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ADVOCEF em Revista Julho/2012

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www.advocef.org.br � Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeiro Secretário: Lenymara Carvalho (Brasília)Segundo Secretário: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segundo Tesoureiro: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretor de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)Diretor Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracajú)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira Moreira Filho(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa (Brasília)|LyaRachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)|Renato LuizOttoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|Manoel Diniz Paz Neto(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina (Fortaleza)|Ivan SérgioVaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juizde Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|Dioclécio Cavalcante de Melo Neto (Maceió)|KátiaRegina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Francisco FredericoFelipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|Leonardo da Silva Greff (NovoHamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (Passo Fundo)|José Carlos de Castro(Piracicaba)|Pablo Drum (Porto Alegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins eSilva Pires (Recife)|Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz FernandoPadilha (Rio de Janeiro)|Linéia Ferreira Costa (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba(Santa Maria)|Leandro Biondi (São José dos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São Josédo Rio Preto)|Marcelo de Mattos Pereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro(São Paulo)|Rômulo dos Santos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|AquilinoNovaes Rodrigues (Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles(Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes |Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa: Valquíria Dias deOliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

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Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima da Silva,Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella Gomes Machado, Júlio Greve, Lenymara Carvalho, LyaRachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de Carvalho Leite Neta, Pedro JorgeSantana Pereira e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)- E-mail: [email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica:José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: Gráfica Pallotti|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a insti-tuições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

Uma edição que mais lembra uma obra técni-ca: esse poderia ser um resumo para o conteúdodas próximas páginas.

Destacando um viés mais técnico da atuaçãoprofissional de nossos associados, a edição des-te mês traz diversas notícias de relevo para acorporação.

Matérias envolvendo a conciliação judicial, arecuperação de créditos e a formação de prepostosjudiciais, dentre outras de viva atualidade, contri-buem para referendar algumas das opções per-manentes da ADVOCEF.

Informar com qualidade, atualidade e ampli-tude, contribuir concretamente para que os advo-gados da CAIXA conheçam com profundidade epermanentemente a realidade que cerca o exercí-cio de seu mister.

Coadjuvar e protagonizar o incentivo ao apri-moramento profissional, divulgando e amplifican-do boas práticas, venham de onde vierem, comfoco nos objetivos essenciais da entidade e deseus representados.

Esses são alguns dos conceitos teóricos quese materializam, de modo muito especial, nestenúmero.

Demonstrando que a participação em iniciati-vas positivas aos interesses da CAIXA podem secoadunar - e muito - com os princípios defendidospor seus advogados, a ADVOCEF resgata algumasboas iniciativas apresentadas pelos dirigentes daárea jurídica, por seus advogados e por estudio-sos do Direito.

E mais uma vez comprova, com a força daspositivas e permanentes atuações, que sempre épossível fazer-se mais e melhor do que até aquise fez.

Acreditamos nisso e nas pessoas que demons-tram, com suas convicções, capacidades e muitotrabalho, que a teoria pode ser praticada com or-gulho e ânimo de renovação de ideais e crenças.

Prepostos epropostas

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

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Duas turmas partici-param do curso Treina-mento de Prepostos, emjunho de 2012, retoman-do o projeto da Escola deAdvocacia, em parceriacom a Universidade CAI-XA, iniciado no ano pas-sado. Foram treinados osempregados nomeadospara a função de Assisten-te Pleno e que terão comoatividade principal a re-presentação da CAIXA emjuízo.

Como lembra a assistente pleno doJURIR Belo Horizonte/MG (que atua emJuiz de Fora) Larissa Toledo Costa de As-sis, a proposta de qualificar empregadoscom essa finalidade era "ansiosamenteaguardada" pelos advogados da área tra-balhista, desde a CTN (ComissãoTemática Nacional) de 2005. O sucessoda experiência em 2011, com o primeirogrupo de quarenta prepostos, fez aumen-tar o número das funções gratificadas.

O evento foi conduzido, em quatrodias, nas dependências da UniversidadeCAIXA, pelo coordenador da Escola deAdvocacia, Frederico Rennó. "Pude con-firmar a excelência dos empregados se-lecionados para a função de AssistentePleno e o interesse de todos na melhorcondução da defesa da CAIXA", disseRennó.

Curso retoma a formação de representantes da CAIXA em juízo

Mediações talentosas

O coordenador elogiou as mediaçõesdo coordenador jurídico Luciano PaivaNogueira, do JURIR Belo Horizonte/MG,e do gerente da Centralizadora Regionalde Gestão de Pessoas Belo Horizonte(CIPES/BH), Mércio Soares Coelho.

Luciano, "com maestria e notório saberjurídico, esclareceu as questões técnicas e

presidiu as audiências,tornando-as tão reaisquanto possível". Mércio,"mais uma vez, falou coma tranquilidade e experi-ência adquirida na gestãode pessoas e prestaçãode subsídios para a defe-sa em juízo da CAIXA".

Luciano Nogueiradiscorreu sobre os con-ceitos jurídicos e as ocor-rências práticas ligadasà atuação do preposto.Mércio Coelho falou so-

bre questões operacionais e práticas rela-cionadas aos sistemas e vivências da áreade Gestão de Pessoas. Também abordouaspectos corriqueiros das audiências e asprincipais ferramentas sistêmicas a seremutilizadas pelos analistas.

Luciano diz que partiu de informaçõesbásicas, como a forma de se vestir, de sereferir ao magistrado, chegar com antece-dência. Depois, abordou questões de mai-

|||||Fim do treinamento: os novos propostos estão aptos a falar pela CAIXA

|||||Larissa: grande avanço na qualidade do trabalho

Regras básicasVeja as principais dicas repassadas aos alunos do curso Treinamento de

Prepostos, de acordo com a assistente pleno Larissa Costa de Assis.- Dirigir-se à Justiça do Trabalho com antecedência razoável, evitando atrasos

por conta do trânsito ou de outros imprevistos;- Ter ciência dos fatos que compõem o objeto da Reclamação Trabalhista,

além de conhecer a ficha funcional do reclamante;- Desenvolver o autocontrole e a paciência;- Agir e falar com segurança durante a audiência;- Buscar outras informações por meio do gestor do reclamante;- Ficar atento à redação da ata da audiência, evitando que na transcrição de

seu depoimento constem equívocos em transcrição de declarações prestadas ouerros de interpretação.

|||||Participantes da segunda turma do treinamento

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or complexidade, como manter a tranqui-lidade em audiências hostis, respostas adeterminadas perguntas repetitivas, entreoutras.

"No segundo dia, fizemos uma audi-ência simulada, que sempre traz exce-lentes situações práticas para osprepostos. Tivemos casos em que os de-mais colegas juravam que a situação ha-via sido combinada, tal a riqueza deexemplos positivos e negativos surgidosna simulação!"

Segundo Frederico Rennó, muitas par-ticipações e questionamentos de todosenriqueceram o treinamento.

Descreve Frederico:"Ao final, foram realizadas duas audi-

ências simuladas, presididas pelo Dr.Luciano. No dia anterior, foram distribuí-das iniciais e contestações de duas açõestrabalhistas e escolhidos oito participan-tes do treinamento para ocuparem, emcada audiência, os papéis de preposto,advogado CAIXA, reclamante e advogadodo reclamante. Após cada audiência to-dos comentavam sobre os acontecimen-tos, opinavam sobre os melhores cami-nhos e respostas, cuja orientaçãoirreparável do Dr. Luciano esclarecia os

|||||Luciano: manter a tranquilidade em audiências hostis

pontos que poderiam ser melhorados eos destaques positivos."

Ao final do curso, os participantes re-ceberam, por e-mail, a ata da audiência"ficta".

Preposta treinadaOutro destaque do treinamento foi a

participação de empregados que estavamna primeira edição e já exercem a atividadede preposto há mais de um ano. É o caso daassistente pleno Larissa. "Com as orienta-

ções adquiridas no treinamento, o esforçode cada um, o grupo de discussão criado viacaixa-mail, dentre outras iniciativas, pude-mos experimentar um grande avanço naqualidade do nosso trabalho", diz a assis-tente. Ela declara sua gratidão à advogadaRosimeire Mcauchar, "que, com tanta dedi-cação, me orienta para as audiências, com-partilhando sua experiência para que eu pos-sa realizar um bom trabalho".

A presença de Larissa e outros ex-alu-nos acrescentou importante contribuiçãoao curso, segundo Rennó. Os profissionaislevaram as boas práticas desenvolvidas etambém as experiências malsucedidasque precisaram ser solucionadas, servin-do para o crescimento profissional.

Luciano Nogueira confirma que a es-pecialização dos prepostos era um dese-jo antigo dos advogados trabalhistas daCAIXA. "O sucesso da atuação de nossoscolegas tem demonstrado que foi umadecisão pra lá de acertada da DIJUR e daVP de Pessoas."

Salienta que os advogados da partecontrária já estavam acostumados como eventual despreparo dos prepostos daCAIXA. Relatou no curso o episódio ocor-rido em uma audiência em que represen-tava a CAIXA juntamente com umapreposta treinada. A advogada da recla-mante fez uma pergunta, já se preparan-do para uma resposta a seu favor, comnovas perguntas sobre o mesmo tema.

"Ocorre que nossa preposta respon-deu exatamente o contrário do que se es-perava. A advogada ficou toda emba-raçada, perdeu a linha de raciocínio e sim-plesmente dispensou as demais pergun-tas que teria no depoimento", contou.

O coordenador Frederico Rennó tam-bém ressaltou a atuação dos gestores quecontribuíram para o evento, seja liberan-

A visão dos advogados

|||||Vinicius Cardona Franca

Em seu livro "Preposto, Eu? O que Fazer na Audiência Trabalhista?", o assis-tente pleno Jaime Sampaio Dominguez incluiu o depoimento de advogados daárea trabalhista da CAIXA em Salvador/BA. Nos trechos a seguir eles destacamo que consideram mais importante na atividade dos prepostos.

Girleno Barbosa de Sousa: Girleno Barbosa de Sousa: Girleno Barbosa de Sousa: Girleno Barbosa de Sousa: Girleno Barbosa de Sousa: "O preposto na audiência trabalhista é a empresareclamada. As suas declarações, se configurarem confissão dos fatos alegadospela parte autora, obrigam a empresa a responder. Nessa senda é que assumegrande relevância a consciência que o preposto deve ter de suas responsabilida-des. Para o advogado, se o preposto é consciente de sua missão e está preparadodo ponto de vista do conhecimento dos fatos e da dinâmica da audiência trabalhis-ta, ele dá segurança ao trabalho do advogado. O contrário pode ser um desastrepara a defesa da empresa reclamada.

Vinicius Cardona Franca:Vinicius Cardona Franca:Vinicius Cardona Franca:Vinicius Cardona Franca:Vinicius Cardona Franca: "Quando o preposto é preparado e cioso de sua fun-ção, sua atuação é de suma importância para esclarecer ao julgador a matériaposta em juízo nos seus detalhes e meandros. Nessa hipótese, ainda que o juiznão acolha integralmente os fatos tais como alega-dos pelo empregador, ao menos a atuação profissio-nal do preposto pode minorar substancialmente opassivo trabalhista a ser suportado. Ao revés, quandoo preposto não recebe a preparação adequada paraa função, o que costuma acontecer no âmbito de mui-tas organizações, o insucesso do empregador na de-manda é fatal, visto que as confissões se tornam re-correntes.

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Com a experiência de um ano comopreposta e cerca de cem audiências re-alizadas, a assistente pleno LarissaToledo Costa de Assis, do JURIR/Belo Ho-rizonte/MG, vivenciou histórias inusita-das e engraçadas. A seguir, ela relataum desses casos.

Às vezes, quando não conhecemosainda o juiz, o advogado nos tranquiliza(quando o juiz é educado, calmoetc.) ou nos alerta (quando omagistrado é mais rigoroso,tenso). Isso faz com quenos preparemos commais atenção para de-terminados casos.

Certa vez, fomos eue Dra. Rosi [RosimeireMcauchar] para uma au-diência de instruçãocujo objeto se referia apedido de anulação deprocesso de apuração deresponsabilidade com reinte-gração do ex-empregado. A recla-mação trabalhista envolvia uma sériede detalhes e inúmeros dados (o pro-cesso de apuração contava com 18 vo-lumes, para se ter ideia). Além disso,eu conhecia o reclamante, o que nãoera a situação mais agradável do mun-do. Mas a Dra. Rosi, para me acalmar,adiantou que, "pelo menos", o juiz eratranquilo. Assim, fui mais confiante...

Bom, começou a audiência. Portastrancadas - a R.T. estava sob segredo

de justiça -, clima tenso, diversos volu-mes do processo sobre a mesa do juiz.

Quase não reconheci o reclamante,tamanha era a sua "juba" e sua cara de"doido" (me perdoem as expressões, masnão há forma mais delicada de dizê-las!).Foi o primeiro choque. Seu advogado pa-

ram (se é que isso era possível!) a situ-ação do reclamante e, quando viu quenão tinha mais chance, "martelava" naquestão de que houve quebra de sigilobancário de seu cliente.

Ele perguntou, uma vez, se houvequebra de sigilo bancário. Depois per-guntou de novo, de outra forma. Daí apouco perguntou outra vez. Empolgou-

se tanto, que já nem dirigia as per-guntas ao juiz; fazia-as direta-

mente a mim e eu, também,esquecia de esperar o juiz

refazer a pergunta (afi-nal ele estava lá, tãocalminho! Nem esboça-va reação). Virou um ver-dadeiro "bate-bola"! Um"toma lá dá cá" entremim e o advogado...

Sendo que a única pergun-ta era aquela, sobre a que-

bra do sigilo bancário! Ele per-guntava a mesma coisa; eu res-

pondia a mesma coisa.De repente, o juiz se "intrometeu"

na nossa conversa... Deu um soco namesa e gritou para pararmos com aqui-lo... Ninguém esperava... Tomamos umsusto com o barulho e com a reaçãoinesperada! Acabou sendo muito engra-çado! Eu e a Dra. Rosi demos boas gar-galhadas depois que tudo passou. A li-ção que ficou foi: mesmo que o juiz seja"bonzinho" e "calminho", sempre se pre-pare para o pior! O que vier é lucro!

O juiz calminho

|||||Mércio: práticas e vivências da área de Gestão de Pessoas

do os empregados, seja conseguindo asnovas vagas e funções para os Jurídicos.

A primeira edição do curso aconte-ceu em maio de 2011, quando os Jurídi-cos Regionais assumiram as atividadesde representação em juízo da CAIXA nasações trabalhistas. Apoiaram o projeto aSuperintendência Nacional de Desenvol-vimento Humano (SUDHU), a Superinten-dência Nacional de Administração dePessoas (SUAPE) e a SuperintendênciaNacional do Contencioso (SUTEN).

Um ano depois, alguns dos emprega-dos treinados não exercem mais a ativi-dade. Por isso, com o apoio das mesmasáreas, a segunda edição do curso visaatender aos empregados substitutos.

recia que estava sob efeito de droga, ta-manha era a "viagem" de sua argumenta-ção (coitado, não tinha muita opção, nes-se caso!). E o juiz lá, "calminho"... Eis ocenário.

Para o meu depoimento, o advogadopreparou umas perguntas que só piora-

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A voz do empregadorLivro descreve ofício de representar a Empresa nas audiências trabalhistas

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O título do livro - "Preposto, Eu? O queFazer na Audiência Trabalhista?" - já dizo que é e o que pretende a obra de Jai-me Sampaio Dominguez, disponível paracompra (R$ 25,00) desde 27 de junhono site da livraria Veloso (http://www.livrariaveloso.com.br). O assistentepleno do JURIR Salvador/BA, integranteda primeira turma de prepostos da CAI-XA, conta tudo o que viveu e viu na ativi-dade que exerce desde junho de 2011.Seu objetivo, além de orientar sobre otrabalho e a postura do preposto, é pro-vocar reflexões sobre o tema.

O preposto é a voz do empregador nasaudiências trabalhistas, diz o autor em seulivro. Na função, não faz declarações deseu livre entendimento que venha ajudarou prejudicar a parte autora da reclama-ção. "É importante que o preposto expo-nha as declarações do empregador (em-presa) e incorpore a pessoa jurídica no atoprocessual."

A necessidade e importância da ativi-dade está no artigo 1º da Lei 843 da CLT(Consolidação das Leis do Trabalho): "É fa-cultado ao empregador fazer-se substituirpelo gerente, ou qualquer outro prepostoque tenha conhecimento do fato, e cujasdeclarações obrigarão o proponente".

Jaime diz que para exercer a função épreciso, primeiro, entender qual é o papel

do preposto, que representa a empresa enão tem no reclamante um inimigo. Procu-rar tratar os presentes na audiência (ma-gistrado, partes, advogados) com cordiali-dade e respeito. Ter conhecimento préviodos fatos e da linha de defesa da empresaa ser seguida. Transmitir segurança nas res-postas ao magistrado, gerando credibi-lidade. Ter controle emocional e não acei-tar provocações que surjam por parte daspartes e de juízes.

Olho no olho do juizNuma audiência no interior da Bahia,

o juiz quis intimidar o preposto da CAIXA:"Senhor Jaime Sampaio Dominguez, o se-nhor aqui novamente? Por que a CAIXAmanda o senhor para as audiênciasaqui?"

Olhando no olho do juiz, Jaime respon-deu: "Excelência, na verdade sou de Salva-dor. Venho porque tenho total conhecimen-to dos fatos. Sei mais da vida da reclaman-te do que os próprios colegas que traba-lham com ela".

O juiz sorriu, Jaime também, e a ses-são transcorreu em paz, como tem acon-tecido em sua trajetória, que já registracerca de 260 audiências.

A obtenção detalhada dos fatos emjulgamento é uma das principais dificulda-des da atividade. No rol das vantagens, o

ofício amplia a visão sobre as demais áre-as da empresa, "inclusive sobre o passivodecorrente das ações judiciais".

Graduado em Direito pela Universida-de Federal da Bahia (UFBA) e pós-gradua-do em Direito e Gestão das Cidades e Ges-tão Empresarial pela FTC (Faculdade deTecnologia e Ciências), Jaime já atuoucomo advogado na Justiça comum daBahia - fato que considera seu maior erro."Caí num total descrédito com relação àatuação de advogado." Aos 46 anos, en-volvido em seu trabalho de preposto naJustiça do Trabalho, tem nova motivação epensa em breve voltar a advogar. Está naCAIXA desde 1989.

Seu próximo livro pode tratar dobullying empresarial, tema que desenvol-via e deixou de lado por causa do interes-se pela figura do preposto.

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experiência comopreposto da CAIXA

Avanço na conciliaçãoReunião ocorrida em São Paulo facilita a realização de acordos

Álvaro Weiler Junior (*)No dia 13 de junho de 2012 aADVOCEF, por mim representada, esteveem São Paulo/SP para resolver questãorelativa aos honorários nas audiências deconciliação. Apesar de reuniões anterio-res entre representantes da área jurídica,área de gestão do crédito e o Poder Judi-ciário, o assunto permanecia semsolução. Em informação preliminar,a ADVOCEF tomou conhecimentoque a desembargadora DaldiceSantana, coordenadora da Concili-ação no TRF3, queria uma soluçãopara as dificuldades em conciliarapós o mutuário/devedor saber dacobrança de honorários. Ao longo

do dia foram realizadas várias reuniõespara traçar uma estratégia de solução doproblema sem prejuízo para a ADVOCEF.

Salientamos que o credor já conce-de significativos descontos sobre o va-lor do seu crédito e a discriminação dassuas despesas internas (dentre as quais,

a obrigação de repassar aos seus advo-gados honorários de 5% sobre o valorda recuperação/acordo) com a recupe-ração judicial do crédito no momentode apresentação da proposta de acor-

do é prejudicial para a conciliação.Após a reunião ocorrida no

TRF-3 entre a ADVOCEF, JURIR/SP,GETEN, EMGEA, GIREC/SP, a juízacoordenadora das conciliações naJF/SP e a desembargadora coor-denadora da Conciliação no TRF-3, ficou acertado que a GIRECapresentará as propostas sem dis-

As propostas apresentadas pela GIREC nas audi-ências de conciliação, no âmbito do TRF da 3ª Região,não deverão mais conter a forma de composição decada parcela. A decisão visa a facilitar os processosde conciliação, conforme explica o vice-presidente daADVOCEF, Álvaro Weiler, no texto desta página.

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criminar a forma de composi-ção de cada parcela, de modoa evitar a desnecessária e im-produtiva discussão sobre acobrança de honorários.

Além disso, verificada aimpossibilidade de realizar aconciliação exclusivamentepela incapacidade do mutuá-rio em pagar, de uma só vez, ovalor da entrada (onde estãoincluídas as custas e os hono-rários), o advogado da CAIXA/EMGEA poderá flexibilizar opagamento dos honorários, parcelando-os, e o preposto da CAIXA/EMGEA, con-forme autorização da GIREC, poderádispensar as custas e eventuais des-pesas administrativas. O parcelamentodos honorários de 5% sobre o valor doacordo poderá ocorrer em quantidadede parcelas suficiente a não sobrecar-

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|||||Área do SFH do JURIR São Paulo: negociação para conciliar

regar a entrada e não ser óbice ao acor-do, através de cheques ou depósito ju-dicial, enquanto não implantada outraalternativa.

Ficou acertado, ainda, que os casosexcepcionais que se enquadrarem nashipóteses de dispensa já previstas noMN AE061 deverão ser comprovados

nos autos, no prazo de 5 (cin-co) dias, para fiscalização pe-los advogados do quadro.

A CAIXA, através daGETEN, comprometeu-se a di-vulgar os termos da presentereunião ocorrida no TRF3 aosadvogados que atuarão nosmutir?es daquele TribunalRegional Federal, inclusivepara obter o envolvimento detodos e participação ativa nasaudiências, bem como reali-zar reuniões preparatórias

dos mutirões de conciliação entre osseus advogados, representantes da áreagestora do crédito (GIREC São Paulo,Bauru, Campinas e Campo Grande) eos juízes na seleção dos processos.

(*) Vice-presidente(*) Vice-presidente(*) Vice-presidente(*) Vice-presidente(*) Vice-presidenteda ADda ADda ADda ADda ADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF.....

A solução do litígioAlexander da Silva Moraes e Janete Ortolani

O tema "Conciliação como Soluçãode Litígio" tem sido priorizado pela Su-perintendência do Contencioso e vai aoencontro dos anseios do Judiciário, quetem como premissa a extinção dos pro-cessos pela via consensual, motivopelo qual a SUTEN investe no treina-mento e qualificação dos advogadosem importante e estratégica frente deatuação.

Por ocasião do treinamento "piloto"da ação educacional "A Conciliação naCAIXA como Meio Efetivo de Solução deLitígio", se pôde verificar que, dentre asexpectativas dos partici-pantes, estava a mudançade paradigma, já que, atépouco tempo, a possibili-dade de conciliação erapraticamente inexistentena Empresa e, atualmen-te, está sendo estimulada.

Há que ocorrer umamudança do padrão decomportamento de todosos atores envolvidos naação.

Ainda, notou-se, den-tre os colegas, o grande in-teresse em difundir as me-lhores práticas, motivo

pelo qual a ação educacional será leva-da a outros Jurídicos e, para tanto, já foihomologada pela Escola de Advocacia,tendo sido incluída no portfólio da Uni-versidade CAIXA.

O consultor jurídico e coordenadorinstitucional da Escola de Advocacia,Frederico Gazolla Rodrigues Rennó, par-ticipante do treinamento, assim se ma-nifestou a respeito das dinâmicas apli-cadas:

"Asseguro que as dinâmicas estimu-lam a participação de todos e geram umambiente amistoso para a troca de ex-

periências, além de prepararem os par-ticipantes para a simulação das audi-ências.

Essa parte prática é bastante interes-sante e bem elaborada, pois às partes sãoapresentados apenas trechos das infor-mações, de modo que a negociação tra-vada se aproxima da realidade pelo as-pecto da incerteza e do subjetivismo dasdecisões naquele momento."

O Dr. João Cardoso da Silva, advoga-do em atividade na Coordenadoria deConciliação, do JURIR/BR, compartilhaconosco as suas impressões:

"O treinamento para aconciliação não só aten-deu minhas expectativascomo foi além, pois chan-cela a mudança do mode-lo de atuação da CAIXA,mediante seu corpo de ad-vogados, na busca de so-lução dos conflitos. Certa-mente, além disso, a con-ciliação, como mecanis-mo institucional de gestãode acervo judicial, traráenormes ganhos à suaimagem institucional pe-rante o Judiciário, clientese a sociedade.

Foi realizado, em maio deste ano, o treinamento "piloto" daação educacional "A Conciliação na CAIXA Como Meio Efetivode Solução de Litígio", desenvolvido pelo coordenador jurídicoAlexander da Silva Moraes (mediador operacional) e pelaadvogada e instrutora Janete Ortolani (mediadora estratégica),em parceria com a Escola de Advocacia CAIXA e a SUTEN. Parti-ciparam da ação educacional 14 advogados lotados na Matrize no Jurídico de Brasília/DF.

Os advogados Alexander Moraes e Janete Ortolani, lotadosno JURIR Brasília/DF, explicam no artigo desta página os objeti-vos do treinamento, idealizado nos parâmetros da Universida-de CAIXA e Escola de Advocacia. O modelo, segundo os media-dores, estimula à participação na construção do conhecimentoe difusão das competências.

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o |||||No treinamento: Emprimeiro plano, Alexanderda Silva Moraes; na mesa:Éder Pessoa da Costa(GETEN) e Keila deMedeiros Duarte (JURIRBrasília/DF); ao fundo, empé: Frederico Rennó (Escolade Advocacia CAIXA); àdireita, sentado: EstanislauLuciano de Oliveira(primeiro tesoureiro daADVOCEF)

Puxando pela memória, se não falha, me recordo quepor volta do ano de 2006 ou 2007, em uma de nossasCTN Tribunais, participando como ouvinte, foi palestranteo ministro Menezes Direito. Desde então, já se destaca-va, embrionariamente, a necessidade dessa mudança:sugeriu-se à CAIXA a formatação de um novo modelo pre-ventivo de atuação, com foco na conciliação e na gestãomais eficiente de seus riscos bancários, impedindo osurgimento de novos processos nos tribunais já abarro-tados. Como visto, essa semente está germinando comótimos frutos."

Por derradeiro, importante lembrar que com a inicia-tiva busca-se a consolidação do papel do advogado, noâmbito interno da Empresa, como agente conciliador, e,na sociedade, pretende-se fortalecer e solidificar o papelda CAIXA como agente de solução de litígios.

Nova Diretoria da ADVOCEF discute assuntos da categoria com a Diretoria Jurídica da CAIXA

Primeira reunião na DIJUR

|||||Encontro: discussão da terceirização e reestruturação da carreira jurídica

No dia 29 de junho de2012 foi realizada, em Brasília,a primeira reunião da nova Di-retoria da ADVOCEF com a Di-retoria Jurídica da CAIXA. Noencontro, agendado a pedidoda DIJUR, foram tratados temasde interesse dos advogados,como reestruturação da carrei-ra profissional, criação de fun-ções técnicas e terceirização.

Compareceram, pelaADVOCEF, o presidente CarlosCastro, o vice-presidente Álva-ro Weiler e os diretores PedroJorge Pereira (Jurídico), DioneLima da Silva (Honorários), Ma-ria Rosa Neta (Prerrogativas), Júlio Greve(Articulação) e Estanislau Luciano de Oli-veira (Primeiro Tesoureiro). Pela CAIXA, es-tavam presentes o diretor jurídico, JailtonZanon, e os superintendentes nacionaisAlberto Braga e Girlana Granja.

A ADVOCEF pediu informações sobre oPCS (Plano de Cargos e Salários), que o pre-sidente da CAIXA, Jorge Hereda, no Congres-so de Fortaleza, havia prometido estudarem poucos dias. O diretor jurídico informouque há uma reunião agendada ainda emjulho com o presidente Hereda, que esperadados solicitados às áreas envolvidas, es-pecialmente a de Recursos Humanos.

Os representantes da ADVOCEF obser-varam que a demora nas tratativas pode-

ria dificultar a negociação, tendo em vistaa proximidade do Dissídio Coletivo, emsetembro.

Foram repassadas ao diretor jurídicoas críticas e dúvidas dos advogados a res-peito da anunciada criação das funçõestécnicas. Jailton argumentou, a favor doprojeto, que o objetivo é dar mais oportuni-dades de ascensão aos profissionais dacarreira jurídica.

A terceirização é nocivaAbordando a terceirização, o vice-pre-

sidente da ADVOCEF, Álvaro Weiler, disseque não é vantagem para a CAIXA afastara área jurídica da finalidade principal daEmpresa, que é a concessão e recupera-

ção de crédito. O trabalho con-duzido pelos advogados doquadro proporciona maior re-sultado e deveria serpriorizado, salientou o vice-presidente. Ele considera aterceirização nociva para aCAIXA.

A DIJUR, no entanto, sus-tentou a necessidade de usara ferramenta, apontando o au-mento das operações de cré-dito realizadas pela CAIXA e umcenário de crescimento que seapresenta ainda maior.

O diretor de Honorários,Dione Lima da Silva, aprovei-

tou para destacar a conciliação pré-proces-sual, com base no modelo utilizado pelaCAIXA em Porto Alegre, que apresenta bonsresultados em razão da homologação porsentença e constituição de título executi-vo judicial. O tema será aprofundado, pro-meteu o diretor Jailton, para buscar um mo-delo a ser adotado em todos os Jurídicos.

Ao término da reunião, ficou a impres-são, para os representantes da ADVOCEF,que os temas de interesse dos advogadosseguem avançando, mesmo que não sejacom a rapidez esperada.

A Diretoria Jurídica e a ADVOCEF com-binaram marcar novas reuniões, para con-tínua avaliação e troca de opiniões sobreos assuntos comuns.

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Julho | 2012 9

Açã

o

A REJUR Novo Hamburgo/RS luta paratornar mais eficaz a recuperação de valoresenfrentando a burla praticada pelos devedo-res que encaminham seus depósitos às coo-perativas de crédito. Essas instituições, quenão estão ainda no sistema de PenhoraOnline, têm uma expressiva participação nomercado da Região Sul. Assim, os advoga-dos da REJUR solicitam a expedição de ofí-cio como medida complementar aoBACENJUD nos seguintes termos:

"De outra forma, considerando que o sis-tema BACENJUD não alcança as cooperati-vas de crédito, se requer a expedição de ofícioao SICREDI para bloqueio de eventuais ativosfinanceiros em nome do(s) executado(s). Paratanto, informo o endereço da unidade de aten-dimento do SICREDI em..."

O SICREDI (Sistema de Crédito Coopera-tivo) possui mais de 1,8 milhão de associa-dos, distribuídos em 119 cooperativas decrédito e mais de mil pontos de atendimentoem dez Estados brasileiros, em 881 municí-pios.

Os advogados de Novo Hamburgo tam-bém arrolam em seus processos as coope-rativas com atuação em segmentos de mer-cado, como a UNICRED, que congrega os pro-fissionais da área da saúde em 24 Estadosdo país.

Um dos responsáveis pela área de recu-peração de crédito na unidade, MarceloQuevedo do Amaral observa que o ConselhoNacional de Justiça já informou que adotarámedidas em conjunto com o Banco Centralpara incluir as cooperativas na pesquisa doPenhora Online.

Matéria publicada no site do CNJ, emmarço deste ano, informava que o ComitêGestor do BACENJUD iria encaminhar ao Ban-co pedido de inclusão das cooperativas,corretoras de valores e demais instituiçõesnão bancárias no Cadastro de Clientes doSistema Financeiro Nacional (CCS). Este sis-tema permite indicar onde os clientes de ins-tituições financeiras mantêm contas de de-pósitos e outros bens.

Segundo Marcelo, há tempo se sabe daorientação passada aos devedores para apli-car suas disponibilidades financeiras em co-operativas de crédito com o objetivo de es-capar ao sistema. De qualquer modo, o ad-vogado afirma que já é perceptível o resulta-do da medida adotada na REJUR, que, asso-ciada a outras, como penhora no rosto dosautos e penhora de direitos creditórios, temgerado uma maior "sensação de risco" dos

Medidas contra a burlaProvidências para aperfeiçoar a recuperação de créditos

devedores, aumentando a procura por acor-dos.

Marcelo explica que a penhora no rostodos autos é realizada quando se localiza ou-tro processo no qual o devedor seja credorde algum direito. Já a penhora de direitoscreditórios é requerida, geralmente, quandose verifica que o devedor possui algum fi-nanciamento imobiliário, estando o bem ali-enado fiduciariamente em garantia.

"Nessa hipótese, em caso deinadimplemento com a consolidação da pro-priedade em nome do credor, o imóvel é le-vado a leilão. Caso o valor da arremataçãoultrapasse o valor da dívida, o saldo deveráser repassado ao mutuário/devedor. Nessecaso, com a penhora dos direitos creditórios,o eventual saldo deverá ser utilizado paraamortização do nosso débito."

O BACENJUDO BACENJUD interliga a Justiça ao Ban-

co Central e às instituições bancárias, paraagilizar a solicitação de informações e o en-vio de ordens judiciais ao Sistema Financei-ro Nacional, via internet.

Segundo o BACEN, o sistema tem asseguintes vantagens no processamento dasordens judiciais:

- Agilidade. As ordens são transmitidaseletronicamente e têm suas respostas visí-veis para o juízo emissor na manhã do se-gundo dia útil após seu recebimento pelasinstituições.

- Economia. Diminui o custo deprocessamento das ordens e solicitações

judiciais e reduz o prejuízo das partes com amanutenção dos recursos parados.

- Segurança. Usa recursos modernos decriptografia nas transmissões.

- Controle. Permite ao Judiciário o acom-panhamento das respostas às ordens e soli-citações emitidas.

Um problema, reconhecido pelo próprioBanco Central, é a penhora de recursos emvárias contas bancárias de devedores, que"pode ocorrer quando uma conta/agência/instituição não é especificada". O BACEN ex-plica, em seu site, que a ordem é encami-nhada "a todas as instituições que cumpri-rão a decisão judicial de forma independen-te umas das outras, podendo-se, assim, ul-trapassar o valor determinado pelo magis-trado".

Busca nos precatóriosOutra boa medida que pode ser adotada na busca de patrimônio para satisfazer as

execuções é a pesquisa da expedição de precatórios em benefício dos devedores. Oautor da ideia, Marcelo Quevedo do Amaral, da REJUR Novo Hamburgo/RS, observa queas páginas dos Tribunais de Justiça geralmente possuem esse serviço de pesquisa.

"Aqui no TJRS, por exemplo, há a possibilidade de pesquisar o credor de precatóriospor nome ou CPF expedido por todos os entes públicos e municípios do Estado", informao advogado. Marcelo considera que a medida, simples e rápida, poderá gerar bons frutos,especialmente porque a jurisprudência tem entendido penhorável o precatório de natu-reza alimentar. Confira o exemplo:

Ementa:Ementa:Ementa:Ementa:Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS REFERENTEAO EXERCÍCIO DE TUTELA. PENHORA. PRECATÓRIO DE NATUREZA ALIMENTAR. ALEGAÇÃODE IMPENHORABILIDADE. DESCABIMENTO. A impenhorabilidade prevista no art. 649,inciso IV, do CPC, refere-se ao salário do devedor, que visa a sua subsistência e a de suafamília, e não a valores acumulados. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo deInstrumento Nº 70048016190, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 27/06/2012.)

|||||Marcelo: resultados já aparecem

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Julho | 201210

Judi

ciár

ioSTJ disciplina a capitalização de jurosJulgamento demonstra a importância da remuneração dos empréstimos para a

manutenção da atividade bancáriaEm sessão realizada no dia 27 de ju-

nho, a 2ª Seção do Superior Tribunal deJustiça, julgando recurso especial afeta-do como representativo de controvérsia,definiu seu posicionamento quanto à ca-pitalização de juros nos contratos bancá-rios, posicionamento que deverá ser apli-cado pelos demais tribunais do país.

O recurso interposto pelo BancoSudameris (REsp 973.927/RS), derelatoria do ministro Luis Felipe Salomão,firmou duas teses para os efeitos do art.543-C do CPC:

�É permitida a capitalização de juroscom periodicidade inferior a um ano emcontratos celebrados após 31 de marçode 2000, data da publicação da MP2.170-36/01, desde que expressamen-te pactuada.�

�A previsão no contrato bancário detaxa de juros anual superior aoduodécuplo da mensal é suficiente parapermitir a cobrança da taxa efetiva anualcontratada.�

O primeiro ponto, quanto ao qual adecisão foi unânime, apenas reflete a ju-risprudência conso-lidada do STJ sobreo tema. No entan-to, cumpre ressal-tar a importânciados termos da con-clusão do acórdão,já que ficou expres-so que é permitidaa capitalização dejuros em periodici-dade inferior a umano, concluindo-seque qualquer for-ma de capitaliza-ção inferior à anualestá permitida, sem qualquer limitação,como expresso no texto do art. 5º da MP.

O segundo ponto foi alvo de grandedebate na 2ª Seção. Como é praxe daCorte, nos recursos repetitivos, costuma-se apenas �carimbar� a jurisprudência jáconsolidada, não havendo inovações. Noentanto, em razão especialmente de con-tar a 2ª Seção com alguns novos minis-tros, vários temas em que já havia uma

Lenymara Carvalho (*)pacificação têm retornado ao debate sobnovos enfoques. Com isso há mudançasde posicionamentos.

Voto denso e didáticoAssim, parte da Seção se manifestou

por não tratar do segundo ponto nesterecurso repetitivo, deixando a tese me-lhor amadurecer em cada uma das tur-mas de direito privado para posteriormen-te ser consolidada.

Porém, com um denso voto, minucio-so, didático e extremamente fundamen-tado, a ministra Isabel Gallotti abriu di-vergência e insistiu na definição tambémdo segundo ponto, com os efeitos de umrecurso representativo de controvérsia.Sendo acompanhada pela maioria dosministros.

Toda a Seção concordava que a pre-visão contratual acerca da capitalizaçãode juros deve ser clara, expressa e trans-parente, podendo o consumidor estar ci-ente da sua cobrança. O ponto em diver-gência era se a simples previsão de taxade juros efetiva anual, superior à mensal,

seria suficientecomo cláusula ex-pressa de capitaliza-ção.

Em seu voto, aministra Gallottiexternou a preocu-pação em face daconfusão de concei-tos existentes noscontratos bancáriose fez um estudo de-talhado da diferen-ça que existe entrecapitalização de ju-ros, juros simples e

juros compostos. Em termos muitoesclarecedores demonstrou que a taxade juros dos contratos bancários pode serformada por juros simples ou juros com-postos e que o Judiciário está autorizadoa reduzir a taxa de juros quando houverabusividade, estando além das taxasmédias do mercado. Se o Judiciário en-tendesse que não é possível a formaçãoda taxa por juros compostos, em nada

afetaria a realização de contratos pelosbancos, que a calcularia com base emjuros simples.

Sinônimos de juroscompostos

Juros compostos não são sinônimosde capitalização de juros, que ocorre quan-do há incidência de juros sobre juros emrazão daqueles já incidentes em umaparcela serem base de cálculo para a in-cidência na próxima parcela.

Assim, a previsão contratual de queos juros anuais são superiores à somados doze meses dos juros mensais é su-ficiente para que o consumidor verifiquea existência da capitalização de juros, oque vinha sendo rechaçado pela 3ª Tur-ma do STJ, inclusive em acórdão divulga-do na coluna Vale a Pena Saber, na últi-ma edição da ADVOCEF em Revista (REsp1.302.738/SC, de relatoria da ministraNancy Andrighi).

No caso concreto, o recorrido reali-zou empréstimo para financiamento deveículo em 36 prestações, tendo pagoapenas as duas primeiras. No contratoestava expressa a taxa de juros mensalde 3,16% e anual de 45,25664%.

"Em síntese, definiu o STJque nos contratos de

financiamento no âmbitodo SFH é permitida a

capitalização de jurosinferior a um ano a partir da

entrada em vigor da Lei11.977/2009."

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| Administração

O acórdão que será lavrado pela mi-nistra Isabel Gallotti ainda aguarda pu-blicação.

O julgamento tem sido alvo de críti-cas em razão da defesa do consumidor.No entanto, se mostra como um avançona atuação do STJ ao verificar não só asituação do consumidor, como tambémdo sistema financeiro, da importância daremuneração dos empréstimos para aprópria manutenção da atividade ban-cária.

Ressalta-se que o tema da capitali-zação de juros ainda é objeto de açãodireta de inconstitucionalidade penden-te de julgamento perante o STF, porém adefinição do posicionamento do STJ já éum grande avanço no julgamento dascausas pendentes.

Na mesma linha do entendimentoacima, a mesma 2ª Seção entendeu que

A Diretoria eleita da ADVOCEF para obiênio 2012-2014 realizou sua primeirareunião presencial em Brasília, no dia 30de junho de 2012. De acordo com as re-soluções tomadas, o diretor Pedro Jorgeconsolidará os planos de ação para omandato recebidos de cada membro daDiretoria. Conforme consta no Estatutoda entidade, as proposições deverão seraprovadas pela Diretoria e ConselhoDeliberativo.

Atendendo solicitação do presidentedo Conselho Deliberativo, Davi Duarte, osdiretores aprovaram a ela-boração de um planoplurianual para a ADVOCEF.As metas serão trabalha-das e buscadas pela Admi-nistração atual, devendoser mantidas pelas ges-tões seguintes.

A partir de agora, no-vas ações judiciais ajuiza-das pela ADVOCEF serãopatrocinadas por escritóri-os de advocacia sediadosem Brasília. Sobre o assun-

to, será divulgada aos associados a se-guinte resolução:

"A ADVOCEF somente viabilizará oacompanhamento processual de deman-das individuais de associados perante asinstâncias superiores, em casos previa-mente analisados pela Diretoria, desdeque haja repercussão geral e interesseda categoria."

Os 20 anos da ADVOCEFOs vinte anos da Associação serão

comemorados em 12 de dezembro de

2012, com solenidade e lançamento daRevista de Direito. Em 13 de dezembro,haverá um encontro técnico, com apre-sentação de painéis da EMGEA e CAIXASeguradora, abordando também o segu-ro habitacional. O projeto de patrocínioserá elaborado pela Diretoria de Prerro-gativas, ficando a montagem do eventosob a responsabilidade do presidente edas Diretorias de Comunicação e Social.

Participaram da primeira reunião daADVOCEF o presidente, Carlos Castro; ovice-presidente, Álvaro Weiler; a primeira

secretária, Lenymara Carva-lho; a segunda secretária, LyaRachel Bassetto Vieira; o pri-meiro tesoureiro, EstanislauLuciano de Oliveira; a segun-da tesoureira, DanieleCristina Alaniz Macedo; e osdiretores Júlio Vitor Greve (Ar-ticulação), Roberto Maia (Co-municação), Dione Lima daSilva (Honorários), MariaRosa Leite Neta (Prerrogati-vas) e Pedro Jorge SantanaPereira (Jurídico).

Propostas da gestãoNova Diretoria da ADVOCEF realiza sua primeira reunião de trabalho

|||||Reunião: acertando os rumos da Associação

é permitida a capitalização de juros noscontratos de financiamento no âmbito do

SFH (REsp 1.095.852/PR), cláusula cons-tantemente afastada pelos tribunais re-gionais.

Apesar de o julgamento não ter sidoproferido em recurso afetado comorepetitivo, tal decisão consolida o enten-dimento do STJ sobre o tema, devendotal ponto ser combatido nas defesas daCAIXA.

Em síntese, definiu o STJ que noscontratos de financiamento no âmbi-to do SFH é permitida a capitalizaçãode juros inferior a um ano a partir daentrada em vigor da Lei 11.977/2009. Anteriormente à lei é permiti-da a capitalização anual, já que nãohavia regra especial sobre tais con-tratos, incidindo, portanto, a restriçãoda Lei de Usura (art. 4º do Decreto nº22.626/33).

(*) Advogada d(*) Advogada d(*) Advogada d(*) Advogada d(*) Advogada da CAIXAa CAIXAa CAIXAa CAIXAa CAIXAem Brasília e primeira secretáriaem Brasília e primeira secretáriaem Brasília e primeira secretáriaem Brasília e primeira secretáriaem Brasília e primeira secretária

da ADda ADda ADda ADda ADVVVVVOCEFOCEFOCEFOCEFOCEF.....

"Apesar de o julgamento nãoter sido proferido em recursoafetado como repetitivo, tal

decisão consolida oentendimento do STJ sobre otema, devendo tal ponto sercombatido nas defesas da

CAIXA."

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Vale

a p

ena

sabe

r

Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 472:72:72:72:72: "A cobrança de comissão de permanência - cujovalor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratóriose moratórios previstos no contrato - exclui a exigibilidade dosjuros remuneratórios, moratórios e da multa contratual."Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 473:73:73:73:73: "O mutuário do SFH não pode ser compelido acontratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição fi-nanceira mutuante ou com a seguradora por ela indicada."

Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 475:75:75:75:75: "Responde pelos danos decorrentes de protestoindevido o endossatário que recebe por endosso translativo tí-tulo de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco,ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantese avalistas."Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4777776:6:6:6:6: "O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protestoindevido se extrapolar os poderes de mandatário."Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 47777777777::::: "A decadência do art. 26 do CDC não é aplicávelà prestação de contas para obter esclarecimentos sobre co-brança de taxas, tarifas e encargos bancários."Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 478:78:78:78:78: "Na execução de crédito relativo a cotascondominiais, este tem preferência sobre o hipotecário."Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 4Súmula 479:79:79:79:79: "As instituições financeiras respondem objetiva-mente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a frau-des e delitos praticados por terceiros no âmbito de operaçõesbancárias."

RápidasNovas súmulas do STJ

Súmula 48Súmula 48Súmula 48Súmula 48Súmula 481:1:1:1:1: "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoajurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossi-bilidade de arcar com os encargos processuais."Súmula 482:Súmula 482:Súmula 482:Súmula 482:Súmula 482: "A falta de ajuizamento da ação principal noprazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da eficácia da liminardeferida e a extinção do processo cautelar."Súmula 484: Súmula 484: Súmula 484: Súmula 484: Súmula 484: "Admite-se que o preparo seja efetuado no pri-meiro dia útil subsequente, quando a interposição do recursoocorrer após o encerramento do expediente bancário."Súmula 486:Súmula 486:Súmula 486:Súmula 486:Súmula 486: "É impenhorável o único imóvel residencial dodevedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtidacom a locação seja revertida para a subsistência ou a moradiada sua família."Súmula 48Súmula 48Súmula 48Súmula 48Súmula 4877777: : : : : "O parágrafo único do art. 741 do CPC não seaplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior àda sua vigência."Súmula 488: Súmula 488: Súmula 488: Súmula 488: Súmula 488: "O parágrafo 2º do art. 6º da Lei 9.469/97, queobriga à repartição dos honorários advocatícios, é inaplicável a acor-dos ou transações celebrados em data anterior à sua vigência."Súmula 489: Súmula 489: Súmula 489: Súmula 489: Súmula 489: "Reconhecida a continência, devem ser reuni-das na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta ena Justiça estadual."Súmula 490: Súmula 490: Súmula 490: Súmula 490: Súmula 490: "A dispensa de reexame necessário, quando ovalor da condenação ou do direito controvertido for inferior a 60salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas."

Atualização monetária. Inclusão de índices negativos. STJ1. "A correção monetária nada mais é do que um mecanismo demanutenção do poder aquisitivo da moeda, não devendo representar,consequentemente, por si só, nem um plus nem um minus em suasubstância. Corrigir o valor nominal da obrigação representa, portan-to, manter, no tempo, o seu poder de compra original, alterado pelasoscilações inflacionárias positivas e negativas ocorridas no período.Atualizar a obrigação levando em conta apenas oscilações positivasimportaria distorcer a realidade econômica produzindo um resultadoque não representa a simples manutenção do primitivo poder aquisi-tivo, mas um indevido acréscimo no valor real" (Corte Especial, REsp1.265.580/RS, relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 18.4.2012).2. Agravo regimental a que se dá provimento, para prover em parte orecurso especial interposto por Brasil Telecom S/A e determinar queos índices negativos de correção monetária (deflação) sejam consi-derados no cálculo de atualização do montante da execução." (STJ,AgRg no REsp 1.300.928 RS, Quarta Turma, Rel. Min. Maria IsabelGallotti, DJe 14/jun/2012).

PAR. Reintegração. Requisitos. TRF 4"Nos termos das regras contratuais e da legislação de regência doPAR, o inadimplemento de qualquer uma das obrigaçõescontratuais, independentemente de aviso ou interpelação, daráensejo à rescisão do contrato, o que caracteriza o esbulhopossessório que autoriza a arrendadora a propor ação de reinte-gração de posse. Não há exigência legal de envio de avisos decobrança ou de notificação pessoal do arrendatário, bastando asimples notificação via postal ou por meio do Serviço de Cartóriode Títulos e Documentos. Presentes os requisitos legais e asprovas que autorizam à CEF a reintegração de posse do imóvelobjeto de contrato de arrendamento residencial, cujas parcelasnão foram regularmente adimplidas pelos arrendatários. (TRF 4,AC 5004218-91.2011.404.7100 RS, Quarta Turma, Rel. p/ ac.Des. João Pedro Gebran Neto, DJe 27/jun/2012.)

Astreintes. Início da fluência. Redução. TRF 4"1. Necessária a intimação pessoal do devedor, a fim de que acominação vertida em sede de astreintes possa ser-lhe exigível, hipó-tese verificada nos autos. 2. É cabível a cominação de multa diária(astreintes) como meio executivo para cumprimento de obrigação defazer, estando, sua aplicação, sujeita a juízo de adequação, compati-bilidade e necessidade. 3. O valor adotado por este Regional, para amulta referida, é de R$ 50,00 (cinquenta reais) por dia de atraso -valor adequado para inibir o descumprimento da decisão judicial,cuja exigibilidade, obviamente, fica condicionada à inadimplência dodevedor." (TRF 4, AG 0000373-62.2012.404.0000 RS, Terceira Tur-ma, Rel. Des. Quadros da Silva, DJe 19/jun/2012.)

Danos morais. Inexistência. Clonagem de conta. TRF 5 "A clonagem de conta bancária por fraudadores, por si só, nãopode ser considerada como fato determinante à condenação daentidade bancária no pagamento de uma indenização por danosmorais. - Estando comprovado que a CAIXA, após constatar aclonagem da conta corrente dos apelantes, tomou todas as provi-dências cabíveis, não só comunicando o fato à autoridade policial,para fins de apuração do ilícito, como também dando conheci-mento do ocorrido aos apelantes, através do envio de correspon-dência, não pode lhe ser atribuída a responsabilidade por eventu-ais percalços suportados pelos recorrentes, consubstanciadosna intimação e consequente ida à Polícia Federal para prestaremdepoimento." (TRF 5, AC 2008.81.00.002844-2 PE, Quarta Tur-ma, Rel. Des. Carolina Malta, DJe 31/maio/2012.)

Page 13: ADVOCEF em Revista Julho/2012

Julho | 2012

| Vale a pena saber

13

Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

LeituraCódigo de Processo Civil Comentado. 2ª edição

Autor: José Miguel Garcia Medina. Editora RT, 2012. 1.296 pági-nas.

Trata-se de obra moderna, na qual o autor, um dos consagradosprocessualistas contemporâneos, tece comentários ao Código de Pro-cesso Civil, apresentando posicionamentos doutrinários e jurispru-dência recente sobre cada assunto. Além disso, traz o texto do projetodo novo Código de Processo Civil, fazendo o cotejo em cada artigo.

"PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL - PENHORA - BEM ALIE-NADO FIDUCIARIAMENTE - IMPOSSIBILIDADE - PROPRIEDADE DO CRE-DOR FIDUCIÁRIO - AGRG NÃO PROVIDO. "1. Consoante orientaçãojurisprudencial assente nesta Corte e no eg. Superior Tribunal de Justiça,a penhora sobre bens garantidos por alienação fiduciária é incabível, postoque não pertencem ao devedor-executado, mas, sim, à instituição finan-ceira, que realizou a operação de financiamento" (in AGA 0022061-74.2006.4.01.0000/MG, Rel. Desembargador Federal Reynaldo Fonseca,Sétima Turma,e-DJF1 p.337 de 25/03/2011). 2. "É farta a jurisprudênciano sentido de que o bem alienado fiduciariamente não pode ser penhoradopor dívida do devedor fiduciante, por se tratar de bem ainda não incorporadoà sua esfera patrimonial" (in AC 005.35.00.009192-3/GO, Rel.Desembargador Federal Catão Alves, Conv. Juiz Federal Francisco RenatoCodevila Pinheiro Filho (conv.), Sétima Turma,e-DJF1 p.305 de 22/05/2009).3. Em relação aos direitos de crédito do devedor fiduciante, não há, naespécie, sequer anuência prévia do credor fiduciário. Precedentes. 4. Agra-vo Regimental não provido. (TRF 1, AGA 0038183-89.2011.4.01.0000 AP,Sétima Turma, Re. Des. Reynaldo Fonseca, DJe 15/jun/2012.)

"DIREITO BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CÉ-DULA DE CRÉDITO BANCÁRIO VINCULADA A CONTRATO DE CRÉDITOROTATIVO. EXEQUIBILIDADE. LEI N. 10.931/2004. POSSIBILIDADE DEQUESTIONAMENTO ACERCA DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOSLEGAIS RELATIVOS AOS DEMONSTRATIVOS DA DÍVIDA. INCISOS I E II DO§ 2º DO ART. 28 DA LEI REGENTE. 1. A Lei n. 10.931/2004 estabeleceque a Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial, repre-sentativo de operações de crédito de qualquer natureza, circunstânciaque autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito emconta corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial.2. Para tanto, o título de crédito deve vir acompanhado de claro demons-trativo acerca dos valores utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legala relação de exigências que o credor deverá cumprir, de modo a conferirliquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I e II, da Lei n.10.931/2004). 3. No caso em julgamento, tendo sido afastada a tese deque, em abstrato, a Cédula de Crédito Bancário não possuiria força exe-cutiva, os autos devem retornar ao Tribunal a quo para a apreciação dasdemais questões suscitadas no recurso de apelação. 4. Recurso especi-al provido." (STJ, REsp 1.283.621 MS, Segunda Seção, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, DJe 18/jun/2012.)

"PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SEN-TENÇA. PARCELAMENTO DO VALOR EXEQUENDO. APLICAÇÃO DO ART.745-A DO CPC. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE PROCESSU-AL. ART. 475-R DO CPC. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. HIPÓTESE DE PAGA-MENTO ESPONTÂNEO DO DÉBITO. NÃO INCIDÊNCIA DA MULTA PREVIS-TA NO ART. 475-J, § 4º, DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.DESCABIMENTO ANTE O CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO DA OBRIGAÇÃOVEICULADA NA SENTENÇA. PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS.

JurisprudênciaVIOLAÇÃO DOS ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. Aviolação aos arts. 165, 458 e 535 do CPC não foi configurada, uma vezque o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciou-se de for-ma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, sendo certo queo magistrado não está impelido a rebater, um a um, os argumentostrazidos pela parte, se os fundamentos utilizados foram suficientes paraembasar a decisão. 2. A efetividade do processo como instrumento detutela de direitos é o principal desiderato das reformas processuais en-gendradas pelas Leis 11.232/2005 e 11.382/2006. O art. 475-R do CPCexpressamente prevê a aplicação subsidiária das normas que regem oprocesso de execução de título extrajudicial, naquilo que não contrariar oregramento do cumprimento de sentença, sendo certa a inexistência deóbice relativo à natureza do título judicial que impossibilite a aplicação danorma em comento, nem mesmo incompatibilidade legal. Portanto, oparcelamento da dívida pode ser requerido também na fase de cumpri-mento da sentença, dentro do prazo de 15 dias previsto no art. 475-J,caput, do CPC. 3. Não obstante, o parcelamento da dívida não é direitopotestativo do devedor, cabendo ao credor impugná-lo, desde que apre-sente motivo justo e de forma fundamentada, sendo certo que o juizpoderá deferir o parcelamento se verificar atitude abusiva do exequente,uma vez que tal proposta é-lhe bastante vantajosa, a partir do momentoem que poderá levantar imediatamente o depósito relativo aos 30% dovalor exequendo e, ainda, em caso de inadimplemento, executar a dife-rença, haja vista que as parcelas subsequentes são automaticamenteantecipadas e é inexistente a possibilidade de impugnação pelo devedor,nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 745-A. 4. Caracterizado o parcelamentocomo técnica de cumprimento espontâneo da obrigação fixada na sen-tença e fruto do exercício de faculdade legal, descabe a incidência damulta calcada no inadimplemento (art. 475-J do CPC), sendo certo que oindeferimento do pedido pelo juiz rende ensejo à incidência da penalida-de, uma vez configurado o inadimplemento da obrigação, ainda que opedido tenha sido instruído com o comprovante do depósito, devendoprosseguir a execução pelo valor remanescente. 5. No caso sob exame,a despeito da manifestação de recusa do recorrente (fl. 219), o Juízodeferiu o pedido de parcelamento ante a sua tempestividade e a efetuaçãodo depósito de 30%, inclusive consignando o adimplemento total dadívida (fl. 267), ressoando inequívoco o descabimento da multa pleitea-da. 6. A Corte Especial, por ocasião do julgamento do REsp 1.028.855/SC, sedimentou o entendimento de que, na fase de cumprimento desentença, havendo o adimplemento espontâneo do devedor no prazofixado no art. 475-J do CPC, não são devidos honorários advocatícios, umavez desnecessária a prática de quaisquer atos tendentes à satisfaçãoforçada do julgado. No caso concreto, porém, conquanto tenha-se carac-terizado o cumprimento espontâneo da dívida, o Tribunal condenou arecorrida ao pagamento de honorários advocatícios, o que, em face derecurso exclusivo do exequente, não pode ser afastado sob pena dereformatio in pejus. 7. Recurso especial não provido." (STJ, REsp 1.264.272RJ, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 22/jun/2012.)

Page 14: ADVOCEF em Revista Julho/2012

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Cen

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rídi

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: R7

Lavagem de dinheiro

Foi aprovada sem vetos, pelapresidente Dilma Rousseff, em 09/07,a Lei 12.683, que traz mais rigor aos

crimes de lavagem de dinheiro. Agora, aobtenção de qualquer recurso com

origem oculta ou ilícita pode serenquadrada, como o jogo do bicho e a

exploração de máquinas caça-níqueis. Alegislação que estava em vigor, de

1998, incluía apenas os recursos comorigem no tráfico de armas e drogas,

crimes contra a administração públicaou terrorismo. As penas de três a dez

anos de reclusão são mantidas, mas ovalor das multas tem o teto aumentado

de R$ 200 mil para R$ 20 milhões.

Mais provisões trabalhistasLevantamento dos jornalistas Bruno Villas Boas eGabriela Valente para o jornal O Globo mostra que

36 das maiores empresas de capital aberto dopaís têm reservados R$ 24,9 bilhões para

processos trabalhistas ainda em curso ao fim demarço deste ano, o que representa um

crescimento de 23% em relação ao mesmo mêsdo ano passado. São R$ 18,9 bilhões em

provisões trabalhistas e mais R$ 6 bilhões emdepósitos judiciais. No TST, trabalhadores

receberam R$ 14,75 bilhões por açõestrabalhistas em 2011, 20% a mais

que o ano anterior.

Ações de A a ZSegundo o presidente doTST, João Oreste Dalazen,há mais provisões porqueas decisões judiciais sãomais rápidas e há um lequemaior de pedidos dereconhecimento de direitostrabalhistas. "Seexaminarmos as petiçõesdas novas ações, de umtempo para cá, elasesgotam o 'ABCdário'",disse. "E quase sempre setem formulado pedido deindenização por danomoral, decorrente dedoença profissional.Existem indenizações,sobretudo por dano moral,cujo valor da ação é umaincógnita e pode chegar apatamares estratosféricos."

RD e 20 anosEstá pronto o cronograma para a edição da 15ª Revista de

Direito da ADVOCEF. Os artigos devem ser entregues até24/09/2012. O lançamento da RD acontecerá em Brasília,

na abertura de encontro técnico que será promovido pelaAssociação em parceria com a DIJUR, Caixa Seguros eEMGEA. Na solenidade de encerramento, haverá uma

homenagem pelos 20 anos de criação da ADVOCEF.

|||||Emmanoel Pereira

Foto

: Agê

ncia

Sen

adoMais um no CNJ

O advogado Emmanoel Campelo de SouzaPereira é o novo integrante do Conselho

Nacional de Justiça, indicado pela Câmara dosDeputados. O presidente nacional da OAB, Ophir

Cavalcante, comemorou o ingresso, julgandoque o Conselho fica ainda mais fortalecido. Para

Emmanoel Pereira, sua entrada significaampliar a visão do jurisdicionado no Conselho,

que é composto na maioria por membros daMagistratura e do Ministério Público.

Advogado famosoAprovado entre os primeiros colocados na Faculdadede Direito da Universidade de Direito do Rio de Janeiro,em 1931, Jorge Amado concluiu o curso em 1935.

Mas profissionalmenteexerceu mesmo aliteratura, entre ojornalismo e a política. Em12 de agosto deste anofaria 100 anos. Sua obracontinua viva, como provaa atual novela da Globo,baseada em "Gabriela,Cravo e Canela".|||||Juliana Paes, como Gabriela

Marco Civil daInternet

Depois de passar por duasconsultas públicas e sete

audiências públicas, oprojeto de lei conhecido

como Marco Civil da Internetfoi, em 10 de julho, para a

apreciação da ComissãoEspecial da Câmara. Para

chegar ao texto final, foramouvidas mais de 60

entidades, entre sociedadecivil, governo e empresas,

segundo o relator,Alessandro Molon (PT/RJ).

CNJ não decide honorárioO Conselho Nacional de Justiça

decidiu, em 4 de julho, nãointerferir em decisões de

magistrados que reduziramhonorários advocatícios pactuados

entre clientes e advogados emprocessos julgados no Ceará e no

Rio Grande do Sul. "O plenárioentendeu que a matéria não é decompetência do CNJ e deve ser

objeto de recurso dentro do próprioprocesso. Com isso, o CNJ

fortalece a autonomia dos juízes",justificou o conselheiro Wellington

Cabral Saraiva.

Page 15: ADVOCEF em Revista Julho/2012

Julho | 2012

| Cena jurídica

15

Como ler as revistas da ADVOCEFO associado da ADVOCEF já pode escolher como fará

a leitura das publicações da sua entidade. Tanto aADVOCEF em Revista (mensal) como a Revista de

Direito da ADVOCEF (semestral) podem ser acessadasapenas pelo meio eletrônico, no site, ou também peloexemplar impresso e personalizado, recebido no local

de trabalho.O link para acessar a

alteração está à direita naárea restrita da página da

ADVOCEF, após entrarna área de cada

publicação.Preocupada com

a sustentabilidadedo planeta, tema atual de

todos os países, a ADVOCEF oferece uma forma dereduzir o uso de papel e tinta nas impressões. A

decisão é do associado.

Justiça do Trabalho digital2.1. Aracaju foi a primeira

capital do país ainstalar, em 6 de julho,

o Processo JudicialEletrônico da Justiça do

Trabalho (PJe-JT) noprimeiro grau. O

sistema já é utilizadopor outras dez varas do

Trabalho no país. Em2012, estará em pelo menos

10% das varas dos 24 TribunaisRegionais do Trabalho.

A praticidade eportabilidade do PJe-JT foramdestacadas pelo presidentedo TST, João Oreste Dalazen:"O desembargador, o juiz, oservidor, o assessor, enfim,onde quer que esteja, podetrabalhar no processo aindaque esse processo tenha 30,40, 50, 100 volumes porque

não precisa carregar essa quantidadeenorme de autos físicos, basta carregarconsigo o seu tablet ou notebook".

Desistência de açõesAcordo firmado com o Tribunal Federal da 3ª Região pode reduzir em 50% onúmero de processos da Fazenda Nacional que tramitam naquela corte. A posturada Procuradoria Regional da Fazenda Nacional agora é só interpor recurso no quefor estritamente necessário, segundo a procuradora-chefe, Soleni Tozze. Aestratégia é utilizar diversas portarias que já autorizam a desistência de ações.

Pareceres perfunctóriosUm advogado anônimo, leitor da revistaConsultor Jurídico, alerta que é preciso

cuidado com a louvação excessiva à eraeletrônica. "Poupa-se muito tempo com o

'copia e cola', mas a repetição prática encerrao risco de atribuir a casos atípicos ou

excepcionais o mesmo parecer do MP oudecisão pertinente a casos corriqueiros, por

deficiência de maior acuidade no uso docomputador - o que tende a gerar efeitos

nocivos, tais como pareceres perfunctórios ejulgamentos insensatos."

Contratações na AGUO advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena

Adams, afirma que as 560 novas vagas deprocuradores criadas pela Lei 12.671 sedestinam principalmente às assessorias

jurídicas dos ministérios. O projeto do ministroé substituir por advogados concursados osprofissionais que chefiam as assessorias e

consultorias nos órgãos federais.

Contratações na AGU 2Atualmente, as carreiras que compõem aAGU são: advogados da União, procuradoresdo Banco Central, procuradores da FazendaNacional e procuradores federais. Ao todo,chegam a oito mil cargos, segundo oDiagnóstico da Advocacia Pública, publicadopelo Ministério da Justiça em 2011.

Lei de UsuraEm "denso e didático" voto, conformedefinição da advogada LenymaraCarvalho (veja artigo na pág. 10), aministra Isabel Gallotti explicou na sessãode 27/06 no STJ que "juros capitalizados"e "juros compostos" não são sinônimos,como se pensa. Para ela, a "capitalizaçãode juros" vedada pelo Decreto 22.626/33(conhecido como Lei de Usura) emintervalo inferior a um ano e permitidapela MP 2.170/36, desde queexpressamente pactuada, está ligada à

circunstância de os juros vencidos e não pagos serem,periodicamente, incorporados ao valor principal, incidindo sobre elesnovos juros. (Fonte: site do STJ.)

|||||Ministra Isabel Gallotti

Onde fica a saídaO senador José Sarney dá nome, em São

Luís/MA, a três avenidas, uma ponte,duas ruas e uma travessa. E há familiares

de Sarney homenageados emmaternidade, escolas, vilas, posto de

saúde, biblioteca. A família deixou seunome por toda a cidade, escreve o

colunista da Carta Maior José RobertoTorero. "Se o cidadão ficar indignado, há

duas saídas: uma é a rodoviária Kyola Sarney. A outra é reclamar noFórum José Sarney, onde há a sala de imprensa Marly Sarney e a sala

de Defensoria Pública Kyola Sarney."

|||||Senador José Sarney

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|||||Presidente Dilma Rousseff

Hora extra na internetO tempo gasto para fazer cursos na internet em casa,após o expediente, foi considerado hora extra pelaJustiça do Trabalho de Minas Gerais. No entendimentoda juíza substituta da 31ª Vara do Trabalho em BeloHorizonte, Jane Dias do Amaral, o bancário foi obrigadoa fazer os cursos a distância, apesar de o banco nãocobrá-lo formalmente por isso. Segundo o TRT-MG, oscursos oferecidos pelo banco influenciariam a carreirado empregado, caracterizando obrigatoriedadeimplícita. (Fonte: Folha de S. Paulo.)

Documentos digitaisA presidente Dilma Roussefsancionou, em 09/07, a Lei

12.682/12, que dispõe sobre a"digitalização, o

armazenamento em meioeletrônico, óptico ou

equivalente e a reprodução dosdocumentos públicos e

privados". Conforme o artigo 1º,parágrafo único, "Entende-se

por digitalização a conversão dafiel imagem de um documento

para código digital". Asempresas deverão adotar

sistema de indexação que possibilite a precisa localizaçãodos documentos, permitindo a posterior conferência. Apresidente vetou todos os artigos do PL 11/2007, que

garantiam a equiparação, para fins probatórios, dosdocumentos digitalizados aos seus originais.

Carreiras jurídicasEm artigo publicado na Consultor Jurídico, em 04/07, opresidente da Associação Nacional dos Advogados daUnião (ANAUNI), Marcos Luiz da Silva, arrolou asremunerações iniciais de outras carreiras jurídicas noBrasil: Advogado do Senado: R$ 23.826,57; Procuradorda República: R$ 22.700,00; Juiz Federal: R$ 21.766,15;Procurador em Santa Catarina: R$ 21.705,86; Procuradorno Distrito Federal: R$ 19.513,73 (+ advocacia privada);Procurador em Goiás: R$ 18.000,00 (+honorários +advocacia privada); Procurador em São Paulo: R$15.124,80 (+ honorários); Advogado da União: R$14.970,00.

Carreiras jurídicas 2O presidente criticava a mídia, que, a seu ver, se

utilizando da Lei de Acesso à Informação, incluiu osadvogados da União, procuradores da Fazenda Nacional

e procuradores federais na "elite do funcionalismo".

No mesmo plano

Desde 28/05/2012, no 1º Juizado da 1ª Vara doJúri de Porto Alegre, as posições ocupadas pela

acusação e defesa se encontram no mesmo plano.A iniciativa do juiz Volnei dos Santos Coelho

pretende mostrar aos jurados que tanto o integrantedo Ministério Público quanto o defensor devem sertratados da mesma forma. Sendo o júri "repleto de

simbolismos", o fato de o promotor ficar maispróximo do magistrado poderia gerar uma

preponderância da fala da acusação. Igualandoambos, não há essa possibilidade, explica o juiz.

Foto

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Oso

rio

|||||Martha Medeiros

Detentos em regime fechado ou semiaberto podem tera pena reduzida com a leitura de livros. Cada obra lida, coma respectiva resenha, analisada por especialistas, darádireito a quatro dias de redução. O projeto, chamado"Remição pela Leitura", consta da Portaria 276 doDepartamento PenitenciárioNacional (DEPEN), publicada noDiário Oficial da União em22/06/2012.

Remição pela leitura

Agentes penitenciáriosdizem que Fernando Beira-Mar,que tem 120 anos para cumprir,

é leitor voraz. Já leu, porexemplo, "O Caçador de Pipas",

de Khaled Housseini, "Arte daGuerra", de Sun Tzu, e "Código

da Vinci", de Dan Brown. (Fonte:Folha de S. Paulo.)

"Há presos dentro e fora das cadeias", escreveu aescritora gaúcha Martha Medeiros. "Muitos adolescentesestão presos a maquininhas tecnológicas que facilitam suaconexão com os amigos, mas não sua conexão consigomesmo. Adultos estão presos a telenovelas e reality shows,quando poderiam estar investindo seu tempo em algomuito mais libertador." Concluiu, sobre o projeto da DEPEN:"Que se cumpram as penas, mas que se deixe livre aimaginação".

2.

3.

1.

Page 17: ADVOCEF em Revista Julho/2012

Julho | 2012 17

Façamos a lei pegarA

rtig

o O sentimento de que, no Brasil, exis-tem leis que não pegam e por entenderque o exercício da cidadania contempla,também, o esforço no sentido de vercumpridas as normas legais, inspirou-mea escrever o presente texto.

Este ano, fiz diferente. Fiquei emCuritiba no carnaval. Gozei atranquilidade da cidade, com trânsito ci-vilizado, sem congestionamentos, semo pessoal do �Estar� para importunar. Atéo Mercado Municipal estava bom paravisitar. Visitei-o. No domingo, passei porSanta Felicidade, passei apenas, esta-va atrás de comprar alguma coisa, que,no momento, não importa. Que beleza,a Avenida Manoel Ribas tranquila, aVia Venetto, também.

Esse período de descan-so trouxe-me à mente alembrança de que seaproxima a época deprestar contas aoleão. Resolvi daruma atualizadaem meus arqui-vos pessoais, se-parar os docu-mentos que já te-nho e que utiliza-rei para fazer a de-claração de ajuste.Legal esse nomeque deram à antigadeclaração de rendi-mentos ou de impostode rendas. É mais simpático.Vamos ajustar.

Atualizando os arquivos pessoais,observei que somos obrigados a guar-dar uma infinidade de documentos, umapapelada que não faz o menor sentido,pelo menos para mim que tenho todasas minhas contas normais (água, luz, te-lefone, faturas de cartão de crédito, deinternet e de TV a cabo, etc) debitadasem conta corrente. Mesmo assim, vejo-me obrigado a guardar um volume depapéis impressionante. Fiquei pensan-do como reduzir essa papelada este ano,sem correr riscos. No meio da papeladaencontrei duas ou três declarações dealgumas empresas dizendo que eu ha-via quitado meus débitos do ano de

Antônio Dilson Pereira (*)2010. Lembrei-me da Lei nº 12.007/2009, cujo artigo 1º dispõe: �As pessoasjurídicas prestadoras de serviços públi-cos ou privados são obrigadas a emitir ea encaminhar ao consumidor declaraçãode quitação anual de débitos�.

O artigo 2º define a que período devecorresponder a declaração: �A declara-ção de quitação anual de débitos com-preenderá os meses de janeiro a dezem-bro de cada ano, tendo como referênciaa data do vencimento da respectiva fa-tura�. Significa dizer que os prestadoresde serviços, públicos ou privados, estãoobrigados a fornecer tal declaração. A

importância desse documento pode seravaliada pelo disposto no artigo 4º: �Dadeclaração de quitação anual deveráconstar a informação de que ela substi-tui, para a comprovação do cumprimen-to das obrigações do consumidor, asquitações dos faturamentos mensaisdos débitos do ano a que se refere e dosanos anteriores�.

Quer dizer, os consumidores terãoque guardar apenas um documento edispensar os demais, reduzindo oacúmulo de papéis. É importante que osconsumidores atentem para a regra do

artigo 3º, segundo a qual �A declaraçãode quitação anual deverá ser encami-nhada ao consumidor por ocasião do en-caminhamento da fatura a vencer nomês de maio do ano seguinte ou no mêssubsequente à completa quitação dosdébitos do ano anterior ou dos anos an-teriores, podendo ser emitida em espa-ço da própria fatura�.

Chama-se a atenção para três pon-tos: (i) o consumidor, mesmo não tendoutilizado os serviços durante todo o ano,tem direito à declaração; (ii) caso o con-sumidor esteja discutindo algum débito

judicialmente, terá direito à decla-ração em relação aos quita-

dos; e (iii) é evidente quea lei não protege os

c o n s u m i d o r e sinadimplentes, por-

que não se podeobrigar o forne-cedor a emitir de-claração sobrevalores não rece-bidos.

É conveni-ente registrar que

os fornecedoresque descumprirem

a lei estarão sujeitosàs sanções previstas

na legislação de proteçãoao consumidor e, na hipótese

de empresas concessionárias deserviços públicos, incidem, também, assanções previstas na Lei nº 8987/1995.

Finalmente, minha sugestão é queos consumidores, ao receberem suas fa-turas do mês de maio vindouro, verifi-quem se junto veio tal declaração. Nãohavendo a declaração, deverão, num pri-meiro momento, enviar correspondên-cia aos fornecedores, solicitando-a.Caso esta iniciativa não alcance suces-so, deverão levar o fato ao conhecimen-to dos órgãos de proteção aos consumi-dores.

(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado da(*) Advogado aposentado daCAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.CAIXA em Curitiba/PR.

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Crô

nica

Uma noite em VenezaHoras atrás haviam embarcado na úl-

tima gôndola. Todas as outras já estavamancoradas, afinal anoitecera há pelo me-nos hora e meia, sendo certo que nãoescurece àquela época antes das vintehoras. O frenético movimento de embar-cações no Grande Canal somente perma-necia na lembrança recente. Seria umaexperiência diferente navegar à noite. Fo-ram. O som audível era apenas o da mú-sica das águas rasgadas pela embarca-ção, e também aqueles produzidos pelogolpe certeiro e ritmado do remo do úni-co gondoleiro, lá da popa, quando as cor-tavam, suave mas vigorosamente, emba-lando a noite romântica impregnada demistérios e segredos percebidos atravésda penumbra das esqui-nas e canais navegáveis, ede suas construções secu-lares.

Sentaram-se lado alado, juntos e de mãos da-das, pernas estiradas prafrente e cruzadas, o rostodela recostado em seu om-bro, embalados pelo balan-ço das águas promovidopelo movimento daquelaespécie única de canoa so-fisticada. Vez por outra elea envolvia mais em seusbraços, trazendo-a maispróximo, enquanto ela re-tribuía, amparando-se eapertando-o mais junto a sicom sua mão e braço livres. Não lembra-vam do gondoleiro, senão quando se sur-preendiam com a destreza com que agôndola era conduzida, ora por canaisestreitíssimos, ora sob pontes minúsculas,ou ainda quando vez por outra ouviam asua voz anunciando algo turisticamenterelevante: "Aqui morou Marco Polo!" E pracasa do escritor (e também explorador,mercador e embaixador) dirigiam seusolhares embevecidos e curiosos. Em ou-tros momentos simplesmente beijavam-se, mesmo que tivessem que fechar osolhos e perder alguma parte do passeio,que infelizmente para eles teria que aca-bar à hora aprazada, não muito distante.

Estavam em abril, agora novamentecaminhando pelas ruas já quase desertasnaquele fim de inverno ainda frio da tão

André Falcão de Melo (*)antiga quanto singular, linda e românticaVeneza. Poucos, e certamente notívagoscomo eles, resistiam a recolher-se às suascasas ou hospedarias. A quase totalidadedos bares e restaurantes visíveis já cerra-ra suas portas, inclusive aquele em quehoras atrás, antes mesmo do passeio degôndola, haviam desfrutado do belo peixeservido inteiro, deliciosamente preparado,sugerido com acerto por Giorgio, maitresimpático, conversador e, fazendo jus àfama do italiano, também galanteador -como pudemos constatar por seu desem-penho ao atender mesa vizinha ocupadapor quatro sorridentes e elegantes senho-ras -, ainda muito bem apessoado no altodos seus sessenta e poucos anos, cabe-

los ainda grisalhos mas quase totalmentebrancos e bigode cuidadosamente culti-vado.

O passo era apressado, culpa do re-ceio de que nada mais lá houvesse aber-to. Já haviam saído do burburinho da Pon-te de Rialto e cercanias - seus bares, res-taurantes, lojinhas de suvenires e paisa-gens deslumbrantes. Durante alguns mo-mentos do trajeto só ouviam seus própri-os passos ressoando por entre as pare-des dos becos e ruelas, alguns incrivelmen-te estreitos, e dos pequenos canais. Aquie ali, não sem raridade, cruzavam compequenos grupos ou casais, aparentemen-te turistas como eles. Certo momento pa-recia terem ouvido o som de música aolonge, que na medida em que caminha-vam naquela direção ia ficando mais audí-

vel. Deveriam estar perto, alegraram-se."Quantas horas são?" "Quase meia-noite."As mãos, que já entrelaçadas estavam,apertaram-se. O andar tornou-se vigoroso.Dobraram mais uma esquina, e outra, eoutra... Até que, finalmente, ei-la! Lá esta-va. Mais bela, glamorosa e romântica doque nunca: Piazza San Marco (ou PraçaSão Marco). A hora era perfeita. Dizem queduas são as melhores partes do dia paravisitá-la: pela manhã, antes das 10 horas- quando os turistas não a tenham aindamaculado com sua algazarra, poses parafotografia e filas para visitação à Basílicade São Marco e ao Palácio dos Doges -, ou

à noite, quando Venezajá dava os primeiros si-nais de que se prepara-va para adormecer. Ditoe comprovado - ao me-nos quanto à noite, jáque San Marco, antesdas 10 horas do dia, so-mente seria comprovadopor eles nos dias que seseguiriam.

Apenas os dois prin-cipais cafés da Praça re-sistiam abertos. Músicaclássica e sucessos docinema mundial magis-tralmente tocados porsuas orquestras ressoa-

vam por todos os cantos e recantos de SãoMarco, quiçá de Veneza, queriam acredi-tar. Poucos turistas, muito poucos mesmo,ainda permaneciam por ali. Perfeito.

Vinho e água comprados, taças namão, conduziu-a meio atabalhoadamenteaté quase ao meio da praça. Acompanhou-o. Serviu o vinho, descansou no chão asgarrafas, e brindaram à graça de estaremali, naquele pedaço de paraíso, naquelemomento. Àquelas circunstâncias tão fa-voravelmente encantadoras, à coragem delutar e de se entregar à paixão. À felicidade.Brindaram ao amor. Nesse exato momen-to, ouviram de uma das orquestras o somde "Unchained Melody". Olharam-se, surpre-sos e sorrindo, e abraçaram-se. E assimabraçados, começaram a dançar.

(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA emMaceió/AL.Maceió/AL.Maceió/AL.Maceió/AL.Maceió/AL.

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Julho | 2012 19

Às margens do rio Paraíba do Sul,entre palmeiras imperiais e a magia dastroças, com direito a discurso e muitafesta em homenagem à rainha das ciên-cias, exsurge história do terreiro de pe-dras da taba dos Coroados. Próximo àPraça da Matemática, inaugurada nosidos de 1943 por Malba Tahan, na con-fluência da Avenida Frei Tomás e RuaCel. Pitta de Castro, instalou-se a CasaFunerária São José de Leonissa.

Seus proprietários sempre manti-veram com muita dificuldade o co-mércio de féretros. Numa cidadesaudável, onde se morre só pordescuido, o negócio funerá-rio experimentou diver-sas vezes o gosto dafalência. Nereida, es-posa do especialistaem ataúdes Odessi,era tanatopraxistada pequena em-presa familiar ins-talada à frente desua casa.

Com muito cus-to, conseguia vez poroutra preparar um corpo parao velório e cortejo fúnebre nosmunicípios vizinhos de SãoFidélis e Cambuci e manter abaixa atividade de compra e ven-da de caixões no município deItaocara, sede do estabelecimento.

Em dia chuvoso do mês de agosto,Nereida, como se fora um milagre, re-cebe encomenda de urna sextavadaalto padrão, com visor longo, forradade seda pura com apliques de ouro erosário de pérolas brancas. Estupefata,avisa o marido:

- Ganhamos o mês. Providencie asflores e o carro para o enterro, amanhã,às 16h.

Imediatamente, após contato coma floricultura e o carro papa-defunto, ocasal viajou para Nova Friburgo, ondese encontrava o corpo do rico fazendei-ro e conterrâneo com mais de setentaanos de idade.

Na sala de preparação dos óbitos do

Hum

or

Ressurgiu dos mortosArcinélio Caldas (*)

hospital friburguense, ao virar o de cujuspara higienizar, Nereida nota que o ca-dáver estava todo borrado. Embebe,então, algodão em éter e inicia a limpe-za e higienização pelas nádegas do mor-to. Ao sentir o gelo do líquido volátil so-bre seu dorso nu, o extinto emite estra-nho som, para espanto de Nereida.

Novamente, num exercício de tira-teima, ela embebe o algodão no éter ederrama no corpo estirado sobre a lou-sa. Ouve com horror um gemido.

Atarantada, Nereida dispara rumo àfrente do hospital:

- Odessi, o homem está vivo.- Que é isso, Nereida? Não

acredito. Será que vamos per-der um negócio tão bomcomo este?

- Acho que sim - afirmaa esposa e completa: -

Chame o médico.O legista consta-

ta que o pacienteencontra-se em es-tado cataléptico.

N o v a m e n t ehospitalizado, o fa-zendeiro recuperou-

se da letargia e, es-clarecido sobre o

acontecimento, procu-rou o casal de comerci-

antes, agradeceu peladevolução da vida, re-compensou os prejuízoscom o sepultamento

abortado, mantendo com ofunesto casal uma amizade

fraterna e duradoura.Muito tempo depois do fato

acontecido, a gerente da Casa Fune-rária, conhecida na região como a boae doce Nereida, recebe da filha do fa-zendeiro que resgatou dos braços da

morte a notícia:- Mamãe pediu para avisar a senho-

ra, que agora é para valer, papai morreu.Nereida, em mais de trinta anos de

serviço, cética por natureza, não titu-beou.

- Minha filha, vou lá dentro apanharo algodão e o vidro de éter. Avise a suamãe que chego logo.

(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA emCampos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.

"Numa cidadesaudável, onde se

morre só por descuido,o negócio funerário

experimentou diversasvezes o gosto da

falência."

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Julho | 2012 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XI | Nº 113| Julho| 2012

Preposto, eu? O que fazer naaudiência trabalhista?

Jaime Sampaio DominguezEmpregado da CAIXA no JurídicoSalvador/BA. Graduado em Direito pelaUniversidade Federal da Bahia (UFBA) epós-graduado em Direito e Gestão dasCidades e Gestão Empresarial pela FTC(Faculdade de Tecnologia e Ciências).Os trechos aqui transcritos, comautorização do autor, pertencem à obra�Preposto, Eu? O que Fazer na AudiênciaTrabalhista?� (Editora Veloso, 78 pág.).

IntroduçãoOs funcionários quase sempre

ficam assustados no momento emque são escolhidos para represen-tar o empregador na Justiça do Tra-balho.

Chegada a hora de ser desig-nado como preposto. O emprega-do realmente não sabe o grau deresponsabilidade e confiança quelhe é depositado pela empresa. Elenão tem noção do que vai fazer;qual o norte a ser seguido; comofunciona a justiça laboral; o que farápara desempenhar bem essa atri-buição.

Na prática, as pessoas, em es-pecial os reclamantes, costumam,de forma equivocada, olhar para opreposto como um inimigo, comoum popularmente chamado �traidordos colegas�, dentre outros adjeti-vos desagradáveis.

(...)

PrepostoOuve-se muito falar na figura do

preposto na justiça trabalhista, to-davia, as pessoas e as organiza-ções não têm noção da real impor-tância e fidúcia1 que é atribuída aorepresentante do empregador noprocesso laboral.

O preposto é a voz do emprega-dor nas audiências trabalhistas, ecomo tal, não faz declarações de seulivre entendimento que venha ajudarou prejudicar a parte autora da re-clamação. É importante que opreposto exponha as declarações doempregador (empresa) e incorporea pessoa jurídica no ato processual.O CPF do empregado dá lugar aoCNPJ da organização, ou melhor, doproponente.

Convém ressaltar, em primeirolugar, que o preposto é investido demandato de confiança, pois suas de-clarações importarão em obrigaçõesda empresa perante a parte adver-sa e órgão julgador.

Com objetivo de buscar a refle-xão, e por amor à argumentação,façamos uma analogia com a figurado mandato no instituto civilista ape-nas acerca da fidúcia. Não é focodeste trabalho, abordar as distinçõesexistentes entre as figuras do man-dato e representação com fulcro nadoutrina e jurisprudência.

No âmbito do Direito Civil, verifica-se que a concretização do mandato seopera a partir do momento que alguémé outorgado de poderes para agir emnome de outrem, consequentemente,está estabelecida a relação de confi-ança entre outorgante e outorgado, con-soante artigo 653 do Código Civil Bra-sileiro.

Art. 653. Opera-se o mandatoquando alguém recebe de ou-trem poderes para, em seunome, praticar atos ou admi-nistrar interesses. A procuraçãoé o instrumento do mandato.

Não se pode deixar de vislum-brar a inexistência de fidúcia emqualquer mandato de representa-ção no nosso ordenamento jurídico,pois o mandante é responsável pelasatisfação de todas as obrigações

1 sf (lat fiducia) 1 1 1 1 1 Confiança, segurança.22222 pop Atrevimento, prosápia. 3 3 3 3 3 Presunção.

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Julho | 2012II

contraídas pelo mandatário, segun-do o artigo 675 do Código Civil Bra-sileiro.

Art. 675. O mandante é obriga-do a satisfazer todas as obriga-ções contraídas pelo mandatá-rio, na conformidade do man-dato conferido, e adiantar a im-portância das despesas neces-sárias à execução dele, quan-do o mandatário lho pedir.

No âmbito do Direito Processualdo Trabalho encontra-se tipificada aobrigação imposta à empresa nocumprimento das obrigações gera-das pelas declarações feitas pelopreposto. Negar a existência defidúcia especial ao preposto é umcontrassenso na visão particular doautor da presente obra.

O parágrafo 1º do artigo 843 daCLT (Consolidação das Leis do Tra-balho) tipificou a imperiosa necessi-dade da existência do preposto as-sim como as consequências da suaatuação no cumprimento do manda-to de representação do emprega-dor, norma abaixo.

Art. 843 - Na audiência de jul-gamento deverão estar presen-tes o reclamante e o reclama-do, independentemente docomparecimento de seus repre-sentantes salvo, nos casos deReclamatórias Plúrimas ouAções de Cumprimento, quan-do os empregados poderão fa-zer-se representar pelo Sindica-to de sua categoria. (Redaçãodada pela Lei nº 6.667, de3.7.1979)§ 1º - É facultado ao emprega-dor fazer-se substituir pelo ge-rente, ou qualquer outropreposto que tenha conheci-mento do fato, e cujas declara-ções obrigarão o proponente.

Com uma análise literal do refe-rido dispositivo não se estabeleceobjetivamente que o preposto sejaempregado do proponente, nemtampouco que o mesmo tenha pre-

senciado os fatos que deram origemà demanda trabalhista, apenas seobserva que o preposto tenha co-nhecimento dos fatos.

A hermenêutica2 jurídica refere-se a uma técnica própria utilizada nacompreensão da norma concernentea sua aplicabilidade. A interpretaçãoda lei é imperiosa para que se esta-beleça o seu alcance, seu significa-do e em que casos será aplicada.Análise feita por Câmara, AlexandreFreitas (2010, p.23).

Interpretar a lei é fixar seu sig-nificado e delimitar seu alcan-ce. Em outras palavras, a ativi-dade de interpretação da leitem por finalidade não só des-cobrir o que a lei quer dizer, masainda precisar em que casos alei se aplica, e em quais não.Trata-se de atividade essencialpara o jurista, sendo certo quetodas as normas jurídicas (e,para dizer a verdade, todos osatos jurídicos) devem ser inter-pretadas, até mesmo as maisclaras. A ideia, por muitoA ideia, por muitoA ideia, por muitoA ideia, por muitoA ideia, por muitotempo consagrada, de quetempo consagrada, de quetempo consagrada, de quetempo consagrada, de quetempo consagrada, de quea clareza da lei dispensaa clareza da lei dispensaa clareza da lei dispensaa clareza da lei dispensaa clareza da lei dispensaa interpretação é errada,a interpretação é errada,a interpretação é errada,a interpretação é errada,a interpretação é errada,mesmo porque só se sabemesmo porque só se sabemesmo porque só se sabemesmo porque só se sabemesmo porque só se sabeque a lei é clara depois deque a lei é clara depois deque a lei é clara depois deque a lei é clara depois deque a lei é clara depois dese interpretá-la se interpretá-la se interpretá-la se interpretá-la se interpretá-la (grifo nosso).

As questões que ensejam diver-gências doutrinárias provocam umaorientação jurisprudencial e/ousumular dos tribunais dentro do li-mite de competência de cada um.

As decisões dos juízes, proferidasnum mesmo sentido, vêm originar oque se denomina jurisprudência, aqual servirá de norteamento para osfuturos julgados dos magistrados,destacando-se, em particular, osjuízes de primeiro grau. Convém sali-entar que os juízes não estão obriga-dos a adotar tal instituto nos proces-sos sob sua gestão, ou seja, podeme devem julgar dentro do seu livreconvencimento motivado diante dasprovas produzidas no processo, sobpena de desatender a regra do arti-go 458 do CPC, artigo 832 da CLT eprincipalmente o inciso IX, do artigo93 da Constituição Federal de 1988.

ART 458 do C.P.CArt. 458. São requisitos essen-ciais da sentença:I - o relatório, que conterá osnomes das partes, a suma dopedido e da resposta do réu,bem como o registro das princi-pais ocorrências havidas no an-damento do processo;II - os fundamentos, em que ojuiz analisará as questões defato e de direito;III - o dispositivo, em que o juizresolverá as questões, que aspartes lhe submeterem.

ART. 832 da CLTArt. 832 - Da decisão deverãoconstar o nome das partes, oresumo do pedido e da defesa,a apreciação das provas, osfundamentos da decisão e arespectiva conclusão.

ART. 93, inciso IX, da C.FArt. 93. Lei complementar, deiniciativa do Supremo TribunalFederal, disporá sobre o Esta-tuto da Magistratura, observa-dos os seguintes princípios:IX todos os julgamentos dos ór-gãos do Poder Judiciário serãopúblicos, e fundamentadas to-das as decisões, sob pena denulidade, podendo a lei limitara presença, em determinadosatos, às próprias partes e a seusadvogados, ou somente a es-tes, em casos nos quais a pre-servação do direito à intimida-

2 sf (gr hermeneutiké) 1 1 1 1 1 Arte de interpretar osentido das palavras, das leis, dos textosetc. 2 2 2 2 2 Interpretação dos textos sagrados e dosque têm valor histórico.

Os reclamantes costumam, deforma equivocada, olhar para o

preposto como um inimigo,como um popularmente

chamado "traidor dos colegas"

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Julho | 2012 III

de do interessado no sigilo nãoprejudique o interesse públicoà informação; (Redação dadapela Emenda Constitucional nº45, de 2004)

(...)

ConclusãoNão se pode fechar os olhos para

a atividade diferenciada, delegada aopreposto em relação aos demais fun-cionários da empresa. Correto é acei-tar o fato inquestionável da importân-cia do representante do empregadorperante o ambiente interno da em-presa e de terceiros, precipuamente,a Justiça do Trabalho.

Observa-se que o preposto atuaem nome do empregador e suas de-clarações na audiência laboral criamresponsabilização para a empresa.Tanto é imprescindível sua importân-cia, que diversos procedimentos sãoelencados na preparação do empre-gado para exercer esse �Múnus�.

Será que as orientações apre-sentadas nos tópicos anteriores des-ta obra são necessárias para umbom desempenho do preposto nocumprimento das suas obrigações,ou a inobservância de algumas acar-retará qualquer prejuízo para a or-ganização? Eis um ponto para refle-xão de cada um dos leitores.

A presente publicação sustentaque o descumprimento de qualquerdas orientações é de grave monta egera prejuízos incalculáveis para asempresas, senão vejamos.

No caso da ausência dopreposto na audiência decorrente deatraso será aplicada a pena de re-velia e confissão sobre a matériafática.

Não existe a necessidade de opreposto ter trabalhado com o re-clamante, afinal, não se trata de tes-temunha, a qual é compromissadapelo juiz. Porém, é imprescindível

que o preposto tenha conhecimen-to dos fatos, uma das principais ori-entações a ser observada pela or-ganização. É preciso facilitar o livreacesso do preposto ao processo edemais documentos sobre a vidafuncional do reclamante, inclusiveconscientizar os gestores a fornecerinformações solicitadas pelo repre-sentante patronal. No interrogatório,o desconhecimento da situaçãofática, ou até mesmo ficar caladogerará a aplicação da pena de con-fissão ficta pelo magistrado.

Convém salientar que prepostonão é Pinóquio3 para mentir peran-te o juiz. Essa afirmação é feita pararechaçar algumas concepções errô-neas ouvidas no dia a dia pelas pes-soas que frequentam a justiçalaboral, tal como: �preposto devementir�.

O preposto tem como principalatribuição prestar esclarecimentossobre os pontos controvertidos deli-neados na matéria fática debatidapelas partes. Isso servirá de auxilioa ser valorado pelo magistrado paracriar a sua convicção. Ressalta-seque o juiz buscará a confissão realdo preposto sempre que existir opor-tunidade.

A segurança demonstrada pelorepresentante patronal nas suas de-clarações gera credibilidade ao juízo.

Essa é uma concepção sustentadapelo autor.

O contato prévio com o advoga-do responsável pela causa é essen-cial para tirar dúvidas acerca do pro-cesso, em especial sobre a defesada empresa. Nesse particular opreposto pode prestar subsídios quevão ajudar o causídico na instruçãoprocessual, pois tem experiência dasrotinas da entidade.

A ausência do advogado não im-pede o preposto de participar da au-diência, o qual fica responsável pelaentrega da defesa impressa. Nocaso de não estar de posse da de-fesa impressa, o mesmo poderáapresentar a contestação oralmen-te, em mesa de audiência. Nesseparticular fica comprovado a fidúciadiferenciada no cumprimento desse�Munus�.

Importante frisar que promover acontestação oral, englobando todosos pedidos expostos na reclamaçãotrabalhista, não é tarefa fácil para oprofissional do direito que detém a prá-tica do dia a dia. Dessa forma, pode-se perceber o grau de dificuldade parao preposto em apresentar a defesaoral, por mais bem preparado queesteja. Ressalta-se que a contestaçãonão pode ser genérica, tem que serexposta com clareza, contrariandocada pedido do autor.

O preposto numa audiência deinstrução, sem a presença do advo-gado, pode requerer o depoimentodo reclamante, e formular pergun-tas na inquirição das testemunhas,porém observa-se na prática que opróprio magistrado indaga ao repre-sentante patronal se tem interesseem ouvir o reclamante, casovivenciado por este autor na RT0000320-42.2010., da 5º Região.

[...]CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,plúrima réu, presente, repre-

3 Personagem de ficção de Walt Disney cujo na-riz crescia a cada mentira que contava.

É importante que o prepostoexponha as declarações doempregador e incorpore a

pessoa jurídica no atoprocessual. Não faz

declarações de seu livreentendimento

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Julho | 2012IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XI | Nº 113 | Julho | 2012

sentado(a) pelo(a) preposto(a),JAIME SAMPAIO DOMINGUEZ.Aberta a audiência. Deferida a jun-tada de carta de preposição. IN-TERROGATÓRIO DO(A) RECLA-MANTE: Disse que o pessoal quetrabalhava com telemarketing fa-zia venda de produtos da 2ª Re-clamada da seguinte forma: osempregados fazia ligações paraclientes da Caixa Econômica Fe-deral, constantes do banco dedados, e ofereciam os diversosprodutos, a exemplo de cartão decrédito, seguros, etc.; que no casodo cartão de crédito, o pagamen-to deste serviço era mediante pa-gamento pelo cliente da anuida-de; que os demais o pagamentoera feito através de débito na con-ta do cliente; que o contrato erafeito mediante gravação vocal;que não sabe informar qual o sis-tema utilizado pela 2ª Reclama-da para calcular risco de créditodos clientes. Nada mais dissenem lhe foi perguntado. INTERRO-GATÓRIO DO PREPOSTO DA(O)RECLAMADA(O): Disse que o Re-clamante trabalhava noboulevard financeiro da 2ª Recla-mada; que o Reclamante não re-cebia ordens de empregados da2ª Reclamada, mas sim de umsupervisor da 1ª Reclamada quecoordenava todos os serviços dereferida empresa; que emcaso dedúvidas, estas deveriam ser tira-das com o próprio supervisor da1ª Reclamada. Nada mais dissenem lhe foi perguntado. AS PAR-TES DECLARAM NÃO TER MAISPROVAS A PRODUZIR. ENCERRA-SE A INSTRUÇÃO. RAZÕES FINAISREITERATIVAS. RENOVADA A PRO-POSTA CONCILIATÓRIA, SEM ÊXI-TO. AUTOS CONCLUSOS PARA JUL-GAMENTO.

Ter noção dos procedimentos dajustiça laboral é salutar para todos quevão desempenhar o papel de preposto,inclusive sobre como se portar no am-biente forense.

Sem maiores delongas, o prepostoé investido de uma fidúcia diferencia-da, ou pelo menos, de uma fidúcia es-

pecial, assemelhando-se aos que ocu-pam funções gerenciais nas empresase que se enquadram no inciso II, artigo62 c/c parágrafo 2º, artigo 224 da CLT,S.M.J.

Art. 62 - Não são abrangidos peloregime previsto nestecapítulo: (Redação dada pelaLei nº 8.966, de 27.12.1994)II - os gerentes, assim conside-rados os exercentes de cargosde gestão, aos quais se equipa-ram, para efeito do dispostoneste artigo, os diretores e che-fes de departamento oufilial. (Incluído pela Lei nº 8.966,de 27.12.1994)Art. 224 - A duração normal dotrabalho dos empregados embancos, casas bancárias e Cai-xa Econômica Federal será de 6(seis) horas continuas nos diasúteis, com exceção dos sába-dos, perfazendo um total de 30(trinta) horas de trabalho porsemana. (Redação dada pelaLei nº 7.430, de 17.12.1985)§ 2º - As disposições deste arti-go não se aplicam aos que exer-cem funções de direção, gerên-cia, fiscalização, chefia e equi-valentes, ou que desempenhemoutros cargos de confiança, des-de que o valor da gratificaçãonão seja inferior a 1/3 (um ter-ço) do salário do cargoefetivo. (Redação dada pelo De-creto-lei nº 754, de 11.8.1969)

Registra-se abaixo uma decisão doTRT de São Paulo que atribuiu a fun-ção de preposto a fidúcia especial, ne-gando ao reclamante o direito a 7º e 8ºhoras como extra, inclusive enquadran-do no artigo 224, parágrafo II da CLT.No TST ocorreu a reforma da decisãodeferindo as horas extras pleiteadaspelo funcionário. Isso só vem demons-trar que o assunto sobre a fidúcia es-pecial ou diferenciada dos que atuamcomo prepostos das organizações é ma-téria que gera entendimento divergen-te pelos operadores do direito de formaampla.

A pessoa que representa umaempresa em audiências na Jus-tiça do Trabalho, ou seja, queatua como preposto, não detémcargo de confiança e, por isso,tem direito ao recebimento dashoras que ultrapassem a jorna-da de seis horárias diárias dobancário. Esse foi o entendimen-to da Sexta Turma do TribunalSuperior do Trabalho ao acatarrecurso de ex-preposto do U. S/A e alterar decisão do TribunalRegional do Trabalho da Segun-da Região (SP).Para o TRT, a função de prepostoera de confiança, por represen-tar o banco na justiça e ter aces-so aos dados dos empregados.Por isso estaria na exceção pre-vista no parágrafo segundo doartigo 224 da Consolidação dasLeis do Trabalho ( CLT ) que ga-rante ao banco o não pagamen-to da 7ª e 8ª horas diárias aosocupantes de cargo de confian-ça.Ao julgar recurso do trabalhador,o relator do processo na SextaTurma, Mauricio Godinho Delga-do, ressaltou que, para oenquadramento como cargo deconfiança, é necessário restarcomprovado que o bancário�exercia efetivamente as fun-ções aptas a caracterizar o exer-cício de função de confiança, e,ainda, que elas se revestiam defidúcia (confiança) especial, queextrapola aquela básica, ineren-te a qualquer empregado.��O simples fato de a empregadater atuado na Justiça do Traba-lho como preposta do banco ede ter acesso a dados dos em-pregados não são suficientespara caracterizar a real fidúciainerente ao cargo de confiança�,concluiu o relator. Assim, a Sex-ta Turma condenou o U. ao pa-gamento de horas extras ao seuex-preposto. (RR-1594500-47.2002.5.02.0902)AAAAAutututututor: or: or: or: or: Tribunal Superior do Tra-balho

http://www.rigonieadvogados.com.br/noticias/ler_noticia.php?id=17