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A MULHER DA CABRA Maruja Mallo A artista galega pintou este quadro quando tinha 25 anos, durante sua passagem por Tenerife, em 1927, enquanto acompanhava seu pai. O ponto central da composição é a imagem de uma jovem campesina, observada por uma vizinha. Uma cena da vida cotidiana cheia de luz e de energia. A arte popular convertida na imagem moderna e de vanguarda. A influência do futurismo de suas obras anteriores é complementada pelos primeiros signos de transgressão. Assim a mulher representada se afasta da imagem feminina estática, sensual, sem vontade própria e se converte na “nova mulher”, decidida e forte, que reafirma seu papel em uma sociedade culta e moderna. Uma interpretação cheia de mensagens autobiográficos. Mallo foi considerada uma das principais representantes mais originais do surrealismo espanhol junto a Joan Miro e Salvador Dalí. Sua breve passagem por Canárias, terra dos surrealistas, foi para Maruja Mallo o descobrimento de um mundo novo o que lhe permitiu, paulativamente, estreitar o contato com o movimento artístico. A imaginação estética dá lugar ao agrupamento de diversos elementos que buscam encaixar o conjunto da ilha em um marco. Dessa forma convivem as representações da flora e da fauna, a montanha e o mar, a casa canária, as fortificações e os castelos... O horizonte e a visão do interior do ambiente atingem uma perspectiva que possibilita respirar o desordenado conjunto. Nesta tela predomina um expressivo uso da cor com tons cálidos, mais próximos do Mediterrâneo. Assim os tons intensos, como o azul da casa, contrastam com as tonalidades suaves do céu, e algumas superfícies planas se enfrentam a minuciosos detalhes como os encaixes das cortinas. A cor dos rostos das mulheres, através dos tons de sua pele, marcam o seu status social. A obra anuncia, então, a vocação de maruja Mallo de representação da natureza: a planta trepadeira que reveste a fachada com suas flores brancas; o aloe vera que coroa as rochas e os animais, a pomba e a cabra, animal autóctone de Canárias... Anos mais tarde, já exilada na Argentina, a artista dedicou muitas de suas obras ao estúdio e à representação de conchas, flores, algas e frutos, entre outras coisas. * A mulher da cabra pertence à coleção permanente da Fundação Barrié da Maza, em La Coruña. * Texto adaptado de XLSemanal, de 24 de janeiro de 2010. TAGS: realismo, geração de 27, surrealismo espanhol. Karina de Freitas 16/11/10 16:12 Comentario [1]: MARUJA MALLO (Vivero, Lugo, 1902 – Madri, 1995) Considerada a musa do surrealismo espanhol, Maruja Mallo foi a grande transgressora da Geração de 27. Sua obra deixou marcas na vanguarda atual. Seu verdadeiro nome era Ana Maria Gomez Gonzalez. Estudou na Faculdade de Belas Artes de São Fernando e, concomitantemente, na Academia Livre de Júlio Moisés. Ali conheceu Salvador Dalí e outros jovens poetas e artistas, alguns dos quais pertenceram à geração de 27, como Federico Garcia Lorca, Luis Buñuel, Maria Zambrano, Concha Mendez e Rafael Alberti, seu companheiro por muitos anos sua primeira exposição individual, auspiciada por José Ortega e Gasset, teve lugar em 1928 nos Salões da Revista do Ocidente. A artista faleceu em 06 de fevereiro de 1995 em Madri. OBRAS DE ARTE: ... [1]

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Page 1: a mulher da cabra

A  MULHER  DA  CABRA  

Maruja  Mallo  

A   artista   galega   pintou   este   quadro   quando  tinha   25   anos,   durante   sua   passagem   por  Tenerife,   em   1927,   enquanto   acompanhava  seu   pai.   O   ponto   central   da   composição   é   a  imagem  de  uma  jovem  campesina,  observada  por  uma  vizinha.  Uma  cena  da  vida  cotidiana  cheia   de   luz   e   de   energia.   A   arte   popular  convertida   na   imagem   moderna   e   de  vanguarda.    

A   influência   do   futurismo   de   suas   obras  anteriores   é   complementada  pelos  primeiros  signos   de   transgressão.   Assim   a   mulher  representada   se   afasta   da   imagem   feminina  

estática,  sensual,  sem  vontade  própria  e  se  converte  na  “nova  mulher”,  decidida  e  forte,   que   reafirma   seu   papel   em   uma   sociedade   culta   e   moderna.   Uma  interpretação  cheia  de  mensagens  autobiográficos.  

Mallo   foi   considerada   uma   das   principais   representantes   mais   originais   do  surrealismo  espanhol   junto  a   Joan  Miro  e  Salvador  Dalí.  Sua  breve  passagem  por  Canárias,   terra   dos   surrealistas,   foi   para   Maruja   Mallo   o   descobrimento   de   um  mundo   novo   o   que   lhe   permitiu,   paulativamente,   estreitar   o   contato   com   o  movimento  artístico.  

A  imaginação  estética  dá  lugar  ao  agrupamento  de  diversos  elementos  que  buscam  encaixar   o   conjunto   da   ilha   em   um   só   marco.   Dessa   forma   convivem   as  representações   da   flora   e   da   fauna,   a   montanha   e   o   mar,   a   casa   canária,   as  fortificações  e  os  castelos...  O  horizonte  e  a  visão  do  interior  do  ambiente  atingem  uma  perspectiva  que  possibilita  respirar  o  desordenado  conjunto.  

Nesta  tela  predomina  um  expressivo  uso  da  cor  com  tons  cálidos,  mais  próximos  do  Mediterrâneo.  Assim  os  tons  intensos,  como  o  azul  da  casa,  contrastam  com  as  tonalidades  suaves  do  céu,  e  algumas  superfícies  planas  se  enfrentam  a  minuciosos  detalhes  como  os  encaixes  das  cortinas.  A  cor  dos  rostos  das  mulheres,  através  dos  tons  de  sua  pele,  marcam  o  seu  status  social.  

A  obra  anuncia,  então,  a  vocação  de  maruja  Mallo  de  representação  da  natureza:  a  planta  trepadeira  que  reveste  a   fachada  com  suas  flores  brancas;  o  aloe  vera  que  coroa  as   rochas  e  os  animais,   a  pomba  e  a   cabra,  animal  autóctone  de  Canárias...  Anos  mais  tarde,  já  exilada  na  Argentina,  a  artista  dedicou  muitas  de  suas  obras  ao  estúdio  e  à  representação  de  conchas,  flores,  algas  e  frutos,  entre  outras  coisas.  

*  A  mulher  da  cabra  pertence  à  coleção  permanente  da  Fundação  Barrié  da  Maza,  em  La  Coruña.    

*  Texto  adaptado  de  XLSemanal,  de  24  de  janeiro  de  2010.  

TAGS:  realismo,  geração  de  27,  surrealismo  espanhol.  

Karina de Freitas� 16/11/10 16:12Comentario [1]:  MARUJA  MALLO  (Vivero,  Lugo,  1902  –  Madri,  1995)    Considerada  a  musa  do  surrealismo  espanhol,  Maruja  Mallo  foi  a  grande  transgressora  da  Geração  de  27.  Sua  obra  deixou  marcas  na  vanguarda  atual.  Seu  verdadeiro  nome  era  Ana  Maria  Gomez  Gonzalez.  Estudou  na  Faculdade  de  Belas  Artes  de  São  Fernando  e,  concomitantemente,  na  Academia  Livre  de  Júlio  Moisés.  Ali  conheceu  Salvador  Dalí  e  outros  jovens  poetas  e  artistas,  alguns  dos  quais  pertenceram  à  geração  de  27,  como  Federico  Garcia  Lorca,  Luis  Buñuel,  Maria  Zambrano,  Concha  Mendez  e  Rafael  Alberti,  seu  companheiro  por  muitos  anos  sua  primeira  exposição  individual,  auspiciada  por  José  Ortega  e  Gasset,  teve  lugar  em  1928  nos  Salões  da  Revista  do  Ocidente.  A  artista  faleceu  em  06  de  fevereiro  de  1995  em  Madri.      OBRAS  DE  ARTE:     ... [1]

Page 2: a mulher da cabra

OBRAS:  

1927  Elementos  para  

o  esporte  

1927  Estampa  –  Escaparate  

1927    La  Verbena  

1928  Fiesta  Popular  

1929  La  huella  

1931  El  espantapeces  

1932  Figura  

1932  Tierra  y  

excerementos  

1933  Mensaje  del  mar  

1939    Plástica  

escenográfica  

1941  Cabeça  de  mulher  

1942    Natureza  Viva  

1943  Natureza  Viva  

1943  Natureza  Viva  

1943  Natureza  Viva  

1943  Natureza  Viva  

1944    Cacho  de  uvas  

1946  Cabeça  de  mulher  

1951  Ouro  

Espantapájaros   La  sorpresa  del  trigo  

A  Mulher  da  Cabra  1927  

Duas  Máscaras    

   

 Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [2]: Elementos  para  o  esporte  (Elementos  para  el  deporte),  1921,  óleo  sobre  cartão,  51  x  59,5  cm.  

Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [3]: La  Verbena,  1927,  óleo  sobre  tela,    119  x  166  cm.  Museu  Reina  Sofia,  Madri.  Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [4]: O  Espanta-­‐peixes  (El  espantapeces),  1931,  óleo  sobre  tela,  155,5  x  104,5  cm.  

Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [5]: Natureza  Viva  (Naturaleza  Viva),  1943,  óleo  sobre  “tablero”  do  artista,  42  x  36  cm.  Coleção  particular.  Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [6]: O  cacho  de  uvas  (El  racimo  de  uvas),  1944,  óleo  sobre  “tablero”  do  artista,  66  x  55  cm.  Coleção  particular.  Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [7]: Cabeça  de  mulher  (Cabeça  de  negra),  1946,  óleo  sobre  tela,  56,5  x  465  cm.  Karina de Freitas� 17/11/10 12:17Comentario [8]: Ouro  (Oro),  1951,  óleo  sobre  tela  pregado  na  madeira.