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sid.inpe.br/mtc-m19/2011/05.02.13.44-TAE
ADIANDO O PÓS-CARREIRA: UM ESTUDO SOBRE OS
FATORES QUE LEVAM SERVIDORES FEDERAIS A
ADIAR A APOSENTADORIA EM UMA INSTITUIÇÃO
DE PESQUISA
Mauro André Gouveia da Cruz
Dissertação apresentada para obtenção do t́ıtulo de Mestre em Gestão e
Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação em Administração do
Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de
Taubaté, orientada pela Dra. Rogéria de Arantes Gomes Eller, aprovada em 01 de
abril de 2011
URL do documento original:
INPE
São José dos Campos
2011
http://urlib.net/ 8JMKD3MGP7W/39KCMR5
PUBLICADO POR :
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
Gabinete do Diretor (GB)
Serviço de Informação e Documentação (SID)
Caixa Postal 515 - CEP 12.245-970
São José dos Campos - SP - Brasil
Tel.:(012) 3208-6923/6921
Fax: (012) 3208-6919
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CONSELHO DE EDITORAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA PRODUÇÃO
INTELECTUAL DO INPE (RE/DIR-204):
Presidente:
Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação Observação da Terra (OBT)
Membros:
Dra Inez Staciarini Batista - Coordenação Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA)
Dra Maria do Carmo de Andrade Nono - Conselho de Pós-Graduação
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Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID)
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sid.inpe.br/mtc-m19/2011/05.02.13.44-TAE
ADIANDO O PÓS-CARREIRA: UM ESTUDO SOBRE OS
FATORES QUE LEVAM SERVIDORES FEDERAIS A
ADIAR A APOSENTADORIA EM UMA INSTITUIÇÃO
DE PESQUISA
Mauro André Gouveia da Cruz
Dissertação apresentada para obtenção do t́ıtulo de Mestre em Gestão e
Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação em Administração do
Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de
Taubaté, orientada pela Dra. Rogéria de Arantes Gomes Eller, aprovada em 01 de
abril de 2011
URL do documento original:
INPE
São José dos Campos
2011
http://urlib.net/ 8JMKD3MGP7W/39KCMR5
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Mauro André Gouveia da Cruz
ADIANDO O PÓS-CARREIRA: um estudo sobre os
fatores que levam servidores federais a adiar a
aposentadoria em uma instituição de pesquisa
Taubaté – SP 2011
AGR
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais pelo incentivo ao meu desenvolvimento
profissional e pela concessão da bolsa de estudos;
A minha orientadora, Profa. Dra. Rogéria de Arantes Gomes Eller pela orientação
durante todo o trabalho e pelo incentivo e confiança demonstrada;
Ao Prof. Dr. Paulo César Ribeiro Quintairos e Dr. Edson Del Bosco, pela participação
na minha Banca de Defesa Pública, pelos comentários que muito contribuíram para
o enriquecimento do estudo;
À amiga Fernanda Maria Guadalupe Nunes, pelo incentivo, amizade e coleguismo,
durante todo curso;
À amiga Gislene Lima Oliveira, pela ajuda nas correções e traduções;
À amiga Adriana Helena Fonseca Porto da Silva, pela ajuda na configuração das
páginas de tabelas, gráficos e sumário;
Aos colegas da Turma XII do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional;
Aos colegas Mestres Carlos Roberto Marton da Silva e José Agnaldo Pereira Leite
Júnior, pela experiência, incentivo e apoio durante o curso;
Aos colegas do INPE pela compreensão e apoio, em especial aos que colaboraram
de alguma forma com minha pesquisa;
A minha esposa Sueli Feliciano Ferreira, pela paciência nos momentos em que
estive ausente e motivação ficando sempre ao meu lado;
A meus filhos, Gabriel e Guilherme, por compreenderem minha falta de tempo;
A minha Mãe e em memória de meu Pai, dedico este trabalho.
Jamais considere seus estudos como uma
obrigação, mas como uma oportunidade invejável
para aprender a conhecer a influência libertadora
da beleza do reino do espírito, para seu próprio
prazer pessoal e para proveito da comunidade à
qual seu futuro trabalho pertencer.
Albert Einstein
RESUMO
Devido às dificuldades de planejamento do pós-carreira em um ambiente
caracterizado pelo dinamismo e descontinuidade, este estudo tem como objetivo
identificar os motivos que levam servidores públicos federais, que já possuem o
direito a aposentadoria, a não o fazerem, e identificar possibilidades de atuação da
Instituição na preparação desses servidores para o pós-carreira. Utilizou-se como
método, pesquisa descritiva documental, e de estudo de caso realizado por meio de
levantamento, com abordagem quantitativa. A pesquisa envolveu a aplicação de
questionários para a obtenção dos dados. A população estudada corresponde a 114
servidores das carreiras de Ciência e Tecnologia (Pesquisa, Desenvolvimento
Tecnológico e Gestão), que representam 83% do total de servidores que se
encontravam em condições de requerer o benefício em dezembro de 2009, mas
ainda não o haviam feito. Alguns resultados, de acordo com a pesquisa, são que os
servidores se sentem produtivos podendo ainda contribuir para a instituição, se
sentem valorizados e reconhecidos, não há pressão da instituição para que eles se
aposentem e que nada mudou em sua via profissional após adquirirem o direito à
aposentadoria. Conclui-se como importante para a instituição, a implantação de um
Programa de Preparação para Aposentadoria, visto que 34 servidores não se
sentem ainda preparados para se aposentar, e que 62 servidores se propõem a
participar do programa. Para o servidor, o programa é uma oportunidade de obter
informações adequadas sobre a aposentadoria; identificar alternativas de atividades
pós-aposentadoria e discutir, com pessoas que estão vivenciando um momento
semelhante, sentimentos e possibilidades que a nova condição pode oferecer.
Palavras-chave: Aposentadoria. Pós-carreira. Servidores Públicos.
ABSTRACT
Due to the difficulties on post-career planning at an environment characterized by
dynamism and discontinuity, this study is aimed at identifying the reasons that lead
the 138 federal public workers that already have the right to retire, not to do so, and
identify possibilities of the Institution acting on preparing these workers for the post-
career. The documental descriptive research method and case study have been used
by raising, with quantitative approach. The research involved the application of a
questionnaire for obtaining data. The population studied corresponds to 114 workers
from the Science and Technology careers (Research, Technological Development
and Management), which represent 83% of the total number of workers in conditions
of applying for the benefit in December 2009, but hadn’t done it, yet. Some results,
according to the research, are that the workers feel yet productive, being yet able to
contribute to the institution, feel valued and recognized, there is no pressure from the
institution for them to retire and nothing has changed in their professional life after
they got the right to retire. It is concluded as important for the institution the
implantation of a Preparation Program for Retirement, once 34 public workers no
longer feel prepared to retire, and 62 workers propose themselves to join the
program. For the public worker, the program is one opportunity to obtain adequate
information about retirement; identify alternatives of post-retirement activities; and
discuss with people who are living a similar moment, feelings and possibilities that
the new condition might offer.
Keywords: Retirement. Post-career. Public employee.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores dos Benefícios pela Previdência Social – 2005 a 2010, corrigidos
para o ano de 2010 pelo INPC (IBGE) ...................................................................... 29
Tabela 2 – Servidores da instituição que possuem abono de permanência ............. 42
Tabela 3 – Servidores com abono de permanência, por ano e carreira .................... 43
Tabela 4 – Servidores do sexo feminino por faixa etária ........................................... 44
Tabela 5 – Servidores do sexo masculino por faixa etária ........................................ 45
Tabela 6 – Servidores ambos os sexos em relação ao número total de servidores .. 46
Tabela 7 – Número de aposentadorias no período de 1991 e 2009 ......................... 47
Tabela 8 – Aposentadorias por carreira no período de 1991 e 2009 ........................ 48
Tabela 9 – Média da idade servidores aposentados no período de 1991 e 2009 ..... 49
Tabela 10 – Servidores divididos por sexo e carreira – admitidos a partir de agosto
de 1993 ..................................................................................................................... 50
Tabela 11 – Servidores divididos por sexo e carreira – que saíram da Instituição a
partir de agosto de 1993 ........................................................................................... 50
LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 - Pólo de interesse - Trabalho .................................................................... 51
Gráfico 2 - Pólo de interesse – Lazer ........................................................................ 52
Gráfico 3 - Pólo de interesse – Família ..................................................................... 52
Gráfico 4 - Pólo de interesse - Estabilidade financeira .............................................. 53
Gráfico 5 - Pólo de interesse - Relações de amizade ............................................... 54
Gráfico 6 – Significado do trabalho – Fonte de renda ............................................... 54
Gráfico 7 – Significado do trabalho – Fonte de atividade/criatividade ....................... 55
Gráfico 8 – Significado do trabalho – Engajamento social (amigos) ......................... 56
Gráfico 9 – Significado do trabalho – Fonte de auto realização ................................ 56
Gráfico 10 - Outros significados para trabalho .......................................................... 57
Gráfico 11 - Dedicação a outras atividades ............................................................... 58
Gráfico 12 - Outras atividades – Grupos sociais/assistenciais .................................. 58
Gráfico 13 - Outras atividades – Grupos religiosos ................................................... 59
Gráfico 14 - Outras atividades – Cultura / Artes ........................................................ 60
Gráfico 15 - Outras atividades – Lazer ...................................................................... 60
Gráfico 16 - Outras atividades – Esportes ................................................................. 61
Gráfico 17 - Dedicação a outras atividades ............................................................... 62
Gráfico 18 - Significado de aposentadoria – Desligamento ocupacional ................... 62
Gráfico 19 - Significado de aposentadoria – Mudança do eixo central da vida ......... 63
Gráfico 20 - Significado de aposentadoria – Descanso merecido (desejo) ............... 64
Gráfico 21 - Significado de aposentadoria – Imposição ............................................ 64
Gráfico 22 - Significado de aposentadoria – Tempo para dedicar-se a outras
atividades profissionais ou não ................................................................................. 65
Gráfico 23 - Significado de aposentadoria – Redução de rendimentos ..................... 66
Gráfico 24 - Significado de aposentadoria – Sentimento de inutilidade .................... 66
Gráfico 25 - Significado de aposentadoria – Perda de status ................................... 67
Gráfico 26 - Significado de aposentadoria – Perda do vínculo institucional .............. 68
Gráfico 27 - Significado de aposentadoria – Perda do vínculo social ........................ 68
Gráfico 28 - Significado de aposentadoria – Encerramento de uma etapa, início de
nova etapa de vida .................................................................................................... 69
Gráfico 29 – Você se sente preparado para a aposentadoria? ................................. 70
Gráfico 30 – Fatores de adiamento da aposentadoria – Possibilidade de
manter/melhorar o salário (abono de permanência) .................................................. 70
Gráfico 31 - Fatores de adiamento da aposentadoria – Se sente produtivo, podendo
contribuir.................................................................................................................... 71
Gráfico 32 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Não há substituto para a
função ....................................................................................................................... 72
Gráfico 33 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Possibilidade de
recontratação em um momento melhor ..................................................................... 72
Gráfico 34 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Família não preparada ... 73
Gráfico 35 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Possibilidade de se
preparar melhor para se aposentar ........................................................................... 74
Gráfico 36 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Pensa que é melhor vir ao
trabalho do que ficar em casa ................................................................................... 74
Gráfico 37 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Não abrir mão dos
benefícios Institucionais ............................................................................................ 75
Gráfico 38 – Você acha que a sociedade tem preconceito em relação às pessoas
aposentadas? ............................................................................................................ 76
Gráfico 39 – Sobre a instituição, você se sente – Reconhecido e valorizado ........... 76
Gráfico 40 – Sobre a instituição, você se sente – Pensa que poderia ter tido mais
oportunidades profissionais ....................................................................................... 77
Gráfico 41 – Sobre a instituição, você se sente – Pensa que poderia ter sido mais
bem preparado para a aposentadoria ....................................................................... 78
Gráfico 42 – Sobre a instituição, você se sente – Satisfeito com seu próprio
desempenho .............................................................................................................. 78
Gráfico 43 - Sobre a instituição, você se sente - Não tem qualquer sentimento
pessoal (você e a instituição cumpriram o contrato) ................................................. 79
Gráfico 44 - Sua experiência profissional adquirida na instituição faz você capaz de
conseguir novo emprego? ......................................................................................... 80
Gráfico 45 - Na sua visão, seu trabalho contribui para atingir os objetivos da
instituição? ................................................................................................................ 80
Gráfico 46 – Com sua aposentadoria, você considera que todos os seus anos de
trabalho serão esquecidos? ...................................................................................... 81
Gráfico 47 – Você participaria de um programa de preparação para aposentadoria se
promovido pela instituição? ....................................................................................... 82
Gráfico 48 - Que tipo de atividades você acha que deveriam fazer parte de um
programa como esse? ............................................................................................... 83
Gráfico 49 – Como você acha que a instituição trata seus aposentados? ................ 83
Gráfico 50 – Há quantos meses você adquiriu seu direito a aposentadoria? ............ 84
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA ........................................................................................................ 16
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 17
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................... 17
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO............................................................................ 17
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................... 18
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 19
2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19
2.1.1 A Carreira e o Pós-Carreira ................................................................... 22
2.2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE APOSENTADORIAS NO BRASIL ..................... 27
2.2.1 O Regime da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT ........................... 27
2.2.2 Considerações sobre Aposentadoria pela CLT .......................................... 30
2.2.3 O Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais ..................... 31
2.2.4 Abono de Permanência .............................................................................. 35
2.3 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA................................................... 36
3 MÉTODO ............................................................................................................ 38
3.1 INSTRUMENTO .............................................................................................. 39
3.2 PLANO PARA COLETA DE DADOS ............................................................... 40
3.3 PLANO PARA ANÁLISE DE DADOS .............................................................. 41
4 RESULTADOS ................................................................................................... 42
4.1 PESQUISA DE CAMPO .................................................................................. 51
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 88
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 91
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94
Anexo A - Carta de apresentação ............................................................................. 98
Anexo B - Termo de consentimento livre e esclarecido institucional ....................... 100
Anexo C - Termo de consentimento livre e esclarecido .......................................... 102
Anexo D - Questionário ........................................................................................... 104
14
1 INTRODUÇÃO
A espécie humana necessitou de milhões de anos para atingir um bilhão
de pessoas, o que teria ocorrido provavelmente em 1830. Havia o dobro deste
número de pessoas em 1927. A população mundial chegou a três bilhões de
habitantes em 1960. Após 14 anos a marca dos quatro bilhões foi atingida; em 1987
veio o quinto bilhão e, em 1999, 12 anos depois, alcançamos o sexto bilhão
(VERAS, 2003).
Segundo Teixeira (2002), e de acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, a população do Brasil em 2000 superou os 169
milhões de habitantes, correspondendo a um incremento de 15,7% em relação à
população residente no País segundo o Censo Demográfico de 1991 (146,8 milhões
de habitantes). Ao longo da década de 90, o ritmo de crescimento médio anual da
população foi de 1,6%. A população de 65 anos de idade ou mais, no mesmo
período, elevou-se em 41%, com uma taxa média de crescimento anual próxima aos
4%.
Para Patrício (2006), paralelamente ao aumento populacional, estendeu-
se a longevidade humana por fatores como: melhorias na saúde desde a fase da
infância até o envelhecimento, melhor controle das doenças infecciosas, diminuição
da mortalidade infantil e materna, tratamento de doenças associadas à idade e
diminuição de suas complicações e sequelas, frutos do avanço da tecnologia da
saúde.
Na língua portuguesa, o vocábulo aposentadoria remete,
etimologicamente, à noção de recolhimento ao interior da habitação, aos seus
aposentos. No entanto, nem sempre a aposentadoria representa um rompimento
com o mundo do trabalho. No Brasil, por exemplo, pressões econômicas, sociais e
culturais concorrem para a permanência no mercado, implicando ou não em
alterações no local de trabalho, no tipo de atividade, no ritmo e na jornada
(SHIBATA, 2006).
Não só pressões econômicas, sociais e culturais, concorrem para a
permanência no mercado de trabalho, mas o baixo valor dos proventos pagos aos
aposentados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS faz com que o
aposentado continue a trabalhar, para recompor ou melhorar sua renda.
15
Segundo Shibata (2006), o fato de a aposentadoria ser desejada ou
forçada afetará o ajustamento à mesma. O impacto da aposentadoria é perceptível
fortemente no contexto da família, o que vem provocar uma série de modificações
cruciais na sua dinâmica. Em alguns casos pessoas que, em decorrência de
experiências anteriores, não conseguiram lidar com o afastamento profissional,
podem ser levadas a um processo regressivo de depressão e pânico perante a vida,
culminado com doenças ou até a morte. Daí a importância de um programa de
preparação para aposentadoria com o envolvimento de psicólogos e pessoas
ligadas à área de assistência social.
Não há como ignorar os estigmas que cercam o idoso aposentado,
apreendido como incapaz ou como aquele que nada tem a contribuir. Perdeu sua
força de trabalho. Assim, ao corpo envelhecido associam-se as representações de
improdutividade e de incapacidade. Às pessoas que envelhecem e não participam
diretamente do processo produtivo é imposto, na sociedade, o isolamento social. As
relações sociais estabelecidas ao longo da vida se enfraquecem ou deixam de existir
(MORI, 2006).
Trata-se de nova desigualdade social imposta pelas relações econômicas,
políticas, sociais e culturais da sociedade, que consiste na forma como os
trabalhadores desenvolveram suas atividades no sistema produtivo e vivenciaram
sua aposentadoria (GONÇALVES, 2006).
Uma das faces mais perversas da questão social configura-se pela
exclusão social expressa na vida dos trabalhadores, que não encontram mais
reconhecimento na sociedade ou até, muitas vezes, são excluídos desse universo.
Portanto, um dos fenômenos dessa relação diz respeito à aposentadoria vivenciada
enquanto exclusão social e às consequentes relações desiguais que podem se
estabelecer a partir da escolha desse direito social (GONÇALVES, 2006).
A exclusão do mundo do trabalho, desencadeada pelas transformações já
elencadas, constitui-se em aspecto que merece nova reflexão e novo olhar. Nessa
perspectiva, um grande contingente de homens e mulheres encontra-se alijado do
processo produtivo, não tendo espaço para sua colocação no mercado de trabalho,
que se apresenta altamente restritivo (GONÇALVES, 2006).
Ainda segundo Gonçalves (2006), de outro lado, a não valorização da
experiência e o descarte daqueles cuja idade e perfil não correspondem aos critérios
16
de competência e interesse definidos pelo mercado, delineiam uma situação que
exige atenção enquanto questão social.
Pode-se afirmar, neste contexto, que a aposentadoria é um momento
importante de mudança na vida das pessoas. Este período será resultante da
maneira como o servidor organizou toda sua vida, desde a importância dada ao
trabalho como também ao seu vínculo familiar e social.
Podemos entender então que aposentadoria representa, sob o ponto de
vista psicológico e social, um momento estressante e de muita expectativa na vida
do indivíduo, que promove reações diversas, de uma sensação de liberdade até um
sentimento de exclusão. As mudanças que ocorrem com a aposentadoria requerem
uma adaptação antecipada.
Diante dessa visão, um processo de preparação para aposentadoria não
só traria benefícios para o indivíduo como também para a organização que seria
estimulada a explorar atividades que trariam ajuda inclusive no contexto familiar.
Cada vez mais se percebe que organizações empresariais públicas ou privadas,
deveriam compor ações para a implantação de um programa de pós-carreira que
vise primordialmente à preparação das pessoas para que elas construam um projeto
de vida na aposentadoria, que facilite o processo de sucessão profissional, e
pudesse transformar a aposentadoria em uma fase produtiva e feliz da vida
(RESENDE, 2006).
1.1 PROBLEMA
Quais os motivos que levam servidores públicos federais da Instituição
estudada, que já adquiriram o direito ao gozo de sua aposentadoria, a não se
aposentar?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Verificar os motivos que levam os servidores da instituição a não se
aposentar e o papel da instituição na preparação dos indivíduos para esta situação.
17
1.2.2 Objetivos Específicos
Identificar os motivos que levam esses servidores da instituição a
permanecer na atividade e as possibilidades de atuação da Instituição na
preparação desses servidores para o pós-carreira.
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo foi realizado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -
INPE, uma Instituição Pública Federal de Pesquisas, vinculada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia e localizada na região do Vale do Paraíba Paulista.
Em um universo de 1.081 servidores ativos, a amostra utilizada para
análise engloba 114 servidores a quem foram entregues os questionários. Esses
servidores pertencem às carreiras de Pesquisa em Ciência e Tecnologia;
Desenvolvimento Tecnológico; Gestão, Planejamento e Infra-Estrutura em Ciência e
Tecnologia.
Justifica-se o presente estudo pela disponibilidade de dados e devido ao
tema transição para o pós-carreira ser pouco analisado na literatura, apesar de ser
um fenômeno complexo, atual e cada vez mais frequente nas carreiras
contemporâneas.
Na literatura pesquisada foram encontradas referências sobre o assunto
pós-carreira em publicações relacionadas a atividades esportivas e, em planos de
preparação de aposentadoria em empresas privadas, devido à ausência de estudos
sobre pós-carreira para o servidores públicos. O intuito de desenvolver estudos
nesta área é fruto de uma série de observações relacionadas ao tema que o autor
teve oportunidade de verificar em sua experiência de 17 anos trabalhando em
Recursos Humanos.
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Odebrecht (2003) afirma que o envelhecimento da força de trabalho já é
uma realidade nas organizações brasileiras. Já Paschoal (2002 apud CINTRA;
RIBEIRO, 2007), afirma que economicamente, a pessoa pode ser caracterizada
idosa a partir do momento de sua aposentadoria. Pelo lado cronológico, segundo a
18
Organização das Nações Unidas - ONU, para os países em desenvolvimento, o
indivíduo é classificado como idoso a partir dos 60 anos.
No Brasil, ser idoso muitas vezes significa estar excluído dos lugares
sociais, onde o mais valorizado é aquele inserido no contexto chamado mundo do
trabalho (MERCADANTE, 2002 apud CINTRA; RIBEIRO, 2007).
O Setor Público tem sofrido mudanças significativas em sua organização,
que resultam, por exemplo, em formas diversas de enxugamento dos seus quadros
de pessoal pelo aumento significativo de aposentadorias e a reposição limitada de
pessoal (LANCMAN et al, 2006).
O trabalho oferece subsídios e possibilidades da instituição desenvolver
um modelo de gestão que vise, também, à preparação do servidor para o pós-
carreira.
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho é apresentado em seis capítulos distribuídos da seguinte
forma:
O primeiro capítulo refere-se à Introdução onde são apresentados o
problema, os objetivos da pesquisa, a delimitação e a relevância do estudo, além da
organização do trabalho.
No segundo capítulo é apresentada a revisão da literatura, mostrando a
Carreira e o Pós-Carreira como foco do estudo, como também a evolução do
sistema de aposentadorias no Brasil, o Regime da Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, considerações sobre aposentadoria pela CLT, o Regime Jurídico
Único dos Servidores Públicos da área Federal, o Abono de Permanência e o
histórico da instituição estudada.
No terceiro capitulo é apresentado o método empregado no
desenvolvimento do trabalho. No quarto capitulo são apresentados os resultados e a
pesquisa de campo. No quinto capitulo apresenta-se a discussão dos resultados.
Finalmente no sexto capitulo a conclusão
19
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 INTRODUÇÃO
A aposentadoria é um fenômeno historicamente recente. Apareceu, na
sociedade industrial, como um direito adquirido pelos trabalhadores. No entanto,
esta passagem do trabalho ao repouso é acompanhada de certas modificações que
marcam profundamente a vida do indivíduo. A aposentadoria pode representar o
afastamento do sistema produtivo e a perda do papel profissional. Mas é também a
reorganização espacial e temporal da vida do indivíduo, confrontando com a velhice
e momento de reorganização de identidade pessoal (SANTOS, 1990).
De acordo com França (1999), aposentadoria é a saída de um trabalho
regular e, normalmente, o termo está associado ao envelhecimento. Entretanto, ser
jovem ou velho para o trabalho não diz respeito apenas a uma avaliação da
capacidade física, mental ou psicológica para tanto, mas também vai depender dos
contextos demográfico, histórico, sociocultural, econômico e político nos quais o
trabalhador está inserido. Muitos se aposentam jovens e outros falecem antes que
ocorra a aposentadoria.
O prolongamento da expectativa de vida e o consequente crescimento da
população de idosos coincidem com a falta de recursos para alguns sistemas de
previdência. Justificativas para a existência de sistemas previdenciários podem ser
divididas em três categorias. Previdência existe ou porque governos são
benevolentes e paternalistas; ou porque governos são benevolentes e buscam
corrigir as ineficiências dos mercados; ou, ainda, porque governos não são
benevolentes e sim agem em função do resultado de grupos de pressão e de
coalizões entre eleitores. As duas primeiras hipóteses levam às teorias normativas
que explicam por que o governo deve intervir. Já a última leva às teorias positivas
que tentam explicar porque o governo de fato intervém (IPEA, 2007).
Baseados em dados econômicos, países da America do Sul vêm, desde a
década de 90, empreendendo reformas em seus sistemas previdenciários, propondo
mudanças nos sistemas de aposentadoria e introduzindo novas regras para retardar
esse processo. No Chile é exigida idade mínima de 65 anos para homens e 60 para
mulher, com dez anos de contribuição, e sua permanência no mercado de trabalho
depende de sua ocupação. A Argentina assim como o Brasil, possui diferenciação
20
por sexo para a idade mínima de se aposentar: 60 anos para homens e 55 anos
para mulheres (CARLOS et al, 1999).
Conforme Giambiagi (2000), a necessidade de reformar a Previdência
Social brasileira já é discutida há tempos. A situação da Previdência Social do Brasil,
já era, há muitos anos, tida como delicada, No entanto, o desequilíbrio atuarial foi
considerado durante décadas um problema meramente potencial, não merecendo
maior atenção por parte dos Governos. Somente em meados dos anos 90, quando o
mencionado desequilíbrio se converteu em um problema de caixa, foi que ocorreu,
por parte do Poder Executivo, mobilização para a modificação das regras que regiam
as aposentadorias e pensões, com o intuito de minimizar o desajuste que começava
a agravar-se.
O setor público tem sofrido mudanças significativas na sua organização,
tais como privatizações de empresas públicas seguidas de demissões, transferência
para o setor privado por meio de ações de terceirização e externalização de setores
da produção, enxugamento de efetivos e implantação de metas de produtividade.
Em muitas situações, essas mudanças são acompanhadas por deterioração das
condições de trabalho, sobrecarga para os que permanecem, falta de inovação
tecnológica para suprir o aumento na demanda de serviço, deterioração da imagem
do funcionário público e responsabilização dos mesmos pelas inoperâncias dos
serviços e pelas crises das instituições públicas (LANCMAN et al, 2006).
Ainda segundo Lancman et al (2006), os serviços públicos têm adotado
formas diversas de enxugamento dos seus quadros que vão desde programas de
demissões voluntárias até a não reposição de trabalhadores afastados por doenças
ou aposentadorias. Apesar de terem relações menos instáveis de trabalho (menor
exposição ao risco de demissão sumária) os servidores públicos estão expostos a
outras formas de instabilidade e precarização, tais como: oscilações políticas e de
planejamento que geram descontinuidade de projetos em curso; achatamento
salarial e perda de direitos trabalhistas; acúmulo de papéis; mudanças na
organização do trabalho ou na natureza das tarefas que, por vezes, se chocam com
o sentido e as crenças que os trabalhadores construíram em relação ao seu
trabalho.
A relação desenvolvida entre os servidores públicos e os usuários dos
serviços públicos está permeada de conflitos. Em situações de insatisfação, por
vezes, os usuários direcionam sua ira ao trabalhador que está a sua frente e que
21
representa a instituição prestadora do serviço, transformando os funcionários que
trabalham na linha de frente em anteparo para as inoperâncias do sistema
(LANCMAN et al, 2006).
Apesar da aposentadoria não estar necessariamente vinculada à velhice,
a transição normalmente coincide com o processo de envelhecimento. A adaptação
à aposentadoria, tal qual o envelhecimento, dependerá da antecipação dos
aposentáveis aos fatores de risco como a promoção da saúde e do alcance de uma
poupança para o futuro, e a adoção de medidas que facilitem os fatores de bem-
estar nesta transição, como a educação, trabalho, renda, vínculos sociais, afetivos e
familiares (FRANÇA, 2009).
A propensão é que o trabalho não se realize apenas em locais
tradicionais, ampliando-se as possibilidades do trabalho em casa, adotando-se
contratos temporários e ampliando-se às oportunidades de trabalho em regime de
meio-expediente. Por certo, a flexibilidade dos horários e as alternativas dos
contratos de trabalho precisam estar disponíveis não só para os trabalhadores mais
velhos, que gostariam e têm condições de saúde para continuar trabalhando, mas
também para os estudantes e mães que cuidam de crianças menores e que
precisam trabalhar (HENRETTA, 2000 apud FRANÇA, 2009).
A aposentadoria é o contraponto do trabalho, mas seu conceito vem se
modificando, já que um número crescente de aposentados prefere continuar
trabalhando. É possível que, independentemente da remuneração, aqueles que
continuam imprimindo sua produtividade desenvolvam o senso de maior utilidade e
obtenham maiores oportunidades para a interação social. Assim, a aposentadoria
pode ser a maior perda social, sobretudo porque outras perdas estão associadas ao
trabalho (FRANÇA, 2009).
Portanto, o período da aposentadoria não é a causa de todos os males ou
problemas ocorridos, mas é o período de mudança em um momento crucial na vida
das pessoas que é o envelhecimento. Tal fenômeno é irreversível e inevitável,
motivo de angustia e questionamento sofre o fim da existência. A aposentadoria e a
velhice estão ligadas e muitos consideram o mesmo fenômeno.
Devido a isso, verifica-se a importância para o servidor de que ele se
conscientize e se prepare para o momento da aposentadoria.
22
2.1.1 A Carreira e o Pós-Carreira
Os conceitos e abordagens sobre carreira e pós-carreira, os ciclos de
desenvolvimento que envolve desde as escolhas profissionais até o ponto de
encerramento com a aposentadoria, tanto individuais quanto organizacionais,
processos de estagnação ou entrincheiramento e relação da carreira com gênero e
idades podem facilitar a discussão dos resultados encontrados (MARTINS, 2001).
Ainda de acordo com Martins (2001), o termo carreira tinha sua conotação
mais relacionada ao tempo de uma pessoa em uma única categoria de trabalho e
dentro de uma empresa. Somente a partir do século XIX, o termo passou a designar
a trajetória da vida profissional. Carreira, então, pode expressar uma mobilidade
ocupacional, referindo-se a um caminho a ser trilhado por um profissional.
A proposta de conceito de carreira, proposto por Martins (2001), mostra a
importância de se ter consciência que a definição de carreira não deve ser
compreendida somente como uma escolha individual. Deve-se considerar também
os cenários da empresa, seu plano de carreira, experiência e trabalhos, uma série
de transições e etapas pelos quais o indivíduo passa na sua relação com o meio em
que está inserido.
Verifica-se um tratamento totalmente diferenciado da sociedade atual para
com segmentos de aposentados com alto ou médio poder aquisitivo, quando se
compara com aqueles que recebem salários inexpressivos. Esta situação acontece
porque os considerados mais abastados representam um mercado consumidor em
potencial, tornando-se alvo de todo o tipo de propaganda e sedução, tratados com
um segmento representativo da melhor idade, aqueles que aproveitam melhor a vida
em todos os sentidos (RODRIGUES et al, 2005).
Essa atitude pode também ser considerada como um preconceito contra
os aposentados, no mesmo nível com que a sociedade atual considera a
diferenciação entre ricos e pobres.
A perda do vínculo empregatício, com todas as implicações sobre a
condição humana pode ter influência na identidade pessoal, uma vez que a
aposentadoria acarreta modificações nas relações entre o indivíduo e o sistema
social (UVALDO, 1995 apud RODRIGUES et al, 2005).
23
A aposentadoria traz para os indivíduos um conjunto de perdas, tais como
o convívio com os colegas, o status social de pertencer a uma organização, o poder
de exercer influência sobre os outros, perdas materiais, psicológicas, queda dos
rendimentos financeiros, assim como a própria rotina referencial de sua existência.
Podendo também incidir na diminuição da auto-estima e da motivação, ocasionando
doenças que podem acarretar crises depressivas, ansiedade, problemas com
alcoolismo, e até a morte (UVALDO, 1995 apud RODRIGUES et al, 2005).
Conforme Shibata (2006), um aspecto interessante e paradoxal é que o
envelhecimento cronológico da empresa que se traduz na história e tradição
resultam na importância estrutural da instituição. Isso não correspondendo ao
envelhecimento de seus recursos humanos. O significado do envelhecimento da
empresa agrega os sentidos de confiabilidade, competência, força e versatilidade,
adjetivos qualificados no mundo dos negócios.
Dentro de uma cultura que sempre valorizou o trabalho, engajada em um
sistema econômico e social, o trabalho em sua forma distinta, implica em uma
atividade regular em um tempo estruturado. Conecta indivíduos a objetivos e
propósitos que transcendem os individuais. O trabalho torna-se a principal ocupação
do indivíduo com todas as benesses e compromissos de um vínculo empregatício,
aliado a um sobrenome organizacional ou título pelo qual é conhecido e valorizado
nas relações sociais (SHIBATA, 2006).
Assim, quando chega o momento da aposentadoria, o indivíduo se
percebe a frente a uma realidade para a qual ele não havia se preparado por
questões como:
Não ter desenvolvido uma identidade própria, e todo o reconhecimento obtido
ao longo do tempo foi pelo empréstimo de um nome institucional de uma
empresa à qual ele dedicou muitos anos de sua vida, ou seja, super
valorização do ser profissional em detrimento do ser pessoal;
Descuidar-se de seu desenvolvimento, como indivíduo, membro de um
conjunto familiar e cidadão. Às vezes o indivíduo pode imaginar que haverá
tempo para recuperar sentimentos e prazeres não vividos, esquecendo-se de
que o tempo não volta e que emoções não vividas não se recuperam.
Segundo Resende (2006), cada vez mais se percebe que as
organizações empresariais, sejam públicas ou privadas, devem propor ações que
24
venham a mobilizar esforços para a implantação de um programa de pós-carreira,
cujos objetivos devem ser:
Preparar as pessoas para construírem um projeto de vida para a
aposentadoria, seja por meio de um melhor gerenciamento de suas reservas
financeiras, abertura de oportunidades empresariais, oferta de serviços por
meio do acúmulo da experiência profissional ou qualquer outra ação que
proporcione ao aposentado, condições para que se sinta integrado à
sociedade;
Facilitar o processo de sucessão profissional, uma vez que os novos entrantes
precisam ter acesso ao mercado de trabalho pela substituição das pessoas
que estão se aposentando;
Transformar a aposentadoria numa fase produtiva e feliz da vida;
Administrar o processo de transição na empresa.
Ainda segundo Resende (2006), existem várias vantagens para as
organizações que aderem a estes programas de preparação para o pós-carreira:
Cumprir o papel social;
Proporcionar o desenvolvimento de novos talentos;
Gerar impacto positivo no moral dos colaboradores;
Facilitar a gestão e transferência do conhecimento na organização;
Fortalecer a imagem positiva da marca/produto/serviço (“top of mind”
positivo).
Hornstein e Wapner (1985) apud França (2008) propõem quatro modelos
para a aposentadoria:
A transição para o descanso (um tempo para descansar e para diminuir as
atividades), o novo começo (nova fase da vida, maior tempo livre, outras
metas na vida), a continuidade (a aposentadoria não é um evento principal,
mas representa um tempo maior para atividades valiosas) e a ruptura
imposta (falta de sentido e frustração) (HORNSTEIN e WAPNER, 1985
apud FRANÇA, 2008, p.79).
Aposentadoria é uma transição, por vezes alterando a vida das pessoas,
que pode trazer perdas e ganhos, como também pode ser uma fase de
continuidade. Isso depende tanto da perspectiva social quanto da perspectiva
individual dos aposentados nos períodos imediatamente anterior e imediatamente
posterior ao evento da aposentadoria. Analisar os aspectos sociais, ambientais e
25
individuais que envolvem a vida dos pré-aposentados, como também seus
interesses e rotinas, é a melhor forma para se conhecer os preditores das atitudes
frente a esse desafio (FRANÇA, 2008).
Ainda segundo França (2008), um dos grandes desafios para aqueles que
se aposentam é a administração do tempo livre. Especialmente para aqueles que
concentram sua vida num único foco: o trabalho. Para os indivíduos que equilibram
normalmente a vida de trabalho e a vida privada, a aposentadoria pode significar
uma continuidade do que faziam e a oportunidade de enfatizar suas atividades e
relacionamentos prazerosos. O importante nesta reflexão quanto ao tempo livre é
saber até que ponto os indivíduos tiveram a oportunidade de experimentar uma
rotina mais diversificada, em que o trabalho não fosse a única atividade importante
em suas vidas.
Existe uma grande diferença entre as expectativas quanto à distribuição
de tempo com atividades e relacionamentos no futuro e o que o indivíduo faz no
momento. Assim a fase de transição entre o desligamento do superenvolvimento
com o trabalho e o deslocamento do tempo livre para a família e atividades de
interesse pode requerer aconselhamento e apoio psicossocial (FRANÇA, 2008).
A satisfação com o trabalho está relacionada ao prazer com que os
empregados se dedicam a esse tempo, nos sentimentos positivos e na afetividade
com o emprego. O envolvimento com o trabalho pode ser interpretado como o centro
da existência do indivíduo. Estar mais envolvido indica que o emprego é mais do que
um preenchimento de si próprio. O envolvimento e a satisfação com o trabalho
parecem induzir a um maior comprometimento com a carreira (FRANÇA, 2008).
Há ainda forte correlação entre as identidades profissionais e pessoais, o
compromisso organizacional e as dificuldades em deixar a organização (Kim &
Feldman, 2000, apud FRANÇA, 2009).
Conforme França (2009), a dedicação excessiva ao trabalho pode limitar
o desenvolvimento de outras atividades e interesses, como o lazer, atividades
culturais e educacionais, hobbies ou o relacionamento familiar. Quando a
aposentadoria se aproxima, a falta de planos e de expectativas contribui para que
muitos trabalhadores se sintam perdidos, diante da idéia de ter que gerenciar
sozinhos o próprio tempo.
Nas horas vagas, muitos tentam praticar um hobby, caminhar, jogar
futebol, ler ou ir ao cinema, namorar ou se relacionar com a família. Contudo nem
26
sempre é possível conciliar o tempo livre, entre tantas outras obrigações. O lazer é
uma das compensações do trabalho. Apesar disso, ele é pouco praticado durante a
vida laboral e, talvez, seja utópico imaginar que, na aposentadoria, esses
trabalhadores possam substituí-la, facilmente, por uma vida de lazer (FRANÇA,
2009).
Alem da garantia de sobrevivência, a percepção do trabalho é
considerada como um dos mais importantes preditores das atitudes, do
planejamento e da decisão frente à aposentadoria. Função e cargo podem não ser
determinantes no envolvimento e na satisfação com o trabalho, mas quanto maior é
o status do cargo ocupado, mais difícil parece ser ficar sem ele (FRANÇA, 2009).
As carreiras, do ponto de vista das organizações, terminam com o
processo de aposentadoria, mas da posição do individuo a aposentadoria pode vir a
ser o inicio de uma nova carreira ou a continuação da mesma atividade em outro
local ou com autonomia. Entre as satisfações que pode sentir um profissional que
cria algo, um produto, uma idéia, uma mensagem, é a de que sua “criatura” se torne
de domínio público e seja amplamente utilizada, tanto por profissionais como
comunicadores. E é exatamente isto que vem ocorrendo com a expressão pós-
carreira criada no início da década 80 (BERNHOEFT, 2009).
Conforme Bernhoeft (2009), a maioria dos profissionais prioriza o futuro
dentro de uma justificativa de que tudo aquilo que não havia realizado no passado, e
tão pouco conseguia desfrutar no presente, seria vivenciado no futuro. Ou seja, um
processo de adiamento de sonhos, realizações e desfrute. O que, realisticamente
pode não ser alcançado, pois esta será uma etapa da vida distante e muito diferente.
A realidade do mundo profissional nos tem mostrado, quando nos
propomos a dialogar sobre o tempo do pós-carreira, que a maioria se esquiva,
consumida pela rotina demandante e estressante cuja relação com o tempo
desperta, na maioria das vezes, uma sensação de insuficiência e o envelhecimento
como se fosse algo externo e que diz respeito ao outro (SHIBATA, 2006).
Assim, quando a aposentadoria começa a se insinuar, percebemos
profissionais preocupados com mudanças rápidas e profundas em suas interações
de um modo geral e em especial com o mundo organizacional (SHIBATA, 2006).
Em um cenário de planejamento constante da carreira, as oportunidades
de crescimento profissional são sempre bem recebidas, mas pouca atenção é dada
à mudança de vida por ocasião da aposentadoria. A aposentadoria passa
27
despercebida na sua importância nos projetos de vida e no momento de planejá-la e
é considerado fato raro como parte importante da carreira (CAÑIZARES, 2009).
As empresas precisam de auxilio e treinamento para remanejamento de
funções, e não uma guerra entre os empregados mais experientes e os mais novos.
O que se espera é que os empregados diminuam seu ritmo de trabalho,
como também que continuem envolvidos nas atividades da empresa, ajudando da
melhor maneira possível esse momento de transição, na evolução de novos lideres
com sua experiência e com isso vivenciando pouco a pouco, de maneira não
traumática a transição para sua aposentadoria.
2.2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE APOSENTADORIAS NO BRASIL
2.2.1 O Regime da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT
A origem da Previdência Social no Brasil remonta ao Decreto Legislativo
nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecida como Lei Elói Mendes que criou as
Caixas de Aposentadoria e Pensões que funcionavam de forma independente para
os empregados das empresas ferroviárias (INSS, 2009).
No Brasil, a primeira referência à aposentadoria por tempo de serviço data
de sete de janeiro de 1924, em seu artigo 240 da Lei 4.793. Já no início da
concessão desse benefício, observou-se que a aposentadoria por tempo de serviço
onerava de forma intensa as finanças das Caixas de Aposentadoria. Isso decorria,
principalmente, da aposentadoria de ferroviários ainda relativamente jovens (INSS,
2009).
O Governo Provisório, instalado logo após a Revolução de 1930,
preocupado com o desequilíbrio financeiro das Caixas de Aposentadoria,
suspendeu, até a elaboração de uma nova lei, a concessão de novas
aposentadorias por tempo de serviço. Com o objetivo de reduzir os desembolsos
com este tipo de benefício, o Decreto nº 20.465 de 1931 condicionou a
aposentadoria por tempo de serviço a uma idade mínima de 50 anos, com benefício
variável de 70% a 100% sobre a média salarial dos últimos três anos de serviço
(INSS, 2009).
Entretanto, essa medida não foi suficiente para solucionar o problema
financeiro das Caixas. Como consequência, o Decreto-lei nº 2.474 de cinco de
28
agosto de 1940 suspendeu a concessão de aposentadorias que não fossem por
invalidez, a qualquer segurado com menos de 60 anos de idade. Essa Legislação
vigorou até a assinatura da Lei nº 593, em 1951, cujo artigo primeiro restabelecia à
aposentadoria por tempo de serviço nos moldes da antiga Lei de 1924. Entretanto, a
cláusula anterior que permitia a redução do valor do benefício sempre que o fundo
das Caixas não pudesse arcar com o pagamento dos benefícios, foi eliminada
(INSS, 2009).
O Anteprojeto da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) de 1952,
aprovada pelo Congresso Nacional apenas em 1960, analisou a viabilidade
financeira deste tipo de aposentadoria. Contrariando pareceres técnico-autoriais e
sem a definição específica de sua fonte de financiamento, a aposentadoria por
tempo de serviço foi aprovada com as características até hoje vigentes. Em 1966,
com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e a simultânea
unificação dos diversos institutos setoriais, a aposentadoria por tempo de serviço
manteve sua concepção definida na LOPS (INSS, 2009).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a seguridade social
passou a ter seus princípios básicos assegurados pela Carta Magna de forma
bastante detalhada, cabendo especificamente a aposentadoria por tempo de serviço
algumas citações. A Lei nº 8.313 de 24 de julho de 1991 dispõe sobre os planos de
benefícios da previdência social, apresentando os diversos tipos de benefícios
pecuniários (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
Entre eles estão aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria
especial, que nada mais é que a aposentadoria por tempo de serviço tendo em
conta um período menor de trabalho, em função de atividade profissional sujeita a
condições insalubres ou que prejudiquem a integridade física do trabalhador (INSS,
2009).
A Previdência Social iniciou, em outubro de 2005, o Censo Previdenciário
visando a atualização dos dados cadastrais de aposentados e pensionistas do INSS.
Em março de 2006, inicia-se a segunda etapa do Censo, envolvendo 14,7 milhões
de aposentados e pensionistas. O anuário estatístico da Previdência Social
apresenta dados de crescimento de pessoas físicas contribuintes entre 2004 e 2006.
Nesse período o número de aposentados aumentou de 30,6 milhões para 33,3
milhões. Um acréscimo de 8,9%, ou seja, 2,7 milhões de cidadãos que passaram a
contar com a proteção do sistema previdenciário brasileiro (INSS, 2009).
29
O artigo primeiro do Decreto nº 5.872, de 11 de agosto de 2006,
determinou que os benefícios mantidos pela Previdência Social fossem atualizados,
a partir de abril 2006, em 5,01%. Conforme o art. 41 da Lei nº 8.213/91,
acrescentado pela Lei nº 11.430, de 26 de dezembro de 2006, o valor dos benefícios
é reajustado anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, com base
no INPC (INSS, 2009).
De todas as formas de rendimento, o provento do INSS é o benefício mais
importante para os idosos brasileiros. A partir de 1988, trabalhadores rurais foram
incluídos, mesmo não tendo contribuído para o sistema previdenciário. Em 2002,
cerca de 7% da população de 60 anos ou mais receberam alguma forma desse
benefício, seja como pensão ou aposentadoria. O valor da aposentadoria concedida
pelo INSS varia de um salário mínimo até o teto da tabela de contribuição que
corresponde aproximadamente a sete salários mínimos (INSS, 2009).
A tabela 1 mostra os valores históricos do salário mínimo entre 2005 a
2010, corrigidos para o ano de 2010 pelo INPC (IBGE).
MÊS/ANO SALÁRIO MINIMO (R$) TETO (R$)
Maio 2005 379,79 2.658,53
Abril 2006 447,69 3.133,83
Abril 2007 451,22 3.158,54
Março 2008 469,47 3.286,29
Fevereiro 2009 496,63 3.476,41
Janeiro 2010 510,00 3.570,00
Fonte: INSS (2010)
Tabela 1 – Valores dos benefícios pela Previdência Social – 2005 a 2010,
corrigidos para o ano de 2010 pelo INPC (IBGE)
O trabalhador é obrigado a contribuir mensalmente com percentuais que
variam de 8% para salários de contribuição até R$ 965,67, de 9% para salários entre
R$ 965,68 a R$ 1.609,45 e de 11% para salários de contribuição entre R$ 1.609,46
a R$ 3.218,90 e recebe os proventos de aposentadoria após 30 anos de
contribuição, no caso das mulheres e 35 anos no caso dos homens. Esses valores
são referentes ao ano de 2009 (INSS, 2009).
30
Cabe ainda ressaltar que a aposentadoria, apesar de ter como proposição
a garantia de direitos e de inclusão social do idoso na sociedade democrática
brasileira, seu valor, do ponto de vista econômico, não permite o atendimento
satisfatório das suas necessidades de sobrevivência. Especialmente dos mais
pobres que evidenciam um envelhecimento, no geral, patológico e com
incapacidades associadas, requerendo, portanto, maior demanda de recursos tanto
do seu sistema de apoio formal (Estado, sociedade civil) como do informal (família)
(FRANÇA, 2009).
2.2.2 Considerações sobre Aposentadoria pela CLT
A aposentadoria regida pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
mantida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, é dedicada aos
empregados de empresas privadas e pode ter seus rendimentos integrais ou
proporcionais. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve
comprovar que contribuiu por pelo menos 35 anos e por pelo menos 30 anos no
caso das mulheres (INSS, 2009).
Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador deverá
combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima. Os homens podem
requerer aposentadoria proporcional aos 53 anos de idade e 30 anos de
contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de
dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição. As mulheres têm direito
a aposentadoria proporcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, mais um
adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para
completar 25 anos de contribuição. O valor a ser recebido como aposentadoria,
baseia-se nas últimas 180 contribuições mensais, o que varia de indivíduo para
indivíduo, nunca ultrapassando o teto estabelecido pelo INSS, como demonstrado
na Tabela 1.
No direito comparado são encontradas legislações que consagram a
cessação do contrato de trabalho pela aposentadoria do empregado, embora
algumas delas não mencionem a possibilidade de o empregado continuar a trabalhar
na empresa. Sinalizam, portanto, que na maioria dos países a aposentadoria é
causa extintiva do contrato de trabalho, estabelecendo ainda mecanismos que
estimulam a aposentadoria (TERRIN, 2008).
31
Ainda, segundo Terrin (2008), na Espanha, o Estatuto dos Trabalhadores
dispõe que o contrato de trabalho se extinguirá com a aposentadoria do trabalhador.
Em Portugal, a cessação automática do contrato de trabalho se dá como forma de
libertar efetivamente postos de trabalho a partir de certo momento, preocupação esta
surgida com uma grave crise de desemprego.
Na Argentina, quando o trabalhador passa a requerer o benefício
previdenciário pelo percentual máximo, o empregador é obrigado a manter o
empregado pelo tempo máximo de um ano. Concedido o benefício ou vencido o
prazo mencionado o contrato de trabalho fica extinto. A extinção do contrato em
decorrência da aposentadoria também é verificado na Grã Bretanha, França,
Bélgica, Alemanha e Itália.
Ainda conforme Terrin (2008), o benefício previdenciário, que a princípio
deveria ser como um prêmio àquele que trabalhou e contribuiu à Previdência Social
durante sua vida, para que finalmente pudesse descansar e desfrutar de sua
aposentadoria torna-se um complemento econômico diante da dura realidade
financeira do povo brasileiro. Por este motivo, quando se analisa a questão da
aposentadoria espontânea e seus efeitos no contrato de trabalho do brasileiro, deve-
se levar em conta essa realidade, destacando que a discussão não é tão simples
quanto possa parecer.
2.2.3 O Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais
O regime estatutário foi introduzido no Brasil em 1939, no Governo do
Presidente Getúlio Vargas e trouxe várias garantias para os servidores públicos
como a admissão apenas por concurso público, fixação do número de cargos e dos
vencimentos em lei e estabilidade funcional (MPOG, 2009).
A esses servidores aplicam-se alguns dos dispositivos da Constituição
Federal, como por exemplo, garantia de salário nunca inferior ao mínimo, décimo
terceiro salário, repouso semanal remunerado, entre outros. Protegendo o indivíduo,
protege-se toda a sociedade. Quanto maior o número de indivíduos desprotegidos,
maior o caos social que impera. Por esse motivo, é imprescindível que o Estado, a
quem cabe a proteção dos indivíduos, encontre a melhor maneira de livrá-los dos
riscos sociais indesejáveis e, com isso, alcançar o bem estar, fim último da Ordem
Social (BENETTI e ARAUJO), 2008.
32
A reforma tributária na Constituição de 1988 teve como característica
principal a busca de maior descentralização de recursos entre as unidades de
governo. Tal fato foi fruto das condições políticas da época, na qual o governo
federal estava politicamente bastante enfraquecido. Aproveitando essa fragilidade,
Estados e Municípios se organizaram e conseguiram aprovar mudanças que
levaram apenas a uma participação maior dessas esferas de governo no montante
dos recursos fiscais arrecadados no país. Esqueceram-se, pois, de que os
problemas fiscais eram mais graves e não alteraram pontos importantes, que
continuam até agora a causar grandes imperfeições no sistema, tornando-o cada
vez mais ineficiente (RIANI, 2002).
A Constituição de 1988, em um contexto de crise fiscal e debilitamento da
capacidade de gestão do Estado, procura solucionar problemas de despesa
estabelecendo o Regime Jurídico Único (RJU), que, em última instância, transferia
os servidores públicos celetista para o regime estatutário (PACHECO FILHO e
WINKLER), 2005.
O excessivo peso da burocracia durante o Governo Collor (1990-92), com
uma carga tributária que flutuava entre o mínimo de 24,66% até o máximo de
29,86% conforme Pacheco Filho e Winkler (2005), acabam por gerar uma agenda
negativa que se traduziu em dilemas para o Estado. Para tanto foi necessário a
redefinição do papel do Estado.
O primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-98) redefiniu
uma nova agenda pública para o serviço público. Iniciando uma ampla mudança no
papel do Estado. Foi decisiva a Reforma Administrativa instituída pela Emenda
Constitucional nº 19/96 e implantada pelo Ministério da Administração e Reforma do
Estado (MARE), que veio substituir a burocrática Secretaria da Presidência. Foi
proposto que a reforma administrativa fosse incluída entre as reformas
constitucionais já definidas como prioritárias pelo novo governo, reforma fiscal,
reforma da previdência social e a eliminação dos monopólios estatais (PEREIRA,
2006).
A Reforma, estrategicamente, buscava reduzir custos ao impor limites de
gastos com o funcionalismo, e classificou os servidores como de carreira exclusiva e
estratégica do Estado ou não, além de ter quebrado o regime de estabilidade, em
função da essencialidade ou não, das funções exercidas no Estado.
33
Essa reforma foi justificada pela necessidade de se criar um Estado
gerencial, enxuto e ágil, adequado ao processo competitivo global (PACHECO
FILHO e WINKLER), 2005.
O Regime Jurídico Único dos Servidores – RJU, Lei 8112 de 16 de
dezembro de 1990 dispõe sobre o regime jurídico do servidor público civil da União,
das autarquias e das fundações públicas federais. Seu artigo nº 243 submete, na
qualidade de servidor público, os servidores dos Poderes da União, dos ex-
Territórios, das autarquias, inclusive os em regime especial, e das fundações
públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados
por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados após o
vencimento do prazo de prorrogação (MPOG, 2009).
Uma das principais mudanças para o servidor ocorre com a instituição de
regras de transição para os que ingressaram antes de 16 de dezembro de 1998 no
serviço público, como aquela que consiste em aplicar o percentual de 20% sobre o
tempo que faltava para a aposentadoria integral na data de 16 de dezembro de 1988
para obter esse benefício e de 40% sobre o tempo que faltava para a aposentadoria
proporcional naquela data (BRASIL, 2009).
A idade mínima para a aposentadoria voluntária integral e proporcional
passou a ser de 48 anos para a mulher e 53 anos para o homem, com mínino de
cinco anos de efetivo exercício no cargo, tanto para o homem quanto para a mulher
(BRASIL, 2009).
No ano de 2003, foi editada a Emenda Constitucional nº 41 que modificou
a idade mínima para as aposentadorias dos servidores: 55 anos para as mulheres e
60 para os homens, respeitado um tempo mínimo de contribuição de 35 anos para
homens e 30 para mulheres. Há ainda a exigência de no mínimo 20 anos no serviço
público e dez anos na carreira, além de cinco anos de exercício no ultimo cargo para
aposentadoria integral com paridade plena (BRASIL, 2009).
Em 2005 foi editada a Emenda Constitucional nº 47 que possibilita
também a aposentadoria integral e a paridade plena para quem ingressou no serviço
público até 16 de dezembro de 1998. Exige, para isso, 60 anos de idade para
homens e 55 anos para mulheres, reduzida em um ano a idade, para cada ano de
34
tempo de contribuição que exceder o mínimo. O tempo mínimo de contribuição é de
35 anos para homens e de 30 anos para mulheres (BRASIL, 2009).
Resumidamente o direito a aposentadoria pela Emenda Constitucional nº
47, se da quando a soma entre o tempo de contribuição e a idade resulta no número
95 para os servidores homens e 85 para as servidoras mulheres.
A Emenda Constitucional nº 47/2005 foi instituída com o objetivo de
concluir essa série de alterações na previdência brasileira. Conhecida como
Proposta de Emenda Constitucional ou PEC Paralela. O seu principal caráter foi de
aperfeiçoar as modificações da Emenda nº 41/2003 e estabelecer regras de
transição como forma de garantir os direitos vinculados posteriormente. Esta
emenda identificou claramente quais as parcelas remuneratórias que não são
computadas para efeito do teto remuneratório. Possibilitou fixar como limite único,
para fins de teto, o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Criou a regra de transição para quem era servidor na data da Emenda Constitucional
nº 20/1998 e estendeu a possibilidade de aposentadoria especial para os servidores
portadores de deficiência, para os que exerçam atividade de risco ou aqueles
sujeitos a condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física
(BRASIL, 2009).
O regime estatutário possui determinadas peculiaridades. Neste regime, o
servidor é nomeado por um ato unilateral, ingressando numa situação jurídica já
definida, sem poder modificá-la, pois são regidos por um estatuto com força de Lei.
O acordo estabelecido entre empregado e empregador (ente público) serve apenas
para formar o vínculo entre ambos e para que o servidor possa tomar posse no
cargo para o qual foi nomeado. Mas a ele não serão dadas condições de discutir as
respectivas condições de trabalho e vantagens previamente instituídas (BRASIL,
2009).
A Lei 8112/90, em relação à aposentadoria diz que o tempo de
contribuição é igual ao aplicado pelo INSS para homens e mulheres. Mesmo na
aposentadoria proporcional, o individuo regido pelo RJU se aposentava com valores
maiores que o teto do INSS, pois o valor era calculado pelo tempo de serviço e não
pela média das contribuições. Devido a essa diferença constata-se o aumento do
número de aposentados na Instituição entre os anos de 1993 a 1998, como
demonstrado na Tabela 5 (MPOG, 2009).
35
Esse é o ponto a ser seguido por toda a sociedade: a busca incessante
do bem estar social de todos os indivíduos, de forma universal, principalmente no
que diz respeito aos idosos, que são nossa herança cultural, profissional, e que, com
sua experiência e história, conseguem nos conduzir ao passado e nos mostrar o
quanto já trabalharam para que chegássemos onde estamos hoje (BENETTI e
ARAUJO), 2008.
2.2.4 Abono de Permanência
O abono de permanência foi criado pela Emenda Constitucional nº
41/2003, trata-se de uma vantagem financeira para o servidor público efetivo, que
opta por permanecer trabalhando, mesmo tendo adquirido o direito a se aposentar.
Consiste no pagamento do valor que equivale à contribuição do servidor público
para a previdência social própria ou Plano de Seguridade Social do Servidor Público
– PSS, que correspondente a 11% de sua remuneração, esse valor é restituído pelo
Tesouro Nacional no mesmo valor (MPOG, 2009).
O Abono de Permanência tem duplo objetivo:
Incentivar o servidor que adquiriu o direito a sua aposentadoria a permanecer
na atividade até que complete os 70 anos de idade, data em que,
compulsoriamente será aposentado e,
Promover economia ao Tesouro Nacional, pois assim consegue postergar no
tempo a dupla despesa que teria por pagar proventos de aposentadoria e
remuneração a quem o substituirá (MPOG, 2009).
Existem duas regras para que o servidor possa requerer seu abono de
permanência, a primeira diz que o servidor terá que cumprir três requisitos conforme
a Emenda Constitucional nº 41/2003:
Para as mulheres a primeira regra prevê que ela terá que possuir 20 anos
de serviço público, 30 anos de contribuição e 55 anos de idade. Para os homens, 20
anos de serviço público, 35 anos de contribuição e 60 anos de idade.
Já a segunda regra, prevê que o servidor terá que cumprir os seguintes
requisitos conforme a mesma emenda: A contagem de tempo total para na data de
16 de dezembro de 1998, o tempo que falta para completar 30 ou 35 anos de
contribuição será somado a 20% deste tempo, chamado de pedágio, e ter a idade
36
mínima de 48 anos para as mulheres e 53 para os homens em 16 de dezembro de
1998.
2.3 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA
Em 1961, por decreto presidencial do então Presidente da República
Jânio da Silva Quadros foi criado o Grupo de Organização da Comissão Nacional de
Atividades Espaciais - GOCNAE, um embrião do INPE. Em 1963, o COGNAE
passou a se chamar Comissão Nacional de Atividades Espaciais – CNAE e se
instalou em São José dos Campos. A CNAE foi extinta em 1971, dado origem ao
Instituto de Pesquisa Espaciais - INPE, subordinado ao Conselho Nacional de
Pesquisa - CNPq (INPE, 2009a).
Em 1985, foi criado o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT ao qual o
INPE passou a ser subordinado como órgão autônomo. Em 1989 o MCT foi
substituído pela Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da República –
SCT-PR. Em 1990, passou a ser denominado Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, mantendo a sigla original. Com a transformação da SCT no Ministério da
Ciência e Tecnologia – MCT, 1992, o INPE volta a integrá-lo como órgão específico
(INPE, 2009a).
O INPE é reconhecido pelo governo e pela sociedade brasileira como um
centro de excelência nacional, responsável pelos modelos operacionais de previsão
de tempo e clima para o Brasil contribuindo para o desafio do desenvolvimento
sustentável com programas de satélites de observação da terra e suas aplicações.
Tem como missão e visão a produção de ciência e desenvolvimento tecnológico nas
áreas espacial e do ambiente terrestre, oferecer produtos e serviços singulares em
benefício do Brasil, ser referência nacional e internacional nas áreas espacial e do
ambiente terrestre pela geração de conhecimento e pelo atendimento e antecipação
das demandas de desenvolvimento e de qualidade de vida da sociedade brasileira
(INPE, 2009b).
As competências da instituição estão concentradas em três grandes
áreas, Ciências Espaciais e Atmosféricas, Ciências Ambientais e Meteorológicas e
de Engenharia e Tecnologias Espaciais (INPE, 2009b).
Seus servidores pertencem à Carreira de Ciência e Tecnologia, criada
pela Lei nº 8.691 de 28 de julho de 1993, que cria seu plano de carreira. Seu quadro
37
é composto por 200 servidores na carreira de pesquisa em ciência e tecnologia, 542
servidores na carreira de desenvolvimento tecnológico e 339 servidores na carreira
de gestão, planejamento e infra-estrutura em ciência e tecnologia.
A Carreira de Pesquisa em Ciência e Tecnologia destina-se a
profissionais habilitados a exercer atividades específicas de pesquisa científica e
tecnológica. É, formada pelos cargos de Pesquisador Titular, Pesquisador
Associado, Pesquisador Adjunto e Assistente de Pesquisa (LEI 8691, 1993).
A Carreira de Desenvolvimento Tecnológico destina-se a profissionais
habilitados a exercer atividades específicas de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico. É constituída por três cargos: Tecnologista, que é um cargo exercido
por servidores de nível superior, Técnico e Auxiliar-Técnico, ambos exercidos por
servidores que possuem formação de nível médio (LEI 8691, 1993).
A Carreira de Gestão, Planejamento e Infra-Estrutura em Ciência e
Tecnologia é composta por servidores que possuem nível superior ou médio,
habilitados a exercer atividades de apoio à direção, coordenação, organização,
planejamento, controle e avaliação de projetos de pesquisa e desenvolvimento na
área de Ciência e Tecnologia, bem como toda atividade de suporte administrativo
dos órgãos e entidades. É constituída de três cargos: Analista em Ciência e
Tecnologia, Assistente em Ciência e Tecnologia e Auxiliar em Ciência e Tecnologia
(LEI 8691, 1993).
38
3 MÉTODO
Para amparar teoricamente o tema estudado, foram realizadas pesquisas
em revistas, sites, catálogos, dissertações e teses, artigos e livros científicos
nacionais, publicados durante as últimas décadas. Em seguida procedeu-se à leitura
seletivo-interpretativa e elaboração de questionário que foi aprovado pelo Conselho
de Ética em Pesquisa em reunião no dia 19 de fevereiro de 2010, conforme
Declaração nº 030/10, protocolo CEP/UNITAU nº 009/010.
O tipo de pesquisa utilizado neste trabalho foi o estudo de caso por meio
de pesquisa descritiva documental e tomada de dados, realizada por meio de
questionário.
Primeiramente foi elaborado o questionário, aplicado a uma pequena
amostra de nove indivíduos alvos da pesquisa, para um melhor balizamento das
perguntas. Após análise dos nove questionários, foram feitas modificações e a
versão final foi posteriormente distribuída à população total estudada para coleta dos
dados. Foi autorizado pela Direção da Instituição por meio da assinatura do Termo
de Consentimento (Anexo B), onde fica claro a finalidade acadêmica e os princípios
éticos que guiariam esta pesquisa.
Os questionários começaram a ser distribuídos no dia 13 de março de
2010 aos servidores com direito adquirido a se aposentar até 31 de dezembro de
2009, mas que ainda não haviam se aposentado. Do total de 138 servidores que
atendiam a essa condição, foram efetivamente entregues 114 questionários, sendo
27 questionários para os servidores da carreira de pesquisa, 35 questionários para
servidores da carreira de desenvolvimento tecnológico e 52 para os servidores da
carreira de gestão. Foram devolvidos preenchidos, 26 questionários da carreira de
pesquisa, 34 questionários da carreira de desenvolvimento tecnológico, 44 da
carreira de gestão, totalizando 104 questionários que correspondem a 91% do total
efetivamente entregue, a ser estudada. Deste total entregue, apenas 10 servidores
não responderam ao questionário, seja por razões relacionadas a particularidades
do cargo, como viagens ao exterior, campanhas na Antártica, problemas de licença
médica, seja por desinteresse.
Proporcionalmente, a relação entre os questionários entregues e
devolvidos foi de 96% para a Carreira de Pesquisa, 97% para a Carreira de
Desenvolvimento Tecnológico e 84% para a Carreira de Gestão.
39
Pensou-se em enviar aos 10 servidores ausentes o questionário por e-
mail, mas devido ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo C), ser
impresso e assinado pelo autor e orientadora, optou-se pela exclusão desses
servidores da amostra, temendo-se pela sua não devolução. Os questionários foram
distribuídos pessoalmente pelo autor, nas unidades da Instituição pesquisada em
São José dos Campos - SP e Cachoeira Paulista - SP. Para as outras unidades
(Natal - RN, Cuiabá - MT, Santa Maria – RS), foram contatados três servidores, que
se prontificaram em explicar a importância do trabalho e o modo de preenchimento
do Questionário e o Termo de Consentimento para oito servidores que faziam parte
da amostra.
Em relação à distribuição nas unidades de São José dos Campos e
Cachoeira Paulista, não houve problemas de entendimento pelos participantes. A
média diária de devolução foi de 10 questionários, aonde 2% dos questionários
vieram com problemas de fácil resolução. A grande maioria dos servidores não
respondeu a pergunta de número 15, “Há quantos anos/meses você adquiriu seu
direito à aposentadoria?” havendo a necessidade do autor obter tais informações na
base de dados da Divisão de Gestão de Pessoas - DGP da Instituição. Algumas
dúvidas também foram sanadas por telefone. Todos os formulários “Termos de
Consentimento Livre e Esclarecido” foram devolvidos juntos com os questionários.
3.1 INSTRUMENTO
Foi utilizado como instrumento de pesquisa questionário com 16
perguntas, composto por 15 questões fechadas e uma aberta, utilizando-se a Escala
Likert, criada por Rennis Likert, em 1932. A Escala de Likert tem sido empregada
mais frequentemente para a mensuração de atitudes sociais e consiste tipicamente
de um conjunto de enunciados que expressam alguma afirmação sobre atitude,
seguido cada enunciado de alternativas que indicam o grau de concordância ou
discordância de cada respondente em relação ao seu conteúdo. As alternativas são
comumente em número de cinco (OMOTE, 2005).
Cerca de metade dos enunciados deve ser positiva e outra metade,
negativa. Quando há concordância com o conteúdo do enunciado positivo, esta
corresponde a atitudes favoráveis; e quando há concordância com o conteúdo de
um enunciado negativo, ficam evidenciadas atitudes desfavoráveis. Na atribuição de
40
pontos às respostas assinaladas, o valor de cada enunciado deve ser considerado.
Para itens positivos, a alternativa que expressa maior grau de concordância deve
receber a maior pontuação e a que expressa o maior grau de discordância, a menor
pontuação (OMOTE, 2005).
Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os
respondentes especificam seu nível de concordância com uma afirmação. A escala
Likert é a soma das respostas dadas a cada item Likert. A escala é importante
porque é gradual e permite que os respondentes expressem a direção e a
intensidade de opinião referente a um determinado item (SILVA, 2008).
A escala possui os seguintes valores: (1) – não concordo plenamente, (2)
– não concordo, (3) – indiferente, (4) – concordo, (5) – concordo totalmente.
Neste trabalho, nas perguntas um a quatro, seis e oito a 11, os
respondentes teriam que dar notas de um a cinco, de acordo com a escala Likert. As
perguntas de números cinco, sete e 12, deveriam ser preenchidas com (X) para
respostas SIM ou NÃO. Já nas perguntas de números 13 e 14 os respondentes
teriam que escolher uma opção, marcando a opção com (X).
Há várias vantagens nas perguntas fechadas. Um conjunto de alternativas
de respostas é uniforme, portanto facilita comparações entre os entrevistados, e que
a lista é fixa de possibilidades de resposta o que tende a tornar a pergunta mais
clara ao entrevistado (REA e PARKER, 2000).
3.2 PLANO PARA COLETA DE DADOS
Foram entregues 114 questionários idênticos entre servidores das três
carreiras mencionadas. O questionário encontra-se no Anexo D deste trabalho.
As perguntas foram elaboradas antecipadamente, durante encontros
informais com alguns servidores dentro do próprio Instituto, onde foi exposto o
propósito do trabalho, visando a um pré-levantamento das questões relevantes para
o entendimento da situação da preparação dos servidores para o pós-carreira, como
também para identificar as possibilidades de atuação da Instituição na preparação
desses servidores para o pós-carreira.
41
3.3 PLANO PARA ANÁLISE DE DADOS
Os questionários foram separados e tabulados pelas três carreiras,
formando uma massa crítica para análise, de acordo com o objetivo do trabalho, que
é estudar as três carreiras em separado, com o objetivo de identificar similaridades
ou diferenças no impacto da atividade exercida pelo servidor sobre sua atitude
diante da aposentadoria. Os resultados foram inseridos em planilha eletrônica do
Software Microsoft Office 2007, para uso das ferramentas de tabulação, construção
de tabelas e elaboração de gráficos. As perguntas um a três trazem seis alternativas
cada; a pergunta quatro é composta de 11 alternativas; as perguntas cinco, sete e
12, utilizam duas alternativas cada em que o respondente indica sim ou não; a
pergunta seis possui oito alternativas para resposta; as perguntas oito, nove, 10 e 11
são formadas por cinco alternativas cada; as perguntas 13 e 14 são compostas por
três alternativas cada; a pergunta 15 é preenchida com o número de meses em que
o servidor adquiriu o direito a sua aposentadoria e a pergunta 16 diz