ALIENAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS E HUMANAS

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

DISCIPLINA DE TPICOS DE FILOSOFIA MODERNA IV

Ensaio sobre a alienao

Luis Fernando de Souza Borges

Santa maria, Janeiro de 2008.Os manuscritos econmico-filosficos e o germe de uma teoria da revoluo

A teoria da revoluo foi sistematiza pela primeira vez em 1848 no Manifesto do Partido Comunista, porm, o seu germe j se encontrava por volta de 1843- 44 na Crtica da Filosofia do Direito de Hegel Introduo, e, principalmente, nos Manuscritos Econmico-Filosficos. O que estes textos trouxeram de novo e que permitiram posteriormente um desenvolvimentos da teoria da revoluo foi uma nova abordagem dada dialtica hegeliana, ou seja, uma abordagem no mais presa aos marcos do idealismo, mas do materialismo.

Comecemos ento com a Crtica da Filosofia do Direito de Hegel Introduo. Neste trabalho, Marx comea a abordar um dos aspectos centrais no desenvolvimento de sua teoria, qual seja, o da alienao, e, assim, ele prope uma relao entre filosofia e histria, de tal forma, que a imediata tarefa da filosofia que est ao servio da histria, desmascarar a auto-alienao humana nas suas formas no-sagradas, agora que ela foi desmascarada na sua forma sagrada. A crtica do cu transforma-se deste modo em crtica da terra, a crtica da religio em crtica do direito, e a crtica da teologia em crtica da poltica . Mas o que significa transformar a crtica do cu em crtica da terra? Significa elevar a crtica para alm dos marcos de um simples materialismo ontolgico , como fizera principalmente Feuerbach em A essncia do cristianismo e em Prelees sobre a essncia da religio, elevando esse materialismo para o plano histrico, para uma viso que compreenda que o homem no apenas alienado quando concebe Deus como o seu ser supremo, quando s consegue se reconhecer como homem atravs de um intermedirio, onde a religio aparece como sendo a ciso do homem consigo mesmo... a ciso do homem com sua prpria essncia, mas que, alm disso, o homem tambm alienado em sua existncia corprea, social.

Ao abordar essa alienao que se d na prtica, nas formas no-sagradas, Marx deixa claro, na sesso sobre o trabalho alienado, que ele est partindo do fato da economia poltica de sua poca, e assim, bvio ele no conseguir se deter apenas nesta alienao sagrada, mas avanar para a no-sagrada, pois ao analisar os fatores econmicos de produo, distribuio e consumo das riquezas, relacionando isso com as formas de diviso do trabalho, ele percebeu que existe uma forte contradio no mundo do trabalho que se d entre o trabalho e o capital, entre uma massa de trabalhadores despossudos de meios de produo que necessitam alienar constantemente sua fora de trabalho para poder sobreviver, sob a forma de trabalho assalariado, e o capital, concentrado nas mos de uma elite detentora de meios de produo em escala gigantesca. Analisando essa contradio entre o trabalho assalariado e o capital, ele chegou concluso de que o trabalhador no se aliena somente na sua espiritualidade, mas tambm em sua efetividade, em sua objetivao, pois no trabalho o trabalhador pe sua vida no objeto; porm agora ela j no lhe pertence, mas sim ao objeto, e ele dir mais, dir que o trabalhador alienado tanto do produto do seu trabalho quanto do seu ato de produo, e que, assim, se torna necessrio avanar do materialismo ontolgico para o prtico, para uma viso que consiga compreender como historicamente o mundo se desenvolveu e o que condicionou a existncia um mundo fundado na desigualdade de acesso s condies de vida, onde coexiste uma massa de miserveis com uma pequena elite concentradora de capital. Assim, esse materialismo prtico, que mais tarde ele dar o nome de materialismo histrico, deve ser uma viso que compreenda o papel dos homens na produo, reproduo e transformao das relaes sociais, ou seja, deve ser capaz de poder compreender que o mundo como ns o encontramos o fruto de enfrentamentos histricos, ou como ele dir, que a histria de todas as sociedades que existiram at hoje a histria das lutas de classes , e que, portanto, devemos atacar e revolucionar na prtica o estado de coisas existentes, pois neste plano que a alienao vem a ser e neste plano que deve ser superada.

Ao investigar o problema da alienao Marx percebeu que isto no era possvel sob marcos da filosofia hegeliana, apesar dela ter aspectos positivos como, por exemplo, compreender a autogerao humana como um processo, compreendendo assim a essncia do trabalho, j que o homem objetivado o homem corpreo, real, pois esse aparece como resultado do seu prprio trabalho. Porm, mesmo assim, a abordagem hegeliana no era suficiente, pois no abordava as questes prticas relacionadas ao trabalho, mas somente as abstratas e espirituais. Assim, ao fazer uma anlise da dialtica hegeliana ele diz que Hegel cometeu alguns erros. O primeiro, est relacionado com a questo da superao da alienao em que Hegel v apenas como uma superao que se d na autoconscincia, e no na pratica, j que ao abordar as questes relacionadas com a riqueza, o poder estatal, etc., como essncias alienadas para o ser humano, isto s acontece na sua forma de pensamento, pois toda a exteriorizao que caracteriza a alienao apenas uma oposio entre o em si e o para si, entre a conscincia e a autoconscincia, assim, para Hegel, a retomadas dessa exteriorizao se passa apenas no pensamento lgico-especulativo. Neste ponto, Marx ir se contrapor frontalmente a Hegel, pois ele no parte de uma perspectiva idealista, mas materialista, assim, por exemplo, ao abordar as questes relacionadas com o poder estatal ele no partir da Idia do Estado, mas tentar compreender o que fundamenta a existncia dos Estados, como se formaram os Estados, etc. Ao fazer esta investida, dentro de uma perspectiva histrica, ele demonstra que os Estados nem sempre existiram, mas que foram se formando, que foram se formando aps um longo desenvolvimento da diviso do trabalho, das transformaes das formas de apropriao da natureza, da transformao das formas de propriedade comunal em propriedade privada, e que, portanto, o Estado no nenhum poder imposto de fora sociedade, mas apenas a manifestao de que a sociedade se encontra em contradio consigo mesma, que est divida em interesses antagnicos inconciliveis e que no capaz de resolv-los. E mais, para que esses antagonismos decorrentes da existncia de classes com interesses econmicos inconciliveis no se transformassem em uma guerra aberta entre as mesmas, para que a sociedade no viesse a destruir a si mesma, fez-se necessrio a criao deste poder que aparentemente foi imposto de fora sociedade para amortecer os seus conflitos e mant-los dentro do limites da ordem, esse poder que cria a ordem e legaliza as formas como podem se desenvolver estas lutas de classe, legaliza as formas de opresso, pois como Marx dir o Estado um rgo de dominao de classe, de opresso de uma classe sobre outra. Portanto, ele nada mais do que a manifestao de que a sociedade se encontra dividida em classes antagnicas inconciliveis.

Ao compreender o Estado como um poder de dominao de uma classe sobre outra, Marx dar uma nova significao ao problema da alienao e tambm da superao desta alienao, pois, como ele defender, esta uma superao que no se passa no pensamento abstrato, mas na efetividade, e que, portanto, se o Estado um poder social que nasce por obra da cooperao dos diferentes indivduos sob a ao da diviso do trabalho e que aparece a estes como um poder (gewalt) alheio, situado margem deles, que no sabem de onde ele procede nem para onde ele se dirige, um poder que eles no podem mais dominar, ento, a superao deste estranhamento deve se dar na prtica, tendo como premissas condies concretas para tal, e assim ele diz:

Esse estranhamento (Entfremdung), para nos expressarmos em termos compreensveis aos filsofos, s pode ser supra-sumido caso se parta de duas premissas prticas. A fim de que se converta em um poder insuportvel, quer dizer, em um poder contra o qual se revoluciona, necessrio que se engendre uma massa da humanidade como absolutamente sem posses e, ao mesmo tempo, em contradio com o mundo de riquezas e de educao existente, o que pressupe, em ambos os casos, um grande incremento da fora produtiva, um alto grau de seu desenvolvimento... E, portanto, esse desenvolvimento das foras produo (... em um plano histrico-universal, e no na existncia puramente local dos homens) constitui, tambm, uma premissa prtica absolutamente necessria, porque sem ela apenas a escassez (Mangel) se generalizaria e, portanto, com a precariedade (Notdurft), comearia denovo a luta pelo indispensvel, e toda velha merda anterior voltaria a se estabelecer... Sem isso: (1) o comunismo apenas chegaria apenas a existir como fenmeno local; (2) as prprias potncias de intercmbio no poderiam se desenvolver como potncias universais e, portanto, insuportveis... e (3) toda ampliao do intercmbio acabaria com o comunismo local.

A respeito dos equvocos de Hegel, Marx diz o seguinte: Hegel se coloca do ponto de vista da economia poltica moderna. Concebe o trabalho como a essncia do homem, que se afirma a si mesmo; ele s v o lado positivo do trabalho, no seu lado negativo... O nico trabalho que Hegel conhece e reconhece o abstrato, espiritual. Neste ponto, Marx se contrape novamente a Hegel, pois para ele o trabalho que de suma importncia para entendermos os desenvolvimento histricos da humanidade o trabalho concreto, pois esse uma condio de nossa existncia, pois como ele dir posteriormente em O Capital, esse trabalho concreto criador de valores de uso, por ser til , por isso, uma condio de existncia do homem, independentemente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediao do metabolismo entre homem e natureza, e, portanto, da vida humana.

Foi sob essa perspectiva que ele conseguiu contrapor o trabalho concreto ao abstrato, espiritual de Hegel, mas isso, claro, no foi expresso explicitamente nos manuscritos econmico-filosficos, no entanto, este olhar perpassa implicitamente todo o texto. O que Marx quer dizer que o homem s pode existir exteriorizando-se, entrando em relao com um outro fora de si, que o homem um ser natural, que perece, e que, portanto, necessita entrar em contato com a natureza (e com os outros homens, pois esses tambm so parte da natureza) atravs do trabalho para poder produzir suas condies de existncia. Que, portanto, o trabalho tem sim um lado positivo, que o de poder ser a forma de objetivao da essncia humana, porm, como Marx identifica, isso nem sempre acontece dentro do modo de produo capitalista, pois nessa ordem o que mais vemos o lado negativo do trabalho, que Hegel no viu, que o homem se objetiva desumanamente, em oposio a si mesmo, e que, portanto, no ato de trabalhar e no seu produto, o trabalhador no afirma a si mesmo, no se reconhece, mas perde-se de si. Quando Marx fala sobre o lado negativo do trabalho ele est falando a respeito do trabalho alienado, do trabalho alienado dentro de um modo de produo capitalista , portanto, ao analis-lo ele no parte de uma filosofia especulativa, mas de um fato econmico contemporneo, e assim ele diz:

O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior nmero de bens produz. Com a valorizao do mundo das coisas, aumenta em proporo direta a desvalorizao do mundo dos homens. O trabalho no produz apenas mercadorias; produz-se a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e justamente na mesma proporo com que produz bens.

Tal fato implica apenas que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, ope-se a ele como ser estranho, como poder independente do produtor. O produto do trabalho o trabalho que se fixou num objeto, que se transformou em coisa fsica, a objetivao do trabalho. A realizao do trabalho constitui simultaneamente a sua objetivao.

A realizao do trabalho aparece na esfera da economia poltica como desrealizao do trabalhador, a objetivao como perda e servido do objeto, apropriao como alienao.

Ao abordar o trabalho na sua forma concreta, prtica, o que Marx est fazendo uma contraposio abordagem hegeliana da objetividade, j que Hegel mesmo quando reivindica o mundo objetivo ele s o faz no intuito de destru-lo. Pois como Marx diz, para Hegel, o objeto da conscincia nada mais do que autoconscincia... Importa, pois, superar o objeto da conscincia. A objetividade como tal tomada por uma relao alienada do homem, uma relao que no corresponde essncia humana, autoconscincia. A reapropriao da essncia objetiva do homem, produzida como estranha sob a determinao da alienao, no tem, pois, somente a significao de superar a alienao, mas tambm a objetividade; isto , o homem considerado como um ser no objetivo, espiritualista. Para Marx a objetividade no pode ser destruda, o mundo objetivo no pode ser superado, pois, como ele deixa claro, o homem um ser objetivo, atua objetivamente, cria e pe objetos porque ele posto por objetos e, diferentemente de Hegel, Marx no concebe que no ato de pr, o homem se degrade, que ele caia da sua atividade pura, mas que, pelo contrrio, que o seu produto objetivo apenas confirma a sua atividade objetiva, sua atividade de um ser natural e objetivo. Portanto, segundo Marx, um grande erro de Hegel foi ter considerado o homem como um ser no objetivo, apenas pensado, onde a sua essncia corresponde autoconscincia e no a sua efetividade, pois como ele dir um ser no objetivo um no-ser (Unwesen)... um ser no efetivo, no sensvel, somente pensado, isto , apenas imaginado, um ser da abstrao, logo, todas as conseqncias que decorrem dessa premissa hegeliana so tal que todas as suas abordagens dadas objetividade no passam de abstraes, e essas abstraes Marx demonstra ao revelar as abordagens hegelianas dadas as coisas concretas como, por exemplo, o Estado, a riqueza, ao trabalho, ao direito, a histria.... , e mais, que Hegel ao partir de premissas abstratas chega a concluses tambm abstratas, assim, quando ele fala sobre a alienao ele est falando somente da alienao do Esprito, e quando ele fala da retomada essa alienao, da superao, essa tambm uma superao que se d apenas na abstrao, na autoconscincia, e como diz Marx, Hegel cr ter superado a alienao enquanto toda efetividade continua intacta.

Portanto, a tal inverso da dialtica hegeliana efetuada por Marx vem a ser a inverso do idealismo em materialismo, ou seja, a dialtica materialista, marxista, conserva muitos traos da dialtica hegeliana como, por exemplo, os conceitos de alienao, exteriorizao, superao, negao, a idia de oposies dos contrrios, de conservao..., porm, como j foi dito, isso acontece sob os marcos do materialismo, e no mais do idealismo, assim, quando ele fala sobre alienao, exteriorizao, superao... ele est falando sobre a alienao que se d na vida prtica do homem de carne e osso, do homem como ser objetivo, do estranhamento do homem frente aos objetos de sua criao, da alienao da religio, do trabalho, do dinheiro, do Estado...., assim, quando ele fala sobre exteriorizao essa no a do Esprito como para Hegel, do sistema do Absoluto que como sujeito necessita autoconhecer-se e que, portanto, ele como infinito necessita alienar-se, ser um outro de si mesmo, exteriorizar-se na finitude para depois reconhecer-se como infinito, reconhecendo assim a nulidade da finitude, da objetividade etc., mas muito pelo contrrio, Marx fala de uma exteriorizao que inerente a condio humana, a condio de ser natural, exteriorizao que no negativa em si e que, portanto, no deve ser afirmada e depois negada com o intuito de negar a objetividade, mas que deve ser afirmada como uma nica condio do homem objetivar a sua essncia, do homem desenvolver as suas potencialidades, dele se fazer para si. Porm, como Marx observar, essa exteriorizao pode se dar sob a forma de alienao, j que pode ser que as foras essenciais humanas no se objetivem, pode ser uma objetivao como desobjetivao, uma objetivao em que o homem no se encontre consigo, mas perca-se de si. A respeito desta exteriorizao que se d sob a forma de alienao, Marx diz o seguinte:

...o trabalho exterior ao trabalhador, ou seja, no pertence a sua caracterstica; portanto, ele no se afirma no trabalho, mas nega-se a si mesmo... Por conseguinte, o trabalhador s se sente em si fora do trabalho, enquanto no trabalho se sente fora de si. Assim, o seu trabalho no voluntrio, mas imposto, trabalho forado. No constitui a satisfao de uma necessidade, mas apenas um meio de satisfazer outras necessidades. O trabalho externo, o trabalho em que o homem se aliena, um trabalho de sacrifcio, de martrio... Finalmente, a exterioridade do trabalho para o trabalhador transparece no fato que ele no o seu trabalho, mas o de outro, no fato de que no lhe pertence, de que no trabalho no pertence a si mesmo, mas a outro.

E como Marx faz para chegar a essas concluses a respeito do trabalho alienado? Ele faz isso atravs de uma investigao da prpria produo da vida dos homens, entendendo o trabalho como categoria sociolgica primria e central, de um trabalho que se d sob uma determinada ordem de diviso e tambm de apropriao dos seus produtos, de um trabalho que produz tanto mercadorias, como a si mesmo e ao trabalhador como mercadorias etc., de uma investigao do modo de produo capitalista. A respeito dos outros conceitos como superao, negao... ele tambm os trabalha, como j foi dito, dentro da mesma perspectiva materialista, assim quando ele utiliza estes conceitos para investigar a vida dos homens ele no parte da conscincia, mas parte da prpria vida dos homens para entender as suas produes espirituais, suas produes da conscincia, da moral ..., ou como ele diz, a moral, a religio, a metafsica e qualquer outra ideologia e as formas de conscincia que a elas possam corresponder... no tm histria, elas no tm um desenvolvimento prprio delas, mas os homens que desenvolvem sua produo material e sua circulao material trocam tambm, ao trocar esta realidade, seu pensamento e os produtos de seu pensamento. No a conscincia que determina a vida, mas a vida que determina a conscincia. Assim, podemos dizer que esta inverso da dialtica carrega o germe de uma futura teoria da revoluo, pois ao inverter as premissas da dialtica, de abstratas em concretas, isso ter como conseqncia que a alienao no mais apenas uma alienao do Esprito, que as negaes e contradies no so de conceitos, mas realidades sociais concretas, e que, desta forma, a alienao tm como premissas para a sua superao condies objetivas, reais, portanto, tem em si o germe da teoria da revoluo, j que tal empreitada s pode se dar efetivamente atravs de uma revoluo prtica das estruturas sociais, atravs do comunismo. Bibliografia:

Karl Marx. A ideologia alem. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2007.

_____________. Crtica da filosofia do direito de Hegel. So Paulo: Boitempo, 2005.

_____________. Manuscritos econmico-filosficos. So Paulo: Boitempo, 2004.

_____________. Manuscritos econmico-filosficos. So Paulo: Martin Claret, 2005.

_____________.O Capital. So Paulo: Abril Cultural, 1982.

Karl Marx e Friedrich Engels. Manifesto do partido. So Paulo: Martin Claret, 2006.

Ludwig Feuerbach. A essncia do cristianismo. Petrpolis, RJ: Vozes, 2007.

_____________. Prelees sobre a essncia da religio. Campinas, SP: Papirus, 1989. Neste ensaio, utilizo outras obras de Marx alm dos manuscritos econmico-filosficos apenas com o intuito de evidenciar algumas continuidades em seu pensamento. Evidenciar continuidades quer dizer apenas que, apesar haverem ocorrido mudanas no pensamento de Marx, alguns aspectos ainda se preservam, porm, sendo abordados de outras maneiras. O que foi dito se torna evidente quando, por exemplo, vemos as abordagens dadas por ele relao entre trabalho assalariado e capital, nos manuscritos essa relao j aparece como uma contradio, todavia, essa questo s ser desenvolvida a fundo mais tarde, quando Marx se pe a estudar a formao e o processo movimentao do sistema do capital (a partir de meados da dcada de 1850).

Karl Marx. Crtica da filosofia do Direito de Hegel Introduo. So Paulo: Boitempo, 2005. p.146

O materialismo ontolgico vem a ser apenas um materialismo que concebe que o homem o ser supremo para o homem, e que, portanto, Deus nada mais do que a efetivao da potncia imaginativa do homem. Assim Feuerbach diz: minha doutrina simplesmente: teologia antropologia, ou seja, no objeto da religio... expressa-se nada mais do que essncia do homem, ou: o deus do homem no nada mais que a essncia divinizada do homem, portanto a histria da religio ou, o que d na mesma, de Deus... nada mais do que a histria do homem. Em outra passagem ele diz o seguinte: minha doutrina ou ponto de vista se resume ento em duas palavras: natureza e homem. O ser que para mim que pressupe o homem, a que ele deve aparecimento e existncia, no para mim Deus uma palavra mstica, indefinida, ambgua mas a natureza uma coisa e uma palavra clara, sensvel, indubitvel. Mas o ser no qual a natureza se torna um ser pessoal, consciente e inteligente para mim o homem. O ser inconsciente da natureza para mim o ser eterno, incriado, o ser primeiro, mas o primeiro quanto o tempo no quanto importncia, o ser fsico no moral.A essncia conscinte do homem em meu ver a segunda quanto ao aparecimento no tempo, mas a primeira em importncia.(Ludwig Feuerbach. Prelees sobre a essncia da religio. Campinas, SP: Papirus, 1989. p.23 e p.27)

Ludwig Feuerbach. A essncia do cristianismo. Petrpolis, RJ: Vozes, 2007. p.63

Karl Marx. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Martin Clarte, 2005. p.112

Karl Marx e Friedrich Engels. Manifesto do partido comuista. So Paulo: Martin Claret, 2006. p.45

Toda a histria desde a dissoluo da sociedade tribal primitiva que possua em comum as terras.

Engels ao se referir a esta alienao que vem a ser superada dentro de um processo revolucionrio diz que Marx foi completamente original ao analisar as lutas classes, pois seu mrito est em ter observado que a histria dessas lutas de classes forma uma srie de evolues a partir das quais atingiu-se hoje um estgio em que a classe oprimida e explorada o proletariado no pode alcanar sua emancipao do controle (sway) da classe dominante e exploradora a burguesia sem libertar, ao mesmo tempo e para sempre, toda a sociedade da explorao, da opresso, das distines de classes e das lutas de classes. (Karl Marx e Friedrich Engels. Manifeto do partido comunista prefcio edio inglesa de 1888. So Paulo: Martin Claret, 2006. p.34)

Karl Marx. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Boitempo, 2004. p.196

Segundo Marx, Hegel parte da Idia do Estado, ou seja, ele concebe o Estado como algo ao qual a sociedade civil, o direito privado, o bem privado... esto subordinados. Assim, parte da Idia do Estado por no ser capaz de compreend-lo como algo historicamente construdo por enfrentamentos sociais, sendo, portanto, o Estado, no o subordinador, mas o subordinado. (Cf. Karl Marx. Crtica da filosofia do direito de Hegel. So Paulo: Boitempo, 2005. pp.27-32)

Karl Marx. A ideologia Alem. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2007. p.57

Id ibdem p.57-58

Karl Marx. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Boitempo, 2004. p.198

_________. O Capital. So Paulo: Abril Cultural, 1982. p.50

Quando Marx fala a respeito do homem como um ser natural ele est se referino apenas ao fato do homem ser um ser da natureza, e no que o homem seja um ser determinado por sua natureza humana, ficamdo, assim, impossibilitado de exercer seu livre-arbtrio. Exclarecendo isso ele diz o seguinte: ... o homem, no entanto, no apenas ser natural, mas ser natural humano, isto , um ser que para si prprio e, por isso ,ser genrico, que enquanto tal deve atuar e confirmar-se tanto em seu ser quanto em seu saber. Por conseguinte, nem o sentido humano, tal como imediata e objetivamente, sensibilidade humana, objetividade humana. Nem objetiva nem subjetivamente est a natureza imediatamente presente ao ser humano de modo adequado. E como tudo que natural deve nascer, assim tambm o homem possui seu ato de nascimento: a histria... (Karl Marx. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Boitempo, 2004. p. 201)

Quando falo somente do modo de produo capitalista isto no significa que o lado negativo do trabalho no se apresente em outros modos de produo como, por exemplo, no antigo, no asitico, no escravista e no feudal. Falo somente do capitalsta pois esse era realmente o de interesse para Marx, j que, partindo do seu materialismo prtico ele no queria somente interpretar de diferentes maneiras os diferentes modos de produo, mas queria compreender os desenvolvimentos desses modos de produo para poder entender as origens e os fundamentos do capitalismo com o nico intuito de poder super-lo, pois como ele diz, no temos somente que interpretar o mundo e diferentes maneiras, mas temos que transform-lo.

Isso no quer dizer que as bases para a trabalho alienado em outros modos de produo sejam outras que a diviso do trabalho coexistindo com a propriedade privada.

Karl Marx. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Martin Claret, 2005. p.111

__________. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Boitempo, 2004. p.198

Id ibdem p.200

Id ibdem p.201

Karl Marx. Manuscritos Econmico-Filosficos. So Paulo: Martin Claret, 2005. p.114

_________. A ideologia alem. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2007. p. 49