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sid.inpe.br/mtc-m19/2011/05.02.13.44-TAE ADIANDO O P ´ OS-CARREIRA: UM ESTUDO SOBRE OS FATORES QUE LEVAM SERVIDORES FEDERAIS A ADIAR A APOSENTADORIA EM UMA INSTITUI¸ C ˜ AO DE PESQUISA Mauro Andr´ e Gouveia da Cruz Disserta¸ ao apresentada para obten¸ ao do t´ ıtulo de Mestre em Gest˜ ao e Desenvolvimento Regional do Programa de P´ os-Gradua¸ ao em Administra¸ ao do Departamento de Economia, Contabilidade e Administra¸ ao da Universidade de Taubat´ e, orientada pela Dra. Rog´ eria de Arantes Gomes Eller, aprovada em 01 de abril de 2011 URL do documento original: <http://urlib.net/ 8JMKD3MGP7W/39KCMR5 > INPE ao Jos´ e dos Campos 2011

ADIANDO O PÓS-CARREIRA: um estudo sobre os fatores que …mtc-m16d.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m19/2011/05.02... · 2011. 5. 11. · Ao Prof. Dr. Paulo César Ribeiro Quintairos

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  • sid.inpe.br/mtc-m19/2011/05.02.13.44-TAE

    ADIANDO O PÓS-CARREIRA: UM ESTUDO SOBRE OS

    FATORES QUE LEVAM SERVIDORES FEDERAIS A

    ADIAR A APOSENTADORIA EM UMA INSTITUIÇÃO

    DE PESQUISA

    Mauro André Gouveia da Cruz

    Dissertação apresentada para obtenção do t́ıtulo de Mestre em Gestão e

    Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação em Administração do

    Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de

    Taubaté, orientada pela Dra. Rogéria de Arantes Gomes Eller, aprovada em 01 de

    abril de 2011

    URL do documento original:

    INPE

    São José dos Campos

    2011

    http://urlib.net/ 8JMKD3MGP7W/39KCMR5

  • PUBLICADO POR :

    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE

    Gabinete do Diretor (GB)

    Serviço de Informação e Documentação (SID)

    Caixa Postal 515 - CEP 12.245-970

    São José dos Campos - SP - Brasil

    Tel.:(012) 3208-6923/6921

    Fax: (012) 3208-6919

    E-mail: [email protected]

    CONSELHO DE EDITORAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA PRODUÇÃO

    INTELECTUAL DO INPE (RE/DIR-204):

    Presidente:

    Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação Observação da Terra (OBT)

    Membros:

    Dra Inez Staciarini Batista - Coordenação Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA)

    Dra Maria do Carmo de Andrade Nono - Conselho de Pós-Graduação

    Dra Regina Célia dos Santos Alvalá - Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CST)

    Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID)

    Dr. Ralf Gielow - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPT)

    Dr. Wilson Yamaguti - Coordenação Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE)

    Dr. Horácio Hideki Yanasse - Centro de Tecnologias Especiais (CTE)

    BIBLIOTECA DIGITAL:

    Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação de Observação da Terra (OBT)

    Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID)

    REVISÃO E NORMALIZAÇÃO DOCUMENTÁRIA:

    Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID)

    Yolanda Ribeiro da Silva Souza - Serviço de Informação e Documentação (SID)

    EDITORAÇÃO ELETRÔNICA:

    Vivéca Sant´Ana Lemos - Serviço de Informação e Documentação (SID)

  • sid.inpe.br/mtc-m19/2011/05.02.13.44-TAE

    ADIANDO O PÓS-CARREIRA: UM ESTUDO SOBRE OS

    FATORES QUE LEVAM SERVIDORES FEDERAIS A

    ADIAR A APOSENTADORIA EM UMA INSTITUIÇÃO

    DE PESQUISA

    Mauro André Gouveia da Cruz

    Dissertação apresentada para obtenção do t́ıtulo de Mestre em Gestão e

    Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação em Administração do

    Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de

    Taubaté, orientada pela Dra. Rogéria de Arantes Gomes Eller, aprovada em 01 de

    abril de 2011

    URL do documento original:

    INPE

    São José dos Campos

    2011

    http://urlib.net/ 8JMKD3MGP7W/39KCMR5

  • UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Mauro André Gouveia da Cruz

    ADIANDO O PÓS-CARREIRA: um estudo sobre os

    fatores que levam servidores federais a adiar a

    aposentadoria em uma instituição de pesquisa

    Taubaté – SP 2011

  • AGR

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais pelo incentivo ao meu desenvolvimento

    profissional e pela concessão da bolsa de estudos;

    A minha orientadora, Profa. Dra. Rogéria de Arantes Gomes Eller pela orientação

    durante todo o trabalho e pelo incentivo e confiança demonstrada;

    Ao Prof. Dr. Paulo César Ribeiro Quintairos e Dr. Edson Del Bosco, pela participação

    na minha Banca de Defesa Pública, pelos comentários que muito contribuíram para

    o enriquecimento do estudo;

    À amiga Fernanda Maria Guadalupe Nunes, pelo incentivo, amizade e coleguismo,

    durante todo curso;

    À amiga Gislene Lima Oliveira, pela ajuda nas correções e traduções;

    À amiga Adriana Helena Fonseca Porto da Silva, pela ajuda na configuração das

    páginas de tabelas, gráficos e sumário;

    Aos colegas da Turma XII do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional;

    Aos colegas Mestres Carlos Roberto Marton da Silva e José Agnaldo Pereira Leite

    Júnior, pela experiência, incentivo e apoio durante o curso;

    Aos colegas do INPE pela compreensão e apoio, em especial aos que colaboraram

    de alguma forma com minha pesquisa;

    A minha esposa Sueli Feliciano Ferreira, pela paciência nos momentos em que

    estive ausente e motivação ficando sempre ao meu lado;

    A meus filhos, Gabriel e Guilherme, por compreenderem minha falta de tempo;

    A minha Mãe e em memória de meu Pai, dedico este trabalho.

  • Jamais considere seus estudos como uma

    obrigação, mas como uma oportunidade invejável

    para aprender a conhecer a influência libertadora

    da beleza do reino do espírito, para seu próprio

    prazer pessoal e para proveito da comunidade à

    qual seu futuro trabalho pertencer.

    Albert Einstein

  • RESUMO

    Devido às dificuldades de planejamento do pós-carreira em um ambiente

    caracterizado pelo dinamismo e descontinuidade, este estudo tem como objetivo

    identificar os motivos que levam servidores públicos federais, que já possuem o

    direito a aposentadoria, a não o fazerem, e identificar possibilidades de atuação da

    Instituição na preparação desses servidores para o pós-carreira. Utilizou-se como

    método, pesquisa descritiva documental, e de estudo de caso realizado por meio de

    levantamento, com abordagem quantitativa. A pesquisa envolveu a aplicação de

    questionários para a obtenção dos dados. A população estudada corresponde a 114

    servidores das carreiras de Ciência e Tecnologia (Pesquisa, Desenvolvimento

    Tecnológico e Gestão), que representam 83% do total de servidores que se

    encontravam em condições de requerer o benefício em dezembro de 2009, mas

    ainda não o haviam feito. Alguns resultados, de acordo com a pesquisa, são que os

    servidores se sentem produtivos podendo ainda contribuir para a instituição, se

    sentem valorizados e reconhecidos, não há pressão da instituição para que eles se

    aposentem e que nada mudou em sua via profissional após adquirirem o direito à

    aposentadoria. Conclui-se como importante para a instituição, a implantação de um

    Programa de Preparação para Aposentadoria, visto que 34 servidores não se

    sentem ainda preparados para se aposentar, e que 62 servidores se propõem a

    participar do programa. Para o servidor, o programa é uma oportunidade de obter

    informações adequadas sobre a aposentadoria; identificar alternativas de atividades

    pós-aposentadoria e discutir, com pessoas que estão vivenciando um momento

    semelhante, sentimentos e possibilidades que a nova condição pode oferecer.

    Palavras-chave: Aposentadoria. Pós-carreira. Servidores Públicos.

  • ABSTRACT

    Due to the difficulties on post-career planning at an environment characterized by

    dynamism and discontinuity, this study is aimed at identifying the reasons that lead

    the 138 federal public workers that already have the right to retire, not to do so, and

    identify possibilities of the Institution acting on preparing these workers for the post-

    career. The documental descriptive research method and case study have been used

    by raising, with quantitative approach. The research involved the application of a

    questionnaire for obtaining data. The population studied corresponds to 114 workers

    from the Science and Technology careers (Research, Technological Development

    and Management), which represent 83% of the total number of workers in conditions

    of applying for the benefit in December 2009, but hadn’t done it, yet. Some results,

    according to the research, are that the workers feel yet productive, being yet able to

    contribute to the institution, feel valued and recognized, there is no pressure from the

    institution for them to retire and nothing has changed in their professional life after

    they got the right to retire. It is concluded as important for the institution the

    implantation of a Preparation Program for Retirement, once 34 public workers no

    longer feel prepared to retire, and 62 workers propose themselves to join the

    program. For the public worker, the program is one opportunity to obtain adequate

    information about retirement; identify alternatives of post-retirement activities; and

    discuss with people who are living a similar moment, feelings and possibilities that

    the new condition might offer.

    Keywords: Retirement. Post-career. Public employee.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 – Valores dos Benefícios pela Previdência Social – 2005 a 2010, corrigidos

    para o ano de 2010 pelo INPC (IBGE) ...................................................................... 29

    Tabela 2 – Servidores da instituição que possuem abono de permanência ............. 42

    Tabela 3 – Servidores com abono de permanência, por ano e carreira .................... 43

    Tabela 4 – Servidores do sexo feminino por faixa etária ........................................... 44

    Tabela 5 – Servidores do sexo masculino por faixa etária ........................................ 45

    Tabela 6 – Servidores ambos os sexos em relação ao número total de servidores .. 46

    Tabela 7 – Número de aposentadorias no período de 1991 e 2009 ......................... 47

    Tabela 8 – Aposentadorias por carreira no período de 1991 e 2009 ........................ 48

    Tabela 9 – Média da idade servidores aposentados no período de 1991 e 2009 ..... 49

    Tabela 10 – Servidores divididos por sexo e carreira – admitidos a partir de agosto

    de 1993 ..................................................................................................................... 50

    Tabela 11 – Servidores divididos por sexo e carreira – que saíram da Instituição a

    partir de agosto de 1993 ........................................................................................... 50

  • LISTA DE GRAFICOS

    Gráfico 1 - Pólo de interesse - Trabalho .................................................................... 51

    Gráfico 2 - Pólo de interesse – Lazer ........................................................................ 52

    Gráfico 3 - Pólo de interesse – Família ..................................................................... 52

    Gráfico 4 - Pólo de interesse - Estabilidade financeira .............................................. 53

    Gráfico 5 - Pólo de interesse - Relações de amizade ............................................... 54

    Gráfico 6 – Significado do trabalho – Fonte de renda ............................................... 54

    Gráfico 7 – Significado do trabalho – Fonte de atividade/criatividade ....................... 55

    Gráfico 8 – Significado do trabalho – Engajamento social (amigos) ......................... 56

    Gráfico 9 – Significado do trabalho – Fonte de auto realização ................................ 56

    Gráfico 10 - Outros significados para trabalho .......................................................... 57

    Gráfico 11 - Dedicação a outras atividades ............................................................... 58

    Gráfico 12 - Outras atividades – Grupos sociais/assistenciais .................................. 58

    Gráfico 13 - Outras atividades – Grupos religiosos ................................................... 59

    Gráfico 14 - Outras atividades – Cultura / Artes ........................................................ 60

    Gráfico 15 - Outras atividades – Lazer ...................................................................... 60

    Gráfico 16 - Outras atividades – Esportes ................................................................. 61

    Gráfico 17 - Dedicação a outras atividades ............................................................... 62

    Gráfico 18 - Significado de aposentadoria – Desligamento ocupacional ................... 62

    Gráfico 19 - Significado de aposentadoria – Mudança do eixo central da vida ......... 63

    Gráfico 20 - Significado de aposentadoria – Descanso merecido (desejo) ............... 64

    Gráfico 21 - Significado de aposentadoria – Imposição ............................................ 64

    Gráfico 22 - Significado de aposentadoria – Tempo para dedicar-se a outras

    atividades profissionais ou não ................................................................................. 65

    Gráfico 23 - Significado de aposentadoria – Redução de rendimentos ..................... 66

  • Gráfico 24 - Significado de aposentadoria – Sentimento de inutilidade .................... 66

    Gráfico 25 - Significado de aposentadoria – Perda de status ................................... 67

    Gráfico 26 - Significado de aposentadoria – Perda do vínculo institucional .............. 68

    Gráfico 27 - Significado de aposentadoria – Perda do vínculo social ........................ 68

    Gráfico 28 - Significado de aposentadoria – Encerramento de uma etapa, início de

    nova etapa de vida .................................................................................................... 69

    Gráfico 29 – Você se sente preparado para a aposentadoria? ................................. 70

    Gráfico 30 – Fatores de adiamento da aposentadoria – Possibilidade de

    manter/melhorar o salário (abono de permanência) .................................................. 70

    Gráfico 31 - Fatores de adiamento da aposentadoria – Se sente produtivo, podendo

    contribuir.................................................................................................................... 71

    Gráfico 32 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Não há substituto para a

    função ....................................................................................................................... 72

    Gráfico 33 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Possibilidade de

    recontratação em um momento melhor ..................................................................... 72

    Gráfico 34 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Família não preparada ... 73

    Gráfico 35 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Possibilidade de se

    preparar melhor para se aposentar ........................................................................... 74

    Gráfico 36 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Pensa que é melhor vir ao

    trabalho do que ficar em casa ................................................................................... 74

    Gráfico 37 - Fatores que levam a adiar a aposentadoria – Não abrir mão dos

    benefícios Institucionais ............................................................................................ 75

    Gráfico 38 – Você acha que a sociedade tem preconceito em relação às pessoas

    aposentadas? ............................................................................................................ 76

    Gráfico 39 – Sobre a instituição, você se sente – Reconhecido e valorizado ........... 76

  • Gráfico 40 – Sobre a instituição, você se sente – Pensa que poderia ter tido mais

    oportunidades profissionais ....................................................................................... 77

    Gráfico 41 – Sobre a instituição, você se sente – Pensa que poderia ter sido mais

    bem preparado para a aposentadoria ....................................................................... 78

    Gráfico 42 – Sobre a instituição, você se sente – Satisfeito com seu próprio

    desempenho .............................................................................................................. 78

    Gráfico 43 - Sobre a instituição, você se sente - Não tem qualquer sentimento

    pessoal (você e a instituição cumpriram o contrato) ................................................. 79

    Gráfico 44 - Sua experiência profissional adquirida na instituição faz você capaz de

    conseguir novo emprego? ......................................................................................... 80

    Gráfico 45 - Na sua visão, seu trabalho contribui para atingir os objetivos da

    instituição? ................................................................................................................ 80

    Gráfico 46 – Com sua aposentadoria, você considera que todos os seus anos de

    trabalho serão esquecidos? ...................................................................................... 81

    Gráfico 47 – Você participaria de um programa de preparação para aposentadoria se

    promovido pela instituição? ....................................................................................... 82

    Gráfico 48 - Que tipo de atividades você acha que deveriam fazer parte de um

    programa como esse? ............................................................................................... 83

    Gráfico 49 – Como você acha que a instituição trata seus aposentados? ................ 83

    Gráfico 50 – Há quantos meses você adquiriu seu direito a aposentadoria? ............ 84

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

    1.1 PROBLEMA ........................................................................................................ 16

    1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 16

    1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 16

    1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 17

    1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................... 17

    1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO............................................................................ 17

    1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................... 18

    2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 19

    2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19

    2.1.1 A Carreira e o Pós-Carreira ................................................................... 22

    2.2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE APOSENTADORIAS NO BRASIL ..................... 27

    2.2.1 O Regime da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT ........................... 27

    2.2.2 Considerações sobre Aposentadoria pela CLT .......................................... 30

    2.2.3 O Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais ..................... 31

    2.2.4 Abono de Permanência .............................................................................. 35

    2.3 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA................................................... 36

    3 MÉTODO ............................................................................................................ 38

    3.1 INSTRUMENTO .............................................................................................. 39

    3.2 PLANO PARA COLETA DE DADOS ............................................................... 40

    3.3 PLANO PARA ANÁLISE DE DADOS .............................................................. 41

    4 RESULTADOS ................................................................................................... 42

    4.1 PESQUISA DE CAMPO .................................................................................. 51

  • 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................... 88

    6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 91

    REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94

    Anexo A - Carta de apresentação ............................................................................. 98

    Anexo B - Termo de consentimento livre e esclarecido institucional ....................... 100

    Anexo C - Termo de consentimento livre e esclarecido .......................................... 102

    Anexo D - Questionário ........................................................................................... 104

  • 14

    1 INTRODUÇÃO

    A espécie humana necessitou de milhões de anos para atingir um bilhão

    de pessoas, o que teria ocorrido provavelmente em 1830. Havia o dobro deste

    número de pessoas em 1927. A população mundial chegou a três bilhões de

    habitantes em 1960. Após 14 anos a marca dos quatro bilhões foi atingida; em 1987

    veio o quinto bilhão e, em 1999, 12 anos depois, alcançamos o sexto bilhão

    (VERAS, 2003).

    Segundo Teixeira (2002), e de acordo com dados do Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatística - IBGE, a população do Brasil em 2000 superou os 169

    milhões de habitantes, correspondendo a um incremento de 15,7% em relação à

    população residente no País segundo o Censo Demográfico de 1991 (146,8 milhões

    de habitantes). Ao longo da década de 90, o ritmo de crescimento médio anual da

    população foi de 1,6%. A população de 65 anos de idade ou mais, no mesmo

    período, elevou-se em 41%, com uma taxa média de crescimento anual próxima aos

    4%.

    Para Patrício (2006), paralelamente ao aumento populacional, estendeu-

    se a longevidade humana por fatores como: melhorias na saúde desde a fase da

    infância até o envelhecimento, melhor controle das doenças infecciosas, diminuição

    da mortalidade infantil e materna, tratamento de doenças associadas à idade e

    diminuição de suas complicações e sequelas, frutos do avanço da tecnologia da

    saúde.

    Na língua portuguesa, o vocábulo aposentadoria remete,

    etimologicamente, à noção de recolhimento ao interior da habitação, aos seus

    aposentos. No entanto, nem sempre a aposentadoria representa um rompimento

    com o mundo do trabalho. No Brasil, por exemplo, pressões econômicas, sociais e

    culturais concorrem para a permanência no mercado, implicando ou não em

    alterações no local de trabalho, no tipo de atividade, no ritmo e na jornada

    (SHIBATA, 2006).

    Não só pressões econômicas, sociais e culturais, concorrem para a

    permanência no mercado de trabalho, mas o baixo valor dos proventos pagos aos

    aposentados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS faz com que o

    aposentado continue a trabalhar, para recompor ou melhorar sua renda.

  • 15

    Segundo Shibata (2006), o fato de a aposentadoria ser desejada ou

    forçada afetará o ajustamento à mesma. O impacto da aposentadoria é perceptível

    fortemente no contexto da família, o que vem provocar uma série de modificações

    cruciais na sua dinâmica. Em alguns casos pessoas que, em decorrência de

    experiências anteriores, não conseguiram lidar com o afastamento profissional,

    podem ser levadas a um processo regressivo de depressão e pânico perante a vida,

    culminado com doenças ou até a morte. Daí a importância de um programa de

    preparação para aposentadoria com o envolvimento de psicólogos e pessoas

    ligadas à área de assistência social.

    Não há como ignorar os estigmas que cercam o idoso aposentado,

    apreendido como incapaz ou como aquele que nada tem a contribuir. Perdeu sua

    força de trabalho. Assim, ao corpo envelhecido associam-se as representações de

    improdutividade e de incapacidade. Às pessoas que envelhecem e não participam

    diretamente do processo produtivo é imposto, na sociedade, o isolamento social. As

    relações sociais estabelecidas ao longo da vida se enfraquecem ou deixam de existir

    (MORI, 2006).

    Trata-se de nova desigualdade social imposta pelas relações econômicas,

    políticas, sociais e culturais da sociedade, que consiste na forma como os

    trabalhadores desenvolveram suas atividades no sistema produtivo e vivenciaram

    sua aposentadoria (GONÇALVES, 2006).

    Uma das faces mais perversas da questão social configura-se pela

    exclusão social expressa na vida dos trabalhadores, que não encontram mais

    reconhecimento na sociedade ou até, muitas vezes, são excluídos desse universo.

    Portanto, um dos fenômenos dessa relação diz respeito à aposentadoria vivenciada

    enquanto exclusão social e às consequentes relações desiguais que podem se

    estabelecer a partir da escolha desse direito social (GONÇALVES, 2006).

    A exclusão do mundo do trabalho, desencadeada pelas transformações já

    elencadas, constitui-se em aspecto que merece nova reflexão e novo olhar. Nessa

    perspectiva, um grande contingente de homens e mulheres encontra-se alijado do

    processo produtivo, não tendo espaço para sua colocação no mercado de trabalho,

    que se apresenta altamente restritivo (GONÇALVES, 2006).

    Ainda segundo Gonçalves (2006), de outro lado, a não valorização da

    experiência e o descarte daqueles cuja idade e perfil não correspondem aos critérios

  • 16

    de competência e interesse definidos pelo mercado, delineiam uma situação que

    exige atenção enquanto questão social.

    Pode-se afirmar, neste contexto, que a aposentadoria é um momento

    importante de mudança na vida das pessoas. Este período será resultante da

    maneira como o servidor organizou toda sua vida, desde a importância dada ao

    trabalho como também ao seu vínculo familiar e social.

    Podemos entender então que aposentadoria representa, sob o ponto de

    vista psicológico e social, um momento estressante e de muita expectativa na vida

    do indivíduo, que promove reações diversas, de uma sensação de liberdade até um

    sentimento de exclusão. As mudanças que ocorrem com a aposentadoria requerem

    uma adaptação antecipada.

    Diante dessa visão, um processo de preparação para aposentadoria não

    só traria benefícios para o indivíduo como também para a organização que seria

    estimulada a explorar atividades que trariam ajuda inclusive no contexto familiar.

    Cada vez mais se percebe que organizações empresariais públicas ou privadas,

    deveriam compor ações para a implantação de um programa de pós-carreira que

    vise primordialmente à preparação das pessoas para que elas construam um projeto

    de vida na aposentadoria, que facilite o processo de sucessão profissional, e

    pudesse transformar a aposentadoria em uma fase produtiva e feliz da vida

    (RESENDE, 2006).

    1.1 PROBLEMA

    Quais os motivos que levam servidores públicos federais da Instituição

    estudada, que já adquiriram o direito ao gozo de sua aposentadoria, a não se

    aposentar?

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Geral

    Verificar os motivos que levam os servidores da instituição a não se

    aposentar e o papel da instituição na preparação dos indivíduos para esta situação.

  • 17

    1.2.2 Objetivos Específicos

    Identificar os motivos que levam esses servidores da instituição a

    permanecer na atividade e as possibilidades de atuação da Instituição na

    preparação desses servidores para o pós-carreira.

    1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

    Este estudo foi realizado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -

    INPE, uma Instituição Pública Federal de Pesquisas, vinculada ao Ministério da

    Ciência e Tecnologia e localizada na região do Vale do Paraíba Paulista.

    Em um universo de 1.081 servidores ativos, a amostra utilizada para

    análise engloba 114 servidores a quem foram entregues os questionários. Esses

    servidores pertencem às carreiras de Pesquisa em Ciência e Tecnologia;

    Desenvolvimento Tecnológico; Gestão, Planejamento e Infra-Estrutura em Ciência e

    Tecnologia.

    Justifica-se o presente estudo pela disponibilidade de dados e devido ao

    tema transição para o pós-carreira ser pouco analisado na literatura, apesar de ser

    um fenômeno complexo, atual e cada vez mais frequente nas carreiras

    contemporâneas.

    Na literatura pesquisada foram encontradas referências sobre o assunto

    pós-carreira em publicações relacionadas a atividades esportivas e, em planos de

    preparação de aposentadoria em empresas privadas, devido à ausência de estudos

    sobre pós-carreira para o servidores públicos. O intuito de desenvolver estudos

    nesta área é fruto de uma série de observações relacionadas ao tema que o autor

    teve oportunidade de verificar em sua experiência de 17 anos trabalhando em

    Recursos Humanos.

    1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

    Odebrecht (2003) afirma que o envelhecimento da força de trabalho já é

    uma realidade nas organizações brasileiras. Já Paschoal (2002 apud CINTRA;

    RIBEIRO, 2007), afirma que economicamente, a pessoa pode ser caracterizada

    idosa a partir do momento de sua aposentadoria. Pelo lado cronológico, segundo a

  • 18

    Organização das Nações Unidas - ONU, para os países em desenvolvimento, o

    indivíduo é classificado como idoso a partir dos 60 anos.

    No Brasil, ser idoso muitas vezes significa estar excluído dos lugares

    sociais, onde o mais valorizado é aquele inserido no contexto chamado mundo do

    trabalho (MERCADANTE, 2002 apud CINTRA; RIBEIRO, 2007).

    O Setor Público tem sofrido mudanças significativas em sua organização,

    que resultam, por exemplo, em formas diversas de enxugamento dos seus quadros

    de pessoal pelo aumento significativo de aposentadorias e a reposição limitada de

    pessoal (LANCMAN et al, 2006).

    O trabalho oferece subsídios e possibilidades da instituição desenvolver

    um modelo de gestão que vise, também, à preparação do servidor para o pós-

    carreira.

    1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

    Este trabalho é apresentado em seis capítulos distribuídos da seguinte

    forma:

    O primeiro capítulo refere-se à Introdução onde são apresentados o

    problema, os objetivos da pesquisa, a delimitação e a relevância do estudo, além da

    organização do trabalho.

    No segundo capítulo é apresentada a revisão da literatura, mostrando a

    Carreira e o Pós-Carreira como foco do estudo, como também a evolução do

    sistema de aposentadorias no Brasil, o Regime da Consolidação das Leis do

    Trabalho – CLT, considerações sobre aposentadoria pela CLT, o Regime Jurídico

    Único dos Servidores Públicos da área Federal, o Abono de Permanência e o

    histórico da instituição estudada.

    No terceiro capitulo é apresentado o método empregado no

    desenvolvimento do trabalho. No quarto capitulo são apresentados os resultados e a

    pesquisa de campo. No quinto capitulo apresenta-se a discussão dos resultados.

    Finalmente no sexto capitulo a conclusão

  • 19

    2 REVISÃO DA LITERATURA

    2.1 INTRODUÇÃO

    A aposentadoria é um fenômeno historicamente recente. Apareceu, na

    sociedade industrial, como um direito adquirido pelos trabalhadores. No entanto,

    esta passagem do trabalho ao repouso é acompanhada de certas modificações que

    marcam profundamente a vida do indivíduo. A aposentadoria pode representar o

    afastamento do sistema produtivo e a perda do papel profissional. Mas é também a

    reorganização espacial e temporal da vida do indivíduo, confrontando com a velhice

    e momento de reorganização de identidade pessoal (SANTOS, 1990).

    De acordo com França (1999), aposentadoria é a saída de um trabalho

    regular e, normalmente, o termo está associado ao envelhecimento. Entretanto, ser

    jovem ou velho para o trabalho não diz respeito apenas a uma avaliação da

    capacidade física, mental ou psicológica para tanto, mas também vai depender dos

    contextos demográfico, histórico, sociocultural, econômico e político nos quais o

    trabalhador está inserido. Muitos se aposentam jovens e outros falecem antes que

    ocorra a aposentadoria.

    O prolongamento da expectativa de vida e o consequente crescimento da

    população de idosos coincidem com a falta de recursos para alguns sistemas de

    previdência. Justificativas para a existência de sistemas previdenciários podem ser

    divididas em três categorias. Previdência existe ou porque governos são

    benevolentes e paternalistas; ou porque governos são benevolentes e buscam

    corrigir as ineficiências dos mercados; ou, ainda, porque governos não são

    benevolentes e sim agem em função do resultado de grupos de pressão e de

    coalizões entre eleitores. As duas primeiras hipóteses levam às teorias normativas

    que explicam por que o governo deve intervir. Já a última leva às teorias positivas

    que tentam explicar porque o governo de fato intervém (IPEA, 2007).

    Baseados em dados econômicos, países da America do Sul vêm, desde a

    década de 90, empreendendo reformas em seus sistemas previdenciários, propondo

    mudanças nos sistemas de aposentadoria e introduzindo novas regras para retardar

    esse processo. No Chile é exigida idade mínima de 65 anos para homens e 60 para

    mulher, com dez anos de contribuição, e sua permanência no mercado de trabalho

    depende de sua ocupação. A Argentina assim como o Brasil, possui diferenciação

  • 20

    por sexo para a idade mínima de se aposentar: 60 anos para homens e 55 anos

    para mulheres (CARLOS et al, 1999).

    Conforme Giambiagi (2000), a necessidade de reformar a Previdência

    Social brasileira já é discutida há tempos. A situação da Previdência Social do Brasil,

    já era, há muitos anos, tida como delicada, No entanto, o desequilíbrio atuarial foi

    considerado durante décadas um problema meramente potencial, não merecendo

    maior atenção por parte dos Governos. Somente em meados dos anos 90, quando o

    mencionado desequilíbrio se converteu em um problema de caixa, foi que ocorreu,

    por parte do Poder Executivo, mobilização para a modificação das regras que regiam

    as aposentadorias e pensões, com o intuito de minimizar o desajuste que começava

    a agravar-se.

    O setor público tem sofrido mudanças significativas na sua organização,

    tais como privatizações de empresas públicas seguidas de demissões, transferência

    para o setor privado por meio de ações de terceirização e externalização de setores

    da produção, enxugamento de efetivos e implantação de metas de produtividade.

    Em muitas situações, essas mudanças são acompanhadas por deterioração das

    condições de trabalho, sobrecarga para os que permanecem, falta de inovação

    tecnológica para suprir o aumento na demanda de serviço, deterioração da imagem

    do funcionário público e responsabilização dos mesmos pelas inoperâncias dos

    serviços e pelas crises das instituições públicas (LANCMAN et al, 2006).

    Ainda segundo Lancman et al (2006), os serviços públicos têm adotado

    formas diversas de enxugamento dos seus quadros que vão desde programas de

    demissões voluntárias até a não reposição de trabalhadores afastados por doenças

    ou aposentadorias. Apesar de terem relações menos instáveis de trabalho (menor

    exposição ao risco de demissão sumária) os servidores públicos estão expostos a

    outras formas de instabilidade e precarização, tais como: oscilações políticas e de

    planejamento que geram descontinuidade de projetos em curso; achatamento

    salarial e perda de direitos trabalhistas; acúmulo de papéis; mudanças na

    organização do trabalho ou na natureza das tarefas que, por vezes, se chocam com

    o sentido e as crenças que os trabalhadores construíram em relação ao seu

    trabalho.

    A relação desenvolvida entre os servidores públicos e os usuários dos

    serviços públicos está permeada de conflitos. Em situações de insatisfação, por

    vezes, os usuários direcionam sua ira ao trabalhador que está a sua frente e que

  • 21

    representa a instituição prestadora do serviço, transformando os funcionários que

    trabalham na linha de frente em anteparo para as inoperâncias do sistema

    (LANCMAN et al, 2006).

    Apesar da aposentadoria não estar necessariamente vinculada à velhice,

    a transição normalmente coincide com o processo de envelhecimento. A adaptação

    à aposentadoria, tal qual o envelhecimento, dependerá da antecipação dos

    aposentáveis aos fatores de risco como a promoção da saúde e do alcance de uma

    poupança para o futuro, e a adoção de medidas que facilitem os fatores de bem-

    estar nesta transição, como a educação, trabalho, renda, vínculos sociais, afetivos e

    familiares (FRANÇA, 2009).

    A propensão é que o trabalho não se realize apenas em locais

    tradicionais, ampliando-se as possibilidades do trabalho em casa, adotando-se

    contratos temporários e ampliando-se às oportunidades de trabalho em regime de

    meio-expediente. Por certo, a flexibilidade dos horários e as alternativas dos

    contratos de trabalho precisam estar disponíveis não só para os trabalhadores mais

    velhos, que gostariam e têm condições de saúde para continuar trabalhando, mas

    também para os estudantes e mães que cuidam de crianças menores e que

    precisam trabalhar (HENRETTA, 2000 apud FRANÇA, 2009).

    A aposentadoria é o contraponto do trabalho, mas seu conceito vem se

    modificando, já que um número crescente de aposentados prefere continuar

    trabalhando. É possível que, independentemente da remuneração, aqueles que

    continuam imprimindo sua produtividade desenvolvam o senso de maior utilidade e

    obtenham maiores oportunidades para a interação social. Assim, a aposentadoria

    pode ser a maior perda social, sobretudo porque outras perdas estão associadas ao

    trabalho (FRANÇA, 2009).

    Portanto, o período da aposentadoria não é a causa de todos os males ou

    problemas ocorridos, mas é o período de mudança em um momento crucial na vida

    das pessoas que é o envelhecimento. Tal fenômeno é irreversível e inevitável,

    motivo de angustia e questionamento sofre o fim da existência. A aposentadoria e a

    velhice estão ligadas e muitos consideram o mesmo fenômeno.

    Devido a isso, verifica-se a importância para o servidor de que ele se

    conscientize e se prepare para o momento da aposentadoria.

  • 22

    2.1.1 A Carreira e o Pós-Carreira

    Os conceitos e abordagens sobre carreira e pós-carreira, os ciclos de

    desenvolvimento que envolve desde as escolhas profissionais até o ponto de

    encerramento com a aposentadoria, tanto individuais quanto organizacionais,

    processos de estagnação ou entrincheiramento e relação da carreira com gênero e

    idades podem facilitar a discussão dos resultados encontrados (MARTINS, 2001).

    Ainda de acordo com Martins (2001), o termo carreira tinha sua conotação

    mais relacionada ao tempo de uma pessoa em uma única categoria de trabalho e

    dentro de uma empresa. Somente a partir do século XIX, o termo passou a designar

    a trajetória da vida profissional. Carreira, então, pode expressar uma mobilidade

    ocupacional, referindo-se a um caminho a ser trilhado por um profissional.

    A proposta de conceito de carreira, proposto por Martins (2001), mostra a

    importância de se ter consciência que a definição de carreira não deve ser

    compreendida somente como uma escolha individual. Deve-se considerar também

    os cenários da empresa, seu plano de carreira, experiência e trabalhos, uma série

    de transições e etapas pelos quais o indivíduo passa na sua relação com o meio em

    que está inserido.

    Verifica-se um tratamento totalmente diferenciado da sociedade atual para

    com segmentos de aposentados com alto ou médio poder aquisitivo, quando se

    compara com aqueles que recebem salários inexpressivos. Esta situação acontece

    porque os considerados mais abastados representam um mercado consumidor em

    potencial, tornando-se alvo de todo o tipo de propaganda e sedução, tratados com

    um segmento representativo da melhor idade, aqueles que aproveitam melhor a vida

    em todos os sentidos (RODRIGUES et al, 2005).

    Essa atitude pode também ser considerada como um preconceito contra

    os aposentados, no mesmo nível com que a sociedade atual considera a

    diferenciação entre ricos e pobres.

    A perda do vínculo empregatício, com todas as implicações sobre a

    condição humana pode ter influência na identidade pessoal, uma vez que a

    aposentadoria acarreta modificações nas relações entre o indivíduo e o sistema

    social (UVALDO, 1995 apud RODRIGUES et al, 2005).

  • 23

    A aposentadoria traz para os indivíduos um conjunto de perdas, tais como

    o convívio com os colegas, o status social de pertencer a uma organização, o poder

    de exercer influência sobre os outros, perdas materiais, psicológicas, queda dos

    rendimentos financeiros, assim como a própria rotina referencial de sua existência.

    Podendo também incidir na diminuição da auto-estima e da motivação, ocasionando

    doenças que podem acarretar crises depressivas, ansiedade, problemas com

    alcoolismo, e até a morte (UVALDO, 1995 apud RODRIGUES et al, 2005).

    Conforme Shibata (2006), um aspecto interessante e paradoxal é que o

    envelhecimento cronológico da empresa que se traduz na história e tradição

    resultam na importância estrutural da instituição. Isso não correspondendo ao

    envelhecimento de seus recursos humanos. O significado do envelhecimento da

    empresa agrega os sentidos de confiabilidade, competência, força e versatilidade,

    adjetivos qualificados no mundo dos negócios.

    Dentro de uma cultura que sempre valorizou o trabalho, engajada em um

    sistema econômico e social, o trabalho em sua forma distinta, implica em uma

    atividade regular em um tempo estruturado. Conecta indivíduos a objetivos e

    propósitos que transcendem os individuais. O trabalho torna-se a principal ocupação

    do indivíduo com todas as benesses e compromissos de um vínculo empregatício,

    aliado a um sobrenome organizacional ou título pelo qual é conhecido e valorizado

    nas relações sociais (SHIBATA, 2006).

    Assim, quando chega o momento da aposentadoria, o indivíduo se

    percebe a frente a uma realidade para a qual ele não havia se preparado por

    questões como:

    Não ter desenvolvido uma identidade própria, e todo o reconhecimento obtido

    ao longo do tempo foi pelo empréstimo de um nome institucional de uma

    empresa à qual ele dedicou muitos anos de sua vida, ou seja, super

    valorização do ser profissional em detrimento do ser pessoal;

    Descuidar-se de seu desenvolvimento, como indivíduo, membro de um

    conjunto familiar e cidadão. Às vezes o indivíduo pode imaginar que haverá

    tempo para recuperar sentimentos e prazeres não vividos, esquecendo-se de

    que o tempo não volta e que emoções não vividas não se recuperam.

    Segundo Resende (2006), cada vez mais se percebe que as

    organizações empresariais, sejam públicas ou privadas, devem propor ações que

  • 24

    venham a mobilizar esforços para a implantação de um programa de pós-carreira,

    cujos objetivos devem ser:

    Preparar as pessoas para construírem um projeto de vida para a

    aposentadoria, seja por meio de um melhor gerenciamento de suas reservas

    financeiras, abertura de oportunidades empresariais, oferta de serviços por

    meio do acúmulo da experiência profissional ou qualquer outra ação que

    proporcione ao aposentado, condições para que se sinta integrado à

    sociedade;

    Facilitar o processo de sucessão profissional, uma vez que os novos entrantes

    precisam ter acesso ao mercado de trabalho pela substituição das pessoas

    que estão se aposentando;

    Transformar a aposentadoria numa fase produtiva e feliz da vida;

    Administrar o processo de transição na empresa.

    Ainda segundo Resende (2006), existem várias vantagens para as

    organizações que aderem a estes programas de preparação para o pós-carreira:

    Cumprir o papel social;

    Proporcionar o desenvolvimento de novos talentos;

    Gerar impacto positivo no moral dos colaboradores;

    Facilitar a gestão e transferência do conhecimento na organização;

    Fortalecer a imagem positiva da marca/produto/serviço (“top of mind”

    positivo).

    Hornstein e Wapner (1985) apud França (2008) propõem quatro modelos

    para a aposentadoria:

    A transição para o descanso (um tempo para descansar e para diminuir as

    atividades), o novo começo (nova fase da vida, maior tempo livre, outras

    metas na vida), a continuidade (a aposentadoria não é um evento principal,

    mas representa um tempo maior para atividades valiosas) e a ruptura

    imposta (falta de sentido e frustração) (HORNSTEIN e WAPNER, 1985

    apud FRANÇA, 2008, p.79).

    Aposentadoria é uma transição, por vezes alterando a vida das pessoas,

    que pode trazer perdas e ganhos, como também pode ser uma fase de

    continuidade. Isso depende tanto da perspectiva social quanto da perspectiva

    individual dos aposentados nos períodos imediatamente anterior e imediatamente

    posterior ao evento da aposentadoria. Analisar os aspectos sociais, ambientais e

  • 25

    individuais que envolvem a vida dos pré-aposentados, como também seus

    interesses e rotinas, é a melhor forma para se conhecer os preditores das atitudes

    frente a esse desafio (FRANÇA, 2008).

    Ainda segundo França (2008), um dos grandes desafios para aqueles que

    se aposentam é a administração do tempo livre. Especialmente para aqueles que

    concentram sua vida num único foco: o trabalho. Para os indivíduos que equilibram

    normalmente a vida de trabalho e a vida privada, a aposentadoria pode significar

    uma continuidade do que faziam e a oportunidade de enfatizar suas atividades e

    relacionamentos prazerosos. O importante nesta reflexão quanto ao tempo livre é

    saber até que ponto os indivíduos tiveram a oportunidade de experimentar uma

    rotina mais diversificada, em que o trabalho não fosse a única atividade importante

    em suas vidas.

    Existe uma grande diferença entre as expectativas quanto à distribuição

    de tempo com atividades e relacionamentos no futuro e o que o indivíduo faz no

    momento. Assim a fase de transição entre o desligamento do superenvolvimento

    com o trabalho e o deslocamento do tempo livre para a família e atividades de

    interesse pode requerer aconselhamento e apoio psicossocial (FRANÇA, 2008).

    A satisfação com o trabalho está relacionada ao prazer com que os

    empregados se dedicam a esse tempo, nos sentimentos positivos e na afetividade

    com o emprego. O envolvimento com o trabalho pode ser interpretado como o centro

    da existência do indivíduo. Estar mais envolvido indica que o emprego é mais do que

    um preenchimento de si próprio. O envolvimento e a satisfação com o trabalho

    parecem induzir a um maior comprometimento com a carreira (FRANÇA, 2008).

    Há ainda forte correlação entre as identidades profissionais e pessoais, o

    compromisso organizacional e as dificuldades em deixar a organização (Kim &

    Feldman, 2000, apud FRANÇA, 2009).

    Conforme França (2009), a dedicação excessiva ao trabalho pode limitar

    o desenvolvimento de outras atividades e interesses, como o lazer, atividades

    culturais e educacionais, hobbies ou o relacionamento familiar. Quando a

    aposentadoria se aproxima, a falta de planos e de expectativas contribui para que

    muitos trabalhadores se sintam perdidos, diante da idéia de ter que gerenciar

    sozinhos o próprio tempo.

    Nas horas vagas, muitos tentam praticar um hobby, caminhar, jogar

    futebol, ler ou ir ao cinema, namorar ou se relacionar com a família. Contudo nem

  • 26

    sempre é possível conciliar o tempo livre, entre tantas outras obrigações. O lazer é

    uma das compensações do trabalho. Apesar disso, ele é pouco praticado durante a

    vida laboral e, talvez, seja utópico imaginar que, na aposentadoria, esses

    trabalhadores possam substituí-la, facilmente, por uma vida de lazer (FRANÇA,

    2009).

    Alem da garantia de sobrevivência, a percepção do trabalho é

    considerada como um dos mais importantes preditores das atitudes, do

    planejamento e da decisão frente à aposentadoria. Função e cargo podem não ser

    determinantes no envolvimento e na satisfação com o trabalho, mas quanto maior é

    o status do cargo ocupado, mais difícil parece ser ficar sem ele (FRANÇA, 2009).

    As carreiras, do ponto de vista das organizações, terminam com o

    processo de aposentadoria, mas da posição do individuo a aposentadoria pode vir a

    ser o inicio de uma nova carreira ou a continuação da mesma atividade em outro

    local ou com autonomia. Entre as satisfações que pode sentir um profissional que

    cria algo, um produto, uma idéia, uma mensagem, é a de que sua “criatura” se torne

    de domínio público e seja amplamente utilizada, tanto por profissionais como

    comunicadores. E é exatamente isto que vem ocorrendo com a expressão pós-

    carreira criada no início da década 80 (BERNHOEFT, 2009).

    Conforme Bernhoeft (2009), a maioria dos profissionais prioriza o futuro

    dentro de uma justificativa de que tudo aquilo que não havia realizado no passado, e

    tão pouco conseguia desfrutar no presente, seria vivenciado no futuro. Ou seja, um

    processo de adiamento de sonhos, realizações e desfrute. O que, realisticamente

    pode não ser alcançado, pois esta será uma etapa da vida distante e muito diferente.

    A realidade do mundo profissional nos tem mostrado, quando nos

    propomos a dialogar sobre o tempo do pós-carreira, que a maioria se esquiva,

    consumida pela rotina demandante e estressante cuja relação com o tempo

    desperta, na maioria das vezes, uma sensação de insuficiência e o envelhecimento

    como se fosse algo externo e que diz respeito ao outro (SHIBATA, 2006).

    Assim, quando a aposentadoria começa a se insinuar, percebemos

    profissionais preocupados com mudanças rápidas e profundas em suas interações

    de um modo geral e em especial com o mundo organizacional (SHIBATA, 2006).

    Em um cenário de planejamento constante da carreira, as oportunidades

    de crescimento profissional são sempre bem recebidas, mas pouca atenção é dada

    à mudança de vida por ocasião da aposentadoria. A aposentadoria passa

  • 27

    despercebida na sua importância nos projetos de vida e no momento de planejá-la e

    é considerado fato raro como parte importante da carreira (CAÑIZARES, 2009).

    As empresas precisam de auxilio e treinamento para remanejamento de

    funções, e não uma guerra entre os empregados mais experientes e os mais novos.

    O que se espera é que os empregados diminuam seu ritmo de trabalho,

    como também que continuem envolvidos nas atividades da empresa, ajudando da

    melhor maneira possível esse momento de transição, na evolução de novos lideres

    com sua experiência e com isso vivenciando pouco a pouco, de maneira não

    traumática a transição para sua aposentadoria.

    2.2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE APOSENTADORIAS NO BRASIL

    2.2.1 O Regime da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT

    A origem da Previdência Social no Brasil remonta ao Decreto Legislativo

    nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecida como Lei Elói Mendes que criou as

    Caixas de Aposentadoria e Pensões que funcionavam de forma independente para

    os empregados das empresas ferroviárias (INSS, 2009).

    No Brasil, a primeira referência à aposentadoria por tempo de serviço data

    de sete de janeiro de 1924, em seu artigo 240 da Lei 4.793. Já no início da

    concessão desse benefício, observou-se que a aposentadoria por tempo de serviço

    onerava de forma intensa as finanças das Caixas de Aposentadoria. Isso decorria,

    principalmente, da aposentadoria de ferroviários ainda relativamente jovens (INSS,

    2009).

    O Governo Provisório, instalado logo após a Revolução de 1930,

    preocupado com o desequilíbrio financeiro das Caixas de Aposentadoria,

    suspendeu, até a elaboração de uma nova lei, a concessão de novas

    aposentadorias por tempo de serviço. Com o objetivo de reduzir os desembolsos

    com este tipo de benefício, o Decreto nº 20.465 de 1931 condicionou a

    aposentadoria por tempo de serviço a uma idade mínima de 50 anos, com benefício

    variável de 70% a 100% sobre a média salarial dos últimos três anos de serviço

    (INSS, 2009).

    Entretanto, essa medida não foi suficiente para solucionar o problema

    financeiro das Caixas. Como consequência, o Decreto-lei nº 2.474 de cinco de

  • 28

    agosto de 1940 suspendeu a concessão de aposentadorias que não fossem por

    invalidez, a qualquer segurado com menos de 60 anos de idade. Essa Legislação

    vigorou até a assinatura da Lei nº 593, em 1951, cujo artigo primeiro restabelecia à

    aposentadoria por tempo de serviço nos moldes da antiga Lei de 1924. Entretanto, a

    cláusula anterior que permitia a redução do valor do benefício sempre que o fundo

    das Caixas não pudesse arcar com o pagamento dos benefícios, foi eliminada

    (INSS, 2009).

    O Anteprojeto da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) de 1952,

    aprovada pelo Congresso Nacional apenas em 1960, analisou a viabilidade

    financeira deste tipo de aposentadoria. Contrariando pareceres técnico-autoriais e

    sem a definição específica de sua fonte de financiamento, a aposentadoria por

    tempo de serviço foi aprovada com as características até hoje vigentes. Em 1966,

    com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e a simultânea

    unificação dos diversos institutos setoriais, a aposentadoria por tempo de serviço

    manteve sua concepção definida na LOPS (INSS, 2009).

    Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a seguridade social

    passou a ter seus princípios básicos assegurados pela Carta Magna de forma

    bastante detalhada, cabendo especificamente a aposentadoria por tempo de serviço

    algumas citações. A Lei nº 8.313 de 24 de julho de 1991 dispõe sobre os planos de

    benefícios da previdência social, apresentando os diversos tipos de benefícios

    pecuniários (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

    Entre eles estão aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria

    especial, que nada mais é que a aposentadoria por tempo de serviço tendo em

    conta um período menor de trabalho, em função de atividade profissional sujeita a

    condições insalubres ou que prejudiquem a integridade física do trabalhador (INSS,

    2009).

    A Previdência Social iniciou, em outubro de 2005, o Censo Previdenciário

    visando a atualização dos dados cadastrais de aposentados e pensionistas do INSS.

    Em março de 2006, inicia-se a segunda etapa do Censo, envolvendo 14,7 milhões

    de aposentados e pensionistas. O anuário estatístico da Previdência Social

    apresenta dados de crescimento de pessoas físicas contribuintes entre 2004 e 2006.

    Nesse período o número de aposentados aumentou de 30,6 milhões para 33,3

    milhões. Um acréscimo de 8,9%, ou seja, 2,7 milhões de cidadãos que passaram a

    contar com a proteção do sistema previdenciário brasileiro (INSS, 2009).

  • 29

    O artigo primeiro do Decreto nº 5.872, de 11 de agosto de 2006,

    determinou que os benefícios mantidos pela Previdência Social fossem atualizados,

    a partir de abril 2006, em 5,01%. Conforme o art. 41 da Lei nº 8.213/91,

    acrescentado pela Lei nº 11.430, de 26 de dezembro de 2006, o valor dos benefícios

    é reajustado anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, com base

    no INPC (INSS, 2009).

    De todas as formas de rendimento, o provento do INSS é o benefício mais

    importante para os idosos brasileiros. A partir de 1988, trabalhadores rurais foram

    incluídos, mesmo não tendo contribuído para o sistema previdenciário. Em 2002,

    cerca de 7% da população de 60 anos ou mais receberam alguma forma desse

    benefício, seja como pensão ou aposentadoria. O valor da aposentadoria concedida

    pelo INSS varia de um salário mínimo até o teto da tabela de contribuição que

    corresponde aproximadamente a sete salários mínimos (INSS, 2009).

    A tabela 1 mostra os valores históricos do salário mínimo entre 2005 a

    2010, corrigidos para o ano de 2010 pelo INPC (IBGE).

    MÊS/ANO SALÁRIO MINIMO (R$) TETO (R$)

    Maio 2005 379,79 2.658,53

    Abril 2006 447,69 3.133,83

    Abril 2007 451,22 3.158,54

    Março 2008 469,47 3.286,29

    Fevereiro 2009 496,63 3.476,41

    Janeiro 2010 510,00 3.570,00

    Fonte: INSS (2010)

    Tabela 1 – Valores dos benefícios pela Previdência Social – 2005 a 2010,

    corrigidos para o ano de 2010 pelo INPC (IBGE)

    O trabalhador é obrigado a contribuir mensalmente com percentuais que

    variam de 8% para salários de contribuição até R$ 965,67, de 9% para salários entre

    R$ 965,68 a R$ 1.609,45 e de 11% para salários de contribuição entre R$ 1.609,46

    a R$ 3.218,90 e recebe os proventos de aposentadoria após 30 anos de

    contribuição, no caso das mulheres e 35 anos no caso dos homens. Esses valores

    são referentes ao ano de 2009 (INSS, 2009).

  • 30

    Cabe ainda ressaltar que a aposentadoria, apesar de ter como proposição

    a garantia de direitos e de inclusão social do idoso na sociedade democrática

    brasileira, seu valor, do ponto de vista econômico, não permite o atendimento

    satisfatório das suas necessidades de sobrevivência. Especialmente dos mais

    pobres que evidenciam um envelhecimento, no geral, patológico e com

    incapacidades associadas, requerendo, portanto, maior demanda de recursos tanto

    do seu sistema de apoio formal (Estado, sociedade civil) como do informal (família)

    (FRANÇA, 2009).

    2.2.2 Considerações sobre Aposentadoria pela CLT

    A aposentadoria regida pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,

    mantida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, é dedicada aos

    empregados de empresas privadas e pode ter seus rendimentos integrais ou

    proporcionais. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve

    comprovar que contribuiu por pelo menos 35 anos e por pelo menos 30 anos no

    caso das mulheres (INSS, 2009).

    Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador deverá

    combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima. Os homens podem

    requerer aposentadoria proporcional aos 53 anos de idade e 30 anos de

    contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de

    dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição. As mulheres têm direito

    a aposentadoria proporcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, mais um

    adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para

    completar 25 anos de contribuição. O valor a ser recebido como aposentadoria,

    baseia-se nas últimas 180 contribuições mensais, o que varia de indivíduo para

    indivíduo, nunca ultrapassando o teto estabelecido pelo INSS, como demonstrado

    na Tabela 1.

    No direito comparado são encontradas legislações que consagram a

    cessação do contrato de trabalho pela aposentadoria do empregado, embora

    algumas delas não mencionem a possibilidade de o empregado continuar a trabalhar

    na empresa. Sinalizam, portanto, que na maioria dos países a aposentadoria é

    causa extintiva do contrato de trabalho, estabelecendo ainda mecanismos que

    estimulam a aposentadoria (TERRIN, 2008).

  • 31

    Ainda, segundo Terrin (2008), na Espanha, o Estatuto dos Trabalhadores

    dispõe que o contrato de trabalho se extinguirá com a aposentadoria do trabalhador.

    Em Portugal, a cessação automática do contrato de trabalho se dá como forma de

    libertar efetivamente postos de trabalho a partir de certo momento, preocupação esta

    surgida com uma grave crise de desemprego.

    Na Argentina, quando o trabalhador passa a requerer o benefício

    previdenciário pelo percentual máximo, o empregador é obrigado a manter o

    empregado pelo tempo máximo de um ano. Concedido o benefício ou vencido o

    prazo mencionado o contrato de trabalho fica extinto. A extinção do contrato em

    decorrência da aposentadoria também é verificado na Grã Bretanha, França,

    Bélgica, Alemanha e Itália.

    Ainda conforme Terrin (2008), o benefício previdenciário, que a princípio

    deveria ser como um prêmio àquele que trabalhou e contribuiu à Previdência Social

    durante sua vida, para que finalmente pudesse descansar e desfrutar de sua

    aposentadoria torna-se um complemento econômico diante da dura realidade

    financeira do povo brasileiro. Por este motivo, quando se analisa a questão da

    aposentadoria espontânea e seus efeitos no contrato de trabalho do brasileiro, deve-

    se levar em conta essa realidade, destacando que a discussão não é tão simples

    quanto possa parecer.

    2.2.3 O Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais

    O regime estatutário foi introduzido no Brasil em 1939, no Governo do

    Presidente Getúlio Vargas e trouxe várias garantias para os servidores públicos

    como a admissão apenas por concurso público, fixação do número de cargos e dos

    vencimentos em lei e estabilidade funcional (MPOG, 2009).

    A esses servidores aplicam-se alguns dos dispositivos da Constituição

    Federal, como por exemplo, garantia de salário nunca inferior ao mínimo, décimo

    terceiro salário, repouso semanal remunerado, entre outros. Protegendo o indivíduo,

    protege-se toda a sociedade. Quanto maior o número de indivíduos desprotegidos,

    maior o caos social que impera. Por esse motivo, é imprescindível que o Estado, a

    quem cabe a proteção dos indivíduos, encontre a melhor maneira de livrá-los dos

    riscos sociais indesejáveis e, com isso, alcançar o bem estar, fim último da Ordem

    Social (BENETTI e ARAUJO), 2008.

  • 32

    A reforma tributária na Constituição de 1988 teve como característica

    principal a busca de maior descentralização de recursos entre as unidades de

    governo. Tal fato foi fruto das condições políticas da época, na qual o governo

    federal estava politicamente bastante enfraquecido. Aproveitando essa fragilidade,

    Estados e Municípios se organizaram e conseguiram aprovar mudanças que

    levaram apenas a uma participação maior dessas esferas de governo no montante

    dos recursos fiscais arrecadados no país. Esqueceram-se, pois, de que os

    problemas fiscais eram mais graves e não alteraram pontos importantes, que

    continuam até agora a causar grandes imperfeições no sistema, tornando-o cada

    vez mais ineficiente (RIANI, 2002).

    A Constituição de 1988, em um contexto de crise fiscal e debilitamento da

    capacidade de gestão do Estado, procura solucionar problemas de despesa

    estabelecendo o Regime Jurídico Único (RJU), que, em última instância, transferia

    os servidores públicos celetista para o regime estatutário (PACHECO FILHO e

    WINKLER), 2005.

    O excessivo peso da burocracia durante o Governo Collor (1990-92), com

    uma carga tributária que flutuava entre o mínimo de 24,66% até o máximo de

    29,86% conforme Pacheco Filho e Winkler (2005), acabam por gerar uma agenda

    negativa que se traduziu em dilemas para o Estado. Para tanto foi necessário a

    redefinição do papel do Estado.

    O primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-98) redefiniu

    uma nova agenda pública para o serviço público. Iniciando uma ampla mudança no

    papel do Estado. Foi decisiva a Reforma Administrativa instituída pela Emenda

    Constitucional nº 19/96 e implantada pelo Ministério da Administração e Reforma do

    Estado (MARE), que veio substituir a burocrática Secretaria da Presidência. Foi

    proposto que a reforma administrativa fosse incluída entre as reformas

    constitucionais já definidas como prioritárias pelo novo governo, reforma fiscal,

    reforma da previdência social e a eliminação dos monopólios estatais (PEREIRA,

    2006).

    A Reforma, estrategicamente, buscava reduzir custos ao impor limites de

    gastos com o funcionalismo, e classificou os servidores como de carreira exclusiva e

    estratégica do Estado ou não, além de ter quebrado o regime de estabilidade, em

    função da essencialidade ou não, das funções exercidas no Estado.

  • 33

    Essa reforma foi justificada pela necessidade de se criar um Estado

    gerencial, enxuto e ágil, adequado ao processo competitivo global (PACHECO

    FILHO e WINKLER), 2005.

    O Regime Jurídico Único dos Servidores – RJU, Lei 8112 de 16 de

    dezembro de 1990 dispõe sobre o regime jurídico do servidor público civil da União,

    das autarquias e das fundações públicas federais. Seu artigo nº 243 submete, na

    qualidade de servidor público, os servidores dos Poderes da União, dos ex-

    Territórios, das autarquias, inclusive os em regime especial, e das fundações

    públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos

    Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho,

    aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados

    por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados após o

    vencimento do prazo de prorrogação (MPOG, 2009).

    Uma das principais mudanças para o servidor ocorre com a instituição de

    regras de transição para os que ingressaram antes de 16 de dezembro de 1998 no

    serviço público, como aquela que consiste em aplicar o percentual de 20% sobre o

    tempo que faltava para a aposentadoria integral na data de 16 de dezembro de 1988

    para obter esse benefício e de 40% sobre o tempo que faltava para a aposentadoria

    proporcional naquela data (BRASIL, 2009).

    A idade mínima para a aposentadoria voluntária integral e proporcional

    passou a ser de 48 anos para a mulher e 53 anos para o homem, com mínino de

    cinco anos de efetivo exercício no cargo, tanto para o homem quanto para a mulher

    (BRASIL, 2009).

    No ano de 2003, foi editada a Emenda Constitucional nº 41 que modificou

    a idade mínima para as aposentadorias dos servidores: 55 anos para as mulheres e

    60 para os homens, respeitado um tempo mínimo de contribuição de 35 anos para

    homens e 30 para mulheres. Há ainda a exigência de no mínimo 20 anos no serviço

    público e dez anos na carreira, além de cinco anos de exercício no ultimo cargo para

    aposentadoria integral com paridade plena (BRASIL, 2009).

    Em 2005 foi editada a Emenda Constitucional nº 47 que possibilita

    também a aposentadoria integral e a paridade plena para quem ingressou no serviço

    público até 16 de dezembro de 1998. Exige, para isso, 60 anos de idade para

    homens e 55 anos para mulheres, reduzida em um ano a idade, para cada ano de

  • 34

    tempo de contribuição que exceder o mínimo. O tempo mínimo de contribuição é de

    35 anos para homens e de 30 anos para mulheres (BRASIL, 2009).

    Resumidamente o direito a aposentadoria pela Emenda Constitucional nº

    47, se da quando a soma entre o tempo de contribuição e a idade resulta no número

    95 para os servidores homens e 85 para as servidoras mulheres.

    A Emenda Constitucional nº 47/2005 foi instituída com o objetivo de

    concluir essa série de alterações na previdência brasileira. Conhecida como

    Proposta de Emenda Constitucional ou PEC Paralela. O seu principal caráter foi de

    aperfeiçoar as modificações da Emenda nº 41/2003 e estabelecer regras de

    transição como forma de garantir os direitos vinculados posteriormente. Esta

    emenda identificou claramente quais as parcelas remuneratórias que não são

    computadas para efeito do teto remuneratório. Possibilitou fixar como limite único,

    para fins de teto, o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

    Criou a regra de transição para quem era servidor na data da Emenda Constitucional

    nº 20/1998 e estendeu a possibilidade de aposentadoria especial para os servidores

    portadores de deficiência, para os que exerçam atividade de risco ou aqueles

    sujeitos a condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física

    (BRASIL, 2009).

    O regime estatutário possui determinadas peculiaridades. Neste regime, o

    servidor é nomeado por um ato unilateral, ingressando numa situação jurídica já

    definida, sem poder modificá-la, pois são regidos por um estatuto com força de Lei.

    O acordo estabelecido entre empregado e empregador (ente público) serve apenas

    para formar o vínculo entre ambos e para que o servidor possa tomar posse no

    cargo para o qual foi nomeado. Mas a ele não serão dadas condições de discutir as

    respectivas condições de trabalho e vantagens previamente instituídas (BRASIL,

    2009).

    A Lei 8112/90, em relação à aposentadoria diz que o tempo de

    contribuição é igual ao aplicado pelo INSS para homens e mulheres. Mesmo na

    aposentadoria proporcional, o individuo regido pelo RJU se aposentava com valores

    maiores que o teto do INSS, pois o valor era calculado pelo tempo de serviço e não

    pela média das contribuições. Devido a essa diferença constata-se o aumento do

    número de aposentados na Instituição entre os anos de 1993 a 1998, como

    demonstrado na Tabela 5 (MPOG, 2009).

  • 35

    Esse é o ponto a ser seguido por toda a sociedade: a busca incessante

    do bem estar social de todos os indivíduos, de forma universal, principalmente no

    que diz respeito aos idosos, que são nossa herança cultural, profissional, e que, com

    sua experiência e história, conseguem nos conduzir ao passado e nos mostrar o

    quanto já trabalharam para que chegássemos onde estamos hoje (BENETTI e

    ARAUJO), 2008.

    2.2.4 Abono de Permanência

    O abono de permanência foi criado pela Emenda Constitucional nº

    41/2003, trata-se de uma vantagem financeira para o servidor público efetivo, que

    opta por permanecer trabalhando, mesmo tendo adquirido o direito a se aposentar.

    Consiste no pagamento do valor que equivale à contribuição do servidor público

    para a previdência social própria ou Plano de Seguridade Social do Servidor Público

    – PSS, que correspondente a 11% de sua remuneração, esse valor é restituído pelo

    Tesouro Nacional no mesmo valor (MPOG, 2009).

    O Abono de Permanência tem duplo objetivo:

    Incentivar o servidor que adquiriu o direito a sua aposentadoria a permanecer

    na atividade até que complete os 70 anos de idade, data em que,

    compulsoriamente será aposentado e,

    Promover economia ao Tesouro Nacional, pois assim consegue postergar no

    tempo a dupla despesa que teria por pagar proventos de aposentadoria e

    remuneração a quem o substituirá (MPOG, 2009).

    Existem duas regras para que o servidor possa requerer seu abono de

    permanência, a primeira diz que o servidor terá que cumprir três requisitos conforme

    a Emenda Constitucional nº 41/2003:

    Para as mulheres a primeira regra prevê que ela terá que possuir 20 anos

    de serviço público, 30 anos de contribuição e 55 anos de idade. Para os homens, 20

    anos de serviço público, 35 anos de contribuição e 60 anos de idade.

    Já a segunda regra, prevê que o servidor terá que cumprir os seguintes

    requisitos conforme a mesma emenda: A contagem de tempo total para na data de

    16 de dezembro de 1998, o tempo que falta para completar 30 ou 35 anos de

    contribuição será somado a 20% deste tempo, chamado de pedágio, e ter a idade

  • 36

    mínima de 48 anos para as mulheres e 53 para os homens em 16 de dezembro de

    1998.

    2.3 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA

    Em 1961, por decreto presidencial do então Presidente da República

    Jânio da Silva Quadros foi criado o Grupo de Organização da Comissão Nacional de

    Atividades Espaciais - GOCNAE, um embrião do INPE. Em 1963, o COGNAE

    passou a se chamar Comissão Nacional de Atividades Espaciais – CNAE e se

    instalou em São José dos Campos. A CNAE foi extinta em 1971, dado origem ao

    Instituto de Pesquisa Espaciais - INPE, subordinado ao Conselho Nacional de

    Pesquisa - CNPq (INPE, 2009a).

    Em 1985, foi criado o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT ao qual o

    INPE passou a ser subordinado como órgão autônomo. Em 1989 o MCT foi

    substituído pela Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da República –

    SCT-PR. Em 1990, passou a ser denominado Instituto Nacional de Pesquisas

    Espaciais, mantendo a sigla original. Com a transformação da SCT no Ministério da

    Ciência e Tecnologia – MCT, 1992, o INPE volta a integrá-lo como órgão específico

    (INPE, 2009a).

    O INPE é reconhecido pelo governo e pela sociedade brasileira como um

    centro de excelência nacional, responsável pelos modelos operacionais de previsão

    de tempo e clima para o Brasil contribuindo para o desafio do desenvolvimento

    sustentável com programas de satélites de observação da terra e suas aplicações.

    Tem como missão e visão a produção de ciência e desenvolvimento tecnológico nas

    áreas espacial e do ambiente terrestre, oferecer produtos e serviços singulares em

    benefício do Brasil, ser referência nacional e internacional nas áreas espacial e do

    ambiente terrestre pela geração de conhecimento e pelo atendimento e antecipação

    das demandas de desenvolvimento e de qualidade de vida da sociedade brasileira

    (INPE, 2009b).

    As competências da instituição estão concentradas em três grandes

    áreas, Ciências Espaciais e Atmosféricas, Ciências Ambientais e Meteorológicas e

    de Engenharia e Tecnologias Espaciais (INPE, 2009b).

    Seus servidores pertencem à Carreira de Ciência e Tecnologia, criada

    pela Lei nº 8.691 de 28 de julho de 1993, que cria seu plano de carreira. Seu quadro

  • 37

    é composto por 200 servidores na carreira de pesquisa em ciência e tecnologia, 542

    servidores na carreira de desenvolvimento tecnológico e 339 servidores na carreira

    de gestão, planejamento e infra-estrutura em ciência e tecnologia.

    A Carreira de Pesquisa em Ciência e Tecnologia destina-se a

    profissionais habilitados a exercer atividades específicas de pesquisa científica e

    tecnológica. É, formada pelos cargos de Pesquisador Titular, Pesquisador

    Associado, Pesquisador Adjunto e Assistente de Pesquisa (LEI 8691, 1993).

    A Carreira de Desenvolvimento Tecnológico destina-se a profissionais

    habilitados a exercer atividades específicas de pesquisa e desenvolvimento

    tecnológico. É constituída por três cargos: Tecnologista, que é um cargo exercido

    por servidores de nível superior, Técnico e Auxiliar-Técnico, ambos exercidos por

    servidores que possuem formação de nível médio (LEI 8691, 1993).

    A Carreira de Gestão, Planejamento e Infra-Estrutura em Ciência e

    Tecnologia é composta por servidores que possuem nível superior ou médio,

    habilitados a exercer atividades de apoio à direção, coordenação, organização,

    planejamento, controle e avaliação de projetos de pesquisa e desenvolvimento na

    área de Ciência e Tecnologia, bem como toda atividade de suporte administrativo

    dos órgãos e entidades. É constituída de três cargos: Analista em Ciência e

    Tecnologia, Assistente em Ciência e Tecnologia e Auxiliar em Ciência e Tecnologia

    (LEI 8691, 1993).

  • 38

    3 MÉTODO

    Para amparar teoricamente o tema estudado, foram realizadas pesquisas

    em revistas, sites, catálogos, dissertações e teses, artigos e livros científicos

    nacionais, publicados durante as últimas décadas. Em seguida procedeu-se à leitura

    seletivo-interpretativa e elaboração de questionário que foi aprovado pelo Conselho

    de Ética em Pesquisa em reunião no dia 19 de fevereiro de 2010, conforme

    Declaração nº 030/10, protocolo CEP/UNITAU nº 009/010.

    O tipo de pesquisa utilizado neste trabalho foi o estudo de caso por meio

    de pesquisa descritiva documental e tomada de dados, realizada por meio de

    questionário.

    Primeiramente foi elaborado o questionário, aplicado a uma pequena

    amostra de nove indivíduos alvos da pesquisa, para um melhor balizamento das

    perguntas. Após análise dos nove questionários, foram feitas modificações e a

    versão final foi posteriormente distribuída à população total estudada para coleta dos

    dados. Foi autorizado pela Direção da Instituição por meio da assinatura do Termo

    de Consentimento (Anexo B), onde fica claro a finalidade acadêmica e os princípios

    éticos que guiariam esta pesquisa.

    Os questionários começaram a ser distribuídos no dia 13 de março de

    2010 aos servidores com direito adquirido a se aposentar até 31 de dezembro de

    2009, mas que ainda não haviam se aposentado. Do total de 138 servidores que

    atendiam a essa condição, foram efetivamente entregues 114 questionários, sendo

    27 questionários para os servidores da carreira de pesquisa, 35 questionários para

    servidores da carreira de desenvolvimento tecnológico e 52 para os servidores da

    carreira de gestão. Foram devolvidos preenchidos, 26 questionários da carreira de

    pesquisa, 34 questionários da carreira de desenvolvimento tecnológico, 44 da

    carreira de gestão, totalizando 104 questionários que correspondem a 91% do total

    efetivamente entregue, a ser estudada. Deste total entregue, apenas 10 servidores

    não responderam ao questionário, seja por razões relacionadas a particularidades

    do cargo, como viagens ao exterior, campanhas na Antártica, problemas de licença

    médica, seja por desinteresse.

    Proporcionalmente, a relação entre os questionários entregues e

    devolvidos foi de 96% para a Carreira de Pesquisa, 97% para a Carreira de

    Desenvolvimento Tecnológico e 84% para a Carreira de Gestão.

  • 39

    Pensou-se em enviar aos 10 servidores ausentes o questionário por e-

    mail, mas devido ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo C), ser

    impresso e assinado pelo autor e orientadora, optou-se pela exclusão desses

    servidores da amostra, temendo-se pela sua não devolução. Os questionários foram

    distribuídos pessoalmente pelo autor, nas unidades da Instituição pesquisada em

    São José dos Campos - SP e Cachoeira Paulista - SP. Para as outras unidades

    (Natal - RN, Cuiabá - MT, Santa Maria – RS), foram contatados três servidores, que

    se prontificaram em explicar a importância do trabalho e o modo de preenchimento

    do Questionário e o Termo de Consentimento para oito servidores que faziam parte

    da amostra.

    Em relação à distribuição nas unidades de São José dos Campos e

    Cachoeira Paulista, não houve problemas de entendimento pelos participantes. A

    média diária de devolução foi de 10 questionários, aonde 2% dos questionários

    vieram com problemas de fácil resolução. A grande maioria dos servidores não

    respondeu a pergunta de número 15, “Há quantos anos/meses você adquiriu seu

    direito à aposentadoria?” havendo a necessidade do autor obter tais informações na

    base de dados da Divisão de Gestão de Pessoas - DGP da Instituição. Algumas

    dúvidas também foram sanadas por telefone. Todos os formulários “Termos de

    Consentimento Livre e Esclarecido” foram devolvidos juntos com os questionários.

    3.1 INSTRUMENTO

    Foi utilizado como instrumento de pesquisa questionário com 16

    perguntas, composto por 15 questões fechadas e uma aberta, utilizando-se a Escala

    Likert, criada por Rennis Likert, em 1932. A Escala de Likert tem sido empregada

    mais frequentemente para a mensuração de atitudes sociais e consiste tipicamente

    de um conjunto de enunciados que expressam alguma afirmação sobre atitude,

    seguido cada enunciado de alternativas que indicam o grau de concordância ou

    discordância de cada respondente em relação ao seu conteúdo. As alternativas são

    comumente em número de cinco (OMOTE, 2005).

    Cerca de metade dos enunciados deve ser positiva e outra metade,

    negativa. Quando há concordância com o conteúdo do enunciado positivo, esta

    corresponde a atitudes favoráveis; e quando há concordância com o conteúdo de

    um enunciado negativo, ficam evidenciadas atitudes desfavoráveis. Na atribuição de

  • 40

    pontos às respostas assinaladas, o valor de cada enunciado deve ser considerado.

    Para itens positivos, a alternativa que expressa maior grau de concordância deve

    receber a maior pontuação e a que expressa o maior grau de discordância, a menor

    pontuação (OMOTE, 2005).

    Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os

    respondentes especificam seu nível de concordância com uma afirmação. A escala

    Likert é a soma das respostas dadas a cada item Likert. A escala é importante

    porque é gradual e permite que os respondentes expressem a direção e a

    intensidade de opinião referente a um determinado item (SILVA, 2008).

    A escala possui os seguintes valores: (1) – não concordo plenamente, (2)

    – não concordo, (3) – indiferente, (4) – concordo, (5) – concordo totalmente.

    Neste trabalho, nas perguntas um a quatro, seis e oito a 11, os

    respondentes teriam que dar notas de um a cinco, de acordo com a escala Likert. As

    perguntas de números cinco, sete e 12, deveriam ser preenchidas com (X) para

    respostas SIM ou NÃO. Já nas perguntas de números 13 e 14 os respondentes

    teriam que escolher uma opção, marcando a opção com (X).

    Há várias vantagens nas perguntas fechadas. Um conjunto de alternativas

    de respostas é uniforme, portanto facilita comparações entre os entrevistados, e que

    a lista é fixa de possibilidades de resposta o que tende a tornar a pergunta mais

    clara ao entrevistado (REA e PARKER, 2000).

    3.2 PLANO PARA COLETA DE DADOS

    Foram entregues 114 questionários idênticos entre servidores das três

    carreiras mencionadas. O questionário encontra-se no Anexo D deste trabalho.

    As perguntas foram elaboradas antecipadamente, durante encontros

    informais com alguns servidores dentro do próprio Instituto, onde foi exposto o

    propósito do trabalho, visando a um pré-levantamento das questões relevantes para

    o entendimento da situação da preparação dos servidores para o pós-carreira, como

    também para identificar as possibilidades de atuação da Instituição na preparação

    desses servidores para o pós-carreira.

  • 41

    3.3 PLANO PARA ANÁLISE DE DADOS

    Os questionários foram separados e tabulados pelas três carreiras,

    formando uma massa crítica para análise, de acordo com o objetivo do trabalho, que

    é estudar as três carreiras em separado, com o objetivo de identificar similaridades

    ou diferenças no impacto da atividade exercida pelo servidor sobre sua atitude

    diante da aposentadoria. Os resultados foram inseridos em planilha eletrônica do

    Software Microsoft Office 2007, para uso das ferramentas de tabulação, construção

    de tabelas e elaboração de gráficos. As perguntas um a três trazem seis alternativas

    cada; a pergunta quatro é composta de 11 alternativas; as perguntas cinco, sete e

    12, utilizam duas alternativas cada em que o respondente indica sim ou não; a

    pergunta seis possui oito alternativas para resposta; as perguntas oito, nove, 10 e 11

    são formadas por cinco alternativas cada; as perguntas 13 e 14 são compostas por

    três alternativas cada; a pergunta 15 é preenchida com o número de meses em que

    o servidor adquiriu o direito a sua aposentadoria e a pergunta 16 diz