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1 AGRICULTURA, MODERNIZAÇÃO E AMBIENTE: BREVES NOTAS Eduardo Sol Glaucio Marafon Rogério Seabra Resumo A tecnificação no campo e a maior influência da atividade industrial na agricultura resultaram em grandes ganhos de produtividade e mudanças no sistema produtivo. A inserção dos complexos agroindustriais no campo acabou resultando em uma subordinação da agricultura à indústria e naturalmente uma maior dependência do campo em relação à cidade. Entretanto, os complexos agroindustriais fomentaram alguns conflitos no campo em função da grande concentração fundiária e expulsão de pequenos agricultores, assim, a luta pela reforma agrária ganhou destaque no Brasil, que apesar de ter implementado algumas políticas de criação de assentamentos rurais, possui uma estrutura fundiária desigualmente concentrada com os produtores ligados aos grandes complexos agroindustriais ou pecuaristas. Outro elemento da modernização da agricultura é a produção e o consumo de alimentos e a necessidade de uma política de segurança alimentar. A importância da agricultura familiar na produção de alimentos e garantia da segurança alimentar e a emergência da agroecologia que faz uma interseção entre o econômico, o ambiental e o cultural. Palavras-chave: Modernização. Agriculta Familiar. Soberania Alimentar. Introdução A atual lógica de desenvolvimento econômico é cada vez mais questionada em função de sua racionalidade exclusivamente produtivista. Utilizar a natureza apenas como fonte de matéria-prima e consumidora dos dejetos produzidos pela estrutura econômica – agropecuária, indústria, comércio e serviços – faz parte de uma ideologia que deve ser superada, ou seja, é fundamental buscarmos uma alteração na relação mercadológica com a natureza que na agricultura está claramente relacionada com o agronegócio. No caso particular da atividade agropecuária, alguns problemas ambientais ganham destaque em função da grande ligação que essa atividade tem com os recursos naturais. O processo de modernização da agricultura gerou um sistema de produção caracterizado pelo uso intensivo do solo e da água o que de maneira complementar acabou prejudicando a fauna e a flora de muitos biomas no planeta.

AGRICULTURA, MODERNIZAÇÃO E AMBIENTE: BREVES … · Esse processo de industrialização da agricultura aliada a expansão da logística de circulação ... consequente aumento das

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AGRICULTURA, MODERNIZAÇÃO E AMBIENTE: BREVES NOTAS

Eduardo Sol

Glaucio Marafon

Rogério Seabra

Resumo A tecnificação no campo e a maior influência da atividade industrial na agricultura resultaram em grandes ganhos de produtividade e mudanças no sistema produtivo. A inserção dos complexos agroindustriais no campo acabou resultando em uma subordinação da agricultura à indústria e naturalmente uma maior dependência do campo em relação à cidade. Entretanto, os complexos agroindustriais fomentaram alguns conflitos no campo em função da grande concentração fundiária e expulsão de pequenos agricultores, assim, a luta pela reforma agrária ganhou destaque no Brasil, que apesar de ter implementado algumas políticas de criação de assentamentos rurais, possui uma estrutura fundiária desigualmente concentrada com os produtores ligados aos grandes complexos agroindustriais ou pecuaristas. Outro elemento da modernização da agricultura é a produção e o consumo de alimentos e a necessidade de uma política de segurança alimentar. A importância da agricultura familiar na produção de alimentos e garantia da segurança alimentar e a emergência da agroecologia que faz uma interseção entre o econômico, o ambiental e o cultural. Palavras-chave: Modernização. Agriculta Familiar. Soberania Alimentar. Introdução A atual lógica de desenvolvimento econômico é cada vez mais questionada em função de

sua racionalidade exclusivamente produtivista. Utilizar a natureza apenas como fonte de

matéria-prima e consumidora dos dejetos produzidos pela estrutura econômica –

agropecuária, indústria, comércio e serviços – faz parte de uma ideologia que deve ser

superada, ou seja, é fundamental buscarmos uma alteração na relação mercadológica com a

natureza que na agricultura está claramente relacionada com o agronegócio.

No caso particular da atividade agropecuária, alguns problemas ambientais ganham

destaque em função da grande ligação que essa atividade tem com os recursos naturais. O

processo de modernização da agricultura gerou um sistema de produção caracterizado pelo

uso intensivo do solo e da água o que de maneira complementar acabou prejudicando a

fauna e a flora de muitos biomas no planeta.

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Para satisfazer as necessidades da população em função do seu grande aumento no século

XX e também do novo comportamento de uma sociedade consumista, a produção agrícola

passou por um processo de multiplicação da quantidade produzida através da inserção de

implementos industriais como adubos, fertilizantes, agrotóxicos, sistema de irrigação e

tratores. Tais implementos garantiram o aumento da produtividade, contudo aumentaram

também o consumo de nutrientes do solo, o processo de desertificação, a poluição hídrica, o

desmatamento, as queimadas, a poluição atmosférica, a compactação do solo e a redução da

biodiversidade sem, contudo, acabar com a fome planetária.

A modernização A prática da agricultura remonta ao período neolítico e esta associada à forma como cada

sociedade se organiza para produzir alimentos. Assim são estabelecidas as terras

agricultáveis, os campos, as áreas de matas e dessa forma a prática da agricultura foi se

expandindo com a necessidade da renovação da fertilidade natural dos solos e do aumento

da produção para satisfazer as necessidades de alimentação das sociedades humanas. Essas

sociedades foram ao longo do tempo criando técnicas de cultivo que permitissem um

melhor aproveitamento das áreas cultivadas, e, temos assim, na evolução das sociedades

humanas tipos de agriculturas constituídas historicamente e geograficamente localizadas,

com instrumentos (técnicas) de produção e relações de trabalho capazes de proporcionar o

desenvolvimento da atividade agrícola e da oferta de alimentos, resultando em uma forma

característica de relação com natureza.

Uma das preocupações norteadoras do desenvolvimento da agricultura foi a de repor ou

aumentar a fertilidade dos solos. Assim podemos considerar que a agricultura não foi

inventada, mas sim é o resultado de um longo processo de evolução da sociedade humana e

das suas condições técnicas, ecológicas e culturais.

Essa realidade começa a mudar a partir do século XVIII com a remoção das barreiras

derivadas da servidão do sistema feudal e a transferência dos camponeses para o meio

urbano, os quais passaram a ser incorporados a emergente proliferação das atividades

industriais. A revolução agrícola passou, assim, a estar associada as revoluções industrial e

comercial, tendo sua gênese na Inglaterra e posteriormente se estendo para as outras Nações

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da Europa. O grande ganho nesse momento foi o de substituir os pousios tradicionais pela

plantação de forrageiras e pela formação de pastagens artificiais, proporcionando o

aumento criação de gado com o aumento da produção de matéria orgânica que passou a ser

incorporada na preparação das lavouras e aumentando a produção. O aumento da

fertilidade do solo foi o grande ganho desse período, proporcionando, assim, o aumento da

produção de cereais e a comercialização do seu excedente para atender a crescente

demanda das áreas urbanas em industrialização. Esse período é denominado de primeira

revolução agrícola, pois, pela primeira vez na historia da humanidade a produção de

alimentos supera a da necessidade de consumo pela população. Aumenta-se a área de

produção e a produtividade, com a crescente incorporação de insumos para corrigir a

fertilidade do solo e ampliação da jornada de trabalho dos agricultores. O cercamento das

terras, o estabelecimento da propriedade privada e o aumento da produtividade foram

fundamentais para o desenvolvimento urbano e industrial.

Esse processo de industrialização da agricultura aliada a expansão da logística de circulação

e de comunicação possibilitou a expansão da atividade agrícola e ao aumento da

produtividade. Esse teve origem nos países centrais e se expandiu nos paises periféricos

sendo, portanto, o padrão dominante na forma de produzir na atualidade, conhecido como

“agricultura moderna”, resumido nas seguintes fases: tecnificação das etapas de produção,

com a utilização de tratores, colheitadeiras e outras máquinas agrícolas; expansão do uso de

adubos químicos devido a maior oferta da produção industrial desses fertilizantes; seleção

de variedades de plantas de melhor rendimento diante das máquinas e dos insumos

químicos. Essa associação resultou na expansão das áreas cultivadas e no aumento da

produtividade e acabou proporcionando a concentração espacial da produção. Passamos a

ter grandes áreas destinadas a produção de determinados produtos, como a região de

produção de trigo, soja, milho, leite, ou seja, monoculturas Essa nova realidade levou a

degradação dos biomas, aumentou a concentração das terras e transformou muitos países

em agroexportadores.

O Brasil, sobretudo a partir da segunda guerra mundial, passou a apresentar essas

características: tecnificou o processo produtivo da agricultura, com a incorporação de

maquinas e implementos agrícolas, a utilização de adubos e defensivos químicos,

aumentando a dependência do setor agrícola aos setores urbano e industrial com

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consequente aumento das áreas de produção e concentração da propriedade e o ganhos de

produtividade. O Brasil tornou-se um dos maiores produtores e exportadores de produtos

agrícolas do mundo, com destaque para a produção de soja, milho, café, açúcar, frangos,

etc. Porém é necessário destacar os grandes problemas sociais e ambientais decorrentes

desse processo. As conseqüências são a perda da biodiversidade, decorrente da pratica da

monocultura, a erosão dos solos, devido a intensidade da atividade agrícola e a poluição das

águas, devido ao uso excessivo de produtos químicos. Entre as conseqüências sociais

podemos citar a diminuição da área destinada a produção de alimentos, a redução do acesso

à terra e o aumento do êxodo rural.

A modernização no Brasil: particularidades A partir do final da década de setenta foi implantado no Brasil um setor industrial produtor

de bens de produção voltado para a agricultura. Paralelamente à implantação desse setor

ocorreu a modernização e o desenvolvimento, em escala nacional, de um mercado para os

produtos industriais do sistema agroindustrial fruto de modificações significativas na forma

de se produzir. Estas transformações, sobretudo as ligadas à tecnificação, estão inseridas

em um movimento de mudanças significativas em nível econômico, social e territorial,

entre elas destacamos as transformações ocorridas, podemos citar o êxodo rural, as

migrações, o aumento da taxa de urbanização e a especialização da produção por culturas e

regiões.

Os termos Complexo Agroindustrial (CAI) (Muller, 1982a) e agronegócio têm sido

utilizados para rotular articulações entre os setores agrícola e industrial que vêm ocorrendo

na agricultura brasileira. Uma forma de analisarmos o CAI é verificá-lo como parte de uma

estrutura maior e conformada pelos complexos industriais de toda a economia. Nesse

sentido, resultaria para fins de análise em um “macro” Complexo Agroindustrial composto

por vários sistemas e cadeias agroindustriais ou complexos particulares; e outra que

assinala a existência de vários Complexos Agroindustriais: os denominados “micro”

Complexos Agroindustriais.

A premissa inicial é a de que ocorrem relações intersetoriais entre agricultura e indústria. A

análise insere as relações agricultura – indústria na perspectiva da absorção de inovações

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tecnológicas na agricultura e, nesse contexto, o setor agrícola estaria inserido em dois

setores industriais: a indústria para a agricultura – fornecedora de bens de capital e insumos

para a agricultura, ou seja, máquinas, fertilizantes, sementes etc – (denominado de setor a

montante da agricultura); e a indústria da agricultura – processadora da matéria – prima

agrícola – agroindústria – (denominado de setor a jusante da agricultura). Teríamos assim

articulações entre a indústria a montante, a agricultura e a indústria a jusante. Nesse

processo considera-se que a agricultura teria perdido o seu antigo caráter autônomo e

também a capacidade de decisão dos grupos sociais rurais envolvidos nesse processo. O camponês deixa de ser, pois, o senhor na sua exploração agrícola. Esta se torna um apêndice da exploração industrial, por cujas conveniências deve orientar-se (...). Freqüentemente, também cai sob a dependência técnica da exploração industrial (...). Como nos demais setores da sociedade capitalista, a indústria acaba por vencer a agricultura (...). A indústria constitui a mola não apenas de sua evolução, mas ainda da evolução agrícola. Vimos que foi a manufatura urbana que dissociou, no campo, a indústria e a agricultura, que fez do rural um lavrador puro, um produtor dependente dos caprichos do mercado, que criou a possibilidade de sua proletarização (...) Foram criadas assim as condições técnicas e científicas da agricultura racional e moderna, a qual surgiu com o emprego de máquinas e deu-lhe, pois, superioridade da grande exploração capitalista sobre a pequena exploração camponesa. (KAUTSKY 1980:, p. 281-318)

A partir desse processo, tivemos a industrialização da agricultura (agricultura articulada

com ramos industriais a montante e a jusante, ramos estes instalados no país) e a

conseqüente formação do Complexo Agroindustrial no Brasil, e atualmente denominado de

agronegócio. A constituição do Complexo Agroindustrial em nosso país envolveu a

internalização da indústria de máquinas, equipamentos e insumos e a modernização e

expansão do sistema agroindustrial que foi regulamentada através das políticas estatais de

fomento agrícola.

A maior contribuição para a construção do conceito de Complexo Agroindustrial, com

inúmeros estudos realizados sobre o referido complexo no Brasil, sem dúvida foi a de

Müller (1981, 1982ª, 1982b, 1982c, 1989a, 1989b, 1989c, 1990, 1991 e 1994).

Muller, ao analisar a gênese e a expansão do complexo agroindustrial no Brasil, inspirou-se

nas noções de agribusiness, de filière e de complexo industrial, e isso perpassa a sua

abordagem sobre o “macro” Complexo Agroindustrial e as cadeias agroindustriais ou

complexos particulares, como trigo/moinhos, fumo/cigarros, soja/indústria de oleaginosas,

etc...

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Para Müller, o termo industrialização da agricultura significa que o mesmo Expressa certa interdependência da produção agrícola em relação às limitações naturais (reprodução da fertilidade da terra, diminuição do tempo de produção graças ao emprego de conhecimentos de engenharia genética por exemplo) e a destreza do trabalho humano (emprego de máquinas, implementos, herbicidas, por exemplo). (Müller, 1982a : 52)

Segundo Müller o Complexo Agroindustrial passa, portanto, a ser concebido como um

espaço de representação das relações entre indústria-agricultura-comércio-serviços. A esta

noção acrescentou a de complexo industrial e passou a considerar o Complexo

Agroindustrial como uma unidade de análise na qual as atividades (agricultura, pecuária, reflorestamento) se vinculam com as atividades industriais de uma dupla de maneira: com a de máquinas e insumos para a agricultura e com as de beneficiamento e processamento; com o comércio atacadista e varejista interno; e com o comércio externo, tanto de produtos agrários quanto agroindustriais, e da indústria para a agricultura (MÜLLER, 1989c:31)

A utilização do conceito de Complexo Agroindustrial como unidade de análise retira da

agricultura a sua centralidade como unidade de análise e reitera a explicação dos processos

econômicos, sociais e políticos, comandados pelos setores industriais do Complexo

Agroindustrial e, assim, caracterizando caráter subordinado da agricultura. A agricultura

continua como parte integrante do Complexo Agroindustrial, seguindo o padrão

tecnológico do setor industrial responsável pela geração e progresso técnico na agricultura.

Assim, com a constituição dos Complexos Agroindustriais, as transformações do setor

agrário podem ser apreendidas a partir da dinâmica conjunta da indústria para a agricultura

(montante) / agricultura / agroindústria (jusante), remete ao controle do capital industrial e

financeiro e ao processo de globalização.

Destarte, a agricultura brasileira passou a apresentar as características da segunda revolução

agrícola, com a incorporação de máquinas e implementos agrícolas, insumos industriais e

passou a produzir para o mercado, no entanto, a internacionalização do modelo da

Revolução Verde foi parcial. O modelo brasileiro ficou fortemente marcado pela

tecnificação da base produtiva em detrimento dos aspectos sociais e ambientais.

Entre os problemas sociais decorrentes da industrialização da agricultura podemos citar a

concentração de terras, pelo privilégio dos créditos para os grandes e médios proprietários,

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beneficiados pelo Estado na aquisição de insumos industriais para a formação das lavouras;

com essa concentração de terras um grande contingente de pequenos produtores rurais teve

que migrar para os centros urbanos, aumentando o contingente populacional com moradias

precárias e muitas vezes se tornando um trabalhador para agricultura sem vínculo

empregatício, e popularmente conhecido como o “bóia fria”, além da diminuição da

produção de alimentos com sua migração para as cidades. Essa migração campo – cidade e

em menor intensidade campo – campo levou a formação de um grande contingente de

agricultores sem terra e que se organizaram no movimento social denominado de MST. Os

conflitos no campo brasileiro não são uma novidade do momento em que vivemos, são

expressões do processo de ocupação e desenvolvimento do país. Os conflitos sociais

apresentam como característica singular o uso da violência, com elevado número de

assassinatos ocorridos no meio rural.

Os assentamentos e acampamentos são as principais formas materializadas da luta pelo

direito à terra. As ocupações tornaram-se um importante meio de luta pela reforma agrária e

aparecem como alternativa para pressionar o Estado, atraindo a opinião pública. Famílias

inteiras são convocadas, sem qualquer tipo de associação formal ao movimento; a

participação pode começar em qualquer momento e envolver pessoas das mais diferentes

origens e percursos.

A questão agrária, hoje, destaca-se na sociedade devido aos frequentes conflitos existentes

no campo e, também, devido ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST),

cujos integrantes assumiram o papel de atores principais no que tange à reivindicação pela

realização efetiva da reforma agrária no país. O movimento tem conquistado a intervenção

estatal, por meio de políticas públicas, como a realização dos assentamentos rurais.

Até o presente momento, o Brasil não vivenciou um processo de reforma agrária efetiva

devido à influência das classes dominantes, que sempre souberam conduzir e interferir no

poder político e à repressão policial-militar, que não respeitando as próprias leis, enquadra

criminalmente e alija socialmente os movimentos e organizações sociais do campo. O que

se apresenta no campo brasileiro, atualmente, é uma política populista, que vem sempre a

reboque das ocupações de terras pelos trabalhadores rurais sem-terra e que sequer foi

implantada, conforme o previsto, esvaindo-se pela pressão política a favor dos interesses

das classes dominantes.

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A luta pela reforma agrária baseia-se em um questionamento à modernização agrícola

brasileira, pois o atual modelo é insustentável ecologicamente, socialmente perverso e

economicamente caro. O atual padrão empregado no campo brasileiro, centrado nos

complexos agroindustriais, contribui para o desgaste dos recursos naturais, e os inúmeros

movimentos sociais que lutam pela posse da terra, hoje, mostram quão desumano ele é.

Destarte, a reforma agrária é pensada como se estivesse inserida num conjunto de reformas

que engloba os mais diferentes setores (financeiro, industrial, tecnológico, educacional

etc.), a fim de que sirva como modelo de desenvolvimento verdadeiramente mais

democrático, representando o interesse e a luta das camadas populares.

Os intensos protestos e reivindicações por terra representam a criação e a recriação da luta

daqueles que não aceitam o destino de expropriados. Dessa forma, os sem-terra

conquistaram a maior parte das terras onde hoje estão assentados. Todos esses

acontecimentos que vêm ocorrendo e influenciando diretamente no meio rural brasileiro

encontram–se materializados sob a forma dos assentamentos rurais.

Outro grande problema associado ao pacote da revolução verde e sua internalização na

pratica da agricultura no Brasil está atrelada as questões ambientais e devemos ter presente

que a forma de produção agrícola não pode ser restringida a uma forma de produção

industrial, como esta posta no modo de produção capitalista, sobretudo a partir da segunda

revolução agrícola, e a forma como a sociedade se relaciona com a natureza. Na agricultura

o homem ainda tem que respeitar alguns ritmos da natureza, pois na sua produção, deve-se

ainda respeitar o ciclo biológico de desenvolvimento das plantas e animais, ainda que cada

vez com mais freqüência esse ritmo tenha sido diminuído, ainda existe um tempo de

produção que deve ser observado na produção agrícola.

Uma das primeiras constatações que foram efetuadas sobre a implantação do pacote

tecnológico da Revolução Verde, foi que a simples transferência de tecnologia dos países

como Estados Unidos, país preponderantemente de clima temperado, em que solos, clima,

radiação solar, biodiversidade são bastante diversos, e isso num primeiro momento levou a

problemas de erosão dos solos e destruição de nossos biomas, com a pratica da

monocultora. Com a adaptação tecnológica as condições brasileiras essa forma de produzir

foi se expandindo para todo o território nacional, porem com continua retirada da vegetação

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original para dar prosseguimento na produção de matérias-primas para as industrias e para

o mercado externo.

Produção e Consumo de Alimentos: entraves para a segurança alimentar O atual período da economia mundial, a globalização, obedece parâmetros estabelecidos

em lugares, muitas vezes, distantes da área de atuação do fenômeno, transforma modelos de

produção próximos e distantes, combina fatores locais e globais, ocidentais e orientais,

inclusive na produção de alimentos.

Uma das principais transformações impostas pelo atual processo globalizatório (Santos

1996) é o controle da produção e, consequentemente, da alimentação de boa parte da

população mundial pela atuação de grandes corporações globais. Atualmente, apesar de

permanências e transformações, muito do trabalho no campo, é resultado da ação direta de

grandes empresas transnacionais, ou seja, a produção agrícola subordinada ao capital

circulante pelo mundo. Uma das consequências mais simples deste processo é o total uso da

terra como mercadoria, transformando dietas tradicionais por modelos de consumo de

maior lucratividade.

Apesar de observamos a importância crescente da grande produção, é verdade que a

pequena produção permanece e desenvolve-se. O trabalho familiar no campo continua

importante na esfera social, econômica e cultura no campo. Todavia, em geral, a pequena

produção está subordinada aos grandes conglomerados empresarias e as grandes produções.

Por meio de subcontratações/terceirizações, grandes empresas repassam para produtores

integrados a responsabilidade e os custos associados ao atual padrão de exigência imposto

pela competição global.

O modelo brasileiro, implantado durante três séculos de colonização voltado para o

mercado externo, colocou a produção de gêneros alimentícios em segundo plano. Podemos

atribuir a insuficiência na produção de alimentos à subordinação da colônia ao interesse da

metrópole lusitana. A disposição da produção agrícola em monocultura para exportação

dificultou a organização de um sistema policultor eficiente e um mercado interno integrado

ao sistema produtor.

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A fragilidade no abastecimento de alimentos não era defeito da deficiência de transportes,

distância, ou escassez de produção, mas sim decorrente da atividade agrícola central,

voltada ao mercado externo enquanto o abastecimento interno era visto como uma atividade

complementar e subsidiária. Assim, o desenvolvimento de um mercado interno

insignificante perto da grande produção exportadora deve ser analisado como elemento

contribuinte para a fome no Brasil. Segundo Castro (1984; 273) A fome no Brasil, que perdura, apesar dos enormes progressos alcançados em vários setores de nossas atividades, é conseqüência, antes de tudo, de seu passado histórico, com os seus grupos humanos, sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais. Luta, em certos casos, provocada e por culpa, portanto, da agressividade do meio, que iniciou abertamente as hostilidades, mas, quase sempre, por inabilidade do elemento colonizador, indiferente a tudo que não significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil.

A simples análise da escassez de alimentos pela perspectiva da produção de alimentos não é

compatível com a atual capacidade produtiva. O modelo agrícola da Revolução Verde,

além de ser insustentável ambientalmente, é socialmente perverso, pois não prioriza as

necessidades de consumo sendo, portanto, difícil pensarmos em segurança alimentar no

atual contexto da agricultura mundial.

O conceito de segurança alimentar surge na Declaração Universal dos Direitos Humanos

como uma referência para políticas públicas, ou seja, uma direção para governos

garantirem, a alimentação da população. O conceito apareceu, após a II Guerra Mundial,

como um componente fundamental da segurança nacional, ou seja, manutenção das

necessidades básicas da população em possíveis ambientes de conflitos bélicos. O pacote

tecnológico para a agricultura mudou a perspectiva do conceito de Segurança Alimentar,

pois a elevada produtividade agrícola, fruto da introdução massiva de máquinas agrícolas,

insumos químicos e biotecnologia, foi capaz de gerar alimentos para todos, entretanto, a

fome permanece, pois constitui-se por uma barreira econômica, ou seja, a fome surge pelo

abismo social no mundo contemporâneo, pela falta de condições financeiras para comprar

alimentos. A partir de tais constatações, isto é, da construção de um conceito de segurança

alimentar baseado na condição social do indivíduo e não na mera produção de gêneros

agrícolas, surge, em 2004, no Brasil o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional (CONSEA), órgão responsável pela elaboração do conceito utilizado,

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oficialmente, no Brasil, para definirmos a Segurança Alimentar. Segundo o CONSEA, a

segurança alimentar Consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. Fonte: https://www.planalto.gov.br/Consea/exec/index.cfm

A noção de segurança alimentar criado pelo governo brasileiro colabora para analisarmos

alguns elementos importantes na relação entre a produção e o consumo de gêneros

agrícolas, por exemplo: contrapor o modelo hegemônico – lógica de mercado – às

necessidades de alimentação da população; o custo excessivo da alimentação para a

população de menor renda; a homogeneização das dietas etc.

Políticas públicas de segurança alimentar As intervenções governamentais na dinâmica da comercialização agrícola procuraram

reduzir crises sociais geradas pela incapacidade no abastecimento de alimentos. Em 1918 o

Comissariado de Alimentação Pública agiu para controlar a insatisfação popular pela

carestia de alimentos. A ação governamental buscou controlar os preços e limitar as

importações de gêneros produzidos no Estado. Em 1920 a Superintendência do

Abastecimento adota a isenção fiscal para os gêneros básicos da alimentação popular,

afirmando uma política voltada para a diversificação de culturas. As intervenções

governamentais propuseram apenas medidas atuantes na questão dos preços sem atacar o

problema de forma geral, ou seja, tais ações governamentais pouco atuaram na esfera da

produção agrícola. Créditos, modificação na estrutura fundiária não aparecem como

medidas nas políticas de abastecimento desse período.

A atuação do governo na década 1960 incorporou os problemas mencionados e começou a

interferir, com pouco sucesso, também na produção. A produção ganhou um sistema nacional

de crédito fomentando uma produção de gêneros agrícolas para o mercado interno. O

governo neste período criou a COBAL (Companhia Brasileira de Alimentos) órgão que criou

o SINAC (Sistema Nacional de Centrais de Abastecimento) e regulamentou a instalação das

centrais de abastecimento. Portanto, o sistema de Centrais de Abastecimento (CEASA) nasce

com o intuito de atuar no mercado como grande entreposto comercia, capaz de organizar a

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comercialização à jusante, isto é, na produção e à montante, ou seja, na distribuição varejista,

confeccionando uma interação entre produção e comercialização capaz de minimizar os

efeitos negativos do distanciamento entre produção e consumo de alimentos.

Agricultura familiar e produção de alimentos Os agricultores familiares do Brasil são afetados pelas transformações no sistema

capitalista e pouco assistidos pelas políticas públicas do governo brasileiro, isto, sem

dúvidas, dificulta, não apenas a inserção desta categoria nas atuais formas de produção e

comercialização, mas sua própria permanência no campo. A agricultura familiar deve ser

caracterizada pela unidade de produção e gestão comandada, majoritariamente, pelo

trabalho da própria família. É fundamental lembramos que a unidade de produção familiar

responde pela imensa maioria da produção de alimentos no Brasil, cerca de 60%, logo,

torna-se fundamental analisarmos seu possível papel na agricultura nacional como grande

alicerce na segurança alimentar do nosso país.

As estratégias de produção e comercialização de pequenos produtores refletem mais um

capítulo da subordinação da agricultura às necessidades mercantis e não mais as

necessidades de alimentares da população. A definição sobre a produção, ou seja, o que,

como e quando produzir depende de estratégias comerciais definidas fora do espaço rural,

longe das reais necessidades da maioria da população e dos pequenos produtores. Uma

forma de analisarmos a relação entre globalização e agricultura é analisar os impactos da

entrada das multinacionais, de comercialização e modernização da agricultura, os agentes

mais poderosos neste processo, e a consequente submissão da produção agropecuária aos

desejos de um mercado direcionado pelos agentes dominantes, transformando o produtor

rural em “empregado” na própria terra. Determinações externas aos produtores rurais são

cada vez mais distantes e componentes de um ambiente competitivo ao extremo, a lógica de

modernização da agricultura está de acordo com a lógica geral do atual período econômico

conhecido como globalização, sendo, portanto, concentradora, seletiva, em nome da

especialização, eficiência, produtividade e do lucro. Tal lógica promove a inserção de

alguns produtores considerados eficientes, marginalizando produtores, comerciantes e

consumidores considerados ineficientes para a atual lógica econômica.

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No caso da comercialização, a atual flexibilidade e a intensidade nas interações espaciais,

como a moderna logística dos supermercados, estabelece a liderança de desse setor em

relação aos pequenos produtores. A moderna gestão da cadeia de suprimentos é uma

realidade distante para a maioria dos pequenos produtores e consumidores de menor poder

aquisitivo.

Devemos visualizar, pelo menos, dois processos distintos, em curso simultaneamente, cuja

origem é a relação entre a produção familiar e a globalização como ambiente competitivo.

As grandes empresas impõem regras para a produção e para a comercialização explorando

a pequena produção pelo circuito de comercialização. A pequena produção pode ser

analisada como um modelo de subcontratação, terceirização ou flexibilização, contrariando

uma possível ideia “de linha de montagem” típica da rigidez do fordismo. A modernização

reinventa o campo, suas relações, sua configuração, enfim, cria um espaço de acordo com

sua a sua necessidade no qual a agricultura familiar está inserida, sofrendo implicações

desta transformação, resumidamente, a agricultura no período da globalização leva os

agricultores ao máximo da tecnificação tornando-os assim, praticamente servos das grandes

empresas. No caso da comercialização, as forças modernizantes atuam na pequena

produção familiar impondo uma instabilidade sempre em busca de flexibilidade.

Perspectivas da produção familiar A produção familiar, além das características já expostas, busca a policultura e a

incorporação de novas formas de produção, gerando benefícios sociais, econômicos e

ambientais.

Todavia, para o efetivo beneficio oriundo da produção familiar é necessário o prévio

atendimento de algumas necessidades básica deste segmento social, principalmente através

de políticas públicas.

Entre as várias políticas públicas necessárias para o setor destacam-se ações de assistência

técnica, a modernização da infraestrutura produtiva e social no campo, promover a

comercialização de produtos gerados pela agricultura familiar e crédito. Partindo dessas

necessidades foi criado o Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar – pelo governo federal para fomentar o desenvolvimento da agricultura familiar

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em todo o território nacional, buscando a agregação de valor ao produto agrícola familiar, o

acesso ao mercado consumidor, promover o acesso a terra etc. Entretanto, ainda existe um

desequilíbrio claro nos investimentos públicos para os latifúndios monocultores, voltados

ao mercado externo e a produção familiar, indicando um montante muito maior de verbas

para a grande produção. Voltamos ao ponto fundamental, isto é, a modernização da

agricultura no Brasil promoveu um crescimento efetivo da produção, sem, contudo,

melhorar a condição de vida dos trabalhadores do campo, elevando a concentração

fundiária e a oferta de alimentos de melhor qualidade e menor preço.

Devemos, contudo, ressaltar a permanência das atividades familiares na agricultura. Uma

das principais razões para a manutenção dessa produção foi a incapacidade da agricultura

em assumir totalmente um perfil industrial, ou seja, o perfil semi-industrial (Ianni, 1997) da

agricultura garantiu a competitividade da agricultura familiar face a flexibilidade do

trabalho na pequena produção. A produção familiar exerce um papel fundamental no

abastecimento alimentar, assim, seria fundamental a efetiva participação do estado

garantindo uma política de assistência técnica, crédito e acesso ao mercado consumidor e,

consequentemente, incentivar a modernização dos produtores familiares em bases

alternativas. As grandes empresas, hegemônicas nas articulações entre

produção/comercialização, delegam aos pequenos produtores, além da produção de gêneros

alimentícios e matérias-prima, a responsabilidade de constante modernização e os riscos

inerentes a produção agrícola, (pragas, distúrbios climáticos etc) os produtores “incapazes”

de seguir a padrão determinado pela economia globalizada ficam marginalizados. As

mudanças impostas pela globalização, mais do que transformarem o campo, subordinam a

lógica agrícola ao modelo de produção industrial/urbano.

Apesar de tantos entraves, a produção familiar continua buscando a inserção no atual

mercado. Uma possibilidade de inserção é o crescente nicho da agricultura ecológica.

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Agricultura ecológica Diante das intensas agressões ao planeta, não resta a menor dúvida que o atual modelo de

sociedade/desenvolvimento não é um modelo sustentável. Surge dessa constatação a noção

de desenvolvimento sustentável, ou seja, formas de continuar a produção sem destruir o

ambiente. Entretanto, é fundamental analisarmos os limites dessa noção, principalmente

para a agricultura.

Amarrando as ideias As transformações na economia globalizada exigem maior flexibilidade e fluidez para a

produção e a circulação dos gêneros agrícolas. Todavia, o rural não é um mero receptáculo

de ações, inovações e normas vindas de outras escalas, o rural, apesar de manter algumas

especificidades, é transformado. O controle externo da produção é feito pela confecção de

regras para a produção, como produzir, onde produzir, quando produzir e o quê produzir, e

pelo controle dos fluxos, isto é, na direção dos produtos agrícolas. As empresas

hegemônicas não eliminam a pequena produção, há uma subordinação da produção familiar

à lógica dominante, ou seja, a agricultura familiar permanece para realizar funções

periféricas na agricultura moderna.

A produção familiar deve sair dessa condição periférica. Uma oportunidade é a agricultura

alternativa, uma produção com parâmetros ambientais e um nicho de mercado crescente. A

agricultura familiar tem a possibilidade/flexibilidade para buscar esse mercado de grande

potencial e estabelecer como fornecedora de produtos agrícolas de maior qualidade, menor

impacto ambiental e tornar-se um pilar na oferta de alimentos, garantindo, manutenção dos

tradições locais, gerando emprego, ou seja, sendo fundamental na busca pela segurança

alimentar.

Contudo, o novo papel desejado para a agricultura familiar, ambiental e socialmente

correta, não ocorrerá sem a assistência do Estado, logo um desafio é revitalizar o papel do

estado como agente de promoção do público e garantidor das necessidades coletivas.

O Estado deveria reconhecer o campo em sua interação com o ambiente global e financiar

possibilidades de autonomia ao produtor rural familiar, resultando em uma inserção central

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(como contrário da marginalidade de muitos agentes após a modernização agrícola) para

pequenos produtores e consumidores de menor porte.

Este aspecto nos permite ratificar a importância do Estado como um agente de fomento de

capacidades para atores locais, agricultores familiares, marginalizados na interação

global/local. Tal atuação poderia inverter a dinâmica atual de impactos ambientais e de

prioridade para a produção gerada para o mercado externo, criando também mecanismos de

comercialização para os produtos gerados pela agricultura familiar alternativa. Sem essa

ação temos a continuidade do seletivo processo de modernização da agricultura, a contínua

marginalização de produtores familiares, os impactos ambientais e a fome. Qualquer

tentativa de redução de impactos ambientais e promoção da segurança alimentar, diante de

desigual jogo da globalização estará fadada ao fracasso, sem o peso político/econômico do

estado.

O Estado como provedor de capacidades e possibilidades deveria atuar no sentido oposto

dos agentes hegemônicos, promovendo mecanismos de integração e ampliação de laços de

solidariedade, para o crescimento do interesse coletivo, ou seja, como uma perspectiva de

fortalecimento rural, integrado ao modelo ambiental e socialmente adequados.

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