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Faculdade de Medicina Dentária Universidade do Porto Agregado trióxido mineral e a sua utilização em odontopediatria Vitor Gabriel Serpa Correia Porto 2010

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em ... · os restantes materiais utilizados para os mesmos procedimentos. ... à compressão, pH básico, capacidade de estimulação

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Faculdade de Medicina Dentária

Universidade do Porto

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em

odontopediatria

Vitor Gabriel Serpa Correia

Porto 2010

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

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Faculdade de Medicina Dentária Universidade do Porto

Porto 2010

Agregado trióxido mineral e a sua

utilização em Odontopediatria

Vitor Gabriel Serpa Correia *

[email protected]

Sob a orientação Prof. Doutora Cristina Cardoso Silva **

* Aluno do 5º ano Mestrado Integrado em Medicina Dentária Universidade do Porto

** Professora convidada da disciplina Unidade Clínica Ortodontia e Odontopediatria do Mestrado

Integrado em Medicina Dentária Universidade do Porto

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Aos meus pais, José Gabriel e Rosalina, por todo o apoio e

compreensão nos momentos mais difíceis, por serem as pessoas a

quem devo tudo.

A minha irmã Catarina, que sempre me ajudou e apoiou e por

estar sempre presente quando preciso.

A toda a minha família pelo orgulho que têm em mim.

Aos meus amigos, que sem eles não teria chegado aqui, pelos

momentos de estudo e também de diversão.

A todas as pessoas que me ajudaram no meu percurso académico.

A todas as pessoas acima referidas lhes dedico este trabalho.

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Índice

Resumo ................................................................................................................ 5

Abstract ................................................................................................................. 7

Introdução ............................................................................................................. 8

Material e métodos ............................................................................................. 12

Desenvolvimento ................................................................................................ 13

Propriedades físicas e químicas ...................................................................... 13

Resistência à compressão ........................................................................... 15

Solubilidade ................................................................................................. 16

Adaptação marginal e selamento ................................................................ 16

Actividade antimicrobiana ............................................................................ 17

Biocompatibilidade ....................................................................................... 18

Radiopacidade ............................................................................................. 19

pH ................................................................................................................ 19

Interacção com outros materiais dentários .................................................. 20

Aplicações clínicas em odontopediatria .......................................................... 21

Aplicações em dentes temporários .............................................................. 21

Aplicações em Dentes permanentes ............................................................... 26

Desvantagens do MTA .................................................................................... 34

Conclusão ........................................................................................................... 35

Bibliografia .......................................................................................................... 37

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Resumo

Introdução - O agregado trióxido mineral é um material que foi inicialmente

utilizado para obturações radiculares e que, com o passar dos anos e após

vários estudos, foi também aplicado noutras situações clínicas, estando também

indicado em tratamentos em pacientes odontopediátricos.

Objectivo - O objectivo desta revisão sobre o agregado trióxido mineral é a

análise das suas propriedades físicas e químicas realizando uma interligação

com as principais indicações terapêuticas em odontopediatria, comparando com

os restantes materiais utilizados para os mesmos procedimentos.

Métodos - Foi realizada uma pesquisa bibliográfica na base de dados da

National Library of Medicine PUBMed-Medline de artigos científicos publicados

sobre o agregado trióxido mineral e sua utilização em Odontopediatria desde o

ano 2000 até à data. Alguns artigos publicados anteriormente à data

estabelecida foram incluídos no estudo pelo facto de se tratar de estudos de

referência.

Desenvolvimento - O agregado trióxido mineral é um material com

propriedades físicas e químicas apreciáveis: biocompatibilidade, boa resistência

à compressão, pH básico, capacidade de estimulação de regeneração tecidular,

entre outras. Vários estudos foram realizados em animais e em humanos, tendo

revelado boas propriedades com várias indicações clínicas. Em odontopediatria

as principais indicações deste material são os tratamentos de pulpotomia de

dentes temporários, protecção pulpar e indução de apexificação em dentes

definitivos.

Conclusão - Em odontopediatria este material pode ser utilizado com segurança

em pulpotomias de dentes temporários, em protecção pulpar, e em tratamento

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de dentes necróticos com ápice aberto (apexificação), revelando todos estes

procedimentos uma elevada taxa de sucesso. Apesar de apresentar alguns

inconvenientes (alteração da cor do dente tratado, difícil manipulação, tempo de

endurecimento longo e elevado preço), a sua qualidade e versatilidade poderá

ter um papel importante nos tratamentos odontopediatricos no presente e no

futuro.

Palavras-chave - MTA, pulpotomia, protecção pulpar, apexificação, dentes

decíduos.

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Abstract

Introduction - The mineral trioxide aggregate (MTA) was developed as a root

filling material. Over the years, further research, this material has been applied in

various clinical situations, including in odontopediatric dentistry.

Objective - The aim of this study is to present a review of the physical and

chemical properties of the material and the clinical applications of mineral trioxide

aggregate (MTA) in the practice of odontopediatric dentistry.

Method - The research was performed in the database of the National Library of

Medicine PUBMed-Medline for articles published since 2000. Some articles

published before 2000 were included since they are reference articles in this

matter.

Development - MTA is a material with some appreciable properties that include

biocompatibility, ability to stimulate tissue regeneration, good pulp response as

well as good physical properties. Several studies in human and in animals

revealed good properties with several clinical applications. In odontopediatric

dentistry the main indications are in pulpotomy of primary molars, pulp capping

and to induce apexification in permanent teeth.

Conclusions - In odontopediatric dentistry MTA could be safely used in primary

teeth pulpotomy, pulp capping of permanent teeth and root filling in immature

permanent teeth, all these procedures with a high rate of success. This material

has some drawbacks (discoloration, hard manipulation, long setting time and

high price), however due its quality and versatility, this may have an important

role in odontopediatric treatment in the present and in the future.

Key-words- MTA, pulpomy, pulp capping, apexification, temporary teeth.

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Introdução

Na década de 90 foi desenvolvido nos Estados Unidos um novo material,

o agregado trióxido mineral (MTA), com o objectivo de ser utilizado como um

material de obturação endodôntica (1-5). O MTA foi testado experimentalmente

durante vários anos tendo sido aprovado pela FDA para utilização em humanos

em 1998 (6-8). A partir desta data as suas indicações foram aumentando

significativamente, podendo ser utilizado, hoje em dia, como material de

reparação de perfurações radiculares, protecção pulpar com a capacidade de

formação de dentina reparativa, pulpotomia, cirurgia endodôntica e formação de

barreira apical em dentes com ápices abertos (2,5,6,10,11). O MTA é uma

modificação do cimento de Portland, sendo a principal diferença a presença de

óxido de bismuto que aumenta a radiopacidade do material (1,2). O MTA é

composto por silicato tricálcico, óxido de bismuto, silicato dicálcico, aluminato

tricálcico e sulfato de cálcio dihidratado (9,12). Como características principais

deste material salienta-se que é biocompatível, apresenta um pH alcalino (12.5),

apresenta uma boa capacidade de isolamento, não é tóxico nem carcinogénico

nem genotóxico (8,10). Este material também demonstrou ter propriedades

antimicrobianas similares às do óxido de zinco eugenol (6). Estas características

poderão ser responsáveis pela capacidade de diminuição da inflamação que

este produto possui em contacto com tecidos moles. Para além disso, também

tem a capacidade de inibir a infiltração por bactérias, toxinas e leveduras. Está

provado que o MTA tem a capacidade de induzir a formação de tecidos duros,

como dentina, cemento e osso, em casos de protecção pulpar e obturação

radicular (9). Este cimento endurece por hidratação, sendo o seu tempo de

endurecimento de cerca de 3 a 4 horas tendo uma força compressiva após

endurecimento de cerca de 70 MPa (12).

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Actualmente estão disponíveis duas preparações diferentes de MTA: a

preparação original de MTA com a coloração cinzenta (GMTA) e a preparação

branca (WMTA), que foi desenvolvida para tentar melhorar as características

estéticas do primeiro (1,10).

A preparação do MTA deve ser efectuada obedecendo às

recomendações do fabricante, sendo necessária uma correcta mistura entre o

composto e água esterilizada, numa proporção de 3 para 1. É importante obter

uma correcta hidratação da mistura de forma que não se forme uma pasta

granulosa que dificulte o seu manuseamento (9,13). Por outro lado uma

diminuição do rácio pó/líquido pode diminuir o efeito antibacteriano e antifúngico

do MTA (10).

A pulpotomia em dentes temporários é o tratamento indicado nos casos

em que a cárie provoca inflamação pulpar limitada à polpa coronária sem afectar

a polpa radicular. O objectivo deste procedimento clínico é a conservação da

vitalidade da polpa radicular, mantendo assim o dente assintomático para que

cumpra as funções de mastigação, estética, fonética e manutenção de espaço

até à sua esfoliação fisiológica (14). Um dos principais factores de fracasso do

tratamento de pulpotomia de molares temporários é o mau diagnóstico do

estado da polpa radicular, em que se considera saudável uma polpa que já se

encontra afectada (12). O formocresol é o medicamento universalmente utilizado

em pulpotomias na dentição temporária nos últimos 60 anos (6,7,12).

Preocupações têm-se levantado acerca da sua toxicidade, potencial

cancerígeno e potencial cáustico. Poderá também provocar inflamação e

necrose da polpa radicular podendo afectar o ligamento periodontal e os dentes

permanentes subjacentes. (9, 14). O Hidróxido de cálcio, embora tenha sucesso

no tratamento de tecido pulpar saudável, quando utilizado em pulpotomias de

dentes temporários tem sido associado a reabsorções internas não estando por

isso recomendado para este procedimento (6). Em dentes decíduos o MTA tem

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sido utilizado em pulpotomias, como alternativa ao formocresol (7,14,15). Após

várias investigações, quer em animais de experimentação quer em humanos, foi

concluído que o MTA constitui uma boa alternativa ao formocresol na realização

de pulpotomias (6,7,9,12,14). O MTA em comparação com o formocresol tem

como vantagens a sua biocompatibilidade, possibilidade de realização do

tratamento de uma forma mais rápida e apenas numa sessão, o que em

crianças poderá ser uma grande vantagem (7). Como desvantagens do MTA,

salienta-se que provoca alteração de cor do dente tratado, alguns autores

referem uma difícil manipulação e um tempo de endurecimento longo. Além

disso é de referir o seu elevado preço (9).

Outro tratamento que poderá ser realizado em pacientes

odontopediatricos com MTA é a protecção pulpar. Esta tem sido definida como

um tratamento em que a polpa exposta é recoberta por um material que a

protege de uma lesão adicional e que permite a sua recuperação, com o

objectivo de permitir a manutenção da sua vitalidade (5,8). O objectivo do

tratamento é estimular a formação de dentina reparativa no local de exposição.

A taxa de sucesso deste tratamento em dentes temporários é baixa, estando por

isso contra-indicado (8). O diagnóstico pulpar definitivo por vezes é difícil de

estabelecer, no entanto o diagnóstico de pulpite reversível é necessário para

aumentar as taxas de sucesso do tratamento (16). O hidróxido de cálcio tem

sido o material mais utilizado na protecção pulpar, porém apresenta alguns

problemas como a sua solubilidade e degradação com o tempo, não providencia

uma próxima adaptação com a dentina e a dentina reparativa que se forma

apresenta defeitos que podem provocar uma perda do isolamento bacteriano

(8,16,17). O MTA quando utilizado como material de protecção pulpar directa

parece ter a capacidade de curar o tecido pulpar mais rapidamente que o

hidróxido de cálcio (17). Farsi et al, em 2006, após a realização de uma

investigação sobre a utilização de MTA em molares permanentes com exposição

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pulpar, afirmam que o MTA pode ser recomendado como primeira escolha na

protecção pulpar de dentes permanentes (6).

Os Traumatismos e as cáries em pacientes jovens podem resultar em

necrose pulpar de dentes imaturos. Se a polpa é danificada antes do

desenvolvimento completo da raiz e do seu fecho, o normal desenvolvimento da

raiz é alterado ou mesmo interrompido. Neste caso o tratamento indicado é a

indução da apexificação. O hidróxido de cálcio é geralmente utilizado para este

procedimento, porém o MTA tem sido proposto para a indução da apexificação

em dentes imaturos necróticos com os ápices abertos (18).

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Material e métodos

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica electrónica na base de dados da

Natural Library of Medicine PUBMed-Medline e manual na biblioteca da

Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, de artigos científicos

sobre o agregado trióxido mineral e sua utilização em Odontopediatria.

Utilizando as palavras-chave: MTA, pulpotomy, pulp capping, apexification,

temporary teeth, foram revistos artigos científicos publicados a partir do ano

2000.

Alguns artigos publicados anteriormente à data estabelecida foram

incluídos no trabalho pelo facto de se tratar de estudos de referência nesta

matéria e cuja exclusão empobreceria esta revisão.

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Desenvolvimento

Propriedades físicas e químicas

O agregado trióxido mineral é um material constituído por silicato

tricálcico, tricálcico de alumínio, óxido de tricálcico, óxido de silicato e óxido de

bismuto (18). O MTA é constituído por um conjunto de partículas hidrofílicas que

endurecem na presença de humidade (10).

Actualmente o MTA encontra-se no mercado em duas formas: cinzento

(GMTA) e branco (WMTA), tendo este último sido introduzido com o objectivo de

melhorar algumas propriedades do MTA cinzento, nomeadamente problemas de

alteração de cor dos dentes tratados. Diversas investigações mostraram a

presença de menores quantidades de ferro, alumínio e magnésio no MTA

branco (WMTA) em relação ao MTA cinzento (GMTA) (19).

A composição do MTA é semelhante à composição do cimento de

Portland, excepto pela presença de óxido de bismuto que lhe confere maior

radiopacidade e altera determinadas propriedades físicas (18). Para além desta

diferença, o MTA apresenta também níveis mais baixos de potássio (10). As

partículas de MTA são menores em tamanho e mais uniformes, do que as

partículas de cimento de Portland (20). Em vários artigos é referido o tamanho

das partículas: Lee et al referiram que o tamanho das partículas de GMTA varia

entre 1 a 10 µm, enquanto Camilleri et al referiram que o WMTA tem partículas

inferiores a 1µm podendo alcançar até 30 µm. A análise qualitativa da superfície

mostrou que o tamanho dos cristais de GMTA é cerca de 8 vezes superior ao

tamanho dos cristais de WMTA (21).

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Quando o MTA é misturado com água, inicialmente formam-se hidróxido

de cálcio e silicato de cálcio hidratado, originando um gel pobremente

cristalizado e poroso. A quantidade de silicato de cálcio diminui devido à

formação de precipitado de cálcio. O precipitado de cálcio produz hidróxido de

cálcio, sendo este o passo que provoca o aumento de pH do MTA, após a sua

hidratação (22).

A pasta de MTA é obtida ao misturar 3 porções de pó com 1 porção de

água esterilizada de forma a obter uma consistência semelhante à do silicone

putty. A mistura pode ser feita num papel ou numa placa de vidro. Sluyk et al,

referiram que o tempo de mistura deverá ser inferior a 4 minutos de forma a não

desidratar. A presença de humidade durante o endurecimento aumenta a força

flexural do cimento. Por outro lado, excesso de humidade resulta numa mistura

demasiado líquida que torna difícil a sua colocação e utilização (23).

Figura 1- Realização da mistura de MTA, numa proporção de 3 porções de pó para 1 porção de

água esterilizada.

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Na literatura existem diversos artigos científicos publicados que fazem

referência ao tempo de endurecimento deste material. Torabinejad et al (18)

referiram que o tempo de endurecimento do MTA cinzento seria de 2 horas e 45

minutos com um desvio padrão de 5 minutos. Islam et al (24) referiram num

estudo que o tempo de endurecimento do MTA branco seria de 2 horas e 20

minutos, enquanto o tempo de endurecimento do MTA cinzento seria de 2 horas

e 55 minutos. Este tempo de endurecimento alargado tem sido descrito por

alguns autores como uma das principais desvantagens deste material (10, 25).

Hoje em dia são várias as investigações com o intuito de incorporar

aceleradores na composição de MTA, de forma a diminuir o tempo de

endurecimento, mantendo a sua biocompatibilidade (25).

Resistência à compressão

A força compressiva do MTA é significativamente menor que a do

amálgama de prata, do IRM ou do Super EBA, 24 horas após a sua mistura. No

entanto, após 3 semanas, apenas a amálgama de prata mantém força

compressiva superior ao MTA, não existindo diferença entre o MTA e os

restantes materiais mencionados. A força compressiva deste material 24 horas

após a sua mistura ronda os 40.0 MPa, aumentando para 67.3 MPa após 21

dias (18).

Existem resultados contraditórios em relação às forças compressivas do

MTA cinzento e do MTA branco. Num estudo de Islam et al (26) os autores

referem que o MTA cinzento (GMTA) apresenta maior força compressiva que o

MTA branco (WMTA) ao fim de 3 e 28 dias. Em contraste com a experiência de

Islam et al (26), Holt et al (27) comprovaram que o WMTA apresenta maior força

compressiva do que o GMTA.

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16

Vários factores podem influenciar a força compressiva do MTA, como o

tipo de MTA, o líquido e a proporção em que é misturado, a pressão de

condensação do líquido, o valor de pH assim como as condições de

armazenamento do material (26,27).

Solubilidade

O agregado trióxido mineral não apresenta sinais de solubilidade, no

entanto esta pode aumentar na presença de maiores quantidades de água

durante a mistura (25). A esta conclusão também chegaram os autores Fridland

et al (28) ao referirem, após as suas investigações, que um aumento de água na

mistura provoca um aumento da porosidade e da solubilidade do MTA.

Os produtores de MTA da marca ProRoot® recomendam a utilização de

0,33 g de água para 1g MTA, de forma a obter uma mistura ideal (29).

Adaptação marginal e selamento

A adaptação marginal e a capacidade de selamento são das propriedades

mais importantes de um material restaurador (25). O MTA tem a capacidade de

expandir durante a reacção de endurecimento por hidratação, sendo esta uma

das razões para a sua excelente capacidade de selamento (29). Os resultados

das investigações de Shipper et al demonstraram melhor adaptação marginal à

raiz e parede da cavidade com MTA do que com amálgama (30).

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Actividade antimicrobiana

A actividade antibacteriana e antifúngica do MTA têm sido extensamente

avaliadas, existindo resultados conflituosos. Torabinejad et al em 1995 (31), ao

investigar a actividade antimicrobiana em bactérias anaeróbias estritas e

bactérias anaeróbias facultativas, mostraram que o MTA apresenta actividade

antimicrobiana frente a algumas bactérias anaeróbias facultativas (S.mitis,

S.mutans, S. salivarius, Lactobacillus and S.epidermidis), não apresentando

actividade antimicrobiana frente a bactérias anaeróbias estritas. Em contraste

com o MTA, o óxido de zinco eugenol apresentou actividade antibacteriana em

ambos os tipos bacterianos (31). O MTA e o cimento de Portland mostraram não

ter actividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, Enterococcus

faecalis, Pseudomona aeruginosa, Bacillus subtilis e Candida albicans (32). Por

outro lado, Al-Nazhan (33) mostrou numa investigação que o MTA teve efeito

antifúngico contra C. albicans, 24 horas após a sua mistura.

A obtenção de diferentes resultados, por vezes até conflituosos, sobre a

actividade antibacteriana e antifúngica do MTA podem ser justificados pela

variabilidade das espécies estudadas, assim como por variações na forma de

preparação do material: a diminuição da concentração de MTA pode afectar

negativamente as propriedades antifúngicas e antibacterianas do MTA (10).

Uma vez que a microbiota dos canais radiculares é praticamente

anaeróbia estrita, apenas com algumas bactérias anaeróbias facultativas, o MTA

não deverá ser usado como único agente antibacteriano directo em prática

endodôntica (25).

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Biocompatibilidade

Qualquer material que deva ser utilizado em humanos ou em animais

deve ser biocompatível, sem provocar efeitos tóxicos ou lesões nos tecidos

biológicos e nas suas funções (25). Existem vários estudos in vitro e in vivo

sobre a avaliação da biocompatibilidade dos materiais dentários. Estes testes

incluem o perfil tóxico geral em culturas celulares, testes de implantação e

também testes clínicos experimentais em animais de acordo com protocolos

clínicos previamente aprovados (34).

Num grande número de investigações foi possível demonstrar, ao usar

várias culturas celulares, que o MTA é um dos materiais dentários menos tóxicos

35. Torabinejad et al (36) mostraram no seu estudo em 1995 que o MTA e a

amálgama de prata são menos tóxicos que o Super EBA® e o IRM®. Keiser et al

em 2000 (37) compararam a citotoxicidade do MTA, amálgama de prata e Super

EBA® em células do ligamento periodontal, tendo os resultados indicado que o

MTA recém misturado tem menor citotoxicidade que a amálgama de prata e que

o Super EBA®.

As investigações de Koh et al realizadas em 1998, revelaram que o MTA

oferece um substrato biologicamente activo para as células ósseas e estimula a

produção de interleucina. Para além disso, estimula a produção de citocinas nos

osteoblastos humanos (38).

Estudos de implantação subcutâneos e intra-ósseos têm sido realizados

desde o final da década de 1990, tendo sido concluído que o MTA não é

mutagénico nem citotóxico (39). Desde essa altura existem vários estudos que

têm testado amostras de MTA de forma subcutânea e intra-óssea em animais de

experimentação laboratorial como ratos (40), porcos da índia (41) e coelhos (42).

Nestes estudos foi observada uma resposta inflamatória mínima por parte dos

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tecidos moles, osso e também foi confirmada a capacidade de indução da

osteogénese por parte do MTA.

O MTA também tem a capacidade de induzir a produção cemento,

característica única em comparação com os outros materiais de obturação

radicular (43). Torabinejad et al realizaram a obturação radicular de 3º e 4º

premolares mandibulares com MTA em cães beagle (43) e em incisivos

maxilares de macacos (44). Nestes estudos in vivo foi demonstrada uma

resposta tecidual periapical favorável e cura com MTA.

Radiopacidade

Um material de restauração deverá ser mais radiopaco que as estruturas

circundantes quando colocado in situ. O MTA é menos radiopaco que o IRM®, o

Super EBA®, a amálgama de prata, a gutta-percha e tem uma radiopacidade

semelhante à do óxido de zinco eugenol (18, 45). Ao comparar a radiopacidade

do MTA branco (WMTA) com a do MTA cinzento (GMTA), observou-se que o

MTA branco é mais radiopaco. Embora ambos os materiais tenham quantidades

semelhantes de óxido de bismuto (material usado para aumentar a

radiopacidade), a presença de outras substâncias no MTA branco poderá ser a

causa desta diferença de radiopacidade entre ambos (26).

pH

O valor de pH do MTA é de 10.2 logo após a mistura. Este valor sobe

para 12.5 após 3 horas. Ao comparar os valores de pH do MTA branco e do

MTA cinzento, o primeiro apresenta valores de pH mais elevados logo após 60

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

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minutos depois de misturar (26). O alto valor de pH é devido a uma constante

libertação de cálcio a partir do MTA e formação de hidróxido de cálcio (10).

Interacção com outros materiais dentários

Ao estudar um material dentário, um passo importante desse estudo é a

análise das possíveis reacções desse material em contacto com outros materiais

dentários.

Tunç et al avaliaram a força de adesão entre resinas compostas,

compómeros e o MTA branco (WMTA) utilizando diferentes sistemas adesivos.

Concluíram nesse trabalho que o sistema total etch apresenta maior força de

adesão ao MTA branco que o sistema self-etch (46).

Ao analisar a união entre uma pequena camada de cimento de ionómero

de vidro colocado sobre o MTA sem que se tenha completado o seu

endurecimento, verificou-se que as propriedades de ambos os materiais não

foram afectadas, não tendo o cimento de ionómero de vidro mostrado sinais de

desidratação (47).

Uma investigação in vitro comparou a força de adesão do MTA com

dentina, após a imersão deste em 5,25% de hipoclorito de sódio, 2% de

clorohexidina, Glyde® e solução salina no grupo de controlo, durante duas horas.

Os resultados revelaram que, quando a amostra está na presença de Glyde®

durante duas horas, a adesão do MTA à dentina diminui de forma considerável,

tendo concluído que a presença de Glyde® afecta negativamente a adesão entre

a dentina e o MTA. Em relação aos restantes materiais, as diferenças não foram

estatisticamente significativas (48).

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Aplicações clínicas em odontopediatria

Existem várias aplicações clínicas do MTA em odontopediatria. Em

dentes temporários o MTA tem sido utilizado nos tratamentos de pulpotomia; na

dentição permanente pode ser utilizado principalmente para realizar protecção

pulpar e como barreira apical. Tem também indicação em casos de fracturas e

perfurações radiculares, não sendo porém frequente estes tratamentos em

odontopediatria.

Aplicações em dentes temporários

Pulpotomia

O tratamento de pulpotomia está recomendado em dentes temporários

com lesões cariosas profundas, próximas da polpa, que não apresentem sinais e

sintomas de degeneração pulpar (49). Este procedimento permite manter a

polpa radicular vital, eliminando desta forma a polpa coronal que se encontra

infectada.

Os materiais utilizados nas pulpotomias variam de acordo com os

objectivos do tratamento. As pulpotomias poderão ter como objectivos a

mumificação pulpar (formocresol), preservação com desvitalização mínima

(sulfato férrico) e regeneração e reparação dos tecidos (hidróxido de cálcio e

MTA) (49).

Para além dos materiais acima referidos, diversos autores propuseram

também outros materiais como as (freeze-dried bone), proteínas ósseas

morfogénicas e as proteínas osteogénicas. Embora estes materiais tenham

demonstrado bons resultados, as suas propriedades físicas e antimicrobianas

são ainda questionáveis (50). Para além destes materiais, foram também

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

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estudados métodos alternativos às pulpotomias com formocresol, como a

electrocirurgia e os lasers de CO2 (51).

Comparação MTA com formocresol

O Formocresol foi usado pela primeira vez em pulpotomias por Sweet em

1904 (51). Desde essa data o formocresol tem sido o material mais

frequentemente utilizado em pulpotomias em todo o mundo. Porém, devido aos

seus efeitos deletérios, a sua utilização tem sido equacionada.

Ao longo dos anos várias foram as investigações realizadas para

comparar o MTA, com o “gold-standard” das pulpotomias em dentes decíduos, o

formocresol.

Em 2001, Eidelman et al (52) ao comparar pulpotomias realizadas em

molares decíduos com MTA e formocresol, verificou que as pulpotomias com

MTA tiveram uma taxa de sucesso de 100%, assim como quando foi utilizado

formocresol.

Agamy et al, em 2004 (53), realizaram uma investigação, neste caso a

comparar a taxa de sucesso de pulpotomias realizadas com MTA cinzento

(GMTA), MTA branco (WMTA) e formocresol. Os resultados obtidos nas

pulpotomias realizadas com GMTA e com formocresol foram semelhantes aos

resultados obtidos no estudo de Eidelman et al (52). Em relação ao WMTA, a

taxa de sucesso clínica e radiográfica foi na ordem dos 80 %, tendo sido inferior

à exibida pelo GMTA e pelo formocresol. A ligeira diferença na composição dos

dois tipos de MTA poderá ser a justificação para a variabilidade de resultados

observados.

Em 2005 Hollan et al (54) realizaram uma investigação semelhante ao

estudar dentes decíduos nos quais foram realizadas pulpotomias devido à

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

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presença de cáries. No grupo de estudo foram incluídos dentes com pulpotomias

realizadas com MTA e no grupo de controlo pulpotomias realizadas com

formocresol. Esta investigação apresentou um seguimento a longo prazo por um

máximo de 74 meses, tendo o MTA apresentado uma taxa de sucesso de 97%,

sendo esta superior à taxa de 83% do formocresol, sem, no entanto, ser

estatisticamente significativa. No mesmo ano foi publicado um artigo por Farsi et

al (50) que realizaram um estudo a comparar pulpotomias realizadas com MTA e

com formocresol. A amostra inicial foi de 120 molares decíduos, divididos em

dois grupos. Após dois anos apenas puderam avaliar 36 molares decíduos

pulpotomizados com formocresol e 38 com MTA. A taxa de sucesso utilizando

MTA foi de 100% ao fim de todos os seguimentos (24 meses). Nos dentes em

que foram realizadas pulpotomias com formocresol, verificaram uma taxa de

sucesso de 100% no primeiro ano. Aos 18 meses a taxa de sucesso com

formocresol diminuiu para 89.5% e aos 24 meses para 86.8%.

Em 2007 Aeinehchi et al (55) realizaram uma investigação a comparar

pulpotomias realizadas em dentes decíduos com formocresol e MTA, realizando

um seguimento a 3 e a 6 meses. Observaram diferenças estatisticamente

significativas apenas aos 6 meses, em que radiograficamente existiu reabsorção

radicular em 6 de 57 casos em que utilizaram formocresol e não existiu

evidência de reabsorção nos casos de tratamento com MTA.

Noorollahian em 2008 (56) realizou um estudo em que avaliou dentes

decíduos com necessidade de realização de pulpotomias. A amostra foi dividida

em dois grupos: grupo de estudo (pulpotomias realizadas com MTA) e grupo de

controlo (pulpotomias realizadas com formocresol). Foram realizados

seguimentos aos 6, 12 e 24 meses. Todos os dentes de ambos os grupos foram

considerados como sucessos clínicos em todos os seguimentos. O grupo de

controlo apresentou sucesso radiográfico em todos os dentes, enquanto o grupo

de estudo apresentou dois fracassos radiográficos observados aos 12 e aos 24

meses.

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

24

Dois estudos longitudinais foram realizados pelos mesmos autores,

Maroto et al em 2005 (9) e em 2006 (7). No primeiro estudo foram observados

sucessos clínicos e radiográficos em todos os dentes (22 dentes, 20 molares e 2

caninos). Na primeira observação, 6 meses após a pulpotomia, foi observado em

55% dos molares e em todos os caninos a formação de pontes dentinárias. No

segundo estudo, realizaram o tratamento de pulpotomia com MTA em 69

molares decíduos e consultas de seguimento de 6 em 6 meses durante 42

meses. Os autores observaram um êxito clínico de 100% e um êxito radiográfico

de 98.5%, visto que observaram a presença de uma reabsorção interna radicular

num molar. Observaram a formação de ponte dentinária em 83% dos casos, 42

meses após o tratamento.

Em todos os estudos mencionados anteriormente, o MTA cinzento

(GMTA), mostrou ser uma boa alternativa, à utilização de formocresol com

sucesso clínico e radiográfico igual ou superior a este. Agamy et al (53) ao

comparar os dois tipos de MTA com formocresol (GMTA e WMTA) verificaram

piores resultados ao utilizar MTA branco em comparação com os resultados

obtidos com formocresol e MTA cinzento.

Nos estudos longitudinais de Maroto et al, foi demonstrado que o MTA

pode ser utilizado de forma segura em pulpotomias de dentes decíduos com

uma taxa de sucesso clínico de 100%9, (14).

Percinoto et al (57), realizaram um estudo em que compararam a

utilização de MTA com a utilização de hidróxido de cálcio em pulpotomias de

dentes decíduos, chegando à conclusão que ambos os materiais são igualmente

eficientes em dentes decíduos. Um problema associado às pulpotomias em

dentes decíduos realizadas com hidróxido de cálcio é a maior percentagem de

reabsorções internas que apresenta. Esta foi uma das conclusões de Sonmez et

al em 2008, ao comparar hidróxido de cálcio, com formocresol, MTA e Sulfato

Férrico.

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

25

Moretti et al (58) em 2008 realizaram um estudo a comparar as taxas de

sucesso de pulpotomias realizadas com formocresol, hidróxido de cálcio e MTA.

Realizaram diversos seguimentos até aos 24 meses após o tratamento.

Observaram uma taxa de sucesso clínico e radiográfico de 100% em todas as

observações quando o material utilizado foi o MTA e o formocresol. No grupo em

que o material utilizado foi o hidróxido de cálcio, observaram uma taxa de

insucesso de 64%, sendo frequente a presença de reabsorções internas.

Figura 2- Radiografia dos dentes 74 e 75. A-12 meses após pulpotomia realizada com MTA. B-36 meses após pulpotomia realizada com MTA. C-42 meses após pulpotomia com MTA. Dentes não apresentam patologia. Presença de ponte dentinária na raiz distal do primeiro molar e presença de estenose nas raízes do segundo molar.

Maroto M, Barbería E, Vera V, Godoy F. Mineral trioxide aggregate as a pulp dressing agent in pulpotomy treatment of primary molars:42- month clinical study. Am J Dent. 2006. 19: 283-6

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

26

Aplicações em Dentes permanentes

Protecção pulpar com MTA e hidróxido de cálcio

A preservação e manutenção da vitalidade pulpar é um dos principais

objectivos da prática de medicina dentária (59).

A protecção pulpar é um método de tratamento bem estabelecido em que

a polpa exposta é recoberta por um material que a protege de uma lesão

adicional, permitindo a sua cura e reparação5. Vários factores afectam este

processo, incluindo a idade, o estado periodontal, o estágio de formação

radicular. Outros factores como o tamanho da exposição, a causa (traumática,

mecânica ou cariosa) e a contaminação bacteriana têm sido descritos como

determinantes para o sucesso da protecção (60).

Várias investigações demonstraram que a polpa dentária exposta tem a

capacidade de curar quando a microinfiltração e a contaminação bacteriana são

prevenidas. Assim sendo, um material para ser utilizado como protecção pulpar

deverá ser biocompatível, providenciar um selamento biológico e prevenir a

infiltração bacteriana (13).

Para a existência de um prognóstico mais previsível, um diagnóstico de

pulpite reversível antes do tratamento é necessário, no entanto um diagnóstico

pulpar definitivo, nestas situações, normalmente é difícil de ser estabelecido

(59).

Muitos estudos realizados indicaram que o Hidróxido de cálcio é o “gold

standard” para a realização de protecções pulpares. No entanto ao longo dos

anos, muitas desvantagens têm sido atribuídas a este material, como a presença

de túneis na barreira dentinária que se forma, formação extensa de dentina

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

27

terciária obliterando a polpa camaral, grande solubilidade nos fluidos orais, falta

de adesão e degradação após ataque ácido (5).

Ford et al, em 1996 (13), realizaram uma experiência in vivo em 12

incisivos mandibulares de macaco. Após realizar exposição pulpar propositada,

realizaram a protecção pulpar com hidróxido de cálcio num grupo e com MTA

noutro grupo. Observaram a formação de ponte dentinária em todos os dentes

em que foi realizada protecção pulpar com MTA, havendo inflamação pulpar em

1 dente. No grupo em que o material de protecção pulpar foi o hidróxido de

cálcio, observaram a formação de ponte dentinária em 2 dentes e todos os

dentes tiveram inflamação pulpar.

Aeinehchi et al, em 2003 (60), realizaram uma experiência em terceiros

molares humanos com a indicação para extracção. Foram expostas as polpas,

realizadas protecções pulpares seguidas de extracção e análise em função do

tempo planeado para a extracção. No grupo tratado com MTA, ao fim de uma

semana após a protecção pulpar, não observaram a formação de ponte

dentinária, registando a presença de inflamação e necrose. Dois meses após a

protecção pulpar, realizaram novas extracções e observaram a formação de

pontes dentinárias com espessura máxima de 0.28 mm. A presença de

inflamação crónica e necrose foi observada apenas numa amostra. Após 4

meses observaram a formação de pontes dentinárias com a espessura máxima

de 0.37 mm. Não observaram a presença de inflamação e necrose. Os dentes

extraídos 6 meses após a protecção pulpar apresentaram ponte dentinária com

espessura de 0.43 mm com uma camada regular de odontoblastos. Não

apresentavam calcificações nem necrose. Nas amostras recolhidas em dentes

após protecção pulpar com hidróxido de cálcio, após uma semana observaram a

presença de uma inflamação aguda e ausência de ponte dentinária. Nos dentes

extraídos dois meses após a realização de pulpotomia, não foi observada a

presença de ponte dentinária, existindo a presença de inflamação aguda e

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

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28

crónica. Nos dentes em que foi realizada a protecção pulpar 4 meses antes da

sua extracção foi observada a presença de uma ponte dentinária com espessura

máxima de 0.04 mm com ligeira inflamação. As amostras correspondendo a 6

meses de protecção pulpar com hidróxido de cálcio apresentavam uma ponte

dentinária com espessura máxima de 0.15 mm, não estando presente uma

camada de odontoblastos. Com base nestes resultados Aeinehchi et al

concluíram que em protecções pulpares realizadas de forma iatrogénica, o MTA

teve desempenhos superiores em relação ao hidróxido de cálcio.

Nair et al, em 2008 (61), realizaram uma experiência semelhante à de

Aeinehchi, mas com uma amostra maior e com alteração dos tempos de

observação. As conclusões chegadas neste estudo foram que o MTA foi

clinicamente mais fácil de utilizar, resultando em menor inflamação e formação

de tecidos duros de forma mais previsível, em relação ao hidróxido de cálcio.

Para além disso chegaram à conclusão que o MTA deverá ser o material de

escolha para protecção pulpar directa em relação aos cimentos de hidróxido de

cálcio.

Em 2008 foi realizado outro estudo na mesma linha dos anteriores. Neste

caso a amostra era de 40 pré-molares humanos divididos em dois grupos (grupo

de estudo utilizando MTA e grupo de controlo utilizando hidróxido de cálcio).

Neste estudo, apesar da similaridade da resposta entre ambos os materiais,

ocorreu a formação de uma ponte de tecido duro de forma mais rápida quando o

MTA foi utilizado (30 dias). Os resultados ao fim de 60 dias foram semelhantes.

Outro facto importante deste estudo foi a presença de macrófagos ao fim de 30

dias nas amostras contendo hidróxido de cálcio, algo que não foi observado nas

amostras contendo MTA (5).

Bogen et al (59) realizaram um estudo sobre protecção pulpar directa

sobre exposições pulpares cariosas utilizando MTA em quarenta pacientes.

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

29

Todos os dentes eram definitivos cujo diagnóstico pulpar não era mais severo

que uma pulpite reversível. Estes dentes foram seguidos por um período de 9

anos obtendo resultados de 97% de êxito. Para além disso todos os dentes em

indivíduos jovens (15/15) que inicialmente tinham ápices abertos terminaram a

sua formação radicular (apexogénese).

Figura 3- Radiografia periapical do dente 21 com fractura horizontal da coroa com exposição

pulpar. Dente com rizogénese incompleta. Fotografia da exposição pulpar.

Karabucak B, Li D, Lim J, Iqbal M. Vital pulp therapy with mineral trioxide aggregate. Dent Traumatol. 2005;21:240-3.

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

30

Figura 4- Radiografia periapical do dente 21, 18 meses após a realização da protecção pulpar com MTA. Apresenta desenvolvimento radicular completo e a formação de uma ponte dentinária

Karabucak B, Li D, Lim J, Iqbal M. Vital pulp therapy with mineral trioxide aggregate. Dent Traumatol. 2005;21:240-3.

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Vitor Correia Porto 2010

31

Formação de barreira apical

Quando há necessidade de realizar um tratamento endodôntico radical de

um dente com rizogénese incompleta, devido a uma inflamação pulpar

irreversível ou necrose, os esforços devem ser conduzidos no sentido de ser

induzida uma formação de tecido mineralizado na região apical, que promova o

fechamento radicular e optimize uma correcta obturação do canal radicular. É a

este processo de formação de uma barreira apical que se dá o nome de

Apexificação (62). Os objectivos deste procedimento são a limitação da infecção

bacteriana e a criação de um ambiente que promova a formação de tecido

mineralizado (63). O tecido mineralizado formado é constituído por dentina,

cemento, osso e osteodentina (64). A apexificação bem sucedida depende de

uma formação de tecido duro por células que migram do tecido perirradicular em

direcção ao ápice63.

A bainha epitelial de Hertwig é um tecido muito importante no

desenvolvimento de uma barreira apical. Esta bainha pode permanecer vital

após total necrose pulpar. Pode promover alterações no tecido perirradicular e

iniciar o desenvolvimento radicular (63).

O problema maior da realização de um tratamento endodôntico em

dentes com polpa necrótica e com amplos ápices, é a obtenção de um

selamento apical óptimo (63).

O hidróxido de Cálcio tem sido até aos dias de hoje o material de escolha

para o tratamento de apexificação (64). A utilização de hidróxido de cálcio para

apexificação tem sido extensamente estudada com um sucesso variando entre

74- 100% (65).

O seu potencial bactericida associado a um pH alcalino pode ser

responsável pela estimulação da calcificação apical (64). A apexificação

realizada com hidróxido de cálcio, apesar de apresentar grande popularidade, é

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

32

um procedimento que apresenta algumas desvantagens. A apexificação

realizada com este material apresenta uma grande variabilidade no tempo de

duração do tratamento que pode variar entre 3 e 21 meses, sendo o tempo de

fechamento apical imprevisível. (66). O canal radicular está também mais

susceptível a re-infectar uma vez que normalmente fica recoberto por material

restaurador provisório (66). Outra desvantagem observada é o aumento do risco

de fractura que aumenta com o prolongar do tempo (67).

O MTA é um material que poderá ser utilizado em dentes com necrose

pulpar e ápices imaturos com o objectivo de provocar a apexificação. A

aplicação da mistura de MTA deverá ser precedida pela aplicação de hidróxido

de cálcio no canal durante uma semana. Este procedimento tem como objectivo

diminuir a probabilidade de ocorrer infecção bacteriana do dente (68). A técnica

para formação de barreira apical utilizando MTA tem como objectivo a formação

de uma barreira apical artificial para depois se realizar a obturação do canal

radicular. Esta técnica é realizada apenas numa única consulta. A camada

obturadora de MTA na zona apical deverá ter, pelo menos 3 a 4 mm de

espessura, de forma a não ultrapassar o ápice canalar quando empurrado pelo

material obturador, neste caso gutta percha. A obturação com gutta percha

deverá ser feita apenas 3 horas após a colocação de MTA (25).

Omar et al (64) realizaram um estudo com 30 dentes divididos em dois

grupos sendo utilizado MTA e hidróxido de cálcio para o processo de

apexificação com um seguimento durante 12 meses. O grupo em que o

hidróxido de cálcio foi utilizado apresentou uma taxa de sucesso de 87%

enquanto o grupo em que foi utilizado o MTA apresentou uma taxa de sucesso

de 100%. Não se verificaram diferenças estatísticas significativas. Maroto et al

realizaram uma apexificação com sucesso utilizando MTA, num dente que

durante 3 anos não tinha respondido a terapêutica com hidróxido de cálcio (69).

Simon et al (70) realizaram um estudo, em que foi colocada uma barreira

apical de MTA em 57 dentes permanentes imaturos não vitais. Observaram que

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

33

houve um decréscimo do tamanho da lesão periapical existente em 81% dos

casos.

Saris et al (71) realizaram um estudo semelhante ao anterior, mas com

uma amostra de 17 incisivos superiores, sendo estes seguidos em média 12,53

meses com desvio padrão de 2,94 meses. O procedimento apresentou um

sucesso clínico de 94%, e um sucesso radiográfico de 76,5%.

O MTA pode ser considerado uma boa alternativa ao hidróxido de cálcio

para a realização de apexificação em dentes com ápices abertos e necrose

pulpar, tendo várias vantagens, sendo as principais a comodidade do tratamento

e a velocidade de indução de tecidos duros.

Figura 5 a) Radiografia pré-operatória dos dentes 11, 21 com necrose pulpar e ápices

abertos. b) Radiografia de controlo 6 meses após obturação com MTA na zona apical. c)

Radiografia após 1 ano. d) Radiografia após 2 anos. Ocorreu formação de barreira de

tecido duro periapical - apexificação.

Erdem A, Sepet E. Mineral trioxide aggregatefor obturation of maxillary central incisors with necrotic

pulp and open ápices. Dent Traumatol. 2008; 24:38-41.

a) d) c) b)

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

34

Desvantagens do MTA

Apesar das várias vantagens referidas anteriormente, o MTA apresenta

algumas desvantagens: alteração de cor do dente tratado, dificuldade de

manuseamento do material em determinados terapias, um tempo de presa

longo, a não existência de um solvente para este material, e a dificuldade de

remoção após a cura. O elevado custo do MTA e do instrumental necessário

para o seu manuseamento também são referidos como desvantagens deste

material (72).

Embora o MTA apresente muitas vantagens, consideram-se necessários

mais estudos com seguimentos a longo prazo (63).

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

35

Conclusão

O MTA é um material que foi desenvolvido na década de 90 com o

objectivo de ser utilizado como material de obturação radicular. Com os vários

estudos desenvolvidos sobre este material, revelando a sua biocompatibilidade e

boas propriedades físicas, facilmente este material obteve um maior número de

indicações clínicas.

Em odontopediatria este material pode ser utilizado com segurança em

pulpotomias de dentes temporários, em protecção pulpar e no tratamento de

apexificação, revelando todos estes procedimentos uma taxa de sucesso igual

ou superior aos “gold standart” para cada um destes tratamentos.

Como qualquer outro material, este também apresenta alguns

inconvenientes, como a possível alteração de cor do dente tratado, dificuldade

de manuseamento, dificuldade de remoção e também o seu elevado preço.

Podemos concluir que o MTA é um material que será certamente muito

utilizado em odontopediatria no futuro, devido às suas inúmeras qualidades e

versatilidade de possíveis utilizações terapêuticas. No entanto são ainda

necessárias mais avaliações deste material por maiores períodos de tempo em

determinadas aplicações clínicas.

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

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36

Agradecimentos

À minha orientadora, Professora Doutora Cristina Cardoso Silva, por todo

o empenho, e disponibilidade demonstrada na orientação e ajuda na realização

deste trabalho.

Ao corpo docente e aos funcionários da Faculdade de Medicina Dentária

da Universidade do Porto, por toda a transmissão de conhecimento.

Agregado trióxido mineral e a sua utilização em Odontopediatria

Vitor Correia Porto 2010

37

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