamento de todo o país em uma escala de 1:1.000.000 e queremos chegar à escala de 1:250.000 no mapeamento da Amazônia e 1:100.000 no resto do país.

Como atrair investimentos a médio prazo?Com os estudos geológicos e aero - geofísicos e as novas regulamentações, haverá ainda mais investimento privado no setor de mineração do Brasil.

Quais são os desafios para o setor de mineração em rela-

Entrevista com o Exmo. Marcio Zimmerman Pereira, Ministro de Minas e Energia

ção à sustentabilidade ambiental e relações com as co-munidades locais? As economias globais emergentes como China, Índia, África do Sul e o Brasil têm que enfrentar o desafio do desenvolvi-mento com sustentabilidade ambiental. A região amazônica tem um grande potencial para ser fonte de recursos minerais não descobertos, além de grandes reservas de minério de ferro, manganês, bauxita, ouro e estanho. Porém há a preo-cupação com a biodiversidade da floresta amazônica, que compreende 20% das florestas tropicais remanescentes do mundo e oferece abrigo para 10% das plantas e animais da terra, e ainda retira o excesso de dióxido de carbono da at-mosfera.

Quais são os principais projetos previstos para próximo ano?O Pará tem grande potencial. Temos lá o projetos de Carajás (ferro, níquel e cobre) e também a exploração de bauxita e ouro em outras regiões do estado. Muitas empresas estão investindo na região amazônica.

Qual é a mensagem que o sr. daria ao público da revista internacional de Engenharia e Mineração?O Brasil tem uma longa tradição na indústria de mineração e investimento internacional o que são bons sinais de desen-volvimento. Sabemos que a modernização das regulamen-tações é uma maneira eficaz de atrair novos investimentos e apoiar o desenvolvimento da indústria de mineração. O Brasil concluiu o Plano Nacional de Mineração de 2030, para pro-mover o crescimento nos próximos 20 anos.

Page 5: A mineração brasileira...“O Brasil não é um país para principi-antes”, disse Franklin Feder, presidente da Alcoa, citando Tom Jobim, que tem uma história de 50 anos no Brasil

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O Brasil é ainda o principal produtor mundial de nióbio, o sétimo maior produ-tor de estanho e o décimo terceiro maior produtor de ouro do mundo - foram produ-zidas cerca de 55 toneladas métricas de ouro em 2008 de acordo com o IBRAM. A recente alta dos preços do ouro levaram a novos investimentos em expansão e exploração para que a produção de ouro do país aumente significativamente.

Em 2008, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapas-sando os Estados Unidos. A demanda chinesa por matérias-primas deve con-tinuar a ser um dos principais motores para o setor de mineração em 2011 e nos anos conseguintes. O ferro representa 82,6% de todas as exportações de metal brasileiras, seguido pelo ouro. Já as prin-cipais importações do país são distribuí-das de forma bastante equilibrada entre o carvão (29,6%), potássio (29,09%) e co-bre (20,9%). Os projetos de investimento adiados pela crise financeira já foram reiniciados, especialmente por empresas líderes da indústria como a Vale, BHP Bil-liton, Rio Tinto e Barrick. O Brasil quer atrair investimentos estrangeiros, porém as regulamentações complicadas, a falta de infra-estrutura e um conjunto limitado de profissionais qualificados retardam a chegada do capital estrangeiro. A falta de precisão dos dados geológicos para a

maioria das áreas desencoraja os inves-tidores. O índice de liberdade econômica 2009 da Heritage Foundation, fundação que avalia as condições globais para a criação de negócios em 183 países, re-baixou o Brasil de “moderadamente livre” para “principalmente sem liberdade”.

O Estado continua presente em muitas áreas da economia. As empresas estão sujeitas à legislação arcaica, altos cus-tos de crédito e freqüentes mudanças normativas. O Brasil requer grandes in-vestimentos em energia e infra-estrutura logística, o que abre espaço para opor-tunidades de investimento na construção e melhoria de estradas, ferrovias, ga-sodutos, portos e vias navegáveis, assim como na infra-estrutura de energia.

Apena 2% do PIB brasileiro é gasto em infra-estrutura - um terço do que a China e o Chile gastam, e metade do que a Índia gasta em relação aoseu PIB. Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Infra-Estrutura mostra que o Brasil precisa de investimentos anuais de US$ 90 bilhões em logística e infra-es-truturas para acabar com os problemas na economia. Caso este investimento não ocorra num futuro próximo, o país não será capaz de manter a sua taxa de crescimento econômico. Mas há muita esperança de que a nova presidente brasileira aborde estas questões. “A re-

cente eleição de Dilma Rousseff, que foi a responsável pelo setor de minera-ção no governo anterior, trará iniciativas eficientes para o desenvolvimento da indústria de mineração”, disse Tunes.

A Estrutura do Mercado Brasileiro de MineraçãoO mercado de mineração brasileiro é dominado por cerca de 15 empresas de mineração, de origem tanto nacional quanto internacional. O ferro é de longe o minério que predomina entre os minerais exportados para o mercado internacional do Brasil e a Vale domina o setor, rep-resentando 80% da produção brasileira total de ferro, seguida pela CSN, Anglo American, MMX e Samarco.

Assim como o ferro, outros minérios brasileiros também são dominados por um grupo relativamente pequeno de em-presas. Mineração Rio do Norte, Alcoa e Vale dominam a produção de bauxita e alumina. A produção de nióbio é es-magadoramente dominada pela CBMM, enquanto a produção de manganês é quase totalmente controlada pela Vale. A Votorantim é a única produtora de zinco do Brasil, e é também responsável por cerca de metade da produção de níquel no país, ao lado da Anglo American Bra-sil. Por sua vez, a produção brasileira de

O setor de mineração no Brasil foi reformado na década de 1990, quando o mercado brasileiro foi aberto. Recentemente, o ministério decidiu reformulá-lo mais uma vez, envolvendo três grandes projetos: a criação de uma agência regu-ladora, a revisão do sistema de royalties e a renovação das regu-lamentações.

O que precisa ser atualizado nas regulamentações brasileiras?

Pretendemos criar um Conselho Nacional de Política para definir políticas e uma agência reguladora, que pode con-tribuir para atrair investimentos para o Brasil.

Como está o mapeamento geológico no brasil e como o sr. pretende melhorá-lo?O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) faz um importante trab-alho de mapeamento geológico. Nós já temos o mapeamento de todo o país em uma escala de 1:1.000.000 e queremos chegar à escala de 1:250.000 no mapeamento da Amazônia e 1:100.000 no resto do país.

Como atrair investimentos a médio prazo?Com os estudos geológicos e aero - geofísicos e as novas regulamentações, haverá ainda mais investimento privado no setor de mineração do Brasil.

Quais são os desafios para o setor de mineração em rela-

Entrevista com o Exmo. Marcio Zimmerman Pereira, Ministro de Minas e Energia

ção à sustentabilidade ambiental e relações com as co-munidades locais? As economias globais emergentes como China, Índia, África do Sul e o Brasil têm que enfrentar o desafio do desenvolvi-mento com sustentabilidade ambiental. A região amazônica tem um grande potencial para ser fonte de recursos minerais não descobertos, além de grandes reservas de minério de ferro, manganês, bauxita, ouro e estanho. Porém há a preo-cupação com a biodiversidade da floresta amazônica, que compreende 20% das florestas tropicais remanescentes do mundo e oferece abrigo para 10% das plantas e animais da terra, e ainda retira o excesso de dióxido de carbono da at-mosfera.

Quais são os principais projetos previstos para próximo ano?O Pará tem grande potencial. Temos lá o projetos de Carajás (ferro, níquel e cobre) e também a exploração de bauxita e ouro em outras regiões do estado. Muitas empresas estão investindo na região amazônica.

Qual é a mensagem que o sr. daria ao público da revista internacional de Engenharia e Mineração?O Brasil tem uma longa tradição na indústria de mineração e investimento internacional o que são bons sinais de desen-volvimento. Sabemos que a modernização das regulamen-tações é uma maneira eficaz de atrair novos investimentos e apoiar o desenvolvimento da indústria de mineração. O Brasil concluiu o Plano Nacional de Mineração de 2030, para pro-mover o crescimento nos próximos 20 anos.

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cobre é relativamente subdesenvolvida, e é dominada por apenas duas empresas: Vale e Yamana. Já a produção de ouro é talvez a mais uniformemente dividida en-tre os recursos minerais do Brasil, com a Anglo Gold Ashanti, Yamana Gold e Kinross representando a maior parte da oferta junto com os pequenos produtores como Eldorado Gold e Jaguar, assim como garimpos em regiões mais remo-tas do Brasil.

Os garimpos do Brasil são minera-dores artesanais, que produzem fora da égide da legislação brasileira são muitas vezes considerados ilegais. Há grandes preocupações sobre o impacto ambiental das práticas empregadas pelo garimpo, como por exemplo o uso e subseqüente dispersão de mercúrio em solos e cursos d’água.

O Brasil tem uma longa tradição na promoção de empresas nacionais de engenharia e serviços, tais como Ca-margo Correa e Geosol - que atuam re-spectivamente nas areas de engenharia e de perfuração. No entanto, compan-hias internacionais, como Master Driling, SRK Consulting, AMEC, Coffey Mining e Ausenco também estão presentes. Um fenômeno recente e interessante tem sido as parcerias e aquisições entre empresas internacionais estabelecidas e entidades nacionais, como a recente

fusão da Minerconsult e SNC Lavalin, e a parceria entre CNEC e Parsons Worley. A combinação da experiência internacio-nal com o conhecimento técnico e local das empresas brasileiras é altamente reconhecida como extremamente eficaz. As previsões de crescimento para a in-dústria de mineração do Brasil descritas anteriormente aumentam ainda mais o interesse internacional de serviços e em-presas de engenharia.

O mercado de fornecimento de eq-uipamentos está mais maduro do que o setor de serviços, com os principais agentes internacionais, como por exem-plo a Metso ja estabelecidas no país há mais de 50 anos. Desde Volvo, Komatsu e Caterpillar, até a FLSmidth e Cummins, a grande maioria dos fornecedores in-ternacionais podem ser encontrados no Brasil, muitos deles com capacidade de produção significativa. Agentes como Tracbel e Sotreq para a Volvo e Cater-pillar, respectivamente, têm serviços de classe mundial completando suas tecno-logias de ponta, enquanto fornecedores de origem nacional, como Technometal e Rossetti continuam aumentando sua quota no mercado brasileiro de equipa-mentos de abastecimento, que está em rápida expansão. Apesar de ainda ser considerado um mercado emergente, o Brasil possui um padrão de normas

técnicas extremamente alto no que diz respeito à produção e fornecimento de equipamentos, com inúmeras empresas internacionais como Siemens e Scania, sediando pólos de pesquisas internacio-nais e de desenvolvimento no país, ao lado de empresas locais como GEOID, CEMI e Brasfond.

O Quadro Regulamentar do Brasil A regulamentação brasileira é particular-mente complexa, com jurisdição sobre processos dividida entre os níveis mu-nicipais, estaduais e federais .No nível federal, os três principais órgãos do gov-erno responsáveis pelo setor de minera-ção são o Ministério de Minas e Energia, DNPM e CPRM.

A mineração é regida pelo Código de Mineração (1967). A lei n º 9.314 do códi-go de mineração, assinada em janeiro de 1997, estabelece que todas as licenças de exploração mineral sejam concedidas pelo DNPM, com concessões de desen-volvimento vindo do Ministério de Minas e Energia. Segundo a Constituição Federal de 1988, todos os recursos minerais per-tencem ao governo federal e os direitos de explorar os recursos devem seguir as regras do Código de Mineração. Todas as companhias que estão dentro da lei, com sede e administração sênior no Brasil, po-dem solicitar licenças para a exploração e produção dos commodities brasileiros.

Conforme estabelecido na Constituição de 1988, a sustentabilidade ambiental é de grande importância para a maneira em que a atividade industrial é realizada no Brasil. A regulamentação ambiental varia entre as autoridades estaduais, tendo as-sim o potencial de criar confusão e du-plicação ao longo do processo de can-didaturas. Essencialmente, o processo passa por três níveis distintos de con-trole. Primeiramente se faz uma avaliação de impacto ambiental (EIA), que quando concluída, é seguida pela licença ambi-ental (LA), que garante que os impactos ambientais de um determinado projeto estão em conformidade com a respectiva regulamentação ambiental do estado em questão. O processo final de regulamen-tação é o Plano de Recuperação de Mate-riais Degradados (PRAD), que por sua vez afirma que todas as medidas possíveis serão tomadas para garantir a sustent-abilidade ambiental durante desmantela-mento da mina e remoção de rejeitos. As duas principais autoridades reguladoras ambientais são IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente.

Entre 2009 e 2010 houve um debate sobre a modernização da regulamenta-ção brasileira de mineração, com o obje-tivo de tornar o setor mais atraente para os investidores internacionais e de fácil

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cobre é relativamente subdesenvolvida, e é dominada por apenas duas empresas: Vale e Yamana. Já a produção de ouro é talvez a mais uniformemente dividida en-tre os recursos minerais do Brasil, com a Anglo Gold Ashanti, Yamana Gold e Kinross representando a maior parte da oferta junto com os pequenos produtores como Eldorado Gold e Jaguar, assim como garimpos em regiões mais remo-tas do Brasil.

Os garimpos do Brasil são minera-dores artesanais, que produzem fora da égide da legislação brasileira são muitas vezes considerados ilegais. Há grandes preocupações sobre o impacto ambiental das práticas empregadas pelo garimpo, como por exemplo o uso e subseqüente dispersão de mercúrio em solos e cursos d’água.

O Brasil tem uma longa tradição na promoção de empresas nacionais de engenharia e serviços, tais como Ca-margo Correa e Geosol - que atuam re-spectivamente nas areas de engenharia e de perfuração. No entanto, compan-hias internacionais, como Master Driling, SRK Consulting, AMEC, Coffey Mining e Ausenco também estão presentes. Um fenômeno recente e interessante tem sido as parcerias e aquisições entre empresas internacionais estabelecidas e entidades nacionais, como a recente

fusão da Minerconsult e SNC Lavalin, e a parceria entre CNEC e Parsons Worley. A combinação da experiência internacio-nal com o conhecimento técnico e local das empresas brasileiras é altamente reconhecida como extremamente eficaz. As previsões de crescimento para a in-dústria de mineração do Brasil descritas anteriormente aumentam ainda mais o interesse internacional de serviços e em-presas de engenharia.

O mercado de fornecimento de eq-uipamentos está mais maduro do que o setor de serviços, com os principais agentes internacionais, como por exem-plo a Metso ja estabelecidas no país há mais de 50 anos. Desde Volvo, Komatsu e Caterpillar, até a FLSmidth e Cummins, a grande maioria dos fornecedores in-ternacionais podem ser encontrados no Brasil, muitos deles com capacidade de produção significativa. Agentes como Tracbel e Sotreq para a Volvo e Cater-pillar, respectivamente, têm serviços de classe mundial completando suas tecno-logias de ponta, enquanto fornecedores de origem nacional, como Technometal e Rossetti continuam aumentando sua quota no mercado brasileiro de equipa-mentos de abastecimento, que está em rápida expansão. Apesar de ainda ser considerado um mercado emergente, o Brasil possui um padrão de normas

técnicas extremamente alto no que diz respeito à produção e fornecimento de equipamentos, com inúmeras empresas internacionais como Siemens e Scania, sediando pólos de pesquisas internacio-nais e de desenvolvimento no país, ao lado de empresas locais como GEOID, CEMI e Brasfond.

O Quadro Regulamentar do Brasil A regulamentação brasileira é particular-mente complexa, com jurisdição sobre processos dividida entre os níveis mu-nicipais, estaduais e federais .No nível federal, os três principais órgãos do gov-erno responsáveis pelo setor de minera-ção são o Ministério de Minas e Energia, DNPM e CPRM.

A mineração é regida pelo Código de Mineração (1967). A lei n º 9.314 do códi-go de mineração, assinada em janeiro de 1997, estabelece que todas as licenças de exploração mineral sejam concedidas pelo DNPM, com concessões de desen-volvimento vindo do Ministério de Minas e Energia. Segundo a Constituição Federal de 1988, todos os recursos minerais per-tencem ao governo federal e os direitos de explorar os recursos devem seguir as regras do Código de Mineração. Todas as companhias que estão dentro da lei, com sede e administração sênior no Brasil, po-dem solicitar licenças para a exploração e produção dos commodities brasileiros.

Conforme estabelecido na Constituição de 1988, a sustentabilidade ambiental é de grande importância para a maneira em que a atividade industrial é realizada no Brasil. A regulamentação ambiental varia entre as autoridades estaduais, tendo as-sim o potencial de criar confusão e du-plicação ao longo do processo de can-didaturas. Essencialmente, o processo passa por três níveis distintos de con-trole. Primeiramente se faz uma avaliação de impacto ambiental (EIA), que quando concluída, é seguida pela licença ambi-ental (LA), que garante que os impactos ambientais de um determinado projeto estão em conformidade com a respectiva regulamentação ambiental do estado em questão. O processo final de regulamen-tação é o Plano de Recuperação de Mate-riais Degradados (PRAD), que por sua vez afirma que todas as medidas possíveis serão tomadas para garantir a sustent-abilidade ambiental durante desmantela-mento da mina e remoção de rejeitos. As duas principais autoridades reguladoras ambientais são IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente.

Entre 2009 e 2010 houve um debate sobre a modernização da regulamenta-ção brasileira de mineração, com o obje-tivo de tornar o setor mais atraente para os investidores internacionais e de fácil

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administração. Foram apresentadas ao Congresso propostas para uma reforma completa. “O governo brasileiro tem algu-mas prioridades em termos de mudança regulatória”, afirmou Claudio Scliar, se-cretário de Geologia, Mineração e Trans-formação Mineral. “Primeiro, estamos realizando um plano nacional de 20 anos para a geologia, mineração e transforma-ção mineral. Este plano já existe em out-ros setores econômicos, porém é carente na área de mineração. Além disso, o gov-erno quer transformar o DNPM em uma agência que supervisiona a regulação do setor de mineração, assim como criar um Conselho Nacional de Política Mineral, que irá atualizar o Código de Mineração. Finalmente, já está em discussão as roy-alties minerais, que precisam de algumas mudanças no Ministério. Enfim, o Bra-sil como um todo precisa de uma nova política para o setor de mineração”, sen-tenciou.

O consenso geral é o de que o novo regime de regulação vai simplificar os processos de inscrição e licenciamento, o que contribui para tornar o Brasil uma proposta de investimento mais interes-sante para as empresas internacionais. As novas propostas incluem o estabeleci-mento da Política Nacional de Mineração do Conselho , chefiada pelo ministro de Minas e Energia, reportando diretamente

ao presidente sobre questões políticas e orientações estratégicas para a indústria de mineração. O governo pretende sub-stituir o DNPM com uma nova Agência Nacional de Mineração, que incorporaria a estrutura atual do DNPM, mas apresen-taria um foco claro sobre o recrutamento de pessoal mais técnico. Diferente da atual abordagem arbitrária, as áreas de principal interesse na área da mineração serão definidas e promovidas como foco de investimento. Além disso, as licenças de mineração atuais serão substituídas por contratos de mineração com termos mais específicos, válidos por períodos variáveis de até 35 anos. Como forma de incentivar a criação de uma indústria mais abrangente, royalties serão cobra-das com taxas diferenciadas, progressi-vamente menores para as empresas que adotarem um processamento do minério mais abrangente dentro de sua estratégia de produção.

Sob o novo regime jurídico, uma série de medidas propostas visam mitigar os impactos negativos e obstáculos criados pela especulação no mercado de min-eração. Possíveis concessões serão con-cedidas no âmbito de um processo de licitação pública, em contraste ao método atual de ordem de chegada. Além disso, as licenças de exploração serão limitadas a um período máximo e não renovável de

cinco anos - os titulares de licenças que não tenham realizado pesquisas dentro deste prazo perderão seus direitos sobre as mesmas. E diferente da taxa relativa-mente baixa e plana cobrada atualmente para a concessão, a taxa anual terá uma escala progressiva aumentando a cada ano que a concessão está sob licença.

Visando melhorar o histórico social e ambiental do país, também está prevista uma série de ajustes as novas regras, como a realização de audiências públicas para projetos importantespara envolver as comunidades locais, e a imposição de limites discricionários sobre os tamanhos das áreas particulares atribuídas a uma única empresa. Assim como as novas regras não surgiram da noite para o dia, haverá um período de transição para que entrem em vigor, para que todas as em-presas disponham do tempo necessário para se adaptarem ao novo regime. A Pesquisa Geológica no Brasil A CPRM tem a responsabilidade de fazer o mapeamento geológico de toda a su-perfície terrestre do Brasil, assim como elaborar um banco de dados das regiões potenciais para o desenvolvimento min-eral. “Essencialmente, a CPRM gera as informações geológicas básicas sobre os 13 milhões de km2 de território brasileiro para aqueles interessados em investir e desenvolver projetos no Brasil, não se limitando apenas ao setor de mineração”, frisou Agamenon Dantas, presidente da CPRM.

Apesar de ter recebido o maior orça-mento de sua história em 2010, o trab-alho da CPRM é geralmente considerado insuficiente. Há um debate sobre quem devera ter a responsábilidadesobre o mapeamento detalhado da massa ter-restre do Brasil e dos recursos coste-iros. O setor privado acredita que esta é uma competência da CPRM, enquanto a CPRM rebate que é um dever do setor privado. Este impasse é visto pela indús-tria de mineração como uma espécie de obstáculo ao interesse e conseqüente investimento internacional nesta vasta – e geologicamente desconhecida - área brasileira.

O ponto crucial do debate é se a CPRM deve priorizar o mapeamento da superfí-cie total do Brasil, excluindo a Amazônia em uma escala de 100,000:1, ou se deve focar em áreas de relevância para a indús-tria de minérios, tendo em vista a atração de investimentos privados. “É claro que o sonho de todos os empresários é que a CPRM faça o mapeamento detalhado de todas as áreas de interesse geológico, mas o fato é que o trabalho da CPRM é detectar áreas potencialmente interes-santes não só para a mineração, mas para

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administração. Foram apresentadas ao Congresso propostas para uma reforma completa. “O governo brasileiro tem algu-mas prioridades em termos de mudança regulatória”, afirmou Claudio Scliar, se-cretário de Geologia, Mineração e Trans-formação Mineral. “Primeiro, estamos realizando um plano nacional de 20 anos para a geologia, mineração e transforma-ção mineral. Este plano já existe em out-ros setores econômicos, porém é carente na área de mineração. Além disso, o gov-erno quer transformar o DNPM em uma agência que supervisiona a regulação do setor de mineração, assim como criar um Conselho Nacional de Política Mineral, que irá atualizar o Código de Mineração. Finalmente, já está em discussão as roy-alties minerais, que precisam de algumas mudanças no Ministério. Enfim, o Bra-sil como um todo precisa de uma nova política para o setor de mineração”, sen-tenciou.

O consenso geral é o de que o novo regime de regulação vai simplificar os processos de inscrição e licenciamento, o que contribui para tornar o Brasil uma proposta de investimento mais interes-sante para as empresas internacionais. As novas propostas incluem o estabeleci-mento da Política Nacional de Mineração do Conselho , chefiada pelo ministro de Minas e Energia, reportando diretamente

ao presidente sobre questões políticas e orientações estratégicas para a indústria de mineração. O governo pretende sub-stituir o DNPM com uma nova Agência Nacional de Mineração, que incorporaria a estrutura atual do DNPM, mas apresen-taria um foco claro sobre o recrutamento de pessoal mais técnico. Diferente da atual abordagem arbitrária, as áreas de principal interesse na área da mineração serão definidas e promovidas como foco de investimento. Além disso, as licenças de mineração atuais serão substituídas por contratos de mineração com termos mais específicos, válidos por períodos variáveis de até 35 anos. Como forma de incentivar a criação de uma indústria mais abrangente, royalties serão cobra-das com taxas diferenciadas, progressi-vamente menores para as empresas que adotarem um processamento do minério mais abrangente dentro de sua estratégia de produção.

Sob o novo regime jurídico, uma série de medidas propostas visam mitigar os impactos negativos e obstáculos criados pela especulação no mercado de min-eração. Possíveis concessões serão con-cedidas no âmbito de um processo de licitação pública, em contraste ao método atual de ordem de chegada. Além disso, as licenças de exploração serão limitadas a um período máximo e não renovável de

cinco anos - os titulares de licenças que não tenham realizado pesquisas dentro deste prazo perderão seus direitos sobre as mesmas. E diferente da taxa relativa-mente baixa e plana cobrada atualmente para a concessão, a taxa anual terá uma escala progressiva aumentando a cada ano que a concessão está sob licença.

Visando melhorar o histórico social e ambiental do país, também está prevista uma série de ajustes as novas regras, como a realização de audiências públicas para projetos importantespara envolver as comunidades locais, e a imposição de limites discricionários sobre os tamanhos das áreas particulares atribuídas a uma única empresa. Assim como as novas regras não surgiram da noite para o dia, haverá um período de transição para que entrem em vigor, para que todas as em-presas disponham do tempo necessário para se adaptarem ao novo regime. A Pesquisa Geológica no Brasil A CPRM tem a responsabilidade de fazer o mapeamento geológico de toda a su-perfície terrestre do Brasil, assim como elaborar um banco de dados das regiões potenciais para o desenvolvimento min-eral. “Essencialmente, a CPRM gera as informações geológicas básicas sobre os 13 milhões de km2 de território brasileiro para aqueles interessados em investir e desenvolver projetos no Brasil, não se limitando apenas ao setor de mineração”, frisou Agamenon Dantas, presidente da CPRM.

Apesar de ter recebido o maior orça-mento de sua história em 2010, o trab-alho da CPRM é geralmente considerado insuficiente. Há um debate sobre quem devera ter a responsábilidadesobre o mapeamento detalhado da massa ter-restre do Brasil e dos recursos coste-iros. O setor privado acredita que esta é uma competência da CPRM, enquanto a CPRM rebate que é um dever do setor privado. Este impasse é visto pela indús-tria de mineração como uma espécie de obstáculo ao interesse e conseqüente investimento internacional nesta vasta – e geologicamente desconhecida - área brasileira.

O ponto crucial do debate é se a CPRM deve priorizar o mapeamento da superfí-cie total do Brasil, excluindo a Amazônia em uma escala de 100,000:1, ou se deve focar em áreas de relevância para a indús-tria de minérios, tendo em vista a atração de investimentos privados. “É claro que o sonho de todos os empresários é que a CPRM faça o mapeamento detalhado de todas as áreas de interesse geológico, mas o fato é que o trabalho da CPRM é detectar áreas potencialmente interes-santes não só para a mineração, mas para

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outras indústrias também”, disse Dantas. “Então cabe ao setor privado de minera-ção a realização de um mapeamento mais detalhado, afinal, a CPRM não funciona apenas para a mineração, temos também objetivos sociais, como a localização de fontes de água, além do interesse puro no desenvolvimento econômico”.

Já o professor Marini não concorda com essa abordagem. “O Brasil não tem um bom mapeamento e informações geológicas para potenciais investidores. Muitas empresas brasileiras estão indo trabalhar no exterior, como a Vale, por exemplo, que está investindo na África, Mongólia e no Peru”. “Há uma óbvia falta de mapeamento no Brasil e acredito que isso é uma falta que o governo deveria ser obrigado a suprir, da mesma forma como acontece na Austrália, no Canadá ou na França”, disse Ricardo Francesconi, dire-tor de exploração geológica da empresa Geoservice.

A questão do mapeamento geológico do Brasil está longe de ser resolvida. O que está claro, porém, é a que a geologia brasileira ainda é desconhecida, compa-rando-a com outras nações minerado-ras. Isto representa uma excelente opor-tunidade para as empresas com um foco na exploração, em busca de ativos nas regiões de fronteira como a Amazônia e o Norte de Minas Gerais.

O Regime Tributário e as Royalties A política fiscal brasileira é complexa, já que há uma miríade de autoridades fed-erais, estaduais e municipais. Em termos simples, a tributação varia de acordo com as empresas de mineração, dependen-do da região e dos minerais que estão sendo explorados. Ultimamente todas as empresas de mineração no Brasil estão sujeitas a um imposto corporativo entre 10% e 15%, assim como aos direitos de regime conhecidos como Compensação pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). De acordo com os termos da CFEM, empresas de mineração são ob-rigadas a pagar um máximo de 3% sobre as vendas líquidas de bens minerais. A porcentagem exata varia dependendo de qual mineral está sendo extraído e ven-dido. Por exemplo, a taxa sobre bauxita e manganês é de 3%, minério de ferro é de 2%, e o ouro é de 1%. Os royalties são divididas entre os governos federais, es-taduais e municipais, cada um recebendo 12%, 23% e 65% respectivamente.

Há especulação de que há planos em andamento para aumentar o IVA ou imp-ostos sobre os bens minerais exportados, de modo a incentivar as empresas de mineração a desenvolver a capacidade ao invés de simplesmente exportar maté-

rias-primas para mercados como a China e o Japão. Dada a importância atribuída à política industrial por Lula, há uma preo-cupação concreta em toda a indústria de que a recentemente eleita Dilma Roussef vá começar seu mandato levando essas políticas de forma mais vigorosa após sua posse, em janeiro de 2011.

O plano brasileiro de 2030 para a Indústria de Mineração Juntamente com as novas propostas do governo brasileiro para regular a indústria de mineração, foi feito um plano estraté-gico de 20 anos, cobrindo o período de 2010 até 2030, que também foi entregue como uma ferramenta de planejamento estratégico para a indústria de mineração, apresentando propostas de programas e medidas estruturantes para desenvolvr o setor, de acordo com Fernando Lins, dire-tor do Departamento de Processamento de Minerais da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Há um impulso claro neste plano para que a indústria de mineração brasileira seja provida com as informações sobre de-manda que garantiriam que a produção de produtos minerais no país seria dire-cionada à demanda doméstica de uma forma sustentável. O plano também é di-recionado para manter a posição do Bra-sil como um dos principais fornecedores globais de recursos-chave, tais como ferro, manganês e bauxita. Alinhado com as recentes tendências internacionais, o mercado de mineração brasileiro está se moldando para se tornar num líder global no fornecimento de produtos a granel, tais como potássio e fosfato, es-pecialmente em vista da posição do país como um líder internacional na indústria agrícola. A rápida movimentação da Vale para a produção de fosfato e potássio melhor exemplifica esta tendência. O plano de 2030 tem um foco claro no alin-hamento da produção mineral do Brasil com o potencial de seu mercado interno, fornecendo insumos fundamentais como alumínio processado, aço, cobre e fosfa-to, de forma sustentável, para seu dinâmi-co mercado interno. No topo da agenda está este direcionamento da produção mineral brasileira mais especificamente à demanda interna. O segundo fundamen-to principal é o desenvolvimento de sua capacidade industrial para mover mais a jusante. O aumento da força de trabalho e da base de recursos define a base ideal para aumentar o foco no valor agregado dentro do desenvolvimento industrial. No entanto, isto pode ser inviável conside-rando a diferença salarial e vantagens de infra-estrutura como os moinhos de aço e fundições de alumínio que podem alavan-car as economias concorrentes como as da China e da Coréia do Sul.

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outras indústrias também”, disse Dantas. “Então cabe ao setor privado de minera-ção a realização de um mapeamento mais detalhado, afinal, a CPRM não funciona apenas para a mineração, temos também objetivos sociais, como a localização de fontes de água, além do interesse puro no desenvolvimento econômico”.

Já o professor Marini não concorda com essa abordagem. “O Brasil não tem um bom mapeamento e informações geológicas para potenciais investidores. Muitas empresas brasileiras estão indo trabalhar no exterior, como a Vale, por exemplo, que está investindo na África, Mongólia e no Peru”. “Há uma óbvia falta de mapeamento no Brasil e acredito que isso é uma falta que o governo deveria ser obrigado a suprir, da mesma forma como acontece na Austrália, no Canadá ou na França”, disse Ricardo Francesconi, dire-tor de exploração geológica da empresa Geoservice.

A questão do mapeamento geológico do Brasil está longe de ser resolvida. O que está claro, porém, é a que a geologia brasileira ainda é desconhecida, compa-rando-a com outras nações minerado-ras. Isto representa uma excelente opor-tunidade para as empresas com um foco na exploração, em busca de ativos nas regiões de fronteira como a Amazônia e o Norte de Minas Gerais.

O Regime Tributário e as Royalties A política fiscal brasileira é complexa, já que há uma miríade de autoridades fed-erais, estaduais e municipais. Em termos simples, a tributação varia de acordo com as empresas de mineração, dependen-do da região e dos minerais que estão sendo explorados. Ultimamente todas as empresas de mineração no Brasil estão sujeitas a um imposto corporativo entre 10% e 15%, assim como aos direitos de regime conhecidos como Compensação pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). De acordo com os termos da CFEM, empresas de mineração são ob-rigadas a pagar um máximo de 3% sobre as vendas líquidas de bens minerais. A porcentagem exata varia dependendo de qual mineral está sendo extraído e ven-dido. Por exemplo, a taxa sobre bauxita e manganês é de 3%, minério de ferro é de 2%, e o ouro é de 1%. Os royalties são divididas entre os governos federais, es-taduais e municipais, cada um recebendo 12%, 23% e 65% respectivamente.

Há especulação de que há planos em andamento para aumentar o IVA ou imp-ostos sobre os bens minerais exportados, de modo a incentivar as empresas de mineração a desenvolver a capacidade ao invés de simplesmente exportar maté-

rias-primas para mercados como a China e o Japão. Dada a importância atribuída à política industrial por Lula, há uma preo-cupação concreta em toda a indústria de que a recentemente eleita Dilma Roussef vá começar seu mandato levando essas políticas de forma mais vigorosa após sua posse, em janeiro de 2011.

O plano brasileiro de 2030 para a Indústria de Mineração Juntamente com as novas propostas do governo brasileiro para regular a indústria de mineração, foi feito um plano estraté-gico de 20 anos, cobrindo o período de 2010 até 2030, que também foi entregue como uma ferramenta de planejamento estratégico para a indústria de mineração, apresentando propostas de programas e medidas estruturantes para desenvolvr o setor, de acordo com Fernando Lins, dire-tor do Departamento de Processamento de Minerais da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Há um impulso claro neste plano para que a indústria de mineração brasileira seja provida com as informações sobre de-manda que garantiriam que a produção de produtos minerais no país seria dire-cionada à demanda doméstica de uma forma sustentável. O plano também é di-recionado para manter a posição do Bra-sil como um dos principais fornecedores globais de recursos-chave, tais como ferro, manganês e bauxita. Alinhado com as recentes tendências internacionais, o mercado de mineração brasileiro está se moldando para se tornar num líder global no fornecimento de produtos a granel, tais como potássio e fosfato, es-pecialmente em vista da posição do país como um líder internacional na indústria agrícola. A rápida movimentação da Vale para a produção de fosfato e potássio melhor exemplifica esta tendência. O plano de 2030 tem um foco claro no alin-hamento da produção mineral do Brasil com o potencial de seu mercado interno, fornecendo insumos fundamentais como alumínio processado, aço, cobre e fosfa-to, de forma sustentável, para seu dinâmi-co mercado interno. No topo da agenda está este direcionamento da produção mineral brasileira mais especificamente à demanda interna. O segundo fundamen-to principal é o desenvolvimento de sua capacidade industrial para mover mais a jusante. O aumento da força de trabalho e da base de recursos define a base ideal para aumentar o foco no valor agregado dentro do desenvolvimento industrial. No entanto, isto pode ser inviável conside-rando a diferença salarial e vantagens de infra-estrutura como os moinhos de aço e fundições de alumínio que podem alavan-car as economias concorrentes como as da China e da Coréia do Sul.

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Sustentabilidade Ambiental e Responsabilidade Social na Indústria Brasileira de MineraçãoEmpresas top de mineração se empenham em atingir os padrões mundiais.

As fronteiras do Brasil encapsulam a grande maioria da Amazônia, símbolo raro da força da natureza, efoco de aten-ção de Copenhagen a Kyoto. O Brasil tem adotado umas das mais rigorosas regula-mentações ambientais já vistas pel indús-tria internacional de mineração e exige os mais elevados padrões possíveis das sele-tas empresas de mineração que dominam a produção mineral no país. O empenho do Brasil em proteger suas florestas é um bom exemplo para o mundo. “O Brasil tem uma indústria de mineração de classe A, que aguarda ansiosamente pelo grande desenvolvimento que está para acontecer. Todo mundo no Brasil quer fazer a coisa certa”, disse Hélcio Guerra, vice-presiden-te da AngloGold Ashanti.

O crescimento econômico e a integra-ção da região amazônica são capazes de promover a contínua melhoria da quali-dade de vida de sua população e são impensáveis sem o desenvolvimento de seus recursos minerais, de acordo com a

ADIMB. Durante as últimas décadas, a in-dústria de mineração tem contribuído efe-tivamente para a melhoria da qualidade de vida das populações [da Amazônia], ge-rando novos empregos e construindo in-fra-estrutura para a região. A contribuição do setor de mineração para o desenvolvi-mento sustentável da região é relevante e eficaz. A preservação do meio ambiente não é comprometida quando a atividade mineradora é organizada.

Geralmente a mineração é vista como a maior ameaça ao eco-sistema, porém a principal ameaça à floresta amazônica hoje em dia é a produção de produtos agrícolas como a soja e o gado. A respon-sabilidade social corporativa e a sustent-abilidade ambiental são o sangue vital da indústria de mineração do Brasil contem-porâneo. Isso é demonstrado pelo projeto Juruti, da Alcoa, tanto em termos de pro-fundidade quanto aonível de envolvimen-to da comunidade e suas ambições ambi-entais. “Nós só vamos saber exatamente

quão único e bem sucedido o projeto de Juruti é daqui 75 a 100 anos, quando as reservas de bauxita estiverem esgotadas e e temos a oportunidade de descobrir se a área original voltou à sua biodiversidade e estado ambiental originais, assim como se o município encontrou um caminho de desenvolvimento econômico indepen-dente da mina de bauxita de Juruti “, disse Frank Feder, presidente da Alcoa no Bra-sil. “Estas duas questões são as chaves para medir e julgar o projeto. O município de Juruti tem cerca de 45.000 habitantes, distribuídos entre 180 , vilas, vilarejos e ci-dades. Milhares dessas pessoas participa-ram do processo de consulta pública que ocorreu nas fases iniciais do projeto, e mais de 6.000 participaram das consultas públicas que ocorreram na cidade de Ju-ruti. A Alcoa soube desde o início que este projeto só funcionaria se nós trouxemos a comunidade mais próximas à mineração.Seguindo este conceito, a mina de Juruti é totalmente integrada com a comunidade local, não há cercas em torno do projeto a não ser daquelas áreas onde a segurança pessoal e individual seria questionada. As escolas e infra-estrutura que estamos desenvolvendo estão todas abertos à comunidade. Mas isto não é um ato de filantropia da Alcoa, mas sim a noção de que o projeto só funcionaria uma vez que a comunidade estivesse conosco”

“Nem todas as nossas discussões com a comunidade têm sido fácil”, ressaltou Feder. “O mais importante é que toda a população se envolveu e que as duas principais pesquisas de opinião realizadas demonstraram que a esmagadora maioria da comunidade local é a favor do projeto. Uma parcela da comunidade, de pessoas mais velhas,são mais contrários às mu-danças - e entendemos esta perspectiva - no entanto muitas dos jovens vêem isso como uma oportunidade de conseguir um emprego e fazer a economia local cresc-er. Tem sido importante para a Alcoa ter todas esses pontos de vista em conta e inserí-los em nossos planos”, disse Feder. “Desde o início, a Alcoa se envolveu com várias ONGs, o que resultou em uma ex-celente rede de assistência, ajuda e par-ticipação em Juruti”

“O modelo que a Alcoa está operando envolve três princípios. Primeiro, ela não é o governo municipal em Juruti, não quere-mos que haja esta confusão. Nosso ponto de vista é que fundamentalmente o povo

local seráresponsável pelo desenvolvi-mento da região, e a Alcoa tem atuado como um catalisador para alcançar isso. Nós estabelecemos um conselho local com 16 lugares para uma variedade de instituições e Alcoa ocupa apenas uma dessas posições”.

“O segundo princípio fundamental en-volve a avaliação, ‘como podemos medir o nosso sucesso’? Uma série de indica-dores são desenvolvidos - passando da quantidade de árvores derrubadas num determinado período até as taxas de gravidez na adolescência - para que possamos entender o impacto da Alcoa sobre as comunidades locais em Juruti”, exemplificou Feder. “A Fundação Getúlio Vargas tem sido de suma importância no desenvolvimento dessas medidas e en-volvendo membros da comunidade para decidir o que é importante para eles”. “O terceiro elemento da abordagem da Alcoa envolve a implementação de um fundo de desenvolvimento”, disse Feder. “Es-tamos realizando um processo pelo qual podemos treinar pessoas em determina-dos requisitos desenvolvendo situações onde eles possam treinar e alcancar seus objetivos na realização de tais exigências. A moral da história é que esta é uma ten-tativa, e a Alcoa está empenhada em alca-nçar o sucesso no projeto Juruti”. O foco na sustentabilidade ambiental e participa-ção da comunidade na indústria da min-

eração brasileira é liderada de cima para baixo, com grandes empresas como Vale, Votorantim, Ferrous, Alcoa e Yamana en-cabeçando os investimentos da indústria nessa área vital. Apesar de ter uma popu-lação de garimpeiros difundido em todo o país - cujas práticas estão longe de serem ambientalmente sustentáveis – as normas de mineração brasileiras estão cada vez mais condizentes com as da Austrália e Canadá. Os fornecedores de equipamen-tos e serviços como Metso, Tracbel, Enfil, Coffey, SRK e AMEC também investem tempo e energia significativos no trabalho com as comunidades locais, treinamento e desenvolvimento, e também na inova-ção e desenvolvimento de tecnologias ambientalmente sustentáveis, tais como filtros de emissão de baixo impacto e motores energicamente eficientes. “Se-gurança e desenvolvimento sustentável são reconhecidos como direções-chave e de grande importância pela Anglo Ameri-can”, disse Stephan Weber, presidente da Anglo American, no minério do ferro brasileiro “Pelo terceiro ano consecutivo, a Anglo American foi incluída entre as 20 maiores empresas tidas como um exem-plo de sustentabilidade pelo Guia Exame de Sustentabilidade. Nós também fomos escolhidos pela revista Brasil Mineral por termos a mina mais segura de todo Bra-sil”, vibrou Weber. “A Anglo American tem uma das melhores ferramentas para

avaliação do impacto social e ambiental. A empresa desenvolveu em 2004 o Método de Avaliação Sócio-Econômica, que visa uma melhor compreensão dos impactos sócio-econômicos da empresa, sejam eles positivos ou negativos. Em 2006, o método foi considerado pela One World Trust como a melhor ferramenta para avaliação do impacto sócio-ambiental no mundo. É possível construir um diálogo mais estruturado com os acionistas e par-tes interessadas para criar maior capacid-ade interna para administrar as questões sociais e ambientais e os avanços em ter-mos de transparência e responsabilidade local. Através deste método podemos compreender melhor as preocupações, necessidades e prioridades das comuni-dades associadas às operações da Anglo American. Nosso compromisso com se-gurança e desenvolvimento sustentável inclui a garantia de que agiremos sempre de forma consistente em todo o grupo em relação à segurança, saúde e meio ambi-ente. A Anglo American trabalha em par-ceria com ONGs para criar oportunidades de desenvolvimento nas comunidades locais, bem como investir em educação, saúde e atividades sustentáveis, como es-colas de música, educação online e pre-venção social contra o HIV. A mineração pode ser uma fonte de desenvolvimento para as comunidades que vivem em áreas remotas”, afirmou.

Bring AMEC’s experience to your project in:

front-end studies metallurgical process development and mine design facility and plant design geotechnical engineering and environmental services water treatment plant design project and construction management

AMEC develops some of the most challenging mining projects in the world.

Rua Paraíba, 330 – 14º andar. Funcionários - CEP: 30130-917 Belo Horizonte – MG. + 55 31 2112-6600 amec.com

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Sustentabilidade Ambiental e Responsabilidade Social na Indústria Brasileira de MineraçãoEmpresas top de mineração se empenham em atingir os padrões mundiais.

As fronteiras do Brasil encapsulam a grande maioria da Amazônia, símbolo raro da força da natureza, efoco de aten-ção de Copenhagen a Kyoto. O Brasil tem adotado umas das mais rigorosas regula-mentações ambientais já vistas pel indús-tria internacional de mineração e exige os mais elevados padrões possíveis das sele-tas empresas de mineração que dominam a produção mineral no país. O empenho do Brasil em proteger suas florestas é um bom exemplo para o mundo. “O Brasil tem uma indústria de mineração de classe A, que aguarda ansiosamente pelo grande desenvolvimento que está para acontecer. Todo mundo no Brasil quer fazer a coisa certa”, disse Hélcio Guerra, vice-presiden-te da AngloGold Ashanti.

O crescimento econômico e a integra-ção da região amazônica são capazes de promover a contínua melhoria da quali-dade de vida de sua população e são impensáveis sem o desenvolvimento de seus recursos minerais, de acordo com a

ADIMB. Durante as últimas décadas, a in-dústria de mineração tem contribuído efe-tivamente para a melhoria da qualidade de vida das populações [da Amazônia], ge-rando novos empregos e construindo in-fra-estrutura para a região. A contribuição do setor de mineração para o desenvolvi-mento sustentável da região é relevante e eficaz. A preservação do meio ambiente não é comprometida quando a atividade mineradora é organizada.

Geralmente a mineração é vista como a maior ameaça ao eco-sistema, porém a principal ameaça à floresta amazônica hoje em dia é a produção de produtos agrícolas como a soja e o gado. A respon-sabilidade social corporativa e a sustent-abilidade ambiental são o sangue vital da indústria de mineração do Brasil contem-porâneo. Isso é demonstrado pelo projeto Juruti, da Alcoa, tanto em termos de pro-fundidade quanto aonível de envolvimen-to da comunidade e suas ambições ambi-entais. “Nós só vamos saber exatamente

quão único e bem sucedido o projeto de Juruti é daqui 75 a 100 anos, quando as reservas de bauxita estiverem esgotadas e e temos a oportunidade de descobrir se a área original voltou à sua biodiversidade e estado ambiental originais, assim como se o município encontrou um caminho de desenvolvimento econômico indepen-dente da mina de bauxita de Juruti “, disse Frank Feder, presidente da Alcoa no Bra-sil. “Estas duas questões são as chaves para medir e julgar o projeto. O município de Juruti tem cerca de 45.000 habitantes, distribuídos entre 180 , vilas, vilarejos e ci-dades. Milhares dessas pessoas participa-ram do processo de consulta pública que ocorreu nas fases iniciais do projeto, e mais de 6.000 participaram das consultas públicas que ocorreram na cidade de Ju-ruti. A Alcoa soube desde o início que este projeto só funcionaria se nós trouxemos a comunidade mais próximas à mineração.Seguindo este conceito, a mina de Juruti é totalmente integrada com a comunidade local, não há cercas em torno do projeto a não ser daquelas áreas onde a segurança pessoal e individual seria questionada. As escolas e infra-estrutura que estamos desenvolvendo estão todas abertos à comunidade. Mas isto não é um ato de filantropia da Alcoa, mas sim a noção de que o projeto só funcionaria uma vez que a comunidade estivesse conosco”

“Nem todas as nossas discussões com a comunidade têm sido fácil”, ressaltou Feder. “O mais importante é que toda a população se envolveu e que as duas principais pesquisas de opinião realizadas demonstraram que a esmagadora maioria da comunidade local é a favor do projeto. Uma parcela da comunidade, de pessoas mais velhas,são mais contrários às mu-danças - e entendemos esta perspectiva - no entanto muitas dos jovens vêem isso como uma oportunidade de conseguir um emprego e fazer a economia local cresc-er. Tem sido importante para a Alcoa ter todas esses pontos de vista em conta e inserí-los em nossos planos”, disse Feder. “Desde o início, a Alcoa se envolveu com várias ONGs, o que resultou em uma ex-celente rede de assistência, ajuda e par-ticipação em Juruti”

“O modelo que a Alcoa está operando envolve três princípios. Primeiro, ela não é o governo municipal em Juruti, não quere-mos que haja esta confusão. Nosso ponto de vista é que fundamentalmente o povo

local seráresponsável pelo desenvolvi-mento da região, e a Alcoa tem atuado como um catalisador para alcançar isso. Nós estabelecemos um conselho local com 16 lugares para uma variedade de instituições e Alcoa ocupa apenas uma dessas posições”.

“O segundo princípio fundamental en-volve a avaliação, ‘como podemos medir o nosso sucesso’? Uma série de indica-dores são desenvolvidos - passando da quantidade de árvores derrubadas num determinado período até as taxas de gravidez na adolescência - para que possamos entender o impacto da Alcoa sobre as comunidades locais em Juruti”, exemplificou Feder. “A Fundação Getúlio Vargas tem sido de suma importância no desenvolvimento dessas medidas e en-volvendo membros da comunidade para decidir o que é importante para eles”. “O terceiro elemento da abordagem da Alcoa envolve a implementação de um fundo de desenvolvimento”, disse Feder. “Es-tamos realizando um processo pelo qual podemos treinar pessoas em determina-dos requisitos desenvolvendo situações onde eles possam treinar e alcancar seus objetivos na realização de tais exigências. A moral da história é que esta é uma ten-tativa, e a Alcoa está empenhada em alca-nçar o sucesso no projeto Juruti”. O foco na sustentabilidade ambiental e participa-ção da comunidade na indústria da min-

eração brasileira é liderada de cima para baixo, com grandes empresas como Vale, Votorantim, Ferrous, Alcoa e Yamana en-cabeçando os investimentos da indústria nessa área vital. Apesar de ter uma popu-lação de garimpeiros difundido em todo o país - cujas práticas estão longe de serem ambientalmente sustentáveis – as normas de mineração brasileiras estão cada vez mais condizentes com as da Austrália e Canadá. Os fornecedores de equipamen-tos e serviços como Metso, Tracbel, Enfil, Coffey, SRK e AMEC também investem tempo e energia significativos no trabalho com as comunidades locais, treinamento e desenvolvimento, e também na inova-ção e desenvolvimento de tecnologias ambientalmente sustentáveis, tais como filtros de emissão de baixo impacto e motores energicamente eficientes. “Se-gurança e desenvolvimento sustentável são reconhecidos como direções-chave e de grande importância pela Anglo Ameri-can”, disse Stephan Weber, presidente da Anglo American, no minério do ferro brasileiro “Pelo terceiro ano consecutivo, a Anglo American foi incluída entre as 20 maiores empresas tidas como um exem-plo de sustentabilidade pelo Guia Exame de Sustentabilidade. Nós também fomos escolhidos pela revista Brasil Mineral por termos a mina mais segura de todo Bra-sil”, vibrou Weber. “A Anglo American tem uma das melhores ferramentas para

avaliação do impacto social e ambiental. A empresa desenvolveu em 2004 o Método de Avaliação Sócio-Econômica, que visa uma melhor compreensão dos impactos sócio-econômicos da empresa, sejam eles positivos ou negativos. Em 2006, o método foi considerado pela One World Trust como a melhor ferramenta para avaliação do impacto sócio-ambiental no mundo. É possível construir um diálogo mais estruturado com os acionistas e par-tes interessadas para criar maior capacid-ade interna para administrar as questões sociais e ambientais e os avanços em ter-mos de transparência e responsabilidade local. Através deste método podemos compreender melhor as preocupações, necessidades e prioridades das comuni-dades associadas às operações da Anglo American. Nosso compromisso com se-gurança e desenvolvimento sustentável inclui a garantia de que agiremos sempre de forma consistente em todo o grupo em relação à segurança, saúde e meio ambi-ente. A Anglo American trabalha em par-ceria com ONGs para criar oportunidades de desenvolvimento nas comunidades locais, bem como investir em educação, saúde e atividades sustentáveis, como es-colas de música, educação online e pre-venção social contra o HIV. A mineração pode ser uma fonte de desenvolvimento para as comunidades que vivem em áreas remotas”, afirmou.

Bring AMEC’s experience to your project in:

front-end studies metallurgical process development and mine design facility and plant design geotechnical engineering and environmental services water treatment plant design project and construction management

AMEC develops some of the most challenging mining projects in the world.

Rua Paraíba, 330 – 14º andar. Funcionários - CEP: 30130-917 Belo Horizonte – MG. + 55 31 2112-6600 amec.com

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Vale, a Super Mineradora BrasileiraFundada em 1942 pelo Governo Fed-

eral como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Vale - como é conhecida - influ-encia todos os níveis da indústria de min-eração do Brasil. Privatizada em 1997, a Vale é a segunda maior empresa de min-eração do mundo, com um faturamento de 28,5 bilhões de dólares em 2009 e uma equipe permanente de 115.000 fun-cionários. A Vale é uma empresa de min-eração diversificada, com operações que vão desde a extração de níquel no Ca-nadá para o potássio na Argentina, mas a principal fonte de renda da empresa é a exportação de minério de ferro, que rep-resenta 65% de seu faturamento.

A Vale é de longe a maior produtora mundial de ferro, com uma produção de 230 milhões de toneladas métricas por ano. Assim como as operações de BHP Billiton e Rio Tinto em Pilbara, a chave para o sucesso da Vale é sua imensa in-fra-estrutura: a empresa possui mais de 10.000 km de linhas ferroviárias, 216 lo-comotivas, nove portos e uma vasta frota de navios. Quase todos os fornecedores de equipamentos de serviços em opera-ção no Brasil têm a Vale como principal cliente; ela é uma força onipresente em

toda a indústria de mineração do Brasil.A liderança da Vale na produção

brasileira é aliada à inovação tecnológica e ao investimento em práticas e tecnolo-gias sustentáveis . Recentemente a com-panhia lançou o Instituto de Tecnologia da Vale (ITV), e agora está em processo de criação de três centros de investiga-ção internacionais em todo o Brasil, com foco no desenvolvimento de tecnologias novas e inovadoras nas áreas de minera-ção, desenvolvimento da mineração sus-tentável e energias renováveis, que vão equipar tanto a Vale quanto a indústria em geral na superação dos desafios do futuro. O ITV representa a maior parceria de pesquisa público-privada já vistas no Brasil.

“A idéia é que a interação entre a so-ciedade, universidades e entidades do governo irá estimular a produção cientí-fica nacional de alta qualidade, e assim tornar as instituições mais capazes de atrair fundos do governo”, explicou Luiz Mello, diretor do ITV. “Isso vai gerar um ciclo virtuoso que irá beneficiar toda a comunidade.”

Uma inovação recente de interesse particular é o desenvolvimento de bio-

combustível feitos à base de óleo de pal-meira, previsto para transformar toda a frota ferroviária da Vale até 2014.

Coerente para a maior empresa de mineração brasileira, as atividades de responsabilidade social são de suma im-portância na condução de negócios da Vale, que investiu 900 milhões dólares nessa área em 2009. A companhia tem mais de dois milhões de hectares de flo-resta – o equivalente a três bilhões de árvores - sob sua proteção e nos últimos três anos a empresa plantou mais de 26 milhões de árvores.

Descrita pela revista The Economist como “a maior empresa que você nunca ouviu falar”, a Vale começa a emergir do seu quintal brasileiro para causar um im-pacto enorme sobre a diversa gama de indústrias nacionais de mineração do mundo todo. Logo após ter adquirido a Inco, a gigante mineradora de níquel Canadense, por US$ 19 bilhões, a Vale enfrentou controvérsias e greves dos fun-cionários devidos às condições de remu-neração, pensões e repartições entre os executivos brasileiros da empresa e os sindicatos canadenses.

Além disso, há rumores sobre as ten-sões latentes entre os dirigentes es-querdistas do governo brasileiro e de gestão da Vale, cujo foco é a maximiza-ção do valor das ações na Bolsa de Va-lores de Nova Iorque onde a empresa é listada. Lula tem usado tanto a participa-ção do governo brasileiro de 5,6% quanto a mídia brasileira para pressionar a Vale a expandir seu programa de investimento e conseqüente criação de emprego dentro das fronteiras do Brasil. Mas muitas vez-es, priorizar o desenvolvimento nacional corre em direção oposta à agenda inter-nacional da Vale.

A empresa vem negando a especula-ção de que o governo exerce uma grande influência em sua estratégia da empresa- o que faz sentido, já que a detenção do governo de 5,6% está longe de ser su-ficiente para consolidar uma influência significativa sobre a direção do conselho de administração da Vale.

Recentemente a empresa fez vários investimentos de sucesso a nível inter-nacional, como nas reservas de ferro na Guiné-Conakry e na indústria de logística em Moçambique. Apesar dos boatos contrários, o consenso geral é que a transição da Vale como a ‘maior empresa de que ninguém nunca ouviu falar’ ao pináculo das maior e mais diversificadas empresas de mineração do mundo está bem encaminhada e no caminho certo.

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Vale, a Super Mineradora BrasileiraFundada em 1942 pelo Governo Fed-

eral como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Vale - como é conhecida - influ-encia todos os níveis da indústria de min-eração do Brasil. Privatizada em 1997, a Vale é a segunda maior empresa de min-eração do mundo, com um faturamento de 28,5 bilhões de dólares em 2009 e uma equipe permanente de 115.000 fun-cionários. A Vale é uma empresa de min-eração diversificada, com operações que vão desde a extração de níquel no Ca-nadá para o potássio na Argentina, mas a principal fonte de renda da empresa é a exportação de minério de ferro, que rep-resenta 65% de seu faturamento.

A Vale é de longe a maior produtora mundial de ferro, com uma produção de 230 milhões de toneladas métricas por ano. Assim como as operações de BHP Billiton e Rio Tinto em Pilbara, a chave para o sucesso da Vale é sua imensa in-fra-estrutura: a empresa possui mais de 10.000 km de linhas ferroviárias, 216 lo-comotivas, nove portos e uma vasta frota de navios. Quase todos os fornecedores de equipamentos de serviços em opera-ção no Brasil têm a Vale como principal cliente; ela é uma força onipresente em

toda a indústria de mineração do Brasil.A liderança da Vale na produção

brasileira é aliada à inovação tecnológica e ao investimento em práticas e tecnolo-gias sustentáveis . Recentemente a com-panhia lançou o Instituto de Tecnologia da Vale (ITV), e agora está em processo de criação de três centros de investiga-ção internacionais em todo o Brasil, com foco no desenvolvimento de tecnologias novas e inovadoras nas áreas de minera-ção, desenvolvimento da mineração sus-tentável e energias renováveis, que vão equipar tanto a Vale quanto a indústria em geral na superação dos desafios do futuro. O ITV representa a maior parceria de pesquisa público-privada já vistas no Brasil.

“A idéia é que a interação entre a so-ciedade, universidades e entidades do governo irá estimular a produção cientí-fica nacional de alta qualidade, e assim tornar as instituições mais capazes de atrair fundos do governo”, explicou Luiz Mello, diretor do ITV. “Isso vai gerar um ciclo virtuoso que irá beneficiar toda a comunidade.”

Uma inovação recente de interesse particular é o desenvolvimento de bio-

combustível feitos à base de óleo de pal-meira, previsto para transformar toda a frota ferroviária da Vale até 2014.

Coerente para a maior empresa de mineração brasileira, as atividades de responsabilidade social são de suma im-portância na condução de negócios da Vale, que investiu 900 milhões dólares nessa área em 2009. A companhia tem mais de dois milhões de hectares de flo-resta – o equivalente a três bilhões de árvores - sob sua proteção e nos últimos três anos a empresa plantou mais de 26 milhões de árvores.

Descrita pela revista The Economist como “a maior empresa que você nunca ouviu falar”, a Vale começa a emergir do seu quintal brasileiro para causar um im-pacto enorme sobre a diversa gama de indústrias nacionais de mineração do mundo todo. Logo após ter adquirido a Inco, a gigante mineradora de níquel Canadense, por US$ 19 bilhões, a Vale enfrentou controvérsias e greves dos fun-cionários devidos às condições de remu-neração, pensões e repartições entre os executivos brasileiros da empresa e os sindicatos canadenses.

Além disso, há rumores sobre as ten-sões latentes entre os dirigentes es-querdistas do governo brasileiro e de gestão da Vale, cujo foco é a maximiza-ção do valor das ações na Bolsa de Va-lores de Nova Iorque onde a empresa é listada. Lula tem usado tanto a participa-ção do governo brasileiro de 5,6% quanto a mídia brasileira para pressionar a Vale a expandir seu programa de investimento e conseqüente criação de emprego dentro das fronteiras do Brasil. Mas muitas vez-es, priorizar o desenvolvimento nacional corre em direção oposta à agenda inter-nacional da Vale.

A empresa vem negando a especula-ção de que o governo exerce uma grande influência em sua estratégia da empresa- o que faz sentido, já que a detenção do governo de 5,6% está longe de ser su-ficiente para consolidar uma influência significativa sobre a direção do conselho de administração da Vale.

Recentemente a empresa fez vários investimentos de sucesso a nível inter-nacional, como nas reservas de ferro na Guiné-Conakry e na indústria de logística em Moçambique. Apesar dos boatos contrários, o consenso geral é que a transição da Vale como a ‘maior empresa de que ninguém nunca ouviu falar’ ao pináculo das maior e mais diversificadas empresas de mineração do mundo está bem encaminhada e no caminho certo.

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Principais Minerais, Empresas e Projetos O Brasil produz 70 produtos minerais: 21 metais, 45 minerais industriais e quatro combustíveis.

Ferro Apesar da recente turbulência financeira mundial, o mercado de ferro teve um sig-nificativo “boom” nos preços nos últimos anos, tanto que as três mineradoras de ferro mais poderosas do mundo - Vale, Rio Tinto e BHP Billiton – renegociaram os preços de seus contratos em seus mercados principais. Os preços tiveram um aumento de cerca de 100%, passan-do dos US$ 70 para mais de US$ 160 por tonelada métrica seca no mercado atual e as perspectivas de rentabilidade do ferro mudaram significativamente.

O ferro é o mineral de maior valor na indústria de mineração brasileira, rep-resentando 78% das exportações totais de minério; US$ 16,5 bilhões dólares de uma indústria de US $ 22,5 bilhões em 2008. O excesso de confiança sobre a produção e exportação do ferro para a China, esmagadoramente o país de maior demanda do ferro brasileiro, apre-senta um grande risco para a indústria. Uma bolha imobiliária ou uma revaloriza-ção da moeda tem o potencial de reduzir repentinamente a demanda do país pelo ferro brasileiro. Apesar desse risco, os produtores brasileiros de ferro continu-am positivos.

“A economia da mineração brasileira é muito dependente da demanda chine-sa”, confirmou Antonio Rigotto, dire-tor de Operações da Ferrous. “Como o processo de urbanização deles tem sido muito rápido, o consumo interno e a produção industrial de uma vasta série de bens de consumo inevitavelmente vai aumentar a demanda chinesa por aço

– e conseqüentemente pelo minério de ferro. Acredito que os preços do ferro au-mentem pelo menos 20% nos próximos 10 anos, já que a demanda do minério vai superar a sua oferta. Sendo assim, acredito que a demanda chinesa seráum dos principais impulsionadores da eco-nomia mineral brasileira, pelo menos nos próximos cinco anos”, analisou Rigotto. Na medida que a produção chinesa de ferro entra em declínio, as oportunidades para os exportadores brasileiros do mi-nério aumentam a médio prazo.

Com uma soma de 26 bilhões de tone-ladas de minério de ferro registradas, me-didas e indicadas, o Brasil tem a quinta maior reserva do recursos no mundo. O metal também é de uma das mais altas qualidades, a par com o metal encon-trado na região australiana de Pilbara. Hematita, -encontrada no estado do Pará - tem uma grau médio de 60%, enquanto itamirite - encontradas em Minas Gerais- chega a um grado de até 50%. Com uma produção de 380 milhões detonela-das métricas em 2008, o Brasil aparece como o segundo maior produtor mundial de ferro, atrás da China.

A Vale é responsável por 79% da produção do minério de ferro no Brasil, a CSN produz 7%, a MMX 3% e outras empresas como a Ferrous e Samarco somam os outros 10%. Os principais es-tados produtores de ferro do Brasil são Minas Gerais, com 71% da produção, Pará com 26%, e outros como a Bahia completam os 3% restantes.

No que se refere a grandes projetos, o complexo de Carajás, da Vale, no Esta-

do do Pará é a jóia da coroa da indústria brasileira de ferro e o maior complexo de ferro do mundo. Descoberto em 31 de julho de 1967, o complexo de Cara-jás, de quatro minas a céu aberto, foi ativado pela primeira vez em 1985, com produção de um milhão de toneladas métricas de minério de ferro. Hoje, Cara-jás produz 300.000 toneladas métricas de minério de ferro a cada dia, que são transportadas ao longo dos 892 Km da trilha de trêm da Vale até os portos de Itaqui e Ponta da Madeira, para serem exportados para os mercados interna-cionais.

Inaugurado no final de 2007, o Centro de Controle Operacional Carajás fornece controle total sobre as operações no Complexo Mineral de Carajás desde um só local. As áreas de operação de mina, monitoramento remoto (telemetria) de sistemas essenciais do equipamento, a estação de tratamento e instalações de expedição são todas controlados em tempo real através de satélites.

Imagens das operações de mina po-dem ser visualizadas em qualquer es-tágio de produção, por exemplo, com dados disponíveis desde grandes figu-ras numa determinada área operacional para a quantidade de material em um triturador. Com base neste sistema de controle avançado, é possível determinar as melhores rotas a partir do local onde o minério é extraído para o lugar onde a primeira fase do beneficiamento será realizada ou ainda qual a combinação mais eficiente dos equipamentos para potencializar a produtividade em uma determinada operação. O sistema de controle também torna possível a maxi-mização das sinergias entre mina, usina, expedição e operações de manutenção. O Centro de Controle Operacional é um exemplo de investimento contínuo da Vale em tecnologia avançada, num con-tínuo processo de melhorias para atingir a excelência operacional. A nova tec-nologia também permite uma redução no consumo de energia, o que eleva a capacidade de produção e aumentar a competitividade em relação aos merca-dos externos.

Com o recente aumento acentuado no preço do ferro, novos investimen-tos neste sub-sector da indústria min-eral brasileira vão representar US$ 37 bilhões ao longo dos próximos cinco anos. MMX está prestes a investir US$

2,35 bilhões no Sistema Minas-Rio, que deverá produzir 26,5 milhões de tonela-das métricasaté 2011. Rio Tinto investirá US$ 1 bilhão em sua Mina de Corumbá, com previsão de produzir 15 milhões de toneladas métricas por ano até 2014. A Vale tem planos ambiciosos de dobrar a produção do complexo de Carajás e fazer novos investimentos na expansão orgânica da mineração no Quadrilátero de ferro em Minas Gerais. Duas empre-sas relativamente novas no mercado brasileiro de ferro são a Anglo American, que adquiriu a MMX Minas-Rio por US$ 5,5 bilhões em 2008 e a nacional Ferrous Resources, estabelecida em 2007.

A criação da Ferrous Resources é um reflexo do dinamismo atual dentro do setor de mineração de ferro no Brasil. A empresa investiu recentemente US$ 2 bilhões em seu projeto mais importante ,Viga. “A Ferrous adquiriu a mina de Viga, em Congonhas, Minas Gerais, em 2007. A empresa está em processo de construção de um gasoduto para ligar a mina Viga com o litoral do Espírito San-to, onde Ferrous vai construir um porto”, disse Rigotto. “O gasoduto terá 420 km de comprimento, com uma estação de bombeamento - diferente da maioria dos gasodutos no Brasil, que têm duas es-tações de bombeamento. Na primeira fase, a partir de 2013, o gasoduto terá capacidade para transportar 25 milhões de toneladas métricas de ferro por ano, enquanto a segunda fase, a partir de 2017, terá seu potencial expandido para 50 milhões de toneladas métricas por ano. O porto está situado em um buraco submarino, que estará ligado com a cos-ta por uma ponte de 5,5 km e terá pelo menos 21m de profundidade. A Ferrous espera começar a produção da mina em meados de 2013, pretendemos que esta seja a maior usina no Brasil e com maior processamento, maior até mesmo do que as do complexo de mineração de Carajás. A Ferrous tem ainda outros quatro projetos de ativação de minas no estado de Minas Gerais e um na Bahia. Neste projeto a empresa trabalha em parceria com uma variedade de com-panhias locais.

“A capacidade de processamento da Ferrous nos da a oportunidade de operar um négocio na base de ferro de relativa-mente baixo grado” disse Rigotto. “Es-tamos na liderança brasileira no que se trata do desenvolvimento de technolgias de processamento de baixa grado”.

Os planos e ambições da Ferrous são indicadores positivos para potenciais investimentos inerentes nos recursos brasileiros de minério de ferro, vastos e de alta qualidade. A entrada das tradicio-nais mineradoras de ouro internacionais, como a Eldorado Gold, para a produção de ferro demonstra o quanto a recente

subida dos preços galvanizou investi-mentos no sub-setor que lidera a min-eração brasileira. “A Eldorado comprou a mina de Vila Nova, localizada no Es-tado do Amapá, na região amazônica”, disse Lincoln Silva, diretor da Eldorado Gold. “Em maio de 2010, fizemos uma operação de teste e, em junho, o nosso primeiro embarque de minério de ferro. A produção atual é de 45 mil toneladas de produto final por mês, cerca de 500 mil toneladas por ano”, contabilizou.

Manganês Os preços de manganês têm sido bas-tante volúveis nos últimos anos, dado tantas às flutuações de demandas nos principais mercados consumidores, como a India e a China quanto à influên-cia de preço associadas a crise finan-ceira internacional. Preços atingiram seu ponto máximo em 2008 com USD$302 toneladas métricas, mas atualmente es-tão na faixa dos USD$156toneladas mé-tricas.

O Brasil é o segundo maior produtor do minério de manganês do mundo, atrás apenas da África do Sul, produzindo 1,7 milhões de toneladas em 2010. Hoje, o Brasil produz o equivalente a 18% dos 10 milhões de toneladas da produção global de manganês. No Brasil, a reserva de re-

cursos de manganês medida e indicada soma 566 milhões de toneladas, 10% do total mundial,segundo maior produção no mundo e atrás apenas da África do Sul com seus 4 bilhões de toneladas mé-tricas . Os estados brasileiros que con-centram a maior reserva do minério são Minas Gerais, com 87% do total, Mato Grosso, com 6,5%, e Pará, com 4,3%. Em 2010, foram contabilizadas 2,5 milhões de toneladas de manganês, exportados principalmente para China e Índia,

Em termos de produção, a Vale é in-comparável em sua dominância sobre a produção de manganês no Brasil, re-spondendo por cerca de 95% de toda produção. O fato que a produção de manganês representa apenas 2,2% dos negócios da Vale é um indicador do tamanho e da escala da empresa, que concentra a produção de manganês em quatro complexos distribuídos por todo o país: o de Minas Gerais produz cerca de 200 mil toneladas métricas por ano, além dos complexos da Bahia, Corumbá e Mina do Azul.

A outra empresa importante na produção de manganês é a Mineração Buritirama. “A Mineração Buritirama SA foi instalada em 1982 com a finalidade de minerar e comercializar as significati-vas reservas de manganês da mina local-izada na Serra de Buritirama, município

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A Mina Esperânça é um exemplo do compromisso que a Ferrous tem com à recuperação ambiental de seus ativos minerais. (Fotografia cortesia da Ferrous)

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Principais Minerais, Empresas e Projetos O Brasil produz 70 produtos minerais: 21 metais, 45 minerais industriais e quatro combustíveis.

Ferro Apesar da recente turbulência financeira mundial, o mercado de ferro teve um sig-nificativo “boom” nos preços nos últimos anos, tanto que as três mineradoras de ferro mais poderosas do mundo - Vale, Rio Tinto e BHP Billiton – renegociaram os preços de seus contratos em seus mercados principais. Os preços tiveram um aumento de cerca de 100%, passan-do dos US$ 70 para mais de US$ 160 por tonelada métrica seca no mercado atual e as perspectivas de rentabilidade do ferro mudaram significativamente.

O ferro é o mineral de maior valor na indústria de mineração brasileira, rep-resentando 78% das exportações totais de minério; US$ 16,5 bilhões dólares de uma indústria de US $ 22,5 bilhões em 2008. O excesso de confiança sobre a produção e exportação do ferro para a China, esmagadoramente o país de maior demanda do ferro brasileiro, apre-senta um grande risco para a indústria. Uma bolha imobiliária ou uma revaloriza-ção da moeda tem o potencial de reduzir repentinamente a demanda do país pelo ferro brasileiro. Apesar desse risco, os produtores brasileiros de ferro continu-am positivos.

“A economia da mineração brasileira é muito dependente da demanda chine-sa”, confirmou Antonio Rigotto, dire-tor de Operações da Ferrous. “Como o processo de urbanização deles tem sido muito rápido, o consumo interno e a produção industrial de uma vasta série de bens de consumo inevitavelmente vai aumentar a demanda chinesa por aço

– e conseqüentemente pelo minério de ferro. Acredito que os preços do ferro au-mentem pelo menos 20% nos próximos 10 anos, já que a demanda do minério vai superar a sua oferta. Sendo assim, acredito que a demanda chinesa seráum dos principais impulsionadores da eco-nomia mineral brasileira, pelo menos nos próximos cinco anos”, analisou Rigotto. Na medida que a produção chinesa de ferro entra em declínio, as oportunidades para os exportadores brasileiros do mi-nério aumentam a médio prazo.

Com uma soma de 26 bilhões de tone-ladas de minério de ferro registradas, me-didas e indicadas, o Brasil tem a quinta maior reserva do recursos no mundo. O metal também é de uma das mais altas qualidades, a par com o metal encon-trado na região australiana de Pilbara. Hematita, -encontrada no estado do Pará - tem uma grau médio de 60%, enquanto itamirite - encontradas em Minas Gerais- chega a um grado de até 50%. Com uma produção de 380 milhões detonela-das métricas em 2008, o Brasil aparece como o segundo maior produtor mundial de ferro, atrás da China.

A Vale é responsável por 79% da produção do minério de ferro no Brasil, a CSN produz 7%, a MMX 3% e outras empresas como a Ferrous e Samarco somam os outros 10%. Os principais es-tados produtores de ferro do Brasil são Minas Gerais, com 71% da produção, Pará com 26%, e outros como a Bahia completam os 3% restantes.

No que se refere a grandes projetos, o complexo de Carajás, da Vale, no Esta-

do do Pará é a jóia da coroa da indústria brasileira de ferro e o maior complexo de ferro do mundo. Descoberto em 31 de julho de 1967, o complexo de Cara-jás, de quatro minas a céu aberto, foi ativado pela primeira vez em 1985, com produção de um milhão de toneladas métricas de minério de ferro. Hoje, Cara-jás produz 300.000 toneladas métricas de minério de ferro a cada dia, que são transportadas ao longo dos 892 Km da trilha de trêm da Vale até os portos de Itaqui e Ponta da Madeira, para serem exportados para os mercados interna-cionais.

Inaugurado no final de 2007, o Centro de Controle Operacional Carajás fornece controle total sobre as operações no Complexo Mineral de Carajás desde um só local. As áreas de operação de mina, monitoramento remoto (telemetria) de sistemas essenciais do equipamento, a estação de tratamento e instalações de expedição são todas controlados em tempo real através de satélites.

Imagens das operações de mina po-dem ser visualizadas em qualquer es-tágio de produção, por exemplo, com dados disponíveis desde grandes figu-ras numa determinada área operacional para a quantidade de material em um triturador. Com base neste sistema de controle avançado, é possível determinar as melhores rotas a partir do local onde o minério é extraído para o lugar onde a primeira fase do beneficiamento será realizada ou ainda qual a combinação mais eficiente dos equipamentos para potencializar a produtividade em uma determinada operação. O sistema de controle também torna possível a maxi-mização das sinergias entre mina, usina, expedição e operações de manutenção. O Centro de Controle Operacional é um exemplo de investimento contínuo da Vale em tecnologia avançada, num con-tínuo processo de melhorias para atingir a excelência operacional. A nova tec-nologia também permite uma redução no consumo de energia, o que eleva a capacidade de produção e aumentar a competitividade em relação aos merca-dos externos.

Com o recente aumento acentuado no preço do ferro, novos investimen-tos neste sub-sector da indústria min-eral brasileira vão representar US$ 37 bilhões ao longo dos próximos cinco anos. MMX está prestes a investir US$

2,35 bilhões no Sistema Minas-Rio, que deverá produzir 26,5 milhões de tonela-das métricasaté 2011. Rio Tinto investirá US$ 1 bilhão em sua Mina de Corumbá, com previsão de produzir 15 milhões de toneladas métricas por ano até 2014. A Vale tem planos ambiciosos de dobrar a produção do complexo de Carajás e fazer novos investimentos na expansão orgânica da mineração no Quadrilátero de ferro em Minas Gerais. Duas empre-sas relativamente novas no mercado brasileiro de ferro são a Anglo American, que adquiriu a MMX Minas-Rio por US$ 5,5 bilhões em 2008 e a nacional Ferrous Resources, estabelecida em 2007.

A criação da Ferrous Resources é um reflexo do dinamismo atual dentro do setor de mineração de ferro no Brasil. A empresa investiu recentemente US$ 2 bilhões em seu projeto mais importante ,Viga. “A Ferrous adquiriu a mina de Viga, em Congonhas, Minas Gerais, em 2007. A empresa está em processo de construção de um gasoduto para ligar a mina Viga com o litoral do Espírito San-to, onde Ferrous vai construir um porto”, disse Rigotto. “O gasoduto terá 420 km de comprimento, com uma estação de bombeamento - diferente da maioria dos gasodutos no Brasil, que têm duas es-tações de bombeamento. Na primeira fase, a partir de 2013, o gasoduto terá capacidade para transportar 25 milhões de toneladas métricas de ferro por ano, enquanto a segunda fase, a partir de 2017, terá seu potencial expandido para 50 milhões de toneladas métricas por ano. O porto está situado em um buraco submarino, que estará ligado com a cos-ta por uma ponte de 5,5 km e terá pelo menos 21m de profundidade. A Ferrous espera começar a produção da mina em meados de 2013, pretendemos que esta seja a maior usina no Brasil e com maior processamento, maior até mesmo do que as do complexo de mineração de Carajás. A Ferrous tem ainda outros quatro projetos de ativação de minas no estado de Minas Gerais e um na Bahia. Neste projeto a empresa trabalha em parceria com uma variedade de com-panhias locais.

“A capacidade de processamento da Ferrous nos da a oportunidade de operar um négocio na base de ferro de relativa-mente baixo grado” disse Rigotto. “Es-tamos na liderança brasileira no que se trata do desenvolvimento de technolgias de processamento de baixa grado”.

Os planos e ambições da Ferrous são indicadores positivos para potenciais investimentos inerentes nos recursos brasileiros de minério de ferro, vastos e de alta qualidade. A entrada das tradicio-nais mineradoras de ouro internacionais, como a Eldorado Gold, para a produção de ferro demonstra o quanto a recente

subida dos preços galvanizou investi-mentos no sub-setor que lidera a min-eração brasileira. “A Eldorado comprou a mina de Vila Nova, localizada no Es-tado do Amapá, na região amazônica”, disse Lincoln Silva, diretor da Eldorado Gold. “Em maio de 2010, fizemos uma operação de teste e, em junho, o nosso primeiro embarque de minério de ferro. A produção atual é de 45 mil toneladas de produto final por mês, cerca de 500 mil toneladas por ano”, contabilizou.

Manganês Os preços de manganês têm sido bas-tante volúveis nos últimos anos, dado tantas às flutuações de demandas nos principais mercados consumidores, como a India e a China quanto à influên-cia de preço associadas a crise finan-ceira internacional. Preços atingiram seu ponto máximo em 2008 com USD$302 toneladas métricas, mas atualmente es-tão na faixa dos USD$156toneladas mé-tricas.

O Brasil é o segundo maior produtor do minério de manganês do mundo, atrás apenas da África do Sul, produzindo 1,7 milhões de toneladas em 2010. Hoje, o Brasil produz o equivalente a 18% dos 10 milhões de toneladas da produção global de manganês. No Brasil, a reserva de re-

cursos de manganês medida e indicada soma 566 milhões de toneladas, 10% do total mundial,segundo maior produção no mundo e atrás apenas da África do Sul com seus 4 bilhões de toneladas mé-tricas . Os estados brasileiros que con-centram a maior reserva do minério são Minas Gerais, com 87% do total, Mato Grosso, com 6,5%, e Pará, com 4,3%. Em 2010, foram contabilizadas 2,5 milhões de toneladas de manganês, exportados principalmente para China e Índia,

Em termos de produção, a Vale é in-comparável em sua dominância sobre a produção de manganês no Brasil, re-spondendo por cerca de 95% de toda produção. O fato que a produção de manganês representa apenas 2,2% dos negócios da Vale é um indicador do tamanho e da escala da empresa, que concentra a produção de manganês em quatro complexos distribuídos por todo o país: o de Minas Gerais produz cerca de 200 mil toneladas métricas por ano, além dos complexos da Bahia, Corumbá e Mina do Azul.

A outra empresa importante na produção de manganês é a Mineração Buritirama. “A Mineração Buritirama SA foi instalada em 1982 com a finalidade de minerar e comercializar as significati-vas reservas de manganês da mina local-izada na Serra de Buritirama, município

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A Mina Esperânça é um exemplo do compromisso que a Ferrous tem com à recuperação ambiental de seus ativos minerais. (Fotografia cortesia da Ferrous)

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de Marabá, no Estado do Pará”, contou o diretor Ricardo Dequech. “O minério de Buritirama foi descoberto em 1966, mas a execução do projeto começou em 1992 e terminou em janeiro de 1994. As reservas totais estão estimadas em 18,4 milhões de toneladas métricas de man-ganês de altogrado, temos uma capa-cidade produtiva de um milhão de tone-ladas do minério de primeira classe por ano. O manganês de Buritirama pode ser classificado como metalúrgico, com 45% de Mn, baixo grau de fósforo e alta pro-porção Mn / Fe. A maioria do produto é exportado principalmente para a China, mas também para a Europa e América Latina, e cerca de 20% da produção é di-recionada ao mercado interno brasileiro. Hoje temos uma posição sólida no mer-cado de manganês, fornecendo cinco produtos diferentes”, disse.

Como a produção de aço na Europa caiu, os produtores de manganês do Brasil voltaram suas atenções para os países emergentes da Ásia. Os vastos recursos brasileiros de manganês e seu status ja estabelecido como um im-portante fornecedor global resulta em muitas oportunidades para a entrada

de novos operadores no mercado. Os principais desafios para os potenciais investidores são a superação dos tradi-cionais desafios brasileiros em relação à logística e infra-estrutura energética. A grande rede de logística da Vale é um mecanismo de apoio fundamental para o domínio da empresa sobre a produção de manganês do Brasil.

OuroComo a incerteza na economia global persiste e os preços do ouro continuam a subir mais alem de ré cordes estabeli-cidos apenas meses ou semanas antes, as regiões do mundo relativamente inex-ploradas de mineração de ouro, como o Brasil, tornaram-se de grande interesse nacional e internacional. Os preços do ouro NYMEX aumentaram quase 500% desde 2000, de US$ 250/oz para mais de US$ 1.400/oz. As exportações de ouro no Brasil têm crescido juntamente com os preços, alcançando US$ 2 bil-hões em 2010, e ouro é agora o segundo minério de exportação mais importante, depois do ferro. “Quando se analisa a atual situação mundial, o cenário atual esta positivo para os produtores de ouro.

Existe bastante instabilidade da moeda, particularmente do dólar dos EUA e dos mercados emergentes que exerce um impacto crescente sobre o mercado global. Estas tendências influenciam a a comunidade global de investimentos a encarar o o ouro como um ativo mais seguro”, explicou Hélcio Guerra, vice-presidente da AngloGold Ashanti.

Com uma reserva de ouro de dois mil toneladas métricas, 4,5% das reservas mundiais do minério, o Brasil ocupa a sexta posição mundial em termos de reservas. Mesmo assim, é o 13o na lista de maior produtor, com 61 milhões de toneladas métricas de produção de ouro, responsável por apenas 2,5% da produção global. Esta lacuna representa uma significativa oportunidade para in-vestimento em novos operadores, que poderiam ajudar a alavancar a produção numa proporção condizente às reservas brasileiras.

Os principais estados produtores de ouro no Brasil são Minas Gerais, Goiás, Bahia e Pará com, respectivamente 64%, 11%, 11% e 3% da produção to-tal. AngloGold Ashanti, Yamana Gold e Kinross são as principais companhias produtoras de ouro, que detém aproxi-madamente 25% da produção cada, e empresas menores como Jaguar Mining e Eldorado compõem a parcela restante da produção. Como dito anteriormente, os garimpeiros brasileiros têm participa-ção significativa na produção nacional de ouro, com 9% da produção total.

A AngloGold Ashanti é a produ-tora líder de ouro no Brasil, com uma produção em 2010 de 500 mil onças entre as operações das empresas Serra Grande e Brasil Mineração. “O Brasil tem uma importância significativa para as operações internacionais da Anglo-Gold Ashanti. O potencial geológico é enorme e o ambiente de negócios para os mineiros é muito favorável, sobre-tudo em Minas Gerais”, afirmou Guerra. “O Brasil tem uma cultura de excelência para a mineração e o entendimento da indústria mineira é muito forte. Atual-mente, um dos principais desafios é a

força do Real, o que torna as condições de mercado para nós exportarmos uma mercadoria em Dólar bastante difícil em termos de rentabilidade operacional”.

Devido ao foco crescente da companhia no Brasil, a AngloGold Ashanti impos um plano de expansão e prevê um aumento de produção para 700 mil onças por ano e um programa de desenvolvimento de minas de US$ 350 milhões apenas em Minas Gerais. Segundo Guerra, práti-cas sustentáveis são fundamentais para a abordagem estratégica da AngloGold. “Temos um departamento específico de sustentabilidade ambiental e também nos empenhamos com força na educação em termos de desenvolvimento econômico e da manutenção das culturas locais, nas comunidades nas quais operamos. A Ang-lo Gold Ashanti emprega uma abordagem participativa em que os nossos acionistas locais decidem quais os projetos espe-cíficos de interesse em que devemos in-vesti. O envolvimento a esses níveis com as comunidades constrói nossa reputação no Brasil, que funciona a longo prazo em termos de nos dar aprovações eficientes e relações de qualidade com os órgãos reguladores do país”.

Focada na produção da América Latina, a produção Yamana Gold está cada vez mais baseada nas operações da empresa brasileira, como destacou o Presidente Ludovico Costa. “Atualmente a Yamana Gold tem seis locais de exploração, sendo três no Brasil, duas no Chile e uma na Ar-gentina. O Brasil responde por cerca de 30% a 35% da produção da empresa e pretendemos adicionar nos próximos anos mais três novas operações no Brasil (em Mato Groso, em Goiás e na Bahia) e uma no México, aumentando a participação do Brasil para mais de 40% do total.

Ainda por cima, o departamento de ex-ploração de Yamana esta sediada no Bra-sil, aonde realiza uma extensa atividade. Ativa no país desde 2003, a empresa con-struiu uma equipe de construção e opera-ção de primeira classe . Nossa experiência nos deu um conhecimento significativo so-bre as oportunidades potenciais de min-eração no Brasil,a partir das quais con-struímos uma capacidade de exploração significativa em quatro cinturões no Brasil. Ainda por cima, usamos o conhecimento adquirido no Brasil para a expansão em outras partes da América Latina. Fizemos decisões importantes na construção de C1 Santa Luz, Ernesto / Pau-a-pique e Pilar., que vão gerar um crescimento sig-nificativo da produção orgânica após dois anos em construção. Fizemos uma nova descoberta de exploração em Suruca, que irá adicionar apenas a produção de ouro à nossa mina de Chapada já existente. De acordo com o IBRAM (Instituto de Minera-ção do Brasil), a produção brasileira de ouro irá aumentar 50% até 2014”.

As Operações mineiras têm uma capacidade clara de mitigar o desmatamento.(Fotografia cortesia da Mineração Buritirama)

Roger Agnelli,Diretor Executivo da Vale

Helcio Guerra, Vice-Presidente de AngloGold Ashanti

Ludovico Costa, Presidente e Diretor de Operações da Yamana Gold

Jones Belther, Diretor de Exploração Mineral da Votorantim

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de Marabá, no Estado do Pará”, contou o diretor Ricardo Dequech. “O minério de Buritirama foi descoberto em 1966, mas a execução do projeto começou em 1992 e terminou em janeiro de 1994. As reservas totais estão estimadas em 18,4 milhões de toneladas métricas de man-ganês de altogrado, temos uma capa-cidade produtiva de um milhão de tone-ladas do minério de primeira classe por ano. O manganês de Buritirama pode ser classificado como metalúrgico, com 45% de Mn, baixo grau de fósforo e alta pro-porção Mn / Fe. A maioria do produto é exportado principalmente para a China, mas também para a Europa e América Latina, e cerca de 20% da produção é di-recionada ao mercado interno brasileiro. Hoje temos uma posição sólida no mer-cado de manganês, fornecendo cinco produtos diferentes”, disse.

Como a produção de aço na Europa caiu, os produtores de manganês do Brasil voltaram suas atenções para os países emergentes da Ásia. Os vastos recursos brasileiros de manganês e seu status ja estabelecido como um im-portante fornecedor global resulta em muitas oportunidades para a entrada

de novos operadores no mercado. Os principais desafios para os potenciais investidores são a superação dos tradi-cionais desafios brasileiros em relação à logística e infra-estrutura energética. A grande rede de logística da Vale é um mecanismo de apoio fundamental para o domínio da empresa sobre a produção de manganês do Brasil.

OuroComo a incerteza na economia global persiste e os preços do ouro continuam a subir mais alem de ré cordes estabeli-cidos apenas meses ou semanas antes, as regiões do mundo relativamente inex-ploradas de mineração de ouro, como o Brasil, tornaram-se de grande interesse nacional e internacional. Os preços do ouro NYMEX aumentaram quase 500% desde 2000, de US$ 250/oz para mais de US$ 1.400/oz. As exportações de ouro no Brasil têm crescido juntamente com os preços, alcançando US$ 2 bil-hões em 2010, e ouro é agora o segundo minério de exportação mais importante, depois do ferro. “Quando se analisa a atual situação mundial, o cenário atual esta positivo para os produtores de ouro.

Existe bastante instabilidade da moeda, particularmente do dólar dos EUA e dos mercados emergentes que exerce um impacto crescente sobre o mercado global. Estas tendências influenciam a a comunidade global de investimentos a encarar o o ouro como um ativo mais seguro”, explicou Hélcio Guerra, vice-presidente da AngloGold Ashanti.

Com uma reserva de ouro de dois mil toneladas métricas, 4,5% das reservas mundiais do minério, o Brasil ocupa a sexta posição mundial em termos de reservas. Mesmo assim, é o 13o na lista de maior produtor, com 61 milhões de toneladas métricas de produção de ouro, responsável por apenas 2,5% da produção global. Esta lacuna representa uma significativa oportunidade para in-vestimento em novos operadores, que poderiam ajudar a alavancar a produção numa proporção condizente às reservas brasileiras.

Os principais estados produtores de ouro no Brasil são Minas Gerais, Goiás, Bahia e Pará com, respectivamente 64%, 11%, 11% e 3% da produção to-tal. AngloGold Ashanti, Yamana Gold e Kinross são as principais companhias produtoras de ouro, que detém aproxi-madamente 25% da produção cada, e empresas menores como Jaguar Mining e Eldorado compõem a parcela restante da produção. Como dito anteriormente, os garimpeiros brasileiros têm participa-ção significativa na produção nacional de ouro, com 9% da produção total.

A AngloGold Ashanti é a produ-tora líder de ouro no Brasil, com uma produção em 2010 de 500 mil onças entre as operações das empresas Serra Grande e Brasil Mineração. “O Brasil tem uma importância significativa para as operações internacionais da Anglo-Gold Ashanti. O potencial geológico é enorme e o ambiente de negócios para os mineiros é muito favorável, sobre-tudo em Minas Gerais”, afirmou Guerra. “O Brasil tem uma cultura de excelência para a mineração e o entendimento da indústria mineira é muito forte. Atual-mente, um dos principais desafios é a

força do Real, o que torna as condições de mercado para nós exportarmos uma mercadoria em Dólar bastante difícil em termos de rentabilidade operacional”.

Devido ao foco crescente da companhia no Brasil, a AngloGold Ashanti impos um plano de expansão e prevê um aumento de produção para 700 mil onças por ano e um programa de desenvolvimento de minas de US$ 350 milhões apenas em Minas Gerais. Segundo Guerra, práti-cas sustentáveis são fundamentais para a abordagem estratégica da AngloGold. “Temos um departamento específico de sustentabilidade ambiental e também nos empenhamos com força na educação em termos de desenvolvimento econômico e da manutenção das culturas locais, nas comunidades nas quais operamos. A Ang-lo Gold Ashanti emprega uma abordagem participativa em que os nossos acionistas locais decidem quais os projetos espe-cíficos de interesse em que devemos in-vesti. O envolvimento a esses níveis com as comunidades constrói nossa reputação no Brasil, que funciona a longo prazo em termos de nos dar aprovações eficientes e relações de qualidade com os órgãos reguladores do país”.

Focada na produção da América Latina, a produção Yamana Gold está cada vez mais baseada nas operações da empresa brasileira, como destacou o Presidente Ludovico Costa. “Atualmente a Yamana Gold tem seis locais de exploração, sendo três no Brasil, duas no Chile e uma na Ar-gentina. O Brasil responde por cerca de 30% a 35% da produção da empresa e pretendemos adicionar nos próximos anos mais três novas operações no Brasil (em Mato Groso, em Goiás e na Bahia) e uma no México, aumentando a participação do Brasil para mais de 40% do total.

Ainda por cima, o departamento de ex-ploração de Yamana esta sediada no Bra-sil, aonde realiza uma extensa atividade. Ativa no país desde 2003, a empresa con-struiu uma equipe de construção e opera-ção de primeira classe . Nossa experiência nos deu um conhecimento significativo so-bre as oportunidades potenciais de min-eração no Brasil,a partir das quais con-struímos uma capacidade de exploração significativa em quatro cinturões no Brasil. Ainda por cima, usamos o conhecimento adquirido no Brasil para a expansão em outras partes da América Latina. Fizemos decisões importantes na construção de C1 Santa Luz, Ernesto / Pau-a-pique e Pilar., que vão gerar um crescimento sig-nificativo da produção orgânica após dois anos em construção. Fizemos uma nova descoberta de exploração em Suruca, que irá adicionar apenas a produção de ouro à nossa mina de Chapada já existente. De acordo com o IBRAM (Instituto de Minera-ção do Brasil), a produção brasileira de ouro irá aumentar 50% até 2014”.

As Operações mineiras têm uma capacidade clara de mitigar o desmatamento.(Fotografia cortesia da Mineração Buritirama)

Roger Agnelli,Diretor Executivo da Vale

Helcio Guerra, Vice-Presidente de AngloGold Ashanti

Ludovico Costa, Presidente e Diretor de Operações da Yamana Gold

Jones Belther, Diretor de Exploração Mineral da Votorantim

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A Kinross, empresa com base no Ca-nadá, é o terceiro elemento da tripartite de produtores líderes de ouro no Brasil. A principal mina da companhia, Para-catu, é de interesse particular por ser a mina com ouro de menor grau do mundo com apenas 0,4 gramas por tonelada métricado minério. “Desde o início nós pensamos que o potencial da mina de Paracatu era muito alto, e depois da real-ização de uma campanha de perfuração e exploração e uma re-avaliação do po-tencial da operação, percebemos que o potencial era três ou quatro vezes maior do que anteriormente previsto”, contou José Freire, vice-presidente regional. “A Kinross investiu US$ 500 milhões em 2006 e expandiu a produção de Paracatu em três vezes, de 18 para 61 milhões de toneladas métricas do minério. A opera-ção de Paracatu é relativamente barata, porque a quantidade de rocha dura em relação à quantidade de minério é baixa. Porém quanto mais profundo for-mos, mais aumentam os custos, ja que a nossa eficiência diminui. O objetivo da Kinross é continuar se esforçando para encontrar os melhores métodos de ex-tração, para maximizar a lucratividade. Nossa recuperação total é determinada por uma combinação de nossas tecno-logias de recuperação e flutuação mag-nética. A flotação é atualmente de cerca de 82% e a recuperação de metais de ferro esta cerca de 96%. A recuperação total chega a cerca de 79%. Este ano, a produção atual da Kinross de ouro de Paracatu será de cerca de 490.000 on-ças. As operações brasileiras da Kinross representam cerca de 22% da produção internacional de Kinross . Neste momen-to, o custo atual de produção é de cerca de US$ 500/ onça, o que é competitivo, mesmo com os teores de ferro estando baixos como estão. Tendo alcancado a capacidade total, Paracatu será a maior

mina produtora de ouro no Brasil. Atual-mente, a Kinross está construindo uma nova fábrica de processamento e acabou de aprovar a construção de uma quarta usina. No próximo ano vamos terminar a construção de uma nova barragem de rejeitos, que é um enorme investimento, mas que será suficiente para toda a dura-ção da vida útil da mina. Como meta para o próximo ano, também vamos aumentar a produção para entre 492.000 a 550.000 onças; e em 2012 a produção atingirá cerca de 575 mil onças. A Kinross espera que a mina de Paracatu dure cerca de 30 anos”.

Três empresas mineradoras de ouro emergentes de especial interesse no Bra-sil são a Jaguar, aColossus e Eldorado Gold, cujas entradas relativamente recen-tes no Brasil destacam o imenso poten-cial do país para a produção de ouro. “A Jaguar Mining iniciou suas operações no Brasil em 2006 e atualmente está produz-indo ouro em Turmalina, Paciência e Cae-té, que juntos produzem cerca de 220.000 onças de ouro”, contabilizou o Diretor de Operações Lúcio Cardoso. “As opera-ções de ouro da Jaguar estão localizadas na região do Quadrilátero do Minério de

Ferro, perto da cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, Brasil. Belo Horizonte serve como centro comercial para a indústria de mineração brasileira e tem uma excelente infra-estrutura para apoiar as operações de mineração de classe mundial. O Quadrilátero Ferrífero, onde a Jaguar controla 93.000 hectares, é um cinturão verde prolífico que tem pro-duzido quantidades significativas de ouro a custos competitivos por onça, em ope-rações a céu aberto e em larga escala de mineração subterrânea por mais de 300 anos. No entanto, ainda é relativamente pouco explorado em comparação aos outros grandes cinturões do mundo, com uma relativa ausência de mineradoras e exploradoras júniors ativas na região. Um fato encorajante sobre o Quadrilátero Fer-rífero é a existência de vários exemplos de recursos de ouro a profundidades su-periores a 2.000 m, com larguras e graus semelhantes aos observados em profun-didades menores. Isso é importante para a Jaguar porque a profundidade média dos seus recursos é inferior a 400 m da superfície. A maior parte desses recursos estão abertas a profundidade e lateral-mente, abrindo a possibilidade de impor-tantes descobertas.

“Além de suas atividades no Quadri-látero Ferrífero, a Jaguar também tem planos para desenvolver o Projeto de Gurupi no estado do Maranhão, onde controla 293 mil hectares desde que a Jaguar Mining adquiriu o terreno em 2009, da Kinross. Dentro de uma parceria com a Xstrata, a Jaguar também está en-volvida na exploração de ouro no estado do Ceará, abrangendo 182.000 hectares, no Projeto Pedra Branca. No ano pas-sado obtivemos um custo médio de US$ 468/oz, enquanto que este ano temos um custo estimado de produção de US$ 750/oz. Ao longo dos próximos anos, espera-mos que a produção atinga 220.000 oz por ano. Pretendemos consolidar nossas operações em Minas Gerais e iniciar a execução do projeto Gurupi. Em maio de 2010, a Jaguar apresentou um relatório de pré-viabilidade técnica compatível no projeto Gurupi, o (NI) 43-101, que foi pre-

parado pela AMEC. O documento assume um preço médio do ouro de US$ 950/oz e um teor mínimo de 0,3 g / toneladas de ouro e registra uma estimativa de 65,4 mil-hões de toneladas de recursos minerais numa média de 1,14 g / toneladas totalizan-do 2,4 milhões de onças. Esperamos iniciar a produção em Gurupi entre 2013 e 2014”, disse Cardoso.

A empresa de exploração especialista Colossus Minerals é única no Brasil em ten-do negociado uma cooperativa de trabalho com a COOMIGASP, o sindicato dos garim-peiros, a fim de completar a exploração subterrânea da área da mina Serra Nova Pelada. “A Nova Serra Pelada se localiza em 100 hectaresmuito próximos ao local onde há a maior operação de garimpo do mundo”, disse Luis Celaro, diretor da Colos-sus. “Durante a década de 1990, o governo brasileiro decidiu fechar os garimpeiros, devido a preocupações de segurança. Des-de então, os garimpeiros estão organiza-dos em uma cooperativa conhecida como a Coomigasp, que desenvolveu o sonho de realizar novamente a mineração na região. Com o apoio do governo brasileiro, a Coomigasp realizou um processo para selecionar uma empresa de mineração que iria realizar a exploração subterrânea, a fim de confirmar a existência de um depósito comercialmente explorável. A cooperativa possui os direitos de mineração no local, de acordo com um documento emitido pelo governo federal. Por sua vez, a Colossus e sua equipe técnica brasileira estudou a situ-ação e recomendou à gestão da empresa no Canadá, que estudasse a possibilidade de uma parceria comercial com a Coomi-gasp, o que aconteceu em 2007.

“Tendo sido a única empresa que apre-sentou uma proposta formal, a Colossus foi selecionada pela Coomigasp para a parce-ria. Já naquela época, a Colossus realizou uma série de estudos geológicos na área de 100 hectares e concluiu que o depósito poderia render uma quantidade economi-camente viável de metais preciosos, in-cluindo ouro, platina e paládio. Tendo em conta estes resultados, ambos formaram uma parceria no empreendimento chama-do Serra Pelada Companhia de Desenvolvi-mento Mineral (SPCDM), que se tornou o titular dos direitos de mineração e que é responsável pela administração do projeto Nova Serra Pelada”, contou Celaro.

“Este foi um passo importante na história da Colossus, que até este momento só tinha se dedicado à fase de exploração mineral. A implementação de um projeto de mineração é um desafio muito promissor. A pesquisa geológica indica um corpo de mi-nério na área de 100 hectares que poderiam produzir 3,5 milhões de toneladas métricas de metais preciosos por ano. A primeira ex-tração de minérios foi prevista para meados de 2010. No momento, a SPCDM está avan-çando a escavação do declínio e da implan-

O projeto da Colossus Minerals é o primeiro de muitos planejados no Brasil, e de uma qualidade sem igual no país. A companhia negociou um funcionamento cooperativo ao lado da união de garimperos COOMIGASP para completar a exploração subterrânea da New Serra Pelada mine. (Fotografia cortesia da Colossus Minerals)

Walter de Simoni, Diretor Executivo do Negocio de Niquel da Anglo American Brasil

Stephan Weber, Diretor Executivo do Negocio de Ferro da Anglo American Brasil

Alfredo Tranjan Filho,Presidente da INB, Indústrias Nucleares do Brasil

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A Kinross, empresa com base no Ca-nadá, é o terceiro elemento da tripartite de produtores líderes de ouro no Brasil. A principal mina da companhia, Para-catu, é de interesse particular por ser a mina com ouro de menor grau do mundo com apenas 0,4 gramas por tonelada métricado minério. “Desde o início nós pensamos que o potencial da mina de Paracatu era muito alto, e depois da real-ização de uma campanha de perfuração e exploração e uma re-avaliação do po-tencial da operação, percebemos que o potencial era três ou quatro vezes maior do que anteriormente previsto”, contou José Freire, vice-presidente regional. “A Kinross investiu US$ 500 milhões em 2006 e expandiu a produção de Paracatu em três vezes, de 18 para 61 milhões de toneladas métricas do minério. A opera-ção de Paracatu é relativamente barata, porque a quantidade de rocha dura em relação à quantidade de minério é baixa. Porém quanto mais profundo for-mos, mais aumentam os custos, ja que a nossa eficiência diminui. O objetivo da Kinross é continuar se esforçando para encontrar os melhores métodos de ex-tração, para maximizar a lucratividade. Nossa recuperação total é determinada por uma combinação de nossas tecno-logias de recuperação e flutuação mag-nética. A flotação é atualmente de cerca de 82% e a recuperação de metais de ferro esta cerca de 96%. A recuperação total chega a cerca de 79%. Este ano, a produção atual da Kinross de ouro de Paracatu será de cerca de 490.000 on-ças. As operações brasileiras da Kinross representam cerca de 22% da produção internacional de Kinross . Neste momen-to, o custo atual de produção é de cerca de US$ 500/ onça, o que é competitivo, mesmo com os teores de ferro estando baixos como estão. Tendo alcancado a capacidade total, Paracatu será a maior

mina produtora de ouro no Brasil. Atual-mente, a Kinross está construindo uma nova fábrica de processamento e acabou de aprovar a construção de uma quarta usina. No próximo ano vamos terminar a construção de uma nova barragem de rejeitos, que é um enorme investimento, mas que será suficiente para toda a dura-ção da vida útil da mina. Como meta para o próximo ano, também vamos aumentar a produção para entre 492.000 a 550.000 onças; e em 2012 a produção atingirá cerca de 575 mil onças. A Kinross espera que a mina de Paracatu dure cerca de 30 anos”.

Três empresas mineradoras de ouro emergentes de especial interesse no Bra-sil são a Jaguar, aColossus e Eldorado Gold, cujas entradas relativamente recen-tes no Brasil destacam o imenso poten-cial do país para a produção de ouro. “A Jaguar Mining iniciou suas operações no Brasil em 2006 e atualmente está produz-indo ouro em Turmalina, Paciência e Cae-té, que juntos produzem cerca de 220.000 onças de ouro”, contabilizou o Diretor de Operações Lúcio Cardoso. “As opera-ções de ouro da Jaguar estão localizadas na região do Quadrilátero do Minério de

Ferro, perto da cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, Brasil. Belo Horizonte serve como centro comercial para a indústria de mineração brasileira e tem uma excelente infra-estrutura para apoiar as operações de mineração de classe mundial. O Quadrilátero Ferrífero, onde a Jaguar controla 93.000 hectares, é um cinturão verde prolífico que tem pro-duzido quantidades significativas de ouro a custos competitivos por onça, em ope-rações a céu aberto e em larga escala de mineração subterrânea por mais de 300 anos. No entanto, ainda é relativamente pouco explorado em comparação aos outros grandes cinturões do mundo, com uma relativa ausência de mineradoras e exploradoras júniors ativas na região. Um fato encorajante sobre o Quadrilátero Fer-rífero é a existência de vários exemplos de recursos de ouro a profundidades su-periores a 2.000 m, com larguras e graus semelhantes aos observados em profun-didades menores. Isso é importante para a Jaguar porque a profundidade média dos seus recursos é inferior a 400 m da superfície. A maior parte desses recursos estão abertas a profundidade e lateral-mente, abrindo a possibilidade de impor-tantes descobertas.

“Além de suas atividades no Quadri-látero Ferrífero, a Jaguar também tem planos para desenvolver o Projeto de Gurupi no estado do Maranhão, onde controla 293 mil hectares desde que a Jaguar Mining adquiriu o terreno em 2009, da Kinross. Dentro de uma parceria com a Xstrata, a Jaguar também está en-volvida na exploração de ouro no estado do Ceará, abrangendo 182.000 hectares, no Projeto Pedra Branca. No ano pas-sado obtivemos um custo médio de US$ 468/oz, enquanto que este ano temos um custo estimado de produção de US$ 750/oz. Ao longo dos próximos anos, espera-mos que a produção atinga 220.000 oz por ano. Pretendemos consolidar nossas operações em Minas Gerais e iniciar a execução do projeto Gurupi. Em maio de 2010, a Jaguar apresentou um relatório de pré-viabilidade técnica compatível no projeto Gurupi, o (NI) 43-101, que foi pre-

parado pela AMEC. O documento assume um preço médio do ouro de US$ 950/oz e um teor mínimo de 0,3 g / toneladas de ouro e registra uma estimativa de 65,4 mil-hões de toneladas de recursos minerais numa média de 1,14 g / toneladas totalizan-do 2,4 milhões de onças. Esperamos iniciar a produção em Gurupi entre 2013 e 2014”, disse Cardoso.

A empresa de exploração especialista Colossus Minerals é única no Brasil em ten-do negociado uma cooperativa de trabalho com a COOMIGASP, o sindicato dos garim-peiros, a fim de completar a exploração subterrânea da área da mina Serra Nova Pelada. “A Nova Serra Pelada se localiza em 100 hectaresmuito próximos ao local onde há a maior operação de garimpo do mundo”, disse Luis Celaro, diretor da Colos-sus. “Durante a década de 1990, o governo brasileiro decidiu fechar os garimpeiros, devido a preocupações de segurança. Des-de então, os garimpeiros estão organiza-dos em uma cooperativa conhecida como a Coomigasp, que desenvolveu o sonho de realizar novamente a mineração na região. Com o apoio do governo brasileiro, a Coomigasp realizou um processo para selecionar uma empresa de mineração que iria realizar a exploração subterrânea, a fim de confirmar a existência de um depósito comercialmente explorável. A cooperativa possui os direitos de mineração no local, de acordo com um documento emitido pelo governo federal. Por sua vez, a Colossus e sua equipe técnica brasileira estudou a situ-ação e recomendou à gestão da empresa no Canadá, que estudasse a possibilidade de uma parceria comercial com a Coomi-gasp, o que aconteceu em 2007.

“Tendo sido a única empresa que apre-sentou uma proposta formal, a Colossus foi selecionada pela Coomigasp para a parce-ria. Já naquela época, a Colossus realizou uma série de estudos geológicos na área de 100 hectares e concluiu que o depósito poderia render uma quantidade economi-camente viável de metais preciosos, in-cluindo ouro, platina e paládio. Tendo em conta estes resultados, ambos formaram uma parceria no empreendimento chama-do Serra Pelada Companhia de Desenvolvi-mento Mineral (SPCDM), que se tornou o titular dos direitos de mineração e que é responsável pela administração do projeto Nova Serra Pelada”, contou Celaro.

“Este foi um passo importante na história da Colossus, que até este momento só tinha se dedicado à fase de exploração mineral. A implementação de um projeto de mineração é um desafio muito promissor. A pesquisa geológica indica um corpo de mi-nério na área de 100 hectares que poderiam produzir 3,5 milhões de toneladas métricas de metais preciosos por ano. A primeira ex-tração de minérios foi prevista para meados de 2010. No momento, a SPCDM está avan-çando a escavação do declínio e da implan-

O projeto da Colossus Minerals é o primeiro de muitos planejados no Brasil, e de uma qualidade sem igual no país. A companhia negociou um funcionamento cooperativo ao lado da união de garimperos COOMIGASP para completar a exploração subterrânea da New Serra Pelada mine. (Fotografia cortesia da Colossus Minerals)

Walter de Simoni, Diretor Executivo do Negocio de Niquel da Anglo American Brasil

Stephan Weber, Diretor Executivo do Negocio de Ferro da Anglo American Brasil

Alfredo Tranjan Filho,Presidente da INB, Indústrias Nucleares do Brasil

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tação das instalações industriais para o beneficiamento de minério na área. Ouro, platina e paládio serão transformados em barras pelo processo industrial em Serra Pelada, algo totalmente inédito na região”, vibrou Celaro.

Apesar de ser um novato na indústria brasileira de metais preciosos, a Colossus foi rápida ao adotar a tradição brasileira de investir nas comunidades locais. “A Vila de Serra Pelada é uma coleção de casas feitas de madeira, onde há sanea-mento e vias pavimentadas, porém não há hospitais nem coleta de lixo, uma vez que os equipamentos públicos estão danificados. A comunidade apresenta altos índices de HIV e há prostituição infantil. Quando chegou na região com a proposta para voltar a extrair minérios - que poderiam tornar-se riqueza – a Co-lossus não podia ignorar a carência local, e por isso decidiu tomar uma atitude em conjunto com os governos regionais. A entrada da Colossus em Serra Pelada é um marco na história da região, não apenas por causa da futura extração de ouro, platina e paládio, mas também pela contribuição para a restauração da cidadania destas milhares de pessoas”, afirmou Celaro.

Por sua vez a Eldorado Gold, sediada em Vancouver, investiu em seu mais sig-nificante prospecto de ouro em julho de 2010, com a aquisição de Brazauro Re-sources Corp. “Esta transação confirma nosso comprometimento com a explora-ção e o desenvolvimento do projeto To-cantinzinho, no estado do Pará, e nos dá dois contratos de opções em Água Bran-ca e Piranhas, projetos em processos iniciais de exploração”, afirmou Lincoln da Silva, diretor da Eldorado. “O projeto Tocantinzinho é um depósito de granito hospedado que contém 2,1 milhões de onças de ouro. Já a Água Branca, local-izada a aproximadamente 25 km ao sul de Tocantinzinho, 2.000 m de perfuração de diamante será concluída para testar anomalias de ouro relatadas pelo levan-tamento geoquímico do solo. A área do projeto Piranhas tem um anomalia forte de ouro em solo e extensas áreas de garimpo, localizados a aproximadamente 15 km ao oeste de Tocantinzinho. Se a Eldorado obtiver resultados positivos do projeto Tocantinzinho, podemos começar o estudo de pré-viabilidade, que deve ser finalizado em janeiro de 2011, e o estudo de viabilidade concluído em julho 2011. Os estudos ambientais também deve ser finalizados em setembro de 2011, então até o final do próximo ano ou no início de 2012 poderemos decidir se vamos realizar a construção e começar a produção”.

Com as crescentes pressões macro-econômicas sobre o preço do ouro, o aumento do interesse internacional nas reservas de ouro do Brasil não é nenhu-

ma surpresa . A diferença entre o volume de produção e as reservas torna o país extremamente atraente na perspectiva de ouro e o desenvolvimento de minas.

Bauxita/ AluminaDada a natureza de longo prazo dos contratos para o fornecimento de baux-ita e alumina, as flutuações na produção brasileira têm sido relativamente suaves ao longo da última década, com uma produção que cresceu onstantemente desde 135 milhões de toneladas métricas em 2000 para 205 milhões de toneladas métricas em 2010. Os preços sofreram oscilações com picos de US$ 35/tone-lada em 2008 e baixas de US$ 25/tone-lada em 2010. Para 2010, a previsão é de exportação de 5,9 milhões de toneladas métricas de bauxita brasileira.

Com reservas de bauxita de 3,8 bil-hões de toneladas métricas fora de um total mundial de 34 bilhões de toneladas métricas, o Brasil ocupa a quinta coloca-ção a nível mundial, atrás da Austrália, Guiné-Conakry, Vietnã e Jamaica, com pouco mais de 11% do total global. Em relação à produção mundial, o Brasil é atualmente o terceiro maior produtor mundial de bauxita, representando 14% do total global. O estado do Pará domina a produção no país com 85% do total, sendo o restante produzido no estado de Minas Gerais . A Mineração Rio do Norte representa 68% da bauxita brasileira, seguida pela Norsk Hydro e a Votorantim - com 12% e 8% respectivamente. Em maio de 2010, a produtora de alumínio com base norueguesa Norsk Hydro ad-quiriu todas as atividades de bauxita e alumínio da Vale, numa transição de US$ 4,9 bilhões, o maior investimento

estrangeiro direto do ano na indústria de bauxita e alumina do Brasil.

A Mineração Rio do Norte (MRN) é um consórcio dos maiores produtores de bauxita que opera fora do município de Oriximiná no estado do Pará e domina esmagadoramente a produção de baux-ita no Brasil. Com os acionistas-chave, como a Norsk Hydro, a Alcoa, Rio Tinto, Votorantim e BHP Billiton, a empresa tem perícia de classe mundial dentro de uma região que figura entre as uma mais geograficamente desafiadoras para a operação mineradora do mundo. Pen-etrado na Floresta Amazônica, o serviço de operações da MRN tem seu próprio aeroporto, infra-estrutura ferroviária e portuária.

Fundada em 1974, a MRN tem trabal-hado duro para integrar as operações da empresa com o desenvolvimento susten-tável das comunidades locais, investindo em iniciativas de reflorestamento gener-alizada e no Programa Qualidade de Vida (PQV), que visa aumentar a normas de saúde e educação para as comunidades do Noroeste do estado do Pará.

O projeto Jurití da Alcoa é o maior investimento recente na produção de bauxita no Brasil. “A Juruti começou a produção em 2009 e, depois de um ano, temosuma taxa anual aproximada de três milhões de toneladas métricas e manteremos esse nível num futuro previ-sível. Toda nossa produção de bauxita é enviada para a nossa refinaria no Porto de São Luiz, no estado do Maranhão. A infra-estrutura que temos comporta um crescimento significativo, mas vamos a estabilizar a produção entre 3 e 3,5 mil-hões de toneladas métricas de bauxita por ano”, disse o presidente da Alcoa do Brasil, Franklin Feder.

EstanhoOs preços do estanho têm aumentado sig-nificativamente ao longo da última década, de US$ 5.429 dólares por tonelada métrica em 2001, para US$ 26.700 dólares por tonelada métrica em 2010. Apesar desse aumento de preços acentuado, a produção brasileira manteve-se relativamente estável durante o mesmo período, com média de aproximadamente 300.000 toneladas métri-cas / ano. As reservas de estanho do Brasil respondem por 11% do total mundial, co-locando o país como quinto em termos de sua participação nas reservas mundiais. Os principais estados brasileiros produtores de estanho são Amazonas e Rondônia, responsáveis respectivamente por 60% e 40% da produção nacional total.

A Mineração Taboca é a principal produ-tora de estanho do Brasil e sua principal operação é a mina Pitinga, no Amazonas. Recentemente, a Pitanga vivenciou uma queda de escala de produção ja que a em-presa visa modernizar as suas operações, alavancando os estoques de capital da empresa de volta aos padrões ideais. . “A mina de Pitinga iniciou seu desenvolvimen-to na década de 1960, mas a produção de estanho começou vários anos mais tarde”, contou o presidente da Mineração Taboca, João Luiz Serafim da Silva. “Em 1980, a empresa foi vendida pelos fundadores para um grupo de investidores liderado por fundos de investimento e em 2008, um grupo familiar peruano comprou a mina Pitinga do Paranapanema. Em decorrên-cia de decisões tomadas no passado, a empresa tem vários problemas relativos a bens e a manutenção, como o mau estado dos equipamentos. Em 2009, decidimos reduzir a produção, produzindo apeans de rejeitos e dando um passo retroativo para que pudéssemos renovar nossos eq-uipamentos e modernizar a operação – o que leva um tempo. Esperamos retomar a produção da mina de pedra dura a todo vapor em 2012 e aumentar a produção em cinco vezes nos próximos anos. Pitinga é o principal projeto da Mineração Taboca no Brasil para os próximos anos.Nós produzi-mos vários minerais na mina, mas focamos principalmente no estanho e numa liga de nióbio e tântalo.”

ZincoSeguindo uma queda significativa em 2008, resultante da crise financeira mundi-al, os preços do zinco se recuperaram da baixa de 2008 de US$ 1.090 por tonelada e se estabilizaram em US$ 2.350 dólares por tonelada em 2010. As seis milhões de tone-ladas métricas de reservas brasileiras de zinco representam cerca de 3% das reser-vas mundiais totais. China e Austrália pos-suem as maiores reservas mundiais, com respectivamente 16,5% e 10,5% do total. Operações mineiras em regiões remotas são muito comuns no Brasil. (Foto cortesia da Alcoa)

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tação das instalações industriais para o beneficiamento de minério na área. Ouro, platina e paládio serão transformados em barras pelo processo industrial em Serra Pelada, algo totalmente inédito na região”, vibrou Celaro.

Apesar de ser um novato na indústria brasileira de metais preciosos, a Colossus foi rápida ao adotar a tradição brasileira de investir nas comunidades locais. “A Vila de Serra Pelada é uma coleção de casas feitas de madeira, onde há sanea-mento e vias pavimentadas, porém não há hospitais nem coleta de lixo, uma vez que os equipamentos públicos estão danificados. A comunidade apresenta altos índices de HIV e há prostituição infantil. Quando chegou na região com a proposta para voltar a extrair minérios - que poderiam tornar-se riqueza – a Co-lossus não podia ignorar a carência local, e por isso decidiu tomar uma atitude em conjunto com os governos regionais. A entrada da Colossus em Serra Pelada é um marco na história da região, não apenas por causa da futura extração de ouro, platina e paládio, mas também pela contribuição para a restauração da cidadania destas milhares de pessoas”, afirmou Celaro.

Por sua vez a Eldorado Gold, sediada em Vancouver, investiu em seu mais sig-nificante prospecto de ouro em julho de 2010, com a aquisição de Brazauro Re-sources Corp. “Esta transação confirma nosso comprometimento com a explora-ção e o desenvolvimento do projeto To-cantinzinho, no estado do Pará, e nos dá dois contratos de opções em Água Bran-ca e Piranhas, projetos em processos iniciais de exploração”, afirmou Lincoln da Silva, diretor da Eldorado. “O projeto Tocantinzinho é um depósito de granito hospedado que contém 2,1 milhões de onças de ouro. Já a Água Branca, local-izada a aproximadamente 25 km ao sul de Tocantinzinho, 2.000 m de perfuração de diamante será concluída para testar anomalias de ouro relatadas pelo levan-tamento geoquímico do solo. A área do projeto Piranhas tem um anomalia forte de ouro em solo e extensas áreas de garimpo, localizados a aproximadamente 15 km ao oeste de Tocantinzinho. Se a Eldorado obtiver resultados positivos do projeto Tocantinzinho, podemos começar o estudo de pré-viabilidade, que deve ser finalizado em janeiro de 2011, e o estudo de viabilidade concluído em julho 2011. Os estudos ambientais também deve ser finalizados em setembro de 2011, então até o final do próximo ano ou no início de 2012 poderemos decidir se vamos realizar a construção e começar a produção”.

Com as crescentes pressões macro-econômicas sobre o preço do ouro, o aumento do interesse internacional nas reservas de ouro do Brasil não é nenhu-

ma surpresa . A diferença entre o volume de produção e as reservas torna o país extremamente atraente na perspectiva de ouro e o desenvolvimento de minas.

Bauxita/ AluminaDada a natureza de longo prazo dos contratos para o fornecimento de baux-ita e alumina, as flutuações na produção brasileira têm sido relativamente suaves ao longo da última década, com uma produção que cresceu onstantemente desde 135 milhões de toneladas métricas em 2000 para 205 milhões de toneladas métricas em 2010. Os preços sofreram oscilações com picos de US$ 35/tone-lada em 2008 e baixas de US$ 25/tone-lada em 2010. Para 2010, a previsão é de exportação de 5,9 milhões de toneladas métricas de bauxita brasileira.

Com reservas de bauxita de 3,8 bil-hões de toneladas métricas fora de um total mundial de 34 bilhões de toneladas métricas, o Brasil ocupa a quinta coloca-ção a nível mundial, atrás da Austrália, Guiné-Conakry, Vietnã e Jamaica, com pouco mais de 11% do total global. Em relação à produção mundial, o Brasil é atualmente o terceiro maior produtor mundial de bauxita, representando 14% do total global. O estado do Pará domina a produção no país com 85% do total, sendo o restante produzido no estado de Minas Gerais . A Mineração Rio do Norte representa 68% da bauxita brasileira, seguida pela Norsk Hydro e a Votorantim - com 12% e 8% respectivamente. Em maio de 2010, a produtora de alumínio com base norueguesa Norsk Hydro ad-quiriu todas as atividades de bauxita e alumínio da Vale, numa transição de US$ 4,9 bilhões, o maior investimento

estrangeiro direto do ano na indústria de bauxita e alumina do Brasil.

A Mineração Rio do Norte (MRN) é um consórcio dos maiores produtores de bauxita que opera fora do município de Oriximiná no estado do Pará e domina esmagadoramente a produção de baux-ita no Brasil. Com os acionistas-chave, como a Norsk Hydro, a Alcoa, Rio Tinto, Votorantim e BHP Billiton, a empresa tem perícia de classe mundial dentro de uma região que figura entre as uma mais geograficamente desafiadoras para a operação mineradora do mundo. Pen-etrado na Floresta Amazônica, o serviço de operações da MRN tem seu próprio aeroporto, infra-estrutura ferroviária e portuária.

Fundada em 1974, a MRN tem trabal-hado duro para integrar as operações da empresa com o desenvolvimento susten-tável das comunidades locais, investindo em iniciativas de reflorestamento gener-alizada e no Programa Qualidade de Vida (PQV), que visa aumentar a normas de saúde e educação para as comunidades do Noroeste do estado do Pará.

O projeto Jurití da Alcoa é o maior investimento recente na produção de bauxita no Brasil. “A Juruti começou a produção em 2009 e, depois de um ano, temosuma taxa anual aproximada de três milhões de toneladas métricas e manteremos esse nível num futuro previ-sível. Toda nossa produção de bauxita é enviada para a nossa refinaria no Porto de São Luiz, no estado do Maranhão. A infra-estrutura que temos comporta um crescimento significativo, mas vamos a estabilizar a produção entre 3 e 3,5 mil-hões de toneladas métricas de bauxita por ano”, disse o presidente da Alcoa do Brasil, Franklin Feder.

EstanhoOs preços do estanho têm aumentado sig-nificativamente ao longo da última década, de US$ 5.429 dólares por tonelada métrica em 2001, para US$ 26.700 dólares por tonelada métrica em 2010. Apesar desse aumento de preços acentuado, a produção brasileira manteve-se relativamente estável durante o mesmo período, com média de aproximadamente 300.000 toneladas métri-cas / ano. As reservas de estanho do Brasil respondem por 11% do total mundial, co-locando o país como quinto em termos de sua participação nas reservas mundiais. Os principais estados brasileiros produtores de estanho são Amazonas e Rondônia, responsáveis respectivamente por 60% e 40% da produção nacional total.

A Mineração Taboca é a principal produ-tora de estanho do Brasil e sua principal operação é a mina Pitinga, no Amazonas. Recentemente, a Pitanga vivenciou uma queda de escala de produção ja que a em-presa visa modernizar as suas operações, alavancando os estoques de capital da empresa de volta aos padrões ideais. . “A mina de Pitinga iniciou seu desenvolvimen-to na década de 1960, mas a produção de estanho começou vários anos mais tarde”, contou o presidente da Mineração Taboca, João Luiz Serafim da Silva. “Em 1980, a empresa foi vendida pelos fundadores para um grupo de investidores liderado por fundos de investimento e em 2008, um grupo familiar peruano comprou a mina Pitinga do Paranapanema. Em decorrên-cia de decisões tomadas no passado, a empresa tem vários problemas relativos a bens e a manutenção, como o mau estado dos equipamentos. Em 2009, decidimos reduzir a produção, produzindo apeans de rejeitos e dando um passo retroativo para que pudéssemos renovar nossos eq-uipamentos e modernizar a operação – o que leva um tempo. Esperamos retomar a produção da mina de pedra dura a todo vapor em 2012 e aumentar a produção em cinco vezes nos próximos anos. Pitinga é o principal projeto da Mineração Taboca no Brasil para os próximos anos.Nós produzi-mos vários minerais na mina, mas focamos principalmente no estanho e numa liga de nióbio e tântalo.”

ZincoSeguindo uma queda significativa em 2008, resultante da crise financeira mundi-al, os preços do zinco se recuperaram da baixa de 2008 de US$ 1.090 por tonelada e se estabilizaram em US$ 2.350 dólares por tonelada em 2010. As seis milhões de tone-ladas métricas de reservas brasileiras de zinco representam cerca de 3% das reser-vas mundiais totais. China e Austrália pos-suem as maiores reservas mundiais, com respectivamente 16,5% e 10,5% do total. Operações mineiras em regiões remotas são muito comuns no Brasil. (Foto cortesia da Alcoa)

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Classificado como o 12 º maior produ-tor mundial de zinco, o Brasil tem uma produção de 175.000 toneladas métricas de concentrado em 2010, representando 1,5% da produção mundial total. Minas Gerais é praticamente a única região produtora de zinco no Brasil, ocupando 88% das reservas totais do país.

Através da CIA Mineira de Metais, sua subsidiária integra, o conglomerado Vo-torantim é a única produtora de zinco do Brasil, “A Votorantim Metais é a maior produtora de zinco da América Latina e está entre as três maiores do mundo. Em 2010, a sua capacidade produtiva alca-nçou 706 mil toneladas métricas/ ano”, ressaltou João Bosco da Silva, presiden-te da Votorantim.

“O trabalho com o zinco começou em 1956, com a criação da unidade de negócios Mineira Minerals Co., em Três Marias, em Minas Gerais. Em 2002, a Votorantim adquiriu a Paraibuna Metais Co., localizada em Juiz de Fora, também no estado mineiro. Já em 2004, a empre-sa assumiu o controle de sua primeira unidade fora do Brasil. A aquisição da refinaria de zinco Cajamarquilla, no Peru, foi um reflexo de uma nova estratégia de crescimento para o grupo, que pretende aumentar suas atividades na América La-tina. No Peru, temos um total de US$ 15 bilhões e participação em uma empresa peruana de mineração denominada Mil-po Minerals Co., a quarta maior minera-dora de zinco no Peru, que controlamos totalmente. E com um investimento de US$ 500 milhões, o projeto da Votoran-tim Caquamarquilla no Peru acaba de ser expandido”, citou Silva.

NíquelA volatilidade tem sido comum nos preços do níquel nos últimos cinco anos, atingindo um máximo de US$ 33.500 por tonelada em 2006 antes da recente queda para US$ 11.000 por tonelada em 2008. Atualmente os preços estão mais estáveis a uma média de US$ 24.105 por tonelada em 2010. Com nove milhões de toneladas métricas de reservas de níquel, o Brasil representa 6,6% do total global de 144 milhões de toneladas métricas. A produção anual do país foi de 74.000 toneladas métricas em 2010, o que clas-sifica o Brasil como 10 ª na produção mundial de níquel. Os principais estados brasileiros produtores do minério são Ba-hia, Goiás e Minas Gerais, respondendo respectivamente por 46%, 42% e 12% da produção total.

A produção de níquel no Brasil é domi-nada pela Votorantim e pela Anglo Ameri-can, que representam cerca de 60% e 40% respectivamente do total do país. No entanto, com novos investimentos de em-presas como Vale e Mirabella, acredita-se que a produção de níquel do Brasil cheg-ue a 200.000 toneladas métricas por ano até o final de 2011. “A Votorantim Metais é a maior empresa brasileira produtora de níquel e única empresa latino-americana de níquel eletrolítico, com capacidade de 44.000 toneladas métricas por ano”, en-fatizou João Bosco Silva. “Esta unidade iniciou suas operações em 1981. Sua área de mineração se situa em Niquelân-dia (GO), onde o níquel laterita é extraído e carbonato de níquel é produzido. Esses produtos abastecem uma usina metalúr-

gica localizada no bairro de São Miguel Paulista, em São Paulo. Esta unidade produz níquel eletrolítico e cobalto e, em Fortaleza de Minas, a Votorantim Metais produz níquel para o mercado interna-cional”, disse o presidente da empresa. A Votorantim recentemente investiu em melhoramentos na fábrica da empresa em Niquelândia, a fim de aumentar a produção de 27.000 para 37.000 tonela-das métricas por ano.

O projeto Codemim, da Anglo Ameri-can, está em operação desde 1982 e atu-almente produz cerca de 9.500 toneladas métricas de níquel por ano. A empresa está investindo ainda US$ 1,5 bilhão em seu outro projeto, Barro Alto, com vista para aumentar significativamente a produção de níquel da empresa em geral. “O Barro Alto está localizada no estado de Goiás, a cerca de 170 km de operação de níquel já existente, Codemin”, detalhou Walter De Simoni, CEO de negócios de níquel da Anglo American. “O projeto foi aprovado em dezembro de 2006 e tem previsão de entrar em produção no primeiro trimestre de 2011. A produção média durante a vida de 32 anos da mina será de 36.000 toneladas por ano de níquel. Uma vez em produção plena, a operação deverá es-tar na metade inferior da curva de custos em dinheiro e irá mais do que dobrar a produção de níquel da Anglo American. A empresa irá concluir o estudo conceitual a partir de meados de 2011 para o pro-jeto Jacaré no estado do Pará, e depois disso os estudos de pré-viabilidade e via-bilidade. A demanda esperada de níquel é de um taxa composta de crescimento anual de 5% até 2015. A Anglo American

realiza também o estudo de viabilidade do projeto de níquel Morro Sem Osso. Até 2011, a companhia estará produzindo mais de 60.000 toneladas de níquel.

A recente aquisição da Vale da grande produtora canadense de níquel Inco colo-cou a empresa na segunda colocação entre as maiores empresa mundiais produtoras de níquel, atrás somente da companhia russa Norilsk. A Vale iniciou um programa de investimento de crescimento orgânico em sua capacidade de produção de níquel no Brasil. O projeto Onça Puma, representa um investimento total de US$ 2,3 bilhões e é esperado que tenha uma produção anual de 58 mil toneladas métricas por ano uma vez que entrar em linha, no primeiro trimes-tre de 2011.

Mirabela é um integrante relativamente novo na indústria de mineração do Brasil, concorrendo inicialmente para o projeto de Santa Rita na Bahia em 2005. “O projeto de Santa Rita foi descoberto em 2004 pela CBPM, depois do qual um concurso foi ini-ciaod e, posteriormente, ganho pela Mirabe-la. Santa Rita é um projeto recorde no que se refere ao seu tempo entre sua descobe-rta e a primeira produção de níquel - de ap-enas cinco anos, em comparaçãoao prazo normal de 10 anos”, comparou Luiz Nepo-muceno, diretor da Mirabela. “E é impor-tante levar em consideração que a Mirabela teve ainda que lidar com as perturbações causadas pela crise financeira mundial du-rante o período de desenvolvimento. Acho que o ponto principal foi a eficiência com a qual fomos capazes de trabalhar com o governo na obtenção de licenças ambien-tais e a conclusão de estudos – isso foi um grande fator que contribuiu para o sucesso do desenvolvimento do nosso projeto.

“A Mirabela tem a flexibilidade de fazer as coisas funcionarem rapidamente. A mina de Santa Rita é a maior mina de níquel sulfa-tado do Brasil, e a segunda maior mina de níquel a céu aberto nas Américas, atrás da Inco, do Canadá, por isso estamos obvia-mente muito empolgados para alcançar o potencial total desse depósito”, comemorou Nepomuceno. “Atualmente, a mina de San-ta Rita é destinada a produzir cerca de 10 mil toneladas métricas de concentrado de níquel em 2010. Esperamos que a mina atinja uma produção total entre 23 mil a 25 mil toneladas métricas de concentrado de níquel em uma base anual ao final de 2011. O fato de que o projeto Santa Rita foi coloca-do em produção em cinco anos demonstra que o Brasil tem um ambiente muito bom para o desenvolvimento das atividades de mineração. Licenças ambientais e de con-strução são fundamentais para qualquer projeto de mineração no Brasil e todos têm que trabalhar de acordo com estes, além de ter o apoio do governo ao realizar esses planos. Na nossa experiência, o governo do estado da Bahia é uma entidade muito amigável com que trabalhar”, afirmou.Mina de Níquel do Barro Alto da Anglo American (Foto cortesia da Anglo American)

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Classificado como o 12 º maior produ-tor mundial de zinco, o Brasil tem uma produção de 175.000 toneladas métricas de concentrado em 2010, representando 1,5% da produção mundial total. Minas Gerais é praticamente a única região produtora de zinco no Brasil, ocupando 88% das reservas totais do país.

Através da CIA Mineira de Metais, sua subsidiária integra, o conglomerado Vo-torantim é a única produtora de zinco do Brasil, “A Votorantim Metais é a maior produtora de zinco da América Latina e está entre as três maiores do mundo. Em 2010, a sua capacidade produtiva alca-nçou 706 mil toneladas métricas/ ano”, ressaltou João Bosco da Silva, presiden-te da Votorantim.

“O trabalho com o zinco começou em 1956, com a criação da unidade de negócios Mineira Minerals Co., em Três Marias, em Minas Gerais. Em 2002, a Votorantim adquiriu a Paraibuna Metais Co., localizada em Juiz de Fora, também no estado mineiro. Já em 2004, a empre-sa assumiu o controle de sua primeira unidade fora do Brasil. A aquisição da refinaria de zinco Cajamarquilla, no Peru, foi um reflexo de uma nova estratégia de crescimento para o grupo, que pretende aumentar suas atividades na América La-tina. No Peru, temos um total de US$ 15 bilhões e participação em uma empresa peruana de mineração denominada Mil-po Minerals Co., a quarta maior minera-dora de zinco no Peru, que controlamos totalmente. E com um investimento de US$ 500 milhões, o projeto da Votoran-tim Caquamarquilla no Peru acaba de ser expandido”, citou Silva.

NíquelA volatilidade tem sido comum nos preços do níquel nos últimos cinco anos, atingindo um máximo de US$ 33.500 por tonelada em 2006 antes da recente queda para US$ 11.000 por tonelada em 2008. Atualmente os preços estão mais estáveis a uma média de US$ 24.105 por tonelada em 2010. Com nove milhões de toneladas métricas de reservas de níquel, o Brasil representa 6,6% do total global de 144 milhões de toneladas métricas. A produção anual do país foi de 74.000 toneladas métricas em 2010, o que clas-sifica o Brasil como 10 ª na produção mundial de níquel. Os principais estados brasileiros produtores do minério são Ba-hia, Goiás e Minas Gerais, respondendo respectivamente por 46%, 42% e 12% da produção total.

A produção de níquel no Brasil é domi-nada pela Votorantim e pela Anglo Ameri-can, que representam cerca de 60% e 40% respectivamente do total do país. No entanto, com novos investimentos de em-presas como Vale e Mirabella, acredita-se que a produção de níquel do Brasil cheg-ue a 200.000 toneladas métricas por ano até o final de 2011. “A Votorantim Metais é a maior empresa brasileira produtora de níquel e única empresa latino-americana de níquel eletrolítico, com capacidade de 44.000 toneladas métricas por ano”, en-fatizou João Bosco Silva. “Esta unidade iniciou suas operações em 1981. Sua área de mineração se situa em Niquelân-dia (GO), onde o níquel laterita é extraído e carbonato de níquel é produzido. Esses produtos abastecem uma usina metalúr-

gica localizada no bairro de São Miguel Paulista, em São Paulo. Esta unidade produz níquel eletrolítico e cobalto e, em Fortaleza de Minas, a Votorantim Metais produz níquel para o mercado interna-cional”, disse o presidente da empresa. A Votorantim recentemente investiu em melhoramentos na fábrica da empresa em Niquelândia, a fim de aumentar a produção de 27.000 para 37.000 tonela-das métricas por ano.

O projeto Codemim, da Anglo Ameri-can, está em operação desde 1982 e atu-almente produz cerca de 9.500 toneladas métricas de níquel por ano. A empresa está investindo ainda US$ 1,5 bilhão em seu outro projeto, Barro Alto, com vista para aumentar significativamente a produção de níquel da empresa em geral. “O Barro Alto está localizada no estado de Goiás, a cerca de 170 km de operação de níquel já existente, Codemin”, detalhou Walter De Simoni, CEO de negócios de níquel da Anglo American. “O projeto foi aprovado em dezembro de 2006 e tem previsão de entrar em produção no primeiro trimestre de 2011. A produção média durante a vida de 32 anos da mina será de 36.000 toneladas por ano de níquel. Uma vez em produção plena, a operação deverá es-tar na metade inferior da curva de custos em dinheiro e irá mais do que dobrar a produção de níquel da Anglo American. A empresa irá concluir o estudo conceitual a partir de meados de 2011 para o pro-jeto Jacaré no estado do Pará, e depois disso os estudos de pré-viabilidade e via-bilidade. A demanda esperada de níquel é de um taxa composta de crescimento anual de 5% até 2015. A Anglo American

realiza também o estudo de viabilidade do projeto de níquel Morro Sem Osso. Até 2011, a companhia estará produzindo mais de 60.000 toneladas de níquel.

A recente aquisição da Vale da grande produtora canadense de níquel Inco colo-cou a empresa na segunda colocação entre as maiores empresa mundiais produtoras de níquel, atrás somente da companhia russa Norilsk. A Vale iniciou um programa de investimento de crescimento orgânico em sua capacidade de produção de níquel no Brasil. O projeto Onça Puma, representa um investimento total de US$ 2,3 bilhões e é esperado que tenha uma produção anual de 58 mil toneladas métricas por ano uma vez que entrar em linha, no primeiro trimes-tre de 2011.

Mirabela é um integrante relativamente novo na indústria de mineração do Brasil, concorrendo inicialmente para o projeto de Santa Rita na Bahia em 2005. “O projeto de Santa Rita foi descoberto em 2004 pela CBPM, depois do qual um concurso foi ini-ciaod e, posteriormente, ganho pela Mirabe-la. Santa Rita é um projeto recorde no que se refere ao seu tempo entre sua descobe-rta e a primeira produção de níquel - de ap-enas cinco anos, em comparaçãoao prazo normal de 10 anos”, comparou Luiz Nepo-muceno, diretor da Mirabela. “E é impor-tante levar em consideração que a Mirabela teve ainda que lidar com as perturbações causadas pela crise financeira mundial du-rante o período de desenvolvimento. Acho que o ponto principal foi a eficiência com a qual fomos capazes de trabalhar com o governo na obtenção de licenças ambien-tais e a conclusão de estudos – isso foi um grande fator que contribuiu para o sucesso do desenvolvimento do nosso projeto.

“A Mirabela tem a flexibilidade de fazer as coisas funcionarem rapidamente. A mina de Santa Rita é a maior mina de níquel sulfa-tado do Brasil, e a segunda maior mina de níquel a céu aberto nas Américas, atrás da Inco, do Canadá, por isso estamos obvia-mente muito empolgados para alcançar o potencial total desse depósito”, comemorou Nepomuceno. “Atualmente, a mina de San-ta Rita é destinada a produzir cerca de 10 mil toneladas métricas de concentrado de níquel em 2010. Esperamos que a mina atinja uma produção total entre 23 mil a 25 mil toneladas métricas de concentrado de níquel em uma base anual ao final de 2011. O fato de que o projeto Santa Rita foi coloca-do em produção em cinco anos demonstra que o Brasil tem um ambiente muito bom para o desenvolvimento das atividades de mineração. Licenças ambientais e de con-strução são fundamentais para qualquer projeto de mineração no Brasil e todos têm que trabalhar de acordo com estes, além de ter o apoio do governo ao realizar esses planos. Na nossa experiência, o governo do estado da Bahia é uma entidade muito amigável com que trabalhar”, afirmou.Mina de Níquel do Barro Alto da Anglo American (Foto cortesia da Anglo American)

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UrânioO preço do urânio aumentou sete vezes na última década, saltan-do de US$ 7/lb em 2000 para US$ 48/lb em 2010. As reservas brasileiras de urânio estão em sétimo lugar mundial, com 310 mil toneladas métricas, contabilizando 7% do total global. Com uma produção de 390 milhões de toneladas métricas em 2010, o Brasil é classificado como o 12o maior produtor do mundo, atrás de potências internacionais de urânio como o Cazaquistão e o Canadá. Atualmente a demanda mundial de urânio é de 67 mil toneladas métricas por ano, número que deve duplicar até 2030. A indústria brasileira de urânio é um monopólio sob o

controle da INB, as Indústrias Nucleares do Brasil. “O Brasil tem o sétimo maior depósito de urânio do mundo, apesar do fato de que apenas 30% do território brasileiro tem sido explorado”, disse o presidente da INB, Alfredo Tranjan. “Há 310 mil tonela-das métricas de reservas conhecidas, além das prováveis 300 mil toneladas métricas que acreditamos existir em dois depósi-tos nos estados do Pará e do Amazonas. E, dadas as semelhan-ças de solo e terreno brasileiros dos da Austrália, por exemplo, há possíveis 500 mil toneladas adicionais de minério de urânio que poderão ser exploradas. Estamos contabilizando um total de aproximadamente 1,1 milhões de toneladas métricas, o que seguramente colocaria o Brasil como segunda ou terceira maior reserva de urânio do mundo. “Estamos focando nas oportuni-dades oferecidas pelo comércio internacional, uma vez que a produção brasileira supera as necessidades da população lo-cal. Um dos exemplos mais significativos é talvez o modelo de exploração que ja iniciamos com a Galvani Mineração, um dos maiores produtores de fosfato, de quem compramos o urânio criado como subproduto a partir da escavação de fosfato, que, de outra forma, não seria utilizado”, citou Tranjan.

“Hoje o Brasil está ficando rico através da inovação tec-nológica, e nós possuímos a tecnologia para todas as etapas da produção de energia nuclear. O problema é que o uso do urânio como combustível tem uma vida útil limitada, e eventualmente será substituído – até porque novas tecnologias criam outras fontes de energia mais viáveis. Do ponto de vista brasileiro , se essa mudança acontecer antes de todo o urânio do país ter sido explorado, teremos perdido uma grande oportunidade. É im-portante, então, aumentarmos a exploração e produção o mais rápido possível, de modo que o fim da necessidade de urânio coincida com o fim do urânio brasileiro explorável”, constatou Tranjan. “O principal obstáculo para o crescimento da INB é a convicção política que o Brasil não produz quantidade suficiente de urânio para satisfazer a demanda nacional. Essa idéia deve ser superada, ja que o Brasil domina o ciclo de produção, o que poucos países fazem internacionalmente, e nós produzimos mais urânio do que o suficiente para atender às nossas cres-centes demandas nacionais. Queremos que a INB seja capaz de exportar seu produto, estamos pensando em entrar no mercado internacional de exportação nos próximos quatro anos, seja du-rante a exploração ou durante diferentes fases de produção. No que se refere aourânio estej as Reservas da América Latina são as reservas brasileiras e há um grande interesse na parte do MERCOSUL para criar uma certa integração continental base-ada numa estratégia de criar parcerias mutuamente benéficas” explicou Tranjan.

NióbioAo longo da última década os preços do nióbio quase dobraram, passando de US$ 13.197 por tonelada em 2001 para US$ 23.091 dólares por tonelada em 2010. Os 5,2 milhões de toneladas métricasde nióbio do Brasil representam mais de 90% do total global conhecidos - 5,7 milhões de toneladas métricas ao todo. Dados os números acima, o Brasil domina a produção mundial de nióbio, contabilizando 80 mil das 83 mil tonela-das métricas produzidas em 2010. Do outro lado está a China, o maior produ-tor mundial de aço, e conseqüentemente o maior consumidor de nióbio.

No Brasil, as principais regiões produ-toras de nióbio são Minas Gerais, Goiás e Amazonas, cada uma com respec-tivamente 57%, 42% e 1% da produção nacional. Três empresas controlam o sub-setor produtivo de nióbio brasileiro com eficácia: a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) respon-deu em 2010 por 60% da produção, en-quanto a Anglo American 21% e a Min-eração Taboca 12%.

A CBMM, empresa predominante-mente familiar do estado de Minas Gerais com pequena participação da companhia americana Unocal , vende mais nióbio e produtos derivados do nióbio do que todo o restante dos seus

concorrentes considerados em con-junto. A CBMM é também proprietária do maior depósito mundial de pirocloro, o mineral mais importante para a ext-ração e produção de nióbio. Esta mina se localiza em Araxá, em Minas Gerais (Brasil), e é operada a céu aberto, sem muita necessidade de perfuração ou de explosivos e sua produção fornece en-tre 65% e 70% da demanda mundial por produtos de nióbio.

Potássio e FosfatoOs preços de potássio mais do que du-plicaram nos últimos anos, aumentando de US$ 144 por tonelada métricaem 2004 para US$ 374 por tonelada métricaem 2010. O Brasil ocupa a sétima posição em termos de reservas totais de potás-sio, com 284,7 milhões de toneladas representando 1,6% do total das reser-vas mundiais. A produção de potássio

adc/feeling

Operação mineral no em Juiz de Fora (Foto cortesia da Votorantim)Desde mina Chapada a Yamana vende concentrado de cobre para Hindalco (Índia) e Atlantic Copper (Espanha), como também para Trafigura, Louis Dreyfus e Paranapanema no mercado doméstico. (Foto cortesia da Yamana Gold)

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UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL

UrânioO preço do urânio aumentou sete vezes na última década, saltan-do de US$ 7/lb em 2000 para US$ 48/lb em 2010. As reservas brasileiras de urânio estão em sétimo lugar mundial, com 310 mil toneladas métricas, contabilizando 7% do total global. Com uma produção de 390 milhões de toneladas métricas em 2010, o Brasil é classificado como o 12o maior produtor do mundo, atrás de potências internacionais de urânio como o Cazaquistão e o Canadá. Atualmente a demanda mundial de urânio é de 67 mil toneladas métricas por ano, número que deve duplicar até 2030. A indústria brasileira de urânio é um monopólio sob o

controle da INB, as Indústrias Nucleares do Brasil. “O Brasil tem o sétimo maior depósito de urânio do mundo, apesar do fato de que apenas 30% do território brasileiro tem sido explorado”, disse o presidente da INB, Alfredo Tranjan. “Há 310 mil tonela-das métricas de reservas conhecidas, além das prováveis 300 mil toneladas métricas que acreditamos existir em dois depósi-tos nos estados do Pará e do Amazonas. E, dadas as semelhan-ças de solo e terreno brasileiros dos da Austrália, por exemplo, há possíveis 500 mil toneladas adicionais de minério de urânio que poderão ser exploradas. Estamos contabilizando um total de aproximadamente 1,1 milhões de toneladas métricas, o que seguramente colocaria o Brasil como segunda ou terceira maior reserva de urânio do mundo. “Estamos focando nas oportuni-dades oferecidas pelo comércio internacional, uma vez que a produção brasileira supera as necessidades da população lo-cal. Um dos exemplos mais significativos é talvez o modelo de exploração que ja iniciamos com a Galvani Mineração, um dos maiores produtores de fosfato, de quem compramos o urânio criado como subproduto a partir da escavação de fosfato, que, de outra forma, não seria utilizado”, citou Tranjan.

“Hoje o Brasil está ficando rico através da inovação tec-nológica, e nós possuímos a tecnologia para todas as etapas da produção de energia nuclear. O problema é que o uso do urânio como combustível tem uma vida útil limitada, e eventualmente será substituído – até porque novas tecnologias criam outras fontes de energia mais viáveis. Do ponto de vista brasileiro , se essa mudança acontecer antes de todo o urânio do país ter sido explorado, teremos perdido uma grande oportunidade. É im-portante, então, aumentarmos a exploração e produção o mais rápido possível, de modo que o fim da necessidade de urânio coincida com o fim do urânio brasileiro explorável”, constatou Tranjan. “O principal obstáculo para o crescimento da INB é a convicção política que o Brasil não produz quantidade suficiente de urânio para satisfazer a demanda nacional. Essa idéia deve ser superada, ja que o Brasil domina o ciclo de produção, o que poucos países fazem internacionalmente, e nós produzimos mais urânio do que o suficiente para atender às nossas cres-centes demandas nacionais. Queremos que a INB seja capaz de exportar seu produto, estamos pensando em entrar no mercado internacional de exportação nos próximos quatro anos, seja du-rante a exploração ou durante diferentes fases de produção. No que se refere aourânio estej as Reservas da América Latina são as reservas brasileiras e há um grande interesse na parte do MERCOSUL para criar uma certa integração continental base-ada numa estratégia de criar parcerias mutuamente benéficas” explicou Tranjan.

NióbioAo longo da última década os preços do nióbio quase dobraram, passando de US$ 13.197 por tonelada em 2001 para US$ 23.091 dólares por tonelada em 2010. Os 5,2 milhões de toneladas métricasde nióbio do Brasil representam mais de 90% do total global conhecidos - 5,7 milhões de toneladas métricas ao todo. Dados os números acima, o Brasil domina a produção mundial de nióbio, contabilizando 80 mil das 83 mil tonela-das métricas produzidas em 2010. Do outro lado está a China, o maior produ-tor mundial de aço, e conseqüentemente o maior consumidor de nióbio.

No Brasil, as principais regiões produ-toras de nióbio são Minas Gerais, Goiás e Amazonas, cada uma com respec-tivamente 57%, 42% e 1% da produção nacional. Três empresas controlam o sub-setor produtivo de nióbio brasileiro com eficácia: a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) respon-deu em 2010 por 60% da produção, en-quanto a Anglo American 21% e a Min-eração Taboca 12%.

A CBMM, empresa predominante-mente familiar do estado de Minas Gerais com pequena participação da companhia americana Unocal , vende mais nióbio e produtos derivados do nióbio do que todo o restante dos seus

concorrentes considerados em con-junto. A CBMM é também proprietária do maior depósito mundial de pirocloro, o mineral mais importante para a ext-ração e produção de nióbio. Esta mina se localiza em Araxá, em Minas Gerais (Brasil), e é operada a céu aberto, sem muita necessidade de perfuração ou de explosivos e sua produção fornece en-tre 65% e 70% da demanda mundial por produtos de nióbio.

Potássio e FosfatoOs preços de potássio mais do que du-plicaram nos últimos anos, aumentando de US$ 144 por tonelada métricaem 2004 para US$ 374 por tonelada métricaem 2010. O Brasil ocupa a sétima posição em termos de reservas totais de potás-sio, com 284,7 milhões de toneladas representando 1,6% do total das reser-vas mundiais. A produção de potássio

adc/feeling

Operação mineral no em Juiz de Fora (Foto cortesia da Votorantim)Desde mina Chapada a Yamana vende concentrado de cobre para Hindalco (Índia) e Atlantic Copper (Espanha), como também para Trafigura, Louis Dreyfus e Paranapanema no mercado doméstico. (Foto cortesia da Yamana Gold)

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no Brasil respondeu por cerca de 500 mil toneladas métricas em 2010, colocando o país na nona posição entre os produtores do mundo.

Os preços mundiais do fosfato se es-tabilizaram um pouco em relação a picos de US$ 192 por tonelada métrica(em 2008) e baixas de US$ 95 por tonelada métrica (em 2010). Com 319 milhões de

toneladas métrica dereserva de rocha fosfática, o Brasil é classificado na 12 ª posição mundial, respondendo por 0,6% das reservas totais. A produção brasileira de fosfato de rocha foi responsável por seis milhões de toneladas em 2010, posi-cionando o país na sexta posição com 4,3% da produção mundial total.

dComo um dos líderes mundiais de

produtos agrícolas desdo gado ao café, o Brasil esta bem posicionado como uma das principais forças de mudanças no mercado global de fertilizantes. Ape-sar da força do Brasil em reservas de fosfato e potássio, o país ainda depende das importações de insumos para fertili-zantes nas indústrias agrícolas.

Esta realidade não passou desperce-bida pela Vale, que fez grandes avanços estratégicos para a indústria de fertili-zantes em 2010, com aquisições de im-portantes produtores como a Bunge e a Fosfertil. A preocupação estratégica com a produção de matérias-primas de fertilizantes e o estabelecimento da Vale Fertilizantes enfatiza as ambições estratégicas da empresa para a diver-sificação dentro do setor de crescente importância.

“Na seqüência da privatização da Vale, em 1997, a empresa teve uma política específica de diversificação. A Vale opera uma mina de potássio no Brasil desde 1992 e com o desenvolvi-mento da mina de fosfato no Peru, nós estabelecemos uma plataforma sólida para o crescimento sustentado por ex-celentes fundamentos na indústria de fertilizantes”, disse Rubens Fernandes, diretor de Operações da Vale Fertili-zante.

“Esta é uma área onde a Vale está tra-balhando para atingir uma massa crítica.

O Brasil tem uma enorme demanda por fertilizantes, com duas colheitas anu-ais, a abundância de terras aráveis e as condições favoráveis do país para a ag-ricultura. O mercado de fertilizantes tam-bém tem um ciclo muito diferente com-parado com o minério de ferro ou metais de base. Os fertilizantes são relaciona-das à alimentação, enquanto os metais são ligados à indústria pesada. Como resultado, o nosso risco é minimizado quando você considera as flutuações dos ciclos econômicos – o que inclusive levou a Vale para adquirir a Bunge e a Fosfertil. A Vale não tem interesse na produção de fertilizantes como tal, o in-teresse da empresa é o fornecimento da matéria-prima para as indústrias. Vamos ir tão longe como a produção de MAP, TSP ou SSP, que são os fertilizantes básicos para a liquidificadores; mas não queremos nos tornar um liquidificador”, exemplificou Fernandes.

“A Vale também tem operações de fertilizantes no Peru, na Argentina e em Moçambique e, daqui a cinco anos, a Vale Fertilizantes espera ser uma das três maiores empresas no ramo. Nosso objetivo é produzir 12 milhões de tone-ladas métricas de potássio por ano e 16 milhões de toneladas métricas de rocha fosfática por ano O minério de ferro será sempre o principal negócio da Vale, no entanto nós realmente acreditamos que

os fertilizantes serão o segundo maior produto da Vale no futuro próximo”, pre-viu o diretor.

CobreApesar de uma queda no preço do cobre durante o período mais grave da crise financeira mundial, o valor subiu várias vezes nos últimos dez anos a partir de baixas de US$ 1.500 por tonelada mé-trica em 2001 para altas como US$ 8.400 por tonelada em 2010.

Os 15 milhões de toneladas métrica de reserva de cobre brasileiras represen-tam 2% do total mundial e a produção de cobre no país o classifica como décimo quarto no ranking mundial, tendo pro-duzido 230 mil toneladas métricas em 2010. Os principais estados do Brasil produtoras de cobre são Pará, Bahia e Goiás, que representam respectivamente 60%, 20% e 20% da produção da nação.

A CVRD iniciou a produção de cobre em Sossego, perto de Carajás, no norte do Brasil, em meados de 2004. Atual-mente, a empresa tem mais quatro pro-jetos de cobre e acredita que o projeto Salobo venha a produzir 200 mil tonela-das métricas do metal por ano daqui a 30 anos. A Vale domina a produção de cobre, sendo responsável por 57% da produção total em 2010, seguido pela Yamana e Mineração Caraíba, com 25%

e 14% respectivamente, ao longo do mesmo período.

Não há expectativa para que novas minas de cobre entrem em operação até 2012 e as minas existentes estão envel-hecendo, o que significa que os graus de minério continuam caindo. Entretanto, o consumo de cobre continua aumentan-do num ritmo previsto de 4,6% no mun-do todo em 2011. Este crescimento do uso mundial é em grande parte devido ao aumento do consumo no Japão, na Europa, no Brasil, na Índia, na Coréia e no Taiwan.

De acordo com a associação de me-tais não-ferrosos, a SINDICEL, o con-sumo de cobre deverá crescer também no Brasil. Geraldo Haenel, presidente da Associação Brasileira do Cobre, prevê que o crescimento do metal de cobre vai ser mais forte do que a de derivados de cobre. Haenel, presidente do grupo Paranapanema de metais não-ferro-sos, acrescentou que a capacidade de produção de produtos refinados de co-bre- fios, cabos e latão – crescem num ritmo mais lento. Paranapanema é dona da Caraíba Metais, a única empresa de fundição de cobre do Brasil.

Entretanto, a construção de obras para a próxima Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíada de 2016 irão ativamente impulsionar a demanda por produtos de cobre.

Brazil + 55 31 [email protected]

Complex orebodies, difficult ground conditions and demanding mining schedules are formidable enough. Now add water management, environmental and social issues, and you can appreciate why mining is a challenge. For over 50 years and working on six continents, Golder has developed unique expertise in open-pit and underground mining. We’ll deliver sound technical solutions that maximise value and minimise risk, while meeting your obligation to communities, regulators and the environment.

Engineering Earth’s Development, Preserving Earth’s Integrity.

HOW DO YOU UNEARTH SOLUTIONS WITHOUT GETTING BURIED IN DETAIL?JUST ASK GOLDER.

As operações de ouro da AngloGold Ashanti estão destinados a crescer significativamente no Brasil(Foto cortesia da AngloGold Ashanti)

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no Brasil respondeu por cerca de 500 mil toneladas métricas em 2010, colocando o país na nona posição entre os produtores do mundo.

Os preços mundiais do fosfato se es-tabilizaram um pouco em relação a picos de US$ 192 por tonelada métrica(em 2008) e baixas de US$ 95 por tonelada métrica (em 2010). Com 319 milhões de

toneladas métrica dereserva de rocha fosfática, o Brasil é classificado na 12 ª posição mundial, respondendo por 0,6% das reservas totais. A produção brasileira de fosfato de rocha foi responsável por seis milhões de toneladas em 2010, posi-cionando o país na sexta posição com 4,3% da produção mundial total.

dComo um dos líderes mundiais de

produtos agrícolas desdo gado ao café, o Brasil esta bem posicionado como uma das principais forças de mudanças no mercado global de fertilizantes. Ape-sar da força do Brasil em reservas de fosfato e potássio, o país ainda depende das importações de insumos para fertili-zantes nas indústrias agrícolas.

Esta realidade não passou desperce-bida pela Vale, que fez grandes avanços estratégicos para a indústria de fertili-zantes em 2010, com aquisições de im-portantes produtores como a Bunge e a Fosfertil. A preocupação estratégica com a produção de matérias-primas de fertilizantes e o estabelecimento da Vale Fertilizantes enfatiza as ambições estratégicas da empresa para a diver-sificação dentro do setor de crescente importância.

“Na seqüência da privatização da Vale, em 1997, a empresa teve uma política específica de diversificação. A Vale opera uma mina de potássio no Brasil desde 1992 e com o desenvolvi-mento da mina de fosfato no Peru, nós estabelecemos uma plataforma sólida para o crescimento sustentado por ex-celentes fundamentos na indústria de fertilizantes”, disse Rubens Fernandes, diretor de Operações da Vale Fertili-zante.

“Esta é uma área onde a Vale está tra-balhando para atingir uma massa crítica.

O Brasil tem uma enorme demanda por fertilizantes, com duas colheitas anu-ais, a abundância de terras aráveis e as condições favoráveis do país para a ag-ricultura. O mercado de fertilizantes tam-bém tem um ciclo muito diferente com-parado com o minério de ferro ou metais de base. Os fertilizantes são relaciona-das à alimentação, enquanto os metais são ligados à indústria pesada. Como resultado, o nosso risco é minimizado quando você considera as flutuações dos ciclos econômicos – o que inclusive levou a Vale para adquirir a Bunge e a Fosfertil. A Vale não tem interesse na produção de fertilizantes como tal, o in-teresse da empresa é o fornecimento da matéria-prima para as indústrias. Vamos ir tão longe como a produção de MAP, TSP ou SSP, que são os fertilizantes básicos para a liquidificadores; mas não queremos nos tornar um liquidificador”, exemplificou Fernandes.

“A Vale também tem operações de fertilizantes no Peru, na Argentina e em Moçambique e, daqui a cinco anos, a Vale Fertilizantes espera ser uma das três maiores empresas no ramo. Nosso objetivo é produzir 12 milhões de tone-ladas métricas de potássio por ano e 16 milhões de toneladas métricas de rocha fosfática por ano O minério de ferro será sempre o principal negócio da Vale, no entanto nós realmente acreditamos que

os fertilizantes serão o segundo maior produto da Vale no futuro próximo”, pre-viu o diretor.

CobreApesar de uma queda no preço do cobre durante o período mais grave da crise financeira mundial, o valor subiu várias vezes nos últimos dez anos a partir de baixas de US$ 1.500 por tonelada mé-trica em 2001 para altas como US$ 8.400 por tonelada em 2010.

Os 15 milhões de toneladas métrica de reserva de cobre brasileiras represen-tam 2% do total mundial e a produção de cobre no país o classifica como décimo quarto no ranking mundial, tendo pro-duzido 230 mil toneladas métricas em 2010. Os principais estados do Brasil produtoras de cobre são Pará, Bahia e Goiás, que representam respectivamente 60%, 20% e 20% da produção da nação.

A CVRD iniciou a produção de cobre em Sossego, perto de Carajás, no norte do Brasil, em meados de 2004. Atual-mente, a empresa tem mais quatro pro-jetos de cobre e acredita que o projeto Salobo venha a produzir 200 mil tonela-das métricas do metal por ano daqui a 30 anos. A Vale domina a produção de cobre, sendo responsável por 57% da produção total em 2010, seguido pela Yamana e Mineração Caraíba, com 25%

e 14% respectivamente, ao longo do mesmo período.

Não há expectativa para que novas minas de cobre entrem em operação até 2012 e as minas existentes estão envel-hecendo, o que significa que os graus de minério continuam caindo. Entretanto, o consumo de cobre continua aumentan-do num ritmo previsto de 4,6% no mun-do todo em 2011. Este crescimento do uso mundial é em grande parte devido ao aumento do consumo no Japão, na Europa, no Brasil, na Índia, na Coréia e no Taiwan.

De acordo com a associação de me-tais não-ferrosos, a SINDICEL, o con-sumo de cobre deverá crescer também no Brasil. Geraldo Haenel, presidente da Associação Brasileira do Cobre, prevê que o crescimento do metal de cobre vai ser mais forte do que a de derivados de cobre. Haenel, presidente do grupo Paranapanema de metais não-ferro-sos, acrescentou que a capacidade de produção de produtos refinados de co-bre- fios, cabos e latão – crescem num ritmo mais lento. Paranapanema é dona da Caraíba Metais, a única empresa de fundição de cobre do Brasil.

Entretanto, a construção de obras para a próxima Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíada de 2016 irão ativamente impulsionar a demanda por produtos de cobre.

Brazil + 55 31 [email protected]

Complex orebodies, difficult ground conditions and demanding mining schedules are formidable enough. Now add water management, environmental and social issues, and you can appreciate why mining is a challenge. For over 50 years and working on six continents, Golder has developed unique expertise in open-pit and underground mining. We’ll deliver sound technical solutions that maximise value and minimise risk, while meeting your obligation to communities, regulators and the environment.

Engineering Earth’s Development, Preserving Earth’s Integrity.

HOW DO YOU UNEARTH SOLUTIONS WITHOUT GETTING BURIED IN DETAIL?JUST ASK GOLDER.

As operações de ouro da AngloGold Ashanti estão destinados a crescer significativamente no Brasil(Foto cortesia da AngloGold Ashanti)

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Serviços Brasileiros e Rede de Fornecedores de Equipamentos Os abundantes recursos minerais da nação têm atraído o interesse de grandes investidores internacionais, mas a falta de infra-estrutura é um empecilho ao desenvolvimento.

Até a virada do século, o Brasil era considerado como mercado de pouca importância pela maioria dos fornece-dores de equipamentos de mineração. Atualmente detentor do status de super potência na produção de produtos min-erais como o ferro, o país é considerado de importância estratégica vital. “A indús-tria de mineração do Brasil oferece um conjunto de profundas oportunidades que empresas como a Atlas Copco têm que aproveitar “, afirmou Paulo Almeida, gerente geral da Atlas Copco.

Segundo à Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), a fabricação de máquinas em geral e o for-necimento de equipamentos para toda a indústria brasileira gera US$ 80 bilhões por ano em receitas, 245 mil empregos e quatro mil empresas.

A perspectiva positiva da indústria de mineração do Brasil gera uma excelente motivação para uma maior expansão no fornecimento de equipamento espe-cializado, tanto de empresas nacionais quanto de internacionais. “Eu acredito que o PIB brasileiro vá crescer cerca de 10% a 11% no próximo ano”, disse Aurélio De Paula, presidente da Majes-

tic, fabricante de médio porte. “Temos atualmente uma economia muito estável, uma população crescente de consumo, bem como fortes bases de industria e de agricultura, além da evidente riqueza em matérias-primas. Este progresso é a principal razão pela qual tantas empre-sas internacionais começaram a se focar no crescimento brasileiro”.

O Custo BrasilAtualmente a ecnomia brasileira está classificada como o décimo primeiro mer-cado produtor de bens de capital, sendo que há quarenta anos ocupava a quarta posição. Esta queda pode ser atribuída em parte à uma tendência geral no mer-cado brasileiro de bens de capital, cada vez mais evidente desde 2005: a escolha pela expansão das importações da Ásia e o declínio da indústria doméstica no Brasil. A principal razão para o declínio nacional é chamado pela ABIMAQ como o “Custo Brasil”, na qual o Brasil é avali-ado como 44% menos competitivo para a fabricação de bens de capital em compa-ração aos fornecedores líderes mundiais comoa Alemanha e os Estados Unidos.

A infra-estrutura relativamente sub-de-senvolvida do país, que coloca pressões inflacionárias sobre os custos de insu-mos em toda a cadeia de suprimentos é um fator determinante do “Custo Brasil”, assim como as altas taxas de impostos e a taxa de câmbio extremamente des-favorável para os produtores nacionais competirem internacionalmente.

As taxas de empréstimos comercias dos bancos estatais no Brasil são algu-mas das mais altas do mundo para uma economia chave, com exigências de ga-rantia de até 130%. Em suma, o ambiente de negócios domésticos do Brasil é proi-bitivo para a fabricação industrial. A ABI-MAQ, avalia as importações internacio-nais da China como sendo 100% mais competitivas do que suas corresponden-tes brasileiras.

“As empresas que operam no Brasil estão progressivamente transferindo a produção para o exterior, para cortar custos”, constatou Marcelus Geraldo de Araujo, presidente da Tecnometal. “As empresas brasileiras em particular sofrem concorrência de produtos chineses bara-tos, que têm a vantagem de uma moeda artificialmente subvalorizada”, disse.

Apesar do Brasil ter um regime fiscal muito elevado para importações desti-nadas ao país, a atual disparidade com-petitiva que os fabricantes nacionais têm de suportar está prestes a definir uma tendência de desindustrialização. Assim a indústria de minérios está procurando cada vez mais longe para encontrar os bens de capital necessarios para o func-ionamento da indústria brasileira.

Do ponto de vista de investimento, esta tendência abre as portas para os importadores de bens de capital que querem entrar no vibrante mercado de mineração brasileiro. Com previsões positivas para as taxas de crescimento dentro do setor de mineração no país e as atuais pressões sobre prazos de en-trega, o mercado de mineração brasileiro apresenta oportunidades extraordinárias para os investidores internacionais e for-necedores. A força do Real é outro fator que torna a importação para o mercado brasileiro ainda mais interessante do ponto de vista de fontes internacionais.

Infra-estrutura e Mão de ObraOs já conhecidos déficits brasileiros em infra-estrutura, energia acessível e mão de obra qualificada continuam a ser os principais fatores inibindo o crescimen-to do mercado. “O mercado brasileiro carece de profissionais de recursos hu-manos. Como a demanda é muito alta, há uma forte concorrência para encon-trar profissionais qualificados”, confir-mou Victor Becattini, gerente regional da Sandvik. “Para superar isso, nós finan-ciamos projetos de formação para os nossos funcionários. A falta de infra-es-trutura aumenta o preço de importação de máquinas e os prazos de entrega aos nossos clientes, problema que também ocorre com nossos concorrentes”.

É importante, tanto para as empresas novas e para as já estabelecidas, focar no investimento sustentável no Brasil a fim de manter o fornecimento de insu-mos fundamentais, como profissionais qualificados, assim como produzir re-spostas estratégicas e inovadoras em termos de como superar os desafios de negócios associados ao transporte e in-fra-estrutura energética. A indústria de mineração brasileira está num período de demanda extraordinariamente el-evada para as entradas de capital fixo, e é vital para as empresas concorrentes no mercado inovarem de todas as ma-

neiras possíveis, que lhes dará uma van-tagem sobre seus homólogos operando no mercado.

Dante De Matos, gerente no país da Outotec, empresa relativamente nova no mercado, enfatiza a opinião da indústria em relação à mão de obra e a infra-es-trutura no Brasil: “O desafio fundamental é a falta de funcionários bem treinados e qualificados, devido ao boom da in-dústria e a conseqüente necessidade de profissionais treinados. Há uma enorme demanda por mineradores, metalúrgicos e engenheiros civis. O Brasil também ca-rece de infra-estrutura e oleodutos para transporte de pessoas, materiais e mer-cadorias. Para ser competitivo é preciso ter bons profissionais, que contribuam com capacidades de engenharia e téc-nica.”

Apesar da gama de desafios para os grandes fornecedores que operam no mercado de mineração do Brasil, a indústria continua sendo muito com-petitiva. Isto se deve em grande parte à presença de uma cultura de inovação raramente existente em mercados emer-gentes. O consenso entre os líderes de negócios do Brasil é que o ambiente desafiador tem ajudado a estimular uma cultura operacional de paciência e capa-cidade de adaptação e também estimu-lou algumas empresas líderes mundiais em termos de design e engenharia.

As normas ambientais brasileiras, cada vez mais rigorosas, são outra força motriz para a inovação na engenharia nacional e indústrias de fabricaçåno. Fundada em 1994, a fornecedora de soluções ambientais Enfil está se tor-nando um jogador cada vez mais re-conhecido internacionalmente. Franco Castellani Tabani, diretor da empresa, atribui esse sucesso ao investimento sustentado na investigação e no desen-volvimento. “A tecnologia aplicada aos sistemas oferecidos pela Enfil é resulta-do de anos dedicados à pesquisa e de-senvolvimento, aplicados a centenas de sistemas que a empresa prestou a toda a indústria de mineração. A Enfil possui um histórico comprovado de eficiência para o desenvolvimento de equipamen-tos e sistemas para o controle atmos-férico de água e tratamento de efluen-tes líquidos. A empresa desenvolve sua própria tecnologia, bem como colabora com companhias internacionais de con-sultoria, a fim de desenvolver as mais inovadoras tecnologias disponíveis no cenário global”.

Quem está de fora muitas vezes se surpreende com a confiança das em-presas brasileiras em sua capacidade de inovar. A negociação das miríades da sofisticada administração e outros obs-táculos que o Brasil joga em seu camin-ho dá aos empresários brasileiros uma

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A capacidade de infraestrutura permanece um dos desafios fundamentais para operadores mineiros no Brasil. (Foto cortesia da Alcoa)

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Serviços Brasileiros e Rede de Fornecedores de Equipamentos Os abundantes recursos minerais da nação têm atraído o interesse de grandes investidores internacionais, mas a falta de infra-estrutura é um empecilho ao desenvolvimento.

Até a virada do século, o Brasil era considerado como mercado de pouca importância pela maioria dos fornece-dores de equipamentos de mineração. Atualmente detentor do status de super potência na produção de produtos min-erais como o ferro, o país é considerado de importância estratégica vital. “A indús-tria de mineração do Brasil oferece um conjunto de profundas oportunidades que empresas como a Atlas Copco têm que aproveitar “, afirmou Paulo Almeida, gerente geral da Atlas Copco.

Segundo à Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), a fabricação de máquinas em geral e o for-necimento de equipamentos para toda a indústria brasileira gera US$ 80 bilhões por ano em receitas, 245 mil empregos e quatro mil empresas.

A perspectiva positiva da indústria de mineração do Brasil gera uma excelente motivação para uma maior expansão no fornecimento de equipamento espe-cializado, tanto de empresas nacionais quanto de internacionais. “Eu acredito que o PIB brasileiro vá crescer cerca de 10% a 11% no próximo ano”, disse Aurélio De Paula, presidente da Majes-

tic, fabricante de médio porte. “Temos atualmente uma economia muito estável, uma população crescente de consumo, bem como fortes bases de industria e de agricultura, além da evidente riqueza em matérias-primas. Este progresso é a principal razão pela qual tantas empre-sas internacionais começaram a se focar no crescimento brasileiro”.

O Custo BrasilAtualmente a ecnomia brasileira está classificada como o décimo primeiro mer-cado produtor de bens de capital, sendo que há quarenta anos ocupava a quarta posição. Esta queda pode ser atribuída em parte à uma tendência geral no mer-cado brasileiro de bens de capital, cada vez mais evidente desde 2005: a escolha pela expansão das importações da Ásia e o declínio da indústria doméstica no Brasil. A principal razão para o declínio nacional é chamado pela ABIMAQ como o “Custo Brasil”, na qual o Brasil é avali-ado como 44% menos competitivo para a fabricação de bens de capital em compa-ração aos fornecedores líderes mundiais comoa Alemanha e os Estados Unidos.

A infra-estrutura relativamente sub-de-senvolvida do país, que coloca pressões inflacionárias sobre os custos de insu-mos em toda a cadeia de suprimentos é um fator determinante do “Custo Brasil”, assim como as altas taxas de impostos e a taxa de câmbio extremamente des-favorável para os produtores nacionais competirem internacionalmente.

As taxas de empréstimos comercias dos bancos estatais no Brasil são algu-mas das mais altas do mundo para uma economia chave, com exigências de ga-rantia de até 130%. Em suma, o ambiente de negócios domésticos do Brasil é proi-bitivo para a fabricação industrial. A ABI-MAQ, avalia as importações internacio-nais da China como sendo 100% mais competitivas do que suas corresponden-tes brasileiras.

“As empresas que operam no Brasil estão progressivamente transferindo a produção para o exterior, para cortar custos”, constatou Marcelus Geraldo de Araujo, presidente da Tecnometal. “As empresas brasileiras em particular sofrem concorrência de produtos chineses bara-tos, que têm a vantagem de uma moeda artificialmente subvalorizada”, disse.

Apesar do Brasil ter um regime fiscal muito elevado para importações desti-nadas ao país, a atual disparidade com-petitiva que os fabricantes nacionais têm de suportar está prestes a definir uma tendência de desindustrialização. Assim a indústria de minérios está procurando cada vez mais longe para encontrar os bens de capital necessarios para o func-ionamento da indústria brasileira.

Do ponto de vista de investimento, esta tendência abre as portas para os importadores de bens de capital que querem entrar no vibrante mercado de mineração brasileiro. Com previsões positivas para as taxas de crescimento dentro do setor de mineração no país e as atuais pressões sobre prazos de en-trega, o mercado de mineração brasileiro apresenta oportunidades extraordinárias para os investidores internacionais e for-necedores. A força do Real é outro fator que torna a importação para o mercado brasileiro ainda mais interessante do ponto de vista de fontes internacionais.

Infra-estrutura e Mão de ObraOs já conhecidos déficits brasileiros em infra-estrutura, energia acessível e mão de obra qualificada continuam a ser os principais fatores inibindo o crescimen-to do mercado. “O mercado brasileiro carece de profissionais de recursos hu-manos. Como a demanda é muito alta, há uma forte concorrência para encon-trar profissionais qualificados”, confir-mou Victor Becattini, gerente regional da Sandvik. “Para superar isso, nós finan-ciamos projetos de formação para os nossos funcionários. A falta de infra-es-trutura aumenta o preço de importação de máquinas e os prazos de entrega aos nossos clientes, problema que também ocorre com nossos concorrentes”.

É importante, tanto para as empresas novas e para as já estabelecidas, focar no investimento sustentável no Brasil a fim de manter o fornecimento de insu-mos fundamentais, como profissionais qualificados, assim como produzir re-spostas estratégicas e inovadoras em termos de como superar os desafios de negócios associados ao transporte e in-fra-estrutura energética. A indústria de mineração brasileira está num período de demanda extraordinariamente el-evada para as entradas de capital fixo, e é vital para as empresas concorrentes no mercado inovarem de todas as ma-

neiras possíveis, que lhes dará uma van-tagem sobre seus homólogos operando no mercado.

Dante De Matos, gerente no país da Outotec, empresa relativamente nova no mercado, enfatiza a opinião da indústria em relação à mão de obra e a infra-es-trutura no Brasil: “O desafio fundamental é a falta de funcionários bem treinados e qualificados, devido ao boom da in-dústria e a conseqüente necessidade de profissionais treinados. Há uma enorme demanda por mineradores, metalúrgicos e engenheiros civis. O Brasil também ca-rece de infra-estrutura e oleodutos para transporte de pessoas, materiais e mer-cadorias. Para ser competitivo é preciso ter bons profissionais, que contribuam com capacidades de engenharia e téc-nica.”

Apesar da gama de desafios para os grandes fornecedores que operam no mercado de mineração do Brasil, a indústria continua sendo muito com-petitiva. Isto se deve em grande parte à presença de uma cultura de inovação raramente existente em mercados emer-gentes. O consenso entre os líderes de negócios do Brasil é que o ambiente desafiador tem ajudado a estimular uma cultura operacional de paciência e capa-cidade de adaptação e também estimu-lou algumas empresas líderes mundiais em termos de design e engenharia.

As normas ambientais brasileiras, cada vez mais rigorosas, são outra força motriz para a inovação na engenharia nacional e indústrias de fabricaçåno. Fundada em 1994, a fornecedora de soluções ambientais Enfil está se tor-nando um jogador cada vez mais re-conhecido internacionalmente. Franco Castellani Tabani, diretor da empresa, atribui esse sucesso ao investimento sustentado na investigação e no desen-volvimento. “A tecnologia aplicada aos sistemas oferecidos pela Enfil é resulta-do de anos dedicados à pesquisa e de-senvolvimento, aplicados a centenas de sistemas que a empresa prestou a toda a indústria de mineração. A Enfil possui um histórico comprovado de eficiência para o desenvolvimento de equipamen-tos e sistemas para o controle atmos-férico de água e tratamento de efluen-tes líquidos. A empresa desenvolve sua própria tecnologia, bem como colabora com companhias internacionais de con-sultoria, a fim de desenvolver as mais inovadoras tecnologias disponíveis no cenário global”.

Quem está de fora muitas vezes se surpreende com a confiança das em-presas brasileiras em sua capacidade de inovar. A negociação das miríades da sofisticada administração e outros obs-táculos que o Brasil joga em seu camin-ho dá aos empresários brasileiros uma

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A capacidade de infraestrutura permanece um dos desafios fundamentais para operadores mineiros no Brasil. (Foto cortesia da Alcoa)

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atitude empreendedora e uma excelente habilidade de resolução de problemas. Empresas como a Enfil demonstram que o Brasil não é apenas um mercado emergente com grande potencial, mas também um ponto crucial para o de-senvolvimento de tecnologias novas e interessantes projetadas para ajudar na superação de muitos dos desafios da in-dústria de mineração no século 21.

Inovação na Indústria Pesada e Bens de CapitalA estrutura do mercado de bens de capi-tal no Brasil está madura e muitos dos maiores fornecedores de equipamen-tos de mineração do mundo - Caterpil-lar, Metso, Liebherr, Volvo, Atlas Copco, ESCO e SEW-EURODRIVE estão bem estabelecidos, alguns com grandes bas-es de produção no país. Além de tudo isso, as empresas brasileiras tecnologi-camente avançadas também têm uma forte presença: a Technometal, a SEM-CO, a CEMI, a GEOID e a Enfil lideram a indústria em áreas diversas como sistemas de automação, sistema de in-formação tecnológica e equipamento ambiental. Tanto em sua amplitude e profundidade, o mercado brasileiro de fornecimento de equipamentos é vasto. Particularmente interessante são as empresas brasileiras de equipamen-

tos de classe mundial, como a Tracbel e a Sotreq - representando respectiva-mente a Caterpillar e Volvo no Brasil - cuja gama de serviços adicionais são tão abrangentes quanto qualquer outra vista por toda indústria internacional de mineração.

A presença dos principais fornece-dores de equipamentos de mineração internacionais no setor de mineração do Brasil garante a qualidade tecnológica dos produtos em oferta. A vantagem competitiva é determinada, portanto, em função dos serviços adicionais que uma determinada empresa é capaz de ofer-ecer. Esta abordagem conceitual levou os fornecedores de equipamentos a ter também engenheiros nos principais lo-

cais de mineração do Brasil, realizando a manutenção e treinamento. “A divisão de mineração da Sotreq é muito forte no conceito de TCO (‘Total Cost of Owner-ship’ em Inglês, ou Custo Total de Pos-se), em que minimizamos o custo total de propriedade para os nossos clientes”, disse Marcello Ribeiro, diretor da divisão de mineração da Sotreq, fornecedora da Caterpillar. “O conceito fundamental da Sotreq é manter as máquinas que vende-mos com um elevado nível de disponibi-lidade, e ,a longo prazo conseguimos entre 85% e 90% de disponibilidade para os nossos clientes. Obviamente temos que ter algumas pausas para manuten-ção, no entanto todo o negócio é condu-zido visandoassegurar o mínimo tempo

de inatividade e uso máximo de eficiência para os nossos cli-entes. Para se ter uma idéia, temos cerca de mil funcionários distribuídos pelas operações de nossos clientes , oferecendo treinamento, manutenção,logística e outros vários serviços 24 horas por dia, sete dias por semana”, exemplificou.

O foco nos serviços de apoio na indústria de fornecimento de equipamentos pesados na mineração brasileira levou a inúmeras inovações tecnológicas. A Sotreq, por exemplo, utiliza tecnologia de satélite para monitorar o desempenho de suas máquinas em suas áreas de mineração em todo país; a Tracbel, fornecedora da Volvo, desenvolveu sua própria plataforma de software a fim de melhorar a oferta de serviços da empresa. “A Tracbel Volvo usa um pacote de software chamado Matéria, que gerencia as operações de nossas máquinas, o que nos permite acompanhar nossas operações e traçar a eficiência”, citou Luiz Gustavo Ro-cha, vice-presidente da Tracbel. “Com a MMX nós conseguimos, por exemplo, cuidar das máquinas em termos de manutenção e produtividade, garantindo que tenham uma capacidade de trabalho de 90% a 92% por semana com o menor consumo de combustível possível. Nossos engenheiros estão sempre situa-dos nas minas de nossos clientes, apoiando as operações em termos de assistência técnica e manutenção”.

A maior ênfase em serviços adicionais se estende às empre-sas multinacionais que operam no Brasil. A empresa sueca Sca-nia, que está presente no Brasil há mais de 50 anos, se prepara para estender seu funcionamento à prestação de mais serviços, como afirmou o diretor-geral Marcos Cesar Arantes. “Nos próxi-mos cinco anos, a Scania pretende desenvolver o seu segmento de serviços, a fim de fornecer as melhores soluções possíveis para nossos clientes. A empresa oferece a seus clientes no Brasil o mesmo nível de serviço e treinamento que podem ser encon-trados na Europa, o que é o ponto chave para que uma concor-rência em fornecimento de equipamentos seja bem sucedida na indústria da mineração brasileira”, apontou.

We are a growing company with big ideas.

In a changing world, we work with youto find answers to questions that never existed before. Together there is nothingwe can’t achieve.

By combining the expertise of world class companies Ausenco, Ascentis, PSI,Sandwell and Vector we set high standards for leading-edge engineering and project management services.

Through ingenuity we deliver extraordinary solutions in every phase of project delivery in the Energy, Environment & Sustainability, Minerals & Metals, Process Infrastructure and Program Management sectors.

For more information about our solutionsfor engineering and project managementor our global office locations,phone +55 (31) 3228 5400,email [email protected] visit www.ausenco.com

We discover through ingenuity. We lead by example.

Experience the Ausenco advantage

Marcelo Ribeiro,Diretor da Sotreq

Luiz Gustavo,Vice-Presidente da Tracbel

Alexandre Reis, Diretor de Ventas da SEW Eurodrive Brasil

A ambição da Ferrous é se tornar o quinto maior produtor de minério de férro do mundo até 2015. (Foto cortesia da Ferrous)

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atitude empreendedora e uma excelente habilidade de resolução de problemas. Empresas como a Enfil demonstram que o Brasil não é apenas um mercado emergente com grande potencial, mas também um ponto crucial para o de-senvolvimento de tecnologias novas e interessantes projetadas para ajudar na superação de muitos dos desafios da in-dústria de mineração no século 21.

Inovação na Indústria Pesada e Bens de CapitalA estrutura do mercado de bens de capi-tal no Brasil está madura e muitos dos maiores fornecedores de equipamen-tos de mineração do mundo - Caterpil-lar, Metso, Liebherr, Volvo, Atlas Copco, ESCO e SEW-EURODRIVE estão bem estabelecidos, alguns com grandes bas-es de produção no país. Além de tudo isso, as empresas brasileiras tecnologi-camente avançadas também têm uma forte presença: a Technometal, a SEM-CO, a CEMI, a GEOID e a Enfil lideram a indústria em áreas diversas como sistemas de automação, sistema de in-formação tecnológica e equipamento ambiental. Tanto em sua amplitude e profundidade, o mercado brasileiro de fornecimento de equipamentos é vasto. Particularmente interessante são as empresas brasileiras de equipamen-

tos de classe mundial, como a Tracbel e a Sotreq - representando respectiva-mente a Caterpillar e Volvo no Brasil - cuja gama de serviços adicionais são tão abrangentes quanto qualquer outra vista por toda indústria internacional de mineração.

A presença dos principais fornece-dores de equipamentos de mineração internacionais no setor de mineração do Brasil garante a qualidade tecnológica dos produtos em oferta. A vantagem competitiva é determinada, portanto, em função dos serviços adicionais que uma determinada empresa é capaz de ofer-ecer. Esta abordagem conceitual levou os fornecedores de equipamentos a ter também engenheiros nos principais lo-

cais de mineração do Brasil, realizando a manutenção e treinamento. “A divisão de mineração da Sotreq é muito forte no conceito de TCO (‘Total Cost of Owner-ship’ em Inglês, ou Custo Total de Pos-se), em que minimizamos o custo total de propriedade para os nossos clientes”, disse Marcello Ribeiro, diretor da divisão de mineração da Sotreq, fornecedora da Caterpillar. “O conceito fundamental da Sotreq é manter as máquinas que vende-mos com um elevado nível de disponibi-lidade, e ,a longo prazo conseguimos entre 85% e 90% de disponibilidade para os nossos clientes. Obviamente temos que ter algumas pausas para manuten-ção, no entanto todo o negócio é condu-zido visandoassegurar o mínimo tempo

de inatividade e uso máximo de eficiência para os nossos cli-entes. Para se ter uma idéia, temos cerca de mil funcionários distribuídos pelas operações de nossos clientes , oferecendo treinamento, manutenção,logística e outros vários serviços 24 horas por dia, sete dias por semana”, exemplificou.

O foco nos serviços de apoio na indústria de fornecimento de equipamentos pesados na mineração brasileira levou a inúmeras inovações tecnológicas. A Sotreq, por exemplo, utiliza tecnologia de satélite para monitorar o desempenho de suas máquinas em suas áreas de mineração em todo país; a Tracbel, fornecedora da Volvo, desenvolveu sua própria plataforma de software a fim de melhorar a oferta de serviços da empresa. “A Tracbel Volvo usa um pacote de software chamado Matéria, que gerencia as operações de nossas máquinas, o que nos permite acompanhar nossas operações e traçar a eficiência”, citou Luiz Gustavo Ro-cha, vice-presidente da Tracbel. “Com a MMX nós conseguimos, por exemplo, cuidar das máquinas em termos de manutenção e produtividade, garantindo que tenham uma capacidade de trabalho de 90% a 92% por semana com o menor consumo de combustível possível. Nossos engenheiros estão sempre situa-dos nas minas de nossos clientes, apoiando as operações em termos de assistência técnica e manutenção”.

A maior ênfase em serviços adicionais se estende às empre-sas multinacionais que operam no Brasil. A empresa sueca Sca-nia, que está presente no Brasil há mais de 50 anos, se prepara para estender seu funcionamento à prestação de mais serviços, como afirmou o diretor-geral Marcos Cesar Arantes. “Nos próxi-mos cinco anos, a Scania pretende desenvolver o seu segmento de serviços, a fim de fornecer as melhores soluções possíveis para nossos clientes. A empresa oferece a seus clientes no Brasil o mesmo nível de serviço e treinamento que podem ser encon-trados na Europa, o que é o ponto chave para que uma concor-rência em fornecimento de equipamentos seja bem sucedida na indústria da mineração brasileira”, apontou.

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Luiz Gustavo,Vice-Presidente da Tracbel

Alexandre Reis, Diretor de Ventas da SEW Eurodrive Brasil

A ambição da Ferrous é se tornar o quinto maior produtor de minério de férro do mundo até 2015. (Foto cortesia da Ferrous)

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A crescente presença física dos for-necedores nas minas, interagindo di-retamente e trabalhando em parceria com seus clientes para entender suas necessidades, é uma prova dos serviços disponíveis. Enquanto os fornecedores de equipamentos brasileiros estão sob pressões significativas de preços dos concorrentes internacionais, as sua ofer-tasde serviços têm crescido exponen-cialmente, o que é de suma relevância em termos de manutenção da competi-tividade do produto ao longo do ciclo de vida de bens de capital importantes, como infra-estrutura de fabricas. “A Poly-sius oferece uma gama de serviços com-plementares, tais como fornecimento de peças de reposição, instalação e super-

visão, além de realizar o treinamento em questões como segurança, eficiência, bem como muitos dos aspectos técnicos dos nossos equipamentos. A Polysius está pronta para incorporar funcionários dentro das operações, a fim de garantir que nossos produtos sejam utilizados em seu potencial máximo. Estar preparado para oferecer uma variedade completa de serviços aos nossos clientes proporciona aos nossos negócios uma proposição muito mais atraente para o mercado brasileiro de mineração”, disse Flavio Hanek, da Thyssen Krupp Polysius.

Assim como acontece com muitos dos mercados de mineração mais madu-ros do mundo, o foco dos fornecedores brasileiros é oferecer cada vez mais um

serviço abrangente, de ponta a ponta, para a sua base de clientes. Dado o crescimento previsto para a indústria de mineração do Brasil ao longo dos próximos cinco anos, pelo menos, há um enorme potencial para as empresas já estabilizadas para expandirem suas op-erações, assim como espaço para a en-trada de novos operadores no mercado. O plano industrial do Brasil de 2030 tam-bém oferece muitas oportunidades para as empresas especializadas que forem capazes de oferecer avançadas uni-dades de transformação que sustentem o movimento de ampliação da indústria de mineração no país.

“Mesmo a curto prazo, a mineração pode dar um enorme retorno sobre o in-vestimento”, disse Dante De Matos, da Outotec. “Eu acredito que a longo prazo a indústria da mineração brasileira deve-ria se voltar para vender mais produtos manufaturados. Para tanto, o engajamen-to de ambos os governos federal e es-tadual em conjunto com os executivos da indústria local seria de suma importância a fim de garantir um bom equilíbrio en-tre a demanda, o desenvolvimento local e a participação de fornecedores es-trangeiros na cadeia de produtos indus-triais do Brasil. Nós realmente acredita-mos que o mercado é forte e grande o suficiente para acomodar as demandas e aspirações de todos estes jogadores”.

Brasil Como Uma Base de FabricaçãoTanto as empresas nacionais e investi-dores internacionais estão preparando suas capacidades produtivas para as expectativas de grande crescimento ao longo dos próximos cinco anos. Neste contexto, há grandes oportunidades para novos jogadores para desenvolv-er franquias de sucesso ou abrir seus próprios negócios. A decisão estratégica para os fornecedores de equipamentos internacionais com interesse no mercado de mineração brasileiro é de localizar ou não suas bases de produção no país.

As atuais condições de mercado, com a moeda local supervalorizada, alto custo dos insumos para os fabricantes e uma falta de competitividade logica-mente ditam para as empresas com capacidade internacional produzirem em mercados de menor custo. Numerosos participantes internacionais têm, no en-tanto, reforçado seu compromisso com o Brasil ao manter suas bases produtivas no país. “A Tecnometal tem assegurado o controle sobre sua produção manten-do-a no Brasil e não terceirizando suas operações, estratégia que garante quali-dade. Consideramos que este é uma es-tratégia fundamental da nossa empresa, apesar de termos que sustentar as insta-

SEW Eurodrive investiu significativamente para ampliar sua capacidade industrial brasileira.(Foto cortesia da SEW Eurodrive)

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A crescente presença física dos for-necedores nas minas, interagindo di-retamente e trabalhando em parceria com seus clientes para entender suas necessidades, é uma prova dos serviços disponíveis. Enquanto os fornecedores de equipamentos brasileiros estão sob pressões significativas de preços dos concorrentes internacionais, as sua ofer-tasde serviços têm crescido exponen-cialmente, o que é de suma relevância em termos de manutenção da competi-tividade do produto ao longo do ciclo de vida de bens de capital importantes, como infra-estrutura de fabricas. “A Poly-sius oferece uma gama de serviços com-plementares, tais como fornecimento de peças de reposição, instalação e super-

visão, além de realizar o treinamento em questões como segurança, eficiência, bem como muitos dos aspectos técnicos dos nossos equipamentos. A Polysius está pronta para incorporar funcionários dentro das operações, a fim de garantir que nossos produtos sejam utilizados em seu potencial máximo. Estar preparado para oferecer uma variedade completa de serviços aos nossos clientes proporciona aos nossos negócios uma proposição muito mais atraente para o mercado brasileiro de mineração”, disse Flavio Hanek, da Thyssen Krupp Polysius.

Assim como acontece com muitos dos mercados de mineração mais madu-ros do mundo, o foco dos fornecedores brasileiros é oferecer cada vez mais um

serviço abrangente, de ponta a ponta, para a sua base de clientes. Dado o crescimento previsto para a indústria de mineração do Brasil ao longo dos próximos cinco anos, pelo menos, há um enorme potencial para as empresas já estabilizadas para expandirem suas op-erações, assim como espaço para a en-trada de novos operadores no mercado. O plano industrial do Brasil de 2030 tam-bém oferece muitas oportunidades para as empresas especializadas que forem capazes de oferecer avançadas uni-dades de transformação que sustentem o movimento de ampliação da indústria de mineração no país.

“Mesmo a curto prazo, a mineração pode dar um enorme retorno sobre o in-vestimento”, disse Dante De Matos, da Outotec. “Eu acredito que a longo prazo a indústria da mineração brasileira deve-ria se voltar para vender mais produtos manufaturados. Para tanto, o engajamen-to de ambos os governos federal e es-tadual em conjunto com os executivos da indústria local seria de suma importância a fim de garantir um bom equilíbrio en-tre a demanda, o desenvolvimento local e a participação de fornecedores es-trangeiros na cadeia de produtos indus-triais do Brasil. Nós realmente acredita-mos que o mercado é forte e grande o suficiente para acomodar as demandas e aspirações de todos estes jogadores”.

Brasil Como Uma Base de FabricaçãoTanto as empresas nacionais e investi-dores internacionais estão preparando suas capacidades produtivas para as expectativas de grande crescimento ao longo dos próximos cinco anos. Neste contexto, há grandes oportunidades para novos jogadores para desenvolv-er franquias de sucesso ou abrir seus próprios negócios. A decisão estratégica para os fornecedores de equipamentos internacionais com interesse no mercado de mineração brasileiro é de localizar ou não suas bases de produção no país.

As atuais condições de mercado, com a moeda local supervalorizada, alto custo dos insumos para os fabricantes e uma falta de competitividade logica-mente ditam para as empresas com capacidade internacional produzirem em mercados de menor custo. Numerosos participantes internacionais têm, no en-tanto, reforçado seu compromisso com o Brasil ao manter suas bases produtivas no país. “A Tecnometal tem assegurado o controle sobre sua produção manten-do-a no Brasil e não terceirizando suas operações, estratégia que garante quali-dade. Consideramos que este é uma es-tratégia fundamental da nossa empresa, apesar de termos que sustentar as insta-

SEW Eurodrive investiu significativamente para ampliar sua capacidade industrial brasileira.(Foto cortesia da SEW Eurodrive)

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lações de produção mesmo quando não há trabalho encomendado”, ressaltou Marcelus Geraldo de Araújo, presidente da Tecnometal.

Não é surprendente que muitas out-ras empresas brasileiras têm optado por diversificar a sua base de fabricação, como a Enfil. “A Enfil possui uma fábrica no Brasil, mas produzimos a maior parte de nossos equipamentos na China, por ser mais competitivo. Para nós faz sen-tido fazer isso para mantermos nossa quota de mercado em relação à concor-rência”, contou Franco Castellani Tabani, diretor da empresa.

SEW Eurodrive, líder no mercado na-cional no fornecimento de tecnologias de engenharia de engrenagem, é outra empresa cuja base de fabricação nacio-nal é de suma importância. A companhia tem uma fábrica grande na área de Gua-rulhos, em São Paulo, e investiu US$ 235 milhões na consolidação da capacidade de produção da empresa no Brasil - ten-do em vista a previsão de rápido aumen-to na demanda do setor de mineração ao longo dos próximos cinco anos.

“A SEW tem um centro de serviços em todos os estados brasileiros, o que claramente nos diferencia da concorrên-cia em um mercado onde a prioridade é baseada 100% na confiabilidade e na produtividade”, disse Alexandre dos Reis, diretor comercial da SEW.

Para várias empresas, uma presença forte no Brasil aumenta o acesso ao res-to do mercado latino-americano. “Com nossa base de fabricação no Brasil, so-mos muito mais capazes de nos adaptar às novas exigências dos nossos clien-tes, bem como aumentar a nossa quota de mercado na região, em países como Colômbia e Chile”, especificou Daniel Ro-setti, diretor da empresa familiar Rosetti. “A Rosetti está atualmente em processo de expansão de nossa base manufatu-reira brasileira em São Paulo em 40%, a fim de capitalizar sobre o crescimento espetacular que o setor de mineração brasileira está vivenciando”.

Dada a dimensão do mercado brasileiro e da dominação da economia do país na América Latina, as empresas internacionais também estão cada vez mais usando o Brasil como uma base para entrar no mercado latino-americano e posteriormente expandir suas opera-ções por todo o continente. “O Brasil é um grande mercado emergente com diversificados interesses econômicos em setores-chaves da indústria, como o petróleo, a agricultura e gás e minerais”, disse Enir Coutinho, Diretor da America do Sul da empresa internacional de ser-viços laboratoriais Intertek. “Somos uma grande empresa internacional sediada em Londres e com grande força através de toda a Ásia e Australásia. A Intertek

Minerais entrou no mercado latino-amer-icano em 2008, com uma estratégia clara para o rápido e forte crescimento, e hoje em dia ocupamos aproximadamente 15% do mercado mineral no Brasil. A idéia agora é usar esse crescimento para desenvolver mercados de outros impor-tantes países sul-americanos como o Chile e Peru”, disse

Por sua vez, a ESCO Corp, que já op-era no Brasil desde a década de 1960, adquiriu a empresa nacional Solder-ing em 2007, a fim de consolidar a sua posição no mercado brasileiro. “Nós aumentamos significativamente nos-sos ganhos no Brasil com a aquisição de 60% desta companhia”, contabilizou José Rogério de Paula Silva, da ESCO. “A principal atração do mercado de min-eração brasileiro foi o” boom “de minério de ferro que vem ocorrendo. Empresas como a Vale e a MMX têm aumentado significativamente a produção nos últi-mos anos e essa oportunidade tem sido considerada como boa demais para ser jogada fora”. Como o mercado brasileiro de mineração continua a evoluir para estratégias de aquisições cada vez mais focada nos requisitos de confiabilidade e produtividade máxima, uma base de fab-ricação nacional combinada com uma proposta de serviço abrangente é cada vez mais a escolha de fornecedores de equipamentos que operam no país.

Consultoria e EngenhariaApesar de sofrer uma recente retração na demanda causada pela crise financeira mundial, o mercado brasileiro de ser-viços de mineração e de engenharia tem seguido a tendência de forte crescimento do amplo mercado de mineração.

O crescimento do mercado brasileiro, associado às previsões de sua futura expansão, tem causado investimentos, parcerias e o aparecimento de pequenas consultorias por todo o setor. Apesar da presença das melhores e mais conheci-das empresas de mineração e de consul-toria do mundo, como a SRK e a Worley Parsons, o mercado de serviços no Brasil também está cheio de empresas nacio-nais, que estão competindo para desen-volver as tecnologias mais avançadas que superem a miríade de desafios presentes para os mineradores no país. “Como a demanda por pessoal qualificado é muito grande no Brasil, investir fortemente na capacitação de nossa equipe é de vital importância para a sustentabilidade a longo prazo da nossa contínua expansão dos negócios. Nós investimos muito em nossa equipe de geólogos e engenhei-ros, os enviandos para várias partes do mundo como a Inglaterra ou a Austrália para continuar a desenvolver as suas aptidões e capacidade”, contou Gielson Coutinho, diretor da SRK no Brasil.

A grande maioria dos engenheiros e consultores que trabalham no mercado interno são brasileiros, o que serve para atenuar os problemas laborais que ex-istem em toda a indústria de mineração do Brasil. Os engenheiros locais têm de-senvolvido alguns dos mais complexos projetos operacionais de mineração do mundo, como o Complexo de Carajás e a infra-estrutura de apoio para as op-erações da Mineração Rio do Norte nas profundezas da Amazônia. “Eu diria para as empresas internacionais que preten-dem vir para o Brasil que o aspecto mais importante para garantir um projeto bem

sucedido é dar valor ao trabalho qualifi-cado da população local. Acima de tudo, não subestime o valor e a qualidade dos engenheiros brasileiros” aconselhou Ri-cardo José Barella, presidente nacional da empresa de engenharia Progen.

A empresa brasileira de engenharia Brasfond é um excelente exemplo da singular perícia de engenharia do país, tendo se estabelecido como líder no desenvolvimento de engenharia subter-rânea. Uma série de outras empresas já começam a dar seus primeiros passos na expansão internacional, com particu-lar incidência nas regiões de língua por-

Engenheiros trabalhando na mina New Serra Pelada, operada por Colossus Minerals(Foto cortesia de Colossus Minerals)

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lações de produção mesmo quando não há trabalho encomendado”, ressaltou Marcelus Geraldo de Araújo, presidente da Tecnometal.

Não é surprendente que muitas out-ras empresas brasileiras têm optado por diversificar a sua base de fabricação, como a Enfil. “A Enfil possui uma fábrica no Brasil, mas produzimos a maior parte de nossos equipamentos na China, por ser mais competitivo. Para nós faz sen-tido fazer isso para mantermos nossa quota de mercado em relação à concor-rência”, contou Franco Castellani Tabani, diretor da empresa.

SEW Eurodrive, líder no mercado na-cional no fornecimento de tecnologias de engenharia de engrenagem, é outra empresa cuja base de fabricação nacio-nal é de suma importância. A companhia tem uma fábrica grande na área de Gua-rulhos, em São Paulo, e investiu US$ 235 milhões na consolidação da capacidade de produção da empresa no Brasil - ten-do em vista a previsão de rápido aumen-to na demanda do setor de mineração ao longo dos próximos cinco anos.

“A SEW tem um centro de serviços em todos os estados brasileiros, o que claramente nos diferencia da concorrên-cia em um mercado onde a prioridade é baseada 100% na confiabilidade e na produtividade”, disse Alexandre dos Reis, diretor comercial da SEW.

Para várias empresas, uma presença forte no Brasil aumenta o acesso ao res-to do mercado latino-americano. “Com nossa base de fabricação no Brasil, so-mos muito mais capazes de nos adaptar às novas exigências dos nossos clien-tes, bem como aumentar a nossa quota de mercado na região, em países como Colômbia e Chile”, especificou Daniel Ro-setti, diretor da empresa familiar Rosetti. “A Rosetti está atualmente em processo de expansão de nossa base manufatu-reira brasileira em São Paulo em 40%, a fim de capitalizar sobre o crescimento espetacular que o setor de mineração brasileira está vivenciando”.

Dada a dimensão do mercado brasileiro e da dominação da economia do país na América Latina, as empresas internacionais também estão cada vez mais usando o Brasil como uma base para entrar no mercado latino-americano e posteriormente expandir suas opera-ções por todo o continente. “O Brasil é um grande mercado emergente com diversificados interesses econômicos em setores-chaves da indústria, como o petróleo, a agricultura e gás e minerais”, disse Enir Coutinho, Diretor da America do Sul da empresa internacional de ser-viços laboratoriais Intertek. “Somos uma grande empresa internacional sediada em Londres e com grande força através de toda a Ásia e Australásia. A Intertek

Minerais entrou no mercado latino-amer-icano em 2008, com uma estratégia clara para o rápido e forte crescimento, e hoje em dia ocupamos aproximadamente 15% do mercado mineral no Brasil. A idéia agora é usar esse crescimento para desenvolver mercados de outros impor-tantes países sul-americanos como o Chile e Peru”, disse

Por sua vez, a ESCO Corp, que já op-era no Brasil desde a década de 1960, adquiriu a empresa nacional Solder-ing em 2007, a fim de consolidar a sua posição no mercado brasileiro. “Nós aumentamos significativamente nos-sos ganhos no Brasil com a aquisição de 60% desta companhia”, contabilizou José Rogério de Paula Silva, da ESCO. “A principal atração do mercado de min-eração brasileiro foi o” boom “de minério de ferro que vem ocorrendo. Empresas como a Vale e a MMX têm aumentado significativamente a produção nos últi-mos anos e essa oportunidade tem sido considerada como boa demais para ser jogada fora”. Como o mercado brasileiro de mineração continua a evoluir para estratégias de aquisições cada vez mais focada nos requisitos de confiabilidade e produtividade máxima, uma base de fab-ricação nacional combinada com uma proposta de serviço abrangente é cada vez mais a escolha de fornecedores de equipamentos que operam no país.

Consultoria e EngenhariaApesar de sofrer uma recente retração na demanda causada pela crise financeira mundial, o mercado brasileiro de ser-viços de mineração e de engenharia tem seguido a tendência de forte crescimento do amplo mercado de mineração.

O crescimento do mercado brasileiro, associado às previsões de sua futura expansão, tem causado investimentos, parcerias e o aparecimento de pequenas consultorias por todo o setor. Apesar da presença das melhores e mais conheci-das empresas de mineração e de consul-toria do mundo, como a SRK e a Worley Parsons, o mercado de serviços no Brasil também está cheio de empresas nacio-nais, que estão competindo para desen-volver as tecnologias mais avançadas que superem a miríade de desafios presentes para os mineradores no país. “Como a demanda por pessoal qualificado é muito grande no Brasil, investir fortemente na capacitação de nossa equipe é de vital importância para a sustentabilidade a longo prazo da nossa contínua expansão dos negócios. Nós investimos muito em nossa equipe de geólogos e engenhei-ros, os enviandos para várias partes do mundo como a Inglaterra ou a Austrália para continuar a desenvolver as suas aptidões e capacidade”, contou Gielson Coutinho, diretor da SRK no Brasil.

A grande maioria dos engenheiros e consultores que trabalham no mercado interno são brasileiros, o que serve para atenuar os problemas laborais que ex-istem em toda a indústria de mineração do Brasil. Os engenheiros locais têm de-senvolvido alguns dos mais complexos projetos operacionais de mineração do mundo, como o Complexo de Carajás e a infra-estrutura de apoio para as op-erações da Mineração Rio do Norte nas profundezas da Amazônia. “Eu diria para as empresas internacionais que preten-dem vir para o Brasil que o aspecto mais importante para garantir um projeto bem

sucedido é dar valor ao trabalho qualifi-cado da população local. Acima de tudo, não subestime o valor e a qualidade dos engenheiros brasileiros” aconselhou Ri-cardo José Barella, presidente nacional da empresa de engenharia Progen.

A empresa brasileira de engenharia Brasfond é um excelente exemplo da singular perícia de engenharia do país, tendo se estabelecido como líder no desenvolvimento de engenharia subter-rânea. Uma série de outras empresas já começam a dar seus primeiros passos na expansão internacional, com particu-lar incidência nas regiões de língua por-

Engenheiros trabalhando na mina New Serra Pelada, operada por Colossus Minerals(Foto cortesia de Colossus Minerals)

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tuguesa da África, centros de mineração da América Latina e no Sul da Europa. Para empresas de engenharia e con-strução como a Brasfond, os frequentes debates sobre os desafios de infra-es-trutura brasileiras apresentam mais uma oportunidade de negócio do que uma ameaça para a capacidade operacional, de acordo com Dcio Libano, diretor ad-ministrativo da companhia. “Apesar dos enormes custos de suas operações, es-tamos vendo as empresas de mineração como MMX e a Vale fazendo uma enorme quantia de investimento privado para a expansão de sua capacidade logística e para transformar suas operações em produção. Este padrão de investimento só pode ser visto como uma oportuni-dade para as empresas de engenharia como a Brasfond”, concluiu.

Uma recente tendência vista é o au-mento de parcerias internacionais ou aquisições de empresas locais por em-presas internacionais de engenharia e consultoria. Eduardo Dias, diretor presidente da SNC-Lavalin Minercon-sult- grupo de engenharia e construção líder no desenvolvimento de infra-estru-tura - descreve os benefícios destas par-cerias. “A fusão da Minerconsult com a SNC-Lavalin facilitou o crescimento do nosso portfólio de serviços, bem como a expansão geográfica das operações da empresa no mercado internacional. Te-

mos sido capazes de alcançar este obje-tivo, preservando todas as características e agilidade da Minerconsult como uma empresa nacional brasileira que entende o mercado e a indústria local”.

A CNEC-WorleyParsons é outra re-cente fusão de uma empresa nacional de engenharia com outra internacional, já que a companhia brasileira CNEC foi adquirida pela WorleyParsons, empresa Australiana de engenharia. “Agora te-mos condições de oferecer uma gama completa de serviços, desde estudos conceituais e de viabilidade de engen-haria básica e detalhada, bem como uma completa gestão do programa”, citou José Ayres, presidente da CNEC Worley Parsons. “Nós combinamos as capacid-ades dos escritórios WorleyParsons fora do Brasil, que têm um banco de dados de projetos impressionante, com o nosso extenso conhecimento local do mercado brasileiro”.

Enquanto fusões cuidadosamente ge-ridas, como a existente entre SNC-La-valin e Minerconsult, e entre a CNEC e WorleyParsons se provaram rentáveis, isto nem sempre é o caso. “Muitos in-vestidores internacionais têm uma per-cepção distorcida do Brasil. As empresas estrangeiras sempre falam sobre a pro-cura de parceiros locais no país, mas na verdade eles não respeitam os pontos de vista e métodos de empresas daqui”, res-

saltou Marcelus Geraldo de Araujo, presi-dente da Tecnometal.

Na medida que a indústria de min-eração no Brasil continua a lutar por pa-drões mais elevados de sustentabilidade ambiental e de proteção em ambeientes hostis, inovar é a palavra chave. En-quanto o Brasil está repleto de conhe-cimentos de engenharia, as empresas internacionais do setor são capazes de alavancar seus recursos maiores e sua experiência a fim de obter uma vanta-gem competitiva. “A Martin Engineering tem um centro de pesquisa e desenvolvi-mento em nosso escritório corporativo nos Estados Unidos que desenvolve as mais recentes tecnologias para empresa em todo o mundo. Vamos lançar entre 12 e 15 produtos no mercado brasileiro em 2011”, contou Javier Schmal, diretor geral da Martin Engineering.

De acordo com Marco Aurélio Soares, diretor de operações da empresa de software CEMI, o mercado de mineração brasileira está se tornando mais autôno-mo e pode se tornar menos dependente nas pesquisa e no desenvolvimento real-izados no exterior para impulsioná-lo. “O Brasil mudou, está mais maduro e o setor de mineração está crescendo muito. Já não temos uma mentalidade colonial, so-mos capazes de construir nós mesmos e ser responsáveis pelo nosso próprio de-senvolvimento nacional”, afirmou.

Apesar de ter um nível de proficiência elevada, o segmento de serviços de min-eração brasileiros tem um extraordinário potencial para o crescimento devido aos desafios na indústria de mineração brasileira. Desde assegurar a sustent-abilidade ambiental até a execução da devida diligência nos mercados interna-cionais, o mercado brasileiro de minera-ção tem uma crescente e estratégica im-portância para uma rede de engenharias nacionais e internacionais e consultorias de mineração. “A BVP tem planos de au-mentar nosso faturamento em 10 vezes ao longo de 2011”, disse Sergio de Brito, presidente da BVP Engenharia. “Nosso posicionamento estratégico é trabalhar efetivamente com ambas as empresas nacionais e internacionais. O mercado brasileiro é extremamente excitante para a BVP agora, a economia brasileira se encontra em uma posição histórica e te-mos a clara intenção de aproveitar este momento”.

O Desafio do FinanciamentoO acesso ao financiamento é um obs-táculo para toda a economia brasileira epara a indústria de mineração em particular . O passado de instabilidade econômica e inflação no Brasil tornou a economia nacional e o setor de ser-viços financeiros avessos aos termos

convencionais de crédito e às taxas de juros acessíveis. Atualmente, a taxa de empréstimos comerciais do Brasil está acima de 11%, uma taxa considerada extensamente proibitiva em toda a ca-deia da indústria de mineração, desde o fornecimento de equipamentos até os requisitos operacionais básicos como gestão de fluxo de caixa.

Além de tudo isso, os bancos brasileiros desconfiam de devedores em potencial e criaram um regime de restrição de crédito àqueles sem um enorme extrato bancário. Quando questionado sobre as

razões para tais condições de crédito restritivas, como a exigência de garantia de 130% sobre os pedidos de emprés-timo, Paulo Moreira de Fonseca, diretor do BNDES, Banco Nacional de Desen-volvimento, explicou: “O Brasil tem um histórico de instabilidade econômica e inflação extraordinária, legado que tem impulsionado o setor bancário para exigir condições de crédito como esta”. “Num sentido mais amplo, o Brasil não tem um mercado financeiro desenvolvi-do e de liquidez como os da Europa ou da América do Norte. Ao longo do tempo

Jaguar é reconhecido como um dos produtores de ouro emergentes do Brasil. (Foto cortesia da Jaguar Mining)

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tuguesa da África, centros de mineração da América Latina e no Sul da Europa. Para empresas de engenharia e con-strução como a Brasfond, os frequentes debates sobre os desafios de infra-es-trutura brasileiras apresentam mais uma oportunidade de negócio do que uma ameaça para a capacidade operacional, de acordo com Dcio Libano, diretor ad-ministrativo da companhia. “Apesar dos enormes custos de suas operações, es-tamos vendo as empresas de mineração como MMX e a Vale fazendo uma enorme quantia de investimento privado para a expansão de sua capacidade logística e para transformar suas operações em produção. Este padrão de investimento só pode ser visto como uma oportuni-dade para as empresas de engenharia como a Brasfond”, concluiu.

Uma recente tendência vista é o au-mento de parcerias internacionais ou aquisições de empresas locais por em-presas internacionais de engenharia e consultoria. Eduardo Dias, diretor presidente da SNC-Lavalin Minercon-sult- grupo de engenharia e construção líder no desenvolvimento de infra-estru-tura - descreve os benefícios destas par-cerias. “A fusão da Minerconsult com a SNC-Lavalin facilitou o crescimento do nosso portfólio de serviços, bem como a expansão geográfica das operações da empresa no mercado internacional. Te-

mos sido capazes de alcançar este obje-tivo, preservando todas as características e agilidade da Minerconsult como uma empresa nacional brasileira que entende o mercado e a indústria local”.

A CNEC-WorleyParsons é outra re-cente fusão de uma empresa nacional de engenharia com outra internacional, já que a companhia brasileira CNEC foi adquirida pela WorleyParsons, empresa Australiana de engenharia. “Agora te-mos condições de oferecer uma gama completa de serviços, desde estudos conceituais e de viabilidade de engen-haria básica e detalhada, bem como uma completa gestão do programa”, citou José Ayres, presidente da CNEC Worley Parsons. “Nós combinamos as capacid-ades dos escritórios WorleyParsons fora do Brasil, que têm um banco de dados de projetos impressionante, com o nosso extenso conhecimento local do mercado brasileiro”.

Enquanto fusões cuidadosamente ge-ridas, como a existente entre SNC-La-valin e Minerconsult, e entre a CNEC e WorleyParsons se provaram rentáveis, isto nem sempre é o caso. “Muitos in-vestidores internacionais têm uma per-cepção distorcida do Brasil. As empresas estrangeiras sempre falam sobre a pro-cura de parceiros locais no país, mas na verdade eles não respeitam os pontos de vista e métodos de empresas daqui”, res-

saltou Marcelus Geraldo de Araujo, presi-dente da Tecnometal.

Na medida que a indústria de min-eração no Brasil continua a lutar por pa-drões mais elevados de sustentabilidade ambiental e de proteção em ambeientes hostis, inovar é a palavra chave. En-quanto o Brasil está repleto de conhe-cimentos de engenharia, as empresas internacionais do setor são capazes de alavancar seus recursos maiores e sua experiência a fim de obter uma vanta-gem competitiva. “A Martin Engineering tem um centro de pesquisa e desenvolvi-mento em nosso escritório corporativo nos Estados Unidos que desenvolve as mais recentes tecnologias para empresa em todo o mundo. Vamos lançar entre 12 e 15 produtos no mercado brasileiro em 2011”, contou Javier Schmal, diretor geral da Martin Engineering.

De acordo com Marco Aurélio Soares, diretor de operações da empresa de software CEMI, o mercado de mineração brasileira está se tornando mais autôno-mo e pode se tornar menos dependente nas pesquisa e no desenvolvimento real-izados no exterior para impulsioná-lo. “O Brasil mudou, está mais maduro e o setor de mineração está crescendo muito. Já não temos uma mentalidade colonial, so-mos capazes de construir nós mesmos e ser responsáveis pelo nosso próprio de-senvolvimento nacional”, afirmou.

Apesar de ter um nível de proficiência elevada, o segmento de serviços de min-eração brasileiros tem um extraordinário potencial para o crescimento devido aos desafios na indústria de mineração brasileira. Desde assegurar a sustent-abilidade ambiental até a execução da devida diligência nos mercados interna-cionais, o mercado brasileiro de minera-ção tem uma crescente e estratégica im-portância para uma rede de engenharias nacionais e internacionais e consultorias de mineração. “A BVP tem planos de au-mentar nosso faturamento em 10 vezes ao longo de 2011”, disse Sergio de Brito, presidente da BVP Engenharia. “Nosso posicionamento estratégico é trabalhar efetivamente com ambas as empresas nacionais e internacionais. O mercado brasileiro é extremamente excitante para a BVP agora, a economia brasileira se encontra em uma posição histórica e te-mos a clara intenção de aproveitar este momento”.

O Desafio do FinanciamentoO acesso ao financiamento é um obs-táculo para toda a economia brasileira epara a indústria de mineração em particular . O passado de instabilidade econômica e inflação no Brasil tornou a economia nacional e o setor de ser-viços financeiros avessos aos termos

convencionais de crédito e às taxas de juros acessíveis. Atualmente, a taxa de empréstimos comerciais do Brasil está acima de 11%, uma taxa considerada extensamente proibitiva em toda a ca-deia da indústria de mineração, desde o fornecimento de equipamentos até os requisitos operacionais básicos como gestão de fluxo de caixa.

Além de tudo isso, os bancos brasileiros desconfiam de devedores em potencial e criaram um regime de restrição de crédito àqueles sem um enorme extrato bancário. Quando questionado sobre as

razões para tais condições de crédito restritivas, como a exigência de garantia de 130% sobre os pedidos de emprés-timo, Paulo Moreira de Fonseca, diretor do BNDES, Banco Nacional de Desen-volvimento, explicou: “O Brasil tem um histórico de instabilidade econômica e inflação extraordinária, legado que tem impulsionado o setor bancário para exigir condições de crédito como esta”. “Num sentido mais amplo, o Brasil não tem um mercado financeiro desenvolvi-do e de liquidez como os da Europa ou da América do Norte. Ao longo do tempo

Jaguar é reconhecido como um dos produtores de ouro emergentes do Brasil. (Foto cortesia da Jaguar Mining)

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tenho certeza que isso vai mudar, mas por enquanto as empre-sas brasileiras de mineração estão em desvantagem competi-tiva em termos de acesso ao financiamento”.

A reavaliação do risco pelos credores e devedores, como re-sultado da crise financeira mundial resultou em um ambiente menos amigável e condições de financiamento ainda mais res-tritivas. De acordo com o DNPM, um grande número de licenças concedidas às empresas de mineração são devolvidas porque elas já não têm acesso ao crédito necessário para financiar a exploração ou o desenvolvimento do local. Para resolver este problema, o governo brasileiro tem adotado medidas legais que permitem as empresas obter empréstimos bancários com depósitos de minerais como forma de crédito. No entanto, mui-tos bancos demonstram cautela sobre a utilização de minas como uma garantia, uma vez que, caso as empresas vão à falência, retirar o dinheiro equivalente ao minério resulta num processo caro e complicado.

É de importância vital financiar a compra de equipamentos de uma maneira eficiente e econômica. Em coordenação com o Governo Federal, a ABIMAQ tem trabalhado para incenti-var o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial (BNDES) a estender o programa de Financiamento para Aquisição de Bens de Capital (FINAME) para até 10 anos. Den-tro das condições do FINAME, as compras de equipamentos podem ser financiadas a taxas significativamente inferiores à taxa básica de juros do Brasil de 11,75%. O FINAME tem mel-horado muito na manutenção do crescimento do mercado de fornecimento de equipamentos no Brasil durante e após a crise financeira global.

A fim de superar as limitações associadas às taxas de ban-cos comerciais extremamente proibitivas do Brasil e mercados de capitais sem liquidez, a maioria da indústria de mineração no país é financiada por mercados internacionais. A necessi-dade do financiamento internacional a nível nacional são uma importante fonte de oportunidade para o mercado de serviços e consultoria. “A ERM pode apoiar tecnicamente as empresas para arrecadar dinheiro através de bolsas de valores interna-cionais e mercados financeiros internacionais, gerindo-os para que os processos de aceitação sejam aprovados. Precisamos encontrar uma maneira de desenvolver os contatos internacio-nais e demonstrar as nossas competências e experiência para

clientes internacionais em potencial”, disse Walter Ladeira, diretor técnico da consultoria local ERM.

Há oportunidade para as empresas que possam prestar consultoria sobre estruturas de governância corporativa e processos de diligência que companhias precisam para ser apresentar nas princi-pais bolsas de valores do mundocomo a TSX, a AIM e a ASX. O regime financeiro subdesenvolvido e proibitivo do Brasil é considerado como uma oportunidade para os investidores internacionais e as consultorias terem um retorno em troca do financiamento para o crescente port-fólio das empresas junior no país.

Serviços de Digitalização GeofísicaOs serviços que fornecem informações sobre os 70% do território brasileiro que ainda são desconhecidos em termos de perfil geológico (e dão uma visão mais aprofundada dos 30% que já são conhe-cidos) são de particular importância para o mercado brasileiro. O perfil geográfico ajuda as empresas de mineração e ex-ploração na apuração potenciais areas para novos desenvolvimentos.

A CPRM é a agência governamental responsável pelo mapeamento geológi-co do país. “Eles fazem um bom trab-alho em termos de investimento em le-

vantamentos geofísicos, que são a base para o mapeamento geológico”, disse Jorge Hildenbrand, chefe da divisão de min-eração da Fugro Lasa.

“O grande problema para a CPRM é que ela não tem uma força grande o suficiente para enfrentar o desafio de mapear um país enorme como o Brasil. Atual-mente, menos de 30% do território brasileiro foi mapeado na escala 1:500.000 e menos de 5% do país foi mapeada na escala 1:50.000. Temos ap-enas o mapeamento geológico na esca-la 1:50.000 para as principais províncias minerais como Carajás. A maioria das Minas Gerais foi mapeado com escala 1:100.000, enquanto a região amazôni-ca, o oeste e a região centro-oeste têm escala 1:250.000 sobre as áreas bem mapeados. O resto do país é mapeado em escala de 1:1.000.000.

“O governo deveria acelerar o ma-peamento geológico do país, uma vez que isto é particularmente relevante para o crescimento do setor de mineração. Chile, Peru, Austrália, Canadá e África do Sul têm um mapeamento geológico bem detalhado, e não por coincidência

são os principais países de mineração. Nossa empresa tem se envolvido nas pesquisas realizadas em mais de 50% da região amazônica, e eu acredito que se esses dados fossem transformados em informações geológicas, iriam abrir imensas oportunidades para a indústria de mineração. O governo brasileiro tem feito investimentos consistentes em pes-quisas magnético-radiométricas, mas também deveria investir em novas tec-nologias como a gravidade aérea e pes-quisas eletromagnéticas. Isso poderia oferecer melhores oportunidades para o desenvolvimento da indústria e tam-bém um rápido e completo mapeamento geológico do território do Brasil”, disse Hildenbrand.

A contratação de trabalhadores e provedores locais é uma das políticas de Ferrous. Em Congonhas, a companhia assinou um acordo com a ADECON para manter o diálogo com os empreiteros locais. (Foto cortesia de Ferrous)

Luis Melges, Diretor Executivo da Golder Associates em Brasil

Paulo Libanio, Diretor regional da Ausenco Brasil

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tenho certeza que isso vai mudar, mas por enquanto as empre-sas brasileiras de mineração estão em desvantagem competi-tiva em termos de acesso ao financiamento”.

A reavaliação do risco pelos credores e devedores, como re-sultado da crise financeira mundial resultou em um ambiente menos amigável e condições de financiamento ainda mais res-tritivas. De acordo com o DNPM, um grande número de licenças concedidas às empresas de mineração são devolvidas porque elas já não têm acesso ao crédito necessário para financiar a exploração ou o desenvolvimento do local. Para resolver este problema, o governo brasileiro tem adotado medidas legais que permitem as empresas obter empréstimos bancários com depósitos de minerais como forma de crédito. No entanto, mui-tos bancos demonstram cautela sobre a utilização de minas como uma garantia, uma vez que, caso as empresas vão à falência, retirar o dinheiro equivalente ao minério resulta num processo caro e complicado.

É de importância vital financiar a compra de equipamentos de uma maneira eficiente e econômica. Em coordenação com o Governo Federal, a ABIMAQ tem trabalhado para incenti-var o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial (BNDES) a estender o programa de Financiamento para Aquisição de Bens de Capital (FINAME) para até 10 anos. Den-tro das condições do FINAME, as compras de equipamentos podem ser financiadas a taxas significativamente inferiores à taxa básica de juros do Brasil de 11,75%. O FINAME tem mel-horado muito na manutenção do crescimento do mercado de fornecimento de equipamentos no Brasil durante e após a crise financeira global.

A fim de superar as limitações associadas às taxas de ban-cos comerciais extremamente proibitivas do Brasil e mercados de capitais sem liquidez, a maioria da indústria de mineração no país é financiada por mercados internacionais. A necessi-dade do financiamento internacional a nível nacional são uma importante fonte de oportunidade para o mercado de serviços e consultoria. “A ERM pode apoiar tecnicamente as empresas para arrecadar dinheiro através de bolsas de valores interna-cionais e mercados financeiros internacionais, gerindo-os para que os processos de aceitação sejam aprovados. Precisamos encontrar uma maneira de desenvolver os contatos internacio-nais e demonstrar as nossas competências e experiência para

clientes internacionais em potencial”, disse Walter Ladeira, diretor técnico da consultoria local ERM.

Há oportunidade para as empresas que possam prestar consultoria sobre estruturas de governância corporativa e processos de diligência que companhias precisam para ser apresentar nas princi-pais bolsas de valores do mundocomo a TSX, a AIM e a ASX. O regime financeiro subdesenvolvido e proibitivo do Brasil é considerado como uma oportunidade para os investidores internacionais e as consultorias terem um retorno em troca do financiamento para o crescente port-fólio das empresas junior no país.

Serviços de Digitalização GeofísicaOs serviços que fornecem informações sobre os 70% do território brasileiro que ainda são desconhecidos em termos de perfil geológico (e dão uma visão mais aprofundada dos 30% que já são conhe-cidos) são de particular importância para o mercado brasileiro. O perfil geográfico ajuda as empresas de mineração e ex-ploração na apuração potenciais areas para novos desenvolvimentos.

A CPRM é a agência governamental responsável pelo mapeamento geológi-co do país. “Eles fazem um bom trab-alho em termos de investimento em le-

vantamentos geofísicos, que são a base para o mapeamento geológico”, disse Jorge Hildenbrand, chefe da divisão de min-eração da Fugro Lasa.

“O grande problema para a CPRM é que ela não tem uma força grande o suficiente para enfrentar o desafio de mapear um país enorme como o Brasil. Atual-mente, menos de 30% do território brasileiro foi mapeado na escala 1:500.000 e menos de 5% do país foi mapeada na escala 1:50.000. Temos ap-enas o mapeamento geológico na esca-la 1:50.000 para as principais províncias minerais como Carajás. A maioria das Minas Gerais foi mapeado com escala 1:100.000, enquanto a região amazôni-ca, o oeste e a região centro-oeste têm escala 1:250.000 sobre as áreas bem mapeados. O resto do país é mapeado em escala de 1:1.000.000.

“O governo deveria acelerar o ma-peamento geológico do país, uma vez que isto é particularmente relevante para o crescimento do setor de mineração. Chile, Peru, Austrália, Canadá e África do Sul têm um mapeamento geológico bem detalhado, e não por coincidência

são os principais países de mineração. Nossa empresa tem se envolvido nas pesquisas realizadas em mais de 50% da região amazônica, e eu acredito que se esses dados fossem transformados em informações geológicas, iriam abrir imensas oportunidades para a indústria de mineração. O governo brasileiro tem feito investimentos consistentes em pes-quisas magnético-radiométricas, mas também deveria investir em novas tec-nologias como a gravidade aérea e pes-quisas eletromagnéticas. Isso poderia oferecer melhores oportunidades para o desenvolvimento da indústria e tam-bém um rápido e completo mapeamento geológico do território do Brasil”, disse Hildenbrand.

A contratação de trabalhadores e provedores locais é uma das políticas de Ferrous. Em Congonhas, a companhia assinou um acordo com a ADECON para manter o diálogo com os empreiteros locais. (Foto cortesia de Ferrous)

Luis Melges, Diretor Executivo da Golder Associates em Brasil

Paulo Libanio, Diretor regional da Ausenco Brasil

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UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL UM RELATORIO DA GLObAL bUsInEss REpORTs pARA EnGInEERInG & MInInG JOURnAL

A Mineração da Amazônia A região amazônica tem um potencial para importantes recursos minerais não descobertos, além de grandes reser-vas de, em ordem de volume, minério de ferro, manganês, bauxita, ouro e es-tanho. No entanto há uma forte preocu-pação com a biodiversidade da floresta amazônica, que compreende 20% da produção mundial de florestas tropicais remanescentes e fornece abrigo a 10% das espécies de plantas e animais da Terra e remove o excesso de dióxido de carbono da atmosfera. Portanto, de acordo com o DNPM, a futura produção mineral vai depender muito do descobri-mento de novas abordagens e tecnolo-gias que permitam a mineração de uma maneira responsável e sustentável. “O país tem potencial para duplicar ou trip-licar a atual produção mineira”, diz Mar-celo Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração.

Segundo a instituição, as exportações da região amazônica somam quase 30% da indústria extrativa de mineração do Brasil. O estado amazônico do Pará, por exemplo, é o segundo maior exportador de mineração do país, depois de Minas Gerais. As exportações de minério de ferro da Amazônia totalizaram cerca de US$ 2,6 bilhões em 2008, seguido pelo cobre com US$ 515 milhões e do man-

ganês com US$ 402 milhões. No en-tanto, a exploração foi atingida pela crise financeira, com um número menor de garimpeiros rebentando em 2009.

Luis Melges, presidente da Golder Associates, trabalha no planejamento de desenvolvimento da mineração na região amazônica e conhece a complexi-dade do assunto. “A mineração em áreas remotas da floresta amazônica tem um impacto social muito elevado, levando em conta que milhares de pessoas mi-gram para a área dos projetos em busca de trabalho. A Golder Associates leva em conta todos os aspectos ambientais

e sociais que estão relacionados com o desenvolvimento de um novo projeto. A região de mineração de Carajás, ex-plorada pela Vale, é um bom exemplo, uma vez que as minas têm sido desen-volvidos na Floresta Nacional de Carajás - uma área de conservação - de forma sustentável”, relacionou o diretor. A sus-tentabilidade ambiental é de importância fundamental para a Golder.

Em alguns casos, a mineração respon-sável pode ter um impacto positivo sobre a área ao redor da floresta amazônica. De acordo com Ricardo Dequech, diretor da Mineração Buritirama, uma foto aérea

Since its inception in 2003, Yamana’s workforce has grown from 12 to over 9,000 employees, working at our operating

mines, development stage projects, exploration sites and administrative offices located in Argentina, Brazil, Canada, Chile, Colombia and Mexico.

Quality people are the foundation for Yamana’s continued success. We strive to create an environment that encourages innovation, manages change and nurtures

development. Every Yamana employee is empowered to pursue this philosophy.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

da mina de Buritirama mostra claramente uma ilha de floresta rodeada por campos agrícolas recentemente estabelecidos no local. “Com relação à mineração na Amazônia, o impacto da mina é limitado quando comparado com o impacto da agricultura intensiva”, disse ele. “Além disso, as empresas de mineração reinve-stem na sustentabilidade social e ambi-ental na área, já que estes temas se tor-naram essenciais na indústria.” Grande parte da produção futura de minerais vai depender de novas abordagens e no-vas tecnologias a serem aplicadas para o desenvolvimento econômico e social que protejam o meio ambiente de forma responsável e sustentável.

A floresta amazônica é o fornecedor de um quinto de toda a água doce de es-coamento livre do planeta e oo governo do Brasil pretende construir várias usinas hidrelétricas, a fim de produzir energia. Segundo o ministro brasileiro da min-eração, grandes investimentos precisam ser feitos em novas capacidades de produção ao longo dos próximos anos para desenvolver a economia e isso irá criar milhares de postos de trabalho.

Para projetos na floresta amazônica pode ser muito difícil ter acesso à ener-gia, então muitas empresas de minera-ção têm construído barragens próximas às suas operações. Por exemplo, a Vo-torantim, a segunda maior empresa de mineração no Brasil, produz cerca de 68% da energia necessária a partir de 33 usinas hidrelétricas e cinco termelétricas. A empresa é capaz de gerar 2.380 MW. “Buscamos a integração, a fim de man-ter os custos sob controle”, disse João Bosco Silva, presidente do Grupo, que revelou ainda que a Votorantim tem pla-nos para expandir sua produção de en-ergia para atingir um nível de produção de 85% da energia consumida.

Serviços de PerfuraçãoEmbora a indústria de mineração do Brasil é dominada por um punhado de grandes empresas com grande capa-cidade de integração vertical de suas operações, empresas independentes de perfuração dominam o mercado. Em ter-mos de estrutura de mercado, GEOSOL se destaca como a líder de mercado, seguida por várias empresas familiares brasileiras e um crescente número de jogadores internacionais como a Master Drilling, a Layne do Brasil e a Boart Long-year. Enquanto os jogadores importantes como a Vale ampliam seus orçamentos de exploração para centenas de milhões e os mercados financeiros mundiais se interessam mais nas empresas juniores do país, a previsão é que as oportuni-dades de empreiteiras de perfuração creçam. “O investimento contínuo em

tecnologia e capital humano sempre fez a GEOSOL se destacar no mercado de perfuração no Brasil e no mundo”, disse João Carvalho, presidente da empresa, que possui atualmente cerca de 250 plat-aformas de perfuração em operação.

GEOSOL, em parceria com a Funda-ção Victor Dequech, está pronta para criar um novo departamento dea pes-quisa, desenvolvimento e inovação . “Nós temos um foco especial em novas tecnologias para aumentar a produção e atingir os mais altos padrões de segu-rança. Nosso objetivo para os próximos cinco anos é nos tornar mais internacio-nal e aumentar nossa receita em 15% em 2011 “, disse Carvalho.

Preparados para Liderança?O mercado brasileiro de mineração é um de enorme potencial. Apesar de ter 70% de seu território desconhecido geologi-camente, o Brasil possui minas colossais como a de Carajás, no Pará e o Quadri-látero Ferrífero, em Minas Gerais.

O país enfrenta desafios semelhantes aos de muitas das principais economias de mineração do mundo: escassez de mão de obra qualificada, necessidade de melhorias na infra-estrutura e falta de eletricidade confiável e barata. O Brasil ainda enfrenta desafios singulares como a mineração na Amazônia e a rígida leg-

islação ambiental vigente. Apesar destes desafios, o mercado de mineração no Brasil vive um boom no presente, que deverá continar pelo menos pelos próxi-mos cinco anos.

Embora a China –líder do boom asiático – tenha uma enorme influên-cia no perfil da demanda do mercado brasileiro, a indústria brasileira tem visto um importante crescimento da demanda doméstica também.

O parque habitacional brasileiro tem um déficit de oito milhões de moradias, o que, combinado com o desenvolvimento de infra-estrutura do país para a próxima Olimpíada e Copa do Mundo, vai posi-cionar o Brasil como um dos mercados mais interessantes do mundo para o investimento internacional em toda a ca-deia produtiva de mineração.

“O Brasil está no meio de um momen-to histórico”, disse Da Souza Lima, presi-dente da GEOID.

“No passado, o Brasil viveu uma in-stabilidade política e econômica que acreditamos que já foram resolvidas. Há cada vez mais investimenos investimen-tos estrangeiros vindo para o mercado brasileiro, uma vez que os investidores estão cada vez mais interessados em de-senvolver seus negócios no país. O Bra-sil está agora em condições de cumprir seu enorme potencial como líder global na indústria de mineração “, finalizou.

Estoque de bauxita lavado (Foto courtesia de Alcoa)

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A Mineração da Amazônia A região amazônica tem um potencial para importantes recursos minerais não descobertos, além de grandes reser-vas de, em ordem de volume, minério de ferro, manganês, bauxita, ouro e es-tanho. No entanto há uma forte preocu-pação com a biodiversidade da floresta amazônica, que compreende 20% da produção mundial de florestas tropicais remanescentes e fornece abrigo a 10% das espécies de plantas e animais da Terra e remove o excesso de dióxido de carbono da atmosfera. Portanto, de acordo com o DNPM, a futura produção mineral vai depender muito do descobri-mento de novas abordagens e tecnolo-gias que permitam a mineração de uma maneira responsável e sustentável. “O país tem potencial para duplicar ou trip-licar a atual produção mineira”, diz Mar-celo Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração.

Segundo a instituição, as exportações da região amazônica somam quase 30% da indústria extrativa de mineração do Brasil. O estado amazônico do Pará, por exemplo, é o segundo maior exportador de mineração do país, depois de Minas Gerais. As exportações de minério de ferro da Amazônia totalizaram cerca de US$ 2,6 bilhões em 2008, seguido pelo cobre com US$ 515 milhões e do man-

ganês com US$ 402 milhões. No en-tanto, a exploração foi atingida pela crise financeira, com um número menor de garimpeiros rebentando em 2009.

Luis Melges, presidente da Golder Associates, trabalha no planejamento de desenvolvimento da mineração na região amazônica e conhece a complexi-dade do assunto. “A mineração em áreas remotas da floresta amazônica tem um impacto social muito elevado, levando em conta que milhares de pessoas mi-gram para a área dos projetos em busca de trabalho. A Golder Associates leva em conta todos os aspectos ambientais

e sociais que estão relacionados com o desenvolvimento de um novo projeto. A região de mineração de Carajás, ex-plorada pela Vale, é um bom exemplo, uma vez que as minas têm sido desen-volvidos na Floresta Nacional de Carajás - uma área de conservação - de forma sustentável”, relacionou o diretor. A sus-tentabilidade ambiental é de importância fundamental para a Golder.

Em alguns casos, a mineração respon-sável pode ter um impacto positivo sobre a área ao redor da floresta amazônica. De acordo com Ricardo Dequech, diretor da Mineração Buritirama, uma foto aérea

Since its inception in 2003, Yamana’s workforce has grown from 12 to over 9,000 employees, working at our operating

mines, development stage projects, exploration sites and administrative offices located in Argentina, Brazil, Canada, Chile, Colombia and Mexico.

Quality people are the foundation for Yamana’s continued success. We strive to create an environment that encourages innovation, manages change and nurtures

development. Every Yamana employee is empowered to pursue this philosophy.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

da mina de Buritirama mostra claramente uma ilha de floresta rodeada por campos agrícolas recentemente estabelecidos no local. “Com relação à mineração na Amazônia, o impacto da mina é limitado quando comparado com o impacto da agricultura intensiva”, disse ele. “Além disso, as empresas de mineração reinve-stem na sustentabilidade social e ambi-ental na área, já que estes temas se tor-naram essenciais na indústria.” Grande parte da produção futura de minerais vai depender de novas abordagens e no-vas tecnologias a serem aplicadas para o desenvolvimento econômico e social que protejam o meio ambiente de forma responsável e sustentável.

A floresta amazônica é o fornecedor de um quinto de toda a água doce de es-coamento livre do planeta e oo governo do Brasil pretende construir várias usinas hidrelétricas, a fim de produzir energia. Segundo o ministro brasileiro da min-eração, grandes investimentos precisam ser feitos em novas capacidades de produção ao longo dos próximos anos para desenvolver a economia e isso irá criar milhares de postos de trabalho.

Para projetos na floresta amazônica pode ser muito difícil ter acesso à ener-gia, então muitas empresas de minera-ção têm construído barragens próximas às suas operações. Por exemplo, a Vo-torantim, a segunda maior empresa de mineração no Brasil, produz cerca de 68% da energia necessária a partir de 33 usinas hidrelétricas e cinco termelétricas. A empresa é capaz de gerar 2.380 MW. “Buscamos a integração, a fim de man-ter os custos sob controle”, disse João Bosco Silva, presidente do Grupo, que revelou ainda que a Votorantim tem pla-nos para expandir sua produção de en-ergia para atingir um nível de produção de 85% da energia consumida.

Serviços de PerfuraçãoEmbora a indústria de mineração do Brasil é dominada por um punhado de grandes empresas com grande capa-cidade de integração vertical de suas operações, empresas independentes de perfuração dominam o mercado. Em ter-mos de estrutura de mercado, GEOSOL se destaca como a líder de mercado, seguida por várias empresas familiares brasileiras e um crescente número de jogadores internacionais como a Master Drilling, a Layne do Brasil e a Boart Long-year. Enquanto os jogadores importantes como a Vale ampliam seus orçamentos de exploração para centenas de milhões e os mercados financeiros mundiais se interessam mais nas empresas juniores do país, a previsão é que as oportuni-dades de empreiteiras de perfuração creçam. “O investimento contínuo em

tecnologia e capital humano sempre fez a GEOSOL se destacar no mercado de perfuração no Brasil e no mundo”, disse João Carvalho, presidente da empresa, que possui atualmente cerca de 250 plat-aformas de perfuração em operação.

GEOSOL, em parceria com a Funda-ção Victor Dequech, está pronta para criar um novo departamento dea pes-quisa, desenvolvimento e inovação . “Nós temos um foco especial em novas tecnologias para aumentar a produção e atingir os mais altos padrões de segu-rança. Nosso objetivo para os próximos cinco anos é nos tornar mais internacio-nal e aumentar nossa receita em 15% em 2011 “, disse Carvalho.

Preparados para Liderança?O mercado brasileiro de mineração é um de enorme potencial. Apesar de ter 70% de seu território desconhecido geologi-camente, o Brasil possui minas colossais como a de Carajás, no Pará e o Quadri-látero Ferrífero, em Minas Gerais.

O país enfrenta desafios semelhantes aos de muitas das principais economias de mineração do mundo: escassez de mão de obra qualificada, necessidade de melhorias na infra-estrutura e falta de eletricidade confiável e barata. O Brasil ainda enfrenta desafios singulares como a mineração na Amazônia e a rígida leg-

islação ambiental vigente. Apesar destes desafios, o mercado de mineração no Brasil vive um boom no presente, que deverá continar pelo menos pelos próxi-mos cinco anos.

Embora a China –líder do boom asiático – tenha uma enorme influên-cia no perfil da demanda do mercado brasileiro, a indústria brasileira tem visto um importante crescimento da demanda doméstica também.

O parque habitacional brasileiro tem um déficit de oito milhões de moradias, o que, combinado com o desenvolvimento de infra-estrutura do país para a próxima Olimpíada e Copa do Mundo, vai posi-cionar o Brasil como um dos mercados mais interessantes do mundo para o investimento internacional em toda a ca-deia produtiva de mineração.

“O Brasil está no meio de um momen-to histórico”, disse Da Souza Lima, presi-dente da GEOID.

“No passado, o Brasil viveu uma in-stabilidade política e econômica que acreditamos que já foram resolvidas. Há cada vez mais investimenos investimen-tos estrangeiros vindo para o mercado brasileiro, uma vez que os investidores estão cada vez mais interessados em de-senvolver seus negócios no país. O Bra-sil está agora em condições de cumprir seu enorme potencial como líder global na indústria de mineração “, finalizou.

Estoque de bauxita lavado (Foto courtesia de Alcoa)

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