Ação executiva

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    Direção-Geral da Administração da Justiça

    Manual de Apoio

    PROCESSO CIVIL - VI

    DGAJ-Divisão de Formação - 2015

      Ação Executiva

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    2 Manual de apoio / Ação Executiva

    Índice

    1.  INTRODUÇÃO .............................................................................. 5 

    2. 

    O JUIZ DE EXECUÇÃO ................................................................. 7 

    3.  O AGENTE DE EXECUÇÃO ............................................................ 12 

    3.1  Competências ...................................................................... 16 

    3.2  Substituição e destituição do agente de execução ........................... 18 

    4.  PENDÊNCIA DO PROCESSO EXECUTIVO (n.º 5 do art.º 551.º) ................... 20 

    5.  A AÇÃO EXECUTIVA – CARACTERIZAÇÃO ........................................... 28 

    6. 

    A AÇÃO EXECUTIVA – CLASSIFICAÇÃO CONSOANTE O FIM ....................... 31 

    7.  PROCESSO COMUM .................................................................... 33 

    8.  PROCESSO ESPECIAL .................................................................. 34 

    9.  PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS ....................................................... 35 

    9.1  Certeza (art.º 713.º) .............................................................. 43 

    9.2  Exigibilidade ........................................................................ 44 

    9.3 

    Liquidez ............................................................................. 45 

    10.  REGISTO INFORMÁTICO DAS EXECUÇÕES .......................................... 50 

    11.  TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA -

    PROCESSO ORDINÁRIO ........................................................................ 52 

    11.1  Recusa de recebimento do requerimento executivo ......................... 62 

    11.2  Oposição à execução – Embargos de Executado ............................... 67 

    12.  TRAMITAÇÃO DA EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA -

    PROCESSO SUMÁRIO .......................................................................... 72 

    12.1  Execução de sentença............................................................. 78 

    13.  EXECUÇÃO POR CUSTAS, MULTAS, COIMAS E OUTRAS QUANTIAS CONTADAS

    OU LIQUIDADAS ............................................................................. 83 

    14  FASE DA PENHORA .................................................................... 87 

    14.1  As diligências para a penhora têm início (art.º 748.º): ....................... 87 

    14.2 

    A penhorabilidade dos bens ...................................................... 91 

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    3 Manual de apoio / Ação Executiva

    14.3  A penhora ......................................................................... 105 

    14.4  O auto de penhora ............................................................... 107 

    14.5 Penhora de imóveis .............................................................. 107 

    14.6  Penhora de móveis .............................................................. 114 

    14.7  Penhora de coisas móveis sujeitas a registo ................................. 118 

    14.8  Penhora de navios ............................................................... 118 

    14.9  Penhora de aeronaves ........................................................... 119 

    14.10  Penhora de veículos automóveis .............................................. 120 

    14.11  Penhora de direitos ............................................................. 131 

    15. 

    A OPOSIÇÃO À PENHORA ........................................................... 150 

    16.  CONCURSO DE CREDORES .......................................................... 151 

    17.  PLURALIDADE DE EXECUÇÕES SOBRE OS MESMOS BENS ....................... 154 

    18.  PAGAMENTOS ........................................................................ 155 

    18.1  Entrega de dinheiro (art.º 798º) ............................................... 156 

    18.2  Adjudicação (art.ºs 799.º a 802.º) ............................................. 156 

    18.3 

    Consignação de rendimentos (art.ºs 803º a 805º) ........................... 158 

    18.4  Pagamento em prestações (art.º s 806.º a 809.º) ........................... 158 

    18.5  Acordo global (art.º 810.º ) .................................................... 159 

    19.  MODALIDADES DE VENDA – art.º s 811.º e seguintes ......................... 160 

    19.1  Venda mediante proposta em carta fechada - art.ºs 816.º e seguintes.. 161 

    19.2  Venda por negociação particular –  art.º 832.º e 833.º .................... 166 

    19.3 

    Venda em estabelecimento de leilão – art.º 834.º .......................... 167 

    19.4  Venda em depósito público ou equiparado .................................. 168 

    19.5  Venda em regime de leilão (cfr. art.º 33.º da portaria 282/2013, de 29 de

    agosto) ..................................................................................... 169 

    19.6  Venda em leilão eletrónico – art.º 837.º CPC e art.ºs 20.º a 26.º da Portaria

    282/2013, de 29 de agosto ............................................................. 170 

    20.  DIREITO DE REMIÇÃO ............................................................... 172 

    21.  EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO .......................................................... 172 

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    22.  A LISTA PÚBLICA DE EXECUÇÕES ................................................. 176 

    23.  PROCESSO EXECUTIVO PARA ENTREGA DE COISA CERTA......................... 187 

    23.1  Execução para Entrega de Coisa Imóvel Arrendada (EPECIA) .............. 188 

    23.2  Oposição à execução ............................................................ 189 

    24.  PROCESSO EXECUTIVO PARA PRESTAÇÃO DE FACTO ............................. 189 

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    5 Manual de apoio / Ação Executiva

    Ação Executiva

    1. INTRODUÇÃO

    A ação executiva tem sido alvo de diversas reformas ao longo dos últimos anos.

    Com a publicação da Lei n.º 41/2013 poderemos afirmar que estamos perante

    um novo regime da ação executiva, tendo em conta que as alterações implementadas

    foram significativas e relevantes, e que abarcam os diversos intervenientes

    processuais. Com efeito, já não estamos apenas a falar de retirar parte da atividade

    processual aos tribunais, deixando para estes a sua verdadeira função de dirimir

    litígios, mas sim de uma clara tentativa de uniformização, agilização e simplificaçãode procedimentos, com o intuito de conduzir de forma mais célere a uma rápida

    conclusão do processo executivo, e a uma diminuição da pendência da ação

    executiva que ultrapassa 1 milhão de processos.

    Posteriormente à publicação desta lei, um conjunto de portarias e demais

    diplomas, veio conformar os trâmites executivos àquele “diploma-mãe” e

    mantiveram-se outros já então em vigor:

    - Regulamentação da ação executiva - Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto;

    - Tramitação eletrónica dos processos judiciais  - Portaria n.º 280/2013, de 26 de

    agosto;

    - Meios eletrónicos de identificação do executado e dos seus bens e citação

    eletrónica de instituições públicas  - Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de março,

    alterada pela Portaria 350/2013, de 3 de dezembro;

    - Remuneração das instituições públicas e privadas que prestam colaboração à

    execução - Portaria n.º 202/2011, de 20 de maio, alterada pela Portaria 279/2013,

    de 26 de agosto;

    - Registo informático de execuções - Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de setembro;

    - Lista pública de execuções - Portaria n.º 313/2009, de 30 de março, alterada pela

    Portaria n.º 279/2013, de 26 de agosto;

    - Sistemas de apoio a situações de sobre-endividamento - Portaria n.º 312/2009, de30 de março, alterada pela Portaria n.º 279/2013, de 26 de agosto.

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    6 Manual de apoio / Ação Executiva

    Compete agora fazer uma síntese das principais alterações introduzidas pela

    entrada em vigor do novo código.

    Uma das medidas mais marcantes para a redução da elevada pendência das

    ações executivas deve-se à restrição do rol de títulos executivos, excluindo-se os

    documentos particulares assinados pelo devedor que importem a constituição ou o

    reconhecimento de obrigações pecuniárias, ou a obrigação de entrega de coisa certa

    ou prestação de facto1. Por outro lado, passa a estar tipificada a força executória dos

    títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos2, alegando no requerimento executivo

    os factos constitutivos da relação subjacente (como aliás já era reconhecido pela

    jurisprudência dominante).

    Uma das matérias, que sempre foi alvo de controvérsia, deve-se à repartição decompetências entre o juiz, a secretaria e o agente de execução, estabelecendo-se

    que ao agente de execução cabe efetuar todas as diligências do processo executivo

    que não estejam atribuídas à secretaria ou sejam da competência do juiz. Se no

    passado não estavam claramente definidas as competência do juiz, da secretaria e

    do agente de execução, agora, esse recorte de competências surge de forma clara e,

    assim, em sentido oposto àquele que foi previsto aquando da criação da figura do

    agente de execução, o novo código veio muito claramente atribuir ao juiz poder

    decisório nas matérias declarativas do processo, mantendo o agente de execução o

    poder de direção da execução.

    Na tramitação do processo executivo comum para pagamento de quantia certa,

    retoma-se a distinção entre forma ordinária e forma sumária, estando a forma

    ordinária sempre condicionada a despacho liminar, depois de recebida pela

    secretaria, ao passo que a forma sumária se pauta, em regra, pelo início das

    diligências executivas sem intervenção do tribunal e sem citação prévia do

    executado3. Já no âmbito da execução para entrega de coisa certa e para prestaçãode facto, o processo comum continua a seguir forma única.

    Na execução de sentença, consagra-se a regra de que a execução de decisão

    judicial condenatória corre nos próprios autos, ainda que de forma autónoma,

    1 Os titulares de documentos particulares, que na sua qualidade pretendam fazer valer judicialmente o seu direito decredores, passam a ter de recorrer, previamente, a soluções como a ação declarativa ou procedimento de injunção. 2 Quirógrafo: obrigação contraída por meio de escrito particular. O exemplo predominante refere-se aos chequesapresentados depois de ultrapassado o prazo de depósito.3 Não obstante o processo executivo para pagamento de quantia certa já estivesse condicionado a um tratamentodiferenciado conforme o valor e o título, (sujeito a despacho liminar, ou não) cabia ao agente de execução a análisedo requerimento executivo e a decisão de submeter o processo ao juiz. 

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    passando a ser possível a cumulação de todos os pedidos julgados procedentes, seja

    qual for o seu fim (pagamento, entrega ou prestação de facto).

    Na oposição à execução, é repristinada a terminologia tradicional do processo

    civil português (embargos de executado, embargante e embargado). Altera-se o

    regime dos efeitos da pendência dos embargos de executado em que deixa de haver

    suspensão automática da execução no caso de haver penhora imediata.

    No que concerne às diligências para recuperação do crédito exequendo, a

    penhora de saldos bancários passa a realiza-se eletronicamente, sem necessidade de

    despacho prévio. A penhora de veículo automóvel pode ser precedida de bloqueio,

    evitando-se, assim, muitas das vezes, diligências de penhora de bens inexistentes.

    Também os motivos que podem conduzir à extinção da execução são alargados.

    Passa a ser possível a extinção da execução pela adjudicação de quantias vincendas 

    (ex.: salários, pensões ou créditos), quando se determine que não existem outros

    bens, bem como a extinção por acordo global, em que exequente, executado e

    credores reclamantes podem acordar um plano de pagamentos, podendo qualquer

    penhora existente converter-se em penhor ou hipoteca.

    Tendo em conta a uniformização dos vários regimes de processo executivo, com

    a entrada em vigor da Lei 41/2013, todas as ações executivas passam a ser

    tramitadas à luz do novo código, ressalvando-se as normas relativas aos títulos

    executivos, às formas do processo executivo, ao requerimento executivo e à

    tramitação da fase introdutória, as quais apenas serão aplicadas aos processos

    executivos entrados após 1 de setembro de 2013.

    2. O juiz de execução

    A intervenção do juiz de execução encontra-se reservada às situações em que

    exista efetivamente um conflito ou em que a relevância da questão o determine,

    pelo que, sem prejuízo de outras intervenções estabelecidas na lei, compete-lhe,

    nomeadamente (cfr. art.º 723.º):

    -  Proferir o despacho liminar, quando deva ter lugar, nomeadamente, nos

    termos do art.º 726.º, o qual poderá ser de:

    a)  Indeferimento liminar (n.º 2)

    b)  Indeferimento parcial (n.º3);

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    c)  Aperfeiçoamento (n.º 4);

    d)  Rejeição do título executivo (n.º 5);

    e)  Citação do executado (n.º 6);

    f) 

    Citação do cônjuge do executado quando invocada, pelo exequente norequerimento inicial, a comunicabilidade da dívida (n.º 7).

    - Julgar a oposição à execução, mediante embargos  (art.ºs 728.º a 734.º)

    e/ou à penhora (art.º s 856.º a 858.º, 784.º e 785.º) de terceiro (342.º a 350.º);

    - Verificar e graduar os créditos reclamados (cfr. art.ºs 788.º a 794.º);

    - Julgar reclamações de atos e impugnações de decisões do agente de

    execução;

    - Decidir outras questões levantadas pelas partes, pelo agente de execução ou

    mesmo por terceiros intervenientes.

      O n.º 2 do art.º 723.º prevê a aplicação de uma multa à parte 

    que apresentar requerimento  considerado injustificado, a

    fixar entre 0,5 e 5 UC, sendo cobrável nos termos dos art.ºs

    27.º e 28.º do Regulamento das Custas Processuais, após o

    trânsito em julgado da decisão que a tiver aplicado.

      Síntese de atos do juiz de execução:

    Art.ºs Atividade Obs.

    715.º, n.º3 Apreciação da prova não documental da

    obrigação condicional ou da prestaçãoalternativa.

    716.º, n.º6 Liquidação por árbitros. Art.º 12.º da Lei n.º31/86, de 29/8

    718.º, n.º4-a)

    Consulta direta do registo informático deexecuções.

    722.º, n.º1, al. c)

    Deferimento de requerimento do exequentepara que o oficial de justiça realize as

    diligências de execução quando não haja agentede execução inscrito ou registado na comarca

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    onde pende o processo e na desproporçãomanifesta dos custos que decorreriam daatuação de agente de execução de outracomarca

    722.º, n.º1, al. d)

    Deferimento do requerimento do agente deexecução quando as diligências impliquemdeslocações cujos custos se mostremdesproporcionados e não houver agente deexecução no local onde deva ter lugar a suarealização

    723.º Competências genéricas do juiz.

    725.º, n.º

    2

    Decisão da reclamação da recusa do

    requerimento executivo pelo agente deexecução.

    726.º Despacho liminar na execução ordinária.

    727.º n.ºs2 e 3

    Decisão dos pedidos de dispensa de citaçãoprévia.

    732.º e858.º

    Julgamento da oposição à execução. Art.º 723.º, n.º 1-b)

    734.º Conhecimento oficioso das questões a que

    aludem os n.ºs 2 (indeferimento liminar do

    requerimento executivo) e 3 (indeferimento

    parcial) e 4.º do art.º 726.º (convite do

    exequente para suprir irregularidades, bem

    como sanar a falta de pressupostos do

    requerimento executivo), até ao primeiro ato de

    transmissão de bens penhorados.

    Se daqui resultar a rejeição da execução

    ou não sendo o vício suprido ou a falta corrigida,

    a execução extingue-se (n.º 2 do art.º 734.º).

    738.º, n.º6

    A requerimento do executado, redução da

    parte penhorável dos rendimentos.

    755.º, n.º4

    Decisão sobre a eventual suspensão da

    instância executiva até que se demonstre o

    registo definitivo da penhora de imóvel, nos

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    10 Manual de apoio / Ação Executiva

    casos em que esta questão lhe seja suscitada.

    757.º, n.º4

    Ordem de requisição de força pública para

    entrega efetiva de imóvel ao depositário,

    quando se trate de domicílio  (a pedido doagente de execução).

    Semelhante aoart.º 764.º, n.º 4

    760.º, n.º2

    Decisão sobre o modo de exploração dos

    bens penhorados, quando não haja acordo entre

    o exequente e o executado.

    Pode ter aplicaçãosubsidiária ecomplementar aoart.º 782.º, n.º 3.

    764.º, n.º3

    Decisão do incidente suscitado sobre a

    pertença de bens de terceiro depois de

    penhorados ao executado.764.º, n.º4

    Ordem de requisição de força pública para

    forçar a entrada no domicílio do executado ou

    de terceira pessoa (a pedido do agente de

    execução).

    Semelhante aoart.º 757.º, n.º 3

    769.º e772.º

    Decisão do pedido de autorização de navio

    penhorado a navegar.

    771.º Decretamento do arresto de bens do depositário

    infiel e do levantamento do mesmo arresto após

    o pagamento do valor do depósito, das custas e

    acréscimos.

    784.º,

    785.º e856.º

    Instrução e julgamento do incidente de oposição

    à penhora e de oposição à penhora e/ou à

    execução, mediante embargos de executado.

    Art.º 723.º, n.º 1-b)

    788.º a

    792.º

    Verificação e graduação dos créditos

    reclamados.

    Art.º 723.º, n.º 1-b)

    800.º, n.º3

    Presidência da abertura de propostas em carta

    fechada para venda de imóvel e de

    estabelecimento comercial.

    Cfr. art.ºs 820.º,n.º 1 e 829.º

    804.º, n.º4

    Decisão em caso de desacordo entre o

    executado e o consignatário de bem locado.

    812.º, n.º7

    Decisão em caso de desacordo manifestado por

    exequente, executado e credores reclamantes

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    11 Manual de apoio / Ação Executiva

    relativamente à modalidade da venda

    escolhida pelo agente de execução (mediante

    requerimento).

    814.º, n.º1

    Autorização da venda antecipada de bens, emcaso de urgência (mediante requerimento do

    exequente, do executado ou do depositário dos

    bens a vender).

    816.º, n.º3

    Decisão no sentido de a venda ser efetuada no

    tribunal da localização dos bens, invertendo a

    regra geral da venda no tribunal onde corre a

    execução.825.º, n.ºs1, al. c en.º 2

    Decretamento do arresto, a requerimento do

    agente de execução, quando o proponente ou o

    preferente não depositem o preço.

    Levantamento do arresto após o pagamento

    dos valores em dívida.

    829.º Decisão, a requerimento do agente de

    execução, do exequente, do executado ou dequalquer credor com garantia real, da realização

    da venda por propostas em carta fechada de

    estabelecimento comercial de valor superior a

    500 UC.

    Neste caso, decide se preside à abertura

    das propostas.

    Cfr. art.º 800.º, n.º

    3

    832.º, al.

    c)

    Decisão da venda por negociação

    particular com fundamento na sua urgência.

    833.º, n.º2

    Perante manifestação de desacordo entre

    os credores ou do executado, pode encarregar o

    agente de execução da venda por negociação

    particular.

    835.º Decisão sobre reclamações contra a venda.

    838.º Decisão sobre a anulação da venda e a

    indemnização do comprador.

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    12 Manual de apoio / Ação Executiva

    874.º, n.º1

    875.º, n.º1

    Fixação do prazo para prestação de facto a

    pedido do exequente formulado no

    requerimento executivo. Isto sucede quando o

    título executivo não designa o prazo dentro doqual o facto deva ser prestado.

    Neste caso, o processo é concluso ao juiz

    logo após a autuação do requerimento

    executivo.

    877.º Decisão sobre a demolição da obra à custa

    do executado e a indemnização do exequente,

    ou fixação apenas do montante desta quando

    não haja lugar à demolição –  isto quandoreconheça a falta de cumprimento da obrigação

    negativa, ou seja, de não praticar algum facto.

    3. O agente de execução

    O agente de execução é a figura, criada pela reforma de 2003, a quem, de

    uma forma geral, compete, no âmbito do novo regime instituído pela Lei 41/2013, de

    26 de junho que aprova o Novo Código de Processo Civil e da Portaria 282/2013, de

    29 de agosto que regulamenta vários aspetos das ações executivas (art.ºs 719.º, n.ºs

    1 e 2, 720.º CPC e 36.º a 41.º, da Portaria), efetuar todas as diligências do processo

    executivo que não estejam atribuídas à secretaria (art.º157.º e n.ºs 3 e 4 do art.º

    719.º CPC), ou que sejam da competência do juiz (art.º 723.º), nomeadamente

    assegurar o andamento normal do processo executivo até à sua extinção e, após esta,

    assegurar os atos emergentes do processo que careçam da sua intervenção,

    praticando a generalidade dos atos processuais, tais como citações, notificações,

    afixação de editais, publicações de anúncios, consultas às bases de dados,

    apreensões, penhoras e seus registos, vendas, liquidações, pagamentos, extinção

    da execução, e simultaneamente alguns atos subtraídos à esfera das competências

    formais do juiz.

    De igual forma, enquadra-se no âmbito de atuação do agente de execução a

    escolha dos bens a penhorar, respeitando as indicações do exequente (sem prejuízo,

    naturalmente, das regras estabelecidas pelo art.º 751.º), a escolha do depositário dos

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    13 Manual de apoio / Ação Executiva

    bens, a determinação da modalidade da venda (art.º 812.º) e a presidência da mesma

    (à exceção da venda de bem imóvel ou de estabelecimento, sendo que neste último

    caso cabe-lhe presidir se o juiz o não fizer).

    No âmbito das suas competências, cabe ao agente de execução, além do dever

    geral de prestar ao Tribunal os esclarecimentos que lhe forem solicitados sobre o

    andamento das diligências de que seja incumbido, nos termos do art.º 123.º, n.º 1-d)

    do Estatuto da Câmara dos Solicitadores, efetuar a inscrição, atualização, retificação

    e eliminação dos dados constantes do registo informático de execuções  (cfr. art.ºs

    3.º a 5.º do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10/09, na redação que lhe foi dada pelo

    art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, esta atualizada pela Lei

    41/2013, de 26 de junho), estando-lhe acometidas, igualmente, as tarefas de

    inclusão na lista pública de execuções  das que, entretanto, forem extintas com

    pagamento parcial ou por não terem sido encontrados bens penhoráveis  - o 

    executado é informado da inclusão do seu nome na lista pública de execuções,

    bem como o prazo que lhe é conferido para evitar a inclusão do seu nome na lista

    pública de execuções, desde que:

    a) Promova o cumprimento da obrigação; ou

    b) Adira a um plano de pagamento de dívidas –  art.ºs 16.º-A e 16,º-C doDecreto-Lei n.º 201/2003, de 10 de Setembro, e art.º 4.º da Portaria n.º 313/2009,

    de 30 de Março,4 alterada pela Portaria 279/2013, de 26 de agosto.

    Compete-lhe, ainda, proceder à consulta direta5, sem necessidade de

    autorização judicial, às bases de dados da administração tributária, da segurança

    social, das conservatórias do registo predial, registo comercial, registo automóvel,

    registo civil e de outros registos ou arquivos semelhantes, de todas as informações

    sobre a identificação do executado junto desses serviços e sobre a identificação e a

    localização dos seus bens penhoráveis (art.ºs 749.º do CPC e 2.º n.º 1 da Portaria n.º

    331-A/2009, de 30 de Março, com a redação que lhe foi dada pela Portaria 350/2013,

    de 3 de dezembro).

    4 É curioso que a atualização e retificação de registos na lista pública de execuções é da competência da secretaria,quando a responsabilidade dos dados dela constantes é do agente de execução, a maioria das vezes, solicitador deexecução ou advogado. Acresce que este ato é urgente e deve ser efetuado no prazo máximo de dois dias, sobpena de, não havendo decisão, este facto ser comunicado ao Conselho Superior da Magistratura e ao Conselhodos Oficiais de Justiça (cfr. art.º 16.º-B, n.ºs 2, 3 e 5 do Decreto-Lei n.º 201/2003, de 10/9 e art.ºs 4.º e 10.º daPortaria n.º 313/2009, de 30 de março).5 Esta consulta direta é feita eletronicamente a partir do sistema informático de suporte à atividade do agente deexecução (art.º 2.º, n.º 1 da Portaria n.º 331-A/2009, de 30 de março, com as alterações introduzidas pela Portaria350/2013, de 3 de dezembro). 

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    14 Manual de apoio / Ação Executiva

    De harmonia com o disposto no n.º 7 do art.º 720.º, na falta de disposição

    especial, o agente de execução tem 5 dias para efetuar as notificações da sua

    competência, assim como para iniciar as diligências de penhora (art.º 748.º) e

    10 dias para os demais atos. 

    O juiz de execução  passa a ter um papel interventivo na fase liminar do

    processo executivo quando siga a forma ordinária (art.º 723.º), e um poder geral de

    controlo nos termos do art.º 6.º e 411.º, mantendo-se reservado ao exequente, como

    aliás já acontecia no regime cessante, a possibilidade de substituição do agente de

    execução, agora, com a obrigatoriedade de expor os motivos pelos quais se pretende

    a substituição, nos termos definidos no n.º 4 do art.º 720.º.

    De acordo com o disposto no n.º 3 do art.º 720.º, em regra, as funções deagente de execução são desempenhadas por solicitador ou advogado  que, sob

    fiscalização da Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça6,

    exerce as competências específicas de agente de execução e as demais funções

    atribuídas por lei – cfr. art.ºs 116.º e 117.º do Estatuto da Câmara dos Solicitadores,

    aprovado pelo Dec. Lei n.º 88/2003, de 26/04, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º

    226/2008, de 20 de novembro.

    Só assim não será nas seguintes situações:

     Nas execuções em que o Estado7 seja exequente, as funções de agente de

    execução são sempre realizadas por oficial de justiça. Afigura-se-nos que

    esta competência não se estende aos exequentes isentos de custas, como é

    o caso, por exemplo, do Fundo de Garantia Automóvel que, formalmente

    integrado no Instituto de Seguros de Portugal, é materialmente um

    instituto público. Não se vislumbra qualquer possibilidade de interpretar,

    quer literal quer juridicamente, a norma em análise - art.º 722.º, n.º 1, al.

    a), no sentido de associar ao Estado a isenção de custas de que, aliás, não

    beneficia.8 

    6 A Comissão de Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (CAAJ), criada pela Lei n.º 77/2013, de 21 de novembro,é responsável pelo acompanhamento, fiscalização e disciplina dos auxiliares da justiça, sucedendo à Comissão para aEficácia das Execuções na sua atuação junto dos agentes de execução, mas com competências mais alargadas,nomeadamente junto dos administradores judiciais, bem como outros auxiliares da justiça nos termos que a leidetermine. O Estatuto da Câmara dos Solicitadores, nos seus art.ºs 69.º-B e seguintes, deverá, assim, ser analisadocom as necessárias adaptações introduzidas pela Lei n.º 77/2013, de 21 de novembro.7 Representado pelo Ministério Público nos termos das competências previstas no seu estatuto (art.º 3.º da Lei n.º60/98, de 28/08).8  Se o legislador assim o entendesse, teria acrescentado os isentos de custas aos exequentes que veriam as suasexecuções tramitadas pelo oficial de justiça, nas vestes de agente de execução, como, aliás, fez o  legislador decustas ao isentar o Ministério Público de custas nos termos do art.º 4.º, n.º 1, al. a) do Regulamento das CustasProcessuais. 

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    15 Manual de apoio / Ação Executiva

    Repare-se que, o oficial de justiça não é designado de agente de

    execução, apenas exercendo funções como tal, não lhe sendo aplicável o

    estatuto de agente de execução (cfr. n.º 2 do art.º 722.º)9;

     

    Nas execuções em que o Ministério Público represente o exequente - art.º

    722.º, n.º 1, al. b);

      Quando o Juiz o determine, a requerimento do exequente, fundado na

    inexistência de agente de execução inscrito na comarca onde pende a

    execução ou quando ocorra qualquer causa impediente de intervenção

    do agente inscrito de entre as previstas nos artigos 120.º a 122.º, e 129.º

    do Estatuto da Câmara dos Solicitadores e art.ºs 39.º e 40.º da Portaria

    282/2013, de 29 de agosto (incompatibilidade, impedimento, escusa,substituição, destituição), e na desproporção manifesta dos custos que

    decorreriam da atuação de agente de execução de outra comarca - art.º

    722.º, n.º 1, al. c)10;

      Quando o juiz o determine a requerimento do agente de execução, se as

    diligências executivas implicarem deslocações cujos custos se mostrem

    desproporcionados e não houver agente de execução no local11 onde deva

    ter lugar a sua realização - art.º 722.º, n.º 1, al. d);

      Nas execuções de valor não superior ao dobro da alçada do tribunal de 1.ª

    instância (até €10.000) em que sejam exequentes pessoas singulares, e

    que tenham como objeto créditos não resultantes de uma atividade

    comercial ou industrial, desde que o solicitem no requerimento executivo e

    paguem a taxa de justiça devida - art.º 722.º, n.º 1, al. e);

      Nas execuções de valor não superior à alçada da Relação (até € 30.000),

    se o crédito exequendo for de natureza laboral  e se o exequente o solicitar no requerimento executivo e pagar a taxa de justiça devida- art.º

    722.º, n.º 1, al. f);

    9 Às diligências de execução promovidas por oficial de justiça, aplicam-se as disposições da Portaria n.º 282/2013, de29 de agosto, com as devidas adaptações (art.º 59.º, n.º 1 daquela Portaria). 10 Com base na nova Organização judiciária, introduzida pela Lei n.º 62/2013 de 26 de agosto, as comarcas passaram,com exceção de Lisboa e Porto, a ser coincidentes com as áreas dos distritos administrativos, pelo que, parece-nosaltamente improvável a inexistência ou escassez de agentes de execução em qualquer uma das comarcas.11  Repare-se que, neste caso, houve o cuidado de não ter como base de referência a inexistência de agente deexecução na comarca, mas sim no local onde se deva realizar a diligência executiva. 

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    16 Manual de apoio / Ação Executiva

      Quando o exequente beneficie de apoio judiciário na modalidade de

    atribuição de agente de execução12, as funções de agente de execução

    serão desempenhadas pelo oficial de justiça;

     

    Nas execuções instauradas antes de 15 de Setembro de 2003, estando

    definido que os atos da competência do agente de execução, ao abrigo da

    Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, competem ao oficial de justiça. Fica assim

    afastada a possibilidade de aqui exercerem funções de agente de execução

    os solicitadores e os advogados13.

    3.1  Competências

    O art.º 719.º atribui ao agente de execução competência para efetuar todas as

    diligências do processo executivo que não sejam atribuídas à secretaria, ou sejam da

    competência do juiz, tais como citações, notificações, publicações, consultas de

    bases de dados, penhoras e seus registos, liquidações e pagamentos.

    Compete, ainda, ao agente de execução, assegurar a realização dos atos

    emergentes do processo que careçam da sua intervenção, mesmo após a extinção da

    instância.

    De forma clara e inequívoca fica esclarecido que compete à secretaria exercer

    as funções que lhe são cometidas pelo artigo 157.º, na fase liminar e nos

    procedimentos ou incidentes de natureza declarativa14, salvo no que respeita à

    citação, que será efetuada por agente de execução ou oficial de justiça (quando este

    exercer as funções de agente de execução).

      Designação do agente de execução

    As competências específicas de agente de execução e as demais funções que

    lhe forem atribuídas podem ser exercidas por solicitadores e advogados, nos termos

    do Estatuto da Câmara dos Solicitadores e da lei e sob fiscalização da Comissão para

    12“Quando seja concedido apoio judiciário na modalidade de atribuição de agente de execução, este é sempre umoficial de justiça, determinado segundo as regras da distribuição.”- Art.º 35.º-A da Lei n.º 34/2004, de 29/7.13 A uniformização da tramitação da ação executiva, preconizada pela Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, introduziu afigura do agente de execução nas execuções instauradas antes de 15 de setembro de 2003 (art.º 6.º n.ºs 1 e 2 dodiploma preambular).14 Oposição (à execução e à penhora), incidente de comunicabilidade da dívida, reclamação de créditos, habilitaçãode sucessores, embargos de terceiro ou outros procedimentos incidentais de natureza declarativa. 

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    17 Manual de apoio / Ação Executiva

    o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça – art.º 116.º e seguintes do Decreto-

    Lei n.º 88/2003, de 26 de Abril e Lei n.º 77/2013, de 21 de novembro.15 

    O agente de execução é designado pelo exequente no requerimento inicial  

    (cfr. art.º 720.º n.º 1), ficando a designação sem efeito se o agente, no prazo de 5

    dias a contar da apresentação do requerimento, declarar (por via eletrónica) que a

    não aceita, nos termos do art.º 36.º, n.ºs 2 e 3 da Portaria n.º 282/2013, de 29/08. A

    não aceitação é imediatamente notificada ao mandatário judicial da parte que

    procedeu à designação, mediante aviso gerado pelo sistema informático de suporte à

    atividade dos tribunais. Na falta de designação, no prazo de 5 dias, pelo exequente,

    ou ficando a designação sem efeito, é a mesma efetuada pela secretaria, segundo a

    escala constante da lista oficial16, de forma aleatória e automática. (cfr. art.º 720.º,

    n.º 2 e art.º 36.º, n.º 4 da Portaria n.º 282/2013).

    Idêntico procedimento será adotado, pela secretaria, se o exequente omitir no

    requerimento a indicação ou designação de agente de execução, realçando-se que

    esta omissão, face ao disposto no n.º 2 do art.º 720.º, jamais constitui motivo de

    recusa do requerimento executivo, como adiante se verá.

    Na falta de agente de execução inscrito ou registado na comarca, a seleção

    far-se-á de entre os inscritos ou registados nas comarcas limítrofes, com aparticularidade de o exequente poder requerer que as diligências sejam efetuadas

    por oficial de justiça nos termos previstos no art.º 722.º n.º 1 c), o que, com o

    alargamento da base territorial das comarcas, que passam a reunir múltiplos

    municípios, conforme estabelecido na  Lei n.º 62/2013 de 26 de agosto (e respetiva

    regulamentação) se torna praticamente inviável de suceder.

    A realização de diligências executivas que impliquem deslocações cujos custos

    se mostrem desproporcionados, podem ser efetuadas por agente de execução, ou, na

    sua falta, por oficial de justiça (esta última a requerimento do agente de execução e

    mediante despacho judicial –  cfr. art.º 722.º, n.º 1 al. d), do local onde deva ter

    lugar o ato ou a diligência, o qual agirá sob a responsabilidade do solicitante.

    Repare-se que, nesta situação, houve o cuidado de não limitar a delegação de

    competências quando se trate de realização de diligência em comarca distinta

    15 De notar que o agente de execução não está na dependência funcional do juiz, como se encontrava o solicitador deexecução nos termos definidos no art.º 116.º do Estatuto da Câmara dos Solicitadores na redação anterior aoDecreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11, nem tão pouco se acha agora submetido ao controlo do juiz.16  Disponibilizada pela Câmara dos Solicitadores em página informática e pesquisável por Comarca (art.º 41.º daPortaria n.º 282/2013) 

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    18 Manual de apoio / Ação Executiva

    daquela em que o agente de execução opera, mas sim ao local onde deva ocorrer a

    diligência17.

    O agente de execução pode, sob sua responsabilidade e supervisão, promover

    que a realização de diligências materiais sejam efetuadas por empregado ao seu

    serviço, devidamente credenciado, desde que não impliquem a apreensão material

    de bens, a venda ou o pagamento.

    3.2  Substituição e destituição do agente de execução

    Substituição do agente de execução  pelo exequente (art.º 720.º, n.º 4 CPC e

    art.º 38.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto).

    Com a crescente desjudicialização da ação executiva, o controlo do processopassa a estar na disponibilidade do exequente.

    Nesse sentido, permite-se que o exequente possa substituir o agente de

    execução (solicitador ou advogado). É uma medida que tem a sua contrapartida no

    acrescido dever de informação do agente de execução ao exequente (e não ao

    Tribunal) e com o reforço do controlo disciplinar dos agentes de execução, através da

    criação de um órgão de composição plural, apto a exercer uma efetiva fiscalização

    da sua atuação, que é a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça(cfr. competências - art.º 69.º-C do Estatuto da Câmara dos Solicitadores e Lei n.º

    77/2013, de 21/11).

    O pedido de substituição deverá conter a exposição do respetivo motivo, e

    quando efetuado por via eletrónica deverá constar de requerimento próprio

    disponibilizado no sistema informático de suporte à atividade dos tribunais (art.º

    720.º, n.º 4 CPC e art.º 38.º n.º 1 da Portaria 282/2013, de 29/08).

    O agente de execução substituído é notificado da substituição através dosistema informático de suporte à atividade dos agentes de execução, passando a

    substituição a produzir efeitos a partir dessa data, e é logo indicado, pelo

    exequente, o seu substituto, o qual é, pelos mesmos meios, notificado da

    substituição – cfr. art.º 38.º, n.ºs 2 a 4 da Portaria n.º 282/2013, de 29/08.

    17 Neste caso, tendo em conta que as listas de agentes de execução se encontram pesquisáveis por comarcas (art.º41.º da Portaria 282/2013), poderá surgir uma dificuldade acrescida por parte dos agentes de execução quandopretendam efetuar uma delegação de competências, não lhe restando outra alternativa que não seja a de utilizarcomo critério de seleção a morada do escritório do agente de execução que se encontre mais perto do local dadiligência a realizar.

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    19 Manual de apoio / Ação Executiva

    Caso o agente de execução substituto não aceite a designação, no prazo de 5

    dias, a secretaria designa imediatamente novo agente de execução substituto nos

    termos previstos no art.º 38.º, n.º 5 da Portaria n.º 282/2013, de 29/08.

    Substituição do agente de execução  por outras razões (art.º 39.º da Portaria

    n.º 282/2013, de 29 de agosto).

    Tem também lugar a substituição por morte, incapacidade definitiva,

    cessação de funções do agente de execução, bem como por motivos de natureza

    disciplinar , quando lhe for aplicada pena de expulsão ou de suspensão por

    período superior a 10 dias.

    Se o exequente não efetuar a designação do agente de execução substituto no

    prazo de 20 dias a contar da receção, pelo Tribunal, da notificação da decisão

    recebida da Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça18 nos termos

    do parágrafo anterior, a secretaria designa agente de execução substituto  nos

    termos do n.º 2 do art.º 720.º.

    A secretaria deverá proceder de forma idêntica quando o exequente designar

    agente de execução substituto e este declarar que não aceita.

    Destituição do agente de execuçãoA destituição do agente de execução é realizada pela CAAJ nos termos previstos

    no n.º 4 do art.º 720.º e no art.º 40.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto).

    Se o exequente não efetuar a designação do agente de execução substituto, no

    prazo de 5 dias, a contar da receção, pelo tribunal, da notificação da decisão

    recebida da Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça nos termos

    do parágrafo anterior, a secretaria designa agente de execução substituto nos

    termos do n.º 2 do art.º 720.º.

    A secretaria deverá proceder de forma idêntica quando o exequente designar

    agente de execução substituto e este declarar que não aceita.

    18  A lei n.º 77/2013, de 21 de novembro, instituiu a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça(CAAJ), extinguindo a Comissão para a Eficácia das Execuções (CPEE) de que fala a Portaria n.º 282/2013, de 29 deagosto.

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    20 Manual de apoio / Ação Executiva

    4. Pendência do Processo Executivo (n.º 5 do art.º 551.º)

    A Lei 41/2013, de 26 de junho veio dispor, no seu artigo 551.º, n.º 5, que o

    «processo de execução corre no tribunal quando seja requerida ou decorra da lei a

    prática de ato da competência da secretaria ou do juiz e até à prática do mesmo»,

    fazendo assim clara distinção entre os momentos em que o processo é da

    responsabilidade do tribunal e os momentos em que não é. Esclarece-se que este

    mecanismo apenas se aplica aos processos de execução em que o agente de

    execução não seja oficial de justiça.

    Assim, com a entrada em vigor do n.º 5 do art.º 551.º o processo apenas pode ser

    tramitado em tribunal desde que exista um pedido  solicitando a sua intervenção,mesmo que o pedido seja originado pela própria secretaria ou juiz (não havendo

    entrada de atos, poderá ser necessária a prática de um ato processual por parte da

    secretaria ou do juiz).

    No CITIUS, os atos dos agentes de execução (advogados e solicitadores de

    execução) têm recetáculos próprios na área das “Pastas”. 

    Contudo, revelou-se necessário, na concretização do art.º 551.º n.º 5, que para

    além das pastas de entrada dos atos praticados pelo agente de execução que

    impliquem uma ação do Tribunal (“Atos AE para a Secretaria” e “Atos do AE para

    conclusão”) fosse criada uma forma de proceder à consulta dos pedidos existentes

    com base nesses atos.

    Os atos dos agentes de

    execução que não carecerem de

    qualquer intervenção do tribunal

    entram diretamente para o históricodo processo eletrónico, sem que a

    entrada seja registada em qualquer

    das pastas de receção de papéis,

    nem seja criado qualquer pedido de

    intervenção.

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    21 Manual de apoio / Ação Executiva

    A ferramenta de consulta de Gestão de Pedidos  permite visualizar quais os

    pedidos que se encontram no tribunal e filtrar o tipo de pedidos e o intervalo de

    datas em que ocorreram:

    Uma vez que relativamente aos processos pendentes à data da entrada em

    vigor desta ferramenta, (1 de janeiro de 2014), e que ainda não se encontram

    classificados, se desconhece se existem pedidos pendentes, ao aceder a esses

    processos irá surgir a seguinte mensagem:

    O acesso ao processo encontra-

    se nesta altura restrito à

    consulta do histórico, o que

    permite confirmar se existe(m)

    ou não pedido(s) de

    intervenção.

    Não será possível aceder ao

    processo enquanto não for

    respondida a questão que surge

    no ecrã. Após confirmação que não existe qualquer pedido, devemos responder

    escolhendo a opção «não» e «confirmar».

    Esta mensagem ocorre uma única vez em cada processo, caso seja dada resposta,

    pelo que requer uma atenção especial e rigorosa por parte do oficial de justiça

    dado que o processo deixa de estar pendente em tribunal.

    Como proceder caso responda de forma errada à questão que surge no

    ecrã pela primeira vez?

    Se respondeu «não» à questão inicial, e entretanto, analisando melhor o

    processo, verifica que a resposta correta deveria ser sim (ou vice-versa) é possívelproceder à anulação dessa operação.

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    22 Manual de apoio / Ação Executiva

    Para esse efeito, pode aceder

    ao módulo de utilitários, e escolher

    a opção «gestão de pedidos». Neste

    módulo é possível confirmar seexistem pedidos pendentes,

    visualizar a totalidade dos pedidos

    existentes no âmbito desse processo,

    escolher os pedidos abertos, os

    finalizados (ou ambos) ou escolher

    um intervalo de datas para proceder à consulta.

    Para proceder à anulação da classificação efetuada, deverá selecionar o

    pedido, clicar no botão direito do rato, e escolher a opção «anular confirmação do

    pedido»:

    Neste caso, o pedido deixa de estar «aberto», e ao entrar novamente no

    processo irá surgir a mensagem inicial para confirmar se existem pedidos pendentes

    em momento anterior a 1 de janeiro de 2014.

    Independentemente da proveniência do(s) pedido(s), a questão fulcral é saber

    se o processo está dependente de um ato a praticar no tribunal. Repare-se que o

    processo pode estar a decorrer normalmente no agente de execução, em diligências

    de penhora, e o exequente vir requerer a intervenção do tribunal (ex: solicitar uma

    certidão). Neste caso, apesar de o processo se encontrar na esfera de atuação do

    agente de execução, o que é um facto é que este requerimento vai despoletar um

    pedido na secretaria.

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    23 Manual de apoio / Ação Executiva

    Após 1 de janeiro de 2014, a aplicação recebe pedidos já classificados, tanto

    do agente de execução, dos mandatários, ou das partes (através da secção central). 

    O pedido já se encontra aberto e classificado automaticamente pelo sistema (com

    a entrada do ato processual que o originou, como por exemplo um pedido que tempor base a reclamação de um ato).

    No que respeita à secção

    central, deverá ser escolhida,

    sempre que se adeque, na seleção

    dos papéis entrados, uma das

    quatro opções seguintes referentes

    à execução:

    Com este procedimento a

    aplicação dá início, de forma

    automática, a um pedido.

    Quanto ao Citius Web os atos que geram pedidos são os seguintes:

    Requerimento de redução/isenção da penhora

    Reclamação de ato

    Requerimento ao tribunal para outras questões

    Requerimento para emissão de certidão

    Quanto ao SISAAE os atos que geram pedidos são os seguintes:

    Juiz - Apreciação Apoio Judiciário (AE)

    Falta de pagamento de taxa de provisão (AE)

    Remessa ao Juiz - outras (AE)

    Requerimento ao processo (outro) (AE)

    Juiz - Resposta a pedido de relatório/estado (AE)

    Não Aceitação (AE)

    Juiz - Verificação de pressupostos de extinção (AE)

    Juiz - Verificação de pressupostos de suspensão (AE)

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    24 Manual de apoio / Ação Executiva

    Pedido de autorização para citação edital (AE)

    Juiz - citação edital nos termos do n.º2 do 119º do CRP (AE)

    Pedido de levantamento de sigilo fiscal (AE)

    Pedido de levantamento de sigilo - Outras (AE)

    Autorização de auxílio de forças policiais - Arrombamento (AE)

    Autorização de auxílio de forças policiais - Receio justificado de resistência à penhora (AE)

    Pedido de autorização para apreensão - Outros bens móveis sujeitos a registo (AE)

    Requerimento a solicitar marcação de dia e hora de abertura de propostas (AE)

    Secretaria – Balanço de custas (AE)

    Juiz - Requerimento para intervenção de oficial de justiça (AE)

    Juiz- apreciação liminar de penhora imóvel/est. comercial (AE)

    Juiz- Pedido autorização de venda antecipada/urgente (AE)

    Junção comprovativo citação prévia (AE)

    Juiz- Pedido consulta base de dados - terceiros (AE)

    Reclassificação de Pedidos

    Sempre que os pedidos, classificados automaticamente pela entrada de um ato

    processual, não correspondam à classificação efetuada, existe a possibilidade de

    reclassificar o pedido, i.e, um pedido que entrou como «Auxílio de forças policiais»,

    quando deveria ter sido como «informação sigilosa ou confidencial», acedendo ao

    módulo de gestão de pedidos, escolhendo a opção «reclassificar»:

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    25 Manual de apoio / Ação Executiva

    Perante um pedido pendente, i.e. com um pedido de intervenção «aberto», em

    princípio, será necessário praticar um ato e finalizar o pedido.

    A prática de determinados atos, nomeadamente a generalidade das

    notificações, ofícios ou termos, despoleta de forma automática a possibilidade de

    fechar o pedido.

    Tomemos o exemplo da  prática de um ato dirigido ao agente de execução a

    notificá-lo de uma junção de documentos. Com a conversão em versão final da

    notificação surge a seguinte mensagem:

    Se a notificação que estamos a efetuar encerra o

    pedido existente, deverá ser escolhida essa opção,

    selecionando o pedido que se pretende fechar:

    Para poder prosseguir, deve selecionar-se uma das quatro opções disponíveis

    (deferido; deferido parcialmente; indeferido; outro) no campo «modalidade do

    termo»:

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    26 Manual de apoio / Ação Executiva

    Para finalizar um pedido sem recorrer à prática de um ato, após selecionar o

    ato processual que finaliza o pedido, clicar no botão do lado direito do rato, escolher

    a opção «ato processual», finalizar pedido de intervenção»:

     

    Prática de atos sem qualquer pedido aberto

    Para a prática de atos sem que esteja pendente qualquer pedido, a aplicação

    vai obrigar a que seja aberto um pedido no momento da colocação do documento

    em versão final.

    É permitida a escolha do destino do pedido  (ato processual a praticar pelo

    juiz, ou apenas pela secretaria):

    Logo que seja iniciado o pedido com a prática de um ato (ex. notificação,ofício ou termo) é possível que surja a mensagem para a finalização do pedido:

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    27 Manual de apoio / Ação Executiva

    Caso seja selecionada a opção de continuar, sem que seja escolhido qualquer

    pedido a finalizar, irá surgir o seguinte alerta:

    Ao selecionar a opção «continuar» o ato processual é praticado sem que o

    pedido de intervenção seja finalizado (pressupõe que aquele ato ainda não encerra o

    pedido e que o processo ainda se encontra a aguardar a prática de um outro ato da

    secretaria ou do juiz, pelo que deverá ser efetuado de forma cautelosa).

    Respondendo «cancelar», podemos voltar ao ecrã anterior, selecionar o pedido

    que pretendemos finalizar, escolher a modalidade do «termo» do pedido (deferido;

    indeferido; parcialmente deferido ou outro) e prosseguir com a finalização, clicando

    no botão «continuar».

     

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    28 Manual de apoio / Ação Executiva

    5. A ação executiva – caracterização

    A ação executiva não visa a definição do direito violado, mas a sua reparação

    efetiva a partir do pedido formulado pelo titular do direito (exequente) através dorequerimento executivo, em que o credor requer as providências adequadas à

    realização coativa de uma obrigação que lhe é devida, tendo por base um título pelo

    qual se determinam o seu fim e limites – cfr. art.ºs 2.º e 10.º, n.ºs 4 e 5.

     A causa de pedir na ação executiva, como seu fundamento substantivo, é a

    obrigação exequenda, sendo o título executivo o instrumento documental

     privilegiado da sua demonstração – Ac. STJ n.º JSTJ000 in www.dgsi.pt. 

    Conforme consta do art.º 2.º, n.º 2, a realização coerciva do direito violado significa a realização coerciva pela via judicial para reparar esse mesmo direito.

    Para tanto, é imprescindível que o direito que se pretende fazer valer na ação

    executiva conste dum título executivo.

    A ação executiva  é o meio próprio para a realização da prestação não

    cumprida, para a reparação do direito que esteja definido no título que serve de

    base a essa mesma execução.

    A execução tem por finalidade efetivar coercivamente a realização do direito

    definido no título executivo ou, caso essa efetivação não seja possível, a substituição

    da prestação devida por um benefício equivalente, à custa do património do devedor

    (art.ºs 821.º, n.º 1 e 817.º do C.C.).

    No fundo, trata-se de providenciar pela reparação material coativa do

    direito do exequente.

    O direito processual subsidiário:

    —  A ação executiva rege-se, em primeira linha, pelas normas próprias (art.ºs 53.º

    a 58.º, 85.º a 90.º, 550.º e 551.º, 626.º e 703.º a 877.º), sendo que os art.ºs

    703.º a 723.º se revestem de carácter geral;

    —  Em segundo lugar, a ação executiva rege-se, a título subsidiário, pelas

    disposições reguladoras do processo de declaração (n.º 1.º do art.º 551.º);

    http://www.dgsi.pt/http://www.dgsi.pt/http://www.dgsi.pt/http://www.dgsi.pt/

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    29 Manual de apoio / Ação Executiva

    Confidencialidade - Art.º 164.º

      Os processos de Execução só podem ser facultados aos executados e

    respetivos mandatários após citação, ou tratando-se de execução de decisão judicial,após a notificação da penhora e independentemente de citação ou notificação, é

    vedado aos executados e respetivos mandatários o acesso à informação sobre os bens

    indicados pelo exequente para penhora e aos atos introdutórios da mesma.

      A regra passa a ser que após a citação (ou notificação no caso da execução

    de sentença nos próprios autos) o processo passe a estar disponível para os

    executados  (e respetivos mandatários) com a exceção dos atos instrutórios da

    penhora e dos bens indicados pelo exequente à penhora

    19

    .

      A ocultação dos atos processuais é assegurada pelo próprio sistema

    informático, estando já pré-definido quais os atos que devem ficar ocultos. Ficam

    ocultos os bens indicados à penhora no requerimento executivo enviado via CITIUS,

    bem como qualquer requerimento posterior indicando bens à penhora, enviado pelo

    mesmo meio.

    19 Nos casos em que o requerimento executivo é apresentado em papel e seja possível efetuar a sua digitalização,deverá ter-se em atenção que os anexos de indicação de bens à penhora (ANEXO P1 a ANEXO P9) não devem serincluídos. 

    Para os requerimentos que dão

    entrada em papel na secção

    central também existe a

    possibilidade de  ficarem

    classificados automaticamente

    como ocultos, caso a

    secretaria proceda à seleção

    da opção “requerimento com

    indicação de bens à

     penhora”.

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    30 Manual de apoio / Ação Executiva

    Foi ainda disponibilizada uma ferramenta para que o oficial de justiça,

    clicando no lado direito do rato em cima do ato que pretende classificar, possa

    escolher se o ato se deve manter oculto ou ficar visível para o executado e

    respetivo mandatário. Igual procedimento pode ser adotado caso, por exemplo, sejadeterminado mediante despacho judicial que um determinado documento passe a

    estar disponível para consulta:

    Relativamente aos atos que passam a ficar disponíveis ao executado (e

    respetivo mandatário) a partir da sua citação, será necessário colocar nos detalhes

    do interveniente (executado) a informação que já se encontra citado 

    (Interveniente citado/notificado (cf. art. 626.º), garantindo desta forma, de igualmodo, que no caso de pluralidade de executados apenas aquele em que foi inserido o

    detalhe (bem como o respetivo mandatário que lhe esteja associado) passe a ter

    acesso ao processo (a seleção dos atos cujo acesso é vedado mesmo após a citação

    continua a ser assegurada pelo sistema informático de forma automática).

    Nas execuções tramitadas por agente de execução, também se encontra disponível aopção referida no sistema SISAAE, e que transporta de forma automática esse detalhepara a aplicação CITIUS, pelo que a opção Interveniente citado/notificado (cf. art.

    626.º CPC), apenas terá de ser inserida pelo oficial de justiça nas execuções em queexerça as funções de agente de execução.

    Requerimento

    Indicação que o ato se encontra oculto

    Nota: A opção disponibilizar documento a Mandatário / ocultar documento a Mandatário estará associada apenas a determinado tipo de atos processuais previamente definidos, e sóestará disponível em atos praticados após a entrada em vigor do novo CPC.

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    31 Manual de apoio / Ação Executiva

    Para aceder aos detalhes do interveniente deverá selecionar o interveniente,pressionar o botão direito do rato, escolher a opção interveniente, detalhes dointerveniente:

    Em alternativa, pode selecionar o interveniente e pressionar a tecla de atalho“F4”, aparecendo de imediato a janela de detalhes do interveniente: 

    6. A ação executiva – Classificação consoante o fim

    A lei distingue três tipos de ações executivas, consoante o fim  a que as

    mesmas se destinam ou de acordo com a forma de processo aplicável.

    Assim, a ação executiva pode ter por finalidade (art.º 10.º, n.º 6):

    a)  Pagamento de quantia certa  - o exequente pretende obter o

    cumprimento de uma obrigação pecuniária através da penhora de bens do

    executado, os quais posteriormente são vendidos, revertendo o produto

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    32 Manual de apoio / Ação Executiva

    da venda a favor do exequente até ao montante do seu crédito –  cfr.

    art.ºs 724.º a 858.º.

    b) 

    Entrega de coisa certa  - o exequente se assume como titular de umdireito à prestação de uma coisa determinada e requer ao tribunal que

    apreenda essa coisa ao devedor e seguidamente lha entregue (art.º 827.º

    do C.C.). A lei permite que se a coisa a entregar não for encontrada, o

    exequente efetue uma liquidação do seu valor e do prejuízo resultante da

    falta da entrega, procedendo-se de seguida à penhora nos bens do

    executado, suficientes para pagamento da importância apurada (cfr.

    art.ºs 859.º a 867.º).

    c)  Prestação de facto (positivo ou negativo)20 é a que se funda em título

    que impõe ao devedor uma obrigação de prestar ou não prestar um facto,

    fungível ou infungível21 - cfr. art.ºs 868.º a 877.º do CPC e 828.º a 829.º-A

    do Cód. Civil.

    Sendo a prestação de facto fungível, o exequente pode requerer que ela seja

    prestada por outrem à custa do património do devedor (art.º 828.º do C.C.), sendo,

    neste caso, penhorados e vendidos os bens do executado necessários ao pagamentoda obrigação equivalente à que consta do título executivo.

    Caso a prestação de facto seja  infungível  (quando não se pode obter de

    terceiro a prestação) e não tendo a prestação sido cumprida voluntariamente pelo

    devedor, a obrigação extingue-se, uma vez que o credor não pode obter a sua

    execução forçada.

    Assim, o exequente só poderá pretender a apreensão e venda dos bens do

    devedor, suficientes para indemnizá-lo do dano sofrido com  o incumprimento  e

    20 “ A condenação dos réus a não impedirem a realização de obra nova ou de reparação implica uma obrigação de prestação de facto negativa, na modalidade de obrigação de tolerância ou de deixar fazer (obrigação de pati).

    O processo próprio para executar este tipo de obrigação é o de execução para prestação de  facto negativo” (art.º876.º CPC).

    Sumário do Ac. TRGuimarães de 19/11/2003, proc.º 1897/03-1 – www.dgsi.pt.

    21  A prestação diz-se fungível quando pode ser realizada por pessoa diversa do devedor com satisfação do interessedo credor, sendo-lhe indiferente que ela seja realizada pelo devedor ou por outra pessoa qualquer – cfr. art.º 828.ºdo C.Civil.

    De modo inverso,  prestação infungível  é aquela que tem de ser efetuada pelo devedor para satisfação dointeresse do credor.

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    33 Manual de apoio / Ação Executiva

    requerer que o devedor seja condenado ao pagamento de uma quantia por cada dia

    de atraso no cumprimento (cfr. art.º 829.º-A do Código Civil).

    O  facto  que o devedor estiver obrigado a prestar pode ser  positivo  ou

    negativo, assim a obrigação se traduza em “fazer” ou “não fazer”.

    Exemplos:

      Se o devedor estiver obrigado a demolir um muro, está em causa a

    prestação dum facto positivo.

      Se o devedor estiver obrigado a “não” demolir um muro, está em

    causa a prestação dum facto negativo.

    Ação Executiva - Forma de processo

    7. Processo Comum

    O Processo comum para pagamento de quantia certa é ordinário ou sumário

    (cfr. n.º 1 do art.º 550.º).

    No que respeita ao processo comum para pagamento de quantia certa, emprega-

    se o PROCESSO SUMÁRIO nas execuções baseadas em:

      decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada no

    próprio processo;

      requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;

      título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca

    ou penhor;

     

    título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda odobro da alçada22 do tribunal de 1.ª instância.

    Não é, porém, aplicável a forma sumária, à contrário, aplica-se o PROCESSO

    ORDINÁRIO, nas seguintes execuções:

    22 Sobre o valor das alçadas consultar art.º 44.º da Lei 62/2013, de 26 de Agosto - Organização do Sistema Judiciário 

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    34 Manual de apoio / Ação Executiva

      Nos casos previstos nos artigos 714.º e 715.º, ou seja, na escolha da prestação

    na obrigação alternativa, e na obrigação condicional ou dependente

    prestação, respetivamente;

     

    Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e aliquidação não dependa de simples cálculo aritmético (título extrajudicial;

    decisão judicial ou equiparada - quando não vigore o ónus de proceder à

    liquidação no âmbito do processo de declaração; e decisões arbitrais);

      Quando, havendo título executivo, diverso de sentença apenas contra um dos

    cônjuges, o exequente alegue a comunicabilidade da dívida no requerimento

    executivo;

      Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja

    renunciado ao benefício da excussão prévia.  Sendo o Título extrajudicial de obrigações pecuniárias vencidas, não garantido

    por hipoteca ou penhor, o valor seja superior ao dobro da alçada de 1.ª

    Instância.

    À execução sumária para pagamento de quantia certa aplicam-se

    subsidiariamente as disposições do processo ordinário, (cfr. n.º 3 do art.º 550.º e n.º

    3 do art.º 551.º).

    O processo de execução para entrega de coisa certa e para prestação de

    facto segue forma única, sendo-lhe aplicáveis, na parte em que o puderem ser, as

    disposições relativas à execução para pagamento de quantia certa (cfr. n.º 4 do art.º

    550.º e n.º 2 do art.º 551.º).

    8. Processo Especial

    O Processo especial aplica-se nos casos especialmente previstos no Código ouem leis extravagantes. Como exemplos desta forma de processos temos:

    -  Execução por alimentos (cfr. art.ºs 933.º e segs.);

    -  Execução por custas  (cfr. art.º 35.º do Regulamento das Custas

    Processuais aprovado pelo Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de

    fevereiro);

    -  Execução para venda de navio abandonado (cfr. art.ºs 17.º e 18.º do

    Dec. Lei n.º 202/98, de 10 de julho).

    Investidura em cargo social (cfr. art.ºs 1070.º e 1071.º).

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    35 Manual de apoio / Ação Executiva

     As execuções especiais regem-se pelas disposições que lhes são próprias e

    subsidiariamente pelas que regem a execução ordinária – art.º 551.º, n.º 4.

    Para a execução por custas, tendo em conta o disposto no n.º 5 do ar.º 35.º do

    Regulamento das Custas Processuais, aplicam-se subsidiariamente as disposiçõesrelativas à execução sumária. O mesmo se aplica para as execuções por multa ecoima, tendo em conta o disposto no n.º 2 do art.º 491.º do CPP e o n.º 2 do art.º89.º do D.L. n.º 433/82, de 27 de outubro.

    *

    Há ainda que ter em conta o disposto no art.º 551.º, n.º1, que determina que

    são subsidiariamente aplicáveis  ao processo de execução, com as necessárias

    adaptações, as disposições reguladoras do processo de declaração.

    9. Pressupostos processuais

    Pressupostos processuais são os requisitos necessários ao regular

    desenvolvimento da instância executiva.

    A ausência de um ou mais pressupostos processuais da ação declarativa

    impossibilita o juiz de se pronunciar sobre o mérito da causa.

    Na ação executiva, o tribunal deve verificar se estão reunidos os pressupostos

    processuais mínimos e indispensáveis para que a mesma possa prosseguir (cfr. art.ºs

    6.º, 726.º e n.ºs 1 e 2 do art.º 734.º).

    Assim, a ação executiva está sujeita, tal como a ação declarativa, a

    pressupostos gerais, tais como:

      capacidade e personalidade judiciária;

      legitimidade das partes;

      patrocínio judiciário; e

      competência do tribunal.

    Mas, a ação executiva, além de estar sujeita àqueles pressupostos, está ainda

    sujeita a outros, que lhe são específicos, tais como: o título executivo, a certeza, a

    exigibilidade da prestação e a liquidez da obrigação exequenda.

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    36 Manual de apoio / Ação Executiva

      Pressupostos específicos da ação executiva

    Título executivo

    Título executivo23 é um documento escrito no qual consta a existência de um

    direito subjetivo nele incorporado, contendo os sujeitos dessa relação, da prestação

    e do fim e limites dessa prestação. Determina o fim e os limites da ação executiva.

    Indica a espécie de prestação, o tipo e a forma de processo da execução, o quantum 

    da obrigação e fixa a legitimidade (ativa e passiva) para a execução. É a causa de

    pedir na ação executiva e traduz um requisito de natureza formal (cfr. art.º 10.º, n.ºs

    5 e 6).

    O título é pois condição necessária e suficiente ao desenvolvimento da açãoexecutiva:

    Condição necessária, porque sem título não pode haver execução (cfr. art.º

    10.º, n.º 5). É imperioso que o título acompanhe o requerimento inicial (cfr. art.º

    724.º, n.º 4, al. a))24.

    Condição suficiente, porque a existência do título dispensa qualquer

    averiguação prévia sobre a existência efetiva do direito que ele titula.

    o  Espécies de títulos executivos

    O art.º 703.º enumera as espécies de título executivo e consagra o princípio da

    tipicidade, ou seja, só existem estes títulos e não outros.

      Sentenças condenatórias25 

    Em regra, a sentença constitui título executivo uma vez transitada em julgado,

    salvo se dela for interposto recurso com efeito meramente devolutivo, caso em que

    a exequibilidade da sentença se opera transitoriamente até à sua consolidação porvia do trânsito em julgado (cfr. art.º 704.º).

    23 O título constitui o pressuposto formal da ação executiva destinado a conferir à pretensão substantiva um grau decerteza suficiente para consentir a subsequente agressão patrimonial aos bens do vendedor  - J. Lebre de Freitas eoutros, C.P.C. Anotado, I/87).

    O título é o instrumento documental da demonstração da obrigação exequenda, fundamento substantivo daexecução - Acs. STJ, de 15/05/03 e 18/01/2000, proc.ºs 02B3251 e 99A1037, em www.dgsi.pt.

    24 O requerimento executivo deve ser acompanhado da cópia do título executivo, quando entregue por via eletrónica,ou do original, quando entregue em papel, sob pena de recusa – art.º 725.º, n.º 1-d). 25 Sentença é o ato pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum incidente que apresente a estrutura dumacausa. As decisões dos tribunais colegiais denominam-se acórdãos – art.º 152.º, n.ºs 2 e 3.

    São equiparados às sentenças os despachos e quaisquer decisões ou atos da autoridade judicial que condenem nocumprimento duma obrigação – art.º 705.º. 

  • 8/19/2019 Ação executiva

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    37 Manual de apoio / Ação Executiva

    Entre outras decisões judiciais, aqui se incluem, por exemplo:

    - Sentenças homologatórias das transações ou das confissões de

    pedido (cfr. art.º 290.º, n.ºs 3 e 4);

    - Decisões dos julgados de paz (cfr. art.ºs 56.º, n.º 1, 60.º e 61.º daLei n.º 78/2001, de 13 de Julho);

    - Despacho saneador que conheça do mérito da causa – art.º 595.º,

    n.ºs 1-b) e 3;

    - Autos de conciliação em processo do trabalho homologados pelo

    juiz (cfr. art.ºs 51.º a 53.º e 88.º do Código de Processo do Trabalho).

    Assim, significa que ainda que atingida por recurso ordinário, a sentença pode

    titular uma ação executiva, conquanto o recurso tenha efeito meramente devolutivo.

    A execução assim iniciada pode sofrer modificação em função do resultado do

    recurso, modificação essa que até pode passar pela extinção da instância executiva

    se o tribunal superior revogar a sentença condenatória da 1.ª instância (cfr. art.º

    704.º, n.º 2).26 

    Confirmada a decisão da primeira instância, a execução prossegue os seus

    trâmites.

    Uma outra hipótese a considerar, é a suspensão, a pedido do executado, da

    ação executiva proposta na pendência do recurso, mediante a prestação de caução 

    (cfr. n.º 5 do art.º 704.º), ou quando o bem penhorado se trate da habitação efetiva

    do executado, em que o juiz pode determinar que a venda aguarde a decisão

    definitiva, quando aquela seja suscetível de causar prejuízo grave e dificilmente

    reparável (cfr. n.º 4 do art.º 704.º). Não se verificando a suspensão nestes termos, a

    execução prossegue normalmente não se efetuando, porém, os pagamentos ao

    exequente e demais credores, senão depois de transitada em julgado ou, enquanto

    isto não se verificar, depois de o interessado (exequente ou credor reclamante)

    prestar caução suficiente e própria (cfr. art.ºs 704.º, n.º 3 do CPC e 623.º a 626.º do

    Código Civil).

    A caução é um incidente da ação executiva e corre por apenso, iniciando-se

    com o requerimento do interessado (exequente, executado ou credor, consoante o

    caso) e rege-se pelos art.ºs 906.º e seguintes, com as necessárias adaptações – cfr.

    n.º 1 do art.º 915.º.

    26 Deve ser junta à execução uma certidão da decisão do tribunal superior com nota do trânsito em julgado – cfr. art.º704.º, n.º 2. 

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    38 Manual de apoio / Ação Executiva

      Sentenças estrangeiras

    A exequibilidade das sentenças proferidas por tribunais estrangeiros está

    dependente de revisão e confirmação pelos nossos tribunais de Relação, nos termos

    dos art.ºs 706.º e 979.º, salvo tratado ou convenção em contrário.

    As sentenças proferidas nos Estados-Membros da União Europeia são exequíveis

    em Portugal bastando que obedeçam aos seguintes requisitos e formalismos:

      Nas ações judiciais intentadas, transações judiciais aprovadas ou

    celebradas até 09 de janeiro de 2015  observa-se o estabelecido nos

    artigos 38.º, 39.º, 53.º e 54.º a 58.º do Regulamento (CE) n.º 44/2001 do

    Conselho, de 22 de dezembro de 200027.

      Nas ações judiciais intentadas, transações judiciais aprovadas ou

    celebradas a partir de 10 de janeiro de 2015 observa-se o estabelecido

    nos artigos 36.º a 57.º e 58.º a 60.º do Regulamento (UE) n.º 1215/2012

    do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro de 2012. Os

    formulários podem ser obtidos no Portal Europeu da Justiça.

    (Para informações adicionais consultar o link:

    http://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlasc

    ivil/html/rc_jccm_information_pt.htm).

    Também as sentenças proferidas nos Países –  Islândia; Noruega e Suíça –  são

    exequíveis em Portugal bastando que obedeçam aos requisitos e demais formalismos

    previstos nos artigos 38.º, 39.º, 53.º e 54.º a 58.º da Convenção de Lugano II, relativa

    à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em

    matéria civil e comercial 

      Título executivo europeu

    O Regulamento (RE) n.º 805/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21

    de abril de 2004, criou o título executivo europeu para os créditos não contestados,

    entendendo-se como tais, para o efeito, todas as situações em que o credor,

    estabelecida a não contestação pelo devedor quanto à natureza ou dimensão de um

    crédito pecuniário, tenha obtido uma decisão judicial ou título executivo contra o

    devedor que implique a confissão da dívida por parte deste, quer se trate de

    transação homologada pelo tribunal, quer de um instrumento autêntico.

    27 Última alteração introduzida pelo Regulamento (UE) n.º 517/2013, do Conselho, de 13 de maio de 2013.

    http://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/rc_jccm_information_pt.htmhttp://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/rc_jccm_information_pt.htmhttp://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/rc_jccm_information_pt.htmhttp://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/rc_jccm_information_pt.htmhttp://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/rc_jccm_information_pt.htm

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    39 Manual de apoio / Ação Executiva

    Este Regulamento é aplicável às decisões judiciais, títulos ou instrumentos

    autênticos relativos a créditos não contestados e a decisões pronunciadas na

    sequência de impugnação de decisões, transações judiciais ou instrumentos

    autênticos.

    O título executivo europeu duma decisão judicial deve constar de certidão

    emitida na língua e pelo tribunal que a tiver proferido utilizando-se o formulário

    constante do anexo I ao referido Regulamento.28 

      Documentos elaborados ou autenticados por notário ou poroutras entidades ou profissionais com competência para tal

    Entende-se por documentos autênticos29  os que são elaborados ou exarados

    pelo notário (testamento público, escritura pública) e por documentos

    autenticados30  aqueles que não sendo  elaborados pelo notário, são por eles

    certificados após verificarem a conformidade dos conteúdos com as vontades dos

    sujeitos intervenientes.

    O art.º 38.º do Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de março atribuiu

    competência às câmaras de comércio e indústria, reconhecidas pelo Decreto-Lei n.º

    244/92, de 29/10, aos conservadores, aos oficiais de registo, aos advogados e aos

    solicitadores, para os reconhecimentos de assinaturas, autenticação e tradução

    de documentos e conferência de cópias31 

    Os documentos elaborados ou autenticados por notário ou por outras entidades

    ou profissionais com competência para tal constituem títulos extrajudiciais, exigindo-

    se para esse efeito que provenham da existência de uma obrigação.

    A exequibilidade destes documentos está prevista no art.º 703, n.º 1, al. b).

    Assim, existem dois tipos de situações:

    -convenções de prestações futuras  –  são os contratos de execução

    continuada em que as partes se vinculam. São deste tipo, por exemplo, os

    contratos de fornecimento de determinados bens e de execução continuada

    - obrigações futuras – estão sujeitas a uma condição suspensiva. Para valer

    28 O Regulamento está disponível para download na página da DGAJ http://www.dgaj.mj.pt >>> Serviços Jurídicos eCooperação Judiciária Internacional. 29 Cfr. art.ºs 369.º a 372.º do Código Civil.30 Cfr. art.ºs 377.º do Código Civil.31 Esta norma encontra-se regulamentada pela Portaria n.º 657-B/2006, de 29 de Junho. 

    http://www.dgaj.mj.pt/http://www.dgaj.mj.pt/

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    40 Manual de apoio / Ação Executiva

    como título carece de outro documento probatório da verificação da

    condição e do incumprimento do devedor.

    Os documentos autênticos ou autenticados no estrangeiro não carecem de

    revisão ou confirmação para terem força executiva – art.º 706.º, n.º 2. No entanto,

    carecem de legalização.

      Títulos de Crédito 

    Valem como título executivo os títulos de crédito, ainda que meros quirógrafos,

    tais como letras, livranças e cheques. Tratando-se de meros quirógrafos, sendo os

    cheques prescritos o exemplo por excelência, apenas consubstanciam títuloexecutivo desde que os factos constitutivos da relação subjacente constem do

    próprio documento ou sejam alegados no requerimento executivo (cfr. art.º 703, n.º

    1 al. c)).

    Nota: Desapareceram, com o novo CPC, do elenco dos títulos executivos osdocumentos particulares, como sejam as confissões de dívida, que não revistam aforma de documentos autênticos ou autenticados. Neste caso, não é suficiente osimples reconhecimento de assinatura, e a alternativa passa por intentar uma açãoou processo de injunção (art.º 6.º, n.º 3 do diploma preambular da Lei 41/2013, de26 de junho, conjugado com o art.º 703.º do CPC32).

      Títulos executivos especiais (cfr. art.º 703.º, n.º 1 al. d)) 

    Os títulos executivos especiais são os reconhecidos por disposição legal própria.

    É o que se verifica nos requerimentos de injunção em que tenha sido aposta a

    fórmula executória, atas de condomínio, etc. 

    Exemplos:

    - Requerimento de injunção em que tenha sido aposta a fórmula executória

    pelo secretário de justiça –  art.ºs 13.º, al. c) e 14.º do anexo ao Decreto-Lei n.º

    269/98, de 1 de setembro.

    32 De referir que a aplicação desta norma às execuções intentadas após 1 de setembro de 2013 (data da entrada emvigor do Novo Código de Processo Civil) que tenham como título executivo um documento particular formado navigência do art.º 46.º n.º 1 al. c) do antigo código, tem sido considerada como violadora do princípio da segurança eproteção da confiança (Ac. Tribunal da Relação de Évora, de 27/02/2014, proc.º 374/13.3TUEVR.E1, emwww.dgsi.pt).

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    41 Manual de apoio / Ação Executiva

    - Ata de reunião de assembleia de condóminos – art.º 6.º, n.º 1 do Decreto-

    Lei n.º 268/94, de 25 de outubro;

    - Certidão da liquidação da conta de custas e da sentença transitada em

     julgado, acompanhada da notificação judicial do devedor ou a certidão destes

    elementos processuais, em que se declare a data do termo do prazo de pagamento

    voluntário – cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 35.º, do Regulamento das Custas Processuais.

    - Prestação de contas – art.º 944.º, n.º 5.

    - Decisões definitivas das autoridades administrativas que apliquem coimas

    (art.ºs 88.º, n.º1, e 89.º, n.º1 do Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro).

    Juros de mora  (cfr. n.º 2 do art.º 703.º)  –  consideram-se abrangidos pelo

    título executivo os juros de mora, à taxa legal, da obrigação dele constante. Podem

    surgir duas situações:

    - Se o título executivo depender de uma obrigação com prazo certo,

    terminado esse prazo sem que o devedor cumpra a obrigação, são

    devidos juros de mora à taxa legal, a partir da data do

    incumprimento. Assim, estes juros consideram-se abrangidos pelotítulo executivo, sem prejuízo da necessidade de liquidação por parte

    do exequente no requerimento executivo (cfr. art.º 716.º, n.º1).

    - Se a obrigação não tiver prazo certo de cumprimento (obrigações

    puras), a mora só se verifica após a interpelação (cfr. art.º 777.º, n.º

    1 do Código Civil). Esta interpelação pode ser efetuada

    extrajudicialmente, ou seja, antes de ser intentada a ação executiva

    ou judicialmente através da citação (cfr. art.º 610.º, n.º 2 al. b) ex vi do art.º 551.º, n.º 1). 

      Consequência da falta de apresentação do título

    Ao requerimento executivo deve o exequente juntar cópia ou original do título

    executivo (cfr. 724.º, n.º 4, al. a)).

    Caso o título provenha de uma sentença, a execução corre nos próprios autos,

    tramitada de forma autónoma, exceto se o processo subir em recurso, em que corre

    no traslado. Quando, nos termos da lei de organização judiciária, seja competente

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    42 Manual de apoio / Ação Executiva

    para a execução secção especializada de execução33, devem ser remetidos com

    caráter de urgência  a cópia da sentença, do requerimento que deu início à

    execução, bem como os documentos que o acompanham.

    Sem título não há execução (cfr. art.ºs 10.º, n.º 5 e 713.º).

      Falta ou insuficiência do título executivo

    Com a entrada em vigor da Lei n.º 41/2013, de 26/06, a apreciação do

    requerimento executivo, quer ele seja enviado nos termos da Portaria n.º 282/2013,

    de 29/08, ou pelos restantes meios previstos no art.º 144.º do Código de Processo

    Civil, efetua-se sempre após a distribuição, pelo que a sua recusa  apenas tem

    lugar após aquele momento. Esse ónus impende, agora, consoante se trate deexecução sumária ou ordinária, ao agente de execução (solicitador/advogado ou

    oficial de justiça, quando investido naquelas funções) ou à secretaria judicial

    respetivamente.

    Assim, a recusa do requerimento executivo opera-se sempre que a cópia ou

    título executivo não seja junto ao requerimento executivo (cfr. art.ºs 724.º, n.º 4, al.

    a) e 725.º n.º 1, al. d)). Nas execuções fundadas em título de crédito  cujo

    requerimento executivo tenha sido apresentado por via eletrónica, o exequente devesempre enviar o original para o tribunal, dentro dos 10 dias subsequentes à

    distribuição.

    Se o exequente não proceder ao envio, o juiz, oficiosamente ou a requerimento

    do executado, determina a notificação do exequente para o fazer, no prazo de 10

    dias, sob pena de extinção da execução (cfr. art.º 724.º n.º 5).

    Na execuçã