A Música Barroca de Minas Gerais

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    A Música Barroca de Minas Gerais

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    Escrito por Antônio Campos em 22 set 2011 nas áreas BibliotecaEste é a introdução de um trabalho de pesquisa, no qual será narrada a história da música barroca de MinasGerais e seus principais compositores.

    Eles foram mestres de um estilo sem paralelo na história da música mundial, um verdadeiro amálgama dasculturas portuguesa, indígena e africana, formadoras do nosso país.

    ÍNDICE

    1 . Uma intrudução: redescobrindo o passado musical brasileiro2 . As origens: de 1552 a 1720

    3 . A hegemonia da Igreja: de 1720 a 1749

    4 . A música religiosa das irmandades: de 1750 a 1810

    5. Compositores de 1750 a 18105.1 – José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita5.2 – Manoel Dias de Oliveira5.3 – Marcos Coelho Neto (1740 a 1806)5.4 – Francisco Gomes da Rocha (1746 a 1808)5.5 – Ignácio Perreiras Neves ( 1730-1794)5.6 – Jerônimo de Souza Lobo ( ? – 1810)

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    5.7 – Joaquim de Paula Souza (1760-1820)

    6 . A música profana: de 1750 a 1810

    7 . A música do século XIX

    8 . As orquestras bicentenárias

     

    A MÚSICA BARROCA DE MINAS GERAIS

     

    1 – Uma Introdução: redescobrindo o passado musical brasileiro

     No século XVIII, a capitania brasileira de Minas Gerais foi o destino de aventureiros numa corrida ao ouro,

    que gerou fortunas em Portugal e em seu principal fornecedor de produtos manufaturados, a Inglaterra, etambém criou uma sociedade rica e refinada no próprio território das minas.

    Esta sociedade gerou mestres artesãos, destacando-se o escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, oAleijadinho, e o pintor Manuel da Costa Ataíde. Eles construíram inúmeras igrejas ricamente ornadas com oouro da região, no estilo maneirista, então predominante em Portugal.

    A música estava presente nas cerimônias religiosas e em eventos especiais. Mas, como a imprensa não era permitida na colônia, ela circulava somente em manuscritos e, por esta limitação, passou mais de um séculoesquecida em antigos arquivos e baús. É o caso, por exemplo, do compositor Joaquim de Paula Souza, cujaantífona de São Joaquim, Laudemus Virum Gloriosum, acabou por chegar até nós, junto com outras poucas.

    A partir de 1939, o musicólogo alemão (naturalizado uruguaio) Francisco Curt Lange (1903-1997), partindoda idéia de que uma civilização que gerou artistas como o Aleijadinho deveria ter gerado também mestres naarte da música, viajou pelo interior de Minas Gerais, adquirindo partituras das famílias dos antigos músicos.

    Lange percorreu cidades como Prados, Mariana, São João d’El Rey e Tiradentes. No final dos anos 50, elehavia reunido milhares de partituras, cujo provável destino seria a destruição. Descobriu toda uma geraçãode músicos que, sem o seu zeloso trabalho, estaria condenada ao esquecimento.

     

    2 – As origens: de 1553 a 1720

    A introdução da música, nos moldes europeus, no território das Minas Gerais, coincidiu com a primeiraentrada na região em busca de prata, em 1553.

    A expedição de Francisco de Espinosa partiu da vila de Porto Seguro e, subindo o rio Jequitinhonha, passoudois anos no interior, retornando pelo rio Pardo. O capelão da entrada era o jesuíta Juan Azpicuelta, de

     Navarra, parente de Ignácio de Loyola, e carregava sempre em suas viagens um pequeno órgão.Após a conversão dos nativos, a expedição fez construir em 1554, num ponto ao norte de Minas Gerais,uma pequena capela. Nela, o capelão entoava cânticos à Virgem na língua dos indígenas, sendoacompanhado por eles. Azpicuelta morreu em 1555, logo após retornar a Porto Seguro.

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    Mas os verdadeiros desbravadores do território, os paulistas, costumavam utilizar as armas e não a música, para pacificar os nativos. Nos quase 150 anos que se seguiram antes da descoberta do ouro, suasexpedições tornaram o território conhecido e praticamente exterminaram as tribos nativas Catauás.

    Em algumas vilas que apoiavam estas expedições, como Mogi das Cruzes, foram encontrados manuscritosde música muito antigos, o que nos permite supor haver música nas cerimônias religiosas. Mogi das Cruzes produziu, já no século XVIII, o mais antigo compositor brasileiro cujas obras chegaram aos nossos

    dias, Faustino do Prado Xavier (1708-1800), cuja música sabemos ter sido apresentada em Minas.

    Com a descoberta do ouro, deslocou-se para o território um grande número de portugueses, cristãos novos, paulistas e escravos. Sendo a maioria homens solteiros, tornaram-se comuns as ligações com escravasafricanas ou mulatas livres, o que fez aumentar a população mestiça, libertada, ao nascer, por seus senhores.

    Entre estes pardos inteligentes e fortes, destacaram-se pintores, escultores e músicos de valor, cujo talentoconferiu às suas obras um caráter original e autóctone: eles foram os primeiros a criar uma arte brasileira.

    Os primeiros músicos a chegar às Minas procediam de outros territórios brasileiros, como o Rio de Janeiro e

    a região Nordeste. Pouco se sabe sobre a atividade musical na primeira metade do século XVIII, emboraexistam registros de professores de música em Vila Rica em 1716.

    Há também notícias de que, em 1717, já havia uma corporação de músicos em São João d’El Rey, regida por Antônio do Carmo, e que recebeu o Conde de Assumar com um “Te Deum” na Igreja Matriz. O mesmoAntônio recebeu em 1728 “quarenta oitavas de ouro” para reger a música nas festividades de São João, comorquestra e dois coros.

     Nas festas religiosas, era comum a encenação de “autos” ligados sempre à música, sendo populares osde Calderón de la Barca. Nos adros das igrejas, apresentavam-se danças de origem portuguesa ou afro-

     brasileira, como o “Lundu”, consideradas “imorais” (impróprias) pelos clérigos.

    Com algumas exceções, toda a documentação da música colonial brasileira data da segunda metade doséculo XVIII. Admite-se que antes deste período ouviam-se nas igrejas polifonias portuguesas. Mesmoalgumas obras antes consideradas de autores mineiros são de origem portuguesa, como por exemploum “Popule Meus”, atribuído a Francisco Gomes da Rocha, que descobriu-se ter como autor o português Gines de Morata, do século XVI.

    Estas foram as fontes musicais que inspirariam os grandes músicos mulatos que surgiram na segunda metadedo século XVIII, como José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Neto e Manoel Dias deOliveira.

     

    3 - A hegemonia da Igreja: de 1720 a 1749

    Religião oficial do Estado, a Igreja Católica vivia em regime de padroado, herdado de Portugal. Os bispos evigários recebiam a “côngrua”, como qualquer funcionário público, dependendo financeiramente do Rei.Este, por sua vez, tinha o título de “Grão-Mestre da Ordem de Cristo”: era o comandante da cruzada

    evangelizadora das terras descobertas por Portugal.A atividade mineradora gerou uma sociedade urbana unida em torno de uma capela, marco inicial da povoação. A padroeira destas capelas era uma invocação a Nossa Senhora, sob variados títulos, sendofrequente o de N. Srª da Conceição, devoção importante em Portugal.

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    Com o aumento da população, os povoados eram promovidos a vilas, pré-requisito para possuírem umaigreja matriz. Em 1711, atingiram esta condição as vilas de Ribeirão do Carmo (Mariana), Vila Real de N.Srª da Conceição de Sabará e Vila Rica de N. Srª do Pilar de Ouro Preto e, em 1714, o arraial do SerroFrio passou a se chamar Vila do Príncipe.

    O território das Minas foi dividido em quatro imensas comarcas (municípios): Vila Rica, Rio das Mortes,Sabará e Serro Frio. Em 1720, a região das minas foi desmembrada da capitania de São Paulo, sendo

    criada a capitania das Minas Gerais, cujo governo, com sede em Vila Rica, era subordinado diretamente aPortugal.

    As capelas e ermidas foram sendo gradualmente substituídas pelas igrejas matrizes, já ornamentadas com oouro extraído da região.

    A ordem dos Jesuítas empenhou-se em erradicar o analfabetismo com seus colégios, onde ensinavam desdeas primeiras letras até a gramática e o latim. Desde o século XVII, a música era ensinada por seus mestresde capela. A ordem dos Franciscanos criou uma “Escola de Artes e Ofícios” em Vila Rica, em 1737. Entreos “ofícios”, figurava o da música. Este ensino criou primeiro uma geração de músicos e, a partir da segunda

    metade do século XVIII, os mestres compositores, vistos sempre como artesãos.

     No entanto, era preocupante a situação moral na capitania. As leis civis não eram observadas, e aconcubinagem era generalizada.

    Em 1727, frei Antônio de Guadalupe, bispo do Rio de Janeiro, denunciou ao Santo Ofício os comediantesciganos de Vila Rica e outras partes da capitania, ameaçando de excomunhão a quem assistisse aosespetáculos. Os bispos pediram ao Rei e ao Vaticano autorização para fundar uma diocese na região,concedida em 1748, com a elevação da vila de Ribeirão do Carmo a cidade, com o nome de Mariana, sededo bispado.

    Em 1749, a posse do Bispo D. Manuel da Cruz foi comemorada com três dias de festas, com teatro emúsica, ficando a celebração conhecida como “Áureo Trono Episcopal”.

    D. Manuel levou para Mariana uma coleção de músicas que incluía um passionário (com música para a paixão narrada pelos quatro evangelistas) assinado por Francisci Ludovici, ou Francisco Luís, compositor  português do séc. XVII, o “Cum descendentibus in lacum”, de Gines de Morata (séc XVI), e o Manuscritode Piranga, provável coleção de obras portuguesas setecentistas para a Semana Santa.

    A instituição do bispado em Mariana consolidou a hegemonia cultural da Igreja, explicando porque a arte emMinas Gerais teve caráter quase que totalmente religioso.

     

    4 – A música religiosa das Irmandades: de 1750 a 1810

    Um dos primeiros atos do bispo D. Manuel da Cruz no bispado de Mariana foi a nomeação dos mestres decapela para três das comarcas: Manuel da Costa Dantas para Vila Rica, José de Souza Campos para SerroFrio e o Pe. Gregório dos Reis e Melo para Sabará. Somente em 1753, o Pe. Julião da Silva e Abreu seria

    nomeado para a comarca do Rio das Mortes (S. João d’El Rey).Em 1759, por ordem do Marquês de Pombal, os Jesuítas e demais ordens religiosas foram expulsos do reinode Portugal e colônias. Este fato transferiu a responsabilidade de toda a atividade religiosa para asorganizações de leigos: as irmandades.

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    As irmandades eram associações em torno de um Santo, organizadas de acordo com a cor dos seusintegrantes: irmandades dos homens pretos, dos homens pardos e dos brancos, em uma clara demonstraçãodo preconceito racial da época.

    A Irmandade de Santa Cecília, padroeira dos músicos, foi fundada em Vila Rica, em 1749, com sede naIgreja Matriz do Pilar. Seus estatutos foram aprovados pela Diocese e confirmados pelo rei em 1761. Osmúsicos desta participavam também da Irmandade de São José dos Bem-Casados, uma irmandade de

     pardos, o que mostra ser a música uma atividade de pardos livres que ocupavam uma posição modesta nasociedade, ao lado dos demais artesãos.

    A Irmandade dos Músicos foi também instalada em Mariana em 1749, mas não vingou. Em São João d’ElRey, os músicos pertenciam à Irmandade de N. Sra. da Boa Morte, até a fundação da de Sta. Cecília, em1829. Os músicos de Sabará pertenciam à Irmandade de Sta. Cecília de Vila Rica.

    As festas religiosas oficiais eram sempre acompanhadas de música. Promovidas pelos “Senados dasCâmaras” (assembleias) das respectivas vilas, eram colocadas em “arrematação”, vencendo quemoferecesse o menor preço. No caso da música, o diretor do conjunto musical apresentava uma lista de

    instrumentistas e cantores, dos quais era o “arrematante”, devendo fornecer garantias e assinar um “termo dearrematação” em cartório.

    As festas oficiais do reino para as quais havia encomendas, eram:

    Festa da procissão de Corpus Christi;

    Festa do Anjo Custódio (anjo da guarda) do Reino;

    Festa da Visitação de Santa Isabel;

    Festa de S. Francisco de Borja, padroeiro do Reino;

    Festa do Patrocínio de Nossa Senhora;

    Festa de N. Sra. da Conceição, padroeira do Reino.

    Além destas, as Irmandades promoviam a Semana Santa em todas as vilas, a Festa do Divino Espírito Santo,realizada desde 1711 em Sabará, as “Razoras” ou “Razoulas” (procissões em torno das igrejas), também emSabará, promovidas pela Irmandade da Ordem Terceira do Carmo e a “Encomendação das Almas” e os

    “Cânticos da Verônica”, em São José d’El Rey (Tiradentes).

    Além deste calendário, eram comemorados com música os nascimentos, casamentos, posses, etc. na famíliaReal. Alguns exemplos destas festividades avulsas:

    Festa dos Desposórios do Infante (1786), em comemoração ao casamento de D. João e D. CarlotaJoaquina;

    Funerais de D. Pedro III (1787);

    “Te Deum” pelo Malogro da Inconfidência Mineira (1792), por ocasião da chegada do corpo deTiradentes a Vila Rica;

    Destas festas participaram músicos como Ignácio Parreiras Neves, Florêncio José Coutinho e MarcosCoelho Neto.

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    5 – Compositores de 1750 a 1810

     

    5.1 - José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita

    O maior dos compositores mineiros nasceu na Vila do Príncipe (atual Serro Frio), em 12/10/1746, e morreuno Rio de Janeiro em ?/04/1805. Mulato, filho de Joseph Lobo de Mesquita e de sua escrava JoaquinaEmerenciana, foi libertado por seu pai ao nascer.

    Iniciou-se em música com o padre Manuel da Costa Dantas, mestre-de-capela da Matriz de Nossa Senhorada Conceição do Serro, participando ainda criança das atividades musicais na Matriz.

    Antes de 1776, mudou-se para o Arraial do Tejuco (atual Diamantina). Em fins de 1783 ou início de 1784,foi admitido como organista na Matriz de Santo Antônio, sendo responsável pela instalação de seu órgão e,em 17/1/1789, ingressou na Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. É provável que nesta épocatenha estabelecido um curso de música em sua casa.Alistou-se no Terço de Infantaria dos Pardos, onde chegou à patente de Alferes.

    Com o declínio da mineração, deixou o Arraial e a Ordem do Carmo em meados de 1798, residindo duranteum ano e meio na capital da Província, Vila Rica (atual Ouro Preto). Trabalhou como regente para aIrmandade do Santíssimo Sacramento, sediada na matriz de Nossa Senhora do Pilar, no período 1798-1799, e também para a Ordem Terceira do Carmo.

    Em meados de 1800, abandonou Vila Rica, mudando-se para a capital da colônia, o Rio de Janeiro. De

    dezembro de 1801 até sua morte, foi o organista da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, no Largo doCarmo (atual Praça XV) com um salário de 40 mil réis anuais, ficando claro que alcançou sua posição graçasà grande fama que precedeu sua chegada.

    De Lobo de Mesquita restaram cerca de 50 obras, mas são poucas as que se acham completas. Jamais seencontrou uma partitura autógrafa. Existem apenas dois originais do compositor, a Antífona de NossaSenhora, de 1787, e a “Dominica in Palmis”, de 1782. Existe uma cópia em partitura do seu “Tractus” parao Sábado Santo de 1783, a mais antiga partitura mineira.

    Apesar de não haver qualquer registro, é provável que tenha ensinado seu ofício ao jovem mestre de capela

    da Sé do Rio de Janeiro, o padre José Mauricio Nunes Garcia, uma vez que na época este procuravaaperfeiçoar-se no órgão. Reforça esta teoria o fato de que uma das composições catalogadas como sendodeste último (Matinas para Quarta Feira de Trevas, CPM 214), é de fato da autoria de Lobo de Mesquita.

    Suas obras

    AntífonasBeata Mater, s/d.Regina Coeli, laetare, 1779Salve Regina, 1787Antífonas, para Quarta e Quinta-feira Santas, s/d.Antífonas, para Quarta, Quinta e Sexta-feira Santas, s/d.

    Ária

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    Ária ao Pregador – Ave Regina, s/d.

    Graduais, TertiusDifusa est Gratia – Tércio, 1783Domine, tu mihi lavas pedes, s/d.Christus factus est – Ofertório, para a Quinta-feira Santa, s/d.Christus factus est – para a Quinta-feira Santa, s/d.

    Haec dies, em ré – para o Domingo da Ressurreição, s/d.

    LadainhasLadainha do Bom Jesus, s/d.Ladainha em dó, s/d.Ladainha em fá, s/d.Ladainha em lá menor, s/d.Ladainha em si bemol, s/d.

    Magnificat

    Magnificat em ré, s/d.Magnificat em lá, s/d.

    Matinas, VésperasMatinas da Ressurreição em lá, s/d.Matinas da Ressurreição em ré, s/d.Matinas da Ressurreição em sol, s/d.Matinas da Ressurreição em mi bemol, s/d.Vésperas de Sábado Santo, 1783

    Missas, CredosMissa de Sábado Santo e Magnificat, s/d.Missa em fá, s/d.Missa em mi bemol, s/d.Credo em dó, s/d.Credo em fá, s/d.

    OfertóriosOfertório de Nossa Senhora-Benedicta et Venerabilis, s/d.

    Ofertório Terra tremuit, em ré, s/d.

    Ofícios e Missas de Defuntos Para a Semana SantaOfício de Quinta-feira Santa, ad Matutinum, s/d.Ofício de Sábado Santo, ad Matutinum, s/d.Ofício de Sexta-feira Santa ad Matutinum, s/d.Ofício e Missa de Defuntos, s/d.Ofício e Missa para Domingo de Ramos, 1782Ofício e Missa para Domingo de Ramos, s/d.Ofício e Missa para Quarta-feira de Cinzas, 1778

    Outras Obras para a Semana SantaHeu Domine, para a procissão do Enterro do Senhor, s/d.Heus, para a Procissão do Enterro do Senhor, s/d.

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    Paixão Bradrados e Adoração da Cruz, para Sexta-feira Santa, s/d.Procissão de Ramos-Cum appropinquaret, s/d.Tractus de Sábado Santo, s/d.Tractus para o Sábado Santo, s/d.

    OutrosMemento a quatro, em sol menor, s/d.

    ResponsórioResponsório de Santo Antônio-Si quaeris miracula, s/d.

    SequênciaSequência Stabat Mater, s/d.

    SetenárioSetenário de Nossa Senhora das Dores, s/d.

    SalmosLaudate Dominum – para o Sábado de Aleluia, s/d.Salmo nº 112 – Laudate Pueri, s/d.

    Te DeumTe Deum, em lá menor, s/d.Te Deum em ré, s/d.

     

    5.2 - Manoel Dias de Oliveira

     Nasceu em São José del Rey (atual Tiradentes) c. 1738 – m. id. 1813. Era provavelmente filho do organistaLourenço Dias com uma escrava, e com quem deve aprendido música. Era mulato e militar.

    Quando jovem, atraído pela música na Matriz de Sto. Antônio, memorizava as vozes do repertórioescondendo-se na igreja para ouvir os ensaios. Conta-se que o padre Francisco da Piedade maravilhou-seao ouvir o pequeno mulato cantando uma composição de Josquin des Prés, enquanto brincava com asformigas, convidando-o para juntar-se ao coro e dando-lhe a oportunidade de aprender teoria, contrapontoe órgão.

    Iniciou atividades musicais em 1869 na Irmandade de São Miguel e Almas, tendo se filiado também àIrmandade de Nossa Senhora das Mercês, de Nossa Senhora da Piedade até 1789 e na Irmandade dosBrancos, do Senhor dos Passos, do Santíssimo Sacramento e do Bom Jesus.

    Casou-se aproximadamente em 1768 com Ana Hilária, com quem teve 11 filhos. Em 1768, era alferes elogo capitão, em 1779.

    Trabalhou como copista para complementar sua renda, ganhando rapidamente reputação neste campo. Suasobras ainda são apresentadas nas cidades de Tiradentes, Prados e São João del Rey, especialmente durante

    a Semana Santa.

    Suas obras

    Classificação imprecisa

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    Coreto (incompleto), s/d.

    GraduaisGradual Fuga do Egito, s/d.Gradual Justus ut Palma, s/d.Gradual para Domingo de Páscoa (incompleto), s/d.Gradual a 4 vozes: Angelus Domine, s/d.

    HinosVenite Adoremus, s/d.Visitação de Nossa Senhora das Dores, a 8 vozes, s/d.

    LadainhaLadainha em fá, s/d.

    MagnificatAleluia e Magnificat, s/d.

    Magnificat em ré, s/d.

    MissaMissa do 8º tom (incompleto), s/d.

    Obras para a Semana SantaAleluia para Sábado Santo, s/d.BajulansDomine Jesu, s/d.Encomendação das almas, 1809

    Eu vos adoro – para a Quarta-feira Santa, s/d.Invitatório, lições e missa de defuntos, s/d.Miserere em ré menor, s/d.Motetes de Passos a 8 vozes, s/d.Motetes de Passos a 8 vozes, s/d.Motetes Pupili, Cecidit Corona e Quomodo – para a Sexta-feira Santa, 1779Músicas para a Benção e Procissão de Ramos (incompleto), s/d.Offertorium, Justus ut Palma, s/d.Paixão e Bradados, para Domingo de Ramos, s/d.

    Pange Lingua, s/d.Popule Meus, s/d.Responsórios fúnebres, s/d.Responsórios fúnebres para a Ordem Terceira do Carmo, s/d.Surrexit para Domingo da Ressurreição, s/d.Tractus e bradados de Sexta-feira Santa, s/d.Tractus, Paixão e bradados de Quarta-feira Santa, 1788Tractus para Missa dos Pré-santificados, s/d.Três ofícios de defuntos em sol menor e sol menor, s/d

    Visitação dos Passos, a 8 vozes, 1767SetenárioSetenário de Nossa Senhora das Dores, s/d.

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    Tantum ErgoTantum Ergo, s/d.

    Te DeumTe Deum (Atribuído), s/d.Te Deum Laudamus, s/d.

     5.3 - Marcos Coelho Neto (1740-1806)

     Nascido em Vila Rica em 1740, morreu na mesma vila em 21/08/1806. Membro da Irmandade de S. Josédos Homens Pardos e da de N. Sra. das Mercês de Cima, foi trompetista dos conjuntos musicais queserviam às duas confrarias. Foi também timbaleiro na Cavalaria Auxiliar de Vila Rica.

    Em 1785, foi designado regente da música para as “Festas do Desposório do Infante”. De 1779 a 1789, foiregente do conjunto da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Em 1799, ingressou na Venerável Ordem

    Terceira dos Mínimos de S. Francisco de Paula, de mulatos, e na Irmandade de Santo Antônio, constituída por brancos, sendo uma exceção honrosa ao preconceito racial da época.

    Seu filho de mesmo nome (1763-1823) seguiu seu caminho como trompetista, mas ao que parece apenas o pai era compositor.

    São poucas as obras suas que chegaram até aos nossos dias:

    AntífonasDomine Hyssopo, s.d.

    Salve Regina, s.d.

    HinoMaria, Mater Gratiae, 1787

    LadainhasLadainha em Dó, s.d.Ladainha em Ré, s.d.Ladainha em Fá, s.d.

    ResponsóriosResponsórios de Santo Antônio, 1799Responsórios de Santo Antônio, s.d.Responsórios Fúnebres, s.d.

     

    5.4 - Francisco Gomes da Rocha (1746-1808)

     Nascido em Vila Rica em 1746, morreu em 9/2/1808 na mesma vila. Começou sua carreira em 1766,

    ingressando na Irmandade da Boa Morte, na Matriz de Antônio Dias, e na Irmandade de S. José dosHomens Pardos, em 1768. Apresentou-se como regente e contralto em inúmeras festividades. Foi tambémfagotista e timbaleiro do Regimento dos Dragões de Vila Rica, sendo portanto companheiro de Tiradentes.

    Amigo de Lôbo de Mesquita, foi por ele designado para cobrar os pagamentos atrasados que a Ordem

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    Terceira do Carmo tinha com ele, quando partiu para o Rio de Janeiro.

    Supõe-se que sua obra tenha sido numerosa, mas hoje são conhecidas somente a Novena de N. Sra. doPilar de 1799, e as Matinas do Espírito Santo de 1795, além de algumas peças incompletas a ele atribuídas.

    Auxiliou o pintor Manuel da Costa Ataíde em seu célebre teto da igreja de S. Francisco, pondo a suaorquestra como modelo para os anjos instrumentistas do pintor.

     

    5.5 - Ignácio Parreiras Neves (1730-1794)

     Nasceu em 1730 em Vila Rica, morrendo em 1794 na mesma vila. Ingressou em 1752 na Irmandade de S.José dos Homens Pardos, na qual atuou como tenor até o fim da vida, e como regente a partir de 1792. Foiregente, de 1776 a 1782 na Igreja de N. Sra. das Mercês de Baixo.

    Suas obras

    AntífonaSalve Regina, s.d.

    CredoCredo, s.d.

    OfícioOfício para os Funerais do Rei D. Pedro III, 1786

    OratórioOratório ao Menino Deus Para a Noite de Natal, no vernáculo, s.d.

     

    5.6 - Jerônimo de Souza Lobo (? – 1810)

     Nascido (?) em Vila Rica, morreu em 1810 na mesma vila. Provável filho e testamenteiro do “PatriarcaMusical de Vila Rica”, Antônio de Souza Lobo, foi pai do compositor Antônio de Souza Queiroz (m. 1829).

    Foi membro da Irmandade de S. José dos Homens Pardos e, a partir de 1780, organista da Matriz de N.

    Sra. do Pilar.

    Suas obras

    AntífonaAntífona para Corpus Christi, s.d.Antífona Salve Sancte Pater para a Novena de S. Francisco de Assis, s.d.

    HinoO Patriarcha Pauperum, para a Novena de S. Francisco de Assis, s.d.

    Credos3 Credos em Ré, s.d.

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    Ladainha3 Ladainhas em Dó, s.d.2 Ladainhas em Si bemol, s.d.

    MatinasMatinas de Sto. Antônio, s.d.

     Novena Novena de N. Sra. do Carmo, s.d.

    Ofícios para a Semana SantaOfício para 5ª Feira Santa, s.d.Ofício para 6ª Feira Santa, s.d.Ofício para Sábado Santo, s.d.

    ResponsóriosResponsórios de S. Francisco de Paula, s.d.

    SetenárioSetenário de N. Sra. das Dores, s.d.

     

    5.7 - Joaquim de Paula Souza (1760-1820)

     Nascido no arraial de Prados, ca. 1760, morreu na mesma localidade por volta de 1820. Exerceu sua profissão no final do século XVIII e início do século XIX. Pouco se sabe sobre sua vida, mas possuía o

    apelido de “Bonsucesso”, e em algumas obras suas aparece o título de padre, não confirmado.

     Notável calígrafo, impressionava pela beleza e pelo capricho de suas cópias.

    Foi vereador em São José del Rey (Tiradentes), quando Prados era um distrito da vila. Possuía fortuna, poishá registro de que financiou a atividade musical em Prados, quando esta entrou em declínio com oesgotamento de suas minas.

    Suas obras estão preservadas na Orquestra Ribeiro Bastos, de S. João del Rey.

    Suas obrasAntífonasLaudemus Virum Gloriosum, Antífona de São Joaquim, s.d.

    LadainhaLadainha de N. Sra. em Fá, s.d.

    Missas e CredosMissa e Credo em Dó, 1799?.

    Missa e Credo em Sol, s.d.Missa Pequena, s.d.

    Obras para a Semana SantaEncomendação das Almas, s.d.

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    6 – A Música Profana: 1750 a 1810

    Se da música religiosa mineira só conhecemos uma pequena parcela, mais obscura ainda é a música profana,da qual muito pouco chegou até os nossos dias. Um indício da frequência de apresentações profanas nos éfornecido pelo aparecimento dos teatros e casas de ópera nas vilas.

    Em Vila Rica, existia desde a primeira metade do século XVIII, um teatro, chamado “A Ópera”, substituídoem 1770 pela “Casa de Ópera” projetada pelo arquiteto Mateus Garcia. Um grande entusiasta e associado,o inconfidente Cláudio Manoel da Costa (1727-1789) teve vários de seus poemas dramatizados eapresentados com música neste teatro.

    Em São João D’El Rey, há notícias de um teatro a partir de 1775, tendo entre os associados o inconfidenteIgnacio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793).

    O primeiro teatro de Sabará foi construído por volta de 1780, em estilo elizabetano. Em 1819, foi substituído

     pela Casa de Ópera, bem preservada até hoje. No arraial do Tejuco (Diamantina), existiu o “Teatrinho de Bolso”, mandado construir pelo contratador dediamantes João Fernandes de Oliveira para sua esposa, Chica da Silva. Nele, sabe-se que foramapresentadas algumas obras teatrais do carioca Antonio José da Silva, o Judeu (1710-1739), musicadas pelo português Antônio Teixeira.

    Finalmente, em Paracatu, houve uma Casa de Ópera por volta de 1780, onde atuava um conjuntoorganizado pelo padre Domingos Simão da Cunha.

    Aparentemente, havia uma separação entre os músicos dos teatros e os das irmandades. Numa ocasião, oregente da Casa de Ópera de Vila Rica, José Theodomiro Gonçalves, requisitou ao Senado da Câmara permissão para que seus músicos fizessem parte também das irmandades, “para se adestrarem”.

    Com relação às obras, eram populares as óperas de compositores portugueses como “No Mundo da Lua”,de Avendano, e títulos como Jogos Olympicos” e “A Ciganinha”. Nas representações, uma novidade: os papéis femininos eram representados por mulheres e não por falsetistas travestidos, como no restante doOcidente.

    Uma ideia da música apresentada em Vila Rica ao final do século XVIII nos fornece o inventário musical do

    músico e compositor Florêncio José Ferreira Coutinho (1750-1819). O inventário possuía três divisões:“Árias Italianas”, “Música Portuguesa” e “Grades por Florêncio José Ferreira”.

     Na de “Música Portuguesa”, figuravam obras de compositores portugueses e mineiros (pois os nascidos noBrasil eram considerados portugueses), entre os quais Ignácio Parreiras Neves, José Joaquim Emerico(Lôbo de Mesquita), e ele próprio.

    As “Grades por Florêncio José Ferreira” eram compostas por 73 obras religiosas, 35 marchas militares e149 “Pedaços de Música”, sendo estes os mais interessantes para o assunto que tratamos.

    Entre os “Pedaços”, algumas obras-primas da bajulação política, como “Os Dois Meneses” (governadoresde Minas), “Nobre Assembleia” e “Das três nações”. O restante era constituído por “modinhas”, que naépoca faziam mais sucesso na Europa que a bossa-nova atual.

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    Entre os títulos: Querida Aspásia; O Menino Quer Nanar; Oráculo do Amor; Se Queres Vida Folgada; NãoMe Deixes, Ingrata; Ah! Que Lindas Cadelinhas; O Veneno Hei Bebido, e Ao Rogo e Pranto Teu (semviolinos), sugerindo que era comum que fossem acompanhadas por este instrumento.

    Por fim, não deve ser esquecida a contribuição dos africanos para a formação musical brasileira, que apesar de pouco desenvolvida em termos de melodia, é riquíssima no aspecto rítmico. No período colonial brasileiro, tornou-se popular a dança Lundu, derivada de rituais eróticos africanos, muito comuns em Minas.

    Os artigos anteriores e este constituem uma visão geral da música barroca de Minas Gerais. A seguir, asvidas e obras dos grandes mestres da música mineira serão detalhadas.

     

    7 - A música do século XIX

     No início do século XIX, uma nova linguagem artística, que exaltava a natureza, substituiu a rigidez dasformas musicais: o romantismo.

    Em Minas Gerais, o Aleijadinho cria a sua obra-prima: os passos dos apóstolos. Os grandes mestres damúsica do século XVIII ainda vivem no início do século XIX: Francisco Gomes da Rocha (m. 1808),Marcos Coelho Neto (m.1806), Florêncio José Coutinho (m. 1819) e Gabriel de Castro Lobo em OuroPreto; Manoel Dias de Oliveira (m. 1813) em S. José d’El Rey, e Joaquim de Paula Souza (m. ca 1820) emPrados.

    O declínio da produção de minerais preciosos teve como consequência a mudança de alguns músicos paraoutros lugares. O mais famoso exemplo desta migração, Lobo de Mesquita, viajou em 1800 para o Rio deJaneiro, onde exerceu o cargo de organista da Ordem Terceira do Carmo até sua morte em 1805.

    Este intercâmbio de músicos provocou o intercâmbio de músicas. Muitas obras de artistas brasileiros, comoo Pe. José Maurício, mais tarde Francisco Manuel da Silva e estrangeiros que atuavam no Brasil, comoMarcos Portugal e Fortunato Mazziotti, foram copiadas e enviadas às cidades mineiras.

    A vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808 fez com que a cultura europeia fosseintroduzida em Minas, antes vigiada por suas riquezas. Mas seu primeiro jornal, o “Compilador Mineiro”, sóseria publicado em Ouro Preto a partir de 1823, depois da Independência.

    A música erudita religiosa tornou-se mais expressiva, incorporando melodias líricas presentes na música

     profana. O maior nome da música religiosa mineira neste início de século foi o Pe. João de Deus CastroLobo (1794-1832). Era filho de Gabriel de Castro Lobo e foi compositor, organista e mestre de capela daSé de Mariana. Ele incorporou, em sua valiosíssima obra religiosa, o Classicismo e o Romantismo, sendo oexemplo mais elaborado a sua “Missa a 8 vozes” (apresentada em 2000 pela OSESP, com a promessa deser lançada em CD).

     No novo século, Minas já possuía uma burguesia comercial que buscava o enobrecimento pela posse daterra, com fazendas e sobrados nas cidades. A expressão musical desta burguesia passou a ser a “banda demúsica” e o gênero de composição predominante, a música sinfônica, para estas bandas.

    A ESCOLA DE SÃO JOÃO D’EL REY

     Na primeira metade do séc. XIX, os dois principais compositores Sanjoanenses são Francisco de PaulaMiranda (1786-1846) e Joaquim Bonifácio Braziel (1786-?), dos quais detalharemos as biografias nos

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     próximos itens.

    A Miranda, devem-se inúmeras cópias dos autores setecentistas mineiros. Braziel era mestre de música deum coro composto pela família, todos músicos, cuja atividade cessou por volta de 1840. Em 1946, umdescendente dos Braziéis incendiou todo o acervo musical da família, ignorando seu valor.

    Um compositor considerado um enigma quanto às suas origens é Antônio dos Santos Cunha. Provavelmente

    era português, pois um registro da Ordem do Carmo em 1815 diz a seu respeito: “Ausente pª Lisboa”. Emsua obra predomina o bel-canto italiano, bem ao gosto europeu.

    Mas o principal compositor Sanjoanense foi o Pe. José Maria Xavier (1819-1887). Autor de mais de cemobras, sua música ainda não está totalmente catalogada. Prestou serviços a todas as irmandades de SãoJoão.

    Finalmente, Martiniano Ribeiro Bastos (1834-1912) foi diretor da orquestra que hoje leva seu nome de1859 a 1912. Foi também vereador e juiz de paz em São João.

    A vida musical em São João intensificou-se na 2ª metade do séc. XIX, com a ampliação do calendárioreligioso. O grande número de músicos da cidade também permitiu a apresentação de companhias líricas brasileiras e internacionais.

    Em 18/7/1878, foi inaugurado o prédio da Filarmônica Sanjoanense (Teatro Municipal), de cuja diretoriafaziam parte as figuras proeminentes da sociedade. Em cerca de 1891, foi criado o clube Ribeiro Bastos,responsável pela apresentação de “Concertos Populares” a partir de 1901, procurando ampliar o públicoapreciador da música erudita.

    Esta evolução, no entanto, fez a sociedade Sanjoanense e mineira em geral mais cosmopolita, buscando a

    música fora das fronteiras da província. Minas passou a ser um centro consumidor de música, não mais produtor.

     

    8 – As orquestras bicentenárias

     No século XIX, ocorreu em Minas a queda da mineração. Com a diminuição das riquezas, as orquestras profissionais mineiras tiveram suas atividades drasticamente reduzidas.

    Algumas delas sobreviveram estoicamente até os nossos dias, mantendo-se em permanente atividade desdeo século XVIII, ainda executando a música sacra promovida pelas irmandades locais. Outras, passando por dificuldades, foram extintas ou transformaram-se em bandas de música.

    A mais antiga das orquestras hoje ainda em atividade é a Lira Sanjoanense. Foi fundada em 1776 por umgrupo de músicos liderados por José Joaquim de Miranda, com o nome de Companhia de Música. Emmeados do século XIX, passou a chamar-se Sociedade Musical Lira Sanjoanense, para depois ter o nomeatual, Orquestra Lira Sanjoanense.

     Na época de sua fundação, era constituída por um tiple (menino soprano), um contralto, um tenor e um

     baixo, dois violinos, viola, violoncelo, contrabaixo, duas flautas (ou oboés) e duas trompas.

    Atualmente é composta por 20 músicos especializados na música setecentista mineira, cuja presença éconstante nas festividades da região.

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    A Orquestra Ribeiro Bastos, também em São João D’El Rey, originou-se de uma provável dissidência daLira Sanjoanense em 1790. Organizada em 1846 pelo maestro Francisco das Chagas (mestre Chagas), foidirigida durante 53 anos (1859 a 1912) por seu discípulo e sucessor, Martiniano Ribeiro Bastos (1834-1912), que deu seu nome à associação musical.

    A orquestra Lira Ceciliana, de Prados, foi fundada em 1858 por José Esteves da Costa, seu diretor até1895. Dela participam hoje três gerações da família Costa.

    A orquestra Ramalho, de Tiradentes, é remanescente de tradições musicais que remontam a 1732. Possuirazoável quantidade de manuscritos musicais de fins do século XVIII. Foi fundada em 1860 por José LuizRamalho, que a dirigiu até 1900, com o nome de “Corporação Musical São José D’El Rey”.

    Em 1922, sua direção foi alvo de uma disputa política entre Joaquim Ramalho, neto do fundador, e Antôniode Pádua Falcão, com a derrota deste último. Na década de 1930, passou a ter o presente nome.

    Estas quatro orquestras, cuja sobrevivência deve-se, em parte, às raízes familiares, são as fiéis depositáriasde tradições transmitidas por gerações, interpretando ininterruptamente peças compostas nos séculos XVIII

    e XIX.

    11 Comments

    1. 13-1-2012Margareth Carneiro says:

    Ola, adorei a reportagem. Parabéns Antônio Campos! Não conhecia o seu lado que não fosse o dainformática! Estava pesquisando música barroca mineira e dei de cara com o seu Post. Excelente!Ideal para o que eu precisava.

    Reply18-4-2012Antonio Campos Monteiro Neto says:

    Olá, Margareth, fico feliz que tenha gostado. Creio que nossa música é um patrimônio históricoimportante e merece ser divulgada por todos os meios possíveis, sendo a internet o maisdemocrático.

    Um abraço, Antonio.

    Reply2. 4-5-2012

     Newton says:

    Sensacional o trabalho de pesquisa. Muito bom mesmo. Obrigado pelos dados preciosos e precisos!Um abraço.

    Reply

    3. 7-5-2012João luiz says:

    Olá amigo!Você poderia me fornecer as fontes que usou nessa pesquisa?

    http://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1278#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1254#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1019#respond

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    Reply4. 20-5-2012

    Antonio Campos Monteiro Neto says:

    Segue uma pequena Bibliografia. Além dos livros foram consultados outros textos, como de sites nainternet e encartes de CD.

    REZENDE, Maria da Conceição. A Música na História de Minas Colonial. Rio de janeiro: Itatiaia,1989.LANGE, Francisco Curt. História da Música na Capitania Geral das Minas Gerais – Serro Frio eArraial do Tejuco. Belo Horizonte: Conselho Estadual de Cultura, 1983. _____. História da Música nas Irmandades de Vila Rica. Belo Horizonte: Ed. Minas Gerais, 1979.LATIF, Miran de Barros. As Minas Gerais. Rio de Janeiro: Itatiaia, 1991.

    Um Abraço. Antonio

    Reply

    5. 25-5-2012Antonio Campos Monteiro Neto says:

    Recentemente, soube que o texto abaixo, sobre o compositor Manoel Dias de Oliveira não passou deuma brincadeira entre musicólogos. Mas como foi publicado no encarte de um CD, induziu-me aoerro de publicá-lo na matéria acima. Por favor o desconsiderem:

    “Quando jovem, atraído pela música na Matriz de Sto. Antônio, memorizava as vozes do repertórioescondendo-se na igreja para ouvir os ensaios. Conta-se que o padre Francisco da Piedademaravilhou-se ao ouvir o pequeno mulato cantando uma composição de Josquin des Prés, enquanto

     brincava com as formigas, convidando-o para juntar-se ao coro e dando-lhe a oportunidade deaprender teoria, contraponto e órgão.”

    Reply6. 21-6-2012

    Fernando Fialho says:

    Boa noite Antônio. Primeiramente, parabéns pelo blog, seu texto é excelente! Preciso fazer umtrabalho sobre música Barroca e pergunto se a música de Carlos Gomes (Tão longe de mim distante,onde irá onde irá teu pensamento…), Chiquinha Gonzaga, e outros mais populares etc… podem ser consideradas músicas barrocas. Se sim, quais os nomes mais populares do barroco brasileiro (que éna verdade o mineiro mais predominante, não é?).Bom, desde já, meu muito obrigado!Fernando Fialho

    Reply26-6-2012Antonio Campos Monteiro Neto says:

    Caro Fernando, o Barroco foi um movimento artístico resultante do movimento deflagrado pelas autoridades católicas, chamado Contrarreforma, cujo objetivo era combater a ReformaProtestante e sufocá-la no berço. Segundo os ditames resultantes do Concílio de Trento (1546-1562), o culto religioso deveria exceder, em luxo e esplendor, a todo e qualquer cerimonial na profissão de outros credos, como também do cerimonial católico pretérito, de modo que, no

    http://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1392#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1308#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1293#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1281#respond

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    decorrer da cerimônia, o fiel se visse apequenado e a emoção prevalecesse sobre a razão,facilitando assim a reconversão ao catolicismo. A música, é claro, desempenhava um papelfundamental, pois não há arte mais poderosa para despertar as emoções da audiência do que aArte dos Sons.

    A manifestação artística que hoje chamamos Barroco, foi, portanto, um fenômeno religioso por excelência. Nesse sentido, as composições populares brasileiras do século XIX não podem ser 

    consideradas barrocas.

    Outro sentido, porém, mais abrangente, e no qual talvez se pudesse enquadrá-la, é o do“barroquismo”, ou seja, a utilização de recursos musicais surgidos durante o período barroconas melodias populares brasileiras. Nesse caso, seria necessário um exame mais detalhado casoa caso.

    Abraços.

    Reply

    7. 14-2-2013Domingos Sávio Lins Brandão says:

    Caro Antonio Campos, gostaria de saber a fonte da seguinte informação: “A expedição de Franciscode Espinosa partiu da vila de Porto Seguro e, subindo o rio Jequitinhonha, passou dois anos nointerior, retornando pelo rio Pardo. O capelão da entrada era o jesuíta Juan Azpicuelta, de Navarra, parente de Ignácio de Loyola, e carregava sempre em suas viagens um pequeno órgão. Após aconversão dos nativos, a expedição fez construir em 1554, num ponto ao norte de Minas Gerais, uma pequena capela. Nela, o capelão entoava cânticos à Virgem na língua dos indígenas, sendoacompanhado por eles. Azpicuelta morreu em 1555, logo após retornar a Porto Seguro.”GratoDomingos Sávio Lins Brandão

    Reply15-2-2013Antonio Campos Monteiro Neto says:

    Caro Domingos, a fonte é:

    REZENDE, Maria da Conceição. A Música na História de Minas Colonial. Rio de janeiro:Itatiaia, 1989.

    Como não tenho o livro comigo no momento, não posso indicar a página.

    Antonio

    Reply8. 8-7-2013

    Elmer C. Corrêa Barbosa says:

    Parabéns pela síntese.

    Reply

    http://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=2682#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1974#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1973#respondhttp://www.movimento.com/2011/09/a-musica-barroca-de-minas-gerais/?replytocom=1399#respond

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