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Jornal da Associação de Medicina Intensiva Brasileira Nº 55 Filiada à WFSICCM e à FEPIMCTI Abr/Mai/Jun 2010 Instituição que Faz Hospital São Paulo, da UNIFESP amplia as instalações de sua UTI Pág. 7 Na Beira do Leito Os cuidados paliativos trazem qualidade de vida a pacientes críticos Págs. 8 e 9 Passo a Passo Conheça um pouco de Brasília, a cidade sede do XV CBMI Pág. 13 Orgulho de Ser Intensivista AMIB lança sua campanha nacional Págs. 14 e 15 O que muda no dia a dia para a Medicina Intensiva Págs 10 e 11 NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

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J o r n a l d a A s s o c i a ç ã o d e M e d i c i n a I n t e n s i v a B r a s i l e i r a

Nº 55

Filiada à WFSICCM e à FEPIMCTI

Abr/Mai/Jun 2010

Instituição que Faz

Hospital São Paulo, da UNIFESP amplia as instalações de sua UTI

Pág. 7

Na Beira do LeitoOs cuidados paliativos

trazem qualidade de vida a pacientes críticos

Págs. 8 e 9

Passo a Passo

Conheça um pouco de Brasília, a cidade sede do XV CBMI

Pág. 13

Orgulho de Ser Intensivista

AMIB lança sua campanha nacional

Págs. 14 e 15

O que muda no dia a dia para a Medicina IntensivaPágs 10 e 11

NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

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2 Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

DIRETORIA EXECUTIVA (Biênio 2010-2011) – Presidente Ederlon Rezende (SP) • Vice-Presidente Werther Brunow de Carvalho (SP) • Diretor Secretário Geral Fernando Osni Machado (SC) • Diretor Tesoureiro Alberto José de Barros (PE) • Diretor Executivo Fundo AMIB Fernando Suparregui (RS)

Presidente Passado Álvaro Réa-Neto (PR) • Presidente Futuro José Mário Teles (BA)

Editor do Jornal da AMIB Bruno Mazza (SP) • Jornalistas Responsáveis Luciana Mira - Mtb 31247/SP e Teca Pereira - Mtb 19000/SP • Redação: Adriana Polizell MTB 47746/SP Conteúdo Editorial Plano A Comunicação (11)5098-1111 • Editoração Gráfica MWS Design (11) 3399-3028 • Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e as cartas devem ser enviadas à AMIB.

é uma publicação trimestral da AMIB Rua Joaquim Távora, 724 - Vila Mariana

CEP 04015-011 - São Paulo - SP Fone (11) 5089-2642 - www.amib.org.br

• A PA l Av r A d o P r e s I d e N t e •

• E D I T O R I A L •

Nós da Diretoria AMIB gostaríamos de agradecer cada um de vocês pelo apoio

recebido durante esses 180 dias. Acreditamos que juntos sempre podemos fazer muito mais pela especialidade e pela nossa associação, que esse ano completa 30 anos.

Para celebrar, comunicamos que ultra-passamos a casa dos 6.000 associados nesse mês. A AMIB é uma das poucas associações médicas com essa importante marca. Temos certeza que atingiremos a meta de 7.000 as-sociados até o final de nossa gestão. Esse é um dos mais importantes indicadores da nossa associação, pois reflete a confiança de nossos associados. Sempre acreditei, que o aumen-to no número de associados era uma questão importante e merece especial atenção e ade-quado gerenciamento.

Esse número é resultado de anos de luta para que a Medicina Intensiva Brasileira fosse reconhecida e que os profissionais que abraça-ram essa especialidade se sentissem igualmen-

te reconhecidos. A AMIB continua trabalhan-do para que a cada ano novas conquistas como essa e outras mais importantes sejam concre-tizadas e reforcem o nosso importante time.

Durante a nossa primeira Assembleia de Representantes apresentamos um balanço transparente dos resultados da gestão ante-rior e já comunicamos nossos planos futuros, que começam a ser desenhados pelos comitês e departamentos.

A Campanha Orgulho de Ser Intensivista 2009 foi um dos balanços apresentados, além dos resultados do XIV CBMI e uma breve si-nopse do que os participantes podem esperar do próximo Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, que acontece em outubro na Capi-tal Federal. Lembramos ainda que a próxima Assembleia de Representantes acontecerá du-rante o nosso evento nacional e a presença de todas as regionais é fundamental para que a AMIB continue sua jornada de crescimento.

Outra importante conquista para a me-

dicina é o Novo Código de Ética Médica. Nessa edição do JAMIB, reforçamos alguns pontos relevantes para a medicina intensiva. A determinação do Conselho Federal de Me-dicina de como tratar pacientes críticos termi-nais reforça para os profissionais da medicina intensiva o que sempre buscam: segurança e, principalmente, a humanização das Unidades de Terapia Intensiva.

Sabemos que muito ainda temos que fazer, mas entendemos também que sem o apoio de cada um dos mais de seis mil asso-ciados, 25 regionais e outros parceiros, como sociedades médicas, as nossas conquistas não serão alcançadas.

Temos grandes projetos, mas todos foram desenhados para que possam ser realizados com a ajuda de cada um de vocês!

Muito obrigado. 

Dr. Ederlon RezendePresidente da AMIB 2010-2011

Completamos seis meses de gestão com mais de 6.000 associados

O Brasil tem um novo Código de Ética Médica e o assunto já foi bastante explorado pela mídia. Na nossa matéria de capa, reforçamos a todos

o que muda no dia a dia para os intensivistas e a importante conquista da determinação de como tratar os pacientes críticos em nossas UTIs. Ouvimos alguns associados importantes que falaram não só sobre essa resolução, mas a respeito de outros pontos relevantes do novo documento.

E para reforçar essa conquista, trazemos um artigo interessante na seção Na Beira do Leito, que fala justamente sobre Cuidados Paliati-vos. O tema é bem explorado e enaltece uma das defesas da AMIB: a humanização das Unidades de Terapia Intensiva.

Mas sabemos que sem qualidade e segurança, a humanização não ganha força. E esses serão os principais focos na edição desse ano da Campanha Orgulho de Ser Intensivista. Preparamos uma matéria espe-cial para que todos conheçam como será a campanha e como os temas serão abordados para os diferentes públicos. Lembramos que a ação atingirá cerca de 80 mil pessoas, além dos profissionais que abraçam a

medicina intensiva.Segurança também é tema na seção Ponto Crítico. O texto traz a

visão de um médico intensivista sobre o que é uma UTI Segura. Uma leitura obrigatória para toda a equipe.

E o XV CBMI está chegando. Na seção Passo a Passo, apresentamos um pouco dos encantos da cidade sede do nosso maior evento, Brasília, a Capital Federal. Supreenda-se com esse local que abriga várias opções de lazer e cultura para os seus visitantes.

Outro assunto de destaque dessa edição é a primeira Assembleia de Representantes da nova gestão, que ocorreu em abril. Confira os assuntos abordados durante esse importante encontro, na seção Diretoria.

E para saber o que tem acontecido nas Regionais, não deixe de ler Plantão Brasil.

Boa leitura a todos!Bruno Mazza

Editor

Intensivistas comentam o novo Código de Ética Médica

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3Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• P l A N tà o B r A s I l •

PLANTÃO BRASIL é uma coluna para integrar as regionais. Mande a notícia da sociedade de seu

Estado para [email protected].

SOTIRGS: RDC número 7 em pauta

Para discutir o teor da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 7, que foi publicada no mês de fevereiro e que dispõe sobre os requisitos mínimos para o funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e visa a redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente, a Sociedade de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul (SO-TIRGS) realizou uma reunião no mês de maio, no Centro de Eventos da Associa-ção Médica do RS, para sanar as dúvidas e os questionamentos dos profissionais que atuam nas UTIs.

Participaram do encontro mais de 50 profissionais, entre coordenadores, médicos intensivistas e coordenadores de Enfermagem das UTIs (neonatal, pediá-trica e adulto) da cidade de Porto Alegre e Grande Porto Alegre, membros da diretoria da SOTIRGS e os convidados: Dr. Fernando Machado (SC), Secretário Geral da AMIB, e o Dr.Hélio Queiroz (BA), Presidente da Comissão de Defesa do Exercício Profissional da AMIB.

A reunião detalhou todos os itens da RDC número 7 e teve cada um de seus pontos debatidos e esclarecidos. Para surpresa dos representantes da SOTIRGS e da AMIB, que conduziram a reunião, o volume de dúvidas apresentadas foi bastante significativo. “Muitos profis-sionais ainda não tinham tido contato com a íntegra da RDC e nem acessado o conteúdo”, notou o Dr. Cassiano Tei-xeira, Presidente da SOTIRGS e um dos idealizadores da reunião.

Os organizadores da reunião também forneceram aos presentes a versão impres-sa e digitalizada (CD) da RDC. “Essa iniciativa teve o objetivo de facilitar a apresentação do conteúdo da RDC pelos

participantes aos demais colegas de suas respectivas UTIs”, explica o Dr. Cassiano.

Disposta a dar continuidade ao escla-recimento de dúvidas relativas a RDC, a SOTIRGS planeja a realização de mais uma reunião, desta vez na cidade de Ca-xias do Sul, no segundo semestre.

Presidente da SONORTI coordena primeira UTI materna pública do Estado

No mês de maio o estado do Rio Grande do Norte ganhou sua primeira Unidade de Terapia Intensiva Materna, que entrou em funcionamento na Mater-nidade Escola Januário Cicco, na cidade de Natal.

A nova unidade, que possui seis leitos, foi fruto de investimentos da ordem de R$ 800 mil, divididos entre recursos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e públicos.

Mensalmente 350 gestantes passam pela Maternidade Januário Cicco e, deste total, aproximadamente 15% precisam dos cuidados oferecidos em uma UTI, uma vez que apresentam problemas como pré-eclampsia grave, eclampsia, Síndrome de HELLP e patologias puerperais.

A coordenação da nova UTI está sob responsabilidade do Dr. Érico de Lima Vale, médico intensivista e Presidente da SONORTI.

“Para o estado e para a Maternidade Escola a abertura dessa primeira UTI materna é uma grande conquista. A partir de agora teremos melhores condições de atender pacientes que correm risco devido ao parto, procedimentos ginecológicos ou ainda pós-operatórios. A nova UTI tam-bém ajudará a complementar a formação de ginecologistas e dará maior segurança à equipe obstétrica”, comemora o Dr. Érico.

Com a abertura desses novos leitos

o Rio Grande do Norte incrementa o número de leitos de UTI oferecidos à população e se mantém firme na posição de estado com o maior percentual de leitos por 10 mil habitantes no Nordeste. Atualmente o estado é o único da região a estar dentro da média recomendada pelo Ministério da Saúde, que é de 1 a 3 leitos por 10 mil habitantes.

SOTIERJ prepara seu congresso

A Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro (SOTIERJ) vai realizar entre 29 a 31 de julho o seu XIII Congresso de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro.

A edição deste ano terá como tema “Sepse e Disfunções Orgânicas: o dia a dia da Terapia Intensiva” e vai reunir profissionais vindos de todo o estado e também de demais partes do país.

Entre os convidados internacionais, presenças confirmadas dos doutores Da-niel De Backer, da Bélgica, e Rui Moreno, de Portugal. Entre os brasileiros, desta-que para a participação do Dr. Ederlon Rezende, Presidente da AMIB, Dr. José Mário Teles, Dra. Flávia Machado e Dr. Eliézer Silva.

Segundo o Dr. Fabio Guimarães de Miranda, Presidente do XIII Congresso de Terapia Intensiva da SOTIERJ, a pro-gramação científica do evento está sendo cuidadosamente preparada. “Vamos ofe-recer uma programação com os assuntos mais atuais da terapia intensiva no Brasil e no mundo”, explica.

As inscrições para participar do congresso já estão disponíveis no site da SOTIERJ www.sotierj.org.br

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4 Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• t r A B A l H o e M e Q U I P e •

Departamento de FonoaudiologiaGerenciamento das Disfagias Orofaríngeas

TRABALHO EM EQUIPE é uma seção multidisciplinar e é desenvolvida pelos

departamentos não-médicos da AMIB. Se você tem alguma sugestão para ser abordada nessa seção,

entre em contato com o seu departamento.

A atuação fonoaudiológica com disfagia orofaríngea expandiu-se no Brasil após a

década de 80 e vem se aprimorando a cada dia. Nas UTIs este atendimento é ainda mais

recente e a rotina do fonoaudiólogo não ocorre de forma sistemática.

A disfagia Orofaríngea caracteriza-se por um distúrbio da deglutição, com sinais e sintomas específicos, que caracte-riza-se por alterações em qualquer etapa e/ou etapas da dinâmica da deglutição. Manifesta-se clinica-mente por emagrecimento, desnutri-ção, desidratação e broncopneumonia aspirativa. Para tanto o gerenciamento faz-se necessário.

O gerenciamento das disfagias orofaríngeas inclui todas as ações, di-retas ou indiretas que beneficia o paciente disfágico.

As ações consistem em:· Terapia Indireta ou Terapia Sensorio-

motora: indicada para pacientes que aspiram todas as consistências e volumes de alimentos. É realizada por meio de exer-cícios, visando à melhora do tônus, força, mobilidade e sensibilidade dos órgãos fonoarticulatórios durante a deglutição de saliva ou de pequena oferta de alimento (estímulo gustativo, sem a intenção de nutrir).

· Terapia Direta ou Terapia de Deglutição: visa compensar ou treinar os mecanismos de deglutição durante a oferta de ali-mentos para atingir a deglutição segura. Utilizam-se várias consistências, volumes, utensílios, manobras durante a deglutição do alimento e objetiva a nutrição e con-seqüente desmame da via alternativa de alimentação.

· Manobras facilitadoras, posturais, de proteção e de limpeza: são manobras de grande valia na reabilitação do paciente disfágico, por isso torna-se necessário testá-las durante a avaliação clínica e, se possível, nos exames instrumentais para avaliar quais se mostraram efetivas durante o exame.O gerenciamento fonoaudiológico englo-

ba várias etapas:

· triagem da população de risco: realizada por profissional de saúde em contato com o paciente disfágico.

· avaliação fonoaudiológica: realizada após solicitação médica e/ou identificação de risco pela equipe multiprofissional, com condutas decididas interdisciplinarmente. A avaliação consiste de anamnese detalha-da, estudo de prontuário do paciente e procedimentos clínicos específicos.O fonoaudiólogo na equipe multidisci-

plinar tem o objetivo de prevenir e reduzir complicações através do gerenciamento da deglutição orofaríngea de maneira segura e eficaz.

A educação continuada é fundamental, pois a atuação fonoaudiológica isolada não é suficiente para o sucesso terapêutico do caso. A educação continuada é multiprofissional e tem papel de destaque no gerenciamento da disfagia. Deve estender-se aos profissionais e inclusive à equipe de apoio, como as copei-ras, responsáveis pela entrega das dietas.

A adesão do cuidador ao processo de reabilitação e/ou habilitação da disfagia é importante para a condução e evolução do caso.

Pacientes hospitalizados, em uso de dieta enteral, agregam um custo financeiro maior.

O intuito da reabilitação fonoau-diológica é restabelecer a função nor-

mal ou compensatória, através do gerenciamento das alterações da deglutição e intervenção direta no paciente e quanto mais precoce a intervenção, menores são os riscos de agravamento do quadro clínico

do paciente e maiores são as chances do sucesso da reabilitação.

REfERêNCIaS BIBlIOGRáfICaS1.  SANTINI, CS – Disfagia Neurogênica – Cap

2 – in FURKIM, A.M. & SANTINI, C.S. – Disfagias Orofaríngeas. Carapicuíba, 2001. P. 22-23

 2. SILVA, AP – Importância da Adesão do Cui-dador no Tratamento da Disfagia Neurogênica sob os Pontos de Vista de Fonoaudiologia e da Psicologia – Cap 7 – in JACOBI, J S ;Levy, D S & Siva , L M – Disfagia Avaliação e Trata-mento .2003 . P. 101-111

 3. American Speech – Language – Hearing As-sociation (ASHA) Roles of speech language pathologists in swallowing and feeding disor-ders: technical report. ASHA Desk Reference. 2002; 3:181-99

 4. American Speech – Language – Hearing Association (ASHA). Model Medical Review Guidelines for Dysphagia Services .2004

 5. FUSSI, C ; ROMERO, S B – Disfagia: Des-mistificando dúvidas na prática da equipe de enfermagem – Cap 13 – in MATSUBA, C S & MAGNONI, D – Enfermagem em Terapia Nutricional . 2009.P. 196 - 219

 6. FURKIM, A M & SILVA, R G – Programas de reabilitação em Disfagia Neurogênica. 1999

 7. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Dispões sobre a competência técnica e legal do fonoau-diólogo para atuar nas disfagias orofaríngeas. Resolução n 356, de 6 de Dezembro de 2008.  

Simone Barbosa Romero, Camila Fussi,

Aline Paiva Moraes e Patrícia Barcellos Diniz.

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Programa de Atualizaçãoem Terapia Intensiva Pediátrica

PROTIPED

Programa de Atualizaçãoem Medicina Intensiva

PROAMI

Saiba mais sobre os programas:

Da parceria entre a AMIB e a Artmed Panamericana, nasceram o PROAMI (Programa de Atualização em Medicina Intensiva) e o PROTIPED (Programa de Atualização em Terapia Intensiva Pediátrica). Os programas oferecem:

• a soma do conhecimento e da experiência de profissionais consagrados;• conteúdos desenvolvidos a partir dos mais recentes avanços científicos e pesquisas;• oportunidade de início a qualquer momento e em qualquer lugar.

Em 7 anos de vida, os programas de atualização médica a distância da Artmed Panamericana já somam mais de 130 mil inscrições.Acesse www.semcad.com.br, conheça essa ferramenta de estudo inteligente e flexívele venha fazer parte da maior experiência de atualização profissional na área médica.

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6 Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

Sepse é tema de livroSepse Manual, livro publicado pelo Ins-

tituto Latino Americano da Sepse (ILAS) e editado pelo Dr. Eliézer Silva, Presidente do Comitê de Sepse da AMIB, chega a sua segunda edição, publicado pela editora Atheneu.

A obra traz em seus capí-tulos as principais diretrizes propostas pela Campanha “So-brevivente à Sepse” (Surviving Sepsis Compaing), projeto multinacional e multiorganiza-cional que se destina a reduzir drasticamente os elevadíssimos índices de mortalidade existen-te, e detalha as principais recomendações pro-postas (diretrizes) propostas pela campanha,

com um formato que facilita a consulta à beira do leito e pode servir como instrumento de

aproximação entre as evidên-cias científicas disponíveis e a prática assistencial diária.

Nos últimos anos a Sepse vem sendo apontada como principal causa de morte em Unidades de Terapia Intensi-va. Pesquisas apontam que no Brasil aproximadamente 20% dos leitos são ocupados por pacientes com sepse grave e a taxa de moralidade é de apro-ximadamente 60%, sendo que a média mundial não ultrapassa

40%, de acordo com estudos epidemiológicos.Fonte: www.atheneu.com.br

• v e N t I l A N d o N o t Í C I A s •

Escrito pelo médico intensivista e Presi-dente da Comissão de Ética Profissional da AMIB, Dr. Fabio Guimarães de Miranda, o artigo Hipócrates Traído, veiculado no Boletim Express na edição de 23 de abril, foi um dos tex-tos mais acessados da newslet-ter deste ano. O conteúdo do artigo é tão rico e esclarecedor que despertou a atenção do jornal O Globo do Rio de Janeiro, um dos mais influentes jornais do país, tornando pos-sível a sua publicação no espaço “Opinião” do jornal em 14 de maio de 2010.

O artigo traz um relato da percepção do Dr. Fabio de Miranda de como a medicina, desde a época de Hipócrates, o pai da me-dicina, vem tentando se adequar às mudan-ças sociais, econômicas e comportamentais. Além disso, apresenta dados interessantes de como a prática tem sido desvalorizada e os seus motivos.

O texto ainda aborda a responsabilidade do médico pelo bom atendimento e a esco-lha adequada da terapêutica a ser adminis-trada ao paciente, bem como a necessidade da humanização constante. Reforça também que o profissional médico deve “No seu dia a dia, lutar para que o ‘negócio saúde’ e seus diversos personagens não desvirtuem as suas decisões. Caso contrário, a medicina idealizada por Hipócrates, tão admirada por

Esclarecimento ao leitorNa última edição do JAMIB a ma-

téria de capa foi sobre a publicação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 7, que dispõe sobre os requisitos mínimos para o fun-cionamento de Unidades de Terapia In-tensiva, visando a redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente.

A publicação do documento foi mui-to comemorada pelos profissionais da medicina intensiva, uma vez que foram anos de luta para o alcance dessa vitória, informação que foi destacada na matéria.

No entanto, em e-mail recebido pelo editor do Jamib, Dr. Bruno Mazza, en-viado pela Dra. Maria Thereza F. Mar-tins, Coordenadora do Departamento de Odontologia da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (SOMITI) e Especia-lista em Odontologia e Prevenção Oral, questionava o fato da inclusão do cirur-gião-dentista nas equipes de UTI não ter sido citado na matéria.

Em resposta a leitora pedimos descul-pas pelo fato, mas gostaríamos de ressaltar que a matéria teve por objetivo principal falar dessa conquista histórica para a me-dicina intensiva, que foi a publicação da RDC e não foi nosso intuito desprestigiar nenhum profissional que integra a equipe multidisciplinar que atua nas Unidades de Terapia Intensiva.

Quanto a atuação dos Odontologistas nas UTIs, na seção Trabalho em Equipe, da edição 52 do JAMIB, publicamos um texto de autoria da Dra. Teresa Márcia Nascimento de Morais, na ocasião Presi-dente do Departamento de Odontologia da AMIB, com o tema Risco Infeccioso da Cavidade Bucal, que destacava a atua-ção do profissional nas Unidades de Tera-pia Intensiva.

Leitor, este espaço é seu.Caso tenha críticas ou sugestões para

o JAMIB envie sua contribuição para o e-mail [email protected]

Etc & tal...artigo de médico da aMIB é publicado no “O Globo” do RJ

todos, e por tantos séculos, deveria ser sepul-tada, dando lugar à uma nova profissão ain-da baseada na ciência médica, mas na qual a responsabilidade profissional e a relação médico-paciente seriam lembradas apenas como fatos históricos”.

A AMIB reconhece a iniciativa do Dr. Fa-bio de Miranda e o parabeniza por empreen-der um texto tão interessante e realista e ainda compartilhar sua opinião com a sociedade.

Para acessar a íntegra do artigo, acesse: www.amib.org.br/pdf/Hipocratestraido.pdf

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7Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• I N s t I t U I ç Ã o Q U e fA z •

INSTITUIÇÃO QUE FAZ conta histórias empreendedoras de gente que promove muito com poucos recursos. Mande sua história para

[email protected]

O Hospital São Pau-lo, localizado na

capital paulista e ligado a Universidade Federal de São Paulo (UNI-FESP) e Escola Paulista de Medicina (EPM), é referência nas mais diversas áreas da medi-cina e um dos hospitais públicos mais procura-dos pela população, que vem das mais diferentes regiões do país em busca de tratamento.

Como parte de sua constante busca por modernização e oferecimento de um aten-dimento de primeiro mundo a Unidade de Terapia Intensiva, instalada no sexto andar do prédio da EPM e ligada a Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva, acaba de passar por uma ampla reforma, que mo-dernizou suas instalações e fez a UTI passar de 29 para um total de 35 leitos, divididos em três unidades.

Com a ampliação, que faz parte do Pro-grama de Modernização do Hospital São Paulo, a UTI, que atente todo o hospital e recebe pacientes clínicos e cirúrgicos, passou a ocupar uma área de 945 m² e seu projeto de reforma se destaca pelos quesitos de aces-sibilidade, conforto e, principalmente, pelos investimentos realizados para que os pacientes tenham um atendimento mais humanizado.

E a humanização é realmente um dos pontos altos da nova UTI, uma vez que, desde as instalações físicas, passando pelo atendi-mento multiprofissional, tudo foi pensado para oferecer o máximo conforto, privacidade e assistência aos pacientes.

“A nova UTI oferece to-tal privacidade aos pacientes, com divisória entre os leitos, que contam com janelas individuais que permitem a entrada de luz natural e a percepção do dia e da noite, que também foi favorecida com a instalação de relógios em todos os leitos. Uma das subunidades conta com uma

UTI do Hospital São Paulo: atendimento humanizado e de primeiro mundo

varanda, permitindo que o paciente tome sol e tenha contato com o ambiente externo. Já a iluminação artificial tem sua intensidade regulável, proporcionando maior conforto. O som ambiente é ajustado individualmente e em cada leito, e todo espaço foi cabeado para a instalação de TV”, explica a Dra. Flávia Ma-chado, chefe do setor de Terapia Intensiva da UTI do setor de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva da Unifesp e editora-chefe da RBTI, publicação científica da AMIB.

E os diferenciais da UTI do Hospital São Paulo não param por aí, uma vez que o bem estar da família do paciente também foi con-siderado no projeto de ampliação e reforma. “Os familiares agora contam com a Sala da Família, um espaço reservado onde aguardam para conversar com o médico sobre a evolução do paciente. Para tornar o ambiente mais

acolhedor foram instala-dos quadros e plantas nos corredores de acesso e em cada leito foi instalado um mural onde a família pode deixar fotos, mensagens e bilhetes ao internado”, afirma a Dra. Flávia.

O horário de visita na UTI também foi ampliado e permite a permanência de

um familiar no horário das 12h às 19h à pacien-tes conscientes.

“É muito importan-te destacar que a nova unidade veio demons-

trar que é possível oferecer um atendimento humanizado e de alta qualidade mesmo numa unidade pública. Adequações nas instalações físicas podem proporcionar um grande acrés-cimo no atendimento oferecido aos pacientes e na satisfação do profissional que ali traba-lha”, finaliza a Dra. Flávia.

E não dá pra fazer em atendimento de qualidade sem contar com uma equipe mul-tiprofissional. E o projeto de adequação da UTI do Hospital São Paulo também refletiu na ampliação das equipes médica, de enferma-gem e fisioterapia, e continuará contando com atendimento multidisciplinar pelos profissio-nais de nutrição, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e farmácia. Ao todo são mais de 40 médicos, 150 profissionais entre enfermeiros e técnicos, o que dá um total de mais de 200 profissionais envolvidos no aten-dimento aos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva.

Dentro dessa nova proposta de reformula-ção a nova UTI também passou a contar com uma farmácia satélite exclusiva e que funciona dentro da própria unidade.

Todos os leitos da nova UTI do Hospital São Paulo seguem contando com equipa-mentos de última geração, o que permite o acompanhamento efetivo e seguro dos pacien-tes com o uso de monitores e ventiladores de última geração.

NúMEROS Da UTI DO HOSPITal SãO PaUlO

www.unifesp.br/spdm/hsp

De 29 leitos em 2009

para 35 leitos em 2010Tempo médio de ocupação:

12,4 dias

Taxa de ocupação: 89,47%

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8 Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• N A B e I r A d o l e I t o •

Cuidados paliativos na UTI

O conhecimento médico aumentou vertiginosamente durante o século

XX, ampliando as possibilidades de mu-dar o curso natural de diversas doenças antes consideradas fatais. E as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são respon-sáveis por muitas destas mudanças. No entanto, para algumas condições, o pro-cesso de morrer, que no passado poderia ser doloroso devido à própria doença, atualmente pode ser dolorosa devido ao tratamento. Assim, em alguns casos, a busca obstinada pela cura, em certos casos, inalcançável, leva muitas vezes ao sofrimento e isolamento de pacientes que enfrentam a sua pró-pria morte sem qual-quer suporte familiar, emocional, psicoló-gico ou espiritual. As últimas décadas do século XX esboça-ram uma mudança, com o crescimento e desenvolvimento dos cuidados paliativos, trazendo uma nova proposta de aborda-gem para estes problemas.

Por algum tempo, os cuidados pa-liativos foram entendidos como uma abordagem para pacientes com doenças incuráveis e em sua fase final. Este modelo mostrou-se ineficaz e falho em oferecer um cuidado adequado, pois o diagnóstico de certeza de fase final da vida só acontece muito tardiamente, excluindo assim a maior parte dos pacientes que poderiam se beneficiar desta abordagem. Na visão atual do conhecimento, o cuidado palia-tivo deve começar no momento do diag-nóstico de uma doença grave e ameaçado-

ra à vida. Seu objetivo principal é manter a qualidade de vida durante a doença, visando não só o paciente, mas também os seus familiares e pessoas importantes que convivem com este sofrimento. Du-rante a evolução da doença os cuidados curativos e paliativos andam lado a lado, não sendo necessariamente excludentes. Integração entre cuidados curativos e paliativos é essencial, especialmente na UTI, evitando-se a abordagem do “tudo ou nada”, conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde e de di-versas sociedades médicas do mundo (1, 2, 3, 4) (FIGURA 1- ATS). Nos períodos

de exacerbação ou descompensação da doença, ao mesmo tempo em que ocorra a intensificação do cuidado curativo, deve haver também a intensificação do cuidado paliativo, buscando o controle adequado de sintomas e a melhor qualidade de vida durante a doença. A questão que se colo-ca é qual a prioridade do tratamento, o cuidado curativo ou o cuidado paliativo? De acordo com o prognóstico da doen-ça, com as possibilidades de tratamento e com as preferências e valores de cada paciente e de seus familiares, um paciente pode se encaixar em uma de três possibi-lidades; ou seja:

a) prioridade cuidados curativos: os cuidados paliativos serão feitos para ate-nuar o sofrimento causado pela doença e pelos tratamentos. Constituem ações paliativas.

b) prioridade cuidados paliativos: os cuidados curativos serão indicados se não causarem desconforto e puderem trazer algum benefício.

c) cuidados paliativos exclusivos: aplicados a pacientes na fase final da vida, em que todos os cuidados serão feitos exclusivamente para trazer conforto e qualidade de vida.

Após a morte, o cuidado paliativo pode ainda acom-panhar a família no período de luto, pre-venindo e tratando situações de luto pa-tológico ou compli-cado, além de ofere-cer conforto e apoio aos familiares.

Com estes con-ceitos em mente, o

intensivista pode oferecer um adequado cuidado paliativo na prática abordando os seguintes aspectos:

1Otimizar o tratamento da dor física. Diversos procedimentos realizados

rotineiramente em UTI são dolorosos, e muitas vezes, procedimentos simples, tornam-se dolorosos devido à condição do paciente. Por exemplo, o banho no leito para um paciente politraumatizado. Para evitar tais desconfortos, pode uti-lizar analgesia pré-manipulações e ava-liações regulares da dor, seja através da escala verbal, aplicada a pacientes cons-cientes, ou através da escala comporta-

Curative-Restorative Care

Paliative Care

Intensity of Care

Death Bereavementadmission to ICU Time

... o objetivo do Cuidado Paliativo não é apressar, nem adiar a morte.

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9Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

NA BEIRA DO LEITO é uma seção desenvolvida pelos comitês científicos da AMIB e aborda temas

atuais relativos a prática da Medicina Intensiva.

• N A B e I r A d o l e I t o •

mental de dor, aplicada a pacientes in-conscientes. Dor forte indica tratamento com opióides.

2 Tratar o sintoma dispneia, além de tratar, quando possível, a sua causa.

No entanto, independente da causa, a dispneia intensa pode ser tratada com opióides. Mesmo para pacientes sem su-porte ventilatório artificial, a morfina é uma droga segura e eficaz para o trata-mento do sintoma dispneia, desde que aplicada em doses baixas e com reava-liações médicas regulares (por exemplo, dose inicial de 1 a 3 mg EV a cada 20 minutos até o alívio do sintoma). Este conhecimento é fruto de diversos estu-dos e recomendação de consensos.

3 Tratar ativamente qualquer sintoma físico que cause desconforto. Náu seas,

vômitos, sialorreia (salivação abundante), xerostomia (sensação de boca seca) ou qualquer outro sintoma podem ser trata-dos ou ao menos aliviados. Existem diver-sas referências que podem ser consultadas para a otimização destes tratamentos (Li-vro de Cuidado Paliativo do CREMSP, Manual da Academia Nacional de Cuida-dos Paliativos, etc.). O controle adequado dos sintomas pode proporcionar sensação de bem estar, refletindo diretamente em qualidade de vida.

4 Oferecer suporte emocional. O ser humano não é somente biológico,

possui também uma dimensão psíqui-ca, que interage com todas as suas ou-tras dimensões. Recentemente, estudos utilizando ressonância magnética (RM) funcional do encéfalo e eletroneuro-miografia (ENMG) demonstraram a influências de aspectos emocionais sobre a percepção da dor. Observou-se que sensações agradáveis podem amenizar

a sensação de dor, tanto referida pelos indivíduos, quanto registrada através da RM funcional e ENMG. Inversamente, indivíduos submetidos a sensações desa-gradáveis têm a dor amplificada.

5 Oferecer suporte espiritual ou reli-gioso quando o paciente julgar ne-

cessário. Respeito aos valores religiosos de cada indivíduo é um direito constitu-cional, e em momentos tão delicados en-tre vida e morte que pacientes em UTI enfrentam, torna-se também um aliado para a qualidade de vida, de acordo com as preferências de cada indivíduo. Isto pode ser feito através do acionamento de líderes religiosos da preferência do paciente.

6 Identificar e respeitar as preferências dos pacientes e suas famílias. Isto

deve ser feito através de uma avaliação cuidadosa de seus valores, metas e prio-ridades, bem como seu contexto cultural e espiritual. Este última, talvez a mais complexa de todas, abrange as questões sobre a própria existência, sobre o seu significado e sobre o seu sentido, confor-me definido pela própria Organização Mundial de Saúde. E é diferente da re-ligiosidade.

7 Para estabelecer cuidado paliativo ex-clusivo é necessário o consenso entre

a equipe de saúde e o paciente ou seu representante legal.

8 Treinar e desenvolver estratégias de comunicação. Recentemente, o New

England Journal of Medicine publicou um grande estudo prospectivo, multi-cêntrico e randomizado sobre estratégias de comunicação para cuidados palia-tivos em UTI. O resultado fortemente positivo reforça o conceito de que co-

municar-se é uma habilidade que pode ser treinada e desenvolvida. Ouvir mais do que falar, responder com compaixão e empatia, e tentar entender o paciente como uma pessoa são algumas das téc-nicas simples e eficazes para uma melhor comunicação.

9 Resolver potenciais conflitos. Muitos dos desentendimentos entre equipe

e paciente/família provêm de problemas de comunicação. Estratégias como não ignorar que um conflito existe, ouvir atentamente o ponto de vista da outra parte sem interrupções, e evitar acusa-ções são também algumas técnicas efeti-vas que podem ser utilizadas.

10 Para abranger todos estes domí-nios, é essencial um bom traba-

lho multiprofissional.

Por fim, devemos entender que o objetivo do Cuidado Paliativo não é apressar, nem adiar a morte. O Cuidado Paliativo afirma a vida e encara a morte como um processo natural, promovendo a qualidade de vida e a dignidade do ser humano, mesmo nos momentos mais próximos da morte. E, frente a tantas possibilidades de intervirmos no curso de doenças, devemos nos lembrar que saúde não é a simples ausência de doença, mas sim, sensação de bem estar físico, social e mental. E pode ser alcançado mesmo em situações onde a doença é incurável e o paciente encontra-se nos últimos momentos de sua existência.

Daniel Neves Forte

Membro do Comitê Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos da AMIB

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10 Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• C A PA •

Há três meses, a mídia bombardeou seus leitores com recomendações apresen-

tadas no Novo Código de Ética Médica, que entrou em vigor em 13 de abril. Essa é a sexta revisão do documento após 20 anos de vigência do anterior. Nesse longo período, muitas mudanças ocorreram não só na Medicina, mas na conscientização da população brasileira. Temos uma popu-lação mais informada que a cada dia tem acesso a muitas informações, e a necessi-dade de esclarecimento da classe médica a esses novos pacientes e familiares é cada vez mais notória.

O documento traz catorze capítulos. Para sua elaboração foram necessários dois anos. Nesse período, os Conselhos Regionais de Medicina, as Entidades Mé-dicas, profissionais médicos e instituições científicas e universitárias apresentaram propostas que foram discu-tidas e adequadas para a ne-cessidade da nova realidade da medicina brasileira.

O presidente da Comis-são de Ética da AMIB, o mé-dico intensivista Dr. Fabio de Miranda, participou da solenidade de lançamento do documento e após ler o texto disse: “No Novo Código de Ética Médica, podemos ver que, como o esperado, ele não é novo e, sim, acrescido de alguns tópicos, como novas tecnologias, transplantes, fertili-zações e pesquisas. Para divulgar o do-cumento, a mídia propagou que o novo código veio para “consertar” a medicina. É importante que Sociedades Médicas, como a AMIB, esclareçam que isto é uma ilusão por dois motivos: primeiro, porque o Código de Ética não tem força de lei; e segundo, porque os problemas importan-tes da prática médica não residem na letra ilegível do médico, na falta aos plantões onde são irrisoriamente remunerados ou no autoritarismo de alguns poucos médi-cos. A grande falha foi não terem tocado

nos principais empecilhos para o médico poder exercer adequadamente a sua pro-fissão: a interferência ostensiva dos planos de saúde e dos administradores hospitala-res no trabalho do médico e a má admi-nistração dos hospitais públicos.”

Para o presidente futuro da AMIB, Dr. José Mário Teles, o Novo Código de Ética é fundamental para o exercí-cio adequado da medicina, no entanto, acredita que a ênfase foi dada pela mídia para mudança de comportamento que o médico deve ter é o ponto menos impor-tante, porque o que está determinado é o comportamento mínimo adequado de um profissional médico. “Infelizmente, a classe médica tem sido bombardeada por denúncias de pacientes atendidos por maus profissionais e estes é que en-vergonham a classe. Por outro lado, se o

profissional não o faz o seu trabalho da melhor maneira possível, é devido à falta de condições, excesso de trabalho e baixa remuneração. Nossos hospitais estão su-cateados e nossa profissão pouco valori-zada”, reforça.

O artigo III do Capítulo 1 (Princí-pios Fundamentais) determina que “Para exercer a Medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de tra-balho e ser remunerado de forma justa”. Dr. José Mário Teles acrescenta que “gostaria de ver o nosso Conselho de Medicina e toda a mídia focada neste importantíssi-mo artigo antes de ficar procurando um culpado para tudo de errado que acontece no sistema de saúde. Outra preocupação importante do Código foi deixar mais

evidente a obrigatoriedade de registrar o Título de Especialista junto ao Conselho Regional em que é inscrito. O médico que se intitular especialista e não tiver seu título registrado no CRM poderá sofrer as sanções do Código.”

Conhecer o documento em sua ínte-gra e saber interpretá-lo é fundamental para todos os profissionais que lidam com a saúde. Mas o que realmente muda no dia a dia da prática da Medicina? Para os profissionais que atuam com a Medicina Intensiva especificamente, um das reco-mendações mais significativas diz respei-to ao tratamento de pacientes vítimas de doenças terminais.

Destacamos o Capítulo I (Princípios Fundamentais), que traz no item XXII: “Nas situações clínicas irreversíveis e ter-minais, o médico evitará a realização de

procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados”. O as-sunto é complexo, mas im-portante para os profissionais que lidam diariamente com pacientes em fases terminais.

Segundo a Dra. Rachel Moritz, pre-sidente do Comitê de Terminalidade de Vida da AMIB, “o médico que trata de vítimas de doenças terminais tem, em muitas ocasiões, que optar por não for-necer tratamentos que não propiciarão a cura ou o alívio dos sintomas, mas pro-longará o sofrimento. Para que o médico sinta-se tranquilo em optar pela não pres-crição de tratamentos considerados como fúteis é importante que haja um respaldo do seu órgão fiscalizador, no caso o Con-selho Federal de Medicina. Todo o ato médico é embasado no código de ética da profissão, portanto, havendo respaldo ético, o médico se sentirá seguro ao negar a obstinação terapêutica.”

No entanto, a decisão sobre a termi-

O Brasil tem um NovoCódigo de Ética Médica

O que muda no dia a dia da prática da Medicina?

“Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos

diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os

cuidados paliativos apropriados”.

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11Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• C A PA •

nalidade é complexa e deve ser consensual entre a equipe que atende o paciente e es-tar embasada em critérios clínicos, de for-ma individualizada. O Capítulo V (Rela-ção com Pacientes e Familiares), em seu Artigo 41, reforça a busca constante de mais qualidade de vida a esses pacientes e diz, ainda, ser vedado ao médico abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal, sendo destacado como parágrafo único que, nos casos de doença incurável e terminal, o médico deve oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consi-deração a vontade expressa.

As novas definições no trato desse pa-ciente são consideradas relevantes para a Medicina Intensiva, pois o envelhecimen-to da população e o maior controle das doenças crônicas têm contribuído para o aumento da discussão sobre a necessidade da formação médica em cuidados paliati-vos. “O avanço tecnológico tem permitido que, em muitas ocasiões, seja prolongado o morrer, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva. Cada vez mais o

médico intensivista decide por suspender ou recusar terapias consideradas como fúteis para doentes críticos terminais. A regulamentação sobre cuidados paliativos e sobre o não empreendimento de ações diagnósticas ou terapêuticas obstinadas ou inúteis torna menos conflitante essas decisões”, diz a médica intensivista Dra. Rachel Moritz.

O presidente da AMIB, Dr. Ederlon Rezende diz que “para a Medicina Intensi-va, as recomendações relativas aos pacien-tes com doenças terminais são um impor-tante respaldo para a nossa prática diária” e acrescenta que a “atualização do código é uma importante tentativa de garantir con-temporaneidade às nossas práticas éticas diante dos avanços da medicina.”

Outro tema muito importante que deve mudar o comportamento e a rela-ção entre médicos e pacientes é a auto-nomia do paciente. Já no Preâmbulo do documento recomenda-se que o médico deve aceitar as escolhas de seus pacientes, desde que adequadas ao caso e cientifi-camente reconhecidas. “A autonomia é importante. Cabe, portanto ao médico, informar adequadamente aos pacientes e

seus representantes legais sobre determi-nados tratamentos para que com o pleno conhecimento possam decidir por aceitá--los ou não, pois, apesar de todo o avanço científico das últimas décadas, o médico ainda não pode oferecer garantia de re-sultados enquanto algumas complicações de determinados procedimentos, apesar de não desejadas, são previsíveis. Os tem-pos modernos já não permitem impor aos pacientes quaisquer terapias sem o uso da razão e do apurado senso em oferecer aos pacientes a melhor relação benefício/ris-co”, diz Dr. Fernando Machado, diretor secretário geral da AMIB.

O Capítulo I, item XXI, reforça a determinação que o médico deve acei-tar as escolhas de seus pacientes rela-tivas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. “Este princípio, até então mais valorizado pela cultura anglo--saxônica, está cada vez mais presente na relação médico-paciente entre nós e exige dos intensivistas a construção de um canal de comunicação constan-te com os pacientes e seus familiares”, afirma o presidente passado da AMIB, Dr. Álvaro Réa-Neto.

Outros destaques

Pela primeira vez, a terapia genética é mencionada. E o documento é claro

ao proibir criar embriões com finalida-des de escolha de sexo ou eugenia. No entanto, a terapia genética está prevista e é considerada importante porque en-volve a modificação genética de células somáticas como forma de tratar doenças, apresentando grandes perspectivas de desenvolvimento.

Novidades também para a Publicida-de Médica. O documento diz ser obri-gatória a inclusão do número de inscri-ção do Conselho Regional de Medicina em anúncios profissionais, inclusive os anúncios de estabelecimentos de saúde devem apresentar o nome e o número do registro do diretor técnico.

No artigo 119 do Capítulo XII, que determina normas para o Ensino e Pes-quisa Médica, diz que quando docente ou autor de publicação científica, o pro-fissional médico deve declarar relações com a indústria de medicamentos, órte-ses, próteses, equipamentos e outras que

possam configurar conflitos de interesses, ainda que em potencial.

E em relação à responsabilidade mé-dica, o Parágrafo único do Art. 1º do Ca-pítulo III diz: “a responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumi-da”. Ou seja, tem que ser provada para que ele possa ser penalizado – por ação ou omissão, caracterizável como imperí-cia, imprudência ou negligência. Trata--se, assim, do reconhecimento de que, na área médica, não se pode garantir cura ou resultados específicos para nenhum paciente.

O direito a uma segunda opinião e de ser encaminhado a outro médico tam-bém estão previstos no novo documento. O artigo 39, do Capítulo 5 (Relação com Pacientes e Familiares) proíbe o médico de “opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu representante legal”. Além disso, o médico não pode desrespeitar a pres-crição ou o tratamento de paciente de-terminados por outro médico, conforme

preconiza o artigo 52, do Capítulo VII (Relação entre Médicos). Porém há exce-ção quanto houver situação de indiscutí-vel benefício para o paciente, devendo o médico comunicar imediatamente o fato ao médico responsável.

O Capítulo XII aborda questões referentes ao Ensino e Pesquisa Médi-ca. E uma das questões relevantes é o uso de placebo em pesquisas. O artigo 106 veda o médico “manter vínculo de qualquer natureza com pesquisas médicas, envolvendo seres humanos, que usem pla-cebo em seus experimentos, quando houver tratamento eficaz e efetivo para a doença pesquisada.”

Os documentos que trazem a ética no exercício da profissão são de extrema importância, pois contribuem para uma relação positiva entre os profissionais e aqueles que se beneficiarão das condutas praticadas. No entanto, a reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve iniciar bem antes da práti-ca profissional.

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12 Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• N U t r I N d o o C o N H e C I M e N t o •

Divulgue seu artigo! Essa seção usa como referência o base da dados PubMed. Caso tenha publicado em alguma revista dessa base, mande um e-mail com as referên-

cias para [email protected].

Vale a pena ler*Confira os principais artigos publicados no último trimestre:

Gaieski DF, et al. Impact of time to antibiotics on survival in patients with severe sepsis or septic shock in whom early goal-directed therapy was initi-ated in the emergency depart-ment. Critical Care Medicine. 38(4): 1045.

Winters, BD, et al. Long-term mortality and quality of life in sepsis: A systematic review. Critical Care Medicine. 38(5): 1276.

Westermaier, T, et al. Prophy-lactic intravenous magnesium sulfate for treatment of aneurys-mal subarachnoid hemorrhage: A randomized, placebo-con-trolled, clinical study. Critical Care Medicine. 38(5): 1284.

Curley, G. et al. Hypocapnia and the injured brain: More harm than benefit. Critical Care Medicine. 38(5): 1348.

Del Sorbo, L and Slutsky, A. Ventilatory support for acute respiratory failure: new and ongoing pathophysiological, di-agnostic and therapeutic devel-opments. Current Opinion in Critical Care, 16(1): 1. 

Friedrich, JO, et al. Prone ven-tilation reduces mortality in patients with acute respiratory failure and severe hypoxemia: systematic review and meta-analysis. Intensive Care Medi-cine, 36(4): 585.*Artigos disponíveis no www.amib.org.br

Do Brasil para o mundoAcompanhe uma seleção de al-guns dos mais destacados artigos que profissionais brasileiros pub-licaram em revistas indexadas:

Sordi R, Fernandes D, Assreuy J. Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR. Differential Involve-

ment of Potassium Channel Sub-types in Early and Late Sepsis-Induced Hyporesponsiveness to Vasoconstrictors. J Cardiovasc Pharmacol. 2010 May 25. [Epub ahead of print] Gomes Penido M, Garra R, Sammartino M, Pereira E Sil-va Y. Universidade Federal de Minas Gerais. Remifentanil in neonatal intensive care and an-esthesia practice. Acta Paediatr. 2010 May 17. [Epub ahead of print] Grion CM, Cardoso LT, Pera-zolo TF, Garcia AS, Barbosa DS, Morimoto HK, Matsuo T, Car-rilho AJ. Universidade Estadual de Londrina, PR. Lipoproteins and CETP levels as risk factors for severe sepsis in hospitalized patients. Eur J Clin Invest. 2010 Apr;40(4):330-8.

Piva J, Lago P, Othero J, Garcia PC, Fiori R, Fiori H, Borges LA, Dias FS. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS. Evaluating end of life prac-tices in ten Brazilian paediatric and adult intensive care units. J Med Ethics. 2010 May 3. [Epub ahead of print]

Andrade FM. Hospital Das Clinicas FMUSP. Is etomidate really that bad in septic patients? Intensive Care Med. 2010 Apr 20. [Epub ahead of print]

Carvalho FL, Mezzacappa MA, Calil R, Machado HC. Univer-sidade Estadual de Campinas, SP. Incidence and risk factors of accidental extubation in a neo-natal intensive care unit. J Pedi-atr (Rio J). 2010 Apr 16;86(3). [Epub ahead of print]

Procianoy RS, Silveira RC, Mus-si-Pinhata MM, Souza Rugolo LM, Leone CR, de Andrade Lopes JM, de Almeida MF. Hos-pital de Clínicas de Porto Alegre, RS. Sepsis and Neutropenia in Very Low Birth Weight Infants

Delivered of Mothers with Pre-eclampsia. J Pediatr. 2010 Apr 16. [Epub ahead of print]

Nagaoka D, Nassar Junior AP, Maciel AT, Taniguchi LU, No-ritomi DT, Azevedo LC, Neto LM, Park M. Hospital das Clínicas FMUSP. The use of sodium-chloride difference and chloride-sodium ratio as strong ion difference surrogates in the evaluation of metabolic acidosis in critically ill patients. J Crit Care. 2010 Apr 7. [Epub ahead of print] Costa EL, Amato MB. Unidade de terapia intensiva respiratória FMUSP. Can heterogeneity in ventilation be good? Crit Care. 2010 Mar 22;14(2):134. [Epub ahead of print]

Pinheiro de Oliveira R, Hetzel MP, Dos Anjos Silva M, Dalle-grave D, Friedman G. Complexo Hospitalar Santa Casa, Porto Alegre, RS. Mechanical ventila-tion with high tidal volume in-duces inflammation in patients without lung disease. Crit Care. 2010 Mar 18;14(2):R39. [Epub ahead of print]

Cassol-Jr OJ, Comim CM, Petronilho F, Constantino LS, Streck EL, Quevedo J, Dal-Piz-zol F. Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC. Low dose dexamethasone re-verses depressive-like parameters and memory impairment in rats submitted to sepsis. Neurosci Lett. 2010 Apr 5;473(2):126-30. Epub 2010 Feb 23.

Oliveira IS Jr, Oliveira WR, Cavassani SS, Brunialti MK, Sa-lomao R. Universidade Federal de Sao Paulo,SP. Effects of pent-oxifylline on inflammation and lung dysfunction in ventilated septic animals. J Trauma. 2010 Apr;68(4):822-6.

Padilha KG, de Sousa RM, Garcia PC, Bento ST, Finardi EM, Hatarashi RH. Universi-

dade de of São Paulo, São Pau-lo, SP. Nursing workload and staff allocation in an intensive care unit: a pilot study accord-ing to Nursing Activities Score (NAS). Intensive Crit Care Nurs. 2010 Apr;26(2):108-13. Epub 2010 Jan 8. Anami EH, Grion CM, Car-doso LT, Kauss IA, Thomazini MC, Zampa HB, Bonametti AM, Matsuo T. Universidade Estadual de Londrina, PR. Se-rial evaluation of SOFA score in a Brazilian teaching hospital. Intensive Crit Care Nurs. 2010 Apr;26(2):75-82. Epub 2009 Dec 29.

Coester A, Neumann CR, Schmidt MI. Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, RS. Inten-sive insulin therapy in severe traumatic brain injury: a ran-domized trial. J Trauma. 2010 Apr;68(4):904-11. Comim CM, Cassol-Jr OJ, Constantino LC, Petroni-lho F, Constantino LS, Stertz L, Kapczinski F, Barichello T, Quevedo J, Dal-Pizzol F. Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC. Depressive-like parameters in sepsis survivor rats. Neurotox Res. 2010 Apr;17(3):279-86. Epub 2009 Aug 25.

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13Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• PA s s o A PA s s o •

A capital do país acaba de completar 50 anos de fundação e será o destino de milhares

de profissionais da medicina intensiva, que vão participar, no mês de outubro, do XV Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI).

Mas não é só de política que vive Brasília, Sede do governo federal e residência oficial do Presidente da República, Brasília também se revela aos seus visitantes como um destino charmoso, com ótimas opções de lazer e ce-nários encantadores para turistas brasileiros e estrangeiros.

Cuidadosamente projetada pelo urbanista Lúcio Costa e com monumentos assinados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, Brasília foi erguida no Planalto Central do país e oferece aos turis-tas um belo cenário arquitetônico, que por sua beleza recebeu da UNESCO, em 1987, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Com uma população de mais de 2 mi-lhões de habitantes a Capital Federal pode ser comparada a um museu arquitetônico a céu aberto, com construções que mais se parecem com monumentos, que foram estrategicamente instalados em cada ponto da cidade. Confira alguns destaques da cidade:

Palácio da Justiça: Sede do Ministério da Justiça, destaca-se por sua fachada de lajes curvas entre arcos com cascatas artificiais que correm entre calhas de concreto.

Palácio do Itamaraty: Sede do Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Palácio dos Arcos. À sua frente, sobre a água, está o “Meteoro”, obra de Bruno Giorgi formada por cinco blocos de mármore represen-tando os cinco continentes.

Palácio do Planalto: Sede do Poder Execu-tivo do Governo Federal brasileiro. O edifício está localizado na Praça dos Três Poderes em Bra-

Descubra Brasília

XV Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI)

Data: 13 a 16 de Outubro de 2010Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães (CCUG)Endereço: SDC Setor de Divulgação Cultural – Eixo Monumental – Lote 5Informações e inscrições: (11) 5042.1616 – [email protected]

www.cbmi.com.br

sília, tendo sido projetado por Oscar Niemeyer. O Palácio do Planalto faz parte do projeto do Plano Piloto da cidade e foi um dos primeiros edifícios construídos na cidade.

Palácio da Alvorada: É a residência oficial do Presidente da República e foi o primeiro edifício inaugurado em Brasília, em 1958. Às margens do Lago Paranoá, tornou-se símbolo do movi-mento moderno da arquitetura do país. Projetado por Os-car Niemeyer, suas colunas tornaram-se símbolo da cidade, forma do brasão do Distrito Federal. O nome ao palácio foi dado por Juscelino Kubitschek, que o justificou di-zendo que Brasília era a alvorada de um novo dia para o Brasil.

As elegantes colunas de mármore, em forma de aviões, dão a impressão de que o edifício está pousado no solo. São esculturas que proporcio-nam diversas visões conforme o ângulo pelo qual se olha. O palácio é revestido de mármore e tem sua fachada de vidro. O espelho d’água reflete a imagem da construção.

Congresso Nacional: Sede do Poder Le-gislativo, os blocos em forma de “H” têm 28 andares e abrigam atividades administrativas. No seu interior encontra-se vasto acervo cul-tural e paisagístico. Nas cúpulas se localizam os plenários, na convexa a Câmara dos Deputados e na côncava o Senado Federal.

Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida: É uma das criações arquitetônicas mais bonitas de Brasília. A ideia inicial era ser

um templo ecumênico, mas, em 1970, foi consa-grada como igreja católica. A catedral é formada por 16 colunas e tem 40 metros de altura, com capacidade para quatro mil pessoas. Vale ver o espetáculo dos raios de sol atravessando os vitrais coloridos, iluminando o ambiente circular inter-no. Três imensos anjos pendem do teto, dando a impressão de estarem soltos no ar.

Lago Paranoá: É um lago artificial da capital federal. Foi criado com a construção da cidade e é formado pelas águas represadas do rio Paranoá, e tem 48 quilômetros quadrados de extensão, profundidade máxima de 38 metros e cerca de 80 quilômetros de perímetro, com algumas praias artificiais, como a “Prainha” e o “Piscinão do Lago Norte”. Sua criação teve como objetivo aumentar a umidade do ar em

suas proximidades. Os bairros Lago Sul e Lago Norte derivam seus nomes do lago. Cada um ocupa uma das duas penínsulas.

Mo n u m e n t o s como a Esplanada dos Ministérios, a Praça dos Três Po-deres, o Palácio do Buriti, o Panteão da

Pátria, o Teatro Nacional Cláudio Santoro e o Superior Tribunal de Justiça também chamam atenção e merecem uma visita.

Fontes: www.brasil-turismo.com.br www.camara.gov.br

www.brasilviagem.com www.viajeaqui.abril.com.br

Não deixe de participar do XV CBMI e aproveite para conhecer as belezas da Capital Federal

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a atender aquele paciente e precisamos dei-xar claro que 98% dos que passam por uma UTI saem com vida”, reforça Dr. Réa-Neto.

Além desse importante material, serão afixados cartazes em todas as UTIs para que o público conheça a nova campanha. Estão previstas também ações presenciais como a montagem de UTIs Cênicas em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “Na edição pas-sada, montamos essa mesma ação no Vão Livre do MASP, em São Paulo, que atraiu a população curiosa em entender como funciona e o que acontece em uma UTI”, lembra o coordenador da Campanha.

Outros materiais impressos estão sen-

Segurança é tema da nova Campanha Orgulho de Ser Intensivista

• o r g U l H o d e s e r I N t e N s I v I s tA •

A AMIB – Associação de Medicina In-tensiva Brasileira acaba de lançar a se-

gunda edição da “Campanha Orgulho de Ser Intensivista”, que terá inícios em agosto com término previsto em 10 de novembro, quando se comemora o Dia Nacional do Médico Intensivista.

O foco desse ano será a Segurança e to-das as ações apresentarão o que é uma UTI Segura, qual a atuação médica recomendada e quais os equipamentos mais adequados para a contribuição com a prática segura no ambiente das Unidades de Terapia In-tensiva. “Ampliaremos a nossa atuação e reforçaremos sempre a importância da es-pecialidade e a capacitação de toda a equipe com o objetivo de melhorar cada vez mais o atendimento aos pacientes que passam pelas mais de duas mil Unidades de Tera-pia Intensiva em nosso país”, diz Dr. Álvaro Réa-Neto, ex-presidente da AMIB e atual coordenador da Campanha.

Foram definidas palavras chaves que estarão presentes nas comunicações de ma-teriais criados ao longo de cem dias, tempo de duração da nova campanha. São elas: segurança, processos, controle, precisão, prevenção, gestão, titulação, qualidade e especialização.

Toda a estrutura da nova campanha foi especialmente desenhada para atender os médicos e equipe intensivistas, população próxima (familiares de pacientes em UTIs) e a população em geral. Para levar a men-sagem, também foram estabelecidas dez premissas para uma UTI segura.

DINâMICaPara levar a mensagem à população,

será criado um livreto com personagens que contarão o dia a dia em uma UTI. O forma-to ajudará familiares a assimilar de maneira lúdica situações relacionadas ao ambiente no qual seu familiar está sendo atendido. “É importante que o público conheça como funciona uma UTI e que entenda que se trata de um ambiente de proteção aos seus familiares e não um local de medo. Lá toda a equipe e os procedimentos são destinados

do desenhados para distribuição em local de grande circulação da população, como Feiras, Estádios de Futebol e Shop pings Centers.

Para os profissionais que atuam nas UTIs serão criados pequenos eventos de atualiza-ção em várias praças do país, que abordarão temas específicos de treinamento básico de segurança nas UTIs. Outros temas sugeridos são: PAV – Monitorização Hemodinâmica, Ventilação Mecânica, Reposição Volêmi-ca, Suporte Nutricional, Sepse, Trauma e Neurointensivismo. Além disso, a diretoria da AMIB elaborará um Guideline que será importante para esses profissionais.

Equipe intensivista

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• o r g U l H o d e s e r I N t e N s I v I s tA •

1 Estabelecer uma cultura de segurança

2 Controlar e mensurar regularmente o desempenho da equipe

3 Identificar principais problemas de segurança e estabelecer um plano para corrigi-los

4 Garantir o que deve ser feito e o que está sendo feito para ter uma UTI segura

5 Garantir uma continuidade de cuidados 24/7 (24 horas e 7 dias da semana)

6 Aumentar e manter uma equipe capacitada para atender as demandas da UTI

7 Estabelecer protocolos, treinamento à equipe e permitir flexibilidades

8 Garantir segurança durante o suporte tecnológico

9 Estabelecer comunicação efetiva entre todos

10 Primum non nocere (Princípio da Não-Maleficência)

Conheça as dez premissas da UTI Segura

açõES PlaNEJaDaSPúBlICO INTENSIVISTa• 150milGuidelines• 5milcartazes• 20milcartilhasemcongressosmédicos• OrganizaçãodeMiniCursosAMIBpara

implementação de processos• OrganizaçãodeFórunsExclusivospatrocinados

pela indústria farmacêutica e de equipamentos

PúBlICO ExTERNO (POPUlaçãO)• 550millivretosilustrados• 5milcartazes• Ummilhãodeflyers• MontagemdeUTIsCênicasemBrasília,

durante o XV CBMI. E em novembro, nas estações de metrô do Rio de Janeiro e São Paulo.

E com vocês, os personagens da Campanha Orgulho de Ser Intensivista

Carlos Eduardo (Cadu)HOMEM, 43 anos, ficará 15

dias na UTI, após ter sofrido um acidente de carro e ter tido

traumatismo craniano e torácico.

EsterEsposa de Cadu, 41 anos.

Será personagem importante que perguntará sobre os

procedimentos dos quais o seu marido será submetido.

Gabriela (Gabi)Recém-nascida, prematura de

seis meses, ficará na UTI Neonatal por cerca de três meses para

ganhar peso e para ajudar a formação de órgãos vitais.

Júlia Mãe de Gabi, 27 anos. Personagem

tenso que sempre questionará o estado de sua filha e acabará

sendo acolhida pela Ester, esposa de Cadu, que conhecerá

na sala de espera da UTI.

Os números da CampanhaOs materiais serão distribuídos nas mais de 2.400 UTIs cadastradas pelo Censo AMIB 2009. A ex pectativa é que a Campanha Orgulho de Ser Intensivista atinja mais de 80 mil profissionais intensivistas e aproximadamente cinco milhões de brasileiros.

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• P o N t o C r Í t I C o •

Possivelmente, um dos temas mais re-levantes nos dias de hoje no âmbito

dos Cuidados Intensivos diz respeito ao título desse artigo – a UTI Segura.

A questão da falta de segurança nos hospitais, embora já referida anterior-mente por estudiosos, como Lucien Le-ap, cirurgião infantil em Boston, USA, ganhou grande evidência após a publi-cação pelo Institute of Medicine (IOM), no final de 1999, do documento To Err is Human (Errar é Humano). Esse do-cumento informava que entre 44.000 e 98.000 mortes ocor-riam nos hospitais americanos em de-corrência de erros médicos.

Como não po-deria deixar de ser, houve uma grande agitação no meio médico, disparando um movimento pa-ra confirmar essa hi-pótese e modificar o cenário de insegurança. Logo surgiriam dados de outras partes do mundo dei-xando claro que o problema não era re-gional, mas sistêmico, e poderia mesmo ter números piores do que os apontados pelo IOM e que, para ser combativo de modo efetivo, teria que ser melhor enten-dido. Seriam necessárias mudanças sig-nificativas no modo como executamos a nossa prática junto com os pacientes.

Embora os estudos e os achados não fossem específicos da área de cuidados intensivos, esse é um ambiente altamen-te vulnerável, uma vez que a quantidade de variáveis envolvidas no cuidado ao paciente grave possibilitaria que a ocor-

rência de eventos adversos fosse bastan-te relevante. Os profissionais que mili-tam na terapia intensiva, então, se viram compelidos a buscar mais segurança, analisando de modo mais sistemáti-co os processos que poderiam resultar em erros, insegurança e riscos para os pacientes.

Hoje, em torno de 10 anos depois de Errar é Humano, nós podemos obser-var que conseguimos avançar bastante,

identificando muitos dos principais fa-tores críticos do problema e do sucesso.

Nesse artigo, nós vamos tentar ana-lisar, de modo sumário, alguns desses fatores que podem estar envolvidos nos desfechos.

Como em qualquer cenário com-plexo, explicações simplistas nada re-solvem. A questão não é simples e não devemos ser superficiais no estudo da segurança nos ambientes de saúde. Para tal, lembro duas citações que reforçam esse ponto de vista. Uma de Albert Eins-tein, quando afirma que “devemos enfo-car os assuntos com simplicidade, mas nada além disto”, indicando que não

devemos ser simplistas ou simplórios. Outra, do grande polemista americano Henry L. Mencken que dizia que “os problemas complexos podem ter solu-ções simples, mas, via de regra, elas são erradas ou ineficientes”.

Uma questão importante é como ve-mos o ambiente hospitalar. Esse pode ser incluído dentre o que se considera ambiente complexo, definido como sen-do aquele que, entre outros, existe pos-

sibilidade de erro, risco de vida, risco ambiental, múltiplos atores envolvidos, in-tensidade de uso de tecnologia e necessi-dade de treinamento e expertise. Tudo isso ocorre numa UTI. Nesse tipo de am-biente podem ocor-rer eventos adversos e a prevenção deles passa por redesenhar os controles.

Uma das teorias mais fascinantes so-

bre segurança é a conhecida como a Teoria do Queijo Suíço, postulada por James Reason, professor de Psicologia da Universidade de Manchester, UK e publicada no BMJ em 2000. Um queijo suíço tem vários buracos, mas em locais diferentes e um não se comunica com o outro. Reason afirma que a segu-rança decorre de várias possibilidades de bloqueio de erros. Assim, por exemplo, um médico faz uma prescrição, o enfer-meiro apraza, o farmacêutico analisa e separa as drogas e o enfermeiro aplica ao pacientes. Em cada uma dessas fases po-de haver a identificação e o bloqueio de um erro e, com isso, o paciente ficaria

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17Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• P o N t o C r Í t I C o •

PONTO CRÍTICO é desenvolvido pelos comitês não-científicos ou departamentos da AMIB

para discutir questões pertinentes à prática da medicina intensiva

protegido. Acontece que em determi-nadas ocasiões, o erro passa por todos esses bloqueios e o paciente recebe algo inadequado. É como se todos os bura-cos de um queijo suíço se alinhassem formando uma passagem. Isso de fato ocorre e o plano de ação para combatê--lo é criar mais barreiras formais, como checagem dupla ou tripla das prescri-ções ou realização de procedimentos invasivos e automatização, por exem-plo, com prescrição eletrônica com sistemas de apoio à decisão e alerta de interação ou prescrição equivocada de drogas.

Um artigo assinado por Thomas Lee e publicado no exemplar de abril de 2010 da Harvard Business Review analisa o problema sob outra ótica, su-gerindo que os hospitais foram dese-nhados para o século XIX e não para o atual, que muitos médicos não sabem dividir o poder e que muitos pacientes com doenças complexas não recebem tratamento coordenado. Um design inadequado (fragmentação e divisão em serviços estanques), um poder mui-to concentrado com autonomia absolu-ta dos médicos e a falta de integração e coordenação da cadeia de cuidados, se-gundo o autor, poderiam explicar resul-tados (desfechos) abaixo do desejado. Designs mais modernos, o compartilha-mento do poder e a maior coordenação na prestação do cuidado poderiam aju-dar e muito.

Foge do escopo desse artigo uma aná-lise minuciosa das teorias sobre seguran-ça. Para tal há vários livros que se apro-fundam nisso e podem ser consultados.

Um aspecto tem sido muito relevan-te na condução de planos de ação que objetivam aumentar a segurança. É a questão das métricas em saúde.

O movimento da qualidade avançou muito e trouxe-nos conceitos muito im-portantes. Um deles é que a memória é muito frágil e nem sempre confiável. Outro é que existe um abismo entre o que se sabe, que está publicado com as melhores evidências, e o que praticamos. Os principais processos de uma UTI de-

veriam ser mapeados, debatidos e de-terminados como seriam aplicados na prática. Deixar que cada um faça como bem entender cria um dos maiores pro-blemas da prática clínica, a variabilida-de. A busca de soluções para o combate deste imenso problema, trouxe também o movimento dos protocolos, guidelines e diretrizes. Elas nada mais são do que tentativas de reduzir a variabilidade pa-ra um conjunto de práticas, mormente aquelas onde há evidências científicas mais robustas.

A necessidade de termos dados con-sistentes (confiáveis), de forma estrutu-rada e reprodutível nos levou a um mo-vimento em que passamos a desenhar bancos de dados e a coletá-los de forma sistemática. Não existe possibilidade nos dias de hoje de discutirmos a ques-tão de segurança numa UTI se isso não for fundamentado em dados, números, que traduzam a atividade daquela uni-dade. Logo, temos que ter dados e bem colhidos. Esses deveriam considerar os principais processos-chaves da terapia intensiva, de forma a garantir que o cuidado “ideal” esteja sendo prestado. Isso não pode mais continuar a ser visto como despesa, mas sim investimento. É o movimento dos indicadores.

Estruturar os dados para que, após analisados e criticados, se transformem em informação relevante é vital. Todo

o movimento de segurança e qualidade se fundamenta em análises de desem-penho. E o desempenho da sua UTI deve ser comparado com você mesmo na linha do tempo, com os melhores desempenhos da sua região e, até mes-mo, com o padrão-ouro nacional e in-ternacional, prática conhecida pelo an-glicismo benchmarking.

Finalmente chegamos ao que real-mente mais interessa, os desfechos ou resultados ou outcomes. Michael Porter e Elizabeth Teisberg, em seu livro Rede-fining Health Care (Repensando a Saú-de – editora Artmed 2007) nos trouxe o conceito de valor em saúde, afirman-do que a competição do futuro será ba-seada em valor e valor se consubstan-cia em resultados, desfechos. É valor que devemos buscar em nossas UTIs e chegaremos lá trabalhando firme para sermos uma UTI segura, onde os pro-cessos críticos são acompanhados, bons dados coletados, análises de desempe-nho realizadas e eventos adversos iden-tificados e combatidos.

Para que ainda não iniciou essa ca-minhada rumo a uma UTI Segura, a minha sugestão é ler com detalhes a RDC 7 da ANVISA de 25 de fevereiro de 2010 (acessível no site da AMIB) e implementar os indicadores lá defini-dos. Isso não apenas é uma obrigação legal, mas um dever moral de cada um de nós para otimizarmos as chances dos nossos pacientes obterem o melhor de nossas UTIs e minimizar os riscos deles sofrerem algum dano evitável. Se dese-jarem, já existem sistemas especialistas disponíveis no mercado, que ajudam a organização e análises dos dados, reali-zando inclusive benchmarking.

Escolha o seu caminho! Só não po-de é ficar parado! Mãos à obra!

Paulo Cesar P. de SouzaEspecialista em Medicina

Intensiva pela AMIB

“É valor que devemos buscar em nossas

UTIs e chegaremos lá trabalhando firme para sermos uma UTI segura, onde os processos críticos

são acompanhados, bons dados coletados,

análises de desempenho realizadas e eventos

adversos identificados e combatidos.”

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lização dos já sócios, e no desenvolvimento de projetos. A segunda fase da Campanha Orgulho de Ser Intensivista acaba de ser lançada e cada regional é importante para que consigamos novamente o sucesso dessa ação”, acrescentou o Dr. Ederlon.

RESUlTaDOS“A Assembleia de Representantes é uma

importante oportunidade para os membros da AMIB se encontrarem e colocarem em pauta assuntos de interesse geral e de cada Regional, porque para cada tema há espaço para que todos possam opinar sobre o futuro de nossa associação”, reforça Dr. Fernando Machado.

Os resultados da primeira edição da Ca-panha Orgulho de Ser Intensivista também foram apresentados. Foram distribuídos 79.338 bottons; 41.986 Cartilhas pares; 571.797 Cartilha UTI Adulto; 237.012 Cartilha UTI Pediátrica; e 19.424 cartazes nas mais de duas mil unidades de terapia in-tensiva do país.

O Censo AMIB 2009 mapeou 25.367 leitos de UTI, 2.342 Unidades de Tera-pia Intensiva, 1.421 estabelecimentos que contam com pelos menos uma UTI, em 403 municípios. “Agora, partiremos para a

segunda fase do Censo que focará em uma pesquisa qualitativa”, explica Dr. Ederlon.

Outros resultados demonstrados foram os números do XV CBMI e os índices de participação e aproveitamento da Prova de Título 2009.

PaRCERIa aMIB E REGIONaISTambém durante a AR foi apresentada

a Proposta de Indicadores de Desempenho para as Sociedades Estaduais de Terapia In-tensiva. Esses  indicadores são instrumentos importantes para controle da gestão e verifi-cação da eficiência e eficácia na administra-ção. São medidas ou parâmetros que possam ser mensurados para permitir a comparação entre localidades ou entre períodos diferen-tes de um mesmo território.

“A AMIB necessita da ajuda de suas re-gionais para crescer e promover educação continuada. Na Assembleia de Representan-tes, mais do que uma proposta, procuramos ouvir de todos se concordavam em ter in-dicadores de desempenho que pudessem ser utilizados por cada regional”, explica Dr. José Mário Teles, presidente futuro.

A próxima AR já está agenda e ocorrerá du-rante o XV CBMI, em outubro, em Brasília.

• d I r e t o r I A •

Temas importantes foram discutidos em abril, nos dias 24 e 25, pela Diretoria da

AMIB e setenta representantes vindos de todo o Brasil. O grupo se reuniu para a primeira Assembleia de Representantes (AR) da ges-tão 2010-2011, em São Paulo. Os trabalhos foram abertos pelo presidente da associação, Dr. Ederlon Rezende, que destacou todos os resultados conquistados ao longo dos 30 anos da AMIB. “As conquistas são frutos da dedicação de todos os que têm contribuído com a construção da nossa associação nesses anos e a tornado cada vez mais forte.”

O primeiro ponto que destacou foi o crescimento da AMIB nos últimos anos em números de sócios. Em dezembro de 2009, o quatro associativo fechou com mais de 5.600 sócios. Em 2008, o crescimento atingiu a marca de 22,4%; já em 2009, 9,1%; e no primeiro trimestre de 2010 foi computado o crescimento de 16,7%. O objetivo da nova gestão é fechar o ano com 6.500 associados.

Dr. Ederlon Rezende reforçou que esse resultado teve participação direta das regio-nais. Nos últimos dois anos, muitas delas superaram a casa dos cem associados e trou-xeram, com suas ações, novos sócios para a entidade mãe. Os eventos promovidos regio-nalmente e estratégias de fidelização foram ações importantes para o índice alcançado. Um dos eventos lembrado foi o II Congresso Luso-Brasileiro de Medicina Intensiva, que ocorreu em março, em Porto de Galinhas (PE), fruto de uma parceira entre AMIB, SOTIPE (Sociedade de Terapia Intensiva de Pernambuco) e a SPCI, a Sociedade Portu-guesa de Cuidados Intensivos.

Em seguida, o Dr. Fernando Machado, diretor secretário geral da AMIB, coordenou a mesa dos trabalhos e fez questão de renovar cada meta proposta pela Chapa AMIB para o Futuro. “Muito precisa ser feito, sabemos. Mas gostaria de reforçar que a AMIB estará atuando fortemente na formação do espe-cialista, oferecendo, por meio do Centro de Formação, cursos específicos, além de buscar inovações para os eventos regionais e o na-cional, CBMI, que acontecerá em outubro, em Brasília”, disse.

A continuidade de ações de sucesso e que reforçaram a imagem da associação tam-bém mereceu destaque. “Temos uma grande responsabilidade e gostaríamos de dividi-la com todas as regionais que podem nos aju-dar na conquista de novos sócios e na fide-

Crescimento foi tema de abertura

Representantes de todo Brasil marcaram presença

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19Jornal da AMIB - Nº 55 - Abr/Mai/Jun 2010

• A g e N d e - s e •

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TENUTI São Paulo (SP) 02 e 03 de julho de 2010 www.amib.org.br

CITIN Porto Velho (RO) 30 e 31 de julho de 2010 www.amib.org.br

SEPSE Rio de Janeiro (RJ) 02 e 03 de julho de 2010 www.amib.org.br

SEPSE Curitiba (PR) 02 e 03 de julho de 2010 www.amib.org.br

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FCCS São Paulo (SP) 28 e 29 de agosto de 2010 www.amib.org.br

VENUTI Goiânia (GO) 20 e 21 de agosto de 2010 www.amib.org.br

TENUTI Juiz de Fora (MG) 21 e 22 de agosto de 2010 www.amib.org.br

Cursos local Data Informações

TENUTI S. J. dos Campos (SP) 13 e 14 de agosto de 2010 www.amib.org.br

HEMODINÂMICA Londrina (PR) 13 a 14 de agosto de 2010 www.amib.org.br

HEMODINÂMICA Goiânia (GO) 27 e 28 de agosto de 2010 www.amib.org.br

CITIN Campinas (SP) 27 e 28 de agosto de 2010 www.amib.org.br

FCCS São Paulo (SP) 25 e 26 de setembro de 2010 www.amib.org.br

HEMODINÂMICA Belém (PA) 10 e 11 de setembro de 2010 www.amib.org.br

HEMODINÂMICA Pelotas (RS) 24 e 25 de setembro de 2010 www.amib.org.br

CITIN Pelotas (RS) 24 e 25 de setembro de 2010 www.amib.org.br

CITIN Rio de Janeiro (RJ) 24 e 25 de setembro de 2010 www.amib.org.br

SEPSE Londrina (PR) 10 a 12 de setembro de 2010 www.amib.org.br

Congressos e Palestras local Data Informações

Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul – Socergs 2010 Gramado/RS 5 a 7 de agosto www.socergs.org.br/congresso

XV Curso Internacional de Atualização em Terapia Intensiva Adulto, Pediátrico e Neonatal São Paulo/SP 13 a 15 de agosto www.sopati.com.br

World Câncer Congress Shenzhen, China 18 a 21 de agosto www.worldcancercongress.org

XII Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar Olinda/PE 01 a 04 de setembro www.cih2010.com.br

XXVIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Salvador/BA 11 a 16 de setembro www.neurocirurgia2010.com.br

65º Congresso Brasileiro de Cardiologia Belo Horizonte/MG 25 a 29 de setembro http://congresso.cardiol.br/65/

16º Congresso Associação da Ásia do Pacífico da Critical Care Medicine Manila, Filipinas 7 a 9 de outubro www.psccm.org.ph

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