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UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO MESTRADO EM PSICOLOGIA E SAÚDE A Satisfação Profissional dos Enfermeiros Estudo exploratório em enfermeiros de Centros de Saúde e de Hospitais SARA SOFIA FERNANDES DE LIMA MELO MARTINS ABRIL 2003

A Satisfação Profissional dos Enfermeiros · Avant en conte le instituition et service a qui concerne nous vérifions que le niveaux de satisfationgenera del s infermiers dans le

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UNIVERSIDADE DO PORTO

FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

MESTRADO EM PSICOLOGIA E SAÚDE

A Satisfação Profissional dos Enfermeiros Estudo exploratório em enfermeiros de Centros de Saúde e

de Hospitais

SARA SOFIA FERNANDES DE LIMA MELO MARTINS

ABRIL 2003

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Dissertação de candidatura ao grau de Mestre, no âmbito do Mestrado em Psicologia e

Saúde, realizada sob orientação do Professor Doutor António de Almeida-Dias

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Agradecimentos,

Ao Prof. Doutor António Almeida-Dias, pela orientação, transmissão de conhecimentos,

paciência e amizade demonstrada.

A Prof8. Doutora Cristina pela disponibilidade e tranquilidade transmitida

A Mestre Raquel Esteves, á Mestre Luísa Brochado, ao Mestre Henrique e ao Mestre

Luís Sá pela disponibilidade e ajuda prestada.

Aos Directores e Enfermeiros-Chefe Hospitais S. Oliveira - Guimarães, S. João de

Deus- Famalicão, Sta Maria Maior Barcelos e Sta Luzia - Viana do Castelo e dos

Centros de Saúde do Carandá - Braga, Famalicão I, Famalicão II e Amorosa -

Guimarães, sem a disponibilidade que demonstraram, não era possível a realização

deste estudo.

A todos os enfermeiros que participaram voluntariamente neste estudo.

À Direcção da C.E.S.P.U. (Cooperativa de Ensino Politécnico e Universitário), pela

ajuda e incentivo à formação.

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A Direcção do Hospital Narciso Ferreira pela disponibilidade e flexibilidade de horários

proporcionada, sem os quais não era possível concretizar este Mestrado.

A todos os meus amigos do Hospital Narciso Ferreira pelo incentivo, tolerância e ajuda

prestada, nos momentos de desânimo.

A todos os meus amigos pelo apoio e colaboração sempre demonstrada.

Aos meus sogros pelo apoio e carinho transmitido.

Aos meus pais, por todo o carinho, apoio e amor com que sempre me presentearam ao

longo da vida.

Ao Marco André, pelo apoio, incentivo e amor demonstrado durante vários anos.

Ao Diogo, a razão de tudo.

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INDICE

RESUMO Págs

INTRODUÇÃO

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo I - Evolução do conceito de satisfação no trabalho 5

Capítulo II - Teorias e modelos de satisfação no trabalho 13

Capítulo III - A Enfermagem 35

Capítulo IV - A satisfação no trabalho dos enfermeiros 57

PARTE II - ESTUDO EXPLORATÓRIO DA SATISFAÇÃO NO

TRABALHO

Capítulo V - Questões de estudo 65

Capítulo VI - População e Métodos 67

Capítulo VII- Apresentação dos resultados 76

Capítulo VIII - Discussão dos resultados 97

Capítulo IX - Conclusão 101

BIBLIOGRAFIA 103

ANEXOS

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"A satisfação profissional dos Enfermeiros - estudo exploratório entre os

enfermeiros dos Centros de Saúde e dos Hospitais"

Sara Sofia Fernandes de Lima Melo Martins

RESUMO

A investigação, no âmbito da satisfação do trabalho, tem sido uma das

preocupações da Psicologia das últimas décadas, e consequentemente algumas

mudanças organizacionais e sociais subjacentes à percepção do trabalho e ao contexto

profissional.

Este estudo tem como objectivos avaliar o grau de satisfação, e tentar

compreender a forma como toda uma série de variáveis o influencia e das

consequências associadas a diferentes graus de satisfação.

Os resultados obtidos sugerem que o grau de satisfação geral dos enfermeiros

enquadra-se num nível de suficientemente satisfeito, havendo algumas variações entre

homens e mulheres, mas pouco significativas.

Tendo em conta o tipo de instituição a que pertencem, verificamos que o nível

de satisfação geral dos enfermeiros nos Centros de Saúde é inferior ao apresentado nos

Hospitais. Se atendermos ao serviço, e neste aspecto escolhemos serviços em que o tipo

de cuidados prestados eram relativamente semelhantes, verificamos que os enfermeiros

da consulta externa eram os que apresentavam um grau de satisfação mais baixo, valor

este que se aproximava muito do valor de satisfação verificado nos Centros de Saúde.

Ao nível dos Centros de Saúde, o do Carandá era onde os enfermeiros

apresentavam um grau mais elevado de satisfação, enquanto que em relação aos

Hospitais, os enfermeiros com maior grau satisfação pertenciam ao Hospital S. Oliveira-

Guimarães.

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As análises realizadas permitiram concluir que o grau de satisfação geral

apresentado era o resultante da satisfação de condições específicas, dentro das quais se

destacavam o funcionamento do serviço, o tipo de trabalho realizado e a organização do

serviço, sendo as condições menos importantes, a perspectiva de promoção, a

competência e desempenho dos subordinados e a remuneração.

Este grau de satisfação variava em função da diferença entre as expectativas e as

condições reais no trabalho, verificando-se que quanto maior a diferença menor o grau

de satisfação.

Relativamente aos dados socio-biográficos, o facto de ter mudado ou pedido

transferência de serviço, destaca-se como único factor que influencia, de forma positiva,

o grau de satisfação no trabalho apresentado pelos enfermeiros.

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"The profissional satisfaction of the nurses -study amoung the nurses working at

Health Centers and Hospitals".

Sara Sofia Fernandes de Lima Melo Martins

Summary

The investigation about job satisfaction has been one of the Psychologie worries

of the last decades, causing some organizational and social changes relating to working

awareness and professional context.

The target of this study is to evaluate the satisfaction degree of people involved,

as well as to try to understand the way a different kind of situations can change it.

The results obtained show that nurses general satisfaction degree is at an "

enough satisfied" level, showing as well some differences between men and woman, but

not so relevant.

Considering the institution in which nurses work at, we can realise that nurses

working at Heath Centres are not as satisfied as the ones working in Hospitals.

Considering working position, assuming that similar ones have been considered, we can

realise that the nurses working at external service were less satisfied than those working

at internal medicine, a level very similar to that occurred at Health Centres.

Considering the Health Centres, Carandá was the one where nurses seemed to be

more satisfied. If was have Hospitals in mind, nurses assumed to be more satisfied at

Hospital S.Oliveira - Guimarães.

At the end of this study, we concluded that the general satisfaction level

presented was the result of the special conditions, such as kind of job done and service,

organization. On the other hand, working conditions, promotion perspective,

competence and salary happened to be less important.

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The satisfaction level changed according expectations and the real work

conditions; therefore, if there are big discrepancies, a small satisfaction level occurs.

Regarding social conditions, the one that changes positively the satisfaction

level of the nurses was the effective transference to another different service.

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"La satisfation profissionnel des infirmiers - étudie entre les infirmiers des Centre

de Santé e des Hospitaux

Sara Sofia Fernandes de Lima Melo Martins

Resume

La investigation dans le contour de la satisfation du travail, a été une

preocupation de la Psychologie dans les dernières décades, et consequentement le

moteur de quelques changements de organization et sociaux subjacents à perception du

travail et au contexte profissionnnel.

Ce étude a comme objectif avalier le niveaux de satisfation, mais aussi pour

comprendre toute une serie de variables qui lui influencie et des consequences associé a

les diferents niveaux de satisfation.

Des résultats obtenus nous pouvons comcluire qui le niveaux de satisfation

general des infermiers se encadre dans un niveaux de sufisantement satisfait, ayant

quelque variation entre homme et femme mais peux significatifs.

Avant en conte le instituition et service a qui concerne nous vérifions que le

niveaux de satisfation general des infermiers dans le centre de santé est inférieur aux qui

est présenté dans les hospitaux.

Si nous atendent au service et dans cette perspective nous chousons les services

dans lequelle le tipe de services donner été relativement pareilles nous vérifions que les

infermiers de service extérieur été le que présentait un niveaux de satisfation bas valeur

semblable au valeur présenté dans le centre de santé.

Les infermiers du Centre de Santé du Carandá et les infermiers de l'Hospital

S.Oliveira - Guimarães présenté un niveaux plus élevé de satisfation.

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Les exams realise permit conduire que le niveaux de satisfation générale

présenté cette le resultant de la satisfation de condition spécifiques, dans les quelles se

détachait le funcionement du service, le tipe du travail realizé et le organization du

service, étant les conditions moins importants, la perspective de promotion, la

competence et travail de les subordinnés et le salaire.

Ce niveaux de satisfation variait en finition de le diference entre les expectatifs

et les conditions reals du travail, se vérifiant que combien plus le diference moins le

niveaux de satisfacion.

Relatifement aux elements socio-biografiques, seulemente le motive de avoir

changé au transference de service se détache de forme positive au niveaux de satisfation

du travail présenté par les enfermiers.

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INTRODUÇÃO

A satisfação tem assumido ao longo dos tempos cada vez mais importância, pois

as exigências e os objectivos dos indivíduos são cada vez mais elevados, tornando o

Homem um ser insatisfeito e que procura sempre a satisfação.

Na nossa sociedade onde a competitividade no trabalho e as exigências sobre o

indivíduo são cada vez maiores, sendo a sua rentabilidade equiparada por vezes a uma

máquina, a satisfação no trabalho assume-se como um assunto de investigação.

São vários os modelos teóricos e os estudos realizados na tentativa de

compreender, explicar e a identificar os factores que possam contribuir para a satisfação

do indivíduo no trabalho, estando longe de haver um consenso entre as mesmas. Estes

estudos permitem-nos perceber e conhecer várias realidades e contextos profissionais,

bem como identificar algumas variáveis que vão influenciar a satisfação profissional do

indivíduo nesse contexto, e muitas vezes predizer em relação a algumas condições, o

grau de satisfação que os indivíduos poderão apresentar.

O nosso interesse neste assunto específico da satisfação profissional dos

enfermeiros, surge, não só pelo facto de estarmos directamente ligados à formação

destes profissionais de saúde, mas também por trabalharmos em equipa com estes no

contexto hospitalar.

Os enfermeiros, mais do que outros profissionais de saúde, estão mais horas em

contacto com o doente, e é a sua capacidade de prestar cuidados que resulta uma

melhoria da qualidade de vida do doente, com o qual estabelecem uma forte relação de

confiança e ajuda.

Desta forma, consideramos que para que o enfermeiro se sinta realizado na sua

profissão, e se dedique totalmente ao doente, tem necessariamente que estar satisfeito.

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Neste sentido, elabora-mos o nosso estudo com o objectivo de responder a

algumas questões que consideramos importantes na problemática da satisfação

profissional e que passamos a apresentar:

1. Qual o grau de satisfação profissional dos enfermeiros nos Hospitais e nos

Centros de Saúde?

2. A satisfação profissional dos enfermeiros depende da não realização das

expectativas laborais de cada serviço?

3. As características sociodemográficas podem influenciar na satisfação

profissional dos enfermeiros?

Na tentativa de responder a estas questões, e depois de uma análise exaustiva

dos modelos teóricos e estudos realizados sobre a satisfação profissional, baseamo-nos

no modelo que Jorge Vala considera mais adequado ao estudo da satisfação e que

valoriza as expectativas sobre o contexto de trabalho.

Assim, esta dissertação de mestrado é constituída por duas partes. Na primeira

parte é apresentado o enquadramento teórico do estudo, no qual se faz referência à

evolução do conceito de satisfação no trabalho, às teorias e modelos da satisfação no

trabalho, ás teorias da enfermagem, ao enquadramento da enfermagem no sistema de

saúde em Portugal e um último capítulo onde se apresentam alguns estudos de

satisfação profissional dos enfermeiros. Na segunda parte é realizada a análise

estatística do estudo exploratório, com a descrição das características da população e da

amostra, descrição dos aspectos metodológicos do estudo e a apresentação dos

resultados obtidos. Por fim é realizada uma breve discussão dos resultados obtidos e por

fim as conclusões.

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O nosso desejo na realização deste estudo é no sentido de trazer algumas

contribuições para a compreensão e conhecimento da satisfação no profissional dos

enfermeiros nos vários contextos de trabalho, e recolher informações no sentido de

capacitar as instituições para estas proporcionarem condições que vão de encontro á

satisfação dos seus profissionais.

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PARTE I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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CAPÍTULO I

Evolução do Conceito de Satisfação no Trabalho

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Ao longo da história do Homem que o seu trabalho foi um foco de interesse de

estudo, não só relacionado com as suas características, organização e produtividade,

mas também nos factores que iriam influenciar o trabalho e as suas dimensões.

Actualmente, cada vez mais se valoriza a competência, o desempenho

profissional, produtividade e a satisfação do trabalhador, pelo que surge interesse de

diversas áreas, sobretudo da Psicologia, nestes domínios.

Neste primeiro capítulo, iremos apresentar a evolução do conceito de satisfação

no trabalho; para tal iremos começar por apresentar uma retrospectiva histórica da

conceptualização do trabalho e posteriormente a evolução propriamente dita do conceito

de satisfação no trabalho.

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO

Frequentemente o trabalho é considerado como uma actividade pouco agradável,

ou até mesmo desagradável, embora fundamental para a sobrevivência do indivíduo e

seus dependentes. Curiosamente o termo Trabalho provém do latino vulgar tripalium,

instrumento de tortura composto de três paus ou varas cruzadas, ao qual se prendia o

réu.

Actualmente o trabalho é definido como qualquer actividade do homem que tem

por finalidade um resultado útil e, dotado de valor económico; enquanto actividade é

uma actualização das potencialidades e virtudes do ser humano e por isso mesmo, meio

indispensável para este se «realizar» (Cabral, 1994).

Para Gaudium et Spes (cit. Cabral, 1994) o trabalho será um factor de realização

do homem na medida em que responde à verdade do homem, às suas reais virtudes e

necessidades, pois caso contrário torna-se desumanizante e destruidor.

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Se atendermos à evolução do conceito de trabalho, este acontece paralelamente à

história do homem; nas sociedades judaico-cristãs, o trabalho era encarado como

participação na obra de Deus e por isso grandioso. Inspirada no Cristianismo, surge a Ia

lei social referente ao descanso dominical, introduzida por Constantino em 321.

Posteriormente, surgem organizações profissionais onde se incluem as corporações e

organizações assistenciais de trabalho, como os asilos, hospitais e leprosarias, realizado

por caridosos e devotas, e cujo trabalho era gratuito e incentivado por uma recompensa

de Deus.

No final do séc. XVIII, com a revolução industrial, surge uma grande

transformação na história do Homem com a industrialização a permitir um grande

desenvolvimento dos vários sectores político, social, económico e cultural; surgem

novas fontes de energia, novas actividades, sendo na maioria introduzida a máquina,

novos sectores económicos e sociais, assistindo-se à divisão do trabalho. O trabalho

deixa de ser apenas a fonte de subsistência familiar, e passa a ser o meio de responder às

necessidades cada vez maiores da população.

Surge a melhoria da qualidade de vida dos sujeitos associada ao crescimento

económico reflectindo-se no crescimento da população e à mudança no modelo de vida,

tornando-se o Homem mais social.

Numa perspectiva antropológica, o carácter humano do trabalho surge em

virtude do significado e valor que o homem lhe atribui, não considerando que seja o

único factor de realização pessoal, pois existem outras actividades exercidas pelo

homem como o jogo, a arte, a convivência e o descanso que são fonte de prazer.

Esta perspectiva enquadra também o trabalho numa função social, pois este

implica serviço para os outros, uma cooperação entre todos e consequentemente, o

estabelecimento de laços entre os homens.

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Actualmente o trabalho ocupa um papel fulcral na vida dos indivíduos,

assumindo-se como uma prioridade em relação aos outros papéis e actividades que

compõem o seu quotidiano; a imagem do trabalho como fonte de subsistência, surge

substituída pela do trabalho como meio de afirmação e de realização pessoal.

Esta mudança de valores que levou à consequente emergência do trabalho como

uma componente fundamental na vida do indivíduo, fez com que surgissem algumas

questões no âmbito da organização e condições do trabalho, bem como os factores que

influenciam o nível de satisfação referido pelo indivíduo, em relação ao seu trabalho.

Inicialmente a satisfação era uma preocupação do trabalhador ou dos grupos

organizados de trabalhadores, nomeadamente comissões de trabalhadores e sindicatos;

actualmente, a satisfação no trabalho é uma preocupação da entidade patronal por

questões socioculturais e de produtividade.

Numa sociedade onde a concorrência é cada vez mais crescente, onde só os

melhores têm lugar, valorizam -se as questões relacionadas com a estrutura física, a

produtividade, as condições de trabalho, os direitos dos trabalhadores e a sua satisfação.

Desta forma, a satisfação no trabalho tem vindo, ao longo dos tempos, a assumir-se

como um dos objectos de estudo nos vários domínios da Psicologia.

Em 1976, Locke (cit. In Frances, 1984) distingue três escolas cujos estudos de

investigação, contribuíram para a evolução do conceito de satisfação no trabalho:

Escola Psico-económica de Taylor, 1912, introduzindo a noção de organização

científica do trabalho, realizando para isso estudos de movimentos, pausas, gestos e

tempos necessários à realização de tarefas na tentativa de aumentar a produtividade da

indústria através da racionalização do trabalho do operário; Taylor defende a selecção

científica de cada trabalhador, «homem certo para o lugar certo», para assim existir

rentabilidade das empresas, proporcionando por um lado margens de lucro e

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produtividade elevadas com diminuição dos custos, e por outro lado maximizar a

produtividade do operário, que trabalhando mais e melhor, obtém compensações

salariais.

A Escola Psicossociológica, na sequência das experiências de Elton Mayo de

1933, em Hawthorne, enfatiza as relações interpessoais dentro das organizações e a

importância das características psicológicas e sociais dos trabalhadores. É com Mayo

que a problemática da motivação dos indivíduos e do impacto do estilo de liderança na

produtividade se tornam questões centrais no estudo das organizações (Sousa, 1993).

Mayo considera que as empresas são fundamentalmente um sistema social, e que

a observação sistemática e profunda do factor humano, é básica para estimular e motivar

os indivíduos a participar nas tarefas e obter satisfação no trabalho (Ferreira, 2001)

Mais tarde, em 1959, em resultado dos estudos de Herzberg, Mausner e

Syderman, surge uma nova escola a Escola do Desenvolvimento. Estes autores

consideram que a satisfação no trabalho não depende, simplesmente, de uma série de

variáveis, mas de questões relacionadas com personalidade dos indivíduos, mais

concretamente das relações destes com o seu papel no trabalho e da possibilidade de

progressão na carreira.

Francês (1984) refere que, segundo Herzberg, a satisfação no trabalho não

depende de factores «extrínsecos» como o salário, as relações com o superior ou com os

colegas, ou a organização, mas de factores «intrínsecos» como a natureza de tarefas, as

possibilidades que elas oferecem de utilizar e de levar até ao fim as suas capacidades de

toda a ordem, e aceitando o sentido das responsabilidades, provas de reconhecimento e

possibilidades de promoção.

Desde então, são várias as definições de satisfação no trabalho. Existem autores

que consideram a satisfação do trabalho, como sendo um estado emocional, sentimentos

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ou respostas afectivas; Crites (1969) considera a satisfação no trabalho como um estado

afectivo, no sentido do gostar ou não, em termos gerais, de uma determinada situação

relacionada com o seu trabalho, enquanto que Locke (1976), define como um estado

emocional positivo que resulta da percepção subjectiva das experiências no trabalho por

parte do emprego (Ferreira et ai., 2001). Em 1993, Muchinsky e Newstron e Davis,

referem-se à satisfação do trabalho como um conjunto de sentimentos e emoções

favoráveis ou desfavoráveis resultantes da forma como os empregados consideram o seu

trabalho.

Outros autores consideram a satisfação no trabalho como sendo uma atitude

generalizada em relação ao trabalho (Beer, 1964; Arnold, Robertson e Cooper, 1991),

dependendo de três componentes:

■ Cognitiva - pensamentos ou avaliação do objecto de acordo com o

conhecimento;

■ Afectiva - sentimentos, emoções positivas ou negativas;

■ Comportamental - predisposições comportamentais ou de intenção em relação

ao objecto.

Todas estas orientações podem ser enquadradas em duas dimensões distintas:

■ Abordagem unidimensional - a satisfação no trabalho é vista como uma atitude

em relação ao trabalho em geral; apesar de considerarem a satisfação dependente

das características do trabalho, não resulta da totalidade dessas características.

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■ Abordagem multidimensional..- considera a satisfação resultante de um conjunto

de factores associados ao trabalho, em relações aos quais é possível quantificar,

parcialmente, o nível de satisfação dos sujeitos.

Em 1976, Locke identifica nove dimensões que vão ser determinantes para o

nível de satisfação no trabalho: a) o interesse intrínseco do trabalho, a variedade, a

dificuldade, a quantidade do trabalho, as oportunidades de aprendizagem, as

possibilidades de êxito ou controlo sobre os métodos; b) a satisfação com a

remuneração e a forma como é distribuída pelos empregados; c) a satisfação com as

promoções, integrando as oportunidades de formação e outros aspectos relacionados

com esta; d) a satisfação com o reconhecimento, englobando os elogios e críticas ao

trabalho realizado; e) a satisfação com os benefícios, tais como pensões, os seguros de

doença, as férias; f) a satisfação com a chefia, o estilo de liderança ou as capacidades

técnicas e administrativas e a qualidade do relacionamento interpessoal; g) a satisfação

com os colegas de trabalho, caracterizada pelas competências dos colegas, o apoio que

estes lhe prestam, a amizade; h) a satisfação com as condições do trabalho (horário,

período de descanso, local de trabalho, aspectos ergonómicos); i) satisfação com a

organização e com a direcção. (Ferreira e ai., 2001)

Às seis primeiras dimensões, Locke denominou por eventos ou condições,

enquanto as três últimas, designou por agentes.

Assim, para se definir o conceito de satisfação no trabalho, é necessário ter em

consideração os processos psicológicos que correspondem à experiência subjectiva da

satisfação bem como algumas características do trabalho.

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Neste sentido, elaboraram-se alguns modelos teóricos sobre a satisfação no

trabalho, com o objectivo de se identificar, caracterizar, qualificar e, sempre que

possível, quantificar os factores que de alguma forma condicionam o grau de satisfação.

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CAPÍTULO II

Teorias e Modelos de Satisfação no Trabalho

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A investigação, no âmbito da satisfação do trabalho, tem sido uma das

preocupações da Psicologia das últimas décadas, e consequentemente algumas

mudanças organizacionais e sociais subjacentes à percepção do trabalho e ao contexto

profissional.

Em seguida iremos apresentar alguns modelos teóricos que procuram

compreender os mecanismos e os factores, de ordem intrínseca e extrínseca implicados

na satisfação do trabalho.

São várias as teorias desenvolvidas nos últimos anos, relacionadas com a

satisfação profissional, sendo grande parte delas relacionadas com teorias da motivação

no trabalho, e que podem ser sistematizadas, de acordo com Locke (1976) em duas

categorias:

■ As teorias dos conteúdos procuram a compreender os factores internos ao

indivíduo, as necessidades e os valores particulares que são necessários alcançar

para que o indivíduo se sinta realizado no seu trabalho. Estas teorias

demonstram as regularidades existentes no indivíduo (princípios universais)

relativamente aos motivos ou necessidades que impulsionam o comportamento

do mesmo. Nesta categoria enquadram-se as teorias da hierarquia das

necessidades de Maslow (1954), dos factores motivadores e higiénicos de

Herzberg et ai. (1959) e a teoria dos motivos de McClelland (1961).

■ As teorias processuais que valorizam como se exprime a motivação,

considerando que as pessoas não são só diferentes em relação àquilo que as

motiva, como as motivações variam com o tempo e o contexto pessoal.

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Estas teorias consideram a satisfação profissional como uma resposta emocional

agradável, resultante da percepção que o indivíduo tem de que o trabalho que

desempenha permite a concretização dos seus objectivos profissionais mais

importantes. Enquadram-se nesta categoria, a teoria das expectativas de Vroom

(1964), as teorias da discrepância, o modelo das características do trabalho de

Hackman e Oldham (1975) e a teoria da adaptação ao trabalho de Dawis &

Lofquist(1984).

Existe ainda um grupo de teorias que consideram os factores situacionais como

determinantes da satisfação do trabalho e, com tal as iremos incluir numa terceira

categoria abordagens situacionais, e que incluem o modelo de processamento social de

informação, teoria dos eventos situacionais e o modelo dinâmico de satisfação no

trabalho.

Em seguida iremos apresentar os conteúdos e as linhas gerais destas teorias.

1. TEORIAS DOS CONTEÚDOS CENTRADOS NO INDIVÍDUO

Esta perspectiva tenta compreender os factores internos aos indivíduos, e que

explicam a forma de agir, considerando que as necessidades interiores que o indivíduo

apresenta constituem uma fonte de energia para o comportamento com o objectivo de

satisfação.

Para estas teorias a necessidade mobiliza o indivíduo para a acção, para os

objectivos e uma vez satisfeita deixa de causar tensão ou desconforto, apesar de nem

sempre se conseguir a satisfação das necessidades, surgindo nesta situação a frustração.

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Dentro desta perspectiva iremos apresentar as teorias da hierarquia das

necessidades de Maslow, dos factores motivadores e higiénicos de Herzberg e das

necessidades de McClelland.

1.1 - TEORIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW

Abraham Maslow em 1954 elaborou um modelo motivacional, baseado no

pressuposto de que as necessidades humanas estão organizadas e disposta numa

hierarquia de importância.

Este modelo ficou conhecido como "a Pirâmide das Necessidades de Maslow",

sendo a base constituída pelas necessidades fisiológicas, e no vértice, as necessidades de

auto-realização, distribuídas da seguinte forma (Donneley, 1988):

■ Necessidades fisiológicas: alimentação, bebida, habitação e protecção contra a

dor;

■ Necessidades de segurança: de estar livre de perigos

■ Necessidades sociais e afectivas: amizade, filiação, participação e amor;

■ Necessidades de estima: auto-estima e de estima dos outros;

■ Necessidades de auto-realização: necessidade de se realizar maximizando as

aptidões e capacidades potenciais.

Segundo Maslow, as necessidades fisiológicas e de segurança porque estão

relacionadas com a preservação e conservação pessoal, são designadas de primárias ou

necessidades de ordem inferior, enquanto que as restantes porque visam a identidade

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sócio-individual designam-se por secundárias ou necessidades de ordem superior. Esta

diferenciação foi baseada na permissa de que, a satisfação das necessidades de ordem

superior depende do próprio indivíduo, enquanto que a satisfação das necessidades de

ordem inferior.

Maslow considera que as necessidades de ordem superior surgem quando as de

ordem inferior se encontram satisfeitas, verificando-se que após a satisfação de uma

necessidade, a próxima que se situa acima na hierarquia emerge, deixando as

necessidades satisfeitas de influenciar o comportamento.

A teoria das necessidades de Maslow pode ser aplicada à satisfação no trabalho

como foi demonstrado por Chiavenato (1993) e que ilustramos na Figura 1.

Maslow salienta alguns aspectos importantes da sua teoria, considerando que os

motivos de natureza social e de realização funcionam como fonte energética do

desempenho do indivíduo no trabalho, sendo a diversidade de necessidades existentes, e

que variam em função da situação, explicam o desempenho diferente de cada indivíduo.

Baseado nesta teoria pode-se concluir que num contexto de bem-estar

económico e de pleno emprego, as necessidades mais baixas na hierarquia estão

normalmente satisfeitas, pelo que para motivar os trabalhadores é importante ir de

encontro às necessidades mais elevadas como o sentido de pertença, o reconhecimento e

as oportunidades de auto-realização, apesar do patamar mais elevado de auto-realização

ser difícil de atingir.

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Não - satisfação Satisfação

Insucesso na profissão. Desprazer no trabalho.

/ Auto \ / Realização \

Sucesso na profissão. Prazer no trabalho.

Baixo status. Baixo salário. Sensação de iniquidade.

/ Estima \ Interacção facilitada pelo arranjo físico. Prestígio na profissão.

Baixa interacção e relacionamento com os colegas, a chefia e os subordinados.

/ Sociais \ Elevada interacção e relacionamento com os colegas, a chefia e os subordinados.

Tipo de trabalho e ambiente de trabalho mal estruturados. Políticas da empresa imprevisíveis.

/ Segurança \

Tipo de trabalho e ambiente de trabalho bem estruturados. Políticas estáveis e previsíveis da empresa.

Confinamento do local de trabalho. Salário inadequado.

/ Fisiológicas \ Salário adequado para a satisfação das necessidades básicas

Figura 1. - A Satisfação e a Não-Satisfação das Necessidades Humanas.

(Adaptado por Chiavenato, 1993)

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1.2 - TEORIA DOS FACTORES MOTIVADORES E HIGIÉNICOS DE

HERZBERG

A teoria dos dois factores foi desenvolvida por Herzberg, Mausner e Snyderman

em 1959, na tentativa de esclarecer os motivos da satisfação no trabalho; a metodologia

utilizada, na qual se incluiu a entrevista a cerca de 200 sujeitos, possibilitou identificar

os factores que proporcionavam quer satisfação quer insatisfação no trabalho.

Os factores referidos como geradores de satisfação no trabalho, estavam

relacionados com factores intrínsecos ao indivíduo relacionados com a natureza das

tarefas e com os conteúdos dos cargos (tais como crescimento, reconhecimento, a

criatividade, a responsabilidade e a promoção) e foram designados pelos autores de

"factores motivacionais", e que correspondem às necessidades de estima e de auto-

realização. Relativamente aos factores de insatisfação, eram atribuídos a factores

extrínsecos, relacionados com as condições que rodeavam o indivíduo enquanto ele

trabalha (tais como: condições físicas e ambientais do trabalho, política e directrizes da

organização, os aspectos técnicos relacionados com supervisão e o salário), e que foram

denominadas por "factores higiénicos", correspondendo às necessidades fisiológicas,

de segurança e sociais.

Com este estudo, Herzberg (1966) define satisfação no trabalho de acordo com

um conjunto de variáveis relacionadas com o trabalho, porém não a considerando como

parte de um contínuo que vai de muito insatisfeito a muito satisfeito (Ferreira, 2001).

Contrariamente às teorias tradicionais, o autor sugere que o oposto da satisfação é a não

satisfação e que o inverso da insatisfação é a não insatisfação; trata-se desta forma de

um conceito bidimensional uma vez que, os factores de conteúdo (motivacionais)

contribuíam para a existência ou não de satisfação, enquanto que os factores de contexto

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(higiénicos) produzem insatisfação ou ausência de insatisfação, como demostra a Figura

2.

Satisfação Factores de conteúdo

Ausência de satisfação

Insatisfação Factores de contexto

Ausência de insatisfação

Figura 2 — Teoria dos factores higiénicos e motivacionais. (Adaptado por Ferreira, 2001)

O modelo dos Dois Factores de Herzeberg introduz uma nova perspectiva na

satisfação do trabalho, considerando esta dependente dos factores intrínsecos ao

trabalho, e que operam no sentido de construir fortes níveis de motivação que podem

resultar em bom desempenho (Donneley, 1988).

Desta forma, se queremos motivar os indivíduos para o trabalho e torná-los mais

satisfeitos, devemos conceder particular atenção a factores como a natureza do trabalho

em si, a responsabilidade, a realização e o desenvolvimento pessoal.

1.3 - TEORIA DAS NECESSIDADES APRENDIDAS DE McCLELLAND

Para McClelland as três necessidades mais importantes para compreender a

motivação do trabalho são:

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■ A necessidade de realização - enquanto desejo de querer ser excelente,

esforçando-se e empenhando-se para ser bem sucedido;

■ A necessidade de poder - desejo de influenciar e controlar o comportamento de

outros;

■ A necessidade de afiliação - enquanto desejo de estabelecer relações

interpessoais amigáveis e próximas.

Segundo McClelland, os indivíduos com uma alta necessidade de realização

gostam de assumir responsabilidades pessoais na tentativa de encontrar soluções para os

problemas e na tomada de decisões, tendo sempre objectivos elevados mas riscos

calculados e valorizam o feedback; ao mesmo tempo gostam de ver as suas capacidades

a serem reconhecidas, bem como o nível do seu desempenho, tendo uma percepção real

e por isso crítica desse mesmo desempenho, pelo que têm consciência sempre que surge

a necessidade de alterar ou melhorar algum aspecto.

Os indivíduos com alta necessidade de poder empenham-se em exercer a

influência e o controlo sobre os outros, preocupando-se com o seu prestígio, o estatuto e

a relação de liderança,; os indivíduos com alta necessidade de afiliação preocupam-se

em estabelecer relações inter-pessoais, compreensão mútua e interesse pelos

sentimentos e avaliação dos outros. Estas duas últimas necessidades estão muito

interligadas verificando -se que os melhores líderes apresentam alta necessidade de

poder e baixa de afiliação.

Segundo McClelland (1961) estas três necessidades são aprendidas pela

experiência de vida do indivíduo, especialmente nos momentos mais precoces, sendo o

incentivo dos pais para o desempenho pessoal e profissional fundamental para o nível

de motivação, para a realização pessoal e a satisfação profissional.

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2. TEORIAS PROCESSUAIS

As teorias anteriormente apresentadas, salientam o papel das necessidades no

condicionamento do comportamento, no entanto, ,verifíca-se que as pessoas são

diferentes pelo que é também diferente aquilo que as motiva. Desta forma algumas

pessoas podem sentir-se mais motivadas e satisfeitas com o seu trabalho aquando de um

aumento de salário, outras podem ficar indiferentes.

Na tentativa de compreender estas situações as teorias de processo valorizam os

factores situacionais e de natureza informativa que levam o indivíduo a ter um

comportamento ou outro.

No âmbito desta categoria iremos apresentar a teoria das expectativas de Vroom,

as teorias da discrepância, e a teoria de adaptação ao trabalho e o modelo das

características do trabalho.

2.1 - TEORIA DA EXPECTATIVA DE VROOM

Na década de 60, baseado nos modelos cognitivistas de expectativa-valor,

Vroom elabora uma teoria que evidência que o comportamento do indivíduo é regulado

pelos objectivos ou metas pessoais, e que visam a realização pessoal.

Esta teoria baseia-se em três pressupostos importantes:

■ Relação esforço/desempenho - a probabilidade percebida pelo indivíduo de que

o seu esforço levará a um determinado desempenho

■ Relação desempenho/recompensa - a medida em que o indivíduo acredita que o

seu desempenho conduzirá à obtenção de um resultado desejado

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Relação recompensa/objectivos pessoais ou atratividade - o indivíduo

percepciona que as recompensas organizacionais são atractivas e satisfazem as

suas necessidades ou objectivos.

Para além destas relações, a teoria de Vroom introduziu cinco conceitos

fundamentais (Ferreira, 1998):

■ Os resultados são os aspectos tangíveis ou intangíveis que a organização

proporciona ao profissional como contrapartida do seu trabalho.

■ A valência referente á importância e significado que o indivíduo atribui às metas

ou objectivos, funcionando como uma satisfação antecipada ao resultado.

■ A instrumentalidade que reflecte a percepção que o indivíduo tem da

probabilidade de receber uma recompensa e o resultado apresentado.

■ A expectativa consiste na relação que se estabelece entre o desempenho e o

resultado desse desempenho.

■ A força - que constitui a quantidade de esforço ou de tensão existente no

indivíduo e que a mobiliza para o trabalho.

Segundo esta teoria, quanto maior for a expectativa de que determinado

resultado será alcançado e maior o valor de incentivo desse objectivo, mais notória será

a tendência motivacional para o desempenho.

A teoria de expectativas de Vroom considera que o comportamento é orientado

para os objectivos e resultados, sendo o comportamento escolhido, bem como o esforço

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e a persistência do sujeito, em função do valor desses resultados e da expectativa de

alcançá-los.

Assim, trata-se de um modelo abrangente que pretende dar conta do carácter

permanente, actuante e dinâmico do processo motivacional, em que intervém

maioritariamente a percepção individual na construção da motivação.

A motivação é explicada pela força que estimula o sujeito a actuar de

determinada forma e a desenvolver determinada quantidade de esforço, sendo este

esforço em função do valor que a recompensa apresenta para o indivíduo e da

probabilidade de recompensa (Ferreira, 2001).

2.1.1 - MODELO DE SATISFAÇÃO DAS FACETAS DE LAWLER

Baseados na Teoria das Expectativas de Vroom para o desempenho da tarefa e

na Teoria da Discrepância de Locke, Porter e Lawler, em 1968, apresentam um modelo

para a compreensão da satisfação no trabalho, no qual era considerado o valor dos

reforços intrínsecos (com origem no próprio indivíduo, ou no trabalho) e extrínsecos

(salário), no desempenho e satisfação no trabalho.

Em 1975, Lawler elabora o Modelo de Satisfação das Facetas que refere que a

satisfação do indivíduo resulta da relação de proximidade entre o que o indivíduo

considera que merece ter como recompensa, e a recompensa que ele realmente recebe.

Para o indivíduo ser capaz de fazer esta relação é necessário comparar as suas

funções e exigências laborais, as suas qualificações e contribuições com as mesmas de

outros colegas.

Segundo o modelo de Lawler o indivíduo ao comparar a percepção da

quantidade que deveria ser recebida (QDR) com a percepção da quantidade

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efectivamente recebida (QER), colocar-se-á numa das três situações : a satisfação (QDR

= QER), insatisfação (QDR > QER) ou o sentimento de culpa (QDR<QER).

Desta forma, segundo o modelo da satisfação das facetas, a satisfação do

trabalho depende de dois processos distintos, uma vez que o indivíduo para além de

realizar uma comparação intrapessoal (análise das suas qualificações e situação laboral),

faz também uma comparação interpessoal (compara as suas qualificações e a sua

situação de trabalho com a dos outros).

2.2 - TEORIAS DA DISCREPÂNCIA

As teorias da Discrepância defendem que as interpretações sociais acerca dos

diferentes tipos de trabalho desempenhado, as representações pessoais que o indivíduo

constrói a partir dessas mesmas interpretações, as avaliações e os processos de

comparação pessoal, vão condicionar e afectar as suas percepções e atitudes acerca do

trabalho.

A teoria da Discrepância defendida por Locke (1969) enfatiza a relação entre os

valores e as necessidades individuais, e os valores alcançados pelo desempenho de uma

função, salientando o papel das três dimensões do trabalho para a clarificação do

processo de discrepância (Ferreira, 2001): satisfação com as dimensões do trabalho, a

descrição das dimensões e a relevância das dimensões; segundo o mesmo autor, a

satisfação com as dimensões do trabalho referem-se à avaliação afectiva, pelo

indivíduo, das dimensões do trabalho, enquanto que a descrição das dimensões

compreende a percepções, isentas de afectos, focalizadas em experiências relacionadas

com especificidades do trabalho; o valor ou importância atribuída às dimensões do

trabalho pelo sujeito, entende-se por relevância das dimensões.

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Desta forma, a discrepância corresponde aos valores atribuídos pelos indivíduos

a estas dimensões, sendo a satisfação no trabalho resultante da proximidade entre o

valor atribuído às dimensões alcançadas e as ambicionadas.

Pieró e Pietro (1996) (cit. Ferreira, 2001) consideram que quanto mais

importante para o indivíduo for a dimensão, maior será a variabilidade ao nível da sua

resposta afectiva, ou seja, da sua satisfação.

2.2.1 - TEORIA DA EQUIDADE DE ADAMS Os estudos de Locke em 1969, foram o ponto de partida para o desenvolvimento

de algumas variantes teóricas que se distinguem apenas pelas diferentes combinações e

estruturações das facetas de trabalho e dos critérios de comparação utilizados.

Uma destas variantes é a teoria da Equidade de Adams que valoriza as

discrepâncias interpessoais, e segundo o qual o indivíduo sente-se mais insatisfeito

quando percebe que a relação entre os seus contributos para a organização e os

benefícios que daí advêm são menores que os de outros indivíduos na mesma

organização.

Quatro elementos importantes podem destacar-se desta teoria (Ferreira, 2001):

■ A pessoa que se compara;

■ A outra pessoa com quem é comparada;

■ Os inputs ou recurso da pessoa (nível de escolaridade, inteligência, experiência,

absentismo, etc)

■ Os outputs (pagamento, benefícios, condições de trabalho, estatuto, etc)

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Assim, quando o resultado dessa comparação não é equitativo, os indivíduos

sentem-se injustiçados e insatisfeitos, podendo resultar na diminuição da motivação

para o trabalho, mudança de perspectivas e percepções (o trabalho do outro é inferior

ao que tinha percepcionado), escolher termos de comparação diferentes, e até

abandonar o local de trabalho.

Ferreira (2001) considera que esta teoria revela que a recompensa é susceptível

de interferir no processo motivacional, o qual além da componente individual, integra

igualmente uma componente social resultante do processo de comparação social.

2.3 - TEORIA DA ADAPTAÇÃO AO TRABALHO

A teoria da adaptação ao trabalho tem sido considerada uma das teorias mais

completas para a compreensão da satisfação no trabalho, por valorizar a

correspondência entre as necessidades e valores individuais e as características do seu

contexto de trabalho. Esta teoria debruça-se sobre a interacção entre o indivíduo e o

ambiente de trabalho, considerando que os indivíduos tendem a procurar responder ás

exigências do ambiente de trabalho.

Dawis e Lofquist (1984) enunciaram os seguintes pressupostos (Ferreira, 2001):

■ A adaptação da pessoa ao trabalho resulta dos níveis dos resultados satisfatórios

e da satisfação do indivíduo em relação ao trabalho;

■ Os resultados satisfatórios dependem da relação entre as competências e

capacidades individuais, e as competências e capacidades necessárias para o

desempenho da função, implicando uma relação entre o sistema de recompensa

e as necessidades individuais;

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A satisfação no trabalho depende da relação entre as necessidades individuais e

o sistema de recompensas, implicando a relação entre as competências

individuais e as competências referidas;

As relações entre os resultados satisfatórios e as competências requeridas pela

função são medidas pela satisfação no trabalho;

As relações entre a satisfação no trabalho e as necessidades reforçadas são

medidas pelos resultados satisfatórios ;

Os níveis inadequados de satisfação ou de resultados satisfatórios podem

contribuir para a saída do indivíduo da organização (despedimento ou abandono

da organização).

Assim, os indivíduos tenderão a procurar contextos de trabalho que favoreçam e

satisfaçam as suas preferências e objectivos específicos, nos quais conseguirão atingir

níveis de sucesso elevados, e onde se sentirão mais recompensados, realizados e

satisfeitos.

2.4 - MODELO DAS CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO DE HACKMANN

E OLDHAM

Baseados na teoria de Herzberg, Hackman e Oldham desenvolveram o modelo

das características da função, em 1976, e reformulado em 1980, que considera a

satisfação no trabalho resultante das características do trabalho que o indivíduo executa

(Ferreira, 2001). Os autores referem que é possível desenvolver formas ideais de

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organização laboral, se atendermos a um conjunto de características do trabalho ou

tarefa e da autonomia da função do indivíduo. Segundo este modelo da função, o

trabalho é caracterizado por um conjunto de dimensões, nomeadamente a variedade de

aptidões, a identidade da tarefa, o significado da tarefa, a autonomia na função e o

feedback, que vão provocar estados psicológicos no indivíduo, e que são importantes na

motivação, desempenho, qualidade e satisfação no trabalho.

Assim, a variedade no trabalho, a identidade e o significado da tarefa

influenciam o significado que o indivíduo atribui ao seu trabalho; a autonomia contribui

para o sentido de responsabilidade pessoal pelo trabalho a realizar e o feedback reforça

o conhecimento acerca dos resultados do trabalho.

Para avaliar a motivação e satisfação do indivíduo, Hackman e Oldham

estabeleceram o índice do Potencial Motivador (IPM), determinado através dos

resultados obtidos nas características do trabalho, segundo a fórmula:

IPM= (Variedade + Identidade da tarefa + Significado da tarefa T)

3 X Autonomia X Feedback

O modelo de Hakman e Oldham salienta uma variável intra-individual, que

segundo Ferreira (2001), é uma variável moderadora entre as características da função e

a satisfação, e definida pelas necessidades de desenvolvimento dos indivíduos.

Segundo este modelo, a satisfação do indivíduo no trabalho vai ser influenciada

pela modificação das características do trabalho, e das suas próprias necessidades de

desenvolvimento, verificando-se que os indivíduos que procuram desenvolver-se e

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investir em novos desafios, apresentam melhor desempenho da função e mais satisfeitos

e motivados para o seu trabalho

3 - ABORDAGENS SITUACIONAIS

Estas teorias valorizam o contexto e a situação de trabalho como factor relevante

na satisfação profissional; nela se incluem a teoria do processamento social da

informação, dos eventos situacionais e o modelo dinâmico da satisfação no trabalho.

3.1 - TEORIA DO PROCESSAMENTO SOCIAL DA INFORMAÇÃO

A teoria do Processamento Social da Informação de Salancik e Pfeffer (1978),

baseada nas teorias de Ash, enfatiza a informação social disponível percepcionada pelo

indivíduo paralelamente ao processo de influência social nas atitudes do indivíduo.

Nesta perspectiva, Vala et ai. (1994) consideram que os atributos do trabalho e

da situação de trabalho são definidos e avaliados pelas percepções dos outros, e que as

atitudes e necessidades de cada um, são definidas e determinadas através da informação

acerca do ambiente, fornecida pelos outros.

SalanciK e Pfeffer (1977; 1978) consideram que as atitudes e necessidades

dependem de três factores: (a) das percepções individuais e a avaliação afectiva da

situação de trabalho; (b) do contexto social que fornece informação sobre as atitudes

consideradas adequadas; (c) da percepção que o indivíduo tem das razões atribuídas a

acontecimentos passados.

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Esta teoria salienta o peso normativo e informativo das opiniões dos outros na definição

das percepções dos outros (Vala et ai. 1994).

3.2 - TEORIA DOS EVENTOS SITUACIONAIS

Quarstein, McAfee e Glassman, em 1992, elaboraram a teoria dos eventos

situacionais na tentativa de perceber a razão pela qual, alguns indivíduos referem

satisfação no trabalho reduzida, apesar de desempenharem funções com características

favoráveis, enquanto outros referem satisfação elevada, nas mesmas condições de

trabalho.

Estes autores, nos seus estudos verificaram que esta constatação dependia de

dois factores: as características situacionais e os eventos situacionais.

As características situacionais dizem respeito a características de trabalho que

podem ser analisadas pelo indivíduo antes deste aceitar desempenhar essa função

(salário, oportunidades de desenvolvimento, condições de trabalho e políticas

organizacionais); os eventos situacionais correspondem a situações de trabalho que o

indivíduo vai deparando ao logo do trabalho, e que podem ser favoráveis ou não.

Segundo Ferreira (2001), as características do trabalho são de fácil

categorização, e geralmente são duradouras e apresentam significativa estabilidade,

enquanto que os eventos situacionais são próprios de cada situação e mostram um

carácter transitório; desta forma, o indivíduo tem alguma facilidade em controlar as

respostas emocionais que resultam das características do trabalho, mas revela

dificuldade no controlo dessas respostas aos eventos situacionais.

Assim nesta perspectiva, a satisfação no trabalho não é mais do que o resultado

das respostas emocionais à situação de trabalho que o indivíduo encontra.

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3.3 - MODELO DINÂMICO DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO

Bruggemann, Groskurth e Ulich em 1975 elaboraram o modelo dinâmico da

satisfação no trabalho que considerava a satisfação resultante da interacção entre o

indivíduo e a situação de trabalho, sobretudo o seu controlo.

Com este modelo os autores introduzem dois novos conceitos:

■ o valor real das características do trabalho - referentes às características

existentes no trabalho, e que resultam dos subsistemas social e tecnológico e da

própria organização

■ o valor nominal das características do trabalho - correspondente às expectativas,

ambições pessoais que o indivíduo pretende obter e que vão estar dependentes

das características do trabalho, e influenciadas por factores sociais.

Burggemann et ai. em 1975 (cit. Ferreira, 2001) apresentam três variáveis sobre

as quais se desenvolve este modelo: a congruência e discrepância entre o valor real e o

nominal do indivíduo e as alterações do nível das aspirações e os comportamentos

adoptados pelo indivíduo para lidar com as situações /problemas.

Segundo estes autores, o indivíduo pode apresentar vários tipos de satisfação e que são

ilustradas no Quadro 1.

Pelo exposto, verificamos que existem muitas teorias e modelos, cujo objecto de

estudo recai na satisfação no trabalho, no entanto, verifica-se que não há consenso

teórico sobre os factores determinantes dessa satisfação.

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FORMAS DE SA TISFAÇÃO NO TRABALHO

1. Satisfação no trabalho progressiva

2. Satisfação no trabalho estabilizada

3. Satisfação no trabalho resignada

4. Insatisfação no trabalho construtiva

5. Insatisfação no trabalho estável

6. Pseudo-satisfação no trabalho

Verifíca-se que o indivíduo está satisfeito com o seu

trabalho e procura aumentar o seu nível de

aspirações para optimizar o nível de satisfação.

Observa-se que o indivíduo está satisfeito,

procurando manter o seu nível de aspirações.

Perante uma insatisfação pouco definida, o indivíduo

procura reduzir o seu nível de aspirações,

adequando-se às condições de trabalho.

Apesar de se sentir insatisfeito, o indivíduo, dotado

de uma certa capacidade de tolerância à frustração,

procura manter o seu nível de aspiração, optando por

soluções que lhe permitam fazer face aos problemas

O indivíduo está insatisfeito; mantém um nível de

aspiração, porém não procura soluções que lhe

permitam resolver os problemas.

O indivíduo sente-se frustrado e insatisfeito com o

trabalho: Não consegue identificar soluções

conducentes à melhoria da situação, porém mantém

o seu nível de aspiração: Acaba por distorcer a sua

própria percepção da realidade.

Quadro 1 - Formas de satisfação do trabalho de Bruggemann et ai. (1975). (Adaptado

por Ferreira, 2001)

Por essa razão, Lima, Vala e Monteiro, em 1994, realizam um estudo

comparativo das teorias e modelos de satisfação no trabalho, na tentativa de enquadrar

este conceito teoricamente. Pela análise das variáveis que cada uma das teorias utiliza

para explicação da satisfação, Vala (1994) sistematizou-as em três grandes grupos: as

teorias orientadas para as variáveis situacionais (características da função, processo de

tomada de decisão e do reforço), variáveis individuais (realização de expectativas,

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valores do sujeito e características demográficas) e variáveis de interacção social

(comparação social, e processamento social da informação).

De todos os modelos teóricos analisados pelo autor, o modelo de realização de

expectativas de trabalho é o único que apresenta resultados estatísticos com maior

significância, apesar do autor salientar a fragilidade que as teorias da satisfação

apresentam, considerando, por isso a necessidade de combinar estes modelos com as

teorias socio-cognitivas e socio-emocionais.

Na opinião dos mesmos autores, "o estudo da satisfação do trabalho ganharia

em termos de clareza do conceito e da riqueza teórica se fosse, complementarmente,

analisada à luz das teorias estabelecidas na literatura para a abordagem das emoções

e das atitudes. De facto, a satisfação tem sido definida em termos destes dois

construtos, mas os modelos teóricos que enquadram são frequentemente de grande

fragilidade teórica e parecem não aproveitar suficiente mente a investigação sobre

essas duas variáveis. Parece-nos que existe um longo caminho a percorrer na

explicação da satisfação no trabalho, que deverá passar pelo enriquecimento dos

modelos de partida e pela combinação com as teorias sociocognitivas e

socioemocionais." (Vala, 1994, pág. 115)

Tendo em conta as características do trabalho dos Enfermeiros e os factores que

neles interagem, considerámos que o modelo apresentado por Jorge Vala, e que valoriza

o modelo de realização de expectativas, parece-nos o que melhor se ajusta a esta

realidade.

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CAPITULO III

A Enfermagem

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A enfermagem e a especificidade dos seus cuidados, nem sempre foram

definidos nem o seu valor reconhecido, e muitas vezes nos nossos dias surgem questões

relacionados com os limites do trabalho dos auxiliares, enfermeiros e médicos, agravada

pela falta de concordância entre os teóricos nesta área, que foram surgindo ao longo dos

tempos.

Desta forma, consideramos que se torna importante fazer uma breve referência á

evolução e desenvolvimento das teorias e da prática enfermagem, bem como à sua

emancipação. Posteriormente irá ser apresentado o seu enquadramento no sistema de

saúde em Portugal, numa tentativa de clarificar o papel do enfermeiro, bem como os

aspectos inerentes ao desenvolvimento da sua carreira.

1. TEORIAS DA ENFERMAGEM

A enfermagem é denominada como a mais antiga das artes e a mais jovem das

profissões (Donahue, 1993), e como tal atravessou várias etapas e fez parte de

numerosos movimentos sociais.

Durante o tempo em que o trabalho da mulher era confinado exclusivamente à

vida familiar, a enfermagem era encarada como uma arte relacionada com o cuidado

materno; desta forma, surge a ideia da enfermagem exercida apenas por mulheres,

justificado segundo Donahue em 1993, pela existência do instinto maternal capaz de

proporcionar um forte impulso e motivação necessários para cuidar daqueles que sofrem

e se encontram desamparados.

A partir da Idade Média surge a imagem da mulher consagrada, devota e

carinhosa, que por obrigação da sua fé e na tentativa de encontrar a salvação, cuida de

doentes; estes cuidados eram efectuados sobretudo nos conventos e em hospitais que

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eram construídos em zonas pobres, uma vez que estes padeciam mais frequentemente de

doenças. A imagem da "enfermeira" surge associada à mulher devota, sem

conhecimentos específicos, que presta cuidados não por recompensas mas por vocação.

A história da enfermagem tem um forte impulso com o advento do Cristianismo;

a doutrina cristã sobre o amor, a fraternidade e o altruísmo, influenciavam não só a

sociedade como também a enfermagem.

Surgem as obras de misericórdia e a "enfermagem organizada" no sentido de

acolher os enfermos e os que sofrem, e o que anteriormente era serviço de escravos se

tinha convertido numa vocação sagrada.

O desenvolvimento e a construção dos primeiros hospitais cristãos devem ao

trabalho das mulheres caridosas e ao compromisso dos Bispos em ampliar as

instituições dedicadas à caridade e aos cuidados dos doentes.

Nestes locais onde era prestado todo o tipo de cuidados hospitalares (prevenção,

tratamento e serviço social), existiam médicos e enfermeiras residentes e encarregados

pelos transportes dos doentes; para além destes serviços possuíam ainda um orfanato,

hospedagem para forasteiros, asilo para lactentes e um edifício para doenças

contagiosas.

Entre os anos 1000-1500 com o apoio do Papa Inocêncio III, surgem os

primeiros hospitais nas grandes cidades europeias, sobretudo Londres e Roma, fundados

por aristocratas, monges e freiras, cujo objectivo é dar assistência aos doentes pobres,

alguns deles reservados aos cuidados de leprosos.

Na Idade Média com o movimento das Cruzadas, surgem as Ordens Militares de

Enfermagem; Segundo Donahue em 1993, estas ordens combinavam os atributos da

religião e cavalaria, o militarismo e a caridade ao serviço do próximo, sendo as mais

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conhecidas «Os Cavaleiros Hospitalários de São João de Jerusalém, Os Cavaleiros

Teutónicos e Os Cavaleiros Templários ou da Cruz Vermelha».

Com a propagação das doenças e o medo das pestes, o fervor religioso aumentou

surgindo as ordens mendigantes, resultantes de agrupamentos sociais dedicados à

comunidade, nos quais os seus membros doavam os seus pertences aos pobres, vivendo

da mendicidade, destacando-se a Ordem de S. Francisco de Assis.

Conforme os cuidados de enfermagem foram sendo mais complexos, é patente a

necessidade de outros factores distintos da simples motivação para realizar o trabalho da

enfermeira. Sem dúvida que a motivação continuou (e continua a ser) um componente

vital no desenvolvimento do trabalho da enfermeira, sendo ao longo da história da

enfermagem, reforçada pelo fervor religioso e o humanitarismo.

Com o passar dos tempos, colocou-se a questão de que só o amor, dedicação não

eram por si só suficientes para vencer a doença, sendo necessário outros ingredientes

como a habilidade, experiência e conhecimento.

O conhecimento dos actos e os princípios proporcionaram o impulso para que a

enfermagem se convertesse tanto numa arte como numa ciência (Dock e Stewart, 1925

cit. Donahue, 1993).

No entanto, nos finais do see. XIX, o desenvolvimento da ciência e da

tecnologia e as mudanças sociais causadas pelas guerras, vão contribuir para o

desenvolvimento para além de outras ciências, da enfermagem.

A enfermagem começa a emergir como uma profissão organizada e com

conhecimentos específicos, graças à experiência e às ideias de Florence Nightingale

descritas no seu livro «Notes on Nursing» em 1859, que tem orientado a prática da

enfermagem há mais de 100 anos; o ambiente é o centro de todo o seu pensamento, e é

visto como todas as condições e factores externos que influenciam a vida e o

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desenvolvimento de um organismo, sendo capaz de prevenir, suprimir ou contribuir

para a doença ou morte (George et ai, 1993).

Nigthingale refere que o seu objectivo era "o conhecimento sanitário do dia-a-

dia ou o conhecimento da enfermagem ou, por outras palavras, como colocar o corpo

em tal estado que não tenha mais doença ou que se possa recuperar da doença" (George

et ai, 2000)

Desta forma, a enfermagem é vista como uma prática não curativa, em que o

indivíduo é colocado na melhor posição dentro de um ambiente estimulador da saúde. A

ventilação, o aquecimento, a luz, o ruído, a cama e a roupa da cama, a limpeza dos

quartos e paredes, e nutrição eram áreas do ambiente físico que deveriam ser

manipuladas e controladas pela enfermeira e que eram fundamentais para cura do

sujeito.

Apesar de enfatizar mais o ambiente físico, Nigthingale, mencionou também o

ambiente social e psicológico, salientando a importância do que era dito ao doente, o

perigo das falsas esperanças e a atenção que deveria ser dada aos ditos das visitas.

Assim, para Nightingale, a enfermagem é vista como um processo reparador,

que visa sobretudo o equilíbrio entre o sujeito e o ambiente, considerando que "o que a

Enfermagem tem a fazer é colocar o paciente na melhor condição para que a natureza

aja sobre ele" (Nightingale, 1859/1992 Cit. George et al, 2000).

Nos anos 50, Hildegard Peplau contrariamente a Nightingale, considera a

enfermagem como uma prática terapêutica, enfatizando a relação enfermeiro-paciente (o

que precisa de cuidados de saúde) que interagem com um objectivo comum que é a

solução do problema.

Peplau identifica 4 fases sequenciais no relacionamento enfermeira-paciente,

nomeadamente a Orientação (fase de definição do problema), a Identificação

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(selecção da assistência profissional apropriada, pela análise das expectativas do

paciente), a Exploração (uso da assistência profissional para a resolução de problemas,

bem como através do esclarecimento de dúvidas com a enfermeira) e a Resolução (as

necessidades do paciente já foram satisfeitas com sucesso, terminando o relacionamento

terapêutico).

Conforme a enfermeira orienta o paciente para a solução terapêutica, ela assume

segundo Peplau vários papéis (George et ai., 2000):

• Professor - aquele que transmite conhecimentos relativos a uma necessidade e

interesse;

• Recurso - aquele que proporciona informações necessárias, específicas, que

auxiliam na compreensão de um problema ou de uma situação nova;

• Conselheiro - aquele que, através do uso de certas habilidades e atitudes, ajuda

outra pessoa a reconhecer, enfrentar, aceitar e resolver problemas que estão a

interferir na sua capacidade de viver;

• Líder - pessoa que realiza o processo de iniciação e de manutenção das metas

de um grupo através da interacção

• Especialista Técnico - pessoa que proporciona o atendimento físico

demonstrando habilidades clínicas e operando o equipamento utilizado para

esse fim;

• Substituto - aquele que ocupa o lugar de outro.

Peplau considera a enfermagem como um processo terapêutico, onde há um

relacionamento humano entre o indivíduo enfermo ou a necessitar de serviços de saúde,

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e uma enfermeira instruída para reconhecer e responder à necessidade de ajuda,

(George, 2000).

Em virtude da insatisfação pelo ensino prestado aos enfermeiros, que não

passava de uma extensão da prática médica, onde o fundamental era a doença e o

diagnóstico, Virgínia Henderson tenta demonstrar a necessidade de um modelo

adequado de ensino bem como a importância de uma prática mais humana.

Henderson em 1966, no seu livro Nature of Nursing, identifica catorze necessidades

básicas do indivíduo que estariam na base dos cuidados de enfermagem; a autora

descreve o papel do enfermeiro considerando que a função do enfermeiro é a de assistir

o indivíduo, doente ou são, na execução de actividades que contribuem para a saúde ou

para a sua recuperação (ou para uma morte calma), actividades essas que a pessoa

executaria sem necessidade de auxílio se tivesse força, vontade ou conhecimentos

necessários. E fazê-lo de tal forma que lhe permitia tornar-se independente o mais

rapidamente possível. (Crossan et Robb, 1999).

Esta conceptualização dos cuidados da enfermagem, vai influenciar todos os

trabalhos posteriores nesse âmbito; Orem em 1959, salienta que quando o indivíduo é

incapaz de realizar as suas actividades, cabendo ao enfermeiro esse papel. Citando

Foster e Janssens In George (1993), referem que para Orem, a enfermagem tem como

especial preocupação a necessidade de acções de auto-cuidado do indivíduo, e o

oferecimento e controlo disso, numa base contínua para sustentar a vida e a saúde,

recuperar-se de doença ou ferimento e compatibilizar-se com os seus efeitos ".

A sua teoria de enfermagem do déficit de auto-cuidado é um marco importante

não só no desenvolvimento das teorias da enfermagem como evidenciando grande

utilidade na prática da enfermagem.

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A enfermagem defendida pelos autores atrás referidos, é influenciada não só

pela experiência de cada um, mas também pelo modelo biomédico que vigorava na

época e que marcou a Primeira Revolução da Saúde.

Os cuidados de enfermagem direccionados para uma prática médica, baseavam-

se sobretudo na premissa de que os indivíduos contraiam doenças em contacto com o

meio físico e social que continha o agente patogénico.

Este modelo caracterizava-se por considerar a existência de uma relação causal

linear, entre uma causa simples e uma doença (Ribeiro, 1999)

Na década de 60, os estudos das novas epidemias, demonstravam que as

etiologias de algumas doenças e da mortalidade estavam associadas ao comportamento

do indivíduo, facto que contribuiu para uma Segunda Revolução da Saúde e a

implementação do modelo Bio-psicossocial, cujo interesse é a Saúde.

Com este novo modelo, o indivíduo é avaliado em todos os seus domínios

biológico, psicológico e social, e por isso novas necessidades são apresentadas bem

como responsabilidades em termos de saúde e doença.

Esta perspectiva é já notória em 1968 com Dorothy Johnson, a qual propõe um modelo

de cuidados de enfermagem fazendo referência ao eficiente e efectivo funcionamento

comportamental do paciente para prevenir a doença (George, 2000). Este modelo -

Modelo de Sistemas Comportamentais - preocupa-se com o sujeito como um todo

integrado, salientando a necessidade da enfermagem cuidar desse todo.

Dorothy Johnson considera que o indivíduo tem formas padronizadas de agir,

que formam um sistema comportamental específico, que constitui uma unidade

funcional organizada e integrada, constituído por sete subsistemas (ligação e afiliação,

dependência, ingestão, eliminação, sexualidade, agressão e realização) e que

determinam a maneira do indivíduo interagir com ambiente.

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Esta preocupação de observar o indivíduo como um todo, e está também patente

na teoria de Martha Rogers em 1970 que considera o indivíduo como um todo, referindo

a existência de uma troca de energia e materiais entre o indivíduo e o ambiente. Para

Rogerso indivíduo e o ambiente para além de serem sistemas abertos são regidos pelos

princípios homeodinâmicos de Integralidade (processo de interacção mútua e contínua

entre o homem e o ambiente), Helicidade (trata da natureza, direcção e mudança no

campo humano-ambiental), e Ressonância (corresponde à natureza da mudança que

ocorre no campo humano-ambiental).

Rogers valoriza muito o ser humano, considerando-o o objectivo central da

enfermagem, ao mesmo tempo que enquadra a enfermagem numa ciência humana e

humanitária.

Desta forma, a autora considera a enfermagem uma ciência humana, fazendo o

indivíduo parte integrante do processo de enfermagem. Segundo Falco e Lobo In

George (1993) a enfermagem é o trabalho com o cliente e não para o cliente salientando

que a prática profissional da enfermagem, busca uma promoção da integração sinfónica

dos seres humanos e o seu ambiente, de modo a reforçar a coerência e a integridade do

campo humano, e redireccionar a padronização dos campos humano e ambiental, para a

realização de saúde máxima.

Influenciada pela teoria de Rogers, Rosemarie Parse em 1981 apresenta uma

teoria denominada "Homem-Vida-Saúde", considerando a responsabilidade da

enfermeira em relação à sociedade na orientação dos indivíduos e das famílias, na

escolha das possibilidades, no processo mutável da saúde (George, 1993), atribuindo, ao

enfermeiro, o papel de guia interpessoal, cabendo ao doente a autonomia e

responsabilidade das decisões.

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Segundo George (1993), para Parse a enfermagem é uma presença de amor e de

verdade com o outro para promover a saúde e a qualidade de vida, assistindo-se desta

forma a uma mudança de valores e crenças que orientam a enfermagem.

Baseados nesta nova perspectiva, alguns teóricos como Betty Neuman (1970),

Imogene King (1971), Callista Roy (1991) alicerçam as suas teorias segundo o qual a

função do enfermeiro é auxiliar o indivíduo a manter saúde e a exercer todos os seus

papéis, encarando o indivíduo como um todo.

Neuman descreve um sistema aberto, composto por stressores, reacções aos

stressores e pelo indivíduo (que nesta perspectiva pode também ser encarado como um

grupo, uma família ou uma comunidade), e que pela sua interacção se tornam cada vez

mais complexos e diferenciados; desta interacção podem resultar influências do

ambiente bem como stressores que podem ser positivos ou negativos gerando

instabilidade no sistema.

Assim, George (1993) considera que esta estrutura organizada capacita a

enfermeira de intervir adequadamente com a promoção da saúde (prevenção primária),

com acções correctivas de enfermagem (prevenção secundária) ou com acções

reabilitadoras (prevenção terciária) para manter ou restaurar o equilíbrio no sistema.

O mesmo ponto de vista era defendido por King, considerando que o foco da

enfermagem é o cuidado de seres humanos, e a meta da enfermagem a saúde dos

indivíduos e o atendimento à saúde de grupos (George 1993); o indivíduo é encarado

como um sistema aberto, constituído pelo sistema pessoal, sistema interpessoal e

sistema social em constante interacção com o ambiente.

A Teoria da Obtenção de Metas de King considera que é importante que as

enfermeiras e os clientes comuniquem as informações, estabeleçam metas comuns e

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depois ajam para atingir essas metas, enfatizando desta forma a participação mútua na

interacção.

Roy (1991) no seu Modelo de Adaptação, evidencia quatro elementos

importantes: a pessoa, o ambiente, a saúde e a enfermagem. As pessoas são vistas como

sistemas adaptativos, cujas respostas podem ser também adaptativas ou não, enquanto o

ambiente engloba os estímulos externos e internos que vão influenciar a pessoa, e que

podem facilitar ou não a sua integração. O processo de integração da pessoa

corresponde ao conceito de saúde, tendo a enfermagem como meta, a promoção da

saúde da pessoa, através da manipulação do ambiente e na tentativa da pessoa ter

comportamentos adaptativos.

Influenciada pela perspectiva humanista, Jean Watson em 1985 alerta para o

facto da enfermagem se estar a tornar muito desumana, em virtude dos avanços

tecnológicos e pela burocracia das instituições, enfatizando a importância do cuidar e as

necessidades dos indivíduos.

Na visão de Watson a doença pode ser curada, mas permanece porque o cuidado

da saúde não foi atingido, salientando que na enfermagem o cuidado é essencial e

requer uma reciprocidade entre a enfermeira e o indivíduo. Segundo George (2000), no

sistema humanístico de Watson, existe uma consideração pela autonomia e pela

liberdade de escolha, que leva ao auto -conhecimento e auto-controle do doente.

Watson propõe sete pressupostos sobre a ciência do cuidado e dez factores de

cuidado, e que são a base da sua teoria (George, 2000):

■ O cuidado pode ser efectivamente demonstrado e praticado apenas

interpessoalmente;

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■ O cuidado consiste em factores que resultam na satisfação de determinadas

necessidades humanas;

■ O cuidado efectivo promove a saúde e o crescimento individual e familiar;

■ As respostas do cuidado aceitam a pessoa não apenas como ela é agora mas

como ela poderá se tornar.

■ O ambiente do cuidado é aquele que oferece desenvolvimento do potencial

enquanto permite que a pessoa escolha a melhor acção para si mesma num

determinado momento;

■ O cuidado é mais healthogenic que a cura. A prática do cuidado integra o

conhecimento biofísico com o conhecimento do comportamento humano para

gerar ou promover a saúde e proporcionar atendimento aos que estão doentes; a

ciência do cuidar é, portanto complementar à ciência da cura;

■ A prática de cuidados é essencial para a enfermagem.

Jean Watson ao descrever o cuidado, coloca-o num contexto hierárquico, associado

ao preenchimento de necessidades biofísicas de ordem inferior em primeiro lugar e

dirigindo-se para as necessidades psicossociais intra-pessoais de ordem superior.

Os factores do cuidar que estão na base da enfermagem são os seguintes (George,

2000):

■ A formação de um sistema de valores humanístico-altruísta;

■ A estimulação da fé-esperança;

■ O cultivo da sensibilidade para si mesmo e para os outros;

■ O desenvolvimento do relacionamento de ajuda-confiança;

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■ A promoção e a aceitação da expressão de sentimentos positivos e negativos;

■ O uso sistemático do método científico de solução de problemas para tomar

decisões;

■ A promoção do ensino-aprendizagem interpessoal;

■ A provisão de um ambiente mental, físico, sócio-cultural e espiritual

sustentador, protector e/ou correctivo;

■ Auxílio com a gratificação das necessidades humanas;

■ Aceitação das forças existenciais-fenomenológicas.

Segundo Watson (1979) a enfermagem preocupa-se com a promoção da saúde, a

prevenção da doença, o cuidado do doente e a restauração da saúde, pelo que deve

dirigir-se educacionalmente, para duas áreas de stress e de conflitos de

desenvolvimento, para ser capaz de proporcionar um atendimento de saúde global.

Esta valorização do cuidado é também salientada por Leininger em 1978,

considerando um conceito essencial na disciplina da enfermagem; esta autora considera

o cuidado como uma série de acções de assistência, de suporte e de facilitação junto da

pessoa que tem necessidades de recuperar a saúde ou de melhorar as suas condições de

vida.

Nesta perspectiva, os cuidados em enfermagem baseiam-se numa ciência e numa

arte humanista e aprendida que facilita o crescimento e a sobrevivência, e que englobam

comportamentos, funções e processos de cuidados personalizado, dirigidos à promoção,

manutenção e recuperação da saúde.

Leininger (1988) formulou três princípios dos cuidados de enfermagem, que

visam a coerência cultural (George, 2000):

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■ Princípio da conservação ou manutenção de cuidados culturais relacionados com

actividades de assistência e de facilitação baseadas na cultura da pessoa, que

mantém o seu estilo de vida e de saúde;

■ Princípio da adaptação ou negociação de cuidados culturais relacionadas com

actividades de assistência e de facilitação adaptadas, negociadas ou ajustadas à

saúde e ao estilo de vida do indivíduo;

■ Princípio da remodelação ou da restruturação de cuidados culturais, que visam

ajudar a pessoa a mudar os seus hábitos de vida, de modo a que novos hábitos

sejam significativos para ela.

Esta teoria enquadra e perspectiva os cuidados de enfermagem e a enfermagem,

englobada na estrutura social e na cultura do indivíduo, sendo por isso uma prática

interactiva com a diversidade cultural, proporcionando deste modo cuidados de

qualidade.

Apesar de existirem uma grande variedade de teorias no domínio da

enfermagem, não existe uma descrição ou definição exacta sobre a função do

enfermeiro e o acto de cuidar; Crossan (1999) na tentativa de definir esta função,

reporta-se ao relatório «Os desafios da Enfermagem e auxílio de parto no Século XXI»,

conhecido como o debate de Heathrow, e que refere a Constante de Enfermagem como

uma das funções do enfermeiro, na qual estão incluídas capacidades e valores nucleares

como a coordenação, ensino, defesa dos fracos e vulneráveis, desenvolvimento de

sistemas de cuidados, preocupação com os doentes e pessoas saudáveis e especialização

técnica.

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2. A ENFERMAGEM E O SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL

Para melhor compreensão do enquadramento da enfermagem no sistema de

saúde em Portugal, iremos fazer inicialmente uma breve exposição do sistema de saúde

português.

2.1 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE

A Saúde em Portugal sofreu a partir de 1970 uma série de reformas e

transformações, que proporcionaram uma melhoria da qualidade de vida da população,

reflectindo-se no aumento da esperança média de vida.

Na tentativa de percebermos melhor a organização do Sistema de Saúde actual

em Portugal, iremos fazer uma breve retrospectiva das alterações que esse mesmo

Sistema sofreu ao longo do tempo.

Até aos anos 70, Portugal vivia um período conturbado em termos sociais e

políticos, que se reflectia em todos os sectores nacionais

Em 1970, o Governo elabora uma reforma dos serviços de saúde, sendo

publicado em 1971 a "Organização do Ministério da Saúde e Assistência" - Decreto -

Lei n°.413/71 e n.° 414/71 de 27 de Setembro, que para além de estabelecer a

organização de um Sistema de Saúde, enuncia a estruturação e funcionamento das

carreiras profissionais dos funcionários do Ministério da Saúde e Assistência.

O Estado passa a intervir activamente nos serviços prestados na saúde, quer na

criação, orientação e no financiamento, ficando consagrado no Artigo 64° da

Constituição da República Portuguesa, o Direito à Saúde. A nova Lei Orgânica do

Ministério da Saúde, reestrutura os serviços de saúde, assistindo-se à criação de duas

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estruturas funcionais: os Hospitais e os Centros de Saúde, estes em contacto directo com

as populações.

Em 1974 é criado o Ministério dos Assuntos Sociais que engloba a Secretaria de

Estado da Saúde e da Segurança Social, que passa a coordenar os serviços de saúde e

serviços sociais ligados directa ou indirectamente à Saúde. Neste ano marcado pela

Revolução de Abril, o Movimento das Forças Armadas, estabelece as Bases de um

Serviço Nacional de Saúde, que obrigava ao Estado a financiar e oferecer serviços de

saúde a toda a população sem qualquer discriminação.

Na tentativa de melhorar a acessibilidade das populações aos cuidados de saúde,

sobretudo aos cuidados médicos, é criado em Março de 1975, o Serviço Médico à

Periferia; neste mesmo ano, são formadas as Administrações Distritais dos Serviços de

Saúde (ADSS), com a filosofia de descentralização dos centros de decisão e de

avaliação dos serviços de saúde.

Em 1977 os Serviços Médico-Sociais, passam a estar dependentes da Secretaria

de Estado da Saúde, e são publicadas as leis que conferem autonomia aos hospitais

centrais e distritais, e é criada uma comissão coordenadora do financiamento dos

serviços de saúde, sendo as despesas com a saúde, cobertas exclusivamente pelo

Orçamento Geral do Estado, deixando os cuidados de saúde de estarem divididos entre

o Ministério da Saúde, as Misericórdias e a Caixa de Previdência. No entanto, é só em

1979, com a criação do Serviço Nacional de Saúde, que é atribuído ao Estado, o dever

de criar um sistema de saúde universal, geral e gratuito.

As Administrações Distritais dos Serviços de Saúde, são em 1982 substituídas

pelas Administrações Regionais de Saúde com o papel de gerir os cuidados prestados

pelos Centros de Saúde, sendo no ano seguinte aprovado o regulamento dos centros de

saúde, que tornam esta estrutura uma unidade polivalente e dinâmica, salientando a

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importância da relação profissionais de saúde e utentes e, estabelecendo os direitos e

deveres dos utentes.

O princípio do direito à protecção da saúde, consagrado constitucionalmente em

1979, uma vez conjugado com o reconhecimento da universalidade, gratuitidade e

generalidade do Serviço Nacional de Saúde, originou de imediato o aumento

significativo da procura hospitalar e tem vindo a introduzir uma progressiva exigência

de melhores e mais adequados cuidados de saúde (Alarcão, 1995). Desta forma, o

Estado sente-se incapaz de gerir os estabelecimentos hospitalares de forma eficiente,

pelo que enuncia a Lei da Gestão Hospitalar - DL. 19/88 de 20 e 3/88 de 21 de Janeiro,

que salienta a necessidade de uma organização e gestão do tipo empresarial.

Face à amplitude e complexidade da política e da gestão da saúde, é elaborada a

Lei de Bases da Saúde, pela Lei 48 de 24 de Agosto de 1990, que vem regulamentar o

Sistema de Saúde Português; a Lei de Bases da Saúde, enuncia que «a protecção da

saúde constitui um direito dos indivíduos e da comunidade que se efectiva pela

responsabilidade conjunta dos cidadãos, da sociedade e do Estado, em liberdade de

procura e de prestação de cuidados», considerando que compete ao Estado garantir «o

acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde nos limites dos recursos humanos,

técnicos e financeiros disponíveis».

A Lei de Bases da Saúde enuncia um extenso conjunto de princípios, e que vão

desde directrizes relacionadas com a promoção da saúde e prevenção da doença, os

Direitos e Deveres dos Cidadãos, a responsabilidade do Estado, o Estado e os acordos

com as entidades privadas, a formação dos profissionais de saúde, o estatuto dos utentes

até à investigação e a organização do Serviço Nacional de Saúde.

No sentido de ultrapassar a separação entre os cuidados de saúde primários e

diferenciados, são criadas as Unidades de Saúde, que promovem a articulação entre os

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Centros de Saúde e os Hospitais, proporcionando aos utentes, uma melhoria no acesso e

qualidade dos serviços de saúde.

Ultimamente verifica-se a um grande investimento no sector da saúde em

Portugal, referindo Antunes (2001) que as despesas totais com a saúde no nosso país são

já superiores a 8,2% do PIB, valor idêntico ao da média na EU e superior ao de muitos

países que a integram; apesar de todos estes investimentos, assiste-se a uma

proliferação das entidades privadas bem como acordos entre estas e o Estado, no sentido

de melhorar a prestação de serviços na área da saúde, e dar resposta às carências

existentes nesta área.

2.2 ENQUADRAMENTO DA ENFERMAGEM NO SISTEMA DE SAÚDE EM

PORTUGAL

A enfermagem em Portugal até finais do séc. XIX estava confinada às religiosas

nos conventos, surgindo em 1881 a primeira escola de enfermagem em Coimbra -

Escola de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca, onde o ensino era da responsabilidade

dos médicos, direccionado para práticas pouco exigentes em termos de formação, onde

as características de formação mais importantes eram a robustez física, a saúde, o bom

comportamento, a atenção e respeito.

A necessidade de uma melhor preparação ao nível do saber técnico e científico,

surge em 1920 um regulamento da Enfermagem (Decreto-Lei n°6:943 de 16 de

Setembro), que valorizava um plano curricular mais exigente e desenvolvido, que

perdurou até 1947, altura em que o ensino é reorganizado, sendo criadas as escolas

oficiais para leccionar o Curso de Enfermagem Geral e o Curso de Auxiliares de

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Enfermagem, que foi extinto em 1975, sendo estas auxiliares promovidas a enfermeiras

após a frequência de um curso de um ano.

Estas escolas possuíam uma certa autonomia técnica e administrativa, formando

enfermeiros chefes e monitores, essencialmente mulheres, apesar da maior parte do

ensino continuar a ser da responsabilidade médica, o que ia de encontro ao modelo

biomédico vigente, que enfatizava o poder do médico sobre o doente.

É nos anos 60 que surge uma verdadeira carreira profissional com formação e

possibilidade de progressão na carreira, reconhecida pelo Decreto-lei n°48166 de 27 de

Dezembro de 1967, que reconhecia aos profissionais de enfermagem a carreira

hospitalar, a carreira de saúde pública e a carreira de ensino. A carreira hospitalar

englobava o enfermeiro superintendente, enfermeiro chefe, enfermeiro sub-chefe,

enfermeiro de primeira classe, enfermeiro de segunda classe, auxiliar de enfermagem de

primeira classe e auxiliar de enfermagem de segunda classe; na carreira da saúde

pública pertenciam: o enfermeiro chefe de serviço de enfermagem regional, enfermeiro

subchefe de serviço de enfermagem regional, enfermeiro de saúde pública; na carreira

de ensino existiam cinco categorias: a de director da escola, monitor chefe, enfermeiro

professor, enfermeiro monitor e auxiliar monitor.

Os enfermeiros passam a ter um importante papel na formação e no ensino,

sentindo-se cada vez mais a necessidade de existir uma formação e acompanhamento

contínuo. A formação dos enfermeiros ultrapassa a barreira do "Cuidar" para um

domínio mais abrangente, que passava pela prevenção e promoção da saúde.

Estes três tipos de carreiras perduraram até 1981, altura em que os profissionais

de enfermagem passaram a ter uma carreira única, distribuídos em cinco graus

dependendo do seu nível de actuação (prestação de cuidados, administração e ensino),

conforme ilustrado no QUADRO 2.

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Graus Categoria Profissional Nível de actuação

Grau I Enfermeiro Prestação de cuidados

Grau II Enfermeiro Graduado Prestação de cuidados

Enfermeiro Monitor Ensino

Enfermeiro Especialista Prestação de cuidados

Grau m Enfermeiro Chefe Administração

Enfermeiro assistente Ensino

Grau IV Enfermeiro Supervisor Administração

Enfermeiro Professor Ensino

GrauV Técnico de Enfermagem Administração

QUADRO 2 - Carreira profissional de enfermagem em vigor até 1981.

Esta classificação é reformulada em 1991, pelo decreto-lei 437/91, onde os

enfermeiros docentes passam a fazer parte dos quadros das escolas superiores de

enfermagem, segundo a carreira do ensino superior politécnico, existindo como

formação base o bacharelato.

Desta forma, a carreira profissional dos enfermeiros passa a ter quatro níveis,

distribuídos da seguinte forma:

Bjfl rofissional Nível de actuação

Nível 1 Enfermeiro Prestação de cuidados

Enfermeiro Graduado Prestação de cuidados

Nível 2 Enfermeiro Especialista Prestação de cuidados

Enfermeiro Chefe Gestão

Nível 3 Enfermeiro Supervisor Gestão

Assessor Técnico Regional de Assessoria técnica

enfermagem

Nível 4 Assessor Técnico de

Enfermagem

Assessoria técnica

QUADRO 3 - Carreira profissional de enfermagem segundo o Decreto -Lei 437/91 de

8 de Novembro.

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Em face do desenvolvimento dos conhecimentos na área da saúde, e da

especificidade cada vez maior dos cuidados de enfermagem, surge a necessidade de

uma actualização permanente dos serviços e uma formação contínua dos profissionais

da saúde, pelo o mesmo documento salienta que "As estruturas de formação dos

estabelecimentos ou serviços prestadores de cuidados de saúde devem assegurar a

formação contínua dos enfermeiros", assegurando desta forma a actualização e

aperfeiçoamento técnico.

Com o funcionamento do curso superior de enfermagem, a perspectiva de inicio

dos cursos de estudos superiores especializados em enfermagem, e com a atribuição dos

correspondentes graus académicos, a carreira de enfermagem encontrava-se

desadequada.

Assim, pelo Decreto-Lei n°412/98 de 30 de Dezembro e Decreto -Lei n.° 411/99

de 15 de Dezembro, a carreira de enfermagem passa a englobar apenas três níveis

distribuídos, como demonstrado no Quadro 4.

Graus Categoria Profissional Nível de actuação

Nível 1 Enfermeiro Prestação de cuidados

Enfermeiro Graduado Prestação de cuidados

Nível 2 Enfermeiro Especialista Prestação de cuidados

Enfermeiro Chefe Gestão

Nível 3 Enfermeiro-Supervisor Gestão

Enfermeiro Director Gestão

QUADRO 4 - Carreira profissional de enfermagem após alteração pelos Decretos-Lei

n.° 412/98 de 30 de Dezembro e n.° 411/99 de 15 de Outubro.

Neste mesmo ano surge um novo Decreto-Lei, que veio «revolucionar» a

Enfermagem em Portugal, ao considerar a formação de base, a Licenciatura. Desta

forma, e até ao ano 2010, todos os enfermeiros com grau inferior, terão que frequentar o

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Curso de Complemento de formação em Enfermagem, no sentido de ficarem com o

grau de licenciados.

Assim, a Enfermagem é uma profissão que ao longo dos tempos mais

transformações sofreu, os seus objectivos, as suas áreas de actuação estiveram e estão

em constante mudança no sentido de ir encontro ás necessidades dos indivíduos.

Cada vez mais a exigência é maior, não só pelo desenvolvimento da tecnologia e

do conhecimento, mas também porque cada vez mais o doente tem um papel activo na

sua doença e no seu processo terapêutico, o nível de competição entre profissionais é

permanente, pois os objectivos individuais têm cada vez mais fasquias mais elevadas,

sempre na tentativa de ser cada vez melhor e atingir a auto-realização.

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CAPITULO IV

A SATISFAÇÃO NO TRABALHO DOS

ENFERMEIROS

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A satisfação no trabalho começou a ser um foco de atenção dos teóricos, como

anteriormente demonstrado, a partir do momento que o modelo de Taylor da

organização do trabalho foi posto em causa, valorizando-se o factor humano.

Neste capítulo iremos fazer um breve resumo de vários estudos realizados na

área da satisfação profissional, salientando os principais aspectos referenciados em cada

um deles e que serviram de base para a elaboração do nosso estudo.

SATISFAÇÃO PROFISSIONAL DOS ENFERMEIROS

Inicialmente a satisfação no trabalho reportava-se essencialmente a estudos nas

empresas e nas organizações, assumindo ultimamente interesse na área da saúde, tendo

sido referido na Lei de Bases da Saúde, como um dos critérios de avaliação do Serviço

Nacional de Saúde, paralelamente à satisfação dos utentes.

Gonçalves (1998) considera que a satisfação em enfermagem constitui um

grande indicador na qualidade dos cuidados prestados aos utentes; assim, os estudos da

satisfação no trabalho, permitem clarificar não só o conceito de satisfação, mas também

as suas determinantes proporcionando um desenvolvimento e a criação de organizações

e ambientes que conduzam à satisfação profissional.

Como já foi demonstrado no Capítulo 1, as definições de satisfação no trabalho e

as suas determinantes, são tão variadas como os estudos realizados neste âmbito.

Vala e ai (1983) refere um estudo de Smith nos anos 60, e que demonstrava que

as variáveis explicativas da satisfação eram as tarefas realizadas, o tipo de supervisão,

as relações com os colegas, a perspectiva de promoção e o salário.

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Mais tarde Slavitt et al (1978) baseado na teoria dos dois factores de Herzberg,

realizaram um estudo com objectivo de identificar as condições mais valorizadas na

satisfação profissional num grupo de enfermeiros; ao emparelhar seis dimensões:

autonomia, condições de trabalho, requisitos operacionais, interacção profissional e

prestígio profissional, verificaram que a dimensão mais valorizada era a autonomia

seguida do estatuto profissional e o salário.

Blegen (1993) analisou 48 estudos sobre satisfação profissional e concluiu que o

stress e a organização eram os factores mais fortemente relacionados com a satisfação

enquanto que a comunicação com o supervisor, a autonomia, a rotina, comunicação com

os colegas, distribuição justa das recompensas e o locus de controle estavam

relacionadas com uma satisfação moderada. As variáveis que demonstravam menor

correlação com a satisfação no trabalho foram a idade, educação, ternura e

profissionalismo.

Tendo por base de estudo o grau académico, Klinefelter (1993) faz um estudo

com enfermeiros de vários níveis categoriais, e concluiu que os enfermeiros

posicionados na hierarquia da organização em níveis mais elevados, apresentavam um

nível de satisfação no trabalho mais elevado.

No entanto, recorrendo à Escala de Satisfação Profissional de Porter, Gonçalves

(1998) fez um estudo comparativo da satisfação profissional com enfermeiros

especialistas e os enfermeiros graduados, alicerçado no facto de que o enfermeiro

especialista para além da formação pós-básica, apresenta funções diferenciadas e uma

maior remuneração. Os resultados do estudo, demonstraram que não existe de uma

maneira geral diferença estatística entre o grau de não satisfação, apenas uma tendência

para os especialistas apresentarem maior grau de não satisfação profissional.

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Em contrapartida, um dos determinantes da satisfação profissional correspondeu

ao grau académico; os grupos de enfermeiros que não possuíam nem bacharelato nem

licenciatura, encontravam-se mais satisfeitos, considerando que quanto maior o grau

académico, maior é o grau de não satisfação profissional.

Fonseca (1994) realizou um estudo utilizando a Escala de Porter adaptada por

Luís Graça, que se baseia num modelo de satisfação profissional por necessidades; neste

estudo o grau de satisfação apresentado pelos enfermeiros era de satisfação moderada,

sendo a autonomia a necessidade mais satisfeita enquanto que a menos satisfeita era a

subsistência. Em relação às necessidades mais valorizadas, a segurança e a auto-

realização eram as mais referenciadas, sendo a estima considerada a menos importante.

Vala, Lima e Caetano, em 1994, realizaram um estudo numa empresa com 186

indivíduos que veio trazer enormes contributos para a investigação na área da satisfação

profissional, na medida em que fizeram um estudo comparativo dos vários modelos

teóricos da satisfação no trabalho.

Este estudo foi realizado com um questionário constituído por duas escalas:

escala de expectativas sobre o controle do trabalho e a escala de satisfação

organizacional. Foi realizada a avaliação da satisfação através de uma medida de

satisfação geral e uma medida de satisfação específica, verificando-se entre estas

variáveis uma forte correlação positiva; no entanto, a satisfação com a remuneração,

com o departamento e com as perspectivas de promoção eram as que mais contribuíam

para a satisfação geral.

Neste estudo Vala e ai, verificaram que quanto maior fosse a realização das

expectativas, maior o grau de satisfação geral.

Num estudo realizado no hospital pediátrico de Coimbra por Ferreira em 1996,

verificou-se que de quatro grupos de factores de descontentamento e que incluíam

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aspectos estruturais, relações humanas, incentivos e progressão na carreira, apenas as

relações humanas foram classificadas positivamente.

No estudo realizado por Luís Graça (1999) sobre a satisfação dos profissionais

de saúde dos 14 centros de saúde da Sub-Região de Saúde de Beja, verificou que os

médicos apresentavam um grau de satisfação mais elevado que os enfermeiros e que o

pessoal administrativo, salientando as expectativas mais elevadas dos médicos em

relação à remuneração, realização pessoal e profissional e condições de trabalho e

saúde.

Fonseca (1999), utilizando a Escala de Porter, num estudo com enfermeiros

gestores, verificou que o grau de satisfação apresentado era de não satisfação fraca,

sendo considerado por este grupo de enfermeiros a autonomia e a auto-realização, as

condições que mais influenciavam a satisfação, sendo as condições menos influentes a

remuneração e a estima, que curiosamente era a condição apontada como mais

satisfeita. Quanto às necessidades mais importantes, surgem a segurança, autonomia e

auto-realização, sendo a estima e a subsistência as menos importantes. Estes resultados

vieram reforçar os resultados obtidos pelo mesmo autor em 1994.

Tovey e Adams (1999) num estudo com 130 enfermeiras do Serviço Nacional

de Saúde de Inglaterra, concluiu que era notória uma mudança no domínio da satisfação

profissional, e que estavam associadas às mudanças ocorridas nesta profissão. Os

autores verificaram que os níveis de satisfação e insatisfação profissional estavam

associados com os novos papeis e conflitos de papeis, segurança no trabalho, uso de

novas tecnologias, percepção dos cuidados prestados ao doente e experiência de

trabalhar rápido e num ambiente em constante mudança.

Recorrendo ao método quantitativo da análise de conteúdo de uma entrevista

semi-estruturada, McNeese-Smith (1999) conseguiu categorizar os factores de

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satisfação e de não satisfação profissional; como indicadores de satisfação os

enfermeiros referiram: cuidados prestados ao doente, ambiente de trabalho, relação com

os colegas, factores de pessoais e necessidades familiares, enquanto que como geradores

de insatisfação encontravam-se os cuidados prestados, factores pessoais, factores

organizacionais, situações de injustiça o nível da carreira.

Baseado no modelo de Vala et ai, Rocha (1999) faz um estudo em enfermeiros

chefes a exercer funções de gestão no Hospital S.João, verificando que o grau de

satisfação apresentado era de 5,46 (moderadamente satisfeitos). As condições que mais

contribuíam para a satisfação eram o trabalho que realizavam, a colaboração, clima de

relação com os colegas e a competência e funcionamento dos subordinados, enquanto

que as condições que menos contribuíam para a satisfação correspondiam á

remuneração, colaboração do director de serviço e a participação e colaboração com o

enfermeiro supervisor na gestão do serviço.

Da análise da escala de expectativas, os indicadores mais significativos na

satisfação eram a possibilidade de trabalhar em equipa, ambiente de trabalho, relação

com as pessoas e trabalho variado e criativo.

Num estudo exploratório realizado no Hospital de Lamego por Quintela e Santos

(2000), foram considerados como factores de Não Satisfação as condições de trabalho,

remuneração e a relação com os supervisores, enquanto que o clima emocional,

considerações profissionais, posição sócio-profissional e a realização profissional eram

determinantes da Satisfação.

Chasci e Aznarez (2000), realizaram no Hospital de Navarra um estudo que

pretendia analisar o nível de satisfação dos enfermeiros e os factores a ele associados,

tendo verificado a existência de factores positivos relacionados com o paciente (tais

como cuidados, reconhecimento, apoio, educação e contacto), e como factores negativos

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a formação (assistência a cursos, oferta de formação, facilidades atribuídas pela

instituição). No mesmo estudo as autoras constataram que o sistema de turnos tinha uma

baixa representatividade na satisfação do trabalho, apesar de os enfermeiros com turnos

rotativos apresentam níveis de satisfação superior aos enfermeiros com turno fixo.

Num estudo piloto realizado num hospital-escola de Brisbane, na Austrália, Finn

(2001) concluiu que a autonomia é o componente mais referenciado na satisfação

profissional dos enfermeiros, tal como tinha demonstrado Hanson, Jenkins and Ryan

nos anos 90.

A análise dos estudos apresentados demonstra a complexidade do estudo

satisfação, não se encontrando um denominador comum entre eles; dos factores que

mais contribuem para a satisfação na maioria evidencia positivamente a autonomia do

trabalho, a auto-realização e a perspectiva de progressão, surgindo a remuneração como

um indicador variável.

Assim, a definição apresentada por Graça (1999) que considera que a satisfação

no trabalho resulta de uma avaliação periódica que cada um de nós faz,

instantaneamente e empiricamente, do grau de realização dos seus valores,

necessidades, preferências e expectativas profissionais é uma definição simples e mas

ao mesmo tempo bastante abrangente.

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PARTE B

ESTUDO EXPLORATÓRIO DA SATISFAÇÃO

PROFISSIONAL

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CAPÍTULO V

Questões de investigação

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QUESTÕES DE ESTUDO

A satisfação no trabalho tem sido, como já foi referido, uma das questões em

crescente interesse nos vários domínios da Psicologia, não só com intuito de avaliar o

grau de satisfação, mas também para compreender toda uma série de variáveis que o

influencia e das consequências associadas a diferentes graus de satisfação.

Neste sentido, surgiu o nosso interesse nesta área, e que nos levou a colocar

algumas questões que achamos pertinentes no contexto da enfermagem:

Questão 1: Qual o grau de satisfação profissional dos enfermeiros nos Hospitais e

nos Centros de Saúde?

Questão 2 : A satisfação profissional dos enfermeiros depende da não realização das

expectativas laborais de cada serviço?

Questão3: As características socio - biográficas podem influenciar a satisfação

profissional dos enfermeiros?

Tendo em conta as teorias da satisfação no trabalho e os resultados de alguns

estudos nesta área, destacamos os realizados por Jorge Vala, que elaborou um

questionário bastante abrangente baseado nas diversas teorias da motivação e satisfação

no trabalho.

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CAPITULO VI

População e Métodos

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INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS

No intuito de dar resposta às questões formuladas nesta investigação, foi criado

um questionário com base nas escalas de avaliação da satisfação de Jorge Vala (1994) já

testado na população portuguesa.

Assim, o questionário (Anexo 1) é constituído por três escalas, um questionário

de dados biográficos, uma Escala de Realização de Expectativas sobre o Contexto de

Trabalho e uma Escala de Satisfação Organizacional.

O questionário de dados biográficos, constituído por perguntas fechadas e

abertas, destinam-se à caracterização socio-biográficas e profissional da amostra, tendo

sido incluídos alguns itens que poderiam ter alguma relevância nas variáveis em estudo.

A escala de realização de expectativas sobre o contexto de trabalho foi

reformulada para 19 questões, face à divisão da questão "Trabalho variado e criativo",

pois consideramos que estas duas situações podem não estar relacionadas directamente.

Esta escala é constituída por duas partes: uma primeira parte onde os inquiridos teriam

que responder em que medida consideravam importante a existência destas condições

no seu trabalho, e numa segunda parte em que medida é que elas existem na realidade.

Na primeira parte, a cada questão segue-se uma escala ordinal do tipo Lickert

ordenada de um a sete, às quais foram atribuídas as seguintes significações : não é

importante, é pouco importante, é suficientemente importante e é muito importante.

Na segunda parte da escala relativamente às condições reais as significações

semânticas foram: não existe, existe pouco, existe suficientemente e existe muito.

Em função da profissão da amostra avaliada, substitui-se a questão "salário

adequado " por "horário de trabalho ", uma vez que o salário está tabelado em função

da categoria do sujeito.

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A escala de satisfação organizacional é constituída por dez questões: nove que

identificam indicadores específicos de satisfação e uma questão que refere à satisfação

geral. Esta escala foi também reformulada, sendo a questão "organização e

funcionamento do serviço onde trabalha" dividida em duas distintas. A questão

"horário de trabalho" foi substituída por "Remuneração" pois alguns estudos

realizados nesta área defendem que a remuneração como um dos factores principais da

satisfação.

Tal como na escala anterior, trata-se de uma escala de Lickert de 1 a 7, às quais

foram atribuídas as seguintes categorias semânticas: insatisfeito, pouco satisfeito,

satisfeito o suficiente e muito satisfeito.

Perante estas alterações, fomos analisar a validade interna dos instrumentos de

medida, através do coeficiente de Alpha de Cronbach; para além disso realizou-se um

estudo de correlação entre itens no sentido de discriminar as questões com mais poder

discriminativo e verificar a necessidade de eliminar os itens de menor discriminação no

sentido de melhorar o Alpha. Os resultados desta análise são apresentados nos Quadro 1

(Escala de Expectativas sobre o Contexto de Trabalho - parte I) Quadro 2 (Escala de

Expectativas sobre o Contexto de Trabalho - parte II) e Quadro 3 (Escala de Satisfação

Organizacional).

A análise dos Quadros 1 e 2 relativos à Escala de Expectativas sobre o Contexto

de Trabalho, demonstra o forte poder discriminativo das 19 questões quer das

expectativas quer das condições reais existentes no trabalho, que reflecte o valor

elevado de Alpha (.9164 e .9310 respectivamente), não sofrendo alteração significativa

pela eliminação de itens. Existe também uma forte correlação entre todos os itens da

escala.

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N° item Média do

Item

Correlação

total

Condições trabalho 117,1808 .4780

Trab.interessante / estimulante 117,1919 .5430

Autonomia 117,3506 .5255

Progressão carreira 117,4908 .5750

Desenvolvimento e formação 117,2878 .5588

Comunicação organizacional 117,2399 .6281

Horário 117,5793 .5981

Participar nas tomadas decisão 117,5941 .5931

Reconhecimento profissional 117,3432 .5915

Organização trabalho 117,1365 .6321

Informação dos objectivos 117,6199 .6581

Contacto com outros serviços 117,7970 .6927

Trabalhar em equipa 117,2952 .6136

Trabalho variado 117,6568 .5751

Trabalho criativo 117,4539 .6518

Ambiente de trabalho 116,9705 .4896

Relações com pessoas 116,9631 .4911

Relação com subordinados 117,0480 .5316

Salário 117,0775 .5079

Valores totais Variância = 80,9955 Média = 123,8487 DP = 8,9998 N = N° itens = 19 271

Alpha = .9164

Quadro 1 - Validade interna da Escala de expectativas sobre o contexto de trabalho

(Parte I - Expectativas).

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N° item Média do Item Correlação

total

Condições trabalho 87,4704 .4789

Trab.interessante / estimulante 87,0074 .5907

Autonomia 87,3111 .6866

Progressão carreira 87,6333 .5106

Desenvolvimento e formação 87,3296 .5714

Comunicação organizacional 87,5037 .7797

Horário 86,8667 .5779

Participar nas tomadas decisão 87,5333 .3078

Reconhecimento profissional 87,8963 .7359

Organização trabalho 87,1259 .7327

Informação dos objectivos 87,7926 .6575

Contacto com outros serviços 87,6556 .6623

Trabalhar em equipa 86,9222 .6741

Trabalho variado 86,7741 .5778

Trabalho criativo 87,1593 .6500

Ambiente de trabalho 86,6926 .6543

Relações com pessoas 86,3852 .6196

Relação com subordinados 86,3815 .6631

Salário 88,0259 .3908

Valores totais Variância = 349 0417 Média = 92,0815 J « v m #

XTO-* m DP = 186827 N N° itens = 19 = 270 Alpha = .9310

Quadro 2 - Validade interna da Escala de Expectativas sobre o Contexto de Trabalho

(Parte II - Condições Reais).

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O mesmo acontece em relação à Escala de Satisfação Organizacional, cujo valor

de Alpha é de .8913 (Quadro 3), demonstrando uma elevada consistência interna da

escala.

N° item Média do

Item

Correlação

total

Perspectivas de promoção 44,2604 .5359

Organização do serviço 45,5849 .7396

Funcionamento 45,4566 .7406

Colaboração com colegas 44,7962 .6278

Competência superior 44,7887 .6115

Competência subordinado 45,1509 .5939

Trabalho que realiza 44,7434 .6034

Horário 45,1547 .5978

Remuneração 46,3736 .4803

Todos os aspectos trabalho 45,3925 .7584

Valores totais Variância = 82,2506

Média = 50,4113 DP = 9,0692 N = 265

N° itens = 10 Alpha = .8913

Quadro 3 - Validade interna da Escala de Satisfação Organizacional.

Este coeficiente de fidelidade (Alpha) resulta da proporção entre a variabilidade

verdadeira e a variabilidade total das pontuações obtidas dos sujeitos inquiridos, e que

varia entre 0 e 1; segundo Brymen & Cramer (1992) quanto mais próximo estiver de 1

maior será a fidelidade interna da escala.

Pelos valores apresentados verificamos uma forte fidelidade para os

instrumentos utilizados .

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PROCEDIMENTOS DA RECOLHA DE DADOS

Com o objectivo de obter autorização para a realização do estudo, foi realizada

uma exposição aos Presidentes dos Conselhos de Administração dos Hospitais e

Directores dos Centros de Saúde, da finalidade, população alvo e tipo de instrumento a

utilizar.

Posteriormente, e depois do parecer das respectivas enfermeiras directoras,

fomos encaminhados aos enfermeiros responsáveis, com quem foi combinado a fase e o

método de recolha de dados.

Tendo em conta que os enfermeiros têm turnos rotativos e dias de folga, e o mês

(Julho) que para alguns era de férias, na tentativa de adquirir um maior número de

participantes, os questionários foram deixados nos vários serviços, num envelope

fechado, no local combinado, tendo sido estipulado o dia de recolha.

Foi pedido aos participantes, sinceridade nas respostas, sendo-lhes garantido o

anonimato e confidencialidade no tratamento de dados.

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POPULAÇÃO E AMOSTRA

Pelos dados fornecidos pela Ordem dos Enfermeiros e que se referem ao ano

2001, o número de enfermeiros inscritos na mesma é de 39 974, dos quais 32 778 são do

sexo feminino e 7 196 são do sexo masculino.

18%

D Masculino ■Feminino

Gráfico 1 - Distribuição da população de enfermeiros quanto ao sexo.

Caracterização da amostra

A nossa amostra resultou de um conjunto de 271 questionários respondidos

voluntariamente, pelos enfermeiros dos serviços de medicina interna, consulta externa e

urgência dos seguintes hospitais: Hospital Sa Oliveira - Guimarães, Hospital S. João de

Deus - V.N.Famalicão, Hospital Sta. Maria Maior - Barcelos e Hospital Sta. Luzia -

Viana do Castelo, e dos seguintes Centros de Saúde: Amorosa- Guimarães, Famalicão I,

Famalicão II, Carandá - Braga, distribuídos como é apresentado no Quadro 4.

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Localidade inquérito

Freq. Percentagem percentagem

válida Centro de Saúde do Carandá 26 9,6 9,6

Centro de Saúde de Guimarães/amorosa 24 8,9 8,9

Centro de Saúde de Famalicão l-Famaliçao 16 5,9 5,9

Centro de Saúde Famalicão ll-Delães 9 3,3 3,3

Hospital de Sta Maria Maior medicina interna 18 6,6 6,6

Hospital de Sta Maria Maior urgência 23 8,5 8,5

Hospital de Sta Maria Maior consulta externa 4 1,5 1,5

Hospital S. Oliveira medicina interna 34 12,5 12,5

Hospital S.Oliveira urgência 14 5,2 5,2

Hospital S. Oliveira consulta externa 11 4,1 4,1

Hospital S.João Deus medicina interna 14 5,2 5,2

Hospital S.João Deus urgência 14 5,2 5,2

Hospital S.João Deus consulta externa 6 2,2 2,2

Hospital Sta Luzia medicina interna 28 10,3 10,3

Hospital Sta Luzia urgência 17 6,3 6,3

Hospital Sta Luzia consulta externa 13 4,8 4,8

Total 271 100,0 100,0

Quadro 4 - Distribuição dos inquiridos por local/serviço.

A escolha dos enfermeiros dos serviços de Medicina Interna, Urgência e

Consulta Externa recaiu na tentativa de usarmos uma amostra de enfermeiros cujas

características do trabalho fossem o mais parecidas. Desta forma excluímos todos os

serviços directamente ou indirectamente ligados à cirurgia e cuidados intensivos, cujo

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acto de Cuidar e exigências dos doentes é diferente e que poderiam interferir nos

resultados.

Nos Centros de Saúde onde existia um serviço especializado, os enfermeiros

desses serviços não foram incluídos neste estudo.

Número de sujeitos/sexo

Tal como na população dos enfermeiros em Portugal, também na nossa amostra

é evidente a disparidade entre o número de mulheres (N=221) e homens (N=50),

correspondendo a 82% e 18% respectivamente.

18%

■ masculino D feminino

Gráfico 2 - Distribuição da amostra por sexo

Esta diferença entre os sexos deve ser enquadrada no contexto histórico da

profissão e à natureza de cuidados, que foram atribuídos à mulher: mãe, esposa ou

caridosa.

Esta distribuição assimétrica é mais evidente se atendermos aos locais de

trabalho; verifica-se que ao nível dos Centros de Saúde temos uma amostra

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predominantemente feminina (F=73; M=2), enquanto que ao nível hospitalar o número

de homens é superior (F=148; M=48), tendo o serviço de urgência uma comparticipação

importante. Este facto deve-se ao caracter mais regular do funcionamento dos centros de

saúde; nestes locais, o horário e dias de funcionamento estão estabelecidos, pelo que

esta regularidade é mais procurada pelas mulheres, numa perspectiva de família.

Idade

A idade da amostra varia entre os 21 e os 69 anos, com uma média de idade de

35,06 anos, sendo a faixa etária entre os 20 e os 29 anos com mais representatividade,

como demostra o Gráfico 3.

20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 >70

idade

I n° enfermeiros

Gráfico 3 - Distribuição da amostra por faixas etárias.

77

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Grau académico

Em relação ao grau académico dos enfermeiros que participaram neste estudo,

54,2 % apresenta grau de bacharel, tendo 33,9% a licenciatura ou equiparado como

demonstra o Quadro 4. No entanto é importante referir que cerca de 45,4% dos que não

têm o grau de licenciatura (curso geral de enfermagem ou bacharelato) frequentam ou

mostram interesse em frequentar o complemento formação nos próximos anos.

12%

54%

D C. Geral enf. ■ Bacharelato D Licenciatura/equivalente

Gráfico 4- Distribuição da amostra segundo o grau académico.

Vínculo e categoria profissional

Dos 271 enfermeiros inquiridos, 217 (80,1%) tem um vínculo definitivo com a

instituição onde trabalham, estando apenas 2 a prestação de serviços, 37 com contrato a

termo certo; e os restantes 12 têm contrato administrativo de provimento. No entanto,

em termos de categorias, a distribuição é apresentada no Gráfico 5.

78

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100

80

60

40

20

y y y y

r«M"

<44# a -*#-^ ^ y nível I nível II nível I

D n° de enfermeiros

Gráfico 5 -Distribuição da amostra por categoria profissional.

Escolha do serviço epedido de mudança

Como nos demonstra o Gráfico 6, cerca de 58,3% (N=158) dos enfermeiros

escolheram o serviço onde trabalham, enquanto que os 41,7% (N=112) não o fizeram,

apesar disso, apenas 21,8% (N=59) pediram transferência para outro serviço ou

instituição.

300

200 n° enfermeiros

100

n.

/

112 /W

158 ! ^ F 212 j J

Es colha serv. Pe

D SIM D NÃO

dido transf.

Gráfico 6 - Distribuição dos enfermeiros por escolha de serviço e pedido de

transferência do mesmo.

79

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Pluriemprego

Uma das questões analisada na nossa amostra foi a situação de pluriemprego,

verificando-se que 36,2% dos sujeitos têm mais que um local de trabalho, enquanto que

63,8% referem que não, como demonstra o gráfico 7.

D SIM «NÃO

Gráfico 7 - Distribuição dos sujeitos por situação de pluriemprego.

Uma vez apresentada as características da nossa amostra, iremos apresentar no

capítulo seguinte os resultados obtidos quer referentes ao grau de satisfação

profissional dos enfermeiros, quer algumas das variáveis que possam interferir directa

ou indirectamente com essa satisfação.

80

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CAPÍTULO VII

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

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Satisfação Geral e Satisfação Específica

A análise da satisfação dos enfermeiros foi realizada através da análise de uma

única pergunta, denominada de Satisfação Geral (SG) correspondendo à questão

"considerando todos os aspectos do seu trabalho e da sua vida nesta instituição, diria

que está " e cuja distribuição é apresentada no Quadro 5.

Satisfação geral

Frequência Percentagem

(%) insatisfeito 5 1,8 muito pouco satisfeito 4 1,5 pouco satisfeito 20 7,4 satisfeito 36 13,3 satisfeito suficientemente 111 41,0 satisfeito moderadamente 80 29,5 muito satisfeito 15 5,5 Total 271 100,0

Quadro 5 - Distribuição da variável SG

Foi realizada uma análise ao um conjunto de nove perguntas referentes à

satisfação de situações específicas, e que resultou na constituição de uma variável

composta pelo somatório das nove questões, denominada Satisfação específica (SE).

O Quadro 6 mostra a existência de forte correlação positiva entre estas duas

variáveis SG e SE, analisada pelo método de Pearson. Este estudo de correlação

demonstra o forte contributo da satisfação das condições específicas na satisfação geral

do sujeito, ao mesmo tempo que ocorre a satisfação das condições específicas, a

satisfação geral do sujeito sofre também um aumento.

82

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Correlação

SE SG SE Correlação Pearson

N 1,000 265

,758" 265

SG Correlação Pearson N

,758" 265

1,000 271

■ Correlação com significado estatístico para .01

Quadro 6 - Correlação entre as medidas de satisfação específicas e a medida de

satisfação geral.

No sentido de analisarmos a contribuição da satisfação específica (SE) na

satisfação geral (SG) fez-se uma correlação entre nove variáveis específicas, e que é

apresentada no Quadro 7.

Pela análise da correlação entre a variável de satisfação geral (SG) e cada uma

das variáveis específicas, cujo somatório corresponde à satisfação específica (SE),

verificamos em todas as variáveis uma forte correlação positiva com significado

estatístico.

Desta forma verifica-se que, a variável C - "Funcionamento do serviço " (p =

.626), G "O trabalho que realiza " (p = .619) e B "Organização do serviço " (p = .614)

apresentam valores de correlação mais elevados, tendo a sua satisfação maior influência

em SG. O valor mais baixo de correlação, apesar de ter elevado significado estatístico,

verifica-se nas variáveis A - "Perspectiva de promoção" (p = .435), F - Competência e

desempenho dos subordinados "(p = .461) e J - "Remuneração "(p = .468).

83

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correlação

A B C D E F G H J SG perspectivas de Pearson promoção (A)

N

1,000

270

,470** ,000 270

,411** ,000 270

,262** ,000 270

,321** ,000 270

,322** ,000 265

,250** ,000 270

,496** ,000 270

,515** ,000 270

,435* ,000 270

organização do Pearson serviço onde trabalho (B)

N

,470**

,000

270

1,000

271

,863**

,000

271

,558**

,000

271

,632**

,000

271

,451**

,000

266

,534**

,000

271

,394**

,000

271

,281**

,000

271

,614*

,000

271

funcionamento do Pearson serviço onde trabalho (C) N

,411** ,000

270

,863** ,000

271

1,000

271

,605** ,000

271

,615** ,000

271

,486** ,000

266

,531** ,000

271

,389** ,000

271

,285** ,000

271

,626* ,000

271

colaboração e clima Pearson de relação colegas de trabalho (D) *,

,262** ,000 270

,558** ,000 271

,605** ,000 271

1,000

271

,521** ,000 271

,515** ,000 266

,499** ,000 271

,414" ,000 271

,281** ,000 271

,540* ,000 271

competência e Pearson desempenho superior (E) N

,321** ,000 270

,632** ,000 271

,615** ,000 271

,521** ,000 271

1,000

271

,476** ,000 266

,515** ,000 271

,327** ,000 271

,167** ,006 271

,554* ,000 271

competência e Pearson desempenho subordinados (F) N

,322** ,000 265

,451** ,000 266

,486** ,000 266

,515** ,000 266

,476** ,000 266

1,000

266

,471** ,000 266

,382** ,000 266

,330** ,000 266

,461* ,000 266

em relação ao Pearson trabalho que realiza

(G) N

,250** ,000 270

,534** ,000 271

,531** ,000 271

,499** ,000 271

,515** ,000 271

,471** ,000 266

1,000

271

.420**1

,000 271

,265** ,000 271

,619* ,000 271

horário de trabalho Pearson (H)

N

,496** ,000 270

,394** ,000 271

,389** ,000 271

,414** ,000 271

,327** ,000 271

,382** ,000 266

,420** ,000 271

1,000

271

,520** ,000 271

,532* ,000 271

remuneração(J) Pearson

N

,515** ,000 270

,281** ,000 271

,285** ,000 271

,281** ,000 271

,167** ,006 271

,330** ,000 266

,265** ,000 271

,520** ,000 271

1,000 »

271

,468* ,000 271

Satisfação geral Pearson (SG)

N

,435** ,000 270

,614** ,000 271

,626** ,000 271

,540** ,000 271

,554** ,000 271

,461** ,000 266

,619** ,000 271

,532** ,000 271

,468** ,000 271

1,000

271

**■ correlação com significado para p <.01

Quadro 7 - Correlação entre a variável SG e as variáveis específicas de satisfação

Variável Média N

SG 5,01 270

SE 5,041 265

Quadro 8 - Média de satisfação das variáveis SG e SE

O valor médio de SE foi obtido fazendo a extrapolação dos resultados por 9 itens.

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Após a análise de correlação entre as variáveis SG e de SE, no Quadro 8

apresentamos os valores médios de satisfação da amostra. Os valores destas duas

dimensões da satisfação apresentam valores muito próximos, quase sobreponíveis,

evidenciando a sua forte correlação.

O valor médio de satisfação geral apresenta uma pequena variação em relação ao

sexo, verificando-se um valor ligeiramente mais elevado nos homens (M = 5,16) do que

nas mulheres (M = 4,97), como demonstrado no Quadro 9.

Mean sexo Satisfação geral masculino 5,16 feminino 4,97 Total 5,01

Quadro 9 - Distribuição do valor médio de SG em função do sexo.

Satisfação especifica (Conj)

sexo Média N Desvio padrão

masculino 45,94 50 8,46 feminino 45,27 215 8,09 Total 45,39 265 8,15

Quadro 10 - Distribuição do valor médio de SE em função do sexo.

No sentido de avaliarmos a satisfação profissional dos enfermeiros nos Centros

de Saúde e nos vários Hospitais, comparamos os níveis médios de Satisfação geral (SG)

nos diversos Centros de Saúde (Quadro 11) e nos vários serviços dos Hospitais (Quadro

12), em função do sexo.

85

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considerando todos os aspectos do seu trabalho e da sua vida nesta inst., diria que está:

Desvio Localidade inquérito sexo N Média Minimo Máximo padrão Centro de Saúde do masculino 1 6,00 satisfeito satisfeito Carandá 1 6,00 moderadamente moderadamente >

feminino 25 5,08 insatisfeito muito satisfeito 1,29

Total 26 5,12 insatisfeito muito satisfeito 1,28

Centro de Saúde de masculino 1 4,00 satisfeito satisfeito Guimarães/amorosa feminino 23 4,91 pouco satisfeito satisfeito

moderadamente

Total 24 4,88 pouco satisfeito satisfeito moderadamente

,68

Centro de Saúde de feminino 16 4,25 insatisfeito muito satisfeito 1,44 Famalicão l-Famaliça Total

16 4,25 insatisfeito muito satisfeito 1,44

Centro de Saúde Famalicão ll-Delães

feminino 9 4,22 insatisfeito satisfeito

moderadamente 2,11

Total 9 4,22 insatisfeito

satisfeito moderadamente 2,11

Quadro 11 - Estatística descritiva da variável SG por Centro de Saúde.

A análise da estatística descritiva mostra algumas diferenças ao nível dos

Centros de saúde, destacando-se com valor médio mais elevado (M=5,12 -

Suficientemente satisfeito) o Centro de saúde do Carandá - Braga, verifícando-se valor

médio mais baixo no Centro de saúde de Famalicão II -Delães (M=4,22 - Pouco

satisfeito).

No entanto ao analisarmos o Quadro 12 relativamente aos serviços dos

Hospitais, o valor médio mais elevado é apresentado pelo serviço de urgência do

Hospital de Sta. Maria Maior (M=5,65 - Suficientemente satisfeito), enquanto que o

valor médio mais baixo se verifica no serviço de consulta externa do Hospital de Sta.

Luzia (M=4,38 - Pouco satisfeito). Verifica-se ainda que o Hospital S. Oliveira

apresenta o valor médio mais elevado enquanto que o Hospital de Sta. Luzia apresenta o

valor médio baixo.

86

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considerando todos os aspectos do seu trabalho e da sua vida nesta inst., diria que está:

Localidade inquérito sexo Média Mínimo Máximo Desvio padrão

Hospital de Sta Maria masculino Maior medicina interna

feminino

Total

4,50 pouco satisfeito

4,71

4,67

muito pouco satisfeito

muito pouco satisfeito

satisfeito moderadamente

satisfeito moderadamente

satisfeito moderadamente

1,29

1,14

1,14

Hospital de Sta Maria Maior urgência

masculino

feminino

Total

10

13

5,50 satisfeito

_ , _ satisfeito O, f /

muito satisfeito

satisfeito suficientemente moderadamente

23 5,65 satisfeito muito satisfeito

,97

,44

,71 Hospital de Sta Maria feminino Maior consulta externa

Total

5,25 satisfeito

5,25 satisfeito

satisfeito moderadamente

satisfeito moderadamente

,96

,96

Hospital S. Oliveira medicina interna

masculino

feminino

Total

satisfeito moderadamente

3 5,00 satisfeito

31 5,26 pouco satisfeito muito satisfeito

34 5,24 pouco satisfeito muito satisfeito

1,00

1,03

1,02

Hospital S.Oliveira urgência

masculino

feminino

Total

5,57 pouco satisfeito muito satisfeito

5 „ g muito pouco satisfeito

_ . muito pouco satisfeito

satisfeito moderadamente

muito satisfeito

1,51

1,50

1,45

Hospital S. Oliveira consulta externa

feminino

Total

11 5 36 m u ' t 0 P ° u c o

satisfeito muito satisfeito

11 5,36 .. , .. muito satisfeito satisfeito

1,50

1,50

Hospital S.João Deus medicina interna

masculino

feminino

Total

11 14

4,67 satisfeito

5,00 satisfeito

4,93 satisfeito

satisfeito suficientemente

muito satisfeito

muito satisfeito

,58

,89

.83

Hospital S.João Deus masculino urgência

feminino

Total

5

9

14

Hospital S.João Deus feminino consulta externa

Total

4,80 pouco satisfeito s a t | s f e l t ° moderadamente

satisfeito satisfeito suficientemente moderadamente

S3tÍSfGÍtO 5,43 pouco satisfeito . .

moderadamente

4,83 pouco satisfeito s a t | s f e i t ° moderadamente

. 0 0 .. , .. satisfeito 4,83 pouco satisfeito . .

moderadamente

1,10

,44

,85

,98

,98

Hospital Sta Luzia medicina interna

masculino

feminino

Total

4,83 pouco satisfeito

22

28

4,59

4,64

muito pouco satisfeito

muito pouco satisfeito

satisfeito moderadamente

muito satisfeito

muito satisfeito

1,17

1,18

1,16

Hospital Sta Luzia urgência

masculino

feminino

Total

9

8

17

5,44 satisfeito

5,38 satisfeito suficientemente

5,41 satisfeito

satisfeito moderadamente

satisfeito moderadamente

satisfeito moderadamente

,73

,52

,62

Hospital Sta Luzia consulta externa

masculino

feminino

Total

1

12

13

5,00 satisfeito suficientemente

4,33 insatisfeito

4,38 insatisfeito

satisfeito suficientemente

satisfeito moderadamente

satisfeito moderadamente

Quadro 12 - Estatística descritiva da variável SG por serviço e por hospital.

1,37

1,33

Total masculino 50 5,16 pouco satisfeito muito satisfeito 1,06 feminino 221 4,97 insatisfeito muito satisfeito 1,20 Total 271 5,01 insatisfeito muito satisfeito 1,17

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Em relação às diferenças entre serviços hospitalares, verifica-se que o valor

médio mais elevado de satisfação corresponde aos serviços de urgência, enquanto que o

valor médio baixo de satisfação é encontrado nos serviços de consulta externa dos

diversos hospitais.

Pela análise da estatística descritiva da variável SG, verifica-se que, o valor

médio da variável nos Centros de Saúde é consideravelmente menor que o valor médio

nos Hospitais, aproximando-se ao valor apresentado nos serviços de consulta externa

dos hospitais.

Correlação entre Diferença de Expectativas e Condições Reais e Satisfação

No sentido de verificar se o nível de satisfação profissional resulta da não

realização de expectativas, foi computorizada uma nova variável DEC (diferença entre

expectativas e condições reais) a partir da diferença entre cada uma das 19 questões

sobre as expectativas no trabalho e as 19 questões sobre o contexto de trabalho.

Posteriormente foi realizado um estudo de correlação através do método de

Pearson, entre a variável DEC e as variáveis SE e SG, que é apresentado no Quadro 13.

Correlação

DEC SE SG DEC Correlação Pearson 1,000 -,754** -,621** ! DEC

N 270 264 270 SE Correlação Pearson -,754** 1,000 ,758** SE

N 264 265 265 SG Correlação Pearson -,621** ,758** 1,000 SG

N 270 265 271

• correlação com significado para .01

Quadro 13 - Correlação entre a variável DEC, SE e SG

88

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O Quadro 13 demonstra que existe uma correlação fortemente negativa entre as

variáveis DEC e SG, bem como as variáveis DEC e SE .

Desta forma verifica-se que quanto maior é a diferença entre as condições reais

de trabalho e as expectativas do sujeito face ao trabalho, menor é o seu grau de

satisfação das condições especificas quer o grau de satisfação geral e que é mais

evidenciado no Gráfico 4 e Gráfico 5 respectivamente.

40 60

Diferença entre expectativas e condições reais

Gráfico 4 - Correlação entre DEC e SG

o <D Q_ tfí 70 <D O $. ! 60

w 50

r

mi

-60 -40 -20 0 20 40

Diferença entre expectativas e condições reais

60 80 100

Gráfico 5 - Correlação entre a variável DEC e a SE

89

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Correlações

Satisfação _ geral

Satisfação geral Correlação Pearson N

1,000 271

condições de trabalho Correlação Pearson N

-,389** 271

trabalho interes./ estimulante Correlação Pearson N

-,441** 271

autonomia Correlação Pearson N

-,491** 271

progressão na carreira Correlação Pearson N

-,295** 271

desenvolvimento e formação Correlação Pearson N

-,335** 271

comunicação organizacional Correlação Pearson N

-,528** 271

horário Correlação Pearson N

-,352** 271

participação nas decisões Correlação Pearson N

-,267** 271

reconhecimento profissional Correlação Pearson N

-,518** 271

organização do trabalho Correlação Pearson N

-,505** 271

informação dos objectivos Correlação Pearson N

-,430** 271

contacto com serviços Correlação Pearson N

-,384** 271

trabalhar em equipa Correlação Pearson N

-,370** 271

trabalho variado Correlação Pearson N

-,317** 271

trabalho criativo Correlação Pearson N

-,386** 270

bom ambiente de trabalho Correlação Pearson N

-,482** 271

boas relações pessoais Correlação Pearson N

-,376** 271

relação chefe/subordinado Correlação Pearson N

-,441** 271

salário Correlação Pearson N

-,388** 271

• Correlação com significado para 0.01 level.

Quadro 14 - Correlação entre SG e diferenças das expectativas e

condições reais por item

90

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Para melhor percebermos a actuação das diferenças entre expectativas e

condições reais, fizemos uma correlação entre a variável SG e cada item da variável

composta DEC. A análise do Quadro 14 demonstra uma forte correlação negativa entre

os itens e a SG, verificando-se que quanto maior a diferença entre expectativa e

realidade maior o valor de SG. Podemos verificar que os itens Comunicação

organizacional, Reconhecimento profissional, a Organização do trabalho, a Autonomia

e o Bom ambiente de trabalho, apresentam maior correlação.

A diferença entre expectativas e condições reais no trabalho como predictor da

satisfação

No sentido de verificarmos a relação entre as dimensões da Escala de realização

de Expectativas sobre o contexto de trabalho e a escala de satisfação organizacional,

procedemos a uma análise de regressão linear simples, utilizando as variáveis que as

compõem.

Através deste método tentamos verificar até que ponto as condições reais, as

expectativas e a variável composta DEC, são preditoras dos níveis de satisfação.

O facto de termos verificado anteriormente uma forte correlação entre estas

variáveis (SG e DEC) , leva-nos de encontro á nossa hipótese de que o nível de

satisfação geral poderá estar dependente da diferença entre expectativas e condições

reais de trabalho.

O Quadro 15 apresenta os valores relativos à análise de regressão, assumindo a

dimensão SG como variável dependente e as condições reais como variável

91

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independente. A análise dos valores apresentados leva-nos a concluir que ao aumento de

condições reais corresponde um aumento de satisfação geral, com p< .000

t B desv.padrão Beta t P (Constant) Condições reais

1,131 4,210E-02

,269 ,003 ,669

4,211 14,729

,000 ,000

Quadro 15 - Análise de regressão da variável dependente SG com as condições

reais de trabalho

Os resultados apresentados no Quadro 16 mostram-nos que a SG vai depender

da variável DEC, isto é, para um valor baixo da diferença entre as expectativas e as

condições reais de trabalho, maior o grau de satisfação o sujeito no trabalho.

t B desv.padrão Beta t P (Constant)

DEC

6,187

-3J11E-02 ,107

,003 -,621

57,827

-12,955

,000

,000

Quadro 16 - Análise de regressão da variável dependente SG com DEC

Satisfação no trabalho e variáveis sociodemográficas

Com o objectivo de verificar a influência na satisfação de algumas variáveis

sociodemográficas, efectuamos uma análise correlacionai da variável SG com algumas

92

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variáveis tais como idade, sexo, grau académico, vinculo profissional, escolha do

serviço e pedido de transferência do serviço.

No que diz respeito à idade dos enfermeiros da amostra, realizou-se uma

correlação pelo método de Pearson, verificando-se que não tem significado estatístico,

como demonstrado no Quadro 17.

correlação

idade SG idade Correlação Pearson

Sig. (2-tailed) N

1,000

271

-,045 ,465 271

SG Correlação Pearson Sig. (2-tailed) N

-,045 ,465 271

1,000

271

Quadro 17 - Correlação entre a variável SG e a idade

Em relação ao sexo e vínculo profissional, foi realizada uma correlação através

do t-teste, entre estas variáveis e a SG, verificando-se que não qualquer relação entre

elas, como demonstra o quadro 18 e o Quadro 19.

sexo

F Sig. t df Sig. (2-tailed) Satisfação geral variância igual

variância diferente

,009 ,924 1,018

1,102

269

80,138

,309

,274

Quadro 18- Correlação entre SG e o sexo

93

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vinculo profissional

F Sig. t df Sig. (2-tailed) Satisfação geral variância igual ,300 ,585 -,667 217 ,505

variância diferente -1,106 1,052 ,461

Quadro 19 - Correlação entre a SG e o vínculo profissional

Em relação ao grau académico e à categoria profissional, quando

correlacionadas com SG, verifica-se inexistência de correlação, e cujos resultados

apresentamos nos Quadros 20 e 21 respectivamente.

ANOVA

Satisfação geral

Fonte de soma dos variância df quadrados F Sig.

Entre grupos 1,508 2 ,754 ,545 ,580

Nos grupos 370,478 268 1,382

Total 371,985 270

Quadro 20 - Correlação entre SG e o grau académico

ANOVA

Satisfação geral

Soma dos Média dos quadrados df quadrados F Sig.

Entre grupos 2,552 2 1,276 ,926 ,398

Nos grupos 369,434 268 1,378

Total 371,985 270

Quadro 21 - Correlação entre SG e a categoria profissional

94

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No entanto quando analisamos dados socio-biográfico mais directamente

relacionados com o serviço, tais como a escolha do serviço, pedido de transferência e

situação de pluriemprego, verificamos que apenas o pedido de transferência de serviço

tem correlação com a variável SG. Os resultados são apresentados nos quadros 22, 23 e

24.

Escolha de serviço

F Sig. t df Significância Satisfação geral variância igual

variância diferente

5,088 ,025 ,696

,682

268

221,025

,487

,496

Quadro 22 - Correlação entre SG e a escolha de serviço

Transferência de serviço

F Sig. t df Sig. (2-tailed) Satisfação geral variância igual

variância diferente

5,484 ,020 -4,053

-3,789

269

85,084

,000

,000

Quadro 23 - Correlação entre a variável SG e o pedido de transferência de serviço.

Pluriemprego

F Sig. t df Sig. (2-tailed) Satisfação geral variância igual

variância diferente

3,189 ,075 1,870

2,036

269

252,307

,063

,043

Quadro 24 - Correlação entre SG e a situação de pluriemprego.

95

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Os quadros 22, 23 e 24 demonstram uma correlação com significado estatístico,

usando o t-teste, entre as variáveis demográficas: escolha do serviço, pedido de

transferência de serviço ou instituição e a situação de pluriemprego.

Perante estes resultados verificamos que a nossa amostra se apresenta

suficientemente satisfeita, corroborando-se o modelo de Vala e ai, que valorizava a

teoria das expectativas no estudo da satisfação no trabalho.

No capítulo seguinte irá ser realizada uma discussão dos resultados mais

detalhada.

96

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CAPÍTULO VIII

Discussão dos Resultados

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este trabalho tem como objectivo analisar o grau de satisfação no trabalho dos

enfermeiros e os factores que vão influenciar nessa satisfação. Para tal, e depois de uma

exaustiva pesquisa na literatura sobre os modelos teóricos da satisfação no trabalho,

baseamo-nos no modelo seguido por Jorge Vala, pois consideramos o modelo que

melhor poderia concretizar o nosso objectivo.

Desta forma, utilizamos o questionário elaborado pelo autor, e após algumas

adaptações ao nível da estruturação das questões, como já foi referenciado no

CapítuloV. Ao analisar a consistência interna, através do Alpha de Cronbach; os valores

encontrados para a Escala de Expectativas sobre o Contexto de Trabalho - parte I

(Expectativas) foi de Alpha = .9164 e para a parte II (Condições Reais) foi de Alpha =

.9310; na Escala de Satisfação Organizacional o valor de Alpha foi de .8913. Os valores

apresentados pelo Alpha de Cronbach demonstram uma forte consistência interna, pelo

consideramos este questionário um instrumento válido do que nos propomos estudar.

No sentido de responder à nossa primeira questão - "Qual o grau de satisfação

profissional dos enfermeiros" - foram utilizadas duas dimensões diferentes, uma

questão directa (questão 10 da Escala de satisfação Organizacional) por nós designada

por Satisfação Geral (SG) e outra constituída por um conjunto de nove questões sobre a

satisfação de parâmetros específicos referentes ao trabalho, e que designamos por

Satisfação Específica (SE).

Estas duas dimensões apresentaram uma forte correlação positiva, sendo os

valores médios de satisfação para a variável SG de 5.01, e para a SE de 5,04, valores

estes quase sobreponíveis.

98

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Assim, em termos globais os enfermeiros da nossa amostra encontram-se

suficientemente satisfeitos, verificando-se que o grau de satisfação dos homens (M =

5,16) é ligeiramente superior ao das mulheres (M = 4,97).

Pela análise de correlação realizada entre todas as nove condições e a SG

verificamos que existe uma forte correlação entre estas variáveis, destacando-se o

funcionamento do serviço, o trabalho que realiza e a organização do serviço como as

condições que mais influenciam na satisfação geral; as condições com menor influência

na satisfação geral são a perspectiva de promoção, a competência e desempenho de

subordinados e a remuneração.

No que diz respeito às diferenças entre o grau de satisfação dos enfermeiros nas

instituições (Hospital/Centro de Saúde) e nos diversos serviços, verifica-se o grau de

satisfação é mais elevado nos Hospitais (M = 5,1) do que nos Centros de saúde (M =

4,62), e dentro da instituição hospitalar os enfermeiros do serviço de consulta externa

apresentam grau de satisfação menor, valor este semelhante ao encontrado nos Centros

de saúde.

Baseado nos estudos de Vala e Lima (1994) o grau de satisfação resulta das

diferenças entre as expectativas e as condições reais de trabalho do sujeito, pelo que

uma das hipóteses colocada é se o grau de satisfação varia com a não satisfação das

expectativas. Seguindo o modelo teórico de análise da escala utilizada, foi constituída

uma variável resultante da diferença entre expectativas e condições reais (DEC),

resultante da diferença das 19 questões relativas às expectativas e as 19 questões das

condições reais.

Realizado o estudo de correlação entre as variáveis SG, SE e DEC, verifica-se

que existe uma forte correlação negativa com elevado significado estatístico, entre as

variáveis DEC e SE, e DEC e SG, demonstrando que quanto maior for a não satisfação

99

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das expectativas, menor o grau de satisfação apresentado, tal como o defendem os

autores.

Desta forma, em relação à nossa segunda hipóteses, os resultados confirmam a

teoria das expectativas elaborada por Vroom e defendida por Vala e ai., que valorizam

as expectativas de trabalho colocadas pelos sujeitos, considerando que se a percepção

destas expectativas e as condições existentes no trabalho for elevada, menor é a

satisfação apresentada pelo indivíduo.

Assim, através da análise de regressão efectuada, em que assumimos que a

variável dependente é a SG e como variável independente as condições reais e a DEC,

verificamos que o aumento das condições reais leva ao aumento da satisfação geral,

enquanto que o aumento da DEC leva a uma diminuição da satisfação geral.

Podemos assim afirmar que o grau de satisfação dos enfermeiros é menor

quando as condições existentes nos serviços, estão longe de ser as expectativas que eles

esperavam para o seu serviço e profissão, sendo por isso a variável DEC predictiva do

grau de satisfação.

Tendo em conta os parâmetros socio-biográficos, fizemos um estudo de

correlação entre estes parâmetros e a variável SG, verificando-se apenas uma elevada

correlação entre o pedido de transferência do serviço ou instituição e a satisfação geral.

Em relação a parâmetros tais como idade, sexo, grau académico, vínculo e categoria

profissional, não têm qualquer correlação com a satisfação geral.

100

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CAPÍTULO IX

CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO

A enfermagem é uma profissão na área da saúde que, na maior parte dos casos, é

esquecida quer pelos outros profissionais, quer pelos doentes e cidadãos no geral; por

vezes esquecemo-nos que um caso de doença bem sucedido, não foi apenas trabalho do

médico, mas de uma equipa médico-enfermeiro.

Estes profissionais de saúde, colocados nalguns casos em segundo plano, têm

que lidar com situações de grande exigência psíquica e emocional, pois a sua

proximidade com o doente é muito grande.

Se por um lado é importante a formação do enfermeiro, a motivação para o

trabalho também vai ser, pois só assim iremos ter profissionais empenhados e

satisfeitos.

O nosso objectivo ao concretizar o estudo a que nos propusemos, é dar alguma

contribuição para a problemática da satisfação profissional dos enfermeiros, no sentido

de encontrar algumas variáveis que a influencia.

Dos resultados obtidos podemos concluir que o grau de satisfação geral dos

enfermeiros enquadra-se num nível de suficientemente satisfeito, havendo algumas

variações entre homens e mulheres, mas pouco significativas.

Tendo em conta a instituição e serviço a que pertencem, verificamos que o nível

de satisfação geral dos enfermeiros nos Centros de Saúde é inferior ao apresentado nos

Hospitais; se atendermos ao serviço, e neste aspecto escolhemos serviços em que o tipo

de cuidados prestados eram relativamente semelhantes, verificamos que os enfermeiros

da consulta externa eram os que apresentavam um grau de satisfação mais baixo, valor

este que se aproximava muito do valor de satisfação verificado nos Centros de Saúde.

Ao nível dos Centros de Saúde, o do Carandá era onde os enfermeiros

apresentavam um grau mais elevado de satisfação, enquanto que em relação aos

102

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Hospitais, os enfermeiros com maior grau satisfação pertenciam ao Hospital S. Oliveira-

Guimarães.

As análises realizadas permitiram concluir que o grau de satisfação geral

apresentado era o resultante da satisfação de condições específicas, dentro das quais se

destacavam o funcionamento do serviço, o tipo de trabalho realizado e a organização do

serviço, sendo as condições menos importantes, a perspectiva de promoção, a

competência e desempenho dos subordinados e a remuneração.

Concluiu-se também que o grau de satisfação no trabalho era resultante da

percepção que o sujeito fazia da diferença entre as suas expectativas e condições gerais,

verificando-se que os sujeitos que apresentavam maior grau de satisfação no trabalho, as

suas expectativas eram próximas, ou as próprias das condições reais do seu trabalho;

dentro destas as mais valorizadas foram a comunicação organizacional, reconhecimento

profissional, a organização do trabalho, a autonomia e o bom ambiente de trabalho.

A análise relativa aos dados socio-bibliográficos, o facto de ter mudado ou

pedido transferência de serviço era o único factor que influenciava de forma positiva o

grau de satisfação no trabalho apresentado pelos enfermeiros.

Concluído este trabalho e depois de encontrarmos resposta para as nossas

questões, consideramos que nos sentimos bastante satisfeitos com as respostas

encontradas, apesar de outras já estarem a ser formuladas no sentido de prosseguirmos

as nossas investigações nesta problemática.

103

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BIBLIOGRAFIA

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ANEXO 1

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