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8/17/2019 Administração Pública Descritiva - Módulo II http://slidepdf.com/reader/full/administracao-publica-descritiva-modulo-ii 1/38 Administração Pública Descritiva MÓDULO II - PRINCÍPIOS E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA  Ao final deste módulo o aluno será capaz de:  Compreender a organização do Estado brasileiro e seus fundamentos;  Distinguir Administração Pública de Estado;  Definir as principais funções do administrador público;  Citar os órgãos técnicos de governo com funções de fiscalização e execução;  Identificar o contrato de gestão, em todos os seus aspectos. Unidade 1 - A organização do Estado - Poderes da República Vimos no primeiro módulo o papel do Estado em relação aos demais setores da sociedade, a evolução histórica da Administração Pública brasileira e características de algumas práticas gerenciais na máquina estatal do país.  A partir de agora vamos consolidar o conhecimento do modelo republicano de governo; a forma federativa de organização; a tripartição de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Vamos começar entendendo o que é o Estado. Vejamos: O conceito de Estado pode ser abordado sob inúmeras perspectivas doutrinárias, e é muito difícil, senão impossível, encontrar um conceito que possa satisfazer todas as necessidades de entendimento de um instituto tão complexo quanto à sua forma e natureza. A palavra “Estado” pode ser utilizada em inúmeras oportunidades, o que, sem dúvida, dificulta qualquer tentativa de enquadramento simplista e redutor. De qualquer forma, o Professor Dalmo de  Abreu Dallari considera que o Estado seja “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determin ado território”. O autor

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Administração Pública Descritiva

MÓDULO II - PRINCÍPIOS E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 Ao final deste módulo o aluno será capaz de:

  Compreender a organização do Estado brasileiro e seus fundamentos;

  Distinguir Administração Pública de Estado;

  Definir as principais funções do administrador público;

  Citar os órgãos técnicos de governo com funções de fiscalização e

execução;

  Identificar o contrato de gestão, em todos os seus aspectos.

Unidade 1 - A organização do Estado - Poderes da República

Vimos no primeiro módulo o papel do Estado em relação aos demais setores da

sociedade, a evolução histórica da Administração Pública brasileira e

características de algumas práticas gerenciais na máquina estatal do país.

 A partir de agora vamos consolidar o conhecimento do modelo republicano de

governo; a forma federativa de organização; a tripartição de poderes entre

Executivo, Legislativo e Judiciário. Vamos começar entendendo o que é o

Estado.

Vejamos:

O conceito de Estado pode ser abordado sob inúmeras perspectivas

doutrinárias, e é muito difícil, senão impossível, encontrar um conceito que possa

satisfazer todas as necessidades de entendimento de um instituto tão complexo

quanto à sua forma e natureza. A palavra “Estado” pode ser utilizada em

inúmeras oportunidades, o que, sem dúvida, dificulta qualquer tentativa de

enquadramento simplista e redutor. De qualquer forma, o Professor Dalmo de

 Abreu Dallari considera que o Estado seja “a ordem jurídica soberana que tem

por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”. O autor

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consegue inserir no seu conceito todas as características do que é entendido

modernamente como Estado. Sendo o Estado moderno a organização política

da nação, por mais elementar que seja, são seus componentes o povo, seu

território e a soberania, ou governo próprio, autônomo, independente. É

amplamente aceita a tese de que o Estado primitivo surgiu de forma muito natural

e espontânea, não contratual, a partir das necessidades organizativas de uma

sociedade.

Pág. 2

Para atender à conveniência da coletividade, o Estado é a entidade de máxima

hierarquia perante outras existentes, assumindo sobre elas, ora o controle, ora

a fiscalização, ora a regulação de ação, ora papel nenhum. Pode permitir-lhes

liberdade total, parcial ou mínima, o que varia de Estado para Estado (se liberal

 – se social).

O Estado brasileiro assemelha-se ao Estado romano, no sentido em que

reconhece, na família, a base da sociedade, para a qual assegura especial

proteção. A unidade nacional, conferida na forma federativa, caracteriza omodelo do Estado moderno no País, característica originária, também, do Estado

Romano. Diz a Constituição:

 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

...

O Estado possui autoridade e poder para fazer cumprir suas determinações

sobre todas as pessoas que estejam em seu território. Tem poder extroverso, ouseja, pode unilateralmente impor obrigações a terceiros, o que inclui o

estabelecimento de tributos e de obrigações legais, na forma das leis que nele

vigoram. Além disso, o Estado possui o monopólio da violência legal, que é

aquela praticada pelas autoridades oficiais na defesa dos cidadãos e do

patrimônio, seja ele público ou privado.

Pág. 3

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Quanto à ligação do Estado com a religiosidade de seu povo, podemos ter

Estados teocráticos, Estados confessionais e Estados laicos.

No Estado teocrático, a religião se imiscui com os assuntos públicos e os orienta.

Nele, líderes religiosos conduzem a coisa pública conforme os preceitos dareligião.

No Estado confessional há distinta separação entre religião e Estado. Contudo,

este adota posturas e costumes religiosos em seu modo de agir. Exemplo disso

diz respeito a ter o Estado uma “religião oficial”, como foi o caso do Brasil de

antes da Constituição de 1988.

Já o Estado laico, atual situação do Brasil, é aquele totalmente dissociado de

religião. Nele, o aspecto religioso pertence exclusivamente à sociedade, com sua

diversidade de crenças, não interferindo nos assuntos do Estado. Diz a

Constituição:

 Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar lhes o

funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de

dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse

público;

...

Pág. 4

 A República Federativa do Brasil

 Acerca da organização do Estado brasileiro, diz o art. 1º da Constituição:

 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático

de direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

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III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Conforme o artigo destacado, o Brasil adota a república como forma de Governo.

Na república, o poder do Estado pertence ao povo, que o exerce de maneira

indireta, através de representantes eleitos e, em menor escala, de maneira

direta, na forma de institutos de democracia direta que, no Brasil, são os

plebiscitos e referendos.

Como sistema de governo, o Brasil adota o presidencialismo, no qual os

comandos político e administrativo do Estado decaem sobre uma única

liderança, que é o Presidente da República. Essa forma de governo é marcada

por dois fundamentos:

1. Delegação de poder popular a governante eleito;

2. Eleição periódica, sendo admitida, ou não, a reeleição. Na república

presidencialista, o chefe do Estado (comandante político) e o chefe do

governo (comandante burocrático) são a mesma pessoa  – o Presidente

da República.

Pág. 5

 Atenção: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos”.

Com a afirmativa acima a Constituição brasileira retirou do chefe do Estado, e

do governo, o caráter de empoderamento personalista. Ele passa a ser mero

representante da vontade popular, cujos interesses deve defender, no exercício

de sua delegação temporária de poder. Para o Presidente da República, a

vitaliciedade e a hereditariedade dão lugar à temporariedade e à eletividade,

respectivamente.

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Já quando estabelece que o Brasil se constitui num “Estado democrático de

direito”, a Constituição afirma que, no País, prevalece o império das Leis. Embora

o chefe do Executivo exerça um poder político, é certo que sua gestão

administrativa não prescinde da legalidade. Para tudo o que pretenda fazer, deve

aprovar leis no Congresso.

Pág. 6

Forma Federativa de União

Garantindo que o Brasil é formado pela união indissolúvel dos Estados,

Municípios e Distrito Federal, a Constituição estabelece a forma federativa deUnião. Esse modelo divide a administração do Estado em três esferas de

governo: União, Estado e Município. Em cada uma delas existem estruturas

administrativas próprias e, naquilo que seja cabido, análogas e concorrentes.

 Assim, em cada ente federado há um chefe do Executivo, que são o Presidente

da República, o Governador e o Prefeito, para União, estados e Distrito Federal,

e municípios, respectivamente.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do

Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,

todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Para a afirmação de que as administrações, em suas três esferas, são

concorrentes, deve-se considerar que cada uma delas atua dentro de suas

prerrogativas constitucionais sobre um mesmo espaço de domínio.

 Assim, o Executivo federal exerce seu poder em um município de fronteira ondehaja contrabando de armas ou tráfico de entorpecentes, por exemplo. Nessa

situação, o prefeito não exerce seu poder, mas sim o chefe do Executivo federal,

por meio das forças federais – Polícia Federal e Comando do Exército.

Pág. 7

Dessa maneira, conforme suas atribuições, exclusivas ou concorrentes, cada umdos entes federados possui autonomia administrativa, com a sua respectiva

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máquina pública. Já o conceito de soberania, contudo, é pertinente somente para

a União, pois se trata de prerrogativa de autonomia internacional, ligada ao

direito público internacional, que coloca o País ao lado dos demais no cenário

mundial, com independência e autodeterminação. Por esse motivo é prerrogativa

privativa da União a defesa das fronteiras contra invasões estrangeiras no

território brasileiro. Como no exemplo anterior, são as forças armadas e a polícia

federal quem cuidam disso, e não as polícias estaduais ou guardas municipais.

Cada ente federado possui território e administração próprios. Possuem, cada

um deles, igualmente, legislações constitutivas, que são a Constituição Federal,

a Constituição Estadual e a Lei Orgânica Municipal, obedecida essa exata ordem

na hierarquia dessas leis. Possuem, ainda, legislações típicas de suas esferasde decisão, elaboradas pelas Assembleias Legislativas, onde há deputados

estaduais, que elaboram as leis estaduais, e Câmaras Municipais, onde há

vereadores, que elaboram as leis municipais.

 A casa legislativa do Distrito Federal se chama Câmara Legislativa, sendo

composta por deputados distritais, que elaboram as leis distritais. Perante o

pacto federativo, o Distrito Federal tem a equivalência de unidade da federação,

ou estado. No DF não há prefeito, nem vereador. Brasília não é um municípiocom distritos, mas sim o conjunto de algumas das regiões administrativas que

compõem o Distrito Federal, como por exemplo Guará, Sobradinho, Gama,

Planaltina, Ceilândia e Samambaia.

 Adotando a tripartição de poderes sugerida por Montesquieu, vigoram no Brasil

o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É através desses poderes,

divididos em instâncias da União, Estados e Municípios, que o Estado realiza

suas funções. Diz o art. 2º da Constituição:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o

Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Pág. 8

Vejamos algumas características de cada um dos Poderes.

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O Poder Executivo

Garante o cumprimento das leis e promove a administração pública, prestando

serviços públicos à sociedade. Faz isso seguindo a legislação vigente e a

orientação política do governante. Fica claro aqui que o governante, ou chefe doExecutivo, necessita aprovar suas políticas públicas na forma de leis. Isso

explica a necessidade de que o governo constitua uma forte base de apoio no

Legislativo, que é onde são elaboradas as leis.

Compete ao Poder Executivo a administração do Estado; a execução

orçamentária; a arrecadação de impostos; a sanção de leis aprovadas pelo

Legislativo e a administração de maneira ampla de seus órgãos e pessoal, com

a prestação final dos serviços públicos.

O Poder Legislativo

O Poder Legislativo elabora as Leis do país e fiscaliza o Executivo. Estados e

municípios possuem Legislativos unicamerais, onde uma única casa legislativa

faz o trabalho de elaboração legal (Estado  – assembleia legislativa estadual;

Distrito Federal – câmara legislativa; Município – câmara municipal).

 A União, por outro lado, possui um Legislativo mais complexo, bicameral,

chamado de Congresso Nacional. Nele, Câmara dos Deputados e Senado

Federal elaboram e revisam as leis federais, posteriormente remetidas à sanção

presidencial. É o presidente do Senado quem preside o Congresso Nacional. É

ele, portanto, o chefe do Legislativo.

Pág. 9

Sistema bicameral

 A razão de ser do sistema bicameral, com Senado, reside na organização

federativa da república, para que haja harmonia e equilíbrio entre as unidades

da federação, papel exercido pelo Senado Federal, composto por 81 senadores

eleitos em pleitos majoritários, para mandatos de duas legislaturas  – oito anos. A renovação dos senadores não acontece a uma só vez, sendo de 1/3 e de 2/3

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a cada legislatura subsequente. A igual representatividade de cada Estado no

Senado, três senadores para cada um dos vinte e seis Estados e mais três para

o Distrito Federal, atende ao equilíbrio federativo, posto que cada Estado,

possuindo igual número de senadores votantes, participa da deliberação de

matérias legislativas em igualdade numérica de votos. No Congresso, o senador

representa a unidade da federação.

Já a Câmara dos Deputados é formada por quinhentos e treze deputados

federais, eleitos em pleitos proporcionais para mandatos de uma legislatura de

duração  –  quatro anos, em bancadas estaduais que variam conforme seja o

tamanho da população de cada Estado, podendo ir de oito a setenta

parlamentares cada. Isso faz com que Estados menos populosos apresentemmenor representatividade na Câmara do que Estados mais populosos. O

deputado representa o povo, que, ao distribuir-se de forma desigual pelo país,

estabelece a desigualdade numérica de votos entre as bancadas de cada Estado

da federação.

Enquanto a Câmara dos Deputados é a casa da proporcionalidade federativa, o

Senado é a do equilíbrio.

Pág. 10

O Poder Judiciário

O Poder Judiciário resolve conflitos conforme as leis do País, produzindo

decisões definitivas, que faz cumprir coercitivamente por aqueles que

desobedeçam às leis, inclusive os agentes públicos.

O Judiciário é o braço jurisdicional do Estado. Ao retirar do cidadão o direito de

fazer justiça com as próprias mãos, o Estado assegura-lhe um poder judiciário

que desempenha essa função e que a todos socorre indistintamente  –  é o

célebre princípio de que “a justiça é cega”. 

O Judiciário é inerte, ou seja, a ação jurisdicional é sempre provocada, pois a

 justiça, por si somente, não busca o infrator ou o desvio do direito, devendo ser

acionada por quem se considere prejudicado, ou por seu representante legal.Para tanto, agem os cidadãos em defesa de seus direitos, e o poder público, por

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meio do Ministério Público, em defesa da coletividade. Exemplo: Promotor de

 justiça, membro do ministério público, a partir de um inquérito elaborado pela

autoridade policial (agente do Executivo), decide pela representação do indiciado

perante o Judiciário.

O Ministério Público, por prescrição constitucional, possui independência

funcional, ou seja, não se submete a nenhum dos três Poderes da República. É

independente, autônomo, possui organização própria e seu chefe maior é o

Procurador-Geral da República.

 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função

 jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a

indivisibilidade e a independência funcional.

§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa,

podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação

e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso

público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos decarreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

...

Pág. 11

O exercício desses poderes do Estado compete aos agentes públicos, que

podem ser de dois tipos.

Há o agente público político, que, filiado a partido político, é eleito para exercer

mandato de representação por período determinado entre eleições sucessivas.

Há, também, o agente público administrativo, ou burocrático, que é o servidor

público efetivo, egresso de concurso público, e o servidor público investido em

cargo de comissão, de livre provimento por autoridade nomeante, cuja função é

a de exercer, exclusivamente, atribuições de chefia, direção e assessoramento. Aos Agentes do Estado será dedicado tópico específico deste estudo.

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Unidade 2 - Princípios e poderes da Administração -

 Aparelho do Estado

Vimos na unidade anterior a organização do Estado brasileiro e seus

fundamentos. Veremos agora que a Administração Pública e Estado são

conceitos distintos e muitas vezes confundidos pelas pessoas. Além disso, a

 Administração possui poderes típicos, que os exerce conforme princípios

dispostos na Constituição Federal.

Vamos, então, conhecer os princípios constitucionais com os quais deve agir o

agente público no exercício de seus poderes e prerrogativas, e distinguir

 Administração Pública de Estado.

Vejamos então o que são princípios:

Princípios são valores subjetivos, de enunciado geral, que regem a ação do

agente do Estado que, em sua atuação, estão vinculados a tais princípios. São

os seguintes os princípios constitucionais da Administração Pública:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência e, também, ao seguinte: (grifo nosso).

Pág. 2

Princípio da Legalidade

 A ação do administrador está vinculada ao cumprimento da lei, em sua exata

previsão. Nada que esteja ausente na legislação é permitido, praticando

ilegalidade aquele que dessa forma deixe de proceder.

Essa restrição decorre de ser o Estado de Direito um império absoluto das leis.

Fica claro que esse princípio, embora garanta segurança jurídica à Administração e dificulte os desvios, inegavelmente torna a máquina

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administrativa mais lenta e incapaz de absorver a modernidade administrativa no

ritmo de que a sociedade necessita.

Pág. 3

Princípio da Moralidade

O agente do Estado deve conduzir-se de forma ética no exercício de suas

funções públicas, buscando sempre a boa ação administrativa. É um princípio

que atua além da lei, ao nível da consciência e do discernimento próprios do

servidor. Este princípio inspirou a edição da Lei nº 8.027, de 1990, que é a

coleção de normas de conduta do servidor público civil, e do Decreto nº 1.171,de 1994, que trata do mesmo tema, no âmbito do Executivo.

De acordo com a referida Lei, são deveres dos servidores públicos civis:

  Exercer com zelo e dedicação as atribuições legais e regulamentares

inerentes ao cargo ou função;

  Ser leal às instituições a que servir;

  Observar as normas legais e regulamentares;

  Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

  Atender com presteza:

1. Ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas

as protegidas pelo sigilo;

2. À expedição de certidões requeridas para a defesa de direito ou

esclarecimento de situações de interesse pessoal;

  Zelar pela economia do material e pela conservação do patrimônio

público;

  Guardar sigilo sobre assuntos da repartição, desde que envolvam

questões relativas à segurança pública e da sociedade;

  Manter conduta compatível com a moralidade pública;

  Ser assíduo e pontual ao serviço;

  Tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o público em

geral;

  Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

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 A Moralidade Pública tem por finalidade constranger e alcançar o mau

administrador que, por vontade própria, desvia-se da defesa do interesse

público, em seu benefício ou de terceiros, mediante, ou não, recompensa de

qualquer natureza.

Pág. 4

Princípio da Impessoalidade

O gestor público não pode orientar sua ação conforme suas preferências ou

relações pessoais. Deve sempre buscar o pragmatismo e o interesse público,

sem diferenciar as pessoas por critérios subjetivos e imprevistos em lei. Brinca-se com esse princípio, mas reforçando-o, dizendo que para o administrador

público, “o cidadão não possui CPF”. 

 Além disso, a Impessoalidade não permite que administradores associem a

própria imagem a feitos que pratiquem no exercício de seus cargos, a título de

promoção pessoal. Diz a Constituição:

 Art. 37. ...

§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos

públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela

não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção

pessoal de autoridades ou servidores públicos.

...

 A Impessoalidade proíbe, dentre outras situações, que o gestor público indique

“amigos” para assumirem  cargos ou funções, nem indique pessoas de sua

relação, conhecimento ou escolha pessoal para empregos em empresas

terceirizadas contratadas pela Administração. Esse é um desvio muito habitual

hoje em dia. A Administração contrata a prestação de serviços com empresa de

mercado, e o gestor do contrato aponta as pessoas que irão exercer essa

atividade, em geral indicadas por servidores e gestores da organização pública

contratante.

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Pág. 5

Princípio da Publicidade

Por tratar-se a Administração de coisa pública, todos os seus feitos devem ser

tornados públicos, conhecidos por todos, de forma clara, transparente e objetiva.

É o princípio que propicia o controle social do Estado. Tanto é assim, que ato

administrativo que prescinda da respectiva publicidade em veículo oficial é

considerado nulo de direito. São veículos de publicidade oficial o Diário Oficial

da União, dos estados e dos municípios. Esses periódicos produzem os efeitos

estabelecidos pela legislação.

É certo, contudo, que há na Administração informações de caráter sigiloso, assim

definido em lei. Para essas, a publicidade se dá no conhecimento reservado por

parte dos órgãos oficiais de controle interno e externo. Para o efeito da função

de controle da Administração Pública, nenhuma informação é sigilosa.

Recentemente foi editada a Lei nº 12.527, de 2011, a Lei de Acesso à

Informação, que dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a

informações previsto na Constituição Federal e em legislações menores. A títulode obediência a essa lei, foram postos para consulta na Internet os salários

pagos aos servidores públicos.

Pág. 6

Princípio da Eficiência

 A eficiência, como princípio constitucional, foi acrescida ao art. 37 da

Constituição pela Emenda nº 19, da reforma administrativa gerencial, proposta

pelo presidente FHC.

Trata-se de um princípio que diz respeito à qualidade, profissionalismo,

celeridade e racionalização de recursos que devem ser considerados na

prestação de serviços pela Administração. O emprego de tecnologias e métodos

modernos na área estão associados ao Princípio da Eficiência.

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 Além desses princípios constitucionais, a Lei nº 9.784, de 1999, em seu artigo

2º, acrescenta alguns outros:

 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da

legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Pág. 7

Os Poderes da Administração

Já os Poderes da Administração são instrumentos definidos pelas leis, que

regem a atividade pública para a consecução de seus objetivos, todos eles

focados na finalidade e na supremacia do interesse público. O limite do exercício

do poder administrativo está no cumprimento da lei e na circunscrição do campo

de ação do agente público, que dele não pode sair. O agente público que

ultrapasse esse limite incorre em abuso de poder, com desvio de finalidade.

Nesse sentido, assim diz e Lei que regula o Processo Administrativo (Lei nº

9.784, de 1999).

 Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício

de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,

respeitados os direitos adquiridos.

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Pág. 8

Os poderes administrativos:

Poderes Vinculado e Discricionário  – O Poder Vinculado é aquele que, na

forma da lei, não permite grau de liberdade ao agente público para discernir e

agir, conforme seu juízo de conveniência e oportunidade, perante fato concreto

de que tenha tomado ciência. Exemplo: O servidor público que tome

conhecimento de irregularidade administrativa no órgão em que trabalhe deve

denunciá-la, não podendo deixar de fazê-lo, sob pena de co-responsabilidade.

O Poder Discricionário é aquele em que o agente público, no cumprimento da

lei, nela encontra flexibilidade para agir conforme seu juízo acerca de fato

concreto, podendo atuar dentro da gama de possibilidades legais existente.

Exemplo: Agente da Polícia Federal que nega entrada no país de pessoa vinda

do exterior que, conforme seu julgamento, não atenda às condições

indispensáveis para tanto.

Poder Hierárquico   –  Poder de organizar a própria estrutura hierárquica,

distribuindo funções e promovendo fiscalização de seus agentes.

Poder Normativo ou Regulamentar   – Poder para a expedição de decretos,

regulamentos e instruções normativas, todos estes vinculados às leis.

Poder Disciplinar   – Poder de punir seus agentes por faltas administrativas, por

processo legal próprio, em que sejam assegurados o contraditório e a ampla

defesa.

Poder de Polícia  –  Poder de interferir na ação do particular em defesa da

supremacia do interesse público.

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Pág. 9

O Plano Diretor da Reforma do Estado (PDRAE)

 Acerca do aparelho do Estado, vejamos o que traz o Plano Diretor da Reforma

do Estado (PDRAE):

“Entende-se por aparelho do Estado a administração pública em sentido amplo,

ou seja, a estrutura organizacional do Estado, em seus três poderes (Executivo,

Legislativo e Judiciário) e três níveis (União, Estados membros e Municípios). O

aparelho do Estado é constituído pelo governo, isto é, pela cúpula dirigente nos

Três Poderes, por um corpo de funcionários, e pela força militar. O Estado, por

sua vez, é mais abrangente que o aparelho, porque compreende adicionalmente

o sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um

território. O Estado é a organização burocrática que tem o monopólio da violência

legal, é o aparelho que tem o poder de legislar e tributar a população de um

determinado território” 

Há que se destacar que a Constituição brasileira faz distinção explícita entre

Estado e Administração Pública.

Na Carta, a Administração compõe o Estado (Capítulo VII, “Da Administração

Pública”, do Título III, “Da organização do Estado”). Administração e Estado não

se confundem. A Administração Pública faz parte do Estado.

A Administração Pública

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 A Administração Pública nada mais é do que a estrutura institucional e humana

que visa realizar o objetivo do Estado, que é o de atender ao bem coletivo, com

espírito público. Por motivos de especialização e agilidade, a Administração

Pública divide-se em instituições, onde atuam os agentes do Estado. A

 Administração Pública é, portanto, o aparelho do Estado, seu braço operacional.

Unidade 3 - A Administração Pública em sua função de PLANEJAMENTO

Vimos, na unidade anterior, os princípios constitucionais com os quais deve agir

o agente público no exercício de seus poderes e prerrogativas e, ainda, comodistinguir Administração Pública de Estado.

Estudaremos a seguir a primeira e principal função do administrador que é o

planejamento.

Na atividade pública, essa função é tão estratégica que a ela se dedica um dos

principais ministérios do governo  – Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão (MPOG).

Vamos detalhar aspectos do planejamento estratégico, do tático e do

operacional e identificar a vertente de planejamento na legislação orçamentária.

Pág. 2

Vamos lá, começaremos estudando a principal função do administrador:

Planejar.

Todas as demais funções da administração (organização, gestão e controle)

devem seguir seus rumos em cumprimento do planejamento realizado. Isso faz

com que o administrador tenha seus olhos também voltados para o amanhã, não

se restringindo ao imediato.

Sem planejar, o administrador se consome lidando com as contingências de

momento que, pela ausência de planejamento, o deixam incapaz de antevê-las

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e desviar-se delas de forma proativa. Agindo reativamente, muitas vezes é

direcionado pelas circunstâncias.

O planejamento é requisito indispensável para a Administração Gerencial. Com

ele, a organização pública estabelece uma declaração de missão, valores e visãode futuro, e define objetivos a serem perseguidos.

Desenvolve, ainda, ações estratégicas orientadas pelos objetivos que busca

alcançar. Daí resulta, inevitavelmente, mais eficiência e qualidade nos serviços

públicos prestados.

Para Chiavenato (2008), estratégia seria “a mobilização de todos os recursos da

organização no âmbito global visando a atingir objetivos de longo prazo”. Há,

ainda, o horizonte do curto prazo, ou imediato, que define o aspecto operacional,

e o de médio prazo, onde figura o aspecto tático. Para o cumprimento de uma

estratégia, há que se considerarem os aspectos internos e externos da

organização; o contexto administrativo e político em que se encaixa; as ameaças

e oportunidades as quais esteja sujeita. Devem ser levados em consideração

pontos fracos e fortes, em etapa de diagnóstico que aponte os problemas que

serão enfrentados, e as ações estratégicas que atenderão aos resultados

pretendidos.

 Antes de ser uma atividade de especialistas, o planejamento é um processo

constante, ininterrupto e participativo. Todos que compõem a organização, ou a

unidade em que se realiza o planejamento, devem tomar parte dele. Isso reduz

o risco da fraca adesão, pois planejamentos participativos costumam surtir

melhores resultados em termos de engajamento.

Pág. 3

Fazem parte do processo de planejamento, segundo Chiavenato (2008):

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Definição de objetivos: Na definição dos objetivos pretendidos, com resultados

almejados e pontos aonde se quer chegar, está a diretriz dos planos que serão

construídos.

Diagnóstico da situação atual: É a determinação clara da situação atual em

face dos objetivos que se pretende cumprir.Antevisão do futuro: É a análise antecipada dos cenários futuros, com previsão

de resistências e de fatores determinantes para o sucesso, prevendo-se o que

pode prejudicar ou contribuir com a obtenção de melhores resultados.

Previsão de alternativas: Na consecução dos objetivos há que se avaliarem as

alternativas possíveis de ação, selecionando uma ou mais delas, cujos caminhos

mais favoreçam a obtenção do resultado final.

Seleção do curso de ação: Selecionar uma dentre as alternativas possíveis.

Essa alternativa escolhida passa a ser o plano para o atendimento do objetivo.

Realização do plano e avaliação de resultados: Dar cumprimento ao plano e

acompanhar seu desempenho, em termos de resultados que assegurem o

alcance dos objetivos, adotando as medidas corretivas porventura necessárias.

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Pág. 4

São benefícios do planejamento:

  Maior convergência de esforços, uma vez que ao se incutir na mente das

pessoas os objetivos a serem alcançados, concentra-lhes o foco.

  Menos retrabalho.

  Melhor aproveitamento do tempo.

  Melhor flexibilidade devido ao mais acentuado senso de futuro.

  Melhor definição de prioridades.

  Maior senso de direção, com desempenho orientado por metas.

  Menor resistência à mudança.

Um dos grandes equívocos de muitos administradores públicos consiste em

considerarem que a falta de concorrência da organização pública a faz imune ao

insucesso, o que os torna menos preocupados com a necessidade de planejar o

futuro. Pelo contrário. Nessa situação, a organização deixa de competir com

outras organizações, para concorrer consigo mesma, de maneira que o

desempenho futuro deva ser, necessariamente, superior ao atual, isso devendo

ser aferido por meio de indicadores específicos de qualidade. O conhecimento

da política corporativa e dos meios que se encontram à disposição é, dentre

outros pontos, requisito necessário ao planejamento.

Pág. 5

O planejamento pode ser:

O planejamento estratégico  lida com a organização como um todo, numaperspectiva de longo prazo, notadamente em sua condução política.

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O planejamento tático lida com unidades ou setores afins de uma organização,

em um horizonte de médio prazo, algo em torno de um ano, sendo seu foco as

atividades correntes.

O planejamento operacional lida com o dia a dia do nível operacional, em umaperspectiva imediata, de curto prazo, atendendo, inclusive, às contingências.

Quanto mais de longo prazo seja o planejamento, mais genérico e flexível este

também deve ser. No curto prazo, por exemplo, ao lidar-se com o tático e com o

operacional, as definições são mais restritas, fechadas, mais bem definidas,

imediatas.

Por exemplo: se a estratégia é reduzir-se o tempo de espera dos clientes de

determinado órgão público, no plano tático deve-se capacitar melhor os

atendentes, prover-lhes com sistemas e tecnologias modernas e, se necessário,

aumentar-se o número de posições de atendimento. Perceba que, nesse

exemplo, a estratégia é ampla, enquanto que a tática é específica.

Nesse exemplo, ainda, em surtos repentinos de demandas, como a proximidade

de prazos-limite, atitudes de planejamento operacional seriam a expansão do

horário de atendimento; o atendimento excepcional aos sábados. Oplanejamento operacional envolve o imediato.

Pág. 6

Em resumo: planejar significa definir onde se pretende chegar; avaliar as

dificuldades que serão enfrentadas nesse processo, propondo soluções

antecipadas para os problemas; elaborar projetos e programas que, quandolevados a efeito, farão com que a organização atinja os objetivos pretendidos.

Todo planejamento envolve, portanto, uma trajetória contínua e ininterrupta, que

vai da concepção à avaliação de resultados, passando pela conscientização dos

envolvidos e a realização das ações planejadas.

Um problema que pode emergir nesse processo diz respeito à eventual

descontinuidade gerencial, decorrente das transições políticas, que se observa

nas organizações públicas brasileiras. Por isso, o planejamento público deve

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reservar espaço ainda mais flexível para adequações aos diversos cenários

políticos que sejam possíveis.

Essa vertente de planejamento é tão necessária na Administração, que a etapa

de planejamento é considerada a de maior importância no processo decontratações públicas. O gestor de compras e contratações dos órgãos públicos

deve sempre planejar visando à continuidade do serviço público. Deve antever

a renovação de contratos, com todo o processo licitatório pertinente, sob risco

de ter que acorrer à situação emergencial. A desídia (falta de atenção, de zelo;

negligência) é, nesse caso, falta prevista no Direito Administrativo.

Pág. 7

O processo orçamentário é outro exemplo da prioridade que se dá ao

planejamento público, por meio das leis orçamentárias: Plano Plurianual (PPA);

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); Lei Orçamentária Anual (LOA).

O Plano Plurianual (PPA) é o planejamento estratégico do governo que visa um

horizonte de quatro anos. Votado pelo Legislativo no primeiro ano de cada

governo, entra em vigor apenas em seu segundo ano, sendo executado a partir

de então, até o primeiro ano do governo seguinte. Assim, um novo chefe do

Executivo, em seu primeiro ano no poder, executa o período final do

planejamento de seu antecessor e deixa como herança ao seu sucessor, o ano

final de seu próprio PPA.

 A vigência de quatro anos do PPA aponta uma realidade no Brasil, que é a

comum descontinuidade das políticas públicas. Lida-se, no País, mais com

políticas de governo do que com políticas de Estado. Senão, adotar-se-ia um

modelo em que o planejamento estratégico tivesse vinte anos de horizonte, por

exemplo. Como é hoje, cada governo possui total liberdade para planejar a

 Administração durante seu período de mandato.

Pág. 8

 A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA)

referem-se ao planejamento tático, de médio prazo, vigorando apenas para o

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ano subsequente ao da aprovação. Nessas leis, devem estar contidas as

diretrizes do PPA.

Como instrumento de planejamento de curto prazo, fortemente marcado por

contingências imprevistas nos planejamentos de maior horizonte, o governo

dispõe do instrumento legislativo da Medida Provisória Presidencial, que possuivigência imediata a partir de sua edição, sendo em seguida deliberada pelo

Legislativo. Tanto é assim que um dos pressupostos de admissibilidade da

medida provisória é seu caráter de urgência.

Outra legislação relevante para a Administração Pública, que reforça sua

necessidade de planejamento, é a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei

Complementar nº 101, de 2000, que, ao estabelecer normas de finanças públicas

voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, vincula os chefes doExecutivo, nas esferas da União, Estados e Municípios, ao planejamento que

devem ter para receitas e gastos públicos.

Unidade 4 - A Administração Pública em sua função de Organização

Vimos na unidade anterior a principal função do administrador que é o

planejamento. Vamos agora traçar o mapa organizacional da máquina estatal,identificando a natureza de cada uma de suas entidades.

 A Administração Pública brasileira, por demais ampla, encontra-se dividida em

tipos e instituições, organizados para tornar viável a especialização das

entidades, bem como a necessária agilidade de operação da máquina.

A função de Organização

 Acerca da função de organização da administração, assim define Chiavenato:

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“A estrutura organizacional é a maneira pela qual as atividades da organização

são divididas, organizadas e coordenadas. Constitui a arquitetura ou formato

organizacional que assegura a divisão e coordenação das atividades dos

membros da organização. É o esqueleto que sustenta e articula as partes

integrantes. Nesse sentido, a estrutura organizacional costuma apresentar uma

natureza predominantemente estática. Ela se refere à configuração dos órgãos

e equipes”.

Traduzindo este enunciado para o contexto do Estado, se considerarmos a

 Administração Pública como sendo o ente máximo organizativo do aparelho

público, temos que este se encontra subdividido em uma infinidade de órgãos

menores e especializados com funções definidas. Estranhamente, aConstituição Federal, ao dispor sobre a Administração Pública, pouco trata

dessa estrutura, sendo o ordenamento infraconstitucional quem o faz,

especialmente por meio do Decreto-Lei nº 200, de 1967, ainda em vigor, com

alterações efetuadas ao longo do tempo.

Pág. 2

Desde a edição do Decreto-Lei nº 200, de 1967, a Administração Pública

brasileira adota o modelo descentralizado. É certo que essa forma organizativa

melhor atenda à grande diversidade regional, e mesmo amplidão, do território

brasileiro. Abordaremos aqui tão somente a organização administrativa do Poder

Executivo, a cargo do qual se encontra a administração do Estado. Assim sendo,

organiza-se a Administração Pública em Administração Direta e Administração

Indireta. Diz o DL nº 200, de 1967:

 Art. 4° A Administração Federal compreende:

I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura

administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de

entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:

a) Autarquias;

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b) Empresas Públicas;

c) Sociedades de Economia Mista.

d) Fundações Públicas.

Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta

vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua

principal atividade.

Pág. 3

 A Administração Direta

Compõe a Administração Direta, centralizada e comandada pelo chefe do

Executivo, o centro estratégico do Estado composto, na esfera federal, pela

Presidência da República e pelos Ministérios. Apresenta autonomia política,

administrativa e financeiro-orçamentária. Trata-se do núcleo de governo

propriamente dito. É a Lei nº 10.683, de 2003, que define as estruturas

organizacionais da Presidência da República e dos Ministérios.

Perante a federação, cada unidade possui uma administração direta, exercida

pelo governador, no caso dos estados e Distrito Federal, e pelo prefeito, no caso

dos municípios. Os auxiliares diretos dos governadores são os secretários

estaduais, enquanto que os dos prefeitos são os secretários municipais, todos

componentes da Administração Direta do respectivo ente federado, comvinculação direta ao respectivo chefe do Executivo.

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Pág. 4

 Administração Indireta

Incapaz de atuar de maneira eficiente em todas as frentes da gestão do Estado,

por lei, a Administração Direta delega competências gerenciais a outras

instituições. Surge, dessa forma, a Administração Indireta.

Essas entidades carecem de autonomia política, que é sempre exercida pelo

Ministério ao qual estejam vinculadas em lei. Possuem lei específica que as

define em suas atribuições e objetivos, possuem autonomia financeiro-

orçamentária e autonomia administrativa. Essas instituições realizam serviçospúblicos ou de interesse público.

São tipos de instituições da Administração Indireta: autarquias, empresas

públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.

Pág. 5

 A autarquia

É o serviço autônomo, desprovido de caráter econômico, criado por lei, com

personalidade jurídica, patrimônio e receita própria, para executar atividades

típicas da Administração Pública que requeiram, para seu melhor

funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

Atenção: o INSS, o INCRA, o IBAMA e o Banco Central do Brasil são

exemplos de autarquias vinculadas à União.

 A empresa pública

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio

próprio e capital exclusivamente público, criada por lei para a exploração de

atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de

contingência ou de conveniência administrativa, nos moldes da iniciativa privada.

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Atenção: A Caixa Econômica Federal (CAIXA) e a Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos (CORREIOS) são exemplos de empresas públicas da

União.

Uma empresa pública pode, eventualmente, desempenhar prestação direta deserviço público, típico da Administração Pública, atuando, nesse caso, em

atividade fora do domínio econômico. Exemplo: a CAIXA, que é empresa pública,

administra o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Fundo de

 Amparo ao Trabalhador (FAT).

Pág. 6

 A sociedade de economia mista

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei

para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima,

cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União ou a entidade

da Administração Indireta.

Nelas, o capital é aberto, com ações negociáveis em bolsa de valores, admitindo-

se investidores privados nacionais e estrangeiros, desde que o controle acionário

majoritário pertença ao Estado.

Atenção: A PETROBRAS S.A e o Banco do Brasil S.A são exemplos de

economia mista.

 A fundação pública

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins

lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento

de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito

público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos

respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos públicos

e de outras fontes.

Atenção: O IPEA, o CNPq, a ENAP, a FIOCRUZ e a FUNAI são exemplos de

fundação públicas.

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Unidade 5 - A Administração Pública em sua função de DIREÇÃO

Planejamento, organização e direção.... Vamos continuar!

 A função de direção de uma entidade de governo diz respeito ao fluxo de

comando com o qual é feita a orientação política e administrativa da entidade

pública. O objetivo desta unidade é o de apresentar os tipos de estruturas

existentes, com suas peculiaridades e características próprias.

Realizado o planejamento e a organização, a função de direção, ou gestão, se

impõe como prática gerencial indispensável para que a Administração Pública

atinja os seus intentos. É certo que, para conquista de uma Administração

eficiente, planejamento e direção encontram-se diretamente associados.

É função da gestão fazer funcionar as ações e programas que fazem parte do

planejamento, com o acompanhamento dos indicadores de desempenho e, com

visão crítica, a realização de ajustes, sempre necessários, no planejamento

público.

Pág. 2

Por meio de gestão deve-se incutir na mente das pessoas que compõem a

organização pública as definições e metas estabelecidas no planejamento. Esse

alinhamento de visões propicia um esforço coordenado e conjunto para o

atingimento dos objetivos, com redução da incidência de retrabalho e de

duplicidade de ações.

É o que diz Chiavenato (2008) acerca da função de direção:

“A função administrativa de direção está relacionada com a maneira pela qual os 

objetivos devem ser alcançados através da atividade de pessoas e da aplicação

dos recursos que compõem a organização. Após definir os objetivos, traçar as

estratégias para alcançá-los, estabelecer o planejamento, estruturar a

organização, cabe à função de direção colocar tudo isso em marcha. Dirigir

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significa interpretar os planos para as pessoas e dar as instruções e orientação

sobre como executá-los e garantir o alcance dos objetivos”.

...

“A direção é a função administrativa que se refere ao relacionamento

interpessoal do administrador com seus subordinados. Para que o planejamento

e organização possam ser eficazes, eles precisam ser complementados pela

orientação e apoio às pessoas, através de uma adequada comunicação,

liderança e motivação. Para dirigir as pessoas, o administrador precisa saber

comunicar, liderar e motivar. A direção é um processo interpessoal que define

as relações entre indivíduos”.

Pág. 3

Em termos de linha de comando, os órgãos de uma Administração Pública

burocrática atendem ao modelo de organização com estrutura hierárquica

formal. Essencialmente, esse modelo se divide nos seguintes tipos:

Linear – Baseada na unidade de comando, apresenta linhas diretas e únicas de

autoridade e responsabilidade. Possui comando centralizado e linhas formais de

comunicação. Predomina a autoridade linear.

Funcional  –  Baseada no princípio funcional, onde vários chefes atuam em

campos específicos. Inexiste comando centralizado e unívoco. Predomina a

autoridade funcional, com comunicações diretas, rápidas e decisões

descentralizadas.

Linha-staff  –  Combina a especialização da organização funcional com a

hierarquia da linear, sob o predomínio desta. Preserva a unidade de comando,

sem prejuízo da especialização, que é exercida pela equipe de assessoria (staff).

 A estrutura diretiva das organizações de governo tende a se apresentar,

predominantemente, conforme o modelo linear. É um formato por demais

verticalizado, com muitos níveis hierárquicos separando a base operacional da

alta gestão. O ideal seria a adoção do modelo linha-staff, mais capaz de propiciar

administrações eficientes e ágeis.

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Mais à frente neste estudo, abordaremos a função de gestão no que diz respeito

aos cargos de direção e chefia como funções de confiança.

Unidade 6 - Administração Pública em sua função de CONTROLE

 Acabamos de conhecer, na unidade anterior, que a função de direção de uma

entidade de governo diz respeito ao fluxo de comando com o qual é feita a

orientação política e administrativa da entidade pública.

Veremos agora que, com o avanço da transparência na atividade pública,

ganhou forte evidência a função de controle da Administração. Vamos então,

apresentar o modelo de controle da máquina pública disposto na Constituição

Federal, seus órgãos específicos e características de controle interno e externo.

Pág. 2

A função de controle

 A função de controle coroa o processo administrativo, que teve início no

planejamento, tendo passado pela organização e pela gestão. Nesta função,

cabe garantir-se que o que fora originalmente planejado teve cumprimento, sem

desvios que comprometam a sempre buscada finalidade pública com eficiência.

Tratando-se do Estado Gerencialista, que os gestores públicos tanto almejam, a

busca pelo modelo gerencial na Administração passa pelo acompanhamento de

resultados, com garantia tanto da qualidade quanto da probidade. Aí, a funçãode controle ganha forte importância, tipicamente na execução orçamentária dos

gastos de governo. Esse controle se dá na garantia de diversas vertentes, quais

sejam:

Legalidade  – Foram atendidos todos os procedimentos legais de contratação,

inclusive os de publicidade.

Legitimidade – O objeto contratado (obra ou serviço) foi realizado conforme o

especificado e atendeu aos seus objetivos.

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Economicidade  – O gasto público ocorreu dentro do orçamento planejado.

Pág. 3

Para a função de controle da Administração, a Constituição dedica os artigos 70

a 74, onde define as instâncias de controle interno e controle externo, como

segue:

 Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e

patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto

à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia

de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestarão contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e

valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta,

assuma obrigações de natureza pecuniária.

...

 Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma

integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

...

§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima

para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o

Tribunal de Contas da União.

Pág. 4

Como visto na Constituição, compete ao Poder Legislativo fiscalizar a execução

das políticas públicas e o correto emprego do bem público. O órgão técnico do

Legislativo que o subsidia nisso é o Tribunal de Contas da União (TCU). O TCU

é o órgão de controle externo, do Legislativo, previsto na Constituição. Há que

ser assim, uma vez que os parlamentares, com suas assessorias, não possuem

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conhecimento, ou estrutura administrativa, para realizarem diretamente essa

função de controle.

Esse controle externo se reflete, igualmente, nas unidades da federação, onde

o Legislativo estadual desempenha essa função com o apoio do Tribunal deContas Estadual (TCE). Além da fiscalização estadual, o TCE também fiscaliza

contas municipais.

Por sua vez, Executivo, Legislativo e Judiciário devem antecipar-se ao controle

externo, por meio de seus órgãos de controle interno próprios. O Senado

Federal, por exemplo, possui em sua estrutura administrativa uma Secretaria de

Controle Interno (SCINT), que tem por finalidade acompanhar a execução dos

contratos realizados pela Casa. No Poder Executivo, essa instância de controle

ganha dimensão federal, ficando a cargo da Controladoria-Geral da União

(CGU), que tem equivalência de pasta ministerial.

Unidade 7 - Agências executiva e fiscalizadora

Visando dar agilidade à máquina pública, a legislação brasileira permite que

órgãos técnicos de governo assumam papéis específicos de fiscalização e

execução de serviços públicos. O objetivo desta unidade é o de apresentar a

agência executiva e a fiscalizadora, comentando suas especificidades e modos

de atuação.

A agência executiva

 A agência executiva não representa tipo novo de instituição da Administração

Indireta, sendo autarquia ou fundação pública responsável pelo desempenho de

atividade exclusiva do Estado, que, nos termos do Decreto nº 2.487, de 1988,

tenha:

a) Celebrado Contrato de Gestão com o respectivo ministério supervisor

(veremos o Contrato de Gestão mais adiante neste nosso estudo).

b) Plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional emandamento.

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Pág. 2

 Acerca desse planejamento estratégico, diz o Decreto nº 2.487, de 1988:

...

 Art. 2º O plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional

das entidades candidatas à qualificação como Agências Executivas

contemplará, sem prejuízo de outros, os seguintes conteúdos:

I - o delineamento da missão, da visão de futuro, das diretrizes de atuação da

entidade e a identificação dos macroprocessos por meio dos quais realiza sua

missão, em consonância com as diretrizes governamentais para a sua área de

atuação;

I - a revisão de suas competências e forma de atuação, visando a correção de

superposições em relação a outras entidades e, sempre que cabível, a

descentralização de atividades que possam ser melhor executadas por outras

esferas de Governo;

III - a política, os objetivos e as metas de terceirização de atividades mediantecontratação de serviços e estabelecimento de convênios, observadas as

diretrizes governamentais;

IV - a simplificação de estruturas, compreendendo a redução de níveis

hierárquicos, a descentralização e a delegação, como forma de reduzir custos e

propiciar maior proximidade entre dirigentes e a agilização do processo decisório

para os cidadãos;

V - o reexame dos processos de trabalho, rotinas e procedimentos, com a

finalidade de melhorar a qualidade dos serviços prestados e ampliar a eficiência

e eficácia de sua atuação;

VI - a adequação do quadro de servidores às necessidades da instituição, com

vistas ao cumprimento de sua missão, compreendendo a definição dos perfis

profissionais e respectivos quantitativos de cargos;

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Vll - a implantação ou aperfeiçoamento dos sistemas de informações para apoio

operacional e ao processo decisório da entidade;

VIII - a implantação de programa permanente de capacitação e de sistema de

avaliação de desempenho dos seus servidores;

IX - a identificação de indicadores de desempenho institucionais, destinados à

mensuração de resultados e de produtos.

Parágrafo único. As entidades referidas no “caput” promoverão a avaliação do

seu modelo de gestão, com base nos critérios de excelência do Prêmio Nacional

da Qualidade, identificando oportunidades de aperfeiçoamento gerencial, de

forma a subsidiar a elaboração do plano estratégico de reestruturação e de

desenvolvimento institucional.

Pág. 3

 A condição de agência executiva perdurará enquanto o contrato de gestão seja

sucessivamente renovado e o plano estratégico de reestruturação e de

desenvolvimento institucional tenha prosseguimento ininterrupto, até a sua

conclusão.

O resultado prático da condição de agência executiva reside na maior autonomia

de gestão, com melhores condições de atuação e adequação nas áreas em que

exercem as atividades.

Atenção: ANCINE, INMETRO e ABIN são exemplos de agências executivas.

Criada por lei específica, a agência reguladora é autarquia de caráter especial,

uma vez que seus administradores são indicados pelo Presidente da República

e aprovados pelo Senado, para o exercício de mandatos. Essas autarquias

especiais fiscalizam e regulam a prestação de serviços públicos, executados por

entidades privadas, sob a forma de concessão, permissão ou autorização. São

autarquias vinculadas ao respectivo ministério de atuação, que fiscalizam e

regulam a execução de delegação de prestação pública a ente privado.

Regular a ação, aferir e garantir qualidade, controlar preços e impor sanções aosprestadores dos serviços são atribuições das agências reguladoras.

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 A Lei nº 9.986, de 2000, define a política de pessoal das agências reguladoras

de maneira geral. Cada uma delas, contudo, possui sua legislação específica:

Atenção: ANVISA (Lei n° 9.782 de 1999), ANATEL (Lei n° 9.472 de 1997),

ANAC (Lei n° 11.182 de 2005) e ANS (Lei n° 9.961de 2000) são exemplos deagências reguladoras.

Unidade 8 - Contrato de Gestão

Criado pela emenda constitucional da reforma administrativa – Emenda nº 19, o

contrato de gestão foi o instrumento jurídico que flexibilizou a legislação na

medida da necessidade por agilidade de entidades da administração indireta no

cumprimento de suas missões.

Nesta unidade vamos apresentar o contrato de gestão, pontuando aspectos que

favoreceram a implantação da administração gerencial em órgãos de governo.

Visando abrir caminho para a reforma gerencial do aparelho do Estado, a

Emenda nº 19 incorporou o Contrato de Gestão à Constituição Federal, com afinalidade de garantir maior autonomia e eficiência às organizações da

 Administração Indireta e maior participação da Sociedade Organizada na

 Administração Pública, em regime de parceria, nos seguintes termos:

Art. 37. ...

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da

administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser

firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a

fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor

sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e

responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

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Para Chiavenato (2008), “O contrato de gestão é um compromisso institucional,

firmado entre o Estado, por intermédio de seus ministérios, e uma entidade

pública estatal, a ser qualificada como Agência Executiva, ou uma entidade não

estatal, qualificada como Organização Social.” 

Pág. 2

O Decreto nº 2.487, de 1998, assim define as diretrizes do Contrato de Gestão:

 Art. 4º O contrato de gestão conterá, sem prejuízo de outras especificações, os

seguintes elementos:

I - objetivos e metas da entidade, com seus respectivos planos de ação anuais,

prazos de consecução e indicadores de desempenho;

II - demonstrativo de compatibilidade dos planos de ação anuais com o

orçamento e com o cronograma de desembolso, por fonte;

III - responsabilidades dos signatários em relação ao atingimento dos objetivos

e metas definidos, inclusive no provimento de meios necessários à consecução

dos resultados propostos;

IV - medidas legais e administrativas a serem adotadas pelos signatários e partes

intervenientes com a finalidade de assegurar maior autonomia de gestão

orçamentária, financeira, operacional e administrativa e a disponibilidade de

recursos orçamentários e financeiros imprescindíveis ao cumprimento dos

objetivos e metas;

V - critérios, parâmetros, fórmulas e consequências, sempre que possível

quantificados, a serem considerados na avaliação do seu cumprimento;

VI - penalidades aplicáveis à entidade e aos seus dirigentes, proporcionais ao

grau do descumprimento dos objetivos e metas contratados, bem como a

eventuais faltas cometidas;

VII - condições para sua revisão, renovação e rescisão;

VIII - vigência.

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§ 1º Os contratos de gestão fixarão objetivos e metas relativos, dentre outros,

aos seguintes itens:

a) satisfação do cliente;

b) amplitude da cobertura e da qualidade dos serviços prestados;

c) adequação de processos de trabalho essenciais ao desempenho da entidade;

d) racionalização de dispêndios, em especial com custeio administrativo;

e) arrecadação proveniente de receitas próprias, nas entidades que disponham

dessas fontes de recursos.

§ 2º Os objetivos e metas definidos no contrato de gestão observarão a missão,a visão de futuro e a melhoria do modelo de gestão, estabelecidos no plano

estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional referido no art.

2º deste Decreto.

§ 3º A execução do contrato de gestão de cada Agência Executiva será objeto

de acompanhamento, mediante relatórios de desempenho com periodicidade

mínima semestral, encaminhados ao respectivo Ministério supervisor e às partes

intervenientes.

§ 4º Os relatórios de desempenho deverão contemplar, sem prejuízo de outras

informações, os fatores e circunstâncias que tenham dado causa ao

descumprimento das metas estabelecidas, bem como de medidas corretivas que

tenham sido implementadas.

§ 5º O Ministro de Estado supervisor designará a unidade administrativa, dentre

as já existentes na estrutura do respectivo Ministério, incumbida do

acompanhamento do contrato de gestão de que seja signatário.

§ 6º Serão realizadas avaliações parciais periódicas, pelo Ministério supervisor

e pela Secretaria Federal de Controle do Ministério da Fazenda.

§ 7º Por ocasião do termo final do contrato de gestão, será realizada, pelo

Ministério supervisor, avaliação conclusiva sobre os resultados alcançados,

subsidiada por avaliações realizadas pelos Ministérios referidos no § 1º do art.

3º deste Decreto.

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§ 8º A ocorrência de fatores externos, que possam afetar de forma significativa

o cumprimento dos objetivos e metas contratados, ensejará a revisão do contrato

de gestão.

Exercícios de Fixação - Módulo II

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo II de estudo do curso Administração

Pública Descritiva.

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma

releitura do mesmo e responda aos Exercícios de Fixação. O resultado não

influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o seudomínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a

correção imediata das suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, volte a página inicial do curso e clique

em Exercícios de Fixação do Módulo II.