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Plano Estratégico | 2012 - 2016 ADRA Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente Angola Julho de 2011 Mais de *20 Anos* A PROMOVER A PAZ E O DESENVOLVIMENTO RURAL

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Plano Estratégico | 2012 - 2016

ADRAAcção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente

Angola Julho de 2011

Mais de *20 Anos*A PROMOVER A PAZ E O DESENVOLVIMENTO RURAL

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APRESENTAÇÃO

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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................................................................... 4INOVAÇÕES DO PLANO ESTRATÉGICO 2012 - 2016 ............................................................................................................ 51. POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO.................................................................................................................................... 61.1 O CONTEXTO EXTERNO........................................................................................................................................................... 71.2 O CONTEXTO INTERNO.............................................................................................................................................................. 72. A IDENTIDADE DA ADRA...................................................................................................................................................... 82.1 VISÃO............................................................................................................................................................................................. 82.2 MISSÃO......................................................................................................................................................................................... 82.3 VALORES E PRINCÍPIOS........................................................................................................................................................... 82.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA.................................................................................................................................................... 93. OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS.............................................................................................................................................. 104. MARCO DA INTERVENÇÃO................................................................................................................................................... 10

4.1 PROGRAMAS DE ORIENTAÇÃO............................................................................................................................................ 104.1.1 Programa de Desenvolvimento Local Sustentável......................................................................................................... 104.1.2 Programa de Cidadania e Educação Formal................................................................................................... 124.1.3 Programa de Lobby e Advocacia.................................................................................................................................... 134.1.4 Programa de Desenvolvimento Organizacional............................................................................................................. 14

4.2 ABRANGÊNCIA TERRITORIAL............................................................................................................................................ 154.3 GRUPOS DE REFERÊNCIA......................................................................................................................................................... 154.4 PARCERIAS E ALIANÇAS................................................................................................................................................................ 165.GOVERNAÇÃO E GESTÃO....................................................................................................................................................... 186.OPERACIONALIZAÇÃO................................................................................................................................................................ 18ANEXOS................................................................................................................................................................................................. 29

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ADRA comemorou em 2010 o vigésimo ano da sua criação. Foi um longo percurso desde que um grupo de cidadãos se uniu, motivados pela necessidade de uma maior participação da sociedade civil na vida pública, económica, social e cultural do país. Foi uma iniciativa de pessoas estimuladas a contribuir para que as comunidades rurais tenham cada vez, maior protagonismo no processo de desenvolvimento integral e sustentável.

Ao longo desses anos a ADRA passou por ciclos e momentos próprios da vida de uma organização que inclui forças e fragilidades, altos e baixos. Contudo, tem sabido adaptar-se de modo a atender às novas demandas internas e ex-ternas e a aprender com os seus próprios erros.

ADRA está segura que a sua razão de ser, permanece válida. Trata-se de uma organização que procura contribuir para o desenvolvimento rural democrático e sustentável, social e ambientalmente justo, e para o processo de reconciliação nacional e a paz em Angola. Todavia, a actuação em defesa do mundo rural enquanto espaço social, implica que se intervenha também, no espaço geográfico urbano e periurbano.

Contudo, o contexto angolano tem mudado rapidamente e a ADRA precisa de se adequar continuamente a ele, e por isso, traça-se a presente estratégia para os próximos cinco anos.

O Plano Estratégico 2012-2016 significa um compromisso interno e público de que a organização será melhor na intervenção e na gestão, será exigente com os métodos de trabalho e respeitará os desejos e necessidades dos be-neficiários e parceiros.

Este Plano foi elaborado de modo que todos aqueles que trabalham na ADRA pudessem aportar as suas opiniões e sugestões. Muitos participaram através de grupos de trabalho e por meio da internet. Pedimos pareceres a parceiros, colaboradores e profissionais externos que nos acompanharam ao longo do trabalho, que durou seis meses, até a sua aprovação pela Assembleia-Geral em Julho 2011. O resultado deste processo é o Plano que têm nas mãos e que é consequente com a missão, valores e princípios estabelecidos desde a fundação da ADRA.

Em relação ao conteúdo do Plano, destacam-se alguns pontos relevantes. Em primeiro lugar,a ADRA reafirma a opção de continuar a apoiar o processo de desenvolvimento local sustentável através do fortalecimento de capacidades dos actores locais (organizações comunitárias de base, administrações locais e instituições) na implementação de inicia-tivas de políticas económicas, sociais e ambientais integradas.

Em seguida, a ADRA continuará a influenciar políticas públicas e práticas democráticas através do debate e do seu maior engajamento nos espaços de articulação da Sociedade Civil e de defesa dos Direitos Humanos.

Outro elemento significativo refere-se à implementação de uma política de quadros adequada aos novos desafios institucionais com vista à conferir maior qualidade à intervenção por meio da definição de metodologias, ferramentas e sistemas de trabalho adequados.

E finalmente, procura fortalecer a capacidade institucional captar, gerar, diversificar e gerir bem os recursos (financei-ros e patrimoniais), assim como de prestar contas aos membros para, parceiros, financiadores e à sociedade em geral.

Todos estes objectivos estratégicos conjugam-se para que a intervenção da ADRA contribua fundamentalmente para maior inclusão política, social e económica dos cidadãos, através do alargamento da participação democrática e da influência sobre políticas de combate à pobreza e de desenvolvimento sustentável em Angola.

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INOVAÇÕES DO PLANO ESTRATÉGICO 2012 - 2016O Plano Estratégico 2012 – 2016 reforça e dá continuidade a alguns processos iniciados pela ADRA desde o Plano anterior, tais como:

• O reforço de capacidades dos cidadãos, seus grupos e organizações;• A articulação entre a dimensão política e económica;• O equilíbrio na intervenção de acordo com os quatro eixos:

i. A modernização;ii. A identidade, exigida para que as intervenções sejam sustentáveis;iii. A participação, como forma de construção da democracia e da cultura democrática;iv. A mudança social resultante de uma transformação paulatina e global da sociedade angolana.

Porém, a necessidade de melhorar sua intervenção e reestruturar-se de forma a adequar a organização às novas exi-gências do contexto fez com que o presente Plano apresente algumas inovações.

Quanto ao conteúdo da intervenção:

• Inova-se criando dois novos programas: o Programa de Desenvolvimento Local Sustentável e o Programa de Lobby e Advocacia;• Considera-se o meio urbano como espaço social com potencial para o trabalho de influência política através das acções de educação para a cidadania;• Abordam-se o “meio ambiente” e “HIV/SIDA” como temas específicos.

Com relação à metodologia de trabalho:

• Estrutura-se a acção de assessoria às associações e administrações municipais, • Incorpora-se o método das Escolas de Campo de Agricultores (ECAs) e;• Agrega-se a análise e desenvolvimento da cadeia de valor e o Sistema de Aprendizagem de Género em Acção (GALS-Gender Action Learning System).

Inova-se quanto à estratégia de trabalho e gestão da organização:

• Criando as equipas municipais, • Descentralizando as chamadas “Unidades da Sede” e criando a Unidade de Lobby e Advocacia Social.

O presente Plano Estratégico estimula a prestação de contas tanto interna e quanto externa bem como a participação e uma adequada gestão financeira, e ainda o surgimento de iniciativas de outros órgãos executivos. Propõe ainda a sistematização de uma estratégia de financiamento com vistas à criação de uma política de captação de recursos, de aumento do volume de recursos próprios e de criação de um fundo de reserva. Em relação à forma, a ADRA procura elaborar um documento conciso, acompanhado de instrumentos que permitam a sua operacionalização.

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1. POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO 1.1 O Contexto Externo

Angola conheceu nos último anos um grande crescimento económico impulsionado pelo alto preço do petróleo no mercado internacional. Apesar disso, o País confronta-se com inúmeros desafios para assegurar o desenvolvimento harmonioso e integral, em todo o seu território.

Ao tomarmos em conta o Produto Interno Bruto – PIB e o Indice de Desenvolvimento Humano – IDH, observamos o aumento na diferença entre o rank do PIB per capita e o rank do IDH (de menos 42 para menos 47) o que significa que, Angola está numa situação pior (em termos das condições de saúde e educação) que a maior parte dos países com rendimentos per capita equivalentes. Esta mesma relação indica ainda, que as políticas públicas foram incapazes de transformar o crescimento económico em desenvolvimento humano1 . Em Angola, a malária representa a maior causa de morte, doença, absentismo laboral e escolar, mais de 1/3 da população vive abaixo da linha de pobreza e mais de um terço dos cidadãos com mais de 15 anos de idade, não sabe ler e escrever2.

É claro que muito se tem avançado nomeadamente no sentido de reabilitar e construir infra-estruturas económicas e sociais. Porém, ainda há muito que fazer, principalmente no interior do país e em particular nas áreas rurais. Os indicadores demonstram que a taxa de incidência de pobreza no campo é de 58,3% enquanto que nas cidades é de 18,7% e o rendimento médio por pessoa, nas áreas rurais é 46% mais baixo do que nas áreas urbanas.

Este cenário impõe a necessidade de uma participação cada vez maior da sociedade civil na vida económica, social, cultural e política do País,incentivando a análise crítica e o esforço conjunto, visando a constituição de um modelo de desenvolvimento inclusivo e sustentável.

A ADRA (Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente), sendo uma organização de implantação nacional, reafirma a necessidade de continuar a trazer para o espaço público as vivências, as preocupações locais e os assuntos ligados ao desenvolvimento rural. Nas suas acções, procurará tornar mais visível o seu posicionamento político sobre as principais questões da vida do país, fundamentando-o com os conhecimentos gerados pela pesquisa e pela experiência de terreno.

Apesar das iniciativas de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural e combate à pobreza3, verifica-se que estas continuam marginais em termos de prioridades políticas do Executivo. ADRA continuará a contribuir para uma realização efectiva e eficaz das políticas públicas por meio de acções de monitoria e avaliação.

A entrada em vigor da nova Constituição, as eleições gerais de 2012 e 2016 e as eleições autárquicas previstas para depois de 2012, implicam para a ADRA o desafio de incentivar a análise crítica, o diálogo, a abordagem honesta e actualizada com vista à consolidação de um verdadeiro processo democrático. ADRA procurará ampliar a articulação com outros actores da sociedade civil, reforçando a acção em rede e estabelecendo alianças estratégicas com indiví-duos e organizações.

ADRA continuará a apoiar as organizações da sociedade civil no sentido de aumentarem o seu protagonismo a todos os níveis, ampliando os processos e espaços de diálogo entre o Governo e a sociedade civil.

O fraco acesso à informação e ao conhecimento, concentrado principalmente em Luanda e nalgumas capitais de província, motiva a ADRA a proporcionar a informação plural e mais ampla possível, contribuindo para a formação de opinião sobre as questões sociais e políticas do país.1Segundo o “OPSA 2010. REFLEXÃO SOBRE A EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO POLÍTICA, ECONÓMICA E SOCIAL EM ANGOLA DE ABRIL DE 2009 A MAR-ÇO DE 2010”.2IBEP – Inquérito Integrado sobre o Bem-estar da População. Angola. Instituto Nacional de Estatísticas, 2010.3Nomeadamente a Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e outras acções enquadradas no Programa Municipal Integrado de

Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza.

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O alto nível de pobreza rural e a perspectiva de alta nos preços dos alimentos reforçam a necessidade das acções da ADRA continuarem no sentido de fortalecer a agricultura familiar como estratégia de combate à fome e à pobreza, dinamizando processos integrados de desenvolvimento local.

Ainda no âmbito do desenvolvimento local, o processo de desconcentração e descentralização administrativa e a implementação das autarquias representam uma oportunidade para a ADRA influenciar a participação da sociedade civil na formulação e implementação dos planos municipais e no debate sobre o processo autárquico.

A ADRA, por meio de sua intervenção, continuará a fortalecer a capacidade dos excluídos e das organizações da sociedade civil, para que todos se tornem actores de um processo de desenvolvimento democrático e sustentável.

1.2 O Contexto Interno

No seu contexto interno, ADRA continuará a apostar na sua capacidade analítica acerca do meio em que actua através da implementação de iniciativas de pesquisas como uma forma de aumentar e melhorar o conhecimento, a qualidade técnica e a eficácia das suas intervenções. Prosseguirá o processo de obtenção do seu estatuto de institui-ção de Utilidade Pública.

Em relação à intervenção, continuará a evoluir do apoio directo às famílias ao apoio indirecto, por meio das organi-zações comunitárias parceiras.É importante avançar no sentido de romper com uma visão fragmentada da interven-ção, encarando-a como um processo que não se reduz ao município ou província, mas que se concretiza a diferentes níveis: local, provincial, nacional e internacional.

As reflexões internas apontam para novos desafios entre os quais se destaca a necessidade de se dispôr de capacida-des e recursos para estabelecer processos e alcançar resultados de qualidade. Reforçar-se-á o processo de formação de equipas municipais, aumentando a possibilidade de uma maior coordenação entre os actores a nível municipal e a oportunidade dos técnicos se especializarem nas diferentes temáticas de intervenção. Estas orientações implicam em uma transformação cultural interna que reveja os princípios de qualidade, eficácia e eficiência. O fortalecimento de uma cultura de aprendizagem organizacional interna, também é um factor a ser considerado.

Verifica-se a necessidade de continuar a melhorar as capacidades de gestão para assegurar uma adequada adminis-tração dos recursos humanos, implementando a prática de avaliações de quadros aliada a um sistema eficiente de monitoria, capaz de atender às demandas de competitividade e competência institucionais.

ADRA dará continuidade ao processo de aprimoramento do sistema administrativo, consolidando definitivamente e em toda a Organização, as normas e os procedimentos definidos nos últimos anos.

É fundamental investir na melhoria de mecanismos de comunicação que permitam maior fluidez e circulação de in-formação e documentação. As próprias limitações do país em termos de fornecimento de serviços de comunicação, como por exemplo, o serviço de internet, dificultam a instalação de rede intranet que cobriria toda a Agência. Há que se buscar meios para manter o pessoal especializado e romper as resistências existentes em termos de utilização de tecnologias de informação.

Em relação à estruturação da área financeira, é necessário continuar com o processo de consolidação dos novos padrões de procedimentos, dos manuais e do novo programa contabilístico.

Mais avanços serão necessários para que ADRA conquiste a sua sustentabilidade financeira. Vários desafios se im-põem, dentre eles, o de elevar o valor dos overheads e a criação de fundos de reserva. Há que se melhorar a relação entre despesas e recursos próprios para permitir que a Organização seja capaz de implementar uma política eficiente de captação e retenção de quadros e um plano de cargos e salários.

Neste sentido, ADRA deverá tornar-se mais activa no mercado de prestação de serviços de consultoria, no seu do-mínio de conhecimento. Contudo, não se pode distanciar dos princípios associativos que implicam, entre outros, continuar com as actividades que permitam dar “voz” e oportunidades aos que estão forçados à situação de exclusão.

Apesar dos avanços no que se refere as relações de género na instituição, a ADRA dará continuidade ao debate in-terno de modo a melhorar as necessidades específicas das suas trabalhadoras.

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Com relação ao funcionamento dos Órgãos Sociais da ADRA, manter-se-á a regularidade do funcionamento confor-me seu Estatuto e promover-se-á a interdependência harmoniosa entre estes e os órgãos executivos: a Agência de Desenvolvimento e a PROMODES.

A ADRA procurará, consolidar a opção “Integração Institucional com Autonomia”4 e aprofundar a abordagem sobre a opção estratégica “Autonomia com Integração Política” para um horizonte de futuro.

4Trata-se de uma estratégia adoptada na Assembleia-geral Extraordinária, realizada no dia 13 de Setembro de 2003.

2.A IDENTIDADE DA ADRA2.1 Visão

A ADRA é uma organização tecnicamente competente, organizacionalmente flexível, com gestão eficiente, participati-va e transparente, onde as relações interpessoais serão orientadas pela solidariedade, p cooperação e respeito mútuo. A sua intervenção primará pelo respeito aos Direitos Humanos, pela preservação do ambiente, equidade de género e valorização da dimensão cultural visando a justiça social e o desenvolvimento sustentável.

A ADRA quer ser reconhecida como uma organização angolana de referência em Desenvolvimento Rural, entendido como o processos de mudança que se preocupa com o envolvimento dos rurais visando o estabelecimento de uma relação de equilíbrio entre o mundo rural e o mundo urbano, credível e activa no fortalecimento de uma sociedade civil informada e vibrante.

2.2 MissãoA ADRA é uma organização comprometida com a construção de um desenvolvimento democrático e sustentável, social, económico e ambientalmente justo, e com o processo de reconciliação nacional e a paz para Angola. Esses compromissos se realizarão fortalecendo a capacidade dos excluídos, valorizando as tradições e práticas das comu-nidades rurais e fortalecendo a capacidade das organizações da sociedade civil para que se tornem sujeitos do mais amplo processo de mudança que assegure opções e oportunidades para todos.

2.3 Valores e PrincípiosOs valores que a ADRA mais enaltece estão implícitos na visão e missão:

• PAZ• DEMOCRACIA• JUSTIÇA SOCIAL • RESPONSABILIZAÇÃO • PARTICIPAÇÃO• SOLIDARIEDADE • TRANSPARÊNCIA• RESPEITO MÚTUO• CONFIANÇA

Alguns princípios organizacionais e operacionais complementam os valores adoptados:

• VALORIZAÇÃO DA CULTURA E DO SABER LOCAL• RESPEITO PELAS LÍNGUAS NACIONAIS• JUSTIÇA DE GÉNERO • UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS ADAPTADAS • PREVENÇÃO DO HIV/SIDA• CONSCIÊNCIA AMBIENTAL • COMBATE À CORRUPÇÃO• LEGALIDADE

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Grupos de ReferênciaSão estes valores e princípios, que leva a Organização a fazer o que qualifica como relevante e necessário, sustentam o trabalho conjunto e expressam a forma como a ADRA se relaciona tanto interna como externamente.

A partir das reflexões sobre a visão, a missão e os valores, ADRA identificou os principais conceitos orientadores da sua vida institucional e construiu um quadro de referências conceptual apresentado em detalhe no Anexo 1.

2.4 Abordagem Metodológica

Ao eleger o trabalho com as comunidades rurais como foco da sua actividade, a ADRA decidiu construir um modelo de intervenção a partir da sua própria experiência de terreno, seguindo o princípio “o caminho faz-se caminhando”. Deste modo, adoptou o Desenvolvimento Comunitário como uma estratégia e um modelo que está na âncora da sua intervenção social junto às comunidades rurais e demais actores da sociedade angolana.

ADRA entende o Desenvolvimento Comunitário como um modelo de educação não formal, um processo de interac-ção pedagógica entre homens, mulheres e crianças por um lado, e as equipas da organização por outro, visando o desenvolvimento das comunidades, a sua autonomia, o seu “empoderamento” e o exercício da cidadania. De acordo com esta concepção, a intervenção social da ADRA orienta-se pelos seguintes princípios metodológicos:

• Os direitos dos membros das comunidades e as suas prioridades de desenvolvimento devem sobrepor-se às opções consciencializadas pelos técnicos;• A participação, como condição para que as comunidades tomem decisões fundamentais relativas ao seu próprio desenvolvimento;• O respeito pela identidade e pelos valores culturais das comunidades;• O estabelecimento de parcerias e a construção de pontes de diálogo entre os diferentes actores sociais, engajando-se no reforço dos mecanismos de cooperação entre o Estado e a sociedade civil;• A sustentabilidade, para que os processos de mudança sejam equilibrados, sem rupturas e tenham durabilidade e continuidade no tempo;• A influência sobre as políticas públicas e as práticas de governação.

É com base nos princípios acima referidos que se conformará a abordagem metodológica subjacente à implementação do presente Plano Estratégico. Neste sentido, a ADRA adoptará uma postura e estratégia de pluralismo metodológico, sempre fundamentado nos princípios acima referidos, adaptando e utilizando abordagens metodológicas específicas e complementares, tendo em vista o alcance das metas definidas nos programas de orientação, nomeadamente:

• A Advocacia Social que visa influenciar as políticas públicas a favor dos grupos sociais mais excluídos, adoptando modelos em função das demandas e do contexto sociopolítico do país;• A assessoria, tendo em vista o reforço de capacidades dos actores locais (organizações comunitárias, ONGs, Administrações Locais do Estado, etc.), procurando celebrar compromissos entre as equipas da ADRA e as organizações e instituições, em função de demandas concretas;• As Escolas de Campo de Agricultores (ECAs) que, como metodologia de capacitação assente na experimentação em ambiente de trabalho dos camponeses com recurso aos seus conhecimentos e recursos, serão fundamentais para a promoção de sistemas de produção agrícola e pecuária ambientalmente sustentáveis;• A análise e desenvolvimento da cadeia de valor como instrumento estratégico que visa o controlo e a gestão dos factores que determinam os custos de produção e vantagem competitiva, fortalecendo a capacidade de actuação dos camponeses no mercado;• O Sistema de Aprendizagem de Género em Acção (GALS-Gender Action Learning System), no âmbito da promoção da justiça de género nas famílias e nas instituições. Com dito anteriormente, novas propostas metodológicas poderão ser acrescidas a estas em função da dinâmica de implementação do presente plano.

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3. OBJECTIVOS ESTRATÉGICOSResultado da análise de contexto e tendo por referência a missão, os valores, os princípios e a abordagem metodo-lógica, estabeleceu-se que, para o período de execução deste Plano, a intervenção da ADRA buscará fundamental-mente contribuir para uma maior inclusão política, social e económica dos cidadãos, através do alargamento da participação democrática e da influência sobre políticas de combate à pobreza e de desenvolvimento sus-tentável para Angola.

A acção da ADRA no campo da sua intervenção sustenta-se em quatro objectivos estratégicos. Dois destes objectivos remetem-se à intervenção externa e dois são relativos ao fortalecimento das capacidades internas, frutos da necessi-dade da instituição buscar a melhoria na qualidade de sua intervenção.

1. Contribuir para os processos de desenvolvimento local sustentável através do fortalecimento da capacidade dos actores locais na implementação de iniciativas de políticas económicas, sociais e ambientais integradas.

2. Influenciar as políticas públicas e as práticas democráticas através do debate e do maior engajamento nos espaços de articulação da Sociedade Civil e defesa dos Direitos Humanos.

3. Estabelecer uma política de quadros adequada aos novos desafios institucionais (perfil, conhecimentos, capacidades, competências, valores e gestão de pessoas) com vista à conferir maior qualidade a intervenção por meio da definição de metodologias, ferramentas e sistemas de trabalho adequados.

4. Fortalecer a capacidade institucional de captar, diversificar e gerir recursos assim como de prestar contas aos membros, parceiros, financiadores e à sociedade.

4. MARCO DA INTERVENÇÃO4.1 Programas de Orientação

Os objectivos estratégicos serão perseguidos a partir da implementação de quatro programas que se articulam e se completam, a saber: o Programa de Desenvolvimento Local Sustentável, o Programa de Cidadania e Educação e o Programa de Lobby e Advocacia, todos eles assegurados pelo Programa de Desenvolvimento Organizacional.

A seguir, apresenta-se em detalhes os objectivos, componentes, linhas de acção e os efeitos esperados para cada um deles.

4.1.1 Programa de Desenvolvimento Local Sustentável

As acções da ADRA, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Local Sustentável, estão orientadas no sentido de contribuir para a redução da pobreza através do aumento do rendimentos económico das famílias, do fortale-cimento dos mecanismos de diálogo entre os actores locais e da promoção de práticas de gestão sustentável dos recursos naturais. Ele está constituído por quatro componentes (ver Quadro 1).

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4.1.2 Programa de Cidadania e Educação Formal

Por meio do Programa de Cidadania e Educação Formal, ADRA visa contribuir para o fortalecimento da consciên-cia cívica e de cidadania, estimulando, em particular, a participação mais efectiva dos jovens, mulheres e crianças no debate público sobre a vida política e social do país. Ele constitui-se por quatro componentes, suas respectivas linhas de acção e efeitos, como a seguir no Quadro 2.

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4.1.3 Programa de Lobby e Advocacia

Buscar-se-á por meio deste Programa influenciar as ideias, crenças, comportamentos e políticas através do fortaleci-mento da capacidade da ADRA e de outros actores no debate, de maior engajamento da Sociedade Civil nos espaços de articulação e na defesa dos Direitos Humanos. Ele está constituído por quatro componentes, como observamos no Quadro 3 a seguir.

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4.1.4 Programa de Desenvolvimento Organizacional

O novo Plano Estratégico exige que a Organização revise seus princípios, procedimento e ferramentas orientando-os para o alcance dos resultados. O Programa de Desenvolvimento Organizacional buscará criar condições organizacio-nais que atendam às novas exigências programáticas e estratégicas da intervenção como se observa no Quadro 4.

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4.2 Abrangência Territorial

ADRA actuará nos três níveis territoriais, de forma integrada e complementar: ao nível municipal, nível das províncias e nível nacional.

Nos níveis municipal e provincial, ADRA manterá a sua abrangência territorial, consolidando o novo modelo de tra-balho baseado nas equipes municipais e no novo estilo de intervenção. Antes, os trabalhos visavam a implementação de projectos que atendiam directamente as famílias, hoje a acção é voltada para os processos de fortalecimento da capacidade das organizações de base, administrações locais e outros actores do desenvolvimento municipal.

No período de 2012 – 2016, ADRA continuará a actuar em 6 províncias (vide Mapa 1). Em Malange, Huambo, Ben-guela, Huíla e Cunene as acções serão dirigidas aos municípios e comunidades e em Luanda/Sede serão desenvol-vidas as acções maioritariamente de lobby e advocacia, que têm abrangência nacional.

Ao nível provincial, as acções de influência política e promoção de eventos que visam o debate público e o estabe-lecimento de alianças com outras instituições públicas e sociedade civil, marcam as intervenções das antenas e têm como base territorial as capitais das províncias.

No nível nacional, as acções de ADRA a partir da Sede continuarão voltadas para a orientação institucional e meto-dológica das Antenas5 buscando a integração e coerência dos programas e projectos nas três esferas: (i) construção e implementação de estratégias de fortalecimento de redes, (ii) espaços de participação da sociedade civil tanto nacionais quanto internacionais e, (iii) acções de influência sobre as políticas públicas.

4.3 Grupos de Referência

Em decorrência da evolução regis-tada nos últimos anos no seu estilo de intervenção, ADRA repensou o método de categorizar os grupos de referência envolvidos nos seus pro-jectos de terreno e nas suas acções de advocacia e de influência política, nos diferentes níveis de actuação da organização.

Ao nível dos municípios, aldeias e co-munas e tomando em conta a missão da ADRA, os beneficiários finais da intervenção serão homens, mulheres, crianças, jovens rapazes e raparigas do meio rural, em posição de desvan-tagem estrutural e de pobreza, Deste universo de beneficiários de alcance directo, as famílias beneficiam-se di-rectamente da intervenção da ADRA. Os beneficiários institucionais ou in-termediar os serão as uniões e núcle-os, fóruns, associações de campone-ses, cooperativas, comissões de pais, grupos de mulheres e outros grupos locais.

Províncias atendidas pela ADRA

5 São denominadas “Antenas” os escritórios de ADRA localizados nas Províncias.

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Ainda no nível dos municípios, aldeias e comunas, ADRA conta com os parceiros, que são fundamentalmente instituições do Estado, em particular, as Administrações Municipais e Comunais, as organizações da sociedade civil nacionais e internacionais, as universidades, associações e cooperativas. Todavia, importa ressaltar que a concepção metodológica do Desenvolvimento Comunitário, que orienta as acções da ADRA, considera os beneficiários como sujeitos activos de todo o processo de desenvolvimento.

Nos níveis provinciais e nacional, ADRA continuará a diversificar o leque de instituições envolvidas na implementação dos seus diferentes projectos. As organizações da sociedade civil, universidades, instituições do estado, as institui-ções e organismos internacionais serão parceiros e aliados envolvidos na actividade da ADRA e beneficiários das aprendizagens, conhecimentos e experiências adquiridas pela Organização por um lado. Por outro lado, a capacidade logística e a presença da ADRA poderá proporcionar apoio aos parceiros na realização das suas actividades.

4.4 Parcerias e Alianças

No âmbito da sua estratégia “articulados em redes fazemos melhor”, ADRA considera um elemento básico de sua acção o trabalho em parceria e o fortalecimento de espaços de diálogo e concertação, actuando de forma integrada e articulada, com vista ao alcance de objectivos comuns e aos diferentes níveis. Serão parceiros da ADRA o sector público, agências internacionais de cooperação, sector privado, universidades públicas e privadas, igrejas, redes da área, institutos médios, centros de estudos e investigação, organizações da sociedade civil, meios de comunicação social, entre outros.

No Nível local ou seja, dos municípios, aldeias e comunas, serão feitos esforços de sinergia com associações, núcleos, fóruns, uniões de associações e administrações locais.

Nos níveis provinciais e nacional, ADRA diversificará o leque de instituições envolvidas na implementação dos diferentes projectos. As organizações da sociedade civil (plataformas, ongs, redes), universidades, instituições do estado ao nível provincial e nacional e organismos internacionais serão parceiros e aliados envolvidos na actividade da ADRA.

No âmbito internacional, as acções serão empreendidas no sentido de apoiar, participar e fortalecer as redes inter-nacionais da sociedade civil para a segurança alimentar e soberania alimentar.

5. GOVERNAÇÃO E GESTÃOA estrutura de governação e gestão da ADRA é composta pelos órgãos sociais que são a Assembleia-geral, o Con-selho Fiscal, o Conselho Directivo e o Conselho de Representantes. Estas instâncias, orientam os órgãos executivos (OE) formados pela ADRA – Agência de Desenvolvimento e a PROMODES - Projecto Económico.

Órgãos executivosOs órgãos executivos são a Agência de Desenvolvimento (AD) e a PROMODES.A Agência de Desenvolvimento tem na sua estrutura o Conselho de Gestão, Directores Geral e Adjunto, as unidades de apoio (UPD, ULAS, UGRH, UGF) e as Antenas, estas últimas com com sua própria estrutura.

Conselho de GestãoO Conselho de Gestão é um espaço deliberativo da ADRA-AD (Agência de Desenvolvimento). Tem por função abordar as questões de funcionamento interno e manter a coerência e consistência estrutural e programática em conformi-

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dade com as políticas, decisões e recomendações do Conselho Directivo e de outros espaços de tomada de decisões, com vista à uma actuação mais responsável, visível e transparente.

Director Geral e Director Geral Adjunto O Director Geral é responsável perante o Conselho Directivo e representa a ADRA-AD no País e no estrangeiro. Tem a responsabilidade de administrar os recursos disponíveis na Organização bem como liderar processos que levem ao alcance dos objectivos traçados no Plano Estratégico. O Director Geral Adjunto exerce as mesmas funções que o Director Geral, apenas com a particularidade de o fazer por delegação do primeiro.

Unidade de Projectos e Desenvolvimento (UPD)A Unidade de Projectos e Desenvolvimento é uma estrutura de apoio às antenas e à direcção geral no que diz res-peito à intervenção global da Agência no terreno. As suas atribuições gerais estão relacionadas com a monitoria dos processos bem como a identificação e formulação de projectos.

Unidade de Lobby e Advocacia Social (ULAS)A Unidade de Lobby e Advocacia Social é uma estrutura criada no âmbito do Plano Estratégico 2012-2016 com a finalidade de assumir a responsabilidade das tarefas de advocacia social, estudos, pesquisa e sistematização.

Unidade de Gestão de Recursos Humanos (UGRH)A UGRH tem como finalidade garantir uma gestão de pessoas, baseada nas normas e procedimentos, adequação e concepção de novas políticas de gestão de recursos humanos, conferindo maior qualidade a implementação dos programas previstos, com vista o alcance dos objectivos estratégicos da organização.

Unidade de Gestão Financeira (UGF)É a estrutura da Agência de Desenvolvimento responsável pelas tarefas de orçamentação, elaboração de balancetes, contactos com os bancos, contabilidade, tesouraria e administração financeira.

AntenasAs Antenas são as estruturas da ADRA que representam a Organização nas províncias, orientadas especificamente para a implementação da estratégia da ADRA. Têm como responsável, o Director da Antena, contando com uma estrutura composta por uma área de apoio aos projectos, um núcleo de gestão que realiza as tarefas de tesouraria e contabilidade, bem como as equipas municipais, responsáveis pela implementação de projectos junto aos benefi-ciários.

A governação da ADRA será feita com base nos seguintes princípios e linhas de trabalho: (i) desenvolvimento e con-solidação de uma cultura de construção do pensamento estratégico em função da evolução de factores externos e internos; (ii) estímulo à prestação de contas tanto interna e quanto externa à Organização; (iii) estímulo ao surgi-mento de iniciativas de outros órgãos executivos; (iv) obtenção do estatuto de Utilidade Pública; (v) consolidação da governação electrónica; (vi) profissionalização da função do Secretário-geral do Conselho Directivo; (vii) redução do número de reuniões anuais do Conselho Directivo sem prejuízo no comprimento de suas atribuições estatutárias; (viii) ampliação do conceito de fiscalização do Conselho Fiscal; (ix) melhoria na participação dos associados na vida da Or-ganização incluindo maior interactividade por Internet; (x) re-dinamização dos círculos de membros e recrutamento de mais membros; (xi) aprovação de uma estratégia e de um plano de negócios para a PROMODES.

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6. OPERACIONALIZAÇÃOA operacionalização dos programas de orientação visando o alcance dos objectivos estratégicos, implica na adopção e utilização de um sistema de gestão global da actividade da organização. Esse sistema permitirá articular de modo eficaz e eficiente os processos de planificação, monitoria e avaliação, incorporando a dimensão da aprendizagem organizacional através da sistematização de experiências.

O processo de planificação deverá permitir a definição das actividades a serem realizadas para a materialização das linhas de acção previstas nos programas de orientação e dos principais encontros institucionais. Neste sentido, serão utilizados os seguintes instrumentos de planificação:

• Planos Operativos Anuais, indicando as principais actividades por programa, os prazos de realização e a re partição de responsabilidades;• Calendários anuais dos encontros institucionais: reuniões do Conselho Directivo e da Assembleia-geral, Con selho de Representantes, Conselhos de Gestão, Encontro Anual das Comunidades, Formações em Desenvolvimento Comunitário, workshops e conferências nacionais;• Planos previsionais estimando os custos de funcionamento e das actividades.

Quanto ao processo de monitoria, este terá como base fundamental o quadro dos indicadores globais do Plano (ver Anexo 2). Globalmente, o processo de monitoria compreende os seguintes elementos:

• Instrumentos, nomeadamente os planos de monitoria de indicadores estabelecendo o tipo de informação a recolher, os procedimentos e as estruturas responsáveis;• Os momentos para a reflexão crítica e aprendizagem por parte das diferentes estruturas da organização serão realizados através de visitas regulares de acompanhamento de terreno e de encontros semestrais de monitoria;• O registo e a documentação, definindo modelos adequados de memorandos, actas de reuniões, relatórios de monitoria, relatórios de actividades e outros documentos de sistematização da informação;• A monitoria do contexto, a ser feito a todos os níveis – municipal, provincial, nacional e internacional, sobre questões que digam respeito à razão de ser da ADRA e envolvendo as equipas, as antenas, os conselhos de gestão e o Conselho Directivo. A monitoria do contexto permitirá a identificação das tendências e cenários. Relativamente à avaliação, esta será um processo contínuo ao longo da implementação do Plano, tendo igualmente como base o quadro dos indicadores e fazendo recursos aos dados que provêm da monitoria enquanto um processo de recolha sistemática de dados e informação. Com efeito, o processo avaliativo assentará em duas modalidades:

• Avaliações internas: realizadas anualmente através de balanços das actividades de cada uma das estruturas da organização, com base nos planos operacionais anuais e no quadro dos indicadores;• Avaliações externas: serão realizadas duas (intermédia e final) com o objectivo de proceder a possíveis revisões das opções estratégicas feitas e à medição do impacto da intervenção da organização, tendo como referência os indicadores definidos para a monitoria e avaliação do Plano Estratégico. Haverá também situações de avaliação externa de acções ou de projectos concretos, na sequência de compromissos com determinados doadores. Os resultados de tais avaliações, poderão ser usados numa perspectiva de aprendizagem mais global da Organização.

A sistematização constitui um dos desafios da ADRA nos próximos tempos e exige uma nova atitude institu-cional, prevendo momentos específicos para a sua realização, condição fundamental para a consolidação da prática da aprendizagem organizacional. Assente na reflexão crítica sobre as práticas geradas pela interven-ção social das organizações, a sistematização será particularmente importante para o exercício de construção teórica a partir das experiências da organização, suportando as acções de advocacia social. Nesta perspectiva, pretende-se que anualmente a organização seja capaz de sistematizar experiências relevantes do seu trabalho em cada um dos municípios onde intervém.

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ANEXOS

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ANEXO 1. Quadro de Referência ConceptualA partir das reflexões sobre a visão, a missão e os valores procuramos identificar os principais conceitos orientadores da vida institucional da ADRA e assim construir um quadro de referências conceptual que permitirá uma compreen-são comum das nossas referências. A seguir, alguns conceitos orientadores:

AMBIENTE. Entende-se como a “existência de condições para a vida ou de crescimento”. Ao aceitarmos essa verten-te, criam-se premissas para se considerar a ecologia como a base fundamental da ciência do ambiente, já que esta estuda a relação entre os seres vivos e o seu ambiente.

AUTONOMIA. Este conceito incorpora intrinsecamente a noção de poder que se traduz pela existência de recursos: conhecimento, capacidade de gestão; e meios e de actuação: liberdade de escolha e tomada de decisão. Porém, o conceito de autonomia não se esgota nesta dimensão - ter e fazer; ele contempla também a dimensão da personali-dade de quem a assume - orgulho próprio, querer, ter coragem de aceitar o desafio e a auto-estima.

CIDADANIA E CIDADÃOS. Entende-se por cidadania o exercício através do qual um sujeito participa conscientemen-te na vida política, económica, social e cultural do país a vários níveis. Cidadão é a pessoa a quem o Estado reconhece direitos e deveres. É o sujeito consciente da sua condição que conhece e reivindica seus direitos e cumpre os seus deveres.

COMUNIDADE. São grupos e subgrupos de pessoas com identidade, interesses e preocupações comuns e com cons-ciência de pertença, situados numa determinada área geográfica na qual interagem mais intensamente do que em qualquer outro contexto.

DEMOCRACIA. Regime de governo onde o poder de tomar as decisões políticas está com os cidadãos (povo) de forma directa, quando o povo expressa a sua vontade por voto directo em cada assunto ou indirecta (democracia re-presentativa), quando a povo expressa sua vontade através da eleição de representantes que tomam decisões em seu nome. A democracia representativa, completa-se com a democracia substancial ou participativa, enquanto processo de aprofundamento da liberdade dos cidadãos face ao Estado, de constituição e reafirmação das diferenças culturais no seio da sociedade, de negociações entre a sociedade e o Estado. Trata-se de um processo de reforço da sociedade e dos indivíduos reunidos em torno de interesses comuns.

DESENVOLVIMENTO. Desenvolvimento é um processo de mudanças globais, intencionalmente provocadas, visando um determinado modelo de sociedade.

DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO. Processo pedagógico (de interacção) entre uma comunidade e um agente externo ou facilitador que permite o desenvolvimento da comunidade de forma autónoma. É também uma opção ideológica que serve de base a processos educativos de intervenção social.

DESENVOLVIMENTO HUMANO1. O processo de alargamento das escolhas e das oportunidades das pessoas e o nível de bem-estar estão na essência da noção de desenvolvimento humano. Nesse âmbito, três opções essenciais devem estar presentes: (i) desfrutar de uma longa vida e saudável; (ii) adquirir conhecimentos e; (iii) de ter acesso aos recursos necessários a um padrão vida adequado.

DESENVOLVIMENTO LOCAL. Entende-se como o processo que possibilita as comunidades participarem das deci-sões sobre as questões que afectam as suas vidas. Neste contexto, elas são capazes de descobrir suas vocações locais, desenvolver suas potencialidades e fomentar as relações externas, aproveitando-se de suas vantagens locais. São considerados actores relevantes neste processo as autarquias, as organizações da sociedade civil, os partidos políticos e as autoridades tradicionais.

DESENVOLVIMENTO RURAL. Não existe uma definição de desenvolvimento rural. Dadas as disparidades existentes entre as condições de vida em meio urbano e em meio rural resultantes das políticas distorcidas implementadas em

1 Definição do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD

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países do terceiro mundo a partir de meados do século XX, que levaram a pobreza e a exclusão das populações para nível elevadíssimos, começou a falar-se de desenvolvimento rural para expressar processos de mudança preocupa-dos com o envolvimento dos rurais e visando a alteração dos desequilíbrios entre o mundo rural e o mundo urbano (ADRA PE 2005- 2009).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Diz-se que o desenvolvimento é sustentável quando este processo inclui cres-cimento económico, justiça social e respeito pelo ambiente e cria condições para que todos os sectores e actores sociais dele participem. Sustentabilidade tem de ver com continuidade sem pôr em causa o futuro.

SEGURANÇA ALIMENTAR. Concorda-se com o conceito da FAO6 que afirma que “existe segurança alimentar quan-do as pessoas têm de forma permanente acesso físico e económico a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para satisfazer as suas necessidades dietéticas e preferências alimentares a fim de levar uma vida activa e saudável”.

EXCLUSÃO SOCIAL. Para a ADRA, tendo em conta a realidade social do país, exclusão social é um fenómeno pelo qual determinadas franjas da população não têm acesso a determinados bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania. Esses indivíduos ou grupos são postos completamente fora de toda a vida económica, social e política do país.

GÉNERO. O termo género não se refere a homens ou mulheres, mas sim à relação de complementaridade entre eles e às funções sociais de mulheres e homens na sociedade em que vivem. As relações sociais do “género” são específicas em cada contexto, mas podem facilmente sofrer modificações em resposta às circunstâncias económicas, políticas ou sociais dum país. PARCERIA. Este é um termo que descreve uma relação e a forma como esta se desenvolve: são os actores desta re-lação que lhe dão conteúdo. Parceria é uma relação baseada numa visão, objectivos e valores comuns. É uma acção conjunta de partilha, de complementaridade baseada em um compromisso ou acordo voluntário e consciente entre as partes (instituições, organizações, grupos, indivíduos) procurando a satisfação de objectivos comuns. Pressupõe o conhecimento e respeito mútuo, relações horizontais e responsáveis, permanente negociação, o poder e a capacida-de de dar e receber.

PARTICIPAÇÃO. Processo colectivo, voluntário e consciente que se desenvolve em função da satisfação das necessi-dades sentidas e definidas como prioritárias pelas comunidades, grupos, organizações, sociedade.A participação deve ser entendida como um processo. Se é um processo é porque pode ser aprofundado e exercitado paulatinamente e de forma cada vez mais consistente pelas pessoas e pelos grupos.

RESPONSABILIZAÇÃO (ACCOUNTABILITY). Neste conceito damos ênfase aos aspectos da responsabilidade que a instituição, organização ou projecto têm para com a comunidade e a sociedade. Dois pilares deste conceito são a prestação de contas e a transparência.

SOCIEDADE CIVIL. Conjunto de grupos, organizações e instituições que actuam na área entre o indivíduo e o Estado visando o desenvolvimento político, económico, cultural e social e procurando influenciar as políticas públicas.

SUSTENTABILIDADE. É uma situação (nível ou estado) em que um grupo, organização ou comunidade adquire auto-nomia de modo a desenvolver continuamente os seus processos sociais, económicos, culturais e políticos.

6Cimeira Mundial da Alimentação. FAO, 1996.

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Organigrama da ADRA

ANEXO 4. Organigramas das estruturas de governação e gestão

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ADRASomos uma organização que procura contribuir para o desenvolvimento rural democrático e sustentável, so-cial e ambientalmente justo, e para o processo de reconciliação nacional e a paz em Angola.

Visão

A ADRA é uma organização tecnicamente competente, organizacionalmente flexível, com gestão eficiente, participativa e transparente, onde as relações interpessoais são orientadas pela solidariedade, pela coope-ração e pelo respeito mútuo. A sua intervenção prima pelo respeito aos Direitos Humanos, pela preservação do ambiente, pela equidade de género e pela valorização da dimensão cultural visando a justiça social e o desenvolvimento sustentável.

A ADRA quer ser reconhecida como uma organização angolana de referência em Desenvolvimento Rural, en-tendido como o processos de mudança que se preocupa com o envolvimento dos rurais visando o estabeleci-mento de uma relação de equilíbrio entre o mundo rural e o mundo urbano, credível e activa no fortalecimento de uma sociedade civil informada e vibrante.

Missão

A ADRA é uma organização comprometida com a construção de um desenvolvimento democrático e sus-tentável, social, económico e ambientalmente justo, e com o processo de reconciliação nacional e a paz para Angola. Esses compromissos realizam-se fortalecendo a capacidade dos excluídos, valorizando as tradições e práticas das comunidades rurais e fortalecendo as capacidades das organizações da sociedade civil para que se tornem sujeitos do mais amplo processo de mudança que assegure opções e oportunidades para todos.

Para mais informações, contacte:ADRA – Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente

Praceta Farinha Leitão, nº 27 – 1º Dto.C. Postal 3788 Luanda – Angola

Telef: +244 222 398 356Fax: + 244 222 396 683

E-mail: [email protected]: secretaria.adra.sede

www.adra-angola.org