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a reinvenção da classe trabalhadora (1953-1964)

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A reinvenção da classe trabalhadora (1953-1964)

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universidade estadual de campinas

Reitor Fernando Ferreira costa

coordenador Geral da universidade edgar Salvadori de decca

conselho editorial Presidente

Paulo Franchetti Alcir Pécora – christiano Lyra FilhoJosé A. R. Gontijo – José Roberto Zan

Marcelo Knobel – Marco Antonio ZagoSedi Hirano – Silvia Hunold Lara

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Murilo Leal

a reinvenção da classe trabalhadora

(1953-1964)

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Índices para catálogo sistemático:

1. Sindicatos – Trabalhadores têxteis – São Paulo (sp) 331.8817721098161 2. Sindicatos – Metalúrgicos 331.766

copyright © by Murilo Lealcopyright © 2011 by editora da unicamp

Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada emsistema eletrônico, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos

ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor.

isbn 978-85-268-0956-7

L473r Leal, Murilo.A reinvenção da classe trabalhadora (1953-1964) / Murilo Leal. – campinas, sp:

editora da unicamp, 2011.

1. Sindicatos – Trabalhadores têxteis – São Paulo (sp). 2. Sindicatos – Metalúrgicos. I. Título.

cdd 331.8817721098161 331.766

ficha catalográfica elaborada pelosistema de bibliotecas da unicamp

diretoria de tratamento da informação

editora da unicampRua caio Graco Prado, 50 – campus unicamp

cep 13083-892 – campinas – sp – BrasilTel./Fax: (19) 3521-7718/7728

www.editora.unicamp.br – [email protected]

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. em vigor no Brasil a partir de 2009.

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Dedico este trabalho a minha avó Lea Leal, sempre presente, com amor.

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agradecimentos

Este trabalho não seria possível sem a seriedade profissional, a solidarie-dade, o amor de muita gente, a quem fico devendo muito e quero expres-sar meu reconhecimento.

Agradeço a minha orientadora e amiga, professora Zilda Iokoi, pela renovação da oportunidade de trabalharmos juntos, pela orientação ao mesmo tempo inspirada e justa. Sem ela, minhas ideias teriam ficado em rascunho.

Agradeço aos colegas e amigos do grupo de orientação da professora Zilda pela oportunidade de compartilharmos tantas ideias, labores e afetos. A elaboração do presente trabalho se deu na construção coletiva de horizontes de conhecimento. Agradeço a Cassiana Buso Ferreira, Cláu-dia Delboni, Cláudia Moraes, Edvaneide Barbosa, Janaína Teles, Maria Cecília Martinez, Hélio Braga, Mário Sérgio, Maurício Cardoso, Odair da Cruz Paiva, Silvanir Miranda, Sílvio Pereira. Um agradecimento especial a Sidney de Oliveira Pires Júnior, amigo de leituras de O capital e de muitos sonhos.

Agradeço aos membros da banca de qualificação, professores Paulo Fontes e Gildo Marçal Brandão, que, com a leitura e orientação minu-ciosa, abriram caminho para um encaminhamento adequado do traba-lho. Paulo Fontes, além de examinador rigoroso, mostrou-se um amigo atencioso, com o qual pude aprender muito com sua experiência e suas reflexões.

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Agradeço aos membros da banca julgadora do doutorado, professores Maria Helena Rolim Capelato, Maria Célia Paoli, Fernando Teixeira da Silva e Marcelo Badaró Mattos, que leram com paciência a interminável versão apresentada, aconselharam com sabedoria e criticaram com rigor.

Agradeço aos professores Michael Hall, Claudio H. M. Batalha, Fer-nando Teixeira da Silva e ao pesquisador Dainis Karepovs, que, como parte dos compromissos de trabalho da seção paulista do Grupo de Tra-balho (GT) Mundos do Trabalho, da Associação Nacional de História (Anpuh), dispuseram-se a ler o texto apresentado no exame de qualifi-cação e ofereceram sugestões decisivas para uma atualização das leituras e enfoques adotados.

Agradeço aos professores e amigos do núcleo de mestrado interdisci-plinar da Universidade do Grande ABC (UniABC), Palmira Petratti, João do Prado Ferraz de Carvalho e Fabrício do Nascimento, pelo apoio e pelas sugestões nos momentos difíceis em que este trabalho estava sendo concluído e nem sempre pude estar presente. A estatura desses profissio-nais não se adequou ao figurino mesquinho da instituição, que, como vem fazendo rotineiramente, extinguiu o mestrado e nos demitiu a todos.

A pesquisa que deu origem a este trabalho teria sido impossível sem a dedicação e o trabalho competente de profissionais de diversas áreas, responsáveis pela organização, preservação e garantia de acesso aos ma-teriais dos arquivos que guardam os registros de nossa memória social. Agradeço à Fátima Fernandes Vacari, do Centro de Memória Sindical, ao José Krinkillis (Castelo), do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, à Eliana Martins Pereira, do Dieese, à Viviane Ferreira Pó, supervisora do Arquivo Geral da Câmara Municipal de São Paulo, às funcionárias da Biblioteca, à dedicada equipe de funcionários e funcionárias do Ar-quivo do Estado, aos funcionários do IBGE, aos funcionários do Centro de Documentação e Memória (Cedem), da Unesp, especialmente ao amigo Luís.

Agradeço aos dirigentes sindicais que, compreendendo a importância da memória e da reflexão histórica para a vida presente, colaboraram de forma inestimável com esta pesquisa, especialmente ao senhor Fortuna-to Américo Silvestre, presidente da Associação dos Trabalhadores Apo-sentados de São Paulo (Atmasp), ao senhor Sérgio Marques, presidente

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do Sindicato dos Têxteis de São Paulo, ao doutor Antônio Rosela, advo-gado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, e ao senhor João Bo-nifácio, da Associação dos Aposentados Têxteis de São Paulo.

Agradeço a todos os colaboradores que, com os seus depoimentos, permitiram-me novos olhares sobre o passado.

Finalmente, agradeço com especial carinho e reconhecimento às pes-soas mais próximas, que não mediram esforços para me ajudar. Sei que o fizeram por amor e pela consciência de contribuir com uma boa causa. A minha mãe, Maria Christina Diniz Leal, que prestou grande apoio ma-terial e revisou pacientemente todo o volumoso material redigido, corri-gindo erros e, ainda hoje, tentando me ensinar a escrever; a meu pai, Cláudio Murilo Leal, que revisou parte do material, aconselhou-me sa-biamente e, principalmente, manteve acesa a chama em mim do amor à literatura; a minha avó Lea Leal, que fez tudo o que esteve ao seu alcan-ce para me ajudar materialmente e incentivando; a minha esposa, Anna Paula Nunes, que sempre me apoiou, revisou parte do material, presen-teou-me com importantes ferramentas de trabalho, como o Dicionário histórico-biográfico da FGV, colaborou na elaboração de gráfico e tabelas e na pesquisa; à eterna amiga professora Sílvia Beatriz Adoue, incansável militante das melhores causas, que revisou parte do material, ofereceu generosamente muitas ideias e manteve aberta sua preciosa biblioteca.

A todos e todas, minha eterna gratidão.

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Conto ao senhor é o que eu sei e o senhor não sabe; mas principal quero contar é o que eu não sei se sei, e que pode ser que o senhor saiba.

João Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas

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sumário

lista de tabelas, gráfico e figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

parte 1Determinações

1 espaços de produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411. Migração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452. Características fundamentais das indústrias metalúrgica e têxtil

em São Paulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 523. Características da força de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3.1 Formação profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 623.2 Mulheres e jovens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 723.3 Salários e condições de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

2 espaços de reprodução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 891. O “padrão periférico” de crescimento e a questão do espaço

urbano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 902. Condições de moradia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1023. O problema dos transportes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1104. Perfil social dos moradores da periferia de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

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parte 2Práticas:

lutas, reivindicações, organizações3 lutas fabris, campanhas salariais e outras pelejas . . . . . . . 119 1. A luta pelo tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 2. A luta contra o aumento da exploração da força de trabalho . . . . . . . . . . . 127 3. Luta de mulheres e jovens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 4. Luta contra o despotismo patronal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 5. Campanhas salariais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

4 lutas de bairro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 1. Do “favor” à reivindicação: os “de baixo” cobram a fatura —

Abaixo-assinados, petições, comícios por melhorias urbanas . . . . . . . . . . . . 163 2. Motins e “quebra-quebras”: os problemas dos transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 3. Congressos e plenárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 4. O movimento autonomista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

5 lutas contra a carestia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 1. Características do consumo popular: fome, sonegação e escassez

de alimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 2. Quanto subiu a carestia? Briga pelos índices de custo de vida . . . . . . . . . . 205 3. Convenções, mesas-redondas: o movimento popular afia as armas

da crítica para a luta contra a carestia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 4. A luta vai às ruas: greves e passeatas contra a carestia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220

6 as greves gerais (1953-1957) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235 1. A Greve dos 300 Mil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236

1.1 Conjuntura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2361.2 A Greve dos 300 Mil: desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2391.3 A Greve dos 300 Mil: resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253

2. A greve de 2 de setembro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2542.1 Conjuntura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2542.2 A greve de 2 de setembro de 1954: desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2552.3 A greve de 2 de setembro de 1954: resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261

3. A Greve dos 400 Mil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2633.1 Conjuntura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263

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3.2 A Greve dos 400 Mil: desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2673.3 A Greve dos 400 Mil: resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285

7 as greves gerais (1961-1964) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287 1. A greve pelo décimo terceiro salário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287

1.1 Conjuntura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2871.2 A greve pelo décimo terceiro salário: desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . 2891.3 A greve pelo décimo terceiro salário: resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303

2. A Greve dos 700 Mil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3042.1 Conjuntura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3042.2 A Greve dos 700 Mil: desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3052.3 A Greve dos 700 Mil: resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 318

3. A greve geral que não ocorreu: 31 de março de 1964 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319

8 formas de organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323 1. Comissões de salário, de solidariedade e de fábrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323 2. Piquetes de greve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336 3. O Stift–SP e o Stimmme–SP: os sindicatos e as intersindicais ............ 339 4. As SABs (Sociedades Amigos de Bairros) e outras organizações

de bairro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360

parte 3Representações:

cultura e política9 cuícas, pelotas e coroas: cultura operária e popular

em são paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367 1. O calendário operário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367 2. Lazer operário e popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388

10 representações políticas e formas de consciência . . . . . . . . 401 1. Candidaturas operárias e partido dos trabalhadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404 2. Jânio Quadros e Porfírio da Paz, os trabalhadores e a política . . . . . . . . . 437 3. Formas de consciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 442

3.1 Repertório dos dominantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4423.2 Repertório dos dominados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 448

conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 457

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bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467Outras fontes pesquisadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 478

Anexosanexo 1 – campanhas salariais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481

Metalúrgicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481Têxteis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 498

anexo 2 – colaboradores entrevistados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 513

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lista de tabelas, gráfico e figuras

Tabela 1 – Migrantes nacionais registrados na Hospedaria dos Imigrantes entre 1950-1959 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46Tabela 2 – Crescimento da população do estado e do município de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Tabela 3 – Crescimento da população urbana e rural no Brasil e em São Paulo (estado) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Tabela 4 – Crescimento percentual da população urbana e rural do Brasil e de São Paulo (estado) entre 1940-1960.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Tabela 5 – Percentual de trabalhadores e da produção industrial em São Paulo (estado) em relação ao Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53Tabela 6 – Variação do número de operários nos setores metalúrgico e têxtil em São Paulo (município) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54Tabela 7 – Variação do número de operários nos setores metalúrgico e têxtil em São Paulo (município) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54Tabela 8 – Percentual de crescimento da força de trabalho em São Paulo (município) entre 1950-1960 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55Tabela 9 – Quantidade e percentuais de operários na capital em relação à população total do município . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Tabela 10 – Progressão do salário mínimo e dos salários médios no setor têxtil e metalúrgico, em termos nominais, no município de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Gráfico 1 – Número médio de operários por fábrica na capital . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Figura 1 – O Última Hora, de abril de 1957, traz uma das inúmeras matérias da coluna Tendinha de Reclamações denunciando as péssimas condições de moradia nos bairros da periferia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

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A reinvenção da classe trabalhadora

Figura 2 – A Greve da Chapinha, na Elevadores Atlas, ganha destaque na capa do Última Hora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152Figura 3 – Cena da Greve dos 300 Mil, em março de 1953, em São Paulo. Podemos ver, ao fundo, a Catedral da Sé sem suas torres, ainda em construção. A “comissão de frente” da passeata carrega painel com emblema do Sindicato dos Têxteis de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159Figura 4 – O jornal do PCB, Notícias de Hoje, traz imagem representativa de uma das formas de organização e de luta da época: mulheres da Sociedade Feminina do Imirim cercam o repórter na redação para levar denúncias sobre as condições de vida no bairro . . . . . . . . 196Figura 5 – Edição de julho de 1956 do jornal Última Hora registra manifestação de trabalhadores e estudantes para entregar memorial contra a carestia de vida a vereadores e deputados estaduais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202Figura 6 – Marcha da Fome, em São Paulo, em novembro de 1958. A marcha do Rio de Janeiro foi proibida pelo governo JK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224Figura 7 – Passeata durante a Greve dos 300 Mil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241Figura 8 – Passeata na Greve dos 300 Mil. Faixa traz palavra de ordem típica do PCB, “os jovens do Ipiranga contra o envio das tropas para a Coreia e pela baixa do custo de vida”, ligando o tema da paz ao problema da carestia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243Figura 9 – Passeata durante a Greve dos 300 Mil. Na tradicional “comissão de frente”, mulheres carregam a bandeira do Brasil. A anotação feita por algum funcionário do Dops faz alusão irônica ao PCB: “Prêmio Stalin” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245Figura 10 – Passeata da Greve dos 300 Mil prepara-se para sair da Praça da Sé. A anotação feita pelo funcionário do Dops indica a presença do vereador Milton Marcondes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248Figura 11 – O Última Hora noticia a Greve dos 400 Mil em outubro de 1957. Na imagem, a tecelã e dirigente sindical Eulina de Oliveira consegue convencer os metalúrgicos da Arno a aderirem à greve . . . . . . . . . . . 272Figura 12 – A Greve dos 400 Mil é considerada vitoriosa e os trabalhadores comemoram dançando na Praça Roosevelt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 284Figura 13 – O Última Hora registra a assinatura do Pacto de Ação Conjunta, que organizaria a Greve dos 700 Mil em outubro de 1963 . . . . . 306

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apresentação

“Essa multidão é o músculo da cidade.” Assim era definida a massa tra-balhadora de São Paulo pelo jornal Última Hora em sua avaliação da famosa greve operária que havia paralisado a metrópole no início de 1953. Ficara evidente, então, o que acontecia quando o “músculo” se recusava a funcionar. Neste livro, Murilo Leal debruçou-se como poucos no exame atento dessa “multidão” e realizou em A reinvenção da classe trabalhadora (1953-1964) uma das mais impressionantes e importantes análises surgi-da no campo da história social brasileira do trabalho nos últimos anos.

A São Paulo dos anos 1950 e início dos de 1960 era uma cidade que passava, mais uma vez, por um período de transformações profundas. Um novo ciclo de industrialização, estimulado pela conjuntura interna-cional e pelas políticas nacional-desenvolvimentistas, provocava uma verdadeira reestruturação produtiva, redefinindo as relações sociais e econômicas. Marcada desde o final do século XIX pela presença de imi-grantes europeus e asiáticos, São Paulo atraia agora milhares de traba-lhadores do interior do estado, de Minas Gerais e, em particular, do Nordeste brasileiro. A cidade crescia e se modificava intensamente. No-vos e distantes bairros periféricos eram criados em um ritmo impres-sionante, enquanto as regiões centrais se adensavam e verticalizavam. As elites locais reinventavam uma tradição de heroísmo e empreende-dorismo, presente no culto aos bandeirantes, e celebravam a suposta modernidade da “capital do trabalho”, alcunhando-a com slogans ufanis-tas, como “a cidade que mais cresce no mundo” ou “a cidade que não pode parar”.

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A reinvenção da classe trabalhadora

Foi nesse contexto que Murilo Leal procurou compreender o papel das trabalhadoras e dos trabalhadores. A partir do estudo das duas prin-cipais categorias profissionais da indústria naquele momento, os têxteis e os metalúrgicos, Leal traz uma contribuição fundamental para o con-junto de estudos e pesquisas que, nos últimos 20 anos, tem transformado definitivamente nossa forma de ver a história brasileira e a ação da clas-se trabalhadora na segunda metade do século XX.

Durante muito tempo, os operários e suas lideranças sindicais foram “patinhos feios” nas análises sobre o Brasil entre os anos 1930 e 1960. Pouco organizados, com fraca consciência de classe devido à sua predo-minante origem rural e com sindicatos dominados por uma burocracia corrupta e sedenta das benesses do Estado, os trabalhadores urbanos teriam sido facilmente cooptados por políticos paternalistas, demagogos e oportunistas. Em que pese o crescimento das mobilizações, das greves e da luta por reformas, a fragilidade estrutural dos trabalhadores acabaria resultando em derrota e, em grande medida, no próprio golpe de 1964.

Apesar da persistente e obtusa popularidade dessas versões em alguns círculos acadêmicos e políticos, tal visão já não se sustenta mais. Desde o final dos anos 1980, diversos estudos têm demolido essas interpretações e têm mostrado uma classe trabalhadora muito mais complexa, e também mais ativa, organizada e articulada politicamente do que se supunha. Em fina sintonia com essas reinterpretações, A reinvenção da classe trabalha-dora (1953-1964) vai muito além do exame de duas categorias profissio-nais. Leal parte do estudo de metalúrgicos e têxteis para abarcar um re-pertório bastante abrangente de temas e debates centrais para a história do país no pós-guerra. Ancorado em forte pesquisa empírica, o autor não teme propor generalizações e explicações mais amplas. Trata-se, feliz-mente, de um livro ambicioso e audacioso no escopo e nas conclusões. A um só tempo, estudo de caso e obra de síntese.

Propondo-se a cobrir um leque extenso de temas, Murilo Leal coloca-se a difícil tarefa de debater (às vezes, de forma bastante crítica) com uma vastíssima bibliografia, de áreas tão diversas como economia, sociologia ou medicina do trabalho. Em particular, a produção recente na área de história social do trabalho no Brasil, que o autor domina muito bem, é objeto de interlocução permanente. Por outro lado, a literatura já clássica